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Rio de Janeiro
Setembro de 2018
ANÁLISE COMPARATIVA DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS PARA
EMPREENDIMENTOS HABITACIONAIS: ALVENARIA CONVENCIONAL X LIGHT
STEEL FRAME
Examinado por:
X
Prof. Jorge dos Santos, D. Sc.
Orientador
X
Prof. Sandra Oda, D. Sc.
X
Prof. Wilson Wanderley da Silva
ii
Cassar, Bernardo Camargo
iii
Dedico esse trabalho
a minha família pelo apoio incondicional e pela educação que recebi,
a minha namorada por me acompanhar por toda minha trajetória,
aos amigos e colegas de curso
e ao professor Jorge dos Santos pela paciência e orientação.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil
Setembro, 2018
O presente trabalho apresenta uma análise comparativa entre os sistemas construtivos alvenaria
convencional, composta por estrutura reticulada em concreto armado e paredes de vedação em
blocos de alvenaria, e o Light Steel Frame para empreendimentos habitacionais. Dessa forma, é
apresentado um breve histórico dos empreendimentos habitacionais e da habitação no Brasil e
diversos aspectos pertinentes ao tema. São descritos também os aspectos do processo construtivo,
dos materiais, ferramentas e equipamentos utilizados, aspectos ambientais, de prazo, custo,
qualidade, durabilidade, desempenho, manutenção para cada um dos métodos construtivos. O
objetivo desse trabalho é, através dos dados levantados e utilizando indicadores mensuráveis
pertinentes, apontar vantagens e desvantagens, peculiaridades e diferenças entres os métodos
construtivos estudados.
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer
September, 2018
The following work presents an analysis between Light Steel Frame and masonry as constructive
methods for residential development. Therefore, it shows a historical contextualization and
specific aspects regarding the residential development in Brasil. Furthermore, it presents
characteristics of both constructive systems in regards of materials, tools and equipment,
environmental aspects, timeframe, cost, quality, durability, performance and maintenence. This
Works objective is to point out and analyze vantages and advantages of each system through the
acquired data and pertinent mensurable indicators.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Matriz da Norma de Desempenho. .............................................................................. 12
Figura 2: Viga de concreto simples (a) e armado (b). ................................................................. 21
Figura 3: Bloco cerâmico ............................................................................................................. 22
Figura 4: Execução de chapisco rolado. ...................................................................................... 24
Figura 5: Encunhamento. ............................................................................................................ 25
Figura 6: Esquema de encaixe do marco com a alvenaria. ......................................................... 28
Figura 7: instalação do contra marco. ......................................................................................... 29
Figura 8: Esquema de estrutura de cobertura em madeira. ....................................................... 30
Figura 9: Decréscimo da resistência à compressão com o aumento do fator água/cimento..... 35
Figura 10: Direção dos furos nos blocos cerâmicos. ................................................................... 38
Figura 11: Equipamentos e Ferramentas – Alvenaria. ................................................................ 42
Figura 12: Desempenho de acordo com a manutenção. ............................................................ 45
Figura 13: Seções de perfis para LSF. .......................................................................................... 50
Figura 14: Parabolt Expansível. ................................................................................................... 52
Figura 15: Verga na estrutura de LSF. ......................................................................................... 55
Figura 16: Estrutura de Laje de LSF. ............................................................................................ 57
Figura 17: Esquema de Laje Seca em LSF. ................................................................................... 58
Figura 18: Aplicação da lã de vidro. ............................................................................................ 59
Figura 19: Aplicação de Placas OSB. ............................................................................................ 60
Figura 20: As placas podem ser diferenciadas visualmente através das cores. As que possuem
colocação roxa ou branca são as Standard (ST), as verdes são resistentes à umidade (RU) e as
placas rosas são resistentes ao fogo (RF). ................................................................................... 61
Figura 21: Placas Cimentícias na estrutura de LSF. ..................................................................... 63
Figura 22: Parafuso com ponta broca. ........................................................................................ 65
Figura 23: Parafuso ponta agulha. .............................................................................................. 65
Figura 24: Tipos de cabeça de parafusos mais utilizados em ligações com LSF.
Respectivamente: cabeças lentilha, sextavada, panela e trombeta. .......................................... 66
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Adaptação dos critérios de desempenho da ISO 6241 (1984) .................................... 11
Tabela 2: Dimensões padronizadas dos blocos ........................................................................... 39
Tabela 3: Características dos blocos cerâmicos .......................................................................... 40
Tabela 4: Estrutura dos requisitos na NBR 15575-4.................................................................... 43
Tabela 5: Vida útil dos diferentes sistemas da edificação........................................................... 46
Tabela 6: Perfis de aço formados a frio para uso em LSF e suas respectivas utilizações. .......... 53
Tabela 7: Dimensões Nominais Usuais dos Perfis de Aço para Steel Framing, ........................... 54
Tabela 8: VUP mínima - diversas normas. ................................................................................... 72
Tabela 9: Quadro de Comparação dos sistemas de vedação vertical analisados: índice de
redução sonora de fachadas. ...................................................................................................... 73
Tabela 10: Quadro de Comparação dos sistemas de vedação vertical analisados: índice de
redução sonora em paredes de geminação. ............................................................................... 74
Tabela 11: Quadro de Comparação dos sistemas de vedação vertical analisados: Reação ao
fogo. ............................................................................................................................................ 75
Tabela 12: Quadro de comparação dos sistemas de vedação: desempenho térmico. .............. 76
Tabela 13: Caracterização da obra conforme sistemas construtivos. ........................................ 77
Tabela 14: Custos diretos globais. ............................................................................................... 78
Tabela 15: Cronograma do empreendimento em alvenaria convencional. ............................... 79
Tabela 16: Cronograma do empreendimento em LSF. ............................................................... 80
Tabela 17: Vantagens e desvantagens - LSF e alvenaria convencional. ...................................... 81
viii
LISTA DE SIGLAS
ix
SUMÁRIO
1 Introdução .................................................................................................. 1
1.1 Contextualização do tema ...................................................................... 1
1.2 Justificativa da escolha do tema ............................................................. 2
1.3 Objetivo .................................................................................................. 2
1.4 Metodologia aplicada ............................................................................. 3
1.5 Estruturação do trabalho ........................................................................ 3
x
3.2.4.1 Forro ............................................................................................................................... 25
3.2.4.2 Revestimento de paredes ................................................................................................ 26
3.2.4.3 Revestimento de pisos .................................................................................................... 27
3.2.4.4 Pintura ............................................................................................................................. 27
3.2.5 Esquadrias ......................................................................................................................... 27
3.2.6 Cobertura ........................................................................................................................... 29
3.2.7 Instalações elétricas ........................................................................................................... 30
3.2.7 Instalações hidrosanitárias ................................................................................................. 31
xi
4.2.2 Estrutura ............................................................................................................................ 52
4.2.2.1 Perfis .............................................................................................................................. 52
4.2.2.2 Estrutura vertical ............................................................................................................ 54
4.2.2.2.1 Painéis autoportantes ................................................................................................... 54
4.2.2.2.2 Painéis não estruturais ................................................................................................. 56
4.2.2.3 Estrutura horizontal ........................................................................................................ 56
4.2.2.4 Escadas ........................................................................................................................... 58
4.2.3 Fechamentos e revestimentos ............................................................................................ 58
4.2.3.1 Isolamento ...................................................................................................................... 58
4.2.3.2 Vedação .......................................................................................................................... 59
4.2.3.2.1 Placa OSB (Oriented Strand Board) ........................................................................... 59
4.2.3.2.2 Gesso acartonado ......................................................................................................... 60
4.2.3.2.3 Placa cimentícia ........................................................................................................... 62
4.2.3.3 Revestimento .................................................................................................................. 63
4.2.4 Instalações elétricas e hidrosanitárias ................................................................................ 63
4.2.5 Cobertura ........................................................................................................................... 64
xii
5.1.2.1 Desempenho acústico ..................................................................................................... 73
5.1.2.2 resistência ao fogo .......................................................................................................... 74
5.1.2.3 desempenho térmico ....................................................................................................... 75
6 Conclusões .............................................................................................. 83
6.1 Sugestões para trabalhos futuros .......................................................... 83
xiii
1. Introdução
1
Muito utilizado nos Estados Unidos, no continente Europeu e Japão, o sistema de Light
Steel Frame surge como uma boa solução de método construtivo para aqueles que buscam
uma maior racionalização e produtividade nas construções. Pode-se apontar como
principais características deste método a velocidade de execução, redução no desperdício
de materiais, maior leveza e execução total ou parcialmente a seco.
