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PEDAGÓGICOS E
METODOLÓGICOS
TEORIA, LEGISLAÇÕES
130 QUESTÕES DE PROVAS DA FUNRIO
166 QUESTÕES DE PROVAS DE OUTRAS INSTITUIÇÕES
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SUMÁRIO
1. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ............................................................................................................ 05
Questões de Provas da FUNRIO e de Outras Instituições.................................................................................................... 17
7. AVALIAÇÃO .............................................................................................................................................. 69
Questões de Provas da FUNRIO e de Outras Instituições.................................................................................................... 72
18. LEI Nº 10.639/03 – HISTÓRIA E CULTURA AFRO BRASILEIRA E AFRICANA ................................... 225
Questões de Provas da FUNRIO e de Outras Instituições.................................................................................................. 225
25. ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA: referencial teórico como ponto de partida;
delimitação do problema e objetivos; papel das hipóteses; variáveis, indicadores de variáveis e qualidade dos
indicadores; população e amostras. FATOS, DESCRIÇÃO, LEIS, TEORIAS, CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA.
MODELOS DE ESTUDO. FUNDAMENTOS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS DA ABORDAGEM CIENTÍFICA
PARA A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA ÁREA DA EDUCAÇÃO ...................................................... 249
Questões de Provas da FUNRIO e de Outras Instituições.................................................................................................. 254
CONHECIMENTOS
PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
1 – A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, TOMANDO COMO EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA
FUNDAMENTO PARA COMPREENSÃO DO PROCESSO Podemos reconhecer traços da tradição espartana na
EDUCACIONAL O CONTEXTO HISTÓRICO educação medieval. Os estudantes eram formados de
acordo com o pensamento conservador da época e a
O processo de educação do homem foi fundamental para educação desenvolvida em consonância com os rígidos
o desenvolvimento dos grupos sociais e de suas respectivas dogmas da Igreja Católica. Cabe ressaltar que até o século
sociedades, razão pela qual o conhecimento de sua histó- XVII os valores morais e até mesmo os ofícios responsáveis
pela garantia da subsistência eram transmitidos em grande
ria e experiências passadas é essencial para a compreen-
parte dentro dos próprios círculos familiares, sendo que es-
são dos rumos tomados pela educação no presente.
ses valores e códigos de conduta eram profundamente in-
fluenciados pelo pensamento religioso. Em contrapartida,
EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE com as Reformas Religiosas e o Renascimento inicia-se uma
nova era para o Ocidente e é marcada pelo ressurgimento
Tomando a herança cultural deixada pela antiguidade como dos ideais atenienses nos discursos sobre os objetivos da Edu-
a fonte principal sobre a qual a civilização ocidental se er- cação. O conhecimento era tipo como um corpo sagrado,
gueu, o legado deixado pelas principais cidades estados essa matriz de pensamento permaneceu dominante e foi
da Grécia Antiga – Esparta e Atenas – constitui-se como grande responsável pela concepção do papel da educa-
princípio de organização social e educativa que serviu de ção desde o desaparecimento do Antigo Regime até a cons-
modelo para diversas sociedades no decorrer dos séculos. tituição dos Estados Nacionais: o conhecimento passa a ser
organizado para ser transmitido pela escola, através da au-
Reconhecida por seu poder militar e caráter guerreiro, o
toridade do professor enquanto sujeito detentor do saber e
modelo de educação espartano baseava-se na disciplina
mantenedor da ordem e da disciplina.
rígida, no autoritarismo, no ensino de artes militares e códi-
gos de conduta, no estímulo da competitividade entre os
EDUCAÇÃO MODERNA
alunos e nas exigências extremas de desempenho. Por ou-
tro lado, Atenas tinha no logos (conhecimento) seu ideal Foi esse modelo de educação escolar centrado na figura
educativo mais importante. O exercício da palavra, assim do professor como transmissor do conhecimento que se ex-
como a retórica e a polêmica, era valorizado em função pandiu ao longo dos séculos XVIII e XIX, impulsionado pela
da prática da democracia entre iguais. Como herança da Revolução Industrial e a consequente urbanização e aumento
educação ateniense surgiram os sofistas, considerados mes- demográfico. Além disso, o fortalecimento e expansão de re-
gimes democráticos influenciou a reivindicação pelo acesso
tres da retórica e da oratória, eles ensinavam a arte das pa-
a escola enquanto direito do cidadão e à educação passa
lavras para que seus alunos fossem capazes de construir ar- a ser atribuída a tarefa de formar cidadãos, cientes de di-
gumentos vitoriosos na arena política. Fruto da mesma ma- reitos e deveres e capazes de exercê-los perante a socie-
triz intelectual, porém em oposição ao pensamento sofista, dade.
