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ORAÇÃO ANTE A ÚLTIMA

TRINCHEIRA

(Poesia de Guilherme de Almeida)

Agora é o silêncio...

É o silêncio que faz a última chamada...

É o silêncio que responde:

— "Presente!"

Depois será a grande asa tutelar de São Paulo,


asa que é dia, e noite, e sangue, e estrela, e mapa
descendo petrificada sobre um sono que é vigília.

E aqui ficareis Heróis-Mártires, plantados,


firmes para sempre neste santificado torrão de
chão paulista.

Para receber-vos feriu-se ele da máxima


de entre as únicas feridas na terra,
que nunca se cicatrizam,
porque delas uma imensa coisa emerge
e se impõe que as eterniza.

Só para o alicerce, a lavra, a sepultura e a trincheira


se tem o direito de ferir a terra.

E mais legítima que a ferida do alicerce,


que se eterniza na casa
a dar teto para o amor, a família, a honra, a paz.

Mais legítima que a ferida da lavra,


que se eterniza na árvore
a dar lenho para o leito, a mesa, o cabo da enxada,
a coronha do fuzil.

Mais legítima que a ferida da sepultura,


que se eterniza no mármore
a dar imagem para a saudade, o consolo, a benção,
a inspiração.

Mais legítima que essas feridas


é a ferida da trincheira,
que se eterniza na Pátria
a dar a pura razão de ser da casa, da árvore
e do mármore.

Este cavado trapo de terra,


corpo místico de São Paulo,
em que ora existis consubstanciados,
mais que corte de alicerce, sulco de lavra,
cova de sepultura,
é rasgão de trincheira.

E esta perene que povoais é a nossa última trincheira.

Esta é a trincheira que não se rendeu:


a que deu à terra o seu suor,
a que deu à terra a sua lágrima,
a que deu à terra o seu sangue!

Esta é a trincheira que não se rendeu:


a que é nossa bandeira gravada no chão,
pelo branco do nosso Ideal,
pelo negro do nosso Luto,
pelo vermelho do nosso Coração.

Esta é a trincheira que não se rendeu:


a que atenta nos vigia,
a que invicta nos defende,
a que eterna nos glorifica!

Esta é a trincheira que não se rendeu:


a que não transigiu,
a que não esqueceu,
a que não perdoou!

Esta é a trincheira que não se rendeu:


aqui a vossa presença, que é relíquia,
transfigura e consagra num altar
para o vôo até Deus da nossa fé!

E pois, ante este altar,


alma de joelho à vós rogamos:

— Soldados santos de 32,


sem armas em vossos ombros,
velai por nós!;
sem balas na cartucheira,
velai por nós!;
sem pão em vosso bornal,
velai por nós!;
sem água em vosso cantil,
velai por nós!;
sem galões de ouro no braço,
velai por nós!;
sem medalhas sobre o cáqui,
velai por nós!;
sem mancha no pensamento,
velai por nós!;
sem medo no coração,
velai por nós!;
sem sangue já pelas veias,
velai por nós!;
sem lágrimas ainda nos olhos,
velai por nós!;
sem sopro mais entre os lábios,
velai por nós!;
sem nada a não ser vós mesmos,
velai por nós!;

