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Pelágio, Pelagianismo x Santo Agostinho.

Liberdade x Graça.

Amarildo Fernando de Almeida1

I. INTRODUÇÃO

No presente artigo, nosso objetivo maior foi tecer considerações acerca de Pelágio,

Pelagianismo e a controvérsia com Santo Agostinho.

Consideramos necessário, para melhor compreensão das nossas questões propriamente

dita, dividirmos o trabalho da seguinte maneira:

1. Contexto Histórico

2. Dados sobre Pelágio

3. Pelagianismo

4. Controvérsia entre Pelágio (Pelagianos) e Santo Agostinho

É preciso levar em conta, no presente trabalho, nossa limitação – acesso direto aos

escritos de Pelágio. Evidentemente que a limitação não desqualifica o trabalho. Muito pelo

contrário, a limitação é quase um desafio de superar no entendimento, na reflexão e na

análise, não só do sistema pelagiano – heresia do Ocidente, século V – mas também de um

dos mais ricos e belos representantes do pensamento cristão, Santo Agostinho.

Necessário se faz lembrar: nosso trabalho não traz dados (vida, obra, etc.) sobre Santo

Agostinho. Sobre Santo Agostinho já existem muitos estudos, comentários. Ao contrário,

sobre Pelágio não existe quase nada em Português, por isso, julgamos, na medida do possível,

oportuno arrolarmos alguns dados sobre Pelágio.

1
Professor de Filosofia e Cultura Religiosa – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais / Serro e
Guanhães.
1

II. Contexto Histórico

O final do século IV e o início do século V, para o Império Romano, não foi muito

promissor, tendo em vista séculos passados de prosperidade e predomínio.

O Império Romano atravessava uma série de problemas. A batalha de Adrianópolis

(378), por exemplo, para alguns historiadores, a porta de entrada para os bárbaros:

Em 405 e 406 os bárbaros entraram no Império, chegando a Florença. Em 410, Alarico

saqueou Roma.

Outros historiadores consideram a morte de Teodósio e conseqüentemente a co-

regência e a partilha territorial entre os seus filhos Honório e Arcádio (395) um ponto crucial

para o enfraquecimento do Império.

São dados importantes, que, sem dúvida, merecem uma pesquisa mais aprofundada –

que não é o interesse de nosso trabalho. O nosso trabalho, neste capítulo, quer na medida do

possível, ressaltar a conseqüência, ou seja, a mudança radical, se assim podemos dizer, dos

valores, dos costumes... tanto a nível privado quanto público.

Toda esta mudança era um sinal claro de uma tempestade apocalíptica. Muitos

buscaram a salvação na Igreja, pois:

É um tempo que em Roma, os últimos restos do paganismo desmoronam e, acontece


uma invasão massiva e uma admissão na Igreja de famílias pagãs, de grupos e
indivíduos. Com isso, é introduzido também na Igreja, incrível laxismo. Para muitos
o motivo de sua conversão não era religioso, mas puro oportunismo. Via-se que o
futuro pertenceria ao Cristianismo e por isso mudava-se a bandeira. É por isso, que
muitos cristãos, nesta época, fazem expressamente a exigência de um Cristianismo
autêntico. Contra o laxismo, eles apelam à liberdade do homem de realizar sem
restrições as exigências cristãs, tanto na vida privada quanto pública. Eles refutam
com todas as forças que de um paganismo convencional surja um cristianismo
convencional.2 (Tradução livre de Prudente Nery)

2
GRESHAKE, F. Einfuhrung in die Gnadenlehre, p. 45
2

Não é sem razão que, neste ambiente histórico muitos cristãos sérios, como Pelágio e

seus discípulos, entoem o mesmo apelo, que poderíamos definir como da não confirmação do

final do mundo, mas de esperança de solução para aquela situação tão caótica.

A Igreja não deveria ser entendida, todavia, como muitos gostariam que fosse, como

uma força poderosa que tem a capacidade de salvar as pessoas, uma espécie de magia. O

homem tem que fazer a sua parte, por isso :

(...) Pelágio e seus adeptos estavam convencidos de que a capacidade de natureza


humana, portanto, a sua liberdade, a sua tendência para o bem é a forma
fundamental da graça. Certamente que também os Pelagianos sabiam que o homem
pecou e que a sua capacidade natural para o bem havia sido, de alguma forma
prejudicada. Entretanto, os Pelagianos estavam convencidos de que a liberdade e a
capacidade humana de agir corretamente, de ser verdadeiramente cristão não havia
sido perdida.3 (Tradução livre de Prudente Nery)

Pelágio manifesta uma crença muito grande ao homem, quase, diríamos, um estímulo

para uma época de caos. Não é sem razão que Pelágio desenvolve sua doutrina, sua tese –

tudo se desenvolve a partir de apelo real, concreto, tudo está permeado de uma exigência

histórica, humana. Daí, talvez, podemos entender melhor a sua obra, a sua vida.

