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Manual de Apoio

PROCESSO CIVIL - VI
 Ação Executiva

DGAJ
Centro de Formação - 2019

Direção-Geral da Administração da Justiça


Índice
1. INTRODUÇÃO .............................................................................. 5

2. O juiz de execução .................................................................... 7

3. O agente de execução ............................................................... 12

3.1 Competências ...................................................................... 16

3.2 Substituição e destituição do agente de execução ........................... 18

4. Pendência do Processo Executivo (n.º 5 do art.º 551.º) ........................ 20

5. A ação executiva – caracterização ................................................. 29

6. A ação executiva – Classificação consoante o fim ............................... 32

7. Processo Comum ...................................................................... 34

8. Processo Especial ..................................................................... 35

9. Pressupostos processuais ............................................................ 36

9.1 Certeza (art.º 713.º) .............................................................. 44

9.2 Exigibilidade ........................................................................ 45

9.3 Liquidez ............................................................................. 46

10. Registo Informático das Execuções ................................................ 50

11. TRAMITAÇÃO DA EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA - PROCESSO


ORDINÁRIO ..................................................................................... 52

11.1 Recusa de recebimento do requerimento executivo ......................... 63

11.2 Oposição à execução – Embargos de Executado ................................. 68

12. TRAMITAÇÃO DA EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA - PROCESSO


SUMÁRIO........................................................................................ 73

12.1 Execução de sentença............................................................. 79

13. Execução por Custas, Multas, Coimas e outras quantias contadas ou


liquidadas.................................................................................... 84

14 Fase da penhora ...................................................................... 88

14.1 As diligências para a penhora têm início (art.º 748.º): ....................... 88

14.2 A penhorabilidade dos bens ...................................................... 92

14.3 A penhora ............................................................................ 105

14.4 O auto de penhora ............................................................... 107

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Manual de apoio / Ação Executiva
14.5 Penhora de imóveis .............................................................. 108

14.6 Penhora de móveis .............................................................. 114

14.7 Penhora de coisas móveis sujeitas a registo ................................. 118

14.8 Penhora de navios ............................................................... 118

14.9 Penhora de aeronaves ........................................................... 119

14.10 Penhora de veículos automóveis ............................................ 120

14.11 Penhora de direitos ........................................................... 130

15. A oposição à penhora .............................................................. 149

16. Concurso de credores .............................................................. 150

17. Pluralidade de execuções sobre os mesmos bens .............................. 153

18. Pagamentos ......................................................................... 154

18.1 Entrega de dinheiro (art.º 798º) ............................................... 155

18.2 Adjudicação (art.ºs 799.º a 802.º) ............................................. 155

18.3 Consignação de rendimentos (art.ºs 803º a 805º) ........................... 157

18.4 Pagamento em prestações (art.º s 806.º a 809.º) ........................... 157

18.5 Acordo global (art.º 810.º ) .................................................... 158

19. Modalidades de venda – art.º s 811.º e seguintes ........................... 159

19.1 Venda mediante proposta em carta fechada - art.ºs 816.º e seguintes.. 160

19.2 Venda por negociação particular – art.ºs 832.º e 833.º ................... 165

19.3 Venda em estabelecimento de leilão – art.º 834.º .......................... 166

19.4 Venda em depósito público ou equiparado .................................. 166

19.5 Venda em regime de leilão (cfr. art.º 33.º da portaria 282/2013, de 29 de


agosto) ..................................................................................... 168

19.6 Venda em leilão eletrónico – art.º 837.º CPC e art.ºs 20.º a 26.º da Portaria
282/2013, de 29 de agosto ............................................................. 169

20. Direito de remição ................................................................. 171

21. Extinção da execução .............................................................. 171

22. A lista pública de execuções ...................................................... 174

23. PROCESSO EXECUTIVO PARA ENTREGA DE COISA CERTA......................... 185

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23.1 Execução para Entrega de Coisa Imóvel Arrendada (EPECIA) ................ 186

23.2 Oposição à execução ............................................................ 187

24. PROCESSO EXECUTIVO PARA PRESTAÇÃO DE FACTO ............................. 187

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Manual de apoio / Ação Executiva
Ação Ecutiva

1. INTRODUÇÃO

A ação executiva tem sido alvo de diversas reformas ao longo dos últimos anos.

Com a publicação da Lei n.º 41/2013 poderemos afirmar que estamos perante
um novo regime da ação executiva, tendo em conta que as alterações implementadas
foram significativas e relevantes, e que abarcam os diversos intervenientes
processuais. Com efeito, já não estamos apenas a falar de retirar parte da atividade
processual aos tribunais, deixando para estes a sua verdadeira função de dirimir
litígios, mas sim de uma clara tentativa de uniformização, agilização e simplificação
de procedimentos, com o intuito de conduzir de forma mais célere a uma rápida
conclusão do processo executivo, e a uma diminuição da pendência da ação executiva.

Posteriormente à publicação desta lei, um conjunto de portarias e demais


diplomas, veio conformar os trâmites executivos àquele “diploma-mãe” e mantiveram-
se outros já então em vigor:

- Regulamentação da ação executiva - Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto;

- Tramitação eletrónica dos processos judiciais - Portaria n.º 280/2013, de 26 de


agosto;

- Meios eletrónicos de identificação do executado e dos seus bens e citação


eletrónica de instituições públicas - Portaria n.º 331-A/2009, de 30 de março,
alterada pela Portaria 350/2013, de 3 de dezembro;

- Remuneração das instituições públicas e privadas que prestam colaboração à


execução - Portaria n.º 202/2011, de 20 de maio, alterada pela Portaria 279/2013, de
26 de agosto;

- Registo informático de execuções - Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de setembro;

- Lista pública de execuções - Portaria n.º 313/2009, de 30 de março, alterada pela


Portaria n.º 279/2013, de 26 de agosto;

- Sistemas de apoio a situações de sobre-endividamento - Portaria n.º 312/2009, de


30 de março, alterada pela Portaria n.º 279/2013, de 26 de agosto.

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Manual de apoio / Ação Executiva
Compete agora fazer uma síntese das principais alterações introduzidas pela
entrada em vigor do novo código.

Uma das medidas mais marcantes para a redução da elevada pendência das ações
executivas deve-se à restrição do rol de títulos executivos, excluindo-se os documentos
particulares assinados pelo devedor que importem a constituição ou o reconhecimento
de obrigações pecuniárias, ou a obrigação de entrega de coisa certa ou prestação de
facto1. Por outro lado, passa a estar tipificada a força executória dos títulos de crédito,
ainda que meros quirógrafos2, alegando no requerimento executivo os factos
constitutivos da relação subjacente (como aliás já era reconhecido pela jurisprudência
dominante).

Uma das matérias, que sempre foi alvo de controvérsia, deve-se à repartição de
competências entre o juiz, a secretaria e o agente de execução, estabelecendo-se que
ao agente de execução cabe efetuar todas as diligências do processo executivo que
não estejam atribuídas à secretaria ou sejam da competência do juiz. Se no passado
não estavam claramente definidas as competências do juiz, da secretaria e do agente
de execução, agora, esse recorte de competências surge de forma clara e, assim, em
sentido oposto àquele que foi previsto aquando da criação da figura do agente de
execução, o novo código veio muito claramente atribuir ao juiz poder decisório nas
matérias declarativas do processo, mantendo o agente de execução o poder de direção
da execução.

Na tramitação do processo executivo comum para pagamento de quantia certa,


retoma-se a distinção entre forma ordinária e forma sumária, estando a forma
ordinária sempre condicionada a despacho liminar, depois de recebida pela secretaria,
ao passo que a forma sumária se pauta, em regra, pelo início das diligências executivas
sem intervenção do tribunal e sem citação prévia do executado3. Já no âmbito da
execução para entrega de coisa certa e para prestação de facto, o processo comum
continua a seguir forma única.

Na execução de sentença, consagra-se a regra de que a execução de decisão


judicial condenatória corre nos próprios autos, ainda que de forma autónoma,

1
Os titulares de documentos particulares, que na sua qualidade pretendam fazer valer judicialmente o seu direito de
credores, passam a ter de recorrer, previamente, a soluções como a ação declarativa ou procedimento de injunção.
2
Quirógrafo: obrigação contraída por meio de escrito particular. O exemplo predominante refere-se aos cheques
apresentados depois de ultrapassado o prazo de depósito.
3
Não obstante o processo executivo para pagamento de quantia certa já estivesse condicionado a um tratamento
diferenciado conforme o valor e o título, (sujeito a despacho liminar, ou não) cabia ao agente de execução a análise
do requerimento executivo e a decisão de submeter o processo ao juiz.

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Manual de apoio / Ação Executiva
passando a ser possível a cumulação de todos os pedidos julgados procedentes, seja
qual for o seu fim (pagamento, entrega ou prestação de facto).

Na oposição à execução, é repristinada a terminologia tradicional do processo


civil português (embargos de executado, embargante e embargado). Altera-se o regime
dos efeitos da pendência dos embargos de executado em que deixa de haver suspensão
automática da execução no caso de haver penhora imediata.

No que concerne às diligências para recuperação do crédito exequendo, a


penhora de saldos bancários passa a realiza-se eletronicamente, sem necessidade de
despacho prévio. A penhora de veículo automóvel pode ser precedida de bloqueio,
evitando-se, assim, muitas das vezes, diligências de penhora de bens inexistentes.

Também os motivos que podem conduzir à extinção da execução são alargados.


Passa a ser possível a extinção da execução pela adjudicação de quantias vincendas
(ex.: salários, pensões ou créditos), quando se determine que não existem outros bens,
bem como a extinção por acordo global, em que exequente, executado e credores
reclamantes podem acordar um plano de pagamentos, podendo qualquer penhora
existente converter-se em penhor ou hipoteca.

Tendo em conta a uniformização dos vários regimes de processo executivo, com


a entrada em vigor da Lei 41/2013, todas as ações executivas passam a ser tramitadas
à luz do novo código, ressalvando-se as normas relativas aos títulos executivos, às
formas do processo executivo, ao requerimento executivo e à tramitação da fase
introdutória, as quais apenas serão aplicadas aos processos executivos entrados após 1
de setembro de 2013.

2. O juiz de execução

A intervenção do juiz de execução encontra-se reservada às situações em que


exista efetivamente um conflito ou em que a relevância da questão o determine, pelo
que, sem prejuízo de outras intervenções estabelecidas na lei, compete-lhe,
nomeadamente (cfr. art.º 723.º):

- Proferir o despacho liminar, quando deva ter lugar, nomeadamente, nos


termos do art.º 726.º, o qual poderá ser de:

a) Indeferimento liminar (n.º 2)


b) Indeferimento parcial (n.º3);

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Manual de apoio / Ação Executiva
c) Aperfeiçoamento (n.º 4);
d) Rejeição do título executivo (n.º 5);
e) Citação do executado (n.º 6);
f) Citação do cônjuge do executado quando invocada, pelo exequente no
requerimento inicial, a comunicabilidade da dívida (n.º 7).

- Julgar a oposição à execução, mediante embargos (art.ºs 728.º a 734.º) e/ou


à penhora (art.º s 856.º a 858.º, 784.º e 785.º) de terceiro (342.º a 350.º);

- Verificar e graduar os créditos reclamados (cfr. art.ºs 788.º a 794.º);

- Julgar reclamações de atos e impugnações de decisões do agente de


execução;

- Decidir outras questões levantadas pelas partes, pelo agente de execução ou


mesmo por terceiros intervenientes.

 O n.º 2 do art.º 723.º prevê a aplicação de uma multa à parte


que apresentar requerimento considerado injustificado, a
fixar entre 0,5 e 5 UC, sendo cobrável nos termos dos art.ºs 27.º
e 28.º do Regulamento das Custas Processuais, após o trânsito
em julgado da decisão que a tiver aplicado.

 Síntese de atos do juiz de execução:

Art.ºs Atividade Obs.

715.º, n.º3 Apreciação da prova não documental da


obrigação condicional ou da prestação
alternativa.

716.º, n.º6 Liquidação por árbitros. Art.º 12.º da Lei n.º


31/86, de 29/8

718.º, n.º Consulta direta do registo informático de


4-a) execuções.

722.º, n.º Deferimento de requerimento do exequente para


1, al. c) que o oficial de justiça realize as diligências de
execução quando não haja agente de execução
inscrito ou registado na comarca onde pende o
processo e na desproporção manifesta dos custos

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Manual de apoio / Ação Executiva
que decorreriam da atuação de agente de
execução de outra comarca

722.º, n.º Deferimento do requerimento do agente de


1, al. d) execução quando as diligências impliquem
deslocações cujos custos se mostrem
desproporcionados e não houver agente de
execução no local onde deva ter lugar a sua
realização

723.º Competências genéricas do juiz.

725.º, n.º Decisão da reclamação da recusa do


2 requerimento executivo pelo agente de
execução.

726.º Despacho liminar na execução ordinária.

727.º n.ºs Decisão dos pedidos de dispensa de citação


2e3 prévia.

732.º e Julgamento da oposição à execução. Art.º 723.º, n.º 1-b)


858.º

734.º Conhecimento oficioso das questões a que


aludem os n.ºs 2 (indeferimento liminar do
requerimento executivo) e 3 (indeferimento
parcial) e 4.º do art.º 726.º (convite do exequente
para suprir irregularidades, bem como sanar a
falta de pressupostos do requerimento
executivo), até ao primeiro ato de transmissão de
bens penhorados.
Se daqui resultar a rejeição da execução ou
não sendo o vício suprido ou a falta corrigida, a
execução extingue-se (n.º 2 do art.º 734.º).
738.º, n.º A requerimento do executado, redução da
6 parte penhorável dos rendimentos.
755.º, n.º Decisão sobre a eventual suspensão da
4 instância executiva até que se demonstre o
registo definitivo da penhora de imóvel, nos casos
em que esta questão lhe seja suscitada.

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Manual de apoio / Ação Executiva
757.º, n.º Ordem de requisição de força pública para Semelhante ao art.º
4 entrega efetiva de imóvel ao depositário, quando 764.º, n.º 4
se trate de domicílio (a pedido do agente de
execução).
760.º, n.º Decisão sobre o modo de exploração dos Pode ter aplicação
2 bens penhorados, quando não haja acordo entre subsidiária e
complementar ao
o exequente e o executado.
art.º 782.º, n.º 3.

764.º, n.º Decisão do incidente suscitado sobre a


3 pertença de bens de terceiro depois de
penhorados ao executado.
764.º, n.º Ordem de requisição de força pública para Semelhante ao art.º
4 forçar a entrada no domicílio do executado ou de 757.º, n.º 3
terceira pessoa (a pedido do agente de
execução).
769.º e Decisão do pedido de autorização de navio
772.º penhorado a navegar.
771.º Decretamento do arresto de bens do depositário
infiel e do levantamento do mesmo arresto após
o pagamento do valor do depósito, das custas e
acréscimos.

784.º, Instrução e julgamento do incidente de oposição Art.º 723.º, n.º 1-b)


à penhora e de oposição à penhora e/ou à
785.º e
856.º execução, mediante embargos de executado.

788.º a Verificação e graduação dos créditos Art.º 723.º, n.º 1-b)


792.º reclamados.

800.º, n.º Presidência da abertura de propostas em carta Cfr. art.ºs 820.º, n.º
3 fechada para venda de imóvel e de 1 e 829.º
estabelecimento comercial.

804.º, n.º Decisão em caso de desacordo entre o


4 executado e o consignatário de bem locado.

812.º, n.º Decisão em caso de desacordo manifestado por


7 exequente, executado e credores reclamantes
relativamente à modalidade da venda escolhida

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Manual de apoio / Ação Executiva
pelo agente de execução (mediante
requerimento).

814.º, n.º Autorização da venda antecipada de bens, em


1 caso de urgência (mediante requerimento do
exequente, do executado ou do depositário dos
bens a vender).

816.º, n.º Decisão no sentido de a venda ser efetuada no


3 tribunal da localização dos bens, invertendo a
regra geral da venda no tribunal onde corre a
execução.

825.º, n.ºs Decretamento do arresto, a requerimento do


1, al. c e agente de execução, quando o proponente ou o
n.º 2
preferente não depositem o preço.

Levantamento do arresto após o pagamento dos


valores em dívida.

829.º Decisão, a requerimento do agente de Cfr. art.º 800.º, n.º


execução, do exequente, do executado ou de 3
qualquer credor com garantia real, da realização
da venda por propostas em carta fechada de
estabelecimento comercial de valor superior a
500 UC.
Neste caso, decide se preside à abertura
das propostas.
832.º, al. Decisão da venda por negociação particular
c) com fundamento na sua urgência.
833.º, n.º Perante manifestação de desacordo entre
2 os credores ou do executado, pode encarregar o
agente de execução da venda por negociação
particular.
835.º Decisão sobre reclamações contra a venda.

838.º Decisão sobre a anulação da venda e a


indemnização do comprador.

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Manual de apoio / Ação Executiva
874.º, n.º Fixação do prazo para prestação de facto a
1 pedido do exequente formulado no requerimento
executivo. Isto sucede quando o título executivo
não designa o prazo dentro do qual o facto deva
875.º, n.º
1 ser prestado.
Neste caso, o processo é concluso ao juiz
logo após a autuação do requerimento executivo.
877.º Decisão sobre a demolição da obra à custa
do executado e a indemnização do exequente, ou
fixação apenas do montante desta quando não
haja lugar à demolição – isto quando reconheça a
falta de cumprimento da obrigação negativa, ou
seja, de não praticar algum facto.

3. O agente de execução

O agente de execução é a figura, criada pela reforma de 2003, a quem, de uma


forma geral, compete, no âmbito do novo regime instituído pela Lei 41/2013, de 26 de
junho que aprova o Novo Código de Processo Civil e da Portaria 282/2013, de 29 de
agosto que regulamenta vários aspetos das ações executivas (art.ºs 719.º, n.ºs 1 e 2,
720.º CPC e 36.º a 41.º, da Portaria), efetuar todas as diligências do processo executivo
que não estejam atribuídas à secretaria (art.º157.º e n.ºs 3 e 4 do art.º 719.º CPC), ou
que sejam da competência do juiz (art.º 723.º), nomeadamente assegurar o andamento
normal do processo executivo até à sua extinção e, após esta, assegurar os atos
emergentes do processo que careçam da sua intervenção, praticando a generalidade
dos atos processuais, tais como citações, notificações, afixação de editais,
publicações de anúncios, consultas às bases de dados, apreensões, penhoras e seus
registos, vendas, liquidações, pagamentos, extinção da execução, e
simultaneamente alguns atos subtraídos à esfera das competências formais do juiz.

De igual forma, enquadra-se no âmbito de atuação do agente de execução a


escolha dos bens a penhorar, respeitando as indicações do exequente (sem prejuízo,
naturalmente, das regras estabelecidas pelo art.º 751.º), a escolha do depositário dos
bens, a determinação da modalidade da venda (art.º 812.º) e a presidência da mesma
(à exceção da venda de bem imóvel ou de estabelecimento, sendo que neste último
caso cabe-lhe presidir se o juiz o não fizer).

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Manual de apoio / Ação Executiva
No âmbito das suas competências, cabe ao agente de execução, além do dever
geral de prestar ao Tribunal os esclarecimentos que lhe forem solicitados sobre o
andamento das diligências de que seja incumbido, nos termos do art.º 168.º, n.º 1-b)
do Estatuto da Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução, efetuar a inscrição,
atualização, retificação e eliminação dos dados constantes do registo informático de
execuções (cfr. art.ºs 3.º a 5.º do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10/09, na redação que
lhe foi dada pelo art.º 7.º do Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de Novembro, esta
atualizada pela Lei n.º 41/2013, de 26 de junho), estando-lhe acometidas, igualmente,
as tarefas de inclusão na lista pública de execuções das que, entretanto, forem
extintas com pagamento parcial ou por não terem sido encontrados bens penhoráveis
- o executado é informado da inclusão do seu nome na lista pública de execuções,
bem como o prazo que lhe é conferido para evitar a inclusão do seu nome na lista
pública de execuções, desde que:

a) Promova o cumprimento da obrigação; ou

b) Adira a um plano de pagamento de dívidas – art.ºs 16.º-A e 16,º-C do Decreto-


Lei n.º 201/2003, de 10 de Setembro, e art.º 4.º da Portaria n.º 313/2009, de 30 de
Março,4 alterada pela Portaria n.º 279/2013, de 26 de agosto.

Compete-lhe, ainda, proceder à consulta direta5, sem necessidade de


autorização judicial, às bases de dados da administração tributária, da segurança
social, das conservatórias do registo predial, registo comercial, registo automóvel,
registo civil e de outros registos ou arquivos semelhantes, de todas as informações
sobre a identificação do executado junto desses serviços e sobre a identificação e a
localização dos seus bens penhoráveis (art.ºs 749.º do CPC e 2.º n.º 1 da Portaria n.º
331-A/2009, de 30 de Março, com a redação que lhe foi dada pela Portaria 350/2013,
de 3 de dezembro).

De harmonia com o disposto no n.º 7 do art.º 720.º, na falta de disposição


especial, o agente de execução tem 5 dias para efetuar as notificações da sua

4
É curioso que a atualização e retificação de registos na lista pública de execuções é da competência da secretaria,
quando a responsabilidade dos dados dela constantes é do agente de execução, a maioria das vezes, solicitador ou
advogado. Acresce que este ato é urgente e deve ser efetuado no prazo máximo de dois dias, sob pena de, não
havendo decisão, este facto ser comunicado ao Conselho Superior da Magistratura e ao Conselho dos Oficiais de
Justiça (cfr. art.º 16.º-B, n.ºs 2, 3 e 5 do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10/9 e art.ºs 4.º e 10.º da Portaria n.º 313/2009,
de 30 de março).
5
Esta consulta direta é feita eletronicamente a partir do sistema informático de suporte à atividade do agente de
execução (art.º 2.º, n.º 1 da Portaria n.º 331-A/2009, de 30 de março, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º
350/2013, de 3 de dezembro).

13
Manual de apoio / Ação Executiva
competência, assim como para iniciar as diligências de penhora (art.º 748.º) e 10
dias para os demais atos.

O juiz de execução passa a ter um papel interventivo na fase liminar do processo


executivo quando siga a forma ordinária (art.º 723.º), e um poder geral de controlo
nos termos do art.º 6.º e 411.º, mantendo-se reservado ao exequente, como aliás já
acontecia no regime cessante, a possibilidade de substituição do agente de execução,
agora, com a obrigatoriedade de expor os motivos pelos quais se pretende a
substituição, nos termos definidos no n.º 4 do art.º 720.º.

De acordo com o disposto no n.º 3 do art.º 720.º, em regra, as funções de agente


de execução são desempenhadas por solicitador ou advogado que, sob fiscalização
da Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça6, exerce as
competências específicas de agente de execução e as demais funções atribuídas por
lei – cfr. art.º 168.º do Estatuto da Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução,
aprovado pela Lei n.º 154/2015, de 14/09.

Só assim não será nas seguintes situações:

 Nas execuções em que o Estado7 seja exequente, as funções


de agente de execução são sempre realizadas por oficial de
justiça. Afigura-se-nos que esta competência não se estende
aos exequentes isentos de custas, como é o caso, por
exemplo, do Fundo de Garantia Automóvel que, formalmente
integrado na ASF - Autoridade de Supervisão de Seguros e
Fundos de Pensões, é materialmente um instituto público.
Não se vislumbra qualquer possibilidade de interpretar, quer
literal quer juridicamente, a norma em análise - art.º 722.º,
n.º 1, al. a), no sentido de associar ao Estado a isenção de
custas de que, aliás, não beneficia.8

6
A Comissão de Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça (CAAJ), criada pela Lei n.º 77/2013, de 21 de novembro, é
responsável pelo acompanhamento, fiscalização e disciplina dos auxiliares da justiça, sucedendo à Comissão para a
Eficácia das Execuções na sua atuação junto dos agentes de execução, mas com competências mais alargadas,
nomeadamente junto dos administradores judiciais, bem como outros auxiliares da justiça nos termos que a lei
determine.
7
Representado pelo Ministério Público nos termos das competências previstas no seu estatuto (art.º 3.º da Lei n.º
60/98, de 28/08).
8
Se o legislador assim o entendesse, teria acrescentado os isentos de custas aos exequentes que veriam as suas
execuções tramitadas pelo oficial de justiça, nas vestes de agente de execução, como, aliás, fez o legislador de custas
ao isentar o Ministério Público de custas nos termos do art.º 4.º, n.º 1, al. a) do Regulamento das Custas Processuais.

14
Manual de apoio / Ação Executiva
Repare-se que, o oficial de justiça não é designado de agente de execução,
apenas exercendo funções como tal, não lhe sendo aplicável o estatuto de
agente de execução (cfr. n.º 2 do art.º 722.º)9;

 Nas execuções em que o Ministério Público represente o exequente - art.º


722.º, n.º 1, al. b);

 Quando o Juiz o determine, a requerimento do exequente, fundado na


inexistência de agente de execução inscrito na comarca onde pende a
execução ou quando ocorra qualquer causa impediente de intervenção
do agente inscrito de entre as previstas no Estatuto da Ordem dos
Solicitadores e Agentes de execução e art.ºs 39.º e 40.º da Portaria
282/2013, de 29 de agosto (incompatibilidade, impedimento, escusa,
substituição, destituição), e na desproporção manifesta dos custos que
decorreriam da atuação de agente de execução de outra comarca - art.º
722.º, n.º 1, al. c)10;

 Quando o juiz o determine a requerimento do agente de execução, se as


diligências executivas implicarem deslocações cujos custos se mostrem
desproporcionados e não houver agente de execução no local11 onde deva
ter lugar a sua realização - art.º 722.º, n.º 1, al. d);

 Nas execuções de valor não superior ao dobro da alçada do tribunal de 1.ª


instância (até €10.000) em que sejam exequentes pessoas singulares, e
que tenham como objeto créditos não resultantes de uma atividade
comercial ou industrial, desde que o solicitem no requerimento executivo e
paguem a taxa de justiça devida - art.º 722.º, n.º 1, al. e);

 Nas execuções de valor não superior à alçada da Relação (até € 30.000), se


o crédito exequendo for de natureza laboral e se o exequente o solicitar
no requerimento executivo e pagar a taxa de justiça devida- art.º 722.º,
n.º 1, al. f);

9 Às diligências de execução promovidas por oficial de justiça, aplicam-se as disposições da Portaria n.º 282/2013, de
29 de agosto, com as devidas adaptações (art.º 59.º, n.º 1 daquela Portaria).
10
Com base na nova Organização judiciária, introduzida pela Lei n.º 62/2013 de 26 de agosto, as comarcas passaram,
com exceção de Lisboa e Porto, a ser coincidentes com as áreas dos distritos administrativos, pelo que, parece-nos
altamente improvável a inexistência ou escassez de agentes de execução em qualquer uma das comarcas.
11
Repare-se que, neste caso, houve o cuidado de não ter como base de referência a inexistência de agente de execução
na comarca, mas sim no local onde se deva realizar a diligência executiva.

15
Manual de apoio / Ação Executiva
 Quando o exequente beneficie de apoio judiciário na modalidade de
atribuição de agente de execução12, as funções de agente de execução
serão desempenhadas pelo oficial de justiça;

 Nas execuções instauradas antes de 15 de Setembro de 2003, estando


definido que os atos da competência do agente de execução, ao abrigo da
Lei n.º 41/2013, de 26 de junho, competem ao oficial de justiça. Fica assim
afastada a possibilidade de aqui exercerem funções de agente de execução
os solicitadores e os advogados13.

3.1 Competências

O art.º 719.º atribui ao agente de execução competência para efetuar todas as


diligências do processo executivo que não sejam atribuídas à secretaria, ou sejam da
competência do juiz, tais como citações, notificações, publicações, consultas de bases
de dados, penhoras e seus registos, liquidações e pagamentos.

Compete, ainda, ao agente de execução, assegurar a realização dos atos


emergentes do processo que careçam da sua intervenção, mesmo após a extinção da
instância.

De forma clara e inequívoca fica esclarecido que compete à secretaria exercer


as funções que lhe são cometidas pelo artigo 157.º, na fase liminar e nos procedimentos
ou incidentes de natureza declarativa14, salvo no que respeita à citação, que será
efetuada por agente de execução ou oficial de justiça (quando este exercer as funções
de agente de execução).

 Designação do agente de execução

As competências específicas de agente de execução e as demais funções que lhe


forem atribuídas podem ser exercidas por solicitadores e advogados, nos termos do
Estatuto da Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução e sob fiscalização da

12
“Quando seja concedido apoio judiciário na modalidade de atribuição de agente de execução, este é sempre um
oficial de justiça, determinado segundo as regras da distribuição.”- Art.º 35.º-A da Lei n.º 34/2004, de 29/7.
13
A uniformização da tramitação da ação executiva, preconizada pela Lei n.º 41/2013, de 26 de junho, introduziu a
figura do agente de execução nas execuções instauradas antes de 15 de setembro de 2003 (art.º 6.º n.ºs 1 e 2 do
diploma preambular).
14
Oposição (à execução e à penhora), incidente de comunicabilidade da dívida, reclamação de créditos, habilitação
de sucessores, embargos de terceiro ou outros procedimentos incidentais de natureza declarativa.

16
Manual de apoio / Ação Executiva
Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça – Lei n.º 154/2015, de
14 de setembro e Lei n.º 77/2013, de 21 de novembro.15

O agente de execução é designado pelo exequente no requerimento inicial


(cfr. art.º 720.º n.º 1), ficando a designação sem efeito se o agente, no prazo de 5 dias
a contar da apresentação do requerimento, declarar (por via eletrónica) que a não
aceita, nos termos do art.º 36.º, n.ºs 2 e 3 da Portaria n.º 282/2013, de 29/08. A não
aceitação é imediatamente notificada ao mandatário judicial da parte que procedeu à
designação, mediante aviso gerado pelo sistema informático de suporte à atividade
dos tribunais. Na falta de designação, no prazo de 5 dias, pelo exequente, ou ficando
a designação sem efeito, é a mesma efetuada pela secretaria, segundo a escala
constante da lista oficial16, de forma aleatória e automática. (cfr. art.º 720.º, n.º 2 e
art.º 36.º, n.º 4 da Portaria n.º 282/2013).

Idêntico procedimento será adotado, pela secretaria, se o exequente omitir no


requerimento a indicação ou designação de agente de execução, realçando-se que
esta omissão, face ao disposto no n.º 2 do art.º 720.º, jamais constitui motivo de recusa
do requerimento executivo, como adiante se verá.

Na falta de agente de execução inscrito ou registado na comarca, a seleção


far-se-á de entre os inscritos ou registados nas comarcas limítrofes, com a
particularidade de o exequente poder requerer que as diligências sejam efetuadas por
oficial de justiça nos termos previstos no art.º 722.º n.º 1 c), o que, com o alargamento
da base territorial das comarcas, que passam a reunir múltiplos municípios, conforme
estabelecido na Lei n.º 62/2013 de 26 de agosto (e respetiva regulamentação) se torna
praticamente inviável de suceder.

A realização de diligências executivas que impliquem deslocações cujos custos se


mostrem desproporcionados, podem ser efetuadas por agente de execução, ou, na sua
falta, por oficial de justiça (esta última a requerimento do agente de execução e
mediante despacho judicial – cfr. art.º 722.º, n.º 1 al. d), do local onde deva ter lugar
o ato ou a diligência, o qual agirá sob a responsabilidade do solicitante. Repare-se que,
nesta situação, houve o cuidado de não limitar a delegação de competências quando

15
De notar que o agente de execução não está na dependência funcional do juiz, como se encontrava o solicitador de
execução nos termos definidos no art.º 116.º do Estatuto da Câmara dos Solicitadores na redação anterior ao Decreto-
Lei n.º 226/2008, de 20/11, nem tão pouco se acha agora submetido ao controlo do juiz.
16
Disponibilizada pela Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução em página informática e pesquisável por Comarca
(art.º 41.º da Portaria n.º 282/2013)

17
Manual de apoio / Ação Executiva
se trate de realização de diligência em comarca distinta daquela em que o agente de
execução opera, mas sim ao local onde deva ocorrer a diligência17.

O agente de execução pode, sob sua responsabilidade e supervisão, promover que


a realização de diligências materiais sejam efetuadas por empregado ao seu serviço,
devidamente credenciado, desde que não impliquem a apreensão material de bens, a
venda ou o pagamento.

3.2 Substituição e destituição do agente de execução

Substituição do agente de execução pelo exequente (art.º 720.º, n.º 4 CPC e


art.º 38.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto).

Com a crescente desjudicialização da ação executiva, o controlo do processo


passa a estar na disponibilidade do exequente.

Nesse sentido, permite-se que o exequente possa substituir o agente de


execução (solicitador ou advogado). É uma medida que tem a sua contrapartida no
acrescido dever de informação do agente de execução ao exequente (e não ao
Tribunal) e com o reforço do controlo disciplinar dos agentes de execução, através da
criação de um órgão de composição plural, apto a exercer uma efetiva fiscalização da
sua atuação, que é a Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça (cfr.
Estatuto da Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução e Lei n.º 77/2013, de
21/11).

O pedido de substituição deverá conter a exposição do respetivo motivo, e


quando efetuado por via eletrónica deverá constar de requerimento próprio
disponibilizado no sistema informático de suporte à atividade dos tribunais (art.º 720.º,
n.º 4 CPC e art.º 38.º n.º 1 da Portaria 282/2013, de 29/08).

O agente de execução substituído é notificado da substituição através do


sistema informático de suporte à atividade dos agentes de execução, passando a
substituição a produzir efeitos a partir dessa data, e é logo indicado, pelo exequente,
o seu substituto, o qual é, pelos mesmos meios, notificado da substituição – cfr. art.º
38.º, n.ºs 2 a 4 da Portaria n.º 282/2013, de 29/08.

17
Neste caso, tendo em conta que as listas de agentes de execução se encontram pesquisáveis por comarcas (art.º 41.º
da Portaria 282/2013), poderá surgir uma dificuldade acrescida por parte dos agentes de execução quando pretendam
efetuar uma delegação de competências, não lhe restando outra alternativa que não seja a de utilizar como critério
de seleção a morada do escritório do agente de execução que se encontre mais perto do local da diligência a realizar.

18
Manual de apoio / Ação Executiva
Caso o agente de execução substituto não aceite a designação, no prazo de 5 dias,
a secretaria designa imediatamente novo agente de execução substituto nos termos
previstos no art.º 38.º, n.º 5 da Portaria n.º 282/2013, de 29/08.

Substituição do agente de execução por outras razões (art.º 39.º da Portaria n.º
282/2013, de 29 de agosto).

Tem também lugar a substituição por morte, incapacidade definitiva,


cessação de funções do agente de execução, bem como por motivos de natureza
disciplinar, quando lhe for aplicada pena de expulsão ou de suspensão por período
superior a 10 dias.

Se o exequente não efetuar a designação do agente de execução substituto no


prazo de 20 dias a contar da receção, pelo Tribunal, da notificação da decisão recebida
da Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça18 nos termos do
parágrafo anterior, a secretaria designa agente de execução substituto nos termos
do n.º 2 do art.º 720.º.

A secretaria deverá proceder de forma idêntica quando o exequente designar


agente de execução substituto e este declarar que não aceita.

Destituição do agente de execução

A destituição do agente de execução é realizada pela CAAJ nos termos previstos


no n.º 4 do art.º 720.º e no art.º 40.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto).

Se o exequente não efetuar a designação do agente de execução substituto, no


prazo de 5 dias, a contar da receção, pelo tribunal, da notificação da decisão recebida
da Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça nos termos do parágrafo
anterior, a secretaria designa agente de execução substituto nos termos do n.º 2 do
art.º 720.º.

A secretaria deverá proceder de forma idêntica quando o exequente designar


agente de execução substituto e este declarar que não aceita.

18
A lei n.º 77/2013, de 21 de novembro, instituiu a Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça (CAAJ),
extinguindo a Comissão para a Eficácia das Execuções (CPEE) de que fala a Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto.

19
Manual de apoio / Ação Executiva
4. Pendência do Processo Executivo (n.º 5 do art.º 551.º)

A Lei n.º 41/2013, de 26 de junho, veio dispor, no seu artigo 551.º, n.º 5, que o
«processo de execução corre no tribunal quando seja requerida ou decorra da lei a
prática de ato da competência da secretaria ou do juiz e até à prática do mesmo»,
fazendo assim clara distinção entre os momentos em que o processo é da
responsabilidade do tribunal e os momentos em que não é.

De forma simplificada, poderemos dizer que, cada vez que as partes ou


respetivos mandatários, o agente de execução ou um terceiro suscitam a intervenção
da secretaria ou do juiz, é gerado um pedido de intervenção, de forma automática
pelo sistema, que apenas deverá ser finalizado quando cesse a intervenção da
secretaria ou do juiz. De igual forma, sempre que a secretaria tenha a necessidade de
praticar um ato no processo, sem que exista um pedido de intervenção no processo, o
sistema gera automaticamente um pedido de intervenção.

Com o intuito de dar cumprimento ao estabelecido no art.º 551.º n.º 5 do CPC,


desde 1 de janeiro de 2014, foram introduzidos mecanismos na aplicação Citius que
permitem a gestão dos pedidos de intervenção nas ações executivas tramitadas por
agentes de execução. Este mecanismo tem sido objeto de análise e alterações
aplicacionais que permitam uma melhor gestão do serviço e atividade das secretarias
judiciais em matéria de execuções.

As alterações na aplicação Citius abrangem:

1. a apresentação dos pedidos de intervenção em pastas de gestão

2. a finalização de pedidos de intervenção

a) com base na prática de ato processual

b) a partir das pastas de gestão

c) selecionando um ato processual constante do histórico do processo

3. Consulta dos pedidos de intervenção pendentes

4. Alterar classificação de pedido selecionando

5. Pedidos com conclusão aberta

20
Manual de apoio / Ação Executiva
1. Apresentação dos pedidos de intervenção em pastas de gestão

Os pedidos de intervenção passam a constar de pastas de gestão organizadas por


origem e classificação dos pedidos:

ATENÇÃO:
Pastas atuais
As pastas “Atos AE para a
Secretaria” e Atos AE para
Conclusão” deixam de receber
qualquer ato processual. As
pastas vão manter-se no
Novas pastas de sistema até que os atos
gestão processuais aí existentes sejam
tratados ou retirados das
pastas.

A seleção de qualquer uma das novas pastas mostra a lista de pedidos constantes
dessa pasta, organizada por antiguidade do pedido:

As listas de pedidos têm as mesmas funcionalidades genéricas de qualquer outra


lista das pastas de gestão (ordenações, filtros, etc.).

2. Finalização de pedidos de intervenção

É possível proceder ao encerramento dos pedidos pendentes através das


seguintes formas:

a) Com a prática de um ato processual

b) A partir das pastas de gestão

21
Manual de apoio / Ação Executiva
c) Com base num ato processual a partir do histórico do processo


a) Finalização dos pedidos de intervenção, com base na prática de ato
processual

Durante a prática de atos processuais, no momento da sua conversão para versão


final, se no processo existirem pedidos pendentes, os mesmos serão mostrados ao
utilizador para efeitos de finalização:

Os pedidos que forem selecionados para finalização, serão encerrados no sistema


e automaticamente retirados da nova pasta de gestão processual.

Caso o utilizador opte por não finalizar (selecionar) nenhum dos pedidos
mostrados, quando selecionar o botão “Validar” (única forma de fechar a janela), será
apresentada uma mensagem que torna claro que o utilizador optou por não finalizar
pedidos:

22
Manual de apoio / Ação Executiva
b) Finalização de pedidos de intervenção na lista das pastas de gestão

Ao aceder às pastas de gestão


poderá optar por selecionar um
pedido e escolher a opção “Finalizar
Pedido de Intervenção
Selecionado”:

Esta opção deverá ser utilizada quando, com base no pedido apresentado, não
exista qualquer ato processual a praticar pela secretaria, ou o ato que encerra o pedido
já tenha sido praticado em momento anterior.

Contudo, o pressuposto será que


exista um ato praticado após a entrada
do pedido de intervenção, pelo que, ao
escolher a opção “Finalizar Pedido de
Intervenção Selecionado” será
apresentada uma janela com os atos
processuais disponíveis para a
finalização do pedido (atos praticados
após a data de entrada do pedido):

Caso não exista ato processual para finalização do pedido, a lista será
apresentada vazia, com a seguinte informação ao utilizador:

23
Manual de apoio / Ação Executiva
ATENÇÃO:

Apenas deverá finalizar um pedido de intervenção a partir das pastas de gestão se


não houver qualquer ato a praticar pela secretaria ou pelo juiz, ou o ato que encerra
o pedido já tenha sido praticado.

Na prática, os pedidos de intervenção devem permanecer nas pastas de gestão até


ao momento em que seja praticado o ato processual que o encerre, ou que seja
verificado que o pedido não carece da prática de qualquer ato.

c) Finalização de pedidos de intervenção a partir da seleção de um ato


processual constante do histórico do processo

Os pedidos de intervenção podem ainda ser finalizados pela seleção de um ato


processual praticado pela secretaria em momento posterior à entrada do pedido, no
histórico do processo.

Para finalizar o(s) pedido(s) a partir do histórico, deverá selecionar o ato


processual que encerra o(s) pedido(s), clicar no botão direito do rato, escolher a opção
“Acto Processual” e selecionar a opção “finalizar pedidos de intervenção…”:

ATENÇÃO:

A finalização de pedidos pelo


histórico apenas é possível se:

o ato processual selecionado tiver


sido praticado pela secretaria; e

o pedido a finalizar tiver sido


apresentado em momento anterior à
prática do ato selecionado.

Apenas os pedidos de intervenção pendentes com data de entrada no processo


anterior à data do ato processual selecionado serão apresentados para finalização:

24
Manual de apoio / Ação Executiva
O método é idêntico ao processo de finalização com base na prática de um ato
processual (seleção do(s) pedido(s) que se pretenda finalizar e escolher a opção
“validar”).

3. Consulta dos pedidos de intervenção pendentes

Sempre que seja consultado um processo, se o mesmo tiver pedidos de


intervenção pendentes, será mostrado na zona de informações do processo um novo
botão relativo aos pedidos de intervenção do processo. A seleção desse botão mostrará
os pedidos de intervenção pendentes nesse processo:

4. Alterar Classificação de Pedido

Foi implementada a possibilidade de o utilizador alterar a classificação dos


pedidos de intervenção, orientando-os desse modo para as pastas que melhor possam
refletir a sua natureza.

Na pasta de gestão “Pendência da Execução (artº 551º nº 5)”, nos separadores


“Agente de Execução” e “Parte”, no menu de contexto devolvido pelo acionar do
botão do lado direito do rato é apresentada a possibilidade de

25
Manual de apoio / Ação Executiva
Escolhido , é devolvida a janela para
classificação

Estão disponíveis para classificação, os títulos de todas as pastas incluídas nos


grupos Agente de Execução e Parte, conforme se pode verificar pela imagem supra.

A alteração do pedido de intervenção selecionado, tem como consequência que


o mesmo seja retirado da pasta inicial, passando a constar na que for escolhida na
classificação.

5. Pedidos com conclusão aberta

Na pasta de gestão “Pendência da Execução (art.º 551. N.º 5)”, foi adicionada
uma nova subpasta denominada “Pedidos com Conclusão Aberta”.

Vão figurar nesta pasta os pedidos de intervenção abrangidos por Conclusões,


Vistas ou Documentos Partilhados, não sendo estes passíveis de encerramento.

26
Manual de apoio / Ação Executiva
Funcionamento:

Gerada uma Conclusão, Vista ou partilhado documento, verificar-se-á o seguinte:

 No caso de não existir nenhum pedido de intervenção aberto, será criado


automaticamente um pedido de intervenção correspondente ao ato realizado,
o qual é refletido na pasta “Pedidos com conclusão Aberta”.

 Existindo apenas um pedido de intervenção aberto, esse será associado


automaticamente ao termo aberto, passando a figurar na pasta “Pedidos com
conclusões Aberta”, sendo retirado da pasta original.

 Existindo dois ou mais pedidos de intervenção abertos, no momento da


criação do ato (Conclusão, Vista ou Documento Partilhado), é mostrada a janela
“Pendência da Execução – Regularização de Pedidos de Intervenção
Pendentes”, ficando associados ao ato os pedidos selecionados pelo utilizador,
conforme se verifica pela imagem abaixo.