O LSF utiliza na sua estrutura perfis leves de aço galvanizado forjados a frio de espessura
variável, ligados entre si, formando uma estrutura interligada autoportante e projetada
para suportar cargas da edificação, sob a qual são fixados painéis de vedação interna e
externa.
1.3 Objetivo
O Objetivo do trabalho é realizar uma comparação entre os processos construtivos de
Light Steel Frame e Alvenaria Convencional, na aplicação em empreendimentos
habitacionais, apresentando suas vantagens e desvantagens em termos de prazo, custo,
qualidade, durabilidade, manutenção e desempenho.
2
1.4 Metodologia aplicada
Como ponto de partida foi realizada revisão bibliográfica, mediante pesquisa de trabalhos
de conclusão de curso de graduação, monografias de cursos de especialização,
dissertações de mestrado e teses de doutorado, assim como a consulta de normas e
manuais e artigos pertinentes. Os textos e dados obtidos na pesquisa foram tabulados,
analisados e utilizados como base para a redação dos diversos itens da monografia.
3
uma avaliação comparativa dos métodos por etapa construtiva. Demonstra as vantagens
e desvantagens de cada processo.
4
2. Empreendimentos habitacionais
2.1 Aspectos gerais
A necessidade por encontrar abrigo, proteção, um local para descansar e renovar as
energias, comportamento instintivo que acompanha o homem desde os primórdios de sua
existência, foi o que provavelmente originou a criação do que hoje chama-se de
habitações ou moradias. O morar, que se pode definir como o ato de permanecer ou tardar
em um lugar, é um hábito humano imemorial que ultimamente estimulou o
desenvolvimento e construção de abrigos, bem como permitiu a sobrevivência frente aos
desafios do meio.
5
O crescimento populacional e urbano no Brasil seguiu a tendência da maior parte do
mundo, criando demanda pela construção de novas edificações e infraestrutura.
Segundo Telles (1984), a partir do século 17, construções feitas sem nenhum tipo de
planejamento ou projeto, utilizando como matéria prima pedra e cal, começam a se tornar
mais comuns. Muitas vezes executadas artesanalmente, pelo próprio morador ou com
ajuda de seus vizinhos e amigos, utilizava-se também materiais encontrados nos entornos
das edificações, utilizando técnicas como o adobe, taipa de pilão e o pau-a-pique. Em
locais mais nobres, pedra, barro, cal e até mesmo o tijolo eram utilizados.
A construção com tijolos continuou ao longo dos anos como um dos principais meios de
se fundamentar as construções. Com o avanço da sociedade brasileira, bem como de toda
a Europa, a forma de construir e pensar as casas começou a sofrer mudanças. A chegada
da família real portuguesa ao Brasil impulsionou o desenvolvimento do país e,
consequentemente, a urbanização das cidades (VARGAS, 1994).
6
Ainda segundo Telles (1984), com a chegada da corte portuguesa no Brasil, são criadas
escolas militares e de engenharia. Com isso, começam a ser aplicadas teorias e métodos
científicos às técnicas já estabelecidas. Em meados do século 19, a produção do setor de
construção deixa de ser realizada apenas para uso próprio e passa a atender o mercado.
Essa demanda foi criada em função da atividade cafeeira, com o adensamento de centros
urbanos. Surgem as primeiras habitações executadas com fins comerciais.
Vargas (1994) salienta que nesse período os conhecimentos tecnológicos, assim como as
propriedades dos materiais empregadas eram mal conhecidas. Além disso, os processos
e operações de construção eram deixados à prática empírica dos mestres de obra.
A medida que a produção do setor de construção civil passava a ser tratada como
mercadoria para atender as demandas do mercado, a produção dos seus insumos
começava a ser estimulada. Para suprir a demanda da época por construções, era
necessária uma produção industrializada de tijolos, que de acordo com Vargas (1994), foi
um dos primeiros materiais de construção industrializados, mesmo que precariamente,
vindo a substituir o processo artesanal da taipa nas edificações.
A principal mudança observada, porém, foi a partir da Revolução Industrial. Com o início
da produção em massa de diferentes produtos, observou-se um progressivo aumento na
demanda por produtos metálicos, devido a descoberta da possibilidade e do manejo do
aço.
7
como elemento estrutural, uso que limita-se às edificações de um só pavimento, passando
a trabalhar apenas como elemento de vedação em edifícios altos. Com isso, o processo
construtivo tradicional para a construção de edificações passa a ser a estrutura de concreto
e alvenaria de componentes cerâmicos, sobretudo nas grandes cidades que na época
estavam em acelerado desenvolvimento.
A utilização do aço nas estruturas das edificações alavancou uma grande evolução na
concepção e execução destas. Incorporado às peças durante a concretagem, originando o
concreto armado, o aço teve importante influencia no mercado de construção brasileiro.
8
objetivo de estabelecer critérios e garantir a segurança das edificações, desde a concepção
do projeto até sua finalização.
9
No entanto, existem diversas outras que devem ser conhecidas pelos envolvidos nas
etapas da construção e projeto.
Por serem conceitos relativos, ou seja, que podem ter sua percepção alterada de pessoa
para pessoa, podendo ser aplicados em lugares com condições climáticas diferentes e
utilizados de maneira diferente, é necessário estabelecer critérios para a avaliação e
determinação do desempenho.
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Tabela 1: Adaptação dos critérios de desempenho da ISO 6241 (1984)
1. Requisitos gerais;
2. Requisitos para os sistemas estruturais;
3. Requisitos para os sistemas de piso;
4. Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas;
5. Requisitos para os sistemas de coberturas;
6. Requisitos para os sistemas hidrossanitários;
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De acordo com o “Guia para arquitetos na aplicação da norma de desempenho” do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU, 2015), a norma foi organizada a
partir dos elementos da edificação, levando em consideração as condições de implantação
e as exigências dos usuários. Em cada parte da norma NBR 15575, os elementos da
construção devem seguir exigências relativas a diferentes aspectos: Segurança estrutural;
Segurança contra incêndio; Segurança no Uso e Operação, Desempenho Acústico;
Desempenho Térmico; Desempenho Luminoso; Estanqueidade; Saúde, Higiene e
Qualidade do Ar; Acessibilidade; Conforto Antropodinâmico e Tátil; Durabilidade;
Manutenibilidade; Impacto Ambiental.
12
A parte 1 também introduz o conceito de Vida Útil de Projeto (VUP), que talvez seja o
mais importante de toda norma. Define o período de tempo em que o sistema em questão
deverá fornecer e manter o desempenho esperado, dadas as condições de uso ideais e
feitas todas as devidas manutenções. (Nakamura, 2013)
No item 2, que versa sobre o Desempenho Estrutural, são considerados os estados limites
último – ELU (paralisação do uso da construção por ruína, deformação plástica excessiva,
instabilização ou transformação da estrutura, no todo ou em parte, em sistema hipostático)
e os estados limites de utilização – ELS, que implicam no comprometimento ou prejuízo
da utilização da obra devido a fissuração ou deformação excessiva, comprometimento da
durabilidade da estrutura ou ocorrência de falhas localizadas que possam prejudicar a
estrutura em termos de desempenho (CBIC, 2013).
13
força física passível de ser aplicada por adultos e crianças, recomendando a forma e
limitando a força necessária para o acionamento de trincos, torneiras, entre outros
dispositivos, de maneira a trazer conforto ao usuário. Estabelece também planicidade
requerida para pisos, declividade de rampas, velocidade de elevadores, projeto de escadas
adequados, entre outros (CBIC, 2013).
A NBR 15575 fala também sobre estanqueidade à água, de suma importância não só para
evitar processos que podem levar ao desgaste de materiais e componentes, mas sobretudo
para evitar proliferação de fungos, doenças respiratórias, entre outros problemas. As
exigências de estanqueidade à água englobam umidade ascendente do solo, percolação
de umidade entre ambientes internos da edificação e infiltrações de água de chuva (CBIC,
2013).
Os dois últimos itens da norma falam sobre a durabilidade e manutenibilidade, que estão
associados ao período de tempo que a habitação deve manter características aceitáveis de
desempenho, assim como as ações que devem ser tomadas para manter e promover as
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características dos sistemas. Ambos conceitos estão diretamente relacionados a Vida Útil
de Projeto (VUP) (CBIC, 2013).
Logo, é inegável a importância da construção civil para o país. Segundo dados do IBGE
(2016), esse setor representa aproximadamente 6% do PIB do Brasil. Além disso, em
termos de emprego, 8,48% da população ocupada trabalha na indústria da construção
civil.
