Вы находитесь на странице: 1из 14

GEERT REUTEN

“Value as Social Form”. In: Williams, M. Value, social form and the State.
MacMillan Press, London, 1988, pp. 42-61.

Outras versões: Há uma versão em espanhol do texto em REUTEN, G. (2005) El valor


como forma social. Economía, Teoría y Práctica, n°23, pp. 93-112.

INTRODUÇÃO

Objetivo: Expor o fundamento teórico do valor a partir da “filosofia marxista-


hegeliana” (p. 42).

Ponto central do argumento: a dissociação entre o consumo e a produção no


capitalismo, e a sua resolução que se dá na “duplicação contraditória dos objetos uteis”
entre valor-de-uso e valor (p. 42).

Roteiro do texto: (i) o surgimento sistemático dessa contradição e (ii) os efeitos


contraditórios sobre a forma de produção no capitalismo. (p. 42).

Duas novidades teóricas: (i) estabelece a conexão entre a mensuração do trabalho e


seus produtos em dinheiro no mercado e a pré-mensuração ideal do trabalho em
dinheiro na produção – conclusão: a troca afeta a produção; e (ii) somente a força de
trabalho é um fato de produção, mas não como um axioma ou como se refere o senso
comum (p. 42).

ORTODOXIA E HETERODOXIA NA TEORIA DO VALOR

Base da crítica de Reuten: a crítica de Reuten as demais abordagens da teoria do valor


de Marx baseia-se na oposição entre valor-de-uso e valor (ou dinheiro) (p. 43).

A duplicação e a característica básica do capitalismo: Segundo o autor, um aspecto


central na caracterização do capitalismo é que ele é organizado em torno do dinheiro.
Isto porque, os objetos e os trabalhos úteis apenas são reconhecidos socialmente por
assumirem a forma de valor [the form of value], o dinheiro. Os objetos úteis assumem a

1
“forma social de mercadoria”, duplicam-se em valor-de-uso e valor; assim como o
trabalho, o trabalho particular (valor-de-uso) e o trabalho abstrato (valor) (p. 43).

Dinheiro e capitalismo: Segundo Reuten, as relações sociais no capitalismo assumem


antes de tudo uma relação “monetária”, de tal maneira que ele aparece como um
“sistema monetário” (p. 43).

Interpretações técnicas da teoria do valor, troca e não-capitalismo: para o autor,


existe nas diferentes abordagens sobre a teoria do valor de Marx uma “perspectiva
tecnicista”, que se caracteriza por colocar uma ênfase argumentativa no valor-de-uso
das mercadorias. Aqui, a processo de produção ou é um processo de produzir valor-de-
uso (como pensaria a teoria neoclássica) ou um processo de produzir valor, mas um
valor fundamentado na noção de “trabalho incorporado” (como pensaria a teoria neo-
ricardiana). Desse modo, ao tratar da troca estas abordagens o fazem a partir de noção
de troca como uma “hipótese teórica”, e exatamente por esta razão o dinheiro é
incorporado a teoria como uma “reflexão posterior” a teoria1. O que se observa nestas
abordagens, portanto, é um tratamento meramente técnico da produção capitalista, sem
dar conta do papel da troca (e do dinheiro) nesse processo. Além dos mais, por focarem
no aspecto técnico, tais abordagens estariam, segundo Reuten, mais apropriadas a
sociedades pré-capitalistas na qual o processo de produção era único, ou seja, a
produção, a distribuição, o consumo e a alocação do trabalho refletia o fato de que o
trabalho era “imediatamente social”, sem mediação (p. 43).

Duplicação e a teoria de Marx no Capital: numa caracterização geral, ela pode ser
compreendida como uma teoria que buscou compreender a economia capitalista a partir
da “dualidade” entre valor-de-uso e valor (p. 43).

Ambiguidades de Marx na teoria do valor: Existiriam, segundo Reuten, duas


ambiguidades na teoria do valor que Marx apresenta (p. 43):

(i) o retorno do trabalho incorporado na obra: se no capítulo 1 Marx se


distancia da “teoria do valor-trabalho incorporado” de Ricardo, no restante da
obra (livros 2 e 3) ele parece recuperá-la2. E esta divergência no conceito de
valor está no centro da tradição marxista nas últimas décadas.

