Вы находитесь на странице: 1из 7

PROJUDI - Processo: 0023202-34.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 78.

1 - Assinado digitalmente por Cleverson Rodrigues Teixeira


22/09/2014: EXPEDIÇÃO DE EDITAL/CITAÇÃO. Arq: Edital

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
COMARCA DE CASCAVEL
4ª VARA CÍVEL DE CASCAVEL - PROJUDI
Avenida Tancredo Neves, 2320 - Cascavel/PR - CEP: 85.805-000 - Fone: (45) 3392-5035 -
E-mail: cascavel4varacivel@tjpr.jus.br

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVQK YW665 PW73Z QGMHR


EDITAL DE CITAÇÃO DO(S) RÉU(S) EM LUGAR INCERTO E OS EVENTUAIS INTERESSADOS

PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS

A DOUTORA GABRIELLE BRITTO DE OLIVEIRA, JUÍZA DE DIREITO DA 4ª SECRETARIA DO CÍVEL DA


COMARCA DE CASCAVEL/PR - PROJUDI

F A Z S A B E R que na presente serventia tramita a AÇÃO DE USUCAPIÃO sob nº


0023202-34.2014.8.16.0021 em que IVO PEDRO ROSSI e outros move(m) contra LEANDRO PESSI. O
presente Edital tem a finalidade de CITAÇÃO do(s) réu(s) em lugar incerto e os eventuais
interessados do inteiro teor da presente ação. A seguir o resumo/íntegra da Petição Inicial vai
transcrito(a): “Ivo Pedro Rossi, brasileiro, casado, CPF nº 298.057.249-72, residente e domiciliado na
Rua Pedro Ivo, nº 2512, Bairro Country, em Cascavel/PR; e sua esposa Lucia Zornitta Rossi,
brasileira, casada, CPF nº 307.971.529-20, residente e domiciliado na Rua Pedro Ivo, nº 2512, Bairro
Country, em Cascavel/PR, através de seu advogado ao final assinado, comparecem à presença de
Vossa Excelência para ajuizar Ação de Usucapião, com pedido de antecipação da tutela em face de
Leandro Pessi, brasileiro, solteiro, médico, RG nº 5.383.051-0 SSP-PR, CPF nº 840.428.429-68,
residente e domiciliado na Rua Francisco Beltrão, nº 1398, Bairro Jardim Nova York, em Cascavel –
PR, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados: I - Preliminarmente: Justiça Gratuita: Os Autores
são assalariados e não possuem condições de pagar as custas e despesas processuais e os
honorários advocatícios, sem prejuízo do seu próprio sustento e de sua família (declaração anexa),
razão pela qual requerem os benefícios da assistência judiciária, conforme previsto na Lei nº
1060/50, bastando, para a concessão, a simples afirmação da parte requerente, até prova em
contrário. Nesse sentido é o voto do Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Dias, do E.
Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, que apreciou com propriedade a matéria envolvendo o
pedido de assistência judiciária contido na Lei nº 1060/50, sempre embasado com a jurisprudência
do e. TJ/PR e do e. STJ: “(...)A garantia constitucional de assistência jurídica dos hipossuficientes tem
por escopo o Princípio da Igualdade, de forma a dotar os desiguais economicamente de idênticas
condições para o pleito em juízo. Caso contrário, obstaculizado o livre acesso ao Judiciário, garantido
pela Carta da República (art.5º, inc.XXXV, da CF/88). A Lei nº 1.060/50 (LAJ, Lei de Assistência
Judiciária Gratuita) ao estabelecer as normas referentes à gratuidade judicial, dispôs em seu artigo
4º: "A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria
petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de
advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família. § 1º - Presume-se pobre, até prova em contrário,
quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas
judiciais." O ilustre Theotônio Negrão (in: Código de Processo Civil e legislação processual em vigor,
37ª ed., SP: Saraiva, 2005), em glosa a este artigo, transcreve que: "Art. 4º: 1b. "Para que a parte
obtenha o benefício de assistência judiciária, basta a simples afirmação da sua pobreza, até prova
em contrário (STJ-1ª Turma, REsp 386.684-MG, rel. Min. José Delgado, j.26.02.02, deram provimento,
v.u., DJU 25.3.02, p.211). Neste sentido: RTJ 158/963, STF-RT 755/182, STF-Bol. AASP 2.071/697j,
RSTJ 7/414, STJ-RF 329/236, STJ-RF 344/322, RT 789/280, 808/311, JTJ 260/379, Lex-JTA 169/15,
RJTJERGS 186/186, JTAERGS 91/194, Bol. AASP 1.622/19) (...)". Para que seja concedido o benefício
PROJUDI - Processo: 0023202-34.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 78.1 - Assinado digitalmente por Cleverson Rodrigues Teixeira
22/09/2014: EXPEDIÇÃO DE EDITAL/CITAÇÃO. Arq: Edital