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irregulares, como cortiços e favelas. Esse déficit está associado a moradias que estão em
risco, onde haja a necessidade de uma nova construção; o ônus excessivo do aluguel
urbano, correspondendo a parcela da população que vive em moradias alugadas com valor
de 30% de sua renda; e o adensamento de domicílios alugados, que corresponde aos
domicílios alugados que tem mais de três moradores por dormitório. Segundo estudos da
FGV (2014), o déficit habitacional atingia cerca de cinco milhões de moradias em 2014.
Ao longo dos anos, várias medidas foram tomadas pelo governo, de maneira a tentar
reduzir esse déficit. Porém, seria criado em 2009 um dos mais importante programas
assistencialistas, o Minha Casa Minha Vida. Visando atender a população de baixa renda,
somente na sua primeira fase de atuação, a Caixa Econômica Federal, instituição
responsável pelos desembolsos concedidos pelo Governo federal, liberou cerca de R$ 53
bilhões (CUNHA, 2012).
Porém, segundo estudo da FGV (2014), Minha Casa Minha Vida só conseguiu reduzir
cerca de 8% deste déficit até o ano de 2015 (SANTOS, 2014). Mesmo com grandes
investimentos em moradia, o déficit habitacional ainda é um problema real no Brasil, mas
que ao mesmo tempo movimenta a economia, principalmente o setor de habitações da
construção civil, e tem grande importância socioeconômica.
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2.5 Métodos construtivos mais utilizados
Para a construção de edifícios residenciais, o método construtivo mais utilizado no país é
o sistema convencional, com estrutura reticulada em concreto armado e vedação externa
em alvenaria de blocos cerâmicos ou de cimentos não estruturais. Em sua maioria, o
método executivo é feito no canteiro de obras, mediante emprego de ferramentas simples
e com emprego de grande contingente de mão de obra pouco qualificada, caracterizando
uma construção pouco industrializada e muito artesanal.
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3. Sistema construtivo alvenaria convencional
3.1 Alvenaria convencional - Contextualização
De acordo com Nascimento (2007), a alvenaria é um sistema construtivo de origens
milenares, que começou com o simples empilhamento de materiais, com o intuito de se
chegar a um fim desejado. De certo modo, esse método alcançou sucesso por meio dos
impulsos sofridos, provavelmente devido à uma economia mais estável com o tempo, a
maior preocupação com o aumento da competitividade do mercado. Sendo assim,
começou a surgir uma necessidade por elementos e estratégias distintas, que englobassem
todas as carências que a alvenaria até então não supria.
18
em alvenaria convencional se divide em várias etapas, conforme descrito nos itens
seguintes.
3.2.1 Fundação
De acordo com Yazigi (2002), a base de uma construção possui a função de conduzir à
superfície do chão todo o peso e pressão que a estrutura fará sobre ela. Mesmo assim, a
base pode ser feita de modo a ser profunda ou plana. Quando se tem uma base de
superfície, é preciso se conduzir o peso da estrutura para o chão por meio de um arranjo
de pressão em cima da fundação. Em meio a esse tipo de função se encaixam as sapatas,
blocos, sapatas associadas, radiers e vigas de fundação.
Castro (2005) fala que a escolha do tipo de fundação para uma construção depende de
diversos fatores, como parâmetros do solo, nível do lençol freático, resistência,
topografia, profundidade até a camada resistente, entre outros.
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compressão e tração, compondo então o concreto armado. Trabalhando em conjunto, o
concreto e as barras metálicas conseguem dar grande estabilidade a uma estrutura
(BASTOS, 2006).
Bastos (2006) define concreto armado como a união do concreto simples e de um material
resistente à tração (envolvido pelo concreto) de tal modo que ambos resistam
solidariamente aos esforços solicitantes.
De acordo com Barros e Melhado (1998), as finalidades mais significativas das armaduras
são o seu uso a fim de amortecer as tensões de cisalhamento e tração, assim como
desenvolver a eficiência resistente dos elementos comprimidos. Barros e Melhado (1998)
também apresentam as fôrmas e atribuem três finalidades básicas ao seu sistema: formar
o concreto; controlar o concreto e suportá-lo até que consiga bastante resistência a fim de
suportar-se por si só, assim como dar a textura desejada à face do concreto.
Segundo a NBR 6118, elementos de concreto armado “são aqueles cujo comportamento
estrutural depende da aderência entre concreto e armadura, e nos quais não se aplicam
alongamentos iniciais das armaduras antes da materialização dessa aderência”.
É preciso salientar que interação entre o concreto e o aço traz inúmeras vantagens para
estrutura, além das características de resistência. Ao envolver o aço, o concreto cria uma
camada protetora que impede a corrosão do metal, aumentando muito a durabilidade e
resistência a intempéries do conjunto. Porém, essa proteção só é alcançada caso
respeitados os cobrimentos definidos na NBR 6118 que são obtidos durante a etapa de
cálculo da estrutura. Além disso, os coeficientes de dilatação são muito próximos, o que
facilita a interação entre as estruturas.
20
Figura 2: Viga de concreto simples (a) e armado (b).
3.2.3 Alvenaria
Segundo Rodrigues (2010), a alvenaria é o conjunto de elementos da construção civil,
resultantes da união de blocos justapostos fixados com argamassa, ou não, destinados a
suportar principalmente esforços de compressão ou simplesmente a vedação de uma área.
De acordo com a NBR 8042 (ABNT, 1992), um bloco (Figura 3) caracteriza-se como um
componente da alvenaria que possui furos prismáticos e/ou cilíndricos perpendiculares às
faces que os contêm.
21
Figura 3: Bloco cerâmico
Portanto, a alvenaria de vedação, como o próprio nome sugere, tem o objetivo de fazer a
divisão, proteção e isolamento de cômodos entre si e entre o ambiente. O que significa
que a alvenaria não é só um sistema de vedação interna muito eficiente como também
desempenha funções de vedação externa.
Esta vedação vertical protege o edifício de agentes externos como chuvas e ventos, além
de dividir ambientes internos promovendo segurança e conforto dentro de um sistema
estruturado. Este processo de fechamento de vãos de paredes é utilizado na maioria das
edificações (Thomaz, 2001).
22
Para a realização das alvenarias, precisa-se utilizar o projeto completo arquitetônico, uma
vez que, nas planta de corte e planta baixa, mais precisamente, são apresentadas as
dimensões as quais precisam ser seguidas durante a construção da alvenaria.
Depois que o modelo de assentamento for escolhido, os blocos de canto podem ser
assentados, a fim de poderem funcionar como suporte a uma linha que será esticada entre
os blocos, contendo pregos colocados na argamassa das juntas com o objetivo de poderem
direcionar a colocação dos blocos da primeira fiada, os quais precisam ficar alinhados
completamente. Sendo assim, de acordo com Bauer (1994), completa-se a primeira fiada
da alvenaria, notando-se o nivelamento na horizontal utilizando um nível de bolha, com
a régua de pedreiro como apoio, fazendo deste modo em todas as extremidades, cantos e
cruzamentos.
Em seguida, as guias prumadas são levantadas tendo a cautela suficiente para que fiquem
completamente na vertical - de prumo - e com a colocação dos blocos de modo que as
fiadas de cada junta fiquem desencontradas. Feito isso, as próximas fiadas podem, uma a
uma, ser assentadas até que se alcance a altura pretendida.
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Segundo Borges (1996), no momento da realização da construção é essencial não somente
que os blocos sejam amarrados entre si, mas também que eles sejam dispostos de tal forma
que se fixem aos materiais de concreto armado juntamente com as vigas e pilares. Tais
fixações e amarrações possuem a possibilidade de serem feitas por meio do chapisco
grosso utilizando argamassa feita de cimento com areia (Figura 4), além, de terem de se
juntar a cada duas fileiras de tijolo com o uso ainda de aço nos pilares e vigas poderão
ajudar a ligar a construção.
Yazigi (2002) ainda chama a atenção para a junção das paredes e das lajes ou dos fundos
de vigas, tendo em vista que se tratam de locais de alteração dessas estruturas com o
objetivo de não haver quebras ou rachaduras. Ainda é preciso que haja um destacamento
24
das alvenarias para que a fileira conclusiva da construção possua uma amarração chamada
de encunhamento ou “aperto da alvenaria”.
O encunhamento se trata de um processo que pode ser realizado de duas maneiras: logo
depois da secagem da argamassa que foi utilizada para assentar a antepenúltima fileira,
situação que poderá durar até sete dias, sendo que as fileiras conclusivas de tijolos
maciços devem estar em um inclinação de 45 graus quando comparadas às demais fileiras
da construção, e sempre por meio da utilização da argamassa, conforme a Figura 5.