27
Manual de apoio / Ação Executiva
Uma vez assinados os documentos produzidos pelo magistrado, os pedidos de

intervenção associados ao ato retornam à pasta de origem sendo sinalizados com

28
Manual de apoio / Ação Executiva
5. A ação executiva – caracterização

A ação executiva não visa a definição do direito violado, mas a sua reparação
efetiva a partir do pedido formulado pelo titular do direito (exequente) através do
requerimento executivo, em que o credor requer as providências adequadas à
realização coativa de uma obrigação que lhe é devida, tendo por base um título pelo
qual se determinam o seu fim e limites – cfr. art.ºs 2.º e 10.º, n.ºs 4 e 5.
A causa de pedir na ação executiva, como seu fundamento substantivo, é a
obrigação exequenda, sendo o título executivo o instrumento documental privilegiado
da sua demonstração – Ac. STJ n.º JSTJ000 in www.dgsi.pt.

Conforme consta do art.º 2.º, n.º 2, a realização coerciva do direito violado


significa a realização coerciva pela via judicial para reparar esse mesmo direito.

Para tanto, é imprescindível que o direito que se pretende fazer valer na ação
executiva conste dum título executivo.

A ação executiva é o meio próprio para a realização da prestação não cumprida,


para a reparação do direito que esteja definido no título que serve de base a essa
mesma execução.

A execução tem por finalidade efetivar coercivamente a realização do direito


definido no título executivo ou, caso essa efetivação não seja possível, a substituição
da prestação devida por um benefício equivalente, à custa do património do devedor
(art.ºs 821.º, n.º 1 e 817.º do C.C.).

No fundo, trata-se de providenciar pela reparação material coativa do


direito do exequente.

O direito processual subsidiário:

— A ação executiva rege-se, em primeira linha, pelas normas próprias (art.ºs 53.º a
58.º, 85.º a 90.º, 550.º e 551.º, 626.º e 703.º a 877.º), sendo que os art.ºs 703.º a
723.º se revestem de carácter geral;
— Em segundo lugar, a ação executiva rege-se, a título subsidiário, pelas
disposições reguladoras do processo de declaração (n.º 1.º do art.º 551.º);

29
Manual de apoio / Ação Executiva
Confidencialidade - Art.º 164.º

 Os processos de Execução só podem ser facultados aos executados e respetivos


mandatários após citação, ou tratando-se de execução de decisão judicial, após a
notificação da penhora e independentemente de citação ou notificação, é vedado aos
executados e respetivos mandatários o acesso à informação sobre os bens indicados
pelo exequente para penhora e aos atos introdutórios da mesma.

 A regra passa a ser que após a citação (ou notificação no caso da execução de
sentença nos próprios autos) o processo passe a estar disponível para os executados
(e respetivos mandatários) com a exceção dos atos instrutórios da penhora e dos bens
indicados pelo exequente à penhora19.

 A ocultação dos atos processuais é assegurada pelo próprio sistema


informático, estando já pré-definido quais os atos que devem ficar ocultos. Ficam
ocultos os bens indicados à penhora no requerimento executivo enviado via CITIUS,
bem como qualquer requerimento posterior indicando bens à penhora, enviado pelo
mesmo meio.

Para os requerimentos que dão


entrada em papel na secção
central também existe a
possibilidade de ficarem
classificados automaticamente
como ocultos, caso a secretaria
proceda à seleção da opção
“requerimento com indicação
de bens à penhora”.

19
Nos casos em que o requerimento executivo é apresentado em papel e seja possível efetuar a sua digitalização,
deverá ter-se em atenção que os anexos de indicação de bens à penhora (ANEXO P1 a ANEXO P9) não devem ser
incluídos.

30
Manual de apoio / Ação Executiva
Existe ainda disponível uma ferramenta para que o oficial de justiça, clicando
no lado direito do rato em cima do ato que pretende classificar, possa escolher se o
ato se deve manter oculto ou ficar visível para o executado e respetivo mandatário.
Igual procedimento pode ser adotado caso, por exemplo, seja determinado mediante
despacho judicial que um documento passe a estar disponível para consulta:

Requerimento

Indicação que o ato se encontra oculto

Nota: A opção disponibilizar documento a Mandatário / ocultar documento a Mandatário


estará associada apenas a determinado tipo de atos processuais previamente definidos, e só
estará disponível em atos praticados após a entrada em vigor do novo CPC.

Relativamente aos atos que passam a ficar disponíveis ao executado (e respetivo


mandatário) a partir da sua citação, será necessário colocar nos detalhes do
interveniente (executado) a informação que já se encontra citado (Interveniente
citado/notificado (cf. art.º 626.º), garantindo desta forma, de igual modo, que no
caso de pluralidade de executados apenas aquele em que foi inserido o detalhe (bem
como o respetivo mandatário que lhe esteja associado) passe a ter acesso ao processo
(a seleção dos atos cujo acesso é vedado mesmo após a citação continua a ser
assegurada pelo sistema informático de forma automática).

Nas execuções tramitadas por agente de execução, também se encontra disponível a


opção referida no sistema SISAAE, e que transporta de forma automática esse detalhe
para a aplicação CITIUS, pelo que a opção Interveniente citado/notificado (cf. art.º
626.º CPC), apenas terá de ser inserida pelo oficial de justiça nas execuções em que
exerça as funções de agente de execução.

31
Manual de apoio / Ação Executiva
Para aceder aos detalhes do interveniente deverá selecionar o interveniente,
pressionar o botão direito do rato, escolher a opção interveniente, detalhes do
interveniente:

Em alternativa, pode selecionar o interveniente e pressionar a tecla de atalho


“F4”, aparecendo de imediato a janela de detalhes do interveniente:

6. A ação executiva – Classificação consoante o fim

A lei distingue três tipos de ações executivas, consoante o fim a que as mesmas
se destinam ou de acordo com a forma de processo aplicável.

Assim, a ação executiva pode ter por finalidade (art.º 10.º, n.º 6):

a) Pagamento de quantia certa - o exequente pretende obter o cumprimento


de uma obrigação pecuniária através da penhora de bens do executado, os
quais posteriormente são vendidos, revertendo o produto da venda a favor
do exequente até ao montante do seu crédito – cfr. art.ºs 724.º a 858.º.

32
Manual de apoio / Ação Executiva
b) Entrega de coisa certa - o exequente se assume como titular de um direito
à prestação de uma coisa determinada e requer ao tribunal que apreenda
essa coisa ao devedor e seguidamente lha entregue (art.º 827.º do C.C.). A
lei permite que se a coisa a entregar não for encontrada, o exequente
efetue uma liquidação do seu valor e do prejuízo resultante da falta da
entrega, procedendo-se de seguida à penhora nos bens do executado,
suficientes para pagamento da importância apurada (cfr. art.ºs 859.º a
867.º).

c) Prestação de facto (positivo ou negativo)20 é a que se funda em título que


impõe ao devedor uma obrigação de prestar ou não prestar um facto,
fungível ou infungível21 - cfr. art.ºs 868.º a 877.º do CPC e 828.º a 829.º-A
do Cód. Civil.

Sendo a prestação de facto fungível, o exequente pode requerer que ela seja
prestada por outrem à custa do património do devedor (art.º 828.º do C.C.), sendo,
neste caso, penhorados e vendidos os bens do executado necessários ao pagamento da
obrigação equivalente à que consta do título executivo.

Caso a prestação de facto seja infungível (quando não se pode obter de terceiro
a prestação) e não tendo a prestação sido cumprida voluntariamente pelo devedor, a
obrigação extingue-se, uma vez que o credor não pode obter a sua execução forçada.

Assim, o exequente só poderá pretender a apreensão e venda dos bens do


devedor, suficientes para indemnizá-lo do dano sofrido com o incumprimento e
requerer que o devedor seja condenado ao pagamento de uma quantia por cada dia de
atraso no cumprimento (cfr. art.º 829.º-A do Código Civil).

20
“A condenação dos réus a não impedirem a realização de obra nova ou de reparação implica uma obrigação de
prestação de facto negativa, na modalidade de obrigação de tolerância ou de deixar fazer (obrigação de pati).

O processo próprio para executar este tipo de obrigação é o de execução para prestação de facto negativo” (art.º
876.º CPC).

Sumário do Ac. TRGuimarães de 19/11/2003, proc.º 1897/03-1 – www.dgsi.pt.

21
A prestação diz-se fungível quando pode ser realizada por pessoa diversa do devedor com satisfação do interesse
do credor, sendo-lhe indiferente que ela seja realizada pelo devedor ou por outra pessoa qualquer – cfr. art.º 828.º
do C.Civil.
De modo inverso, prestação infungível é aquela que tem de ser efetuada pelo devedor para satisfação do interesse
do credor.

33
Manual de apoio / Ação Executiva
O facto que o devedor estiver obrigado a prestar pode ser positivo ou negativo,
assim a obrigação se traduza em “fazer” ou “não fazer”.

Exemplos:

 Se o devedor estiver obrigado a demolir um muro, está em causa a


prestação dum facto positivo.
 Se o devedor estiver obrigado a “não” demolir um muro, está em
causa a prestação dum facto negativo.

Ação Executiva - Forma de processo

7. Processo Comum

O Processo comum para pagamento de quantia certa é ordinário ou sumário


(cfr. n.º 1 do art.º 550.º).

No que respeita ao processo comum para pagamento de quantia certa, emprega-se


o PROCESSO SUMÁRIO nas execuções baseadas em:

 decisão arbitral ou judicial nos casos em que esta não deva ser executada no
próprio processo;
 requerimento de injunção ao qual tenha sido aposta fórmula executória;
 título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, garantida por hipoteca ou
penhor;
 título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida cujo valor não exceda o
dobro da alçada22 do tribunal de 1.ª instância.

Não é, porém, aplicável a forma sumária, à contrário, aplica-se o PROCESSO


ORDINÁRIO, nas seguintes execuções:

 Nos casos previstos nos artigos 714.º e 715.º, ou seja, na escolha da prestação
na obrigação alternativa, e na obrigação condicional ou dependente prestação,
respetivamente;

22
Sobre o valor das alçadas consultar art.º 44.º da Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto - Organização do Sistema
Judiciário

34
Manual de apoio / Ação Executiva
 Quando a obrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva e a
liquidação não dependa de simples cálculo aritmético (título extrajudicial;
decisão judicial ou equiparada - quando não vigore o ónus de proceder à
liquidação no âmbito do processo de declaração; e decisões arbitrais);
 Quando, havendo título executivo, diverso de sentença apenas contra um dos
cônjuges, o exequente alegue a comunicabilidade da dívida no requerimento
executivo;
 Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário que não haja
renunciado ao benefício da excussão prévia.
 Sendo o Título extrajudicial de obrigações pecuniárias vencidas, não garantido
por hipoteca ou penhor, o valor seja superior ao dobro da alçada de 1.ª
Instância.

À execução sumária para pagamento de quantia certa aplicam-se


subsidiariamente as disposições do processo ordinário, (cfr. n.º 3 do art.º 550.º e n.º
3 do art.º 551.º).

O processo de execução para entrega de coisa certa e para prestação de facto


segue forma única, sendo-lhe aplicáveis, na parte em que o puderem ser, as
disposições relativas à execução para pagamento de quantia certa (cfr. n.º 4 do art.º
550.º e n.º 2 do art.º 551.º).

8. Processo Especial

O Processo especial aplica-se nos casos especialmente previstos no Código ou


em leis extravagantes. Como exemplos desta forma de processos temos:
- Execução por alimentos (cfr. art.ºs 933.º e segs.);
- Execução por custas (cfr. art.º 35.º do Regulamento das Custas
Processuais aprovado pelo Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26 de fevereiro);
- Execução para venda de navio abandonado (cfr. art.ºs 17.º e 18.º do
Dec. Lei n.º 202/98, de 10 de julho).
- Investidura em cargo social (cfr. art.ºs 1070.º e 1071.º).

As execuções especiais regem-se pelas disposições que lhes são próprias e


subsidiariamente pelas que regem a execução ordinária – art.º 551.º, n.º 4.

Para a execução por custas, tendo em conta o disposto no n.º 5 do ar.º 35.º do
Regulamento das Custas Processuais, aplicam-se subsidiariamente as disposições

35
Manual de apoio / Ação Executiva
relativas à execução sumária. O mesmo se aplica para as execuções por multa e
coima, tendo em conta o disposto no n.º 2 do art.º 491.º do CPP e o n.º 2 do art.º 89.º
do D.L. n.º 433/82, de 27 de outubro.

Há ainda que ter em conta o disposto no art.º 551.º, n.º1, que determina que são
subsidiariamente aplicáveis ao processo de execução, com as necessárias
adaptações, as disposições reguladoras do processo de declaração.

9. Pressupostos processuais

Pressupostos processuais são os requisitos necessários ao regular


desenvolvimento da instância executiva.

A ausência de um ou mais pressupostos processuais da ação declarativa


impossibilita o juiz de se pronunciar sobre o mérito da causa.

Na ação executiva, o tribunal deve verificar se estão reunidos os pressupostos


processuais mínimos e indispensáveis para que a mesma possa prosseguir (cfr. art.ºs
6.º, 726.º e n.ºs 1 e 2 do art.º 734.º).

Assim, a ação executiva está sujeita, tal como a ação declarativa, a pressupostos
gerais, tais como:

 capacidade e personalidade judiciária;


 legitimidade das partes;
 patrocínio judiciário; e
 competência do tribunal.

Mas, a ação executiva, além de estar sujeita àqueles pressupostos, está ainda
sujeita a outros, que lhe são específicos, tais como: o título executivo, a certeza, a
exigibilidade da prestação e a liquidez da obrigação exequenda.

36
Manual de apoio / Ação Executiva
 Pressupostos específicos da ação executiva

o Título executivo

Título executivo23 é um documento escrito no qual consta a existência de um


direito subjetivo nele incorporado, contendo os sujeitos dessa relação, da prestação e
do fim e limites dessa prestação. Determina o fim e os limites da ação executiva. Indica
a espécie de prestação, o tipo e a forma de processo da execução, o quantum da
obrigação e fixa a legitimidade (ativa e passiva) para a execução. É a causa de pedir
na ação executiva e traduz um requisito de natureza formal (cfr. art.º 10.º, n.ºs 5 e
6).

O título é pois condição necessária e suficiente ao desenvolvimento da ação


executiva:

Condição necessária, porque sem título não pode haver execução (cfr. art.º
10.º, n.º 5). É imperioso que o título acompanhe o requerimento inicial (cfr. art.º 724.º,
n.º 4, al. a))24.

Condição suficiente, porque a existência do título dispensa qualquer


averiguação prévia sobre a existência efetiva do direito que ele titula.

o Espécies de títulos executivos


O art.º 703.º enumera as espécies de título executivo e consagra o princípio da
tipicidade, ou seja, só existem estes títulos e não outros.

 Sentenças condenatórias25

Em regra, a sentença constitui título executivo uma vez transitada em julgado,


salvo se dela for interposto recurso com efeito meramente devolutivo, caso em que
a exequibilidade da sentença se opera transitoriamente até à sua consolidação por via
do trânsito em julgado (cfr. art.º 704.º).

23
O título constitui o pressuposto formal da ação executiva destinado a conferir à pretensão substantiva um grau de
certeza suficiente para consentir a subsequente agressão patrimonial aos bens do vendedor - J. Lebre de Freitas e
outros, C.P.C. Anotado, I/87).

O título é o instrumento documental da demonstração da obrigação exequenda, fundamento substantivo da execução


- Acs. STJ, de 15/05/03 e 18/01/2000, proc.ºs 02B3251 e 99A1037, em www.dgsi.pt.

24
O requerimento executivo deve ser acompanhado da cópia do título executivo, quando entregue por via eletrónica,
ou do original, quando entregue em papel, sob pena de recusa – art.º 725.º, n.º 1-d).
25
Sentença é o ato pelo qual o juiz decide a causa principal ou algum incidente que apresente a estrutura duma causa.
As decisões dos tribunais colegiais denominam-se acórdãos – art.º 152.º, n.ºs 2 e 3.
São equiparados às sentenças os despachos e quaisquer decisões ou atos da autoridade judicial que condenem no
cumprimento duma obrigação – art.º 705.º.

37
Manual de apoio / Ação Executiva
Entre outras decisões judiciais, aqui se incluem, por exemplo:
- Sentenças homologatórias das transações ou das confissões de
pedido (cfr. art.º 290.º, n.ºs 3 e 4);
- Decisões dos julgados de paz (cfr. art.ºs 56.º, n.º 1, 60.º e 61.º da
Lei n.º 78/2001, de 13 de Julho);
- Despacho saneador que conheça do mérito da causa – art.º 595.º,
n.ºs 1-b) e 3;
- Autos de conciliação em processo do trabalho homologados pelo
juiz (cfr. art.ºs 51.º a 53.º e 88.º do Código de Processo do Trabalho).

Assim, significa que ainda que atingida por recurso ordinário, a sentença pode
titular uma ação executiva, conquanto o recurso tenha efeito meramente devolutivo.
A execução assim iniciada pode sofrer modificação em função do resultado do recurso,
modificação essa que até pode passar pela extinção da instância executiva se o tribunal
superior revogar a sentença condenatória da 1.ª instância (cfr. art.º 704.º, n.º 2).26

Confirmada a decisão da primeira instância, a execução prossegue os seus


trâmites.

Uma outra hipótese a considerar, é a suspensão, a pedido do executado, da ação


executiva proposta na pendência do recurso, mediante a prestação de caução (cfr. n.º
5 do art.º 704.º), ou quando o bem penhorado se trate da habitação efetiva do
executado, em que o juiz pode determinar que a venda aguarde a decisão definitiva,
quando aquela seja suscetível de causar prejuízo grave e dificilmente reparável (cfr.
n.º 4 do art.º 704.º). Não se verificando a suspensão nestes termos, a execução
prossegue normalmente não se efetuando, porém, os pagamentos ao exequente e
demais credores, senão depois de transitada em julgado ou, enquanto isto não se
verificar, depois de o interessado (exequente ou credor reclamante) prestar caução
suficiente e própria (cfr. art.ºs 704.º, n.º 3 do CPC e 623.º a 626.º do Código Civil).

A caução é um incidente da ação executiva e corre por apenso, iniciando-se


com o requerimento do interessado (exequente, executado ou credor, consoante o
caso) e rege-se pelos art.ºs 906.º e seguintes, com as necessárias adaptações – cfr. n.º
1 do art.º 915.º.

26
Deve ser junta à execução uma certidão da decisão do tribunal superior com nota do trânsito em julgado – cfr. art.º
704.º, n.º 2.

38
Manual de apoio / Ação Executiva
 Sentenças estrangeiras

A exequibilidade das sentenças proferidas por tribunais estrangeiros está


dependente de revisão e confirmação pelos nossos tribunais de Relação, nos termos
dos art.ºs 706.º e 979.º, salvo tratado ou convenção em contrário.

As sentenças proferidas nos Estados-Membros da União Europeia são exequíveis


em Portugal bastando que obedeçam aos seguintes requisitos e formalismos:

 Nas ações judiciais intentadas, transações judiciais aprovadas ou


celebradas até 09 de janeiro de 2015 observa-se o estabelecido nos
artigos 38.º, 39.º, 53.º e 54.º a 58.º do Regulamento (CE) n.º 44/2001 do
Conselho, de 22 de dezembro de 200027.
 Nas ações judiciais intentadas, transações judiciais aprovadas ou
celebradas a partir de 10 de janeiro de 2015 observa-se o estabelecido
nos artigos 36.º a 57.º e 58.º a 60.º do Regulamento (UE) n.º 1215/2012
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de dezembro de 2012. Os
formulários podem ser obtidos no Portal Europeu da Justiça.
(Para informações adicionais consultar o link:
http://ec.europa.eu/justice_home/judicialatlasc
ivil/html/rc_jccm_information_pt.htm).

Também as sentenças proferidas nos Países – Islândia; Noruega e Suíça – são


exequíveis em Portugal bastando que obedeçam aos requisitos e demais formalismos
previstos nos artigos 38.º, 39.º, 53.º e 54.º a 58.º da Convenção de Lugano II, relativa
à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria
civil e comercial

 Título executivo europeu

O Regulamento (RE) n.º 805/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21


de abril de 2004, criou o título executivo europeu para os créditos não contestados,
entendendo-se como tais, para o efeito, todas as situações em que o credor,
estabelecida a não contestação pelo devedor quanto à natureza ou dimensão de um
crédito pecuniário, tenha obtido uma decisão judicial ou título executivo contra o
devedor que implique a confissão da dívida por parte deste, quer se trate de transação
homologada pelo tribunal, quer de um instrumento autêntico.

27
Última alteração introduzida pelo Regulamento (UE) n.º 517/2013, do Conselho, de 13 de maio de 2013.

39
Manual de apoio / Ação Executiva
Este Regulamento é aplicável às decisões judiciais, títulos ou instrumentos
autênticos relativos a créditos não contestados e a decisões pronunciadas na sequência
de impugnação de decisões, transações judiciais ou instrumentos autênticos.

O título executivo europeu duma decisão judicial deve constar de certidão


emitida na língua e pelo tribunal que a tiver proferido utilizando-se o formulário
constante do anexo I ao referido Regulamento.28

 Documentos elaborados ou autenticados por notário ou por


outras entidades ou profissionais com competência para tal

Entende-se por documentos autênticos29 os que são elaborados ou exarados pelo


notário (testamento público, escritura pública) e por documentos autenticados30
aqueles que não sendo elaborados pelo notário, são por eles certificados após
verificarem a conformidade dos conteúdos com as vontades dos sujeitos
intervenientes.

O art.º 38.º do Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de março atribuiu competência


às câmaras de comércio e indústria, reconhecidas pelo Decreto-Lei n.º 244/92, de
29/10, aos conservadores, aos oficiais de registo, aos advogados e aos solicitadores,
para os reconhecimentos de assinaturas, autenticação e tradução de documentos
e conferência de cópias31

Os documentos elaborados ou autenticados por notário ou por outras entidades


ou profissionais com competência para tal constituem títulos extrajudiciais, exigindo-
se para esse efeito que provenham da existência de uma obrigação.

A exequibilidade destes documentos está prevista no art.º 703, n.º 1, al. b).

Assim, existem dois tipos de situações:

-convenções de prestações futuras – são os contratos de execução


continuada em que as partes se vinculam. São deste tipo, por exemplo, os
contratos de fornecimento de determinados bens e de execução continuada -
obrigações futuras – estão sujeitas a uma condição suspensiva. Para valer

28
O Regulamento está disponível para download na página da DGAJ http://www.dgaj.mj.pt >>> Serviços Jurídicos e
Cooperação Judiciária Internacional.
29
Cfr. art.ºs 369.º a 372.º do Código Civil.
30
Cfr. art.ºs 377.º do Código Civil.
31
Esta norma encontra-se regulamentada pela Portaria n.º 657-B/2006, de 29 de Junho.

40
Manual de apoio / Ação Executiva
como título carece de outro documento probatório da verificação da condição
e do incumprimento do devedor.

Os documentos autênticos ou autenticados no estrangeiro não carecem de


revisão ou confirmação para terem força executiva – art.º 706.º, n.º 2. No entanto,
carecem de legalização.

 Títulos de Crédito

Valem como título executivo os títulos de crédito, ainda que meros quirógrafos,
tais como letras, livranças e cheques. Tratando-se de meros quirógrafos, sendo os
cheques prescritos o exemplo por excelência, apenas consubstanciam título executivo
desde que os factos constitutivos da relação subjacente constem do próprio documento
ou sejam alegados no requerimento executivo (cfr. art.º 703, n.º 1 al. c)).

Nota: Desapareceram, com o novo CPC, do elenco dos títulos executivos os


documentos particulares, como sejam as confissões de dívida, que não revistam a
forma de documentos autênticos ou autenticados. Neste caso, não é suficiente o
simples reconhecimento de assinatura, e a alternativa passa por intentar uma ação ou
processo de injunção (art.º 6.º, n.º 3 do diploma preambular da Lei 41/2013, de 26 de
junho, conjugado com o art.º 703.º do CPC32).

 Títulos executivos especiais (cfr. art.º 703.º, n.º 1 al. d))

Os títulos executivos especiais são os reconhecidos por disposição legal própria.


É o que se verifica nos requerimentos de injunção em que tenha sido aposta a fórmula
executória, atas de condomínio, etc.

Exemplos:

- Requerimento de injunção em que tenha sido aposta a fórmula executória


pelo secretário de justiça – art.ºs 13.º, al. c) e 14.º do anexo ao Decreto-Lei n.º 269/98,
de 1 de setembro.

- Ata de reunião de assembleia de condóminos – art.º 6.º, n.º 1 do Decreto-Lei


n.º 268/94, de 25 de outubro;

32
De referir que a aplicação desta norma às execuções intentadas após 1 de setembro de 2013 (data da entrada em
vigor do Novo Código de Processo Civil) que tenham como título executivo um documento particular formado na vigência
do art.º 46.º n.º 1 al. c) do antigo código, tem sido considerada como violadora do princípio da segurança e proteção
da confiança (Ac. Tribunal da Relação de Évora, de 27/02/2014, proc.º 374/13.3TUEVR.E1, em www.dgsi.pt).

41
Manual de apoio / Ação Executiva
- Certidão da liquidação da conta de custas e da sentença transitada em
julgado, acompanhada da notificação judicial do devedor ou a certidão destes
elementos processuais, em que se declare a data do termo do prazo de pagamento
voluntário – cfr. n.ºs 1 e 2 do art.º 35.º, do Regulamento das Custas Processuais.

- Prestação de contas – art.º 944.º, n.º 5.

- Decisões definitivas das autoridades administrativas que apliquem coimas


(art.ºs 88.º, n.º1, e 89.º, n.º1 do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro).

Juros de mora (cfr. n.º 2 do art.º 703.º) – consideram-se abrangidos pelo título
executivo os juros de mora, à taxa legal, da obrigação dele constante. Podem surgir
duas situações:

- Se o título executivo depender de uma obrigação com prazo certo,


terminado esse prazo sem que o devedor cumpra a obrigação, são
devidos juros de mora à taxa legal, a partir da data do incumprimento.
Assim, estes juros consideram-se abrangidos pelo título executivo, sem
prejuízo da necessidade de liquidação por parte do exequente no
requerimento executivo (cfr. art.º 716.º, n.º1).

- Se a obrigação não tiver prazo certo de cumprimento (obrigações


puras), a mora só se verifica após a interpelação (cfr. art.º 777.º, n.º 1
do Código Civil). Esta interpelação pode ser efetuada
extrajudicialmente, ou seja, antes de ser intentada a ação executiva
ou judicialmente através da citação (cfr. art.º 610.º, n.º 2 al. b) ex vi
do art.º 551.º, n.º 1).

 Consequência da falta de apresentação do título

Ao requerimento executivo deve o exequente juntar cópia ou original do título


executivo (cfr. 724.º, n.º 4, al. a)).

Caso o título provenha de uma sentença, a execução corre nos próprios autos,
tramitada de forma autónoma, exceto se o processo subir em recurso, em que corre
no traslado. Quando, nos termos da lei de organização judiciária, seja competente

42
Manual de apoio / Ação Executiva
para a execução secção especializada de execução33, devem ser remetidos com
caráter de urgência a cópia da sentença, do requerimento que deu início à execução,
bem como os documentos que o acompanham.

Sem título não há execução (cfr. art.ºs 10.º, n.º 5 e 713.º).

 Falta ou insuficiência do título executivo

Com a entrada em vigor da Lei n.º 41/2013, de 26/06, a apreciação do


requerimento executivo, quer ele seja enviado nos termos da Portaria n.º 282/2013,
de 29/08, ou pelos restantes meios previstos no art.º 144.º do Código de Processo Civil,
efetua-se sempre após a distribuição, pelo que a sua recusa apenas tem lugar após
aquele momento. Esse ónus impende, agora, consoante se trate de execução sumária
ou ordinária, ao agente de execução (solicitador/advogado ou oficial de justiça,
quando investido naquelas funções) ou à secretaria judicial respetivamente.

Assim, a recusa do requerimento executivo opera-se sempre que a cópia ou


título executivo não seja junto ao requerimento executivo (cfr. art.ºs 724.º, n.º 4, al.
a) e 725.º n.º 1, al. d)). Nas execuções fundadas em título de crédito cujo
requerimento executivo tenha sido apresentado por via eletrónica, o exequente deve
sempre enviar o original para o tribunal, dentro dos 10 dias subsequentes à
distribuição.

Se o exequente não proceder ao envio, o juiz, oficiosamente ou a requerimento


do executado, determina a notificação do exequente para o fazer, no prazo de 10 dias,
sob pena de extinção da execução (cfr. art.º 724.º n.º 5).

Na execução ordinária, conforme veremos adiante, a regra é que o processo seja


concluso para despacho liminar, será este então o momento para que o juiz possa aferir
a falta de junção do original do título de crédito.

A recusa deve ser notificada ao exequente, o qual poderá reagir por meio de
reclamação para o juiz, para decisão, irrecorrível, salvo quando se funde na falta de
exposição dos factos (cfr. art.º 725.º, n.º 2).

Nos 10 dias posteriores à notificação da recusa, o exequente pode apresentar


novo requerimento executivo ou os documentos em falta, nomeadamente o documento

33
Não se encontram instalados juízos de execução nos tribunais judiciais das comarcas de Bragança, Viana do Castelo,
Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Santarém, Beja e Açores. No tribunal judicial da comarca da Madeira o juízo de
execução existente tem como área de competência territorial todos os municípios com exceção de Porto Santo (Lei n.º
62/2013, de 26 de agosto e DL n.º 49/2014, de 27 de março).

43
Manual de apoio / Ação Executiva
comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça, da concessão do benefício de
apoio judiciário ou o original do título de crédito, reportando-se os efeitos do início da
instância à data da primitiva apresentação (cfr. art.ºs 144.º, 259.º, 551.º, 560.º, e
725.º, n.º3).

Se a ação executiva começar sem despacho liminar e não seja detetada a falta
do título executivo, o executado pode sempre deduzir oposição à execução com tais
fundamentos (cfr. art.ºs 728.º, n.º 1, 729.º, n.º 1, al. a), 731.º e 857.º).

Se o executado, mesmo nesta situação, não recorrer aos meios de defesa atrás
expostos, pode o juiz, em qualquer momento, até ao primeiro ato de transmissão de
bens penhorados, ordenar a notificação do exequente para suprir a falta ou julgar
extinta a execução (cfr. art.º 734.º).

Se o exequente fizer um pedido que vá além do que consta no título, quando o


processo for concluso ao juiz, este profere despacho de indeferimento parcial (cfr.
art.º 726.º, n.º 3) relativamente ao excesso do título, devendo a ação executiva
prosseguir os demais trâmites quanto à parte do pedido que não tiver sido objeto de
indeferimento.

9.1 Certeza (art.º 713.º)

É outro pressuposto específico da ação executiva. Consiste em identificar, com


rigor, o objeto em que consiste a obrigação.

A incerteza pode consistir:


- quanto ao objeto, por exemplo, em obrigações alternativas;
- quanto ao género, em obrigações genéricas.

As obrigações alternativas (cfr. art.º 543.º do C.C.), compreendem duas ou mais


prestações, dependendo a escolha daquele que a vai realizar.

 Se a escolha pertencer ao credor, este indica na petição por qual opta,


tornando-se assim certa a obrigação34.

 Se a escolha pertence ao devedor, este é citado pelo agente de execução


para se opor à execução e notificado para, no mesmo prazo da oposição,

34
Quando se tratar de uma prestação alternativa e a escolha pertencer ao credor, se o mesmo não a fizer no
requerimento executivo, é motivo de recusa por parte da secretaria, nos termos dos art.ºs 724.º, n.º 1, al. h) e 725,
n.º 1 al. c).

44
Manual de apoio / Ação Executiva
declarar por qual das prestações opta, caso não haja outro prazo
convencionado pelas partes (cfr. 803.º, n.º 1 e 548.º do C.C.).

 Se a escolha cabe a terceiro, este é notificado para efetuá-la. Se o devedor


ou o terceiro não efetuarem a escolha da prestação, bem como quando haja
vários devedores e não seja possível formar maioria quanto à escolha, será
esta feita pelo credor (cfr. art.º 714.º, n.ºs 2 e 3).

9.2 Exigibilidade

Outro dos pressupostos específicos do processo executivo é a exigibilidade da


prestação em face do título (cfr. art.º 713.º).

A prestação é exigível quando a obrigação se encontra vencida ou o seu


vencimento dependa de acordo com estipulação expressa das partes ou com a simples
interpelação do devedor (cfr. art.º 777.º, n.º 1 do C.C.)

Quando a obrigação está dependente de condição suspensiva ou de uma


prestação por parte do credor ou de terceiro, incumbe ao credor alegar e provar por
documento, no próprio requerimento executivo, que se verificou a condição ou que
efetuou ou ofereceu a prestação (cfr. art.º 715.º, n.º 1)35.

Se o credor não puder efetuar a prova por documento, ao requerer a execução,


oferece de imediato as respetivas provas, e o juiz aprecia sumariamente a prova
produzida, exceto se considerar necessário ouvir o devedor (cfr. n.ºs 2 e 3 do art.º
715.º).

No caso de o juiz entender ouvir o devedor, este será citado com a advertência
que com a falta de contestação se considerará verificada a condição ou efetuada ou
oferecida a prestação, nos termos do requerimento executivo, salvo o previsto no art.º
568.º, exceção à revelia. A contestação só pode ter lugar em oposição à execução,
art.ºs 728.º e 732.º (cfr. art.º 715.º, n.ºs 4 e 5).

Se a obrigação tiver prazo certo, a execução não pode ser proposta antes da
data do seu vencimento.

35
Aqui, a execução principia por diligências probatórias destinadas a demonstrar a exigibilidade da obrigação
exequenda, o que implica a intervenção liminar do juiz e, consequentemente, os termos do processo ordinário.

45
Manual de apoio / Ação Executiva
Se a obrigação não tiver prazo (obrigações puras) o credor tem o direito de
exigir, a todo o tempo, o cumprimento da obrigação. Se a interpelação for
extrajudicial (carta registada com aviso de receção ou notificação judicial avulsa, art.º
256.º) serve como prova que o devedor foi interpelado. O credor junta documento ao
requerimento executivo. Se não houver interpelação extrajudicial, a citação do
executado para a ação executiva vale como interpelação.

NOTA:

 Se a inexigibilidade e incerteza forem manifestas em face


do título executivo, o juiz indeferirá liminarmente a ação executiva.
 Sendo pedida a execução de sentença arbitral, o juiz
indefere a execução caso o litígio não pudesse ser cometido à decisão
por árbitros, quer por estar submetido, por lei especial,
exclusivamente a tribunal judicial ou a arbitragem necessária, quer
por o direito litigioso não ser disponível pelo seu titular.(cfr. art.º
726.º, n.º 2).

Caso estejamos perante uma execução sumária compete ao


agente de execução, verificada alguma das situações ora descritas
quanto ao título executivo, suscitar a intervenção do juiz, remetendo
o processo para despacho liminar (cfr. art.º 855.º, n.º 2, al. b) e 726.º
n.ºs 2 e 4).

De uma forma geral, o agente de execução deve submeter as


suas dúvidas à apreciação do juiz, ainda que se trate de processo para
o qual a lei não preveja o despacho liminar – 723.º, n.º 1, al. d) e 855.º
n.º 2 al. b).

9.3 Liquidez
O quantitativo da obrigação tem de estar liquidado. Assim, quando a obrigação
constante do título é ilíquida, é necessário efetuar um certo número de operações no
sentido de tornar essa obrigação líquida.

Existem três tipos de liquidação:


 A que depende de simples cálculo aritmético;
 A efetuada pelo juiz ; e
 A efetuada pelos árbitros.

Simples cálculo aritmético (art.º 716.º, n.º s 2 e 3)

46
Manual de apoio / Ação Executiva
O exequente deve fixar o seu quantitativo no requerimento executivo, bem como
identificar todas as operações efetuadas para chegar ao valor do pedido exequendo.

Os juros que continuem a vencer-se são liquidados a final, pelo agente de


execução, calculados desde a data da apresentação em juízo do requerimento
executivo até ao pagamento integral, bem como a sanção pecuniária compulsória que
seja devida (cfr. art.º 829.º-A do Código Civil).

Esta liquidação não carece de prova.

Liquidação - art.º 716.º, n.º 4

Nesta situação tem de haver alegação e prova dos factos em que o exequente
fundamenta o seu pedido. Assim, a liquidação depende da averiguação de certos
factos36.

Quando o título seja uma decisão judicial ou equiparada, em que vigore o ónus
de proceder à liquidação no âmbito de processo de declaração, os montantes vão ser
apurados posteriormente (cfr. art.º 609, n.º 2) no incidente de liquidação iniciado por
requerimento a juntar à ação declarativa em que a sentença tiver sido proferida,
renovando-se a instância para o efeito (cfr. art.º 358.º, n.º 2).

Uma vez que a liquidação tem lugar na ação declarativa, quando a execução é
proposta já a obrigação se encontra liquidada (cfr. art.º 704.º, n.º 6), razão pela qual
o executado só pode deduzir oposição à execução e já não à liquidação.

Quando o título provenha de título extrajudicial, de decisões judiciais ou


equiparadas em que não vigore o ónus de proceder à liquidação no âmbito do
processo de declaração, ou de execuções de decisões arbitrais, o incidente de
liquidação faz parte da instância executiva (cfr. art.º 716.º, n.º 5).

Nesta situação, o executado é citado, pelo agente de execução, para contestar


a liquidação, em sede de oposição à execução (cfr. art.ºs 728.º a 732.º), sob pena de
a obrigação se considerar fixada nos termos do requerimento inicial.

Neste caso, a falta de contestação à liquidação importa a confissão dos factos


articulados pelo exequente (cfr. art.º 568.º), salvo se a revelia se considerar
inoperante (cfr. art.ºs 568.º e 569.º), após o que o incidente segue a forma de processo
declarativo comum com produção de prova pericial.

36
A execução deve iniciar-se por uma tramitação declarativa tendente à fixação do quantum da obrigação exequenda,
o que supõe a citação do executado para contestar e é incompatível com a penhora imediata, aplicando-se a execução
ordinária.

47
Manual de apoio / Ação Executiva
Nota:

Quando o executado pretenda proceder ao pagamento


voluntário do capital e juros em dívida em processo de execução
com agente de execução (solicitador ou advogado), compete a
este (e não à secretaria) efetuar os cálculos necessários ao
apuro do valor em dívida com vista ao depósito.

Liquidação efetuada por árbitros (art.º 716.º, n.º 6)

A liquidação é efetuada por árbitros nos casos em que a lei expressamente o


determine ou em resultado de convenção entre as partes (cfr. art.º 361.º, n.º 1). E se
fundada noutro título que não a sentença, a liquidação precede a apresentação do
requerimento executivo.

Os árbitros são nomeados segundo as regras inscritas nos art.ºs 467.º e seguintes
sendo a decisão arbitral definitiva, limitando-se o juiz a homologá-la.

Quando a iliquidez resulte de uma universalidade, a liquidação só tem lugar em


momento posterior à sua apreensão, antes de ser entregue ao exequente (cfr. n.º 7 do
art.º 716.º).

O patrocínio judiciário (art.º 58.º)


O patrocínio judiciário consiste na assistência técnica prestada às partes pelos
profissionais do foro – advogados e ou solicitadores.
37
Nas ações executivas com valor superior a 30.000,00 (alçada da Relação) é
sempre obrigatória a intervenção de advogado (cfr. 1.ª parte do n.º 1 do art.º 58.º).

Nas ações executivas de valores compreendidos entre € 30.000 e € 5.000,01,


só é obrigatória a constituição de advogado quando tiver sido deduzida oposição à
execução ou quando houver lugar a qualquer outro procedimento que siga os termos
do processo declarativo.

Nas ações executivas com valor não superior a 5.000 €, não é obrigatória a
constituição de mandatário, mesmo que haja oposição à execução, podendo as próprias
partes intervir no processo.

37 “Em matéria cível a alçada dos tribunais da Relação é de € 30.000 e a dos tribunais de 1ª instância é de € 5.000” –
n.º 1 do art.º 44.º da Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto.

48
Manual de apoio / Ação Executiva
No apenso de reclamação de créditos, o patrocínio de advogado só é necessário
quando seja reclamado algum crédito de valor superior à alçada do tribunal de 1.ª
instância (€ 5.000+ 0,01) e apenas para apreciação deste (cfr. n.º 2 do art.º 58.º).

À falta de constituição de mandatário, quando obrigatória, aplica-se o previsto


para as ações em geral, devendo o agente de execução, uma vez detetada a falta,
submeter o processo ao juiz nos termos e para os efeitos do disposto no art.º 33.º.
Constituição CONSTITUIÇÃO
obrigatória de mandatário judicial na ação executiva – art.º 58.º
OBRIGATÓRIA DE MANDATÁRIO JUDICIAL NA ACÇÃO EXECUTIVA
art.º 60.º

VE
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A D V O G A D O
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clam ÉDIT
(não
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end eder
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e do
s de € 5.0 ad OS
mais
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0 0 ,00 o
€ 30.000,01 - superior à alçada da Relação os re it
clam
ado
s)
€ 30.000,00 - alçada da Relação

Apenas Também

ADVOGADO - ADVOGADO ESTAGIÁRIO


- SOLICITADOR (não agente de execução)
Se houver procedimento declarativo
(ex. oposição à execução e ou à Se não houver procedimento declarativo.
penhora).

€ 5.000,01 - superior à alçada 1ª instância

€ 5.000,00 - alçada 1ª instância


Não é obrigatória
a constituição de
mandatário judicial

Da competência territorial

De acordo com o n.º 1 do art.º 89.º, o tribunal territorialmente competente para


a execução é o do domicílio do executado.

No entanto, o credor que:

- tenha domicílio na área metropolitana de Lisboa ou do Porto e o


demandado tenha domicílio na mesma área; ou que
- seja pessoa coletiva;
pode optar pela propositura da execução no tribunal do lugar do cumprimento da
obrigação (cfr. designadamente os art.ºs 772.º a 776.º, 885.º e 2270.º do Código Civil
e os art.ºs 94.º a 104.º do Código de Processo Civil).

49
Manual de apoio / Ação Executiva
Quando se trate de execução para entrega de coisa certa ou por dívida com
garantia real38 são, respetivamente, competentes o lugar onde a coisa se encontre ou
o da situação dos bens onerados (cfr. n.º 2 do art.º 89.º).

Nos casos de cumulação de execuções para cuja apreciação sejam


territorialmente competentes diversos tribunais, é competente o tribunal do domicílio
do executado (cfr. n.º 5 do art.º 89.º e 711.º).

Do n.º1, al. a), do art.º 104.º, resulta que:

- as regras de competência territorial não podem ser afastadas


por convenção das partes e que

- a incompetência territorial é de conhecimento oficioso do


tribunal.

Nas execuções sumárias, verificada a incompetência territorial deve o agente de


execução, antes de encetar quaisquer atos e/ou diligências normais da ação executiva
e sem prejuízo do n.º 3 do art.º 145.º, remeter o processo eletronicamente ao juiz
para despacho liminar - cfr. art.ºs 855.º, n.º 2, al. b) e 726.º n.º 2, al. b)

A infração da regra de competência fundada na divisão judicial do território


configura uma incompetência relativa – cfr. art.º 102.º

Da decisão que aprecie a competência cabe reclamação, com efeito suspensivo,


para o presidente da Relação, a arguir no prazo de 10 dias - cfr. art.ºs 105.º e 149.º.

10. Registo Informático das Execuções

As execuções (cíveis e laborais) e as falências, tal como as insolvências, são


objeto de registo informático em ordem a permitir a disponibilização da informação
nela contida a magistrados judiciais e do Ministério Público, advogados, solicitadores,
agentes de execução (solicitadores de execução, advogados e oficiais de justiça), ao
“titular dos dados” (executado, falido ou insolvente) ou qualquer pessoa que com ele
tenha relação contratual ou pré-contratual, ou revele outro interesse atendível, nos

38
Ex: resultante de crédito hipotecário.

50
Manual de apoio / Ação Executiva
termos previstos no artigo 718.º e regulados no Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de
setembro, na redação que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de
novembro.39

O registo informático de execuções contém o rol dos processos de execução


pendentes e, relativamente a cada um deles, a seguinte informação – cfr. art.º
717.º do CPC e art.º 2.º do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de setembro, na redação
que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de novembro:

- Identificação do processo;
- Identificação do agente de execução, através do seu nome e, sendo
solicitador de execução ou advogado, domicílio profissional, números de cédula
pessoal e de identificação fiscal ou, sendo oficial de justiça, número
mecanográfico;
- Identificação das partes, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 724.º do
Código de Processo Civil, incluindo ainda, sempre que possível, o número de
identificação de pessoa coletiva, a filiação, o número de identificação fiscal, o
número de bilhete de identidade ou, na impossibilidade atendível da sua
apresentação, os números de passaporte ou de licença de condução;
- Pedido, indicando o fim e o montante, a coisa ou a prestação, consoante os
casos;
- Bens indicados para penhora;
- Bens penhorados, com indicação da data e hora da penhora e da adjudicação
ou venda;
- Identificação dos créditos reclamados, através do seu titular e montante do
crédito.

