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Porto de Cuiabá-MT: Intervenções urbanas e seus desafios.

Jane Letícia De Oliveira


Mestranda PPG em Geografia UFMT
jane_leticia@hotmail.com

Cornélio Silvano Vilarinho Neto


Doutor em Geografia, docente PPG em Geografia UFMT
corneliovilarinho@yahoo.com.br
(Não identifique-se na primeira submissão; apenas se trabalho aprovado)

RESUMO:
As funções exercidas pelas áreas centrais da cidade disputam para a
configuração de diversos processos que frequentemente incentivam a realização da
reorganização de tais áreas através de intervenções urbanas. Diante disso, esse artigo
tem o objetivo de analisar as intervenções efetivadas na orla do Porto de Cuiabá, MT a
partir da sua revitalização, inaugurada em dezembro de 2016.

Palavras-chave: Produção do Espaço Urbano, City Marketing, Centralidade, Revitalização,


Porto Cuiabá.

GT – 7: Produção do espaço urbano numa perspectiva critica

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1 INTRODUÇÃO
Os processos de (re)Produção do espaço urbano passam por ações que buscam
valorizar determinadas áreas da cidade, por atrair população e investimentos a ela
através de ações de City Marketing. Nesse contexto de intervenções, as áreas centrais,
ganham destaque, pois apresenta recursos e significado para a cidade, visto que o
Centro é o espaço da diversidade, podendo ser compreendido como metonímia da
cidade. (TOURINHO, 2006, p, 227) .
Diante das propostas de intervenção urbana, por meio de ações de city
marketing, é importante analisarmos a revitalização realizada no bairro do Porto, e
Cuiabá, MT. O Projeto lançado em agosto de 2013, com estimativa de custo de 28
milhões de reais, planejava intervenções numa área de 1,3 km da Avenida Beira Rio, no
trecho entre o cruzamento com a Rua Barão de Melgaço, na rotatória da Ponte Nova, até
a Praça Luiz de Albuquerque, e a Ponte Júlio Mueller. O projeto, que fazia parte das
obras previstas para o mundial de futebol do ano de 2014 não ficou pronto a tempo do
evento sendo inaugurado em 22 de dezembro de 2016, dois anos e meio após o Mundial
de Futebol.
Financiada pela autoridade governamental, e sob o discurso de: “Promover a
revalorização e a apropriação daquele espaço pela população local, através da
valorização do patrimônio histórico e cultural presentes na região, e da promoção do
convívio social por meio da prática do esporte e lazer” (PREFEITURA DE CUIABÁ,
2013), o projeto visa transformar o Bairro do Porto no principal centro de
entretenimento do município de Cuiabá.
Diante dos horizontes propostos pelo projeto de revitalização, objetivou-se nesse
artigo, analisar as intervenções efetivadas na revitalização e compará-las com o que
estava previsto em projeto. Além disso, apontaremos os desafios configurados na
realização de intervenções urbanas.
Para alcançar os objetivos propostos, foi realizada uma investigação profunda
em documentos e in loco, revisão bibliográfica e análise do projeto que resultaram na
comparação entre o discurso referente ao projeto e o que foi realizado na pratica. Bem
como entravistas com os freqüentadores, habitantes e comerciantes locais. A
investigação foi pautada na aplicação e verificação das categorias de análise espacial:

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forma, estrutura, função e processo. E a pesquisa resultou em um diagnóstico analítico
sobre os desafios das operações de intervenção urbana.

2 –DISCUÇÃO TEORICO-CONCEITUAL

2.1 CITY MARKETING E ÁREAS CENTRAIS; Influencia das intervenções nos


processos de (re)produção do espaço.