o filósofo Sócrates propunha ensinar a pensar – mais do que A partir de meados do século XIX, portanto, o modelo hie-
ensinar a falar - através de perguntas cujas respostas depen- rarquizado e autoritário de educação que caracterizou as
diam de uma análise lógica e não simplesmente da mera instituições escolares até então passou a ser questionado
por educadores como Maria Montessori, na Europa, e John
retórica. Apesar de concepções opostas, tanto o pensa-
Dewey, nos Estados Unidos. Impulsionados pelo desenvolvi-
mento sofista como o pensamento socrático contribuíram mento dos estudos de psicologia sobre aprendizagem e de-
para a educação contemporânea através da valorização senvolvimento humano, e com críticas a pedagogia tradi-
da experiência e do conhecimento prévio do aluno en- cional e a forma como os conteúdos curriculares eram im-
quanto estratégias que se tornaram muito relevantes para postos aos alunos, esses e outros educadores passaram a
o sucesso na aprendizagem do aluno na contemporanei- reivindicar a participação ativa dos alunos no processo de
aprendizagem. Desta forma e como mencionado anterior-
dade.
mente, essas propostas resgataram princípios atenienses de
educação ao valorizar a experiência anterior do aluno e
seus conhecimentos prévios à aprendizagem escolar.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
Em função dessa trajetória histórica, cabe salientar que a 2 – OS FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA O DESEN-
Educação não atendeu sempre aos mesmos tipos de obje- VOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA, A PARTIR
tivos e toda a sua análise requer, antes de tudo, um intenso
DA CHEGADA DOS JESUÍTAS ATÉ A CONTEMPORANEI-
esforço de reflexão e contextualização. Através deste cami-
nho pode-se melhor compreender métodos e teorias edu-
DADE, ENFATIZANDO A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO E
cacionais, pois observamos traços presentes nas práticas SUAS RELAÇÕES COM O CONTEXTO SÓCIO-POLÍTICO
educativas atuais que remetem a herança deixada pelos E ECONÔMICO DE CADA ÉPOCA
modelos educativos analisados até aqui. Se, de um lado,
está o valor da disciplina e do conhecimento a ser transmi- Compreender a trajetória da Educação é uma parte essen-
cial da formação dos docentes. Por isso, Dermeval Saviani,
tido pela escola; e, de outro lado, a ideia de que o conhe-
professor emérito da Universidade Estadual de Campinas
cimento é construído e consequentemente ninguém ensina
(Unicamp), sugere que essa área do conhecimento seja o
nada a ninguém de forma definitiva; é importante a cons-
eixo da organização dos conteúdos curriculares de Peda-
tatação de que essas correntes de pensamento não se ex- gogia. "De um curso assim estruturado se espera que forme
cluem, uma vez que nos dias atuais é necessário conciliar o pedagogos com uma aguda consciência da realidade em
valor do conhecimento ao valor do engajamento dos alu- que vão atuar", diz.
nos como estratégia para sanar as exigências de um mundo "Uma educação focada exclusivamente na catequização.
em contínuo desenvolvimento e marcado pelo fluxo cons- Foi assim que nasceu o embrião do ensino no Brasil, em 1549,
tante de informação disponível a uma ampla gama de pes- quando os primeiros jesuítas desembarcaram na Bahia. A
soas situadas em diferentes regiões do mundo. educação pensada pela Igreja Católica - que mantinha uma
Como salienta Moacir Gadotti, o conhecimento tem pre- relação estreita com o governo português - tinha como ob-
sença garantida em qualquer projeção que se faça sobre jetivo converter a alma do índio brasileiro à fé cristã. Havia
uma divisão clara de ensino: as aulas lecionadas para os
o futuro; contudo, os sistemas educacionais ainda não con-
índios ocorriam em escolas improvisadas, construídas pelos
seguiram avaliar de maneira satisfatória o impacto das tec-
próprios indígenas, nas chamadas missões; já os filhos dos
nologias da informação sobre a Educação. Logo, será pre-
colonos recebiam o conhecimento nos colégios, locais mais
ciso trabalhar em dois tempos: o tempo do passado e o estruturados por conta do investimento mais pesado."
tempo do futuro. Fazendo de tudo para superar as condi-
As primeiras salas de aula em nossa terra foram criadas pe-
ções de atraso e, ao mesmo tempo, criando condições los jesuítas para evangelizar os índios.
para aproveitar as novas possibilidades que surgem através
Os padres começaram a catequizar os índios logo que de-
desses novos espaços de conhecimento. sembarcaram no Brasil.