da justiça gratuita suficiente a declaração do beneficiado de que não pode arcar com as despesas

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
processuais sem que isso prejudique o seu sustento ou de sua família. Isto porque, milita em favor
do postulante a presunção de veracidade da afirmativa, não havendo necessidade de qualquer outra
prova de sua impossibilidade. Neste sentido, dentre tantas outras ementas, destaco: "AGRAVO DE
INSTRUMENTO. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. INDEFERIMENTO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
GRATUITA. NÃO COMPROVAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS - DESNECESSIDADE. DECLARAÇÃO

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVQK YW665 PW73Z QGMHR


DE POBREZA SUFICIENTE PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1- A simples afirmação da necessidade
da justiça gratuita é suficiente para o deferimento do benefício, haja vista o art. 4º, da Lei nº
1.060/50 ter sido recepcionado pela atual Constituição Federal. Precedentes da Corte. 2- Ainda que
assim não o fosse, é dever do Estado prestar assistência judiciária integral e gratuita, razão pela
qual, nos termos da jurisprudência do STJ, permite-se a sua concessão ex officio (...)". (STJ, RESP
320019/RS, Sexta Turma, Relator Ministro Fernando Gonçalves, publicação15.04.2002). 3 - Poderá
contudo, ser revogado o benefício se comprovado que não está a merecê-lo. RECURSO PROVIDO".
(TJPR, AI313089-2, 16ª C.Cív., Rel. Shiroshi Yendo, j: 03.02.2006) Noutro turno, para que tal benefício
não seja concedido é preciso que a "parte contrária" faça prova cabal de que o beneficiado tem
possibilidades financeiras de suportar os honorários advocatícios e as custas processuais. Na
hipótese, a 'parte contrária' se trata do HSBC Bank Brasil S/A contra a qual foi endereçada a ação de
revisão de contrato, na forma do art.7º da LAJ - Lei de Assistência Judiciária. Neste sentido, o Juiz não
pode a seu talante denegar a pretensão da assistência judiciária, na medida que basta à sua
concessão tenha o requerente afirmado que se encontra economicamente impossibilitado de arcar
com as despesas processuais. Infelizmente, a realidade sócio-econômica de nosso país tem imposto
a classes que dantes não cogitariam pleitear a gratuidade processual, a necessidade dela se valer
para que possam ter acesso ao Judiciário, realidade que não pode ser ignorada pelo julgador
moderno. Assim, o fato dos agravantes exercerem a profissão de "contador" não implica na
presunção que podem arcar com as custas e despesas processuais, sabidamente custosas. A lei não
exige penúria absoluta, tampouco, comprovação de extrema miserabilidade para alcançar o