2.2. Dados sobre Pelágio

2.2.1. Vida

“É praticamente impossível ter dados corretos sobre a vida de Pelágio, por exemplo,

nascimento, juventude, etc. Quase todas as informações que nós temos são oriundas de seus

opositores: Santo Agostinho, São Jerônimo, Orósio e Mário Mercartos.”4 (Tradução livre de

Amarildo Fernando de Almeida)

2.2.1.1. Histórico

• Monge natural da Grã-Bretanha ou da Irlanda

• Nasceu por volta de 354

3
GRESHAKE, F. Einfuhrung in die Gnadenlehre, p. 45-6.
4
Cf. GRAM ENCICLOPÉDIA RIALP. Pelágio y Pelagianismo, p. 190.
3

• De 384 a 410 este morando em Roma

• Vai para Palestina entre 410 e 411

2.2.1.2. Personalidade

Austero, talento, profundo, vivia em pobreza, tinha fama de grande santidade.

2.2.1.3. Ideais

“Continentia, castitas et paupertas”

2.2.1.4. Amigos

São Paulino de Nola, Marcela, Pamaquio, Melania, Proba, Juliana, Albina, Detríades.

Entre muitos senadores, cônsules, Cléricos (aristocracia romana), jovens...

2.2.1.5. Discípulos

Celéstio, Juliano de Eclano

2.2.2. Escritos

“Existe uma dificuldade em dizer, com exatidão, a produção literária de Pelágio. A

crítica atual considera e divide em cinco grupos a sua produção literária.”54 (Tradução livre de

Amarildo Fernando de Almeida)

2.2.2.1. Escritos que Pelágio aceitou serem seu:

• Epistula ad Paulinum Nolanum

• Epistula ad Demetriadem

• Epistula ad Constantium

• Epistula ad Innocentium, exhibens libellum fidei

• De libero arbítrio libri quatuor

2.2.2.2. Escritos que a crítica atual considera serem de Pelágio

• Expositiones XIII Epistolarum Pauli

• Epistula ad viduam

5
Cf. GRAM ENCICLOPÉDIA RIALP. Pelágio y Pelagianismo, p. 190.
4

• Líber Testimoniorus seu Eclogarum

• De Trinitate

• De libero arbítrio

• De natura

• Epistula ad Augustinum.

2.2.2.3. Grupo “Fastidius” (escritos que a crítica atual considera serem de

Pelágio).

• De vita Christiana

• De divitilis

• De castitate

• Qualiter religionis

2.2.2.4. Grupo Pseudojeronimiano

• De divina lege

• De virginitate

• De opprobiis ad Ocaeanum

• Epistula de contemnenda hereditate, y De vera circumcisione.

• Epistula ad Mercellam

• Epistula ad Caelantiam

• De induratione cordis Pharaonis

2.2.2.5. Várias cartas

• Epistula exhortatria

• Exhortatio ad paenitetiam

• Ad virginem devotam

• De malis doctoribus et operibus fidei

• Humanae referunt litterae


5

• Ad virginem in exilium

2.2.3. Sistema

Ressaltar a justiça, a bondade da criação e a liberdade “natural” de todo

homem. O papel da graça é minimizado em favor do livre-arbítrio. (maiores detalhes e

implicações, só, na medida do possível, trataremos no capítulo: Controvérsia entre Pelágio –

Pelagianismo – e Santo Agostinho.)

2.3. Pelagianismo

A doutrina de Pelágio alcançou grande repercussão em sua época e conseguiu um

elevado número de adeptos. Isso, provavelmente, em virtude da importância que era dado, no

Pelagianismo, à vontade humana: nos locais onde sobrevivia o estoicismo (que estimulava a

energia humana) e Pelagianismo foi bem acolhido.6

Necessário se faz lembrar que o Pelagianismo, na época de então, era uma proposta

contrária, uma forte reação contra os gnósticos-maniqueus. Pois, em conformidade com a sua

tese, Pelágio não atribuía a salvação no Espírito Santo. A tese de Pelágio é o oposto: o homem

não deve atribuir a salvação no Espírito Santo.

