Вы находитесь на странице: 1из 180

f undamentos

da c ontabilidade
A letra grega , usada

freqüentemente para

simbolizar o conceito

de princípio ou começo,

é utilizada nesta obra

para representar o

grupo de disciplinas

em que se apresentam

os fundamentos

para a construção do

conhecimento nas

diversas áreas.
f undamentos
da c ontabilidade
Conselho editorial Ficha técnica Editora Ibpex
Editora Ibpex
Diretor-presidente
Ivo José Both, Dr. (presidente)
Wilson Picler
Elena Godoy, Dr. a

José Raimundo Facion, Dr. Editor-chefe


Sérgio Roberto Lopes, Dr. Lindsay Azambuja
Ulf Gregor Baranow, Dr.
Editores-assistentes
Adriane Ianzen
Jerusa Piccolo

Análise de informação
Anderson Adami

Revisão de texto
Alexandre Olsemann

Capa
Bruno Palma e Silva

Projeto gráfico
Raphael Bernadelli

Diagramação
Rafaelle Moraes

Iconografia
Danielle Scholtz

Obra coletiva organi-


zada pela Universidade
f981
Luterana do Brasil (Ulbra).
Informamos que é de Fundamentos da contabilidade
inteira respon­sabilidade / [Obra] organizada pela
do autor a emissão de Universidade Luterana do Brasil
conceitos. (Ulbra). – Curitiba : Ibpex, 2008.
Nenhuma parte desta 177 p. : il.
publicação poderá ser
reproduzida por qualquer isbn 978-85-7838-032-8
meio ou forma sem a pré-
via autorização da Ulbra. 1. Contabilidade. I. Universidade
A violação dos direitos
Luterana do Brasil. II. Título.
autorais é crime estabe-
cdd 657
lecido na Lei nº 9.610/98
20. ed.
e punido pelo art. 184 do
Código Penal.
apresentação

O conteúdo desta obra foi desenvolvido especialmente para


você, acadêmico do Curso de Administração de Empresas,
com uma linguagem fácil e acessível. A seqüência das se-
ções de estudo foi estruturada de forma a tornar o estudo
interessante.
No capítulo 1, você estudará a base conceitual da con-
tabilidade, importantíssima para darmos nossos primeiros
passos (e rompermos preconceitos). Os relatórios contábeis,
que são instrumentos para tomada de decisão (por você
administrador), estão apresentados no capítulo 2. Os capí-
tulos 3 e 4 detalham o balanço patrimonial e a demonstra-
ção do resultado do exercício, respectivamente, que cons-
tituem os principais relatórios contábeis. O capítulo 5, por
sua vez, aborda a escrituração contábil, e nesse momento
vamos encarar o registro dos fatos contábeis como um jogo –
vai ser divertido! Um modelo de plano de contas aplicável
a empresas comerciais, industriais e de serviços, a ser for-
matado por você, conforme a necessidade de sua empresa,
será exposto no penúltimo capítulo. O último capítulo traz
o ciclo contábil, que abrange desde a escrituração até a for-
matação das demonstrações contábeis, permitindo que o
administrador tenha uma visão sistêmica da contabilidade
enquanto sistema de informação.
Para facilitar a compreensão dos conteúdos, cada capí-
tulo dispõe de exercícios, atividades de pesquisa e indicação
de leituras complementares. E, no final da obra, você poderá
vi
consultar um glossário com os principais termos contábeis.
Fundamentos da contabilidade
s umário

( 1 ) A contabilidade, 11
1.1 Conceito de contabilidade, 14

1.2 Objeto, objetivos e finalidade da contabilidade, 16

1.3 Técnicas utilizadas pela contabilidade

para atingir a seus objetivos, 17

1.4 Patrimônio, 18

1.5 Patrimônio Líquido, 22

1.6 Aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio, 25

1.7 Investimentos patrimoniais e as origens de recursos, 26


( 2 ) Os relatórios contábeis, 33
2.1 O processo decisório, 36

2.2 Conceito de relatório contábil, 38

2.3 Demonstrações financeiras obrigatórias, 39

2.4 Demonstrações contábeis não obrigatórias, 45

( 3 ) Balanço Patrimonial, 49
3.1 O que é Balanço Patrimonial?, 52

3.2 Grupos de contas, 54

3.3 Principais deduções do ativo e do Patrimônio Líquido, 64

3.4 Depreciação, exaustão e amortização, 67

( 4 ) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), 73


4.1 Receitas e despesas, 76

4.2 Despesa e custo, 78

4.3 Regime de competência e regime de caixa, 80

4.4 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), 82

4.5 Reservas de lucros, 89


viii
4.6 DRE inovada, 90
Fundamentos da contabilidade

( 5 ) Escrituração contábil, 95
5.1 Conceito de escrituração, 98

5.2 Livros de escrituração, 99

5.3 Contas, 102

5.4 Método de escrituração, 103

5.5 Erros de escrituração, 110

( 6 ) Plano de contas, 119


6.1 Modelo de plano de contas, 122

( 7 ) Ciclo contábil, 139


7.1 Balancete, 143

7.2 Demonstração do Resultado do

Exercício e Balanço Patrimonial, 146

7.3 Inventário, 151


Glossário, 161

Referências por capítulo, 165

Referências, 167

Gabarito, 169

ix

Sumário
(1)

a contabilidade
Simone Loureiro Brum Imperatore é graduada em
Ciências Contábeis e especialista em Controladoria
pela Universidade Regional Integrada (URI-RS)
com a temática “Sistemas de informação com foco em
CRM” e mestra em Desenvolvimento Regional pela
Universidade Santa Cruz do Sul (Unisc-RS) com
aprofundamento do tema “Lei de Responsabilidade
Fiscal: estudo da execução orçamentária nos municí-
pios da região metropolitana de Porto Alegre no
período de 2000 a 2005”. Tem vasta experiência em
gestão pública e privada e – além de ser docente na
Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) nos cursos de
Ciências Contábeis e Administração de Empresas – é
diretora da Consultoria em Projetos e Gestão Públicos
e Privados (PGPP), instituição onde responde pelos
programas de Planejamento Estratégico, Políticas e
Estratégias Gerenciais e Desenvolvimento Regional.
Simone Loureiro Brum Imperatore

( )

o estudo da contabilidade parte do enten-


dimento e da apreensão de sua base conceitual. O objetivo
deste capítulo é darmos nossos primeiros passos (de mãos
dadas, não se preocupe) para que você vá descobrindo a
ciência contábil e vendo o quanto ela faz parte da sua vida.
E, partindo da máxima de que “ninguém ama o que
não conhece”, vamos conhecê-la melhor. Tenho certeza de
que você vai se surpreender.
Neste primeiro capítulo, estudaremos:

▪▪ conceito de contabilidade;
▪▪ usuários;
▪▪ objeto, objetivos e finalidade da contabilidade;
▪▪ técnicas contábeis;
▪▪ patrimônio líquido;
▪▪ aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio;
▪▪ investimentos patrimoniais e fontes de recursos.

(1.1)
c onceito de contabilidade
A contabilidade é uma ciência social, um sistema de infor-
mação e avaliação destinado a prover seus usuários com
relatórios, demonstrações e análises de natureza econômi-
co-financeira da empresa em determinado momento, bem
como sua evolução em determinado período.
Há na literatura alguns conceitos de contabilidade.
Para Marion1, a “ciência contábil é o instrumento que for-
nece o máximo de informações úteis para a tomada de
decisões dentro e fora da empresa”. Já segundo Ribeiro2, a
“Contabilidade é uma ciência que permite, através de suas
14 técnicas, manter um controle permanente do patrimônio
da empresa”. De acordo com Franco3, contabilidade é “a
Fundamentos da contabilidade

ciência (ou a técnica, segundo alguns) que estuda, controla


e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades,
mediante o registro, a demonstração expositiva e a revela-
ção destes fatos, com o fim de oferecer informações sobre
a composição do patrimônio, suas variações e o resultado
econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial”.
Em outras palavras, a contabilidade é um instrumento
gerencial, uma bússola, a linguagem do mundo dos negó-
cios. A partir dos conceitos apresentados, fica compreen-
dido o motivo do estudo da contabilidade: você (gestor,
gerente, investidor, funcionário, fornecedor, cidadão ou
analista) necessita de informações que demonstrem a situ-
ação da empresa (e de seu patrimônio). Através da conta-
bilidade, torna-se possível coletar, processar e estruturar
essas informações para você.
Também é necessária a deposição de preconceitos,
como o senso comum de que a contabilidade somente
atende às exigências do governo (fisco). Muito além disso,
ela é feita para auxiliá-lo na tomada de decisão através de
um fluxo contínuo de informações sobre os mais variados
aspectos da gestão econômico-financeira da empresa.
Ora, se a contabilidade é um sistema de informação,
quem são os usuários desse sistema? Conforme destaca
Marion4, “são as pessoas que se utilizam da Contabilidade,
que se interessam pela situação da empresa e buscam na
Contabilidade as suas respostas”. É óbvio que não só os
administradores se utilizam da contabilidade. Vamos citar
outros usuários: investidores, fornecedores, bancos, go-
verno, sindicatos, empregados, concorrentes, analistas, ór-
gãos públicos e consultores.
15
A contabilidade
(1.2)
o bjeto, objetivos e
finalidade da contabilidade
O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciên-
cia. Na contabilidade, o objeto de estudo é o patrimônio de
uma entidade.
No que se refere aos objetivos da contabilidade, ressal-
tamos:

▪▪ apresentar corretamente o patrimônio;


▪▪ apreender e analisar as causas das suas mutações (mu-
danças);
▪▪ prover os diferentes usuários com informações sobre
aspectos de natureza econômica, financeira e física do
patrimônio (registros, diagnósticos, demonstrações,
análises, prognósticos, relatos, pareceres, planilhas
entre outros).

Sua finalidade, segundo Ribeiro5, é permitir o estudo


e o controle dos fatos decorrentes da gestão do patrimônio
das entidades econômico-administrativas. Estas são enten-
didas como organizações que reúnem pessoas, patrimônio,
titular, capital, ação administrativa e fim determinado. São
16 classificadas como:

▪▪ entidades com fins econômicos (empresas comerciais,


Fundamentos da contabilidade

agrícolas e industriais);
▪▪ entidades com fins socioeconômicos (associações de
classe, clubes sociais, ONGs, cooperativas etc.);
▪▪ entidades com fins sociais (União, estados e municí-
pios).
(1.3)
t écnicas utilizadas pela
contabilidade para atingir
a seus objetivos
Os meios utilizados pela contabilidade para atingir a seus
objetivos compreendem o conjunto de técnicas denomina-
das de técnicas contábeis, quais sejam:

▪▪ Escrituração – É o registro em livros próprios (Diário


Razão, Caixa, Contas Correntes) de todos os fatos admi-
nistrativos que ocorrem no dia-a-dia das empresas.
▪▪ Demonstrações contábeis – confecção de quadros téc-
nicos que apresentam dados extraídos dos registros
contábeis das empresas. As mais importantes são o Ba-
lanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado
do Exercício (DRE), que estudaremos mais adiante.
▪▪ Auditoria e perícia – É a verificação da exatidão dos
dados contidos nas demonstrações contábeis, através
de um exame minucioso dos registros e dos documen-
tos que deram origem a estes registros.
▪▪ Análise e interpretação das demonstrações contábeis –
Refere-se ao exame e à interpretação dos dados con-
tidos nas demonstrações contábeis, transformando 17

estes dados em informações (indicadores) úteis para os


A contabilidade

diversos usuários da contabilidade.


(1.4)
patrimônio
O termo patrimônio significa o conjunto de bens de uma
pessoa (pessoa física) ou de uma empresa (pessoa jurídica).
Compõem-se também de direitos (valores a receber) e de
obrigações (valores a pagar).
Assim, patrimônio por um lado, representa o conjunto
de bens e direitos pertencente a uma pessoa ou empresa
e, por outro, inclui as obrigações a serem pagas, o que é
representado a seguir:

Patrimônio (de uma pessoa ou empresa)

Bens Obrigações (valores a pagar)


Direitos (valores a receber)

Bens

Segundo Ribeiro6, bens são pertences capazes de satisfazer


as necessidades humanas suscetíveis de avaliação econô-
mica. Sob o ponto de vista contábil, podemos definir como
bem tudo aquilo que a empresa possui para venda, troca
ou consumo. Por exemplo:

18 ▪▪ bens de uso: balcões, prateleiras, computadores, im-


pressora fiscal;
Fundamentos da contabilidade

▪▪ bens de troca: mercadorias, dinheiro etc.;


▪▪ bens de consumo: material de expediente (embalagens,
bobinas, cartuchos, papel para impressão etc.), mate-
rial de limpeza etc.

Os bens podem, ainda, ser classificados em tangíveis e


intangíveis:
a. Bens tangíveis (também chamados de bens materiais):
São aqueles que possuem corpo, matéria física, são
palpáveis. Ex.: veículos, imóveis, estoques de mercado-
rias, dinheiro, móveis e utensílios (móveis do escritó-
rio), ferramenta etc.
Podem ser divididos em móveis e imóveis:
▪▪ Bens imóveis: São aqueles vinculados ao solo, que
não podem ser retirados sem destruição ou danos.
Por exemplo: edifícios, construções etc.
▪▪ Bens móveis: São aqueles que podem ser removi-
dos. Por exemplo: máquinas, equipamentos, veícu-
los, estoques de mercadorias etc.

b. Bens intangíveis (imateriais): São aqueles que não


têm matéria, não são palpáveis. Por exemplo: marcas,
patentes de invenção, benfeitorias em imóveis de ter-
ceiros, “ponto”, gastos de organização etc.

Direitos

Segundo Ribeiro7, constituem direitos para a empresa todos


os valores que ela tem a receber, os quais são registrados
nos livros contábeis da organização, seguido da expressão
a receber. Em relação às empresas, o direito mais comum
decorre de vendas a prazo, em que o pagamento não é feito
no ato, mas no futuro, sob denominações como: duplicatas
19
a receber, títulos a receber, contas a receber etc. Outros direi-
tos são: aluguéis a receber, promissórias a receber, banco
A contabilidade

conta movimento (depósitos) etc.


Bens e direitos são representados como componentes
do patrimônio positivos, dinâmicos, que produzem ganho
para a empresa, daí estarem representados no grupo patri-
monial ativo.
Obrigações

São dívidas com outras pessoas e ou empresas, as quais, con-


tabilidade, são denominadas exigíveis (pagamento na data
do vencimento). São obrigações exigíveis: salários a pagar,
impostos a pagar, encargos sociais a pagar, aluguéis a pagar,
contas a pagar, fornecedores, empréstimos bancários etc.
Obrigações são representadas como componentes patri-
moniais negativos, exprimindo capitais de terceiros investi-
dos na empresa, daí constarem no grupo patrimonial passivo.
Esses recursos, por sua vez, provêm de duas fontes:

a. débitos de funcionamento: Referem-se às obrigações


que surgem em decorrência da gestão normal da em-
presa. Por exemplo: fornecedores, obrigações fiscais,
trabalhistas etc.
b. débitos de financiamento: São os recursos obtidos pela
empresa mediante terceiros em forma de empréstimos.

Observe que os direitos e as obrigações são fáceis de se


reconhecer:
Direitos: são seguidos da expressão a receber;
Obrigações: são seguidas da expressão a pagar.
Mas, preste a atenção: clientes (direito) e fornecedores
(obrigação) são exceções a essa regra. Da mesma forma
que os compromissos que a empresa tem com entidades
20
governamentais (impostos e encargos sociais, por exem-
Fundamentos da contabilidade

plo), clientes e fornecedores poderão ser contabilizados


com a expressão a pagar ou a recolher.
Representação gráfica do patrimônio

Na representação gráfica patrimonial, colocamos no lado


esquerdo os bens e direitos e no lado direito as obrigações.
Trata-se de uma convenção contábil, conforme é demons-
trado a seguir:

Bens + direitos Obrigações

Bens Empréstimos a pagar


Dinheiro Salários a pagar
Mercadorias em estoque Fornecedores (duplicatas a pagar)
Veículos Financiamentos
Imóveis Impostos a pagar
Máquinas Encargos sociais a pagar
Ferramentas Aluguéis a pagar
Móveis e utensílios Títulos a pagar
Marcas e patentes Promissórias a pagar
Direitos Contas a pagar
Depósitos em bancos
Duplicatas a receber
Títulos a receber
Aluguéis a receber
Ações

Outra convenção é chamar o lado positivo de Ativo


(bens + direitos) e o lado negativo de Passivo (obrigações),
como podemos observar no exemplo da empresa Cia. dos
Doces: 21
(valores em reais)
A contabilidade

Ativo Passivo
Bens + Direitos Obrigações exigíveis

Bens 1.950 Obrigações 4.450


Direitos 2.800
Total 4.750 Total 4.450
(1.5)
patrimônio l íquido
Definimos como Patrimônio Líquido (PL) a diferença entre
os bens e direitos e as obrigações de uma entidade em um
determinado momento. Assim, é possível apurar a riqueza
líquida da empresa, também denominada de patrimônio
líquido ou situação líquida.
Por exemplo, tomando-se os dados do quadro anterior,
temos:

PL = (total dos bens + direitos) – obrigações


PL = 4.750 – 4.450 = 300

O quadro a seguir indica que, se a Cia. dos Doces rece-


besse todos os seus direitos e vendesse todos os seus bens,
daria para pagar suas dívidas e sobraria R$ 300, que cor-
responde ao seu PL.
(valores em reais)

Ativo Passivo

Bens 1.950 Obrigações 4.450


Direitos 2.800 Patrimônio Líquido 300
Total 4.750 Total 4.750

22 Como podemos observar na representação gráfica


patrimonial da Cia. dos Doces, o PL está representado
Fundamentos da contabilidade

no mesmo lado das obrigações (Passivo). O correto, então,


seria chamar a coluna da direita de Passivo e PL, tendo em
vista que o PL completa a equação patrimonial. No Brasil,
entretanto, convencionou-se chamá-la apenas de Passivo.
Situações líquidas patrimoniais

Os elementos patrimoniais equacionados poderão apre-


sentar três situações líquidas patrimoniais diferentes, as
quais se apresentam descritas a seguir:

a. Situação líquida patrimonial ativa, positiva ou supera­


vitária:
(valores em reais)

Ativo Passivo

Bens 100 Obrigações 80


Direitos 30 Situação líquida 50
Total 130 Total 130

Este balanço evidencia uma situação em que o total do


Ativo (bens + direitos) é maior que o total do Passivo
(obrigações), configurando-se uma situação líquida
ativa, positiva ou superavitária. Suponha que se deseje
liquidar a empresa nesse momento, realizando-se
todos os direitos, vendendo-se todos os bens e quitan-
do-se as obrigações, ainda sobraria para os sócios da
empresa o valor de R$ 50.

b. Situação líquida patrimonial passiva, negativa ou defi­


citária:
(valores em reais)

23
Ativo Passivo
A contabilidade

Bens 100 Obrigações 180


Direitos 20 (–) Situação líquida (60)
Total 120 Total 120
Neste balanço, verificamos que o total das obrigações
é maior do que a soma dos bens e dos direitos, confi-
gurando-se uma situação passiva, negativa ou deficitá-
ria. Se a empresa for liquidada nesse momento, o valor
referente à realização dos direitos e da venda dos bens
será insuficiente para a quitação das obrigações, e fal-
taria R$ 60 para cobrir o total do Passivo (obrigações).
Essa situação é conhecida como passivo a descoberto
porque o total do Ativo não é suficiente para cobrir o
total do Passivo.

c. Situação líquida patrimonial nula, compensada ou ine-


xistente:
(valores em reais)

Ativo Passivo

Bens 100 Obrigações 120


Direitos 20 Situação líquida 0
Total 120 Total 120

No balanço apresentado, verificamos que a soma de


bens e direitos é igual ao total das obrigações, tratan-
do-se de uma situação nula ou inexistente. Se a empresa
for liquidada nesse momento, o montante apurado com
a venda dos bens e o recebimento dos direitos será
necessário para cobrir apenas as obrigações, não res-
24 tando nada para os sócios.
Fundamentos da contabilidade

Nas três situações apresentadas, Ativo e Passivo sem-


pre são maiores do que zero. Em raras ocasiões, eles podem
ser iguais a zero. Nesse caso teremos duas possibilidades,
conforme exemplificado a seguir:
a. O passivo é igual a zero:
(valores em reais)

Ativo Passivo

Bens 100 Obrigações 0


Direitos 20 Situação líquida 120
Total 120 Total 120

A constituição da empresa é um dos momentos em


que a situação ilustrada pelo balanço anterior poderá
ocorrer, caracterizando uma situação líquida patrimo-
nial ativa, positiva ou superavitária.

b. O ativo é igual a zero:


(valores em reais)

Ativo Passivo

Bens 0 Obrigações 40
Direitos 0 Situação líquida (40)
Total 0 Total 0

O encerramento das atividades da empresa é um dos


momentos em que o caso exemplificado poderá ocor-
rer, configurando-se uma situação patrimonial pas-
siva, negativa ou deficitária.

25
(1.6)
A contabilidade

a spectos qualitativo e
quantitativo do patrimônio
Todos os relatórios elaborados a partir da contabilidade e
de sua escrituração devem ressaltar dois aspectos:
a. Qualitativo: consiste em qualificar, dar nomes aos ele-
mentos componentes do respectivo relatório, permi-
tindo que se conheça a natureza de cada um (o quê).
b. Quantitativo: consiste em atribuir aos respectivos ele-
mentos seus valores em moeda (quanto).

As informações quantitativas que a contabilidade pro-


duz, quando aplicada a uma empresa, devem possibilitar
ao usuário avaliar a situação e as tendências desta, com o
menor grau de dificuldade possível. Devem, portanto, per-
mitir ao usuário:

▪▪ observar e avaliar o comportamento organizacional;


▪▪ comparar seus resultados com os de outros períodos
e/ou empresas;
▪▪ avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabe­
lecidos;
▪▪ obter subsídios para o planejamento das operações da
empresa.

(1.7)
i nvestimentos patrimoniais
e as origens de recursos
26

Todos os recursos que entram numa empresa passam


Fundamentos da contabilidade

pelo Passivo e PL. Os recursos (financeiros ou materiais)


são originados dos proprietários (ingresso de recursos e
reinvestimento de lucros), fornecedores (vendas a prazo),
governo (impostos e encargos a pagar), bancos e financei-
ras (empréstimos, financiamentos, adiantamentos de rece-
bíveis etc.), representando origens de recursos. Através
do passivo e do PL, portanto, identificam-se as origens de
recurso.
O ativo, por sua vez, evidencia todas as aplicações de
recursos: aplicação no caixa, em estoque, em máquinas, em
imóveis etc. A empresa só pode aplicar (ativo) aquilo que
tem origem (Passivo e PL); dessa forma, fica bastante sim-
ples entender porque o Ativo será sempre igual ao Passivo
(recursos de terceiros) e ao PL (recursos próprios represen-
tados pelo capital social, reservas e lucros acumulados).

Quadro 1.1 – Origens e aplicações de recursos

Balanço patrimonial

Ativo (aplicações) P e PL (origens)

Aplicações
Origens (recursos de
terceiros e próprios)
$
Fonte: Adaptado de MARION, 2006, p. 56.

Sem dúvida, as principais origens de recursos para


a empresa são o capitala investido pelos sócios e o lucro
obtido no negócio (PL), lembrando que o lucro obtido
pela empresa não pertence a ela, mas a seus proprietários
(sócios ou acionistas), pois são eles que assumem o risco
do negócio. O lucro é, portanto, a remuneração do capital
investido na empresa pelos proprietários, o qual é adicio-
27
nado na conta do proprietário, ou seja, no PL.
Empréstimos, financiamentos, factoring, crédito direto
A contabilidade

ao consumidor, ações, debêntures, incentivos fiscais etc.

a. O termo capital significa “recursos”. Capital próprio


significa “recursos dos proprietários” (sócios ou acio-
nistas) aplicados na empresa. Capital de terceiros, por
outro lado, significa “recursos de outras pessoas”
aplicados na empresa (fornecedores, bancos etc.).
constituem outras fontes de recursos importantes para a
empresa (capital de terceiros).

(.)
p onto final
Conhecer a base conceitual da contabilidade – conceito,
usuário, objeto, objetivo, finalidade, PL, aspectos qualita-
tivo e quantitativo do patrimônio, investimento patrimo-
nial e fontes de recurso – é muito importante para que o
estudante ou profissional da área de finanças possa ama-
durecer conceitos mais complexos que são exigidos no seu
dia-a-dia. Assim, tais fundamentos são essenciais. Com
isso, elaboramos uma série de exercícios para testar a sua
aprendizagem. Em caso de dúvida, retome o texto e leia
o glossário. Ao final, verifique suas repostas no gabarito.
Bons estudos!

Indicações culturais

ZANLUCA, Júlio César (Comp.). História da contabilidade.


Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.
br/tematicas/historia.htm>. Acesso em: 6 mar. 2008.
28
LUCENA, Humberto Fernandes. Conceitos de contabilidade.
Disponível em: <http://www.editoraferreira.com.br/publique/
Fundamentos da contabilidade

media/humberto_toq1.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2008.


atividades
1. Com suas palavras, conceitue contabilidade.

2. Classifique os elementos em bem, direito ou obrigação,


Ativo ou Passivo:

Elemento Bem, direito ou Ativo ou passivo


obrigação

Computador Bem Ativo

Duplicatas a receber

Impostos a recolher

Caixa (ou dinheiro)

Clientes

Salários a pagar

Empréstimos a pagar

Fornecedores

Mercadorias em estoque

Veículo

Aluguéis a pagar

29
Para as questões 3 a 15, você deve marcar a alternativa correta.
A contabilidade

3. O objeto da contabilidade é:
a. o BP.
b. a escrituração.
c. o patrimônio.
d. os fatos administrativos.
4. São usuários da contabilidade:
a. administradores e sindicatos.
b. fornecedores e bancos.
c. governo e investidores.
d. Todas as alternativas estão corretas.

5. Constituem objetivos da contabilidade:


a. apresentar corretamente o patrimônio.
b. evidenciar e analisar as mutações patrimoniais.
c. prover os diferentes usuários com informações sobre
aspectos de natureza econômica, financeira e física do
patrimônio (registros, diagnósticos, demonstrações, aná-
lises, prognósticos, relatos, pareceres, planilhas, outros).
d. Todas as alternativas estão corretas.

