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Parecer jurídico nº 002/2019-ADUNICENTRO:

Análise do Projeto de Lei Geral das Universidades das Instituições de Ensino


Superior do Paraná

Ementa: Análise preliminar Projeto de Lei Geral das Universidades destinado as


Instituições de Ensino Superior do Paraná.

À
Diretoria da ADUNICENTRO,

1. INTRODUÇÃO

O objetivo do presente parecer é traçar uma análise acerca do


projeto de lei governamental intitulado “Projeto de Lei Geral das Universidades”,
considerando-se, dentre outras questões importantes, que estamos diante de um
novo governo que, na prática, mantém as mesmas políticas de ataque ao ensino
público, gratuito e universal.
O projeto de lei intitulado de Projeto de Lei Geral das
Universidades em que pese seu enunciado mencionar a autonomia Universitária
como uma garantia assegurada pela Constituição Federal, viola frontalmente a
autonomia das Instituições de Ensino Superior do Paraná, portanto é inconstitucional,
conforme se demonstrará a seguir.

2. DAS IMPLICAÇÕES DO PROJETO


Importante inicialmente salientar, que o projeto visa estabelecer
uma padronização jurídica às Universidades, sem considerar as distintas realidades
atinentes ao universo das instituições de Ensino Superior.
Além disso, estipula em seu art. 16 § 3º, que o repasse do
orçamento destinado as IES (Instituições de Ensino Superior) será será feito em 2
(duas) etapas durante o ano, uma no ínico do orçamento e a outra em julho de cada
ano.
Ora, as Universidades dependem do pagamento integral do
orçamento destinado às IES para custearem suas despesas em atendimento ao
mandamento Constitucional que garante sua autonomia financeira.
As disposições constitucionais acerca da autonomia financeira
das universidades, foram reafirmadas, igualmente, pela lei 9295/1990 que
constituiu a Unicentr, ao determinar que:

Art. 2º. São fins da Fundação Universidade Estadual do Centro-


Oeste a realização e o desenvolvimento da educação superior, da
pesquisa e da extensão e a divulgação científica, tecnológica,
cultural e artística.
Art. 4º. A Fundação Universidade Estadual do Centro-Oeste gozará
de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
financeira e patrimonial.
Parágrafo único. O Governador do Estado designará representantes do
Governo nos atos constitutivos da Fundação.
Art. 5º. A receita financeira da Fundação será proveniente:
I – das dotações orçamentárias anualmente consignadas no
Orçamento do Estado;
II – dos auxílios, doações e subvenções federais e municipais, ou de
outras origens;
III – das contribuições escolares;
IV – das taxas e emolumentos escolares;
V – dos rendimentos de serviços prestados;
VI – das contribuições financeiras decorrentes de convênio, acordo ou
contrato;
VII – das rendas patrimoniais;
VIII – das rendas eventuais;
IX – de saldos de exercícios financeiros encerrados.

Dessa forma, o orçamento anual das universidades e a sua


distribuição, quanto às despesas, são obrigatórias. Sendo que, cada Universidade
tem a prerrogativa de definir sua prioridades administrativas e financeiras no
exercício de sua autonomia.
O respectivo projeto de lei, também, em seu art. 15, propõe a
criaçaõ de um Conselho de Reitores - CRUEP, que será presidido pelo
Superintendente da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior, SETI, estranho ao ambiente Universitário, atribuindo poderes ao Conselho
que se sobrepõe aos orgãos deliberativos das Universidades que são as autoridades
máximas da Instituição.
A Constituição Federal, em seu artigo 207, assegura às
universidades autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e
patrimonial, devendo obedecer ao princípio da indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão.

