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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2020.0000002694

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1001371-13.2016.8.26.0554, da Comarca de Santo André, em que é apelante NELITA
ROXO LIMA FELIZ (JUSTIÇA GRATUITA), é apelada MARIA DE LOURDES
PAULINA DA SILVA.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 15ª Câmara de Direito Privado


do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao
recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores RAMON MATEO


JÚNIOR (Presidente) e KLEBER LEYSER DE AQUINO.

São Paulo, 8 de janeiro de 2020.

MENDES PEREIRA
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto nº 20.743
Apelação nº 1001371-13.2016.8.26.0554
Apelante: Nelita Roxo Lima Felix
Apelada: Maria de Lourdes Paulina da Silva
Comarca: Santo André
15ª Câmara de Direito Privado

REINTEGRAÇÃO DE POSSE - Entrega de imóvel ao filho e à


sua família para construírem moradia, em razão da união estável e
posterior casamento - Pretensão de desocupação do imóvel cedido
por mais de vinte anos sem nenhuma oposição da apelante -
Situação incompatível com o contrato de comodato, tendo sido
configurada a composse - A natureza do contrato de comodato é a
precariedade da ocupação, a provisoriedade - Precedente da Corte
- Imóvel edificado durante a união com o filho da recorrente,
sendo a apelada meeira - O fato da apelada não conviver mais com
o filho da autora não a qualifica como esbulhadora - A própria
recorrente afirmou em seu depoimento que nunca teve problemas
com a ocupação da recorrida - Tampouco narrou qualquer
incômodo ou ato de turbação da posse praticado por esta última ou
seus netos - Sentença de improcedência mantida - Recurso
desprovido, majorados os honorários advocatícios de 10% para
15% do valor da causa, observado o deferimento da justiça
gratuita.

Adotado o relatório da r. sentença de fls. 203/208 cumpre


acrescentar que o pedido da ação de reintegração de posse foi julgado improcedente,
condenada a apelante no pagamento das custas, despesas processuais e honorários
advocatícios fixados em 10% do valor da causa, observado o deferimento da justiça
gratuita.

Apelou a demandante (fls. 210/215) alegando, em síntese,


que seria proprietária do imóvel objeto do litígio. Teria permitido que seu filho e a apelada
residissem no local como comodatários. No entanto, com o término do relacionamento em
2015, apenas seu filho teria deixado o imóvel. A recorrida, por sua vez, se recusaria a sair.
Aduziu que ela não teria provado as alegadas benfeitorias que diz ter feito no imóvel.
Assim, a r. sentença deveria ser reformada.

Em contrarrazões (fls. 220/225) alegou a apelada que a


recorrente teria cedido apenas o terreno no qual fora edificada a casa, objeto do litígio. O
imóvel teria sido construído pela recorrida e seu ex-marido, filho da apelante. Aduziu que
não teria outra moradia, seria idosa e nunca tivera problemas com a autora. Tampouco
referentes à ocupação do imóvel. Pugnou pela manutenção da sentença.

É o relatório.

O apelo não comporta provimento.

É fato incontroverso e também demonstrado pela prova


testemunhal que a ré vive no imóvel em litígio há mais de vinte anos, sendo certo que até
Apelação Cível nº 1001371-13.2016.8.26.0554 -Voto nº 20743 – Santo André - ROL 2
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2015 foi casada com o filho da recorrente.

Tanto a autora quanto a ré sem seus depoimentos pessoais,


bem como Josué, ex-marido da recorrida e filho da apelante, afirmaram que a recorrida
morou no local com Josué, primeiramente num “barraco” e em seguida, construíram o
imóvel em questão aos poucos, durante o casamento (fls. 157/163, 164/168 e 175/180).

A testemunha ouvida às fls. 184/187 chegou a dizer que viu a


apelada e seu marido edificando o imóvel, quando passava em frente ao local.