Do mesmo registo consta também o rol das execuções findas ou suspensas,


mencionando-se, para além dos elementos acabados de referir, os seguintes:

- A extinção com pagamento parcial;


- A extinção da execução por não terem sido encontrados bens penhoráveis;
- A declaração de insolvência e a nomeação do administrador da insolvência,
bem como o encerramento do processo de insolvência;

39
O Dec. Lei n.º 201/2003 não foi ainda atualizado tendo em conta o Código de Processo Civil de 2013, pelo que lá se
encontram referências a artigos do anterior código, devendo ser feita uma leitura atualista de tais preceitos.

51
Manual de apoio / Ação Executiva
- O arquivamento do processo executivo de trabalho, por não se terem
encontrado bens para penhora.
- A extinção da execução por acordo de pagamento em prestações ou por
acordo global;
- A conversão da penhora em penhor, nos casos previstos no n.º 3 do artigo
807.º;
- O cumprimento do acordo de pagamento em prestações ou do acordo global,
previstos nos artigos 806.º e 810.º.

O agente de execução tem, acesso direto ao registo informático de execuções,


através do sistema informático de suporte à atividade dos agentes de execução (cfr.
art.º 9.º do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de setembro na redação que lhe foi dada
pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de novembro e art.º 56.º, n.º 2 da Portaria n.º
282/2013, de 29 de agosto).40

Compete ao agente de execução a inscrição e atualização dos dados do


processo no registo informático de execuções (cfr. art.ºs 58.º da portaria 282/2013, de
29 de agosto e 3.º e 4.º do Decreto-Lei 201/2003, de 10 de setembro, na redação que
lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de novembro).

Cabe ainda referir que toda a informação contida nesta base de dados deve ser
permanentemente atualizada pelo agente de execução – cfr. art.ºs 717.º, n.º 4 do
CPC e art.º 4.º do DL n.º 201/2003, na redação que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º
226/2008, de 20 de novembro, sendo possível efetuarem-se retificações e
atualizações a requerimento do titular dos dados, independentemente da fase em
que se encontrem os processos (art.º 718.º, n.º 1).

11. TRAMITAÇÃO DA EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO


DE QUANTIA CERTA - PROCESSO ORDINÁRIO

A ação executiva destinada ao pagamento de quantia certa passa pelas


seguintes fases processuais:
 Inicial ou introdutória;

40 Nos termos do n.º 6 do art.º 59.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto, as referências efetuadas ao sistema de
suporte à atividade dos agentes de execução, consideram-se feitas ao sistema informático CITIUS, no que se refere às
diligências de execução promovidas pelo oficial de justiça.

52
Manual de apoio / Ação Executiva
 Oposição à execução;
 Oposição à penhora;
 Convocação de credores;
 Venda executiva;
 Pagamento aos credores;
 Extinção da execução.

 Fase inicial ou introdutória

A execução inicia-se com a apresentação do requerimento executivo na


secretaria do tribunal de execução competente (cfr. art.ºs 132.º e 712.º), sob pena de
recusa nos termos do art.º 725.º.

Os modelos dos requerimentos executivos foram aprovados pelo n.º 2 do art.º 1.º
da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto, sob o comando do n.º 2 do art.º 712.º.

Apresentação Via CITIUS

O exequente patrocinado por mandatário judicial apresenta o requerimento


executivo por transmissão eletrónica de dados através do preenchimento e submissão
do formulário eletrónico constante do sítio https://citius.tribunaisnet.mj.pt, através
da aplicação CITIUS, ali disponibilizada a advogados, advogados estagiários,
solicitadores e magistrados do Ministério Público que estejam registados no sistema
como utilizadores, junto da entidade responsável pela gestão dos acessos ao sistema
informático – art.ºs 132.º e 144.º do CPC, art.º 5.º da Portaria n.º 280/2013, de 26 de
agosto e art.º 2.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto.

À peça processual (formulário + requerimento executivo), o exequente anexa os


documentos que o devam acompanhar e designa o agente de execução – cfr. n.º 1 do
art.º 720.º CPC, art.º 6.º da Portaria 280/2013, de 26 de agosto e art.º 36.º da Portaria
282/2013, de 29 de agosto.

Sempre que o exequente não designe o agente de execução no requerimento


executivo, a designação é realizada automaticamente no momento do seu
preenchimento. – n.º 2 do art.º 720.º.

53
Manual de apoio / Ação Executiva
Após validação, pelo sistema informático, do preenchimento pelo exequente de
todos os campos de preenchimento obrigatório, o requerimento é entregue no
mencionado sistema e, caso o exequente não beneficie de apoio judiciário na
modalidade de atribuição de agente de execução, é-lhe disponibilizada a referência
multibanco referente ao pagamento da quantia inicialmente devida ao agente de
execução a título de honorários e despesas e, se for caso disso, do pagamento da
retribuição a que se refere o n.º 8 do art.º 749.º.

O exequente dispõe do prazo de 10 dias para efetuar o pagamento da(s)


quantia(s) supra mencionada(s), considerando-se o requerimento executivo
apresentado apenas na data desse pagamento (cfr. n.º 5 do art.º 2.º, da Portaria n.º
282/2013, de 29 de agosto e n.º 6 do art.º 724.º do CPC), já que só há distribuição do
processo executivo após pagamento da provisão da fase 1 destinada ao Agente de
Execução nomeado ou designado.

De realçar que a disponibilização do requerimento executivo ao Tribunal para


distribuição do processo, ocorrerá logo que o pagamento inicial devido ao agente de
execução seja efetuado, sendo esse procedimento assegurado de forma automática
pelo sistema informático, e só nessa data a secretaria passa a poder visualizá-lo na
pasta da distribuição. ( art.º 2.º, n.ºs 4 e 5 da Portaria 282/2013, de 29 de agosto)

Findo o prazo de pagamento sem que este se mostre efetuado, o sistema


informático de suporte à atividade dos agentes de execução, responsável pela emissão
da referência para pagamento, pode proceder à invalidação da referência em causa,
não sendo possível a partir desse momento o seu pagamento nem a apresentação do
requerimento executivo (cfr. n.º 6 do art.º 2.º da Portaria 282/2013, de 29 de agosto).

O mesmo será dizer que caso um requerimento executivo submetido via CITIUS
Mandatários, cuja referência para pagamento da provisão do agente de execução
nunca seja processada, a secretaria não chega sequer a ter conhecimento que tal
requerimento foi submetido.

A apresentação do requerimento executivo por transmissão eletrónica de dados


dispensa a remessa dos originais, duplicados e cópias, sem prejuízo de o juiz o
determinar nos termos previstos nos n.ºs 1 e 2 do art.º 4.º da Portaria n.º 280/2013,
de 26/8.

Quando o Ministério Público seja exequente, a apresentação do requerimento


executivo, é efetuada por transmissão eletrónica de dados, nos termos dos art.ºs 1.º,

54
Manual de apoio / Ação Executiva
n.ºs 1.º, al. c) e n.º 2, 2.º al. b), 4.º, n.º 3 e 19.º da Portaria n.º 280/2013 e 132.º,
144.º e 712.º, do CPC, com dispensa de remessa dos originais, duplicados e cópias, sem
prejuízo de o juiz o determinar nos termos previstos nos n.ºs 1 e 2 do art.º 4.º da
Portaria n.º 280/2013, de 26/8.

Apresentação em Papel

O exequente com mandatário judicial constituído apenas dispõe das


tradicionais modalidades de entrega em suporte de papel - por entrega direta; por via
postal registada ou por telecópia, se no próprio requerimento, alegar justo
impedimento e oferecer a respetiva prova, nos termos previstos no artigo 140.º do
Código de Processo Civil (cfr. n.º 1 do art.º 3.º da Portaria 282/2013, de 29 de agosto
e n.º 8 do art.º 144.º do CPC.

O exequente não patrocinado por mandatário judicial, pode apresentar os atos


processuais, por uma das seguintes formas:
Entrega na secretaria judicial, valendo como data da prática do ato processual
a da respetiva entrega;

Remessa pelo correio, sob registo, valendo como data da prática do ato
processual a da efetivação do respetivo registo postal;

Envio através de telecópia, valendo como data da prática do ato processual a


da expedição. (cfr. art.º 3 da Portaria 282/2013, de 29 de agosto e n.º 7 do art.º 144.º
do CPC).

Os modelos dos requerimentos executivos aprovados pelo n.º 2 do art.º 1.º da


Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto são de uso obrigatório quer a presentação seja
efetuada via eletrónica quer seja efetuada em suporte de papel, nos termos dos artigos
2.º e 3.º da mesma Portaria.

Nesta situação, a secção central regista a entrada do requerimento executivo,


sendo disponibilizada uma referência por parte da Ordem dos Solicitadores e Agentes
de Execução para pagamento da provisão da fase 1, a qual é entregue ao apresentante,
caso o mesmo apresente o requerimento pessoalmente, ou remetido via postal nas
restantes situações, para que seja efetuado o pagamento. O requerimento executivo
não é distribuído (o sistema informático assegura-se que a sua distribuição fique
suspensa) até que o pagamento da provisão inicial (Fase I), devida ao Agente de
Execução, seja efetuado.

55
Manual de apoio / Ação Executiva
O documento para pagamento é emitido de forma automática e imediata
(documento em formato PDF) logo que o Agente de Execução seja associado como
interveniente (torna-se assim obrigatória a associação do Agente de Execução nesta
fase, ou seja, no módulo da secção central).

Ao associar o Agente de Execução como interveniente (através da opção: Inserir


Terceiro – Agente de Execução (Sol.)), irá aparecer uma mensagem a solicitar
confirmação se pretende a nomeação por sorteio de um Agente de Execução (caso
não seja indicado no Requerimento Executivo), ou nomear explicitamente o Agente
de Execução indicado pelo exequente. Neste último caso, para nomear um Agente de
Execução indicado pelo Exequente, deverá escolher a opção Sim e aparece

automaticamente a janela que permite efetuar a procura do Agente de Execução


pretendido. Caso contrário, será aleatoriamente associado de imediato um Agente de
Execução pela própria aplicação:

Nas situações em que seja necessário consultar novamente a referência para


pagamento da fase 1 (servindo, por exemplo, para emitir uma segunda via), basta
selecionar o agente de execução, clicar no botão do lado direito do rato e escolher a
opção “obter Ref. Pagamento”:

56
Manual de apoio / Ação Executiva
O prazo para pagamento da referência emitida é de 10 dias. Findo esse prazo
sem que a mesma se encontre paga, o sistema informático pode proceder à
invalidação da referência em causa, não sendo possível a partir desse momento o
seu pagamento nem, consequentemente, a apresentação do requerimento na pasta
para distribuição.

Nas situações em que o exequente não proceda à indicação de agente de


execução, e a sua designação seja efetuada pela secretaria, a notificação efetuada ao
exequente para pagamento da provisão da fase 1 a título de despesas e honorários
deve, para além da referência de pagamento emitida pela Ordem dos Solicitadores e
Agentes de Execução, conter a informação do agente de execução nomeado, sendo
obrigatório transmitir os seguintes elementos (estes elementos, em princípio, já devem
constar no documento que é emitido pela Ordem dos Solicitadores e Agentes de
Execução para pagamento da fase 1):

a) O nome profissional; c) O endereço de correio eletrónico; e) O número de fax;


b) O número da cédula; d) O número de telefone; f) A morada do
escritório.

57
Manual de apoio / Ação Executiva
Logo que o pagamento seja efetuado, o requerimento executivo será submetido
à distribuição de forma automática pelo sistema informático sem qualquer intervenção
da secretaria.

Como já foi referido, apenas com o pagamento da provisão de fase 1 é o


requerimento executivo remetido para a distribuição. Isto equivale por dizer que se o
pagamento não for efetuado considera-se o requerimento executivo como não
apresentado e deverá ser devolvido ao apresentante.

Nestes casos, consultado o papel, a aplicação emitirá esta mensagem:

 Apresentação de peças processuais e documentos por via eletrónica


Como vimos, as partes com mandatário judicial constituído encontram-se
obrigados a enviar o requerimento executivo através de formulário eletrónico “via
CITIUS”, o mesmo acontecendo com as outras peças processuais e documentos que os
devam acompanhar. Os documentos cujo suporte físico não seja em papel ou cujo
papel tenha espessura superior a 127 g/m2 ou inferior a 50g/m2 ou ainda quando o
formato seja superior a A4, devem ser juntos em suporte físico, no prazo de 5 dias41
(n.ºs 5 e 6 do art.º 6.º da Portaria 280/2013, de 26 de agosto).

A peça processual (ex: requerimento executivo; oposição; embargos;


requerimento de interposição de recurso) ou o conjunto da peça processual e dos
documentos, não pode exceder 10 Mb. Nos casos em que este limite seja excedido em
virtude da dimensão da peça processual a sua apresentação bem como dos documentos
que a acompanhem, pode ser efetuada por entrega na secretaria judicial42 ou através

41
A este prazo aplica-se o regime previsto nos n.ºs 5 a 7 do art.º 139.º do CPC.
42
Vale como data da prática do ato processual a respetiva entrega.

58
Manual de apoio / Ação Executiva
de remessa pelo correio, sob registo43, ou ainda por telecópia44 (n.ºs 1 e 2 do art.º 10.º
da Portaria 280/2013, de 26 de agosto e n.º 7 do art.º 144.º do CPC).

Se o conjunto da peça processual e dos documentos exceder o limite de 10


Mb, em virtude da dimensão dos documentos, a peça processual será apresentada
eletronicamente via “Citius” e os documentos serão apresentados, no mesmo dia, pela
mesma via, através no menor número de requerimentos;

Se a peça processual for uma petição inicial sujeita a distribuição, a


apresentação dos documentos deve ser efetuada até ao dia seguinte ao da distribuição
(n.ºs 3 e 4 do art.º 10.º da Portaria 280/2013, de 26 de agosto).

No caso de, por si só, os documentos desrespeitarem o limite de 10 Mb, podem


estes ser apresentados, no prazo de 5 dias, após entrega da peça processual (esta
entregue via Citius) por uma das seguintes modalidades: entrega na secretaria judicial,
remessa por correio, sob registo, ou telecópia (n.º 5 do art.º 10.º da Portaria 280/2013,
de 26 de agosto).

O DUC do pré-pagamento da taxa de justiça é inserido em campo próprio do


formulário45. O comprovativo da concessão do apoio judiciário (não do pedido de
apoio judiciário) é enviado por transmissão eletrónica de dados, conjuntamente com
o requerimento executivo. (cfr. art.º 9.º da Portaria n.º 280/2013, de 26 de agosto).

Com a apresentação em papel do requerimento executivo, será motivo de recusa


a falta de apresentação do documento comprovativo do pagamento da taxa de justiça.
Caso o documento comprovativo não seja apresentado no prazo de 10 dias
subsequentes à recusa, extingue-se a execução, notificando-se apenas o exequente
(cfr. art.º 725.º, n.ºs 3 e 4).

De harmonia como disposto no art.º 145.º, n.º 246 o pagamento da taxa de justiça
de valor inferior ao devido nos termos do Regulamento das Custas Processuais,
equivale à falta de junção, devendo o mesmo ser devolvido ao apresentante, pelo que
tem as consequências processuais previstas para omissão do pagamento da taxa (cfr.
725.º- n.º 4, al. e) e 558.º, al. f).47

43
Vale como data da prática do ato processual a da efetivação do respetivo registo
44
Vale como data da prática do ato processual a da expedição
45
Embora o art.º 725.º, n.º 1 al. e) ainda preveja a recusa do requerimento executivo na falta de junção do documento
comprovativo do pagamento da taxa de justiça, parece-nos que a sua apresentação eletrónica, com o preenchimento
do campo próprio referente ao DUC, dispensa a sua apresentação desde que o DUC seja dado como pago pelo sistema.
46
Na redação do Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26/2.
47
Caso o exequente junte o mesmo comprovativo de pagamento da taxa de justiça em dois ou mais processos, deve a
secretaria proceder à recusa do requerimento executivo.

59
Manual de apoio / Ação Executiva
 Requisitos do requerimento executivo:

O requerimento executivo deve obedecer aos seguintes requisitos – cfr. art.ºs


724.º e 725.º:

-Deve constar do modelo aprovado pela Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto e


725.º, n.º 1 al. a) do CPC, independentemente da forma de apresentação - suporte de
papel ou via eletrónica;

- Deve mostrar-se dirigido ao tribunal competente para a execução (art.º 724.º,


n.º1);

-Quando apresentado por via eletrónica, deve mostrar-se assinado digitalmente


através do sistema informático “CITIUS e sendo a parte representada por mais de um
mandatário, a indicação, no formulário, dos mandatários que igualmente o devem
assinar, neste caso, devem estes, no prazo máximo de 2 dias, após a distribuição do
processo, enviar através do mesmo sistema uma declaração eletrónica de adesão à
peça processual, importando o consequente registo na aplicação informática - só assim
lhes permitindo o acesso à informação processual. Na falta de adesão por parte dos
mandatários, considera-se que o requerimento não foi apresentado e anula-se a
distribuição (art.º 12.º da Portaria 280/2013, de 26 de agosto).

- Quando apresentado em suporte de papel, deve mostrar-se assinado pelo


mandatário judicial constituído ou pelo próprio exequente se o não tiver e não seja
obrigatório o patrocínio judiciário no quadro dos art.ºs 58.º e 558.º, alínea g);

- Deve constar o fim da execução (pagamento de quantia certa, entrega de coisa


certa ou prestação de facto) e a forma do processo (Ordinário ou Sumário) - cfr. art.ºs
550.º, n.º 1, 10.º, n.º 6) e art.º 724.º, n.º 1- al. d);

- Deve conter a identificação das partes, indicando os seus nomes, domicílios ou


sedes e, sempre que possível, profissões e locais de trabalho, filiação e ainda, os
números de identificação de pessoa coletiva, de identificação civil e de identificação
fiscal, sendo que a falta de pelo menos um destes últimos elementos obstaculiza a
inscrição no registo informático de execuções, em obediência ao princípio da exatidão

“Os pagamentos feitos por forma eletrónica consideram-se realizados quando for efetuada comprovação, no processo,
que ateste a transferência de valor igual ou superior ao valor em dívida” – art.º 32.º, n.º 2 RCP.

60
Manual de apoio / Ação Executiva
dos dados pessoais (cfr. art.ºs 724.º, n.º 1- al. a) e 725.º, n.º 1, al. c) do CPC e 2.º, n.º
1-c) do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de Setembro);

- Os elementos de identificação das partes constam dos anexos C1 (exequente)


e C3 (executado) do modelo aprovado para suporte em papel,

- Designação do agente de execução48 ou requerimento das diligências executivas


por oficial de justiça, nos termos das al. c), e) e f) do n.º 1 do art.º 722.º– (anexo C2)
– art.º 724.º, n.º 1- al. c);

- Indicação do mandatário judicial constituído, designadamente, o seu domicílio


profissional (anexo C2) – art.º 724.º, n.º 1, al. b);

- Exposição sucinta dos factos que fundamentam o pedido, quando não constem
do título executivo (anexo C4 do modelo) - art.º 724.º, n.º 1, al. e);

- Liquidação da obrigação, nos termos do n.º 1 do artigo 716.º, e escolha da


prestação, quando ela caiba ao credor (anexo C4 do modelo) - art.º 724.º, n.º 1, al. h);

- Pedido de citação prévia ou a dispensa da citação prévia do executado nos casos


em que é admissível (anexo C5) – art.º 724.º, n.º 1, al. j);

- Formular o pedido – art.º 724.º, n.º 1, al. f);

- Declarar o valor da causa – art.º 724.º, n.º 1, al. g);

- O requerimento deve mostrar-se acompanhado dos seguintes documentos (art.º


724.º, n.º 4):

-Cópia ou original do título executivo quando o requerimento é apresentado por


via eletrónica ou em papel, respetivamente - sem o qual, aliás, falece o fundamento
da ação executiva - art.º 724.º, n.º 4, al. a);

Quando a execução se funde em título de crédito e o requerimento executivo


tiver sido entregue por via eletrónica, o exequente deve sempre enviar o original para
o tribunal, dentro dos 10 dias subsequentes à distribuição; na falta de envio, o juiz
determina a notificação do exequente para, em 10 dias, proceder a esse envio, sob
pena de extinção da execução - art.º 724.º, n.º 5;

48
O agente de execução designado pode, no prazo de 5 dias após a notificação, declarar que não aceita a designação,
nos termos do artigo 720.º, n.º 8 (cfr. art.º 36.º da Portaria n.º 282/2013, de 29/8).

61
Manual de apoio / Ação Executiva
-Documentos e elementos de que o exequente disponha relativamente aos bens
penhoráveis indicados - art.º 724.º, n.ºs 2 e 4, al. b);

-Comprovativo do pré-pagamento da taxa de justiça inicial ou da concessão do


benefício do apoio judiciário - art.º 145.º, n.º 1 e 724.º, n.º 4, al. c);

-Indicação do número de identificação bancária do exequente, ou outro número


equivalente, para efeito de pagamento dos valores que lhe sejam devidos;- art.º 724.º,
n.1, al. k).

-Código de acesso a certidões disponibilizadas eletronicamente relativamente


aos bens penhoráveis indicados, designadamente relativas ao registo predial, registo
comercial e registo automóvel, ou, na falta destas, cópia ou originais dos documentos
ou títulos que tenha sido possível obter – art.º 724.º, n.º 2.

- Sempre que lhe seja possível, o exequente deve indicar:

- O empregador do executado, (anexo C3 do modelo) – art.ºs 724.º, n.º 1- al. i) e


779.º;
-As contas bancárias de que o executado seja titular (anexo P9 do modelo) – art.ºs
724.º, n.º 1 – al. i) e 780.º;
-Os bens do executado, bem como os ónus e encargos que sobre estes incidam
(restantes anexos P), procurando juntar documentos respeitantes a esses bens – art.º
724.º, n.ºs 1 – al. i);

Ao indicar os bens a penhorar ao executado, o exequente deve indicar os


seguintes elementos:
- Relativamente aos prédios: a sua denominação ou número de polícia, se os
tiverem, ou a sua situação e confrontações, o artigo matricial e o número da descrição
na conservatória do registo predial, freguesia e concelho, se estiverem descritos
(anexo P1) – art.ºs 724.º, n.º 2 e 755.º, do CPC e 82.º do Código do Registo Predial;
- Relativamente aos bens móveis (sujeitos ou não a registo): o lugar onde se
encontrem e fazer a sua especificação, descrevendo as principais características,
nomeadamente, marca, modelo, n.º de série ou de fabrico, matrícula (anexos P2, P3
e P4) – art.ºs 724.º, n.º 2, 764.º e 768.º;

62
Manual de apoio / Ação Executiva
- Quanto aos créditos, declarar a identidade do devedor, o montante, a natureza
e a origem da dívida, o título de que constam, as garantias existentes e a data do
vencimento (anexo P5) cfr. art.ºs 724.º, n.º 3, 773.º e 774.º;
- Quanto aos direitos a bens indivisos, indicar o administrador e os
comproprietários, bem como a quota-parte que neles pertence ao executado (anexo
P6) – cfr. art.º 781.º, n.º 1.

11.1 Recusa de recebimento do requerimento executivo

Vejamos, agora, os requisitos cuja falta implica a recusa do requerimento pela


secretaria, nos termos do n.º 1 do art.º 725.º:

A secretaria recusa receber o requerimento executivo, no prazo de 10 dias a


contar da distribuição, indicando por escrito o respetivo fundamento, desde que do
mesmo não conste (art.º 725.º)49:

- A identificação das partes - nomes/ domicílios ou sedes/ e números de


identificação fiscal, e ainda, a indicação, sempre que possível, das profissões, locais
de trabalho, filiação e números de identificação civil;
- O domicílio profissional do mandatário judicial;
- O fim da execução e a forma do processo;
- A exposição sucinta dos factos que fundamentam o pedido;
- A formulação do pedido;
- O valor da causa;
- A liquidação da obrigação e escolha da prestação, quando tal obrigação caiba
o exequente;
- A Indicação do número de identificação bancária, ou outro número equivalente,
para efeito de pagamento dos valores que sejam devidos ao exequente;
- A falta de junção do comprovativo do pagamento da taxa de justiça (ou registo
do DUC em campo próprio do formulário, no caso de apresentação eletrónica do
requerimento executivo, cfr. art.º 9.º da Portaria 280/2013, de 26/08) ou de
documento que comprove a concessão de apoio judiciário na modalidade de dispensa
de pagamento de taxa de justiça;
- Se o requerimento executivo não obedecer ao modelo aprovado;

49
De notar que a unidade central (ex-secção central) não pode, em caso algum, proceder à recusa do requerimento
executivo uma vez que este é recusado após a distribuição – cfr. n.º 1 do art.º 725.º

63
Manual de apoio / Ação Executiva
-Na falta de apresentação da cópia ou original do título executivo, se o exequente
a isso estiver obrigado.

Mas, não podemos cingir-nos apenas ao art.º 725.º. Se assim fosse, como
procederíamos, por exemplo, perante um requerimento dirigido a um tribunal
diferente daquele em que fosse apresentado?

A resposta passaria, invariavelmente, pela aplicação subsidiária do art.º 558.º ex


vi do art.º 551.º.

Assim, há também lugar à recusa de recebimento do requerimento executivo


quando:

-Não contenha endereço do tribunal de execução ou venha endereçado a um


tribunal diferente daquele em que é apresentado – art.ºs 724.º, n.º 1 e 558.º, al.ª a);
e
- O papel utilizado (quando apresentado em suporte de papel) não obedeça aos
requisitos definidos pelo art.º 24.º do Decreto-Lei n.º 135/99, de 2 de abril (folhas de
papel normalizadas, brancas ou de cores pálidas, de formato tipo A4 ou A5) - art.º
558.º, al. i);
- Não esteja assinado quando enviado em suporte de papel – art.º 558.º, al. g).

Requerimento Executivo - conjugação dos artigos art.ºs 724.º e 725.º

Na FALTA de algum ou alguns dos REQUISITOS RECUSA

Obedece ao modelo aprovado Sim

Exequente identifica as partes, com nomes, domicílios ou sedes Sim


e números de identificação fiscal (NIF)

Profissões, locais de trabalho, filiação e número de identificação Não


civil (Cartão do cidadão/BI)

Indica o domicílio profissional do mandatário Sim

Designa agente de execução ou requer por oficial de justiça Não

Indica o fim da execução e a forma do processo Sim

64
Manual de apoio / Ação Executiva
Expõe os factos que fundamentam o pedido quando não constem Sim
do título executivo….

Formula o pedido Sim

Declara o valor da causa Sim

Liquida a obrigação e escolhe a prestação… Sim

Indica sempre que possível o empregador do executado, as Não


contas bancárias de que seja titular

Requer a dispensa de citação prévia nos termos do art.º 727.º Não

Indica o número de identificação bancária (NIB) do exequente Sim


para efeito de pagamento de valores que lhe sejam devidos

Quando indica bens à penhora, fornecer os elementos Não


identificativos de que disponha

Na penhora de créditos declarar a identidade do devedor... Não

Junta cópia ou original do título executivo Sim

Junta documentos dos bens penhoráveis Não

Junta comprovativo (ou insere DUC em campo próprio do Sim


formulário eletrónico) do pagamento da taxa de justiça ou da
concessão do apoio judiciário nos termos do art.º 145.º

Endereço do tribunal de execução ou venha endereçado a um Sim


tribunal diferente daquele em que é apresentado

O papel utilizado (quando apresentado em suporte de papel) Sim


obedeça aos requisitos definidos pelo art.º 24.º do Decreto-Lei n.º
135/99, de 2 de Abril

Não esteja assinado Sim

Havendo motivo para recusa, a secção notifica o apresentante, por via


electrónica, dos motivos da recusa.

65
Manual de apoio / Ação Executiva
 Reclamação da recusa de recebimento do requerimento executivo

Prevê o n.º 2 do art.º 725.º que do ato de recusa cabe reclamação para o juiz,
cuja decisão é insuscetível de recurso, salvo quando se funde na falta de exposição
dos factos.

Perante a recusa de recebimento do requerimento executivo, o exequente pode


apresentar um novo requerimento ou, se for o caso, o documento ou elementos
cuja falta haja determinado a recusa, no prazo de 10 dias posteriores à recusa ou à
notificação do despacho que, em caso de reclamação, confirmar a recusa (com ou sem
recurso), considerando-se a apresentação do requerimento reportada à data da
primeira apresentação (art.º 725.º, n.º 3).

Findo o prazo:

Não havendo motivo de recusa, o requerimento executivo é concluso ao juiz para


despacho liminar (art.º 726.º, n.º 1).

Despacho liminar

- O despacho pode ser de:

a) Indeferimento liminar (n.º 2)


b) Indeferimento parcial (n.º3);
c) Aperfeiçoamento (n.º 4);
d) Rejeição do título executivo (n.º 5);
e) Citação do executado (n.º 6);
f) Citação do cônjuge do executado quando invocada, pelo exequente no
requerimento inicial, a comunicabilidade da dívida (n.º 7).

Aperfeiçoamento e indeferimento liminar

O juiz convida o exequente a suprir falta de pressupostos processuais e outras


irregularidades de que enferme o requerimento executivo, desde que sanáveis (art.º
726.º, n.º 4), não sendo o vício suprido ou a falta corrigida, dentro do prazo
estabelecido, o juiz indefere o requerimento executivo (art.º 726.º, n.º 5).

O Indeferimento liminar terá lugar quando ocorra falta insuprível de pressuposto


processual.

66
Manual de apoio / Ação Executiva
Citação do Executado

Estando a execução em condições de prosseguir, o juiz profere despacho a


ordenar a citação do executado para no prazo de 20 dias, pagar ou opor-se à execução
(art.º 726.º, n.º 6).

Se o exequente tiver alegado no requerimento executivo a comunicabilidade da


dívida constante de título diverso de sentença, o juiz profere despacho de citação do
cônjuge do executado para os efeitos previstos no n.º 2 do art.º 741.º.

 EXCEÇÃO – art.º 727.º O exequente pode requerer que a penhora seja efetuada
sem a citação prévia do executado, mas desde que alegue factos que justifiquem o
receio de perda da garantia patrimonial do seu crédito e ofereça de imediato os meios
de prova, neste caso o executado só é citado após realização da penhora, podendo
nos 20 dias subsequentes, opor-se à penhora. Ou à execução ou a ambas
cumulativamente (art.ºs 727.º, n.º 4 e 856.º, n.ºs 1 e 3).

Não se verificando a exceção, depois de ordenada a citação do executado (e do


cônjuge, se for o caso) a unidade de processos assegura o envio eletrónico e
imediato do requerimento e demais documentos ao agente de execução designado
pelo exequente ou pela secretaria, com a indicação do respetivo número de processo,
com vista à citação – cfr. art.º 712.º, n.º 1 e 719.º, n.º 1, ambos do CPC e art.º 10.º da
Portaria 282/2013, de 29 de agosto.

Efetuada a citação, o executado pode opor-se à execução, com os fundamentos


previstos nos art.ºs 729.º (execução baseada em sentença), 730.º (execução baseada
em decisão arbitral) e 731.º (execução baseada em titulo extrajudicial), mediante
embargos de executado.

Os embargos só suspendem a execução caso seja verificado algum dos


pressupostos mencionados no art.º 733.º (o executado prestar caução ou tratando-se
de execução fundada em documento particular, o embargante impugnar a genuinidade
da assinatura).

67
Manual de apoio / Ação Executiva
11.2 Oposição à execução – Embargos de Executado

Com a estrutura duma verdadeira ação declarativa, a oposição corre por apenso
à ação executiva (cfr. art.º 732.º, n.º 2) e o leque de fundamentos diverge consoante
o título em que se baseia a execução.

Neste sentido, a oposição considera-se restrita ou ampla, consoante o título


executivo consista numa decisão judicial ou de natureza diversa.

Tratando-se de decisão judicial, o leque de fundamentos da oposição é restrito


aos enunciados no art.º 729.º, até porque o executado já teve oportunidade de discutir
boa parte das questões na ação declarativa que deu origem ao título executivo (a
sentença).

Relativamente à execução fundada em título extrajudicial, a oposição diz-se


ampla, visto poderem ser alegados mais fundamentos de defesa de modo análogo à
ação declarativa (cfr. art.º 731.º).

Prazo para dedução dos embargos

A oposição à execução é apresentada no prazo de 20 dias, acrescido da dilação


aplicável (se a ela houver lugar) a que se refere o art.º 245.º50, a contar da citação
(cfr. art.º 728.º, n.º 1).

Assim:

- A citação é sempre efetuada antes da penhora (citação prévia), o


executado tem o prazo de 20 dias para deduzir oposição à execução e aos
incidentes previstos nos art.ºs 714.º,715.º, 716.º e 741.º quando seja o caso
(cfr. art.º 550., n.º 3).
- É de notar que, neste quadro, aquando da penhora ou após esta, o
executado já só é notificado para se opor à penhora no prazo de 10 dias
(cfr. art.º 785.º).

50
Não é demais relembrar que o conceito de comarca instituído pela Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto (LOSJ), foi
substancialmente alterado com o alargamento da base territorial de cada uma delas. De 231 comarcas passámos a ter
apenas 23, com sede, em regra nas capitais de distrito. As exceções respeitam a Lisboa, dividida nas comarcas de
Lisboa, Lisboa Norte e Lisboa Oeste e o Porto, dividido nas comarcas do Porto e Porto Este.
De notar ainda que esta nova visão tem influência na aplicação das regras da dilação prevista no art.º 245.º, na medida
em que, no exemplo dado, o executado residente em qualquer dos núcleos integrados na Comarca, não beneficia de
dilação pelo facto de o processo correr noutro núcleo, pertencente à mesma Comarca (cfr. art.º 245.º, n.º 1, al.
b), a contrário).

68
Manual de apoio / Ação Executiva
- Se a matéria da oposição resultar de facto superveniente, o prazo
para a sua dedução conta-se a partir da data da ocorrência do facto ou em
que dele o oponente tiver tomado conhecimento (cfr. art.º 728.º, n. 2). A
superveniência pode ser objetiva ou subjetiva. É objetiva quando os factos
ocorram posteriormente ao termo do prazo para a oposição (20 dias). É
subjetiva quando os factos são anteriores, mas o executado só tem
conhecimento deles após o decurso do prazo da oposição.

O prazo para a oposição à execução é individual não se lhe aplicando o regime


previsto n.º 2 do art.º 569.º para a contestação em processo declarativo, por a tal se
opor taxativamente o n.º 3 do art.º 728.º. Ou seja, sendo dois ou mais executados,
cada um tem o seu próprio prazo para deduzir oposição, a contar da respetiva citação,
sem prejuízo, no entanto, da possibilidade de cada um, dentro do prazo respetivo,
poder requerer a prorrogação nos termos do n.º 5 do art.º 569.º, aqui aplicável por via
do n.º 1 do art.º 551.º.

o Tramitação da oposição à execução – Embargos de


Executado

A apresentação da petição de Embargos de Executado é efetuada por transmissão


eletrónica de dados – cfr. 144.º do CPC e 5.º a 10.º da Portaria 280/2013, de 26 de
agosto.

Com a oposição deve ser inserido em campo próprio do formulário o DUC


referente ao comprovativo do pagamento da taxa de justiça (art.º 145.º, n.º 1 do CPC
e 9.º da Portaria 280/2013 de, de 26 de agosto).

Porém, a falta deste documento não implica a recusa da peça processual em


causa, já que a parte que o não tenha junto no momento da apresentação em juízo
pode fazê-lo nos 10 dias seguintes – art.º 570.º, n.º 3.

Se, decorrido este prazo, não for junto o documento em causa, a secretaria
oficiosamente procede de modo idêntico à falta de pagamento da taxa de justiça da
contestação em processo declarativo, o mesmo é dizer-se que observa o disposto no
art.º 570.º, parte final em face do n.º 3 do art.º 145.º.

69
Manual de apoio / Ação Executiva
Dispõe o n.º 2 do art.º 145.º que a junção de documento comprovativo do
pagamento de taxa de justiça de valor inferior ao devido nos termos do Regulamento
das Custas Processuais, equivale à falta de junção, devendo o mesmo ser devolvido ao
apresentante.

Tal como já foi referido, a oposição à execução (embargos de executado) corre


por apenso à execução (cfr. art.º 732.º, n.º 1) e está sujeita a despacho liminar - não
vigorando aqui o princípio da oficiosidade (cfr. art.ºs 226.º, n.º 4 al. a) e 732.º, n.º 1 e
723.º, n.º 1 al. a)) -, despacho que pode ser de aperfeiçoamento, indeferimento ou
deferimento.

Nas duas primeiras situações, a secretaria notifica o despacho ao opoente e


aguarda dez dias (acrescido naturalmente do suplemento do art.º 139.º), findos os
quais, se o despacho tiver sido de aperfeiçoamento, apresenta o processo concluso.

Do despacho de indeferimento cabe recurso ordinário para a Relação,


independentemente do valor processual – cfr. art.ºs 629.º, n.º 3 al. c), 641.º, n.º 7 e
853.º, n.º 1.

Sendo recebida a oposição (por despacho do juiz), o exequente é notificado (por


via eletrónica) para contestar no prazo de 20 dias, (art.º 728.º), após o que se
seguirão, sem mais articulados, os termos do processo comum declarativo (cfr. art.º
732.º, n.ºs 1 e 2).

A falta de contestação aos embargos importa a confissão dos factos articulados


pelo embargante (cfr. art.ºs 567.º, n.º 1 e 468.º) à exceção dos que estiverem em
oposição aos expressamente alegados no requerimento executivo (cfr. art.º 732.º,
n.º3).

Terminada a fase dos articulados, aplicam-se aos termos subsequentes do


processo as normas do processo comum de declaração (cfr. art.º 732, n.º 2).

Se os embargos forem julgados procedentes, a execução extingue-se ou modifica-


se, consoante a procedência seja total ou parcial (cfr. art.º 732.º, n.º 4).

70
Manual de apoio / Ação Executiva
o Efeitos do recebimento dos embargos de executado
(cfr. art.º 733.º)
Recebidos os embargos/oposição à execução, esta não é, em regra, suspensa
( cfr. art.º 733.º, n.º 1).

A suspensão da execução poderá acontecer se ocorrer uma das seguintes


situações (alíneas a), b) e c) do art.º 733.º, n.º 1):

- O embargante preste caução;

-Nas ações fundadas em documento particular, se o embargante alegar que a


assinatura não é genuína;

-Se o embargante impugnar a exigibilidade ou a liquidação da obrigação


exequenda.

O incidente de caução (designado incidente de prestação espontânea de caução


– cfr. art.º 913.º) tem carácter urgente e corre por apenso (não se integra no
processado da oposição) – cfr. art.º 915.º.

Se na oposição for impugnada a assinatura aposta em documento particular, o


juiz, depois de ouvido o exequente, decide pela suspensão ou prosseguimento da ação
executiva, nos termos da al. b) do n.º 1 do art.º 733.º.

A suspensão cessa se a oposição parar durante mais de 30 dias por negligência do


executado – n.º 3 do art.º 733.º.

Prosseguindo a execução simultaneamente com a oposição, nem o exequente,


nem qualquer outro credor podem ser pagos, na pendência da oposição, sem prestarem
caução – art.º 733.º, n.º 4.

A decisão final da oposição à execução é notificada ao Ministério Público, aos


sujeitos processuais e ao agente de execução.

71
Manual de apoio / Ação Executiva
 CASOS PRÁTICOS – Execução sob a forma Ordinária

I
Título: Documento exarado (escritura) ou autenticado por notário.
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 15.000,00
Bens indicados à penhora: bens móveis; um veículo automóvel e um
estabelecimento comercial.

Neste caso, há que ter em atenção:

Como se trata de uma execução, em que o título extrajudicial de


obrigação pecuniária vencida não garantido por hipoteca, não se encaixa no n.º
2 do art.º 550.º. Estamos perante uma execução, cujo título é extrajudicial de
obrigação pecuniária vencida e tem valor igual ou superior ao dobro da alçada
do tribunal de 1.ª instância (€ 10.000, cfr. 550.º, n.º 2, d), à contrário).

A execução segue a forma ordinária. (cfr. 550.º, n.º 2, d), a contrario).

Há lugar a despacho judicial (cfr. 226.º, n.º4, al. e) e 726.º).

II
Título: Letra/ Livrança/ Cheque
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 15.000
Bens indicados à penhora: bens móveis e um veículo automóvel.

O valor da execução excede o dobro da alçada do tribunal de 1.ª instância


(€ 10.000).

Neste caso, há que ter em atenção:

Como se trata de uma execução, em que o título extrajudicial de


obrigação pecuniária vencida não garantido por hipoteca, não se encaixa no n.º
2 do art.º 550.º. Estamos perante uma execução, cujo título é extrajudicial de

72
Manual de apoio / Ação Executiva
obrigação pecuniária vencida e tem valor igual ou superior ao dobro da alçada
do tribunal de 1.ª instância (€ 10.000, cfr. 550.º, n.º 2, d), à contrário).

A execução segue a forma ordinária. (cfr. 550.º, n.º 2, d), à contrário).

Há lugar a despacho liminar (cfr. 226.º, n.º 4, al. e) e 726.º).

III
Execução movida apenas contra o devedor subsidiário
O executado não renunciou ao benefício da excussão prévia
Título: Extrajudicial de empréstimo garantido com hipoteca
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 20.000
Bens indicados à penhora: Imóvel

Estamos perante uma execução movida apenas contra o devedor


subsidiário.

Nestes casos, temos em primeiro lugar que verificar se o executado


renunciou ou não ao benefício da excussão prévia.

Se não renunciou ao benefício da excussão prévia a execução segue a


forma ordinária e há lugar a despacho liminar (cfr. al. d) do n.º 3 do art.º 550.º
e n.º 1 do art.º 726.º).

12. TRAMITAÇÃO DA EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE


QUANTIA CERTA - PROCESSO SUMÁRIO

O regime do processo sumário pouco diverge do processo ordinário, como resulta


da leitura dos art.ºs 855.º a 858.º.

A principal diferença reside em que não há, em regra, despacho liminar.

73
Manual de apoio / Ação Executiva
O requerimento executivo, acompanhado pelos documentos com ele
apresentados, é imediatamente enviado por via eletrónica, sem precedência de
despacho liminar, ao agente de execução, nos termos já referidos para a execução
ordinária.

A apresentação em papel é possível apenas nas situações já referidas para a


execução ordinária, devendo, neste caso, a secretaria proceder à digitalização do
requerimento executivo e documentos que o acompanham, de seguida associá-los ao
processo, remetendo, de imediato, eletronicamente, o expediente para o agente de
execução.

Cabe ao agente de execução (não à secretaria) analisar o requerimento


executivo, aplicando-se, com as necessárias adaptações, o preceituado no artigo 725.º
no que se refere à recusa do requerimento executivo.

Se ao agente de execução se afigurar provável a ocorrência de fundamento de


indeferimento liminar, irregularidade do requerimento executivo ou falta de algum
pressuposto processual (nos termos do art.º 726.º, n.ºs 2 a 4) ou se duvidar da
verificação de algum dos pressupostos de aplicação da forma de processo sumário (art.º
550.º, n.ºs 2 e 3) o agente de execução suscita a intervenção do juiz para decidir.

Deve também no âmbito da execução sumária ser observado o n.º 5 do art.º


724, que refere que quando a execução se funde em título de crédito e o
requerimento executivo tiver sido entregue por via eletrónica, o exequente deve
sempre enviar o original, dentro dos 10 dias subsequentes à distribuição.