1
Quando é abordado o tema. Nem sempre acontece como o caso neoclássico. A abordagem neo-
ricardiana trata a troca como uma hipótese “como se” e os primeiros trata a troca como se fosse de
qualquer mercadoria.
2
Reuten cita Bakchaus para esse argumento.

2
(ii) valor-de-troca e o trabalho abstrato na troca “enquanto tal”: essa recebeu
pouca atenção no debate, e aqui Reuten cita que ela foi bem registrada por
Napoleoni3. Marx teria deduzido [derives] as categorias valor-de-troca e
trabalho abstrato não do capitalismo, mas sim de uma “troca de mercadorias
(mercantil) em geral”. Reuten destaca que se o trabalho abstrato se opõe ao
capital enquanto trabalho assalariado – como registra Napoleoni e Gleicher4 –
então a própria noção de capitalismo não pode estar separada da categoria
valor. Ou seja, Marx não poderia ter tratado do valor e, especialmente, o
trabalho abstrato, numa economia ou troca mercantil, pois o último se encontra
no capitalismo. Como diz o autor:

“Como Ricardo (mas diferente de Smith), Marx deduz [derives] o


conceito de valor-de-troca da troca de mercadorias e não da troca de
mercadorias capitalista” (Reuten, 1988, p. 43)

Uma consequência desta ambiguidade é que Marx, como Ricardo, teve que
“transformar” as categorias encontradas na troca de mercadorias (mercantil)
em categorias da troca capitalista. Eis o conhecido “problema da
transformação” (p. 44).

Leitura tradicional da teoria do valor de Marx e três reações: A tradição marxista


reserva à abordagem da teoria do valor-trabalho incorporado a posição central no
debate até a década de 19705. A partir de uma crítica a esta abordagem emergiu três
interpretações da teoria do valor de Marx. São elas:

(i) neoricardiana: deriva de Sraffa e põe ênfase nos coeficientes técnicos.

(ii) teoria do valor-trabalho abstrato: inicio da década de 1970, com nomes


como Napoleoni, Kay, Fine & Harris e Mohun, Elson e De Vroey. Apesar
disso os autores discordam em temas básicos. Além disso, ela teria como
percursor, segundo Reuten, o economista Rubin.

3
NAPOLEONI, C. Smith, Ricardo, Marx. São Paulo: Graal, 2000.
4
Gleicher, David (1983), "A Historical Approach to the Question of Abstract Labour", en Capital &
Class, 21. Reimpreso en Mohun (1994), capitulo 9, pp. 174-198.
5
Entre os principais autores estão Dobb, Sweezy, Robinson e Meek.

3
(iii) teoria da forma-valor: ênfase no método dialético e encontrada em autores
como Eldred etc que rejeitando qualquer noção de teoria do valor-trabalho, e
inspirada em Backhaus.

sssss

portanto, apenas quando assumem a forma social distinta de suas formas particulares.

(i) estabelece a conexão entre a mensuração do trabalho e seus produtos em dinheiro no


mercado e a pré-mensuração ideal do trabalho em dinheiro na produção – conclusão: a
troca afeta a produção; e (ii) somente a força de trabalho é um fato de produção, mas
não como um axioma ou como se refere o senso comum (p. 42).

4
Categorias e a Lógica de Hegel: ele trata as categorias como “categorias puras
independentes de qualquer manifestação empírica eventual” (p. 80). A apresentação é
sistematicamente ordenada, das categorias mais simples e abstratas para as complexas e
concretas, e temos assim um sistema “mecânico” no qual a mediação de uma categoria
introduz a outra categoria contrária ou mais compreensiva. E Hegel era idealista, pois a
sua lógica apresenta a necessidade e o desenvolvimento de tais relações em si no mundo
real (p. 80).