A partir da década de 1960, tornou-se comum em vários governos urbanos uma


nova forma de administrar a cidade: O empresariamento urbano. Utilizado forma mais
comum em cidades que necessitam gerar renda ou que vão sediar megaeventos, dessa
forma, a cidade é concebida e gerenciada como uma empresa. Segundo Vainer (2000, p.
76), “esse modelo foi desenvolvido a partir dos conceitos e técnicas oriundas do
planejamento empresarial”. Para os defensores do modelo, essa estratégia deve ser
adotada pelas cidades porque elas estão sujeitas aos mesmos desafios de uma empresa.
O Empresáriamento Urbano, também chamado de Planejamento Estratégico,
Marketing Urbano ou City Marketing, ganha força com o desmanche do estado de bem
estar social. Isso permitiu o renascimento da competição interurbana desde então, a
chamada guerra dos lugares. O empresáriamento urbano tem como forte característica
as parcerias público-privadas que atraem financiamentos e investimento e
consequentemente novos empregos. Tal modelo está diretamente ligado à flexibilização
e globalização do capital e a mercantilização das cidades, pois ele substitui o antigo
gerenciamento urbano, em que o poder público orientava o planejamento da cidade,
com fins de atender as demandas dos vários agentes de produção do espaço, por um
planejamento que se baseia na receita neoliberal de flexibilidade e competitividade.
Dessa forma o planejamento estratégico tem seus fundamentos nos princípios
neoliberalistas, e se baseia no discurso ideológico da cidade vendida como mercadoria,
como um produto a ser consumido. A cidade é pensada e vendida não para ser o lugar
do exercício pleno da cidadania, palco dos debates e embates dos diversos atores sociais
que ali residem, mas como lugar de atração de investimentos e empresas, como centro
da indústria de entretenimento e turismo.

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Muitas das inovações e investimentos feitos no planejamento estratégico para
tornar as cidades atraentes, rapidamente foram imitadas em outros lugares. Centros de
convenções, estádios de esportes, Disneylândia, Portos revitalizados, e shoppings
centers modernos inundam as cidades ao redor do mundo em uma tentativa de produzir
um city marketing tão bem sucedido como os casos de Baltimore, nos Estados Unidos
da América e de Barcelona, na Espanha.
Porém a lógica do marketing urbano nos apresenta uma dualidade. Conforme
nos mostra Harvey (1996) se por um lado as iniciativas de empresariamento urbano tem
o poder de consolidar lugares urbanos, gerando emprego e renda, do outro lado elas
encorajam o aumento da pobreza e as disparidades de riqueza e renda, visto que muitos
dos empregos gerados são em funções de baixa remuneração, e a valorização dos
espaços eleva o valor das propriedades ao redor e a carga tributaria, contribuindo com o
processo de gentrificação.
A mistura de marketing com a forte intervenção de um governo local bem
estruturado é o que faz o planejamento estratégico ser bem sucedido. Utilizando
concepções e ferramentas de publicidade e propaganda, oferece aos possíveis
compradores um produto superior, uma cidade inovadora, excitante, criativa e segura
para se viver, visitar e consumir, um lugar que satisfaz os desejos e as necessidades dos
compradores, garantindo por meio do consumo, rendimento econômico mais elevado
que em outras cidades. É formando o consenso entre os diversos agentes produtores do
espaço, de que as intervenções realizadas são necessárias para o desenvolvimento
econômico e uma posição privilegiada na competição entre cidades. (OLIVEIRA, 1999,
p. 158)
Assim, o city marketing apresenta uma lógica perversa, primeiramente
transformando a cidade em uma mercadoria e a partir do desenho urbano, ligado a
arquitetura pós-modernista, desmonta e recria as formas culturais e os estilos de vida da
população local, produzindo espaços homogêneos e a fragmentação urbana, permitindo
que as funções de comando permaneçam na cidade mas as custas do consumo coletivo
local. (HARVEY 1996, p. 58) É produzida uma “urbanização de grife”, seletiva e
excludente, cuja cidade não é produzida para o habitar e sim para o exibir.