6. A finalidade da contabilidade é:
a. o patrimônio.
b. permitir o estudo e o controle do patrimônio.
c. registrar os fatos administrativos visando à elaboração
do BP.
d. verificar a autenticidade das operações.

7. São técnicas contábeis:


a. auditoria, princípios contábeis, atos administrativos e
escrituração.
30 b. BP, DRE, patrimônio líquido e análise de balanços.
c. escrituração, demonstrações contábeis, auditoria e perí-
Fundamentos da contabilidade

cia e análise das demonstrações contábeis.


d. escrituração, demonstrações contábeis, atos administra-
tivos e BP.
8. Identifique a alternativa que contém o conceito mais
correto de patrimônio:
a. Conjunto de bens e direitos.
b. Conjunto de direitos e obrigações.
c. Conjunto de bens e obrigações.
d. Conjunto de bens, direitos e obrigações, avaliado em
moeda e pertencente a uma pessoa ou empresa.

9. Enquanto o aspecto qualitativo do patrimônio refere-se à


espécie de cada elemento que o compõe, o aspecto quanti-
tativo refere-se:
a. à quantidade física dos bens e dos direitos.
b. aos valores em moeda dos componentes do patrimônio.
c. à quantidade de estoques existentes.
d. ao total dos valores existentes em caixa.

10. A diferença entre Ativo (bens e direitos) e Passivo (obriga-


ções) denomina-se:
a. situação líquida patrimonial.
b. BP.
c. situação líquida patrimonial positiva.
d. situação líquida patrimonial negativa.

11. A situação líquida em que o Ativo é menor que o Passivo


chama-se:
a. situação líquida nula. 31

b. situação líquida passiva.


A contabilidade

c. situação líquida positiva.


d. situação líquida superavitária.
12. A equação Ativo maior que Passivo evidencia:
a. situação líquida passiva.
b. situação líquida nula.
c. situação líquida negativa.
d. situação líquida superavitária.

13. A equação Ativo igual a Passivo chama-se:


a. situação líquida passiva.
b. situação líquida nula.
c. situação líquida negativa.
d. situação líquida superavitária.

14. Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo


Passivo e PL. São recursos de terceiros (Passivo):
a. Fornecedores
b. Impostos a recolher
c. Empréstimos a pagar
d. a, b e c estão corretas

15. Constitui(em) recurso(s) próprio(s) aplicado(s) na empresa:


a. o capital, as reservas e os lucros acumulados.
b. os fornecedores, os empréstimos e o capital social.
c. os fornecedores, os impostos a recolher e os emprésti-
mos a pagar.
d. o capital social.
32
Fundamentos da contabilidade
(2)

o s relatórios contábeis
Simone Loureiro Brum Imperatore

( )

p ara continuarmos a explorar a contabilidade,


neste capítulo veremos um pouco mais sobre as técnicas
contábeis mencionadas anteriormente, sobretudo as de-
monstrações financeiras. É um estudo precioso e prelimi-
nar ao estudo detalhado de cada uma das demonstrações.
Podemos dizer: um “tur” geral. Essas demonstrações for-
necerão a você, administrador, as informações necessá-
rias para a tomada de decisão (percebeu a importância?)
e, como queremos sempre tomar a melhor decisão, vamos
nos deter com carinho a esse estudo, combinado?
Neste capítulo, vamos explorar os seguintes assuntos:

▪▪ processo decisório;
▪▪ tomadores de decisão externos à empresa;
▪▪ conceito de relatório contábil;
▪▪ principais demonstrações financeiras;
▪▪ complementação às demonstrações financeiras;
▪▪ requisitos para publicação das demonstrações finan-
ceiras;
▪▪ demonstrações contábeis não obrigatórias.

(2.1)
o processo decisório
A nossa vida é uma seqüência de decisões e escolhas. A
cada instante, para vivermos, temos que tomar decisões
em graus variados de importância. Algumas são essenciais
(papel social, religião, opção profissional), outras são opera-
cionais (o que vestir hoje, onde almoçar, por qual caminho
ir à aula). Nessa dinâmica, em muitos casos, temos respos-
tas prontas para as situações, mas, via de regra, a vida sem-
36
pre se apresenta com situações novas, para as quais temos
Fundamentos da contabilidade

que elaborar alternativas de ação e escolher uma entre elas.


Dentro de uma empresa, isso não é diferente. Freqüen-
temente os gestores estão tomando decisões, todas elas im-
portantes para a continuidade e o sucesso do negócio. Como
definir o preço de venda de um produto, contratar (ou não)
um funcionário, financiar uma máquina ou pagá-la à vista,
que quantidade de estoque manter de determinada merca-
doria, como reduzir custos e produzir mais, entre outras, são
decisões que fazem parte da rotina dos administradores.
Para que possam tomar tais decisões, eles necessitam
de dados, informações e subsídios que embasem essas esco-
lhas e, é claro, minimizem os riscos. A contabilidade é o ins-
trumento que auxilia a administração em suas decisões. Na
prática, ela coleta todos os dados econômicos e financeiros,
registrando-os e sintetizando-os em forma de relatórios.
Além dos administradores e gerentes (principais usuá­
rios da contabilidade), outros segmentos, externos à em-
presa, também se utilizam dos relatórios contábeis (lem-
bram dos usuários das informações contábeis?) em seu
processo decisório. São eles:

a. Investidores: é através dos relatórios contábeis que se


identifica a situação econômico-financeira da empresa,
sendo que dessa forma o investidor tem em mãos os
elementos necessários para decidir sobre as melhores
alternativas de investimentos. Ressalte-se que tais rela-
tórios evidenciam a capacidade da empresa em gerar
lucros (principal interesse de quem quer investir), além
de outras informações.
b. Fornecedores de bens e serviços: usam os relatórios
para avaliar a liquidez da empresa, ou seja, sua capaci-
dade de pagamento.
37
c. Bancos: utilizam os relatórios/demonstrações contábeis
Os relatórios contábeis

para aprovar empréstimos e definir o limite de crédito


de uma empresa.
d. Governo: não só usa os relatórios com a finalidade de
arrecadação de impostos, como também para dados
estatísticos, no sentido de melhor redimensionar a eco-
nomia (IBGE, por exemplo).
e. Sindicatos: utilizam os relatórios para determinar a
produtividade do setor, fator fundamental para rea-
juste de salários.
f. Outros interessados: colaboradores, órgãos de classe,
concorrentes, analistas de mercado, consultores etc.

(2.2)
c onceito de
relatório contábil
Marion1 conceitua relatório contábil como a exposição
resumida e ordenada de dados colhidos pela contabilidade.
Seu objetivo é relatar às pessoas que se utilizam da con-
tabilidade (os usuários) os principais fatos registrados em
determinado período.
Tais relatórios devem ser elaborados de acordo com as
necessidades dos usuários. Por exemplo: o relatório sobre
o resultado anual de uma floricultura apresentará muito
menos detalhes do que o de um banco, que normalmente
tem muitos acionistas, grande volume de negócios, entre
outros.
Dentre os inúmeros relatórios (ou informes) contábeis,
destacam-se aqueles que são obrigatórios de acordo com a
38
legislação brasileira. Estes são conhecidos como demonstra-
ções financeiras ou, ainda, demonstrações contábeis.
Fundamentos da contabilidade
(2.3)
d emonstrações financeiras
obrigatórias
A Lei 6.404/762 (retificada pela Lei 11.638/20073) estabelece
que, ao final de cada exercício social, a empresa elabore,
com base nos registros contábeis, demonstrações financei-
ras que exprimam com clareza a situação do seu patrimô-
nio e as variações ocorridas.
O tratamento dessas demonstrações varia de acordo
com o tipo de constituição da sociedade empresarial. Há
dois tipos principais: as sociedades anônimas (S.A.) e
as sociedades por quota de responsabilidade limitada
(Ltda.). Vamos entender um pouco mais sobre elas antes
de prosseguirmos.
A sociedade anônima (ou companhia) se caracteriza
por ter seu capital dividido em partes iguais chamadas
ações (os proprietários, geralmente em grande número, são
denominados de acionistas) e tem a responsabilidade de
seus sócios ou acionistas limitada ao preço de emissão das
ações subscritas ou adquiridas. Segundo a Lei 6.404/76, as
39
sociedades anônimas devem publicar as demonstrações
financeiras no Diário Oficial e em outro jornal de grande
Os relatórios contábeis

circulação editado na localidade onde se situa a empresa.


A sociedade por quotas de responsabilidade limitada
se caracteriza por seu capital dividido em quotas (os pro-
prietários, geralmente em pequeno número, são deno-
minados de sócios ou quotistas). Não precisa publicar as
demonstrações financeiras em jornal, mas deverá apresen-
tá-las ao Imposto de Renda (IR), através do preenchimento
da declaração do IR ou para atender ao novo Código Civil.
As demonstrações financeiras obrigatórias segundo a
Lei 6.404/76,4 eram as seguintes:

▪▪ Balanço Patrimonial (BP);


▪▪ Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
▪▪ Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
(DMPL) ou Demonstração dos Lucros ou Prejuízos
Acumulados (DLPA), conforme o caso;
▪▪ Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
(Doar).

A Lei 11.6385, sancionada em 31/12/2007, no intuito de


adotar normas internacionais a partir de 2008, trouxe as
seguintes alterações:

▪▪ além das demonstrações financeiras anteriormente


previstas (BP, DRE e DLPA), a lei passa a requerer a
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), em substi-
tuição à Doar, e a Demonstração do Valor Adicionado
(DVA) – somente para as companhias abertas;
▪▪ A companhia fechada com patrimônio líquido infe-
rior a R$ 2 milhões não será obrigada à elaboração e à
publicação da DFC.
40
Assim, a partir de 2008, as demonstrações contábeis
obrigatórias passaram a ser as seguintes:
Fundamentos da contabilidade

a. BP – representa a fotografia da empresa em determi-


nado período (seus bens, direitos, obrigações e patri-
mônio líquido).
b. DRE – como o próprio nome já diz, evidencia a forma-
ção do resultado da empresa (lucro ou prejuízo).
c. DLPA ou DMPL se for o caso – visa apresentar, de
forma clara, o resultado líquido do período (lucro
ou prejuízo), a sua distribuição (no caso de lucro) e a
movimentação ocorrida no saldo da conta de lucros ou
prejuízos acumulados. Para as sociedades por ações
(companhias abertas), conforme exigência da Comissão
de Valores Mobiliários, deverá ser publicada a DMPL,
evidenciando a movimentação de todas as contas do
PL (não somente do lucro líquido do exercício).
d. DFC – indica a origem de todo o dinheiro que entrou
no caixa, bem como a aplicação de todo dinheiro que
saiu do caixa em determinado período e, ainda, o resul-
tado do fluxo financeiro. Assim como a DRE, a DFC é
uma demonstração dinâmica. Ela vem esclarecer situa­
ções controvertidas na empresa, como, por exemplo,
na comparação com o DRE, o porquê de a empresa ter
um lucro considerável e estar com o caixa baixo, não
conseguindo liquidar todos os seus compro­missos.
A DFC propicia ao gerente financeiro a elaboração
de um melhor planejamento financeiro, sabendo-se o
momento certo de buscar recursos para cobrir a insu-
ficiência de fundos, bem como quando aplicar no mer-
cado financeiro o excesso de dinheiro, proporcionando
maior rentabilidade à empresa. Também serve a outros
usuários, apresentando a forma como gerou caixa e
como utilizou os recursos e os valores equivalentes ao 41
caixa. A instituição, quando utiliza essa demonstração
Os relatórios contábeis

em conjunto com as demais, supre de forma completa


os usuários e, principalmente, os habilita à avaliação
das mudanças de ativos líquidos de uma empresa e
sua estrutura financeira, que podem ser explicadas
nas questões de liquidez e solvência. Além disso, tem
a melhora significativa no conhecimento dos prazos
inerentes aos fluxos de caixa, proporcionando adapta-
ção às circunstâncias e às oportunidades. É obrigatória
para todas as companhias abertas e as fechadas com
patrimônio líquido superior a R$ 2 milhões.
e. DVA (somente para as companhias abertas) – desen-
volve conceitos puramente econômicos, evidenciando
quanto de valor a empresa agrega durante seu pro-
cesso produtivo, ampliando os horizontes de seus usu-
ários. As entidades devem utilizar-se da DVA para
identificar, analisar e comunicar o montante de recur-
sos adicionais gerados para a economia (local, regio-
nal, nacional, setorial etc.), bem como para relacionar
quais as fontes e quais as aplicações dessa riqueza, ou
seja, para quem ela foi distribuída. Segundo alguns
autores, a DVA vem sendo considerada um dos melho-
res critérios para indicar a medida da eficácia da gestão
empresarial. Tudo isso dentro da concepção de que a
missão moderna da organização representa um papel
econômico e social.

Em resumo, os relatórios contábeis obrigatórios, se-


gundo os diferentes modos como as empresas podem ser
constituídas, são:

a. Para a sociedade anônima (Lei 6.404/76, retificada pela


Lei 11.638/2007) – BP, DRE, DFC (todas as companhias
42 de capital aberto e para as de capital fechado com patri-
mônio líquido superior a R$ 2 milhões) e, além des-
Fundamentos da contabilidade

sas, especificamente as companhias de capital aberto


requerem a DMPL e a DVA.
b. Ltda. e outras (Lei 10.406/2002 – Novo Código Civil6) –
BP e o Balanço do Resultado Econômico – equivale ao
DRE e a DLPA.

Importante ressaltar que o exercício social ou período


contábil, terá duração de um ano, não havendo necessi-
dade de coincidir com o ano civil (de 1º de janeiro a 31 de
dezembro), embora na maioria das vezes isso aconteça.
Para fins de IR, considera-se que o ano civil é igual ao exer-
cício social.
As sociedades anônimas de capital aberto (as que ne-
gociam suas ações na bolsa de valores) e as instituições fi-
nanceiras (bancos, financeiras etc.) devem publicar suas
demonstrações financeiras semestralmente para melhor
informar tais informações ao público interessado.
Apesar de a legislação definir a periodicidade anual
para a publicação das demonstrações (salvo as exceções
supracitadas), para atender às necessidades gerenciais, a
contabilidade deve apresentar aos usuários relatórios
contábeis com períodos mais curtos (semanal, quinzenal,
mensal etc.).

Complementação às demonstrações financeiras

Quando da publicação das demonstrações financeiras, as


sociedades anônimas também devem informar aos usuá­
rios desses relatórios dados adicionais. Isso ocorre por
meio de um relatório da diretoria (logo após a identifica-
ção da empresa), que dará ênfase a essas informações, nor-
malmente de caráter não financeiro, destacando-se:
43
▪▪ dados estatísticos diversos;
Os relatórios contábeis

▪▪ indicadores de produtividade;
▪▪ desenvolvimento tecnológico;
▪▪ contexto socioeconômico da empresa;
▪▪ políticas diversas: recursos humanos, exportação, ges-
tão ambiental etc.;
▪▪ expectativas em relação ao futuro;
▪▪ dados do orçamento de capital;
▪▪ projetos de expansão;
▪▪ desempenho em relação aos concorrentes etc.
Além do relatório da diretoria, há ainda as notas
explicativas ou notas de rodapé, que são complementos
às demonstrações (sem serem demonstrações), destacadas
após as referidas demonstrações. A publicação de notas
explicativas às demonstrações financeiras está prevista
no § 4º do art. 176 da Lei 6.404/19767, visando fornecer as
informações necessárias para esclarecimento da situação
patrimonial, ou seja, de determinada conta, saldo ou tran-
sação, ou de valores relativos aos resultados do exercício,
ou para menção de fatos que podem alterar futuramente
tal situação patrimonial, critérios de cálculos na obtenção
de itens que afetam o lucro, obrigações a longo prazo (cre-
dores, taxa de juros, garantias), ajustes de exercícios ante-
riores, entre outros.
O parecer da auditoria complementa as demonstrações
financeiras, sendo quesito obrigatório para as demonstra-
ções das sociedades anônimas, instituições financeiras e
de outros casos específicos. Trata-se de parecer de auditor
externo informando se as referidas demonstrações repre-
sentam adequadamente a situação patrimonial e financeira
da empresa, se foram levantadas de acordo com os princí-
pios fundamentais da contabilidadea e se há uniformidade
44 em relação ao exercício anterior
Fundamentos da contabilidade

Requisitos para publicação


das demonstrações financeiras

São dados fundamentais na publicação das demons­


trações:

a. Princípios contábeis são regras básicas da con-


tabilidade. São eles: entidade, continuidade, opor-
tunidade, registro pelo valor original, atualização
monetária, competência e prudência (CONSELHO
FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1994).
▪▪ denominação da empresa;
▪▪ título de cada demonstração financeira (BP, DRE, DLPA,
DMPL, DFC e DVA);
▪▪ data do exercício social;
▪▪ indicação dos valores correspondentes ao exercício an-
terior (duas colunas: ano atual e ano anterior);
▪▪ assinatura dos diretores e do profissional contábil após
as notas explicativas.

(2.4)
d emonstrações contábeis
não obrigatórias
Além das demonstrações financeiras obrigatórias, há rela-
tórios contábeis não obrigatórios, mas igualmente impor-
tantes para a administração da empresa. O Balanço Social
é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa,
que reúne um conjunto de informações sobre os projetos, os
benefícios e as ações sociais dirigidas aos empregados, inves-
tidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É 45
também um instrumento estratégico para avaliar e multi-
Os relatórios contábeis

plicar o exercício da responsabilidade social corporativa.


Além do Balanço Social, outros relatórios podem ser
formatados para que você, administrador, tenha as infor-
mações de que necessita para a gestão da empresa, tais
como: orçamentos (vendas, matéria-prima, investimentos,
mão-de-obra, estoques etc.), relatório de vendas realizadas,
contas a receber e a pagar, controle de estoques etc.
(.)
p onto final
No capítulo 2, estudamos as demonstrações contábeis e
entendemos o quanto elas são importantes para a tomada
de decisão. Verificamos que há demonstrações obrigató-
rias, constituídas pelo BP, DRE, DMPL (ou DLPA), DFC e
DVA, bem como demonstrações não obrigatórias, as quais
podem ser formatadas de acordo com a necessidade de
informação do gestor. Este estudo é precioso para que você
faça a leitura das informações contidas nos relatórios con-
tábeis com facilidade, transformando os dados apresen-
tados em informações estratégicas. Nos capítulos 3 e 4,
estudaremos, em detalhes, o BP e a DRE, consideradas as
duas demonstrações contábeis mais importantes. Antes de
prosseguirmos, realize as atividades propostas, elas vão te
ajudar muito na compreensão da teoria apresentada.

Indicação cultural

INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECO-


NÔMICAS. Balanço Social. Disponível em: <http://www.
46
balancosocial.org.br>. Acesso em: 8 mar. 2008.
Fundamentos da contabilidade

atividades
1. Recorte as demonstrações de resultados de uma sociedade
anônima publicadas em algum jornal e siga as orientação
apresentadas a seguir:
a. Observe como estão dispostos os grupos de contas no
BP – Ativo (do lado direito) e Passivo (do lado esquerdo).
Veja ainda os subgrupos do Ativo: Ativo Circulante,
Realizável a Longo Prazo, Permanente (investimentos,
imobilizado e diferido) e do Passivo; Passivo Circulante,
Exigível a Longo Prazo, PL). Saliente estes subgrupos.
b. Ainda no Ativo, classifique os bens (b) e direitos (d).
c. No Passivo, identifique as obrigações exigíveis (recursos
de terceiros) e o PL (recursos próprios).
d. Olhe com atenção para a DRE e observe seu caráter
dedutivo. Há a receita bruta, os impostos incidentes
sobre vendas, a receita líquida (receita buta – impostos),
o custo da mercadoria vendida (ou serviço prestado),
as despesas operacionais (de vendas, administrativas
e financeiras), as receitas/despesas não operacionais, o
lucro bruto (antes dos impostos), as provisões de impos-
tos sobre o lucro, o lucro líquido e a distribuição dos
lucros. Caso o resultado seja negativo (prejuízo), você
observará o valor entre parênteses.
e. Observe a DLPA e/ou a DMPL. No caso da DLPA, evi-
dencia a destinação do lucro apurado na empresa.
Normalmente, uma parte do lucro é distribuída aos
donos da empresa (acionistas ou sócios) em dinheiro,
remunerando o capital investido. Essa remuneração é
conhecida como Dividendos. Outra parcela visa à rein- 47
vestimento na empresa com o objetivo de fortalecer o
Os relatórios contábeis

capital próprio, a qual é conhecida como lucro retido


(não distribuído) e, mais cedo ou mais tarde, irá ser
incorporada ao capital social no PL. No caso da DMPL,
a técnica é a mesma, no entanto, por ela ser mais abran-
gente do que a DLPA, mostra as mutações de todas as
contas do PL (não somente do lucro ou prejuízo), da
seguinte forma:
▪▪ indica-se uma coluna para cada conta do PL (prefe-
rencialmente indicando o grupo de reservas a que
pertence). Se houver a conta dedutiva capital a reali-
zar, subtrai-se da conta capital social e será utilizada
a conta capital realizado;
▪▪ nas linhas (horizontais), indicam-se as movimenta-
ções das contas no mesmo estilo como ocorre com a
DLPA.
f. Agora é a vez da Doar. Apesar dela ter sido substi­t uída
pela DFC (Lei 11.638), nas publicações de 2007, você ainda
vai encontrá-la. Assim, destaque as origens por grupos
homogêneos, tais como: das operações normais (lucro
ou prejuízo obtido), dos acionistas (com novas integra-
lizações – ingressos de capitais) e de terceiros (bancos,
financeiras, pessoas que compram bens do Permanente
etc.). Observe as aplicações realizadas e a evolução do
capital circulante líquido (CCL), ou capital de giro da
empresa. Guarde o recorte, ele será útil para nossos pró-
ximos capítulos.

2. Diferencie sociedade anônima e sociedade por quotas de


responsabilidade limitada.
3. Cite os relatórios contábeis obrigatórios para as sociedades
anônimas de capital aberto (de acordo com a Lei 6.404/76,
48 retificada pela Lei 11.638/2007).
4. Dentre as demonstrações contábeis não obrigatórias, des-
Fundamentos da contabilidade

creva o Balanço Social.


5. DFC indica a origem de todo o dinheiro que entrou na
empresa (caixa), bem como sua aplicação (onde ele foi
“gasto”). Mas, sem fluxo de caixa fica quase impossível pro-
jetar, planejar financeiramente e, sem planejamento finan-
ceiro, é impossível ter uma administração sadia. Você
concorda? Comente.
6. Qual a importância das demonstrações contábeis para o
processo decisório na empresa?
(3)

b alanço patrimonial
Simone Loureiro Brum Imperatore

( )

n este capítulo, vamos aprofundar a nossa com-


preensão a respeito da contabilidade, introduzindo-nos no
estudo do Balanço Patrimonial. Assim, aos poucos, vamos
“descobrindo” as faces e as nuances da demonstração contá-
bil mais importante, o BP. Nosso objetivo é, ao final do capí-
tulo, montarmos nosso primeiro balanço. Aceita o desafio?
Para tanto, abordaremos os seguintes conteúdos:

▪▪ BP – conceito;
▪▪ grupos de contas;
▪▪ quadro sintético do BP;
▪▪ principais deduções do ativo e patrimônio líquido;
▪▪ estrutura básica do PB, segundo a Lei 6.404/76;
▪▪ avaliação dos componentes patrimoniais.

(3.1)
o que é balanço patrimonial?
É uma demonstração contábil que demonstra, resumida-
mente, o patrimônio da empresa em um dado momento,
ou seja, a situação financeira e patrimonial de uma enti-
dade numa determinada data. O balanço apresenta os
Ativos (bens e direitos), os Passivos (exigibilidades e obri-
gações) e o PL, que é resultante da diferença entre o total
52
de ativos e passivos. O BP é uma das peças extraídas dos
Fundamentos da contabilidade

livros contábeis, que faz parte do conjunto das demonstra-


ções financeiras, e é elaborado segundo os princípios con-
tábeis geralmente aceitos.
Segundo Matarazzo1, o BP é a demonstração que apre-
senta todos os bens e direitos da empresa (Ativo), assim
como as obrigações (Passivo Exigível) em determinada
data. O PL, por sua vez, representa o capital investido
pelos proprietários da empresa, quer através de recursos
trazidos de fora da instituição, quer gerados por esta em
suas operações e retidos internamente.
Assim, temos a chamada equação patrimonial básica, con-
forme apresentado a seguir:
Ativo = Passivo + Patrimônio líquido
ou
Ativo – Passivo = Patrimônio líquido

Assaf Neto2 menciona que o balanço apresenta a posi-


ção patrimonial e financeira de uma empresa em dado
momento. A informação que esse demonstrativo fornece é
totalmente estática e, muito provavelmente, sua estrutura
se apresentará relativamente diferente algum tempo após
seu encerramento.
É a principal demonstração contábil usada por ban-
cos, governo, fornecedores, sindicatos, sócios e acionis-
tas. Reflete a posição financeira em determinado momento,
normalmente no fim do ano (exercício social) ou de um
perío­do prefixado. É como se tirássemos uma foto da
empresa e víssemos de uma só vez todos os bens, valores
a receber (direitos) e valores a pagar (obrigações) em deter-
minada data.
Sobre o BP Iudícibus e Marion3 explicam que:
53
O termo balanço decorre do equilíbrio Ativo = Passivo + PL,
ou da igualdade Aplicações = Origens dos Recursos. Parte Balanço patrimonial

da idéia de uma balança de dois pratos, onde sempre encon-


tramos a igualdade. Só que, em vez de denominarmos de
balança (como a Balança Comercial) denominamos no mas-
culino: Balanço.
A expressão patrimonial origina-se do Patrimônio Global
da empresa, ou seja, o conjunto de bens, direitos e obriga-
ções. Daí origina-se a expressão Patrimônio Líquido, a
riqueza líquida da empresa num processo de continuidade, a
Situação Líquida.
Compondo as duas expressões, teremos a expressão Balanço
Patrimonial, o equilíbrio do Patrimônio, a igualdade patri-
monial. (Grifos do autor).
(3.2)
g rupos de contas
O BP é uma demonstração simples e fácil de ser enten-
dida, pois visa mostrar a situação econômico-financeira da
empresa para leigos. É constituído de duas colunas, con-
forme convenção da Lei 6.404/764, que regulamenta as
sociedades por ações:

a. a coluna do lado direito chama-se Passivo (obrigações


e PL);
b. a coluna do lado esquerdo chama-se Ativo (bens e di-
reitos).