Marx, omissão e problema com a dialética [Texto de 1993, p. 63-64]:


segundo Arthur, Marx não foi claro sobre como a crítica da economia política e
a sua exposição poderia se beneficiar de uma apropriação da lógica de Hegel.
Ele reconheceu a dívida com Hegel na dialética, mas jamais explicou como
uma lógica idealista ajudaria numa ciência materialista. Para o autor temos um
problema: Marx deu a impressão de que era possível preservar uma lógica
ainda que os pressupostos ontológicos fossem invertidos. Mas aí teríamos uma
dicotomia forma x conteúdo, que não é dialética. Existiria, na verdade, uma
“afinidade eletiva” entre Marx e Hegel, apenas porquê encontramos uma
economia monetária bastante peculiar. (p. 64).

Ontologia e abstração (porque Hegel na crítica da economia política): a relevância


da lógica hegeliana para a reconstrução das categorias econômicas de Marx requer
analisar o fundamento ontológico do sistema capitalista. E segundo o autor, este
fundamento encontra-se na realidade da abstração que ocorre no processo de troca das
mercadorias. Aqui, ao serem igualadas umas às outras as mercadorias heterogêneas
representam [instantiate] a sua “essência abstrata” enquanto valores. Esse processo de
abstração, uma “abstração material”, produz como resultado uma “realidade invertida”,
uma realidade na qual as mercadorias assumem uma nova determinação, a de serem
valor-de-troca, e elas se tornam sujeitas a forma-valor [value form], segundo Arthur. Na
troca, as suas particularidades ou especificidades (como valores-de-uso) das
mercadorias são “suspensas” e elas assumem o papel de portadoras desta nova

5
determinação imposta à elas pelo processo de troca. Ainda que ao efetivar (actualising)
valor-de-uso, o valor-de-troca fique suspenso ou desaparece no consumo.

Abstração material e desenvolvimento categorial (a questão do trabalho): A


abstração material aqui é antes de tudo diferente de qualquer domínio metodológico que
diz respeito a uma abstração, pois ela possui uma “realidade substantiva bastante
independente” deste domínio. Aqui, segundo o autor, a abstração não é uma “operação
mental”, é uma abstração material que ocorre na prática dos sujeitos. Apesar disso,
ressalta o autor, é um pressuposto do processo de abstração que não é necessário que as
pessoas envolvidas saibam sobre o próprio processo, ou que saibam algo sobre a “forma
lógica posta por sua atividade prática”. Além disso, segundo Arthur, antes do trabalho
ser posto [the positing] como abstrato, as próprias mercadorias são postas [the positing]
como portadoras de sua identidade abstrata como valores (p. 80).

Abstração na troca [Texto de 2000, p. 65-66]: A abstração real é a base da


sociedade burguesa. Diferentemente do marxismo tradicional, Arthur entende a
abstração de uma maneira especifica: se os primeiros enxergavam a abstração
apenas para distinguir trabalho concreto e abstrato, ele registra que não se deve
esquecer que a constituição do “mundo invertido” é um produto da abstração e
também que esta inversão ocorre, no argumento de Marx, antes de qualquer
discussão sobre a substância do valor. E essa abstração não é apenas uma
operação mental, mas sim uma abstração material. As mercadorias tornam-se
sujeitas da forma-valor. Referência a Sohn-Rethel: não importa como as
pessoas pensam, e sim como atuam. Ver a síntese social

Abstração e Sohn Rethel [Texto de 1993, p. 65]: na leitura de Arthur, o autor


já demonstrara que antes do trabalho se pôr como trabalho abstrato, as próprias
mercadorias são postas como “portadoras de sua identidade abstrata como
valores”.

Uma breve apresentação da forma-valor: Em seguida, o autor oferece em seguida um


resumo de como emerge na troca esta abstração:

(i) Bens ou valores-de-uso e ausência do poder de intercambialidade: Os bens são


comprados porque se acredita que há neles um valor-de-uso requerido, que quando

6
consumido efetiva (atualiza) a sua posição como valor-de-uso. Mas entre a inserção na
troca e o seu consumo, eles apresentam diferentes fases do seu ser (being). Isto porque
durante a troca, elas não são usadas e então o poder de intercambialidade não se
evidencia no valor-de-uso. Assim, o autor registra que quando os bens são trocados tal
poder não se manifesta porque como valor-de-uso as mercadorias são incomensuráveis,
pois possuem qualidades particulares e por isso podem ser usadas de diferentes
maneiras (p. 81).

