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USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL

SUGESTÕES PARA QUALIFICAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS

Material desenvolvido pelo escritório Lobo & Orlandi Advogados.

MARÇO 2016

Gestão: Francisco Raymundo


OBJETO
A usucapião extrajudicial tem por objeto bem A usucapião do domínio útil de imóvel da União
imóvel. Embora outros direitos reais imobiliários também pode ser objeto do pedido. (“Recurso
possam ser adquiridos pela usucapião, o “caput” Especial. Usucapião. Domínio público. Enfiteuse
do art. 216-A só se refere a “imóvel – É possível reconhecer a usucapião do domínio
usucapiendo”. Assim, a usucapião de outros útil de bem público sobre o qual tinha sido,
direitos continuará sendo reconhecida somente anteriormente, instituída enfiteuse, pois, nesta
na via jurisdicional. circunstância, existe apenas a substituição do
enfiteuta pelo usucapiente, não trazendo
O imóvel objeto do pedido pode ser urbano ou qualquer prejuízo ao Estado. Recurso Especial
rural. Não há restrição legal em relação à área ou não conhecido.” - STJ – REsp 575.572 – RS – 3ª T.
à situação do bem. Assim, nada impede o – Rel. Min. Nancy Andrighi – DJU 1 06.02.2006)”.
reconhecimento extrajudicial da usucapião de
imóveis urbanos não regulares, como parcelas Unidades de condomínio edilício podem
de loteamentos irregulares, ou de imóveis rurais igualmente ser usucapidas, mas o condomínio
com área inferior à fração mínima de deve estar instituído e registrado no Registro de
parcelamento. Imóveis.

Indisponibilidades, hipotecas, bloqueios de A lei fala em matrículas do imóvel usucapiendo


matrícula, instituições de bem de família, e dos imóveis confrontantes, mas,
penhoras, por exemplo, registrados, inscritos evidentemente, um e outros podem estar ainda
ou averbados na matrícula/transcrição do em transcrições.
imóvel usucapiendo também não obstam o
reconhecimento da usucapião. Pode acontecer, e acontece frequentemente,
que não se localize o registro do imóvel
Os imóveis rurais com área entre 250 e menos usucapiendo, ou de algum imóvel confrontante.
de 500 hectares deverão ter sua descrição A lei não cuida dessa hipótese, mas o Código de
georreferenciada, com certificação pelo INCRA. Processo Civil de 1973 exigia “a citação daquele
em cujo nome estiver registrado o imóvel
A partir de novembro de 2016, a exigência usucapiendo”, e nunca se entendeu que a
alcançará os imóveis entre 100 e menos de 250 inexistência desse registro fosse obstáculo para
hectares (Decreto 4.449/02, com as alterações a usucapião e para a ação.
posteriores).

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Com maior razão, não impede o processamento QUEM PODE REQUERER
do pedido a inexistência de registro do imóvel
confrontante. Evidentemente, o interessado a) pessoas naturais;
deverá apresentar certidões negativas de todas b) pessoas jurídicas.
as circunscrições às quais o imóvel pertenceu,
ou certidões que declarem a impossibilidade de Observação: o espólio não pode postular o
localizar qualquer registro, com buscas no reconhecimento extrajudicial da usucapião.
indicador real. Nesses casos, não haverá
anuência nem notificação do proprietário, ou Falecido o possuidor, seus herdeiros o sucedem
do confrontante. na posse, cabendo a eles alegar a “sucessio
possessionis”, isto é, aquisição da posse pelo
De acordo com precedente da Corregedoria direito hereditário.
Geral da Justiça, o estrangeiro pode adquirir
imóvel rural por usucapião (IMÓVEL RURAL - A lei diz que o pedido de reconhecimento da
Aquisição por estrangeiro - Usucapião - Modo usucapião pode ser feito pelo “interessado”.
Originário de aquisição da propriedade - Nem sempre o interessado será o possuidor
Inaplicabilidade das restrições previstas na Lei atual, porque a aquisição pode ter ocorrido no
n.º 5.709/1971 e no Decreto n.º 74.965/1974 - passado, quando do preenchimento dos
Processo 2011/488, D.J.E. de 30.05.2012). requisitos legais, a despeito de, na atualidade
do requerimento, o interessado não ter a posse
COMPETÊNCIA do imóvel.
A usucapião extrajudicial deve ser processada
no Registro de Imóveis da circunscrição Interessado pode ser também, v.g., o credor do
imobiliária em que se situar o imóvel possuidor.
usucapiendo, ainda que seu registro esteja em
outra circunscrição. ADVOGADO
O requerimento ao oficial registrador deve ser
Pode acontecer de o imóvel estar situado em subscrito por advogado. Se o requerente
mais de uma circunscrição. O requerimento advogar em causa própria, eventuais
poderá ser processado em qualquer delas. Ao correquerentes, inclusive o cônjuge, deverão
final, se procedente o pedido, caberá ao estar representados por advogado.
interessado apresentar certidão da matrícula à
outra circunscrição, para o registro.

