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30/12/2019 SEI/ME - 5778932 - Nota Conjunta

MINISTÉRIO DA ECONOMIA
Secretaria Especial de Fazenda
Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria
Subsecretaria de Energia
Coordenação-Geral de Energia Elétrica

Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade


Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura
Subsecretaria de Regulação e Mercado
Coordenação-Geral de Energia

Nota Conjunta SEI nº 4/2019/SECAP-SDI/FAZENDA-SEPEC/ME

Contribuição à Consulta Pública ANEEL nº 25, de


2019, da Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL) que visa alterar o Sistema de
Compensação de Energia Elétrica.

Processo SEI nº 18101.103404/2019-08

INTRODUÇÃO
Dando sequência ao debate público sobre a revisão da Resolução Normativa (REN) nº 482, de
17 de abril de 2012, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) abriu a Consulta Pública (CP) nº
25/2019. O processo de revisão da norma foi iniciado em janeiro, pela abertura da Audiência Pública (AP) nº
01/2019.
A REN estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração
distribuída (MMGD) aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia
elétrica e dá outras providências.
De acordo com as atribuições da Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria
(SECAP) e da Secretaria de Desenvolvimento de Infraestrutura (SDI), elencadas no Decreto nº 9.745, de 8
de abril de 2019, o relatório foi analisado pelo Ministério da Economia.

DA REVISÃO
A REN nº 482/2012 estabelece as regras e as condições gerais para o acesso de microgeração
(geração menor que 75kW) e minigeração (acima de 75kW e menor que 5 MW) distribuídas aos sistemas de
distribuição de energia elétrica, definindo os limites para o enquadramento das unidades geradoras nessas
categorias, bem como as regras que viabilizam o intercâmbio de energia com a distribuidora local.
A referida REN previa que as regras de comercialização da MMGD deveriam ser revistas até
o final de 2019. Seguindo esse comando, a ANEEL instaurou em 23 de janeiro de 2019 a AP nº 01/2019 na
modalidade de intercâmbio documental com sessões presenciais, tendo por objetivo coletar contribuições a
respeito de proposta de revisão. A referida AP apresentava seis alternativas para a valoração da energia
comercializada pelo consumidor que gerasse a sua energia (prossumidor) local ou remotamente, que podem
ser observadas na Figura 1.
A proposta da ANEEL manifestada no Relatório de Análise de Impacto Regulatório (AIR) nº
4/2018-SRD/SCG/SMA/ANEEL da AP nº 01/2019, se deu com base em uma análise de custo benefício ao
sistema elétrico como um todo da inserção da MMGD. A AP contou com 272 contribuições documentais,
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cuja análise feita pela ANEEL embasou seu novo posicionamento expresso no Relatório de AIR nº
3/2019[1]. Neste relatório, publicado em 01/10/2019 através da CP nº 25/2019, a Agência defende que as
seguintes regras sejam aplicadas aos prossumidores:

Para GD local
Consumidores já existentes e aqueles que formularem solicitação de
acesso completa antes da publicação da norma continuarão com as regras
atualmente vigentes aplicáveis a seus empreendimentos até 31/12/2030;
Aos consumidores que formularem solicitação de acesso após a
publicação da norma será aplicada a alternativa 2, alterando para a alternativa 5
quando atingida a potência instalada adicional de 4,7 GW para a GD Local
nacionalmente.
Para GD Remota
Consumidores já existentes e aqueles que formularem solicitação de
acesso completa antes da publicação da norma: continuariam com as regras
atualmente vigentes aplicáveis a seus empreendimentos até 31/12/2030.
Aos consumidores que formularem solicitação de acesso após a publicação da
norma será aplicada a alternativa 5.

Figura 1: Alternativas para revisão da REN nº 482/2012.

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Fonte: [1]

Houve mudanças relevantes entre as regras propostas no Relatório de AIR nº 01/2019 e no


Relatório de AIR nº 03/2019 decorrentes de revisão na metodologia de análise. A primeira mudança decorreu
da constatação de que “não se pode afirmar que há postergação de investimentos na rede de distribuição com
a entrada da GD”, podendo ocorrer, em muitos casos, o efeito contrário, ampliando a necessidade de
investimentos na rede. Com relação às perdas técnicas, dado que a expansão da GD ocorre de forma não
ordenada, visando maximização dos benefícios individuais dos prossumidores, não é possível afirmar que há
uma correlação entre os locais de instalação e as necessidades locacionais do sistema em que a instalação de
equipamentos de geração traria esse tipo de benefício.
Além desse fato, a Agência afirma no Relatório de AIR nº 3/2019 (p. 24) que mesmo nos
casos em que a GD está instalada em pontos de necessidade do sistema, “não se poderia afirmar que o fato de
ela gerar benefícios para a rede é suficiente para isentar o micro ou minigerador de alguns componentes da
tarifa”.
Diante dessas e outras constatações, a ANEEL defende uma análise conceitual da composição
da tarifa na avaliação de quais componentes devem, de fato, ser compensados no uso da energia injetada. Em
primeiro lugar, os encargos setoriais não sofrem redução pela inserção da GD, ou seja, quando o prossumidor
é compensado pela energia injetada na rede com a tarifa cheia, como ocorre atualmente, os encargos são
todos repassados aos demais consumidores daquela área de concessão. Dessa maneira, os prossumidores
devem ser tratados da mesma maneira que os demais consumidores com relação à incidência de encargos, ou
seja, eles devem incidir sobre toda a energia consumida (faturada + compensada).
Com relação às perdas não técnicas, por ser um ônus da concessão, a Agência entende que
deve ser um prejuízo arcado por todos. Na análise das perdas técnicas, os prossumidores também em nada se
diferenciam com relação aos demais consumidores e, portanto, também devem pagar a sua totalidade.
Sendo assim, não há razão para a Tarifa de Uso dos Sistemas Elétricos de Distribuição
(TUSD) ser cobrada de maneira diferente para os prossumidores em comparação com o que é cobrado dos
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demais consumidores. Por seu turno, a mesma lógica aplicada às perdas e aos encargos incidentes sobre a
TUSD também se aplica à tarifa de energia (TE).
Finalmente, partindo dessas premissas conceituais, o posicionamento defendido no Relatório
de AIR nº 3/2019 é que a energia gerada pelos prossumidores deve ser remunerada pela TE, que reflete o
custo médio de compra de energia das distribuidoras, representada pela alternativa 5. Desse modo, nesse
novo AIR, a Agência entende que o prossumidor deve pagar todas componentes que remuneram o serviço de
energia elétrica, exceto a componente TE.
Além disso, a adoção dessa alternativa é a que menos impacta o setor elétrico (menor VPL) e
menos impacta as tarifas dos demais consumidores. Na análise da Agência, a manutenção da alternativa 0
entre 2020 e 2035 resultaria em um VPL negativo ao setor elétrico de R$ 48 bilhões, o impacto negativo
sobre a tarifa dos demais consumidores seria de R$ 55 bilhões, considerando a GD local e a remota. No caso
da GD local, a adoção da sugestão do relatório de AIR nº 3/2019 resultaria em um VPL positivo, de R$ 1,3
bilhão ao setor, mantendo um mediano de payback descontado atrativo, da ordem de 7,6 anos. No caso da
GD remota, os custos ao setor elétrico e aos demais consumidores são muito elevados, não se justificando a
manutenção da alternativa 0. Também se verificou que payback da opção proposta pelo relatório, em média,
tornaria o negócio inviável economicamente. Apesar disso, a depender da localização da instalação, aliado à
queda nos custos da tecnologia, ainda é viável a sua instalação em alguns casos em 2020, mas a tendência
futura é de ampliação das possibilidades, principalmente quando considerados novos modelos de negócio.