Para facilitar a leitura, análise e interpretação do


Balanço, Ativo e Passivo dividem-se em grupos de con-
tas que apresentam as contas de mesmas características
(prazo e grau de liquidez). Duas regras básicas orientam
a distribuição de contas no BP, conforme prazo e grau de
54 liquidez decrescente:

a. Prazo: em contabilidade curto prazo significa, nor-


Fundamentos da contabilidade

malmente, o período de até um ano e longo prazo, o


período superior a um ano. Assim, na data de elabo-
ração do Balanço, por exemplo, 31/12/2007, todas as
contas a receber até 31/12/2008 (um ano da elabora-
ção do balanço) serão agrupadas num mesmo título
do Ativo (Ativo Circulante), assim como todas as con-
tas a pagar até o final do ano seguinte serão agrupa-
das num mesmo título no Passivo (Passivo Circulante).
O mesmo ocorre com as contas a longo prazo que são
classificadas em Realizável a Longo Prazo (direitos rea-
lizáveis num período superior a um ano) e Exigível a
Longo Prazo (obrigações vencíveis num período supe-
rior a um ano).
b. Grau de liquidez decrescente: o termo liquidez vem do
verbo “liquidar”, “pagar os compromissos”; assim os
itens mais rapidamente conversíveis em dinheiro são
classificados em primeiro plano. Desse modo, há caixa,
bancos, duplicatas a receber, mercadorias em estoque
etc.

A seguir, vamos conhecer os grupos de contas do BP.

Ativo

No ativo, as contas devem ser dispostas em ordem decres-


cente de liquidez, ou seja, de acordo com a facilidade de
conversão em dinheiro. Assim, os itens patrimoniais de
maior liquidez (caixa, bancos, contas a receber, mercado-
rias) são classificados em primeiro plano. Os de menor
liquidez (valores a receber a longo prazo, máquinas e equi-
pamentos, veículos, terrenos etc.) aparecem num segundo
plano – a grande vantagem da classificação de contas do 55
BP por ordem de liquidez decrescente é a de permitir uma
fácil consulta e análise dos itens que a empresa tem dis- Balanço patrimonial

poníveis em valor primeiramente, deixando para baixo


os estoques e imobilizados os que não representam valor
monetário real, mas sim investimentos.
Os elementos registrados estão estruturados nos se-
guintes subgrupos (de acordo com o parágrafo 1º do
art. 178 da Lei 6.404/765):

a. Ativo Circulante;
b. Ativo Realizável a Longo Prazo;
c. Ativo Permanente (dividido em investimentos, imobi-
lizado, intangível e diferido).
Importante : Para ser Ativo, é preciso preencher a
quatro requisitos:
▪▪ ser classificado em bens e ou direitos;
▪▪ ser de propriedade da empresa;
▪▪ ser avaliável monetariamente (R$);
▪▪ representar benefícios presentes ou futuros.

Ativo Circulante

O Ativo Circulante engloba contas que constantemente


estão em giro, em movimento (daí a expressão circulante).
Constitui o capital de giro da empresa, no qual estão dis-
postas as contas caixa, os bancos e outros itens que serão
transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a
curto prazo, ou seja, dentro de um ano (contas a receber,
bens de consumo, investimentos temporários, mercado-
rias para revenda etc.).
De acordo com a Lei 6.404/76, o ativo circulante subdi-
vide-se em:
56
a. Disponível: Refere-se às contas nas quais são registra-
Fundamentos da contabilidade

dos os valores que representam o dinheiro em caixa, os


saldos disponíveis em contas de movimento bancário e
os saldos de contas relativas aos ativos imediatamente
liquidáveis.

b. Direitos Realizáveis no Exercício Seguinte: Incluem


três subgrupos:
▪▪ saldos relativos a aplicações em valores mobiliários,
operações no mercado aberto;
▪▪ contas a receber com vencimentos para o exercício
seguinte, tais como: contas ou duplicatas a receber
por vendas mercantis (inclusive cheques pré-data-
dos); adiantamentos a empregados e outros;
▪▪ parcela do imposto, relativa a opções por incentivos
fiscais até o momento do recebimento do Certificado
de Investimento (CI).

c. Estoques: Incluem três contas:


▪▪ estoque de mercadorias, matérias-primas, embala-
gens e materiais secundários empregados em pro-
cesso de produção, materiais de consumo e produtos
em trânsito, subprodutos e resíduos;
▪▪ estoque de imóveis prontos para a venda ou em
construção com prazo de entrega de até 12 meses (no
caso de construtora);
▪▪ estoque de materiais em poder de terceiros para
beneficiamento.

d. Despesas Apropriáveis no Exercício Seguinte: Regis-


tra-se neste subgrupo os valores das despesas anteci-
padas, devendo ser apropriado como:
▪▪ prêmios de seguros a apropriar;
▪▪ despesas financeiras a apropriar;
57
▪▪ aluguéis a apropriar.
Balanço patrimonial
A expressão a apropriar refere-se ao princípio da com-
petência, no qual se deve reconhecer e classificar as con-
tas de resultado (receitas e despesas) no período a que se
referem, independentemente do seu efetivo recebimento
(receitas) ou pagamento (despesas). Assim, se pago o alu-
guel da empresa antecipado, com vigência para 18 meses, é
preciso registrar o valor pago antecipadamente como des-
pesa apropriável e, mês a mês, fazer o “reconhecimento”
da despesa no mês correto (aluguel de janeiro de 2008 con-
tabilizado no mês de janeiro de 2008).
Ativo Realizável a Longo Prazo

Neste subgrupo são registrados os direitos realizáveis após


o encerramento do exercício seguinte (mais de 360 dias após
o encerramento do BP): duplicatas a receber, adiantamentos
ou empréstimos a fornecedores ou à sociedade coligada ou
controlada, adiantamentos ou empréstimos a diretores.
Também são registradas as despesas apropriáveis após
o encerramento do exercício seguinte, referentes a encar-
gos financeiros exigíveis após o exercício seguinte ao do
encerramento do balanço.

Ativo Permanente

O termo permanente associa-se a contas que pouco se movi-


mentam, cujos valores não variam constantemente. É tam-
bém chamado de Ativo Fixo e engloba contas de itens que
dificilmente serão vendidos, pois sua característica básica
é não se destinarem à venda. Podemos dizer que são itens
sem nenhuma liquidez para a empresa. Outra caracterís-
tica do Ativo Permanente é que são itens usados por vários
58
anos (vida útil longa) e sua reposição é lenta.
Fundamentos da contabilidade

No Ativo Permanente encontramos: prédios, instala-


ções, equipamentos, móveis e utensílios, veículos, terrenos,
ferramentas, computadores e periféricos, máquinas, inves-
timentos de caráter permanente etc.
É dividido em quatro subgrupos: investimentos, imo-
bilizado, intangível e diferido, os quais estão descritos a
seguir.

a. Investimentos – São registrados aqui os valores refe-


rentes aos seguintes itens:
▪▪ participações permanentes em outras sociedades;
▪▪ empreendimentos relativos ao plantio de florestas,
destinados à proteção do solo ou à preservação do
meio ambiente, sem que se destinem à manutenção
da atividade da empresa;
▪▪ aplicações em incentivos fiscais, após o recebimento
do Certificado de Investimento (CI), quando hou-
ver a intenção de manter esses valores como inves-
timentos;
▪▪ importâncias aplicadas na aquisição de imóveis,
desde que não sejam para revenda ou destinadas à
manutenção das atividades da empresa. Por exem-
plo: imóveis para aluguel;
▪▪ aplicações em ouro, quando não constarem do objeto
social da pessoa jurídica.

b. Imobilizado – São registrados neste subgrupo os bens


e os direitos que tenham por objeto bens destinados
para a manutenção das atividades da empresa ou exer-
cidos com essa finalidade. Subdivide-se em: máquinas,
equipamentos, construções, direito de exploração de
minas e jazidas, reservas florestais etc.
c. Intangível – São registrados neste subgrupo os direitos 59

correspondentes à propriedade industrial e comercial


Balanço patrimonial
da empresa, às patentes de invenção, às marcas, às fór-
mulas e aos processos de fabricação, ao valor do ponto
comercial e a outros de idêntica natureza.
d. Ativo Diferido – Consiste em aplicações de recursos,
despesas ou gastos que contribuíram para a obtenção
de receita ou para a formação do resultado de mais de
um exercício social, ou seja, beneficiaram a empresa por
vários anos. Segundo Iudícibus e Marion6, o caso mais
comum de diferido são os gastos pré-operacionais, em
que a empresa “investe” recursos antes de começar a
funcionar (propaganda, contratação, treinamento de
funcionários, despesas de legalização, entre outros).

São exemplos de ativos diferidos: gastos pré-operacio-


nais (antes de a empresa começar suas atividades), gastos
de reorganização e gastos em pesquisa e desenvolvimento
de produtos.
Como subgrupos, a Lei 6.404/767 determina:

a. os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o


perío­do que anteceder ao início das operações sociais;
b. as despesas pré-operacionais ou pré-industriais, quando
não se identificarem com elementos específicos do Ativo
Permanente Imobilizado ou de Investimentos;
c. as despesas com pesquisas científicas ou tecnológicas,
quando não exercida opção para apropriação direta em
conta de resultado;
d. as despesas com o desenvolvimento de jazidas ou minas;
e. as despesas com a reestruturação, reorganização ou moder-
nização das empresas;
f. as benfeitorias ou construções em imóveis locados, sem
60 direito à indenização, cujo contrato tenha prazo determi-
nado;
Fundamentos da contabilidade

g. as despesas com prospecção e cubagem de jazidas e depó-


sitos, realizadas por concessionárias de pesquisas ou lavra
mineral, sob orientação técnica de engenheiro de minas;
h. a parte dos custos, encargos e despesas operacionais, regis-
trados durante o período em que a empresa, em fase inicial
de operação, utilizou apenas parcialmente os seus equipa-
mentos ou as suas instalações.

Passivo

Em ordem decrescente de exigibilidade (vencimento), as


contas do passivo são estruturadas nos seguintes grupos:
Passivo Circulante

São registradas as obrigações da empresa que serão pagas


no prazo de um ano (curto prazo). As principais contas do
passivo circulante são:

▪▪ fornecedores: originam-se das operações de compra a


prazo, no mercado nacional ou exterior, de matérias-
primas destinadas ao processo produtivo de mercado-
rias, com a finalidade de revenda ou outros materiais
ou insumos;
▪▪ tributos a pagar/recolher: compreendem as obrigações
relativas a impostos, taxas e contribuições;
▪▪ salários e encargos sociais: compõem-se das obriga-
ções da empresa para com seus empregados e os agen-
tes arrecadadores de contribuições sociais, bem como
as obrigações conhecidas como previsíveis e calculá-
veis na data do balanço;
▪▪ empréstimos e financiamentos de instituições finan-
ceiras: compreendem os recursos obtidos pela empresa
advindos de instituições financeiras do país, com a
61
finalidade de financiar imobilizações ou o próprio giro
do negócio; Balanço patrimonial
▪▪ além dessas contas descritas, podemos encontrar mui-
tas outras no passivo circulante, tais como: adianta-
mentos, contas a pagar, dividendos, gratificações e
participações, empréstimos em moeda estrangeira etc.;

Passivo Exigível a Longo Prazo

Escrituram-se neste grupo as contas que representam as


obrigações vencíveis após o prazo de um ano (encerra-
mento do exercício seguinte). Classificam-se aqui as se-
guintes contas:
▪▪ financiamentos;
▪▪ parcelamentos de débitos fiscais e sociais;
▪▪ créditos de empresas coligadas e controladas entre
outras.

Patrimônio Líquido

Conforme já estudamos, o PL é a diferença entre o Ativo


e o Passivo. Representa os investimentos dos proprietá-
rios (capital social), mais os lucros acumulados (ainda não
distribuídos ou não incorporados ao capital) e as reservas
(reserva de capital, de lucros e de reavaliação).
A seguir apresentamos um quadro que sintetiza os
grupos e subgrupos do BP:

62
Fundamentos da contabilidade
Balanço patrimonial

Ativo Passivo

Circulante Circulante
São contas que estão constante- São obrigações exigíveis que serão
mente em giro – movimento – liquidadas nos próximos 365 dias
sendo que a conversão em após o levantamento do BP.
dinheiro ocorrerá, no máximo, no
próprio exercício social.

Realizável a longo prazo Exigível a longo prazo


São bens e direitos que se transfor- São as obrigações (dívidas de longo
marão em dinheiro um ano após o prazo) que serão liquidadas com
levantamento do BP. prazo superior a um ano após o
levantamento do BP.

Permanente Patrimônio líquido


São bens e direitos que não se São os recursos dos proprietários
destinam à venda e têm vida aplicados na empresa. Tais recursos
útil (no caso dos bens) longa. significam o capital mais o seu ren-
Classificam-se em investimentos, dimento (lucros) e reservas.
imobilizado e diferido, a saber:
Investimentos: são as inversões
financeiras de caráter permanente
que geram rendimentos e que
não são necessárias à manuten-
ção da atividade fundamental da
empresa. 63
Imobilizado: são itens de natureza

Balanço patrimonial
permanente que serão utilizados
para a manutenção da atividade
básica da empresa.
Intangível: bens e direitos que
tenham por objeto bens incorpó-
reos destinados à manutenção da
empresa ou exercidos com essa
finalidade.
Diferido: são aplicações que bene-
ficiarão resultados de exercícios
futuros.

Fonte: IUDÍCIBUS; MARION, 2006, p. 31.


(3.3)
p rincipais deduções do
ativo e do patrimônio l íquido
A seguir são apresentadas as principais deduções rela-
cionadas ao Ativo Circulante, ao Ativo Permanente e ao
Patrimônio Líquido.

Deduções do Ativo Circulante

No item duplicatas a receber (ou contas a receber) encon-


tram-se duas deduções:

a. A parcela estimada pela empresa que não será recebida


(inadimplência), com o título provisão para devedores
duvidosos (o cálculo é feito de acordo com a média con-
siderada incobrável em exercícios anteriores).
b. Parcela das duplicatas a receber negociadas com as ins-
tituições financeiras (antecipação de recebíveis), com o
64 título de duplicatas descontadas.
Fundamentos da contabilidade

Dedução do Ativo Permanente

No imobilizado, como dedução do valor bruto, encon-


tram-se as contas depreciação, amortização e exaustão (ver
item 3.4 deste capítulo). Obtém-se, assim, o valor líquido
(valor bruto – depreciação, amortização ou exaustão) que
deverá aproximar-se do valor real dos ativos imobilizados.
Dedução do Patrimônio Líquido

O PL pode ser reduzido quando há pre­juízo do exercício.


Assim como a conta lucros é acrescida ao PL, a conta pre-
juízo o reduz.
Na seqüência, apresentamos a estrutura do BP segundo
a Lei 11.638/2007.

Estrutura básica do Balanço Patrimonial segundo a lei 11.638/2007

Ativo circulante Passivo circulante

Disponibilidades Empréstimos
Caixa Fornecedores
Bancos conta corrente Obrigações fiscais e sociais
Aplicações de liquidez imediata Adiantamento de clientes
Utilidades e serviços a pagar
Créditos
Gratificações a empregados
Clientes
Gratificações a diretores e
(–) Provisão para devedores
administradores
duvidosos
Salários, férias e 13º Salário a
(–) Duplicatas descontadas
pagar
Títulos a receber
Títulos a pagar
Bancos conta vinculada
Conta corrente de pessoas e
Adiantamentos a terceiros
empresas ligadas
Adiantamentos a funcionários
Debêntures 65
Impostos a recuperar
Depósitos restituíveis e valores
vinculados
Balanço patrimonial
Investimentos temporários

Estoques
Mercadorias para revenda
Matérias-primas
Materiais de uso

Despesas antecipadas
Prêmios de seguros a apropriar
Encargos financeiros a
apropriar
Aluguéis a apropriar

(continua)
(conclusão)

Realizável a longo prazo Exigível a longo prazo


Clientes Empréstimos e financiamentos
Bancos conta vinculada Títulos a pagar
Títulos a receber
Resultado de exercícios futuros
Créditos de acionistas
Receita de exercícios futuros
Créditos de diretores
(–) custos de despesas corres-
Créditos de coligadas e
pondentes às receitas
controladas
Adiantamentos a terceiros Patrimônio líquido

Impostos a recuperar Capital social


(–) Capital social a
Permanente
integralizar
Investimento
Reserva de capital
Participação em sociedades
Correção monetária do capi-
(controladas e coligadas)
tal realizado
Participações em outras
Reserva de incentivos
empresas
fiscais
Participações em fundos de
Reservas de reavaliações
investimentos
Reavaliação do ativo
Obras de arte
permanente
Imóveis não de uso – de renda
Reservas de lucro
Imobilizado
Reserva legal
Terrenos
Reservas estatuárias
Instalações
Reserva de lucro a
Máquinas, aparelhos e
realizar
equipamentos
Reserva para
Móveis e Utensílios
contingência
Veículos
(–) Ações em tesouraria
66 Ferramentas
Lucros ou prejuízos
(–) depreciação acumulada
acumulados
Obras em andamento
Fundamentos da contabilidade

Lucros acumulados
Intangível
(–) Prejuízos
Marcas, direitos e patentes
acumulados
industriais
Diferido
Gastos de implantação e pré-
operacionais
Pesquisa e desenvolvimento de
produtos
Gastos de reorganização
(–) Amortização acumulada

Fonte: Adaptado de BRASIL, 1976.


(3.4)
d epreciação,
exaustão e amortização
A perda de valor dos bens do Ativo Permanente (imobili-
zado) em virtude da ação do tempo, do uso ou da evolução
técnica (obsolescência) será registrada periodicamente nas
contas de depreciação, amortização e exaustão, descritas a
seguir.

a. Depreciação: corresponde à perda do valor dos bens


que têm por objeto bens físicos sujeitos à desgaste ou
à perda de utilidade por uso, à ação da natureza ou
por obsolescência técnica. A taxa anual de depreciação
é determinada em função da vida útil do bem, isto é,
do prazo durante o qual se possa esperar a utilização
econômica dele na produção. A Secretaria da Receita
Federal estabelece e publica as taxas de depreciação
conforme o prazo de vida útil admissível para cada 67
item do Ativo Imobilizado.
b. Amortização: corresponde à perda do valor do capital Balanço patrimonial
aplicado na aquisição de direitos de propriedade indus-
trial ou comercial e quaisquer outros com existência ou
exercício de duração limitada. São amortizáveis: fundo
de comércio, custo das benfeitorias em imóveis de ter-
ceiros, despesas pré-organizacionais, pesquisas cientí-
ficas ou tecnológicas etc. A taxa anual de amortização
é fixada considerando-se: o número de anos restantes
da existência do direito amortizável; número de perí-
odos-base durante os quais deverão ser usufruídos os
benefícios decorrentes das despesas registradas no
Ativo Diferido e legislação do IR (prazos mínimos e
máximos).
c. Exaustão: corresponde à perda do valor decorrente
da exploração de direitos cujos objetos são recursos
minerais ou florestais ou bens aplicados nessa explo-
ração. As mineradoras podem considerar como custo
ou despesa, em cada exercício, o valor correspondente
à percentagem extraída de minério no período sobre o
custo de aquisição ou prospecção dos recursos mine-
rais explorados. O valor da quota de exaustão florestal
em cada exercício é apurado através da identificação do
percentual entre o volume de recursos florestais explo-
rados em relação ao volume da floresta no início do
período-base.

(.)
p onto final
68

Neste capítulo estudamos o BP: conceito, grupos de con-


Fundamentos da contabilidade

tas e modelo, segundo a Lei 6.404/76, retificada pela Lei


11.638/07. Salientamos que a contabilidade, enquanto ins-
trumento que auxilia a administração da empresa a tomar
decisões, coleta todos os dados econômicos, mensura-os
monetariamente, registra-os e sintetiza-os no formato de
relatórios financeiros. Saliente-se que a importância do BP
advém das informações que podem ser extraídas desse
relatório contábil e que propiciam análises da situação eco-
nômica e financeira da empresa. Seguem, agora, as ativida-
des. Bom estudo!
atividades
1. Com o BP “guardado” (do capítulo anterior), vamos fazer
uma breve análise. Destaque numa folha de papel os
seguintes dados:

▪▪ Total do ativo circulante: R$


▪▪ Total do passivo circulante: R$
▪▪ Total do passivo circulante + exigível a longo prazo
(recursos de terceiros): R$
▪▪ Total do patrimônio líquido (recursos próprios): R$

Uma vez transcritos esses dados:

▪▪ Compare o valor do Ativo e do Passivo Circulantes. Se o


Ativo Circulante for maior do que o Passivo Circulante,
significa que a empresa conseguirá pagar suas dívi-
das a curto prazo. Nesse caso, escreva como conclu-
são: “Situação financeira favorável”. Mas, se a entidade
apresentar Passivo Circulante maior do que Ativo
Circulante, poderá ter problemas financeiros, exigindo
69
alavancagem de recursos para atender a sua necessi-
dade de caixa (R$), o que significa, na maioria das vezes, Balanço patrimonial
aumento de endividamento ou renegociação de dívidas.
Nesse caso, escreva como conclusão: “Situação finan-
ceira desfavorável”.
▪▪ Compare o valor do capital de terceiros investidos na
empresa com o capital próprio – total do capital de ter-
ceiros (Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo) e
total dos Capitais Próprios (PL). Se o resultado dessa
divisão for de até 1,20, significa que o capital de tercei-
ros é maior que o capital próprio (não se assuste, esta é a
média das empresas brasileiras). Se o resultado for supe-
rior a 1,20, ou seja, se o capital de terceiros for maior que
1,20 em relação ao capital próprio, a empresa pode estar
muito endividada.

Considerado o BP a seguir responda às questões de 2 a 7.

Cia. Solução Empreendimentos


Balanço Patrimonial

Ativo Passivo

Caixa 10.000 Fornecedores a pagar 200.000


Duplicatas a receber 40.000 Empréstimos a pagar 40.000
Estoques 50.000 Salários a pagar 60.000
Máquinas 100.000 Capital social 200.000
Terrenos 200.000
Títulos a receber 100.000
Total 500.000 Total 500.000

2. Tanto as origens quanto as aplicações são de:


a. 300.000
b. 500.000
c. 1.000.000
70 d. 200.000
Fundamentos da contabilidade

3. O capital de terceiros é de:


a. 500.000
b. 200.000
c. 300.000
d. 100.000

4. O capital próprio é de:


a. 200.000
b. 100.000
c. 500.000
d. 300.000
5. O total de direitos é:
a. 200.000
b. 300.000
c. 50.000
d. 140.000

6. O total de bens é:
a. 360.000
b. 200.000
c. 300.000
d. 500.000

7. Podemos dizer que o disponível é:


a. 50.000
b. 10.000
c. o capital social
d. estoques à venda

8. De acordo com a Lei 6.404/76, retificada pela Lei 11.638/07,


estruture os BPs de duas companhias fictícias cujos dados
71
são apresentados a seguir. Dica: não se esqueça de classi-
ficar as contas de acordo com os grupos (Ativo e Passivo) Balanço patrimonial
e respectivos subgrupos (Ativo Circulante, Realizável a
Longo Prazo, Permanente (investimentos, imobilizado, in-
tangível e diferido), Passivo Circulante, Exigível a Longo
Prazo, Patrimônio Líquido.
a. Cia. Futura – Balanço Patrimonial levantado em
31/12/2007 (valores em mil). Caixa: 1.800; fornecedores:
4.000; capital social: 10.000; máquinas e equipamentos:
3.000; estoques: 6.500; financiamentos a pagar (+ 360
dias): 7.320; gastos pré-operacionais: 200; lucros acumu-
lados: 3.400; duplicatas a receber: 3.400; salários a pagar:
6.500; participações em outras empresas: 7.320; contas a
pagar: 200; prédios: 4.000; impostos a pagar: 1.800; títu-
los a pagar (mais de 360 dias): 3.000; títulos a receber (+
360 dias): 10.000.
b. Cia. Eficiência – Balanço Patrimonial levantado em
31/12/2007 (valores em mil). Equipamentos: 14.500; capi-
tal social: 50.000; títulos a pagar (+ 360 dias) 5.000; bancos
conta corrente: 12.000; títulos a receber: 6.000; fornece-
dores: 10.000; salários a pagar: 2.000; clientes: 30.000; em-
préstimos a pagar: 4.900; estoques: 23.000; dividendos a
pagar: 2.763; despesas antecipadas de aluguel: 1.000; im-
posto a recolher: 4.155; lucros acumulados: 7.682.

9. Depois de estruturados os dois BPs da atividade 8, anali-


se-os, respondendo às questões “a” a “c” a seguir:
a. Compare o Ativo Circulante e o Passivo Circulante e
veja se a situação financeira é ou não favorável. Em caso
negativo, o que você, administrador, sugere para as duas
empresas?
b. Como é o endividamento a longo prazo das empresas
analisadas? Qual a sua opinião no que se refere a uma
72
empresa contrair dívidas a longo prazo?
Fundamentos da contabilidade

c. Compare o capital de terceiros e o capital próprio nas


duas empresas (capital de terceiros/capital próprio). Na
sua opinião, elas estão muito endividadas (lembre-se de
que no Brasil o parâmetro é 1,20, acima disso conside-
ra-se altamente endividadas)?
(4)

d emonstração do
r esultado do e xercício (dre)
Simone Loureiro Brum Imperatore

( )

a cada exercício social (normalmente um ano) a


empresa apura o resultado de seus negócios (lucro ou pre-
juízo). Para saber se obteve lucro ou prejuízo, a contabili-
dade confronta as receitas com as despesas. Se o total da
receita for maior que a despesa, a empresa obteve lucro, se
a receita for menor que a despesa, ela teve prejuízo.
A apuração do resultado é realizada através da DRE.
Esta se apresenta como um resumo das receitas e das des-
pesas do período, facilitando-se a avaliação da gestão pa-
trimonial.
Neste capítulo, estudaremos os seguintes tópicos:

▪▪ receitas;
▪▪ despesas;
▪▪ despesas e custos;
▪▪ regime de caixa e de competência;
▪▪ Demonstração do Resultado do Exercício;
▪▪ reservas de Lucros;
▪▪ DRE Inovada.