sem nada senão São Paulo,


velai por nós!
É impressionante a leviandade com a qual tratam essa obra.
Por primeiro, quase nunca ninguém cita o seu autor: Galileo Emendabili.
Emendabili concebeu e executou a arquitetura, a pintura (mosaicos) e as esculturas
externas, das faces do Obelisco, das Portas da Vida e da Glória, em bronze, e o Herói
Jacente (em cujo rosto marmóreo, Emendabili esculpiu o rosto do próprio pai), colocado no
centro da Cripta quadrangular, de 32 metros de lado, situada imediatamente abaixo da
base do Obelisco, e sobretudo, concebeu e executou a simbologia hermética que permeia
o Obelisco Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, cuja denominação correta,
dada por seu autor, é simplesmente "32".
É nessa hora que me sinto na obrigação de sair a campo, não para defender o meu avô
materno, mas sim a obra, desconhecida, quase incompreensível, não digo para os
brasileiros, que absolutamente a desconhecem, mas para paulistas mesmo.
O “32” é o segundo maior memorial do mundo em área construída. O maior é o Taj Mahal
(fonte: Folha de São Paulo). Permanece altivo, perene, absoluto. É referencial visual
máximo do inteiro Parque Ibirapuera, do qual, ironicamente, foi segregado. É referência,
ao voltar-se para os quatro pontos cardeais e para as principais artérias viárias que
entrecortam São Paulo. Diariamente é vislumbrado por milhões de impactos visuais.
É o único obelisco na Terra escavado em seu interior.
Para revestir o concreto de suporte do Obelisco foram necessários 800,00 m.³ de blocos
de mármore Travertino Romano clássico, servente para os 2.304 m.² (2+3+0+4=9) de
revestimento externo da obra, com espessura de 09 cm. Cada peça foi milimetricamente
cortada sob inspeção direta de Emendabili pela Marmoraria Roma, de Alfredo Meccozzi.
O transporte deste mármore importado da Itália foi realizado por 06 naus cargueiras.
O interior do monumento, a Cripta, recebeu 4.500 m.² (4+5+0+0=9) de revestimento
marmóreo, totalizando assim 6.804,00 m.² (6+8+0+4=9) de revestimento, externo e
interno.
As relações numéricas baseadas no número 9, constituem a assinatura matemática das
obras monumentais de Galileo Emendabili.
A ciclópica obra consumiu 25.000 sacas de cimento; 360 toneladas de ferro; 2.600 m.³ de
areia; 3.500 m.³ de pedra; 450 m.³ de planchões; 2.000 dúzias de tábuas; 36.000 m.³ de
terra, para o aterro ao redor da obra, a dar-lhe uma ampla praça, batida pelo Sol, como de
estilo emendabiliano.
A Cripta foi adornada com 135 m.² (1+3+5=9) de mosaicos venezianos, executados pelo
Instituto Padan de Veneza, sob o desenho e as cores de Galileo Emendabili.
Aos 3 mosaicos da Cripta, se soma o das “Classes Trabalhadoras de São Paulo”, circular,
inserto na base escavada em forma de ogiva no interior do Obelisco, de 9 metros de
diâmetro.
Galileo Emendabili foi o primeiro artista moderno a ressaltar a presença do imigrante na
vida de São Paulo, engajado no embate revolucionário, especialmente o italiano, de forte
presença em São Paulo, por meio da escolha do mármore Travertino Romano clássico.
Esta escolha do artista se deu particularmente em homenagem a um menino de origem
italiana, escoteiro, ALDO CHIORATTO, o qual perdeu a vida em um bombardeio em
Campinas, enquanto cumpria sua missão de estafeta, voluntário mensageiro das tropas
constitucionalistas.
Detalhe simbológico importante na inserção da obra no ambiente urbano de São Paulo se
fez a partir da escolha do local exato de parte de Galileu Emendabili para cravar o “32”.
As coordenadas da obra no solo são: 23°35'5"S e 46°39'18" W.
A soma dos numerais da coordenada Sul (2+3+3+5+5) perfaz 18, que é múltiplo de 9.
Ademais, 1+8 é igual a 9. Ainda. 18 dividido por 2 é 9.
Há correspondência deste número nos 18 lóculos (gavetas) que compõem cada um dos 4
Columbários dispostos no Túnel de Acesso ao Templo, elementos arquitetônicos
integrantes da Cripta, cujos significados serão adiante expostos.
Nos 4 Columbários estão consubstanciadas 72 personalidades e o comando do Exército
Constitucionalista (4x18=72).
Este número corresponde à altura do Obelisco, de 72 metros (7+2=9), a partir da sua base
junto à praça que o entorna, até seu vértice.
Quando se multiplica a coordenada Sul (23º35’5”), pela coordenada Oeste (46º39’18”),
obtém-se o resultado 108.348.048.900. A soma de cada singular algarismo que compõe o
produto das coordenadas, resulta em 45 (1+0+8+3+4+8+0+4+8+9+0+0= 45). E 4+5=9.
A este número corespondem os 45 lóculos que compõem cada qual dos 8 Columbários
dispostos no Templo da Cripta, onde consubstanciados 360 combatentes (8x45=360 e
3+6+0=9).
A estes 360 homens no Templo, se juntam: Miragaia, Martins, Dráusio, Camargo e Virgínio
(o Herói de Cunha); consubstanciados no sarcófago selado por uma Bandeira Paulista
sobre a qual repousa o “Herói Jacente” (o Guardião do Templo), perfazendo assim 365
homens, cada qual a ser velado a cada dia do ano terrestre.
Recentemente foram agregados ulteriores columbários para receberem mais 900
combatentes.
A alva escultura polida encontra-se disposta no centro da Cripta, esculpida por Galileo
Emendabili em mármore de Carrara, figurando na escultura o rosto de seu pai.
São 81 os metros da medida de altura projetada do “32”, desde o fundo da Cripta, na qual
está inserida e centralizada uma bandeira paulista em mármore, oculta, que serve de sigilo
para a câmara secreta, até o ponto de vértice do Obelisco.
Também esta é a medida projetada, 81 metros, de comprimento horizontal, que percorre o
eixo maior da Cripta.
Interessante observar que a função inversa de 81 (1/X) resulta na sequência
0,0123456790123456789...
Com o número 81 Galileo Emendabili quis representar o Infinito; tanto na verticalidade que
transpassa o centro da Terra, em direção a D’us e aos seus eternos Princípios e Leis;
como na horizontalidade, que expressa eterna dimensão humana, o seu passado, aquele
presente de 1932, fixado no tempo quando os dois eixos imaginários, vertical e horizontal,
se entrecruzam no Templo da Cripta, e o futuro da inteira Humanidade, na busca eterna de
um ideal de Equidade, Liberdade, Fraternidade, Justiça e Paz.
Por sua vez, o numeral 9 decompõe-se em tríades, sendo esta a assinatura matemática
monumental de Galileo Emendabili, já presente no Monumento a Ramos de Azevedo,
sobressaindo no “32”.
Neste caso, além do 9, o numeral 7, de significações místicas imanentes, se faz também
presente nas métricas arquitetônicas, permeando conceptivamente a obra.
Junto à base quadrangular do Obelisco, cada lado tem projeção de 9 metros lineares
(9²=81).
Quando o corpo cúbico do Obelisco flexiona junto ao ápice para formar o vértice, cada