benefício, apenas a declaração de pobreza, na acepção jurídica do termo (LAJ - art.4º, do CPC). Do
Superior Tribunal de Justiça indico os seguintes precedentes: "O simples fato de ser o autor
proprietário de um apartamento de cobertura no litoral não constitui motivo bastante para a
revogação do benefício. Vencimentos líquidos por ele percebidos que permitem o enquadramento na
situação prevista no art. 2º, parágrafo único da Lei nº 1.060, de 05.02.50." (STJ, 4ª-T, REsp
168.618-SP, rel. Barros Monteiro, j: 08/09/1998, DJ: 09.11.1998, p. 111) "Para se obter o benefício da
assistência judiciária gratuita, basta que seu beneficiário a requeira mediante simples afirmação do
estado de miserabilidade, sendo desnecessária a sua comprovação. 2. Recurso conhecido, mas
improvido." (STJ, 6ª-T, REsp 121799/RS, rel. Hamilton Carvalhido, j: 02/05/2000, DJ 26.06.2000, p.
198) Assim, autorizado pelo art. 557, § 1º-A, do CPC, dou provimento liminar ao presente recurso,
para deferir aos agravantes o benefício da assistência judiciária, sob pena de impugnação pela parte
contrária e ai sim revogação, caso existam elementos concretos neste sentido, haja vista a pacífica
jurisprudência sobre o tema. Publique-se e Intime-se. Curitiba, 15 de dezembro de 2006. DES. HÉLIO
HENRIQUE LOPES FERNANDES LIMA, Relator.1 (grifei) Diante do exposto, pedem os Autores a
concessão dos benefícios da assistência judiciária, nos termos da Lei nº 1060/50. II – Dos fatos: Os
Autores são possuidores, com animus domini, do imóvel descrito na matrícula nº 42.061 do 1º Ofício
de Registro de Imóveis de Cascavel/PR, localizado Rua Pedro Ivo, nº 2512, Bairro Country, em
Cascavel/PR, com 1.050,00m2 e com as confrontações especificadas na referida matrícula, desde
15/04/1988, o que pode ser atestado de plano por documento emitido pela COPEL (anexo). A posse
foi repassada, na data informada, pelo proprietário Amaury Ferreira de Mattos Filho. Desde então,
residem no imóvel com sua família e realizaram o pagamento das parcelas do financiamento
habitacional e dos tributos relativos à propriedade do imóvel, inclusive a quitação de dívidas
tributárias cobradas judicialmente pelo Município de Cascavel/PR. Em 11/11/1990, os Autores
formalizaram a compra do imóvel de Amaury Ferreira de Mattos Filho, conforme demonstra o
Contrato Particular de Compromisso de Compra e Venda anexo, de modo que passaram a ter justo
título para ocupar o imóvel. Como já dito, o imóvel adquirido era objeto de financiamento pelo
PROJUDI - Processo: 0023202-34.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 78.1 - Assinado digitalmente por Cleverson Rodrigues Teixeira
22/09/2014: EXPEDIÇÃO DE EDITAL/CITAÇÃO. Arq: Edital