Apesar de, em regra, no processo sumário se iniciar pelas diligências de penhora


e ser excecional a intervenção inicial do Juiz, face à aplicação subsidiária da execução
sumária das disposições do processo ordinário, parece-nos que se o exequente não
enviar o original do título, o agente de execução deve sinalizar tal facto ao juiz.

Só assim, o juiz poderá determinar, oficiosamente ou a requerimento do


executado, a notificação do exequente para, em 10 dias, proceder a esse envio, sob
pena de extinção da execução.

Não havendo motivo de recusa, e se o processo houver de prosseguir, o agente


de execução inicia as consultas e diligências prévias à penhora (penhora que se efetiva
antes da citação do executado).

74
Manual de apoio / Ação Executiva
Sobre as consultas e diligências prévias à penhora falaremos no Capítulo “Fase
da Penhora”.

Se após as consultas o processo prosseguir, feita a penhora, é o executado


citado para a execução e, em simultâneo, notificado do ato de penhora, podendo
deduzir, no prazo de 20 dias, finda a dilação aplicável nos termos do art.º 245.º,
embargos de executado e/ou oposição à penhora. O executado é citado no próprio
ato da penhora ou num dos 5 dias seguintes se não estiver presente no ato.

Com os embargos de executado é cumulada a oposição à penhora que o


executado pretenda deduzir.

São devidas duas taxas de justiça, uma pelos embargos de executado outra pela
oposição à penhora.

Como qualificar o requerimento de oposição à execução? Configura uma


petição inicial ou uma contestação?

Parece-nos que a oposição à execução consagra o contraditório na execução,


pelo que as regras do pagamento da taxa de justiça são as previstas no art.º 570.º.

Quando o executado apenas deduza oposição à penhora, ao incidente são


aplicáveis os n.ºs 2 a 6 do art.º 785.º, seguindo os termos previsto nos art.ºs 293.º
a 295.º (regras dos incidentes da instância).

O executado que se oponha à execução pode, na oposição, requerer a


substituição da penhora por caução idónea que igualmente garanta os fins da
execução.

 As execuções sumárias apenas estão sujeitas a despacho liminar se


baseadas em:

Título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, (sem hipoteca ou penhor)


e o valor não exceda €10.000, se a penhora incidir sobre bens imóveis,
estabelecimento comercial, direito real menor que sobre eles incida ou de quinhão
em património que os inclua. (art.º 855.º n.º 5 e 550.º, n.2, al. d)).

Nestes casos a penhora só pode realizar-se depois da citação do executado, sendo


o processo concluso ao juiz para despacho liminar, nos precisos termos do art.º 726.º.

75
Manual de apoio / Ação Executiva

 CASOS PRÁTICOS – Execução sob a forma Sumária

I
Título: Documento exarado (escritura) ou autenticado por notário garantido por
hipoteca.
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 15.000
Bens indicados à penhora: bens móveis; um veículo automóvel e um
estabelecimento comercial.

Neste caso, há que ter em atenção se o título extrajudicial de obrigação pecuniária


vencida está garantido por hipoteca ou penhor (cfr. 550.º, n.º 2, c).

Se não estiver é:

Título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, tendo de ser observado o valor,


nomeadamente, se excede ou não o dobro da alçada do tribunal de 1.ª instância (€
10.000) (cfr. 550.º, n.º 2, d).

No caso concreto, como se trata de uma execução cujo título extrajudicial de


obrigação pecuniária vencida garantido por hipoteca, é irrelevante o valor da
execução, nomeadamente se excede ou não o dobro da alçada do tribunal de 1.ª
instância.

A execução segue a forma sumária. (cfr. 550.º, n.º 2, c).

Não há a lugar a despacho liminar, sendo o executado citado após a realização da


penhora (cfr. 855.º, n.ºs 1 e 3 e 856, n.º 1).

II
Título: Documento exarado (escritura) ou autenticado por notário.
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 5.000
Bens indicados à penhora: bens móveis e um veículo automóvel.

Neste caso, há que ter em atenção:

76
Manual de apoio / Ação Executiva
Como se trata de uma execução, em que o título extrajudicial de obrigação pecuniária
vencida, não está garantido por hipoteca e não se encaixando na al. c) do n.º 2 do art.º
550.º, estamos perante uma execução, cujo título é extrajudicial de obrigação
pecuniária vencida e tem valor inferior ao dobro da alçada do tribunal de 1.ª instância
(€ 10.000, cfr. 550.º, n.º 2, d).

A execução segue a forma sumária. (cfr. 550.º, n.º 2, d). Confrontados com estes
títulos, teremos que verificar se os bens indicados à penhora não incluem bem imóvel,
estabelecimento comercial, direito real menor que sobre eles incida ou quinhão em
património que os inclua (imóvel ou estabelecimento comercial) conforme determina
o n.º 5 do art.º 855.º.

Como não está indicado à penhora nenhum daqueles bens, não há a lugar a despacho
liminar, sendo o executado citado após a realização da penhora (cfr. 855.º, n.ºs 1 e 3
e n.º 1 do 856).

III
Título: Letra/ Livrança/ Cheque
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 5.000
Bens indicados à penhora: bens móveis e um veículo automóvel.

Estamos perante um exemplo idêntico ao anterior diferindo apenas no título que está
na base da execução. No entanto, também este título cabe na previsão da alínea d) do
n.º 2 do art.º 550.º.

A execução segue a forma sumária. (cfr. 550.º, n.º 2, d). Confrontados com estes
títulos, teremos que verificar se os bens indicados à penhora não incluem bem imóvel,
estabelecimento comercial, direito real menor que sobre eles incida ou quinhão em
património que os inclua (imóvel ou estabelecimento comercial) conforme determina
o n.º 5 do art.º 855.º.

Como não está indicado à penhora nenhum daqueles bens, não há a lugar a despacho
liminar, sendo o executado citado após a realização da penhora (cfr. 855.º, n.ºs 1 e 3
e n.º 1 do 856).

77
Manual de apoio / Ação Executiva
IV
Título: Letra/ Livrança/ Cheque
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 5.000
Bens indicados à penhora: Imóvel

Trata-se de uma execução cujo título é extrajudicial de obrigação pecuniária vencida


e tem valor inferior ao dobro da alçada do tribunal de 1.ª instância (€ 10.000, cfr.
550.º, n.º 2, d).

A execução segue a forma sumária (cfr. 550.º, n.º 2, d). Confrontados com estes títulos,
teremos que verificar se os bens indicados à penhora não incluem bem imóvel,
estabelecimento comercial, direito real menor que sobre eles incida ou quinhão em
património que os inclua (imóvel ou estabelecimento comercial) conforme determina
o n.º 5 do art.º 855.º.

Como se encontra indicado à penhora um bem imóvel, há lugar a despacho liminar


(art.º 855.º, n.º 5).

V
Execução movida apenas contra o devedor subsidiário
O executado renunciou ao benefício da excussão prévia
Título: Extrajudicial de empréstimo garantido com hipoteca
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 20.000
Bens indicados à penhora: Imóvel

O executado renunciou ao benefício da excussão prévia.

Se renunciou ao mencionado benefício, o executado colocou-se em posição idêntica


à do devedor principal; embora o valor do título exceda o dobro da alçada da 1.ª
instância, o mesmo encontra-se garantido por hipoteca (cfr. al.c) do n.º 2 do art.º
550.º); assim sendo, a execução segue a forma sumária e não há despacho liminar,
sendo o executado citado após a realização da penhora (cfr. al. d) do n.º 3 do art.º
550.º, à contrário; n.ºs 1 e 3 do art.º 855.º; e n.º 1 do art.º 856.º).

78
Manual de apoio / Ação Executiva
VI
Execução movida apenas contra o devedor subsidiário
O executado renunciou ao benefício da excussão prévia
Título: Extrajudicial de empréstimo
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 8.000
Bens indicados à penhora: Imóvel

O executado renunciou ao benefício da excussão prévia, o título não está garantido


por hipoteca e o valor da execução é inferior ao dobro da alçada da 1.ª instância.
Se renunciou ao mencionado benefício, o executado colocou-se em posição idêntica
à do devedor principal; uma vez que o título não se encontra garantido por hipoteca,
cai na previsão da al. d) do n.º 2 do art.º 550.º; aqui chegados, uma vez que se encontra
indicado à penhora um bem imóvel, terá de haver despacho liminar nos termos
previstos no n.º 5 do art.º 855.º; assim sendo, a execução segue a forma sumária e há
despacho liminar (cfr. al. d) do n.º 3 do art.º 550.º, à contrário e n.º 5 do art.º 855.º).

12.1 Execução de sentença

A execução da decisão judicial condenatória inicia-se mediante requerimento


executivo constante do modelo de formulário aprovado51, dirigido ao tribunal onde foi
proferida a decisão em 1.ª instância, do qual deve constar a decisão judicial
condenatória que pretende executar, encontrando-se dispensado de juntar cópia ou
certidão da mesma (cfr. art.ºs 626.º n.º 1 CPC e 4.º, n.ºs 3 e 4 da Portaria 282/2013,
de 29 de agosto).

O requerimento executivo é apresentado no processo em que aquela foi


proferida, correndo a execução nos próprios autos, sendo tramitada de forma
autónoma, exceto quando o processo tenha entretanto subido em recurso, casos em
que corre no traslado. A execução em termos eletrónicos corre “integrada” no
processo iniciado como declarativo. (cfr. n.º 1 do art.º 85.º).

Mas onde houver secção especializada de execução, deve ser remetida a esta,
com caráter de urgência, cópia da sentença, do requerimento que deu início à
execução e dos documentos que o acompanham (cfr. n.º 2 do art.º 85.º).

51
Requerimento executivo constante do anexo II da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto (cfr. art.º 4.º, n.ºs 2 e 3
da referida Portaria)

79
Manual de apoio / Ação Executiva
Na prática, o processo de execução de sentença será, regra geral, tramitado de
forma integrada no processo declarativo onde foi proferida a sentença, onde passamos
a ter o processo principal e, dependente desse processo, a execução integrada. O
número de processo do “integrado” é exatamente igual ao processo onde foi proferida
a sentença, mas com a extensão final acrescida de um ponto (.) e um número (1):

O requerimento Executivo (modelo próprio para a execução de sentença) é


dirigido ao processo onde foi proferida a sentença, e fica disponível na secção central
na caixa Gestão da Pasta de Receção, sendo que o sistema informático assegura de
imediato que a finalidade daquele requerimento se destina a gerar um processo
Integrado:

Como já referido, onde houver juízo de execução, deve ser remetida a este,
com caráter de urgência, o processo integrado. Nestes casos está previsto que o juízo
de execução tenha acesso à consulta da ação principal.

Outro aspeto a considerar, é que de acordo com o art.º 710.º, quando o título
executivo é uma sentença, é permitido cumular a execução de todos os pedidos
julgados procedentes, o que vale por dizer que é possível, no mesmo processo,
executar diferentes decisões judiciais: pagamento quantia certa, entrega de coisa

80
Manual de apoio / Ação Executiva
certa e prestação de facto. Neste caso, executando-se pedidos com finalidade diversa,
é designado apenas um agente de execução para a realização das diligências de
execução (cfr. art.º 4.º, n.º 6 da Portaria 282/2013, de 29 de agosto).

Excetua-se do âmbito de aplicação da presente norma, a decisão judicial


condenatória proferida no âmbito do procedimento especial de despejo (cfr. art.º
626.º n.º 1).

Se a execução for de decisão condenatória no pagamento de quantia certa segue


a tramitação prevista para a forma sumária, havendo lugar à notificação do
executado após a realização da penhora (cfr. art.º 626.º n.º 2).52

Mas, se a execução for de decisão judicial que condene na entrega de coisa certa,
feita a entrega, o executado é notificado para deduzir oposição, seguindo-se, com
as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 860.º e seguintes (cfr. art.º 626.º n.º
3).

Se o credor, conjuntamente com o pagamento de quantia certa ou com a entrega


de uma coisa, pretender a prestação de um facto, a notificação para se opor a este
pedido é realizada em conjunto com a notificação do executado para deduzir
oposição ao pagamento ou à entrega (cfr. art.º 626.º n.º 4).

Se estivermos perante esta pluralidade de execuções (art.º 710.º) podem ser logo
penhorados bens suficientes para cobrir a quantia decorrente da eventual conversão
destas execuções, bem como a destinada à indemnização do exequente e ao montante
devido a título de sanção pecuniária compulsória (cfr. art.º 626.º n.º 5).

A execução de decisão pode, contudo, seguir a forma Ordinária, iniciando-se


pelo despacho liminar, nos seguintes casos (cfr. n.º 2 do art.º 626.º):

-A obrigação seja alternativa e pertença ao devedor a escolha da prestação –


Art.º 550.º, n.º 3, al. a) conjugada com o n.º 1 do Art.º 714.º;

-A obrigação esteja dependente de condição suspensiva ou de uma prestação


por parte do credor ou de terceiro – Art.º 550.º, n.º 3 al. a) e n.º 1 do Art.º 715.º;

-Quando a obrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva –


Decisão Judicial ou equiparada (quando não vigore o ónus de proceder à liquidação no

52
Nestes processos não há lugar à citação, procedendo-se à notificação do executado nos termos gerais, após a penhora.
Também não haverá citação nos casos de pedido de entrega de coisa certa ou de prestação de facto.

81
Manual de apoio / Ação Executiva
âmbito do processo de declaração e decisões arbitrais) Art.º 550.º, n.º 3, al. b),
conjugado com o Art.º 716.º;

-Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário que não haja
renunciado ao benefício da excussão prévia - Art.º 550.º, n.º 3 al. d).

82
Manual de apoio / Ação Executiva

 CASOS PRÁTICOS – Execução de Sentença

I
Título: Decisão Judicial
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 15.000
Bens indicados à penhora: bens móveis; um veículo automóvel e um
estabelecimento comercial.

Corre nos próprios autos e de forma autónoma (cfr. 85.º, n.º 1).

Se houver juízo especializado de execução é remetida a esta, cópia da sentença,


requerimento que deu início à execução e documentos (caráter de urgência) (cfr. 85.º,
n.º 2).

Não há a lugar a despacho liminar, sendo irrelevante o valor da execução e a espécie


de bens a penhorar. A execução segue a tramitação da forma sumária. Não há lugar a
citação. O executado é notificado após a realização da penhora (cfr. 626.º, n.º 2).

II
Título: Decisão Judicial
Valor da execução para pagamento de quantia certa: € 15.000
Bens indicados à penhora: Depósitos bancários.

Corre nos próprios autos e de forma autónoma (cfr. 85.º, n.º 1).

Se houver juízo especializado de execução é remetida a esta, cópia da sentença,


requerimento que deu início à execução e documentos (caráter de urgência) (cfr. 85.º,
n.º 2).

Não há a lugar a despacho liminar, sendo irrelevante o valor da execução e a espécie


de bens a penhorar. A execução segue a tramitação da forma sumária. Não há lugar a
citação. O executado é notificado após a realização da penhora (cfr. 626.º, n.º 2).

83
Manual de apoio / Ação Executiva
13. Execução por Custas, Multas, Coimas e outras
quantias contadas ou liquidadas

É um título executivo enquadrado naqueles a que é atribuída força executiva


por disposição especial (cfr. al. d) do n.º 1 do Art.º 703.º).

Da leitura do art.º 550.º “Forma de Processo”, não consta o regime aplicável às


execuções por custas, multa e coima. É no Regulamento das Custas Processuais que
encontramos resolvida esta questão, ao referir que as mesmas seguem a forma do
processo sumário – cfr. n.º 5 do art.º 35.º do RCP.

Assim sendo, enquanto no regime anterior teríamos que observar o valor da


execução e os bens indicados à penhora para aferir se haveria ou não despacho liminar
e citação prévia, no regime atual, dado que esta execução especial segue os termos
previstos para a forma sumária, não haverá nunca citação prévia do executado,
iniciando sempre o agente de execução, oficial de justiça, a tramitação do processo
pelas diligências para identificação, localização e penhora dos bens, respeitando os
princípios da proporcionalidade (art.º 735.º) e da adequação (art.º 751.º).

O prazo para a realização da penhora é de 10 dias, na falta de disposição


especial (art.º 808.º, n.º 12), findo o qual, caso não a tenha realizado, o oficial de
justiça informa o Ministério Público (exequente) sobre as razões impedientes da
efetivação da penhora (cfr. art.º 720.º, n.º 7).

O oficial de justiça deve documentar os autos de todas as diligências efetuadas


com vista à identificação, localização e penhora de bens ou da sua frustração.

Uma vez esgotadas todas as diligências de pesquisa sem que se encontrem


quaisquer bens suscetíveis de serem penhorados ao executado, o oficial de justiça
notifica o Ministério Público para no prazo de 10 dias indicar bens.53

Sendo indicados bens, o oficial de justiça diligencia no sentido de penhorá-los.


Caso o Ministério Público não indique outros bens, o oficial de justiça arquiva de
imediato a execução nos termos do art.º 35.º n.º 7 do RCP, sem prejuízo das situações
em que o Ministério Público requeira a citação do executado para, no prazo de 10 dias,
pagar ou indicar bens à penhora, podendo, no mesmo prazo, deduzir oposição à

53
A economia processual sugere a adoção do termo de “vista” para esta notificação. Desta forma, concede-se ao
Ministério Público a possibilidade de requerer diretamente nos próprios autos o que se lhe oferecer, poupando-se a
elaboração, apresentação, registo de entrada e subsequente entrega na secção de mais um “papel” para juntar ao
processo (sem prejuízo dos meios eletrónicos).

84
Manual de apoio / Ação Executiva
execução (cfr. n.º 1 e 3 do art.º 750.º), com expressa advertência para a cominação
do n.º 1 (parte final) do mesmo artigo54. Caso o executado tenha sido citado
previamente, será agora notificado.

Se o executado não pagar e não indicar bens, nem deduzir oposição, o agente de
execução declara o arquivamento (por termo nos autos)55 nos termos do n.º 7 do art.º
35.º do Regulamento das Custas Processuais e notifica-o ao Ministério Público, e
também ao executado se este já tiver sido citado para a execução.

O arquivamento condicional é levado ao registo informático de execuções (cfr.


art.º 717.º, n.º 2, al.ª b).

Encontrados bens e uma vez penhorados, há que notificar o Ministério Público.


Quando os bens forem insuficientes, o Ministério Público, no prazo de 10 dias a contar
daquela notificação, pode requerer ao juiz a dispensa da convocação de credores nos
termos do n.º 6 do art.º 35.º do Regulamento das Custas Processuais. Se isto acontecer,
o processo avança para a fase de pagamentos (a venda é uma das modalidades de
pagamentos) de que falaremos mais adiante. Se o Ministério Público nada requerer,
seguem-se as citações previstas no art.º 786.º, caso não se verifique nenhuma das
exceções a que se refere o n.º 4 do art.º 788.º (existindo, não há lugar a estas citações).

Sendo o processo arquivado condicionalmente, não há lugar ao cumprimento do


art.º 2.º da Portaria 313/2009, de 30 de março, alterada pela Portaria 279/2013, de
26 de agosto, e que refere: “O procedimento de inclusão do executado na lista pública
de execuções tem início com a notificação ou citação do mesmo, consoante já tenha
sido ou não citado, previstas nos n.ºs 1 e 3, respetivamente, do artigo 750.º do CPC, e
é concluído uma vez decorrido o prazo de reclamação da decisão de extinção da
instância realizada nos termos do n.º 2 do mesmo artigo.”.

O mesmo se passa relativamente às coimas aplicadas por entidades


administrativas em processo de contraordenação, em que é a liquidação dele constante
juntamente com a notificação efetuada pela entidade administrativa que titula a
execução, como resulta do art.º 35.º do RCP em articulação com as demais disposições
apropriadas daquele regulamento subsidiariamente aplicáveis por via dos art.ºs 92.º,

54
Neste caso, a notificação não deverá conter o texto previsto no anexo I da Portaria n.º 313/2009, de 30/03, com
as alterações introduzidas pela Portaria n.º 279/2013, de 26/08.
55
A partir desta data contam-se os cinco anos da prescrição da dívida de custas, podendo a execução ser movimentada
a todo o momento, logo que sejam conhecidos bens ao executado, o que, doravante, poderá ocorrer com mais
frequência do que no passado em face do registo informático de execuções.

85
Manual de apoio / Ação Executiva
n.º 1 do RGCO (Regime Geral das Contra - Ordenações aprovado pelo Decreto-Lei n.º
433/82, de 27/10) e 510.º e seguintes do Código de Processo Penal.

De referir que, no caso, porque o exequente é o M.º P.º, se a penhora recair


sobre rendas, abonos, vencimentos, salários ou outros rendimentos periódicos, apesar
de a execução poder ser extinta após a entrega ao exequente das quantias depositadas
e adjudicação das vincendas – Art.º 779.º, o processo deve aguardar na secção até ao
termo dos descontos, dado que estes valores são depositados no próprio processo.

 No acordo de pagamento em prestações:

 Ter em atenção que o disposto no n.º 2 do art.º 806.º (determina a


extinção da execução) tem aplicação a todas as execuções.

 Após o acordo, a execução será extinta sem prejuízo da manutenção da


obrigação de pagar por parte do executado.

 Assim, embora extinta a execução, esta deve manter-se na secção de


processos até que o executado proceda ao pagamento integral das
quantias em dívida.

86
Manual de apoio / Ação Executiva
EXECUÇÃO POR CUSTAS / MULTAS /OUTRAS QUANTIAS CONTADAS
(inexistência ou insuficiência de bens)

CONSULTAS PRÉVIAS
(art.º (art.º n.º
833.º-B,
Art.º 748.º 750.º)
1)

Atenção
POSSIBILIDADE DE
REFORÇO
Notificação ao exequente
751.º, N.º 4
(834.º-3)
(MP) dos resultados

SIM NÃO
Há bens?

Aguarda5 10
Aguarda dias,
dias requerimento
requerimento do MP - Aguarda 10 dias requerimento do MP
do MP- Art.º 750.º n.º 2.
art.º 833.º-B, - art.º 833.º-B, n.º 3.
(art.º 750.º) Art.º 750.º(art.º 750.º)

2 hipóteses Exequente indica bens à penhora?


SIM NÃO
a) Sendo apresentado requerimento, o
agente de execução penhora os bens
conforme requerido;
A requerimento do MP:
b) Não sendo apresentado requeri- Penhora dos bens indicados Citação do executado (ou
mento, o agente de execução penhora notificação se já tiver
os bens encontrados com as regras de citado - art.º 833.º-B. n.ºs
(art.º 750.º)
preferência
preferênciado
doart.º
art.º 834.º,
751.º n.º 1. SIM 4 e 5)

Bens são suficientes?


SIM
NÃO
Executado indica bens
(p. 10 dias)?

A requerimento do M.º
Execução prossegue P.º, o juiz dispensa o
os trâmites normais concurso dos credores
até integral e ordena a imediata
pagamento. liquidação dos bens Há mais
bens
penhorados
(art.º 35.º, n.º 5 RCP). NÃO

O produto da liquidação
é suficiente para
NÃO
pagamento dos valores O agente de execução
em dívida? ARQUIVA
(condicionalmente) a
Não há execução e notifica o MP,
mais bens sem prejuízo de
EXTINÇÃO
EXTINÇÃO prosseguimento nos
da da
execução
execução(art.º SIM termos do art.º 35.º, n.º 6
(art.º 849.º)
919.º CPC) RCP.

Nota: Parece-nos que o n.º 7 do art.º 35.º do RCP, determinando o arquivamento


imediato da execução sempre que se verifique que o executado não possui bens,
dispensa a citação do executado nos termos do art.º 750.º do CPC.

Assim, caso o M.º P.º, com a notificação da inexistência de bens penhoráveis, não
os indique nem requeira a citação do executado para os indicar, o agente de
execução deverá limitar-se a notificar o arquivamento.

87
Manual de apoio / Ação Executiva
14 Fase da penhora

Não sendo a obrigação voluntariamente cumprida, tem o credor o


direito de exigir judicialmente o seu cumprimento e de executar o
património do devedor, nos termos declarados neste código e nas leis
de processo – art.º 817.º do Código Civil.

14.1 As diligências para a penhora têm início (art.º 748.º):

Antes da penhora dos bens o agente de execução começa por consultar o


registo informático de Execuções.

São distintos os momentos em que o agente de execução inicia as diligências


tendentes à penhora (art.ºs 748.º e 855.º, n.º 3), todavia, estas ocorrem sempre sem
precedência de despacho judicial.

Nas execuções em que não tenham lugar o despacho liminar nem a citação
prévia – cfr. art.º 855.º, as diligências têm início no prazo máximo de 10 dias (n.º
7 do art.º 720.º) contados da distribuição do requerimento executivo, no caso de a
sua apresentação ter sido efetuada por transmissão eletrónica, ou da notificação
efetuada pela secretaria ao agente de execução, enviando-lhe eletronicamente cópia
do requerimento executivo e dos respetivos documentos, quando apresentados em
papel.

Nas execuções submetidas a despacho liminar – cfr. art.º 720.º, o agente de


execução prossegue com as diligências prévias à penhora, estas diligências iniciam-se
no prazo de dez dias (n.º 7 do art.º 720.º), a partir da notificação efetuada pela
secretaria ao agente de execução após (cfr. art.º 748.º):
 despacho que dispense a citação prévia do executado a requerimento do
exequente – cfr. art.º 727.º, n.º 3;
 despacho de admissão da oposição à execução que não suspenda a execução
nos termos do art.º 733.º;
 decisão que julgar improcedente a oposição à execução (suspensa);
 O despacho de indeferimento do pedido de suspensão da execução fundado
na falta de genuinidade do documento particular (art.º 733.º, n.º 1).

88
Manual de apoio / Ação Executiva
O agente de execução começa por consultar o registo informático de
execuções (art.º 748.º, n.º 2 e DL n.º 201/2003, de 10 de setembro que regula o
registo informático de execuções) observando, de seguida, o comando dos n.ºs 3 e 4
do art.º 748.º.

O resultado das consultas pode, desde logo, determinar a forma como se vai
desenrolar o processo executivo.

Vejamos:

1 - Se do registo constar que foi movida execução ao Executado e que terminou nos
últimos três anos, sem que se tenha verificado integral pagamento, caso o
Exequente não tenha indicado bens à penhora, o agente de execução no prazo de 20
dias realiza todas as diligências que considere necessárias tendentes a localizar bens
penhoráveis do executado, nomeadamente, sem necessidade de despacho prévio, a
consultar as bases de dados (n.º 3 do art.º 748.º, n.1 do art.º 749.º e Portaria 331-
A/2009, de 30 de março, na redação que lhe foi dada pela Portaria 350/2013, de 3
dezembro):

a) Da Administração Tributária;
b) Da Segurança Social;
c) Das Conservatórias do Registo Predial, Comercial e Automóvel;
d) Ou ainda de outros registos ou arquivos semelhantes.

Caso destas diligências não se consigam apurar bens do executado suscetíveis de ser
penhorados, o agente de execução notifica o exequente dos resultados obtidos e se
este não indicar, no prazo de dez dias, os bens concretos que pretende ver
penhorados, o agente de execução, extingue, sem mais, a execução.56

Se da consulta forem encontrados bens do executado, o agente de execução procede


à sua penhora de acordo com o art.º 751.º

56
De notar que já não é possível a remessa de execução para apensação ou incorporação de outra execução constante
da base de dados, nos termos do anterior art.º 832.º n.ºs 4 e 5 do CPC.

89
Manual de apoio / Ação Executiva
2 – Se, por outro lado, o registo informático de execuções não apresentar qualquer
processo que tenha terminado nos últimos três anos por falta de bens e o exequente
não tiver indicado bens à penhora no requerimento executivo, o agente de execução
leva a cabo, no prazo máximo de vinte dias, todas as diligências que considere
necessárias tendentes a localizar bens penhoráveis do Executado, nomeadamente, a
consulta direta sem necessidade de autorização judicial, às bases de dados:

a) Da Administração Tributária;

b) Da Segurança Social;

c) Das Conservatórias do Registo Predial, Comercial e Automóvel;

d) Ou ainda de outros registos ou arquivos semelhantes

Se, no prazo de 3 meses, não forem encontrados bens penhoráveis, o agente de


execução notifica o exequente do resultado das pesquisas e para em 10 dias especificar
concretamente os bens que pretende ver penhorados.

Em simultâneo, notifica o executado para no prazo de 10 dias, indicar bens à


penhora, com a cominação de que a omissão ou falsa declaração importa a sua sujeição
a sanção pecuniária compulsória, se ocorrer ulterior renovação da instância executiva
e aí se apurar a existência de bens penhoráveis.

Desta notificação ao executado deve também constar que tem a possibilidade,


no mesmo prazo, de proceder ao pagamento da quantia em divida ou aderir a um plano
de pagamento, sob pena de extinção da execução e de que pode, após notificação da

90
Manual de apoio / Ação Executiva
extinção, vir a ser incluído na lista pública (o texto da notificação consta do Anexo II
a que se refere o n.º 3 do artigo 3.º da Portaria n.º 313/2009, de 30 de março, com a
redação dada pela Portaria 279/2013, de 26 de Agosto).

A notificação do executado é substituída por citação, sempre que o processo se


inicie pela penhora (frustrando-se a citação pessoal do executado, não há lugar a
citação Edital).

Se nem o exequente nem o executado indicarem bens penhoráveis no referido


prazo de 10 dias, o agente de execução extingue a execução.

A informação sobre a extinção por falta de bens é registada no registo


informático de execuções.

Da decisão de extinção é o executado notificado e informado de que: dispõe do


prazo de 10 dias para reclamar desta decisão e que se, no mesmo prazo, não
comprovar que procedeu ao pagamento ou aderiu a um plano de pagamento passa
a estar incluído na lista pública de execuções (o texto da notificação de extinção
consta do Anexo II a que se refere o n.º 4 do artigo 4.º da Portaria n.º 313/2009, de 30
de março, com a redação dada pela Portaria 279/2013, de 26 de agosto).

Para inserir o executado na lista pública, devem estar registados nos detalhes do
processo a decisão final e o encerramento do processo por inexistência de bens.
Se através da consulta ou se por informação do exequente, o agente de execução
obtiver informação sobre a existência bens do executado, procede de imediato à
penhora.

91
Manual de apoio / Ação Executiva
14.2 A penhorabilidade dos bens
No requerimento executivo é dada indicação dos bens do executado sempre que
o exequente deles tenha conhecimento -art.º 724.º, n.º 1, al. i), com as precisões que
lhe seja possível fornecer (art.º 724.º, n.º 2 e 3).

A materialização da penhora, alcançada através da efetiva apreensão dos bens,


priva o executado de exercer livremente os direitos que sobre eles detém, ao mesmo
tempo que o credor/exequente adquire um direito real de garantia – art.º 822.º do
Código Civil.

Assim, a penhora começa pelos bens cujo valor pecuniário seja de mais fácil
realização e se mostrem adequados ao montante do crédito exequendo – cfr. art.º
751.º, n.º 1.

O agente de execução deve, em princípio, respeitar a indicação feita pelo


exequente se tal não desrespeitar a ordem preferencial e o princípio da
proporcionalidade da penhora estabelecido entre o valor dos bens a penhorar e o da
obrigação exequenda acrescido das despesas da execução em que se incluem,
naturalmente, as custas processuais – cfr. 735.º, n.º 3 e 751.º n.ºs 1 a 3.

I - Os limites da penhora (princípio da proporcionalidade)


Sem prejuízo de, em momento posterior, se vir a constatar da insuficiência da
penhora e de, por isso, haver necessidade de penhorar outros bens (reforço – art.º
751.º, n.º 4), o valor da penhora está limitado aos bens necessários ao pagamento da
dívida exequenda, acrescido das despesas previsíveis calculadas na proporção inversa
dos valores das alçadas como se demonstra no quadro seguinte, sem prejuízo da
exceção prevista no n.º 3 do art.º 751.º, o qual permite a penhora, por excesso, de
imóvel ou de estabelecimento comercial quando seja previsível que a penhora de
outros bens não permita a satisfação integral do crédito exequendo nos prazos e termos
57
previstos nas alíneas a), b) e c) do n.º 3 do art.º 751.º .

Entre A partir de
Até
Dívida € 5.000,01
exequenda e € 120.000,01
€ 5.000
€ 120.000 (inclusive)
Despesas prováveis 20% * 10% * 5% *

57
6,12 e 18 meses, consoante o valor do crédito exequendo e considerando se o bem imóvel serve de habitação
própria permanente do executado.

92
Manual de apoio / Ação Executiva
* - Estas percentagens são calculadas sobre o “valor processual” da execução –
cfr. art.ºs 735.º, n.º 3 e 296.º e seguintes.

Neste contexto, o valor da execução destinada a pagamento de quantia certa é


o que resultar do crédito exequendo liquidado pelo exequente (cfr. art.ºs 724.º, n.º 1,
al.h)), acrescido dos juros vincendos, se for o caso, desde a apresentação do
requerimento executivo até ao momento da efetivação da penhora58.

Vejamos agora se será possível ou admissível a penhora de todos e quaisquer


bens.

Vamos ver que não! Na verdade, temos que ter em conta que nem todos os bens
podem ser penhorados.

Com efeito, os artigos 736.º a 739.º estabelecem normas que protegem da


penhora alguns bens, uns com proteção absoluta e outros relativa ou parcialmente
protegidos, uma vez observados determinados condicionalismos.

Vejamos, então, quais são os bens impenhoráveis:


 As coisas ou direitos inalienáveis – art.º 736.º, al.ª a)59;
 Os bens do domínio público do Estado60 e das restantes pessoas coletivas
públicas61 – art.º 736.º, al.ª b);
 Os objetos cuja apreensão seja ofensiva dos bons costumes ou careça de
justificação económica, pelo seu diminuto valor venal – art.º 736.º, al.ª
c);
62
 Os objetos especialmente destinados ao exercício de culto público –
art.º 736.º, al.ª d);
 Os túmulos – art.º 736.º, al.ª e);

58
Considerem-se, também, para o mesmo efeito, as figuras da cumulação de execução (inicial ou sucessiva) e de
coligação de exequentes – cfr. art.ºs 709.º, 711.º e 56.º.
59
Alguns exemplos: crédito de alimentos –art.º 2008.º, n.º 1 do Cód. Civil; direito de uso e habitação – art.º 1488.º do
Cód. Civil; direito de servidão separadamente do imóvel a que estiver ligada – art.º 1545.º do Cód. Civil; o direito à
sucessão de pessoa viva – art.º 2028.º do Cód. Civil; a raiz dos bens sujeitos a fideicomisso – art.º 2292.º do Cód. Civil;
a propriedade do nome ou da insígnia do estabelecimento separadamente deste – arts.º 297.º e 31.º do Cód. Propriedade
Industrial, aprovado pelo Dec. Lei n.º 36/2003, de 5 de Março (na redação dada pela ultima atualização - Lei n.º
46/2011, de 24/06); subsídio de Natal e de férias dos funcionários e agentes da Administração Pública – art.º 17.º do
Dec. Lei n.º 496/80, de 20/10 (atualizado pelo Dec. Lei 184/91 de 17/01); as prestações dos regimes da segurança
social são parcialmente penhoráveis – art.º 73.º, n.º 2, da Lei n.º 4/2007, de 16 de janeiro (alterada pela Lei n.º 83-
A/2013, de 30 de dezembro);
60
Sobre bens do domínio do Estado cfr. art.ºs 84.º da Constituição da República Portuguesa e 4.º a 7.º do Dec. Lei n.º
477/80, de 15/10.
61
São pessoas coletivas de utilidade pública as associações ou fundações que prossigam fins de interesse geral, ou da
comunidade nacional ou de qualquer região ou circunscrição, cooperando com a administração central ou a
administração local, em termos de merecerem da parte desta administração a declaração de «utilidade pública» - art.º
1.º, n.º 1 do Dec. Lei n.º 460/77, de 7/11 (alterado pelo Dec. Lei n.º 391/2007 de 13 de dezembro). A declaração de
utilidade pública é da competência do governo e é publicada no Diário da República – art.ºs 3.º e 6.º do mesmo diploma.
62
Em princípio, são penhoráveis as capelas particulares e seus adornos.

93
Manual de apoio / Ação Executiva
 Os instrumentos indispensáveis aos deficientes e os objetos destinados
ao tratamento de doentes – art.º 736.º, al.ª f);
 Os bens do Estado e das restantes pessoas coletivas públicas, de
entidades concessionárias de obras ou serviços públicos ou de pessoas
coletivas de utilidade pública, que se encontrem especialmente afetados
à realização de fins de utilidade pública, salvo tratando-se de execução
para pagamento de dívida com garantia real – art.º 737.º, n.º 1;
 Os instrumentos de trabalho e os objetos indispensáveis ao exercício da
atividade ou formação profissional do executado, salvo se:
 O executado os indicar para penhora;
 A execução se destinar ao pagamento do preço da sua aquisição
ou do custo da sua reparação;
 Forem penhorados como elementos corpóreos de um
estabelecimento comercial – art.º 737.º, n.º 2, al.ªs a) a c).
 Os bens imprescindíveis a qualquer economia doméstica que se
encontrem na residência permanente do executado, salvo se se tratar de
execução destinada ao pagamento do preço da respetiva aquisição ou do
custo da sua reparação63 – art.º 737.º, n.º 3);

 São também impenhoráveis dois terços da parte líquida


 dos vencimentos,
 salários ou
 prestações de natureza semelhante64, auferidos pelo executado – art.º
738.º, n.º 1-a);
 das prestações periódicas pagas a título de aposentação ou de
 outra qualquer regalia social, seguro, indemnização por acidente ou
renda vitalícia,
 ou de quaisquer outras pensões de natureza semelhante - art.º 824.º,
n.º 1-b).

A impenhorabilidade de 2/3 da parte liquida prevista nas situações atrás


descritas, decorre do n.º 1 do art.º 738.º, para apuramento da parte líquida apenas são
considerados os descontos legalmente obrigatórios, n.º 2 do art.º 738.º.

63
Cfr. Ac. TRL de 85/07/09 in BMJ n.º 356, pg. 438; Ac. TRE de 89/04/04 in Col. Jur. de 1989, Tomo II, pg. 283.
64
Incluem-se as prestações periodicamente pagas pela Segurança Social.

94
Manual de apoio / Ação Executiva
Vejamos:

Se a fração de 2/3 for superior ao triplo do salário mínimo nacional em vigor à


data da penhora, a diferença pode ser penhorada – art.º 738.º, n.º 3.

Não auferindo o executado qualquer outro rendimento, se o valor correspondente


a 2/3 do salário do executado ficar aquém do salário mínimo nacional, a parte
impenhorável corresponde ao valor do salário mínimo nacional, o que significa que a
fração penhorável é inferior a 1/3 - art.º 738.º, n.º 3 segunda parte.

Exemplo (art.º 738.º, n.º 3 - 1.ª parte):

O executado aufere o salário de € 2.400.

Dois terços deste valor são € 1.600.

Considerando que o salário mínimo nacional foi fixado (ano de 2015) em €


50565, o triplo do seu valor são € 1.515 (valor impenhorável).

Obtendo a diferença entre € 1.600 e € 1.515 encontramos o valor


penhorável: € 85.

Em suma, a este executado poder-se-ia penhorar:

1 Salário do executado € 2.400

2 1/3 do salário € 800

3 2/3 do salário € 1.600

4 Triplo do salário mínimo nacional € 1.515

5 A diferença entre 2/3 do salário e o


triplo do salário mínimo nacional [3-4]
€ 85

6 Máximo penhorável em cada € 885


apreensão [2+5]

65
O valor do salário mínimo nacional para o ano de 2015 foi fixado em € 505 – cfr. art.º 2.º da Portaria 144/2014, de
30 de setembro.

95
Manual de apoio / Ação Executiva
Exemplo (art.º 738.º, n.º 3 - 2.ª parte):

O executado aufere um salário de € 600.

A aplicação genérica da norma ditaria que a penhora poderia alcançar os


2/3 = € 400,00, deixando livre da penhora a fração de 1/3 = € 133,33.

No entanto, como o valor correspondente aos 2/3 (€ 400,00) é inferior ao


salário mínimo nacional, passa este último a fixar o teto da
impenhorabilidade (€ 505 para o ano de 2015), tal como se demonstra no
quadro seguinte:

1 Salário do executado € 600

2 1/3 do salário € 133,33

3 2/3 do salário € 400

4 Salário mínimo nacional € 505

5 Valor impenhorável € 505

6 Valor penhorável em cada apreensão € 95


[1-4]

Resumindo:
- Em princípio, é penhorável 1/3 do salário do executado.
Exceção: Só assim não será se os restantes 2/3 tiverem um valor inferior ao
salário mínimo nacional caso em que este se mantém intacto, incidindo a penhora
sobre a diferença entre o salário global e o "valor intocável".

Retomando o último exemplo:


€ 600 - € 505= € 95

 Se os 2/3 forem inferiores ao triplo do salário mínimo nacional,


o valor correspondente àquela fração permanece protegida,
pelo que a penhora não pode ir além de 1/3.

96
Manual de apoio / Ação Executiva
 Caso os 2/3 ultrapassem o triplo do salário mínimo nacional,
serão suscetíveis de penhora não só a fração de 1/3, mas
também a diferença entre o valor correspondente aos 2/3 e o
triplo do salário mínimo nacional.

Esta impenhorabilidade não se aplica quando o crédito exequendo for de


alimentos. Neste caso é impenhorável a quantia equivalente à totalidade da pensão
social do regime não contributivo, ou seja, a quantia de € 201,53 (n.º 4 do art.º
738.º).66

Na penhora de dinheiro (art.ºs 739.º; 756.º, n.º 3; 764.º, n.º 5; 788.º, n.º 4-b) e
798.º) ou de saldo bancário (art.ºs 739.º; 780.º; 788.º, n.º 4-b) e 798.º) é
impenhorável o valor global correspondente a um salário mínimo nacional, assim se
permitindo ao executado a satisfação das suas mais elementares necessidades de vida
– art.º 738.º, n.º 5.

Para além da impenhorabilidade acabada de referir, o art.º 738.º prescreve


ainda situações de redução e isenção das penhoras de vencimentos, salários,
prestações periódicas, como, por exemplo, pensões, regalias sociais, seguros,
indemnizações por acidente ou rendas vitalícias.

A apreciação dos pedidos de isenção e redução da penhora dos rendimentos do


executado são da competência do Juiz, devendo o agente de execução remeter o
processo ao juíz sempre que o executado requeira tal redução ou isenção – 738.º, n.º6.

Quanto à “Isenção da penhora”:

A requerimento do executado, ponderando o montante e a natureza do crédito


exequendo, bem como as necessidades do executado e do seu agregado familiar, o juiz
pode, por período não superior a um ano, isentar o executado da penhora de
rendimentos.

Quanto à “redução da penhora”:

A requerimento do executado, ponderando o montante e a natureza do crédito


exequendo, bem como as necessidades do executado e do seu agregado familiar, o
Juiz pode reduzir, por tempo que considere razoável, a parte penhorável dos
rendimentos do executado.

66
O art.º 7.º da Portaria n.º 286-A/2014, de 31/12, fixou, para o ano de 2015, na quantia de € 201,53 a pensão social
do regime não contributivo.

97
Manual de apoio / Ação Executiva
Embora o agente de execução proceda à penhora sem precedência de despacho
judicial, o juiz, mediante requerimento do executado, ponderados o montante e a
natureza do crédito exequendo, pode ser chamado a intervir no processo em ordem
a fixar outros limites à penhora, que não os previstos nos n.ºs 3, 4 e 5 do art.º 738.º,
reduzindo a parcela penhorável por período que considere razoável, ou isentando-a,
por período não superior a um ano.- cfr. art.º 738.º, n.º 6. Este normativo prevê a
possibilidade de uma decisão favorável de redução ou isenção da parte penhorável,
para situações de dificuldade financeira do agregado familiar.

II - A penhora subsidiária

Além dos casos de impenhorabilidade que acabámos de referir, há a considerar


aqueles em que determinados bens, ou todo um património, só podem ser penhorados
depois de outros bens, ou outro património, se terem revelado insuficientes para a
realização do fim da execução.

- Isto pode acontecer:

- Em primeiro lugar, em consequência da separação entre património comum dos


cônjuges e património próprio de cada um deles, nos regimes de comunhão geral e de
comunhão de adquiridos; e

- Em segundo lugar, quando, por negócio ou por lei, há um devedor principal, ou


um património coletivo que responde em primeiro lugar, e um devedor subsidiário com
o benefício de excussão prévia.