Figura 5: Encunhamento.
Outro método se trata da utilização da argamassa com “aditivo expansor”, por meio do
qual a construção é feita até a execução da última fileira, e apenas no momento da junção
da laje ou do fundo de viga é que o enchimento utilizando a argamassa com aditivo
expansor é realizado (YAZIGI, 2002).
3.2.4 Revestimentos
Existem diversos tipos de revestimentos que podem ser utilizados nas construções, como
pintura, textura, revestimento cerâmico, gesso, entre outros. Deve-se levar em
consideração, porém, o local onde será aplicado e as condições as quais será submetido,
como intempéries, umidade, se será aplicado em área molhada ou seca (OLIVEIRA,
2012).
25
3.2.4.1 Forro
Ele pode definir a concepção do cômodo ou ambiente em que ele é utilizado de forma a
prover sensação de conforto aos usuários. Assim, a escolha do forro deve ter como
objetivo uma boa adequação com a funcionalidade e conforto da construção, levando em
conta também se a iluminação será embutida nele ou não, se sua utilização melhora o
conforto termoacústico para o usuário (AZEVEDO, 2004).
De acordo com Yazigi (2002), o forro se trata de uma proteção ou revestimento das faces
internas dos planos da estrutura da cobertura e está diretamente relacionado ao conforto
térmico e acústico assim como o acabamento estético da edificação. Além disso, o autor
chama atenção para o material e elementos utilizados para a confecção, pois cada um
exige um tipo de método próprio para a realização. Por exemplo, no caso de casas mais
populares é comum encontrar forros de madeira ou até mesmo PVC.
Conforme Milito (2009), forros feitos de madeira possuem lâminas de madeiras como
pinho, pinus, ipê e jatobá em sua confecção, podendo ser fixados por meio de pregos em
uma disposição de ripas, chamada de “entarugamento”.
Já os forros que são feitos em PVC, em sua grande maioria, podem ser executados em
placas duras e firmes ou em móveis, tendo como modo de realização algo bem próximo
dos forros de madeira, e ainda assim apresentando a leveza, suavidade e um melhor
acabamento como superioridade quando comparado à madeira (YAZIGI, 2002).
Ainda segundo Azevedo (2004), o reboco e o emboço são, usualmente, aplicados como
uma única camada, o emboço paulista. O emboço paulista serve como camada de
acabamento para receber pintura ou a argamassa colante, para receber o revestimento
cerâmico.
3.2.4.4 Pintura
A pintura tem como finalidade não só agregar valor estético a edificação, mas também
evitar a deterioração causada por intempéries, formando uma película resistente, que
também auxilia no processo de limpeza, lavagem e desinfecção. A escolha de cores claras,
por exemplo, pode-se obter um interessante conforto térmico, pois a luz solar reflete em
sua superfície, portanto tem grande importância em termos de desempenho (AZEVEDO,
2004).
3.2.5 Esquadrias
Os componentes das portas instaladas no sistema convencional (Figura 6) constituem um
sistema funcional, cujos elementos são: batente ou marco; guarnição (alizar); folha ou
folhas; e ferragem (POZZOBON, 2007).
27
O batente é o elemento fixo que é instalado junto ao vão da parede. O batente possui um
rebaixo em sua superfície, onde a folha se encaixa, conhecido como jabre. O alizar
compõe o acabamento da porta, instalado entre o marco e a alvenaria, e a espuma
expansiva auxilia na fixação do marco na alvenaria, com a finalidade de eliminar vazios
e evitar que o marco empene (POZZOBON, 2007).
É possível encontrar diversos tipos de esquadrias para janelas no mercado, como PVC,
alumínio, ferro, madeira, entre outros (BORGES, 1998).
A instalação da esquadria de alumínio tem início com a colocação do contra marco. Este
deve ser instalado levando em conta o nível e o prumo, pois se o contra marco não estiver
alinhado com a alvenaria e estrutura, a esquadria não será instalada corretamente,
acarretando em problemas ao usuário e prejudicando a estética da fachada da edificação.
Como é possível observar na Figura 7, as taliscas devem ser posicionadas de maneira a
indicar o plano final de acabamento com a alvenaria e as grapas devem ser chumbadas na
mesma (POZZOBON, 2007).
28
Figura 7: instalação do contra marco.
3.2.6 Cobertura
As coberturas têm como função principal a proteção das edificações, contra a ação das
intempéries, atendendo às funções utilitárias, estéticas e econômicas. As coberturas mais
comuns são as de telha, com estrutura de madeira como: concreto, cerâmico,
fibrocimento, entre outros (OLIVEIRA, 2012).
29
cabreúva, entre outros. Ao se calcular e projetar uma tesoura deve-se usar bitolas
comerciais para não encarecer demasiadamente a estrutura. A trama é constituída de
terças, caibros e ripas, que se apoiam sobre a armação e, por sua vez, servindo de apoio
às telhas. A Figura 8 ilustra um esquema de uma estrutura de cobertura em madeira.
30
3.2.8 Instalações hidrosanitárias
Nas instalações hidráulicas, o processo de instalação da tubulação é similar às instalações
elétricas, sendo necessário a realização de rasgos para a passagem dentro das alvenarias,
novamente contribuindo para geração de resíduos e desperdício de materiais. Após a
fixação da tubulação, depois da realização do acabamento das paredes, deve-se instalar
os registros, torneiras e acabamentos (OLIVEIRA, 2012).
Nesse item serão descritos os materiais mais utilizados na parte estrutural e vedação do
sistema de alvenaria convencional. Para a finalidade desse trabalho, não serão descritos
31
os demais materiais de construção utilizados nas instalações, revestimentos de piso e
parede, esquadrias e ferragens, acabamentos e forro, por não serem pertinentes ao estudo.
3.3.1.1 Cimento
32
argamassa normal. Pode-se usar como exemplo um saco de cimento que contém a
inscrição “CP I-25”, onde “CP I” indica que o cimento é do tipo Portland comum,
enquanto o numeral 25 indica que aos 28 dias de idade em argamassa normal o composto
deverá apresentar 25 MPa de resistência mínima a compressão. Essas informações devem
estar de acordo com a NBR 8953 (GONÇALVES, 2015).
Segundo Gonçalves (2015), é importante salientar que, de acordo com a NBR 6118, deve
se armazenar adequadamente o concreto tendo em vista suas características reagentes a
água. No item 8.1.1.3 da referida norma, são feitas as seguintes recomendações a respeito
do armazenamento correto do cimento:
As recomendações feitas nos itens a) e b) são feitas devido ao prazo de validade para a
utilização do cimento. É necessário utilizar as remessas mais antigas primeiro, para evitar
que seja ultrapassado o tempo de consumo recomendado pelo fabricante antes da
inutilização da mesma. Logo, para q isso seja respeitado não se deve misturar lotes
diferentes de cimento. O prazo para a validade do concreto é dado pelo fabricante e pode
ser obtido através da data de fabricação do lote, impressa na embalagem (GONÇALVES,
2015).
3.3.1.2 Agregados
33
Logo, os agregados ganham uma importância não só em termos estruturais, como também
em aspectos econômicos, pelo fato de se tratarem de materiais de baixo custo quando
comparados com o cimento. Além disso, os agregados compõem grande parte da
composição do concreto (BASTOS, 2006).
3.3.1.3 Água
Além disso, a água é o componente que confere ao concreto sua característica fluida no
momento da mistura. Ela tem a função de lubrificar as demais partículas, proporcionando
um melhor manuseio do concreto (GONÇALVES, 2015).
34
Figura 9: Decréscimo da resistência à compressão com o aumento do fator água/cimento.
3.3.1.4 Aditivos
Cánovas (1984), define aditivos como produtos que alteram as propriedades do concreto:
De maneira mais simples, pode-se definir os aditivos como substâncias que são
adicionadas de maneira controlada, de maneira a alterar características do concreto, tanto
no momento da concretagem, quanto após sua cura (BASTOS, 2006).