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Nesse contexto, as áreas centrais da cidade ganham importância e se tornam os
principais alvos das ações de city marketing. Por terem localização privilegiada, melhor
infraestrutura e guardarem a memória histórica das cidades, os centros e portos passam
por umas das principais intervenções do gerenciamento urbano: as revitalizações.
A reestruturação produtiva, sobretudo na década de 1970, se reflete na produção
do espaço nas cidades. A cidade passa, a partir desse momento, por profundas
transformações em sua estrutura política, econômica e social. Tais mudanças se refletem
diretamente na maneira como o espaço urbano se estrutura. Esse processo fica evidente
na forma e no processo de urbanização das cidades. (GOTTDINIER, 1997)
As cidades assumem novos papéis, gerenciando e sendo também produto do
regime de acumulação flexível do capital. As mudanças físicas na estrutura urbana,
vindas da reestruturação, redefinem os usos do solo, a territorialidade, as hierarquias
urbanas, as formas urbanas, as relações entre tempo e espaço nas cidades e a lógica das
centralidades.
Do ponto de vista do capital, a produção do espaço destinado a comércio e
serviços está atrelada a uma hierarquia de lugares, os centros e subcentros, locais com
infraestrutura e matéria prima necessária e onde se desenvolve o capitalismo
monopolista. (CORRÊA, 1989) Assim, os lugares centrais, segundo Christaller (1966),
seriam aqueles com maior número de bens e serviços específicos, dessa forma, esses
lugares seriam mais elevados hierarquicamente.
Porém é necessário pensar no significado de centralidades para além da
hierarquia dos lugares e das especificidades espaciais, é preciso pensar em centralidades
como conteúdo e reprodução da vida nas cidades contemporâneas. (SERPA, 2014 p.99)
Assim a sociedade urbana cria centralidades, pois, como afirma Lefebvre (1999, p. 93.):
Tomemos a questão do centro e da centralidade. Não existe
cidade nem realidade urbana sem um centro. Mais do que
isso: o espaço urbano se define, já dissemos, pelo vetor nulo;
é um espaço onde cada ponto, virtualmente, pode atrair para
si tudo o que povoa as imediações: coisas, obras, pessoas.(...)
O centro só pode, pois, dispersar-se em centralidades parciais
e móveis (policentralidade), cujas relações concretas
determinam-se conjunturalmente..

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Dessa forma, a centralidade é a essência do fenômeno urbano. Ela precisa de um
conteúdo, que para Lefebvre, é um conteúdo ‘vulgar’, visto que a cidade não cria nada,
mas centraliza as criações, e contraditoriamente, cria tudo. (SERPA, 2014, p.100)

2.2 AS MULTIPLAS DINAMICAS EXISTENTES NO PORTO DE CUIABÁ

O Porto Geral que foi de extrema importância para a cidade de Cuiabá, vive em
decadência desde a década de 1960. O local que no passado foi a fonte de ligação de
Cuiabá com o restante do País hoje vive abandonado e deteriorado, visto que as
atividades de comercio, serviços e a população se mudaram para a periferia. Essa fuga
foi motivada pelo aumento da violência, pelo alto valor dos imóveis e pelas enchentes
que no passado assolaram a região do Porto.
Para recuperar o interesse da população cuiabana pelo Porto, foi realizada a
revitalização de parte do bairro. O Projeto de revitalização da orla do Porto de Cuiabá
realizou intervenções em três principais locais: O Museu do Rio, a Praça Luiz de
Albuquerque e a Avenida Beira Rio, locais com importância histórica e imaginética
para a cidade.

Figura 01: Mapa de localização do bairro do Porto em Cuiabá


Fonte: PREFEITURA DE CUIABÁ adaptado por OLIVEIRA, Jane Letícia. Setembro/2016

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2.2.1 MUSEU DO RIO

O Mercado do 2° Distrito ou Mercado do Peixe começou a ser construído no


final do século XIX nas margens do rio Cuiabá. A construção foi concluída em 1899 e
foram utilizadas todas as técnicas construtivas modernas disponíveis na época. A função
principal do mercado era o abastecimento da cidade. Ele era um grande ponto de troca
de mercadorias e receptor de produtos vindos dos grandes centros de abastecimento do
país. Por sua localização junto ao rio o acesso das embarcações era mais fácil, e o
Mercado de grande importância, já que a navegação fluvial era o principal meio de
transporte existente.

Figura 02: Mercado do Peixe e feira do Porto durante a enchente de 1995. Figura 03: Museu do Rio
após as reformas em 2010.
Fonte: IPDU, Setembro de 2010

Com o enfraquecimento da navegação de grande porte e a construção de um


novo mercado, o mercado do 1° Distrito no centro da cidade, o Mercado perde a sua
importância como centro de abastecimento e suas atividades ficam restritas a
comercialização de peixe. Assim ele passa a ser conhecido como “Mercado do Peixe”.
Em 1983, foi tombado pelo Estado através da portaria numero 26/83, publicada no
Diário Oficial do dia 06 de junho de 1983.
A partir de 1994, os feirantes que utilizavam o Mercado começam a ser
transferidos para um novo local: o Mercado do Porto, localizado no Campo do Bode. O
mercado foi desativado em 1999, por encontrar-se inadequado para as funções de feira.
Nessa época, a violência e a marginalidade já haviam se misturado a feira e ao cotidiano
do Bairro do Porto.