CONSIDERAÇÕES ME
Primeiramente, avaliamos como positiva a mudança de premissa da ANEEL na avaliação de
aprimoramento da REN n° 482/2012. A priorização da eficiência da estrutura tarifária e da eficiência na
alocação dos custos de cada componente aos consumidores e prossumidores foi uma abordagem mais
aderente ao papel do regulador. No tocante ao aspecto econômico, entendemos que a avaliação do custo aos
demais consumidores via distribuição de probabilidades diminui o grau de incerteza na avaliação dos
resultados. Também estamos de acordo com as constatações de que tanto a postergação de investimentos,
quanto os benefícios trazidos à rede são controversos e, logo, não devem ser incorporados na avaliação para
tomada de decisão.
A MMGD, nos moldes como está regulamentada, implica em impactos tarifários com
consequências negativas para aqueles consumidores que não fazem uso de tal mecanismo, uma vez que este
traz consigo um subsídio cruzado resultante de uma ineficiência alocativa da estrutura tarifária. A escolha da
alternativa 5 pela Agência preserva a viabilidade dos investimentos em MMGD e reduz distorções tarifárias.
Embora esteja correta a direção da Agência, embasada no Relatório de AIR nº 003/2019-
SRD/SGT/SRM/SRG/SCG/SMA/ANEEL, foi percebido que algumas das questões que envolvem o tema
ainda não estão completamente claras para a sociedade. Desta forma, avaliamos como necessário posicionar
alguns princípios do Setor Elétrico Brasileiro (SEB), reafirmar alguns conceitos, prover esclarecimentos,
além de sugerir aprimoramentos na proposta da ANEEL.

Alguns princípios para a sustentabilidade do SEB


Perante o peso cada vez maior de encargos, subsídios e tributos suportados, atualmente, pelos
consumidores brasileiros em sua tarifa de energia elétrica, são urgentes aprimoramentos no SEB. A título de
exemplo, somente a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) já contabiliza mais de R$20 bilhões por
ano.
Diante desse contexto, fazem-se necessárias ações que reduzam as distorções presentes no
setor elétrico. Nesse sentido, importa fazer menção ao Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 232, de 2016, que
traz uma série de propostas com vistas à construção de um novo marco regulatório para o setor com o intuito
de promover a sua modernização.
O PLS traz um extenso conjunto de medidas, das quais destacamos quatro pilares essenciais
para guiar a transformação do setor elétrico como um todo:

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1. Tarifação horária;
2. Tarifação binômia;
3. Sinal locacional; e
4. Precificação de atributos ambientais.

Tarifação Horária
Sabe-se que a curva de demanda, representação do comportamento da carga, precisa ser
atendida com confiabilidade e com nível de resposta adequado. Nesse sentido, tem-se, nas hidrelétricas, a
fonte com maior vocação para administrar a carga mais rapidamente. Adicionalmente, as térmicas,
considerando as características operacionais de cada uma de suas tecnologias, também têm papel
fundamental no atendimento à segurança energética. O marco regulatório atual está construído de modo a
incentivar a entrada de energias renováveis no sistema. Nos últimos anos houve uma grande queda de preço
dessas fontes, mas, mesmo assim, ainda perduram subsídios.
Constata-se que a fonte majoritária aplicada à MMGD é a solar fotovoltaica, caracterizada por
grande variabilidade de sua produção de energia ao longo do dia. Atualmente, o valor da tarifa residencial
não apresenta variação horária ao longo do dia. É sabido que os sistemas fotovoltaicos representam a
tecnologia de geração dominante na MMGD e, em geral, há um descasamento entre o período de geração e
de consumo dos prossumidores.
Desta forma, ocorre um desequilíbrio, pois como não há diferenciação tarifária para esse
consumidor, o crédito de energia adquirido pela distribuidora pode ocorrer no período em que a energia é
mais barata e esse crédito pode ser utilizado pelo prossumidor no horário que a energia é mais cara [2].
Deste modo, a modalidade tarifária diferenciada por horas do dia contribui para diminuir essa
distorção, uma vez que leva em consideração, no preço, a diferenciação para períodos de ponta e fora de
ponta, sinalizando um consumo de energia mais eficiente e uma valorização da geração de energia em
momentos de maior necessidade.

Tarifação Binômia
[2]
Atualmente a regulação divide a tarifação em dois grupos: grupo A: unidades consumidoras
com fornecimento em alta tensão com cobrança de tarifa binômia; e grupo B: unidades consumidoras
atendidas em baixa tensão com cobrança de tarifa monômia.
Para os consumidores de energia elétrica de pequeno porte, conectados em baixa tensão, o
valor monetário da fatura de energia elétrica depende unicamente da quantidade de energia elétrica
consumida. Quanto maior o consumo de energia, maior a fatura, e quanto menor o consumo, menor a fatura.
A esse modelo tarifário dá-se o nome de tarifa monômia volumétrica. Monômia, pois tem um único valor de
tarifa e volumétrica, pois depende do volume de energia consumida.
Já na tarifa binômia o consumidor é cobrado, independente do consumo de energia elétrica,
pela demanda de potência, ou seja, pelo custo de conexão, mais uma parcela variável pelo consumo. Neste
tipo de tarifação, o consumidor paga pelo consumo de energia elétrica ativa e pela demanda faturável.
A ineficiência da cobrança tarifária monômia volumétrica é ressaltada pelo sistema de
compensação de energia elétrica aplicado à MMGD no Brasil. Nos moldes atuais, a energia elétrica gerada é
compensada por todos os valores que compõem a tarifa de energia elétrica e não aloca corretamente os
custos do sistema de transmissão e distribuição. Desta forma, além da tarifa horária, entende-se pertinente a
adoção da tarifa binômia, de maneira a alocar melhor os custos do serviço público de energia elétrica.

Sinal Locacional
O SEB vem passando, nos últimos anos, por inúmeras transformações que requerem
adaptações, por parte de seus agentes, em vários aspectos, dentre os quais se podem citar os legais, os
regulatórios e os comportamentais. Com relação a este último, cita-se a atuação dos consumidores que
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deixam de ser passivos diante das decisões dos órgãos centrais que se encontram na governança do setor
elétrico, bem como das empresas que compõem os segmentos de geração, transmissão e distribuição de
energia elétrica.
No mundo, observa-se um papel mais ativo dos consumidores, que passam a ter poder de
decisão sobre suas escolhas. No entanto, este protagonismo é, muitas vezes, guiado por incentivos
econômicos. O caso da MMGD ilustra bem esta premissa: seja pelo net metering, modelo de créditos
adotado no Brasil, seja pelo feed-in, modelo de valor fixo adotado em países como a Alemanha, os
consumidores optam por gerar sua própria energia sempre buscando uma redução nos valores de sua conta de
luz. Estas reduções, entretanto, são artificiais – já que cada novo painel não reduz o custo total do sistema,
pelo contrário: há, muitas vezes, um aumento no custo global, que acaba sendo pago pelos demais usuários
(via encarecimento da tarifa), ou pelo governo (via subsídios diretos). Logo, trata-se de uma escolha
puramente econômica, ancorada em políticas públicas que escolheram este caminho dos subsídios a fontes
selecionadas.
Nessa linha, pode-se citar a inserção dos Recursos Energéticos Distribuídos (REDs), definidos
como tecnologias de geração e/ou armazenamento de energia elétrica, localizados dentro dos limites da área
de uma determinada concessionária de distribuição, centralizadas em órgão e, porque não, das distribuidoras
normalmente, junto a unidades consumidoras, atrás do medidor (behind-the-meter) e que vem incorporando
tecnologias relacionadas à eficiência energética, resposta de demanda, gerenciamento pelo lado da demanda
e geração distribuída [3].
Tendo isso em vista, se torna fundamental incluir o aspecto locacional no preço da energia
elétrica para que este incorpore, por exemplo, locais onde há restrições de escoamento ou abundância de
geração, de modo a dar os sinais econômicos adequados para que os agentes de geração evitem a primeira
situação e as unidades consumidoras busquem a segunda condição.
Essa componente espacial, ao ser capturada, reverte-se em melhorias ao sistema elétrico de
forma global, uma vez que, sob uma lógica econômica, busca-se a eficiência na instalação de cargas e
geradores, bem como a otimização dos investimentos na realização de reforços e ampliações da rede, uma
vez que estes podem ser postergados ou até mesmo diminuídos.
Ressalta-se que a proximidade da carga da MMGD, que pode ser um benefício ao sistema. Por
isso, faz-se fundamental que este número seja precisamente calculado, para que estes benefícios, caso
existam, possam ser quantificados e reconhecidos da maneira adequada.