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Deve ser exigida procuração. Não é necessário o usucapião ordinária;
reconhecimento da firma do outorgante, assim a-7 – se for o caso, expor os fatos que justificam
como não é a procuração “ad judicia”. Como o a redução do prazo da usucapião;
processo não é judicial, não há recolhimento da
taxa da OAB. b) fundamentar juridicamente o pedido,
expondo que o cumprimento dos requisitos, na
O REQUERIMENTO forma exposta no item anterior, autoriza o
A simples exibição da ata notarial não é reconhecimento da usucapião. A menção do
suficiente para dar início ao processo. O dispositivo de lei é desejável, mas não é
reconhecimento da usucapião deve ser essencial, bastando que a exposição dos fatos
requerido em petição subscrita por advogado. permita o enquadramento legal do pedido.
No requerimento, o interessado deverá:
c) requerer:
a) expor os fatos que fundamentam o pedido:
c-1 – a prenotação, a autuação e o
a-1 - o início da posse e o modo de aquisição; processamento do pedido;
a-2 – eventuais cessões de direitos possessórios, c-2 – a notificação dos interessados certos que
qualificando os cedentes e mencionando a data não anuíram expressamente, para que, em
de cada cessão; ou a sucessão “causa mortis”, quinze dias, manifestem expressamente sua
qualificando o possuidor anterior e concordância, valendo o silêncio como
mencionando a data da abertura da sucessão; discordância;
Observação: havendo vários herdeiros e sendo c-3 – a publicação de edital de notificação dos
um deles o requerente, alegando posse interessados incertos para os mesmos fins;
exclusiva, não pode ser admitida a “sucessio c-4 – a cientificação das Fazendas Públicas
possessionis”. (União, Estado e Município) para que, no mesmo
a-3 – o tempo da posse, que já deve estar prazo, se manifestem sobre o pedido;
completo, conforme a espécie da usucapião; c-5 – as diligências que, a critério do oficial,
a-4 – a afirmação de ser a posse justa e, quando forem necessárias;
não for presumida, a boa-fé do possuidor; c-6 – o deferimento do pedido, com o
a-5 – a afirmação de ser a posse mansa e pacífica, reconhecimento da usucapião;
sem qualquer oposição, exercida pelo possuidor c-7 – o registro da aquisição da propriedade
como se dono do imóvel fosse; pela usucapião na matrícula do imóvel, ou na
a-6 – se for o caso, declinar o justo título para a matrícula que for aberta para esse registro.

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I) declaração dos requerentes de que
DOCUMENTOS QUE desconhecem a existência de ação possessória
DEVEM INSTRUIR O ou reivindicatória em trâmite envolvendo o
REQUERIMENTO imóvel usucapiendo;

O requerimento deve ser necessariamente


II) declarações de pessoas a respeito do tempo
instruído com os seguintes documentos:
da posse do interessado e de seus antecessores;

a) ata notarial que conterá, necessariamente:


III) relação dos documentos apresentados para
os fins dos incisos II, III e IV, do art. 216-A, da Lei
a.1 – a qualificação completa do requerente,
nº 13.105/15.
com estado civil, datas de eventuais casamentos
e divórcios, regime de bens; eventual união
b) planta e memorial descritivo assinado por
estável, com data de início e, se houver, prova de
profissional legalmente habilitado;
adoção de regime de bens diversos da
Observações: o memorial conterá a descrição
comunhão parcial;
do imóvel objeto do pedido com os elementos e
a.2 - o tempo de posse do requerente e seus
requisitos previstos nos artigos 176 e 225, da Lei
antecessores, conforme o caso e suas
de Registros Públicos.
circunstâncias;
Observações: Diz a lei que o notário atestará o
Os imóveis rurais com área entre 250 e menos
tempo de posse, mas a afirmação que fizer
de 500 hectares deverão ter sua descrição
sobre esse requisito da usucapião não estará
georreferenciada, com certificação pelo INCRA.
coberta pela fé pública.
A partir de novembro de 2016, a exigência
alcançará os imóveis entre 100 e menos de 250
A conclusão sobre o tempo de posse decorrerá
hectares (Decreto 4.449/02, com as alterações
das provas que forem carreadas para o
posteriores).
processo.
Os imóveis confrontantes deverão ser indicados
Poderão ser apresentadas mais de uma ata, ou
pela rua e número, se urbanos; pelo CCIR, se
atas específicas para determinados atos ou
rurais; em qualquer caso, com os números das
fatos. Essas atas poderão ter sido lavradas por
respectivas matrículas.
notários diversos, de diferentes municípios ou
comarcas. Será desejável que constem da ata:

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As unidades de condomínio edilício deverão ser matrículas dos imóveis confinantes, mediante
descritas com os mesmos elementos que assinatura no memorial descritivo;
constam da instituição do condomínio (fração
ideal do terreno, área de uso exclusivo, Observação: é desejável, mas não essencial, que
participação nas coisas comuns, identificação e as anuências sejam colhidas também na planta.
localização). A apresentação de planta e Diante dos termos da lei, os titulares de outros
memorial descritivo assinados por engenheiro é direitos reais registrados nas matrículas do
desnecessária, por motivos óbvios; basta que a imóvel objeto do pedido e dos imóveis
especialização do imóvel conste do confinantes (v.g., hipoteca, servidão, superfície,
requerimento. usufruto) também devem anuir. A anuência será
expressa com a assinatura, a qualificação
c) prova de anotação de responsabilidade completa do anuente e a indicação da matrícula
técnica (A.R.T., ou R.R.T.), feita pelo profissional do imóvel de sua propriedade, ou sobre o qual
no respectivo conselho de fiscalização tem direito real.
profissional (CREA ou CAU), e prova de
recolhimento da taxa; A lei não dispensa a anuência do proprietário do
imóvel. Se não for manifestada no memorial, ele
d) certidões, expedidas no máximo trinta dias será necessariamente notificado. Seu silêncio
antes, das matrículas ou transcrições do imóvel será considerado oposição obstativa do
objeto do pedido e dos imóveis confinantes; reconhecimento.