35
a) “Os aditivos devem ser evitados de serem utilizados, ou
seja, procura-se obter um concreto com as propriedades
desejadas sem o recurso do aditivo;
b) Quando o aditivo for necessário, deverão ser empregados
ensaios, para que não haja nenhuma incompatibilidade com
os aglomerantes. Após, deve-se fazer um rigoroso controle
na dosagem do aditivo.
c) Os aditivos não devem ser utilizados para corrigir defeitos
próprios do concreto, como má dosagem, má execução na
obra ou seleção incorreta dos seus componentes;
d) Os aditivos devem ser conservados de modo adequado, para
que não haja alterações de suas propriedades. Os aditivos
em pó devem ser mantidos em lugares secos, a fim de ser
evitado a formação de “torrões” por conta da umidade. Os
aditivos líquidos, devem ser protegidos do calor e agitados
antes do uso, para evitar que as eventuais sedimentações
ocorridas tirem sua uniformidade;
e) Deve-se atentar para que se tenha uma mistura uniforme do
aditivo em toda massa de concreto, para que seja garantido
a homogeneidade;
f) O emprego de vários aditivos em um único traço de
concreto pode ocasionar o aparecimento de efeitos
patológicos, devido a uma possível incompatibilidade da
mistura.” (BASTOS, 2006)
3.3.1.5 Aço
O aço é uma liga metálica, formada essencialmente por ferro e carbono. Sua principal
diferença em relação ao ferro fundido é em relação a quantidade de carbono, cujo teor nas
ligas de aço varia entre 0,008% até 2,11%, enquanto nas ligas de ferro fundido tem o teor
acima de 2,11% (FREITAS, 2007).
Os aços são classificados segundo sua tensão de escoamento. Sua nomenclatura é dada
pelas letras CA, seguidas pelo valor da sua tensão de escoamento em kgf/mm². Dessa
maneira, para um aço com especificação CA-25, obtém-se uma tenção de escoamento de
25 kgf/mm², ou 250 MPa (FREITAS, 2007).
Os aços estruturais de fabricação nacional para concreto armado podem ser classificados
em dois principais grupos (FREITAS, 2007):
36
a) Aços laminados a quente de dureza natural: Antigamente denominados aços tipo
A, são os mais utilizados no concreto armado, como o CA-25 e CA-50. Os aços
CA-50 apresentam saliências (mossas) que melhoram a aderência. Como eles
são laminados a quente, não perdem suas propriedades de resistência quando
aquecidos e resfriados. Com isso, podem ser soldados com eletrodos
consumíveis comerciais, e não são tão suscetíveis a ação de chamas moderadas.
b) Aços encruados a frio: são obtidos por tratamentos a frio dos aços comuns,
como o CA-60, antigamente denominados aços tipo B. O aço é encruado a frio
por torção combinada com tração. Havendo defeitos no material, ele rompe por
ocasião do encruamento, ou seja, a detecção de defeitos na peça é feita durante
sua própria fabricação.
3.3.2 Alvenaria
3.3.2.1 Bloco cerâmico
A respeito dos blocos utilizados na alvenaria de vedação, Lima (2006) explica que as
alvenarias podem ter tamanhos variados, a partir da quantidade de furos ou mesmo suas
espessuras, 4, 6, 8 e 10 furos, ou espessuras de 8 cm, 10 cm, 15 cm e até 20 cm, entre
outras.
Ainda segundo Lima (2006), este tipo de tijolo possui uma densidade média de 1300
kg/m³ sendo assentado com mão de obra convencional. Suas faces passam por vitrificação
fazendo com que a argamassa tenha melhor aderência. Possuem variação volumétrica
baixa ao absorver e expelir água e fácil manuseio, mas tem como inconveniente a
necessidade de quebra do material.
A matéria prima dos blocos é a argila, que sofre uma queima a temperaturas em torno de
850ºC. É um material não metálico, inorgânico, cujas propriedades físicas são obtidas
após a queima (LIMA, 2006).
37
Blocos cerâmicos utilizados na execução de alvenaria de vedação devem seguir os
requisitos dimensionais, mecânicos e físicos ditados pela NBR 15270-1. Consideram-se
dois tipos de blocos quanto ao direcionamento de seus furos prismáticos, conforme
ilustrado na Figura 10 (SANTOS, 2014).
38
Tabela 2: Dimensões padronizadas dos blocos
39
Tabela 3: Características dos blocos cerâmicos
Segundos Santos (2014), além dos blocos e meio-blocos existem, outros tipos de
componentes cerâmicos complementares que integram as alvenarias de vedação, com
funções específicas como a canaleta U, que permite a construção de cintas de amarração,
vergas e contravergas, a canaleta J, os blocos de amarração, os compensadores e outros
que podem ser especificados em projetos, desde que atendam aos requisitos de
desempenho exigidos.
3.3.2.2 Argamassa
A argamassa utilizada para o assentamento dos blocos deve atender aos requisitos
estabelecidos na NBR 13281, podendo ser preparada em obra ou industrializada.
Recomenda-se as argamassas mistas, compostas por cal hidratada e cimento.
40
O cimento confere a massa melhor aderência, resistência mecânica e estanqueidade nas
juntas da estrutura. Contudo, segundo Santos (2014), na preparação da argamassa, sempre
que possível, deve-se evitar a utilização de cimentos de alto forno (CP III) ou pozolânico
(CP IV), pois, devido à importante presença de escória de alto forno e de material
pozolânico respectivamente, a argamassa poderá ter elevada retração caso não haja
adequada hidratação do aglomerante; esses tipos de cimento, entretanto, podem ser
utilizados em situações em que se tenta prevenir reações de compostos do cimento com
sulfatos presentes na cerâmica.
Tais telas devem ser metálicas eletrosoldadas, galvanizadas e com fios de diâmetro de
aproximadamente 1 mm, com malha quadrada de 15mm. Essas telas devem atender as
especificações da norma NBR 10119.
41
3.4 Equipamentos e ferramentas utilizados
Um dos motivos que faz com que o método de construção alvenaria convencional seja
largamente utilizado no Brasil, além da mão de obra e materiais baratos, é o fato dos
equipamentos e ferramentas utilizados serem muitos simples, de fácil utilização. A seguir
serão descritos aqueles mais comumente utilizados nas obras que utilizam esse método
construtivo.
42
3.4.2 Concreto armado
Para a execução do concreto armado, as ferramentas e materiais mais utilizadas são
martelo, prego, nível de bolha e nível de mangueira, prumo, trena, linha, furadeira
elétrica, peças de madeira e para confecção das formas, escoras de apoio e travamento,
turquesa, tesoura de corte, serra circular, arame para amarração, espaçadores diversos,
alicate, desmoldante e escantilhão.
A respeito da Parte 4, existem diversos requisitos que devem ser cumpridos pelo sistema
de vedação, como é ilustrado na Tabela 4.
43
Fonte: Shin, 2016.
Além disso, a parede deve ser capaz de se manter estanque à água proveniente de fontes
externas e internas nas áreas molhadas, o que é facilmente alcançado pela alvenaria, que
é impermeável.
44
não ser satisfatório para o usuário ou até mesmo pela obsolescência funcional da estrutura.
A durabilidade é influenciada diretamente pela atividade de manutenção da estrutura e
pelo ambiente ao qual está exposta (BORGES, 2010).
A vida útil pode ser resumida em o período de tempo compreendido entre o início de
operação e o uso de uma edificação até o instante em que o seu desempenho para de
atender às exigências do usuário, influenciada diretamente pelas atividades de
manutenção e pelo ambiente no qual a edificação está exposta (BORGES, 2010). Na
Tabela 5 pode-se observar os tempos de vida útil requerido para cada elementos da
estrutura segundo norma.
45
Tabela 5: Vida útil dos diferentes sistemas da edificação.
Além disso, segundo Condeixa (2013), o sistema vedação em alvenaria tem produção
semi artesanal e pouco padronizada na fase pré-construção, que inclui a fase de extração,
beneficiamento e produção dos produtos primários que compõem a estrutura final, com
grande perda durante produção e no transporte dos mesmos.
46
É importante destacar que o sistema construtivo em alvenaria convencional possui um
ciclo de vida muito extenso. Uma vez construída, como já mencionado nesse capitulo,
uma edificação executada por esse método pode durar por muitos anos. Além disso, as
características de sua vedação permitem a modificação das habitações, aumentando ainda
mais sua vida útil.
Condeixa (2013) salienta também que os resíduos gerados pela demolição ou entulho das
obras podem ser reciclados, diminuindo seu impacto ambiental.
De acordo com estudo realizado em Zamin (2009) em relação aos custos da construção
realizada utilizando o método da alvenaria convencional, especificamente para uma
habitação popular, calculados pelo CUB no mês de setembro de 2009, é de
aproximadamente R$600,00/m².
Além disso, por ser um método construtivo que possui baixa produtividade, com
características de processos artesanais, que necessitam de verificação e controle, tem
prazo elevado em relação a outros processos mais racionalizados de construção, o que é
um agravante para o aumento dos custos da obra, pela necessidade de se utilizar muita
mão de obra.
47
ou o tempo de espera para se realizar a o encunhamento de uma parede, fazem com que
o método leve muito mais tempo para ser executado.