lado, ao alto, tem projeção de 7 metros, cujo quadrado resulta em 49, e 4+9=13, número
este cujo simbolismo será adiante explanado.
A referência à data da eclosão do conflito, pela conjugação dos números 9 e 7 é óbvia: 9
de julho.
Quanto à altura do Obelisco, a partir da praça que o circunda, até seu vértice, tem-se
projeção de 72 metros lineares (7+2=9). Já, do fundo da Cripta até o vértice do Obelisco, a
linearidade da altura projeta-se por 81 metros (8+1=9).
Assim, o comprimento da Cripta corresponde à altura do Obelisco, por iguais 81 metros.
Neste sentido, considerados o Princípio Masculino-Feminino inserido na obra, e
considerado o Obelisco, por seu aspecto externo ser uma espada, a Espada Flamejante,
além da consideração da Cripta ter o formato de uma cruz, a Cruz do Martírio, assemelha-
se esta a uma bainha de encaixe e de porte a ser penetrada pela arma.
Tem-se assim a complementaridade que evoca os tempos da Ordem Templária e de seus
Cavaleiros.
A largura do Templo inserido no terceiro segmento da Cripta tem formato quadrado, de
iguais 32 metros de lado.
Surge aqui a relação numérica completa para quem pudesse observar o corte sagital do
“32”, de cima abaixo: 7 – 9 – 32; ou seja, mês, ano e dia da eclosão do maior conflito
armado no Brasil do século XX.
Ainda sobre o número 9: Da diferença entre as 2 alturas do Obelisco resulta 9 (81 – 72=9).
Também da raiz quadrada de 81 resulta 9.
Observa-se ainda que angulação planar entre a dimensão vertical do Obelisco e a
dimensão horizontal da Cripta é, por óbvio, correspondente a 90º.
Os números 72 e 81 constituem escolhas numéricas propositais de Galileo Emendabili.
Assim, não se trata de obra do acaso. Fosse assim, o Obelisco poderia ter 54 metros e, da
Cripta ao vértice, 63 metros de altura, por exemplo, e assim não é.
Galileo Emendabili escolheu para a medida de verticalidade projetada do Obelisco, a partir
da praça de entorno, o número 72.
Assim fez porque este número corresponde aos 72 nomes de D’us. Ainda, 72 são os
anjos, os quais se hierarquizam em 9 ordens: Serafins; Querubins; Tronos; Dominações;
Potências; Virtudes; Principados; Arcanjos e Anjos.
Quanto ao número 81, as implicações simbólicas do próprio número seguem princípios
místicos: o número 81 é o quadrado de 9. Por sua vez, 9 é o quadrado de 3. E 3 é Número
Perfeito, de alto valor místico para todas as antigas civilizações, decompondo-se nas
tríades divinas em todas as religiões: Shamash, Sin e Ichtar, dos Sumérios; Osiris, Isis,
Horus, dos Egípcios; Brahma, Vishnu e Siva, dos Hindus; Yang, Ying e Tao, do Taoismo;
Pai; Filho e Espírito Santo, da Trindade Cristã e; a tríplice argamassa das Oficinas:
Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Neste contexto, o autor do “32” remete à “Corda de 81 Nós”, que é corda de medida do
Templo de Salomão, formada por um laço central, para decompor-se em 40 laços laterais
por cada braço.
O laço central, maior, representa D’us, disposto entre o passado e o futuro, representando
o número 1, a unidade, o indivisível, o elo de união, o princípio de tudo, o fundamento do
Universo, considerado assim número sagrado.
Os 40 laços laterais opostos ao laço central marcam períodos cíclicos que levam a
mudanças radicais quando as pontas soltas da corda se tocam, retorcendo-se sobre o nó
central, a formar duas alças unidas pelo centro, tradução do símbolo do Infinito.
Dentre tantas passagens bíblicas que envolvem o numeral 40, tem-se que foram 40 os
dias em que Jesus se preparou para a morte e; após o Martírio, ulteriores 40 dias a
permanecer entre nós após a Ressurreição, antes de alçar e prosseguir para a Eternidade.
A estrutura de cada “laço” da “Corda de 81 Nós”, quando fechada e retorcida sobre o nó
central, representando o símbolo do Infinito, simboliza a perpetuação da Espécie Humana.
Simboliza ainda a penetração macho/fêmea, que se intui na planta baixa do complexo,
quando da transfixação do Obelisco (Masculino) emergindo do solo para irromper na praça
circular (Feminino) de 1932 m², tendo por limite as fontes luminosas, aspergindo
verticalmente o ressurgir da Vida; mas também a lágrima da Mãe Terra Paulista,
encharcada do sangue dos filhos tombados em sua defesa, acolhidos em seu Coração
Transfixado de Dor (a Praça da qual emerge do Obelisco), pela Espada do Martírio (o
Obelisco).
Assim, a Praça de entorno ao Obelisco, delimitada pelas Fontes Luminosas que o
circundam determinam a obra infinita de renovação em meio à Dinâmica Universal do
Amor na continuidade da Vida, obra de D’us.
Além disto, a guerra cívica e militar traduzida na Revolução Constitucionalista de 1932
teve duração de 81 dias. 23 dias em julho, 31 dias de agosto e 28 dias de setembro,
quando houve a rendição. Assim: 23+31+30+28=81.
Quanto a esta bidimensionalidade vertical (Obelisco) e horizontal (Cripta), tem-se:
A medida vertical representa a elevação dos ideais: de libertação, de transcendência de
um povo sob a égide da lei e, do caminho até a Perfeição de D’us.
A medida horizontal finca na terra a representação do Martírio de 81 dias dos quantos se
sacrificaram; e do trânsito da Vida para a Morte dos que foram para a Glória, acolhidos em
seu último acampamento, em sua Última Trincheira, para ressurgirem.
Esta trincheira, como orou Guilherme de Almeida, não perdoou, não esqueceu, pois que é
luta perene contra o arbítrio, a tirania, a dissimulação, o engano contra o povo.
DO OBELISCO – SUA ARQUITETURA E SEUS SIMBOLISMOS:
Quanto ao Obelisco, é torre trapezoidal. Como todos os obeliscos da Terra, marca uma
conquista.
No caso do “32”, essa conquista não é militar, pois que neste campo, o glorioso, heróico,
mas limitado Exército Constitucionalista foi batido.
A conquista é civil e moral, permitindo ao povo poder viver sob a égide da Lei Maior, pela
restituição das Liberdades Democráticas, pela derrota das ideias totalitárias, pelo advento
de um País moderno e livre.
Nestes pontos, a Revolução Constitucionalista de 1932 foi amplamente vitoriosa e
afirmativa.
Quando visto externamente, a simbologia hermética do Obelisco remete para a Espada
Flamejante, empunhada por querubins na defesa da Árvore da Vida, tal como referida em
Gênesis 3:24 (3+2+4=9).
Junto à base quadrangular do Obelisco, cada lado tem 9 metros de largura. Como são 4
os lados, tem-se novamente a relação 9²=81, remetendo novamente ao número sagrado e
aos dias de duração do embate.
Junto ao vértice, cada lado tem 7 metros de largura (7²=49 e 4+9=13.
O numeral 13 representa o Portal, focal, de colimação para a transmudação do Mundo
Físico para o Espiritual, representando a passagem para a Ressurreição.
Por sua vez, a praça circular da qual emerge o Obelisco, tem 1932 m² de área. Representa