Sistema Financeiro Habitacional – SFH, sendo, portanto, hipotecado em favor da Caixa Econômica

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Federal - CEF. Assim, os autores, por dez anos (1988 – 1998), realizaram o pagamento do
financiamento (documentos anexos). No entanto, em razões de dificuldades financeiras e por
entender que já haviam quitado o financiamento, os Autores deixaram de pagar as demais parcelas
do financiamento habitacional a partir de meados de 1998. Mesmo assim, os Autores nunca tiveram
sua posse impugnada por qualquer ato do antigo proprietário ou da credora hipotecária. Somente no

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVQK YW665 PW73Z QGMHR


ano 2000, a Caixa Econômica Federal, através de procedimento extrajudicial permitido pelo
Decreto-lei nº 70/66, realizou leilões públicos para a venda do imóvel e, em 14/11/2000, realizou a
arrematação do imóvel em seu próprio nome, sem, contudo, qualquer interferência na posse dos
Autores, que residem no imóvel até hoje. Portanto, em 14/11/2000, o imóvel deixou de ser objeto do
Sistema Financeiro Habitacional e passou a integrar o patrimônio da CEF, porém, sem qualquer
interferência na posse dos Autores. E nesse período, os Autores continuaram a pagar todos os
tributos e despesas existentes em razão do imóvel, ou seja, mantiveram o animus domini e a posse
jamais foi impugnada por qualquer ato do proprietário. Recentemente, o imóvel foi levado a leilão
pela Caixa Econômica Federal e vendido, em 10/04/2014, ao atual proprietário e Réu Leandro Pessi.
E no início de julho de 2014, os Autores receberam a anexa Notificação Extrajudicial para
Desocupação de Imóvel enviada pelo Réu, sendo este o primeiro e único ato que impugna a posse
dos Autores em mais de 26 (vinte e seis) anos. Em razão desta Notificação Extrajudicial para
Desocupação de Imóvel, que pede a desocupação do imóvel, os Autores buscam o Poder Judiciário
para ver declarado o seu direito à propriedade do imóvel descrito na matrícula nº 42.061 do 1º Ofício
de Registro de Imóveis de Cascavel/PR, localizado Rua Pedro Ivo, nº 2512, Bairro Country, em
Cascavel/PR, pois preencheram todos os requisitos exigidos para o reconhecimento da Usucapião.
Assim, é necessário esclarecer que a propriedade do imóvel sofreu alterações no decurso do tempo,
entretanto, a posse dos Autores jamais foi impugnada, jamais deixou de ser mansa, pacífica,
ininterrupta e com ânimo de dono. E a aquisição da propriedade por Usucapião discute apenas a
posse enquanto estado de fato devidamente valorado pelo Direito. III – Do direito: Os fatos narrados
e os documentos apresentados pelos Autores comprovam o preenchimento dos requisitos da
Usucapião, na modalidade ordinária ou extraordinária, pois: os Autores possuem o imóvel com
ânimo de dono; os Autores possuem o imóvel sem oposição dos proprietários anteriores; os Autores
possuem justo título, consubstanciado em contrato de venda e compra; os Autores possuem posse
pacifica e continuada de pelo menos 24 anos, sendo que no imóvel construíram sua moradia e
realizaram diversas benfeitorias. No presente caso, o imóvel permaneceu sob financiamento do SFH
entre 1988 e 14/11/2000, data na qual a Caixa Econômica Federal o adquiriu e trouxe para o seu
patrimônio. Nem antes, nem depois da aquisição pela Caixa Econômica Federal a posse dos Autores
foi de qualquer modo impugnada até o início de julho de 2014, ou seja, 26 anos depois do início da
posse mansa, pacífica e com animus domini. Para a correta compreensão da matéria, os Autores
entendem que é necessário diferenciar os dois momentos pelos quais o imóvel passou: a) Usucapião
de imóvel vinculado ao SFH: No período compreendido entre meados de 1988 e 14/11/2000, o
imóvel permaneceu sob a sistemática do SFH, o que, legalmente, não impede a aquisição por
Usucapião. Ressalte-se que por 12 anos o imóvel permaneceu na posse dos Autores e tal posse não
foi em momento algum impugnada. Os procedimentos extrajudiciais de venda do imóvel, realizados
pela CEF, apenas buscavam alterar juridicamente a propriedade do imóvel, sem, contudo, em nada
afetar a posse dos Autores, que permaneceu mansa e pacífica, sem qualquer oposição. Recente
decisão proferida pela 1ª Vara Federal de Brasília corrobora o entendimento de que é possível a
Usucapião de imóvel vinculado ao SFH. Eis trecho importante da referida decisão: “O SFH possui,
desde a sua criação, como fonte de recursos principais, a poupança voluntária proveniente dos
depósitos de poupança do denominado Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE),
constituído pelas instituições que captam essa modalidade de aplicação financeira, com diretrizes de
direcionamento de recursos estabelecidos pelo CMN e acompanhados pelo Bacen, bem como a
poupança compulsória proveniente dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),
regidos segundo normas e diretrizes estabelecidas por um Conselho Curador, com gestão da
aplicação efetuada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), cabendo a CEF o
PROJUDI - Processo: 0023202-34.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 78.1 - Assinado digitalmente por Cleverson Rodrigues Teixeira
22/09/2014: EXPEDIÇÃO DE EDITAL/CITAÇÃO. Arq: Edital

papel de agente operador. Atualmente, as normas do CMN (Resoluções nº 1980, de 30.04.1993 e nº