48
4. Sistema construtivo Light Steel Frame
4.1 Light Steel Frame – Contextualização
De acordo com Santiago, Freitas e Crasto (2012) o sistema Light Steel Framing (LSF) “é
um sistema construtivo de concepção racional, que tem como principal característica uma
estrutura constituída por perfis formados a frio de aço galvanizado”. Apesar de ser um
método ainda pouco conhecido, vem aparecendo como uma opção para a realização de
construções, além de ter ganhado certo espaço devido ao fato de sua característica
industrial oferecer maior cuidado com a qualidade envolvida no processo de fabricação e
pela maior velocidade no manuseamento.
O sistema Light Steel Framing (LSF), chamado também de Light Gauge Steel Framing
se trata de um melhoramento do sistema Light Wood Framing (LWF), sistema
autoportante de construção realizada em madeira muito conhecido em países como
Canadá e Estados Unidos. Tal método, que utilizava madeira para fazer o fechamento em
placas mais finas, surgiu inicialmente em meados do século XIX. Devido ao acelerado
crescimento urbano da época, o sistema LWF ganhou grande popularidade (SANTIAGO;
FREITAS; CASTRO, 2012).
Logo após a Segunda Grande Guerra, o aço passou a ser largamente utilizado nos países
desenvolvidos. Na Feira Mundial de Chicago em 1933, foi apresentado ao público o
primeiro molde em LSF para habitações. Projeto que foi desenvolvido por mais de uma
pessoa, tratou-se de uma junção de interesses da comunidade que necessitava de uma
alternativa para suas casas, a fim de que não ocorressem mais problemas com incêndio
(SANTIAGO; FREITAS; CASTRO, 2012).
49
A elaboração estrutural do novo sistema era muito parecida com o LWF, porem com a
estrutura em aço galvanizado a frio, de acordo com Santiago, Freitas e Castro:
Sua estrutura é composta por um grande número de elementos estruturais, que são
projetados a resistir a uma parcela da carga total aplicada na estrutura, possibilitando a
utilização de peças esbeltas e painéis mais leves (RODRIGUES, 2006).
Segundo Castro (2005), os perfis utilizados no LSF são obtidos através da perfilagem a
partir de bobinas de aço galvanizado. Segundo a NBR 15253 (2005), as espessuras das
chapas de aço podem variar de 0,80 a 3,0mm. As seções (Figura 13) mais comumente
utilizadas nas construções são: o perfil “U” enrijecido (Ue) para montantes e vigas; o “U”,
utilizado como guia na base e no topo dos painéis; o “Cartola” (Cr) empregado em ripas;
e, finalmente, as cantoneiras (L).
50
4.2 Aspectos do processo construtivo
4.2.1 Fundação
O tipo de fundação utilizado nas edificações depende de diversos parâmetros como
topografia, resistência do solo, nível do lençol freático, entre outros. Por possuir
limitações quanto ao número de pavimentos, o LSF é mais utilizado em casas,
consequentemente, na maior parte das vezes são utilizadas fundações rasas em concreto
armado, como radier, sapata corrida ou viga baldrame. Além disso, como a supra estrutura
do LSF não é ligada a fundação, como ocorre com as estruturas de concreto armado, a
ancoragem dos painéis estruturais na fundação é essencial, geralmente executada com a
utilização de parabolts expansíveis (CASTRO, 2005).
51
Figura 14: Parabolt Expansível.
4.2.2 Estrutura
4.2.2.1 Perfis
Os perfis utilizados para construções em LSF são obtidos, segundo Castro (2005), por
“perfilagem a partir de bobinas de aço revestidas com zinco ou liga alumínio-zinco pelo
processo contínuo de imersão a quente ou por eletrodeposição, conhecido como aço
galvanizado.”
As seções mais comuns (Tabela 6) para esses perfis utilizados na construção civil são
com o formato “C” ou “U” enrijecido (Ue) para montantes e vigas, assim como o “U”,
utilizado como guia na base e no topo dos painéis, que não tem função de transmitir cargas
(Castro, 2005).
52
Tabela 6: Perfis de aço formados a frio para uso em LSF e suas respectivas utilizações.
53
Tabela 7: Dimensões Nominais Usuais dos Perfis de Aço para Steel Framing,
As tiras são comercializadas em uma grande variedade de larguras, e são utilizadas para
a estabilização de painéis e formação de ligações. Já as cantoneiras são aplicadas nas
conexões de componentes onde um perfil Ue não é adequado e o perfil cartola é
empregado como ripas do telhado em LSF (GARNER, 1996).
Os painéis são formados por dois tipos básicos de perfil: os montantes e as guias. Os
montantes são compostos por perfis tipo U enrijecido (Ue) e são dispostos verticalmente,
posicionados continuamente com espaçamentos definidos, de maneira a obedecer às
definições de projeto. Já as guias são compostas por perfis tipo U, dispostas
horizontalmente nas extremidades dos montantes. Tais espaçamentos variam usualmente
54
entre 400mm e 600mm, podendo chegar a até 200mm no caso de grandes cargas. O
dimensionamento destes perfis é feito pela verificação dos esforços de flexo compressão
e de flexo tração. Quanto maior o carregamento aplicado sob os painéis, menor deverá
ser o espaçamento entre montantes, e maior o número de montantes a serem utilizados
(CASTRO, 2005).
Desta forma, os painéis têm sua largura e comprimento definidos, respectivamente, pelas
guias e montantes. Os painéis com função estrutural transmitem as cargas diretamente
para a fundação, para outros painéis ou para as vigas principais. Os montantes, por
suportarem carregamentos verticais, devem ser alinhados verticalmente de um pavimento
para o outro. Os parafusos cabeça de lentilha e ponta de broca são os mais utilizados para
a fixação dos montantes nas guias (CASTRO, 2005).
A estrutura horizontal (Figura 16) é composta por vigas de piso, onde são utilizados perfis
Ue, que devem coincidir com os montantes dos painéis verticais. Utiliza-se perfis Ue
também nas extremidades da viga como enrijecedores de alma, assim como um perfil U,
conhecido como sanefa, de maneira a evitar o esmagamento das vigas de piso. As ligações
entre os componentes são usualmente feitas por parafusos estruturais de cabeça sextavada
e ponta broca (CASTRO, 2005).
56
Figura 16: Estrutura de Laje de LSF.
Para a execução do assoalho da estrutura, utilizam-se dois métodos: laje úmida ou laje
seca. A laje úmida é executada utilizando-se o steel deck, com formas metálicas
onduladas, dispostas e fixadas sobre as vigas da laje de piso, onde é aplicado o concreto
armado com tela soldada sobre a forma. Por sua vez, a laje seca (Figura 17) utiliza placas
rígidas, como a placa de OSB estrutural, ou placas cimentícias em áreas molhadas e
sujeitas a umidade, dispostas e fixadas na estrutura da laje, assim como no método
descrito anteriormente. São adicionados também materiais com isolamento térmico e
acústico, como lã de vidro envolta em filme plástico, sobre esses materiais, com objetivo
de trazer mais desempenho a estrutura da laje seca. É o método de mais rápida execução
e de maior eficiência, além de utilizar materiais leves e com boas propriedades estruturais,
dispensando o tempo de cura e desperdícios gerados na construção (CASTRO, 2005).
57
Figura 17: Esquema de Laje Seca em LSF.
4.2.2.4 Escadas
58
fechado, conforme a Figura 18. Já o EPS é instalado após o fechamento do painel, que é
utilizado como apoio para sua fixação (CASTRO, 2005).
4.2.3.2 Vedação
Apesar disso, é o fechamento mais utilizado nas áreas externas, pelo fato de apresentarem
bom desempenho estético e funcional, além de serem materiais leves, de fácil instalação,
transporte e armazenamento. O OSB (Figura 19) recebe em sua produção tratamento
contra a ação de insetos para o prolongamento de sua vida útil (CASTRO, 2005).
59
logo após a instalação das mesmas, de maneira a evitar o contato com a chuva (CASTRO,
2005).
Segundo Labuto (2014), sua composição, com aproximadamente 20% em água, garante
as placas uma elevada resistência ao fogo. No caso de um incêndio, essa água vai sendo
gradativamente liberada na forma de vapor. Para temperaturas de até mil graus Celsius,
uma chapa de 12,50mm de espessura (chapa Standard) suporta até 30 minutos de
exposição às chamas, permanecendo intacta e impedindo a transferência do calor entre
ambientes. Paralelamente, as placas também são capazes de resistir aos jatos d’água das
mangueiras de incêndio. Existem diversos tipos de placas especiais para locais onde existe
uma maior exposição ao calor e potencial exposição ao fogo, assim como placas
resistentes a umidade e as placas padrão.