o Guarda-Mão da Espada Flamejante, que é a parte que as protege quando do combate.
Tem-se assim, inscrita na arquitetura emendabiliana do “32” a seguinte relação numérica:
9 (lado maior junto à base do Obelisco); 7 (lado menor, junto ao vértice do Obelisco); 1932
(área da praça circular da qual emerge o Obelisco).
Esta relação numérica refere-se à data da eclosão da Revolução Constitucionalista: 9 de
julho de 1932, revelando na geometria o dia, o mês, e o ano da eclosão do conflito.
Cada face o Obelisco tem área de superfície de 576 m² (5+7+6= 18, e 1+8=9, e 18/2=9).
Como são 4 as faces, que representam: os 4 pontos cardeais; os 4 elementos: Terra –
Fogo – Ar – Água; e os 4 séculos de São Paulo quando da eclosão da guerra cívica e
militar, a área total da superfície externa do Obelisco corresponde a totais 2304 m²
(2+3+0+4=9).
Neste aspecto externo o Obelisco, pela claridade de seu mármore; enquanto dia, é Espada
Flamejante, que adverte os tiranos da iminência da luta que o povo opõe; enquanto noite,
quando iluminado, flameja como Farol, a nortear a todos encaminhando o povo para a luta,
a lembrança da Liberdade e a seguridade dos ideais defendidos em 1932 nas sacrificadas
trincheiras e sangrentas frentes de batalha.
DOS ALTOS-RELEVOS:
O modelado emendabiliano nos altos-relevos é moderno e expressionista.
As figurações de Galileo Emendabili, esculpidas nos colossos em mármore Travertino
Romano nas 4 faces do Obelisco revelam, em paralelismos estéticos perfilados, o mesmo
espírito de iniciativa que animou os despojados Bandeirantes, em movimento de avanço
para o Norte, empenhados na expansão das fronteiras territoriais do Brasil séculos antes;
espírito este que de igual inspirou o Exército Constitucionalista de 1932, avançando em
todas as direções, quando pegou em escassas armas para impor os limites éticos, legais e
constitucionais para o livre viver e legítimo exercício democrático do poder governamental
no Brasil.
Para além dos estilos, o esculpir nos altos-relevos do “32” expressa rusticidade física, mas
não espiritual. Rusticidade para embrenhar-se nas matas e engajar-se nos combates, nas
conquistas, nos dizeres de Guilherme de Almeida, em seu poema gravado nas 4 faces do
Obelisco:
"Aos épicos de julho de 32, que,
fiéis cumpridores da sagrada promessa
feita a seus maiores – os que
moveram as terras e as gentes por
sua força e fé - na lei puseram sua
força e em São Paulo sua Fé."
Muito embora as esculturas remetam ao estilo Modernista, nelas a tridimensionalidade é
contida.
Galileo Emendabili nasceu em Ancona, Itália. Ankon (cotovelo, em Grego), que foi fundada
antes de Roma, pertencendo à Magna Grécia. Estudara a fundo a Escultura Grega, e
particularmente inspirou-se no Período Arcaico ao esculpir os altos-relevos do “32”.
A tipologia dos altos-relevos se assemelha aos estilos deste período conhecidos como
Kouros, no caso masculino; e Kore no feminino, tendo sido os mais significativos do
período Arcaico, que se consolidaria definitivamente a partir de 650 a.C., adquirindo
dimensão monumental inspirada no exemplo da estatuária egípcia.
Estilizando o formato nos altos-relevos, Galileo Emendabili adotou a tipologia significativa
do guerreiro em identificação entre beleza física e elevação dos valores morais, legais e
cívicos, tais como os defendidos em 1932. Esta coleção de valores era arcaicamente
conhecida como aretê.
Emendabili assim quis, na escultura rústica dos altos-relevos, refugando naturalismos,
perfilar em paralelismos temáticos, a congraçar helenisticamente os feitos da gente
paulista ao longo de seus 4 séculos de História.
Assim, a consagração emana no mármore Travertino Romano, revestida de um sentido
transcendente, de elevação do Homem para o Divino, quando da verticalização do
Obelisco, evocando façanhas épicas e qualidades humanas, traduzidas em movimento, na
força, na agilidade, na habilidade, na graça e na beleza, atribuindo aos colossos
esculturais valores eminentemente cívicos e éticos, antes que exclusivamente militares.
As mesmas qualidades são repassadas ao observador ao cumprirem os altos-relevos a
função de fixação do momento fúnebre, além da oferta voluntária da vida pelo
autossacrifício em prol do bem comum.
DO INTERIOR DO OBELISCO – A OGIVA CÍVICA - AS PORTAS BRÔNZEAS:
No interior do Obelisco encontra-se estilizada uma monumental ogiva de canhão, de 32
metros de altura.
Esta medida não evoca somente o ano de 1932.
Hermeticamente são 32 os portais da sabedoria equivalentes ao 4º sistema. Por sua vez, o
numero 4, presente na Cripta, associado ao número 8, também se encontra presente no
Templo da Cripta. Quando multiplicados os números 8 e 4, resultam em 32.
O número 32 se refere aos graus de evolução que estão contidos na Árvore da Vida, onde
temos 10 Sephirot e 22 caminhos que se interligam. É o 32º grau o caminho
imediatamente antecessor do 33º grau, que remete à Perfeição Absoluta.
Neste espaço escavado na base do Obelisco, a cúpula monumental é adornada por um
mosaico veneziano circular, que acompanha a circunferência da Ogiva Cívica intitulado:
“Classes Trabalhadoras de São Paulo”, obra de Galileo Emendabili, executada sob seu
desenho e cores pelo Studio Padan em Veneza.
A iluminação artificial neste segmento da obra encontra-se descaracterizada, pois que
deveria provir do centro, ao alto, da cúpula, difundindo-se pelo mosaico circular das
“Classes Trabalhadoras de São Paulo”, que adorna a Ogiva Cívica. A iluminação, assim
concebida por Emendabili, deve também projetar-se independentemente para plano
inferior, focando o “Herói Jacente”, subestante, a dar efeito visual a quem entra do exterior,
na Cripta, e por esta caminha em direção ao Templo.
O mosaico representa os valores da família, do trabalho, do engenho, do esforço do povo,
sob a égide de sua bandeira, de seu lema e de seu patrono, a inspirar as gentes de São
Paulo.
São estes os valores que “municiam” a Ogiva, emprestando-lhe poder.
Galileo Emendabili escapa em certa medida do princípio da frontalidade nos mosaicos por
ele concebidos, característica maior da arte musiva. Insere ele certa perspectiva nos
mosaicos do “32”.
Seu desenho e a policromia intensa das tesselas emprestam grande expressividade às
suas figurações musivas, destacadamente no mosaico “Ressurreição”, situado no Templo
da Cripta.
Adentra-se na base escavada do Obelisco por 2 portas em bronze, nas quais se inscrevem
baixos-relevos emendabilianos.
O modelado destas esculturas traduz a penúltima fase estilística do modelado
emendabiliano, no qual Galileo Emendabili sedimentou seu traço modelar de forma
inconfundível, levando Pietro Maria Bardi a defini-lo como o “Modigliani da Escultura“.
