UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE

UNIDADE ACÂDEMICA DE GARANHUNS-UAG

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS - PROFLETRAS

DISCIPLINA: Fonologia, variação e ensino

PROFESSOR: Dr. Rafael Lima
ALUNA: Rafaelly Monteiro de Macedo Leite

ANÁLISE DE "ERROS" ORTOGRÁFICOS RECORRENTES NOS TEXTOS DE

ALUNOS DE SÉTIMO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

A análise de dados coletados dos "erros" ortográficos fundamentou-se em um artigo

Da análise de "erros" aos mecanismos envolvidos na aprendizagem da escrita de Oliveira e
Nascimento (1990). Este artigo apresenta uma Taxonomia dos "erros" ortográficos mais
comuns encontrado em textos de alunos em processo de alfabetização, baseado na noção de
aprendizagem estabelecido por Ferreiro e Teberosky (1985) que também leva em conta a
concepção piagetiana de aprendizagem.
Considerando para a convenção ortográfica da escrita os autores refletem sobre a
noção do "erro" e o que podemos tirar de vantagem de uma análise. Com isso, dependendo
do estágio em que se encontre o aluno sua escrita pode sofrer interferências levando-o a elevar
a estágios mais avançados na escrita. Eles mostram a categorização de oito tipos de erros e
dentro destes fontes diferentes, no qual usa letras maiúsculas para os tipos de erros e números
para as fontes de erros.
Deste modo, foram analisados 27 textos de 37 alunos do sétimo ano do ensino
fundamental de uma escola pública municipal. Sendo que no dia em que realizamos a
atividade de produção só compareceram 27 alunos. Anteriormente, discutimos e fizemos a
leitura individual e coletiva de um texto que abordava o tema do herói no cotidiano das
pessoas com a compreensão textual escrita. Em seguida, dentro do contexto fizemos uma
produção textual com o tema "O herói que eu quero ser", pois os textos se encontram em sua
primeira versão sem nenhuma correção do professor e nem a reescrita do aluno.
O quadro abaixo apresentará os "erros" ortográficos mais recorrentes nos textos dos
alunos e utilizamos as especificações dos autores entre os tipos e fontes de erros descritos do
mais grave aos menos graves. Por fim, acrescentarei alguns erros que não cabem na
taxonomia abordada pelos autor
 de erros por
Quantidade

Quantidade
de erro por
TIPOS DE ERROS FONTES DE ERROS

fonte

tipo
(A) Violação do tipo (A)1- se utiliza de algo que não seja o alfabeto oficial; 2
de escrita (A) 2- uma letra não é traçada corretamente ( o aprendiz 22 24
desenha uma letra x no lugar de uma letra y )
(B) Violação de (B) 3- Um mesmo grafema representa dois fonemas diferentes 5
convenções conforme o contexto em que ela ocorra;
invariantes do código (B) 4- Um mesmo fonema é representado por dois grafemas 2
escrito no que se diferentes conforme o contexto em que ocorra; 18
refere às relações (B) 5 - A vogal nasalizada é representada por um dígrafo 11
entre fonemas e Vn/Vm, no caso de nasalidade primária em interior de
grafemas. palavra, ou por um dígrafo V/Vm no caso de nasalidade
primária em fim de palavra.
(C) Violação da (C) 6- - relações opacas oriundas da fala padrão; 0
representação gráfica (C) 7 - relações opacas oriundas da fala não-padrão; 3
oficial de um fonema (C) 8- relações opacas oriundas do condicionamento lexical 11
devido às relações de certos processos fonológicos;
opacas que se (C) 9- relações opacas oriundas da não especificação de um 1
estabelecem entre traço de um arquifonema, traço este preenchido no contexto; 18
estes fonemas e seus (C) 10- relações opacas oriundas do desvozeamento que, em 2
alofones(interferência português, se dá em situações bem específicas;
da fala como possível (C) 11 - relações opacas oriundas da reinterpretação de 1
fonte de erros) sequências de fonemas em sequências de fones;
(D) Violação da (D)12 - relações opacas entre palavras morfológicas e 2
representação gráfica palavras fonológicas; 4
de sequências de (D)13- Relações opacas entre palavras morfológicas e grupos 2
palavras de força.
(E) Violação das (E) 14- relações opacas entre a morfologia da fala e da escrita; 8
regras gramaticais (E) 15 - relações opacas entre a sintaxe da fala e da escrita. 6 14
utilizadas na escrita
(F) Violação das (F) 16- As formas X e Y são dicionarizadas, mas remetem a 1
formas dicionarizadas conceitos diferentes;
(F) 17- A forma X é dicionarizada mas a forma Y, não; 7 16
( F) 18- Uma entrada de dicionário Z[inclui/exclui] um acento 8
gráfico.
(G) Violação de (G) 19 - Não utilização, ou utilização inadequada, de recursos
regras que dizem como parágrafos, aspas, negrito, travessões, etc. 27 27
respeito à forma do
texto
(H) Erros de (H) 20- Uma forma X' é criada por analogia a uma forma X 4 4
hipercorreção que, pela ação de uma regra Y passa a x'.
Marca oral na Erro de ortografia em que o aluno apresenta na escrita a 4 4
escrita* influencia da sua fala. ( Poderia incluir na fonte C-10)
Ausência de letras* São palavras em que a grafia de certas letras não são regidas 3 3
por nenhuma regra ( o uso do h em início de palavras)