Precificação de atributos ambientais


É inevitável que a modernização do setor passe pela questão ambiental. Contudo, não se pode
perder de vista, nesse processo, a busca pela eficiência econômica. Para tanto, é desejável buscar uma
maneira objetiva de atribuir valor econômico aos custos e benefícios gerados, sob a perspectiva ambiental,
pelas fontes de energia.
Há duas maneiras de se considerar os atributos ambientais em um sistema em equilíbrio: a
primeira é cobrar do poluidor um encargo pelas emissões geradas; a segunda é dar ao não-poluidor um
crédito pelas emissões evitadas. Valorar o custo social da poluição é, portanto, o grande desafio. Nesse
sentido, são necessários estudos para que o reconhecimento das fontes renováveis possa ser calculado de
maneira justa e ponderada.
Vale salientar que, em termos de energia renovável, o Brasil já é um dos principais casos de
sucesso global. Enquanto geramos cerca de 80% de nossa energia por fonte renovável, a Alemanha, após
anos de fortes subsídios – que chegam a € 25 bilhões por ano [ah] – gera cerca de 40% de sua energia por
fontes renováveis. Ressalta-se que, dentre grandes economias, apenas Noruega e Canadá comparam-se ao
Brasil neste sentido, sendo ambas exportadoras líquidas de energia, enquanto o Brasil precisa expandir sua
matriz, para consumo próprio, anualmente.
Dessa forma, entende-se que o processo de formulação de uma política pública que precifique
os atributos ambientais se baseie em uma metodologia bem delimitada, reprodutível e de amplo
conhecimento da sociedade, de modo que esta tenha acesso às ferramentas e às informações necessárias para
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que consiga avaliar e, posteriormente, decidir o quanto está disposta a pagar por tais atributos, considerando
ainda a posição de liderança global que o Brasil já possui.

O subsídio cruzado e seu custo


O atual sistema de compensação fomenta um subsídio cruzado daqueles que não têm painéis
solares instalados para aqueles que possuem sistemas fotovoltaicos. Os subsídios se constituem como
instrumentos de intervenção estatal para, dentre outras razões, fazer frente às falhas de mercado. Em sua
criação, objetivos e prazos precisam ser bem delimitados.
Para compreender a existência do subsídio cruzado é necessário entender a natureza do
serviço público de energia elétrica, constituindo-se serviço público indispensável subordinado ao princípio
da continuidade de sua prestação. Ou seja, os delegatários do serviço público de energia elétrica[3], são
responsáveis por garantir a continuidade na prestação do serviço.
O prossumidor está conectado à rede, sendo a distribuidora de energia elétrica a provedora
final da continuidade, garantida pela legislação[4] brasileira. Desta forma, de maneira simplória, é possível
inferir que a distribuidora é responsável por garantir que haja energia elétrica para todos os seus clientes
(consumidores e prossumidores) em qualquer momento do dia.
Neste debate, nos parece necessário enfatizar que todos os custos que envolvem o
fornecimento de energia elétrica são inerentes ao serviço público, ou seja, são pagos para que haja garantia
do provimento de eletricidade. A composição tarifária média (que reflete tais custos) é ilustrada na Figura 2.
Ora, os prossumidores fazem uso da rede quando injetam o excesso de geração na rede (durante períodos de
elevada insolação), e quando consomem energia da rede nos momentos em que a geração é insuficiente
(baixa insolação: período noturno e dias nublados ou chuvosos, por exemplo) [5]. Desta forma, os
prossumidores deveriam compartilhar do custo do fornecimento e, quando não o compartilham, o subsídio
cruzado está implícito.

Figura 2: Composição tarifária média 2018.

Fonte: [6].

Entendemos que, para que não houvesse nenhum subsídio cruzado, seria necessário que o
prossumidor comprasse a energia que consome ao preço do pool de contratos da distribuidora e vendesse no
ambiente livre a energia que gera. Dado que no arcabouço regulatório vigente no Brasil não há essa
possibilidade, reforçamos a necessidade de manutenção da alternativa 5 como a que minimiza o subsídio
cruzado. Em contribuição à AP nº 01/2019, a SECAP salientou a necessidade de priorizar a eficiência

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tarifária na revisão da norma e a alternativa 5 é a que configura maior eficiência na distribuição dos custos
relativos ao serviço público de energia elétrica.
Conforme já mencionado, na avaliação da ANEEL, a manutenção da alternativa 0 entre 2020
e 2035 resultaria em um VPL negativo ao setor elétrico de R$ 48 bilhões, o impacto negativo sobre a tarifa
dos demais consumidores seria de R$ 55 bilhões, considerando a GD local e a remota.
Na contribuição à AP nº 01/2019, a SDI apresentou os cálculos relativos ao subsídio implícito
existente na MMGD. Entende-se pertinente reproduzir, novamente, os resultados obtidos, a fim de deixar
claro o quanto a atual política de incentivo à geração distribuída vem custando aos cidadãos brasileiros [7].
Lembrando que apenas uma parcela da população brasileira, representada por aqueles com
maior renda, tem acesso à essa política. Porém, os custos apresentados, na Tabela 1, são rateados pelos
demais consumidores de energia elétrica que não fazem uso da MMGD, normalmente, a camada da
população de menor poder aquisitivo.

Tabela 1: Subsídios implícitos no sistema elétrico para a MMGD, em valor presente do acumulado 2020-2035.

Fonte: [7].

Assim, no período de 2020 a 2035, o regramento atual que versa sobre incentivos à MMGD
gera um custo de mais de R$56 bilhões. Sendo que, trazendo a valor presente, esse montante representa
R$34 bilhões, valor que poderia ser alocado para outros fins, tais como a construção de mais de 9 mil creches
ou para a aquisição de 180 mil ambulâncias.
Deixa-se claro que, nessa avaliação, foi empregado como critério comparativo de custos a
geração de energia proveniente de usinas solares contratadas por meio de leilões regulados, organizados pelo
poder concedente. Isso foi feito a fim de equalizar a questão dos atributos ambientais e a curva de geração
apresentada por essa fonte.

A trajetória tarifária, o peso dos encargos e a regressividade do incentivo


É necessário ponderar o fato de que as tarifas no Brasil estão em trajetória crescente. Em
2012, quando a REN nº 482/2012 foi publicada, as tarifas eram, em média, R$ 357,1/MWh, chegando a R$
564/MWh em 2019, quando a resolução está sendo rediscutida. Na Figura 3 é possível observar a trajetória
das tarifas de 2001 a 2018, que cresceu mais que a inflação.
Parte desse crescimento se dá pelos encargos e tributos presentes na tarifa de energia elétrica.
O brasileiro paga cerca de 38% de tributos e encargos em sua tarifa de energia elétrica, sendo os tributos
(ICMS e PIS/COFINS) 27%, os encargos restantes 11% e os demais 62% os custos com geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica [8].
O consumidor não tem clareza dos encargos embutidos em sua tarifa, o que é, em parte,
consequência da complexa regulação do SEB. Ainda há o agravante de que a maior parte desses encargos
não é revertida em benefícios para a maioria dos cidadãos, mas sim para grupos específicos. A título de
ilustração, cita-se a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) que subsidia, dentre outros, as fontes
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incentivadas, as atividades de irrigação e aquicultura, as famílias de baixa renda, as cooperativas de


eletrificação rural, os produtores rurais, os prestadores de serviço de água, de esgoto e de saneamento[5], as
usinas termelétricas movidas à carvão mineral nacional, os custos relativos à Conta de Consumo de
Combustíveis (CCC) que financia a geração termelétrica a partir de combustíveis fósseis nos sistemas
isolados.

Figura 3: Trajetória de crescimento da tarifa de energia elétrica no Brasil.