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica,


administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio
de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
A autonomia universitária na sua tríplice vertente: didático-
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, obedecerão ao princípio
da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

A interdependência entre as três dimensões de autonomia foi


destacada por Hugo Nigro Mazzilli:1

“Posto não mencionada expressamente na Constituição a autonomia


financeira do Ministério Público, na verdade, ela é desdobramento da
autonomia administrativa (CR, arts. 127, §§ 2º e 3º, 168 e 169). Assim,
foram garantidas as consequências dela decorrentes, bem como a
infraestrutura indispensável para assegurá-la. Com efeito, sem
autonomia financeira, sequer haveria efetiva autonomia funcional. A
autonomia orçamentária é complemento necessário da autonomia e da
independência funcional. Como anotou, com razão, Eurico de Andrade
Azevedo, 'é evidente, porém, que essa independência funcional – válida
tanto para os seus membros como para a instituição como um todo, e
incompatível com interferência externas, submissões burocráticas e
supervisões orgânicas – só poderá ser exercida eficazmente, só será
verdadeira e efetiva se estiver acompanhada de autonomia
administrativa e financeira'.”

Neste mesmo sentido, está o Comentário Geral13 do Comitê dos


Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da Organização das Nações Unidas:
“A satisfação da liberdade acadêmica é imprescindível à autonomia das
instituições de ensino superior. A autonomia é o grau de autogoverno
necessário para que sejam eficazes as decisões adotadas pelas
instituições de ensino superior no que respeita o seu trabalho
acadêmico, normas, gestão e atividades relacionadas”.

Ora, compete as Instituições de Ensino Superior decidirem os


parâmetros de sustentabilidade Econômico-Financeira, estabelecer regras sobre
limites com despesas totais, incluindo a contratação de pessoal.
O projeto de lei, ainda condiciona a liberação orçamentária e o
investimento ao desempenho da Universidade. Não bastasse isso, o artigo 18
obriga que os projetos sejam submetidos a análise da SETI para que possam
receber qualquer aporte.
Além disso, convenciona que “o dimensionamento do número
total de vagas de pessoal docente efetivo para a demanda da graduação de cada
Universidade será resultado da relação do número de professores por vagas
ofertadas em seus respectivos cursos de graduação, impondo as universidades um
percentual mínimo, inclusive de vagas de docentes”.

1 Regime Jurídico do Ministério Público. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 147
Ainda prevê que “a ponderação da relação quantitativa referida
no parágrafo anterior para cada área do conhecimento será estabelecida por Decreto
Governamental, a partir de proposição da SETI.” Por derradeiro, além disso,
determina o citado projeto, que novos cursos dependerão da aprovação do Governo
do Estado, preenchendo para tanto, requisitos previamente definidos, fixando o
fechamento de cursos diante da insuficiência de matrícula como sanção as
universidades(art.19 § 1º, 2º e 3ºart.20, §1º, 2º , 3º , art. 21 § 1º e 2º, art. 24,art. 27,I,
II, III, IV, V, §1º e 2º, art. 28)
Ora, tais prerrogativas, de investimento em projeto, de
dimensionamento e quantitativo de pessoal, sejam servidores técnicos ou docentes,
de estipulação do número de vagas, são prerrogativas da Instituição de Ensino
Superior, conforme sua análise de conveniência e oportunidade, em observância a
sua autonomia administrativa e didático-científica, obedecendo ao princípio de
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
No que tange a autonomia universitária se faz mister trazer um
adequado conceito de autonomia universitária, sendo relevante a análise de Pinto
Ferreira, em seus Comentários à Constituição Brasileira (1995) p. 112:

“A ideia de autonomia universitária está intimamente ligada à luta pela


liberdade de pensamento, de crítica, de pesquisa de ensino, de
orientação de suas atividades, sem o que é impossível a realização da
plena autenticidade do ideal universitário. A universidade significa
assim a luta pela liberdade e pela autodeterminação. A finalidade da
universidade é a finalidade da própria vida, que é uma realização
constante da liberdade, que, em sua acepção ampla, Anísio Teixeira
entendeu como significando “expansão da personalidade humana,
aumento dos seus poderes de ação e diminuição progressiva de
restrições externas sobre o pensamento”.