*Estas últimas considerações foram consideradas as abordagens de Cagliari (2009b) e Moraes(2006).

 Em seguida na tabela abaixo especificarei os "erros" encontrados nos tipos e fontes
descriminados na tabela acima.

de erros por
Quantidade

Quantidade
de erro por
TIPOS DE ERROS FONTES DE ERROS

fonte

tipo
(A) Violação do tipo (A)1- sadde/ cablo 2
de escrita (A) 2- murto/ senpre/coque/premdia/cou/lendo(lindo)/min / 22 24
narido/ma/mão(não)/ nedo/ninha/nelhor/fogar(jogar)/ tanbem/
imteligente/conida/derrodaria(derrotaria)/eguando/iquibe/
derrupas/corasosa
(B) Violação de (B) 3- tera/pesoa/pasa/bariga/gostase 5
convenções
(B) 4-pricessa/ paresia 2
invariantes do código
escrito no que se 18
refere às relações (B) 5 - traquila/ min/conida/nelhor/gradão/pricessa/muinto/ 11
entre fonemas e conbater/tanbem/imteligente/ niguen
grafemas.
(C) Violação da (C) 6- 0 0
representação gráfica (C) 7 - ia arruma/ ia fica/ ia ter 3
oficial de um fonema (C) 8- qui/ di/si/dissi/puderes/intao/todu/eli/moni/sobri/iquipe 11
devido às relações (C) 9- proque 1
opacas que se (C) 10- fogar (jogar) / ajudades (ajudantes) 2
estabelecem entre (C) 11 -quetinho 1 18
estes fonemas e seus
alofones(interferência
da fala como possível
fonte de erros)
(D) Violação da (D)12 - agente/peguelho/eguando 2
representação gráfica (D)13-sibate/ avistei 2 4
de sequências de
palavras
(E) Violação das (E) 14- três ladrão/os ladrão/os menino e menina/ duas filha 8
regras gramaticais pq/ pra/ nois/tou/ai 14
utilizadas na escrita (E) 15 -so fui poro três dias e acabo/ o bar esta pegano fogo/ 6
ais pesoa nhi coque lugar/ os professores ia fica muitos felizes
ios meninos ia aprende mais rapido/ os adultos ia arruma
trabalho
(F) Violação das (F) 16- supereroi 1
formas dicionarizadas (F) 17- corasosa/ leizer/espesião(especial)/ pisiquiatar/pricessa 7
porde(poder) / teilha( teia) 16
( F) 18- quíria/ naês/ténis/nâo/horóina/ heroi/hicrivel/rapido 8
(G) Violação de (G) 19 - Não utilização, ou utilização inadequada, de recursos
regras que dizem como parágrafos, aspas, negrito, travessões, etc. 27 27
respeito à forma do
texto
(H) Erros de (H) 20- sauvava/sauva/pegol/vouta 4 4
hipercorreção
Marca oral na Aconteseno/presizano/abodonado/pegano( Poderia incluir na 4 4
escrita* fonte C-10)
Ausência de letras* Hicrivel/estoria/ipinotizador (hipnotizador) 3 3

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PARA APLICAÇÃO DO SETIMO ANO DO ENSINO

FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA FUNDAMENTAL

Através de uma investigação realizada nas produções dos alunos dos recorrentes
"erros" ortográficos viu-se a necessidade de muitas intervenções diante das dificuldades dos
alunos. O público alvo é em parte desmotivada para o aprendizado da língua portuguesa e
pretendemos aplicar o que foi estudado na teoria dos "erros" de ortografia para uma prática
lúdica para minimizar as dificuldades encontradas nos alunos na aprendizagem da escrita.
Intitularei como um mini projeto "Soletrando" em sala de aula para que a partir das palavras
encontradas nas produções com a grafia "errada" faremos a correção, o estudo e a competição
com soletrando das palavras entre equipes.