Fonte: [9]

Normalmente, o grupo beneficiado pelos subsídios é organizado e consegue se mobilizar para


mantê-los indefinidamente. Já os consumidores que custeiam os subsídios, de maneira geral, são
pulverizados e, consequentemente, ficam sem representatividade. Além disso, o subsídio fica fragmentado
em uma grade base de consumidores, dificultando sua percepção e organização, a fim de se manifestarem
contra sua cobrança.
Também, voltamos a destacar a regressividade do incentivo pelo viés da distribuição de renda.
Aqueles que não possuem equipamentos de GD financiam os prossumidores, via tarifa. Considerando que a
instalação de equipamentos de GD, em função do elevado investimento inicial, restringe-se ao grupo de
consumidores com maior nível de riqueza ou renda, o incentivo é regressivo, distribuindo a renda dos
consumidores com menor poder aquisitivo para consumidores com mais poder aquisitivo.
As Figuras 4 e 5 ilustram uma simplificação da transferência de custos entre consumidores
com o atual sistema de compensação para facilitar o entendimento. Na Figura 4 é ilustrada a situação na qual
nenhum dos dois consumidores possui MMGD. Já na Figura 5, com a adesão ao sistema de compensação,
um dos consumidores se torna um prossumidor e transfere custos ao seu vizinho. Ao perceber o movimento
de seu vizinho e o aumento na sua tarifa, tendo acesso à informação e condições financeiras, o consumidor
remanescente também se torna um prossumidor. Esse movimento se repete até que sejam remanescentes
apenas consumidores que não tem condições financeiras para instalar seus próprios painéis e que arcam com
os custos transferidos pelos prossumidores.

Figura 4: Custo de energia elétrica sem MMGD

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Fonte: Elaboração própria com base em [10].

Figura 5: Custo de energia elétrica com MMGD.

Fonte: Elaboração própria com base em [10].


Ao avaliar essa transferência de custos, há que se levar em conta o peso que a energia elétrica
possui no orçamento do consumidor brasileiro. Em recente estudo, a Agência Internacional de Energia (do
inglês, International Energy Agency - IEA), classificou a tarifa brasileira como a 6ª maior tarifa entre 22
países (USD/MWh) analisados. Ao comparar as tarifas por meio das taxas de câmbio ajustadas pela paridade
de poder de compra (do inglês Purchase Power Parity - PPP), o custo da eletricidade no Brasil se eleva
substancialmente, alçando o 3º lugar [11].
Previsibilidade e estabilidade regulatória

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Na publicação da REN nº 482/2012 foi incluído dispositivo que previa a revisão das regras em
até 5 anos, contados a partir da data de publicação, quando seriam analisados seus impactos técnicos,
econômicos, sociais e apresentados à sociedade eventuais aprimoramentos para o sistema de compensação de
energia, observando, entre outros, aspectos relacionados aos processos de medição e aos estudos de
viabilidade de acesso necessários [12].
Antes do previsto, ainda em 2014, a ANEEL abriu a Consulta Pública nº 005/2014, com
objetivo de avaliar a necessidade de criação de incentivos para a instalação de geração distribuída com
potência instalada superior a 1 MW pertencente a consumidores e a ampliação do conceito de "net metering"
[13].
Após contribuições, a norma foi revisada com o intuito de reduzir barreiras ainda existentes à
conexão de MMGD. Foram inseridos os conceitos de autoconsumo remoto e geração compartilhada como
forma de incentivo, além de adequações nos prazos para trâmites do processo de adesão do prossumidor. Na
Figura 6, pode ser observada a projeção exposta no voto do diretor relator do aprimoramento da REN nº
482/2012, feito em 2015.

Figura 6: Projeção de crescimento da MMGD de 2015 a 2024.

Fonte: [14]
Conforme observado, com as mudanças realizadas em 2015 estimava-se que, até 2019, a
MMGD atingiria, no cenário mais otimista, capacidade instalada de cerca de 500 MW [14]. O diretor
argumentou, ainda, que, pela previsão de crescimento acentuado da instalação de MMGD a partir de 2020,
seria proposta uma revisão da norma até 31 de dezembro de 2019, com foco no aspecto econômico.
Até 24/12/2019, foram instalados, aproximadamente, 1,95GW de potência em MMGD no
Brasil, sendo 1,24GW, somente no ano de 2019 [15]. Esse valor é mais que três vezes o projetado em 2015,
quando foi avaliado que o crescimento sofreria uma grande aceleração, demandando revisão do ponto de
vista econômico. Pelas primeiras projeções, o nível de expansão da MMGD alcançou patamar previsto para
2021, ou seja, dois anos antes que o esperado pela ANEEL. Isso reforça o fato de que os subsídios cruzados
identificados já alcançaram padrões bem mais altos, o que demandaria uma revisão da norma pelo viés
econômico, conforme previsão da Agência.
A IEA, em recentes publicações, reforça a importância do monitoramento da implementação
de políticas relativas à energia solar fotovoltaica, que pode exigir reforço de políticas, e atualização de metas
à medida que as barreiras vão sendo reduzidas e os custos continuam caindo [16]. Entre 2010 e 2018, o custo
da instalação de painéis fotovoltaicos foi de 74% [17]. Sobre MMGD especificamente, a IEA afirma que
novas políticas e reformas de mercado são necessárias para encontrar um equilíbrio entre os interesses

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opostos dos prossumidores, empresas de distribuição de energia e consumidores de eletricidade em geral


[18].
Desta forma, ressaltamos que a revisão da norma pela ANEEL não somente era prevista,
como também está de acordo com as boas práticas internacionais. A revisão é guiada por uma meta de
inserção da MMGD estabelecida pela Agência, em 2014, que foi ultrapassada, e pela busca do equilíbrio
entre os agentes envolvidos.

O impacto nas distribuidoras de energia elétrica


Outro ponto que, em nossa visão, carece de esclarecimento no debate, diz respeito ao papel
das distribuidoras e ao impacto do crescimento da MMGD em seus resultados. Não nos parece adequado o
entendimento de que o motivador de revisão das regras seja o efeito no segmento de distribuição.
A migração de consumidores para a MMGD e o atual sistema de compensação impõem, num
primeiro momento, custos para as distribuidoras. Isso se dá pela queda do mercado e pelo fato de que as
concessionárias precisam manter o serviço disponível com qualidade para todos os usuários, inclusive, para
os prossumidores.
Para o problema da queda de mercado, as concessionárias contam com mecanismos[6] que
permitem aliviar os custos da eventual sobrecontratação de energia elétrica consequente da inserção de
MMGD. Caso esses mecanismos não forem suficientes para eliminar tais custos, a distribuidora poderá ter a
sobrecontratação involuntária reconhecida em seu próximo processo tarifário, ou seja, em no máximo um
ano.
Nos casos em que a inserção de MMGD gere necessidade de investimentos adicionais para
garantia da estabilidade da rede, a distribuidora fará as melhorias e terá tais custos reconhecidos no próximo
processo de revisão tarifária. Vale esclarecer que estes custos são inerentes à evolução sistêmica e aos
avanços tecnológicos no setor elétrico. Essa complexidade não torna indesejável a inserção de MMGD, que
deve crescer, porém o seu custo deve ser absorvido por consumidores e prossumidores de maneira
sustentável. Ou seja, os custos da inserção da MMGD podem recair sobre as distribuidoras em um primeiro
momento, porém serão repassados aos demais consumidores no curto ou médio prazo.
Assim, pode-se concluir que pode haver uma redução de receita, por parte das distribuidoras,
durante período determinado. Contudo, essas concessionárias recuperariam esses valores no próximo reajuste
ou na próxima revisão tarifária ordinária, com a redefinição do seu nível eficiente dos custos operacionais e a
remuneração dos investimentos, a denominada Parcela B, ocasionando, portanto, uma pressão tarifária sobre
os demais consumidores cativos, ou seja, os custos das distribuidoras são repassados e redistribuídos aos
demais consumidores não usuários de MMGD.