Inicialmente, os curumins (filhos dos índios) e órfãos portu-
BIBLIOGRAFIA:
gueses. Mais tarde, os filhos dos proprietários das fazendas
ALVES, Luís Alberto Marques. História da Educação. Facul- de gado e dos engenhos de cana-de-açúcar e também
dos escravos. Em todos os casos, apenas meninos. Esses fo-
dade de Letras da Universidade do Porto, 2012. Disponível
ram os primeiros alunos da Educação formal (e letrada)
em: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/10021.pdf
brasileira. E os padres jesuítas, os primeiros professores. De
AMADO, Casimiro Manuel Martins. História da Pedagogia e 1549, quando o padre Manuel da Nóbrega (1517-1570)
da Educação. Universidade de Évora, 2007. Disponível em: chegou ao nosso território na caravela do governador-ge-
http://home.dpe.uevora.pt/~casimiro/HPE-%20Guiao%20- ral Tomé de Sousa (1503-1579), até 1759, quando Sebastião
%20tudo.pdf José de Carvalho e Melo (1699-1782), o marquês de Pom-
bal, expulsou a Companhia de Jesus, a catequização e o
GADOTTI, Moacir. Perspectivas Atuais da Educação. Revista ensino se misturaram.
São Paulo Perspectiva. Vol.14, nº.2. São Paulo,2000. Dispo- Franciscanos e outras ordens religiosas chegaram a realizar
nível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art- algumas tentativas pontuais de ensino, como lembra Der-
text&pid=S0102-88392000000200002. meval Saviani em História das Ideias Pedagógicas no Brasil
(498 págs., Ed. Autores Associados, tel. 19/3289-5930, 89 re-
As Competências do Professor ao Longo da História. Curso
ais), mas foram os jesuítas que lograram a constituição de
Específico de Formação aos Ingressantes nas Classes Do-
uma rede educacional. Os primeiros passos foram dados
centes do Quadro do Magistério. Secretaria de Estado da nas casas de bê-á-bá (ou confrarias de meninos). "Logo
Educação de São Paulo, 2017. após o desembarque, os jesuítas iniciaram a conversão dos
índios ao cristianismo ensinando os rudimentos do ler e es-
Leia mais em: crever, numa concepção evangelizadora que se materiali-
https://www.infoescola.com/pedagogia/historia-da-educacao/ zaria, depois, nos famosos catecismos bilíngues, em tupi e
português", escrevem Amarilio Ferreira Jr. e Marisa Bittar, do-
centes da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), no
artigo A Gênese das Instituições Escolares no Brasil.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
Tereza Fachada Levy Cardoso, doutora em História e do- única instituição poderia alfabetizar mil alunos ao mesmo
cente do Centro de Educação Tecnológica Celso Suckow tempo." Castanha enfatiza que esse método foi aplicado
da Fonseca (Cefet), no Rio de Janeiro, conta que os profes- aqui porque era o que havia de mais moderno na Europa,
sores ganhavam um título de nobreza, que dava direito a mas não deu certo porque muitas famílias não viam a ne-
alguns benefícios, como a isenção de certos impostos. Mas cessidade de colocar os filhos na escola. "A Inglaterra tinha
a atividade era penosa e nem sempre compensadora. As
uma população escolar considerável, mas no Brasil as tur-
aulas régias aconteciam na casa dos educadores, previa-
mas eram pequenas, e isso descaracterizava o método."
mente liberadas pelos inspetores. Eram frequentes as solici-
tações por melhores salários, especialmente porque havia Linha do tempo
muita diferença entre o que era pago dependendo do ní- 1760 É realizado o primeiro concurso para professores públi-
vel em que o educador atuava. cos.
As orientações de Pombal valeram até a morte de dom
1808 A vinda da família real para o Brasil incentiva a cultura
José I, em 1777. Quando dona Maria I (1734-1816) assumiu
no país.
o trono, demitiu o marquês. Apesar da mudança política,
no início não houve uma ruptura no sistema de ensino. As 1822 Dom Pedro I (1798-1834) assume o trono após a inde-
aulas deixaram de ser denominadas régias e passaram a pendência.
ser chamadas de públicas, mas só o nome mudou. 1834 As províncias passam a definir as regras educacionais.
Dona Maria I reinou até 1792, quando seu filho dom João VI
1889 A República é decretada e surge um novo modelo de
(1767-1826) assumiu o poder. A vinda da família real para o
escola.