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No mesmo ano, passou por uma reforma comandada pela prefeitura municipal
de Cuiabá que custou US$ 1,3 milhão. No ano do seu centenário, o antigo Mercado do
Peixe passa a ser o Museu do Rio Cuiabá “Hid Alfredo Scaff” homenagem a um
comerciante de renome do Bairro do Porto que tem sua história ligada a da comunidade
e da navegação do rio.

2.2.2 PRAÇA DO PORTO

A praça do porto inicialmente era o local onde ficava a “Escola de Aprendizes


Marinheiros” e a sede do “Trem Naval de Mato Grosso” com a Guerra do Paraguai,
observou-se a necessidade de transferir essas instalações para um local mais estratégico.
Conhecido como jardim do Porto, Leva o nome de Luiz de Albuquerque de Melo
Pereira e Cáceres, ex-governador da capitania de Mato Grosso. Nela foi colocado o
obelisco feito com granito de Corumbá, homenagem da Cidade de Corumbá aos 200
anos de fundação de Cuiabá. O entorno da praça era tomado pelo comércio de lojistas
durante o dia e de bares e pontos de prostituição durante a noite.

Figura 04: Praça Luís de Albuquerque na década de 1920. Figura 05: Vista da Praça Luís de
Albuquerque antes da revitalização
Fontes: Arquivo Público, Setembro de 2010 e Arquivo Pessoal, agosto de 2010

2.2.3 AVENIDA BEIRA RIO

Construída em 1975 durante a gestão do prefeito Rodrigues Palma, possui 11


quilômetros e foi construída pela empreiteira Enco Engenharia e Comercio Ltda. Varias
ruas do Bairro do Porto deram lugar a passagem da avenida. Ainda na década de 1970, a
avenida foi pavimentada, iluminada e arborizada. Em 2006, 31 anos depois da

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construção, a avenida passou por uma revitalização e ganhou obras de recapeamento,
drenagem, urbanismo e paisagismo. O nome da avenida também foi mudado para
Avenida Manuel José de Arruda, em homenagem ao ex-prefeito de Cuiabá na década de
1950.

Figura 06: Avenida Beira Rio recém inaugurada. Ao fundo, ligação com a Avenida Miguel Sutil e
com a Rua Barão de Melgaço. Figura 07: Avenida Beira Rio antes das obras de revitalização.
Fontes: MISC, Setembro de 2010. Arquivo Pessoal, Setembro de 2010

2.3- REVITALIZAÇÃO DO PORTO DE CUIABÁ: Dualidade entre o planejado


e o executado. Realidades e desafios.

Em agosto de 2013 foi lançado o projeto de revitalização do Porto de Cuiabá.


Com estimativa de custo de 28 milhões de reais. O projeto planejou intervenções numa
área de 1,3 km da Avenida Beira Rio, no trecho entre o cruzamento com a Rua Barão de
Melgaço, na rotatória da Ponte Nova, até a Praça Luiz de Albuquerque, e a Ponte Júlio
Mueller.

Figura 08: local das intervenções do projeto de revitalização


Fonte: GOOGLE adaptado por OLIVEIRA, Jane Letícia. Setembro/2016

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Inicialmente foi previsto: uma ciclovia, Calçadão, dois píeres, um pequeno teatro
de arena com arquibancada, espaços para exercícios físicos, banheiros públicos, bares e
quiosques. O local onde estão localizados o museu do rio e o aquário municipal seriam
transformados na ‘Praça das Águas’, espaço que abrigaria três grandes restaurantes,
fontes de água, Chafariz e a ampliação do museu do rio, com uma forma inspirada no
cubo d’água construído em Pequim para as olimpíadas de 2008.

Figuras 09 A, B, C, D, E, F: Intervenções previstas no projeto de revitalização.


Fonte:PREFEITURA DE CUIABÁ. Fevereiro/2014
A inspiração para o modelo de intervenções previstas no projeto do Porto de
Cuiabá veio de cidades como Amsterdam (Países Baixos), San Antônio (Estados
Unidos), Xangai (China), a região de Puerto Madero em Buenos Aires (Argentina),
Paris (França), Florença (Itália) e a capital do Pará, Belém que também sofreram
processos de revitalização de suas áreas portuárias, muitas delas com realidades
diferentes de Cuiabá, mas, todas com algo em comum: a área revitalizada se tornou um
grande ponto de atração turística e de entretenimento, o que demonstra que o projeto
para a revitalização do Porto de Cuiabá está focado em transformar a área em um local
de lazer, e não na recuperação do Rio Cuiabá, na área de intervenção ou na preservação
do patrimônio histórico local.