Os subsídios nos demais países – lições aprendidas


A rápida difusão da MMGD tem como importantes determinantes a redução de custos
[7]
tecnológicos e as políticas de subsídio . No entanto, há controvérsias sobre se essas políticas atingiram os
[8]
resultados socioeconômicos inicialmente desejados .
Em artigo recente, [21] revisa mais de 100 estudos e avaliam políticas de incentivo à MMGD
em mais de 12 mercados internacionais (Havaí, Nevada, California e Nova Iorque, Japão, Bélgica, França,
Alemanha, Itália, Portugal, Reino Unido e Austrália), além do mercado brasileiro. É sintomático que
políticas de incentivo a MMGD tenham sido revistas em todos os 12 casos internacionais analisados. Em
muitos deles, os incentivos foram revistos substancialmente ou extintos.
O estudo mostra que depois de inúmeras reformas na sua política de subsídios à MMGD, a
Itália cessou a tarifa feed-in (FiT), em 2013, quando esta alcançou um custo de € 6,7 bilhões por ano. Desde
então o país passou a adotar o sistema de compensação (net metering), mas já em 2015, o país promoveu
reformas no seu sistema tarifário para reduzir o subsídio cruzado. Da mesma maneira, em 2016, a Califórnia

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reformou o seu sistema de net metering, reduzindo substancialmente o subsídio cruzado. No mesmo ano, O
FiT japonês custou aos cofres públicos 2.3 trilhões (cerca de 20 bilhões de dólares a preços de hoje).
Os casos alemão e inglês são usualmente vistos como referência na expansão das fontes
renováveis e, por conta disso, merecem uma análise mais pormenorizada.
A Alemanha, referência internacional no incentivo à utilização das fontes renováveis, desde a
década de 1970 aplicou diferentes modelos de estímulos à instalação de painéis fotovoltaicos pelos cidadãos
em seu território. Em sua primeira experiência, o Governo Federal concedeu subsídio direto de até 70% do
custo, atingindo a meta dos “1.000 telhados”, conforme sugeria o nome do programa. Em 1991, foi criada,
por meio de Lei, a tarifa FiT, que corresponde a uma remuneração fixa pela energia injetada na rede, e foi
estabelecida a obrigatoriedade das distribuidoras de comprarem essa energia injetada.
Em 2004, a Lei foi modificada aumentando a remuneração da geração solar fotovoltaica
instalada em telhados e eliminando o limite para a capacidade instalada dos sistemas. Como consequência
dessas mudanças, em 2008 o custo adicional de eletricidade relacionado ao FiT era 600% superior ao
realizado em 2004, o que levou a uma nova reforma da Lei em 2009, tornando a FiT variável, oscilando de
acordo com a evolução da capacidade instalada de cada fonte. Em 2012, foi criada a feed-in premium, em
que o gerador recebia parte de sua remuneração por meio da venda da energia elétrica no mercado livre e, de
forma adicional, recebia um prêmio para complementar a remuneração, caso o preço praticado fosse menor
que o preço definido no acordo. Posteriormente, foram promovidas na Alemanha outras mudanças na
regulamentação da remuneração da energia gerada por MMGD que implicaram, ao final de todo esse
processo de reformas, em uma redução significativa da FiT.
Por fim, cabe salientar que as discussões sobre os custos versus benefícios ainda permanecem
em pauta no país. Como consequência da expansão das renováveis, em geral, e da fonte solar, em particular,
o país teve que expandir e aprimorar a sua rede de eletricidade para lidar com problemas de gargalos e
estabilidade [21], viu o preço da conta de luz residencial aumentar em, aproximadamente, 25% somente em
2016 [21], gastou € 25 bilhões por ano em subsídios [22] e tem obtido redução de carbono insatisfatória nos
últimos anos [23].
No Reino Unido, os projetos participantes do programa de incentivo à MMGD,
implementados em 2010, eram remunerados por uma tarifa de geração (diferenciada por fonte e porte da
usina), incidente sobre o montante total de energia elétrica gerada pelo projeto, independente se a energia foi
autoconsumida ou injetada na rede. Se o projeto exportasse para a rede algum excedente sobre o consumo,
incidia apenas sobre esse montante a tarifa de exportação (única), adicional à FiT. Dessa forma, o excedente
exportado para a rede gera para o projeto uma receita equivalente à soma da tarifa de geração e da tarifa de
exportação. O custo correspondente ao pagamento da tarifa de exportação é repassado aos consumidores.
Nesse sistema, a remuneração da FiT caía, acompanhando a queda dos custos dos painéis
solares, além de considerarem outros parâmetros de eficiência energética. O maior pagamento possível,
vigente até 13 de março de 2019, que corresponde à geração solar fotovoltaica com maior nível de eficiência
energética e menor capacidade (de 0 a 10 kW de capacidade instalada) corresponde a £ 3,79/kWh (37,9
libras por MWh gerado, algo como R$ 206,18/MWh na cotação de 26/11/2019). O pagamento cai
drasticamente com a elevação da capacidade instalada e na ausência de eficiência energética, chegando a,
somente, £ 0,15/kWh. A título de comparação, a tarifa média residencial brasileira é de R$ 750,00/MWh, ou
seja, um prossumidor brasileiro recebe, em média, mais que três vezes a máxima FiT do Reino Unido. Em
dezembro de 2018, o Governo do Reino Unido anunciou que o esquema de tarifa feed-in se encerraria a
partir de abril de 2019 para novos geradores. Ou seja, atualmente não há mais qualquer mecanismo de
incentivo à instalação de MMGD.
O caso do Reino Unido, portanto, mostra que os subsídios foram sendo reduzidos à medida
que as tecnologias se desenvolviam, e, assim que a tecnologia se tornou viável, o subsídio foi extinto. Nos
casos apresentados, nota-se que os incentivos decorreram de políticas bem definidas com metas a serem
atingidas. No entanto, em todos os casos, os programas foram reavaliados ou mesmo encerrados em razão
das reais necessidades da matriz e da indústria nascente. Em outras palavras, as políticas de incentivo se
ajustaram frente à maturação e à redução dos custos tecnológicos do setor, à necessidade de eliminar
distorções nos sinais de preços e ao alto custo dos subsídios.

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A inserção da energia solar fotovoltaica (distribuída e centralizada) no Brasil em relação


ao mundo
Globalmente, passamos por um período de transição energética em que se verifica um
significativo aumento da participação das fontes solar e eólica na matriz energética. No que tange à energia
solar, dados recentes mostram que a participação da geração da fonte na matriz elétrica mundial havia sido
estimada em 1,9% para o final de 2017 (Figura 7).

Figura 7: Participação de fontes renováveis na geração de eletricidade global, em 2017.

Fonte: [24].

Na esteira dessa tendência mundial, o Brasil também vivencia essa mudança marcada tanto
pela inserção de energia solar centralizada, quanto por um aumento expressivo da capacidade instalada de
MMGD. A participação da geração solar na matriz elétrica brasileira está em linha com a mundial,
correspondendo a 1,96%[9]. Há que se ponderar que a matriz elétrica brasileira é considerada uma das menos
poluentes do planeta devido, principalmente, à predominância da geração hidráulica[10]. A trajetória de
inserção da MMGD no Brasil pode ser observada na Figura 8.

Figura 8: Capacidade Instalada em GD.

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Fonte: [15].

Apesar de nunca ter havido metas ou objetivos para a expansão em seu território, a MMGD no
Brasil foi incentivada em parte, num cenário de custo tecnológico muito superior ao atual, pelas regras de
compensação estabelecidas pela REN nº 482/2012, publicada pela ANEEL. Reforçamos que, tendo em vista
que se trata de um subsídio cruzado, a própria Agência definiu na referida REN que essas regras deveriam
ser revistas até o final de 2019, quando seria realizada uma reavaliação da situação da GD no país pelo viés
econômico. Após considerar que a manutenção da regra vigente, resultaria em elevação expressiva das tarifas
de energia elétrica dos demais consumidores, a Agência entendeu como mais eficiente a adoção da
alternativa 5, em que a remuneração da energia gerada pelo prossumidor seria equivalente à remuneração
média paga às geradoras da distribuidora local, e não à tarifa cheia, que incluía além das remunerações das
próprias distribuidoras e transmissoras, os encargos setoriais presentes nas tarifas.
A implementação da proposta da ANEEL não deve prejudicar a expansão da MMGD, nem da
participação da energia solar na matriz elétrica brasileira, pois o tempo de payback do investimento em
painéis solares tal como percebido pelos consumidores interessados em adquirir esses equipamentos
permanece substancialmente vantajoso para a GD local. Em estudo desenvolvido pela Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), conclui-se que além de trazerem maior sustentabilidade ao setor, as mudanças regulatórias
não impedirão o aumento expressivo do mercado de MMGD, chegando a uma capacidade instalada de 11,7
MW em 2029, cerca de 9,72% da matriz elétrica brasileira (Figura 9). Isto representa um crescimento da
capacidade instalada de mais do que 5 vezes em apenas 10 anos (Figura 10).
Neste cenário, a MMGD residencial será a modalidade de maior crescimento no médio prazo
e deverá se tornar a modalidade predominante em 2029, conforme Figura 11. É importante mencionar que,
apesar da GD Remota inicialmente perceber uma aproximação entre o payback e o tempo médio de vida útil
dos equipamentos de GD, a sua viabilidade econômica tende a melhorar nos anos seguintes.