Antes de prosseguirmos com o estudo da DRE, torna-se


necessário que você compreenda os conceitos de receitas e
despesas (e custos).

(4.1)

76
r eceitas e despesas
Fundamentos da contabilidade

As receitas são valores que a empresa gera como fonte de


recursos financeiros, para atender a seus gastos e manter
as suas atividades. Constituem ingressos as entradas de
recursos, correspondendo, em geral, a vendas de mercado-
rias ou prestação de serviços. A receita sempre aumenta o
Ativo. Ex.:

▪▪ Vendas à vista
▪▪ Vendas à prazo
▪▪ Receitas de serviços
▪▪ Aluguéis ativos
▪▪ Juros ativos
▪▪ Descontos obtidos
Segundo Marion1, despesa é todo o sacrifício, todo o
esforço da empresa para obter receita. Em outras palavras,
é o consumo de bens ou serviços utilizados pela empresa
para a manutenção de suas atividades. As despesas devem
ser registradas por ocasião do consumo dos bens ou dos
serviços utilizados para eventuais manutenções, inde-
pendentemente de seu efetivo pagamento. As despesas
constituem saídas de recursos e se refletem no BP atra-
vés da redução do saldo de caixa (ou banco conta corrente)
quando é paga no ato (à vista), ou mediante o aumento de
uma obrigação, quando é contraída no presente para ser
paga no futuro (a prazo). Por exemplo: água e esgoto, mate-
rial de expediente, aluguéis passivos, juros passivos, café e
lanches, luz, descontos concedidos, salários, despesas ban-
cárias, encargos sociais, fretes, prêmios de seguros, impos-
tos, telefone.
Não esqueça:
77

Receita Aumenta o Patrimônio Líquido

Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)
Despesa Diminui o Patrimônio Líquido

Receitas e despesas são contas de resultado. Aparecem


durante o exercício social (normalmente de 1º de janeiro
a 31 de dezembro), encerrando-se ao final desse período.
Não fazem parte do BP, mas permitem apurar o resultado
do exercício.
Existem contas de resultado que podem aparecer tanto
no grupo das despesas quanto das receitas (é o caso de alu-
guéis, juros e descontos). Desse modo, como saber quando
representam despesas e quando representam receitas? A
diferença está nos adjetivos empregados.
Preste atenção:
▪▪ Aluguéis ativos, juros ativos e descontos obtidos
representam, respectivamente, aluguéis, juros e
descontos recebidos pela empresa, ou seja, ganhos.
Portanto, classificam-se como receitas.
▪▪ Aluguéis passivos, juros passivos e descontos conce-
didos representam, respectivamente, aluguéis e juros
pagos e descontos oferecidos pela empresa, ou seja,
perdas. Portanto, classificam-se como despesas.

Note que as palavras ativo e passivo nada têm a ver com


Ativo e Passivo do BP. Devemos associá-los a positivo e
negativo, respectivamente.
Assim:

Ativos obtidos Positivos (Receitas)


Passivos concedidos Negativos (Despesas)
78

Bem, se receitas e despesas são contas de resultado,


Fundamentos da contabilidade

as contas que representam bens, direitos, obrigações e PL


(que você já conhece) são chamadas de contas patrimoniais.
Fica fácil de diferenciar:

Balanço patrimonial:
Contas
bens, direitos, obrigações e
patrimoniais
­patrimônio líquido.

Demonstração do resultado
Contas de
do exercício: receitas e
resultado
despesas.
(4.2)
d espesa e custo
Precisamos diferenciar despesa e custo. Quando a maté-
ria-prima é adquirida (comprada), constitui um gasto, ou
seja, um desembolso (saída de dinheiro, pagamento) para
a aquisição de um bem, sendo “estocada” no Ativo. No
instante em que essa matéria-prima entra em produção, a
reconhecemos como custo.
Portanto, todos os gastos no processo de industriali-
zação que contribuem para a transformação da matéria-
prima (fabricação) em produto são dados como custos:
mão-de-obra, energia elétrica, desgaste de máquinas uti-
lizadas para a produção (depreciação), embalagens, alu-
guel da fábrica etc. Já os gastos referentes ao escritório e
à administração são classificados como despesas. Pela Lei
79
das Sociedades Anônimas, identificamos três tipos de des-

Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)
pesas: de vendas, administrativas e financeiras.
Para não esquecer:

Gastos da fábrica:custo dos produtos e


Custos
mercadorias vendidas.

Gastos do escritório e administração:


Despesas
vendas, administrativas e financeiras.

Numa empresa comercial, o gasto da aquisição de mer-


cadoria a ser revendida será tratado como custo; já numa
empresa de prestação de serviços, a mão-de-obra aplicada
no serviço prestado mais o material utilizado nesse ser-
viço serão considerados custos. Para ambas as empresas,
todos os gastos na administração, assim como na indústria,
serão tratados como despesas.
(4.3)
r egime de competência
e regime de caixa
Conforme estudamos anteriormente, para conhecermos o
resultado de um exercício, é preciso apurarmos o total das
receitas e deduzirmos o total das despesas corresponden-
tes a ele (em contabilidade chamamos de confrontação entre
receita e despesas). A contabilidade se utiliza de duas manei-
ras distintas de apuração do resultado do exercício: Regime
de competência e regime de caixa.
O regime de competência é aceito e recomendado pela
teoria da contabilidade e pela legislação do IR. Evidencia
o resultado da empresa (lucro ou prejuízo) de forma mais
adequado. Suas regras básicas são:
80
a. a receita será contabilizada no período em que for
gerada (independentemente do seu recebimento). Por
Fundamentos da contabilidade

exemplo: uma empresa vende a prazo em outubro/2007


para receber (R$) somente em dezembro do mesmo
ano. Pelo regime de competência, considera-se que a
receita foi gerada em outubro, devendo ser contabili-
zada naquele mês;
b. a despesa, por sua vez, será contabilizada no perío­do
em que ocorrer, independentemente do seu paga-
mento. Assim, a folha de pagamento de, por exem-
plo, novembro/2007 será contabilizada (registrada) em
novembro (mês da ocorrência), mesmo que o pagamento
ocorra nos primeiros dias de dezembro. Outros exem-
plos: aluguel, condomínio, impostos, conta de luz etc.

Assim, o lucro será apurado considerando-se determi-


nado período: total da receita subtraído do total das despe-
sas do período (mesmo que a receita ainda não tenha sido
recebida e as despesas pagas).
O regime de caixa, por sua vez, consiste numa forma
simplificada de contabilidade, aplicado basicamente em
pequenas e microempresas ou entidades sem fins lucra-
tivos, tais como igrejas, clubes, sociedades filantrópicas,
ONGs etc. As regras básicas desse regime são:

a. a receita será contabilizada no momento de seu recebi-


mento, ou seja, quando entrar dinheiro no caixa;
b. a despesa será contabilizada no momento de seu paga-
mento, ou seja, quando sair dinheiro do caixa.

O lucro, pelo regime de caixa, é apurado consideran-


do-se a receita recebida menos a despesa paga. Observe o
exemplo:
A empresa Modelo Ltda. vendeu em janeiro/2008 o
81
valor de R$ 31.000,00 e só recebeu R$ 19.000,00 em janeiro
(o restante será recebido em fevereiro). Em janeiro/2008,

Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)
ainda, teve uma despesa de R$ 12.000,00 e só pagou
R$ 8.000,00. Veja como fica a apuração do resultado:

Regime de
DRE Regime de caixa
competência

Receita 31.000,00 19.000,00


(–) Despesas (12.000,00) (8.000,00)
= Lucro 19.000,00 11.000,00

Seguindo a legislação do IR, o regime utilizado na


contabilidade deve ser o regime de competência. A nova
legislação faculta às pequenas e microempresas optantes
pelo Regime Tributário Simplificado (simples) a opção pelo
regime de caixa para efeitos fiscais.
No caso da contabilidade pública – adotada pela União,
estados e municípios (e suas autarquias) – esta se utiliza de
um regime misto:

a. registram-se as receitas pelo regime de caixa (só podem


“contar” com os recursos quando eles efetivamente
entrarem nos cofres públicos);
b. registram-se as despesas pelo regime de competência
(são registradas todas as despesas quando elas ocorrem
empenho, independentemente do efetivo pagamento).

(4.4)
d emonstração do
r esultado do e xercício (dre)
82
A DRE é um resumo ordenado das receitas e das despesas
da empresa em determinado período (12 meses). É apre-
Fundamentos da contabilidade

sentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas


subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resul-
tado (lucro ou prejuízo).

Receita
(–) Despesa
Lucro ou Prejuízo

A DRE pode ser simples para micro e pequenas empre-


sas que não requeiram dados pormenorizados para a
tomada de decisão, como é o caso de bares, farmácias, mer-
cearias etc. Deve evidenciar o total de despesa deduzido
da receita, apurando-se, assim, o lucro, sem destacar os
principais grupos de despesas.
A DRE completa, exigida por lei, fornece maiores minú-
cias para a tomada de decisão: grupos de despesas, vários
tipos de lucro, destaque dos impostos etc. Assim:

DRE (simples) DRE (completa)


Receita Receita
(–) Despesa (–) Deduções
Lucro ou Prejuízo (–) Custos
(–) Despesas
(–)
(–)
Lucro ou Prejuízo

Importante:
A DRE é elaborada a partir da conta lucros e perdas. 83

Ela é uma demonstração financeira imprescindível para

Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)
a elaboração do BP (deve, inclusive, preceder o seu
levantamento). Normalmente o resultado do exercício
das empresas é apurado no final do ano civil. Sua
finalidade é melhor evidenciar o ganho, tendo em vista
as necessidades de informações do usuário externo, bem
como fornecer os dados essenciais à análise da formação
do resultado do exercício.

Como já vimos, para se apurar o resultado do exercício


de uma empresa, basta confrontar o total de despesas com
o total das receitas ocorridas em um determinado período.
Assim:

Receita
(–) Despesa
Lucro ou Prejuízo

Se as receitas forem maiores que as despesas, então


teremos lucro/superávit. Se as receitas forem menores que
as despesas, então teremos prejuízo/déficit.
A seguir, apresentamos a estrutura básica de uma DRE.

Empresa Z
demonstração do resultado do exercício
Período de 01.01 a 31.12.x1

Receita bruta
(–) Tributos incidentes sobre vendas
(–) Devoluções e abatimentos
(–) Descontos incondicionais
84 = Receita líquida
(–) Custo das mercadorias vendidas (se comércio)
Fundamentos da contabilidade

ou (–) Custo dos produtos vendidos (se indústria)


ou (–) Custo dos serviços prestados (se empresa prestadora de serviços)

= Resultado bruto
(+) Outras receitas operacionais
(–) Despesas operacionais
– Vendas
– Administrativas
– Financeiras líquidas (despesas – receitas financeiras)

= Resultado operacional
(+) ou (–) Resultado não operacional

= Resultado antes da contribuição social


(–) Provisão para a contribuição social

= Resultado antes do IR
(–) Provisão para o IR

= Resultado depois do IR
(–) Provisão para participação de debenturistas
(–) Provisão para participação dos empregados
(–) Provisão para participação dos administradores
(–) Provisão para participação de partes beneficiárias

= Resultado líquido do exercício


A preocupação na elaboração de um relatório contábil
é a riqueza de detalhes, sem complicação, no sentido de
propiciar um maior número de informações para a tomada
de decisões. Entendamos melhor:

a. Receita bruta – Inclui o total geral das vendas, sem


nenhuma dedução.

b. Receita líquida – Resulta da receita bruta deduzida


dos tributos incidentes sobre vendas – e se for o caso,
de eventuais vendas canceladas (devoluções) e abati-
mentos (descontos). Esses tributos são os impostos e
as taxas decorrentes da venda/prestação de serviços e
que variam proporcionalmente às vendas/faturamento
efetuadasa. Cumpre destacar que eles pertencem ao
governo, e a empresa é apenas uma intermediária que
arrecada tributos do consumidor e recolhe do governo
o resultado dessa arrecadação. Por isso, eles não devem
85
ser considerados como receita da empresa, mas como
recursos que transitam pelo caixa, razão pela qual são

Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)
deduzidos da receita bruta da empresa.

c. Resultado ou lucro brutob – É o valor que resulta da


dedução dos custos no período sobre a receita líquida.

a. Os Tributos Incidentes sobre as Vendas mais comuns


são: o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
a Contribuição para Financiamento da Seguridade
Social (Cofins) e o Programa de Integração Social
(PIS) – que são de competência federal; o Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
– de competência estadual –; bem como o Imposto
sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) – de com-
petência municipal.
b. O lucro bruto, após cobrir o custo de fabricação
do produto (ou custo da mercadoria adquirida para
revenda ou o custo do serviço prestado), é destinado
à remuneração das despesas operacionais – comer-
ciais (vendas), administrativas e financeiras – bem
como ao pagamento de impostos e à remuneração dos
proprietários da empresa (lucro líquido).
Os custos incluem somente os gastos da fábrica (gastos
de produção), incluindo matéria-prima, mão-de-obra,
depreciação de bens da fábrica, aluguel do imóvel,
conta de energia elétrica etc. No caso de uma empresa
comercial, conforme já vimos, consideramos o custo
das mercadorias vendidas; numa instituição de pres-
tação de serviços, considerarmos o valor da mão-de-
obra, acrescido do valor dos materiais utilizados na
prestação do serviço.

Receita líquida
(–) Custo das mercadorias vendidas
ou (–) Custo dos produtos vendidos
ou (–) Custo dos serviços prestados
= Resultado bruto

Lucro bruto é a diferença entre a venda de mercado-


86
rias e o custo da mercadoria vendida, sem considerar
as despesas administrativas, de vendas e financeiras.
Fundamentos da contabilidade

Para uma empresa prestadora de serviços, o raciocínio


é o mesmo: lucro bruto é a diferença entre a receita e o
custo do serviço prestado sem considerar as despesas
administrativas, de vendas e financeiras.
A expressão custo das vendas é bastante genérica,
devendo, por essa razão, ser especificada por setor na
economia:
▪▪ empresas industriais: custo do produto vendido
(CPV);
▪▪ empresas comerciais: custo da mercadoria vendida
(CMV);
▪▪ empresas prestadoras de serviços: custo dos servi-
ços prestados (CSP);
d. Resultado ou lucro operacional – Ao resultado bruto
são somadas outras receitas operacionais e, desse mon-
tante, são diminuídas as despesas operacionais, encon-
trando-se assim o resultado operacional. Quando ele é
positivo, denomina-se lucro operacional.

Resultado bruto
(+) Outras receitas operacionais
(–) Despesas operacionais
= Resultado operacional

Outras receitas operacionais são receitas marginais da


empresa, sem grande expressão, que não são conside-
radas como objetivo primário da empresa. Por exem-
plo: aluguéis de imóveis disponíveis temporariamente,
recuperações de impostos, recuperação de despesas
etc.
87
Despesas operacionais são aquelas necessárias para
vender mercadorias, produtos ou serviços, bem como

Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)
administrar a empresa e financiar as operações.
Portanto, são todas as despesas que contribuem para
a manutenção da atividade operacional da instituição.
Os principais grupos de despesas operacionais são:
▪▪ Despesas de vendas (ou comerciais): salários do pes-
soal de vendas, marketing e pesquisa de mercado,
distribuição, comissão sobre vendas, propaganda e
publicidade, despesas com garantia, promoções de
bonificações, fretes etc.
▪▪ Despesas administrativas: salários do pessoal admi-
nistrativo, encargos sociais, assistência médica,
aluguéis, energia elétrica, condomínio, seguros, des-
pesas de viagens, material de escritório, deprecia-
ção, impostos, remuneração da diretoria etc.
▪▪ Despesas financeiras: juros passivos, descontos con-
cedidos, despesas bancárias etc.
▪▪ Receitas financeiras: juros ativos, descontos obtidos.

e. Resultado antes da Contribuição Social – A Contribui-


ção Social incide sobre o lucro da empresa. Quando se
apura o exercício social, declaram-se 9% sobre o lucro
real apurado, quantia que é recolhida aos cofres públi-
cos, com o objetivo de atender ao auxílio-desemprego e
outras finalidades sociais. Portanto, o Resultado antes
da Contribuição Social refere-se ao resultado (lucro)
antes de calculado o referido tributo.

f. Resultado antes do Imposto de Renda – O IR incide


sobre o lucro da empresa. Quando se apura o exercício
social, declaram-se 15% sobre o lucro apurado ou pre-
sumido, quantia que é recolhida aos cofres públicos.

88
Portanto, calcula-se o valor do IR a pagar e deduz-se do
Lucro Antes do Imposto de Renda.
Fundamentos da contabilidade

g. Resultado depois do IR – Refere-se ao resultado antes do


IR deduzido do valor do Imposto de Renda Calculado.

h. Resultado ou lucro líquido do exercício – Consiste na


sobra pertencente aos proprietários ou à entidade. Após
a dedução do IR devido, faz-se as deduções das parti-
cipações previstas nos estatutos, como as de emprega-
dos, de administradores etc. A sobra líquida é a parcela
à disposição dos sócios ou acionistas.

Os proprietários decidem a parcela do lucro líquido


que ficará retida na empresa (reservas) e a parte que será
distribuída aos donos do capital (dividendos). A distribui-
ção do lucro será evidenciada na DLPA, e a indicação do
montante do lucro ou prejuízo líquido por ação é obriga-
tória por força do disposto no art. 187, inciso VII, da Lei n°
6.404/762.
Como regra geral, a administração tem ampla liber-
dade quanto à destinação dos resultados apurados, desde
que aprovada pelos sócios ou acionistas. O lucro do exer-
cício pode ser utilizado para aumentar o capital social da
empresa (reserva de capital), constituir as reservas de lucros,
compensar prejuízos acumulados ou ser distribuí­do (divi-
dendos). Nas sociedades anônimas, entretanto, parte do
lucro terá como destinação obrigatória a constituição da
reserva legal e a distribuição de dividendos.

(4.5)
r eservas de lucros
89
Segundo Marion3, as reservas de lucros são acréscimos

Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)
ao Patrimônio Líquido que, quase sempre, são utilizadas
para aumento de capital social. São reservas constituídas
pela apropriação de lucros da companhia (conforme a Lei
6.404/76), podendo assumir as seguintes características:

a. Reserva legal: do lucro líquido do exercício, 5% serão


aplicados, antes de qualquer outra destinação, na cons-
tituição da reserva legal (que não poderá exceder o
valor de 20% do capital social). Essa reserva tem por
finalidade assegurar a integridade do capital social e
somente será utilizada para compensar eventuais pre-
juízos ou aumentar o capital social.

b. Reservas estatutárias: são aquelas previstas no esta-


tuto, sendo que a empresa pode prevê-las ou criá-las,
desde que:
▪▪ identifique, de modo preciso e correto, a sua finali-
dade;
▪▪ fixe os critérios de determinação da parcela anual do
lucro líquido que será destinada à sua constituição;
▪▪ estabeleça o limite máximo da reserva.
Existem várias modalidades de reservas estatutárias, e,
entre elas, podemos citar as constituídas para aumento
de capital social, reembolso de ações a acionistas dissi-
dentes, resgate ou amortização de ações.

c. Reserva para contingências: refere-se à destinação de


parte do lucro líquido apurado no exercício para a for-
mação de uma reserva, cuja finalidade é compensar,
futuramente, a diminuição do lucro decorrente de per-
das prováveis e mensuráveis monetariamente.

d. Reserva para plano de investimentos: é constituída


pela retenção de parcela do lucro líquido do exercício,
90
para suportar os investimentos discriminados no orça-
mento de capital da companhia.
Fundamentos da contabilidade

e. Reserva de lucros a realizar: com a Lei 10.303/014, fica


assegurado o cálculo da reserva de lucros a realizar
apenas para pagamento de dividendo obrigatório.

(4.6)
dre inovada
É comum observarmos atualmente relatórios contábeis
com a expressão Ebitda.
Ebtida em inglês é identificado como Earning Before
Interest, Taxes, Depreciation and Amortization. Em português
é chamado popularmente de Lajida – “lucro antes dos
juros”, “impostos”, “depreciação” e “amortização”.
De certa forma, Ebitda é o lucro operacional ajustado.
Observe a comparação de uma DRE tradicional e uma DRE
inovada com Ebitda de uma empresa comercial.

DRE Tradicional DRE Inovada

Receita 1.600.000 Receita 1.600.000


(–) CMV (800.000) (–) CMV (800.000)
Lucro bruto 800.000 Lucro bruto 800.000
(–) Desp. operacionais (–) Desp. vendas (200.000)
Vendas (200.000) (–) Desp. administrativas (290.000)
Administrativas* (350.000) Ebitda 310.000
Financeiras (50.000) (–) Depreciação (60.000)
Lucro operacional 200.000 (–) Desp. financeiras (50.000)
(–) IR e Contr. Social (48.000) Lucro operacional 200.000
Lucro líquido 152.000 (–) IR e Contr. Social (48.000)
Lucro líquido 152.000

* Incluída a depreciação.
91

Segundo Marion5, o Ebitda abrange todos os compo-

Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)
nentes operacionais (despesa e receita financeira não são
operacionais) e os componentes com potencial de afetar o
caixa (depreciação não afeta o caixa), evidenciando a capa-
cidade da empresa em gerar recursos considerando seu
negócio.
(.)
p onto final
A DRE pode ser considerada a mais importante demons-
tração da dinâmica patrimonial, pois é capaz de mostrar a
receita bruta da entidade (vendas ou serviços prestados), o
custo dessas receitas e demais despesas operacionais, evi-
denciando o lucro bruto e o lucro operacional. Demonstra,
ainda, outras receitas e despesas não operacionais, para
evidenciar o lucro obtido em determinado período de
tempo, normalmente um exercício social, em função da
exploração das atividades da empresa. Sua finalidade bá-
sica, portanto, é descrever a formação do resultado gerado
no exercício, mediante especificação de receitas, custos e
despesas por natureza dos elementos componentes, até o
resultado líquido final – lucro ou prejuízo. Sentiu a rele-
92
vância desse capítulo?
Fundamentos da contabilidade

Várias técnicas de análise de demonstrações contábeis


(mais conhecidas como Análise de Balanços) foram desen-
volvidas com o intuito de transformar os dados constan-
tes nos relatórios contábeis (principalmente no BP e DRE)
em informações para ajudar ainda mais no processo deci-
sório da organização. As técnicas de análise horizontal e
vertical se complementam e nos dão uma visão da evolu-
ção da empresa no tempo e da composição da sua estru-
tura patrimonial. Os quocientes contábeis e financeiros,
outra técnica de análise, possibilitam-nos mensurar liqui-
dez, rentabilidade, endividamento, rotatividade (estoques,
contas a pagar, contas a receber, giro do ativo etc.), entre
outros. Relacionamos a seguir duas sugestões bibliográfi-
cas acerca do tema análise das demonstrações contábeis.
Indicações culturais

RIBEIRO, Osni Moura. Estrutura e análise de balanços: fácil.


São Paulo: Saraiva, 2004.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos; LOPES,


Christianne Calado V. de Melo. Curso de contabilidade para
não contadores: para as áreas de administração, economia,
direito, engenharia. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.

atividades
1. Responda às questões a seguir:
a. Qual a finalidade da DRE?
b. O que você entende por despesas? Dê três exemplos.
c. Diferencie despesas e custos.
d. O que você entende por receitas? Dê três exemplos. 93
e. Como podemos saber quando as contas referentes a alu-

Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)
guel, juros e descontos representam receitas ou despesas?
f. Diferencie regime de caixa e regime de competência.
g. O que são reservas? Dê exemplos.

2. Complete as lacunas:
a. As contas patrimoniais são aquelas que representam
o da empresa num dado momento,
através do BP e se dividem em ,
, e .
b. As contas de resultado são aquelas que permitem apu-
rar o do exercício e se dividem em
e .
3. Elabore a DRE da empresa Imperatore & Brum Ltda.,
dezembro/2007, cujos dados estão transcritos a seguir
(valores em reais):
▪▪ Vendas: 2.500.000; ICMS sobre vendas: 450.000;
▪▪ PIS sobre faturamento: 16.000; Cofins sobre fatura-
mento: 75.000;
▪▪ Devoluções: 24.000; Custo das mercadorias vendidas:
1.350.000;
▪▪ Fretes: 30.000; Comissões: 12.000; Propaganda e publi-
cidade: 20.000;
▪▪ Juros passivos: 5.000; Juros ativos: 1.100;
▪▪ Aluguéis passivos: 12.000; Salários: 36.000; Encargos
sociais: 14.400;
▪▪ Material de expediente: 4.100; depreciação: 6.000;
▪▪ Provisão para a Contribuição Social (9%): 40.194;
▪▪ Provisão para o Imposto de Renda (15%): 66.990;
▪▪ Provisão para participação dos empregados: 20.000;
94
▪▪ Provisão para participação dos administradores: 20.000.
Fundamentos da contabilidade
(5)

e scrituração contábil
Simone Loureiro Brum Imperatore

( )

l embras das técnicas da contabilidade? São


elas: escrituração, demonstrações contábeis, auditoria e
perícia, análise e interpretação das demonstrações contá-
beis. Neste capítulo estudaremos a escrituração, técnica
contábil que consiste no registro de todos os fatos admi-
nistrativos que acontecem no dia-a-dia das empresas em
livros próprios (Razão, Diário, Caixa, Contas Correntes
etc.). Nosso estudo centra-se nos dois principais livros:
Diário e Razão. Bom estudo!
Neste capítulo abordaremos os seguintes assuntos:

▪▪ conceito de escrituração;
▪▪ atos e fatos administrativos;
▪▪ livros utilizados na escrituração;
▪▪ contas;
▪▪ plano de contas;
▪▪ método de escrituração;
▪▪ lançamentos;
▪▪ erros de escrituração.

(5.1)

98
c onceito de escrituração
Fundamentos da contabilidade

Conforme já dissemos, escrituração é uma técnica que con-


siste em registrar nos livros próprios todos os fatos admi-
nistrativos que ocorrem na empresa. Mas e o que são fatos
administrativos?