(iii) A abstração: O que ocorre na troca é a abstração dessas particularidades e a


negação desta diferença entre os valores-de-uso, a especificidade dos valores-de-uso
fica em ‘suspenso’ ou desaparece na troca e como visto, as mercadorias assumem uma
nova determinação, o valor-de-troca. O valor-de-troca também desaparece, fica em
‘suspenso’, quando o valor-de-uso é efetivado no consumo. Antes de prosseguir é
importante registrar que segundo Arthur nesse processo de desaparecimento – que
ocorre na identidade entre as duas mercadorias – a particularidade das mercadorias está
excluída do passo a frente [further advance] da dialética das formas (p. 81).

(iii) A forma-valor: Para Arthur, nas trocas as mercadorias como valores-de-uso


(particulares) assumem o papel de portadoras desta determinação imposta a elas na
troca, o valor-de-troca, e elas são reduzidas a “momentos de uma forma unificadora”, a
forma-valor. E desse modo, as mercadorias são tomadas como “representações
idênticas” [identical instantiations] de sua “essência abstrata”, o valor (p. 81). Desse
modo, a forma-valor põe uma divisão entre (i) o valor como “identidade abstrata”,
fundamentada num “universal abstrato” posto pela troca de equivalentes e (ii) o valor-
de-uso da mercadoria, particular em cada uma (p. 81).

Chave para entender a Lógica no Capital: Se pela forma-valor podemos, segundo


Arthur, perceber que a mercadoria assume uma forma abstrata distinta da sua forma
natural pelo processo de abstração, também encontramos em Hegel um início no qual
ele abstrai toda e qualquer particularidade e determinação do objeto. E esse é o ponto
que permite a Arthur recuperar a relevância de Hegel para compreender a lógica do
capital. Assim, Arthur enxerga um “forte paralelo” entre os “pensamentos puros de
Hegel” – a retirada de representações empíricas contingenciais para deixar as categorias
como tais – e o processo em termos práticos no qual a mercadoria adquire uma forma
que desconsidera a sua forma natural (p.81).
7
Hegel (ser) e Marx (valor) [Texto de 1993, p. 65]: na opinião de Arthur, o Ser
da lógica hegeliana, e a dialética categorial decorrente dela, tem paralelos com o
valor e a dialética das formas de valor [forms of value].

Forma, conteúdo, autonomia e auto movimento (Hegel): para o autor na forma-valor,


um resultado do processo de abstração da troca, não apena há uma divisão entre forma e
conteúdo. A forma se torna autônoma do conteúdo e o desenvolvimento dialético da
estrutura é na verdade determinado-por-formas [form-determined]. Segundo Arthur, as
formas-valor – mercadoria, dinheiro e capital – são inicialmente “formas puras” que
posteriormente ao desenvolvimento categorial adquirem uma base [a footing] na
produção material (p.81).

Ao considerar o desenvolvimento categorial como determinado-por-formas, Arthur tem


como objetivo sublinhar que as formas assumem o conteúdo a ser formado – ou se
aplicam ao material a ser formado –, e não que a forma naturalmente é tomada pelo
conteúdo. Temos aqui, segundo o autor, uma “estrutura de contraposição abstrata” na
qual o conteúdo embora inscrito na forma, ele retém muito do que não pode ser
compreendido nela (p.81).