Figura 9: Capacidade instalada por fonte de geração.

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Fonte: [26].

Figura 10: Projeção da Capacidade Instalada da Micro e Minigeração Distribuída.

Fonte: [26].

Figura 11: Projeção da participação na geração por MMGD considerando a vigência da alternativa 5 a partir de 2021.

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Fonte: [26].

Um aspecto adicional que demonstra o ganho de competitividade da fonte solar são os


resultados dos leilões regulados. Se observarmos os preços atualizados pelo IPCA, as usinas solares
venderam, nos leilões regulados, de 2015, a R$ 363,59/MWh e R$ 350,34/MWh e nos leilões de 2019
venderam a R$ 67,65/MWh e R$ 84,39/MWh [10].
Além disso, outro fator que deve impulsionar ainda mais a geração fotovoltaica, mesmo após
a implementação da alternativa 5, é a redução nos custos de aquisição de baterias para armazenar a energia
gerada durante o dia. As estimativas de preços futuros mostram que nesse caso também há uma tendência de
queda no custo dessa tecnologia (Figura 12). Por isso, os consumidores que não queiram pagar o custo da
rede, mas queiram gerar sua própria energia de maneira independente, poderão, certamente, incluir em seus
sistemas residenciais uma bateria, suficiente para que seu consumo independa do restante do sistema.

Figura 12: Trajetória de queda do preço de baterias ($/kWh).

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Fonte: [27].

A partir dos dados apresentados, verifica-se que a adoção da alternativa 5 não resultará em
interrupção da tendência de crescimento do mercado de MMGD no Brasil e nem da expansão da participação
dessa modalidade na matriz de energia elétrica nacional: apenas trará racionalidade na alocação de custos do
sistema. Sendo essa a alternativa que resulta em atenuação dos subsídios cruzados e dos prejuízos causados
aos demais consumidores decorrentes dos aumentos percebidos em suas tarifas de energia elétrica, nos
parece que a adoção da alternativa proposta pela ANEEL representa o melhor interesse público.

Considerações finais sobre a participação da MMGD na matriz elétrica brasileira


Conforme relatado, com o decorrer do tempo, vários países, que adotaram políticas de
incentivos à MMGD, perceberam a necessidade de reduzir os subsídios anteriormente alocados, ou até
mesmo extinguir os benefícios a essa fonte, uma vez que se verificou que esses não se faziam mais
necessários.
Apenas para citar dois casos, tem-se a Alemanha que, em 2005, quando iniciou sua política de
redução de incentivos à geração distribuída, contava com uma participação de 0,4% da energia solar
comparativamente ao total de sua produção de energia elétrica. Já a Austrália, entre 2011 e 2012, tinha em
sua matriz uma participação da energia solar de 0,6%, quando também começou a retirada de benefícios a
essa fonte. Contudo, mesmo na ausência de incentivos, houve crescimento da presença de geração solar
nesses países, conforme pode ser verificado, na Figura 13, considerando 2018 [28].

Figura 13: Participação da MMGD na geração de energia elétrica, em 2018.

Fonte: [28]. * Inclui geração centralizada.

Especificamente para o caso brasileiro, as fontes renováveis ditas, no passado, como


[11]
“alternativas” vêm cada vez mais ampliando sua participação na composição da matriz de energia elétrica.
Em 31 de dezembro de 2009, havia uma capacidade instalada, no Brasil, de 7.645 MW
referente às fontes alternativas, o que representava 7,4% da matriz, incluindo-se as Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCHs), as Usinas Eólicas (EOLs) e as Usinas Termelétrica (UTEs) à biomassa, não
aparecendo, nesse montante, as Usinas Solares [29].

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Passados dez anos, pode-se constatar o aumento da participação destas fontes na matriz, com
representação de 22%, ou seja, 36.688 MW de capacidade instalada, em maio 2019, conforme pode ser
observado na Figura 14 [30].

Figura 14: Capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional (SIN), em maio de 2019.

Fonte: [26].
Nesse contexto, é importante fazer referência ao comportamento da carga que, aqui, será
avaliada pelos dados de demanda informados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ante o
suprimento a partir da fonte solar fotovoltaica. Informa-se que nessa avaliação, além dos dados relativos à
MMGD, foi considerada a geração solar centralizada.
Deste modo, têm-se, na Figura 15, a demanda média e máxima, registradas em base horária,
para o período compreendido entre ago/2018 e jul/2019, bem como o comportamento da geração solar
fotovoltaica para o atendimento a esta demanda.
Observa-se, na Figura 15, que não há coincidência entre a geração solar e pico de carga. Sabe-
se que a demanda precisa ser atendida com confiabilidade e com nível de resposta apropriado. Nesse sentido,
têm-se, nas hidrelétricas com reservatório de regularização, a fonte com maior vocação para administrar a
carga mais rapidamente. Adicionalmente, as térmicas, considerando as características operacionais de cada
uma de suas tecnologias, também têm papel fundamental no atendimento à segurança energética.
Atualmente, o marco regulatório está construído de modo a incentivar a entrada de energias
renováveis não controláveis no sistema. As fontes intermitentes valem-se do backup das demais fontes não-
intermitentes pelos seus atributos. Desta forma, as fontes alternativas respondem à sinalização econômica
que é dada, fruto de distorções no modelo regulatório ora desenhado, reduzindo a confiabilidade sistêmica.
Ressalta-se que a redução da capacidade de regularização dos reservatórios das usinas
hidrelétricas, somado ao comportamento das fontes intermitentes que se caracterizam: (i) por um alto grau de
variação horária (Figura 15); (ii) por determinado nível de imprevisibilidade de geração; e (iii) por um custo
marginal nulo, que desloca a geração de outras fontes de energia; têm levado à necessidade de redundância
em pontos do SIN, com consequente elevação de custos ao sistema, que são refletidos na elevada tarifa de
energia elétrica brasileira.

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Figura 15: Dados de demanda do SIN (média e máxima, por mês e hora do dia, em MW), de ago/18 a jul/19, versus
participação da fonte solar (total, não apenas MMGD) na geração de ponta.

Fonte: elaboração própria a partir de dados encaminhados pelo ONS.