Atos e fatos administrativos

Atos administrativos são aqueles que ocorrem na empresa


e que não provocam alterações em seu patrimônio. Por
exemplo: assinatura de um contrato de compra e venda,
assinatura de um contrato de seguros, admissão de um
empregado, fiança em favor de terceiros etc. Por não pro-
vocarem modificações no patrimônio, os atos administra-
tivos não precisam ser registrados.
Entretanto, alguns atos administrativos podem provo-
car alterações futuras no patrimônio da empresa. Por esse
motivo, devem ser registrados através das chamadas con-
tas de compensação. Por exemplo: seguros contratados, bens
recebidos em comodato, avais concedidos etc.
Os fatos administrativos são aqueles que provocam
modificações no patrimônio, sendo, portanto, objeto de
contabilização através das contas patrimoniais e/ou das
contas de resultado, podendo ou não alterar o patrimônio
líquido. Podem ser classificados em três grupos:

a. Fatos permutativos, qualitativos e compensativos:


representam trocas entre os elementos Ativos, Passivos
ou entre ambos simultaneamente, sem provocar varia-
ções no patrimônio líquido. Por exemplo: compra de
mercadoria para revenda à vista, pagamento de dupli-
cata, depósito em conta-corrente, compra a prazo de
um computador.
b. Fatos modificativos ou quantitativos: provocam varia- 99
ções no patrimônio líquido (aumentam ou diminuem,

Escrituração contábil
portanto, envolvem contas de resultado – receitas e des-
pesas). Por exemplo: recebimento de aluguéis (Ativos),
pagamento de seguro, pagamento de condomínio etc.
c. Fatos mistos: envolvem, ao mesmo tempo, fatos per-
mutativos e modificativos (contas patrimoniais e de
resultado). Por exemplo: pagamento de duplicatas com
juros, recebimento de duplicatas com desconto, paga-
mento de empréstimo com juros etc.

(5.2)
l ivros de escrituração
São muitos os livros de escrituração utilizados pelas enti-
dades. A quantidade e a espécie variam em função do porte,
da forma jurídica e do ramo de atividade exercido por elas.
Por exemplo: Livro Diário, Razão, Contas Correntes, Livro
Caixa, Livro Registro de Duplicatas, Livro de Apuração do
Lucro Real (Lalur), Registro de Entradas, Registro de Saí-
das, Registro de Inventário, Registro de Apuração do ICMS,
Registro de Apuração de ISS, Atas do Conselho de Admi-
nistração, Pareceres do Conselho Fiscal, Atas das Assem-
bléias Gerais etc.
Como já mencionamos, vamos estudar os dois princi-
pais livros, utilizados para o registro de todos os eventos
do dia-a-dia das entidades, os Livros Diário e Razão.

Livro Diário

O Livro Diário é um livro obrigatório (exigido por lei) em


todas as empresas. Registra os fatos contábeis em ordem
100
cronológica (dia, mês e ano). A legislação determina que
deve ser encadernado com folhas numeradas, conter ter-
Fundamentos da contabilidade

mos de abertura e encerramento e ser submetido à autenti-


cação do órgão competente do Registro do Comércio (Junta
Comercial).
Os requisitos básicos de um Livro Diário são:

a. data da operação (transação);


b. título da conta de débito e da conta de crédito;
c. valor do débito e do crédito;
d. histórico (dados fundamentais sobre a operação
registrada).

Observe um exemplo de Livro Diárioa:

a. Não se preocupe em entender o registro, teremos


tempo para isso. A ilustração do modelo de Livro
Diário é só para facilitar a sua compreensão.
Data Títulos das contas e Código da Débito Crédito
histórico conta*

02/12/2007 Banco conta 1.1.1.02.001 500,00 500,00


corrente
1.1.1.01
Caixa
Depósito no banco do
Brasil conforme recibo
7544.

* Definido de acordo com o plano de contas da empresa.

Livro Razão

O Razão também é um livro obrigatório (que foi durante


muito tempo facultativo). Consiste no agrupamento de
valores em contas individualizadas. Por exemplo: abre-se
101
uma conta banco conta corrente e nela se registram todas
as operações que lhe afetem (abre-se subcontas para cada

Escrituração contábil
banco em que a empresa tiver conta), debitando-se ou cre-
ditando-se esta conta e, a qualquer momento, verificando
seu saldo. A mesma coisa para cada um dos elementos
patrimoniais: caixa, mercadorias, duplicatas a receber etc.
Observe um exemplo de Livro Razão:

Conta: Caixa Código: 1.1.1.01 (Plano de contas)

Data Histórico Débito Crédito Saldo (D/C)

02/01/2008 Saldo D 4.300,00


anterior

02/01/2008 Pagamento 1.100,00 D 3.200,00


duplicatas

03/01/2008 Compra 1.800,00 D 1.400,00


computador

03/01/2008 Recebimento 2.500,00 D 3.900,00


de duplicatas
Começamos a entender o funcionamento das contas.
No caso da conta Caixa, a cada saída de dinheiro (desem-
bolso), a conta é creditada (coluna do crédito) e seu saldo
diminui; a cada ingresso (entrada) de dinheiro, a conta é
debitada e seu saldo aumenta. Mas não se preocupe, em
breve estudaremos o funcionamento das contas patrimo-
niais (bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido) e
das contas de resultado. Inicialmente vamos nos deter um
pouco mais na conceituação de contas e plano de contas.

(5.3)
c ontas
102

Conta, em contabilidade, é o nome técnico atribuído aos


Fundamentos da contabilidade

componentes patrimoniais (bens, direitos, obrigações e


patrimônio líquido) e aos elementos de resultado (recei-
tas e despesas). É através das contas que a contabilidade
consegue desempenhar seu papel, pois todos os fatos
administrativos (compras, vendas, recebimentos etc.) são
registrados nos livros próprios através das contas.

Plano de contas

O plano de contasb é o agrupamento ordenado de todas as


contas que são utilizadas pela contabilidade em determi-
nada empresa. Portanto, o elenco de contas considerado é
indispensável para o registro de todos os fatos contábeis.
Salientamos que, cada empresa, de acordo com atividade
e tamanho (micro, pequena, média ou grande), deve ter o

b. No sexto capítulo apresentamos um modelo de


plano de contas.
seu próprio plano de contas contemplando as especificida-
des de seu porte/ramo de atividade.
O elenco de contas e o grau de pormenores num plano
de contas dependem do volume e da natureza dos negó-
cios de uma empresa. Entretanto, na estruturação do plano
de contas, devem ser considerados os interesses dos usuá-
rios (gerentes, proprietários, governo, banco etc.).

(5.4)
método de escrituração
O método utilizado para o registro dos fatos contábeis
103
chama-se método das partidas dobradas. Ele foi desenvolvido
pelo Frei Luca Pacioli, na Itália, no século XV e até hoje é

Escrituração contábil
universalmente aceito. Sua adoção permite o controle de
todos os componentes patrimoniais bem como das varia-
ções do patrimônio líquido, que podem resultar em lucro
ou prejuízo.
O método consiste no fato de que, para qualquer ope-
ração (registro), débito(s) e crédito(s) têm igual valor. Em
outras palavras, não há débitos sem créditos corresponden-
tes, ou seja, aplicações e origens. Por meio desse método, as
operações são registradas inicialmente no Livro Diário e,
posteriormente, no Livro Razão.

Lançamento

Lançamento é o meio pelo qual se processa a escrituração


contábil. É a forma de se processar o registro dos fatos no
Livro Diário. Tem como elementos essenciais (os mesmos
do Livro Diário):
a. local e data de ocorrência do fato;
b. conta(s) a ser debitada(s);
c. conta(s) a ser creditada(s);
d. histórico;
e. valor.

Débito e crédito

Débito na linguagem comum significa “dívida”, “situação


negativa”, “estar em débito com alguém”, “estar devendo
para alguém” etc. Crédito significa “ter crédito com alguém”,
“situação positiva”, “poder comprar a prazo”.
Na terminologia contábil, o significado não é esse.
Vejamos:

104 a. Na representação gráfica do BP (em forma de T), no


lado esquerdo, é apresentado o débito e, no lado direito,
Fundamentos da contabilidade

o crédito;
b. Em relação às contas de resultados, despesas (e custos)
são apresentadas no lado esquerdo (portanto, do débito)
e, receitas, no lado direito (portanto, do crédito).
A representação gráfica do balanço fica assim:

Débito Crédito

Bens e direitos (Ativo) Obrigações (Passivo)


Patrimônio Líquido
Despesas (e custos) Receitas

Para entender melhor, você precisa saber que todo fato


administrativo ocorre em forma de troca, sendo envolvi-
dos pelo menos dois elementos que possuem valores idên-
ticos (débito e crédito). Assim, um dos recursos representa
a origem (crédito), e o outro a aplicação (débito), ou seja,
onde a empresa investiu esse valor. Dessa forma, temos:
▪▪ Aplicação dos recursos = débito
▪▪ Origem dos recursos = crédito

Regras gerais:
▪▪ todo aumento de Ativo e despesas: debita-se;
▪▪ todo aumento de Passivo, patrimônio líquido e
receitas: credita-se;
▪▪ toda diminuição de Ativo: credita-se;
▪▪ toda diminuição de Passivo e patrimônio líquido:
debita-se;
▪▪ despesas são creditadas apenas para correção de erros
de lançamentoc e/ou quando da apuração do resultado
do exercício;
▪▪ receitas são debitadas apenas para correção de erros de
lançamento e/ou quando da apuração do resultado do 105

exercício.

Escrituração contábil
Como elaborar um lançamento

Vejamos o seguinte exemplo: Compra de um automóvel,


Fiat, modelo Uno 1.0, ano 2007, conforme Nota Fiscal nº
2345, de Automóveis Ltda. no valor de R$ 18.000,00, pago
com cheque nº 353012, do Banco do Brasil S/A.
Para registrar tal fato no Livro Diário, você precisa
identificar os cinco elementos essenciais que compõem o
lançamento. Para tanto, siga os passos:

▪▪ 1º Passo: identificar o local e a data da ocorrência do


fato. O local é a cidade em que a empresa está estabele-
cida e a data é a constante no documento comprobatório

c. A correção de erros de lançamento chama-se estorno,


mecanismo que estudaremos no próximo tópico.
da ocorrência do fato (no caso, a Nota Fiscal). Para fins
didáticos, considere sempre a sua cidade e a data em
que estiver estudando.

▪▪ 2º Passo: identificar os elementos envolvidos no lança-


mento, que são: automóvel e banco (pagamento com
cheque).

▪▪ 3º Passo: identificar as contas que serão utilizadas


para registrar os elementos envolvidos no fato. Para
tanto, defina as contas a serem usadas (no capítulo 6
você pode consultar um plano de contas completo).
Observe que se o elemento for um bem ou direito, será
encontrado no Ativo, se for uma obrigação ou patri-
mônio líquido, no Passivo e, se for despesa ou receita,
106 nas contas de resultado. Por exemplo, se uma empresa
está comprando um automóvel e pagando com cheque
Fundamentos da contabilidade

do Banco do Brasil (banco conta movimento), have-


rão duas contas envolvidas: veículo (aplicação) e banco
conta movimento – Banco do Brasil (origem).

▪▪ 4º Passo: identificar a conta que será debitada e a conta


que será creditada. Após identificadas as contas a serem
utilizadas no lançamento, precisamos saber qual delas
será debitada e qual será creditada. Para isso, precisa-
mos seguir as regras gerais estudadas anteriormente.
Assim:
a. Veículo, conta de Ativo, aumentou o saldo (compra),
debita-se;
b. Banco conta movimento – Banco do Brasil, conta de
Ativo, diminuiu o saldo (quando se emite um che-
que, diminui o saldo), credita-se.

▪▪ 5º Passo: preparar o histórico do lançamento. O histó-


rico consiste na narração do fato ocorrido, devendo con-
ter ao menos o número e a espécie de documento que
comprovam a operação, o nome da pessoa ou empresa
com quem se transaciona e a identificação da “coisa”
transacionada. Admite-se a utilização de abreviaturas
no histórico contábil. Algumas mais comuns são:
▪▪ Cfe. = Conforme
▪▪ Ch. = Cheque
▪▪ Dep. = Depósito
▪▪ Dp. = Duplicata
▪▪ Fat. = Fatura
▪▪ NF = Nota Fiscal
▪▪ N/ = Nosso, nossa, nesse
▪▪ Pg. = Pago
▪▪ Ref. = Referente
▪▪ Transf. = Transferência
▪▪ Vl. = Valor

Assim, o lançamento deve ser escriturado no Livro


Diário:

Data Títulos das contas e Código Débito Crédito


histórico da Conta

10/01/2008 Veículo 1.3.2.04 18.000,00

Banco conta movimento –


Banco do Brasil S.A. 1.1.1.02.001 18.000,00
Valor ref. compra de um veículo
Fiat, modelo Uno 1.0, conforme
NF 2345, de Automóveis Ltda.,
pago com Ch nr. 353012

Mais um exemplo? Vamos lá: compra de um compu-


tador Dell, de Byte On Ltda., no valor de R$ 1.600,00, con-
forme Nota Fiscal nº 3458, com financiamento pelo Banco
do Brasil em 10 meses.
Data Títulos das contas e Código da Débito Crédito
histórico conta

10/01/2008 Máquinas, equipamentos e 1.3.2.03 1.600,00


ferramentas

Financiamentos a pagar –
2.1.1.1 1.600,00
Banco do Brasil S.A.
Valor ref. compra de um compu-
tador, marca Dell, nº de série
ISR122344, de Byte e On Ltda.,
conforme NF 3458, financiado
pelo Banco do Brasil S.A. –
Proger Urbano em 10 parcelas
mensais e sucessivas

Fórmulas de lançamentos

Há fatos que envolvem mais de duas contas, daí a existên-


cia de quatro fórmulas de lançamentos. Preste atenção:

1ª fórmula

Esse você já conhece, envolve uma conta no débito e uma


conta no crédito.

Data Títulos das contas e Código Débito Crédito


histórico da conta

10/01/2008 Imóveis 1.3.2.01 32.000,00

Banco conta movimento –


Banco do Brasil 1.1.1.02 32.000,00
Compra de uma sala comercial,
de Imobiliária Bons Negócios
Ltda., conforme escritura
pública nº 887655, lavrada no
1º. Tabelionato. Pagamento com
Ch. 353013
2ª fórmula

Aparecem, no mesmo lançamento, uma só conta no débito


e mais de uma no crédito:

Data Títulos das contas e Código da Débito Crédito


histórico conta

10/01/2008 Veículo 1.3.2.04 18.000,00

Caixa 1.1.1.01 1.800,00

Financiamentos a pagar –
Banco do Brasil S.A. 2.1.1.1 16.200,00
Valor ref. compra de um veículo
Fiat, modelo Uno 1.0, conforme
NF 2346, de Automóveis Ltda.,
entrada de R$ 1.800,00 e o res-
tante financiado pelo Banco do
Brasil S.A. em 12 parcelas men-
sais e sucessivas

3ª fórmula

Aparecem no lançamento mais de uma conta no débito e


uma só no crédito:

Data Títulos das contas e Código da Débito Crédito


histórico conta

10/01/2008 Caixa 1.1.1.01 3.100,00

Banco conta movimento


Banco do Brasil S.A. 1.1.1.02 1.100,00
Depósito em dinheiro conforme
recibo 123

Fornecedores 2.1.3 2.000,00


Pagamento duplicata 3456 de
Vicente Dutra Ltda.
4ª fórmula

Aparecem no lançamento mais de uma conta no débito e


mais de uma conta no crédito:

Data Títulos das contas e Código da Débito Crédito


histórico conta

10/01/2008 Móveis e utensílios 1.3.2.02 180,00


Compra de uma mesa para com-
putador de Byte On Ltda., NF
34567

Material de expediente 1.1.5.02 250,00


Compra de papel e Cia. Ltda.

Caixa 1.1.1.01 180,00


Pagamento em dinheiro NF
34567 de Byte On Ltda.

Fornecedores 2.1.3 250,00


Papel e Cia., duplicata 345796,
com vencimento para 02/02

O melhor agora é partirmos para a prática!!!


Tenha sempre em mãos o plano de contas e atenção às
regras gerais.

(5.5)
e rros de escrituração
A escrituração deve ser completa, realizada em moeda
corren­te e idioma nacionais, com individualização e clareza,
em ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em
branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras e emendas.
Erros cometidos são corrigidos por meio de lançamento de
estorno, que retifica sem apresentar rasuras no Diário.
Os erros mais comuns são os de valores lançados a
maior ou a menor, troca de uma conta por outra, inversão de
contas, omissão de lançamentos e lançamentos duplicados.
Os modos de correção são: estorno do lançamentod, lança-
mento complementar e lançamento retificativo. Nos itens a
seguir, veremos cada um desses modos de correção.

Valores lançados a menor

Considere que uma empresa pagou a duplicata de Irmãos


Andres Ltda. nº 8765, no valor de R$ 700,00. Ao registrar o
referido pagamento, o contador, inadvertidamente, regis-
trou o valor de R$ 600,00. As correções podem ser feitas da
seguinte forma:

a. estornar o lançamento e registrar corretamente;


b. efetuar um lançamento complementar.

Lançamento errado

Data Títulos das contas e Código da Débito Crédito


histórico conta

07/01/2008 Fornecedores 600,00

Caixa 600,00
Pagamento duplicata nº 8765
de Irmãos Andres Ltda.

Correção 1: estornar o lançamento e registrar corre­tamente

Fazendo o livro Razão dessas duas contas – do lançamento


errado e do estorno –, você perceberá que anulou o lan-
çamento errado, cabendo, após isso, realizar o registro
corretamente.

d. Estornar significa “lançar ao contrário”, anulando o


lançamento errado.
Data Títulos das contas e Código da Débito Crédito
histórico conta

08/01/2008 Fornecedores 600,00

Caixa 600,00
Pagamento duplicata 8765 de
Irmãos Andres Ltda.
Estorno do lançamento efetu-
ado a menor em 07/01/2008,
referente ao pagamento de
duplicata nº 8765, de Irmãos
Andres Ltda.

08/01/2008 Fornecedores 600,00

Caixa 600,00
Registro correto paga-
mento duplicata 8765 de
Irmãos Andres Ltda. paga em
07/01/2008

Correção 2: lançamento complementar

Data Títulos das contas e Código da Débito Crédito


histórico conta

08/01/2008 Fornecedores 100,00

Caixa 100,00
Complemento do lança-
mento efetuado a menor em
07/01/2008 referente ao paga-
mento duplicata 8765 de Irmãos
Andres Ltda.

Valores lançados a maior

Considere que uma empresa pagou impostos no valor


de R$ 758,00 e, ao registrar, o contador lançou R$ 785,00.
Podemos corrigir esse erro com um lançamento de estorno
ou um lançamento retificativo (apenas pela diferença). Já
sabemos fazer estorno total, então veremos somente o
exemplo do lançamento retificativo.

Lançamento errado

Data Títulos das contas Código Débito Crédito


e histórico da conta

08/01/2008 PIS a Pagar 785,00

Caixa 785,00
Pagamento PIS

Correção: lançamento retificativo

Veja, o valor registrado a maior é de R$ 27,00 (785,00


– 758,00), então basta fazer um estorno parcial, pela dife-
rença para não precisar fazer dois novos lançamentos
(estorno total e registro correto). Faça o razão das contas e
verifique se o saldo fica correto.

Data Títulos das Contas Código Débito Crédito


e Histórico da Conta

08/01/2008 Caixa 27,00

PIS a pagar 27,00


Estorno de parte do lança-
mento efetuado a maior em
07/01/2008, ref. a pagamento
de PIS.

Troca de uma conta por outra

A empresa compra um veículo e na hora do registro o con-


tador registra como móveis e utensílios. A correção pode
ser feita através de estorno e registro correto ou estorno
parcial (apenas da conta lançada incorretamente). Vamos
fazer um estorno parcial.

Lançamento incorreto

Data Títulos das contas Código da Débito Crédito


e histórico conta

07/01/2008 Móveis e utensílios 15.000,00

Caixa 15.000,00
Compra de um veículo Fiat
Uno, ano 2005, NF 6543 de
Seminovos Ltda

Estorno parcial

Data Títulos das contas e Código da Débito Crédito


histórico conta

07/01/2008 Veículos 15.000,00

Móveis e Utensílios 15.000,00


Transferência entre contas
tendo em vista lançamento
indevido em 07/01/2008, ref. a
compra de um automóvel, NF
6543 de Seminovos Ltda.

Inversão de contas, duplicidade


e omissão de lançamentos

Outros erros comuns são a inversão de contas (debita-se


a conta que deveria ser creditada e vice-versa) e a dupli-
cidade de lançamentos (lança-se duas vezes o mesmo fato
contábil). Em ambas as situações, procede-se o estorno total
do lançamento incorreto, seguido do lançamento corre­to
no caso da inversão de contas.
No que se refere à omissão de lançamentos (o não-re-
gistro de um fato contábil na data correta), procede-se o
registro na data em que se verificou a omissão, mencio-
nando no histórico o motivo e a data correta do evento.
Quando a omissão implicar a falta de recolhimento de
impostos, a empresa deve providenciar os respectivos
recolhimentos, espontaneamente, acrescidos dos encargos
correspondentes.

(.)
p onto final
115
Muitos detalhes? Não se assuste, encare a escrituração
como um “jogo”; memorize as regras, siga os passos com

Escrituração contábil
atenção, use o plano de contas (sexto capítulo) e vença mais
esse desafio! Lembre-se de que a escrituração contábil é
obrigatória para todas as empresas, independentemente
de segmento ou porte, além de ser a base da formatação
dos relatórios contábeis que utilizarás no dia-a-dia da
empresa, daí a necessidade de conheceres sua mecânica.
Bons estudos.

Indicação cultural

PORTAL DA CONTABILIDADE. Disponível em: <http://


www.portaldecontabilidade.com.br/guia/estornoseretifi-
clanc.htm>. Acesso em: 7 maio 2008.

Para entender a dinâmica de correção de lançamentos,


consulte este portal. Os erros de escrituração devem ser
corrigidos mediante retificação de lançamento através de
estorno, complementação e transferência.
atividades
Registre os seguintes fatos contábeis (não se preocupe com
o código das contas):

1. Compra de três armários de aço, à vista, conforme Nota


Fiscal 213, de Byte On Ltda., no valor de R$ 730,00.
2. Saque no Banco do Brasil, para reforço de caixa, no valor
de R$ 500,00.
3. Pagamento de duplicata nº 8769, de Cia. da Luz, no valor de
R$ 330,00, com juros de R$ 6,00 pelo atraso.
4. Recebimento de duplicata nº 653, de Diniz Alfredo, no
valor de R$ 650,00, com juros de R$ 23,00 pelo atraso.
5. Pagamento de financiamento no Banco do Brasil S.A., no
116 valor de R$ 1.300,00.
6. Pagamentos diversos (em dinheiro) conforme recibos:
Fundamentos da contabilidade

a. Salários: R$ 1.400,00
b. INSS: R$ 420,00
c. Aluguel de imóveis: R$ 1.000,00
7. Depósito no Banco do Brasil S.A., conforme recibo nº 23456,
R$ 3.000,00.
8. Compra de móveis para uso, a prazo, de Comercial de
Móveis Ltda., Nota Fiscal nº 230, no valor de R$ 3.000,00.
Entrada de R$ 1.000,00 com cheque nº 353.014, do Banco do
Brasil S.A.
9. Compra à vista de mercadorias, de Atacadista Bom
Princípio, no valor de R$ 1.000,00, Nota Fiscal nº 125678,
cheque nº 123126.
10. Compra de mercadorias a prazo, no valor de R$ 2.500,00,
Nota Fiscal Fatura nº 19876, de Atacadista Varejão Ltda.
11. Venda de mercadorias à vista (clientes diversos conforme
cupons fiscais) no valor de R$ 1.800,00. Preço de custo das
mercadorias vendidas: R$ 880,00.
12. Venda de mercadorias a prazo a Lins Ltda. no valor de R$
2.100,00. Houve aceite, no ato, de três duplicatas no valor
de R$ 700,00 cada, nº 765, 766 e 767, com vencimento para
30, 60 e 90 dias, respectivamente. Preço de custo das mer-
cadorias vendidas: R$ 900,00.
13. Recebimento em dinheiro de duplicata nº 654, de Martins
Viana, no valor de R$ 540,00, com desconto de R$ 23,00
pelo pagamento antecipado.
14. Pagamento de duplicata 897, de Tarrago Nunes Ltda., no
valor de R$ 1.000,00, com desconto de R$ 18,00 pelo paga-
mento antecipado. A referida duplicata foi paga com che-
que do Banco do Brasil S.A., nº 353.020.
15. Compra de mercadorias à vista de Mercedes e Cia. Ltda., no

valor de R$ 1.800,00, com desconto de R$ 60,00. Pagamento


com cheque nº 353.021, do Banco do Brasil S.A. 117

16. Recebimento de aluguel de sala comercial de Calçados

Escrituração contábil
Bom Passo Ltda., no valor de R$ 700,00.
(6)

plano de contas
Simone Loureiro Brum Imperatore

( )

u m plano de contas deve registrar as con-


tas que serão movimentadas pela contabilidade em decor-
rência das operações da empresa ou, ainda, contas que,
embora não movimentadas no presente, podem ser utiliza-
das no futuro. Assim, quando um contador planeja o agru-
pamento de contas para uma indústria de eletrodomés-
ticos, por exemplo, no que tange a impostos, incluirá as
contas ICMS a recolher, IPI a recolher e, se houver expec-
tativa de a empresa prestar serviços de assistência técnica
num futuro próximo, ainda, o ISS a recolher.
Na prática, o plano de contas sistematiza e padroniza
os registros contábeis, uniformizando a nomenclatura a ser
utilizada nos registros – um único título para cada conta
evita que pessoas ligadas ao setor contábil registrem um
mesmo fato e operação de formas diferentes. Ele é codifi-
cado de forma racional, o que facilita a contabilização por
meio de processos eletrônicos ou mecânicos.

(6.1)
122 modelo de plano de contas
Fundamentos da contabilidade

Segundo Ribeiro1, o plano de contas é um conjunto de con-


tas, diretrizes e normas que disciplinam as tarefas do Setor
de Contabilidade, objetivando a uniformização dos regis-
tros contábeis. É um guia que norteia os trabalhos contá-
beis de registro de fatos e atos inerentes à entidade, além de
servir de parâmetro para a elaboração das demonstrações
contábeis, constituído de um elenco de contas, manual das
contas (comentários e indicações do funcionamento de cada
conta – para que serve, o que deve conter e outras infor-
mações sobre critérios gerais de contabilização) e modelos
padronizados de demonstrações contábeis. Entretanto, de
acordo com os interesses de cada empresa, o plano de con-
tas pode conter outras informações complementares.
Seu principal objetivo é normatizar o registro das ope-
rações da organização e, na sua estruturação, devem ser
levados em conta três objetivos fundamentais:

a. atender às necessidades de informação da administra-


ção da empresa;
b. observar um formato compatível com os princípios da
contabilidade e com a norma legal de elaboração do
balanço patrimonial e das demais demonstrações con-
tábeis (Lei nº 6.404/762);
c. adaptar-se tanto quanto possível às exigências de agen-
tes externos, principalmente às da legislação do IR.