Brasil, em 1808, impulsionou o desenvolvimento cultural. Logo
surgiram a Imprensa Régia e alguns jornais impressos, o Jar- Exemplo de moral e bons costumes
dim Botânico do Rio de Janeiro e o Museu Real. Enquanto Quem desejava ser professor no período imperial tinha de
isso, as ideias que levariam à independência já se alastra- atender a muitas exigências. Os conteúdos cobrados nos
vam pelo país e ela se tornou real em 1822.
concursos públicos eram tantos que em alguns momentos
"A civilização é obra da escola e a escola é obra do profes- foi difícil encontrar quem passasse nas provas. Diante disso,
sor. Se quereis elevar a escola e a civilização, começai por o Estado foi obrigado a aceitar docentes sem habilitação,
elevar o professor à altura da sua missão e lhe dar nas van-
que recebiam um salário menor.
tagens do seu ofício a coragem, o gosto, a energia e a
força que ele demanda." Apesar do rigor na seleção, as primeiras escolas normais vol-
tadas à formação dos docentes surgiram a partir de 1835
EDUCAÇÃO NO BRASIL IMPERIAL (leia a questão de concurso abaixo). E apenas em 1860 as
leis começaram a prever vantagens para quem passava
A Constituição de 1824 estabeleceu que a Educação de- por essas instituições. Mesmo assim, a formação em si não
veria ser gratuita para todos os cidadãos. Para cumprir essa era o principal requisito. "O foco estava no caráter do pro-
determinação, deputados e senadores aprovaram uma lei fessor. Ele tinha de ser um exemplo dos valores morais e re-
em 15 de outubro de 1827 que marcou o Dia do Professor e ligiosos e de respeito à ordem", avalia Castanha.
indicou que fossem criadas escolas de primeiras letras em Após passar pelo rigoroso processo de contratação, o edu-
todas as cidades e vilas. Na prática, o ensino permaneceu cador poderia conquistar o direito vitalício ao cargo. Mas a
sem mudanças estruturais até 1834. Nessa data, um ato adi- remuneração era baixíssima e continuava sendo fonte de
cional alterou a Constituição e deu poder para cada pro- reclamação. No artigo Os Professores e Seu Papel na Soci-
víncia, entre outros aspectos, definir as regras educacionais edade Imperial, Castanha e Marisa Bittar, professora da Uni-
em seu território. "Elas começaram a criar escolas, mas as versidade Federal de São Carlos (Ufscar), resgatam uma
diretrizes educacionais eram muito semelhantes", afirma análise de Antônio de Almeida Oliveira (1843-1887), que foi
André Paulo Castanha, professor de História da Educação deputado federal e presidente da província de Santa Ca-
da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e tarina, sobre a importância da valorização desse profissio-
pesquisador do período. "Os presidentes das províncias eram nal.
nomeados pelo imperador. Vários circularam por mais de
Na segunda metade do século 19, várias reformas tentaram
uma região. Então, as medidas eram adotadas em um lu-
dar um rumo mais profícuo para a Educação. Outros méto-
gar e, depois, levadas para outros."
dos foram utilizados, como o simultâneo, em que o professor
Como parte do esforço de criar mais escolas, o Colégio Pe- se dirige a grupos de alunos reunidos pelo tema a ser estu-
dro II foi fundado em 1837, no Rio de Janeiro, para ser um dado, e o intuitivo, que propunha o uso dos cinco sentidos
modelo para o ensino secundário. E para quem iniciava os para o aprendizado. A reforma instituída na corte em 1854
estudos havia as escolas de primeiras letras. Nelas, as aulas estabeleceu que aos 5 anos as crianças poderiam ingressar
abordavam temas como a leitura, a escrita e as operações na escola, mas isso não era seguido. Como resultado, ado-
matemáticas e adotavam o método mútuo ou lancasteri- lescentes de até 15 anos chegavam para as primeiras aulas
ano, criado na Inglaterra e muito usado por aqui na pri- e o docente tinha de lidar com isso. "Era comum que quando
meira metade do século 19. Diana Vidal, professora da Uni- a criança aprendesse a ler e escrever os pais a tirassem da
versidade de São Paulo (USP), lembra que ele foi inspirado escola, porque, naquele contexto de um país ainda exces-
no sistema fabril. Cada docente tinha vários monitores - es- sivamente agrário e escravocrata, a Educação não era
tudantes mais experientes que instruíam os demais. "Uma uma necessidade de fato", completa o pesquisador.