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
3.005, de 30.07.2002), disciplinam as regras para o direcionamento dos recursos captados em
depósitos de poupança pelas instituições integrantes do SBPE, estabelecendo que 65%, no mínimo,
devem ser aplicados em operações de financiamentos imobiliários, sendo que 80% do montante
anterior em operações de financiamento habitacional no âmbito do SFH e o restante em operações a
taxas de mercado, desde que a metade, no mínimo, em operações de financiamento habitacional,

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVQK YW665 PW73Z QGMHR


bem como20% do total de recursos em encaixe obrigatório no BACEN e os recursos remanescentes
em disponibilidades financeiras e operações de faixa livre. O fato de este dinheiro ser emprestado
sob as regras do SFH não o transforma em verba pública. Na verdade, é um dinheiro captado de
aplicações financeiras e emprestado a juros mais elevados. Trata-se de uma atividade por conta e
risco o agente financeiro, já que fica obrigado a garantir e remunerar o capital. Ressalte-se que o
SFH não é pessoa jurídica, nem um fundo público, mas um conjunto de regras integrantes do sistema
financeiro nacional. Sobre a natureza da atividade bancária, ensina o Ministro Aposentado do STJ Ruy
Rosado de Aguiar: "Banco é a empresa que, com fundos próprios ou de terceiros, faz da negociação
de crédito sua atividade principal (Nelson Abrão, Direito Bancário, p. 17). Não é a circunstância de
atividade bancária ser autorizada, fortemente regulada e fiscalizada pelo Poder Público que
transforma as instituições financeiras em entidades de direito público ou em serviços públicos de
natureza econômica com os bens vinculados a sua finalidade. As atividades bancárias são atividades
econômicas privadas; não são desenvolvidas pelo Estado, seja diretamente, seja através de
concessão ou permissão. São exercidas pelos particulares por direito próprio, mas o Estado os sujeita
a um controle constante e que pode em alguns aspectos imiscuir-se até no próprio conteúdo da
atividade, para que ela, não apenas não agrida o interesse público, mas para que também contribua
à sua realização. Salvo melhor juízo, não consigo antever a natureza pública do bem em razão de
estar vinculada ao SFH, seja por inexistir previsão legal, seja pela natureza dos recursos, seja pela
administração dos recursos pelo Poder Público. Em verdade, o Sistema Financeiro Nacional - SFH
funciona como um subsistema do Sistema Financeiro Nacional - SFN. O SFH nada mais é do que uma
política de financiamento, vale dizer, é uma linha de crédito subsidiada para aquisição de imóvel.”
(Processo nº 0002939-07.2008.4.05.8500 (2008.85.00.002939-0) Classe 25 - Ação de Usucapião – 1ª
Vara Federal de Brasília - Publicado no Diário da Justiça de 16/04/2010) Assim, tendo em vista o
preenchimento dos requisitos legais e a ausência de impedimentos legais, deve ser declarado o
direito dos Autores à aquisitiva do imóvel, mesmo durante o período em que o imóvel foi financiado
pelo SFH, eis que inexiste lei proibindo a contagem do tempo para a Usucapião. b) Usucapião de
bens da CEF: Em 14/11/2000, a Caixa Econômica Federal, por meio de leilão extrajudicial, adquiriu o
imóvel onde residem os Autores. Em que pese a alteração da propriedade, a posse dos Autores
jamais foi contestada, permanecendo mansa, pacífica e com animus domini. A CEF, sem dúvida, é
uma empresa pública, porém, com personalidade jurídica de direito privado e, principalmente, com
patrimônio próprio, conforme disposto no art. 1º do Decreto- Lei nº 759/1969. No mais, “As
empresas públicas têm natureza jurídica de direito privado, regendo-se pelas normas que
disciplinam a atuação das empresas privadas” (art.173, § 1º da CF). Portanto, o imóvel adquirido
pela CEF em 14/11/2000 tornou-se, a partir desta data, patrimônio próprio, particular, sendo
suscetível de Usucapião. Nesse sentido, segue trecho de decisão judicial que analisou com vagar a
matéria: “Se, por exemplo, o imóvel foi adjudicado ou arrematado em leilão pelo banco, ele passa a
ser patrimônio do banco e não mais um imóvel financiado. Ou seja, ele passa a ser um imóvel como
outro qualquer. Aí, caso haja a adjudicação ou arrematação e o mutuário não seja despejado e fique
lá por período igual ou maior de 5 anos ocupando o imóvel e ele não tenha área total de mais de 250
metros quadrados, incluindo terreno, e a pessoa não for proprietária de outro imóvel, então seria
possível usucapião. E mais, mesmo que o banco seja a Caixa Econômica Federal ou o Banco do
Brasil, o usucapião seria possível, nesta exceção que falamos do imóvel ter sido arrematado ou
adjudicado pelo banco e o mutuário não despejado, porque embora sejam empresas públicas, a
personalidade jurídica delas é de direito privado e portanto submetem-se ao usucapião como outra
empresa qualquer. Neste sentido há até um julgado do TRT da 6ª Região que ilustra e corrobora
nosso entendimento: EMPRESA PÚBLICA – IMPOSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO ATRAVÉS DE
PROJUDI - Processo: 0023202-34.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 78.1 - Assinado digitalmente por Cleverson Rodrigues Teixeira
22/09/2014: EXPEDIÇÃO DE EDITAL/CITAÇÃO. Arq: Edital