Neste capítulo, apresentamos um modelo de plano


de contas voltado exclusivamente para o elenco de con-
tas. Feitas as devidas adaptações, você pode utilizá-lo
em empresas industriais, comerciais ou prestadoras de
serviços. Partindo desse modelo e após verificar as reais
necessidades da empresa, o profissional eliminará contas
123
excessivas, incluirá outras que se revelarem necessárias,
bem como adotará codificação e subdivisões que se mos-

Plano de contas
trarem mais convenientes.

1 ATIVO

1.1 Ativo circulante

1.1.1 Disponível
1.1.1.01 Caixa
1.1.1.01.001 Caixa geral
1.1.1.01.003 ...
1.1.1.02 Bancos conta movimento
1.1.1.02.001 Banco do Brasil S.A.
1.1.1.03 Aplicações financeiras de liquidez imediata

1.1.2 Clientes
1.1.2.01 Duplicatas a receber
1.1.2.01.001 Nome do cliente
1.1.2.02 (–) Duplicatas descontadas

1.1.3 Outros créditos


1.1.3.01 Bancos conta vinculada
1.1.3.01.001 Banco Itaú
1.1.3.02 Títulos a receber
1.1.3.02.001 Clientes

(continua)
1.1.3.03 Cheques em cobrança
1.1.3.06 Adiantamentos a fornecedores
1.1.3.07 Adiantamentos a empregados
1.1.3.08 Empréstimos a empregados
1.1.3.09 Tributos a recuperar/compensar
1.1.3.09.001 IPI a recuperar
1.1.3.09.002 ICMS a recuperar
1.1.3.09.003 Imposto de Renda retido na fonte
1.1.3.09.004 Imposto de Renda pago por estimativa
1.1.3.09.005 Contribuição Social sobre o Lucro paga por estimativa
1.1.3.09.006 Tributos pagos a maior ou indevidamente

1.1.4 Aplicações financeiras


1.1.4.01 Aplicações financeiras com rendimentos pós-fixados
124
1.1.4.02 Aplicações financeiras com rendimentos prefixados
1.1.4.03 Ações
Fundamentos da contabilidade

1.1.5 Estoques
1.1.5.01 Mercadorias produtos e insumos
1.1.5.01.001 Mercadorias para revenda
1.1.5.01.002 Matérias-primas
1.1.5.01.003 Material de embalagem
1.1.5.01.004 Outros materiais de consumo industrial
1.1.5.01.005 Produtos acabados
1.1.5.01.006 Produtos em elaboração
1.1.5.02 Material de expediente

1.1.6 Despesas pagas antecipadamente


1.1.6.01 Despesas de meses seguintes
1.1.6.01.001 Prêmios de seguros a apropriar
1.1.6.01.002 Assinaturas e anuidades
1.1.6.02 Despesas do exercício seguinte
1.1.6.02.001 Prêmios de seguros a apropriar
1.1.6.02.002 Assinaturas e anuidades
1.1.6.02.003 ...

1.2 Ativo realizável a longo prazo

1.2.1 Clientes
1.2.1.01 Duplicatas a receber
1.2.1.02 (–) Duplicatas descontadas
1.2.1.03 (–) Créditos vencidos e não liquidados

(continua)
1.2.2 Outros créditos
1.2.2.01 Títulos a receber
1.2.2.02 Bancos conta vinculada
1.2.2.03 Controladora, controladas e coligadas
1.2.2.05 Aplicações financeiras
1.2.2.06 Depósitos judiciais
1.2.2.07 Tributos a recuperar
1.2.2.09 Despesas pagas antecipadamente
1.2.2.10 Depósitos por incentivos fiscais

1.3 Ativo permanente

1.3.1 Investimentos
1.3.1.01 Controladas e coligadas – equivalência patrimonial
1.3.1.03 Outras participações societárias 125
1.3.1.04 Participações por incentivos fiscais

Plano de contas
1.3.1.05 Imóveis não destinados ao uso
1.3.1.06 Outros investimentos permanentes
1.3.1.06.001 Objetos de arte
1.3.1.07 Provisão para perdas permanentes

1.3.2 Imobilizado
1.3.2.01 Imóveis
1.3.2.01.001 Terrenos
1.3.2.01.002 Edifícios
1.3.2.01.003 Construções
1.3.2.02 Móveis e utensílios
1.3.2.03 Máquinas, equipamentos e ferramentas
1.3.2.04 Veículos
1.3.2.05 Recursos naturais
1.3.2.06 Marcas, direitos e patentes
1.3.2.07 Benfeitorias em propriedades de terceiros
1.3.2.08 (–) Depreciações, amortizações e exaustões acumuladas

1.3.3 Ativo diferido


1.3.3.01 Gastos pré-operacionais
1.3.3.01.001 Administrativos
1.3.3.01.002 De organização
1.3.3.01.003 Financeiros
1.3.3.02 Gastos com pesquisas e desenvolvimento
1.3.3.03 (–) Amortizações acumuladas

(continua)
2 PASSIVO

2.1 Passivo circulante

2.1.1 Empréstimos e financiamentos


2.1.1.05 Títulos a pagar
2.1.3 Fornecedores
2.1.3.01 Nome do fornecedor

2.1.4 Obrigações tributárias


2.1.4.01 Impostos e contribuições a recolher
2.1.4.01.001 IPI a recolher
2.1.4.01.002 ICMS a recolher
2.1.4.01.003 ISS a recolher
2.1.4.01.004 Provisão para Imposto de Renda
126
2.1.4.01.005 Provisão para contribuição social sobre o lucro
2.1.4.01.006 Imposto de Renda por estimativa a recolher
Fundamentos da contabilidade

2.1.4.01.007 Contribuição social sobre o lucro por estimativa a recolher


2.1.4.01.008 Imposto de Renda retido na fonte
2.1.4.01.009 PIS a recolher
2.1.4.01.010 Cofins a recolher
Provisão para o IOF
2.1.4.01.011

2.1.5 Obrigações trabalhistas e previdenciárias


2.1.5.01 Obrigações com o pessoal
2.1.5.01.001 Salários e ordenados a pagar
2.1.5.01.002 Pró-labore a pagar
2.1.5.01.003 Gratificações a pagar
2.1.5.02 Obrigações previdenciárias
2.1.5.02.001 INSS a recolher
2.1.5.02.002 FGTS a recolher
2.1.5.03 Provisões
2.1.5.03.001 Provisão para férias
2.1.5.03.002 Provisão para 13º salário
2.1.5.03.003 INSS sobre provisão para férias
2.1.5.03.004 FGTS sobre provisão para 13º salário

2.1.6 Outras obrigações


2.1.6.01 Adiantamentos de clientes
2.1.6.02 Contas a pagar
2.1.6.03 Energia elétrica, água e telefone a pagar

(continua)
2.1.6.04 Contas correntes
2.1.6.05 Seguros
2.1.6.06 Outras obrigações

2.1.7 Dividendos, participações


2.1.7.01 Dividendos
2.1.7.02 Participações

2.2 Passivo exigível a longo prazo

2.2.1 Empréstimos e financiamentos


2.2.1.05 Títulos a pagar
2.2.1.06 Controladora, controladas e coligadas
Outros débitos com sócios, administradores e pessoas
2.2.1.07
ligadas
127
2.2.2 Fornecedores

Plano de contas
2.2.3 Outras obrigações
2.2.3.01 Contas a pagar

2.3 Resultados de exercícios futuros

2.3.1 Resultados operacionais


2.3.1.01 Receitas de exercícios futuros
2.3.1.02 Custos e despesas vinculadas às receitas

2.4 Patrimônio líquido

2.4.1 Capital social


2.4.1.01 Capital subscrito
2.4.1.01.001 Capital social
2.4.1.02 (–) Capital a integralizar

2.4.2 Reservas
2.4.2.01 Reservas de capital
2.4.2.02 Reservas de reavaliação
2.4.2.03 Reservas de lucros
2.4.2.03.001 Reserva legal
2.4.2.03.002 Reserva estatutária
2.4.2.03.003 Reserva para contigências
2.4.2.03.004 Reserva de lucros a realizar
2.4.2.03.005 Reserva especial

(continua)
2.4.2.03.006 (–) Ações/quotas em tesouraria

2.4.3 Lucros ou prejuízos acumulados


2.4.3.01 Lucros ou prejuízos acumulados
2.4.3.01.001 Lucros acumulados
2.4.3.01.002 (–) Prejuízos acumulados
2.4.3.01.003 Resultado do exercício em curso

3 CONTAS DE RESULTADO – CUSTOS E DESPESAS

3.1 Custos de produção

3.1.1 Custos diretos de produção


3.1.1.01 Material aplicado
3.1.1.01.001 Matéria-prima
128 3.1.1.02 Mão-de-obra direta
3.1.1.02.001 Salários e ordenados
Fundamentos da contabilidade

3.1.1.02.002 Pró-labore
3.1.1.02.003 Prêmios e gratificações
3.1.1.02.004 13º salário
3.1.1.02.005 Férias
3.1.1.02.006 INSS
3.1.1.02.007 FGTS
3.1.1.02.008 Indenizações e aviso prévio
3.1.1.02.009 Assistência médica e social
3.1.1.03 Gastos gerais
3.1.1.03.001 Combustíveis e lubrificantes
3.1.1.03.002 Energia elétrica
3.1.1.03.003 Serviços de terceiros

3.1.2 Custos indiretos de produção


3.1.2.01 Mão-de-obra indireta
3.1.2.02 Materiais de consumo indireto
3.1.2.03 Materiais de manutenção e reparo
3.1.2.04 Utilidades e serviços
3.1.2.05 Aluguéis e arrendamentos
3.1.2.06 Depreciações, amortizações e exaustões
3.1.2.07 Combustíveis e energia elétrica

3.1.3 Custos diretos da produção de serviços


3.1.3.01 Mão-de-obra direta
3.1.3.01.001 Salários e ordenados

(continua)
3.1.3.01.002 Pró-labore
3.1.3.01.003 Prêmios e gratificações
3.1.3.01.004 13º salário
3.1.3.01.005 Férias
3.1.3.01.006 INSS
3.1.3.01.007 FGTS
3.1.3.01.008 Indenizações e aviso prévio
3.1.3.01.009 Assistência médica e social
3.1.3.02 Gastos gerais
3.1.3.02.001 Combustíveis e lubrificantes
3.1.3.02.002 Energia elétrica
3.1.3.02.003 Serviços de terceiros

3.1.4 Custos indiretos da produção de serviços


129
3.1.4.01 Mão-de-obra indireta
3.1.4.02 Materiais de consumo indireto

Plano de contas
3.1.4.03 Materiais de manutenção e reparo
3.1.4.04 Utilidades e serviços
3.1.4.05 Aluguéis e arrendamentos
3.1.4.06 Depreciações, amortizações e exaustões
3.1.4.07 Combustíveis e energia elétrica

3.2 Despesas operacionais

3.2.1 Despesas com vendas


3.2.1.01 Despesas com pessoal
3.2.1.01.001 Salários e ordenados
3.2.1.01.002 Pró-labore
3.2.1.01.003 Prêmios e gratificações
3.2.1.01.004 13º salário
3.2.1.01.005 Férias
3.2.1.01.006 INSS
3.2.1.01.007 FGTS
3.2.1.01.008 Indenizações e aviso prévio
3.2.1.01.009 Assistência médica e social
3.2.1.02 Comissões sobre vendas
3.2.1.02.001 Comissões
3.2.1.03 Propaganda e publicidade
3.2.1.03.002 Amostras grátis
3.2.1.04 Despesas com entrega

(continua)
3.2.1.04.001 Fretes e carretos
3.2.1.04.002 Manutenção de veículos
3.2.1.05 Despesas com viagens e representações
3.2.1.05.001 Viagens terrestres
3.2.1.05.002 Viagens aéreas
3.2.1.05.003 Hospedagem
3.2.1.05.004 Refeições
3.2.1.06 Despesas gerais
3.2.1.06.001 Aluguéis
3.2.1.06.002 Manutenção e reparos
3.2.1.06.003 Telefone
3.2.1.06.004 Despesas postais e telegráficas
3.2.1.06.005 Depreciações e amortizações

130 3.2.1.06.006 Serviços prestados por terceiros


3.2.1.06.007 Seguros
Fundamentos da contabilidade

3.2.2 Despesas administrativas


3.2.2.01 Despesas com pessoal
3.2.2.01.001 Salários e ordenados
3.2.2.01.002 Pró-labore
3.2.2.01.003 Prêmios e gratificações
3.2.2.01.004 13º salário
3.2.2.01.005 Férias
3.2.2.01.006 INSS
3.2.2.01.007 FGTS
3.2.2.01.008 Indenizações e aviso prévio
3.2.2.01.009 Assistência médica e social
3.2.2.02 Aluguéis e arrendamentos
3.2.2.02.001 Aluguéis de imóveis
3.2.2.02.002 Aluguéis de máquinas e equipamentos
3.2.2.02.003 Arrendamento de imóveis
3.2.2.02.004 Arrendamento mercantil (leasing)
3.2.2.03 Despesas tributárias
3.2.2.03.001 PIS
3.2.2.03.002 Cofins
3.2.2.03.003 IPTU
3.2.2.03.004 IPVA
3.2.2.03.005 Taxas diversas
3.2.2.03.006 CPMF

(continua)
3.2.2.04 Despesas gerais
3.2.2.04.001 Energia elétrica
3.2.2.04.002 Água e esgoto
3.2.2.04.003 Telefone
3.2.2.04.004 Despesas postais e telegráficas
3.2.2.04.005 Seguros
3.2.2.04.006 Material de escritório
3.2.2.04.007 Material de higiene e limpeza
3.2.2.04.008 Assistência contábil
3.2.2.04.009 Serviços prestados por terceiros
3.2.2.04.010 Depreciações e amortizações
3.2.2.04.011 Reproduções
3.2.2.04.012 Despesas legais e judiciais
3.2.2.04.013 Livros, jornais e revistas 131
3.2.2.05 Despesas financeiras

Plano de contas
3.2.2.05.001 Juros passivos
3.2.2.05.002 Variações monetárias passivas
3.2.2.05.003 Variações cambiais passivas
3.2.2.05.004 Descontos concedidos
3.2.2.05.005 Juros sobre o capital próprio
3.2.2.06 Outras despesas operacionais
3.2.2.06.001 Provisão para perdas e ajustes de ativos
3.2.2.06.002 Equivalência patrimonial
3.2.2.06.003 Amortização de ágio

3.3 Despesas não - operacionais

3.3.1 Resultados não-operacionais


3.3.1.01 Resultados negativos na alienação de investimentos
3.3.1.01.001 Perdas na alienação de participações em coligadas
3.3.1.02 Resultado negativo na alienação do imobilizado
3.3.1.05 Provisões para perdas permanentes
3.3.1.05.001 Controladas e coligadas – Equivalência patrimonial
3.3.1.05.002 Controladas e coligadas – Custo corrigido
3.3.1.05.003 Outras participações societárias

4 CONTAS DE RESULTADO – RECEITAS

4.1 Receitas operacionais

4.1.1 Receita bruta de vendas e serviços

(continua)
4.1.1.01 Receita bruta de vendas de produtos e mercadorias
4.1.1.01.001 Vendas de produtos no mercado interno
4.1.1.01.002 Vendas de produtos no mercado externo
4.1.1.01.003 Vendas de mercadorias no Mercado interno
4.1.1.01.004 Vendas de mercadorias no Mercado externo
4.1.1.02 Receita da prestação de serviços
4.1.1.02.001 Serviços prestados no mercado interno
4.1.1.02.002 Serviços prestados no mercado externo

4.1.2 (–) Deduções da receita bruta


4.1.2.01 (–) Cancelamento e devoluções
4.1.2.01.001 (–) De vendas de produtos no mercado interno
4.1.2.01.002 (–) De vendas de produtos no mercado externo
4.1.2.01.003 (–) De vendas de mercadorias no mercado interno
132
4.1.2.01.004 (–) De vendas de mercadorias no mercado externo
4.1.2.02 (–) Descontos incondicionais
Fundamentos da contabilidade

4.1.2.02.001 (–) Sobre vendas de produtos no mercado interno


4.1.2.02.002 (–) Sobre vendas de produtos no mercado externo
4.1.2.02.003 (–) Sobre vendas de mercadorias no mercado interno
4.1.2.02.004 (–) Sobre vendas de mercadorias no mercado externo
4.1.2.03 (–) Impostos incidentes sobre vendas e serviços
4.1.2.03.001 (–) IPI
4.1.2.03.002 (–) ICMS
4.1.2.03.003 (–) ISS
4.1.2.03.004 (–) Cofins
4.1.2.03.005 (–) PIS

4.1.3 Receitas financeiras


4.1.3.01 Juros e descontos
4.1.3.01.001 Juros de aplicações financeiras
4.1.3.01.002 Juros ativos [outros]
4.1.3.01.003 Descontos financeiros obtidos
4.1.3.02 Variações monetárias

4.1.4 Recuperação de despesas


4.1.4.01 Recuperação de créditos considerados incobráveis
4.1.4.02 Reversão de provisões

4.1.5 Outras receitas operacionais


4.1.5.01 Receitas diversas
4.1.5.01.001 Aluguéis e arrendamentos

(continua)
4.1.5.01.002 Vendas acessórias
4.1.5.01.003 Receita de equivalência patrimonial
4.1.5.01.004 Dividendos e lucros recebidos
4.1.5.01.005 Amortização de deságio

4.2 Receitas não - operacionais

4.2.1 Resultados não-operacionais


4.2.1.01 Resultados positivos na alienação de investimentos
4.2.1.01.001 Lucros na alienação de participações em coligadas
4.2.1.02 Lucros na alienação do imobilizado
4.2.1.03 Resultado de sinistros com imobilizado
4.2.1.03.001 Sinistros com imobilizado

5 CONTAS DE APURAÇÃO
133
5.1 Custo dos produtos e dos serviços vendidos

Plano de contas
5.1.1 Custo dos produtos vendidos
5.1.1.01 Custo dos produtos vendidos
5.1.1.01.001 Custo dos produtos vendidos
5.1.2 Custo dos serviços prestados
5.1.2.01 Custo dos serviços prestados
5.1.2.01.001 Custo dos serviços prestados

5.1.3 Custo das mercadorias vendidas


5.1.3.01 Custo das mercadorias vendidas
5.1.3.01.001 Custo das mercadorias vendidas

5.1.4 Apuração do resultado do exercício


5.1.4.01 Apuração do resultado do exercício
5.1.4.01.001 Resultado do exercício
5.1.4.01.002 Ganhos/perdas na alienação de imobilizado

6 CONTAS DE COMPENSAÇÃO*

6.1 Contas de compensação ativas


6.1.1 Contratos e Empenhos
6.1.1.01 Seguros contratados

6.1.2 Riscos e ônus patrimoniais


6.1.2.01 Títulos avalizados
6.1.2.02 Títulos endossados
6.1.2.03 Imóveis hipotecados

(continua)
(conclusão)

6.1.3 Operações com materiais próprios


6.1.3.01 Materiais remetidos para industrialização
6.1.3.02 Materiais remetidos para conserto
6.1.3.03 Mercadorias emprestadas
6.1.3.04 Mercadorias remetidas para demonstração
6.1.3.05 Bens cedidos em comodato

6.1.4 Operações com materiais de terceiros


6.1.4.01 Entradas para industrialização
6.1.4.02 Entradas para conserto
6.1.4.03 Entradas de mercadorias por empréstimo
6.1.4.04 Entradas para demonstração
6.1.4.05 Bens recebidos em comodato

134 6.2 Contas de compensação passivas

6.2.1 Contratos e empenhos


Fundamentos da contabilidade

6.2.1.01 Contratos de seguros

6.2.2 Riscos e ônus patrimoniais


6.2.2.01 Avais concedidos
6.2.2.02 Endossos de títulos
6.2.2.03 Hipotecas de imóveis

6.2.3 Operações com materiais próprios


6.2.3.01 Remessas para industrialização
6.2.3.02 Remessas para conserto
6.2.3.03 Remessa de mercadorias para empréstimos
6.2.3.04 Remessas de mercadorias para demonstração
6.2.3.05 Remessas de bens em comodato

6.2.4 Operações com materiais de terceiros


6.2.4.01 Materiais recebidos para industrialização
6.2.4.02 Materiais recebidos para conserto
6.2.4.03 Mercadorias emprestadas
6.2.4.04 Mercadorias recebidas para demonstração
6.2.4.05 Bens recebidos em comodato

Fonte: BOLETIM MAPA FISCAL, 2002.

* Nota da autora: As contas de compensação, de acordo com a NBCT.2.5, aprovada pela Resolução CFC
nº 612/85, constituem sistema próprio e devem conter o registro de atos relevantes, cujos efeitos possam
traduzir-se em modificações no patrimônio da entidade. Registram-se operações não modificadoras do
patrimônio, razão pela qual são denominadas “contas extra-patrimoniais”. Daí o seu posicionamento
em separado, no Balanço Patrimonial, logo após o Ativo e o Passivo totalizados. O significado de nome
“contas de compensação” provém do fato de registrarem, por idênticos valores, no débito e no crédito,
os direitos e as respectivas obrigações advindas de atos e contratos.
Seguem algumas dicas para a elaboração do plano de
contas:

a. reúna informações básicas sobre o negócio da em-


presa;
b. verifique com os usuários (dirigentes e colaboradores
da empresa) quais as informações mais importantes e
seu nível de detalhamento (custos, por exemplo);
c. racionalize as contas, selecione-as de acordo com as
reais necessidades da empresa; tenha em mente que
um plano de contas deve ser customizado à empresa;
d. formate o plano de contas com flexibilidade para inclu-
135
são de novas contas, se necessário;
inclua alguns “históricos-padrão” para facilitar o tra-

Plano de contas
e.

balho dos colaboradores envolvidos no registro contá-


bil, bem como a uniformização da descrição dos fatos
contábeis.

(.)
p onto final
Neste capítulo, estudamos o plano de contas, instrumento
importantíssimo na gestão da informação contábil. Consi-
dere-o um “guia” a orientar o registro dos fatos contábeis e
a sintetização destes em relatórios contábeis (obrigatórios
e não obrigatórios). Dada a sua importância, salientamos
a necessidade de você, administrador, participar na elabo-
ração e/ou reestruturação do plano de contas, do manual
de contas e dos modelos de relatórios contábeis. Assim, a
informação será registrada medida certa, de acordo com a
sua necessidade, atendendo aos preceitos básicos de:
a. integralidade: deve compreender todos os elemen-
tos relevantes e significativos sobre o que se pretende
revelar ou divulgar, como transações, previsões, análi-
ses, demonstrações, opiniões ou outros elementos;
b. confiabilidade: para serem confiáveis, as informações
devem ser baseadas em normas e princípios contábeis;
c. comparabilidade: as informações contábeis devem ser
estruturadas de forma a possibilitar comparações, daí
a importância de delimitarmos a essência e funciona-
mento de cada conta (o quê se registra, como);
d. compreensibilidade: a informação deve ser exposta da
136 forma mais compreensível possível, para que o usuário
possa, efetivamente, entendê-la e utilizá-la de forma
Fundamentos da contabilidade

cabal nas tomadas de decisões.

Indicação cultural

PEDROSA, Carlos José. Contabilidade como instrumento da


gestão. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.
com.br/tematicas/contabilidadeinstrumentodagestao.
htm>. Acesso em: 7 maio 2008.

A área contábil é uma das mais críticas, visto que nela se


encontram todos os registros da vida de uma empresa. As
oscilações do dia-a-dia, as operações, os resultados sistema-
ticamente registrados e analisados, mostram o desempenho,
os pontos fortes e fracos de uma organização. Para refletir-
mos acerca da mecânica contábil e sua importância como
instrumento de gestão, convido vocês a lerem este artigo.
atividade
1. Solicite uma cópia do plano de contas de sua empresa (ou
de uma empresa qualquer) e observe as contas elencadas e
o sistema de codificação utilizado. Imagine alguns lança-
mentos rotineiros e, com o apoio do plano de contas, faça
as devidas contabilizações. Avalie a utilidade e a impor-
tância de um plano de contas enxuto e de fácil manuseio.