III – Responsabilidade comum e responsabilidade própria dos


cônjuges

O artigo 601.º do Código Civil estabelece, como princípio genérico, a


responsabilidade de todos os bens do devedor pelo cumprimento das suas obrigações,
salvo casos especialmente previstos que estabeleçam de forma diferente, como
acontece quando o devedor é casado.

Sendo o devedor casado no regime da separação de bens, a penhora não levanta


grandes problemas, visto cada um dos cônjuges conservar o domínio e fruição de todos

98
Manual de apoio / Ação Executiva
os seus bens – cfr. art.º 1735.º C.C. –, salvo a possibilidade de presunção de
compropriedade dos bens móveis fundada na dúvida sobre a propriedade desses bens
– cfr. art.º 1736, n.º 2 CC.

Ou seja, ressalvada a exceção, pelas dívidas de cada um dos cônjuges respondem


os bens próprios de cada um deles – cfr. art.º 1695.º, n.ºs 1 e 2 do CC.

Porém, o mesmo não se verifica quando entre os cônjuges vigorar o regime da


comunhão de adquiridos (regime supletivo - cfr. art.ºs 1721.º e seguintes do CC) ou
geral (art.ºs 1732.º e seguintes do CC), em que, por via de regra, existem bens próprios
e comuns.

Assim, quanto à dívida da responsabilidade de um dos cônjuges, respondem,


em primeiro lugar, os bens próprios e na falta ou insuficiência destes a sua meação nos
bens comuns – art.º 1696.º do CC.

Sobre as dívidas da responsabilidade de um dos cônjuges preveem os art.ºs


1692.º, 1693.º, n.º 1 e 1694.º, n.º 2 do CC.

Relativamente às dívidas de ambos os cônjuges, há que distinguir entre as


dívidas comuns - derivadas de facto praticado por ambos - e as dívidas comunicáveis,
como são, entre outras, as dívidas assumidas por um dos cônjuges com o consentimento
do outro ou, na comunhão geral, as dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges, antes
do casamento, em proveito comum do casal – cfr. art.º 1691.º do Cód. Civil.

Conjugando os art.ºs 740.º, 741.º e 742.º com o art.º 786.º, n.º 1-a) e n.º 5
conclui-se que:

 Quando em dívidas próprias, são penhorados bens comuns do casal –


Art.º 740.º:

 Após a penhora o cônjuge do executado é citado para requerer a


separação de bens ou juntar certidão comprovativa da pendência
da ação, sob pena de a execução continuar quanto aos bens
comuns

99
Manual de apoio / Ação Executiva
 Neste caso, apensado o requerimento de separação ou junta a
certidão, a execução fica suspensa até à partilha.67

 Quando as dívidas são comuns e o exequente, munido de título


executivo apenas contra um dos cônjuges, que não sentença (nestas a
comunicabilidade é decidida na ação declarativa), invoque a
comunicabilidade da dívida (pode fazê-lo no requerimento executivo ou
em requerimento autónomo68, até à fase da venda) – Art.º 741.º
 A execução está sempre sujeita a despacho liminar (titulo extrajudicial
em que é alegada a comunicabilidade), pelo que deve o juiz ordenar a
citação do executado e do cônjuge para no prazo de 20 dias deduzirem
oposição à execução, e ainda, o cônjuge do executado:
 Para no mesmo prazo, 20 dias, declarar se aceita a comunicabilidade
da dívida.

O cônjuge nada diz:


 Se a divida for considerada comum, a execução prossegue também
contra o cônjuge, podendo os seus bens próprios ser penhorados
subsidiariamente.

 Se a divida não for considerada comum e tiverem sido penhorados


bens comuns do casal, o cônjuge do executado deve, no prazo de vinte
dias após trânsito em julgado da decisão, requerer a separação de
bens ou juntar certidão comprovativa de que já a requereu.

 Quando em execução movida apenas contra um dos cônjuges lhe sejam


penhorados bens próprios, em sede de oposição à penhora, venha este
(executado) alegar a comunicabilidade da dívida, em título diverso de
sentença, e informar quais os bens comuns que podem ser penhorados –
Art.º 742.º
 O cônjuge é citado para no prazo de 20 dias aceitar ou não a
comunicabilidade da dívida, com a cominação de que se nada disser
a dívida é considerada comum.

67
O inventário para separação de bens no caso de penhora de bens comuns do casal corre no Cartório Notarial
competente, nos termos previstos no art.º 81.º do RJPI (Regime Jurídico do Processo de Inventário).
68
Deduzido nos termos dos art.ºs 293.º a 295.º e autuado por apenso –n.º 1 do art.º 741.º

100
Manual de apoio / Ação Executiva
 Se a divida for considerada comum, a execução prossegue também
contra o cônjuge, podendo os seus bens próprios ser penhorados
subsidiariamente
 Se a divida não for considerada comum, o cônjuge deve requerer a
separação de bens ou juntar certidão comprovativa de que já a
requereu.

Em qualquer dos casos, o cônjuge citado adquire o estatuto consagrado no art.º


787.º, que lhe permite exercer na execução os mesmos direitos que o executado.

VI – Penhora em caso de comunhão ou compropriedade – art.º 743.º

Nos casos de comunhão ou de compropriedade de bens previstos no art.º 743.º,


a penhora segue o regime do artigo 781.º.

Nas previsões do artigo 743.º cabem duas situações distintas:


 execução movida contra algum ou alguns contitulares de património comum
(ex. herança; património do casal);
 execução movida contra algum ou alguns comproprietários de bem indiviso.

Em qualquer das situações atrás descritas, a penhora incide na quota-parte do


executado (ou executados) no património autónomo ou no bem indiviso e não sobre os
próprios bens ou parte específica deles.

A penhora do quinhão do executado na herança aberta por morte de certa pessoa


não incide nos próprios bens (ou parte deles) que constituem o acervo hereditário. Do
mesmo modo, a penhora do direito do executado à terça-parte indivisa de certo imóvel
não implica a penhora de qualquer parte específica do próprio imóvel. Está em causa
a penhora de direitos.

Se, em execuções distintas69, forem penhorados todos os quinhões de um mesmo


património autónomo ou todos os direitos sobre o mesmo bem indiviso, é realizada
uma venda única, no processo em que tiver sido efetuada a primeira penhora.

Neste particular, havendo mais execuções pendentes, afigura-se-nos que o


agente de execução deve promover a apensação das demais execuções àquela em que
tiver sido efetuada a primeira penhora, nos termos do art.º 267.º, n.º 5.

69
Note-se que nos vários processos poderão ser diferentes os sujeitos processuais.

101
Manual de apoio / Ação Executiva
Esta penhora consiste na notificação ao administrador e aos contitulares
(segundo as regras da citação, nos termos das disposições combinadas dos n.ºs 1 dos
art.ºs 773.º e 781.º) e quando sejam várias as pessoas notificadas, a penhora produz
efeitos a partir da primeira notificação70 - art.º 781.º, n.º 1.

Se o bem indiviso estiver sujeito a registo, também a penhora do direito o está


e neste caso releva a data do registo, por ser este o ato constitutivo da penhora – cfr.
art.ºs 755.º, 768.º e 783.º.

A perspetiva de venda única é motivo para o agente de execução dar


prioridade à penhora destes direitos – cfr. art.ºs 748.º, n.º 1, 752.º, n.º 2 e 781.º.

V – Bens a penhorar na execução contra herdeiro – art.º 744.º

Nas previsões deste artigo cabem as execuções por dívidas da herança propostas
contra o herdeiro, pelas quais respondem os bens que integram o respetivo património
(cfr. art.º 2068.º do CC).

Daí que o n.º 1 do art.º 744.º estabeleça que na execução movida contra o
herdeiro só podem penhorar-se os bens que ele tenha recebido do autor da herança.

Mas, o herdeiro pode aceitar a herança pura e simplesmente ou a benefício de


inventário (cfr. art.º 2052.º do CC).

Se aceitar a herança a benefício de inventário, a penhora só atinge os bens que


ao herdeiro tiverem sido adjudicados na partilha e se porventura forem atingidos
quaisquer outros bens, o herdeiro/executado pode requerer fundamentadamente o seu
levantamento e ao mesmo tempo indicar outros bens da herança que tiver em seu
poder – n.º 2 do art.º 744.º, requerimento esse que é dirigido ao agente de execução,
o qual atenderá ao pedido depois de ouvir o exequente e de este não se manifestar
discordante.

Caso o exequente se oponha ao requerido, o executado só logrará obter o


levantamento da penhora se demonstrar perante o juiz, através de prova documental,
que os bens penhorados não provieram da herança e que não recebeu outros bens além
dos que indicou ou, se recebeu mais, que os outros foram aplicados para solver os
encargos da herança.

70
A penhora considera-se feita no momento da notificação - Ac. STJ, de 94/05/26 in BMJ 437, pg. 471.

102
Manual de apoio / Ação Executiva
Da junção de documentos é oficiosamente notificado o exequente nos termos do
disposto no art.º 427.º ex vi do art.º 551.º, n.º 1. Quer o exequente, quer o executado
poderão reclamar para o juiz da decisão que sobre a questão for tomada pelo
agente de execução – cfr. art.º 723.º, n.º 1, al. c).

VI – Penhorabilidade subsidiária – art.º 745.º

Há bens que só podem ser penhorados depois de verificadas a insuficiência ou


mesmo a falta de bens de outros, como é o caso já visto das dívidas de um dos cônjuges,
pelas quais respondem prioritariamente os seus próprios bens e só depois, se a dívida
for comum ou comunicável, os bens comuns do casal.

Mas, há mais situações em que isto pode acontecer, nomeadamente, quando,


pela via negocial ou legal, houver um devedor principal e outro subsidiário (por
exemplo, um fiador).

Do n.º 1 do art.º 506.º do Código Civil resulta que o fiador garante a satisfação
do direito de crédito, ficando pessoalmente obrigado perante o credor. E acrescenta
o n.º 2 que a obrigação do fiador é acessória da que recai sobre o devedor principal.
Mas, ao fiador é lícito usar o benefício da excussão prévia71, recusando o cumprimento
da obrigação enquanto não tiverem sido excutidos todos os bens do devedor, com ou
sem garantia reais – cfr. art.ºs 516.º e 518.º do CC.

No mesmo contexto, o art.º 745.º do CPC define regras para a penhora


subsidiária de bens, consoante a execução seja movida contra:
 O devedor principal e o devedor subsidiário;
 O devedor subsidiário;
 O devedor principal apenas;

Movida execução contra o devedor principal e o devedor subsidiário, constitui


ónus do devedor subsidiário a invocação do benefício de excussão prévia (art.º 745.º,
n.º 1), no prazo de 20 dias após a citação – art.º 728.º, n.º 1. Se o invocar, a penhora
começa pelos bens do devedor principal e só pode incidir em bens do devedor
subsidiário se depois de efetuada a venda dos primeiros, se apurar que eles são

71
O benefício da excussão prévia é invocável pelos seguintes devedores subsidiários: fiador – art.ºs 627.º e seguintes
do Cód. Civil, salvo as exceções do art.º 640.º, n.º 2 e da fiança comercial, em que o fiador é solidariamente responsável
com o afiançado – cfr. art.º 101.º do Cód. Comercial; sócios da sociedade comercial em nome coletivo – art.º 175.º,
n.º 1 do Cód. das Sociedades Comerciais; sócios comanditados da sociedade comercial em comandita – art.º 465.º,
n.º 1 do Cód. das Sociedades Comerciais; sócios da sociedade civil – art.º 997.º, n.º 2 do Cód. Civil.
O avalista nas letras ou nas livranças é considerado principal responsável – art.ºs 32.º e 77.º da LULL.

103
Manual de apoio / Ação Executiva
insuficientes para o pagamento das custas da execução, do crédito exequendo e dos
credores reclamantes que antes dele tenham sido graduados.

A execução prosseguirá sobre os bens do devedor subsidiário até que o crédito


do exequente seja integralmente pago.

Vejamos, agora, a execução movida apenas contra o devedor principal.

Aqui, respondem, em primeira linha, os bens dele e só perante a manifesta falta


ou insuficiência dos bens é que o exequente pode requerer ao agente de execução, no
mesmo processo, o prosseguimento da execução, também, contra o devedor
subsidiário – cfr. n.º 3 do art.º 745.º.

Finalmente, a execução movida apenas contra o devedor subsidiário

O n.º 2 deste normativo permite a instauração da ação executiva logo contra o


devedor subsidiário, assim o credor/exequente demonstre a falta ou insuficiência de
bens do devedor principal.

Uma vez proposta a execução apenas contra o devedor subsidiário, ele só não
será citado previamente se o exequente, no requerimento executivo, deduzir o pedido
de dispensa de citação prévia, e o juiz, produzidas as provas necessárias, decidir
favoravelmente – cfr. art.ºs 550.º, n.º 3, al. d), 726.º, n.º1 e 727.º.

 Sendo citado previamente, o executado poderá, no prazo da


oposição, invocar o benefício da excussão prévia, o que confere ao
exequente o direito de pedir o prosseguimento da execução, também,
contra o devedor principal. A não invocação de tal benefício abre portas à
penhora, em primeira linha, dos bens do devedor subsidiário – n.º 1 do art.º
745.º.
 Não sendo citado previamente, os bens do devedor subsidiário só
poderão ser penhorados desde que se verifique a falta de bens do devedor
principal (facto que será alegado pelo exequente no requerimento
executivo) ou a renúncia ao benefício da excussão prévia feita
extrajudicialmente pelo do executado (cfr. art.º 640.º al.ª a) do CC).

Só assim se compreende o n.º 1 do artigo em referência, quando


articulado com o n.º 2, que permite ao devedor subsidiário que não tenha
renunciado extrajudicialmente ao benefício da excussão prévia poder vir
invocar tal benefício no prazo da oposição, e com o n.º 4 que confere ao
devedor subsidiário a possibilidade de, a todo o tempo, indicar à penhora

104
Manual de apoio / Ação Executiva
bens do devedor principal e, por essa via, pedir o levantamento da penhora
dos seus.

Ordem de realização da penhora – art.º 751.º

No que respeita à penhora, deve começar pelos bens cujo valor pecuniário seja
de mais fácil realização e se mostrem adequados ao montante do crédito do exequente
- o agente de execução deve respeitar as indicações do exequente sobre os bens
que pretende ver prioritariamente penhorados (art.º 751.º, n.º 2). Só assim não será
se as indicações do exequente violarem norma legal imperativa72, ofenderem o
princípio da proporcionalidade da penhora ou infringirem manifestamente a regra
estabelecida no n.º 1.

Mas se estivermos perante uma dívida com garantia real que onere bens
pertencentes ao devedor, a penhora inicia -se pelos bens sobre que incida a garantia
e só pode recair noutros quando se reconheça a insuficiência deles para conseguir o
fim da execução.- cfr. n.º 1 do art.º 752.º.

Norma excecional é a do n.º 3 do art.º 751.º, que admite a penhora, por excesso,
de imóvel ou de estabelecimento comercial, quando no universo patrimonial do
executado não existam bens cuja penhora se preveja não garantir a satisfação integral
da dívida no prazo de 12, 18 ou 6 meses, conforme previsto nas alíneas a) a c).

14.3 A penhora

Como já vimos, no requerimento executivo, o exequente indica, sempre que


possível, os bens do executado que pretende ver penhorados.

Todavia, esta indicação só deve ser respeitada pelo agente de execução se


estiverem de acordo com os princípios da proporcionalidade e da adequação em função
do crédito exequendo – art.º 724.º, n.º 1, 751.º e 752.º.

Cabe ao agente de execução penhorar os bens do executado cujo valor


pecuniário seja de mais fácil realização e se se mostrarem adequados ao montante
do crédito exequendo.

72
Veja-se o que vem prescrito nos art.ºs 736.º a 739.º sobre a impenhorabilidade de bens.

105
Manual de apoio / Ação Executiva
Norma excecional é o n.º 3 do art.º 751.º, que admite a penhora, por excesso,
de imóvel ou de estabelecimento comercial, quando no universo patrimonial do
executado não existam bens cuja penhora se preveja não garantir a satisfação integral
do devido nos prazos de 12, 18 ou 6 meses, conforme previsto nas alíneas a) a c).

Se a dívida ascender a € 25.000 e o executado apenas possuir um prédio urbano


(casa de habitação) de valor estimado em € 50.000 e um automóvel de valor estimado
em € 13.000, a citada norma permite a penhora do imóvel, embora de valor excessivo
relativamente ao devido, deixando livre o automóvel, por não ser crível que a sua
venda satisfaça o crédito exequendo.

Mas se estivermos perante uma dívida com garantia real que onere bens
pertencentes ao devedor, a penhora inicia -se pelos bens sobre que incida a garantia
e só pode recair noutros quando se reconheça a insuficiência deles para conseguir o
fim da execução.- cfr. n.º 1 do art.º 752.º.

Outrossim, a penhora de quinhão de património autónomo (ex: herança) ou de


direito sobre bem indiviso (ex: imóvel em compropriedade) precede a de outros bens
se os restantes quinhões ou direitos já se encontrarem penhorados na mesma ou em
diferentes execuções, determinando a venda conjunta e única no processo em que se
tiver realizado a primeira penhora – cfr. art.ºs 752.º, n.º 2 e 742.º, n.º 2.

Sendo penhorados bens que estejam na posse de terceiro (cfr. art.º 747.º), o
agente de execução averigua, no ato da penhora, se tal facto advém de direito de
retenção ou de penhor e, na afirmativa, consigna-o no auto de penhora onde identifica
o terceiro73, tendo em vista a sua citação aquando da convocação dos credores
(registados ou conhecidos), nos termos do art.º 786.º, n.ºs 1 e 4.

Esta citação deve ser imediatamente efetuada, só o sendo posteriormente no


caso de impossibilidade (cfr. art.º 747.º, n.ºs 2 e 3).

Reforço ou substituição

Efetuada a penhora, é possível ao agente de execução, reforçá-la através da


penhora de mais bens - o que pode acontecer a requerimento do exequente - ou

73
Estas referências são feitas em “18 - Observações”, do auto de penhora de modelo aprovado pela Portaria n.º
282/2013, de 29 de Agosto.

106
Manual de apoio / Ação Executiva
substituí-la pela penhora de outros bens, nuns casos a pedido do exequente, noutros a
requerimento do executado.

Senão, atentemos nos n.ºs 4 e 7 do art.º 751.º:


4 – A penhora pode ser reforçada ou substituída nos seguintes casos:
a) Quando o executado requeira ao agente de execução, no prazo da oposição à
penhora, a substituição dos bens penhorados por outros que igualmente assegurem os
fins da execução, desde que a isso não se oponha exequente; (cfr. art.º 785.º);
b) Quando seja ou se torne manifesta a insuficiência dos bens penhorados;
c) Quando os bens penhorados não sejam livres e desembaraçados e o executado
tenha outros que o sejam;
d) Quando sejam recebidos embargos de terceiro contra a penhora, ou seja a
execução sobre os bens suspensa por oposição a esta deduzida pelo executado; (cfr.
art.º 347.º)
e) Quando o exequente desista da penhora, por sobre os bens penhorados incidir
penhora anterior;
f) Quando o devedor subsidiário, não previamente citado, invoque o benefício da
excussão prévia (cfr. art.º 745.º).
7 – O executado que se oponha à execução pode, no ato da oposição, requerer a
substituição da penhora por caução idónea que igualmente garanta os fins da
execução. (cfr. art.º 728.º).

Estatui ainda o n.º 6 que, em caso de substituição, e sem prejuízo do


levantamento da penhora a requerimento do devedor subsidiário nos termos previstos
no n.º 4 do artigo 745.º, só depois de penhorados novos bens é que se procede ao
levantamento da penhora dos bens substituídos.

14.4 O auto de penhora


Da penhora é lavrado auto74 de modelo aprovado pela Portaria n.º 282/2013,
de 29 de agosto, sob o comando do art.º 735.º CPC, no qual deverão constar, além dos
elementos identificadores das partes, do processo, da quantia exequenda, e dos
prédios penhorados (os quais deverão ser identificados tal como se encontram
registados e considerando o disposto no n.º 2 do art.º 724.º), a data e a hora da
realização, que se revestem de particular importância para a determinação do
processo principal quando se sucedam penhoras sobre os mesmos bens em processos

74
O modelo aprovado serve para a penhora de imóveis (art.º755.º, n.º 3), móveis (766.º e 768.º, n.º 1) e
estabelecimentos comerciais (art.º 782.º, n.º 1).

107
Manual de apoio / Ação Executiva
diferentes (cfr. art.º 794.º) ou para a determinação do processo em que há-de ser
realizada a venda única no caso previsto no art.º 743.º, n.º 2.

Sendo vários os bens, descrever-se-ão por meio de verbas numeradas


sequencialmente.

O auto de penhora é lavrado pelo agente de execução designado na execução


– cfr. art.º 755.º, n.º 3 -, salvo nos casos previstos no n.º 5 do art.º 720.º, em que o
auto é lavrado, não pelo agente de execução designado, mas, pelo agente de execução
ou oficial de justiça (nas vestes de agente de execução) que realizarem o ato a
solicitação do agente.

14.5 Penhora de imóveis


Antes de mais, importa sublinhar que as regras estabelecidas para a penhora de
imóveis aplicam-se subsidiariamente à penhora de bens móveis e de direitos (cfr. art.ºs
772.º e 783.º).

A penhora de coisas imóveis75 efetua-se por comunicação eletrónica76 enviada


pelo agente de execução e dirigida à conservatória do registo predial competente77,
valendo a comunicação como apresentação para o efeito da inscrição no registo, ou
mediante apresentação naquele serviço de declaração por ele subscrita, sem prejuízo
de também poder ser feita nos termos gerais (correio ou pessoalmente – cfr. art.º
755.º, n.º 1), mediante modelo aprovado – art.º 41.º do Código de Registo Predial na
redação que lhe foi dada pelo Dec. Lei 125/2013, de 30 de agosto.78

Os tribunais ou os oficiais de justiça, quando realizem diligências próprias do


agente de execução, não necessitam de utilizar o modelo aprovado por deliberação
do conselho diretivo do Instituto dos Registos e Notariado, IP, quando sejam
apresentados presencialmente ou por via postal (cfr. o n.º 3 do art.º 2.º da Portaria n.º

75
“Art.º 204.º do Cód. Civil: 1 - São coisas imóveis os prédios rústicos e urbanos; as águas; as árvores, os arbustos e
os frutos naturais, enquanto estiverem ligados a solo; os direitos inerentes aos imóveis mencionados nas alíneas
anteriores; as partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos. 2 - Entende-se por prédio rústico uma parte
delimitada do solo e as construções nele existentes que não tenham autonomia económica e por prédio urbano
qualquer edifício incorporado no solo, com os terrenos que lhe sirvam de logradouro. 3 - É parte integrante toda a
coisa móvel ligada materialmente ao prédio com carácter de permanência.
Art.º 205.º: São móveis todas as coisas não compreendidas no artigo anterior.”
76
A comunicação eletrónica das penhoras (“Registos On Line”) encontra-se hoje disponível para os agentes de execução
(solicitadores de execução e advogados). Para tanto é necessário que o utilizador tenha um certificado digital,
possibilidade ainda não contemplada para os oficiais de justiça. Assim, nada mais nos resta do que proceder ao envio
da declaração nos termos gerais.
77
Art.º 48.º, n.º 1 do Cód. Reg. Predial (com a redação dada pelo Dec. Lei n.º 125/2013, de 30 de agosto):”Sem prejuízo
do disposto quanto às execuções fiscais, o registo da penhora é efetuado com base em comunicação eletrónica do
agente de execução ou em declaração por ele subscrita.”
78
Sobre a matéria de registo predial aconselhamos a leitura do texto deste CF intitulado “Alterações ao Código do
Registo Predial – Repercussão na Atividade dos Tribunais, disponível na plataforma de e-learning da DGAJ.

108
Manual de apoio / Ação Executiva
621/2008, de 18/7 – regulamenta, além do mais, os elementos que devem constar do
pedido de registo predial).

O pedido de registo contém a indicação do apresentante, dos factos e prédios a


que respeita, o pedido e a indicação dos documentos entregues, devendo ser assinado,
levando o selo branco em uso no tribunal – art.º 3.º, 4.º e 5.º da Portaria n.º 621/2008,
de 18/7 e art.º 42.º do Código do Registo Predial.

Só depois de receber da conservatória a respetiva certidão dos direitos e


encargos sobre o prédio penhorado ou sua disponibilização por via eletrónica (cfr.
art.ºs 755.º, n.º 2 do CPC e 110.º do Código do Registo Predial) é que o agente de
execução lavra o respetivo auto de penhora e procede à afixação do edital, de
modelo aprovado pela Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto, na porta ou noutro local
visível do imóvel (cfr. n.º 3 do art.º 755.º).

O registo da penhora é considerado ato urgente (cfr. art.ºs 755.º, n.º 5 do CPC
e 75.º, n.º 3 do CRP) devendo ser pagos, em simultâneo com o pedido ou antes deste,
os emolumentos ou taxas devidas.

Os tribunais, no que respeita à comunicação das ações, decisões e outros


procedimentos e providências judiciais sujeitas a registo, em que se englobam os atos
de registo no âmbito da ação executiva e enquanto no exercício das funções de agente
de execução, são considerados sujeitos com obrigação de registar – cfr. al. b) do n.º 1
do art.º 8.º-A e estão dispensados do pagamento dos emolumentos e taxas, devendo
tais quantias entrar em regra de custas (cfr. art.º 151.º, n.ºs 1 e 4 do Código do Registo
Predial).

Não se mostra ainda possível aos oficiais de justiça a exercer as funções da


competência dos agentes de execução registar a penhora através de comunicação
eletrónica, pelo que deverá o ato ser praticado pelos meios normais (correio registado
ou pessoalmente), encontrando-se dispensados da obrigação do preenchimento de
modelo oficial – art.º 2.º, do Código de Registo Predial.

O valor do auto de penhora é agora meramente formal, já que o momento da


sua elaboração ocorre depois de efetuada a penhora, ato este que se limita à inscrição
no registo, quer a título provisório ou definitivo (cfr. art.ºs 70.º, 92.º e 101.º do CRP).

Assim, após a receção da certidão da conservatória é elaborado o auto de


penhora, devendo o agente de execução proceder, posteriormente, à afixação de um

109
Manual de apoio / Ação Executiva
edital na porta ou noutro local visível do imóvel penhorado, adotando o modelo
aprovado pela Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto.

Se da certidão resultar que o registo da penhora foi efetuado provisoriamente


por natureza, dado se encontrar inscrito como titular pessoa diversa do executado, o
agente de execução, sem necessidade de despacho judicial, procede à citação do
titular inscrito para, no prazo de 10 dias, declarar se o prédio ou direito lhe pertence.

Enquanto o registo provisório não passar a definitivo, a execução prossegue os


trâmites normais, salvo decisão contrária do juiz sobre questão submetida à sua
apreciação pelas partes ou pelo agente de execução, mas, em qualquer circunstância,
fica impedida a adjudicação dos bens (cfr. art.º 799.º e segs.), a consignação judicial
dos respetivos rendimentos (cfr. art.º 803.º e segs.) ou a venda (cfr. art.ºs 811.º e
segs.).

 Depositário

Em regra, o cargo de depositário é atribuído ao agente de execução ou quando


este seja oficial de justiça, o depósito é confiado a pessoa por ele designada – cfr. art.º
756.º, n.º 1.
Casos especiais de depositário:

 O próprio executado, mediante o consentimento do exequente ou quando o


imóvel penhorado seja a sua casa de habitação – al.ª a);
 O arrendatário em caso de imóvel arrendado. Sendo vários os arrendatários,
o agente de execução escolherá um a quem caberá, também, cobrar as rendas
e depositá-las numa instituição de crédito à ordem do agente de execução ou
da secretaria de execução nas execuções em que o agente de execução seja
oficial de justiça – al.ª b) e n.º 2;
 O retentor relativamente a bem penhorado que seja objeto de direito de
retenção derivado de incumprimento contratual judicialmente verificado –
al.ª c).
 Se o agente de execução for oficial de justiça, este designa depositário uma
pessoa idónea.

110
Manual de apoio / Ação Executiva
Posse dos bens
O depositário deve tomar posse efetiva dos bens penhorados, cuja entrega
deverá constar do auto de penhora, a menos que o cargo incumba ao próprio
executado, caso em que apenas se fará menção do facto no auto.

Quando for oferecida alguma resistência, o agente de execução pode (e deve)


solicitar diretamente o auxílio das autoridades policiais - art.º 757.º, n.º 2.

Pelos serviços prestados terão as referidas autoridades direito a uma


remuneração, a fixar nos termos de uma portaria conjunta dos membros do Governo
responsáveis pelas áreas da administração interna e da justiça (Portaria n.º 19/2017)
e que constitui encargo para efeito de custas processuais (art.º 757.º, n.ºs 6 e 7). Se
o imóvel estiver com as portas encerradas ou quando se preveja que venha a ser
oferecida alguma resistência, deve o agente de execução solicitar ao juiz que
determine a requisição do auxílio de força pública, arrombando-se as portas, se
necessário, e lavrando-se auto de ocorrência – art.º 757.º, n.º 3 -, diligências estas que
só poderão realizar-se entre as 7 e as 21 horas, no caso de se tratar de casa habitada
ou duma dependência desta.

Direitos e deveres do depositário

Estabelece o art.º 760.º que ao depositário incumbem, além dos deveres gerais
de zelo definidos nos art.ºs 1187.º e seguintes do Código Civil, o dever de administrar
os bens e a obrigação de prestar contas (cfr. art.º 952.º), podendo o agente de
execução socorrer-se de colaboradores para o auxiliarem no desempenho do cargo, sob
a sua responsabilidade (cfr. art.º 1198.º do Cód. Civil e n.º 3 do art.º 760.º CPC).

A exploração dos bens penhorados é feita nos termos acordados entre


exequente e executado, e na falta de acordo compete ao juiz decidir, depois de
ouvidos o depositário e feitas outras diligências consideradas necessárias.

Obrigação de mostrar os bens – art.º 818.º

Até ao dia designado para a abertura das propostas em carta fechada, é o


depositário obrigado a mostrar os bens a quem os pretender examinar, podendo esta
fixar as horas em que, durante o dia, faculta a inspeção, devendo o agente de execução
indicá-las no anúncio e no edital da venda. A fim de possibilitar ao depositário a
indicação das horas em que faculta a inspeção dos bens penhorados, para serem
divulgadas no anúncio e edital deve aquele ser previamente notificado para o efeito.

111
Manual de apoio / Ação Executiva
Esta notificação pode ter lugar conjuntamente com a decisão do agente de execução
sobre a modalidade da venda.

Incidente de remoção

O depositário que deixar de cumprir escrupulosamente os seus deveres pode ser


removido pelo juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou por iniciativa do
agente de execução, (cfr. art.º 761.º).

Esta remoção não se aplica ao depositário agente de execução (solicitador de


execução ou advogado), sem prejuízo do disposto no n.º 8 do art.º 720.º.

Apresentado e junto o requerimento ao processo executivo, o depositário é


oficiosamente notificado pela secretaria para responder no prazo de 10 dias, após o
que será o processo concluso ao juiz para prosseguimento dos trâmites normais dos
incidentes de instância previstos nos art.ºs 292.º a 295º.

A solicitação de diligências no âmbito da penhora:

Compete ao agente de execução realizar todas as diligências do processo de


execução, tais como a penhora e os pagamentos, conforme dispõe o art.º 719.º n.ºs 1
e 2, 720.º do CPC e 42.º da Portaria 282/2013, de 29 de agosto.

Apenas as diligências executivas que impliquem a deslocação para fora da área


da comarca da execução cujos custos se revelem desproporcionados podem ser
efetuadas, a solicitação do agente de execução e sob sua responsabilidade, por agente
de execução do lugar onde deva realizar-se a diligência e na falta deste, pode ser
requerido ao Juiz que o ato seja praticado por oficial de justiça – 719.º n.º 5 e 722.º,
n.º 1, al. d).

Como é sabido, a penhora de imóveis realiza-se por comunicação eletrónica do


agente de execução à Conservatória:

Assim sendo, na penhora de imóvel, o pedido de colaboração de outro agente


de execução ou oficial de justiça da área onde se pretende a realização do ato, fica
inviabilizada dado que a mesma se realiza através da inscrição da penhora no
registo.

Quanto à elaboração do auto de penhora, tendo em atenção que o mesmo se


destina, por um lado, a tornar conhecida de forma inequívoca a situação jurídica do

112
Manual de apoio / Ação Executiva
imóvel penhorado na data da respetiva inscrição no registo, e por outro lado a
acompanhar a citação/notificação do executado, bem como as demais citações
constantes do art.º 786.º, também não se torna necessária qualquer solicitação para
o efeito.

A questão do depositário deve também ser abordada na mesma perspetiva, tudo


sob a égide do princípio da economia processual, pelo que o mesmo pode muito bem
ser notificado da sua constituição, de acordo com o comando do art.º 756.º do CPC,
com cópia do auto de penhora, entretanto já elaborado, dando-lhe conhecimento dos
deveres que sobre si impendem a dos direitos que lhe assistem, enquanto se mantiver
em funções, sem prejuízo de poder requerer a escusa do cargo (cfr. 1187.º e segs. do
C. Civil, e 760.º, 761.º e 771.º do CPC).

Convém aqui relembrar que, no direito anterior à reforma de 2003, a penhora de


imóvel era realizada por termo nos autos que o depositário tinha obrigatoriamente de
assinar (art.º 838.º, n.º 3 na redação anterior ao D.L. n.º 38/2003, de 8/3).

Essa obrigatoriedade não existe hoje em dia uma vez que, como já se referiu, a
penhora se realiza com a sua inscrição no registo.

Abordando agora a situação da entrega efetiva, parece-nos também que tal não
constitui qualquer reserva à possibilidade de o depositário poder ser constituído
através de notificação nos autos, já que, mesmo no direito anterior, ao assinar o
termo, na secretaria, o depositário não tomava posse efetiva de coisa nenhuma. Para
tanto, e se tal se justificar, pode o mesmo solicitar diretamente o auxílio da força
pública, no caso de ser oposta alguma resistência, ou solicitando a sua determinação
ao juiz, no caso de necessidade de arrombamento de portas, nos termos do disposto
no art.º 757.º, n.º s 2 e 3).

 Conversão do arresto em penhora

Se os bens a penhorar tiverem sido anteriormente arrestados, a penhora


consiste na conversão do arresto por decisão do agente de execução, com efeitos
reportados à data do arresto (cfr. art.ºs 822.º, n.º 2 do CC e 762.º do CPC). Tratando-
se de bens sujeitos a registo, o agente de execução promove oficiosamente o registo
da penhora junto da conservatória competente e averba a conversão no auto do
arresto.

113
Manual de apoio / Ação Executiva
Note-se que o averbamento, no auto do arresto, deve ser sempre efetuado, ainda
que se trate de bens não sujeitos a registo.

Levantamento da penhora

Além dos casos previstos no art.º 751.º n.º 6, tal como quando proceda a oposição
à execução (cfr. art.º 785.º, n.º 6), a penhora pode ser levantada, pelo agente de
execução, a requerimento do executado com fundamento em ato ou omissão que não
seja da sua responsabilidade causadora da paragem da execução durante seis meses -
cfr. n.º 1 do art.º 763.º.

A penhora é levantada logo que decorra o prazo para a reclamação da decisão


do agente de execução (10 dias – art.º 149.º) ou após o trânsito em julgado da decisão
judicial que a determinou.

Qualquer credor reclamante, a partir do termo do primeiro trimestre decorrido


após o início da imobilidade do exequente, pode praticar o ato deixado de praticar por
este, promovendo o andamento do processo relativamente aos bens sobre os quais o
credor detenha garantia real (cfr. art.º 850.º, n.º 3) até que o exequente retome a
prática normal dos atos subsequentes – cfr. art.º 763.º, n.ºs 4 e 5.

14.6 Penhora de móveis

A reforma diferencia claramente a penhora de coisas móveis sujeitas a registo


(cfr. art.ºs 768.º a 772.º) da que incide sobre móveis não sujeitos a registo (cfr. art.ºs
764.º a 767.º).
Do Código Civil
Artigo 204.º
Coisas imóveis
1. São coisas imóveis:
a) Os prédios rústicos e urbanos;
b) As águas;
c) As árvores, os arbustos e os frutos naturais, enquanto
estiverem ligados ao solo;
d) Os direitos inerentes aos imóveis mencionados nas alíneas
anteriores;

114
Manual de apoio / Ação Executiva
e) As partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos.
2. Entende-se por prédio rústico uma parte delimitada do solo
e as construções nele existentes que não tenham autonomia
económica, e por prédio urbano qualquer edifício incorporado
no solo, com os terrenos que lhe sirvam de logradouro.
3. É parte integrante toda a coisa móvel ligada materialmente
ao prédio com carácter de permanência.
Artigo 205.º
Coisas móveis
1. São móveis todas as coisas não compreendidas no artigo
anterior.
2. As coisas móveis sujeitas a registo público é aplicável o
regime das coisas móveis em tudo o que não seja especialmente
regulado.

Com efeito, os bens móveis não sujeitos a registo são penhorados, apreendidos
e imediatamente removidos para depósitos (públicos79 ou não), presumindo-se
pertencentes ao executado os bens encontrados em seu poder, embora o executado
possa reagir perante o juiz, depois de efetuada a penhora, exibindo documentos
comprovativos de direitos de terceiros, os quais podem igualmente tomar posição na
defesa dos seus interesses por meio de embargos de terceiro (cfr. art.º 764.º, n.º 3 e
342.º).

Este requerimento é oficiosamente notificado ao exequente para dizer o que se


lhe oferecer no prazo de 10 dias (cfr. art.ºs 3.º e 4.º, 149.º e 220.º, n.º 2), após o que
se fará o processo concluso ao juiz. Quando o agente de execução seja oficial de
justiça, onde não existirem depósitos públicos, nada obsta que ele nomeie depositário
dos bens penhorados uma pessoa idónea, ou até o próprio executado, depois de o
ouvido o exequente, sem oposição (cfr. n.º 1 do art.º 756.º ex vi art.º 772.º).

Se pela conversão do arresto em penhora se operar a substituição do depositário,


então, há que observar o preceituado no art.º 756.º.

Havendo necessidade de forçar a entrada no domicílio do executado ou de


terceiro (quando estiver em causa a penhora de bens do executado em poder de
terceiro – art.º 747.º) ou se se previr que tal venha a ser necessário, aplica-se o disposto
no art.º 757.º, n.ºs 2 a 6.

79
Os bens removidos para depósitos públicos são lá vendidos – cfr. art.º 836.º

115
Manual de apoio / Ação Executiva
O auto de penhora
No auto de penhora relatar-se-ão todas ocorrências.

Da penhora é lavrado auto80 de modelo aprovado pela Portaria n.º 282/2013, de


29 de agosto, sob o comando do art.º 753.º, no qual deverão constar, além dos
elementos exigidos pelas disposições conjugadas dos art.ºs 766.º e 724.º, n.º 2), a data
e a hora da realização, as quais se revestem de particular importância para a
determinação do processo principal quando se sucederem penhoras sobre os mesmos
bens em processos diferentes (cfr. art.º 794.º).

O auto de penhora é lavrado pelo agente de execução designado na execução


– cfr. art.º 755.º, n.º 3, salvo nos casos previstos no n.º 5 do art.º 720.º, em que o auto
será lavrado não pelo agente de execução designado, mas, pelo agente de execução
ou oficial de justiça que realizar o ato a solicitação do agente.

Sendo vários os bens, descrever-se-ão sumariamente por meio de verbas


numeradas sequencialmente, atribuindo-se a cada verba um valor aproximado,
podendo o agente de execução recorrer diretamente a um perito, quando a avaliação
exigir conhecimentos especiais.

O exequente pode cooperar com o agente de execução, facultando os meios


necessários à apreensão dos bens, e as despesas que suportar sairão precípuas do
produto da penhora (cfr. art.ºs 765.º e 541.º).

No caso de o executado ou alguém por si recusar-se a abrir as portas da casa ou


dos móveis ou ainda se a casa se encontrar deserta, observar-se-á o disposto para a
entrega efetiva de imóvel – cfr. art.ºs 767.º, n.º 1 e 757.º.

Ocultação e sonegação de bens

Quem ocultar ou sonegar bens no intuito de os afastar da penhora fica sujeito às


sanções correspondentes à litigância de má-fé a aplicar pelo juiz (cfr. art.ºs 542.º e
543.º), em face das informações prestadas pelo agente de execução, sem prejuízo de
eventual procedimento criminal.81

80
O modelo aprovado serve para a penhora de imóveis (art.º 755.º, n.º 3), móveis (766.º e 768.º, n.º 1) e
estabelecimentos comerciais (art.º 782.º, n.º 1).
81
Art.º 227.º-A do Código Penal - Frustração de créditos
1 - O devedor que, após prolação de sentença condenatória exequível, destruir, danificar, fizer desaparecer, ocultar
ou sonegar parte do seu património, para dessa forma intencionalmente frustrar, total ou parcialmente, a satisfação
de um crédito de outrem, é punido, se, instaurada a ação executiva, nela não se conseguir satisfazer inteiramente os
direitos do credor, com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.

116
Manual de apoio / Ação Executiva
O dinheiro, papéis de crédito, pedras e metais preciosos são apreendidos e
depositados numa instituição de crédito à ordem do agente de execução designado, ou
à ordem da secretaria, quando se tratar de oficial de justiça.

Depositário

Dos bens móveis penhorados é sempre depositário o agente de execução que


efetuar a diligência (solicitador de execução, advogado ou oficial de justiça), o que já
não acontece nos imóveis ou nos direitos.

No entanto, não haverá lugar à remoção se a natureza dos bens for incompatível
com o depósito, se a remoção implicar uma desvalorização substancial dos bens ou a
sua inutilização, ou se o custo da remoção for superior ao valor dos bens. Em qualquer
dos casos deve fazer-se a uma descrição pormenorizada dos bens, à obtenção de
fotografias dos mesmos e, sempre que possível, à imposição de algum sinal distintivo
nos próprios bens, ficando o executado como depositário (cfr. art.º 764.º, n.º 2).

Além dos deveres gerais estabelecidos nos art.ºs 1187.º e seguintes do Cód. Civil,
o depositário de bens móveis fica obrigado a mostrá-los a qualquer pessoa, quando tal
lhe for ordenado – cfr. art.º 771.º, n.º 1. Se não o fizer dentro do prazo de 5 dias nem
justificar as razões da falta, o agente de execução dará conhecimento do facto ao juiz
com o fito de ser decretado o arresto em bens do depositário faltoso para garantia
do valor do depósito (valor atribuído no auto de penhora aos bens em causa), as custas
e as despesas, arresto que será levantado logo que os bens sejam apresentados ou que
sejam pagos os valores atrás referidos, sendo as custas calculadas de imediato, tudo
isto sem prejuízo de eventual responsabilidade criminal82. Simultaneamente, o juiz
ordena ainda:

2 - É correspondentemente aplicável o disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo anterior.


82
Artigo 205.º do Código Penal - Abuso de confiança
1 - Quem ilegitimamente se apropriar de coisa móvel que lhe tenha sido entregue por título não translativo da
propriedade é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.
2 - A tentativa é punível.
3 - O procedimento criminal depende de queixa.
4 - Se a coisa referida no n.º 1 for:
a) De valor elevado, o agente é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias;
b) De valor consideravelmente elevado, o agente é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
5 - Se o agente tiver recebido a coisa em depósito imposto por lei em razão de ofício, emprego ou profissão, ou na
qualidade de tutor, curador ou depositário judicial, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
Artigo 224.º do Código Penal - Infidelidade
1 - Quem, tendo-lhe sido confiado, por lei ou por ato jurídico, o encargo de dispor de interesses patrimoniais alheios
ou de os administrar ou fiscalizar, causar a esses interesses, intencionalmente e com grave violação dos deveres que
lhe incumbem, prejuízo patrimonial importante é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa.
2 - A tentativa é punível.
3 - O procedimento criminal depende de queixa.
4 - É correspondentemente aplicável o disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 206.º e na alínea a) do artigo 207.º.

117
Manual de apoio / Ação Executiva
 A extração de certidão dos autos e a entrega ao Ministério Público para efeitos
de procedimento criminal;

 o prosseguimento da execução, também, contra o depositário infiel.