PRECATÓRIO – EMPRESA PÚBLICA – IMPOSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO ATRAVÉS DE PRECATÓRIO – A

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
empresa pública, embora integre a administração pública indireta e ser formada com capital
exclusivamente público, tem personalidade de direito privado, sujeitando-se ao regime jurídico
atinente a tais pessoas, como a possibilidade de penhora de seus bens, inexistência das
prerrogativas da Fazenda Pública, ou mesmo, a aquisição de seus bens por usucapião. Toda essas
normas foram recepcionadas pela Carta Política em vigor (art. 173 e seus parágrafos). Logo, a

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVQK YW665 PW73Z QGMHR


execução deve transcorrer na normalidade ditada pelo diploma consolidado e, supletivamente, pela
e Código Processual Civil. Agravo improvido. (TRT 6ª R – RO – 2446/1999 – 1ª T – Rel. Juiz Geraldo
Costa – DOEPE 05.05.2000) Como a Caixa Econômica Federal possui “natureza jurídica de direito
privado, regendo-se pelas normas que disciplinam a atuação das empresas privadas” (art.173, § 1º
da CF), tem-se que seus bens não são públicos. Isto decorre da disposição contida § 1º, inc. II do
artigo 173 da Constituição Federal que determina que "a empresa pública, a sociedade de economia
mista e outras entidades que explorem atividade econômica submetem-se ao regime jurídico próprio
das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias ". Assim, como
salienta Maria Sylvia Zanella Di Pietro, em seu livro "Direito Administrativo", Editora Atlas, 1991, p.
55: "A opção por um regime ou outro é feita, em regra, pela Constituição ou pela lei. (...); não deixou
qualquer opção à Administração Pública e nem mesmo ao legislador; quando este institui, por lei,
uma entidade para desempenhar atividade econômica, terá que submetê-la ao direito privado." Não
sendo os seus bens públicos, mas privados, podem, por via de consequência, serem objeto de
usucapião. No mesmo sentido, os julgados a seguir: DIREITO CIVIL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. PROVA
DOCUMENTAL DO DOMÍNIO. USUCAPIÃO DE BEM DE EMPRESA PÚBLICA. 1. A lei assegura ao
proprietário o direito de reaver o bem de quem injustamente o possua. Demonstrando a autora (CEF)
o título aquisitivo do imóvel, devidamente registrado em seu nome, correta está a decisão que
acolhe o pedido reivindicatório. 2. Tendo as empresas públicas natureza jurídica de direito privado,
regendo-se pelas normas comuns às demais empresas privadas (art. 173, parágrafo 1º - CF), os seus
bens não estão imunes à aquisição por usucapião, que, todavia, não se acolhe em razão da não
demonstração do animus domini. 3. Improvimento da apelação. Processo nº
0002939-07.2008.4.05.8500 (2008.85.00.002939-0) Classe 25 - Ação de Usucapião – 1ª Vara Federal
de Brasília - Publicado no Diário da Justiça de 16/04/2010) Diante de todo o exposto e pelas provas