137

Plano de contas
(7)

c iclo contábil
Simone Loureiro Brum Imperatore

( )

e ste capítulo apresenta uma visão integral do ciclo


contábil, englobando desde a escrituração até o levanta-
mento das demonstrações contábeis. Partimos do pressu-
posto de que a empresa (no caso a Cia. Exemplo) já forma-
tou seu plano de contas e definiu o sistema contábil que
será utilizado (livros, fichas, equipamentos etc.).
A figura a seguir ilustra o ciclo contábil:

Para compormos essa visão, abordaremos os seguin-


tes assuntos:

▪▪ balancete;
▪▪ DRE e BPI;
▪▪ apuração do resultado do exercício;
▪▪ inventário;
▪▪ critérios de avaliação de estoques.
(7.1)
b alancete
Ao estudarmos a escrituração contábil, verificamos que
os fatos contábeis são registrados no Livro Diário e, pos-
teriormente no Livro Razão, utilizando-se o método das
partidas dobradas. Assim, o dia-a-dia (a história) das
empresas fica registrado através de lançamentos contábeis. 143
Periodicamente (diariamente, semanalmente, quinzenal-

Ciclo contábil
mente, mensalmente), os responsáveis pela contabilidade
devem verificar se esses lançamentos estão corretos. O
balancete de verificação é o instrumento (ou técnica) uti-
lizado para atingir esse objetivo, sendo, ainda, um impor-
tante instrumento contábil para a tomada de decisões.
Marion1 define balancete de verificação como um
resumo ordenado de todas as contas utilizadas pela conta-
bilidade. Em outras palavras, esse balancete consiste numa
relação das contas extraídas do Livro Razão, com seus sal-
dos devedores e credores (lembrando que a soma dos sal-
dos devedores deve ser igual à soma dos saldos credores).
Veja a seguir o modelo simplificado.
Balancete de verificação
Cia. Exemplo 31/01/2008

Saldos
Contas
Devedor Credor

Ativo

Caixa 1.500

Estoque de mercadorias 8.000


144
Clientes (ou duplicatas a receber) 2.000
Fundamentos da contabilidade

Móveis e utensílios 3.000

Subtotal 1 14.500

Passivo e PL

Fornecedores (ou duplicatas a pagar) 4.500

Impostos a pagar 2.000

Capital social 8.000

Subtotal 2 14.500 14.500

Receitas

Vendas à vista 16.000

Subtotal 3 14.500 30.500

Despesas (e custos)*

CMV (custo da mercadoria vendida) 9.000

Comissões 1.200

Aluguel 3.400

Propaganda e publicidade 1.100

Salários 1.300

Total 30.500 30.500

* Podem ser detalhadas despesas com vendas, administrativas e financeiras. Fica a critério do usuário o
“desenho” mais adequado do balancete de verificação.
Observe que o balancete de verificação se assemelha
ao BP (digamos que é um “balanço simplificado”), sem o
rigor da classificação em grupos patrimoniais, contendo
todas as contas movimentadas no período que possuem
saldo no final de um período qualquer (contas patrimo-
niais e contas de resultado). A apresentação do balancete
deve destacar as contas patrimoniais e as contas de resul-
tado (receitas e despesas) e seus respectivos subtotais, de
forma a contribuir para o processo decisório da empresa.
Dependendo da necessidade da instituição, o balancete
pode ter duas, quatro, seis e até oito colunas. Quanto maior
o número de colunas, maior a quantidade de dados forne-
cida ao usuário do balancete. Veja, a seguir, o exemplo de
seis colunas (salientamos que esta não é uma “demonstra-
ção oficial”, podendo ser formatada de acordo com a neces-
sidade do gestor):

Balancete de verificação
Cia. Exemplo 31/01/2008

Saldos do Movimentos Saldos do final


mês anterior do mês do mês
Contas

Devedor Credor Devedor Credor Devedor Credor

1.800 16.000 14.300 3.500

Caixa

As pequenas e microempresas elaboram o BP apenas


uma vez por ano, daí a importância do balancete de verifi-
cação como fonte de informação para decisões. Através de
balancetes (mensais, quinzenais etc.) a administração terá
um resumo de todas as operações e conhecerá o resultado
financeiro e econômico da empresa sem a necessidade de
estruturar um balanço completo.
(7.2)
d emonstração do r esultado do
e xercício e b alanço patrimonial
Vamos ver na prática como se faz a apuração do resultado
do exercício, seguida da elaboração da DRE e do BP. O
“roteiro” é o seguinte:
146
a. Elaborar um balancete de verificação – Na prática, são
Fundamentos da contabilidade

elaborados dois balancetes de verificação. Após o pri-


meiro, são feitos os chamados ajustes contábeis, quais
sejam:
▪▪ ajustes normais em decorrência do regime de com-
petência (seguros, aluguéis, salários etc.);
▪▪ cálculo da depreciação;
▪▪ após o acerto de todas as receitas e as despesas, o
cálculo (provisão) do IR e da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido.

Após, elabora-se um segundo balancete, conforme o


exemplo que apresentamos a seguir:

Balancete de verificação
Empresa: cia. Exemplo 31/12/2007

Contas Débito Crédito

Ativo

Caixa 3.100

Banco conta movimento 1.230

Bancos conta aplicação 9.500

Clientes 2.990

(continua)
Estoque de mercadoria para revenda 5.400

Estoque de material de expediente 2.450

Móveis e utensílios 6.700

Computadores e periféricos 2.300

Veículo 6.400

Subtotal 1 40.070

Passivo e PL 147

Fornecedores 7.100

Ciclo contábil
Empréstimos a pagar 3.200

Impostos a pagar 900

Salários a pagar 2.040

Encargos a recolher 620

Aluguel a pagar 700

Capital social 22.000

Subtotal 2 40.070 36.560

Receitas

Venda de mercadorias à vista 18.660

Venda de mercadorias a prazo 23.941

Subtotal 3 40.070 79.161

Despesas e custos

CMV 15.050

Descontos concedidos 1.400

Impostos incidentes s/ vendas 3.920

Imposto de Renda e CSLL 796

(continua)
(conclusão)

Depreciação 2.525

Comissão vendas 2.800

Aluguéis passivos 9.600

Salários 3.000

Total 79.161 79.161

b. Transferir as contas de despesas para a conta transitória


resultado do exercício – Isso é fácil: creditam-se as des-
pesas e debita-se a conta resultado do exercício (assim
você zera os saldos de todas as despesas, transferindo-os
para o resultado do exercício). Observe o exemplo:

Data Títulos das contas e histórico Débito Crédito

31/12/07 Apuração do resultado do exercício 42.601


Venda de mercadorias à vista
Venda de mercadorias a prazo 18.660
Apuração do resultado do exercício 23.941

31/12/07 Apuração do resultado do exercício 39.091


CMV
Descontos concedidos 15.050
Impostos incidentes s/ vendas 1.400
Depreciação 4.716
Comissão vendas 2.525
Aluguéis passivos 2.800
Salários 9.600
Apuração do resultado do exercício 3.000

c. Transferir as contas de receitas para a conta transitória


resultado do exercício – Para as despesas, debitam-se
as receitas e credita-se a conta resultado do exercício
(da mesma forma que as despesas, você zera todos os
saldos das receitas, transferindo-os para a conta resul-
tado do exercício).
d. Apurar o saldo da conta resultado do exercício – A
conta resultado do exercício recebeu como débito os sal-
dos das despesas e, como crédito, o saldo das receitas.
Assim, se o saldo final dessa conta for devedor, o resul-
tado do exercício será prejuízo; se for credor, será lucro.

Saldo
Data Histórico Débito Crédito
D/C Valores

31/12/2007 Saldo anterior 0,00

31/12/2007 Transf. receitas 42.601 C 42.601

Transf.
31/12/2007 39.091 C 3.510
despesas

e. Transferir o saldo da conta resultado do exercício para


a conta lucros ou prejuízos acumulados (zera a conta
resultado do exercício que é uma conta transitória).

Data Títulos das contas e histórico Débito Crédito

Apuração do resultado do exercício 3.510


31/12/07 Lucros acumulados pela apuração do resul-
tado do exercício 3.510

f. Elaborar a DRE – Antes da elaboração da DRE são fei-


tas destinações do resultado líquido, reservas e divi-
dendos. No exemplo a seguir, deixaremos o valor do
lucro líquido na conta lucros acumulados.
Demonstração de resultado do exercício
Cia. exemplo 31/12/2007

Receita bruta 42.601


(–) Tributos incidentes sobre vendas (4.716)

= Receita líquida 37.885


(–) Custo das mercadorias vendidas (se comércio) (15.050)

= Resultado bruto 22.835


(–) Despesas operacionais
– Vendas (5.800)
– Administrativas (13.525)
150 = Resultado operacional 3.510
(–) Provisão para a Contribuição Social (316)
Fundamentos da contabilidade

= Resultado antes do Imposto de Renda 3.194


(–) Provisão para o Imposto de Renda (480)

= Resultado depois do Imposto de Renda 2.714

g. Levantar o balanço patrimonial. Vejo o exemplo:

Balanço patrimonial

Ativo circulante Passivo circulante

Disponibilidades Fornecedores 7.100


Caixa 3.100 Empréstimos a pagar 3.200
Bancos Conta Corrente 1.230 Impostos a pagar 900
Banco Conta Aplicação 9.500 Salários a pagar 2.040
Encargos a recolher 620
Créditos
Aluguel a pagar 700
Clientes 2.990
Patrimônio Líquido
Estoques
Capital social 22.000
Mercadorias para revenda 5.400
Lucros acumulados 3.510
Material de expediente 2.450

Permanente
Imobilizado
Móveis e utensílios 6.700
Veículos 6.400
Computadores e 2.300
periféricos

Total ativo 40.070 Total passivo 40.070


Após o “levantamento” do BP são elaboradas as demais
demonstrações contábeis (DMPL ou DLPA, Doar, DFC,
Balanço Social etc.).
Pensa que terminou? Ainda não...
Segundo o parágrafo 4º do art. 176, da Lei 6.404/762,
as demonstrações contábeis serão complementadas pelas
notas explicativas, parecer dos auditores e relatório da
diretoria (assuntos que estudamos no segundo capítulo).

151

(7.3)

Ciclo contábil
i nventário
Ainda sob o enfoque do ciclo contábil, cabe-nos estudar o
inventário, função administrativa e contábil que consiste
no levantamento dos elementos patrimoniais, sua classi-
ficação e valores. O inventário é a determinação e a con-
tagem, amostral ou total, dos elementos que integram o
patrimônio de uma entidade (física ou jurídica)a.
Considerando-se a importância que o inventário repre-
senta na vida econômica, financeira e patrimonial de uma
instituição, é necessário observar e seguir alguns critérios
quanto à sua classificação:

a. Segundo os fins:
▪▪ inventário de exercício ou de gestão: avaliação dos

a. A noção de que as expressões balanço e inventário


têm o mesmo significado é equivocada. Inventário
refere-se à contagem de todos os elementos patri-
moniais, enquanto balanço é a representação gráfica
do patrimônio. Pode-se fazer inventário sem se fazer
balanço, entretanto, não se pode fazer balanço sem se
fazer o inventário.
bens que obedece ao custo, ou ao preço de reposição
(raramente) ou ao preço médio ponderado;
▪▪ inventário de instalação ou de constituição: forma-
ção do capital social inicial;
▪▪ inventário de fusão ou aquisição: reunião dos patri-
mônios das empresas – o critério de avaliação obe-
dece ao interesse das partes;
▪▪ inventário de consignação e transferência: passagem
de gestão de um diretor para outro e/ou quando da
152
entrega de algum componente patrimonial à guarda
de alguém;
Fundamentos da contabilidade

▪▪ inventário de liquidação: extinção da entidade, por


falência ou vontade própria dos sócios.

b. Segundo a extensão:
▪▪ completo, total ou geral: inclusão de todos os ele-
mentos;
▪▪ parcial ou especial: abrangência de apenas parte do
patrimônio da entidade – determinado grupo de
elementos patrimoniais e/ou uma amostra de todos
os grupos.

c. Quanto à forma:
▪▪ analítico ou descritivo: descrição de todas as carac-
terísticas do elemento patrimonial;
▪▪ sintético ou genérico: reunião em grupo, conforme a
natureza do item.

d. Quanto à periodicidade:
▪▪ ordinário: realização em datas prefixadas;
▪▪ extraordinário: ocorrência de casos especiais – audi-
toria, por exemplo.
e. Quanto ao aspecto legal:
▪▪ obrigatório ou legal: levantamento do estoque de
mercadorias por ocasião do BP;
▪▪ estatutário ou contratual: levantamento do estoque
previsto nos documentos de constituição da em-
presa;
▪▪ facultativo: levantamento realizado de acordo com a
vontade da empresa.

f. Quanto às fontes de obtenção dos dados: 153

▪▪ contábil: levantamento com base em documentos e

Ciclo contábil
registros de origem contábil;
▪▪ de fato: levantamento com base na contagem física;
▪▪ misto: levantamento com base em ambos os critérios –
contábil e de fato.

Fases do inventário

Conforme podemos observar a seguir, o inventário divi-


de-se em duas fases: a pré-inventarial e a execução.
A fase pré-inventarial consiste no estabelecimento de
regras que nortearão a execução do inventário, que são:

a. fixação das datas de início e término do inventário;


b. designação das pessoas que irão trabalhar no inven-
tário;
c. instruções detalhadas sobre a tarefa e sua importância
(critérios de mensuração a serem observados, forma de
registro dos dados coletados, procedimentos para aná-
lise das diferenças encontradas, providências objeti-
vando as correções, roteiro do inventário etc.);
d. formulários especiais a serem utilizados (listas dos
materiais a inventariar, formulários de coleta de dados);
e. relatório do trabalho.
Após a preparação da unidade a ser inventariada (e
dos agentes envolvidos no inventário), dá-se início ao
levantamento físico dos itens patrimoniais, que se refere à
execu­ção do inventário. Atenção especial deve ser dada a
algumas informações úteis:

a. materiais obsoletos devem ser destacados com antece-


dência e inventariados separadamente;
b. materiais de contagem impraticável devem ser mensu-
154 rados por estimativa (areia e brita, por exemplo, devem
ser quantificadas por m3);
Fundamentos da contabilidade

c. materiais com embalagem-padrão, de manuseio incon-


veniente e, geralmente delicado, toma-se o número de
embalagens e multiplica-se pelo número de unidades
(pregos, por exemplo).

Registro de inventário

O livro Registro de Inventário é obrigatório para todas


as empresas e tem o objetivo de registrar todas as merca-
dorias em estoque quando do levantamento do balanço da
empresa.
Segundo o art. 261 do Decreto nº 3000/1999 (RIR/1999)3,
as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real
devem escriturar o livro Registro de Inventário ao final
de cada período, (trimestralmente ou anualmente) quando
houver opção pelos recolhimentos mensais durante o
curso do ano-calendário, com base na estimativa.
As demais empresas (optantes pelo lucro presumido e
Simples Federal) escrituram o livro no final de cada ano-
calendário.
A finalidade do Livro Registro de Inventário é relacio-
nar, pelos seus valores e com especificações que permitam
sua perfeita identificação, mercadorias, matérias-primas,
produtos intermediários, materiais de embalagem, produ-
tos manufaturados e produtos em fabricação, existentes no
estabelecimento na época do balanço.
No referido livro, serão também relacionados separa­
damente:

a. mercadorias, matérias-primas, produtos intermediá-


rios, materiais de embalagem e produtos manufatu-
rados pertencentes ao estabelecimento, em poder de
terceiros; 155

b. mercadorias, matérias-primas, produtos intermediá-

Ciclo contábil
rios, materiais de embalagem, produtos manufatura-
dos e produtos em fabricação, de terceiros, em poder
do estabelecimento.

A classificação em cada grupo deve ser feita:

a. segundo a ordenação da tabela prevista na legislação


do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
b. de acordo com a situação tributária da mercadoria, tal
como tributada, não-tributada, isenta.

Os registros serão feitos nas colunas próprias, tra-


zendo:

a. na coluna “Classificação Fiscal”, a indicação relacio-


nada com o código da Nomenclatura Brasileira de
Mercadorias – Sistema Harmonizado (NBM/SH);
b. na coluna “Discriminação”, a especificação que per-
mita a perfeita identificação da mercadoria – espécie,
marca, tipo, modelo;
c. na coluna “Quantidade”, a quantidade em estoque na
data do balanço;
d. na coluna “Unidade”, a especificação da unidade, tal
como quilograma, metro, litro ou dúzia, de acordo com
a legislação do IPI;
e. nas colunas sob o título “Valor”, as subdivisões:
▪▪ “Unitário”: refere-se ao valor de cada unidade de
mercadoria, pelo custo de aquisição ou de fabrica-
ção ou pelo preço corrente de mercado ou de bolsa,
prevalecendo o critério de valoração pelo preço cor-
rente, quando este for inferior ao preço de custo; no
caso de matérias-primas ou produto em fabricação,
o valor será o de custo;

156
▪▪ “Parcial”: refere-se ao valor correspondente ao
resultado da multiplicação da quantidade pelo valor
Fundamentos da contabilidade

unitário;
▪▪ “Total”: refere-se ao valor correspondente ao soma-
tório dos valores parciais constantes no mesmo
código referido no item “a”.
f. nas “Observações”, informações diversas.

Após o arrolamento, deve ser consignado o valor total


de cada grupo e, ainda, o total geral do estoque existente.

Critérios de avaliação de estoques

Estudaremos agora os principais critérios utilizados para


avaliação dos materiais (mercadorias) estocados na empresa.
O custo das mercadorias estocadas é determinado com base
no valor de aquisição constante das Notas Fiscais de com-
pra, acrescido das despesas acessórias (frete, por exemplo) e
dos impostos, das taxas e das contribuições que não forem
recuperados pela organização no momento da venda das
mercadorias (note bem, no caso do ICMS, não é custo).
A empresa pode adquirir os mesmos tipos de mercado-
ria em datas diferentes, de fornecedores diversos, pagando
por elas preços variados. Assim, adotam-se, para determi-
nação do custo dessas mercadorias, os seguintes critérios:
a. Custo específico: consiste em atribuir a cada unidade
do estoque o preço efetivamente pago por ela. É um
critério que só pode ser utilizado por mercadorias de
fácil identificação física, como imóveis para revenda,
veículos usados etc.
b. Peps (primeiro a entrar, primeiro a sair): adotando este
critério para avaliação dos estoques, a empresa atri-
buirá às mercadorias estocadas os custos (preços de
aquisição) mais recentes;
157
c. Ueps (último a entrar, primeiro a sair): neste caso, a
empresa considera os custos (preços de aquisição) mais

Ciclo contábil
antigos. Não é utilizado pela dificuldade de aplicação e
pela sua não-conformidade à legislação do IR.
d. Custo médio ponderado: segundo este critério, as mer-
cadorias são avaliadas pela média dos custos de aqui-
sição, atualizados a cada compra efetuada.

Entre estes critérios, o mais utilizado é o custo médio,


porque espelha maior realidade nos custos, no lucro e no
estoque final. Cabe ressaltar que, na elaboração do BP, a
avaliação de estoques obedece aos critérios estabelecidos
no art. 183 da Lei 6.404/764, ou seja, custo de aquisição
deduzido da provisão para ajustá-lo ao valor de mercado,
quando este for inferior.

(.)
p onto final
O estudo do ciclo contábil possibilita a você, futuro admi-
nistrador, o entendimento de como funciona a contabi-
lidade, desde o registro (escrituração) à elaboração das
demonstrações contábeis. Esse enfoque é muito impor-
tante para que você acompanhe cada etapa e “tire” da con-
tabilidade as informações de que necessita para tomar a
melhor decisão. Saliente-se, ainda, que, no caso do balan-
cete, você pode “desenhá-lo” de acordo com a sua necessi-
dade. Além disso, cabe a você, em conjunto com o contador
da empresa, decidir o método de avaliação de estoques e
planejar o inventário patrimonial. Como contador e admi-
nistrador trabalham juntos, deve haver uma sintonia muito
158
grande entre esses dois profissionais, para que os relató-
rios contábeis sejam, realmente, instrumentos para auxi-
Fundamentos da contabilidade

liá-los na gestão da empresa.

Indicação cultural

OTT, Ernani. Sistema de informação contábil: exigências


atuais. Disponível em: <http://www.vanti.com.br/ensino/
livro/04sistema%20de%20informacao%20contabil%20-%20
exigencias%20atuais.PDF>. Acesso em: 7 maio 2008.

A globalização dos mercados, o crescente aumento da com-


petitividade, a redução do ciclo de vida dos produtos e os
avanços tecnológicos têm modificado profundamente a
gestão das empresas, exigindo um maior fluxo de infor-
mações que orientem os gestores na definição de objeti-
vos e eleição de estratégias. Para compreendermos o papel
da contabilidade neste cenário, convidamos você a ler este
texto de indicação cultural.
atividades
Para as questões de 1 a 3 a seguir, marque a alternativa
correta.

1. O critério de avaliação de estoques que deve ser usado


para as mercadorias de fácil identificação é:
a. o Peps.
b. o custo médio ponderado. 159

c. o custo específico.

Ciclo contábil
d. o Ueps.

2. Ao atribuir às mercadorias estocadas os custos mais recen-


tes, a empresa estará adotando o critério:
a. Ueps.
b. de custo médio ponderado.
c. Peps.
d. de custo específico.

3. Valorar sempre as mercadorias pela média dos custos de


aquisição significa adotar o critério:
a. de custo específico.
b. de custo médio ponderado.
c. Peps.
d. Ueps.
4. Relação das contas extraída do Livro Razão da Empresa
Comercial Luz Ltda., em 30/09/2007:

Contas Valor (R$)

Caixa 9.500

Bancos conta movimento 29.000

Clientes 35.000

Ações de outras empresas 16.000


160
Estoque de mercadorias 68.000
Fundamentos da contabilidade

Empréstimos a pagar 20.000

Computadores e periféricos 5.000

Instalações 9.000

Imóveis 27.200

Fornecedores 56.400

Aluguéis a pagar 600

Cofins a recolher 4.000

ICMS a recolher 1.800

PIS a recolher 1.300

Salários e encargos a pagar 8.000

Financiamentos a pagar 7.050

Dividendos a pagar 2.500

Capital 60.000

Reserva legal 1.100

Custo das mercadorias vendidas (CMV) 140.000

Vendas de mercadorias 300.000

ICMS sobre as vendas 54.000

(continua)
(conclusão)

Outros impostos incidentes sobre as vendas 8.000

Despesas administrativas 24.000

Despesas com vendas 6.000

Despesas financeiras 4.000

Receitas financeiras 10.000

Banco conta aplicação 18.000

Estoque de material de expediente 3.000 161

Móveis e utensílios 12.000

Ciclo contábil
Veículos 13.000

Depreciação acumulada 7.050

Financiamentos a pagar 22.050

Com base no Livro Razão apresentado, realize as


seguintes atividades:

a. Classifique as contas em bens, direitos, obrigações,


Patrimônio Líquido, receitas e despesas e seus respecti-
vos saldos, lembrando:
▪▪ Bens + Direitos + Despesas = Saldo Devedor
▪▪ Obrigações + PL + Receitas = Saldo Credor
▪▪ Lucros ou Prejuízos Acumulados = Saldo Credor

Em seguida, elabore o balancete de verificação (vamos


desconsiderar o cálculo de IR e a CSLL neste exercício para
simplificar).

b. Apure o resultado do exercício.


c. Transfira o saldo da apuração do resultado do exercício
para lucros ou prejuízos acumulados.
d. Elabore a DRE.
e. Elabore o BP.
g lossário a

Apuração de resultados: Determinação do produzir opiniões sobre as situações


lucro ou perda relativos a um período patrimoniais, financeiras, de resulta-
qualquer. dos, de produtividade, de riscos, de eco-
Ativo: Fundo de valores que representa os nomicidade, de legalidade, de eficácia,
investimentos ou aplicações do patri- em suma, de todos os aspectos da vida
mônio ou do capital das empresas; con- patrimonial.
junto de bens e direitos de propriedade Balancete: Relação de contas apresentando
da empresa; são os itens positivos do o total de seus débitos, créditos e saldos,
patrimônio, trazem benefícios, propor- devedores ou credores. O balancete é
cionam ganho para a empresa (repre- extraído do livro Razão.
sentam a aplicação dos recursos). Balanço patrimonial: Balanço que inclui a
Auditoria: Exame sistemático, racional, demonstração do patrimônio através do
organizado metodologicamente para Ativo (aplicações), Passivo e Patrimônio

a. Adaptado de SÁ e SÁ, 2005.


Líquido (origens). seus fenômenos, métodos e processos.
Balanço social: Balanço que busca eviden- Crédito: Convenção contábil que simboliza
ciar o papel que a empresa representa a origem do investimento de valor do
em seu ambiente social, ou seja, a fim da empresa; a causa do fenômeno
contribuição que ela trouxe através patrimonial.
de impostos, de previdência social, Custo: Investimento para que se consiga um
de mão-de-obra absorvida, de obras bem de uso, venda ou serviço; o mesmo
sociais, na educação, em suma, o que que gasto, despesa; aplicação de meios
ela espelha como célula da sociedade a para a produção.
que pertence. Debêntures: Título de conta que designa
Bens: Do ponto de vista contábil, significa o registro dos valores dos títulos de
o elemento de que dispõe a empresa ou dívida emitidos pelas sociedades por
entidade para a obtenção de seus fins. ações.
Em outras palavras, bem é tudo aquilo Débito: Convenção contábil que simboliza
que a empresa possui para venda, troca o investimento ou a aplicação de um
ou consumo. Pode ser tangível e intan- valor em função do fim da empresa e
gível, móvel ou imóvel. ou entidade.
Capital a integralizar: Parte que falta ao Demonstração das origens e aplicações dos
componente de um firma para cobrir, recursos: Representação que acom-
em dinheiro ou em outro valor, a quota panha as demonstrações do balanço
pela qual se obrigou na constituição do do exercício com a finalidade de evi-
capital social. denciar a dinâmica dos elementos que
Capital circulante líquido: Diferença entre compõem o sistema de liquidez de uma
o valor das origens e das aplicações de empresa. Procura evidenciar as origens
recursos (ativo Circulante – Passivo dos recursos obtidos e a destinação que
Circulante). aos mesmos foi dada, tudo em relação
Capital de giro: Capital em circulação ao exercício.
ou em movimentação; investimentos Demonstração do fluxo de caixa: Demonstra
circulantes. a origem de todo o valor que entrou no
Capital de terceiros: É a parte do capital caixa, bem como a aplicação de todo
constante no Passivo que representa o valor que saiu do caixa em determi-
as dívidas da empresa ou entidade, nado período e, ainda, o chamado fluxo
ou seja, as suas responsabilidades de financeiro.
164 pagamento para com as outras pessoas Demonstração do resultado do exercício:
(físicas ou jurídicas); o mesmo que capi- O mesmo que demonstração de lucros
tal de crédito. e perdas; inclui a apuração do resultado
Fundamentos da contabilidade

Capital próprio: Conjunto de valores bruto e do resultado líquido.


que representa o recurso natural da Demonstração do valor adicionado: De-
empresa, ou seja, a sua fonte própria monstração que evidencia o aumento de
de financiamento; o mesmo que capital valor que a empresa aportou aos bens
líquido ou patrimônio líquido. e serviços de terceiros no exercício de
Capital realizado: Valor que representa a suas atividades básicas; diferença entre
parte destinada aos sócios ou acionistas o valor da produção de um período e o
do capital subscrito. consumo de bens e serviços prestados
Capital social: Título de conta que registra por terceiros na empresa.
o valor do capital registrado na Junta Demonstração dos lucros ou prejuízos
Comercial. acumulados: Peça que acompanha as
Capital subscrito: Título de conta que demonstrações do balanço do exercí-
indica o valor do capital pelo qual os cio e que visa evidenciar ocorrências
sócios se obrigam no ato da assinatura ocorri­dos nos resultados.
do contrato social ou pelos acionistas, Demonstrações contábeis: Representações
no ato de subscrição das ações. técnicas do patrimônio e dos resultados
Capital: Fundo de valores ou conjunto de da movimentação deste que se fazem
bens, créditos e débitos à disposição da por ocasião de prestações de contas ou
empresa, com finalidades lucrativas. de encerramento de exercício. Exposição
Contabilidade: Sistema de informação resumida e ordenada de dados colhidos
e avaliação destinado a prover seus pela contabilidade.
usuá­r ios com relatórios, demonstra- Depreciação: Fenômeno contábil que ex-
ções e análises de natureza econômico- pressa a perda de valor que os valores
financeira da empresa em determinado imobilizados de utilização sofrem no
momento e sua evolução em determi- tempo por força de seu emprego na
nado período. gestão, perda de valor pelo uso ou obso-
Convenções contábeis: Símbolos, fórmulas e letismo. A depreciação é um custo que
demais recursos de evidenciação usados deve integrar as contas do resultado do
na contabilidade para a expressão de exercício.
Despesa: Investimento de capital em ele- seja, dívidas que serão cobradas em
mento que direta ou indiretamente irá seus respectivos vencimentos. Repre-
produzir uma utilidade à empresa ou senta a parte negativa do patrimônio
entidade e que expressa um valor de (representa, em conjunto com o patri-
consumo no ato de sua verificação; o mônio líquido, a origem dos recursos
mesmo que gasto. da empresa).
Direitos: Título de conta que registra o Patrimônio líquido: Valor resultante da
valor da dívida de terceiros para com a diferença entre os valores do Ativo e
empresa; o poder de exigir alguma coisa, as dívidas da empresa; riqueza líquida
ou ter em “haver”: valores a receber, da empresa, composta pela diferença
contas a receber, títulos a receber etc. entre os bens e direitos (Ativo) e suas
Escrituração: Designação simples que se obrigações exigíveis (Passivo), em
tem dado à escrita contábil; registro de determinado momento.
fato contábil. Patrimônio: Objeto de estudo da conta-
Estorno: Ato de retificar um lançamento bilidade; conjunto de bens, direitos e
errado; registro que tem por objetivo obrigações pertencentes a uma pessoa
reparar um erro cometido na escritura- ou empresa, avaliados em moeda.
ção contábil. Perícia: Verificação de registros contábeis;
Exercício social: Período em que se veri- análise para verificar a exatidão de
ficam os fatos contábeis, geralmente fatos registrados; processo usado na
coincidindo com o ano civil (1º de técnica contábil para obter dados pela
janeiro a 31 de dezembro); tempo em verificação de registros realizados.
que se inicia, desenvolve e conclui a Princípios contábeis: Normas resultantes
ação da administração patrimonial. O do desenvolvimento da aplicação prá-
exercício pode ser superior a um ano, tica dos princípios técnicos emanados
pois a atividade pode assim determi- da contabilidade; conjunto de regras
nar, como ocorre no caso de consórcios que constituem a estrutura conceitual
para construção de estradas, atividade da contabilidade. São eles: entidade,
agropecuária, empreendimentos imo- continuidade, oportunidade, registro
biliários etc. pelo valor original, atualização mone-
Exigibilidade: Qualidade daquilo que é tária, competência e prudência.
exigível; grupo de contas do Passivo Receita: Recuperação de investimento;
que representa o capital de terceiros; renda produzida por um bem patrimo-
o mesmo que obrigação para com nial; valor que representa a parte posi- 165
terceiros. tiva do sistema dos resultados; entrada
Inventário: Verificação da existência de um de valores; remuneração.