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Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
Paulo Freire Nos anos 1950 e 1960, a política se caracterizou pelo popu-
lismo, com presidentes como o próprio Vargas, eleito para
Separação por gêneros o período de 1951 a 1954, e Juscelino Kubitschek (1902-1976),
Em 1939, o primeiro curso de Pedagogia do país foi criado de 1956 a 1961. Surgiram aí movimentos de Educação po-
na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC- pular, com iniciativas que até hoje estão vivas, como as pro-
Campinas). Num primeiro momento, porém, os professores postas de Paulo Freire (1921-1997). As primeiras experiências
do educador ocorreram em 1962, em Angicos, a 171 quilô-
continuaram a se formar nas escolas normais. Nelas, o cur-
metros de Natal, quando 300 trabalhadores rurais foram al-
rículo era pouco específico, com disciplinas como Higiene fabetizados em 45 dias. Freire considerava as cartilhas inca-
e Trabalhos Manuais. Maria Cristina conta que, em geral, as pazes de atender às necessidades dos alunos. Para ele, na
mulheres - maioria entre os que atuavam nos anos iniciais - sociedade de classes, os privilégios de uns impedem a mai-
trabalhavam meio período e muitas abandonavam a ativi- oria de usufruir de certos bens, como a Educação, que de-
veria instigar a reflexão sobre a própria condição social.
dade quando se casavam. Já o ginásio e o colegial conta-
vam com mais professores do sexo masculino formados em Esse período também foi fértil em manifestações culturais
como o cinema novo e a bossa nova. Foram anos rechea-
outras áreas, como Filosofia e Direito. A separação de gê-
dos de boas ideias, mas nas salas de aula não houve gran-
neros também acontecia entre os alunos. Se até o final do des avanços. E, em 1964, iniciativas como as de Freire es-
primário aceitavam-se turmas mistas, para os estudantes moreceram totalmente com o golpe militar. O Brasil passou
mais velhos a recomendação era organizar classes separa- a viver momentos de repressão.
das.
EDUCAÇÃO NA DITADURA
Dos estudantes, exigia-se um comportamento exemplar. A
vigilância era grande e a expulsão, possível e grave, já que O regime militar se apoiou nos ideais tecnicistas e fez do en-
não havia vagas para todos. Maria Cristina destaca que a sino uma ferramenta de controle
retidão chegava às disciplinas do currículo. "A Educação
As propostas de uma Educação mais democrática foram
Física, por exemplo, servia como preparo para o trabalho e abandonadas com o início do regime militar, em 1964. Paulo
para o serviço militar, com exercícios como marcha e poli- Freire (1921-1997) foi exilado no Chile e a Escola Nova dei-
chinelo." xou de ser considerada para as políticas públicas. O novo
governo manteve a preocupação com a industrialização
Linha do tempo crescente e o foco em formar um povo capaz de executar
1932 O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova defende tarefas, mas não necessariamente de pensar sobre elas.
a Educação gratuita e laica. No primeiro ano de mandato do marechal Humberto de
1937 Inspirado pelo totalitarismo europeu, Vargas inicia o Es- Alencar Castello Branco (1900- 1967), um simpósio do Insti-
tado Novo, que segue até 1945. tuto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), ligado à direita
governista, deu indicações claras do rumo que se queria
1946 A nova Constituição define que a União legisle sobre a tomar. Dermeval Saviani conta no livro História das Ideias
Educação. Pedagógicas no Brasil (498 págs., Ed. Autores Associados)
1962 Paulo Freire alfabetiza 300 agricultores em 45 dias no que a meta do evento era a elaboração de um plano de
estado de Pernambuco. Educação com a escola primária voltada para uma ativi-
dade prática e o 2º grau técnico que preparasse o estu-
1964 O golpe militar instaura a ditadura e anos de forte re-
dante para o mercado. Também foram assinados acordos
pressão. entre os governos brasileiro e norte-americano que vinham
Fonte História da Educação (Maria Lúcia de Arruda Aranha, 256 págs., ed. Moderna) sendo discutidos há alguns anos e previam a vinda de téc-
nicos para treinar professores. "As ações visavam transfor-
Breve democracia mar o Brasil em uma potência econômica mundial", explica
Com o fim do Estado Novo, o país ganhou outra Constitui- Amarilio Ferreira Jr., da Universidade Federal de São Carlos
ção. O texto atribuiu à União a função de legislar sobre as (Ufscar)
bases da Educação, o que antes ocorria de maneira frag- Na Educação de adultos, as ideias de Freire deram lugar a