OBJETIVOS:

• Motivar os alunos para uma atividade lúdica de estudo da ortografia de palavras

utilizadas nas produções de língua portuguesa.
• Aplicar o que foi visto na teoria dos "erros" ortográficos para o desenvolvimento
cognitivo da escrita, elevando a assimilação da oralidade para a escrita padrão.

PARTICIPANTES:

Alunos do 7º ano do ensino fundamental de uma escola pública.

• As palavras a serem soletradas são as encontradas nos tipos de erros, distribuídas em 7

rodadas.

METODOLOGIA:

• Distribuir aos alunos a lista de palavras recorrentes com o erro, pois faremos a
correção coletiva em sala de aula;
• Realização da divisão de grupos para a competição;
• Trabalhar em sala regras de ortografia referente a s/ss/c/ç, c/ç, s/z, s/ss j/g, l/u, som do
m/n e o nome dos acentos utilizados na palavras;
• Realização do soletrando na sala;
 • Para a soletração os alunos usarão um microfone e a palavra será digitada no teclado
do computador e projetada para a visualização de todos na hora;
• O professor mediador em sala poderá fazer uma lista de frases com as palavras para
serem lidas, se caso o grupo necessitar ou surgir dúvida na grafia, pois cada grupo
terá duas chances para contextualizar as palavras .

RECURSOS

• Cópias de lista de palavras em A4;

• Microfone e caixa de som;
• Computador, projetor de imagens;
• Dicionários;

AVALIAÇÃO

• Espera-se que o alunos memorizem as palavras que ainda confundem e perceber

que escrevê-las não é a mesma coisa como se fala, internalizando regras
ortográficas e fonéticas para uso do s/ss/ç/c e etc e, descobrir que pode-se ter
maneiras mais divertidas de se aprender a ler e escrever corretamente. Para tanto,
deve compreender as regras que determinam a escrita de determinada palavra, e
assim, sua interação com o objeto do conhecimento no processo de aprendizagem
da escrita

REGRAS DO JOGO EM SALA:

1ª – A sala se dividirá em 6 grupos de seis alunos. Sendo que será 7 rodadas e cada rodada
será um alunos diferente para cada rodada numa competição em sala entre grupos.

2ª – Serão 7 rodadas das palavras estudadas em sala. Em cada rodada participa um aluno de
cada grupo, formando assim um grupo de seis a sete alunos por cada rodada e o aluno
vencedor de cada rodada é classificado para o grupo finalista.

3ª - Ao ser lançada a palavra para o aluno, este poderá pedir a definição da palavra para o
professor mediador e sua aplicação numa frase para que isso facilite sua soletração, ou sua
definição no dicionário;
4ª - Cada aluno tem 1 min. para pensar a palavra e começar a soletrá-la. Ao começar a
soletrar, ao aluno não é permitido retornar ao início da soletração caso perceba algum erro de
letra da palavra. O aluno deve iniciar apenas uma vez cada palavra e terminá-la, mesmo que
perceba o erro.

5ª - Caso o aluno erre, ele tem a chance de esperar que o participante seguinte si ele errar
também para que ele tenha chance de continuar no jogo. Ao contrário, o participante seguinte
acertar a soletração, no final da rodada o participante que errou é eliminado e não pode se
classificar para a final;

6ª - Haverá apenas um ganhador, aquele que conseguir chegar invicto ao final do jogo e junto
com ele será também vencedora a turma que ele representar;

7ª – Não há premiação aparente; o jogo tem um objetivo de desenvolver habilidades para a

escrita;

8ª – Apenas o professor mediador deverá definir a palavra para o aluno ou ler a frase na qual a
palavra é aplicada conforme escolha do mediador.

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, M. A. de; NASCIMENTO, M. do . Da Analise de Erros Aos Mecanismos

Envolvidos Na Aprendizagem da Escrita. EDUCACAO EM REVISTA, v. 12, n.1, p. 33-
43, 1990.

COSTA, A. J. d S.; Escrita Ortográfica: Proposta de Intervenção para o ensino Fundamental

II. (Tese de Mestrado PROFLETRAS) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
/Campos Currais Novos, 2016.Disponível em:˂https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q
=&esrc=s&source=web&cd=2&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwis8suqz5nkAhXoIbkGHZp
mDnkQFjABegQIBRAC&url=https%3A%2F%2Frepositorio.ufrn.br%2Fjspui%2Fbitstream
%2F123456789%2F22480%2F1%2FAntonioJoelDaSilvaCosta_DISSERT.pdf&usg=AOvVa
w2hzHctshDOa-kEXI-AQQ7O. ˃. Acesso em 25 de julho de 2019.