Glossário
componente patrimonial, sua classifica- Regime de caixa: Norma contábil pela qual
ção e seus valores. os ingressos (receitas, entradas de
Lançamento: Ato ou efeito de lançar ou recursos) são atribuídos ao exercício
registrar um fato contábil; registro de (período) em que são recebidos e os
um fato contábil. gastos (despesas, custos, desembolsos)
Liquidez: Capacidade de solvência ou de ao exercício em que são pagos.
pagamento de dívidas; valor circulante, Regime de competência: Princípio contábil
capaz de ressarcir as dívidas; valor pelo qual os ingressos e os gastos são
líquido disponível para investimentos; atribuídos ao exercício a que pertencem
valor transformável em dinheiro. É (quando ocorrem), independentemente
um aspecto preponderante no sistema de quando são recebidos e/ou pagos.
financeiro de uma empresa. Reservas: Parcela de capital próprio;
Obrigações: Título de conta que registra as valores de lucros não distribuídos aos
dívidas da empresa; dívidas exigíveis, componentes da sociedade (ou firma
isto é, compromissos que serão recla- individual).
mados, exigidos (pagamento na data Situação líquida: Diferença entre o Ativo
do vencimento): duplicatas a pagar (ou e as obrigações exigíveis (Passivo); o
fornecedores), títulos a pagar, impostos mesmo que capital próprio da empresa
a pagar, financiamentos a pagar etc. ou entidade.
Orçamento: Previsão de fatos patrimo- Sociedade anônima (ou companhia): Tipo
niais; predeterminação de despesas e societário que se caracteriza por ter seu
receitas de uma empresa e/ou entidade; capital dividido em partes iguais cha-
previsão de gastos; quadro técnico da madas ações e tem a responsabilidade
contabilidade, contendo previsões ou de seus sócios ou acionistas limitada ao
estimativas de negócios, de movimento preço de emissão das ações subscritas
financeiro ou econômico. ou adquiridas (já seus administradores
Passivo: Parte do balanço que representa as têm responsabilidade ilimitada). Podem
fontes dos valores aplicados no Ativo; ser: Sociedades Anônimas de Capital
obrigações exigíveis da empresa, ou Aberto (ações negociadas na Bolsa de
Valores) ou Sociedades Anônimas de de contrato social, sendo seu capital
Capital Fechado (sem ações negociadas social representado por quotas. A res-
na Bolsa de Valores). ponsabilidade dos sócios quotistas no
Sociedade coligada: Empresa na qual foram investimento é limitada ao montante
investidas ações ou quotas em percen- (valor total) do capital social investido,
tual igual ou superior a 10% do capital
razão pela qual é a forma mais comum
social da investida, sem se exercer o
de constituição jurídica de empresas
controle.
que encontramos.
Sociedade controlada: Sociedade na qual
foram investidas ações ou quotas em Usuários da contabilidade: Pessoas ou
percentual sobre o capital que permita entidades interessadas em conhecer a
seu controle. situação da empresa para a tomada de
Sociedade por quotas de responsabilidade decisões: administradores, gerentes,
Ltda.: São aquelas constituídas através governo, bancos, fornecedores etc.

166
Fundamentos da contabilidade
r eferências por capítulo

Capítulo 1 4 BRASIL, 1976.


5 Id.
1 MARION, 2006, p. 26.
2 RIBEIRO, 2003, p. 14. 6 IUDÍCIBUS; MARION, 2006, p. 29.
3 FRANCO, 1996, p. 31. 7 BRASIL, op. cit.
4 MARION, 2006, p. 25.
5 RIBEIRO, 2002, p. 34. Capítulo 4
6 RIBEIRO, 2003, p. 25. 1 MARION, 2006, p. 78.
7 Ibid., p. 27. 2 BRASIL, 1976.
3 MARION, op. cit.
Capítulo 2
4 BRASIL, 2001.
1 MARION, 2003, p. 39. 5 Ibid., p. 106.
2 BRASIL, 1976.
3 BRASIL, 2007. Capítulo 6
4 BRASIL, op. cit.
5 BRASIL, op. cit. 1 RIBEIRO, 2003, p. 25.
6 BRASIL, 2002. 2 BRASIL, 1976.
7 BRASIL, 1976.
Capítulo 7
Capítulo 3 1 MARION, 2006, p. 151.
1 MATARAZZO, 2003, p. 43. 2 BRASIL, 1976.
2 ASSAF NETO, 2002, p. 58. 3 BRASIL, 1999.
3 IUDÍCIBUS; MARION, 2006, p. 19. 4 BRASIL, op. cit.
r eferências

ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise Institui o Código Civil. Diário Oficial da
de balanços: um enfoque econômico e União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11
financeiro. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2006. jan. 2002. Disponível em: <http://www.
BOLETIM MAPA FISCAL. Modelo de plano planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/
de contas. n. 2, 2002. Disponível em: L10406.htm>. Acesso em: 31 mar. 2008.
<htt p://www.nydus.com.br/art igos/ ______. Decreto nº 3000, de 26 de março de
ct_modeloplano.htm>. Acesso em: 1 1999. Regulamenta a tributação, fisca-
abr. 2008. lização, arrecadação e administração
BRASIL. Lei 11.638 de 28 de dezembro de do Imposto sobre a Renda e Proventos
2007. Altera e revoga dispositivos da Lei de Qualquer Natureza. Diário Oficial
6.404. Diário Oficial – Seção Extra, Poder da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
Legislativo, Brasília, DF, 28 dez. 2007. 29 mar. 1999. Disponível em: <http://
Disponível em: <http://www.planalto. w w w 6 . s e n a d o .g o v. b r/ l e g i s l a c a o /
gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/ ListaPublicacoes.action?id=151683>.
Lei/L11638.htm>. Acesso em: 31 mar. Acesso em: 1º abr. 2008.
2008. ______. Lei 6.404 de 15 de dezembro de
______. Lei 10406 de 10 de janeiro de 2002. 1976. Dispõe sobre as sociedades por
ações. Diário Oficial da União, Poder ______; MARION, José Carlos. Curso de con-
Legislativo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. tabilidade para não contadores. 4 ed. São
Disponível em: <https://www.planalto. Paulo: Atlas, 2006.
gov.br/cc iv i l _03/ Leis/ L6404con sol. MARION, José Carlos. Contabilidade básica.
htm>. Acesso em: 7 mar. 2008. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILI- MATARAZZO, Dante C. Análise financeira
DADE. Resolução CFC Nº 774 de 16 de de balanços: abordagem básica e geren-
dezembro de 1994. Aprova o Apêndice cial. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
à Resolução sobre os Princípios Funda- RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade básica
mentais de Contabilidade. Diário Oficial fácil. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
da União, 18 jan. 1995. Disponível em: ______. Contabilidade geral fácil. 4 ed. São
<http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/ Paulo: Saraiva, 2002.
RES_774.doc>. Acesso em: 31 mar. 2008. SÁ, Antônio Lopes; SÁ, Ana Maria Lopes.
FRANCO, Hilário. Contabilidade geral. 23 ed. Dicionário de contabilidade. 10 ed. São
São Paulo: Atlas, 1996. Paulo: Atlas, 2005.
IUDÍCIBUS, Sérgio de (Coord.). Contabilidade STEYER, Jorge et al. Fundamentos da conta-
introdutória. 10 ed. São Paulo: Atlas, bilidade. Canoas: Editora Ulbra, 2005.
2006. (Caderno Universitário).

170
Fundamentos da contabilidade
g abarito

Capítulo 1
1. Opinião pessoal.
2.

Elemento Bem, direito ou obrigação Ativo ou passivo


Computador Bem Ativo
Duplicatas a Receber Direito Ativo
Impostos a Recolher Obrigação Passivo
Caixa (ou dinheiro) Bem Ativo
Direito (o mesmo que
Clientes Ativo
duplicatas a receber)
Salários a Pagar Obrigação Passivo

(continua)
(conclusão)

Empréstimos a pagar Obrigação Passivo


Obrigação (o mesmo
Fornecedores Passivo
que duplicatas a pagar)
Mercadorias em estoque Bem Ativo
Veículo Bem Ativo
Aluguéis a pagar Obrigação Passivo

3. c 3. Para uma Sociedade Anônima, segundo


4. d a Lei 11.638/07, são obrigatórios:
5. d Balanço Patrimonial, Demonstração do
6. b Resultado do Exercício, Demonstração
7. c das Mutações do Patrimônio Líquido
8. d (quando de capital aberto) e Demons-
9. b tração do Fluxo de Caixa.
10. a 4. O balanço social é um demonstrativo
11. b publicado anualmente pela empresa
12. d reunindo um conjunto de informações
13. b sobre projetos, benefícios e ações sociais
14. d dirigidas aos empregados, investidores,
15. a analistas de mercado, acionistas e à
comunidade. É também um instru-
Capítulo 2 mento estratégico para avaliar e multi-
plicar o exercício da responsabilidade
1. Atividades práticas utilizando-se de
social corporativa. No balanço social, a
publicações obrigatórias das socieda-
empresa mostra o que faz por seus pro-
des anônimas.
fissionais, dependentes, colaboradores
2. A Sociedade Anônima (ou compa-
e comunidade, dando transparência
nhia) se caracteriza por ter seu capital
às atividades que buscam melhorar a
dividido em partes iguais chamadas
qualidade de vida para todos. Ou seja,
172 ações (os proprietários, geralmente em
sua função principal é tornar pública
grande número, são denominados de
a responsabilidade social empresarial,
acionistas), e têm a responsabilidade de
construindo maiores vínculos entre a
Fundamentos da contabilidade

seus sócios ou acionistas limitada ao


empresa, a sociedade e o meio ambiente.
preço de emissão das ações subscritas
O balanço social é uma ferramenta que,
ou adquiridas. Deverá publicar as
quando construída por múltiplos pro-
Demonstrações Financeiras no Diário
fissionais, tem a capacidade de explici-
Oficial e em outro jornal de grande
tar e medir a preocupação da empresa
circulação editado na localidade onde
com as pessoas e a vida no planeta.
se situa a empresa. A Sociedade por
5. Opinião pessoal.
Quotas de Responsabilidade Ltda. se
6. Opinião pessoal.
caracteriza por seu capital dividido em
quotas (os proprietários, geralmente
Capítulo 3
em pequeno número, são denominados
sócios ou quotistas). Não precisa publi- 1. Atividade Prática
car as demonstrações financeiras em 2. b
jornal, mas deverá apresentá-las junto 3. c
ao Imposto de Renda, através do preen- 4. a
chimento da Declaração do Imposto de 5. d
Renda ou para atender ao novo Código 6. a
Civil. 7. b
8. Resposta a:
(valores em mil)

Balanço patrimonial – cia. futura 31/12/2007


Ativo circulante Passivo circulante
Disponibilidades
Caixa 1.800 Fornecedores 4.000
Impostos a pagar 1.800
Créditos
Salários a pagar 6.500
Duplicatas a Receber 3.400
Contas a pagar 200
Estoques
Exigível a longo prazo
Mercadoria 6.500
Financiamentos a Pagar 7.320
Realizável a longo prazo Títulos a Pagar 3.000
Títulos a Receber 10.000
Patrimônio líquido
Permanente Capital Social 10.000
Investimento Lucros Acumulados 3.400
Participação em outras empresas 7.320
Imobilizado
Máquinas e Equipamentos 3.000
Prédios 4.000
Diferido
Gastos Pré-Operacionais 200
Total ativo 36.220 Total passivo 36.220

Resposta b:
(valores em mil)

Balanço patrimonial – cia. eficiência 31/12/2007


Ativo circulante Passivo circulante
Disponibilidades Fornecedores 10.000 173
Banco Conta Corrente 12.000 Impostos a Recolher 4.155
Salários a Pagar 2.000

Gabarito
Créditos
Empréstimos a Pagar 4.900
Clientes 30.000
Dividendos a Pagar 2.763
Títulos a Receber 6.000
Exigível a longo prazo
Estoques
Títulos a Pagar 5.000
Mercadoria 23.000
Patrimônio líquido
Despesas Antecipadas
Capital Social 50.000
Aluguel 1.000
Lucros Acumulados 7.682
Permanente
Imobilizado
Equipamentos 14.500
Total ativo 86.500 Total passivo 86.500
9. Capítulo 4
a. Cia Futura: Ativo Circulante = R$ 11.700;
1.
Passivo Circulante = R$ 12.500; Situação
a. A finalidade da DRE é melhor eviden-
Financeira Desfavorável. Possibilidades:
ciar o ganho, tendo em vista as neces-
reavaliar prazo de pagamento e recebi-
sidades de informações do usuário
mento de mercadorias para diminuir a
externo, bem como fornecer os dados
necessidade de capital de giro; propor
essenciais à análise da formação do
desconto na liquidação antecipada dos
resultado do exercício.
Títulos a Receber (longo prazo); renego-
b. Despesas são sacrifícios da empresa
ciar prazo com fornecedores; vender a
para obter receitas, constituem saídas
participação em outras empresas.
de recursos (R$) da empresa. Exemplo:
Cia Eficiência: Ativo Circulante = R$
salários, juros passivos, aluguéis passi-
72.000; Passivo Circulante = R$ 23.818;
vos, fretes, propaganda e publicidade
Situação Financeira Favorável.
etc.
b. Em relação ao endividamento de longo
c. Despesas são gastos relacionados à
prazo:
administração, vendas e finanças.
- Cia Futura: endividamento de longo
Custos estão relacionados à produção
prazo R$ 10.320
(industrialização). No caso de uma
- Cia Eficiência: endividamento de
empresa comercial, considera-se o
longo prazo R$ 5.000
custo da mercadoria vendida; no caso
A opção por parte da empresa de
de uma empresa prestadora de serviços,
contrair dívidas de longo prazo é a
considera-se custo o valor da mão-de-
mais confortável, uma vez que terá (a
obra acrescido do material utilizado.
empresa) mais tempo para gerar os
d. Receitas são valores que a empresa gera
recursos financeiros necessários ao
como fonte de recursos financeiros,
pagamento da obrigação. No entanto,
para atender a seus gastos e manter as
nem sempre é fácil obter, no sistema
suas atividades. Constituem entradas
financeiro, empréstimos de longo prazo,
de recursos correspondendo, em geral,
principalmente para capital de giro. É
a vendas de mercadorias ou prestação
tradicional obter-se empréstimos de
de serviços. Ex.: vendas a vista, vendas
longo prazo para aquisição de bens
a prazo, juros ativos, descontos obtidos
do ativo permanente. A lógica é que a
etc.
aplicação no Permanente gera retornos
e. Devemos verificar as expressões que os
174 mais lentamente do que o Circulante
seguem. Se for ativo ou obtido refere-se
(compra de estoque por exemplo) e que
a ganhos, então, são receitas. Se for pas-
os montantes para aquisição de bens do
sivo ou concedido, refere-se a perdas,
Fundamentos da contabilidade

Permanente (máquinas, equipamentos,


então, são despesas.
prédios, veículos, por exemplo) são
f. No Regime de caixa receitas são con-
maiores que os Circulantes. Sempre que
tabilizadas quando de seu efetivo
possível, é interessante que a empresa
ingresso no caixa (R$) e as despesas
concentre mais suas dívidas a longo
quando de seu pagamento. No Regime
prazo que a curto prazo, consideradas
de Competência, considera-se o período
as taxas de juros (que no longo prazo
a que se referem, receitas e despesas,
geralmente são mais baixas).
independentemente de seu recebimento
c. Em relação ao capital de terceiros/capi-
e ou pagamento.
tal próprio:
g. Reservas são valores retidos na em-
- Cia Futura: capital de terceiros =
presa (normalmente parte do lucro)
22.820; capital próprio= 13.400; relação:
com finalidade específica. Ex.: Reserva
1,70
para aumento de Capital; Reserva de
- Cia Eficiência: capital de terceiros =
Reavaliação; Reserva para Plano de
28.818; capital próprio = 57.682; relação:
Investimento, etc.
0,50
2.
Analisando-se as duas empresas, a Cia
a. Patrimônio, balanço patrimonial, bens,
Futura apresenta endividamento supe-
direitos, obrigações, patrimônio líquido.
rior à média brasileira, o que, associado
b. Resultado, receitas, despesas.
à dificuldade de liquidez no curto prazo
(questão 16) pode comprometer a conti-
nuidade da empresa.
3.

Demonstração de resultado do exercício


Imperatore & Brum ltda 31/12/2007
Receita bruta 2.500.000
(–) Tributos incidentes sobre vendas (541.000)
(–) Devoluções e abatimentos (24.000)
= Receita líquida 1.935.000
(–) Custo das mercadorias vendidas (se comércio) (1.350.000)
= Resultado bruto 585.000
(–) Despesas operacionais
– Vendas (62.000)
– Administrativas (72.500)
– Financeiras líquidas (despesas - receitas financeiras) (3.900)
= Resultado operacional 446.600
(–) Provisão para a contribuição social (40.194)
= Resultado antes do Imposto de Renda 406.406
(–) Provisão para o Imposto de Renda (66.990)
= Resultado depois do Imposto de Renda 339.416
(–) Provisão para participação dos empregados (20.000)
(–) Provisão para participação dos administradores (20.000)
= Resultado líquido do exercício 299.416

Capítulo 5

Data / nº Títulos das contas e histórico Débito Crédito


lançamento
2008 01 Móveis e utensílios 730,00 175
Mês:
Caixa 730,00
Dia:
Compra de três armários de aço, à vista, conforme

Gabarito
Nota Fiscal 213, de Byte On Ltda.
2008 02 Caixa 500,00
Mês:
Banco conta movimento – Banco do Brasil S.A. 500,00
Dia:
Saque para reforço de caixa
2008 03 Caixa 336,00
Fornecedores 330,00
Cia da Luz Ltda, duplicata 8769
Juros passivos1 6,00
Pelo atraso duplicata 8769
2008 04 Caixa 673,00
Clientes 650,00
Recebimento duplicata 653 de Diniz Alfredo
Juros ativos2 23,00
Ref duplicata 653
2008 05 Financiamento a pagar 1.300,00
Banco conta movimento – Banco do Brasil S.A. 1.300,00
Pagamento parcela financiamento

(continua)
2008 06 Caixa 2.820,00
Salários 1.400,00
Pagamento folha de pagamento mês ______
INSS 420,00
Pagamento INSS sobre folha de pagamento
Aluguéis passivos 1.000,00
Pagamento aluguel sala comercial
2008 07 Banco conta movimento – Banco do Brasil S.A. 3.000,00
Caixa 3.000,00
Depósito conforme recibo 23456
2008 08 Móveis e utensílios 3.000,00
Banco conta movimento – Banco do Brasil S.A. 1.000,00
Ref cheque 353.014
Fornecedores 2.000,00
Compra de móveis para uso de comercial de
Móveis Ltda, nota fiscal 230.
2008 09 Banco Conta movimento 1.000,00
Estoque de mercadorias para revenda 880,00
Compra de mercadorias de atacadista Bom
Princípio, conforme nota fiscal 125.678, pago
cheque 123.126
ICMS a recuperar3 120,00
ICMS destacado na nota fiscal de 12%
2008 10 Fornecedores 2.500,00
Atacadista varejão
Estoque de mercadorias para revenda 2.200,00
176 Compra de mercadorias, nota fiscal fatura 19876
ICMS a recuperar 300,00
Fundamentos da contabilidade

ICMS destacado na nota fiscal


2008 11 Caixa 1.800,00
Venda a vista4 1.800,00
Diversos conforme cupons fiscais
2008 11-2 Custo das mercadorias vendidas 880,00
Estoque de mercadorias para revenda 880,00
Referente vendas à vista, clientes diversos.
2008 12 Clientes 2.100,00
Venda a prazo 2.100,00
Venda a Lins Ltda, duplicatas 765, 766 e 767.
2008 12-2 Custo das mercadorias vendidas 900,00
Estoque de mercadorias para revenda
Baixa de estoque venda a prazo 900,00
2008 13 Duplicata a receber 540,00
Martins Viana
Caixa 517,005
Recebimento duplicata 654
Descontos concedidos 23,00
Pelo recebimento antecipado
(continua)
(conclusão)

2008 14 Fornecedores 1.000,00


Tarrago Nunes Ltda
Banco conta movimento – Banco do Brasil S.A. 982,00
Pagamento duplicata cheque 353.020
Descontos obtidos6 18,00
Pelo pagamento duplicata 897
2008 15 Estoque de mercadorias para revenda7 1.584,00
ICMs a recuperar 216,00
ICMS destacado na Nota Fiscal 1245 de Mercedes
e Cia Ltda
Banco conta movimento – Banco do Brasil S.A. 1.740,00
Referente cheque 353.021
Descontos obtidos 60,00
Referente compra à vista
2008 16 Caixa 700,00
Aluguéis ativos 700,00
Recebimento aluguel de Calçados Bom Passo,
recibo 4567

1. Lembre-se, Juros PAGOS são Juros é contabiliza na receita descontos obti-


Passivos (despesas). dos (ganhos)
2. Juros RECEBIDOS são receitas, portanto 7. Neste lançamento precisamos contabili-
Juros ATIVOS. zar o valor do estoque, do ICMS, o valor
3. Aqui consideramos o valor do ICMS que efetivamente foi pago e o desconto
da compra (no caso 12%) que a em- ganho.
presa compensa quando da venda de
mercadorias. Na verdade o ICMS não Capítulo 6
é considerado no custo da mercadoria, 177
motivo pelo qual deve ser registrado 1. Atividades práticas.
em separado.

Gabarito
4. Neste primeiro lançamento, registra- Capítulo 7
mos a receita gerada pelas vendas e seu 1. c
ingresso no caixa da empresa (venda à 2. c
vista). Na seqüência, daremos baixa no 3. b.
estoque de mercadorias (que está con-
4. Dicas para a realização do exercício:
tabilizado pelo preço que a mercadoria
a. Valor do fechamento do Balancete R$
foi adquirida). Os impostos incidentes
487.750,00;
sobre as vendas (ICMS, PIS e COFINS)
b. Transfira o saldo das contas de
são calculados ao final do mês sobre o
despesas e receitas para Apuração do
total das vendas, não faremos esta con-
tabilização. Resultado do Exercício (conta transitó-
5. Preste atenção: o valor que “entra” no ria). Valor da Apuração do Resultado do
caixa é o valor da duplicata menos o Exercício: R$ 66.950,00 (lucro);
desconto concedido (dado). A duplicata c. Faça o lançamento conforme a Cia
deve ser baixada pelo valor nominal (de Exemplo;
registro). d. Siga o modelo de DRE do capítulo 4.
6 Aqui a empresa ganhou um desconto Lembre-se, é uma demonstração dedu-
(lembre-se ao fazer um lançamento, co- tiva (vai diminuindo);
loque-se sempre no lugar da empresa). e. Classifique os grupos patrimoniais
Assim, o valor efetivamente pago (que de acordo com o modelo de Balanço
saiu do Banco) é menor do que o valor do Capítulo 3. Fechamento do Balanço
nominal da duplicata paga, a diferença Patrimonial: R$ 244.400,00.
Esta obra foi impressa pela Reproset

Indústria Gráfica no inverno de 2008,

sobre offset 90 g/m².

Вам также может понравиться