Portanto, a autonomia da forma adquire aqui um aspecto central no desenvolvimento


categorial do sistema determinado-por-formas, o seu próprio movimento que conduz a
exposição. Segundo Arthur, na dialética da troca, as formas (ou as “estruturas formais”)
são de fato “auto atuantes”, pois tal “determinação-por-formas” [form-determination6]
põe um conteúdo que nada mais significa que a “possibilidade abstrata de lugar”, um
“determinável sem conteúdo determinado particularmente necessário” ou uma “variável
algébrica pura”. Ou seja, aqui o conteúdo é tão somente um local ou lugar possível para
a forma tomar para si. Ainda que não exista um conteúdo dado que possa se expressar
no valor-de-troca, este pode refletir em si mesmo a sua própria forma, a sua forma como
o seu conteúdo. E, por esta razão, qualquer coisa ou conteúdo, diz o autor, pode se
tornar portadora de valor (p. 82).

E este ponto é central para a compreensão da relação Marx e Hegel. Segundo Arthur,
na lógica hegeliana encontramos o auto movimento do pensamento e no Capital, a

6
Ver tb livro do baez, p. 355. A brasileira foi de Forma-determinação (p. 25-26, 51, 62, 102 cap 5, 169,
229 ) e Determinação da forma p. 222, 231.

8
dialética da troca estabelece um sistema determinado-por-formas (p. 82). O ponto de
contato entre as duas lógicas é o seguinte, portanto: a dialética da troca de mercadorias
de Marx possui um movimento semelhante ao movimento do pensamento da lógica de
Hegel (eu). Assim, as categorias lógicas de Hegel podem ser utilizadas na reconstrução
metodológica de O Capital, mas de maneira crítica (p. 82)7.

Mas se em Hegel, diz o autor, os pensamentos puros põem apenas “extensões


potenciais”, as formas econômicas devem ser constituídas materialmente na relação de
troca. Ou como diz o autor, o U necessita subordinar os P’s. E, desse modo, ao longo do
desenvolvimento da dialética sistemática se percebe uma duplicação que é peculiar a
forma-valor, uma duplicação entre o “abstratamente universal” e o “materialmente
particular” (p. 82).

Método e ontologia / lógica de Hegel e a forma-valor de Marx: Segundo Arthur, tal


relação não pode ser compreendida como uma “identificação externa”, como se tomasse
externamente a lógica hegeliana para uma análise da forma-valor; também não se trará
de aplicar um método no qual o conteúdo deva se adequar; e muito menos uma
“estratégia expositiva” que convenientemente ordena logicamente a exposição das
estruturas mais simples até as aquelas mais complexas (p. 82).

Para Arthur, a identificação entre a lógica hegeliana e a forma-valor de Marx não diz
respeito, portanto, a uma aplicação da primeira a um conteúdo independente. Ou seja,
não se trata de uma forma lógica idealista aplicada a um conteúdo materialista8. E
muito menos que a forma-valor ocorra [happens] para gerar uma estrutura complexa
mapeada por Hegel e suas categorias lógicas (p. 82).

Segundo Arthur, as formas são de tal “pureza abstrata” que constituem uma
“encarnação real” no mundo da lógica de Hegel. O autor recorda que Marx já afirmara
em 1858 que a apresentação do “sistema da economia burguesa” é ao mesmo tempo
uma “crítica das categorias econômicas”9. No contexto da dialética da troca ou da
forma-valor tal afirmação adquire um sentido muito preciso: é a aplicação da lógica de
Hegel que “condena” o objeto a uma “realidade invertida” que é alienada dos portadores
de mercadorias. Ou seja, aqui o objeto em sua “espiritualização” da troca material e das

7
Por isso, argumento que o capital é real e ideal. P. 82.
8
Ver p. 63-64 do texto de 1993.
9
Marx a Lassalle, fevereiro de 1858.

9
atividades práticas no “paraíso das formas puras” encarna virtualmente a Ideia de Hegel
(p. 82).

Resumo:

“o segredo da estrutura e do desenvolvimento da economia capitalista é


encontrado logo no início, quando a abstração material da troca de mercadorias
cria a realidade de formas puras que embarcam em sua própria lógica de
desenvolvimento (como em Hegel) e todo o sistema deve ser apreendido
(dentro de limites ainda a serem especificados) como determinado-por-formas”
(ARTHUR, 2002, p. 83)

FORMA SOCIAL OU NOÇÕES PRELIMINARES

A importância da forma social: Segundo Arthur, a questão da forma social é “a”


chave para a compreensão marxista dos sistemas econômicos, pois são as diferenças na
forma social que permitem Marx afirmar que não existe uma “economia em geral” e
sim que cada modo de produção possui as suas “leis de movimento peculiares e
especificas” (p. 86).