Os três tipos de placa mais utilizados, segundo Castro (2005) e Labuto (2014) são:
60
Chapas resistentes ao fogo (RF): Tem em sua composição fibra de vidro, material que
confere um aumento na resistência ao fogo. Ainda, de acordo com Labuto (2014) com
dias chapas RF (12,5mm cada), uma em cada lado do perfil de aço galvanizado (espessura
mínima de 70mm), consegue-se atingir 90 minutos de resistência ao fogo. Essa chapa é
comercializada com o cartão na cor vermelha.
Chapas resistentes à umidade (RU): Tem em sua composição silicone, capaz de reduzir
significativamente a absorção de água da placa. Segundo Labuto (2014), em um período
de duas horas a chapa standard absorve de 30 a 40% do seu peso em água, enquanto no
mesmo período por norma a RU deve absorver a baixo de 5% do seu peso em água. Logo,
a placa supera os valores estabelecidos pela norma. A impermeabilização dessas placas
deve ser feita com uma película à base de emulsão acrílica não estirenada ou borracha
sintética, de acordo com a NBR 13321:1996 ou NBR 9396:1986. Essa chapa é
comercializada com o cartão na cor verde.
Chapas Standard (ST): Chapa tradicional, composta apenas por Gipsita. Essa placa deve
ter seu uso destinado a áreas secas.
Figura 20: As placas podem ser diferenciadas visualmente através das cores. As que possuem colocação roxa ou
branca são as Standard (ST), as verdes são resistentes à umidade (RU) e as placas rosas são resistentes ao fogo (RF).
61
autoatarraxantes, e apresentam grande vantagem em relação a outras vedações internas,
como a facilidade para a execução e manutenção de instalações (CASTRO, 2005).
Deve-se atentar também para o tratamento das juntas, pois está diretamente atrelado a
características de desempenho da estrutura. Existem maneiras distintas de se executar o
tratamento das juntas, que em geral é feita utilizando massa especial para rejunte e a fita
de papel micro perfurado (LABUTO, 2014).
De acordo com Castro (2005) e Vivan (2011), as placas são fixadas com parafusos tipo
cabeça de trombeta e ponta broca. As juntas devem ser tratadas após sua fixação, mais
usualmente com silicone, principalmente em placas externas.
62
Figura 21: Placas Cimentícias na estrutura de LSF.
4.2.3.3 Revestimento
63
Contudo, a execução dessas instalações é muito mais simples nas estruturas de LSF, pois
podem ser passadas no interior dos painéis, entre os revestimentos. Isso facilita também
eventuais manutenções, minimizando o desperdício de materiais e o retrabalho (VIVAN,
2011).
4.2.5 Cobertura
Segundo Castro (2005), para a execução de coberturas na estrutura de LSF, são utilizados
os mesmos perfis de aço galvanizado dos painéis estruturais, que são os perfis U e Ue,
com alma de 90mm, 149mm, ou até 200mm de altura. Os perfis devem ser posicionados
de maneira que transmitam as cargas sem gerar efeitos substanciais de segunda ordem.
Os perfis que compõem a tesoura, treliça ou conjunto de caibros devem estar alinhados
aos montantes de paredes estruturais. Pode-se utilizar nos telhados telhas cerâmicas,
metálicas, de fibrocimento entre outras comumente utilizadas em edificações
convencionais (CASTRO, 2005).
4.4 Ligações
Segundo Castro (2005), entre os métodos de ligações utilizados no LSF, as ligações
parafusadas são mais eficientes, pois permitirem a ligação entre vários componentes da
edificação.
4.4.1 Parafusos
Os parafusos autoatarraxantes e autoperfurantes são os mais utilizados nas construções
em LSF, por serem de fácil execução tanto no canteiro de obras quanto na pré-fabricação,
além de terem boas características de resistência. São compostos de aço carbono, com
tratamento cementado e temperado, sendo recobertos com uma proteção de zinco para
evitar a corrosão. São elementos de extrema confiabilidade do sistema (CASTRO, 2005).
64
Segundo Castro (2005), estão disponíveis em diferentes tamanhos, que vão do nº 6 ao nº
14, enquanto os mais usados vão do nº 6 ao nº 10, e seus comprimentos variam de ½ pol.
a 3 pol. dependendo da aplicação.
Ainda segundo Castro (2005), na fixação entre elementos, como placas de fechamento e
perfis metálicos, o parafuso deve ultrapassar o perfil metálico em pelo menos 10 mm, de
forma a fixar todas as camadas. O comprimento nominal do parafuso utilizado e o seu
diâmetro estão diretamente relacionados à espessura total do aço que o parafuso precisa
perfurar.
65
A cabeça do parafuso (Figura 24), por sua vez, vai ser definida com base no material a
ser fixado. Os parafusos com cabeça dos tipos lentilha, sextavada e panela são
empregados para a fixação entre perfis metálicos (ligação metal/metal), enquanto os
parafusos com cabeça tipo trombeta servem para a fixação de placas de fechamento nos
perfis metálicos (ligação chapa/metal). Em geral, as fendas, quando presentes, são do tipo
Phillips nº 2. Para a fixação de placas de vedação, como OSB e cimentícias, são utilizados
parafusos com asas no corpo e ranhuras na cabeça tipo trombeta (CASTRO, 2005).
Figura 24: Tipos de cabeça de parafusos mais utilizados em ligações com LSF. Respectivamente: cabeças lentilha,
sextavada, panela e trombeta.
A diferença, porém, reside no fato do sistema em LSF ser racionalizado, tornando todo o
processo de gestão da qualidade muito mais fácil e eficiente.
De acordo com Rodrigues (2006), o sistema LSF se diferencia dos demais pela
composição de seus sistemas que funcionam em conjunto. Apresenta inúmeras vantagens,
como desempenho termo acústico, material estrutural em aço mais leve e resistente a
corrosão, durabilidade, redução de resíduos, controle do gasto de material, uso de material
totalmente reciclável e resistente ao fogo (RODRIGUES, 2006).
66
Segundo Hass e Martins (2011), em termos de segurança estrutural, o sistema LSF
apresenta bom desempenho em geral, pois o as paredes com função estrutural dividem
todo o peso das lajes e demais pavimentos. Uma casa em sistema LSF pode ser associada
a uma enorme caixa metálica, apresentando assim ótima estabilidade, inclusive a abalos
sísmicos.
Além de atender a norma NBR 15575, segue também o Sistema de Avaliações Técnicas
(SINAT) a partir da diretriz n°003, que impoe exigências para atender ao desempenho
térmico e acústico. Para esse fim, nas edificações em LSF faz-se uso de diversos recursos,
porém essencialmente o conforto térmico e acústico é estabelecido pelo sistema de
fechamento, que quando corretamente projetado garante principalmente a redução de
gastos posteriores com a energia.
Segundo Castro (2005), através do isolamento térmico e acústico, que limita a influência
de intempéries externos, é possível obter o controle da qualidade na habitação, criando
condições de conforto interno adequado as residências.
67
O LSF é um sistema que requer pouca manutenção ao longo de sua vida útil. Os materiais
utilizados, por serem de origem industrializada e passarem por um rígido processo de
controle de qualidade, como já foi descrito nesse capítulo, possui altíssima durabilidade,
se mantida a integridade dos revestimentos.
De acordo com Alves (2015), os projetos que adotam o LSF apresentam redução no
desperdício de matéria prima, já que utiliza materiais industrializados, que passam por
um rígido controle de qualidade na sua fabricação. Por ser um material leve e por não
utilizar paredes maciças, há redução de consumo de material desde a fundação, por não
necessitar de construções de altas resistência. A execução do LSF, se adequadamente
planejada e projetada, reduz consideravelmente a geração de resíduos.
De acordo com o trabalho de Sanches e Sato (2009), as etapas mais importantes para a
construção de uma edificação em LSF são de fechamento, revestimento e a estrutura.
Logo, demandam mais trabalho, material e tempo, e por isso, demandam mais recursos
68
financeiros para sua execução. Em conjunto, tais etapas são responsáveis, segundo os
autores, por mais de 44% do valor do imóvel.
69
5. Análise comparativa – Alvenaria convencional X Light
Steel Frame
O objetivo desse capítulo é, considerando os atributos qualidade, desempenho,
durabilidade, prazo e custo, fazer uma avaliação comparativa do método construtivo da
alvenaria convencional e o Light Steel Frame por etapa construtiva.
Para fazer essa avaliação, foram utilizados, quando disponíveis, indicadores mensuráveis,
de maneira a demonstrar as vantagens e desvantagens de cada processo.