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Figura 10 e 11: Praça Luiz de Albuquerque e Casarões tombados pelo patrimônio histórico
Fonte: OLIVEIRA, Jane Letícia. 30 de Dezembro/201
Podemos ver isso claramente em algumas ações referentes ao projeto. Para
viabiliza-lo, inicialmente estava prevista a recuperação do córrego Mané Pinto e o
tratamento do esgoto antes de ser lançado no Rio Cuiabá, exigências da Secretaria de
Estado do Meio Ambiente, (SEMA) para a liberação de licença ambiental do projeto.
Porém, em 18 de setembro de 2013, o Consema, conselho estadual do meio ambiente,
ligado a SEMA, aprovou a dispensa de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/Rima) do projeto por unanimidade.

Figura 12 e 13: Esgoto não tratado, lançado diretamente no Rio Cuiabá


Fonte: OLIVEIRA, Jane Letícia. 30 de Dezembro/2016

O projeto prevê também desapropriações dos casarões situados em frente ao


museu do rio e a Praça Luiz de Albuquerque que serão transformadas em espaços de
cultura. Esses imóveis foram desapropriados, porém ainda não foram restaurados e
transformados em espaços de cultura. Ao invés disso, foi construída a vila cuiabana,
uma estrutura que imita a fachada das casas antigas do centro histórico da cidade e que
abriga em seu interior um museu mostrando a arte, história e cultura de Cuiabá.

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Figura 14 e 15: Casarões desapropriados e Vila Cuiabana
Fonte: OLIVEIRA, Jane Letícia. 30 de Dezembro/2016

A Praça Luiz de Albuquerque que a principio ganharia nova pavimentação, novo


paisagismo e teria seus monumentos recuperados e preservados, apenas recebeu corte
das árvores existentes ali, mesmo sob o protesto dos comerciantes locais para que elas
fossem preservadas. Os monumentos e o coreto também foram retirados. Em toda a
orla, nos locais onde a mata ciliar foi retirada, observa-se o acumulo do lixo.

Figura 16 e 17: Praça Luiz de Albuquerque e Acumulo de lixo as margens do Rio


Fonte: OLIVEIRA, Jane Letícia. 30 de Dezembro/2016

Os investimentos para a execução do projeto vieram da prefeitura de Cuiabá, do


governo do estado e da iniciativa privada, já que uma rede atacadista, que tem loja
situada no bairro do porto, em uma área bem próxima a de intervenção contribuiu com
uma quantia de 5,5 milhões de reais para a execução das obras. Os bares e restaurantes
que serão construídos no local também terão obras financiadas pela iniciativa privada,
que por meio de licitação, será concedida ao vencedor a responsabilidade de arcar com
os custos da obra de construção do estabelecimento e o direito de fazer a exploração do
local por um período de 20 anos. O que demonstra a articulação entre o poder político e

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o setor privado o que resulta na produção de espaços homogêneos e na imposição da
dominação do Estado frente aos desejos e necessidades da população local.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresentado resultou na identificação e caracterização das intervenções