Forma social e capitalismo: A sentença de Marx que abre O capital na qual se afirma
que a riqueza capitalista aparece sob a forma de uma coleção de mercadoria é, segundo
Arthur, uma expressão bastante reduzida sobre a peculiaridade da forma social burguesa
(p. 86)10.

Forma social e a exposição do capítulo 1 de O capital: A ausência de um maior


destaque necessário à forma social em Marx no início pode ser assim examinada.

Para Arthur, logo após a sentença que abre o livro Marx já trata do duplo caráter da
mercadoria e apenas na última seção – o fetiche – é que ele apresenta um argumento
mais completo sobre a forma social11 (p. 87).

10
Segundo Arthur: “Mais particularmente, é necessário especificar o contexto constitutivo da forma de
valor (correspondendo à 'Noção Preliminar' de Hegel: Hegel, G. W. F. 1975, Logic §19–25 de Hegel)”
11
Arthur: “É verdade que o próprio Marx tem uma excelente análise das formas de valor nas seções 3 e 4
do capítulo um do Capital (e é aqui que a influência de Hegel é vista com mais clareza)”.

10
Segundo o autor, Marx apressou-se em relacionar o valor à produção, pois se tão logo se
inicia o livro ele já trata do trabalho como substância (p. 87).

Marx teria, segundo Arthur, uma crítica da forma (fetichismo) e uma crítica do
conteúdo (exploração), mas a primeira ficou desfocada.

Teoria do valor incorporado e teoria da forma-valor [Texto de 1993, p.


71]: na opinião de Arthur, a maneira apressada pela qual Marx transita da
forma (valor) para o conteúdo (trabalho) permite uma leitura do texto que
embasa a teoria do valor incorporado. Nela, o trabalho é associado
diretamente ao valor – “trabalho é valor” afirmou Mandel (1990)12 – e,
portanto a forma é colapsada ou dissolvida no conteúdo. Mas o próprio Marx
afirmara que o trabalho cria valor, mas não é o valor em-si. O trabalho somente
é valor na forma objetiva, ou seja, como uma determinação da forma-
mercadoria do produto.

O papel da “determinação-por-formas” na teoria do valor somente


recentemente foi tratado pelos interpretes, que também destacaram a utilidade
da Lógica de Hegel para a constituição do argumento de Marx. Entre os autores
temos: Banaji13, Sekine14, o grupo Konstanz-Sydney15, Smith16 e Reuten e
Williams17.

A análise da forma social de Arthur: Aqui, o autor se vale dos termos de Reuten e
Williams, “sociação”, dissociação e associação. Mas ressalta que isso não implica em
uma concordância com o conteúdo dado por eles às categorias (p. 87).

“Sociação” é, segundo Arthur, a “realidade universal, a-histórica” na qual para serem


“economicamente ativos” os indivíduos se envolvem em relações e práticas sociais.

12
"Karl Marx . " In Marxian Economics. Edited by J. Eatwell, M . Milgate, and P. Newman. London:
Macmillan.
13
1979 ‘From the Commodity to Capital: Hegel’s Dialectic in Marx’s Capital’ in Value: The
Representation of Labour in Capitalism, edited by D. Elson, London: CSE Books.
14
Sekine, Tom 1998 ‘The Dialectic of Capital’ in Science & Society 62.3.
15
Eldred, Michael and Mike Roth 1978 Guide to Marx’s ‘Capital’ London: CSE Books.
16
Smith, Tony 1990 The Logic of Marx’s ‘Capital’: Replies to Hegelian Objections, Albany, N. Y.: State
University of New York Press. E Smith, Tony 1993 Dialectical Social Theory and its Critics, Albany, N.
Y.: State University of New York Press.
17
Reuten, Geert and Michael Williams 1989 Value-Form and the State, London: Routledge. SÓ ESSE
CITADO PELO AUTOR NA BIBLIO.