Observações: se não houver registro na f ) certidões negativas dos distribuidores cíveis


serventia competente, as certidões serão da Justiça Estadual e da Justiça Federal, da
expedidas pelas circunscrições anteriores. Se em comarca da situação do imóvel e do domicílio
nenhuma delas for encontrado o registro do do requerente;
imóvel, ou dos imóveis confrontantes, as
certidões deverão informar, ou a inexistência de Observações: Deverão ser apresentadas
registro, ou a impossibilidade de localização de certidões em nome do requerente e, nos casos
eventual registro com buscas no indicar real. de “acessio possessionis” e/ou “sucessio
possessionis”, de todos os que tiverem tido
e) anuência, eventualmente obtida pelo posse durante o prazo necessário para a
requerente, dos titulares de direitos reais e de usucapião, de acordo com o requerimento e a
outros direitos registrados ou averbados na lei.
matrícula do imóvel usucapiendo e nas

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As certidões devem ser negativas em relação a mencionam, como justo título, o contrato de
ações possessórias ou reivindicatórias sobre o transmissão da propriedade não registrado; a
imóvel usucapiendo. As positivas dos carta de arrematação ou de adjudicação não
distribuidores, por isso, deverão ser registradas; o compromisso de compra e venda
complementadas por certidões de objeto e pé de quitado, ou com prova de quitação; a certidão do
cada feito noticiado. Registro de Imóveis, no caso de usucapião
requerida por condômino, tendo por objeto o
Não há previsão, mas é razoável o prazo de trinta todo, ou parte certa e determinada do imóvel
dias para considerarem-se atualizadas as comum.
certidões.
b) outros documentos que demonstrem a
g) nos casos de usucapião rural ou urbana, origem, a continuidade, a natureza e o tempo da
declaração do requerente, sob as penas da lei, de posse, tais como contratos de cessão de posse,
que não é proprietário de outro imóvel, rural ou formais de partilha da posse, comprovantes de
urbano; pagamento de IPTU, ou ITR, certidões de
cadastro municipal ou rural, certificados de
h) no caso de usucapião rural, a prova de que conclusão de obra ou de demolição, contratos de
tornou a terra produtiva; locação com terceiros, correspondências
endereçadas ao imóvel objeto do pedido,
i) no caso de usucapião familiar, prova do fotografias etc.
abandono do lar pelo ex-cônjuge ou
ex-companheiro, e de posse exclusiva; PRENOTAÇÃO
O requerimento deverá ser prenotado na
j) sempre que exigível, a prova de residência no
apresentação, salvo se tiverem sido requeridos
imóvel objeto do pedido.
expressamente apenas exame e cálculo.

OUTROS DOCUMENTOS Observações: a prenotação valerá até o


Dependendo da espécie da usucapião e da desfecho do requerimento, com o registro da
exposição dos fatos feita no requerimento, o usucapião, a remessa do processo ao juiz
requerente poderá apresentar: competente, ou o indeferimento.

a) justo título, quando requerido o A prenotação dá ao requerimento prioridade


reconhecimento da usucapião ordinária; quando confrontado com títulos contraditórios,
Observação: a doutrina e a jurisprudência mas só com títulos contraditórios.

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Não são contraditórios títulos de direitos reais ou É controversa a matéria sobre os direitos reais
não, que tenham sido constituídos, transferidos, ou restrições, registrados ou averbados na
modificados ou extintos pelos proprietários ou matrícula do imóvel usucapiendo. Há quem
titulares de direitos inscritos, como, v.g., de diga que eles subsistem gravando o imóvel.
hipoteca comum ou cedular do imóvel,
constituição de servidão, usufruto, alienação Convém lembrar, todavia, que no registro de
fiduciária, quitações, autorizações de sentenças de usucapião, nunca se transportou
cancelamento, ou ainda documentos para a nova matrícula os ônus inscritos
comprobatórios de extinção de direitos reais. anteriormente.

Esses títulos não conflitam com o requerimento Cabe ao titular do direito postular, na via
de reconhecimento da usucapião, porque jurisdicional, a declaração da oponibilidade de
irrelevantes para o eventual direito do seu direito ao novo proprietário pela usucapião.
prescribente. Releva observar que o
requerimento do reconhecimento da usucapião Sem embargo do que foi dito, a prenotação do
pressupõe o preenchimento dos requisitos requerimento será necessariamente
anteriormente ao pedido. Aqueles títulos mencionada em todas as certidões das
podem, portanto, ser averbados ou registrados, matrículas e registros de imóveis atingidos total
ainda que prenotados posteriormente. ou parcialmente pelo pedido.

Contraditório será, por exemplo, outro DEPÓSITO PRÉVIO


requerimento de reconhecimento de usucapião Se o interessado apresentar documento que
do mesmo imóvel, ou de parte do mesmo informe o valor venal do imóvel, esse será o valor
imóvel. da base de cálculo dos emolumentos, pelo item
1 da tabela II. Por enquanto, e até que a
A subsistência, depois do registro da usucapião, Corregedoria edite regra especial, serão devidos
de algum direito real sobre coisa alheia, que emolumentos por um ato de registro.
tenha sido constituído pelo proprietário que
perdeu a propriedade pela prescrição, não é Se não houver lançamento nem for possível
problema com que o oficial deva se preocupar obter-se o valor venal do imóvel, caberá ao
durante o processo. Aliás, qualquer interessado estimar o valor, para cálculo dos
questionamento a esse respeito deverá ser feito emolumentos.
na via jurisdicional.

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O adiantamento das despesas poderá ser d) se foram identificados e qualificados todos os
exigido antes da prática dos atos que as exijam, proprietários e titulares de direitos reais, em
com intimação do advogado para depósito. relação ao imóvel usucapiendo e aos imóveis
Não há previsão legal de isenção de confinantes;
emolumentos.
e) se as certidões de ações não provam a
Dependerá de autorização da Corregedoria a existência de ação contra o requerente ou seus
cobrança de emolumentos pelas notificações, antecessores, que tenha por objeto a posse do
por analogia, pelo item 3, letra “b”, da tabela II, da imóvel objeto do pedido;
Lei 11.331/02.
Observação: Na pendência de ação possessória
AUTUAÇÃO E ou reivindicatória contra o requerente, ou se
houver ação de qualquer dessas naturezas
QUALIFICAÇÃO julgada procedente, com trânsito em julgado, o
Uma vez prenotado, o requerimento e os requerimento deverá ser rejeitado de plano, por
documentos que o acompanham deverão ser não ser a posse mansa e pacífica.
autuados, numerados e rubricados pelo oficial
ou pelo escrevente responsável, para f ) se o imóvel objeto do pedido é realmente o
qualificação. da matrícula ou transcrição indicada no
requerimento;
Na qualificação, o oficial verificará, entre outros
cuidados: g) se os imóveis indicados como confinantes são
realmente confinantes e se são os únicos;
a) se foram apresentados todos os documentos
necessários; h) se a descrição do imóvel cumpre as
exigências legais, inclusive em relação a
b) se a ata contém os requisitos exigidos pela lei; eventual necessidade de georreferenciamento;

c) se o requerimento permite: identificar a Observação: lembrar que é importante a


espécie de usucapião; conferir o tempo e a amarração do vértice inicial da descrição.
continuidade da posse; a certeza de que a posse
é justa e, quando exigível, de boa-fé, exercida i) se o memorial descritivo está de acordo com a
com ânimo de dono; planta e vice-versa;