previstas e realizadas no bairro do Porto, na cidade de Cuiabá, MT. Por meio de ações
de City Marketing como o projeto de revitalização do Porto Cuiabá. Não se pode
esquecer que as revitalizações muitas vezes produzem contradições no espaço. Visto
que reproduz o espaço urbano como mercadoria de consumo, porém as ações de
reprodução do capital somente são possíveis com a interferência do Estado.
Quando há a revitalização, o ponto de vista do cidadão, habitante do lugar na
maioria das vezes é negligenciado e, em poucas vezes, o cidadão é ouvido, por meio de
instrumentos que apenas simulam a sua participação, e não que a levam em
consideração de fato. Nas entrevistas realizadas, constatamos que 100% dos cidadãos
frequentadores do lugar, habitantes e comerciantes ouvidos, não foram contatados pela
prefeitura e órgãos competentes antes da elaboração do projeto. 86% relataram que a
arborização do local é falha, pois o calor de Cuiabá é intenso e as palmeiras plantadas
não fazem a sombra necessária.
Verificamos também as diferenças entre o que estava previsto em projeto e o que
foi realizado de fato. E constatamos que várias modificações previstas não foram
realizadas na prática. Porém a desapropriação dos antigos casarões e retirada dos aentes
promotores da prostituição e do comércio de drogas foi realizada com eficácia. Para
98% dos entrevistados, essa foi a grande melhoria realizada pela revitalização no porto.
Isso demonstra que ao combater a degradação das áreas deterioradas da cidade por
meio de projetos de revitalização, os lugares são revalorizados, a troco da expulsão da
pobreza e das pessoas pobres, que são removidas para outras áreas da cidade,
promovendo a ‘limpeza’ dos lugares onde é feita. Pois observamos que a marginalidade
do porto não acabou. Apensa mudou para outras partes do bairro, menos expostas ao
publico com o projeto de revitalização.
Portanto, o city marketing possui desafios, visto que, de um lado, ele abre a
possibilidade de reestruturar as formas urbanas, de outro é um processo excludente e

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segregador. Para que essas ações possam ser eficientes, o empresariamento urnbano
deve pensar nos múltiplos usos e benefícios abióticos, bióticos e sócio-culturais
concretos e inovadores para o lugar, de modo a que venha a ter um alto desempenho e
baixo impacto na paisagem no longo prazo. Em outras palavras, uma intervenção urbana
deve prestar inúmeros benefícios além de lazer e recreação. o que nos leva a pensar até
que ponto as revitalizações e reurbanizações são medidas eficientes e benéficas para
toda a população, e que não se trata apenas de maquiagem urbana.

4 REFRÊNCIAS

CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano. São Paulo: Ática, 1989.

COSTA, M. F. ; DIENER, P. Cuiabá: Rio, Porto, Cidade. Cuiabá: Secretaria


Municipal de Cultura, 2000.

DE LAMONICA Freire, J. Por uma poética popular da arquitetura. Cuiabá:


EdUFMT, 1997.

DEL Rio, V. Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento. São


Paulo:

GOTTDIENER, M. A Produção Social do Espaço Urbano. São Paulo: EdUSP, 1997.

G1.com. Projeto para revitalizar região do porto de Cuiabá deve custar R$ 28


milhões. 27 de agosto de 2013. Disponível em: http://g1.globo.com/mato-
grosso/noticia/2013/08/projeto-para-revitalizar-regiao-do-porto-de-cuiaba-deve-custar-
r-28-milhoes.html Acesso em: 18 de Agosto de 2016.

______ Sem estudo de impacto ambiental, projeto Porto Cuiabá é aprovado. 18 de


Setembro de 2013. Disponível em: http://g1.globo.com/mato-
grosso/noticia/2013/09/sem-estudo-de-impacto-ambiental-projeto-porto-cuiaba-e-
aprovado.html Acesso em: 18 de Agosto de 2016.

HARVEY, D. Do gerenciamento ao empresariamento: a transformação da


administração urbana no capitalismo tardio. In Espaço e Debates Nº 39, 1996.

HERZOG, C. P. Revitalização ou Maquiagem Urbana? In Arquitextos, 129.01 Abril


de 2011. Disponível em:
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/11.129/3828 Acesso em 10 de
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14
OLIVEIRA, F. L. A Metáfora Cidade-Empresa no Planejamento Estratégico de
Cidades. In Cadernos IPPUR. UFRJ, Rio de Janeiro, Janeiro/Julho 1999. Vol. VIII. Nº
1.

PREFEITURA DE CUIABÁ. Conheça o Projeto Porto Cuiabá. Disponível em:


http://www.cuiaba.mt.gov.br/projetos/conheca-o-projeto-porto-cuiaba/8156 Consulta
em 03 de Setembro, 2016..

TOURINHO, Andréa de O. Centro e centralidade: uma questão recente. In: OLIVEIRA,


Ariovaldo U.; CARLOS, Ana F. A. Geografia das Metrópoles. São Paulo: Contexto,
2006. p. 227-299.

VAINER, C. B. Pátria, Empresa e Mercadoria. In ARANTES, O.B.F.; VAINER,


C.B. ; MARICATO, E. A Cidade do Pensamento único: desmanchando consensos.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

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