11
Aqui, a produção e o consumo são imediatamente – ou mediatamente –
contextualizados socialmente (p. 87).

Como negação da sociação, a dissociação seria a “realidade historicamente especifica”


da separação entre os “agentes econômicos” na sociedade capitalista. Trata-se de uma
“barreira social” e não de uma separação geográfica. Segundo Arthur, a dissociação
teria três dimensões: (i) o fato dos objetos úteis serem uma propriedade privada de um
individuo e assim não estarem “imediatamente disponíveis” aos demais; (ii) a produção
de tais objetos úteis é feita igualmente por empresas de propriedade privada; e (iii) o
fato de que a força de trabalho encontra-se separada dos objetos úteis, pois os meios de
produção necessários a sua produção encontram-se, por sua vez, sob a posse de
proprietários privados, a classe capitalista (p. 87).

A associação diz respeito, segundo Arthur, a oposição entre “sociação” e dissociação


que é mediada na forma da troca, pois é nela que (a) os consumidores adquirem os
objetos que necessitam, (b) as unidade de produção adquirem os insumos necessários
para a sua tarefa e os oferta, (c) os trabalhadores e os empresários se encontram e firma
contratos entre si (p. 87).

A dissociação é entendida também, sugere o autor, como uma negação da associação.


Entretanto, é importante reconhecer que tanto uma quanto a outra possuem o mesmo
fundamento [ground], isto é, a “apropriação privatizada de bens” é o que é mantido na
associação, mas nesta se encontra uma “forma de mediação” ou uma “subsunção”. De
tal maneira que a associação não substitui a dissociação, ela na verdade, diz o autor,
replica a segunda “desenvolvendo as suas condições de existência”. (p. 87).

E agora, diz Arthur, a sociação assume a “forma contraditória” de sua unidade.

sssss

https://en.todocoleccion.net/second-hand-books-philosophy/la-dialectica-marx-mario-pra-
marxismo~x122542471

ddd

12
Abstração na troca [Texto de 1993, p. 65-66]: Arthur afirma que a abstração
material tem uma realidade substantiva, independemente do aspecto
metodológico da abstração realizada pela teoria. Ela produz uma realidade
invertida onde as mercadorias expressam sua “essência abstrata” como valor,
uma “realidade de formas puras”. E a forma-valor chega ela mesma a ser
autônoma de tal maneira que o desenvolvimento dialético instituído pela troca
cria um sistema que é determinado por formas. A estrutura de categorias
expressa assim um sistema de formas puras que são produtoras do próprio
movimento, uma forma que se impõe e se fixa em qualquer conteúdo (qualquer
coisa pode ser valor). O universal (abstrato) necessita do particular (material)
que subsome, o que nos permite entender uma característica da forma-valor.

13
A apresentação da forma-valor: segundo o próprio autor a análise já tornou possível
identificar como a lógica hegeliana o ajuda na análise do valor, ou seja, substituindo o
movimento do pensamento pelo movimento da troca. E também o mesmo foi feito ao
caracterizar a troca como o “modo primário de síntese social na época burguesa”, pois
nela encontramos a reprodução das relações burguesas como uma dissociação da
produção e do consumo. Agora trata-se de apresentar o movimento da forma-valor em
seus detalhes. O roteiro apresentado pelo autor é assim constituído:

(I) a troca em seu imediatismo – o valor implícito nas mercadorias,

(II) em sua mediação – a reflexão e o surgimento (showning-forth) do valor no


dinheiro, e

(III) em seu retorno em si (circulação) e o seu desenvolvimento para si – o


valor em si e para-si como capital.

Roteiro [Texto de 1993, p. 65]:

(I) a troca mercantil em seu imediatismo – o valor implícito nas mercadorias,

(II) a mediação da troca no dinheiro – a reflexão e o surgimento (showning-


forth) do valor, e

(III) a troca na sua unidade consigo mesma (circulação) – o valor em si e para-


si como capital.

(I) A troca de mercadorias: ddd

14

Вам также может понравиться