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j) se as certidões do Registro de Imóveis estão Se o requerente não der andamento ao
atualizadas; processo, deixando de cumprir exigência no
prazo de trinta dias, além do prazo concedido, o
k) se foram indicados os verdadeiros requerimento poderá ser rejeitado com
proprietários e titulares de direitos reais em fundamento no § 8º, do art. 216-A, da Lei de
relação ao imóvel objeto do pedido e aos imóveis Registros Públicos, cancelando-se a prenotação.
confinantes;
NOTIFICAÇÕES
Se houver necessidade, o oficial concederá prazo Salvo se tiverem anuído no memorial descritivo,
razoável para o requerente apresentar outros deverão ser notificados pessoalmente os
documentos, esclarecer sobre o prazo, sobre a interessados certos, que são o proprietário ou
continuidade da posse, ou sobre qualquer outro proprietários do imóvel objeto do pedido e dos
requisito para o reconhecimento da usucapião. imóveis confinantes, e os titulares de direitos
reais e outros direitos, do imóvel objeto do
DESPACHOS E pedido e dos imóveis confinantes.
CERTIDÕES
Os atos praticados no processo deverão ser Observação: todos os proprietários ou titulares
certificados, inclusive as intimações do de direitos reais e outros direitos deverão ser
requerente para providências. As providências a notificados. Interessados certos falecidos com
cargo do requerente deverão ser determinadas inventário aberto serão notificados na pessoa do
por despacho, com prazo. Enquanto a inventariante. Se não houver inventário, na
Corregedoria Geral da Justiça não autorizar a pessoa do administrador, se puder ser
publicação dos despachos no Diário da Justiça, o identificado; se não, serão notificados todos os
requerente deverá ser intimado por seu herdeiros. Caberá ao requerente provar a
advogado, pessoalmente, ou por carta com A.R. legitimidade dos notificandos.
endereçada ao escritório informado na
procuração. Cópias dos documentos expedidos
EFETIVAÇÃO DAS
(notificações, intimações etc.) serão juntadas ao NOTIFICAÇÕES
processo, tudo em ordem cronológica. a) o oficial expedirá os mandados de notificação,
designando o escrevente que será responsável
Observação: As cópias apresentadas para as pelo cumprimento;
notificações serão guardadas à parte, para a
ocasião oportuna.

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b) no processo será certificada a expedição dos h) a notificação poderá ser feita pessoalmente
mandados; pelo oficial, ou por preposto escrevente; se tiver
de ser feita em outra comarca, será solicitada ao
c) dos mandados constarão todos os endereços respectivo oficial de RTD, providenciando o
conhecidos dos notificandos; requerente as cópias necessárias e adiantando
as despesas;
d) se os notificandos forem casados, também
serão notificados os cônjuges; na união estável, i) se preferir, o oficial poderá fazer as
também os/as conviventes; notificações por carta com A.R.; considerando as
consequências da notificação, convém que seja
e) da notificação constará que o notificando tem utilizada a opção “em mão própria”;
o prazo de quinze dias para concordar
expressamente com o pedido e que o silêncio Observações: embora não haja previsão legal,
será considerado discordância; as notificações poderão ser feitas pelo Registro
de Títulos e Documentos.
f ) convém que conste também que não é
necessária assistência de advogado para a Os interessados certos não poderão ser
concordância, ou discordância expressa, que notificados por hora certa, enquanto não
poderão ser manifestadas na serventia houver autorização da Corregedoria Geral da
(incluindo endereço, horário de atendimento e Justiça;
nome do escrevente responsável);
j) todas as notificações serão instruídas com
g) poderá ser aceita a concordância mesmo cópia simples do requerimento inicial, da planta
depois do prazo de quinze dias, desde que antes e do memorial descritivo; essas cópias serão
do desfecho do processo; fornecidas pelo requerente;

Observação: A concordância poderá ser k) os interessados certos poderão ser incluídos


manifestada ao escrevente encarregado da no edital, desde que estejam em lugar incerto e
intimação. Nesse caso, o intimando assinará não sabido, circunstância que deverá ser
também a certidão específica da concordância, certificada pelo oficial, após o esgotamento das
lavrada no ato pelo escrevente. diligências possíveis.

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EDITAL b) o silêncio das Fazendas não será considerado
discordância tácita;
a) o edital de notificação de terceiros
eventualmente interessados e de interessados
c) se o imóvel confrontante for de propriedade
certos que estejam em local incerto e não sabido
da Fazenda Pública e não for bem de uso comum,
será publicado uma vez em jornal local, de
o silêncio será considerado discordância.
preferência de grande circulação; onde não
houver jornal local, em jornal que circule no
município de localização do imóvel objeto da
DILIGÊNCIAS
a) o oficial poderá fazer pessoalmente, ou por
ação;
escrevente que designar, qualquer diligência
visando a obter esclarecimentos necessários;
b) deverão constar do edital o prazo de quinze
dias para concordância expressa com o pedido e
b) as buscas nos livros e plantas oficiais ou não
que: o silêncio será considerado discordância;
oficiais são obrigatórias, seja em relação ao
não é necessária assistência de advogado para a
imóvel objeto do pedido, seja em relação aos
concordância, ou discordância expressa, a serem
imóveis confinantes;
manifestadas na serventia (incluindo endereço,
horário de atendimento e nome do escrevente
c) entre as diligências possíveis inclui-se perícia
responsável);
por engenheiro, cujo custo, todavia, não poderá
ser imposto ao requerente;
c) o edital deverá ser redigido pelo oficial ou
escrevente responsável e será entregue ao
d) o oficial também poderá exigir que o
interessado, por seu advogado, para que
interessado complete informações, apresente
providencie a publicação;
documentos, obtenha declarações de pessoas,
desde que essas diligências sejam necessárias
d) a publicação será comprovada com a página
para a decisão do pedido.
do periódico em que inserida, que será juntada
ao processo.
VISTA DOS AUTOS
FAZENDAS O advogado pode examinar processos em
a) a União, o Estado e o Município serão andamento, obter cópias e tomar apontamentos,
cientificados por carta com A.R., ou pelo RTD, ainda que não tenha procuração nos autos.
para que se manifestem sobre o pedido, em
quinze dias;