14.7 Penhora de coisas móveis sujeitas a registo

O n.º 1 do art.º 7 6 8 . º começa por conter uma norma genérica de remissão


para as regras constantes do art.º 755.º, relativo à realização da penhora de coisas
imóveis.

O que significa que, a penhora de bens móveis sujeitos a registo é efetuada


mediante comunicação eletrónica à conservatória do registo competente, ou nos
termos gerais - por carta registada ou entrega em mão na entidade
competente para registo, como acontece com os navios, aeronaves e automóveis.
A comunicação vale como apresentação para efeito de inscrição no registo – cfr. art.º
755.º.

14.8 Penhora de navios


Tratando-se de navio despachado para viagem, a comunicação eletrónica é
enviada à conservatória do registo comercial, atento o disposto nos art.ºs 2.º e 4.º-f)
do Dec. Lei n.º 42644, de 14 de Novembro de 195983, diploma mantido em vigor pelo
art.º 5.º n.º 2 do Dec. Lei n.º 403/86, de 3 de Dezembro.

Artigo 348.º do Código Penal - Desobediência


1 - Quem faltar à obediência devida a ordem ou a mandado legítimos, regularmente comunicados e emanados de
autoridade ou funcionário competente, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias se:
a) Uma disposição legal cominar, no caso, a punição da desobediência simples; ou
b) Na ausência de disposição legal, a autoridade ou o funcionário fizerem a correspondente cominação.
2 - A pena é de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias nos casos em que uma disposição legal cominar a punição
da desobediência qualificada.
83
O art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 403/86, de 3/12, que aprovou o Código do Registo Comercial *, manteve em vigor o
diploma em anotação.
* Alterações ao Código do Registo Comercial: DL n.º 185/2009, de 12/08; DL n.º 122/2009, de 21/05; Lei n.º 19/2009,
de 12/05; DL n.º 247-B/2008, de 30/12; Declaração de retificação n.º 47/2008, de 25/08; DL n.º 116/2008, de 04/07;
DL n.º 73/2008, de 16/04; DL n.º 34/2008, de 26/02; DL n.º 318/2007, de 26/09; DL n.º 8/2007, de 17/01; Declaração
de retificação n.º 28-A/2006, de 26/05; DL n.º 76-A/2006, de 29/03; DL n.º 52/2006, de 15/03; DL n.º 111/2005, de
08/07; DL n.º 35/2005, de 17/02; DL n.º 2/2005, de 04/01; DL n.º 70/2004, de 25/03; DL n.º 53/2004, de 18/03; DL n.º
107/2003, de 04/06; DL n.º 323/2001, de 17/12; DL n.º 273/2001, de 13/10; DL n.º 533/99, de 11/12; DL n.º 410/99,
de 15/10; DL n.º 375-A/99, de 20/09; Declaração de retificação n.º 10-AS/99, de 30/06; DL n.º 198/99, de 08/06; DL
n.º 172/99, de 20/05; DL n.º 368/98, de 23/11; DL n.º 257/96, de 31/12; DL n.º 328/95, de 09/12; Declaração de
retificação n.º 144/94, de 30/09; DL n.º 216/94, de 20/08; DL n.º 267/93, de 31/07; DL n.º 31/93, de 12/02; Declaração
de retificação n.º 236-A/91, de 31/10); DL n.º 238/91, de 02/07; DL n.º 349/89, de 13/10; DL n.º 7/88, de 15/01;
Declaração de retificação de 31/01/87; DL n.º 403/86, de 03/12 (primeira versão).

118
Manual de apoio / Ação Executiva
Nos termos do n.º 2 do art.º 746.º, o navio considera-se despachado para viagem
logo que esteja em poder do respetivo capitão o desembaraço passado pela capitania
do porto.

Os navios mercantes estão ainda sujeitos a um registo de carácter administrativo


junto das capitanias dos portos, nos termos dos art.ºs 1.º, 3.º, 72.º, n.º 1, 73.º, n.º 1 e
78.º do Regulamento Geral das Capitanias, aprovado pelo Dec. Lei n.º 265/72, de 31
de Julho84.
A requerimento do exequente ou de qualquer credor ou ainda depositário, pode
o juiz autorizar o navio penhorado a navegar.

O pedido do depositário é atendido se exequente e executado estiverem de


acordo.

Nos outros casos, o pedido pode ser deferido independentemente do acordo das
partes, mediante a garantia de caução prestada pelo exequente ou credor que
requerer a navegação e dum seguro usual contra os riscos, após o que o navio é
entregue ao requerente que se constituirá como depositário, comunicando-se a decisão
à capitania do porto – art.º 770.º.

A penhora que incida apenas sobre as mercadorias carregadas no navio rege-se


pelas disposições do artigo 746.º e das relativas à penhora dos bens móveis (sujeitos
ou não a registo) ou de direito, consoante a natureza dos bens encontrados.

14.9 Penhora de aeronaves

Tratando-se de aeronave, a comunicação é dirigida ao Instituto Nacional de


Aviação Civil, que é a entidade competente para o registo nos termos do art.º 6.º, al.ª
i) do Decreto-Lei n.º 133/98, de 15 de Maio, com as alterações introduzidas pelo
Decreto-Lei n.º 145/2002, de 21 de Maio, seguida de notificação à entidade responsável
pelo controlo das operações onde ela se encontrar estacionada, com a dupla finalidade
de comunicar a penhora e consequentemente proceder à apreensão da aeronave e dos
respetivos documentos.

Conforme indicações que constam da página informática do Instituto Nacional de


Aviação Civil, I.P. [http://www.inac.pt], o pedido de registo de ação, arrolamento,

84
Última alteração: Decreto-Lei n.º 64/2005, 15 de Março.

119
Manual de apoio / Ação Executiva
arresto e penhora, entre outros “atos diversos” ali referidos, sobre aeronave ou
equipamento autónomo (motor, rotor, hélice, APU, etc.), deve ser formulado através
de requerimento cujo formulário se encontra disponível, para download, em formato
“pdf”85.

14.10 Penhora de veículos automóveis

Diligências prévias à penhora

No que respeita à penhora do veículo, permite-se agora optar por dois caminhos, a
penhora ou se inicia por comunicação eletrónica ou com prévia imobilização do
veículo.

A penhora de veículo automóvel pode ser precedida de imobilização,


designadamente através da imposição de selos ou de imobilizadores o que a acontecer,
obriga a que a comunicação eletrónica da penhora se realize até ao termo do 1.º dia
útil seguinte.

Selo de penhora de automóvel- Modelo constante da Portaria 282/2013 – Art.º


1.º n.º 2 al. e).

Após a penhora e imobilização, deve proceder-se:

 À apreensão do documento de identificação do veículo, se necessário por


autoridade administrativa ou policial, segundo o regime estabelecido em
legislação especial;86
 À remoção do veículo, nos termos prescritos em legislação especial,87salvo se
o agente de execução entender que a remoção é desnecessária para a
salvaguarda do bem ou é manifestamente onerosa em relação ao crédito
exequendo.

85
http://www.inac.pt/SiteCollectionDocuments/Aeronaves/v2_7_req_registo_atos_diversos.pdf
86
Cfr. art.ºs 161.º e 164 do Código da Estrada.
87
Cfr. art.ºs 167.º e 168.º do Código da Estrada.

120
Manual de apoio / Ação Executiva
Penhora

Vejamos a penhora de veículo automóvel efetuada por oficial de justiça no


exercício das funções de agente de execução.

De acordo com o disposto no n.º 1 do art.º 768.º, à penhora de bens móveis


sujeitos a registo aplicam-se as regras da penhora de imóveis constantes do art.º 755.º.

No caso concreto dos veículos automóveis, a penhora concretiza-se pela via do


registo em qualquer conservatória do registo de automóveis.

Os atos relativos a registos de veículos com motor e respetivos reboques podem


ser efetuados e os respetivos meios de prova obtidos em qualquer conservatória de
registo automóvel, independentemente da sua localização geográfica – cfr. art.º 30.º,
n.º 2 da Lei Orgânica da Direcção-Geral dos Registos e Notariado, aprovada pelo
Decreto-Lei n.º 87/2001, de 17 de março, na redação que lhe foi dada pelo D.L n.º
178-A/2005, de 28 de outubro.

O registo de veículos tem essencialmente por fim dar publicidade à situação


jurídica dos veículos a motor e respetivos reboques, tendo em vista a segurança do
comércio jurídico (cfr. art.º 1.º do D.L. n.º 54/75, de 12 de Fevereiro, na redação
que lhe foi dada pelo D.L. n.º 178/2005, de 28 de Outubro).

Entrega do requerimento

Com a chamada “desformalização do registo automóvel” foi eliminada a


competência territorial das Conservatórias do Registo Automóvel, pelo que passou a
ser permitido praticar atos de registo em qualquer Conservatória do território
nacional, independentemente da escolhida para a elaboração do 1.º registo sobre o
veículo (cfr. art.º 8.º do D.L. 519-F2/79, de 29 de dezembro, na redação que lhe foi
dada pelo D.L. n.º 324/2007, de 28 de setembro).88

88
Artigo 8.º
1 - Os atos relativos a veículos a motor e respetivos reboques podem ser efetuados e os respetivos meios de prova
obtidos em qualquer conservatória do registo de veículos, independentemente da sua localização geográfica.
2 - A competência para a prática dos atos previstos no número anterior pode ser atribuída a qualquer
conservatória de registos, através de despacho do presidente do Instituto dos Registos e do Notariado, I. P.

121
Manual de apoio / Ação Executiva
Os pedidos de registo podem ser efetuados através dos modelos de requerimento
aprovados pelo Presidente do Instituto dos Registos e do Notariado, I.P. (IRN, I.P.)

Atualmente existe apenas um modelo de requerimento para a prática de atos de


registo de veículos e respetivos reboques, nomeadamente para inscrição de hipotecas,
penhoras e arrestos.89

O pedido de registo da penhora pode ser realizado eletronicamente pelo agente


de execução nos termos previstos no art.º 755.º, n.º 1, através de comunicação direta
entre o sistema GPESE e o sistema informático do registo automóvel (cfr. art.º 40.º,
n.º 3 do D.L. n.º 55/75, de 12 de fevereiro, na redação dada pelo D.L. n.º 178-A/2005,
de 28 de outubro, e art.º 22.º da Portaria n.º 99/2008, de 31 de janeiro).

Conforme já foi referido para a penhora de imóveis, também não é ainda


possível ao oficial de justiça proceder à penhora eletrónica de veículos automóveis
assim, até que se estabeleçam as comunicações eletrónicas com as conservatórias, o
registo da penhora é solicitado “nos termos gerais”.

A Portaria n.º 99/2008, de 31 de janeiro alterada pela Portaria 358/2015, de 14


de outubro - Regulamenta quais os documentos que devem constar do pedido de
registo, não carecendo os Tribunais ou os Oficiais de Justiça, na qualidade de
agente de execução, de utilizar o modelo oficial (n.º 7 do art.º 22º), quando enviam
os pedidos via postal ou quando os pedidos sejam apresentados presencialmente.

O oficial de justiça, quando exerce as funções atribuídas ao agente de execução,


encontra-se também dispensado do pagamento prévio dos emolumentos e taxas, as
quais devem, contudo, entrar em regra de custas – Art.ºs 42.º-A e 151.º, n.º 4 do CRP
aplicáveis por força do disposto no Art.º 29.º do Dec. Lei 54/75 – Registo da
Propriedade Automóvel.

Além da entrega direta na conservatória, o requerimento pode ser enviado por


correio, sob registo postal e com aviso de receção, endereçado à conservatória do
registo de automóveis, nos termos do art.º 40.º do Decreto-Lei n.º 55/75.

O facto de o pedido de registo poder ser entregue diretamente na conservatória


ou enviado pelo correio nos termos atrás assinalados, injustifica a circulação entre
secretarias de “solicitações” de atos desta natureza.

89
O requerimento obtém-se neste endereço:
http://www.irn.mj.pt/IRN/sections/irn/a_registral/servicos-externos-docs/impressos/automovel/requerimento-de-
registo/downloadFile/file/ANEXD57.pdf?nocache=1216986303.52

122
Manual de apoio / Ação Executiva
A efetivação da penhora através do registo

Conforme já referimos, decorre do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 54/75, de 12 de


fevereiro90, que “o registo de automóveis tem essencialmente por fim dar publicidade
à situação jurídica dos veículos a motor e respetivos reboques, tendo em vista a
segurança do comércio jurídico”.

Os factos sujeitos a registo vêm elencados nos art.ºs 5.º e 6.º do mesmo diploma,
o qual estabelece regras para o registo, complementadas pelo Regulamento do Registo
de Automóveis, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 55/75, de 12 de fevereiro.91 O Código
do Registo Predial é subsidiariamente aplicável ao registo automóvel na medida e nos
termos do disposto no art.º 29.º do citado Decreto n.º 54/75.

Tal como os imóveis, também a penhora dos veículos automóveis se concretiza


pela via do registo na conservatória de registo dos automóveis, seguida dos demais
atos complementares.

Até que se estabeleçam as comunicações eletrónicas com as conservatórias, o


registo da penhora é solicitado através da “apresentação de declaração subscrita pelo
agente de execução”, o mesmo é dizer através do requerimento de modelo único a
obter gratuitamente por meio de download a partir do seguinte endereço:

http://www.irn.mj.pt/IRN/sections/inicio

Uma vez efetuado o registo, a conservatória emite e envia ao agente de execução


a certidão comprovativa do ato, para ser junta ao processo.

Atos complementares

O art.º 768.º dispõe o seguinte:

n.º 2: a penhora de veículo automóvel pode ser precedida de imobilização


deste, designadamente através da imposição de selos ou de imobilizadores e, se assim

90
Este diploma foi objeto de várias alterações, a última das quais pela Lei n.º 39/2008, de 11 de Agosto.
91
Este foi sujeito a diversas alterações, a última das quais pelo Decreto-Lei n.º 185/2009, de 12 de agosto.

123
Manual de apoio / Ação Executiva
suceder, a comunicação eletrónica da penhora (como já vimos – “nos termos gerais”,
sendo realizada por oficial de justiça) deve ser realizada até ao 1.º dia útil seguinte.

Após a penhora e a imobilização, deve proceder-se à apreensão do documento


de identificação do veículo, se necessário por autoridade administrativa ou policial, e
à remoção do veículo que só acontecerá quando o agente de execução entenda
necessário para a salvaguarda do bem. À apreensão do documento e remoção do
veículo aplica-se o estabelecido em regime especial92.

Assim, à penhora realizada pela via do registo segue-se uma série de atos
complementares.

A penhora do veículo envolve a proibição de o mesmo circular - nos termos das


disposições conjugadas dos art.ºs 768.º, n.º 2 do CPC e 22.º do Dec. Lei n.º 54/75, de
12 de fevereiro. A apreensão dos documentos pode ser solicitada a qualquer autoridade
administrativa ou policial.

o Auto de apreensão do documento de identificação


Incumbe à entidade administrativa ou policial lavrar o auto de apreensão e logo
remetê-lo ao agente de execução, acompanhado dos documentos do veículo, dele se
fazendo constar a nomeação e entrega ao depositário.

Pelo que mais adiante referiremos, no auto de apreensão deverá ser feita menção
à colocação do selo.

Quando o veículo se encontrar fora da área de jurisdição do tribunal onde correr


a ação executiva, o agente de execução solicita a apreensão diretamente à entidade
administrativa ou policial.

Sobre esta questão, transcreve-se em seguida o sumário do Acórdão do Tribunal


da Relação de Lisboa n.º JTRL00016998, de 7/2/1991: Para proceder à penhora de uma
viatura automóvel é correto solicitar a sua apreensão às autoridades policiais, ainda
que atuem fora da área da jurisdição do Tribunal – in www.dgsi.pt.

92
. Ver n.ºs 3 a 8 do artigo 164.º, e artigos 161.º, 162.º e 168.º do Decreto-Lei n.º 114/94, de 3 de maio do Decreto-lei
n.º 114/94, de 3 de maio. Este diploma foi objeto de várias alterações, a última das quais pelo Decreto-Lei n.º 151/2017,
de 7 de dezembro. Ver também o anexo V da Portaria n.º 282/2013, de 29/08.

124
Manual de apoio / Ação Executiva
o Remoção do veículo
Decorre do n.º 3 do art.º 768.º do CPC que a remoção do veículo é um recurso a
utilizar a título excecional, isto é, quando o agente de execução entender necessário
fazê-lo para a salvaguarda do bem.

 Depositário
Em matéria de depositário o art.º 768.º é omisso.
Com efeito, as normas reguladoras da penhora de bens móveis não sujeitos a
registo são distintas das que regulam a penhora de bens móveis sujeitos a registo.
Vejamos, em síntese:
A penhora de bens móveis não sujeitos a registo pauta-se por regras próprias -
art.ºs 764.º a 767.º - e acessoriamente pelo preceituado sobre a penhora de bens
imóveis, por força do art.º 772.º.
Quanto aos bens móveis sujeitos a registo, importa, antes de mais, sublinhar que
nele se congregam, embora com tratamentos diversos, veículos automóveis, navios ou
aeronaves.

Vem a propósito lembrar que nas “execuções por custas, multas, coimas e ou
outras quantias contadas” a penhora dos bens móveis sujeitos a registos submete-
se às regras da penhora de imóveis, quer por força da remissão que o n.º 1 do art.º
768.º faz para o art.º 755.º, quer pela via subsidiária do art.º 772.º, aliás, a exemplo
do que se verifica com os bens móveis não sujeitos a registo, muito embora a penhora
de navios ou de mercadorias neles carregadas devam seguir ainda o estabelecido nos
art.ºs 746.º, 769.º e 770.º.

Nesta perspetiva, afigura-se-nos inaplicável à penhora dos bens móveis sujeitos


a registo o que vem disposto no artigo 764.º para a penhora de bens móveis não sujeitos
a registo. O mesmo é dizer que, à falta de normas próprias, o depositário dos bens
móveis sujeitos a registo há-de ser encontrado segundo os critérios estabelecidos para
a penhora de bens imóveis, ou seja, no quadro legal do art.º 756.º ex vi do art.º 772.º.

De forma que, sendo oficial de justiça a desempenhar funções de agente de


execução, jamais lhe incumbe o depósito do veículo penhorado.

Na verdade, o depositário há-de ser a pessoa designada pelo agente de execução,


sem excluir o exequente, nem o próprio executado, cabendo ao agente de execução
clarificar esta última possibilidade, notificando o exequente, em momento anterior ao

125
Manual de apoio / Ação Executiva
da penhora, para, no prazo de 10 dias (art.º 149.º), declarar expressamente se se opõe
a que o executado, quando necessário e com vista a obviar dificuldades retardatárias
do processo, seja nomeado depositário dos bens penhorados.

Nesta linha de raciocínio, a remoção do veículo para qualquer depósito (público


ou não) só ocorrerá mediante opção fundamentada e casuisticamente tomada pelo
agente de execução, tendo em linha de conta a medida de exceção consagrada no n.º
3 do citado art.º 768.º.

Sendo a penhora efetuada por registo na conservatória, o executado não


presencia o ato, pelo que à sua citação ou notificação há-de o agente de execução
proceder no prazo de cinco dias após a receção da certidão comprovativa do registo,
nos termos do n.º 4 do art.º 753.º.

Só assim não será se da certidão resultar que o titular inscrito é pessoa diversa
do executado, facto que determina, como é consabido, o cumprimento, pelo agente
de execução, do disposto no artigo 119.º do Código do Registo Predial, aqui aplicado
subsidiariamente por força do art.º 29.º do Decreto-Lei n.º 54/75, de 12 de fevereiro.

A penhora só prosseguirá se o titular citado declarar expressamente que o veículo


não lhe pertence ou por outro lado se não fizer declaração alguma – cfr. n.ºs 3 e 4 do
citado art.º 119.º.

Por conseguinte, o sobredito prazo de cinco dias para o agente de execução citar
ou notificar o executado decorre a partir do termo do prazo estabelecido no n.º 1 do
art.º 119.º do CRP ou da data da apresentação da declaração negativa do titular
inscrito.

Considerando, como vimos, que a imobilização do veículo sucede à penhora


propriamente dita, somos levados a concluir que o auto de penhora deve ser lavrado
na secretaria logo após a receção da certidão do registo, obviamente sem prejuízo
do disposto no art.º 119.º do Código do Registo Predial tal como vimos atrás, no sentido
de se permitir a oportuna citação ou notificação do executado em ordem a permitir-
lhe exercer os seus direitos processuais.

De outro modo, se se aguardasse a realização das diligências complementares à


penhora para elaboração dum auto de penhora descritivo das diligências realizadas e
de quaisquer incidências eventualmente ocorridas, estaríamos de alguma forma a
penalizar o executado pela inversão da sequência lógica e normal dos atos, ao
proporcionarmos que ele pudesse tomar conhecimento da penhora e da pendência do

126
Manual de apoio / Ação Executiva
processo, quando não previamente citado, sem que o agente de execução lhe tivesse
dado tal “notícia” em tempo oportuno.

Posteriormente notificar-se-lhe-ão os demais documentos juntos aos autos, o que


há-de acontecer, desde logo, após a junção do auto de apreensão.

Poderá questionar-se: e se não for possível imobilizar o veículo por não ser
encontrado ou por qualquer outra razão?

As razões podem ser as mais variadas, desde o veículo ter ficado


completamente destruído num acidente de viação até à sua deslocação para país
estrangeiro.

Numa tal situação, o agente de execução, entre outras hipóteses, pode suscitar
a intervenção do juiz no sentido de ordenar a notificação do executado, nos termos e
sob os efeitos cominatórios do art.º 417.º, como também deve notificar o facto ao
exequente para, no prazo de 10 dias (art.º 149.º), dizer o que se lhe oferecer, não
sendo de excluir, numa tal dificuldade e ante a provável insuficiência do bem, a
eventualidade de ele vir a requerer o reforço da penhora, com base no art.º 751.º, n.º
4.

 Selo de penhora de automóvel e imobilizadores

Preceitua o n.º 2 do art.º 768.º que “a penhora de veículo automóvel pode ser
precedida de imobilização, designadamente através da imposição de selos...” A prática
revela-nos que a imobilização do veículo é solicitada a entidades policiais e
predominantemente por estas realizada.

O ato implica não só a imobilização do veículo, mas também a sua proibição de


circular – cfr. art.º 164.º, n.º 3 do D.L. n.º 114/95, de 23/02.

Sendo este o natural sentido da lei, não vemos por que razão não há-de ser a
entidade que procede à imobilização a fazer a imposição do “selo”.

Para tanto, o pedido de apreensão do documento de identificação do veículo


endereçado às entidades administrativas ou policiais há-de ser acompanhado de um
selo, previamente preenchido, ficando em branco apenas os campos destinados à data
e à assinatura.

Este documento está disponível no Citius, e o modelo consta da Portaria n.º


282/2013, de 29/08, para ser solicitada a aposição do selo em zona envidraçada do

127
Manual de apoio / Ação Executiva
veículo, assim como a assinatura legível do agente e a indicação do seu número de
identificação profissional e a corporação ou serviço a que pertencer, tudo autenticado
com o carimbo em uso na unidade ou serviço respetivos.

No auto deve a entidade fazer expressa referência à aposição do selo de penhora.

 Valor do veículo automóvel


Quanto ao valor do veículo, embora não se trate agora de um elemento
imprescindível para a validação da penhora, como já não o era anteriormente, desde
1 de janeiro de 1997, data em que vigorou o regime instituído pelo Dec. Lei n.º 329-
A/95, de 12 de dezembro, em face do que dispõe o art.º 812.º do CPC, preceito que
prevê sobre a fixação do valor base da venda do bem, o veículo deve ser avaliado na
primeira oportunidade que surgir e que é, sem dúvida, o ato de imobilização.

No regime cessante, era usual solicitar-se às autoridades a apreensão dos


documentos e a imobilização do veículo, bem como a inscrição no auto de um valor
estimado em função do estado de conservação aparente. A nosso ver, no atual quadro
normativo, não há, na verdade, razão para que as coisas se passem, quanto a esta
matéria, em moldes diferentes do passado, pelo que se nos afigura ser de manter o
pedido de apreensão e avaliação do veículo às autoridades apreensoras, sendo certo
que o valor atribuído poderá sempre ser sujeito a alteração até à venda (cfr. art.º
812.º, n.ºs 3-b) 4 e 5).

Concluindo, de acordo com a perspetiva desenhada, o elenco dos atos


relacionados com a penhora de veículo automóvel é o que passamos a descrever, em
síntese final:

1. Diligências precedentes:
- Diligências prévias à penhora no sentido da identificação e localização
do veículo a penhorar;

- Diligências tendentes à escolha de depositário, sem excluir a audição


do exequente;
- Notificação do exequente sobre a oposição à nomeação do executado
depositário do veículo a penhorar (ou de quaisquer outros bens).
2. Registo da penhora;
3. Cumprimento do art.º 119.º do CRP, se necessário;

128
Manual de apoio / Ação Executiva
4. Elaboração do auto de penhora;
5. Atos complementares:
- Pedido de imobilização do veículo e apreensão dos respetivos
documentos, colocação do selo e entrega ao depositário indicado pelo
agente de execução.

Citação ou notificação do executado (independentemente dos resultados do


pedido de apreensão), a efetuar no prazo de 5 dias a contar da receção da certidão do
registo ou após o art.º 119.º do CRP.

Nas execuções por custas, multas, coimas e outras quantias contadas ou


liquidadas, quando o bem a penhorar for um veículo automóvel, com o fim de evitar
a prática de atos inúteis, o oficial de justiça, previamente ao registo em que se traduz
a penhora, deve averiguar se o mesmo se encontra ou não registado em nome do
executado. Caso o veículo não se encontre registado em nome do executado deverá o
agente de execução notificar o exequente (Ministério Público) para manter ou
substituir o bem indicado a penhora.

 Penhora de velocípedes (com e sem motor)

Os velocípedes não estão sujeitos a registo, nem tão pouco têm já


obrigatoriedade de matrícula.

O art.º 117.º do Código da Estrada elenca os veículos cuja matrícula é obrigatória


não constando dele os velocípedes conforme definição do art.º 112.º do mesmo
código.93

Por isso, a penhora dos velocípedes enquadra-se na penhora de bens móveis não
sujeitos a registo nos termos do art.º 764.º.

93
Código da Estrada – DL n.º 114/94, de 3 de Maio, na redação que lhe foi dada pelo DL n.º 151/2017, de 7 de dezembro.
Artigo 112.º
Velocípedes
1 - Velocípede é o veículo com duas ou mais rodas acionado pelo esforço do próprio condutor por meio de pedais ou
dispositivos análogos.
2 - Velocípede com motor é o velocípede equipado com motor auxiliar com potência máxima contínua de 0,25 kW, cuja
alimentação é reduzida progressivamente com o aumento da velocidade e interrompida se atingir a velocidade de 25
km/h, ou antes, se o condutor deixar de pedalar.
3 - Para efeitos do presente Código, os velocípedes com motor, as trotinetas com motor, bem como os dispositivos de
circulação com motor elétrico, autoequilibrados e automotores ou outros meios de circulação análogos com motor são
equiparados a velocípedes.

129
Manual de apoio / Ação Executiva
14.11 Penhora de direitos

Vimos até aqui a penhora sobre coisas corpóreas – imóveis e móveis.

Mas a penhora pode incidir também sobre coisas incorpóreas, ou seja, sobre
direitos.

Sobre a penhora de direitos versam os art.ºs 773.º a 783.º, divididos consoante


as especificidades, a saber:

- Créditos – art.ºs 773.º a 777.º Direitos ou expectativas de aquisição –


art.º 778.º;
- Rendas, abonos, vencimentos ou salários – art.º 779.º;
- Depósitos bancários – art.º 779.º;
- Direitos a bens indivisos - art.º 781.º;
- Quotas em sociedades – art.º 781.º;
- Estabelecimento comercial – art.º 782.º.

Um dos aspetos que caracteriza a penhora de direitos consiste na notificação


como forma de realização, regendo-se pelas disposições próprias e subsidiariamente
pelas disposições relativas à penhora de imóveis e de móveis – art.º 783.º.

 Penhora de créditos

Efetua-se por notificação ao devedor do executado, segundo o formalismo da


citação, ou por outras palavras, a notificação processa-se como a citação pessoal, a
qual, como é sabido, começa pela via postal e vai até ao contacto pessoal pelo agente
de execução ou oficial de justiça, consoante o caso (cfr. art.ºs 225.º, n.ºs 2 e 4 e 719.º,
n.º 1).

Este devedor (terceiro) é assim notificado de que o crédito do executado fica à


ordem do agente de execução e que dispõe dum prazo de 10 dias (prorrogável com
fundamento justificado) para declarar se o crédito existe ou não e, na afirmativa, quais
as garantias que o acompanham, em que data se vence e quaisquer outras

130
Manual de apoio / Ação Executiva
circunstâncias que possam interessar à execução – cfr. art.º 788.º, n.ºs 1 e 2 -, sendo
advertido nos termos e para os efeitos dos art.ºs 773.º, n.ºs 3 e 4 e 777.º, n.º 4.

Sendo a notificação feita por contacto pessoal, o notificando pode prestar as


declarações no próprio ato, as quais serão transcritas na certidão pelo agente de
execução.

Estando o crédito garantido por penhor de coisas (cfr. art.ºs 669.º e seguintes do
Cód. Civil), faz-se a apreensão dos próprios bens empenhados nos termos da penhora
de bens móveis.

Tratando-se de penhor de direitos (cfr. art.ºs 679.º e seguintes do CC), são os


direitos transferidos para a execução por via das notificações aos terceiros, nos termos
da penhora de direitos.

Se o crédito estiver garantido por hipoteca, a penhora será registada por


averbamento à respetiva inscrição – cfr. art.ºs 773.º, n.º 6 do CPC; 2.º, n.º 1-o) e 101.º,
n.º 1-a), ambos do Código do Registo Predial.

 Atos subsequentes consoante o comportamento do terceiro devedor

O devedor contesta a existência de crédito

Se o terceiro devedor contestar ou negar a existência do crédito, o agente de


execução notifica o exequente e o executado para responderem no prazo de 10 dias,
sendo o primeiro advertido para declarar se pretende a manutenção da penhora ou se
desiste dela e que no caso de pretender mantê-la o crédito considerar-se-á litigioso94
e como tal será adjudicado ou transmitido (cfr. art.ºs 775.º), considerando-se efetuada
a penhora na data da primitiva notificação.

Optando pela desistência do crédito, a penhora deve ser levantada, dando-se ao


exequente, quando necessário, a possibilidade de indicar outros bens, nos termos do
art.º 751.º, n.º 3 al.ªs b) e e).

94
“Diz-se litigioso o direito que tiver sido contestado em juízo contencioso, ainda que arbitral, por qualquer
interessado” – cfr. n.º 3 do art.º 579.º do Código Civil.

131
Manual de apoio / Ação Executiva
O devedor alega que a obrigação depende de prestação do executado

O executado é notificado para confirmar ou infirmar o terceiro devedor. Se


confirmar ou nada disser e a prestação já estiver vencida, o agente de execução
notifica o executado para satisfazê-la no prazo de 15 dias (cfr. art.º 776.º, n.º 1).

Perante o incumprimento da prestação pelo executado, pode o exequente ou o


terceiro devedor exigir o cumprimento da obrigação na mesma execução e sem
necessidade de citação do executado (cfr. art.º 776.º, n.º 2 e 4).

Em alternativa, pode também o exequente substituir-se ao executado no


cumprimento da prestação, ficando, nesse caso, sub-rogado nos direitos daquele
terceiro devedor – art.º 776.º, n.º 2.

Refutando a afirmação do terceiro devedor, o agente de execução notifica o


exequente para se pronunciar no prazo de 10 dias, nos termos e para os efeitos do art.º
775.º, n.ºs 1 e 2, sendo o primeiro advertido para declarar se pretende manter a
penhora ou se desiste dela, e que no caso de pretender mantê-la, o crédito será
considerado litigioso, embora com a incerteza relativamente à dependência de
prestação por parte do executado, e como tal será adjudicado ou transmitido (cfr.
art.ºs 775.º), considerando-se efetuada a penhora na data da primitiva notificação –
cfr. art.º 776.º, n.º 3.

Optando pela desistência do crédito, a penhora deve ser levantada, dando-se ao


exequente, quando necessário, a possibilidade de indicar outros bens, nos termos do
art.º 751.º, n.º 3 al.ªs b) e e).

Depósito ou entrega da prestação devida

Vencendo-se a dívida antes de ultimada a fase de pagamentos, o terceiro-


devedor é notificado para depositar a importância numa instituição de crédito à ordem
do agente de execução ou à ordem da secretaria de execução, no caso do agente de
execução ser oficial de justiça, entregando ao agente executivo o respetivo documento
comprovativo – art.º 777.º, n.º 1, podendo, em alternativa, entregar a coisa ao agente
de execução, que dela ficará depositário. Se o crédito estiver vendido ou adjudicado,
a prestação é entregue ao respetivo adquirente (cfr. art.º 777.º, n.º 2).

132
Manual de apoio / Ação Executiva
Se o terceiro-devedor não cumprir a obrigação, pode o exequente ou o
adquirente exigir a prestação, servindo de título executivo:

 Se o crédito não está vendido ou adjudicado - a declaração de reconhecimento


do devedor, a notificação efetuada e a falta de declaração;
 Se o crédito já estiver vendido ou adjudicado - o título de aquisição do crédito
– cfr. art.º 777.º, n.º 3.

 Penhora de direitos ou expectativas de aquisição

Diz-nos o n.º 1 do art.º 778.º que lhe são aplicáveis as disposições relativas à
penhora de créditos, o que vale por dizer, que a penhora se constitui por notificação
do terceiro (segundo as regras da citação), nos termos do art.º 773.º.

Se o objeto a adquirir estiver na posse ou detenção do executado, será o próprio


objeto apreendido nos termos previstos para a penhora de bens imóveis (ou bens
móveis sujeitos a registo) ou móveis, consoante a sua natureza.

Exemplo:

Se o executado tiver adquirido um veículo automóvel a


prestações, com reserva de propriedade (cfr. art.ºs 409.º e 934.º do
CC), o agente de execução procede à penhora da seguinte forma:
- Notifica o vendedor que o direito do executado sobre o
automóvel95 fica à ordem do agente de execução, e tudo o mais
prescrito no art.º 773.º, aplicando-se com as necessárias adaptações
o disposto nos artigos 775.º e 776.º por força do n.º 1 do art.º 778.º;
- Procede à imobilização e apreensão do documento de
identificação nos termos dos art.ºs 766.º e 768.º (ex vi do n.º 2 do
art.º 778.º), removendo-o e confiando-o a um depositário, se
necessário;
- Considerando que uma das principais finalidades do registo é
tornar pública a situação jurídica dos bens e uma vez que o veículo
automóvel é bem móvel sujeito a registo, também a penhora de um
direito sobre ele é objeto de registo na competente conservatória do
registo automóvel.

95
O direito do executado consiste grosso modo na aquisição da propriedade do veículo depois de o pagar integralmente
ao vendedor.

133
Manual de apoio / Ação Executiva
- Elabora o auto de penhora;
- Notifica o executado na execução ordinária (cfr. n.º 1 do art.º
785.º) e na execução de sentença (cfr. n.º 2 do art,º 626,º) ou cita-
o nos casos da execução sumária (cfr. n.º 1 do art.º 856.º).

Consumando-se a aquisição, na pendência da ação executiva, a penhora


anteriormente efetuada passa a incidir na penhora do próprio bem, que, recorde-se,
já foi imobilizado, facto que não dispensa o agente de execução de efetuar a
comunicação eletrónica à respetiva conservatória ou em alternativa proceda ao registo
da penhora nos termos gerais96 e de lavrar o auto de penhora depois de receber da
conservatória a certidão dos ónus e encargos.

 Penhora de rendas, abonos, vencimentos, salários ou outros


rendimentos periódicos

A penhora efetua-se pela notificação do terceiro devedor.

Assim, o terceiro devedor será o locatário relativamente à penhora de rendas; o


empregador ou entidade patronal relativamente à penhora de vencimentos ou de
salários ou outras entidades no tocante a abonos ou outros rendimentos periódicos.

O agente de execução notifica (segundo as regras da citação) o terceiro devedor


para descontar, nas quantias que ele tiver de pagar, o valor calculado pelo agente de
execução (dívida exequenda e despesas prováveis – ver n.º 3 do Art.º 735.º) respeitando
os limites previstos nos art.ºs 735.º a 739.º e depositá-los numa instituição de crédito
à ordem do agente de execução.

Sendo oficial de justiça o agente de execução, a entidade é notificada para


depositar os descontos na Caixa Geral de Depósitos à ordem da secretaria judicial – n.º
2 do Art.º 779.º

Consagra-se de forma expressa que a impenhorabilidade de dois terços de


vencimentos ou salários, prestações periódicas ou prestações de qualquer natureza
que assegurem a subsistência do executado (rendas e rendimentos de propriedade
intelectual), respeitam à parte líquida (cfr. n.ºs 1 e 2 do art.º 738.º).

Fixa-se a regra da impenhorabilidade do montante equivalente a um salário


mínimo nacional, quando o executado não tenha outro rendimento e o crédito

96
Cfr. penhora de imóveis e móveis sujeitos a registo – art.ºs 755.º e 768.º.

134
Manual de apoio / Ação Executiva
exequendo não seja de alimentos, caso em que é impenhorável apenas o equivalente
à pensão social de regime não contributivo.

Dado importante a considerar é que esta penhora, embora se considere


efetuada na data da notificação do terceiro devedor, tem-se por concluída somente
com o depósito dos descontos.

As quantias descontadas e depositadas mantêm-se indisponíveis até ao termo do


prazo da oposição à execução (e à penhora) ou, se ela for deduzida, até à decisão que
a julgar improcedente, momentos a partir dos quais o agente de execução entrega
ao exequente as quantias depositadas até perfazerem o montante da dívida
exequenda que tiver sido liquidada no requerimento executivo, deduzindo-se o valor
das despesas da execução estimado nos termos do n.º 3 do Art.º 735.º, e assegurando-
se os valores dos créditos reclamados ou dos créditos graduados antes do exequente,
consoante o caso – cfr. art.º 779.º, n.º 4, al. a).

Existindo penhora de rendimentos sobre rendas, abonos, vencimentos, salários


ou outros rendimentos periódicos (contra um ou mais executados), decorrido que seja
o prazo de oposição (ou havendo decisão que a julgue improcedente), o agente de
execução "adjudica as quantias vincendas" ao exequente, notificando a entidade
pagadora para as entregar diretamente ao exequente.

.Caso não existam outros bens a execução é declarada extinta – Art.º


779.º , n.º 4 – al. b)

Se a execução for extinta por falta de bens sem que a quantia exequenda
esteja satisfeita, o exequente pode pedir a renovação da instância para
satisfação do remanescente, sem repetição das citações – n.º 5 do art.º
779.º e n.º 4 do Art.º 850.º.

PENHORA DE SALDOS BANCÁRIOS

Como é do conhecimento geral, a penhora de saldos bancários efetua-se através


de comunicação eletrónica realizada pelo agente de execução às instituições
bancárias, nos termos definidos nos art.º s 749.º, n.º 6 e 780.º do CPC, e art.ºs 17.º e
18.º da Portaria 282/2013, de 29 de agosto, sem necessidade de despacho judicial.

Por forma a cumprir estes requisitos legais, a aplicação “Citius” contém uma
nova funcionalidade que vai permitir a concretização desta penhora.

135
Manual de apoio / Ação Executiva
Passo a passo, vamos explicar o modo como proceder.

Assim, começamos por aceder ao menu “utilitários” e, após, selecionamos a


opção “ Penhoras Bancárias”, como demonstra a seguinte imagem:

Estamos agora em condições de iniciar o procedimento de penhora.

1. ESCOLHA DO EXECUTADO E INICIO DO PROCEDIMENTO

Escolhemos o executado
titular da conta objeto da
penhora (no caso de
pluralidade de executados é
necessário iniciar um
procedimento de penhora
para cada um deles), e
clicamos 2 vezes em “Nova
penhora”.

2. PEDIDO DE INFORMAÇÃO AO BANCO DE PORTUGAL

2.1- O envio do pedido

Nesta fase, torna-se obrigatório indicar qual o total a penhorar (incluem-se as


despesas prováveis previstas no n.º 3 do art.º 735.º).

136
Manual de apoio / Ação Executiva
Apesar de se tratar de um pedido de informação ao Banco de Portugal, não é
possível alterar este valor na fase de bloqueio.

No ecrã aparecem 2 opções:

Bloquear salário mínimo -se selecionarmos esta opção estamos a


indicar que seja bloqueado posteriormente o salário mínimo.

Crédito exequendo é de alimentos


-se selecionarmos esta opção estamos a indicar que pode ser bloqueado
posteriormente o salário mínimo.

Confirmado o preenchimento daqueles campos, a seguir devemos selecionar


“Criar Procedimento”.

Atenção: mesmo tratando-se do pedido de informação ao


Banco de Portugal, é necessário inserir a totalidade do valor
que se pretende recuperar, já que, na fase de bloqueio, não
é possível alterar ou inserir valores.

Depois de criado o procedimento, fica disponível a opção “Enviar pedido”, devendo


ser selecionado para se poder concretizar o pedido de informação ao Banco de
Portugal.

2.2 A resposta ao pedido

A informação devolvida pelo Banco de Portugal indica as instituições bancárias onde o


executado detém contas ou depósitos bancários.

As respostas do Banco de Portugal estão disponíveis, em regra, no dia seguinte ao


pedido e a sua consulta pode ser efetuada na “gestão da secretaria”, na pasta
“Penhoras de Saldos Bancários”, escolhendo a opção “Comunicações Recebidas”:

137
Manual de apoio / Ação Executiva
Nota: na gestão da pasta “Penhoras de Saldos Bancários…”,
para além de consultar as “comunicações recebidas”, temos
também a possibilidade de visualizar as “ comunicações
enviadas sem resposta” (nestas pastas poderá gerir a
totalidade dos pedidos efetuados no juízo).

Temos ainda a possibilidade de proceder à consulta das respostas dentro do próprio


processo, no módulo de “penhoras bancárias” no separador “entidades bancárias” e
visualizar o estado do(s) pedido(s):

Neste caso, foram identificadas pelo Banco de Portugal quatro entidades bancárias.

Contudo, a última das entidades identificadas aparece com um símbolo de um


aloquete, sinalizando que ainda não é possível proceder à comunicação
eletrónica com esta entidade. O motivo deriva do facto de a entidade ainda
não ter solicitado o acesso à plataforma informática a que se refere o n.º 2 do
art.º 18.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto.

Não estando prevista qualquer solução alternativa para a situação ora descrita,
uma vez que a penhora se efetua exclusivamente por meios eletrónicos, o oficial de
justiça poderá suscitar a intervenção do juiz com a informação que se encontra
impossibilitado de proceder à respetiva penhora eletrónica junto da entidade
identificada.

138
Manual de apoio / Ação Executiva
No separador “comunicações” podem ser visualizados os documentos produzidos,
escolhendo a opção “ver”.

3. PEDIDO DE BLOQUEIO AOS BANCOS

3.1 O envio do pedido

Após processar a informação devolvida pelo Banco de Portugal, vamos dar início
ao pedido de bloqueio.

No separador
“entidades
bancárias”,
seleciona-se a(s)
entidade(s)
bancária(s)
pretendida(s), de
seguida clica-se
em “enviar
pedido de
bloqueio” e
confirma-se o
envio do pedido.

Se pretendermos enviar um pedido, por indicação do exequente que não conste da


informação devolvida pelo Banco de Portugal, clicamos em “adicionar entidade”.

Neste ecrã vão aparecer todas as entidades


bancárias listadas no Banco de Portugal,
pelo que, quando se pretender adicionar
uma entidade bancária diversa das
indicadas pelo Banco de Portugal, o agente
de execução poderá recorrer à opção
“filtrar” para mais facilmente selecionar o
banco pretendido. Após, seleciona-se
“Adicionar Seleção”.

139
Manual de apoio / Ação Executiva
3.2 A resposta ao pedido

A entidade bancária dispõe do prazo de 2 dias úteis para dar resposta ao pedido
de bloqueio - cfr. n.º 8 do art.º 780.º.

A resposta pode ser consultada na “gestão da secretaria”, na pasta “Penhoras de


Saldos Bancários …”.

Ou dentro do processo, no módulo de penhora de saldos bancários, num dos dois


separadores existentes, “Bens” ou “Comunicações”.