No caso das duas e opostas portas brônzeas de ingresso à Ogiva Cívica, o modelado
expressivo dos rostos não é aquele comumente definido para Emendabili como de
inspiração referente no tardo Trecento italiano, período que sem dúvida foi por ele
considerado como importante e inspirador da História da Arte, trazendo ele, deste período,
inserções e leituras modernas às suas figurações nos baixos-relevos do “32”.
Neste caso há um arcaísmo no modelado com expressividade moderna nos baixos-
relevos, o que remete à estatutária etrusca, muito vinculada à arte funerária.
A gestualidade das figuras não é rígida, mas contida, a expressar a interiorização das
emoções. Também as figuras não são particularmente belas, e sim comuns personagens
do povo que sofre o momento da guerra.
Expressas nas portas estão as separações dos soldados das famílias para se irem ao
front; as mutilações; o tombamento nas trincheiras; as contribuições civis de dinheiro e
alianças em ouro para manter as tropas constitucionalistas em combate; o esforço de
guerra na indústria; nas comunicações; na ciência; na mecânica.
Emendabili figura o engenho de São Paulo no campo das Ciências, o que acabaria por
redundar na mais significativa aquisição do povo paulista como melhor fruto da Revolução
Constitucionalista de 1932: - a Universidade de São Paulo.
A primeira porta brônzea volta-se para o Ocidente, para Leste, denominando-se Porta da
Glória. As figurações de Galileo Emendabili figuram o engajamento, o esforço da
população de São Paulo na empreitada da guerra, além dos preparativos para a partida,
as mutilações e o tombamento do Soldado Constitucionalista nas frentes de batalha.
A outra porta brônzea, denominada Porta da Vida, volta-se para o Oeste, para o Oriente,
com figurações emendabilianas sobre o esforço de guerra nas telecomunicações, na
siderurgia, na indústria bélica, na Aeronáutica, na Química, na Ciência.
Portanto, as portas dialogam por seus baixos-relevos entre as emoções e sentimentos
humanos colocados em confronto com o necessário racionalismo do esforço de guerra.
O visitante, ao adentrar na monumental cúpula da Ogiva, se depara com um parapeito
circular que delimita espaço vazado, pelo qual se permite o olhar para baixo, para o plano
subestante, para o centro do Templo na Cripta.
Este parapeito circular vazado representa a espoleta da Ogiva Cívica, o seu “ponto de
detonação”, permitindo olhar diretamente para a figuração do “Herói Jacente” (O Guardião
do Templo) esculpido em alvíssimo mármore de Carrara por Galileo Emendabili.
Este é o ponto de conjunção, que permite ver o Obelisco provindo das profundezas da
Terra adentrando e transfixando a Cripta, passando por seu centro exatamente no
cruzamento dos braços de iguais medidas que formam a Cruz do Templo para emergir,
penetrando a Praça, em direção aos céus.
O “Herói Jacente”, o “Guardião do Templo” e de seus valores, portanto, vigia e de
prontidão perene se encontra. Adota ele posição contida de imanente predisposição
serena ao combate, se necessário for, pois que permanentemente armado com os valores
das gentes de São Paulo (o mosaico das “Classes Trabalhadoras”), a municiar o “Canhão
Cívico”, por ele espiritualmente manejado a partir de sua base.
Transmudado, pois, o Obelisco, por seu aspecto interior, em poderosíssimo e emblemático
detonador de toda a forma de tirania e de arbítrio, em representação ao “Canhão Cívico”.
Simboliza, portanto, o Obelisco: a Espada Sentinela; o Farol Norteador e o Canhão Cívico;
a serem manejados pelo “Guardião do Templo” na defesa da Liberdade de seu povo, e da
Integridade de sua Terra.
A CRIPTA:
A Cripta tem forma de Cruz Latina. A Cruz do Martírio. Tanto o dos combatentes (em
segundo plano), quanto o de Cristo (em primeiro plano), refigurados conjuntamente nos 3
mosaicos que a adornam.
A Cripta se decompõe em 3 segmentos.
São 9 os degraus que conduzem da praça, ao seu interior.
Por ela se adentra pela primeira tríade de arcos, os quais remetem às arcadas da
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, berço da lei, da legalidade do país e
sede intelectual da guerra.
Cada tríade de arcos é sustentada por duas colunas. E símbolos, antes revelar, mais das
vezes ocultam.
As duas colunas da primeira tríade de arcos (que se repetirão por todas as 11 tríades de
arcos que compõe a Cripta), sinalizam a entrada do Pórtico à Cripta. Simbolizam também
o Masculino e o Feminino, lado a lado, bem como a Vida e a Morte, além dos limites do
Universo criado.
Ao se ver a planta de setorização da Cripta, percebe-se que Galileo Emendabili em seu
projeto estilizou uma aeronave nos moldes dos anos 1930. Assim fez também em
homenagem aos aviadores que se empenharam em batalhas aéreas durante o embate.
Quis também dar asas eternas (elemento simbólico também utilizado no Cavalo Alado da
tríade escultórica do Monumento a Ramos de Azevedo) ao sonho de Liberdade e de
Progresso das gentes de São Paulo.
Porém, outra simbologia hermética se revela na planta da Cripta.
A Cruz flutuando livre pelo Céu simboliza o Segundo Advento de Cristo quando do Juízo
Final e o poder intercessor dos Mártires Santos da Cristandade.
Esta simbologia se insere em conceitos cosmológicos paleo-cristãos.
Santo Irineu inspirou a arquitetura emendabiliana no “32”:
"... porque Cristo é o Verbo de Deus... que em sua forma invisível penetra todo o universo
e abrange seu comprimento e largura, sua altura e profundidade... o Filho de Deus
também foi crucificado nesta forma cruciforme do universo".
Por tal razão, a medida de comprimento da Cripta, de 81 metros, é medida igual à de
verticalidade do Obelisco desde seu arranque das profundezas da Terra ao vértice.
Ao se interceptarem ao centro do Templo, formam as duas estruturas arquitetônicas
complementares um ângulo de 90º.
Assim, as projeções imaginárias dos braços da Cruz, bem como da base e do vértice do
Obelisco penetram em tridimensionalidade: ”... todo o universo e abrange seu
comprimento e largura, sua altura e profundidade...”.
Galileo Emendabili, ao conceber a Cripta, inspirou-se nas Escrituras (Êxodo 25:9):
“Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de
todos os seus pertences, assim mesmo o fareis”.
A SALA DOS PASSOS PERDIDOS:
Para adentrar pelo Pórtico externo, há de se vencer a primeira tríade de portões, em
bronze, sob os 3 arcos, os quais abrem para o exterior, a levar os ideais dos que
tombaram para o povo, e os perenes princípios encerrados na Cripta, para o mundo.
Uma segunda e última tríade de portões, que se abrem de igual para o exterior, delimitam
o segundo Pórtico, interno, encerrando o primeiro segmento da Cripta.