documentais apresentadas, resta provado que os Autores possuem o imóvel de forma exclusiva,
ininterrupta, mansa e pacífica, nele residindo com ânimo de donos, desde 15/04/1988. Portanto, os
Autores preenchem os requisitos para o reconhecimento da Usucapião, devendo ser declarada por
sentença a aquisição da propriedade. IV – Antecipação de Tutela de natureza Cautelar – Manutenção
dos Autores na posse do imóvel: Os Autores demonstraram, seja pelas alegações feitas nessa
petição, seja pelas provas anexadas, que residem no imóvel desde meados de 1988, ou seja, por
mais de 26 anos, sem qualquer interrupção na posse, com animo de donos (residindo com a família,
realizando benfeitorias, pagando os tributos ...) e sem qualquer impugnação, por qualquer pessoa,
quanto à posse exercida. Tais circunstâncias demonstram o preenchimento integral dos requisitos da
Usucapião. Entretanto, os Autores estão cientes de que existe um rito processual que deve ser
percorrido e que tal percurso é naturalmente moroso. Contudo, obviamente, possuem a justificada
preocupação de que o atual proprietário busque meios de retirá-los da posse exercida por mais de
26 anos e, principalmente, fazendo-os abandonar a sua casa, onde residem pelos mais de 26 anos já
informados, eis que o atual proprietário já os notificou para que desocupem o imóvel. Diante de tal
situação, os Autores, com base no §7º do art. 273 do CPC, requerem antecipação de tutela,
providencia de natureza cautelar, consubstanciada na manutenção da posse exercida há mais de 26
anos, com a finalidade de garantir: 1) o seu direito constitucional à moradia e 2) o futuro
cumprimento da sentença (ainda que a sentença seja eminentemente declaratória e exista
controvérsia quanto a possibilidade de antecipação da tutela em sentenças de natureza declaratória,
o que os Autores postulam, aqui, é a garantia de que a eventual sentença declaratória de
propriedade, em seu aspecto prático, qual seja, o exercício da posse, que nada mais é do que um
dos atributos da propriedade, seja efetivamente realizável ao final do processo ). Dispõe o citado §7º
do art. 273 do CPC: § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de
PROJUDI - Processo: 0023202-34.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 78.1 - Assinado digitalmente por Cleverson Rodrigues Teixeira
22/09/2014: EXPEDIÇÃO DE EDITAL/CITAÇÃO. Arq: Edital

natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
cautelar em caráter incidental do processo ajuizado. Portanto, para a concessão da antecipação de
tutela de natureza cautelar, cabe aos Autores demonstrar a presença do fumus boni iuris e do
periculum in mora e que a concessão de tal medida é reversível. Do Fumus Boni Iuris: os fatos
alegados, devidamente comprovados por documentos emitidos pela COPEL, Prefeitura Municipal de
Cascavel e outros documentos particulares, demonstram, sem qualquer dúvida, que os Autores