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É também direito do advogado retirar os autos, tenha sido notificado por edital.
desde que não haja prazo comum em
andamento. O oficial estabelecerá prazo razoável Observações: Não cabe ao oficial decidir que
para devolução do processo e fará carga. este ou aquele silêncio não devem ser
Convém que, para tanto, haja um livro específico considerados discordância, porque a lei é
para anotação do número do processo, nome, expressa e clara.
inscrição e endereço do advogado, assinatura,
data para devolução e baixa. Em qualquer caso de rejeição do pedido, se o
requerente não se conformar poderá requerer a
DESFECHO suscitação de dúvida, nos termos do art. 198 da
Ao final, o pedido será rejeitado ou deferido, ou o Lei de Registros Públicos.
processo será remetido ao juiz competente.
DEFERIMENTO
REJEIÇÃO DO O pedido será deferido em decisão
PEDIDO fundamentada se, concomitantemente:

O pedido será rejeitado em decisão


a) tiverem sido apresentados todos os
fundamentada do oficial, da qual será intimado o
documentos necessários;
requerente:
b) tiverem sido notificados todos os
a) se não for apresentado documento necessário,
interessados certos que não anuíram
depois de transcorrido prazo razoável para a
expressamente;
providência, pelo requerente;
c) o edital tiver sido corretamente publicado;
b) se o requerente deixar de tomar qualquer
providência necessária (v.g., notificação em outra
d) não tiver sido apresentada discordância
comarca, publicação do edital, depósito de
expressa por qualquer das Fazendas;
despesas de diligência etc.);
e) houver concordância expressa de todos os
c) se qualquer interessado certo deixar de
interessados certos;
manifestar concordância expressa, ainda que

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f ) o conjunto dos documentos e das provas impugnante não comparecer, o oficial poderá
constantes do processo autorizar a conclusão de ainda conceder prazo para o requerente tentar a
que o requerente preencheu os requisitos da lei conciliação.
para a aquisição da propriedade por uma das
modalidades da usucapião. Se forem infrutíferas as tentativas, o oficial
lançará certidão com o relatório do processo e
REGISTRO intimará o requerente da decisão de remessa ao
Deferido o pedido de reconhecimento juiz competente.
extrajudicial da usucapião, o oficial:
Decorrido o prazo razoável para o requerimento
a) registrará em nome do requerente a de suscitação de dúvida, remeterá o processo
usucapião, na matrícula do imóvel, se a descrição por meio eletrônico ao juiz competente, ou ao
dela constante coincidir integralmente com a do distribuidor quando houver mais de um, e
memorial descritivo; ou arquivará os papeis.

b) abrirá matrícula com base no memorial USUCAPIÃO


NOÇÕES ELEMENTARES
descritivo e registrará a usucapião em nome do
A usucapião é modo originário de aquisição da
requerente;
propriedade (e de outros direitos reais). À posse,
une-se o decurso de tempo para fazer nascer o
c) no caso de abrir matrícula nova, averbará na
direito; como consequência, extingue-se o
matrícula anterior o desfalque ou o
direito do titular anterior. Observe-se que não
encerramento, em virtude da usucapião
há relação entre os dois titulares, o que adquiriu
registrada na outra matrícula, que será
e o que perdeu o direito real, daí ser originário o
identificada.
modo de aquisição.

REMESSA AO JUIZ A posse deve ser jurídica; não pode ser violenta,
No caso de haver discordância expressa de nem clandestina, nem precária. A posse violenta
qualquer interessado, ou de qualquer das e a posse clandestina convalescem, uma vez
Fazendas, o oficial deverá tentar a conciliação cessadas as causas de sua injustiça. A posse
entre o impugnante e o requerente, precária não convalesce jamais.
convidando-os para reunião na serventia. Se o

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Quem tem posse direta, que não exclui a indireta, 1) tiver adquirido o imóvel, a título oneroso, com
do proprietário, não pode possuir a coisa “como origem em título que estava registrado mas foi
sua”. É o caso, por exemplo, do inquilino, do cancelado registrado;
comodatário, do fiduciante na alienação
fiduciária, do promitente comprador que não 2) tiver estabelecido moradia no imóvel, ou
quitou o preço. realizado investimentos de caráter social e
econômico:
A posse deve ser contínua: não podem ser
somados tempos dispersos. Deve também ser Código Civil
exercida sem oposição, daí a necessidade das Art. 1.242. Adquire também a propriedade do
certidões que devem comprovar a inexistência imóvel aquele que, contínua e
de ação em que se dispute a posse do imóvel. incontestadamente, com justo título e boa-fé, o
possuir por dez anos.
A lei admite a “acessio possessionis”, que é a soma
do tempo de posse atual ao tempo de posse do Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo
antecessor, isto é, daquele que cedeu o direito de previsto neste artigo se o imóvel houver sido
posse por ato entre vivos. É possível também a adquirido, onerosamente, com base no registro
“sucessio possessionis”, isto é, a aquisição da constante do respectivo cartório, cancelada
posse pelo direito hereditário: posteriormente, desde que os possuidores nele
tiverem estabelecido a sua moradia, ou
Código Civil realizado investimentos de interesse social e
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar econômico.
o tempo exigido pelos artigos antecedentes,
acrescentar à sua posse a dos seus antecessores Tem entendido a doutrina que a posse do
(art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, compromissário comprador, conquanto
pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo precária, conduz à usucapião. O pagamento das
título e de boa-fé. prestações “esgota”, aos poucos, o direito de
propriedade do promitente vendedor; ao fim
Na usucapião ordinária exige a lei, além da posse dos pagamentos, o compromissário já possui a
e do decurso do tempo (dez anos), justo título e coisa como se sua fosse.
boa-fé. O prazo será reduzido para cinco anos
quando o possuidor:

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Considera-se de boa-fé o possuidor que tem a Embora não fale em transcrição, pode ser
convicção de que é proprietário, que adquiriu o incluído entre estes autores também Darcy
domínio por ato de transmissão “inter vivos” ou Bessone, que define o justo título como sendo
“causa mortis”; comporta-se como tal e ignora a “o fato gerador de direito hábil, em princípio,
existência de vício que impede a aquisição para transmitir o domínio”. Antônio Chaves,
legítima do direito. negando que justo título é o título transcrito,
tem de ser colocado nesta corrente, porque,
Em relação ao justo título, a doutrina diverge. além de diferenciá-lo do documento, define-o
como a “justa causa que seria idônea para a
Para alguns, que formam a maioria na doutrina transferência do domínio a que se destina, ou
mais recente, o justo título confunde-se com o por revestir-se das formalidades exigidas por lei,
título instrumental: é a escritura de venda e ou por manter a aparência de um título válido”.
compra, de doação, de permuta; o compromisso
de venda e compra quitado; “o documento capaz No direito anterior ao Código Civil de 1916,
de transferir o domínio, se proviesse do justo título era realmente o instrumento, o
verdadeiro dono” (Sílvio Rodrigues); o “negócio contrato, porque a propriedade transmitia-se,
jurídico apto a transferir o domínio, o ato por ato “inter vivos”, com a tradição. A partir do
translativo que não produziu efeito; o título de momento em que a transmissão do domínio na
aquisição ineficaz” (Orlando Gomes); “aquele alienação “inter vivos” passou a ocorrer com a
que, em tese, é hábil para transferir a transcrição, o justo título passou a ser, para
propriedade do bem e revestido das parte da doutrina, o registro.
formalidades legais exigidas para a sua validade”
(Arnoldo Wald); Na usucapião extraordinária, a lei dispensa
prova do justo título e da boa-fé. Simplesmente
Para outros, justo título é o título transcrito, não se indaga se o prescribente os tem. Quem
registrado no Registro de Imóveis. É, então, o “ato contesta o direito do possuidor pode atacar, por
ou fato jurídico hábil para adquirir-se ou exemplo, ou o tempo da posse, ou sua
transferir-se a propriedade, como a sucessão juridicidade. O prazo é de quinze anos, mas
hereditária e a transcrição” (Clóvis Beviláqua); é pode ser reduzido a dez, se o possuidor nele
aquele “formalizado e devidamente transcrito; tiver moradia, ou tiver realizado obras ou
título não registrado não preenche a condição serviços de caráter produtivo (p.ex.:
primacial para que seja havido como justo” construções, plantações):
(Washington de Barros Monteiro).

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Código Civil: A Constituição proíbe a usucapião de terras
públicas, o que não impede o Poder Público de
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem reconhecer a usucapião especial em terras
interrupção, nem oposição, possuir como seu um devolutas, depois de discriminadas.
imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo A usucapião especial urbana é prevista no art.
requerer ao juiz que assim o declare por 183 da Constituição Federal, no art. 9º, da Lei
sentença, a qual servirá de título para o registro 10.257/01 (Estatuto da Cidade) e no art. 1.240
no Cartório de Registro de Imóveis. do Código Civil, que diz:

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área
artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor urbana de até duzentos e cinquenta metros
houver estabelecido no imóvel a sua moradia quadrados, por cinco anos ininterruptamente e
habitual, ou nele realizado obras ou serviços de sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
caráter produtivo. de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel
A usucapião especial rural está prevista no art. urbano ou rural.
191 da Constituição Federal e no art. 1.239 do
Código Civil: § 1o O título de domínio e a concessão de uso
serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de ambos, independentemente do estado civil.
imóvel rural ou urbano, possua como sua, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de § 2o O direito previsto no parágrafo
terra em zona rural não superior a cinquenta antecedente não será reconhecido ao mesmo
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho possuidor mais de uma vez.
ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade. O objeto deve ser imóvel urbano, com até 250
m². Os outros requisitos são bem semelhantes
O imóvel deve ser rural e ter área de até 50 aos da usucapião rural: posse jurídica, como
hectares. O requerente tem de ter moradia no “sua”; por cinco anos, contínua e sem oposição;
imóvel e não pode ser proprietário de outro, servir como moradia sua ou da família; não ser
urbano ou rural. Com seu trabalho e/ou de sua proprietário de outro imóvel.
família, deve ter tornado a terra produtiva. O
prazo é de cinco anos.

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Expressamente, a lei proíbe que a mesma pessoa ex-cônjuge ou ex-companheiro que
exerça esse direito mais de uma vez. A lei permite abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia
que, a despeito de casamento ou união estável, o ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio
direito seja reconhecido em favor do homem ou integral, desde que não seja proprietário de
da mulher (no caso de união homoafetiva, em outro imóvel urbano ou rural.
favor de qualquer dos conviventes).
Evidentemente, nesses casos, a posse de um § 1o O direito previsto no caput não será
deve excluir a do outro. reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez.
É preciso observar o que dispõe o § 3º, do art. 9º,
do Estatuto da Cidade, que o Código Civil não O prazo é de dois anos e a posse deve ter as
repetiu nem derrogou: mesmas características das outras modalidades.