Este segmento tem forma piramidal truncada, prismática, de base maior voltada para o
exterior, afunilando-se em direção ao Túnel de Acesso, quando encontra o segundo
pórtico, interno, formado pela segunda tríade de arcos e última tríade de portões,
sinalizando o seu limite extremo.
Neste segmento encontra-se a casa de máquinas e de elétrica, além da casa de guarda,
os banheiros masculino e feminino e outros anexos.
Este amplo Átrio, delimitado por 2 portais, 2 tríades de arcos e, 2 pares de colunas,
constitui a Sala dos Passos Perdidos.
Nesta antessala templária é recepcionado quem busca adentrar na Cripta, sendo local
onde se cumprimenta e se confraterniza quem visita o memorial.
A Sala dos Passos Perdidos é uma primeira e necessária etapa espiritual de
aprendizagem após passar a primeira tríade de arcos do Pórtico externo, adentrando num
recinto de preparo para a reflexão íntima, pessoal, introspectiva.
Neste espaço, os de boa vontade, antes de prosseguir, devem se obrigar a portar a
espada se necessário, e estarem sempre prontos para guerra, dispostos a lutar contra a
ignorância, os preconceitos, os erros, as tiranias, os arbítrios; e a lutarem em prol do
Direito, da Justiça e da Verdade, a bem da Pátria e da Humanidade, a fazerem reinar
valores tão nobres e, ao mesmo tempo, tão ausentes mundo afora.
Descontadas as áreas laterais dos anexos, a Sala dos Passos Perdidos adquire formato
quadrangular, e, ao final de 17 (1+7=8) metros de comprimento, por 9 metros de largura,
encerrando 153 m² (1+5+3=9) de área, chega-se ao segundo Pórtico, interno, o segundo
rito de passagem para o Túnel de Acesso, para a Câmara de Reflexão.
A CÂMARA DE REFLEXÃO:
O Túnel de Acesso, de 32 metros de comprimento por 9 metros de largura, é denominado
Câmara de Reflexão, encerrando simbolismo que remonta aos primórdios da Humanidade,
essencialmente associado aos ritos de passagem.
Cuidadosamente concebida, com 288 m² (2+8+8=18 e 1+8=9) de área, apresenta entrada
discreta, inserida no interior da terra.
A luz indireta adentra pelas paredes, advinda de detrás das canaletas escavadas nos
bordos dos 6 arcos cegos, 3 para cada lado da Câmara de Reflexão, imprimido ao
ambiente tocante espiritualidade.
É nesse local que se efetua uma séria meditação sobre a efemeridade das coisas terrenas
e a importância de cultivar os bens, os dotes e as elevações imateriais, espirituais.
A introdução do visitante na Câmara de Reflexão tem simbologia especial e
correspondente à descida ao interior da Terra e o retorno ao tempo de gestação materna,
ao momento que antecede o nascimento para uma Nova Vida.
Neste segmento é imposto isolamento necessário para o mundo profano, exterior, pois
representa a transição das Trevas para a Luz, a provocar estado de receptividade
espiritual em quem neste adentra.
Uma vez na Câmara de Reflexão é necessário que o visitante permaneça
preferencialmente sozinho durante certo tempo, a lhe permitir refletir sobre tudo aquilo que
lhe é possível observar ao seu redor.
Nas paredes laterais ao longo da Câmara de Reflexão estão dispostos 3 arcos de cada
lado, compondo 6 arcos cegos ao todo.
OS COLUMBÁRIOS DA CÂMARA DE REFLEXÃO E A POÉTICA DE GUILHERME DE
ALMEIDA:
Na Câmara de Reflexão, ao caminhar por seu longo eixo em direção ao Templo, depara-
se em cada uma das duas paredes que a limitam, por ambos os lados, 3 arcos.
O arco central, cego, ostenta uma inscrição.
No da esquerda de quem adentra em direção ao Templo inscrita está a “Oração Ante a
Última Trincheira”, de Guilherme de Almeida.
O arco cego central da direita, exatamente oposto em frontalidade ao da esquerda, traz
reprodução de carta dirigida à corte portuguesa informando do despojamento, da
rusticidade, da coragem, e da iniciativa dos paulistas para se armarem com seus recursos
para a luta, em paralelismo ao que ocorreu em 1932.
Ladeando cada arco central cego, encontram-se mais dois arcos cegos, um em cada
extremidade de cada parede oposta.
Tem-se, portanto, 6 arcos cegos neste segundo segmento da Cripta; 2 arcos cegos
opostos e centrais, que recebem as inscrições, poética e histórica; e outros 4 arcos cegos,
extremos e opostos, neste segmento.
Nestes 4 arcos cegos extremos se inserem 4 Columbários.
Columbários são pequenas edificações funerárias erigidas como caselas dispostas em
fileiras sobrepostas, que lembram os pombais.
Pomba é sinônimo de colomba, denominando-se assim estes elementos da arquitetura
memorialista: Columbários.
No caso da Câmara de Reflexão, os Columbários, como todos os demais, são revestidos
em mármore Botticino Fiorentino, que reveste paredes e o piso.
Neste segmento, cada um dos 4 Columbários é subdividido em 18 (1+8=9) pequenas
câmaras denominadas lóculos, cada qual destinada a receber os restos mortais dos
Combatentes de 1932.
Tem-se assim, acampados na Câmara de Reflexão, 72 homens (4X18=72).
72, como antes se escreveu, é medida de verticalidade do Obelisco (7+2=9), desde a
Praça que o circunda até seu Vértice.
Aos 4 Columbários da Câmara de Reflexão se somam outros 8 Columbários, situados no
terceiro segmento da Cripta, correspondente ao Templo, cada qual com 45 lóculos
(4+5=9).
A Cripta, pois, totaliza 12 Columbários.
O conjunto dos 12 Columbários simbolizam os 12 Apóstolos de Cristo, e se dispõem
margeando a sua Cruz (formato da Cripta).
Os 12 Columbários, conjuntamente com os 2 arcos cegos centrais, literários, inscritos na
Câmara de Reflexão, formam um conjunto de 14 elementos.
Os 14 elementos (12 Columbários e 2 arcos cegos) simbolizam as 14 passagens da Via
Crucis. Referem o Martírio de Cristo, em paralelismo com o dos Combatentes de 1932.
Assim, enquanto na Sala dos Passos Perdidos o visitante se prepara, aprendendo como
adentrar em grau superior na Câmara de Reflexão, passando pelo segundo Pórtico,
vencida esta etapa, o visitante adquirirá conhecimento a lhe permitir o seu ulterior e final
ingresso no Templo, passando pelo terceiro Portal ritualístico, representado pela terceira
tríade de arcos.
Configura-se assim a necessária e ritualística passagem por 9 sagrados Arcos de Aliança
e 3 pares de colunas justas e perfeitas.
O TEMPLO – AS 4 CÂMARAS FUNERÁRIAS E OS 8 COLUMBÁRIOS:
A terceira tríade de arcos representa o Portal Templário de acesso ao terceiro segmento
da Cripta – O Templo.
Este segmento ostenta planta baixa quadrangular, cujos lados medem iguais 32 metros; e
igual medida de comprimento e de largura. A área totaliza 1.024 m². Veja-se que a
resultante da soma dos singulares algarismos que compõem a área não é 9, e sim 7
(1+0+2+4=7).
O número 7 representa o triunfo, a capacidade de realizar transcendendo, além de ser
representativo do mês da eclosão da Revolução Constitucionalista.