mentada. Em 1948, o ministro Clemente Mariani (1900-1981) um modelo assistencialista por meio do Movimento Brasi-
apresentou o anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases da leiro de Alfabetização (Mobral). A leitura passou a ser tra-
tada como uma habilidade instrumental, sem contextuali-
Educação Nacional (LDBEN), o que gerou novos conflitos
zação. Os alunos aprendiam palavras acompanhadas de
entre os escolanovistas e a Igreja Católica. "Além da manu-
imagens, faziam a divisão silábica e, por último, trabalha-
tenção do Ensino Religioso, estava em jogo qual desses gru- vam com frases e textos. Também eram estudados os cál-
pos era mais capacitado para atuar em espaços de deci- culos matemáticos, a escrita e hábitos para a melhoria da
são", diz Marcus Levy Bencostta, da Universidade Federal qualidade de vida. De acordo com o livro História da Edu-
do Paraná (UFPR). Por causa desse debate acirrado, a cação, de Maria Lúcia de Arruda Aranha (256 págs., Ed
Moderna), em 1970, 33% das pessoas com mais de 15 anos
LDBEN foi aprovada 13 anos depois, permitindo a plurali-
eram analfabetas e, dois anos depois, a taxa caiu para
dade dos currículos e estabelecendo que o Estado destina- 28,51%. No entanto, a autora ressalta que por causa do mé-
ria recursos a entidades privadas. todo usado muitos alunos mal desenhavam o nome.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
Paralelamente a isso, o Brasil vivia um momento crítico no A lei ainda estabeleceu a inclusão da disciplina de Estudos
ensino universitário. A oferta não acompanhava o cresci- Sociais, com conteúdos que seriam de História e Geografia,
mento da demanda e a revolta pela falta de vagas ga- nos anos iniciais do 1º grau. Os professores polivalentes que
nhou força com as notícias das manifestações ocorridas na atuavam nesse segmento, passaram a ser formados no Ma-
França, em maio de 1968, e gerou a chamada "crise dos gistério, com nível de 2º grau, e as escolas normais foram
excedentes". O governo federal assumiu, então, uma pos- extintas. Para lecionar para os outros anos, era necessário
tura mais invasiva. A União Nacional dos Estudantes (UNE) cursar uma licenciatura em programas de curta ou longa
foi considerada ilegal e qualquer tentativa de se organizar duração. "A ideia era transformar o pedagogo em um téc-
politicamente era vista como atividade subversiva a ser re- nico em Educação de acordo com a política tecnocrata
primida. do governo", explica José Willington Germano, docente da
"Agora, vossa excelência [presidente Médici] não proporá Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Os
ao Congresso Nacional apenas mais uma reforma, mas a concursos públicos eram poucos e não havia professores
própria reforma que implica abandonar o ensino verbalís- suficientes para atender a todas as vagas que vinham sendo
tico e academizante, para partir, vigorosamente, para um criadas com a construção de escolas e a oferta de aulas
sistema educativo de 1º e 2º graus voltado para as necessi- pela manhã, à tarde e à noite. Então, quando não havia
dades do desenvolvimento." profissionais habilitados suficientes era permitido contratar
outros temporariamente.
Jarbas Passarinho
Apesar do recurso do salário-educação criado em 1964 e
Endurecimento do regime revisto em 1975, pelo qual as empresas pagavam imposto
No fim de 1968, o general Arthur da Costa e Silva (1902-1969), relativo aos filhos de funcionários em idade escolar, os in-
na presidência, promulgou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), vestimentos na área decresceram ao longo do regime. No
que deu a ele poderes de legislativo e executivo e permitiu estado de São Paulo, por exemplo, de 8,7 salários mínimos,
o confisco dos bens de quem fosse incriminado por corrup- os docentes passaram a receber 5,7 salários, em 1979, se-
ção . E, no ano seguinte, o Decreto-lei nº 477 determinou gundo o livro Educação, Estado e Democracia (Luiz Antô-
que "comete infração disciplinar o professor, aluno, funcio- nio Cunha, 495 págs., Ed. Cortez, tel. 11/3864-0111, 56 reais).
nário ou empregado de estabelecimento de ensino pú- Assim, muitos educadores e alunos migraram para escolas
blico ou particular que pratique atos destinados à organi- privadas.
zação de movimentos subversivos, passeatas, desfiles ou
comícios não autorizados". Muitos estudantes e docentes
Linha do tempo
foram presos e torturados por aderirem à oposição ao go- 1968 O AI-5 é assinado e aumenta a repressão a atos públi-
verno. cos.