§ 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro Diz a lei que deve ser direta, mas isso não
legítimo continua, de pleno direito, a posse de significa que outra pessoa possa ter a posse
seu antecessor, desde que já resida no imóvel por indireta, porque então a posse não conduziria à
ocasião da abertura da sucessão. usucapião. Significa apenas que o possuidor
deve exercer diretamente a posse, ocupando o
É uma condição da “sucessio possessionis”. Só imóvel. A área deve ser inferior a 250 m².
pode invocar a aquisição da posse pelo direito
hereditário o herdeiro que reside no imóvel no A lei fala também em propriedade comum;
momento da abertura da sucessão. É condição a portanto, para esta espécie de usucapião, o
ser provada. requerente deve ter título de propriedade
registrado, juntamente com o ex-cônjuge ou
A usucapião familiar, prevista no art. 1.240-A do ex-companheiro. Nesta modalidade, a
Código Civil, beneficia o cônjuge/companheiro usucapião é modo de extinção da propriedade
que permaneceu no lar após o abandono pelo do ex-cônjuge sobre a meação, e de aquisição
ex-cônjuge ou ex-companheiro: da propriedade dessa mesma parte pelo
requerente, que já é proprietário da outra
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) metade. Aqui também só será possível o
anos ininterruptamente e sem oposição, posse reconhecimento da usucapião em favor da
direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano mesma pessoa uma vez.
de até 250m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) cuja propriedade divida com

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A usucapião coletiva prevista no Estatuto da urbano será declarada pelo juiz, mediante
Cidade (Lei 10.257/01) tem por objeto imóvel sentença, a qual servirá de título para registro
urbano com área superior a 250 m². São no cartório de registro de imóveis.
interessados os ocupantes do imóvel com
moradia, que não sejam proprietários de outro § 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração
imóvel. Necessariamente, os interessados devem ideal de terreno a cada possuidor,
se enquadrar na população de baixa renda. Exige independentemente da dimensão do terreno
a lei que não haja possibilidade de se que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo
identificarem (especializarem) os terrenos escrito entre os condôminos, estabelecendo
ocupados por cada possuidor. O prazo é de cinco frações ideais diferenciadas.
anos, ininterruptos e sem oposição. É lícita a
soma da posse à do antecessor. No registro da § 4o O condomínio especial constituído é
usucapião todos os possuidores terão a mesma indivisível, não sendo passível de extinção, salvo
fração ideal do terreno, mesmo que tenham deliberação favorável tomada por, no mínimo,
posse de áreas maiores ou menores. Do registro dois terços dos condôminos, no caso de
resulta o condomínio voluntário. execução de urbanização posterior à
constituição do condomínio.
Lei 10.257/01
Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e § 5o As deliberações relativas à administração
cinquenta metros quadrados, ocupadas por do condomínio especial serão tomadas por
população de baixa renda para sua moradia, por maioria de votos dos condôminos presentes,
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, obrigando também os demais, discordantes ou
onde não for possível identificar os terrenos ausentes.
ocupados por cada possuidor, são susceptíveis
de serem usucapidas coletivamente, desde que DISPOSIÇÕES LEGAIS
os possuidores não sejam proprietários de outro
imóvel urbano ou rural. SOBRE A USUCAPIÃO
EXTRAJUDICIAL
§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o
Lei de Registros Públicos
prazo exigido por este artigo, acrescentar sua
posse à de seu antecessor, contanto que ambas
Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é
sejam contínuas.
admitido o pedido de reconhecimento
extrajudicial de usucapião, que será
§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel
processado diretamente perante o cartório do

18
registro de imóveis da comarca em que estiver qualquer um dos titulares de direitos reais e de
situado o imóvel usucapiendo, a requerimento outros direitos registrados ou averbados na
do interessado, representado por advogado, matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula
instruído com: dos imóveis confinantes, esse será notificado
pelo registrador competente, pessoalmente ou
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o pelo correio com aviso de recebimento, para
tempo de posse do requerente e seus manifestar seu consentimento expresso em 15
antecessores, conforme o caso e suas (quinze) dias, interpretado o seu silêncio como
circunstâncias; discordância.

II - planta e memorial descritivo assinado por § 3o O oficial de registro de imóveis dará ciência
profissional legalmente habilitado, com prova de à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao
anotação de responsabilidade técnica no Município, pessoalmente, por intermédio do
respectivo conselho de fiscalização profissional, oficial de registro de títulos e documentos, ou
e pelos titulares de direitos reais e de outros pelo correio com aviso de recebimento, para
direitos registrados ou averbados na matrícula que se manifestem, em 15 (quinze) dias, sobre o
do imóvel usucapiendo e na matrícula dos pedido.
imóveis confinantes;
§ 4o O oficial de registro de imóveis promoverá
III - certidões negativas dos distribuidores da a publicação de edital em jornal de grande
comarca da situação do imóvel e do domicílio do circulação, onde houver, para a ciência de
requerente; terceiros eventualmente interessados, que
poderão se manifestar em 15 (quinze) dias.
IV - justo título ou quaisquer outros documentos
que demonstrem a origem, a continuidade, a § 5o Para a elucidação de qualquer ponto de
natureza e o tempo da posse, tais como o dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas
pagamento dos impostos e das taxas que diligências pelo oficial de registro de imóveis.
incidirem sobre o imóvel.
§ 6o Transcorrido o prazo de que trata o § 4o
§ 1o O pedido será autuado pelo registrador, deste artigo, sem pendência de diligências na
prorrogando-se o prazo da prenotação até o forma do § 5o deste artigo e achando-se em
acolhimento ou a rejeição do pedido. ordem a documentação, com inclusão da
concordância expressa dos titulares de direitos
§ 2o Se a planta não contiver a assinatura de reais e de outros direitos registrados ou