No módulo de “Comunicações”, a resposta encontra-se por baixo do respetivo


pedido a essa entidade (e não por ordem cronológica) com o objetivo de facilmente
verificarmos, caso existam pedidos a vários bancos, aqueles que ainda não deram
resposta.

Nota: assinaladas com setas vermelhas encontram-se as


comunicações enviadas pelo tribunal, e com setas verdes as
respostas recebidas das entidades.

140
Manual de apoio / Ação Executiva
4. PEDIDO DE PENHORA AOS BANCOS

4.1 O envio do pedido

O prazo que a lei prevê para o agente de execução proceder à penhora dos
montantes dos saldos bloqueados é de 5 dias, cfr. n.º 9 do art.º 780.º.

O separador “Bens” permite aceder à operação de penhora através de um duplo


clique sobre a conta bloqueada.

Nesta fase, para poder prosseguir, é necessário inserir no campo «Bloqueado»


o valor indicado pela instituição bancária. Em seguida, devemos premir o botão
«Enviar Operação» para atualizar o valor sobre o qual se pretende executar a
operação:

Concluído o procedimento descrito, é possível escolher a opção “anular o


bloqueio” ou prosseguir com a penhora, através da opção “penhorar”:

141
Manual de apoio / Ação Executiva
Comecemos então por tratar da opção “penhorar”:

Após escolher a opção “penhorar” vai aparecer o seguinte ecrã, no qual será possível
indicar o “valor a penhorar”. Se o valor a penhorar corresponder ao valor bloqueado,
depois de inserir o respetivo valor basta clicar em “enviar operação”:

Não esquecer de inserir o valor.

Contudo, importa salientar que podem existir situações em que o saldo


bloqueado não corresponde ao montante que pretendemos penhorar (o valor pode ser
superior ou inferior).

Valor a penhorar inferior ao bloqueado:

Tomemos como exemplo uma execução cujo pedido de bloqueio foi de € 10.000
e, entretanto, por pagamento coercivo ou voluntário, a quantia em dívida passou a ser
de € 7.500. Assim, após escolher a opção “penhorar” vai aparecer o seguinte ecrã, no
qual vai ser possível indicar o “valor a penhorar” e, em simultâneo, o “valor a
desbloquear”:

142
Manual de apoio / Ação Executiva
O valor a penhorar seria de € 7.500, e a desbloquear seria de € 2.500.

Ainda nesta fase, a aplicação permite a consulta detalhada do tipo de conta


objeto de penhora, selecionando a seta existente junto ao texto “informações do
bem”:

Este apontamento prende-se com a relevância dos critérios de preferência na escolha


da conta (ou contas)
previstos no n.º 7 do art.º
780.º.

Valor a penhorar
superior ao bloqueado:

Existindo várias contas


bloqueadas, e estando
salvaguardado numa delas o valor correspondente ao salário mínimo nacional, nas
restantes contas podemos ou não afetar ao montante inicialmente bloqueado, o valor
do salário mínimo.

Exemplificando:

Foi solicitado o bloqueio do montante de € 2.000, nas entidades bancárias A, B e C em


que o executado tem conta.

Em cada uma delas, depois de salvaguardado o valor de € 485 (salário mínimo), foi
bloqueado o montante de € 300, o que corresponde a um total de € 900.

Neste cenário, porque já está salvaguardado numa das contas o valor do salário
mínimo, na ordem de penhora devemos escolher a opção de “penhorar” e proceder
da seguinte forma:

Instituição A: penhora dos € 300 já bloqueados. Aqui deixa-se salvaguardado o valor


do salário mínimo.

Instituição B: penhora do valor bloqueado (€ 300), acrescido da totalidade do valor do


salário mínimo (485 euros), uma vez que este já está salvaguardado na instituição A,
o que equivale a um total a penhorar de € 785.

Instituição C: penhora do valor bloqueado (€ 300), acrescido da totalidade do valor do


salário mínimo (€ 485), uma vez que este já está salvaguardado na instituição A, o que
equivale a um total a penhorar de € 785.

143
Manual de apoio / Ação Executiva
Resumindo: neste exemplo, dos € 2.000 inicialmente pedidos, foi possível penhorar €
1.870, tendo ficado salvaguardado numa das contas (instituição A) o valor de € 485
correspondente ao valor do salário mínimo nacional.

A aplicação permite igualmente proceder à anulação de um pedido de bloqueio. Esta


operação efetua-se através da opção “Anular Bloqueio”.

Esta possibilidade encontra-se prevista, por exemplo, para os casos em que o


agente de execução procedeu ao pedido de bloqueio e, entretanto, o executado pagou
a totalidade da quantia exequenda. Aqui a solução será pedir a anulação do bloqueio.

Para além do exemplo referido, podemos ter de nos socorrer desta funcionalidade,
nomeadamente, nas seguintes situações:

 Acordo de pagamento;
 Erro nos dados enviados para bloqueio;
 Bloqueio de valores em várias contas, que ultrapassam o valor peticionado.

O agente de execução pode cancelar o pedido de bloqueio ou penhora, sendo


esta última possível até ao momento da transferência da quantia penhorada, que mais
adiante trataremos, contudo deve indicar o motivo do cancelamento – cfr. n.º 17 do
art.º 18.º da Portaria 282/2013, de 29 de agosto.

4.2 Resposta ao pedido

Após receção do pedido de penhora, a entidade bancária remete a confirmação


da realização da penhora ao agente de execução, ou o(s) motivo(s) da sua não
concretização, conforme previsto no n.º 10 do art.º 780.º CPC e n.ºs 13 a 16 da Portaria
282/2013, de 29 de agosto.

144
Manual de apoio / Ação Executiva
Tal como já referido anteriormente, é possível consultar a(s) resposta(s) aos
pedidos efetuados na pasta de “ gestão da secretaria”, escolhendo a secção de
“Penhoras de Saldos Bancários”, e clicando em “comunicações recebidas”:

5. Pedido de transferência

Para efetuar uma transferência deverá entrar no separador bens e clicar duas
vezes em cima do bem.

Vamos ao ”editar totais” e selecionamos “transferir”:

Atenção: A opção “Transferir” apenas estará disponível quando o montante penhorado


estiver inserido na aplicação (o procedimento para inserir o montante penhorado é
idêntico ao efetuado para inserir o montante bloqueado, cfr. fls. 142 e segs.).

145
Manual de apoio / Ação Executiva
Ao efetuar a operação “transferir” vamos ter de colocar que o prazo da oposição já foi
ultrapassado, colocando o marcador na caixa de verificação de “confirma a verificação
dos requisitos legais
previstos no n.º 13 do
artigo 780.º do CPC”.

De seguida deverá
clicar em “enviar
operação”.

Caso tenha sido deduzida oposição à execução e/ou à penhora, a referida transferência
apenas poderá ocorrer após decisão que a julgou improcedente, cfr. n.º 13 do art.º
780.º do CPC e n.º 18 do art.º 18.º da Portaria 282/2013, de 29 de agosto.

Aspeto geral do quadro das “comunicações”, após ter sido pedida a transferência de
saldo:

Quando o oficial de justiça exerce as funções de agente de execução, as


transferências devem ser efetuadas por documento único de cobrança (DUC), cfr. n.º
19 do art.º 18.º da Portaria 282/2013, de 29 de agosto.

146
Manual de apoio / Ação Executiva
Após efetuado o pedido de transferência, informaticamente vai ser gerado um
DUC para a entidade bancária proceder ao depósito desse valor à ordem do processo,
conforme se pode ver no exemplo abaixo:

6. Anulação de Penhora

Para efetuar a anulação de uma penhora vai ao “editar totais”, seleciona a


opção que pretende, abre o quadro de observações, onde deverá ser colocado o motivo
pelo qual se anula e clica em “enviar operação”.

Nota: As imagens captadas da aplicação e os correspondentes procedimentos a adotar


poderão sofrer alterações posteriores ao momento da elaboração do presente
documento, decorrentes de posteriores desenvolvimentos na aplicação.



147
Manual de apoio / Ação Executiva
Penhora de
 quinhão autónomo
 direito a bem indiviso não sujeito a registo
 direito real de habitação periódica
 outro direito real cujo objeto não deva ser apreendido97
 quota em sociedade

Comecemos por recordar as restrições à penhora dos próprios bens que integram
a universalidade do património autónomo ou de bem indiviso estabelecidas no art.º
743.º.

Diz-nos o n.º 1 do art.º 781.º que a penhora de quinhão em património autónomo


ou direito a bem indiviso não sujeito a registo consiste unicamente na notificação do
facto ao administrador dos bens (cfr. art.ºs 985.º, 1047.º e 2079.º, todos do Cód. Civil),
se o houver, e aos contitulares, com expressa advertência de que o direito fica
penhorado à ordem do agente de execução, desde a data da primeira notificação
efetuada a qualquer deles (administrador ou contitulares).

Serão, ainda, notificados de que podem fazer as declarações que entenderem


quanto ao direito do executado, no prazo de 10 dias ou no próprio ato de notificação
quando for por contacto pessoal do agente de execução (cfr. art.º 773.º, n.º 2), e ao
modo de o tornar efetivo, podendo dizer se pretendem que a venda tenha por objeto
todo o património autónomo (ex. herança) ou a totalidade do bem indiviso (cfr. art.º
781.º). Se, posteriormente, todos os contitulares forem unânimes quanto à venda total,
a ela se procederá (cfr. art.º 781.º, n.º 4).

Se algum deles contestar o direito do executado, o agente de execução notificará


exequente e executado para, no prazo de 10 dias (cfr. n.º 1 do art.º 775.º e n.º 3 do
art.º 781.º), se pronunciarem sobre o requerimento, seguindo-se os demais trâmites
prescritos no art.º 775.º. A penhora de direito real de habitação periódica consiste
na notificação do facto ao administrador ou proprietário do empreendimento,
responsável pela administração das unidades de alojamento (cfr. art.º 25.º do Dec. Lei
n.º 275/93, de 5 de agosto).

Quanto à penhora de outros direitos reais, veja-se o caso da penhora da nua


propriedade duma fração autónoma a efetuar-se através da notificação do usufrutuário
(cfr. art.º 1439.º e seguintes do Cód. Civil).

97
Exemplo: penhora da nua propriedade em fração autónoma.

148
Manual de apoio / Ação Executiva
Finalmente, a penhora de quota em sociedade constitui-se, segundo o n.º 6 do
art.º 781.º, pela comunicação (eletrónica ou normal) à conservatória do registo
comercial competente (cfr. art.º 3.º-f) do Código do Registo Comercial), e
complementa-se com uma notificação à própria sociedade98, aplicando-se, quanto à
execução da quota, os art.ºs 183.º, 222.º e 239.º do Código das Sociedades Comerciais.

15. A oposição à penhora

Quando ao executado sejam penhorados bens, ele pode deduzir oposição nos
termos do art.º 856.º, no prazo de 20 dias a contar da citação efetuada após a
penhora, quando se trate de execução sumária, ou no prazo de 10 dias a contar da
notificação da penhora quando o executado já tiver sido anteriormente citado, nos
termos do art.º 785.º, o que se verifica na execução ordinária.

Um outro aspeto a considerar é que este incidente corre por apenso à


execução, de forma autónoma ou cumulado na oposição à execução (art.º 785.º, n.º
2, 856.º, n.ºs 3 e 4 e 732.º, n.º 1). À penhora pode igualmente opor-se o cônjuge do
executado quando ela incida sobre bens imóveis ou estabelecimento comercial
próprios ou comuns que não possam ser alienados livremente (cfr. art.ºs 786.º, n.º 1-
a) e 787.º do CPC e 1682.º-A do CC99), ou quando em execução movida contra um só
dos cônjuges, forem penhorados bens comuns do casal, por não serem conhecidos bens
suficientes próprios do executado (cfr. art.ºs 740.º, n.º 1).

Também ao terceiro cuja posse ou direito sobre certos bens seja afetada pela
penhora está reservado o direito de contra ela reagir por embargos de terceiro (cfr.
art.ºs 1285.º e 1311.º do CC e 342.º, n.º 1 do CPC).

Cumulado o incidente na oposição à execução, deverá o executado opoente


autoliquidar, previamente à apresentação do articulado, as taxas de justiça
correspondentes à oposição à execução e ao incidente da oposição à penhora, em
função dos respetivos valores tributários (cfr. art.ºs 529.º, n.º 2 e 530.º do CPC; 1.º e

98
A sede da sociedade constitui o seu domicílio, sem prejuízo de no contrato se estipular domicílio particular para
determinados negócios – art.º 12.º, n.º 2 do Código das Sociedades Comerciais integralmente republicado com o Dec.
Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março.

99
Segundo este normativo, carecem do consentimento de ambos os cônjuges a alienação da casa de morada de família
e, salvo se entre eles vigorar o regime de separação de bens, a alienação de imóveis ou de estabelecimentos próprios
ou comuns.

149
Manual de apoio / Ação Executiva
7.º do Regulamento das Custas Processuais e Tabela II aprovada pelo Decreto-Lei n.º
34/2008, de 26 de Fevereiro).

Pela dedução autónoma do incidente é obviamente exigível apenas a taxa de


justiça do incidente. O incidente autonomamente deduzido rege-se pelo disposto nos
art.ºs 293.º e 294.º, tal-qual os incidentes de instância, e só a decisão do juiz que
julgar prestada a caução pode suspender a execução relativamente aos bens
abrangidos pela oposição (cfr. art.ºs 915.º, n.º 1, 911.º e 785.º, n.º 3), suspensão esta
que se manterá até à decisão final do incidente a qual, sendo procedente, decretará
o levantamento da penhora sobre os bens envolvidos (n.º 6 do art.º 785.º).

O requerimento inicial da oposição à penhora deve ser submetido a despacho


liminar e se for admitido deve ser notificado o exequente para, querendo e no prazo
de 10 dias, exercer o direito de resposta, com a qual oferecerá todas as provas, sob o
efeito cominatório de a ausência de oposição implicar a confissão dos factos alegados
pelo executado.

Sendo admitido o incidente, a execução será suspensa quanto aos bens objeto da
oposição, e se o executado prestar caução, podendo prosseguir se houver outros bens
penhorados (cfr. art.º 785.º, n.º 3).

O exequente pode, ainda, nos termos do art.º 751.º n.º 3, al.ªs b) a e), requerer
a substituição ou reforço da penhora, tal como poderá fazê-lo o próprio executado nos
termos previstos na al.ª a) do mesmo artigo.

16. Concurso de credores

Efetuada a penhora, para além do cônjuge do executado, o agente de execução


deve proceder à citação dos credores que sejam titulares de direito real de garantia
para reclamarem o pagamento dos seus créditos (cfr. art.º 786.º,n.º 1 als. a) e b)).

O art.º 786.º não especifica as situações em que a citação deve ocorrer, mas, é
da leitura do n.º 4 do referido artigo que se afere a não admissão da reclamação de
créditos quando a penhora incide sob determinados bens. Ora se não são admitidos,
também não deverão ser citados de forma a não se praticarem atos inúteis nos
processos.

Assim, não deverá haver lugar à citação dos credores com privilégio creditório
geral, mobiliário ou imobiliário nas execuções em que tenha sido penhorado:

150
Manual de apoio / Ação Executiva
1 - Renda, vencimento ou rendimento periódico, veículo automóvel, ou bens
móveis de valor inferior a 25 UC.

2 - Crédito exequendo inferior a 190 UC e cumulativamente a penhora incida em


moeda corrente, nacional ou estrangeira e depósito bancário em dinheiro;

3 - Crédito inferior a 190 UC e cumulativamente a penhora incida num direito de


crédito em que o exequente requeira a consignação de rendimentos, ou a adjudicação,
em dação em cumprimento, devendo o requerimento ser efetuado antes da
convocação de credores.

Citação das entidades fiscais por transmissão eletrónica de


dados
[Portaria n.º 331-A/2009, de 30/3, com as alterações introduzidas pela
Portaria n.º 350/2013, de 3 de dezembro]

A Fazenda Nacional e o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, I.P.,


são citados exclusivamente por meios eletrónicos nos termos definidos na Portaria n.º
331-A/2009, de 30 de março, com as alterações introduzidas pela Portaria 350/2013,
de 3 de dezembro.

Esta citação é realizada pelo agente de execução no prazo de 5 dias, contados


do terminus do prazo concedido ao executado para se opor à penhora, através do
sistema informático de suporte à atividade dos agentes de execução (para os
solicitadores de execução e advogados) e do sistema informático CITIUS (para o oficial
de justiça) - cfr. art.º 9.º da Portaria n.º 331-A/2009, de 30 de março.

As referidas entidades consideram-se pessoalmente citadas na pessoa de


qualquer funcionário que aceda aos respetivos sistemas informáticos ou ao sitio da
Internet http://www.tribunaisnet.mj.pt.

Os sistemas informáticos da Fazenda Nacional, do Instituto da Segurança Social,


I.P., do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, I.P. e o sítio da internet
acima referido, asseguram a certificação da data e hora da primeira consulta da
citação, se anterior ao 5.º dia posterior à data da certificação da disponibilização desta
e a disponibilização desta informação, por via exclusivamente eletrónica e automática,
ao sistema informático CITIUS e ao sistema informático de suporte à atividade dos
agentes de execução.

151
Manual de apoio / Ação Executiva
A citação por transmissão eletrónica de dados efetuada nos termos atrás
referidos considera-se efetuada na data em que a entidade citanda proceder, pela
primeira vez, à consulta da citação e tem-se por efetuada na própria pessoa do
citando.

Caso a primeira consulta não seja efetuada nos primeiros quatro dias após a
data da disponibilização da citação, a mesma presume-se efetuada na própria
pessoa do citando no 5.º dia posterior àquela data, presumindo-se também que o
citado teve oportuno conhecimento dos elementos que lhe foram disponibilizados.

As citações eletrónicas acabadas de mencionar, quando realizadas por oficial


de justiça, não se mostram ainda possíveis, pelo que devem ser efetuadas pela via
normal – carta registada com aviso de receção.

A citação dos restantes credores é efetuada nos termos gerais, ou seja, por carta
registada com aviso de receção de modelo aprovado, não havendo lugar à citação
edital.

Após a citação, têm os credores o prazo de 15 dias para reclamar os seus créditos
(art.º 788.º, n.º 2).

Os titulares de direitos reais de garantia que não tenham sido citados, podem
reclamar espontaneamente o seu crédito até à transmissão dos bens penhorados (art.º
788.º, n.º 3).

As reclamações são autuadas num único apenso ao processo de execução


(art.º 788.º, n.º 8).

Terminado o prazo para a sua apresentação, a secção, oficiosamente, procede


à notificação do executado, do exequente, dos credores reclamantes, do cônjuge do
executado e do agente de execução, para no prazo de 15 dias a contar da notificação,
impugnarem os créditos reclamados (art.º 789.º, n.º 1).

De notar que o agente de execução não pode impugnar os créditos reclamados,


destinando-se esta notificação a dar-lhe conhecimento da existência da reclamação
dos créditos (cfr. n.ºs 2 e 3 do art.º 789.º)

Se for deduzida alguma impugnação, o credor cujo crédito haja sido impugnado
pode responder no prazo de 10 dias a contar da notificação (art.º 790.º).

152
Manual de apoio / Ação Executiva
O apenso de verificação e graduação de créditos segue os termos do processo
declarativo comum quando estejamos perante créditos impugnados cuja verificação
dependa de produção de prova (art.º 791.º, n.º 1).

Se o credor, não se encontrar munido de título executivo, embora o crédito


goze de garantia real sobre os bens penhorados, deverá, dentro do prazo da
reclamação de créditos, requerer que a graduação de créditos aguarde até que consiga
obter o título (cfr. art.º 792.º, n.º 1).

Recebido o requerimento, será dele, oficiosamente, notificado o executado


para, querendo, se pronunciar no prazo de 10 dias, esclarecendo-o que se reconhecer
a existência do crédito ou se nada disser formar-se-á o título executivo e considerar-
se-á reclamado o crédito, sem prejuízo da impugnação de que possa ser alvo por parte
do exequente e demais credores.

Se o executado negar a existência do crédito, o credor terá de obter, em ação


própria, sentença exequível, após o que poderá, então, reclamar o seu crédito na
execução.

Na eventualidade de esta ação já ter sido proposta e estiver pendente à data do


requerimento, o requerente deverá ali requer a intervenção principal do exequente e
demais credores nos termos do art.º 316.º.

Se a ação ainda não tiver sido proposta, o requerente deverá propô-la contra o
executado, exequente e demais credores.

O requerimento não obsta à venda ou à adjudicação de bens, nem à verificação


dos créditos reclamados, mas o requerente é admitido a exercer, na execução, os
mesmos direitos reconhecidos ao credor cuja reclamação haja sido admitida (art.º
792.º, n.º 6).

17. Pluralidade de execuções sobre os mesmos bens

Pendendo mais de uma execução sobre os mesmos bens, o agente de


execução susta quanto a estes a execução em que a penhora tiver sido posterior,
podendo o exequente reclamar o respetivo crédito no processo em que a penhora
é mais antiga – art.º 794.º, n.º 1;

A reclamação deve ser apresentada no prazo de 15 dias, após a notificação da


sustação da execução, caso o exequente ainda não tiver sido citado no processo em

153
Manual de apoio / Ação Executiva
que a penhora é mais antiga, provocando a suspensão dos efeitos da graduação de
créditos se já tiver ocorrido e, sendo a reclamação atendida, será proferida nova
decisão na qual será incluído o crédito reclamado - art.º 794.º n.º 2;

Na execução sustada, pode o exequente desistir da penhora relativa aos bens


penhorados no outro processo e indicar outros em sua substituição – art.º 794.º n.º 3.

No caso de haver sustação integral, ou seja, sendo sustada a execução sobre


todos os bens penhorados, esta implica a extinção da instância a declarar pelo agente
de execução, sem prejuízo da renovação da instância permitida ao exequente, quando
indique concretos bens a penhorar, conforme determina o n.º 5 do art.º 850.º ( cfr.
art.º 794.º, n.º4).

18. Pagamentos

Findo o prazo para a reclamação de créditos (cfr. art.º 788.º, n.º 2), a execução
prossegue, independentemente dos trâmites do apenso de verificação e graduação de
créditos, com as necessárias diligências para a realização dos pagamentos, a efetuar,
obrigatoriamente, no prazo de três meses a contar da penhora (cfr. art.º 796.º, n.º
1), à exceção da consignação de rendimentos, que pode ser requerida pelo exequente
e deferida logo a seguir à penhora.

São modalidades de pagamentos (cfr. art.º 798.º):

- entrega de dinheiro (cfr. art.º 798.º);


- adjudicação dos bens penhorados (cfr. art.ºs 799.º a 802.º);
- consignação judicial dos seus rendimentos (cfr. art.ºs 803.º a 805.º);
- pagamento em prestações (cfr. art.ºs 806.º a 809.º);
- acordo global (cfr. art.º 810.º)
- venda (cfr. art.ºs 811.º e seguintes.).

154
Manual de apoio / Ação Executiva
18.1 Entrega de dinheiro (art.º 798º)

Se a penhora recair em moeda corrente, depósito bancário em dinheiro ou outro


direito de crédito pecuniário, o exequente ou qualquer credor que o sobreponha é
pago pelo dinheiro existente até ao montante do seu crédito, tendo sempre em
atenção o previsto no art.º 541.º (garantia do pagamento das custas).

Julgada improcedente a oposição à execução ou decorrido o prazo para ela, o


agente de execução:

Entrega ao exequente as rendas, abonos, vencimentos, salários ou outros


rendimentos periódicos, que não garantam crédito reclamado, até ao valor da quantia
exequenda, depois de deduzido o montante correspondente às despesas previsíveis da
execução entre as quais se incluem as custas da execução; e

Adjudica ao exequente as quantias vincendas, notificando a entidade pagadora


para as entregar diretamente ao exequente – extinguindo a execução (cfr. art.º 779.º,
n.ºs 3 e 4).

Não sendo satisfeito, integralmente, o crédito exequendo, o exequente pode


requerer a renovação da instância para satisfação do remanescente – não se repetem
as citações e aproveita-se tudo o que tiver sido processado relativamente aos bens em
que prossegue a execução, notificando-se os outros credores e o executado da
apresentação do requerimento para prosseguimento da execução – cfr. 779.º, n.º 5 e
850.º, n.º 4.

Na penhora se saldos bancários, o agente de execução entrega ao exequente as


quantias penhoradas que não garantam crédito reclamado, até ao valor da dívida
exequenda, depois de descontado o montante relativo a despesas de execução,
referido no n.º 3 do art.º 750.º- cfr. art.º 780.º, n.º 13.

18.2 Adjudicação (art.ºs 799.º a 802.º)

Esta modalidade de pagamento consiste na possibilidade que o exequente e os


credores reclamantes têm para pedir que os bens penhorados não compreendidos nos
art.º s 830.º e 831.º lhe sejam adjudicados como pagamento completo ou parcial do

155
Manual de apoio / Ação Executiva
seu crédito, tendo sempre em atenção, como atrás já foi referido, que as custas saem
precípuas do produto dos bens penhorados (cfr. art.º 541.º).

Todos os bens penhorados podem ser objeto de adjudicação, à exceção dos que,
de acordo com o disposto nos art.ºs 830.º e 831.º, devam ser vendidos nas bolsas de
capitais ou mercadorias ou a certas entidades (cfr. art.º 799.º, n.º 1).

O requerente deve indicar o preço em que assenta a sua oferta, o qual não
poderá ser inferior a 85% do valor base dos bens (cfr. art.º 816.º, n.º 2).

Cabe ao agente de execução fazer a adjudicação, mas, se à data do


requerimento já estiver anunciada a venda por propostas em carta fechada, esta não
será sustada e a pretensão do requerente só será considerada se não houver
pretendentes que ofereçam preço superior (cfr. art.º 799º, n.º 4).

Requerida a adjudicação, será designado dia e hora para abertura das propostas
de preço superior ao oferecido, notificando-se o exequente, os preferentes, executado
e credores reclamantes, se os houver. Na adjudicação, a publicitação segue os termos
previstos para a venda mediante propostas em carta fechada (cfr. 800.º n.º 1), que
mais adiante abordaremos.

A abertura de propostas tem lugar perante o juiz se se tratar de imóveis ou,


tratando-se de estabelecimento comercial, se o juiz o determinar. Nos restantes
casos, as propostas são abertas perante o agente de execução, desempenhando este
as funções reservadas ao juiz na venda do imóvel, aplicando-se, as normas da venda
por propostas em carta fechada, devidamente adaptadas (cfr. art.º 800.º, n.º 3).

Se não surgir qualquer proposta e ninguém comparecer a exercer o direito de


preferência, aceita-se o preço oferecido pelo requerente. Se houver propostas de
maior preço, observar-se-á o disposto nos art.ºs 820º e 821º, ou seja, em princípio
aceita-se o preço de maior valor, em proteção de todos os interessados.

Se o requerimento de adjudicação tiver sido feito depois de anunciada a venda


por proposta em carta fechada e esta não tiver qualquer proposta, são logo adjudicados
os bens ao requerente (cfr. art.º 801.º, n.º 3).

A adjudicação como atrás foi referido, cabe ao agente de execução, a qual é


efetuada nos termos do art.º 817.º (cfr. art.º 802.º).

156
Manual de apoio / Ação Executiva
18.3 Consignação de rendimentos (art.ºs 803º a 805º)

Esta modalidade de pagamento pode ser requerida ao agente de execução logo


após a penhora de bens e até à venda ou adjudicação, desde que a penhora tenha
recaído em bens imóveis ou móveis sujeitos a registo (cfr. art.º 803º, n.º 1).

Diversamente da adjudicação de bens, que pode ser requerida igualmente pelos


credores reclamantes, a consignação de rendimentos só pode ser requerida pelo
exequente.

Ouvido o executado, se este não requerer a venda, é deferido o requerido ao


exequente, sendo este pago pelo rendimento dos bens.

Se a consignação de rendimentos for deferida antes de se iniciar a fase da


convocação de credores, esta não se realiza (cfr. art.º 803.º, n.º 3) uma vez que os
bens não são transmitidos.

A consignação efetua-se por comunicação ao serviço competente de registo,


através de comunicação eletrónica, sendo o registo efetuado por averbamento (cfr.
art.º 803.º, n.ºs 4 e 5).

18.4 Pagamento em prestações (art.º s 806.º a 809.º)

É admissível o pagamento em prestações da dívida exequenda, se se verificarem


os seguintes pressupostos:

- Exequente e executado estarem de comum acordo, no pagamento em


prestações da dívida exequenda, que terá de ser requerida ao agente de
execução até à transmissão do bem penhorado ou, no caso da venda
mediante proposta em carta fechada, até à aceitação da proposta
apresentada;

- No referido requerimento para pagamento em prestações constar o plano de


pagamento acordado;

- Extinguindo-se a execução.

157
Manual de apoio / Ação Executiva
De acordo com o artigo 807.º n.º 1, se o exequente não desistir da penhora deve
esta ser convertida em hipoteca (para bens imóveis ou bens móveis sujeitos a registo,
onde se incluem os veículos automóveis – cfr. alínea f) do n.º 1 do artigo 688.º do CC
e Artigo 4.º do Dec. Lei n.º 54/75) ou penhor (para bens móveis não sujeitos a registo).

O agente de execução deve comunicar à conservatória competente, a conversão


da penhora em hipoteca, atualizar o registo informático de execuções com a respetiva
informação100 e, depois de cumprido o acordo, comunicar à conservatória a extinção
da hipoteca ou penhor – cfr. art.º 807.º, n.º 4.101

Convertida a penhora em penhor deve o agente de execução atualizar o registo


informático de execuções com aquela menção – alínea f) do n.º 2 do art.º 717.º

Perante a falta de pagamento de qualquer prestação, nos termos acordados, o


exequente pode requerer a renovação da execução, de acordo com o art.º 850.º - cfr.
art.º 808.º, n.º 1.

Na execução renovada, a penhora inicia-se pelos bens sobre os quais tenha sido
constituída hipoteca ou penhor, só podendo recair noutros quando se reconheça a
insuficiência deles para conseguir os fins da execução – cfr. art.º 808.º, n.º 2

Se estiver a correr termos algum processo de verificação de créditos, pode o


credor reclamante, cujo crédito esteja vencido, requerer a renovação da instância
para satisfação do seu crédito, nos termos previstos no art.º 809.º.

18.5 Acordo global (art.º 810.º )

O exequente, executado e credores reclamantes podem acordar num plano de


pagamentos, que pode consistir numa simples moratória, num perdão, total ou
parcial, de créditos, ou na substituição, total ou parcial, de garantias ou ainda na
constituição de novas garantias, extinguindo-se a execução – art.º 810.º, n.ºs 1 e 2.

O incumprimento dos termos do acordo, no prazo de 10 dias, após interpelação


escrita do exequente ou do credor reclamante, implica, na falta de convenção expressa

100
Cfr. alínea e) do n.º 2 do art.º 717.º
101
Deve ainda fazer menção no registo informático de execuções do cumprimento do acordo nos termos previstos na
alínea g) do n.º 2 do art.º 717.º

158
Manual de apoio / Ação Executiva
em contrário, a renovação da execução para pagamento do remanescente do crédito –
cfr. art.º 810.º n.ºs 3 a 5.

19. Modalidades de venda – art.º s 811.º e seguintes

O n.º 1 do art.º 811.º prevê as seguintes modalidades de venda:

 Proposta em carta fechada (art.º s 816.º e seguintes.);


 Venda em mercados regulamentares (art.º 830.º);
 Venda direta a pessoas ou entidades que tenham direito a adquirir os
bens (art.º 831.º);
 Venda por negociação particular (art.º s 832.º e 833.º);
 Venda em estabelecimento de leilões (art.º 834.º);
 Venda em depósito público ou equiparado (art.º 836.º);
 Venda em leilão eletrónico - (art.º 837.º).

Quando não esteja prevista na lei, cabe ao agente de execução decidir sobre a
modalidade da venda, depois de ouvidos os interessados, devendo a decisão ter como
objeto as seguintes questões (cfr. art.º 812.º, n.ºs 1 e 2):

- modalidade da venda;
- valor base dos bens a vender;
- eventual formação de lotes, com vista à venda em conjunto dos bens
penhorados.

A fixação do valor base dos bens imóveis é:

- Igual ao seu valor patrimonial tributário, nos termos de avaliação


efetuada há menos de seis anos;
- Igual ao seu valor de mercado, podendo o agente de execução realizar as
diligências necessárias à determinação do valor, quando o considerar
vantajoso ou algum dos interessados lho solicitar.

159
Manual de apoio / Ação Executiva
A fixação do valor base dos bens nos restantes casos

Quanto aos restantes bens, compete ao agente de execução fixar o seu valor base
de acordo com o valor de mercado, podendo realizar as diligências necessárias à
determinação do valor, quando o considerar vantajoso ou algum dos interessados lho
solicitar.

A decisão do agente de execução é notificada a todos os interessados,


preferencialmente por meios eletrónicos, os quais poderão manifestar a sua
discordância perante o juiz, que apreciará a reclamação por decisão insuscetível de
recurso (cfr. art.º 812.º, n.ºs 6 e 7).

19.1 Venda mediante proposta em carta fechada - art.ºs


816.º e seguintes.

A lei privilegia este tipo de venda para os imóveis penhorados que não hajam de
ser vendidos de outra forma e para os estabelecimentos comerciais de valor superior
a 500 UCs, afastando desta modalidade de venda os bens móveis penhorados (cfr. art.ºs
816.º n.º 1 e 829.º).

Assim, os imóveis são vendidos por propostas em carta fechada (cfr. art.ºs
816.º, n.º 1 e 822.º, n.º 2), sem prejuízo de poderem sê-lo noutras modalidades,
conforme mais adiante se verá.

Decidida a venda de imóveis por propostas em carta fechada, cabe ao juiz


designar dia e hora para a abertura das propostas, competindo ao agente de execução
ou oficial de justiça, consoante o caso, publicitá-la por meio de um edital afixado na
porta do prédio a vender e de um anúncio na página informática do tribunal102, com a
antecedência mínima de dez dias (cfr. art.º 817.º, n.º 1 e art.º 19 da Portaria 282/2013,
de 29 de agosto).

O valor da venda a anunciar é o correspondente a 85% do valor base dos bens


(cfr. art.º 816.º, n.º 2).

Esta venda efetua-se no tribunal da execução, salvo se o juiz, oficiosamente


ou a requerimento dos interessados, determinar que a mesma deva ter lugar no
tribunal da localização dos bens (cfr. art.º 816.º, n.º 3).

102
http://www.citius.mj.pt/Portal/consultas/ConsultasVenda.aspx.

160
Manual de apoio / Ação Executiva
O edital é afixado pelo agente de execução ou oficial de justiça, consoante o
caso, na porta dos prédios urbanos a vender (cfr. art.º 816.º, n.º 3).

O anúncio em página informática de acesso público no endereço eletrónico


http://www.citius.mj.pt/consultas/ConsultasVenda.aspx, – cfr. art.º 817.º, n.º 1-a) e
n.º 1 do art.º 19.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto.

Quer o anúncio quer o edital deverão conter:

 A identificação do processo de execução;


 O nome do executado;
 A identificação do agente de execução;
 As características do bem;
 A modalidade da venda;
 O valor para a venda;
 O dia, hora e local de abertura das propostas;
 O local e horário fixado pelo depositário para facultar a inspeção do bem;
 Menção, sendo caso disso, ao facto de a sentença que serve de título executivo
estar pendente de recurso ou de oposição à execução ou à penhora.
 Deverão, ainda, conter quaisquer outras informações relevantes,
designadamente, os ónus e ou encargos que incidirem sobre o bem, assim como,
sempre que possível, fotografia que permita identificar as características
exatas do bem e o seu estado de conservação
 Se a sentença que se executa estiver pendente de recurso ou estiver ainda
pendente oposição à execução ou à penhora, far-se-á- também menção.

Nota:

Para a publicação do anúncio em página informática de acesso


público (Portal Citius) não existe qualquer documento na aplicação
Citius.

A publicação processa-se de forma automática mediante a


atualização dos elementos constantes do registo informático de
execuções, encarregando-se a aplicação informática de exportar
os dados inseridos (a sincronização não é imediata, podendo
demorar cerca de 30 minutos). Para que tal aconteça tanto o
processo como o bem penhorado deverão estar disponíveis para

161
Manual de apoio / Ação Executiva
consulta, o estado do bem deverá ser atualizado para “Em venda”,
e a modalidade da venda, a data, hora, local e valor base devem
estar corretamente inseridos.

Os restantes elementos
obrigatórios deverão ser
inseridos no campo da
descrição do bem:

Além dos meios publicitários atrás mencionados, são admissíveis outros meios de
divulgação da venda, como, por exemplo, os jornais - cfr. art.º 817.º, n.º 2.

Os bens a vender devem ser mostrados pelo depositário designado (cfr. art.º
819.º) a quem os queira examinar podendo este fixar as horas para o efeito, devendo
o agente de execução fazer esta menção no anúncio e edital.

Para que se possa incluir na publicidade a dar à venda, do local e horário fixado
para a inspeção dos bens a vender, deverá o agente de execução notificar o
depositário para esse fim, notificação esta que poderá juntar-se à da decisão sobre a
modalidade da venda nos termos do art.º 812.º.

162
Manual de apoio / Ação Executiva
Devem ser notificados os titulares de direito de preferência legal ou
convencional com eficácia real sobre os bens penhorados, informando–os do dia, hora
e local para a abertura das propostas (cfr. art.º 819.º, n.º s 1 e 2).

Nota:

Às notificações aplicam-se as regras referentes à citação, isto é,


por carta registada com aviso de receção. A não notificação de
algum preferente não impede de propor ação de preferência nos
termos do art.º 1410.º do C. Civil.

As propostas são entregues na secretaria do tribunal (até ao momento de


abertura) e abertas pelo agente de execução ou pelo oficial de justiça, consoante os
casos, na presença do juiz, devendo assistir à abertura o agente de execução,
podendo também assistir, se quiserem, o executado, o exequente, credores
reclamantes que detenham garantias reais sobre os bens a vender e os proponentes
(cfr. art.º 820.º, n.º 1).

O proponente deve juntar à proposta, como caução, um cheque visado, à ordem


da secretaria ou do agente de execução, consoante as diligências de execução sejam
realizadas por oficial de justiça ou por agente de execução (solicitador de execução
ou advogado) no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda, ou
garantia bancária no mesmo valor (cfr. art.º 824.º, n.º 1).103

Se o preço mais elevado for oferecido por mais de um proponente abre-se logo
licitação entre eles, salvo se declararem que pretendem adquirir os bens em
compropriedade (cfr. art.º 820.º, n.º 2).

O exequente pode manifestar, no ato de abertura das propostas, vontade de


adquirir os bens, abrindo-se logo licitação entre si e o proponente do maior preço; caso
o proponente do maior preço não esteja presente, o exequente pode cobrir a proposta
daquele (cfr. art.º 820.º, n.º 5).

Após abertura das propostas, da licitação ou do sorteio a que haja lugar, são as
mesmas apreciadas pelo exequente, executado e credores que hajam comparecido. Se
nenhum estiver presente, considera-se aceite a proposta de maior valor (cfr. art.º
821.º, n.º 1).

103
No regime anterior ao Dec. Lei n.º 226/2008, o montante da caução era o de 20% calculado sobre o valor base dos
bens.

163
Manual de apoio / Ação Executiva
Aceite alguma proposta, é o proponente notificado para, no prazo de 15 dias,
depositar na execução ou numa instituição de crédito, consoante as diligências
sejam efetuadas por oficial de justiça ou agente de execução (solicitador de execução
ou advogado), a totalidade ou parte do preço em falta com a cominação prevista no
art.º 825.º (cfr. art.º 824.º, n.º s 1 e 2).

Não serão aceites as propostas de valor inferior ao valor anunciado, salvo se o


exequente, o executado e todos os credores com garantia real sobre os bens a vender
acordarem na sua aceitação (cfr. art.º 821.º n.º 3).

Se o proponente não depositar o preço dentro do prazo atrás referido, o


agente de execução, ouvidos os interessados na venda, poderá:

 Determinar que a venda fique sem efeito e aceitar a proposta de valor


imediatamente inferior, perdendo o proponente o valor da caução;
 Determinar que a venda fique sem efeito e efetuar a venda dos bens através da
modalidade mais adequada, não podendo ser admitido o proponente ou
preferente remisso a adquirir novamente os mesmos bens e perdendo o valor
da caução constituída nos termos do n.º 1 do artigo 824.º;
 Liquidar a responsabilidade do proponente ou preferente remisso, devendo ser
promovido perante o juiz o arresto em bens suficientes para garantir o valor
em falta, acrescido das custas e despesas, sem prejuízo de procedimento
criminal e sendo aquele, simultaneamente, executado no próprio processo para
pagamento daquele valor e acréscimos.

Em suma, ouvidos todos os interessados na venda, poderá ser determinado que


aquela fique sem efeito, aceitando-se a proposta de valor imediatamente inferior ou
determinando-se que os bens voltem a ser vendidos mediante novas propostas em
carta fechada ou por negociação particular, perdendo o proponente, em qualquer
dos casos, o valor apresentado como caução.

Auto de abertura e aceitação de propostas (cfr. art.º 826.º)

Antes da adjudicação do bem, o agente de execução ou oficial de justiça,


consoante o caso, deve interpelar os titulares de direito de preferência que estejam
presentes para que declarem se querem exercer o seu direito (cfr. art.º 823.º, n.º 1).

164
Manual de apoio / Ação Executiva
Caso se apresente mais de uma pessoa com igual direito de preferência, abre-se
licitação entre elas, sendo aceite o lance de maior valor (cfr. n.º 2 do art.º 823.º).

Aos preferentes que pretendam exercer esse direito aplicam-se as regras,


devidamente adaptadas, do art.º 824.º, n.º 1, isto é, a caução dos 5% sobre o valor
anunciado para a venda, devendo depositar o remanescente do valor no prazo de
15 dias, à ordem da secretaria ou em instituição bancária à ordem do agente de
execução, consoante as diligências sejam efetuadas por oficial de justiça ou agente de
execução.

Finalmente, após o pagamento total do preço e satisfeitas as obrigações fiscais


inerentes à transmissão, são os bens adjudicados e entregues ao adquirente, mediante
a passagem do título de transmissão pelo agente de execução (cfr. art.º 827.º, n.º
1).

Por fim, o agente de execução comunica à conservatória a transmissão operada


pela venda para o respetivo averbamento de cancelamento dos registos que houverem
de ser cancelados (cfr. art.ºs 824.º, n.º 2 do CC, 101.º, n.º 5 do Cód. Registo Predial,
827.º, n.º 2 do CPC).

O agente de execução ou o oficial de justiça lavra o auto de abertura e


aceitação das propostas, no qual descreverão todas as incidências e vicissitudes.

19.2 Venda por negociação particular – art.ºs 832.º e 833.º

A venda por negociação particular prevista no art.º 832.º pode surgir nas
seguintes situações:

- quando o exequente propõe um comprador ou um preço e, depois de


ouvir o executado e demais credores, é aceite;
- quando o executado propõe um comprador ou um preço e, ouvidos o
exequente e demais credores, é aceite;
- quando haja urgência na realização da venda e esta for reconhecida pelo
juiz como por exemplo bens que se deteriorem ou depreciem;
- quando se frustre a venda por proposta em carta fechada (cfr. art.º 822.º,
n.º 2);
- quando se frustre a venda em depósito público ou equiparado por falta de
proponentes ou não aceitação das propostas e, atenta a natureza dos
bens, tal seja aconselhável;

165
Manual de apoio / Ação Executiva
- quando se frustre a venda em leilão eletrónico, por falta de proponentes;
- o bem em causa tenha um valor inferior a 4 UC.

Esta venda é efetuada por uma pessoa especialmente designada para o efeito
pelo agente de execução, podendo ele próprio ser encarregado da venda (nunca o
oficial de justiça) por acordo de todos os credores e sem oposição do executado, ou,
na falta de acordo ou havendo oposição, por determinação do juiz. Para a venda de
imóveis é preferencialmente designado um mediador oficial (cfr. art.º 833.º, n.º s 1 a
3).

O preço oferecido deve ser imediatamente pago na sua totalidade antes de


lavrado o instrumento da venda (cfr. art.º 827.º, n.º 1).