As tríades de arcos que sustentam o Templo são 8.
Não há janelas e as únicas comunicações com o meio exterior se fazem pela terceira
tríade de arcos que comunica o Templo com a Câmara de Reflexão, e, pelo alto, através
do parapeito circular que conjuga o templo com a Ogiva Cívica e as suas portas brônzeas.
O ar chega do exterior por 32 aberturas reticuladas ao alto das paredes laterais opostas.
A iluminação provém do piso, por canaletas cobertas por vidros temperados opacos,
acantonadas junto ao encontro das estruturas verticais com o piso, criando efeito de
espiritualização a que adentra. A simbologia desta escolha de iluminação indireta tem
sentido, pois que a “luz dos mortos provém da terra”.
Tanto na Cripta, como na Ogiva Cívica, os projetos de iluminação encontram-se
amplamente descaracterizados, o que retira da Cripta o efeito visual que Emendabili quis
emprestar.
Está-se, pois, numa Câmara Funerária Templária, revestida em mármore Botticino
Fiorentino.
O Templo, quadrangular planar, e cúbico geometricamente, divide-se em 4 câmaras
cúbicas pelo entrecruzamento dos 2 braços da Cruz Templária.
Cada braço, por sua vez, é formado por 4 tríades de arcos, decompostas em 2 tríades
paralelas, que se interceptam quando do entrecruzamento pelo elemento circular central,
para prosseguir em ulteriores 2 tríades paralelas a partir deste elemento.
Como são 2 os braços da Cruz, cada qual com 4 tríades de arcos, tem-se 24 arcos neste
terceiro segmento da Cripta, sustentando o Templo.
A estes 24 arcos vazados no interior do Templo, se somam os 9 arcos vazados que
compõem as 3 tríades paralelas de arcos havidos desde o ingresso na Cripta a partir do
Pórtico externo, perfazendo assim 33 arcos de sustentação críptica, alinhados em graus
de perfeição e justeza de alta filosofia.
Os braços da Cruz Templária se entrecruzam ao centro do Templo, segmentando a área
cúbica que, por sua vez, encerra e circunscreve a estrutura tubular, circular, na qual se
inscreve o “Herói Jacente”.
Esta área cúbica corresponde ao arranque do Obelisco das profundezas da terra e
simboliza a empunhadura da Espada Flamejante, bem como a culatra do “Canhão Cívico”.
Cada lado de cada uma das 4 Câmaras Funerárias resultantes da segmentação do
Templo mede projetados 11,5 metros de lado. Portanto, perfaz-se 132,25 m² de área. A
soma dos singulares algarismos da área projetada de cada qual resulta 13
(1+3+2+2+5=13), cujo significado é o de passagem do mundo material para o imaterial,
para ressurgir.
O número 13 encontra correspondência também com a soma dos números 4 e 9, dos 49
m² da área planar quando do segmento correspondente ao vértice do Obelisco, cujos
lados medem 7 metros (7²=49 e 4+9=13).
Em cada uma das 4 Câmaras Funerárias cúbicas, dispõem-se 2 Columbários, totalizando
assim 8 Columbários templários.
O produto entre as 4 Câmaras Funerárias templárias e os 8 Columbários resulta em 32
(4x8=32), referente ao ano de eclosão do conflito (1932), bem como aos 32 elementos
codificados que compõem a Árvore da Vida, transmitidos desde os tempos de Abraão.
Cada Columbário Templário é composto por 45 lóculos (4+5=9), cada qual abrigando os
restos mortais dos combatentes.
Nestes Columbários estão acampados paulistas, baianos, mineiros, pernambucanos,
provindos de vários estados brasileiros, e também de outras nacionalidades (Espanha,
Rússia etc), a comporem as fileiras do Exército Constitucionalista.
Nestes 8 Columbários ORIGINAIS estão acampados 360 homens (8 x 45=360 e
3+6+0=9). A estes 360, se somam os 5 homens (Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo, e
Virgínio), que se encontram acampados ao centro da Cruz Templária por sob o “Herói
Jacente”, que os protege e os guarda, perfazendo assim 365 combatentes templários
acampados, cada qual a ser reverenciado a cada dia de cada ano solar.
OS MOSAICOS:
Os mosaicos do Templo, em numero de 3, concebidos por Galileo Emendabili, foram
executados pelo Studio Padan, de Veneza.
A tradição da arte mosaica é muito antiga e ligada à arte funerária vinda da antiga tradição
helênica. O desenho das figuras é sempre claro e bem delimitado, utilizando-se dos
recursos ilusionísticos de tridimensionalidade, comuns à arte romana tardo-imperial.
Galileo Emendabili utiliza destes elementos na composição dos mosaicos da Cripta.
Contudo imprime traço próprio que se exterioriza onde a cor predomina sobre a linha,
inserindo nos mosaicos elementos figurativos tropicais tipicamente brasileiros.
A composição emendabiliana dos mosaicos tem aproximação com a pintura em painéis do
Trecento, sobretudo as executadas por Jacopo di Cione, pintor florentino que muito
admirava.
O estilo geral das figuras constitui síntese nova destas referências, emprestando
brasilidade à Arte Musiva.
Nos extremos das superfícies parietais da Cruz Templária da Cripta, dispôs Galileo
Emendabili 3 mosaicos policrômicos voltados para o centro do Templo, onde se encontra o
Círculo Templário em que disposto o “Herói Jacente”.
Na parede Norte, tendo à frente um altar marmóreo, inseriu o mosaico “Natividade”.
Neste mosaico, em primeiro plano, figura o recém-nascido Jesus menino em pé sobre a
manjedoura, adorado pelos Reis-Magos e por sua Sagrada Família. Em segundo plano, ao
alto, em linhas douradas, perfila o momento da Fundação de São Paulo, com os jesuítas e
índios, inscrevendo em algarismos romanos a data da fundação de Piratininga.
Em similar analogia, na parede Oeste, do Oriente, à frente de outro altar, insere Galileo
Emendabili o mosaico “Martírio”.
Em primeiro plano, figura o Cristo crucificado, morto. Em segundo plano, sempre ao alto, o
tombamento do herói constitucionalista no campo de batalha, assinalando em algarismos
romanos a data da Revolução Constitucionalista.
No último mosaico, na parede Sul, à frente do terceiro altar, em primeiro plano surge um
Cristo majestoso em meio às palmeiras tropicais, ressurreto, em triunfo.
A composição de seu rosto foi qualificada como uma das mais belas figurações de Cristo
em todos os tempos por Menotti Del Picchia.
Ao alto, em segundo plano, anjos trazem o anúncio do advento da Constituição Liberal de
1934, anunciando o ressurgir do país sob a égide da Lei.
A Constituição de 1934, objetivo cívico maior da Guerra Civil e Militar de 1932, fora
alcançado, marcando a emancipação de amplos segmentos da sociedade que a partir de
então passam a ter direito a voto, como as mulheres e os pobres e, por conseguinte, os
negros, pois que impedidos estavam de votar por força da Constituição anterior, de 1891,
rasgada por Vargas em 1930.
A força pictórica dos mosaicos, seus temas e seus simbolismos, conferem conjunção e