Para observar a dimensão das distorções existentes, basta observar os leilões promovidos pelo
Ministério de Minas e Energia (MME), nos quais são cada vez mais negociados contratos a partir de usinas
eólicas e fotovoltaicas, e a REN nº 482/2012. A REN propiciou as condições para a expansão da MMGD
pelo emprego do net metering e pela existência de fazendas solares de até 5MW, viabilizadas por pessoas
jurídicas, instaladas distantes da carga, e que são enquadradas como geração remota, se valendo, portanto,
das mesmas regras de compensação aplicadas à MMGD local.
Na visão deste Ministério o enquadramento da geração remota como MMGD, criado para
democratizar a adesão à UCs sem telhado, permite certa arbitragem regulatória. Se observada a construção
do modelo comercial, a geração remota, em muitos casos, se configura como venda de energia, o que, de
certa maneira, implica em violação à regra definida no Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004.
As fazendas solares auferem margens muito maiores comparativamente às usinas solares que
venderam energia nos leilões regulados. A título de ilustração, o preço médio da energia solar fotovoltaica
negociada no 30º Leilão de Energia Nova (A-6), de 2019, foi 84,39 R$/MWh. Por outro lado, as empresas
proprietárias de MMGD remota vendem sua energia pelo preço de varejo, ou seja, com base no valor das
tarifas das distribuidoras decrescido de uma pequena margem (ex. 15%). A tarifa média hoje praticada,
considerando todas as distribuidoras, está em torno de 557 R$/MWh[12], sendo que neste valor não estão
computados os tributos, o ICMS, o PIS/PASEP e Cofins e o adicional de Bandeira Tarifária [31].
A solução para essa arbitragem regulatória é a abertura do mercado de energia para todos os
consumidores, na opinião deste Ministério, deve ser tratada através do PLS nº 232/2016 visando solucionar
questões estruturais no modelo regulatório para que tal abertura seja sustentável. Ressaltamos que, para
alcance os benefícios almejados, são essenciais medidas, principalmente, relativas: i) à racionalização de
encargos e subsídios; ii) ao fim das cotas de geração; iii) à expansão adequada do sistema; iv) a revisão do
papel das distribuidoras; e v) ao modelo tarifário aplicado à Baixa Tensão.
Os quatro princípios anteriormente citados (tarifação horária, binômia, sinal locacional e
precificação dos atributos ambientais) são fundamentais para garantir a liberalização total do mercado de
energia, tema que recebe destaque no PLS 232, de 2016, que tramita no Senado Federal, e no PL nº 1.917, de
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2015, que tramita na Câmara dos Deputados. Além disso, alguns passos já estão sendo dados nessa direção,
podendo-se citar, como exemplos, a publicação da Portaria MME nº 514, de 27 de dezembro de 2018, e mais
recentemente da Portaria MME nº 465, de 12 de dezembro de 2019, que tratam da redução dos limites de
carga para que os consumidores, atendidos em qualquer nível de tensão, possam escolher de qual fornecedor
comprar energia.
Tem-se que a abertura do mercado implica, se todos aderirem ao mercado livre, no fim do
mercado cativo que, hoje, é parcialmente responsável por viabilizar, via subsídios-cruzados, o sistema de net
metering da MMGD. Isso porque, embora parte dos subsídios cruzados impliquem em majoração da TUSD
para todos os consumidores, livres e cativos, ainda há uma diferença entre o valor da energia gerada e o valor
da energia consumida, o que acaba virando TE para os consumidores cativos. Sem consumidores cativos, há
que se definir como os custos serão compensados.
Portanto, é importante ter em mente a incompatibilidade existente entre a abertura de mercado
e a manutenção do sistema de compensação net metering, por um período, por exemplo, de 25 anos, que
corresponde ao tempo de vida útil dos equipamentos fotovoltaicos, sem que se tenha a contrapartida da
criação de um novo encargo que o sustente.
A imposição da criação de mais um encargo, inclusive, vai em direção contrária a atual
agenda governamental de desoneração tarifária. É, no mínimo, um contrassenso defender a liberalização
completa do mercado e, ao mesmo tempo, criar um encargo de pagamento obrigatório a todos os
consumidores para subsidiar painéis solares de grandes usuários (sejam eles redes varejistas, bancos ou
mesmo consumidores residenciais de alta renda) que foram viabilizados por empreendedores que
comercializam energia elétrica por meio de uma interpretação duvidosa da REN 482.
Nesses termos, caso o net metering seja mantido num ambiente de liberalização total do
mercado, questiona-se se a ANEEL realizou algum estudo que trate da necessidade de criação de encargo,
bem como a forma que este será implementado e quem o custeará.
Isto posto, reforçamos a necessidade de aprimorar o marco regulatório do setor elétrico com
vistas a construir um ambiente de negócios moderno, que preze pela segurança jurídica e que se mostre
atrativo aos investimentos, notadamente, privados, a fim de garantir uma expansão eletro-energética a preços
críveis, buscando, assim, reduzir ou até mesmo eliminar riscos de desabastecimento de energia.
Além do mais, em razão de uma melhor alocação de custos e, consequente, melhor sinalização
de preços advinda da aplicação da alternativa 5, a regulação não será barreira à penetração dos sistemas de
armazenamento, face a possibilidade de redução dos custos associados a esse recurso.

CONCLUSÃO
Em linha com as contribuições deste Ministério à AP nº 01/2019, entendemos como adequada
a escolha da alternativa 5 pela ANEEL, pois preserva a viabilidade dos investimentos em MMGD e reduz
distorções tarifárias, mesmo que, idealmente, para real eliminação de qualquer subsídio-cruzado, seria
necessário, além da tarifa binômia, que a geração da energia fosse precificada de acordo com seu valor
instantâneo (tarifa horária), da mesma maneira que o consumo. Ademais, a priorização da eficiência da
estrutura tarifária e da eficiência na alocação dos custos de cada componente aos consumidores e
prossumidores foi uma abordagem mais aderente ao papel do regulador.
Reforçamos que a MMGD, nos moldes como está regulamentada, implica em impactos
tarifários com consequências negativas para aqueles consumidores que não fazem uso de tal mecanismo,
uma vez que este traz consigo um subsídio cruzado resultante de uma ineficiência alocativa da estrutura
tarifária. Ressaltamos a avaliação da ANEEL que prevê que a manutenção da alternativa 0 entre 2020 e 2035
resultaria em um VPL negativo ao setor elétrico de R$ 48 bilhões, o impacto negativo sobre a tarifa dos
demais consumidores seria de R$ 55 bilhões, considerando a GD local e a remota.
Por fim, enfatizamos que os pilares estruturais no âmbito da Reforma do Setor Elétrico devem
ser levados em conta na tomada de decisão. A modernização ressalta a necessidade de um ambiente
comercial estruturado, com alocação de custos eficiente, redução de subsídios e sinal de preços para que a
transição energética ocorra no Brasil de forma sustentável.
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REFERÊNCIAS
[1] Agência Nacional de Energia Elétrica. Relatório de Análise de Impacto Regulatório nº 0004/2018-
SRD/SCG/SMA/ANEEL. 2018. Disponível em: <https://bit.ly/2ZK1inq>. Acesso em 30 dez. 2019.
[2] Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Texto para Discussão nº 2.388 – Viabilidade Econômica de
Sistemas Fotovoltaicos no Brasil e Possíveis Efeitos no Setor Elétrico. 2018. Disponível em:
<https://bit.ly/37fgZ8C>. Acesso em 30 dez. 2019.
[3] Empresa de Pesquisa Energética. Nota de Discussão: Recursos Energéticos Distribuídos: Impactos no
Planejamento Energético. 2018. Disponível em: <https://bit.ly/39rg9HK>. Acesso em 30 dez. 2019.
[4] Agência Nacional de Energia Elétrica. Delegatários de serviço público de energia elétrica. 2019.
Disponível em: <https://bit.ly/39sJhhG>. Acesso em 30 dez. 2019.
[5] Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria. Visão Secap Sobre o Setor de Energia: O
caso da Micro e Minigeração Distribuída. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/39t6uAf>. Acesso em 30
dez. 2019.
[6] Agência Nacional de Energia Elétrica . Apresentação da Agência na Comissão de Minas e Energia.
2019. Disponível em: <https://bit.ly/39pPDON>. Acesso em 30 dez. 2019.
[7] Secretaria De Desenvolvimento Da Infraestrutura. Nota Técnica SEI nº 3/2019/SRM/SDI/SEPEC-ME.
2019. Disponível em: <https://bit.ly/2MH7G9D>. Acesso em 30 dez. 2019.
[8] Agência Nacional de Energia Elétrica. Apresentação da Agência em Reunião de Conselho
Empresarial da FIRJAN. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/36aQi4V>. Acesso em 15 de novembro de
2019. Acesso em 30 dez. 2019.
[9] Agência Nacional de Energia Elétrica. Agenda de Desoneração Tarifária. 2019. Disponível em:
<https://bit.ly/2Fj5VeR >. Acesso em 30 dez. 2019.
[10] Agência Nacional de Energia Elétrica. Powerbi Resultados dos Leilões de Geração no Ambiente
Regulado. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/2OxAy4m>. Acesso em 30 dez. 2019.
[11] International Energy Agency. Data and Statistics. 2019. Disponível em: <https://www.iea.org/data-and-
statistics>. Acesso em: 30 dez. 2019. Acesso em 30 dez. 2019.
[12] Agência Nacional de Energia Elétrica. Voto do Diretor Romeu Donizete Rufino. 2012. Disponível
em: <http://www2.aneel.gov.br/cedoc/aren2012482_1.pdf>. Acesso em 30 dez. 2019.
[13] Agência Nacional de Energia Elétrica. Nota Técnica n° 0017/2015-SRD/ANEEL. 2015. Disponível
em: <https://bit.ly/2SF4or3>. Acesso em 30 dez. 2019.
[14] Agência Nacional de Energia Elétrica. Voto do Diretor Tiago de Barros Correia. 2015. Disponível
em: <http://www2.aneel.gov.br/cedoc/aren2015687_1.pdf>. Acesso em 30 dez. 2019.
[15] Agência Nacional de Energia Elétrica. Powerbi Geração Distribuída. 2019. Disponível em:
<https://bit.ly/2OBZ5Fe>. Acesso em 30 dez. 2019.
[16] International Energy Agency. Solar Energy: Mapping The Road Ahead. 2019. Disponível em:
<https://webstore.iea.org/solar-energy-mapping-the-road-ahead>. Acesso em 30 dez. 2019.
[17] International Renewable Energy Agency. Deployment, investment, technology, grid integration and
socio-economic aspects. 2019. Disponível em: <https://www.irena.org/publications/2019/Nov/Future-of-
Solar-Photovoltaic>. Acesso em 30 dez. 2019.
[18] International Energy Agency. Renewables 2019: market analysis and forecast to 2024. 2019.
Disponível em: <https://www.bpva.org/uploads/20191022080936.pdf>. Acesso em 30 dez. 2019.
[19] Agência Nacional de Energia Elétrica. Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits – MCSD.
2004. Disponível em: <https://bit.ly/2QP0rPZ>. Acesso em 30 dez. 2019.
[20] Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Eventos sobre Venda de Excedente. 2018. Disponível
em: <https://bit.ly/2KFbzL8>. Acesso em 30 dez. 2019.
[21] Patrícia Pereira da Silva, Guilherme Dantas, Guillermo Ivan Pereira, Lorrane Câmara, Nivalde J. De
Castro. Photovoltaic distributed generation – An international review on diffusion, support policies,
and electricity sector regulatory adaptation. 2019. Renewable and Sustainable Energy Reviews, Volume
103, 2019, Pages 30-39, ISSN 1364-0321. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.rser.2018.12.028>.
Acesso em 30 dez. 2019.
[22] Clean Energy Wire. How much does Germany’s energy transition cost?. 2018. Disponível em:
<https://www.cleanenergywire.org/factsheets/how-much-does-germanys-energy-transition-cost>. Acesso em