19.3 Venda em estabelecimento de leilão – art.º 834.º

A venda em estabelecimento de leilão é efetuada quando:

- O exequente, executado ou credor reclamante com garantia sobre o bem, o


proponha e não haja oposição dos restantes;

- Tratando-se de bens móveis o agente de execução opte por esta modalidade


nos termos da al. b) do artigo em anotação.

Esta modalidade de venda abrange bens móveis e imóveis e é efetuada pelo


pessoal do estabelecimento de leilão.

Cabe ao gerente do estabelecimento depositar o preço líquido em instituição de


crédito, à ordem do agente de execução ou, nos casos em que as diligências de
execução são realizadas por oficial de justiça, da secretaria, e fazer chegar ao processo
o respetivo conhecimento, nos cinco dias posteriores à realização da venda, sob
cominação das sanções aplicáveis ao infiel depositário (cfr. art.º 771.º).

19.4 Venda em depósito público ou equiparado

(art.º836.º do CPC e art.ºs 27.º a 35.º da Portaria n.º 282/20913, de 29 de agosto)

166
Manual de apoio / Ação Executiva
É uma modalidade de venda que está vocacionada para a venda de bens que
tenham sido removidos para o depósito e que não devam ser vendidos de outra
forma.104

De acordo com o art.º 28.º, n.º 1 da Portaria 282/2013, de 29 de agosto, salvo


disposição legal em contrário, os bens a remover para depósito público ou equiparado
são:
- Bens móveis não sujeitos a registo;
- Bens móveis sujeitos a registo, quando seja necessária ou conveniente a sua
remoção efetiva, desde que a natureza do bem não seja incompatível com
a estrutura do armazém.
Da conjugação daquela disposição com o n.º 3 do art.º 768.º resulta que após a
penhora e a imobilização do veiculo automóvel este só será removido para o respetivo
depósito se e quando o agente de execução achar conveniente.

Esta venda será feita mensalmente, após ser publicitada nos termos do n.º 2 do
art.º 836.º.

Os bens que se encontrem em depósito público ou equiparado são vendidos desde


que a execução não se encontre suspensa e assim que a venda seja processualmente
possível. Excetuam-se os bens que possam ser vendidos de forma antecipada nos
termos do artigo 814.º.

Cabe ao depositário disponibilizar aos agentes de execução, por escrito ou em


formato eletrónico que permita um registo temporário da informação, todas as
informações relativas à periodicidade das vendas, datas em que devem ser realizadas
e modo de realização de cada venda, bem como os bens que devem ser vendidos e o
respetivo valor base (cfr. art.º 31.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto).

A venda em depósito público ou equiparado só pode ser realizada mediante:

- Regime de leilão eletrónico;


- Regime de leilão;

104
Por depósito público entende-se qualquer local de armazenagem de bens que tenha sido afeto, por despacho do
Diretor-Geral da Administração da Justiça, à remoção e depósito de bens penhorados no âmbito de um processo
executivo.

Por depósito equiparado a depósito público entende-se qualquer local de armazenagem de bens que tenha sido afeto
por um agente de execução à remoção e depósito de bens penhorados no âmbito de um processo executivo e cuja
propriedade, arrendamento ou outro título que lhe confira a utilização do local ou dos serviços de armazenagem seja
registado por via eletrónica junto da Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução.

167
Manual de apoio / Ação Executiva
- Negociação particular;
- Venda direta a pessoas ou entidades que tenham um direito reconhecido a
adquirir os bens.

Os bens removidos para depósito público ou equiparado são preferencialmente


vendidos em leilão eletrónico e, frustrando-se a venda nesta modalidade, serão
vendidos em leilão.

Frustrada a venda em leilão eletrónico e em leilão, os bens poderão ser vendidos


mediante negociação particular.

19.5 Venda em regime de leilão (cfr. art.º 33.º da


portaria 282/2013, de 29 de agosto)

A venda em leilão deve ser realizada em local aberto ao público,


preferencialmente no próprio local do depósito, salvo se a natureza da venda ou dos
bens aconselhar outro local específico.

Para além da publicidade prevista n.º 2 do artigo 836.º, esta venda deve ser
também publicitada na página eletrónica do depositário.

Os interessados têm o direito de inspecionar os bens a vender, no local onde


estes se encontrarem, entre a data de publicitação e a data de realização da venda.

A venda em leilão tem periodicidade semanal ou mensal de acordo com o


volume de bens, sendo depositário o responsável por essa organização.

A venda deve ser realizada na presença do agente de execução, sempre que


possível, devendo os interessados na aquisição dos bens inscrever-se junto do
depositário até ao início da realização da venda.

Após a identificação de cada bem ou lote de bens podem os presentes


apresentar verbalmente propostas de aquisição, em regime de leilão. Ao interessado
que apresentar a proposta mais elevada é a quem o bem é vendido, devendo de
imediato pagar o preço. O titular do depósito tem 2 dias para entregar ao agente de
execução o valor apurado na venda.

Caso o agente de execução não possa estar presente, devem ser definidas as
condições de aceitação da venda e entregá-las ao depositário.

168
Manual de apoio / Ação Executiva
Os bens adquiridos devem ser entregues ao respetivo adquirente no prazo
máximo de cinco dias, após a entrega ao agente de execução do produto da venda.

Do resultado da venda é lavrada ata, que deve ser assinada pelo agente de
execução ou agentes de execução, pelo adquirente e pelo depositário.

É aplicável à venda em regime de leilão o disposto no n.º 2 do artigo 816.º (valor


base para a venda).

19.6 Venda em leilão eletrónico – art.º 837.º CPC e art.ºs


20.º a 26.º da Portaria 282/2013, de 29 de agosto 105

Esta modalidade de venda exclui do seu âmbito os bens que devam ser vendidos
em bolsa ou através de venda direta (art.ºs 830.º e 831.º do CPC).

A venda de bens imóveis e de bens móveis penhorados é feita preferencialmente


em leilão eletrónico.

A venda em leilão eletrónico efetua-se através duma plataforma eletrónica


acessível na Internet, concebida especificamente para permitir a licitação dos bens a
vender em processo de execução, nos termos definidos na Portaria n.º 282/2013, de
29 de agosto e nas regras do sistema aprovadas pela entidade gestora da plataforma
(OSAE) e homologadas pelo membro do Governo responsável pela área da justiça
(Despacho n.º 12624/2015, do Gabinete da Ministra da Justiça).

A entidade gestora da plataforma disponibiliza a todos os interessados, em sítio


da Internet de acesso público definido nas regras do sistema, a consulta dos anúncios
de venda de bens que decorra através de leilão eletrónico bem como as regras do
sistema.

A plataforma eletrónica supra-referida dispõe de um módulo de acesso restrito


a utilizadores registados no sistema, no qual se processa a negociação dos bens a
vender em leilão eletrónico, estando permanente e publicamente visível em cada

105
Entende-se por leilão eletrónico a modalidade de venda, que se processa em plataforma eletrónica acessível na
Internet, concebida especialmente para permitir a licitação de bens a vender em processo de execução. As regras
respeitantes à plataforma a que se refere o art.º 20.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto encontram-se
regulamentadas pelo Despacho n.º 12624/2015, do Gabinete da Ministra da Justiça, publicado no Diário da República,
2ª Série, de 9 de novembro de 2015.

169
Manual de apoio / Ação Executiva
leilão o preço base dos bens a vender, o valor da última oferta e o valor de venda
efetiva dos bens leiloados.

Só podem licitar utilizadores que se encontrem registados, após autenticação


efetuada de acordo com as regras do sistema (cartão do cidadão ou chave móvel
digital).

A cada utilizador registado são fornecidas credenciais de acesso constituídas por


um nome de utilizador e uma palavra-chave pessoais e intransmissíveis, que permitam
a sua autenticação na plataforma.

O dia e a hora de abertura e de termo de cada leilão eletrónico são estabelecidos


pela entidade gestora da plataforma eletrónica, sendo tais prazos divulgados na
mencionada plataforma eletrónica, pelo menos, com cinco dias de antecedência face
ao seu início.

As ofertas de licitação para aquisição dos bens em leilão são introduzidas na


plataforma, entre o momento de abertura do leilão e o dia e hora designados na
plataforma eletrónica referida no artigo anterior para o seu termo e uma vez
introduzidas no sistema, não podem ser retiradas.

Só podem ser aceites ofertas de valor igual ou superior ao valor base da licitação
de cada bem a vender e, de entre estas, é escolhida a proposta cuja oferta corresponda
ao maior dos valores de qualquer das ofertas anteriormente inseridas no sistema para
essa venda.

As regras respeitantes à plataforma a que se refere o art.º 20.º da Portaria


282/2013 encontram-se regulamentadas pelo Despacho n.º 12624/2015, do Gabinete
da Ministra da Justiça, publicado no Diário da República, 2ª Série, de 9 de novembro
de 2015. O acesso por parte dos Oficiais de Justiça à plataforma do leilão eletrónico
encontra-se previsto em protocolo celebrado com a Ordem dos Solicitadores e Agentes
de Execução106.

106
Por necessidade de desenvolvimentos técnicos na aplicação de suporte à tramitação das secretarias judiciais
(Citius), ainda não é possível ao oficial de justiça proceder à venda de bens em leilão eletrónico.

170
Manual de apoio / Ação Executiva
20. Direito de remição

Este direito é concedido ao cônjuge do executado que não esteja separado


judicialmente de pessoas e bens e seus parentes em linha reta e consiste num direito
especial de preferência (cfr. art.º 842.º).

Este direito de remição prevalece sobre o direito de preferência (cfr. art.º 844.º,
n.º 1).

21. Extinção da execução

Regra geral a execução extingue-se pelo pagamento coercivo da quantia


exequenda e legais acréscimos.

Este pagamento, como atrás foi referido, pode revestir a forma de venda,
adjudicação ou consignação de rendimentos. (cfr. art.ºs 799.º e 803.º).

Mas, pode o executado ou terceiro fazer extinguir o processo executivo através


de um ato voluntário (cfr. art.º 846.º, n.º 1).

Prevê ainda o art.º 849.º outras formas de extinção do processo executivo a


saber:

 Adjudicação de quantias vincendas, notificando a entidade


pagadora para as entregar diretamente ao exequente (al. b) n.º 4
do Art.º 779.º);
 Pluralidade de execuções sobre os mesmos bens - sustação integral
(n.º 4 do Art.º 794.º);
 Falta de entrega do original do título executivo (n.º 5 do Art.º
724.º);
 Pagamento em prestações (n.º 2 do Art.º 806.º);
 Acordo global (n.º 2 do Art.º 810.º).
 Pagamento parcial (Art.º 797.º)

São ainda motivos de extinção:


 Extinção nos termos do art.º 748.º, n.º 3, ou seja, quando contra o
executado tenha sido movida execução anterior sem integral pagamento
e o agente de execução não encontra bens, nem o exequente os indica

171
Manual de apoio / Ação Executiva
Extinção nos termos do art.º 750.º, n.º 2, ou seja, quando o agente de
execução não tiver encontrado bens penhoráveis e o exequente e
executado não os tiverem indicado.

Vejamos em resumo as situações que levam à extinção da ação executiva:

SITUAÇÕES QUE LEVAM À EXTINÇÃO DA


EXECUÇÃO

MOTIVO DA EXTINÇÃO DISPOSIÇÃO LEGAL


Depósito da quantia liquidada art.º 847.º

Após liquidação e pagamentos art.º 849.º, n.º 1, b)

Falta de bens art.º 748.º, n.º 3

Falta de bens art.º 750.º, n.º 2

Pagamento parcial art.º 797.º

Adjudicação de direito de crédito art.º 799.º, n.º 6

Falta de bens art.º 855.º, n.º 4

Adjudicação de quantias vincendas art.º 779.º, n.º 4, b)

Sustação integral art.º 794.º, n.º 4

Falta de entrega do original do título art.º 724.º, n.º 5


executivo

Pagamento em prestações art.º 806, n.º 2

Acordo global art.º 810.º, n.º 2

Procedência dos embargos de art.º 732,º, n.º 4


executado

Falta de pagamento ao agente de art.º 721.º, n.º 3


execução

Ocorrida uma causa de extinção da execução, esta extingue-se, devendo todos


os intervenientes ser notificados dessa extinção (cfr. art.º. 849.º, n.º 2).

172
Manual de apoio / Ação Executiva
Compete ao agente de execução, após notificação da extinção a todos os
intervenientes, proceder à comunicação, por via eletrónica, ao tribunal, da respetiva
extinção, assegurando o sistema informático o arquivamento automático.

Nota:

Perante a redação dada ao n.º 3 do art.º 849.º, afigura-se-


nos que a extinção da ação executiva, bem como o
arquivamento do processo, não carecem de intervenção
judicial107.

A execução extinta pode renovar-se nas seguintes situações:

-O exequente pode requerer a renovação da instância executiva, quando a


mesma foi extinta nos termos do n.º 3 do art.º 748.º ou n.º 3 do art.º 750.º e o mesmo
proceda à indicação de bens penhoráveis, casos em que não se repetirão as citações,
aproveitando-se todos os atos que tiverem sido praticados até ao momento da extinção
da execução;

-Por iniciativa do exequente, para cobrança coerciva das prestações vincendas


– 850.º, n.º 1 ou do remanescente do crédito exequendo após pagamento efetuado por
força do direito de crédito penhorado (779.º, n.º 5 e 799.º, n.º 6);

-Ainda nas situações previstas no art.º 850.º, n.º 1, também a requerimento do


exequente, quando o título tenha um trato sucessivo, isto é, para cobrança de
prestações vincendas, ou por qualquer credor, cujo crédito esteja vencido, podendo
este, no prazo de 10 dias a contar da data em que se declare extinta a execução,
requerer o prosseguimento da mesma para pagamento do seu crédito, o qual vai
assumir a posição de exequente – art.º 850.º, n.º 2;

- Por iniciativa do credor reclamante cujo crédito esteja vencido que pretenda
prosseguir com a execução – art.º 809.º, n.º 1;

- Por iniciativa do exequente ou do credor reclamante, para pagamento do


remanescente do crédito exequendo ou dos créditos reclamados, na falta de
cumprimento do acordo global – art.º 810.º, n.º 3;

107
A este propósito, estabelece o art.º 142.º, n.º 2 da LOSJ que “os processos, livros e papéis ingressam no arquivo do
tribunal após a fiscalização do Ministério Público e a correição, consoante os casos, do juiz ou do magistrado do
Ministério Público, sem prejuízo dos casos em que o arquivamento é assegurado automaticamente pelo sistema
informático, sem necessidade de intervenção judicial ou da secretaria”.

173
Manual de apoio / Ação Executiva
- Também, por iniciativa do adquirente dos bens penhorados, quando a posse
efetiva dos mesmos seja dificultada pelo detentor, pode haver renovação da instância
executiva, nos termos previstos no art.º 828.º.

O processo executivo pode ser anulado no todo, aproveitando-se apenas o


requerimento executivo ou parte, nos termos dos art.ºs 851.º, n.º 1 e 786.º, n.º 6,
sendo que a nulidade pela falta de citação pode ser requerida a todo o tempo.

Efetuada a conta e pagas as custas, o agente de execução notifica a extinção


da instância executiva (com cópia desta declaração – art.ºs 220.º e 849.º) ao
exequente, executado, credores e outros intervenientes acidentais que o devam ser,
como, por exemplo, o depositário.

Decorridos 10 dias (cfr. art.º 149.º) após a notificação (via postal registada –
art.º 249.º e 250.º), e não sendo apresentada qualquer reclamação (art.º 723.º, n.º 1-
c)), o processo, salvo ordem em contrário do magistrado, não necessita do "visto fiscal"
do Ministério Público e da "correição" do juiz, estando desde logo em condições de ser
arquivado, sem intervenção judicial ou da secretaria, conforme previsto no n.º 3 do
art.º 849.º do CPC e no n.º 2 do art.º 142.º da LOSJ.108

22. A lista pública de execuções

Art.ºs 16.º-A, 16.º-B e 16.º-C do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10/09, na redação


dada pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20/11.

Portaria n.º 313/2009, de 30 de Março, alterada pela Portaria n.º 279/2013, de 26


de agosto.

A lista pública de execuções visa a disponibilização através da Internet do rol de


execuções extintas.

 pelo pagamento parcial da quantia exequenda ou


 por não terem sido encontrados bens penhoráveis.
O procedimento de inclusão do executado na lista pública de execuções tem
início com a notificação ou citação do mesmo, consoante já tenha sido ou não citado,
previstas nos n.ºs 1 e 3, respetivamente, do artigo 750.º do Código de Processo Civil,

108
Fica apenas a nota de que, como é sabido, a aplicação informática não permite o arquivamento do processo de
forma “automática”. O agente de execução apenas pode proceder ao encerramento do processo nas situações de
“adesão a plano de pagamentos” ou “inexistência de bens”, cabendo à secretaria o posterior arquivamento.

174
Manual de apoio / Ação Executiva
e é concluído uma vez decorrido o prazo de 10 dias para reclamação da decisão de
extinção da instância realizada nos termos do n.º 2 do mesmo artigo.

Assim, em simultâneo com a notificação ou citação, previstas nos n.os 1 e 3 do


artigo 750.º do Código de Processo Civil, respetivamente, o executado é notificado
pelo agente de execução de que, uma vez extinta a execução, dispõe do prazo de 10
dias para pagar a quantia em dívida ou para aderir a um plano de pagamento de dívida
elaborado com o auxílio de uma entidade reconhecida pelo Ministério da Justiça, com
a cominação de que a não observância de qualquer dos mencionados procedimentos
implica a sua inclusão na lista pública de execuções.

Caso o executado tenha constituído mandatário judicial, a notificação referida


no número anterior é dirigida também ao mandatário do executado.

As notificações ao mandatário do exequente serão efetuadas eletronicamente


através do CITIUS (art.ºs 21.º e 25.º da Portaria 280/2013, de 26 de agosto, 249.º, n.º1
e 248.º do CPC e art.º 3.º da Portaria n.º 313/2009, na redação dada pela Portaria n.º
279/2013, de 26 de agosto).

Quando a execução se extinguir sem o executado ter sido citado (cfr. art.º
750.º, n.º 3), afigura-se-nos que esta notificação deve ser realizada com as
formalidades da citação pessoal, por ser a primeira comunicação ao executado sobre
a pendência da ação (cfr. art.º 219.º, n.º 1).

Após a efetiva notificação do executado, decorrerá o prazo de 10 dias109 previsto


no n.º 1 do art.º 3.º da Portaria 313/2009, acrescido da respetiva dilação nos termos
do artigo 245.º do CPC.

Quando a extinção ocorrer após o executado ter sido regularmente citado para
a execução, a notificação em causa far-se-á por via postal registada, presumindo-se
feita no terceiro dia posterior ao do registo, ou no primeiro dia útil seguinte a esse,
quando o não for (art.º 249.º, n.º 1), ainda que a carta, enviada para o domicílio
correto, tenha sido devolvida110.

109
Trata-se de um prazo processual sujeito às regras do artigo 138.º do CPC.
110
Cfr. art.º 249.º, n.º 2 do CPC.
- Lebre de Freitas, Código de Processo Civil Anotado, 1.º volume, pgs. 446/448.
- Ac. TRPorto n.º JTRP00042250, de 17/02/2009.
- Sobre a constitucionalidade da presunção da notificação cfr. Acórdão do Tribunal Constitucional de 06/12/95,
publicado no DR, II Série, n.º 70, de 22/03/96.

175
Manual de apoio / Ação Executiva
Tribunal Judicial de Alcácer do Sal
Secção Única
Palácio da Justiça - 7580-175 Alcácer do Sal
Telef: 265612955 Fax: 265623514 Mail: alcasal.tc@tribunais.org.pt
200460-10078500

%
*RJ400765945PT*
Exmo(a). Senhor(a)
XXXXX
Pct. XXXXXXo
0000-000 XXXXXXX

Processo:XXXXX Execução XXXXX N/Referência: XXXX


Data: XXXX
Exequente:XXXXX
Executado: XXXXXX

Agente de Execução (O.J.): XXXX

Mandatários:

Assunto: Notificação por carta registada

Nos termos do disposto no n.º 1 do art.º 750.º do CPC, fica V. Ex.ª notificado para, no prazo de 10 dias, pagar
ou indicar bens à penhora, com a advertência de que a omissão ou falsa declaração implica uma sanção
pecuniária compulsória no montante de 5% da dívida ao mês, com o limite mínimo global de 10 UC, se ocorrer
ulterior renovação da instância executiva e aí se apurar a existência de bens penhoráveis.

O prazo é contínuo, suspendendo-se, no entanto, nas férias judiciais. Terminando o prazo em dia que os tribunais
estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte.

Fica ainda notificado de que:


a) Caso não seja paga a dívida (valor provisoriamente apurado em xxxx,00 €) ou indicados bens à
penhora, o processo vai ser extinto;
b) Decorridos 10 dias após a extinção do processo, o seu nome vai ser incluído na lista pública de
execuções publicada no sítio de Internet www.citius.mj.pt;
c) Poderá evitar a sua inclusão na lista pública:
a. Pagando o valor em dívida, utilizando para o efeito as referências de pagamento constantes deste
documento;
b. Aderindo a um plano de pagamentos elaborado com o auxílio de uma das entidades reconhecidas
pelo Ministério da Justiça para prestar apoio a pessoas sobreendividadas (para aderir a um plano de
pagamentos da dívida pode dirigir-se a qualquer das entidades reconhecidas pelo Ministério da
Justiça para prestar apoio a sobreendividados, caso se encontre numa situação de
sobreendividamento reconhecida por uma dessas entidades. Veja quem são essas entidades e os
seus contactos através da Internet, em www.dgpj.mj.pt, ou através do número de telefone 217 924
000).

A presente notificação é enviada de acordo com o disposto nos artigos 16.º-A e 16.º-B do Decreto-Lei n.º
201/2003, de 10 de setembro.

O Oficial de Justiça,

176
Manual de apoio / Ação Executiva
Se, no prazo de dez dias a que se refere a notificação supra, nem o exequente
nem o executado indicarem bens penhoráveis e o executado não comprovar o
pagamento da quantia exequenda ou a adesão a um plano de pagamentos, a execução
é extinta, notificando-se o exequente e executado da extinção.

Com a notificação da extinção operada nos termos do n.º 2 do artigo 750.º do


Código de Processo Civil, O executado é imediatamente notificado pelo agente de
execução111 de que dispõe do prazo de 10 dias para reclamar da decisão de
extinção, findo o qual, e caso não tenha pago a quantia em dívida ou aderido a um
plano de pagamento elaborado com o auxílio de uma entidade reconhecida pelo
Ministério da Justiça (cfr. art.ºs 16.º-A e 16.º-B do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de
setembro, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de novembro, e 3.º
da Portaria n.º 313/2009, de 30 de Março), passa a estar incluído na lista pública de
execuções.

Esta notificação obedece ao modelo anexo à referida portaria (cfr. art.º 4.º, n.º
4 da Portaria 313/2009), que está disponível no Citius, apenas para utilização nos casos
em que caiba ao oficial de justiça praticar atos de agente de execução:

111
Esta notificação compete ao oficial de justiça unicamente nas execuções em que tenha sido designado para praticar
atos de agente de execução.

177
Manual de apoio / Ação Executiva
Tribunal Judicial de
Secção Única
Palácio da Justiça -
Mail @tribunais.org.pt

Exmo(a). Senhor(a)
XXXX
XXXXX
0000-000 XXXXX

Processo: XXXX Execução XXXXX N/Referência:XXXXX


Data: XXXX
Exequente: XXXXX
Executado: XXDXXXXX

Assunto: Extinção de Execução

Fica pela presente notificado do seguinte:


a) Não tendo sido indicados bens à penhora, a execução considera-se extinta nos termos do n.º 2
do artigo 750.º do Código de Processo Civil;
b) Decorrido o prazo de 10 dias, o seu nome vai ser incluído na lista pública de execuções
publicada no sítio de Internet www.citius.mj.pt.;
c) Poderá evitar a sua inclusão na lista pública:
a. Pagando o valor em dívida, utilizando para o efeito as referências de pagamento
constantes deste documento;
b. Aderindo a um plano de pagamento elaborado com o auxílio de uma das entidades
reconhecidas pelo Ministério da Justiça para prestar apoio a pessoas sobreendividadas
(para aderir a um plano de pagamento da dívida pode dirigir-se a qualquer das
entidades reconhecidas pelo Ministério da Justiça para prestar apoio a
sobreendividados, caso se encontre numa situação de sobreendividamento reconhecida
por uma dessas entidades. Veja quem são essas entidades e os seus contactos através
da Internet, em www.dgpj.mj.pt, ou através do número de telefone 217 924 000).
A presente notificação é enviada de acordo com o disposto nos artigos 16.º-A e 16.º-B do Decreto-Lei n.º
201/2003, de 10 de setembro.

O Oficial de Justiça,

Notas:
 Solicita-se que na resposta seja indicada a referência deste documento

178
Manual de apoio / Ação Executiva
Extinta a execução, facto que ocorre após o decurso do prazo de 10 dias para
reclamação da decisão de extinção do agente de execução, inicia-se automaticamente
o procedimento de inclusão do executado na lista pública de execuções.

Nesta altura, devem ser inseridos em “detalhes do processo” (F7) os seguintes


tópicos:

 Decisão final e
 um dos seguintes descritivos, consoante os casos:
 Extinção por pagamento parcial ou
 Extinção por falta/insuficiência de bens.

Adesão a um plano de pagamentos

Se, decorrido o prazo de 10 dias após a notificação, o executado aderir a um


plano de pagamentos,

 deverá proceder-se à atualização dos detalhes do processo


(prevalentes durante o cumprimento do plano) com a inserção da
“fase” processual de
 Encerramento e
 do seguinte descritivo:
 Adesão ao Plano de pagamentos

Os detalhes inseridos refletem-se automaticamente no histórico e contribuem para


a identificação do “Estado” do processo.

179
Manual de apoio / Ação Executiva
Cumprido o plano e paga a dívida, atualizam-se novamente os detalhes do
processo, visto que o processo se encontra findo desde a inserção da decisão final por
adesão ao plano de pagamentos.

Há, pois, necessidade de reiniciar o processo para ser inserida uma nova decisão,
desta vez a “extinção por pagamento integral”, o que só deverá acontecer depois de
cumprido o disposto no artigo 849.º.

Na eventualidade de o devedor não cumprir o plano, a secção de processos,


para além dos atos a praticar na retoma dos normais trâmites processuais após
conhecimento, nos autos, do incumprimento, deve inserir novos detalhes de
“encerramento”.

Se o devedor deixar de cumprir o plano de pagamentos estabelecido, o registo


suspenso nos termos anotados no parágrafo anterior será, pelo agente de execução,
(re)incluído na lista pública de execuções, após receção duma comunicação eletrónica
do exequente ou da entidade credenciada, comunicação que será igualmente enviada
ao GRAL – Gabinete para a Resolução Alternativa de Litígios.

2.º - Cabe ao agente de execução, uma vez verificados os pressupostos


legais, proceder à inclusão do executado na lista pública de execuções.

180
Manual de apoio / Ação Executiva
Como?

Tratando-se de oficial de justiça designado para praticar atos de agente de


execução, bastará selecionar o executado, clicar com o botão direito do rato e
selecionar as opções “Lista Pública” e “Inserir na Lista”.

Em seguida, abre-se uma caixa de diálogo com um pedido de confirmação, o


que permite ao utilizador, em caso de engano, recuar no procedimento.

Após clicar em “Sim” na caixa de diálogo, abre-se uma nova janela para
inserção do valor em dívida no momento da extinção, que pode não coincidir com o
pedido inicialmente formulado.

Importa, pois, atentar neste pormenor.

Após validação, os dados abaixo indicados serão automaticamente enviados para a


lista pública de execuções, permanentemente disponível e de livre acesso no endereço
eletrónico –

http://www.citius.mj.pt/Portal/Execucoes/ListaPublicaExecucoes.aspx.

181
Manual de apoio / Ação Executiva
A inclusão do executado na lista pública efetua-se com base nos seguintes
elementos (art.º 5.º, n.º 2 da Portaria):

 nome do executado;
 número de identificação fiscal do executado (NIF) ou, apenas nos casos em
que não exista ou não seja conhecido o número de identificação fiscal do
executado, o seu número de identificação civil, de passaporte ou de licença
de condução;
 valor em dívida no momento da extinção da execução;
 a indicação de que o processo executivo se extinguiu com pagamento parcial
ou por não terem sido encontrados bens penhoráveis e o tribunal onde correu
a execução;
 data da inclusão na lista.

As pesquisas na lista podem ser efetuadas através do nome do executado, do seu


NIF, do número de identificação civil, passaporte ou licença de condução, ou ainda,
pelo número do processo executivo e tribunal onde ocorreu a execução (art.º 5.º, n.º
3 da Portaria n.º 313/2009).

Os registos referentes a execuções contra executados que adiram e cumpram


os respetivos planos de pagamentos das dívidas elaborados por entidades para o efeito
credenciadas pelo Ministério da Justiça são suspensos da lista pública de execuções
mediante comunicação eletrónica ao agente de execução e ao Gabinete para a
Resolução Alternativa de Litígios (GRAL).

Esta ação implica a retirada da lista pública através de um procedimento


idêntico ao da inserção, selecionando-se o “executado”, “Lista Pública” e “Retirar da
Lista”.

Contudo, se o devedor deixar de cumprir o plano de pagamentos estabelecido,


o registo suspenso nos termos anotados no parágrafo anterior será, pelo agente de

182
Manual de apoio / Ação Executiva
execução, (re)incluído na lista pública de execuções, após receção duma comunicação
eletrónica do exequente ou da entidade credenciada, comunicação que será
igualmente enviada ao GRAL – Gabinete para a Resolução Alternativa de Litígios.

O cumprimento da obrigação pelo devedor implica a exclusão da lista pública de


execuções, assim que ao agente de execução tal facto for comunicado pelo exequente
ou pelo próprio executado (neste caso, depois da confirmação do exequente), ou ainda
pela entidade credenciada, que comunicará igualmente ao GRAL.

Todos os registos constantes da lista pública de execuções referentes a ações


executivas extintas há mais de cinco anos são oficiosa e automaticamente retirados
e destruídos – art.º 6.º, n.º 4 da Portaria.

A alteração ou a retificação dos dados inscritos na lista pública de execuções


pode ser requerida pelo titular dos dados, ou seja, pelo executado, através de
formulário eletrónico para o efeito disponibilizado no sítio Internet
www.tribunaisnet.mj.pt ou de requerimento em suporte de papel entregue
diretamente na secretaria do tribunal da execução, ou para ele enviado por telecópia
ou por correio registado. O pedido pode ser igualmente formulado pelo mandatário do
executado através do CITIUS (art.º 8.º da Portaria).

O requerimento tem carácter urgente, devendo a secretaria apreciá-lo no prazo


máximo de 2 dias úteis (a contar da entrega na secretaria, em suporte informático ou
em suporte de papel) e notificar o resultado ao requerente, efetuando as necessárias
alterações e retificações (cfr. art.ºs 16.º-B do Dec. Lei n.º 201/2003 e 8.º da Portaria
n.º 313/2009).

A notificação atrás referida será enviada para o endereço de correio eletrónico


indicado pelo interessado no formulário eletrónico ou por carta registada para o
respetivo domicílio, no caso de o requerimento ter sido apresentado em suporte de
papel.

Nota:

Se a secretaria não apreciar o requerimento nos dias úteis, os


dados do requerente, identificados na lista, serão automática e
eletronicamente dela retirados até que a secretaria se
pronuncie, incluindo-se o processo na comunicação de atrasos a
efetuar semanalmente ao Conselho Superior da Magistratura e
ao Conselho dos Oficiais de Justiça (art.ºs 16.º-B do Dec. Lei n.º
201/2009 e 9.º e 10.º da Portaria).

183
Manual de apoio / Ação Executiva
As notificações ao mandatário do exequente serão efetuadas eletronicamente
através do CITIUS (art.º 21.º e 25 da Portaria 280/2013, de 26 de agosto, 249.º, n.º 1 e
248.º do CPC e 9.º da Portaria n.º 313/2009, na redação dada pela Portaria n.º
279/2013, de 26 de agosto).

Extinção sem pagamento integral


Lista Pública de Execuções – Portaria 313/2009

Agente de execução
notifica executado e mandatário
- art.º 3.º n.s 1 e 2.

Noprazo
No prazo
de de 30 dias
10 dias O executado
O executadonada fazfaz
nada no no
prazo
prazo
paga
pagaouou
adere a um
adere a um de dez diasde 30 dias.
plano
planodedepagamentos
pagamentos.
alteração/ rectificação
art.º 8.º. Inclusão na lista
Durante o pública de
cumprimento do execuções pelo
plano de Secretaria agente de
pagamentos não há pronuncia-se no execução.
inclusão na lista. prazo de 2 dias.

Se não se pronuncia nesse prazo,


*** da inscrição e
suspensão automática
comunicação ao COJ e CSM.

184
Manual de apoio / Ação Executiva
23. PROCESSO EXECUTIVO PARA ENTREGA DE COISA CERTA

Este tipo de execução tem lugar sempre que o título executivo tenha por fim a
entrega de uma coisa (objeto da obrigação). Não se traduz na execução do património
do devedor para garantia e satisfação dos direitos do credor, mas sim numa obrigação
de entrega de coisa certa, ainda que esta não exista ou não venha a ser encontrada,
podendo neste caso haver uma conversão deste tipo de execução.

Assim, neste processo executivo o credor não requer a execução do património


do devedor (cfr. art.º 817.º do Cód. Civil), mas a entrega judicial da coisa devida (cfr.
art.º 827.º do Cód. Civil).

O tribunal competente para a execução é o da área onde a coisa se encontre –


art.º 89.º, n.º 2 CPC.

Esta execução rege-se, em primeira linha, pelas disposições próprias, e a


título subsidiário pelas disposições gerais e as relativas à execução para pagamento
de quantia certa – art.ºs 551.º, n.º 2 e 712.º, n.º 1.

Citação
Nestas execuções há sempre lugar à citação prévia do executado (art.º 859.º
do CPC), sem necessidade de despacho liminar (cfr. art.º 226.º, n.º 1 e n.º 4, este à
contrario).
Não haverá, porém, citação prévia, se o título for uma sentença, uma vez que
neste caso, feita a entrega, o executado é notificado para deduzir oposição (cfr. n.º 3
do art.º 626.º).
Haverá despacho liminar quando se afigure ao agente de execução a ocorrência
de alguma das situações que podem levar o juiz a indeferir liminarmente o
requerimento executivo (cfr. art.ºs 726.º, n.ºs 2 e 4 e 855.º, n.º 2, alínea b), aplicáveis
por força do n.º 2 do art.º 551.º).
Apresentado o requerimento executivo e após a distribuição (cfr. art.º 203.º e
segs.) o executado é citado para, no prazo de 20 dias, fazer a entrega (cfr. art.º
859.º), sob pena de esta ser efetuada coercivamente pelo agente de execução (cfr.
art.º 861.º, n.º 1).

O executado poderá deduzir oposição mediante embargos pelos motivos


especificados dos art.ºs 729.º a 731.º, com as devidas adaptações, e com fundamento

185
Manual de apoio / Ação Executiva
em benfeitorias a que tiver direito (cfr. art.º 860.º, n.º 1), devendo concluir com um
pedido líquido (cfr. art.º 716.º).

A oposição à execução suspende a execução, salvo se o exequente prestar


caução quanto às benfeitorias (cfr. art.º 860.º, n.º 2).

Mas se a oposição tiver por fundamento outra situação que não as benfeitorias,
só suspende a execução se o executado prestar caução ou for requerido o
diferimento de desocupação do locado arrendado para habitação nos termos do art.º
864.º, o qual assume caráter de urgência - art.º 865.º, n.º 1.

Findo o prazo da citação sem que haja oposição à execução ou esta for julgada
improcedente e o executado não fizer voluntariamente a entrega da coisa, segue-se a
apreensão e entrega judicial (cfr. art.º 861º, n.º 1). Aplicam-se as regras da penhora
com as necessárias adaptações.
Se os bens a entregar forem móveis, o agente de execução faz a entrega da
coisa. Sendo imóveis, o agente de execução investe o exequente na sua posse (cfr.
art.º 861.º, n.º s 2 e 3).

Quando não seja encontrada a coisa, observam-se as regras da liquidação (cfr.


art.ºs 358.º, 360.º e 716.º) com as necessárias adaptações.

Feita a liquidação procede-se à penhora de bens necessários (cfr. art.º 735.º,


n.º 3) seguindo-se os demais termos do processo executivo para pagamento da quantia
certa (cfr. art.º 867.º).

23.1 Execução para Entrega de Coisa Imóvel Arrendada (EPECIA)

A reforma introduzida pela Lei n.º 31/2012, de 14 de agosto, ao NRAU (Lei n.º
6/2006, de 27 de fevereiro), veio restringir o elenco de títulos executivos que podem
servir de base à execução para entrega de coisa imóvel arrendada.

Com efeito, tirando a decisão judicial no âmbito da ação de despejo prevista no


art.º 14.º do NRAU, parece que os restantes títulos anteriormente previstos passaram
a ter acolhimento no Procedimento Especial de Despejo (PED) previsto nos art.ºs 15.º
a 15.º-S do NRAU, encontrando-se aí os mecanismos tendentes à efetivação da
desocupação do locado.

186
Manual de apoio / Ação Executiva
O processo executivo para entrega de coisa imóvel arrendada está sujeita às
regras específicas dos art.ºs 862.º a 866.º, do CPC.

Não haverá, porém, citação prévia, se o título for uma sentença, uma vez que
neste caso, feita a entrega, o executado é notificado para deduzir oposição (cfr. n.º 3
do art.º 626.º).

23.2 Oposição à execução


O executado tem o prazo de 20 dias, a contar da citação, para deduzir oposição
à execução mediante embargos, por apenso, seguindo os termos do processo
declarativo (art.ºs 728.º, n.º 1 e art.º 732.º, n.º 1).
A oposição é submetida a despacho liminar.
O recebimento da oposição faz suspender a execução se o executado requerer o
diferimento da desocupação do local arrendado para habitação, motivada pela
cessação do respetivo contrato, nos termos do art.º 864.º (cfr. n.º 1 do art.º 863.º).
O requerimento de diferimento da desocupação do imóvel pode ser apresentado
pelo executado, dentro do prazo da oposição à execução, com fundamento em razões
sociais imperiosas, oferecendo logo as provas disponíveis e indicar as testemunhas a
apresentar, até ao limite de três, seguindo-se os demais termos previstos nos art.ºs
864.º e 865.º.
O agente de execução deverá suspender as diligências executórias quando o
detentor da coisa imóvel não tiver sido ouvido e convidado, na ação declarativa, a
exibir um título de arrendamento ou de subarrendamento com data anterior ao início
da execução – art.º 863.º, n.º 2.
O agente de execução deverá suspender, também, as diligências executórias,
quando, tratando-se de arrendamento para habitação, for apresentado atestado
médico - n.º 3.
O prazo para o exequente contestar a oposição é de 20 dias (art.º 732.º, n.º
2).

24. PROCESSO EXECUTIVO PARA PRESTAÇÃO DE FACTO

Recorre-se a este tipo de execução, quando a obrigação titulada consista na


prestação de um facto, positiva ou negativa (cfr. art.ºs 828.º e 829.º do Código Civil).

A prestação de facto pode ter natureza fungível ou infungível.

187
Manual de apoio / Ação Executiva
Sendo o facto infungível, não é possível obter de terceiro a sua prestação (como
acontece quando um pintor de renome é contratado para retratar determinada pessoa.
Se por qualquer motivo não poder efetuar o retrato, o lesado só pode ser ressarcido
por um equivalente pecuniário, uma vez que o devedor numa situação destas é
insubstituível).

Se for facto fungível é possível ser praticado pelo devedor ou por terceiro, caso
seja indiferente ao credor que seja efetuado por um ou por outro.

Pode distinguir-se entre prestação de facto positivo sujeito a prazo (cfr. art.º s
868.º a 873.º), de facto positivo não sujeito a prazo (cfr. art.ºs 874.º e 875.º) e de
facto negativo (cfr. art.º s 876.º e 877.º).

Facto positivo sujeito a prazo

Se alguém estiver obrigado a prestar um facto em prazo certo e não cumprir,


o credor pode requerer a prestação por outrem, se o facto for fungível, bem como uma
indemnização moratória a que tenha direito (cfr. art.º 868.º, n.º 1).

O devedor é citado para, no prazo de 20 dias, deduzir oposição à execução,


podendo o fundamento da oposição consistir, ainda que a execução se funde em
sentença, no cumprimento posterior da obrigação, provado por qualquer meio (cfr.
art.º 868.º, n.º 2). O recebimento dos embargos tem os efeitos previstos no art.º 733.º,
devidamente adaptados (cfr. art.º 868.º, n.º 3).

Caso se trate de execução de sentença, se o credor conjuntamente com o


pagamento de quantia certa ou com a entrega de uma coisa, pretender a prestação de
um facto, a citação é realizada em conjunto com a notificação do executado para
deduzir oposição ao pagamento ou à entrega – n.º 4 do art.º 626.º.

Se o exequente tiver requerido uma indemnização, esta execução é convertida


em execução para pagamento da quantia certa, findo o prazo concedido para a
oposição à execução, ou julgada esta improcedente (cfr. art.º 869.º).

Se o exequente optar pela prestação do facto por outrem, deverá requerer a


nomeação de um perito para avaliar o custo da prestação.

Concluída a avaliação e após a conversão da execução, procede-se à penhora


dos bens necessários para o pagamento da quantia arbitrada, seguindo-se os demais
trâmites do processo executivo para pagamento da quantia certa (cfr. art.º s 869.º e
870.º).

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Manual de apoio / Ação Executiva
Pode o exequente mandar fazer sob sua vigilância as obras e trabalhos
necessários, mesmo antes de terminada a avaliação para a realização do facto. Fica,
no entanto, obrigado a dar contas ao agente de execução (cfr. art.º 871.º, n.º 1).

Facto positivo não sujeito a prazo

Se o prazo não estiver fixado, o exequente indica o prazo que reputar suficiente
para a prestação, sendo o executado citado para, em 20 dias, dizer o que tiver por
conveniente (cfr. art.º 874.º, n.º 1), sob pena de fixação judicial de prazo.

O executado pode deduzir oposição à execução e dizer o que se lhe oferecer


sobre o prazo indicado pelo exequente (cfr. art.º 874.º, n.º 2).

Fixado o prazo pelo juiz, seguem-se os termos referidos para a prestação de facto
sujeito a prazo, com as necessárias adaptações (cfr. art.º 875.º).

Facto negativo

O executado está obrigado a não praticar certo facto e, apesar disso, praticou
esse mesmo facto, desrespeitando o compromisso.

Se o executado tiver praticado um facto que não devesse, o exequente pode, se


for o caso, à custa do património do devedor, pedir a demolição da obra que tenha
sido ilicitamente efetuada e uma indemnização compensatória pelo prejuízo (cfr. art.º
876.º).

A oposição à execução será apresentada no prazo de 20 dias a contar da citação


nos termos do art.º s 729.º e seguintes; a oposição ao pedido de demolição pode fundar-
se no facto de a demolição representar, para o executado, prejuízo consideravelmente
superior ao sofrido pelo exequente (cfr. art.º 876.º, n.º 2).

Efetuadas a vistoria e avaliação, o juiz profere despacho declarando verificada,


ou não, a violação e a indemnização a liquidar posteriormente.

Se decidir pela violação, ordenará a demolição da obra, seguindo posteriormente


os termos da execução para pagamento da quantia certa (cfr. art.º 877.º, n.º s 1 e 2).

189
Manual de apoio / Ação Executiva
Coleção “PROCESSO CIVIL”

Autor:

Direção-Geral da Administração da Justiça - Centro de


Formação

Titulo:

“Manual de Apoio à Formação-Ação Executiva”

Coordenação técnico-pedagógica:

Jorge Ribeiro; José Oliveira; José Póvoas; Miguel Vara.

Coleção pedagógica:

Centro de Formação

3.ª edição de Maio de 2019

Direção-Geral da Administração da Justiça


Centro de Formação
Av. D. João II, n.º 1.08.01 D/E – piso 10..º, 1994-097 Lisboa, PORTUGAL
TEL + 351 21 790 64 21 Fax + 351 21 154 51 02 EMAIL formacao@dgaj.mj.pt
https://e-learning.mj.pt

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Manual de apoio / Ação Executiva

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