O incentivo ao patriotismo era uma marca forte nas escolas 1969 A disciplina de Educação Moral e Cívica se torna obri-
públicas. Uma vez por semana, meninos e meninas se posi- gatória em todas as etapas
cionavam com a mão direita no peito, observavam a ban- 1970 O Mobral é implementado com foco na alfabetização
deira ser hasteada e cantavam o Hino Nacional. Um desejo de adultos.
desde o início do regime, a disciplina de Educação Moral e 1975 Começa o processo de transição do regime para a
Cívica (EMC) foi tornada obrigatória em 1969. A maior parte democracia.
dos que a lecionaram era militar ou religioso e lia na aula 1985 Tancredo Neves é eleito e morre antes de assumir.
cartilhas com temas como cidadania, patriotismo, família e
Mobilização e abertura
religião. Mas alguns conseguiam burlar o controle e introdu-
A esse cenário se somou a crise do petróleo, em 1973, que
zir conteúdos diferenciados.
acabou com o chamado milagre econômico, época em
Em julho de 1971, o ministro da Educação e Cultura Jarbas que o produto interno bruto (PIB) do país aumentava cerca
Passarinho (leia a frase dele na primeira página) oficializou de 10% ao ano. A militância política ficou mais forte e as
o vestibular classificatório nas universidades, algo que se pessoas começaram a reivindicar a volta da democracia.
mantem até hoje. No mês seguinte, foi aprovada a Lei nº Diante do fortalecimento da oposição democrática, o ge-
5.692 que determinava a organização do ensino em 1º e 2º neral Ernesto Geisel (1908-1996) iniciou em seu governo o
graus em vez de primário, ginásio e colegial. A obrigatorie- processo de abertura lenta e gradual que acarretou mu-
danças educacionais. O ensino de 1º grau foi municipali-
dade escolar foi ampliada até os 14 anos de idade e o
zado, numa tentativa de descentralizar e democratizar o
exame de admissão necessário para entrar no ginásio foi sistema. Em 1979, o Ministério da Educação e Cultura foi as-
extinto. Para garantir a boa receptividade da legislação, sumido por um professor universitário pouco identificado com
docentes tidos como carismáticos foram convocados para o regime, Eduardo Portella, outro indício de que as coisas
a divulgarem. Francisco Beltramni, então professor de Geo- estavam mudando. E João Figueiredo (1918-1999), último
grafia, foi um deles. "No treinamento, eles nos falavam da presidente militar, intensificou o processo de abertura, revo-
gou a obrigatoriedade de o 2º grau ser profissionalizante e
maravilha que a lei seria e orientavam que não permitísse-
criou programas específicos para o ensino voltados à po-
mos discussões se alguém quisesse questionar aspectos pulação de baixa renda, que geraram pouca mudança na
como as condições de trabalho", lembra. prática.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
Três anos depois, se encerrou a ditadura militar no Brasil. da Educação Básica", lembra Maria Helena Câmara Bas-
Tancredo Neves (1910-1985) ganhou a eleição indireta, mas tos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
morreu antes da posse e seu vice, José Sarney, se tornou o Sul (PUC-RS). Para financiar os novos projetos, foi criado o
primeiro presidente da chamada Nova República. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fun-
damental e de Valorização do Magistério (Fundef). O 1º e
EDUCAÇÃO PÓS-DITADURA: QUALIDADE PARA TODOS o 2º graus se tornaram Ensino Fundamental e Médio e a re-
comendação para os estudantes com necessidades espe-
Universalização do ensino, avaliações externas e piso para ciais passou a ser a de que fossem atendidos preferencial-
professores no período democrático mente na rede regular.
FHC emendou um segundo mandato e o ministro Souza in-
Com o fim da ditadura militar, vários aspectos da política
cluiu o Brasil no Programa Internacional de Avaliação de
nacional foram repensados, e entre eles estava a Educa-
Alunos (Pisa). Foi um passo importante para ter uma medida
ção. Nos primeiros três anos da Nova República, o foco es-
de como estava a Educação nacional, embora o país te-
teve na elaboração da Constituição. Pensando nela, os
nha ficado em último lugar no ano de estreia. Na mesma
participantes da 4ª Conferência Brasileira de Educação, re-
época, criou-se o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem),
alizada pela Associação Nacional de Pós-Graduação e
com resultados por escola e por aluno, que em 2009 passa-
Pesquisa em Educação (Anped), a Associação Nacional
riam a ser considerados até em substituição ao vestibular
de Educação (Ande) e o Centro de Estudos Educação e
para o Ensino Superior. Os Parâmetros Curriculares Nacio-
Sociedade (Cedes), em Goiânia, em 1986, finalizaram o
nais (PCN) e o Referencial Curricular Nacional para a Edu-
evento com uma lista de propostas que incluía a efetiva-
cação Infantil (RCNEI) também nasceram nesse período.