Acrescente-se a esta motivação o fato de que Pelágio gozava de elevada reputação em

alguns círculos da alta classe romana convertida ao cristianismo, pela integridade e

autenticidade do seu comportamento. Seu ascetismo, a vivência de exigências morais aliados

a um grande talento de atrair as pessoas foram decisivas para a difusão de sua doutrina.7

Os 3(três) principais expoentes do Pelagianismo são: Pelágio, Celéstio e Juliano de Eclano.

Pelágio é considerado o pai da doutrina – causa da origem do nome Pelagianismo,

6
Cf. CRISTIANI, M. Breve História das Heresias p. 32.
7
JEDIN, H. Nanual de História de 1ª Iglesia, p. 215.
6

doutrina Pelagiana.8

Juliano de Eclano, bispo de Apulia (Itália), era filho do bispo Ménor, casado com a
filha do bispo de Benevento Juliano é considerado o arquiteto do sistema pelagiano.9

2.4. Controvérsia entre Pelágio (Pelagianos) e Santo Agostinho

Ao que tudo indica: “Tudo se opunha em Pelágio e Agostinho”10. Todavia, aqui, não

temos a pretensão de mostrar tão aprofundado sobre Santo Agostinho (que nos daria margem

para um outro trabalho).

O interesse desse nosso capítulo é salientar a principal divergência entre Santo

Agostinho e Pelágio (Pelagianos), isto é, a questão da graça. Para isso, nós percorremos

fazendo uma síntese do caminho desenvolvido por Pelágio, ou seja, as suas proposições, suas

teses. Nós faremos um confronto entre as teses de Pelágio e as de Santo Agostinho.

8
“Celéstio (advogado, esperto, ambicioso, muito expansivo) é considerado o orientador do Pelagianismo. Em
Éfeso foi ordenado sacerdote.Aurélio, bispo de Cartago, convocou um sínodo em 411, e condenou Celéstio. Este
porém, reclamou ao Papa, e fugiu para Éfeso fez-se ordenar sacerdote. Entretanto, Pelágio ganhava algum
terreno em Jerusalém, até que Orósio levou a São Jerônimo e a João, patriarca, avisos mandados por Santo
Agostinho. O concílio de Jerusalém, convocado por João, não o quis condenar (pois Pelágio sobe expor tudo
com prudência e calma). Preferiram pedir ao Papa Inocêncio I que examinasse Pelágio. Ao mesmo tempo o
concílio de Lida o declarava ortodoxo. Mas, quando Orósio levou à África a declaração deste concílio, os Bispos
em Cartago, a enviaram a Roma uma carta sinodal em que rejeitavam a doutrina de Pelágio Zózimo (sucessor de
Inocêncio I) mandou que Pelágio e Celéstio comparecessem ao concílio de Roma e, como não o fizessem, foram
excomungados. Partiram os dois para Constantinopla, onde encontraram o apoio de Nestório (...) Celéstio voltou
ainda uma vez à Itália, mas Celéstio voltou ainda uma vez à Itália, mas Celéstio I não o acolheu. A doutrina de
Pelágio teve pouca vaga porque faltou o apoio dos imperadores.”
9
Ao abraçar o pelagianismo, Juliano procurou suavizar notavelmente a natureza rigorista e aspereza ascética
desta doutrina.
O jovem bispo tentou desvalorizar as palavras de São Jerônimo, caracterizando seu trabalho exegético como
pueril e sem originalidade, dizia sarcasticamente que frente a ele era difícil conter o riso. Quanto a Agostinho,
lembrando sua vida anterior, chamou-o de maniqueo não convertido ou mesmo de “Patronos Asinorum”.
Em sua luta contra o ‘doutor da Graça’ recorreu inclusive a sentimentos nacionalistas romanos afirmando que
um perigoso grupo de africanos queria impor dogmas estranhos à Igreja da Itália.
Agostinho reagiu aos ataques de Juliano. Juliano por sua vez fustigou a doutrina de Agostinho sobre pecado
original qualificando de maniqueísmo. Com a decadência do movimento pelagiano, entre 420 e 430, Juliano
tentou sua readmissão pelagiano, mas fracassou. Viveu itinerante o resto de seus dias e morreu depois de 450 na
Sicília.
10
V.V.A.A. Nova História da Igreja – Dos Primórdios a São Gregório Magno, p. 442.
7

2.4.1. Proposições

2.4.1.1. Pecado Original

Para Pelágio (Pelagianismo) o pecado original não tem tanta importância para o resto

da humanidade, diríamos, não tem nenhum poder hereditário. O pecado de Adão foi só seu; a

humanidade não tem que pagar por isto. É impossível, para Pelágio, a alma trazer consigo

algo que não é culpa sua, pagar por algo que não cometeu. Deus não faria isso com os

homens, criar uma alma imediatamente manchada. O que nós herdamos de Adão foi somente

o seu mau exemplo, a sua desobediência.