https://sei.fazenda.gov.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=6710430&infra… 22/25
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30 dez. 2019.
[23] Conca, James. Why Aren't Renewables Decreasing Germany's Carbon Emissions?. 2017. Forbes.
Disponível em: <https://www.forbes.com/sites/jamesconca/2017/10/10/why-arent-renewables-decreasing-
germanys-carbon-emissions/#19a033bd68e1>. Acesso em 30 dez. 2019.
[24] Renewables 2018. Global Status Report. 2018. Disponível em: <http://www.ren21.net/gsr-2018/>.
Acesso em 30 dez. 2019.
[25] Agência Nacional de Energia Elétrica. Capacidade Brasil. Disponível em:
<https://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm>. Acesso em 30 dez. 2019.
[26] Empresa de Pesquisa Energética. Plano Decenal de Expansão de Energia 2029. 2019. Disponível em:
<http://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/plano-decenal-de-expansao-de-energia-
2029>. Acesso em 30 dez. 2019.
[27] Bloomberg New Energy Finance. A Behind the Scenes Take on Lithium-ion Battery Prices. 2019.
Disponível em: <https://about.bnef.com/blog/behind-scenes-take-lithium-ion-battery-prices/>. Acesso em 30
dez. 2019.
[28] Konzen, Gabriel. GD e a falácia do gatilho de 5%. 2019. Disponível em:
https://www.linkedin.com/pulse/gd-e-fal%C3%A1cia-do-gatilho-de-5-gabriel-konzen/. Gráfico elaborado
com base nas seguintes fontes: (a) Fraunhofer ISE. Recent Facts about Photovoltaics in Germany, version of
October 14, 2019. (b) Department of the Environment and Energy. Australian Energy Update 2019,
Australian Energy Statistics, 2019 e (c) U.S. Energy Information Administration. Electricity Data Browser.
Acesso em 29 nov. 2019.
[29] Empresa de Pesquisa Energética. Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE. 2019. Disponível
em: < http://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/Plano-Decenal-de-Expansao-de-
Energia-2019>. Acesso em 30 dez. 2019.
[30] Empresa de Pesquisa Energética. Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE. 2029. Disponível
em: <http://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/plano-decenal-de-expansao-de-
energia-2029>. Acesso em 30 dez. 2019.
[31] Agência Nacional de Energia Elétrica. Ranking das Tarifas. 2019. Disponível em:
https://www.aneel.gov.br/ranking-das-tarifas. Acesso em 30 dez. 2019.

[1] Relatório de Análise de Impacto Regulatório nº 003/2019-SRD/SGT/SRM/SRG/SCG/SMA/ANEEL.


[2] Resolução ANEEL nº 414, de 9 de setembro de 2010.
[3] São os permissionários e concessionários de distribuição, transmissão e geração de energia elétrica em regime de serviço
público, incluindo as concessionárias de geração de energia elétrica destinada a serviço público [4].
[4] art. 175 da Constituição Federal e Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
[5] O Decreto nº 9.642, de 27 de dezembro de 2018, determinou a redução dos descontos custeados pela CDE e concedidos, nas
tarifas de uso do sistema de distribuição e de energia, para as unidades consumidoras classificadas como rurais, para os serviços
públicos de irrigação e para os serviços públicos de água, esgoto e saneamento. Os descontos, estabelecidos neste normativo, serão
reduzidos à razão de vinte por cento ao ano sobre o valor inicial, atingindo, ao final de 2023, a alíquota zero.
[6] Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits (MCSD): Processo de realocação, entre Agentes de Distribuição
participantes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), de sobras e déficits de montantes de energia contratados
no Ambiente de Contratação Regulado (ACR) [19]. Mecanismo de Venda de Excedentes (MVE) permite que as distribuidoras
negociem suas sobras no mercado livre [20].
[7] Em um sentido mais amplo, até mesmo os determinantes da expansão de renováveis são postos em xeque por Clémence
Bourcet, Empirical determinants of renewable energy deployment: A systematic literature review, Energy Economics, Volume 85,
2020, 104563, ISSN 0140-9883, https://doi.org/10.1016/j.eneco.2019.104563.
[8] Vide, por exemplo, os estudos “Economic impacts from the promotion of renewable energy technologies”, “Are green hopes
too rosy? Employment and welfare impacts of renewable energy promotion”, “The elusive and expensive green job” e “Effects of
consumer subsidies for renewable energy on industry growth and social welfare: The case of solar photovoltaic systems in Japan”.
[9] Considerando que a totalidade da GD seja fotovoltaica.
[10] O Brasil tem 75% de sua matriz de energia elétrica composta por fontes renováveis [25].
[11] Não são consideradas fontes “alternativas” as Usinas Hidrelétricas (UHEs) com potência instalada maior que 30 MW.
[12] Valor ponderado pelo mercado de 2018.

Brasília, 30 de dezembro de 2019.

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BRUNO BELTRAME
Assistente Técnica
SECAP/ME
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THAÍS ABRAHIM CHAVES CHRISTIANY SALGADO FARIA
Assistente Técnica Coordenadora-Geral de Energia
SECAP/ME SDI/ME
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FERNANDA GOMES PEREIRA GABRIEL GODOFREDO FIUZA DE BRAGANÇA
Coordenadora-Geral de Energia Elétrica Subsecretário de Regulação e Mercado
SECAP/ME SDI/ME
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LEANDRO CAIXETA MOREIRA DIOGO MAC CORD DE FARIA
Subsecretário de Energia Secretário de Desenvolvimento da Infraestrutura
SECAP/ME SDI/ME

Documento assinado eletronicamente por Fernanda Gomes Pereira, Coordenador(a)-Geral de


Energia Elétrica, em 30/12/2019, às 21:36, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no
art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Leandro Caixeta Moreira, Subsecretário(a) de Energia,


em 30/12/2019, às 21:38, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Bruno Beltrame, Assistente Técnico-Administra vo, em


30/12/2019, às 21:39, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Thais Abrahim Chaves, Assistente Técnico-


Administra vo, em 30/12/2019, às 21:40, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no
art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Gabriel Godofredo Fiuza de Bragança, Subsecretário(a),


em 30/12/2019, às 21:53, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Chris any Salgado Faria, Coordenador(a)-Geral, em


30/12/2019, às 21:57, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Diogo Mac Cord de Faria, Secretário(a), em 30/12/2019,
às 22:07, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539,
de 8 de outubro de 2015.

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