organicidade ao se voltarem para os 4 arcos do elemento circular no qual inscrito, ao
centro, o “Herói Jacente”.
O “HERÓI JACENTE” E SEUS SIMBOLISMOS:
O “Herói Jacente” transita da vida para a morte em estado de suspensão perene. Tem por
última visão, através da base vazada do Obelisco que lhe está acima (o parapeito circular
que representa a espoleta da monumental ogiva engastada na sua base), a bandeira de
São Paulo, inserida no mosaico “Classes Trabalhadoras de São Paulo”, que traduz os
altos valores das suas gentes.
Galileo Emendabili o esculpiu com o rosto de seu pai nesta escultura expressionista, bem
descrita por Mário de Andrade.
Repousa o “Herói Jacente” sobre o sarcófago selado por uma oculta Bandeira Paulista, em
mármore, que lacra os restos mortais dos máximos Heróis de 1932: Martins; Miragaia;
Dráusio; Camargo (MMDC) e o herói de Cunha, Paulo Virgínio.
O “Herói Jacente” apenas repousa em estado de suspensão anímica, velando pelos
heróis, pela bandeira, pela sua terra, pela sua gente, pelos valores do povo, pela ordem
constitucional. Dispõe ele da “Espada Flamejante” para desembainhar, do “Canhão Cívico”
para acionar, e do “Farol Norteador” a iluminar, em caso de retorno do arbítrio, da ditadura,
da tirania, das injustiças, dos desmandos.
Neste caso o “Herói Jacente” sairá de seu estado de torpor e se levantará reconvocando
todos os combatentes do Exército Constitucionalista que acampam perenemente na Cripta
a saírem de suas tendas (os Columbários), a formarem fileiras ao longo do eixo maior, a
novamente combater para reaver Liberdade, Democracia, Legalidade, Justiça.
A estrutura cúbica na qual se inscreve a estrutura tubular na qual se centraliza o “Herói
Jacente“ simboliza o Cabo da Espada; enquanto a Praça simboliza o Guarda-Mão e; o
corpo do Obelisco, a Lâmina de 4 gumes, figurando a Espada Flamejante.
O Círculo de 4 Arcos que imanta o “Herói Jacente” se insere exatamente no
entrecruzamento dos braços da Cruz, a qual dá forma ao Templo, na Cripta.
A orientação espacial da escultura se faz no sentido Leste - Oeste, Ocidente-Oriente,
acompanhando o longo eixo da Cripta desde a sua entrada até seu fundo.
Cada arco inscrito no Círculo (que, como nas faces do Obelisco, de igual se encontram
voltados para aos 4 pontos cardeais) representam os 4 elementos: Água; Fogo; Terra e Ar;
e os 4 Evangelistas: o Anjo; o Touro; o Leão e a Águia.
Destes 4 arcos, 3 (Oeste, Norte e Sul) se voltam para cada extremidade dos braços
superiores da Cruz, nas quais se incrustam os 3 mosaicos que adornam a Cruz Templária.
À frente dos 3 mosaicos do Templo se dispõem 3 altares, evocando sempre a Trindade.
Os 3 mosaicos evocam as passagens da vida de Jesus Cristo (Natividade; Martírio e
Ressurreição), em primeiro plano; e, em segundo plano, ao alto, em perfilado dourado,
passagens históricas de São Paulo, de sua fundação ao advento da Constituição de 1934.
Um dos 4 arcos (o Leste) se volta para a entrada da Cripta, alinhado ao Túnel de Acesso
(Câmara de Reflexão).
No solstício de verão, em dezembro, as portas de bronze na base do Obelisco (da Vida e
da Glória) devem ser abertas para que os raios de luz do Sol (“Sol Invicto”) adentrem,
alcançando a cúpula da Ogiva Cívica, para colimarem num único feixe a incidir o plexo
solar do “Herói Jacente”.
Pela alvura e polimento do “Herói Jacente”, a Luz Solar do Solstício ao incidir em seu
peito, aquecerá a “Câmara Secreta do Coração” (4º Estágio) e se espalhará pelo Templo
através das 4 Lunetas de Luz, representadas pelos 4 arcos.
Assim, a Luz Invicta, pelos 3 arcos inscritos no Círculo, iluminará os 3 Mosaicos Sagrados
e espargirá através da Cripta. Irradiará ainda pelas 3 tríades de Arcos e pelos 2 Pórticos
que se situam e dividem a Câmara de Reflexão da Sala dos Passos Perdidos, saíndo em
raios de Luz decompostos pelo prisma depurador do Átrio (Sala dos Passos Perdidos),
pelos portões que se abrem para fora, levando Luz às Trevas do mundo.
Interessante notar que a estruturação arquitetônica da Cripta guarda relação similar com o
Templo de Gala Placídia, em Ravena, Itália. Trata-se do mausoléu à Imperatriz, esposa do
Imperador Constantino III. O mausoléu se desenvolve, tal como na Cripta do “32”, em
forma de Cruz Latina. Do entrecruzamento dos braços da cruz, surge uma estrutura
vertical, cúbica, recoberta por um telhado de 4 águas. No interior desta estrutura
verticalizada, junto ao teto, encontra-se uma cúpula adornada com mosaico, da qual
pendem 4 lunetas sobre as portas de entrada, adornadas também com mosaicos. As
cúpulas dos 4 braços do memorial em cruz acompanham a finíssima arte musiva,
adornadas por mosaicos raríssimos paleocristãos do século V d.C., tombados como
Patrimônio Mundial pela Unesco.
Contudo, difere pela escultura do “Herói Jacente”, cerne simbólico do “32”, que por sua
vez, difere de todas as demais esculturas inseridas no complexo arquitetônico.
Galileo Emendabili lavrou a pedra dos altos-relevos e moldou as das figurações brônzeas
nas portas da Glória e da Vida.
Porém, no “Herói Jacente”, escultura com cinzel modernista que remete ao Renascimento,
Emendabili imprimiu polimento à pedra, a torná-la justa e perfeita...
Emendabili escolheu para esculpi-la alvíssimo mármore de Carrara, a traduzir pureza dos
ideais, dos princípios defendidos nas trincheiras de 1932, revelando também a pureza da
alma humana, a sua transcendência e os de valores perenes que devem conduzi-la ao
longo da ascensão pela Árvore da Vida.
O rosto belíssimo do “Guardião do Templo”, não expressa, como escreveu Mário de
Andrade, dor ou ressentimento algum. Suas pálpebras semicerradas na transição entre
Vida e Morte, para Ressurgir, lhe permite vislumbrar, em êxtase contido, a abóboda
celeste que lhe está acima, adornada com os símbolos, os valores, a terra e as gentes
pelas quais lutou e, tombou, como amor, sem afligir-se.
Alcança a sua visão, na elevação de seu espírito, o Éden, o Infinito expresso nos 81
metros de verticalidade do Obelisco, caminho que, finalmente, o levará à D’us.
A literatura sobre o “32” reporta ter sido este concluído em 1970. Não é verdade. Além de
amplo, profundo e competente restauro, carece o “32” de complementação de seu projeto
original, como, por exemplo, a colocação de 2 piras, cujo fogo não pode se apagar nunca,
ladeando a tríade de arcos do Pórtico externo, pelo qual, do exterior, o visitante adentra na
Cripta. As 2 piras, cujos simbolismos herméticos já foram explanados, também celebrizam
o ardor perene dos ideais defendidos em 1932.
Paulo Emendabili Souza Barros De Carvalhosa.
São Paulo, 19 de julho de 2018.
Todos os direitos reservados.

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