O dimensionamento do número total de vagas de pessoal


docente efetivo para a demanda da graduação de cada Universidade será resultado
da relação do número de professores por vagas ofertadas em seus respectivos
cursos de graduação, impondo as universidades um percentual mínimo, inclusive de
vagas de docentes”. Ainda prevê o projeto que “a ponderação da relação quantitativa
referida no parágrafo anterior para cada área do conhecimento será estabelecida por
Decreto Governamental, a partir de proposição da SETI”, estipulando ainda o citado
projeto, que novos cursos dependerão da aprovação do governo do Estado.

O projeto de lei (Projeto de Lei Geral das Universidades) sob


análise, além de violar a Constituição Federal, ainda fere a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB) - Lei nº 9.394/1996, em seus artigos 54 e 56 dispõe,
em consonância com o art. 206, VI, da gestão democrática da gestão das instituições
públicas de educação superior:

Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão, na


forma da lei, de estatuto jurídico especial para atender às peculiaridades
de sua estrutura, organização e financiamento pelo Poder Público,
assim como dos seus planos de carreira e do regime jurídico do seu
pessoal.

§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas


pelo artigo anterior, as universidades públicas poderão:

I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo,


assim como um plano de cargos e salários, atendidas as normas gerais
pertinentes e os recursos disponíveis;

II - elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as


normas gerais concernentes;

III - aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos


referentes a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo com os
recursos alocados pelo respectivo Poder mantenedor;

IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;

V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas


peculiaridades de
organização e funcionamento;

VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do


poder competente, para aquisição de bens imóveis, instalações e
equipamentos;

VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de ordem


orçamentária, financeira e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho.

Art. 56. As instituições públicas de educação superior obedecerão ao


princípio da gestão democrática, assegurada a existência de órgãos
colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos da comunidade
institucional, local e regional.

Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por cento


dos assentos em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que
tratarem da elaboração e modificações estatutárias e regimentais, bem como
da escolha de dirigentes.

Ao suprimir o direito das Instituições de Ensino Superior de


efetuarem o dimensionamento do número de vagas de docentes para demanda da
graduação em seus respectivos cursos, com imposição de percentual mínimo,
inclusive de vagas de docentes, submetendo a criação de curso a aprovação do
Governo do Estado, bem como, parcelar o repasse orçamentário as Instituições,
condicionando o estabelecimento de recursos ao número de alunos equivalentes e
ao desempenho, cria-se situação de verdadeira violação à autonomia universitária,
uma vez que a atividade administrativa, de gestão, didática cientifica e financeira
passa a ser determinada pelo SETI e pelo Estado e não mais pelas próprias
universidades, ferindo assim a autonomia universitária prevista no art. 207 da
Constituição Federal.

É evidente, que os dispositivos legais que se referem as


Instituições de Ensino Superior impuseram, em consonância com os princípios
constitucionais pertinentes, um critério específico em que a interferência na
autonomia e na administração universitária resta limitada aos termos legais.
Vejamos o que esclarece Nina Ranieri, em sua obra Autonomia
Universitária EDUSP 1994 2:

É por intermédio da autonomia administrativa, possibilidade de auto-


organização, que as universidades decidem quanto à regulamentação
de suas atividades-fim. A autonomia administrativa, portanto, é
instrumento, decorrência e condição da autonomia didático-científica, e
pressuposto da autonomia de gestão financeira e patrimonial. Consiste
basicamente no direito de elaborar normas próprias de organização
interna, em matéria didático científica e de administração de recursos
humanos e materiais; e no direito de escolher dirigentes. (grifei)

Assim sendo, apreende-se que o projeto de lei denominado de


Lei Geral das Universidades, é inconstitucional, uma vez que, viola a autonomia
universitária constitucionalmente prevista.

É o parecer.

Guarapuava-PR, 24 de junho de 2019.

Josimery Matos Paixão


OAB/PR – 73.495

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