Adão foi criado como qualquer outro homem, com vontade (concupiscência), mortal,

sujeito às dores, males. Adão foi criado livre. Portanto, a morte não é castigo do pecado, pois

Adão e todos os seus descendentes morreriam, mesmo que ele não tivesse pecado. Morrer faz

parte da condição humana.

Santo Agostinho define pecado como: “O que é dito ou feito ou desejado contra lei

eterna.”11 O pecado original, isto é, o pecado de Adão é hereditário. Adão foi criado à imagem

e semelhança de Deus. Mas, pelo fato de Adão ter pecado, Deus lhe tirou os dons

sobrenaturais (Adão passa a ser um mortal) e os seus perfeitos dons naturais foram ferido, por

isso: “Eis porque, como por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo pecado,

a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram...” (Rom. 5,12)

Para Santo Agostinho a culpa de Adão é “Vulnerata, vexata, violata, perduta”.

2.4.2. Batismo

11
DICIONÁRIO DE FILOSOFIA. Pecado, p. 176
8

Segundo Pelágio, o batismo não tem necessidade, pois o homem não nasce com o

pecado original. O batismo para criança, diríamos, hoje, para crianças que ainda não fazem o

uso da razão, é desnecessário. Ela vai para o céu do mesmo jeito que as crianças batizadas.

É absurdo batizar crianças para “remissão dos pecados”. Para os adultos, o batismo

tem validade, mas só para pagar os pecados cometidos anteriormente. As culpas que o

batismo redime são somente as praticadas por cada indivíduo.

Para Santo Agostinho o batismo das crianças é: “Consuetudo nequaquam spernenda...

nec omnino credenda, nisi apostólica esse traditio.”12 Se todo homem, depois do pecado de

Adão, traz dentro de si o pecado original, portanto, toda humanidade precisa ser purificada,

ser lavada.

Se, para Pelágio, o pecado original não tem tanta importância da graça é minimizada.

Para ele, a graça nos foi dada no ato criacional, é a própria natureza. Se o homem tiver força,

vontade, querer, ele pode ser salvo; basta praticar as virtudes, ser orientado pelo livre arbítrio

(capacidade de julgar entre o bem e o mal) e seguir a lei moral.

Jesus Cristo é apenas um bom exemplo que o homem deve seguir. Adão é o mau

exemplo, por isso o homem não deve tê-lo como exemplo. Por conseguinte, se existiu homens

que observaram (virtude, livre arbítrio, lei moral), antes mesmo de Jesus Cristo, existiram

homens sem pecado, homens santos. Se existiram os homens sem pecado, eles não precisam

ser batizados. O batismo, para Pelágio, só tem a função de nos unir em Jesus Cristo. Pelágio,

como podemos perceber, minimiza a função da graça; exalta o poder do homem, a

liberdade humana voltada para Deus. Ele propõe à alma alto ideal “de justiça”

Para Santo Agostinho, a humanidade é uma “massa danada”, pois toda ela pecou

com Adão e em Adão, portanto, nenhum homem, por seus próprios méritos, podem ser

12
ALTANER, B; STUIBER, A. Patrologia – Vida e Doutrina dos Padres da Igreja, p. 442
9

subtraídos à devida punição. O homem precisa também, principalmente, da graça divina, da

benevolência de Deus.

Alguns homens já foram predestinados à salvação (vida eterna), outros estão entregues
à perdição merecida, mesmo sem serem predestinados ao pecado. Entre a graça e a
predestinação existe unicamente esta diferença: que a predestinação é um preparação para a

graça.

Mas, como fica, então, as relações entre liberdade, vontade e graça em Santo

Agostinho?

Duas condições são exigidas para fazer o bem: um dom de Deus, que é a graça, e o

livre-arbítrio. Sem o livre arbítrio, não haveria problemas; sem a graça, o livre arbítrio (depois

do pecado original) não iria querer o bem ou, se o quisesse, não poderia realizá-lo. A graça,

portanto, não tem o efeito de suprimir a vontade, mas sim de torná-la boa, pois que se havia

transformando em má. Esse poder de usar bem o livre-arbítrio é precisamente a liberdade. A

possibilidade de fazer o mal é inseparável do livre-arbítrio, mas o poder de não fazê-lo é a

marca da liberdade – e encontrar-se confirmado na graça a ponto de não poder mais fazer o

mal é o grau supremo da liberdade. Assim, o homem que está mais completamente dominado

pela graça de Cristo é também o mais livre: libertas vera est Christo Service.

