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Minha mãe me deu ao mundo de maneira singular me dizendo uma sentença:

pra eu sempre pedir licença, mas nunca deixar entrar.


Caetano Veloso

Simone no livro “Segundo sexo” disse a seguinte frase: “Não se nasce mulher,
torna-se mulher”, parafraseando essa frase, eu diria “não se nasce mãe, torna-se mãe”,
Jaciara. Em uma sociedade como a nossa, o torna-se mãe, vem manchado de uma
experiência de muitas idealizações, de muitas dores, de muita angustia, ansiedade e por
fim, alegria, e satisfação de SER mãe.

Uma mãe, roda a baiana ao escutar alguém profanando de sua cria, ela pode falar
o que quiser, mais ai do outro em dizer mal de quem esteve por 9 meses em seu
UTERO. Essa mãe diz em seu inconsciente, Não meche comigo, que eu não ando só”...
Hannah Arendt, em seu livro “ A condição humana”, vai dizer que aquela que nasce, é a
esperança no mundo”. É a esperança, porque o novo nasce em terras brasileiras. E
nascerá em Fevereiro a esperança, Iara vem.

Acredito Jaciara que ser mãe, é querer sempre e sempre o sorriso estampado no
rosto de seu filho ou filha. E querer sempre o bem, é querer a felicidade morando ao
lado, e querer todas as possibilidades possíveis do que nos dizem do que é ser feliz. É
pq é 100% cuidado com o outro, é “instinto”.

Lacan em um dos seus textos intitulados “Nota sobre a criança” vai dizer o
seguinte dessa figura mãe, que a mulher é um ser faltoso, que está sempre em busca de
preencher esse vazio, e que a criança seria um dos objetos para suprir essa falta. Ao ter
um filho, ela a mãe, o faz de fantoche, transfere tudo que ela a mãe não conseguiu ser,
para seu filho. De modo que esse filho ou filha está sempre nas garras dessa figura
feminina, materna. Essa mãe de Lacan , ele a caracteriza como “mãe crocodilo”. Aquela
que devora seu próprio filho, aquela que não dá espaço, aquela mãe que o desejo dela
deve ser posto sempre na mesa, caso contrário, o barraco está dado. Deixamos essa mãe
de lado, essa mãe de Lacan, e de lado também a psicanálise, que tenta o tempo todo
enquadrar o sujeito em um modelo, e caminhamos com a esquizoanálise de Deleuze e
Guattari.

A mãe esquizoanálitica, seria a mãe que anda de mãos dadas com a sua filha até
determinada ponto da estrada, pois ela sabe que não poderá prosseguir juntas, que o
mundo tem estrada demais, que é preciso por fim, criar para as infinitas estradas do
mundo. A mãe, é aquela que sempre está potencializando, é aquela que cria uma escuta
atenta, e lhe apresenta as maneiras infinitas de viver e criar os modos de vida.

Acredito que o cuidado de si, roga o tempo todo sobre essa figura mãe. Porque o
ser mãe , é também cuidar de si, é desamprender muitas das vezes para aprender. É criar
empatia, se por no lugar do outro, é ser atenta com os erros, porque eles sempre vão
acontecer, mais que somente com o tempo é que eles vão ficar mais nítidos e sensíveis a
essa figura que está em processo. Assim, como essa mãe também que está em processo,
que se faz, como uma concha de retalho.

Em uma sociedade como a nossa, eu com os meus 27 anos na cara, observo a


que há uma idealização ao ser mãe, uma idealização ao ser filha, uma idealização ao ser
mulher. Dão-nos caixas, moldes, para se comportar apenas de um jeito, de um modo...
nos injeta o tempo todo uma subjetividade conectada com o mercado, com o
capitalismo.

Ser mulher em uma sociedade machista, em que os homens ainda são em sua
grande maioria os dominantes, os alfas no meio social e privado, nos dão força em
querer criar uma mulher para o mundo. Pois, nos disseram que temos que ficar em casa,
lavando cueca, e cozinhando o dia todo. Nos disseram que somos obrigadas a conviver
com homens que estão em sua maioria em processo de crescimento, que são adultos e
ainda usam fraldas, que não tem o cuidado de si, consigo mesmo, que não sabem lidar
com o a vida, com os Nãos, ou mesmo em ver a sua mulher sabendo mais que ele. O
machismo começa aí, nas micro-relações. O que é ser um pai de menina¿ O que é ser
uma mãe de menina¿

Ser mãe Jaciara de uma menina, é ter em mente que ela sofrerá preconceitos,
Iara já virá ao mundo, sendo manchada desse M de Mulher. Que você possa ter isso em
mente, e se lembrar dos diversos episódios, frases preconceituosas que você já passou
sendo mulher, de todas as vezes que tentaram de calar, ou de te diminuir por você ser
Jaciara.

Nós mulheres somos manchadas por episódios machistas, em que homens se


acham no direito de nos diminuíram por sermos os ditos sexo frágil. Quanto se diz sobre
feminismo, queremos dizer em primeiro lugar de respeito e de igualdade. Queremos
dizer de possibilidades tanto para homens e para mulheres. Queremos igualdade nos
modos de tratamento. Chega de nos culpar, de nos agredir verbalmente e fisicamente, de
julgamentos morais. Porque ser mulher, é matar um leão por dia.

Quantas mulheres ao nosso redor, já nos disseram que podemos ser quem
quisermos, que é preciso seguir em frente mesmo com dor. Quantas mulheres dessa
família aqui, já criaram filhas mulheres para a vida, para o mundo.

Em primeiro lugar Jaciara, carregue sempre amor, paciência, cuidado de si, energia
positivas sempre, autocuidado. Crie sua própria ética de cuidados com Iara. Se for
preciso, corre para aquelas que sabem, aquelas que já tiveram 1, 2, 3,4, 5 6 filhas
mulheres. Não tenha vergonha de dizer: “Eu preciso de ajuda”. Quando Iara nascer, já
vai se acostumando com o corpinho que vai crescer e vai desejar experimentar a vida.
Deixe. Dê liberdade, não se prenda em princípios morais de que uma mulher tem que
ser, esqueça tudo isso, e se atente para o que a Iara quer ser.
Ciclos foraM feitos para encerrá-los. E VOCÊ CRESCE diante da vida com esses
ciclos. Você se reinventa e que esse ciclo que começa a partir do dia que vc soube que
Iara viria, seja repleto de aprendizado.

“Tudo vai dar certo”.

“Está tudo bem, se não tiver tudo bem”

“Que a vida é um sopro, estamos aqui de passagem”

Vale tudo, menos ser infeliz.

Tudo tem um tempo.

Não se cala, lute sempre.

Deixo aqui, uma mensagem para Iara, que ela não se cale diante dessa sociedade
machista, feitas para homens, que nós mulheres estamos acordando. Estamos aos
poucos sabendo qual é o nosso lugar. Que a maioria das mulheres hoje ocupa uma
cadeira de poder na sociedade, que esse país chamado Brasil, já teve uma mulher
presidenta, que foi torturada e sofreu diversas agressões por lutar por seu país. Que em
2018 tivemos uma mulher preta, assassinada por lutar por seu país. Que esse país
chamados Brasil, foi invadidos por portugueses e milhares de índias foram mortas e
estuprada de forma desumana, que temos muito ainda que avançar, que ela chega para
somar! Seja como ela quiser, como ela conseguir, como ela se mover. Estaremos
sempre, e sempre aqui! Por que viemos de um útero de uma mulher carcará, e fomos
criadas por vós de muita luta que não tem medo da vida.

Amém!!!

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