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVQK YW665 PW73Z QGMHR


exercem a posse mansa, pacífica, ininterrupta, com justo título e com ânimo de dono sobre o imóvel
por mais de 26 anos, bem como nele construíram sua casa e residem com seus familiares. Está
presente, portanto, o Fumus Boni Iuris . Do Periculum in Mora: A atividade cautelar foi preordenada
para evitar que o dano oriundo da inobservância do direito fosse agravado pelo inevitável
retardamento do remédio jurisdicional. Aguardar o julgamento final deste pedido, contando com o
normal e lento trâmite processual até o trânsito em julgado da decisão, seria apenas correr o risco
de que depois de anos o pedido fosse julgado procedente e a propriedade e posse não mais pudesse
ser usufruída pelos Autores, sem falar, ainda, na grave lesão ao direito constitucional à moradia.
Aguardar toda a marcha processual, sem obter garantias para o futuro cumprimento da sentença,
equivaleria a trabalhar em vão. Ademais, nada impede que o Réu tome providências judiciais e que,
sem que se conheça a real relação dos Autores com o imóvel, os Autores devam desocupar o imóvel.
É evidente, assim, que se está diante de uma situação típica de risco diante da demora processual, a
exigir que o juízo tome as devidas cautelas para garantir a eficácia do provimento judicial. V –
Pedidos: Antes o exposto, os Autores pedem: a) a antecipação de tutela, de caráter cautelar, para
manter os Autores na posse do imóvel até decisão transitada em julgado; b) a citação do Réu, por
Carta com aviso de recebimento, para que apresente sua defesa no prazo legal, sob pena de revelia;
c) a citação de eventuais interessados por Edital; d) a citação dos seguintes confinantes: Daniel
Fonseca de Oliveira e sua eventual esposa, domiciliado na Rua Pedro Ivo, nº 2532, Bairro Country,
em Cascavel/PR; Lauro Dalferim e sua eventual esposa, domiciliado na rua Manaus, n 835,
Condomínio Vitória, casa 09, Bairro Country, em Cascavel/PR; Delamar Rodrigo Frias e seu eventual
esposo, domiciliada na Rua Pedro Ivo, nº 2484, Bairro Country, em Cascavel/PR. e) a intimação dos
representantes da Fazenda Pública da União, do Estado e do Município, via postal, para que se
manifestem sobre eventual interesse na causa; f) a intimação do Ministério Público Estadual; g) a
procedência do pedido para declarar, por sentença, a aquisição da propriedade, pelos Autores, do
imóvel descrito na matrícula nº 42.061 do 1º Ofício de Registro de Imóveis de Cascavel/PR,
localizado Rua Pedro Ivo, nº 2512, Bairro Country, em Cascavel/PR, com 1.050,00m2 e com as
confrontações especificadas na referida matrícula, ordenando a transcrição da sentença, mediante
mandado, no referido registro de imóveis; h) a condenação do Réu a pagar as custas e honorários
advocatícios, estes na base de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa; i) o deferimento do
pedido de justiça gratuita. Protesta pela produção de prova documental, oral e, se necessária, a
prova pericial. Valor da causa: R$ 490.000,00. Cascavel, 30 de julho de 2014. Rodrigo Tesser
Advogado - OAB/PR 38566 Rol de testemunhas: 1) Pedro Maria Martendal de Araujo, brasileiro,
casado, vereador, domiciliado na Câmara de Vereadores de Cascavel, localizada na Rua
Pernambuco, nº 1843, Centro, CEP 85810-021, em Cascavel/PR 2) Verci Francisco Bini, brasileiro,
residente na Rua Pernambuco, nº 1405, Centro, em Cascavel/PR; 3) José Agostinho Gazoni,
brasileiro, residente na Rua Pedro Baú, nº 877, Bairro Turispark, em Cascavel/PR ”. Para ciência
do(s) requerido(s), foi concedido o pedido nos seguintes termos: “[...] 3. CITE(M)-SE aquele(s) em
cujo nome estiver registrado o imóvel usucapiendo, bem como os confinantes do referido imóvel
(art. 942, CPC). Na forma do § 1º do art. 10 do CPC, citem-se os cônjuges se casados forem. 4. Por
edital, com prazo de 30 (trinta) dias (CPC, 232, IV), CITEM-SE os réus em lugar incerto e eventuais
interessados [...] ”. Ciente de que, querendo, poderá(ão) contestar a presente ação, no prazo legal
de 15 (quinze) dias, sob penas do artigo 285 e 319 do CPC "...não sendo contestada a presente
ação, se presumirão aceitos como verdadeiros os fatos alegados na inicial. O presente edital será
afixado no local de costume e publicado na forma da Lei. Eu, Cleverson Rodrigues Teixeira, Técnico
Judiciário matrícula nº 50.228, confeccionei. Cascavel, 22 de setembro de 2014.
PROJUDI - Processo: 0023202-34.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 78.1 - Assinado digitalmente por Cleverson Rodrigues Teixeira
22/09/2014: EXPEDIÇÃO DE EDITAL/CITAÇÃO. Arq: Edital

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVQK YW665 PW73Z QGMHR
Gabrielle Britto de Oliveira

Juíza de Direito

Вам также может понравиться