Note-se que durante todo este período, isto é, desde 1989 não
houve nenhuma oposição à posse exercida pela apelada e seu ex-marido. Ambos
constituíram família no local e residiram com os filhos até o fim do casamento em 2015,
sendo ela meeira da edificação erigida durante a união com o filho da apelante.

Deveras, em que pese a recorrente defender que a ré, ora


apelada, ocupava o imóvel a título de comodato verbal e, diante da inércia quanto à
desocupação, teria dado azo ao esbulho, certo é que a figura do comodato é incompatível
com a entrega de imóvel para moradia do filho, da nora e dos netos, por mais de 20 (vinte)
anos. Isto porque, a natureza do contrato de comodato é a precariedade da ocupação, a
provisoriedade.

Nesse sentido:

“APELAÇÃO - Ação de reintegração de posse - Entrega de


imóvel ao filho e à sua família para construírem moradia, em
razão da união estável - Dissolução da união estável -
Pretensão de desocupação da casa - Imóvel ocupado pelos
réus, ex-companheiros, e por seus filhos e netos - Ação de
reintegração de posse julgada improcedente - Apelo da autora
- Sentença confirmada, adotando-se os fundamentos nos
moldes do art. 252 do RITJSP - Situação dos autos
incompatível com o contrato de comodato, tendo resultado
configurada a composse - Incoerência do comportamento da
autora, que permaneceu inerte por mais de 20 anos para, só
então, surpreender os ex-companheiros com a retomada do
local estabelecido como moradia - Violação à boa-fé objetiva
que deve nortear o comportamento das partes - Esbulho não
configurado - Direito dos apelados de permanecer na posse
do imóvel - Recurso desprovido.” (TJ/SP, Apelação Cível nº
1002233-32.2016.8.26.0441, 24ª Câmara de Direito Privado,
Rel. Des. Jonize Sacchi de Oliveira, DJ 26/02/2019).

O fato da apelada não conviver mais com o filho da autora


não a qualifica como esbulhadora. Vale frisar que, a própria recorrente afirmou em seu
depoimento que nunca teve problemas com a ocupação da recorrida (fls. 161). Tampouco
narrou qualquer incômodo ou ato de turbação da posse praticado por esta última ou seus
netos.

Apelação Cível nº 1001371-13.2016.8.26.0554 -Voto nº 20743 – Santo André - ROL 3


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Desta forma, não se pode entender que a posse da autora seja


melhor do que a da recorrida. Na verdade, a posse da ré também é legítima, razão pela qual
deve ser mantida a improcedência da ação de reintegração de posse.

A r. sentença, por fim, foi publicada já na vigência do atual


NCPC. Sobre tal particularidade, diz o Enunciado Administrativo nº 7, do Superior
Tribunal de Justiça que “somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir
de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais
recursais, na forma do art. 85, § 11º, do NCPC”. Destaque-se que tal majoração é
decorrente do trabalho acrescido na fase recursal, não dependendo, assim, de requerimento
das partes, como já tem sido de entendimento pretoriano1. Assim, os honorários
advocatícios ficam majorados de 10% para 15% do valor da causa.

Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso, majorados os


honorários advocatícios de 10% para 15% do valor da causa (art. 85, § 11, do NCPC),
observado o deferimento da justiça gratuita.

MENDES PEREIRA
Relator

1STF
- AI 864.689 (AgR/MS) - 1ª. T. - Rel. para o acórdão Min. EDSON FACHIN - j. 27-9-2016 - Dje de
14-11-2016. TJ-SP Ap. 1007542-98.2014.8.26.0604 - Sumaré - 31ª Câmara de Direito Privado - Rel. Des.
ADÍLSON DE ARAÚJO - j. 23-8-2016; Ap. 0034662-04.2011.8.26.0002 - São Paulo - 32ª Câmara de
Direito Privado - Rel. Des. KIOITSI CHICUTA - j. 1º-12-2016.
Apelação Cível nº 1001371-13.2016.8.26.0554 -Voto nº 20743 – Santo André - ROL 4

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