Porém, como foi exposto ao longo desse trabalho, ambos os métodos possuem, muitas
vezes, similaridades nos processos utilizados. Dessa maneira, para cada item serão
considerados apenas as etapas pertinentes para cada comparação.
70
Paralelamente, é de conhecimento geral que os edifícios executados em alvenaria
convencional, quando calculados segundo a NBR 6118, atendem adequadamente aos
requisitos pertinentes a norma de desempenho.
É importante citar também que, conforme previamente mencionado nesse trabalho, o LSF
possui uma limitação no número de pavimentos permitidos pela norma, devido as
características modulares da estrutura.
5.1.1.2 Durabilidade
Para mensurar a durabilidade dos sistemas construtivos, utiliza-se o indicador de vida útil.
A vida útil pode ser definida como o período de tempo durante o qual as estruturas de
concreto mantêm condições satisfatórias de uso, atendendo as finalidades esperadas em
projeto (BRANDÃO e PINHEIRO, 1999).
71
Tabela 8: VUP mínima - diversas normas.
É notório, portanto, que as estruturas de concreto armado são capazes de atingir a vida
útil determinada por norma, quando corretamente projetadas e construídas conforme as
boas práticas e submetidas a manutenções regulares. Essa fato pode ser observado pela
presença de diversas edificações que ultrapassam 50 anos e continuam cumprindo as
exigências de desempenho.
A respeito do Light Steel Frame, devido ao rigoroso controle de qualidade dos materiais
utilizados no sistema construtivo, Way, Popo-Ola, Biddle e Lawson (2009) determinam
em seu trabalho que, através do cálculo do decaimento da cobertura de zinco das peças
de aço galvanizado que compõem a estrutura do Light Steel Frame sob diversas
circunstâncias, uma estrutura sob proteção efetiva da umidade pode atingir
adequadamente uma vida útil de projeto de pelo menos 200 anos.
72
Contudo, ambos os sistemas compartilham de condições necessárias para o alcance da
vida útil de projeto, como execução adequada, ausência de falhas e patologias, assim
como manutenção adequada no envelope das estruturas, evitando a ação de intempéries.
5.1.2 Vedações
Em seu trabalho, Ferreira (2015) faz uma comparação entre os sistemas de vedação em
LSF e alvenaria em blocos cerâmicos em termos de desempenho acústico (isolamento
acústico), além dos desempenhos térmico (isolamento térmico) e resistência ao fogo, que
serão desenvolvidos nos itens seguintes.
Tabela 9: Quadro de Comparação dos sistemas de vedação vertical analisados: índice de redução sonora de
fachadas.
73
Tabela 10: Quadro de Comparação dos sistemas de vedação vertical analisados: índice de redução sonora em
paredes de geminação.
74
Para a avaliação da resistência ao fogo, Ferreira (2015) utilizou dados obtidos dos ensaios
realizados por Silva (2015) para a resistência ao fogo de blocos cerâmicos, segundo as
exigências da NBR 15575, comparados com os resultados de seus próprios estudos a
partir das vedações do sistema LSF. Os resultados podem ser observados na Tabela 11.
Tabela 11: Quadro de Comparação dos sistemas de vedação vertical analisados: Reação ao fogo.
75
Contudo, Santiago (2008) explicita em seu trabalho que, apesar da utilização de
envoltórias com propriedades adequadas ser um fator importante para a qualidade térmica
da construção, a arquitetura também é um fator decisivo nesse aspecto. No Brasil, por ser
um local de clima quente em geral, deve-se adotar, por exemplo, uma orientação solar
correta, permitir a ventilação dos ambientes, entre outros, de maneira a garantir que a
edificação tenha condições desejáveis de conforto.
Ferreira (2015), como já mencionado nesse capítulo, faz uma comparação entre os
sistemas de vedação em LSF e alvenaria em blocos cerâmicos em termos de desempenho
térmico. Para isso, utiliza ensaios comparativos de avaliações técnicas, conforme a
diretriz SINAT (Sistema Nacional de Avaliação Técnica) n° 3, para a avaliação do
desempenho no Light Steel Frame, e os resultados obtidos por Silva (2015) de
transmitância térmica e capacidade térmica para blocos de alvenaria diversos, baseados
na NBR 15575. Os resultados obtidos são sintetizados na Tabela 12.
Apesar do sistema em LSF atender às exigências da NBR 15575, Ferreira (2015) salienta
que para tal é necessário que as condições ideais sejam adequadas (escolha adequada da
forração, ventilação, sombreamento e cores da fachada). Paralelamente, para paredes de
alvenaria não existem condições específicas para o atendimento mínimo do desempenho
térmico das fachadas de acordo com a norma.
Logo, a autora do estudo conclui que, em relação ao desempenho térmico das fachadas,
as paredes de alvenaria apresentam vantagem em termos de desempenho, uma vez que
76
não necessitam dos mesmos cuidados que o LSF para o atendimento mínimo do conforto
térmico.
Na Tabela 14 são apresentados os custos diretos globais obtidos por Meneghel e Dare
(2017), divididos por etapa construtiva.
77
Tabela 14: Custos diretos globais.
Farias (2013) destaca, porém, que o tempo de construção do LSF é bem mais curto que o
sistema em alvenaria convencional (Tabelas 15 e 16). Dessa maneira, o desprendimento
de capital no sistema LSF é feito mais rapidamente. Paralelamente, por sua execução ser
mais rápida, é possível disponibilizar o empreendimento para venda mais rapidamente, e,
portanto, podendo ter retorno mais rapidamente. Além disso, a rapidez na construção
mostra resultados mais expressivos no orçamento o quão maior for o empreendimento.
78
Tabela 15: Cronograma do empreendimento em alvenaria convencional.
79
Tabela 16: Cronograma do empreendimento em LSF.
Em seu estudo, Farias (2013) obteve um custo de construção 40% maior por m² para a
casa executada com o sistema em LSF. Essa discrepância em relação ao resultado obtido
por Meneghel e Dare (2017) se deveu ao fato de os imóveis estudados pelo autor terem
características diferentes entre si. O custo por m² obtido da construção em LSF foi
calculado através do custo total de duas casas geminadas, enquanto o da casa em alvenaria
convencional foi baseado em apenas uma. Além disso, os estudos foram realizados em
regiões diferentes e datas diferentes. Enquanto estudo de Meneghel e Dare (2017) foi
realizado na região Sul do Brasil, Farias (2013) realizou o estudo na região sudeste 4 anos
80
antes, quando os preços dos componentes do LSF eram mais caros e estes eram menos
disponíveis no mercado.
81
Geração elevada de Construção
entulho; majoritariamente a -
Resíduos podem seco;
AMBIENTAIS ser reciclados; Desperdício mínimo
Vida útil longa. de materiais; Vida
útil longa;
Baixa
produtividade; Fácil montagem,
Limitações no manuseio e
método construtivo transporte;
-
fazem com que os Fácil execução das
PRAZO -
prazos sejam instalações;
maiores; Alta produtividade;
Difícil manuseio e Construção
transporte dos racionalizada;
materiais.
Material mais caro
Materiais e do que o método
insumos são convencional;
Necessita de mão
baratos; Mão de obra mais
de obra em alta Grande
Mão de obra cara; Custo de
quantidade; disponibilidade de
CUSTO barata; construção mais
Materiais são muito perfis no mercado;
Equipamentos e elevado (8,6% a
desperdiçados.
ferramentas 40% maior que
utilizados são alvenaria
baratos. convencional).
82
6. Conclusões
Através das informações levantadas no trabalho, foi feita uma análise comparativa entre
os métodos construtivos Light Steel Frame e alvenaria convencional. Foram apresentadas
vantagens e desvantagens de ambos métodos, tendo em vista a situação do mercado
habitacional brasileiro e os parâmetros obtidos em pesquisa.
Foi possível concluir que o método construtivo em LSF, em geral, é mais vantajoso nos
aspectos de desempenho, qualidade, manutenibilidade, impacto ambiental na construção
(consumo de água e geração de resíduos), produtividade e prazo. Porém, em termos de
durabilidade, custo, disponibilidade de material e mão de obra, flexibilidade
arquitetônica, facilidade de construção (não necessita de mão de obra qualificada), a
alvenaria convencional se mostra superior.
É notável, porém, que o LSF vem ganhando espaço no mercado brasileiro, conforme
aumenta a demanda por desempenho e racionalização. Contudo, o mercado de construção
ainda não está adaptado a utilização em larga escala desse método, além do fato da
alvenaria convencional já ser um método estabelecido que, ao longo das décadas, se
adaptou não só as condições econômicas, mas também sociais de nosso país.
83
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