Por conseguinte, a nossa salvação, nossa redenção tem por intermédio Jesus Cristo.

Com e em Adão todos os homens pecaram. Com e em Jesus Cristo todos os homens foram

redimidos. Portanto, nós precisamos de Jesus Cristo, nós precisamos ser batizados em nome

do Pai e do Filho e do Espírito Santo, só observar os mandamentos (lei), praticar virtudes...

não podemos ser salvos, precisamos de Jesus Cristo. A redenção de Cristo é objetiva.

Nenhum homem, criança pode ser salvo, pura e simplesmente, por seus méritos, todo homem,

toda criança não podem se salvar sem a graça divina.

Como podemos perceber, a controvérsia entre Pelágio e Santo Agostinho passa,

principalmente, pelas questões de liberdade e da graça. Santo Agostinho acentua a nossa


10

dependência para com a graça. Pelágio acentua a nossa liberdade. Poderíamos, dizer: Santo

Agostinho destaca o aspecto teocêntrico; Pelágio o aspecto antropocêntrico.

Santo Agostinho (doutor da graça), em perfeita conformidade com a ortodoxia,

condena a doutrina de Pelágio (Pelagianos), pois não é possível: proclamar o primado da

moral, da lei, da capacidade do homem de fazer o bem (simplesmente por seus méritos),

reduzindo, assim, Jesus Cristo a mero modelo ético.

O Concílio de Éfeso (431) declarou oficialmente a “corrente” pelagiana como

herética, portanto, a partir de então, Pelágio e pelagianos não fariam mais parte da Igreja.
11

III. CONSIDERAÇÕES FINAIS

À guisa de conclusão se faz necessário apontarmos algumas dificuldades que

encontramos ao longo do trabalho:

- Todos os livros ou comentários que pesquisamos, de certa maneira, partem do

preconceito: Pelágio, Pelagianos são, simplesmente, grandes hereges. Não encontramos

praticamente nada que fosse um pouco mais neutro, por isso ter uma conclusão mais pessoal

se torna possível. Nosso julgamento é feito a partir do ponto de vista de terceiros. Escritos

originais de Pelágio não encontramos nada.

- É quase impossível sabermos o que realmente é de Pelágio e o que é dos seus

discípulos.

Todavia, apesar das dificuldades encontradas, podemos afirmar:

- Quão gratificante foi termos trabalhado Pelágio, Pelagianismo e a controvérsia com

Santo Agostinho. Pelágio (Pelagianismo) acentua a liberdade humana. Pelágio é mais

antropocêntrico. Santo Agostinho é o “Doutor da Graça”, é mais teocêntrico.

Acreditamos que na modernidade, marcadamente antropocêntrica, Pelágio, se fosse

mais difundido, faria um grande sucesso.

A doutrina pelagiana tem seus méritos, ela dá, por exemplo, mais responsabilidade ao

homem. O homem não deve ficar de braços cruzados, esperando tudo de Deus.

Podemos dizer que toda heresia tem sua vantagem, um pouco de verdade e, acima de

tudo, “É preciso que haja até mesmo cisões entre vós, a fim de que se tornem manifestos entre

vós aqueles que são comprovados”.(1 Cor. 11,19)


12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTANER, B; STUIBER, A. Patrologia – Vida e Doutrina dos Padres da Igreja. 2ª ed.


São Paulo: Editora Paulinas, 1972.

CÂMARA, J.B. Apontamentos de História Eclesiástica. 3ª ed. Petrópolis: Editora Vozes,


1957.

CRISTIANI, M. Breve História das Heresias. São Paulo: Editora Flamboyant, 1962.

GOMES, C.J. Antropologia dos Santos Padres. 3ª ed. São Paulo: Editora Paulinas, 1985.

GRESHAKE, F. Geschenkte Freiheit Einfuhrung in die Gnadenlehre. Heder: Freiburg


Basel-Wien, 1981.

JEDIN, H. Nanual de História de 1ª Iglesia. Tomo II. Barcelona: Editora Herder, 1980.

DICIONÁRIO DE FILOSOFIA. Pecado. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1982.

GRAM ENCICLOPÉDIA RIALP. Pelágio y Pelagianismo. Tomo XVIII. Madrid: Ediciones


Ralp, 1989.

REALE, G; ANTISERI, O. História da Filosofia Antiguidade e Idade Média. vol. 1.


Coleção História da Filosofia. São Paulo: Editora Paulinas, 1990.

V.V.A.A. Nova História da Igreja – Dos Primórdios a São Gregório Magno. Vol. 1.
Coleção Nova História da Igreja. Petrópolis: Editora Vozes, 1966.

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