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averbados na matrícula do imóvel usucapiendo 408. Sem prejuízo da via jurisdicional, é
e na matrícula dos imóveis confinantes, o oficial admitido o pedido de reconhecimento
de registro de imóveis registrará a aquisição do extrajudicial de usucapião, que será
imóvel com as descrições apresentadas, sendo processado diretamente perante o cartório do
permitida a abertura de matrícula, se for o caso. registro de imóveis da comarca em que estiver
situado o imóvel usucapiendo. O interessado,
§ 7o Em qualquer caso, é lícito ao interessado representado por advogado, instruirá o pedido
suscitar o procedimento de dúvida, nos termos com:
desta Lei.
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando
§ 8o Ao final das diligências, se a o tempo de posse do requerente e seus
documentação não estiver em ordem, o oficial antecessores, conforme o caso e suas
de registro de imóveis rejeitará o pedido. circunstâncias;

§ 9o A rejeição do pedido extrajudicial não II - planta e memorial descritivo assinado por


impede o ajuizamento de ação de usucapião. profissional legalmente habilitado, com prova
de anotação de responsabilidade técnica no
§ 10. Em caso de impugnação do pedido de respectivo conselho de fiscalização
reconhecimento extrajudicial de usucapião, profissional, e pelos titulares de direitos reais e
apresentada por qualquer um dos titulares de de outros direitos registrados ou averbados na
direito reais e de outros direitos registrados ou matrícula do imóvel usucapiendo e na
averbados na matrícula do imóvel usucapiendo matrícula dos imóveis confinantes;
e na matrícula dos imóveis confinantes, por
algum dos entes públicos ou por algum terceiro III - certidões negativas dos distribuidores da
interessado, o oficial de registro de imóveis comarca da situação do imóvel e do domicílio
remeterá os autos ao juízo competente da do requerente;
comarca da situação do imóvel, cabendo ao
requerente emendar a petição inicial para IV - justo título ou quaisquer outros
adequá-la ao procedimento comum. documentos que demonstrem a origem, a
continuidade, a natureza e o tempo da posse,
DISPOSIÇÕES tais como o pagamento dos impostos e das
taxas que incidirem sobre o imóvel.
NORMATIVAS
Normas de Serviço da Corregedoria Geral da
Justiça

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409. O pedido será autuado pelo registrador, 414. Transcorrido o prazo de que trata o item
prorrogando-se o prazo da prenotação até o 412, sem pendência de diligências na forma do
acolhimento ou a rejeição do pedido. item 413 e achando-se em ordem a
documentação, com inclusão da concordância
410. Se a planta não contiver a assinatura de expressa dos titulares de direitos reais e de
qualquer um dos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na
outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na
matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, o oficial de
matrícula dos imóveis confinantes, esse será registro de imóveis registrará a aquisição do
notificado pelo registrador competente, imóvel com as descrições apresentadas, sendo
pessoalmente ou pelo correio com aviso de permitida a abertura de matrícula, se for o caso.
recebimento, para manifestar seu
consentimento expresso em 15 (quinze) dias, 415. Em qualquer caso, é lícito ao interessado
interpretado o seu silêncio como discordância. suscitar o procedimento de dúvida, nos termos
do art. 198, da Lei nº 6.015/73, e do item 41,
411. O oficial de registro de imóveis dará ciência deste Capítulo.
à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao
Município, pessoalmente, por intermédio do 416. Ao final das diligências, se a
oficial de registro de títulos e documentos, ou documentação não estiver em ordem, o oficial
pelo correio com aviso de recebimento, para de registro de imóveis rejeitará o pedido.
que se manifestem, em 15 (quinze) dias, sobre o
pedido. 417. A rejeição do pedido extrajudicial não
impede o ajuizamento de ação de usucapião.

412. O oficial de registro de imóveis promoverá 418. Em caso de impugnação do pedido de


a publicação de edital em jornal de grande reconhecimento extrajudicial de usucapião,
circulação, onde houver, para a ciência de apresentada por qualquer um dos titulares de
terceiros eventualmente interessados, que direito reais e de outros direitos registrados ou
poderão se manifestar em 15 (quinze) dias. averbados na matrícula do imóvel usucapiendo
e na matrícula dos imóveis confinantes, por
413. Para a elucidação de qualquer ponto de algum dos entes públicos ou por algum
dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas terceiro interessado, o oficial de registro de
diligências pelo oficial de registro de imóveis. imóveis tentará conciliar as partes e, não

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havendo acordo, remeterá, por meio
eletrônico, os autos ao juízo competente da 138.2. Os documentos apresentados para a
comarca da situação do imóvel, cabendo ao lavratura da ata notarial serão arquivados em
requerente emendar a petição inicial para classificador próprio, obedecidos, no que
adequá-la ao procedimento comum. couber, os itens da Seção II, deste Capítulo.

419. No caso da remessa de que trata o item 138.3. Aplicam-se à ata notarial de
418, o registrador lavrará, para fins de controle reconhecimento extrajudicial de usucapião os
interno e sem ônus ao interessado, certidão da itens 5, 5.1 e 5.2, deste Capítulo XIV.
qual constarão todas as informações relevantes

NORMAS DE SERVIÇO
DA CORREGEDORIA
GERAL DA JUSTIÇA
Capítulo XIV

138.1. Da ata notarial para fins de


reconhecimento extrajudicial de usucapião,
além do tempo de posse do interessado e de
seus sucessores, poderão constar:

a. declaração dos requerentes de que


desconhecem a existência de ação possessória
ou reivindicatória em trâmite envolvendo o
imóvel usucapiendo;

b. declarações de pessoas a respeito do tempo


da posse do interessado e de seus antecessores;

c. a relação dos documentos apresentados para


os fins dos incisos II, III e IV, do art. 216-A, da Lei nº
13.105/15

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Conteúdo: Lobo e Orlandi Advogados
Gestão: Francisco Raymundo
Revisão da cartilha: Dêni Carvalho,
Graziela Castro e Patrícia Zapani
Diagramação: Alessandra Russo
Produção Executiva: Maria Micalopulos

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