ção do direito de todos os cidadãos ao ensino e o dever do
Para construí-los, foram reunidos profissionais que tinham re-
Estado em garanti-lo.
ferências em boas práticas de sala de aula e diversos espe-
Em 5 de outubro de 1988, a nova Constituição Federal foi cialistas. "Depois da LDB, o Conselho Nacional de Educa-
finalmente aprovada. Entre as principais conquistas, estava ção (CNE) estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais
o reconhecimento da Educação como direito subjetivo de que deveriam ser traduzidas nos estados e municípios, mas
todos, uma evolução do que os escolanovistas haviam pro- isso não aconteceu. A contradição é que, mesmo elas não
pagado durante a Era Vargas. "Isso significa que qualquer sendo contempladas na formação docente e nas escolas,
um que queira estudar, mesmo se estiver fora da idade obri- são cobradas nas avaliações externas", comenta Cury.
gatória, deve ter a vaga garantida", explica Carlos Roberto
Em 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE),
Jamil Cury, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
previsto na Constituição e válido por dez anos. Ele estipu-
A legislação tornou urgente a tomada de providências como
lava metas para aumentar o nível de escolaridade dos bra-
a abertura de mais escolas e a formação de docentes, o
sileiros e garantir o acesso à Educação, mas não teve êxito
que acarretou a necessidade de investimentos. Para isso, a
na maioria delas. Um dos motivos apontados por especia-
lei indicava a aplicação na área de no mínimo 18% da re-
listas é o veto do governo ao investimento de 7% do Produto
ceita dos impostos pela União e 25% pelos estados e muni-
Interno Bruto (PIB) na área. Apesar disso, houve ganhos. "O
cípios.
documento previa que até 2007 os profissionais da Educa-
Dois anos depois, durante a Conferência Mundial sobre Edu- ção Infantil fossem formados em nível superior, admitindo o
cação para Todos em Jomtien, na Tailândia, foi aprovada nível médio como ação emergencial. Isso reforça um olhar
uma declaração internacional que levava o nome do evento profissional pedagógico para essa etapa", lembra Gisela
e propunha ações para os dez anos seguintes com vistas à Wajskop, consultora de Educação Infantil e de formação
universalização do ensino nos países signatários. Por aqui, de professores. Outra conquista foi a determinação de que
Fernando Collor de Mello assumiu a presidência e criou o o Ensino Fundamental fosse ampliado para nove anos, o
Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (Pnac) que vem se concretizando desde então.
em substituição à Fundação Educar - versão democrática
Dois anos depois, Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presi-
para o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) -,
dência e levou Cristovam Buarque para o Ministério da Edu-
instituída cinco anos antes por José Sarney. Mas a iniciativa
cação (MEC). No lugar da Alfabetização Solidária, criada
de Collor durou apenas um ano.
por FHC em 1997, foi lançado o Brasil Alfabetizado para o
"A coisa mais simples que tem é criar boas escolas (...) para combate ao analfabetismo. O esforço contínuo levou à di-
que cada criança tenha diante dela uma professora capa- minuição da taxa de analfabetismo de quem tem 15 anos
citada para alfabetizá-la." ou mais, mas em 2012 a queda progressiva foi interrompida
Darcy Ribeiro e as razões ainda estão sendo analisadas por especialistas.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
Rousseau glorificou os valores da vida natural e atacou a A Escola Nova tem seus objetivos concentrados no aluno.
corrupção, a avareza e os vícios da sociedade civilizada. Os educadores que adotam essa concepção acreditam em
Fez inúmeros elogios à liberdade que desfrutava o selva- uma sociedade mais justa e igualitária, na qual caberia à
gem, na pureza do seu estado natural, contrapondo-a à educação adaptar os estudantes ao seu ambiente social.
falsidade e aos artifícios do homem civilizado [...]. "Do ponto de vista da Escola Nova, os conhecimentos já
A pedagogia liberal tradicional obtidos pela ciência e acumulados pela humanidade não
precisariam ser transmitidos aos alunos, pois acreditava-se
A tendência tradicional é marcada pela concepção do
que, passando por esses métodos, eles seriam naturalmente
homem em sua essência. Sua finalidade de vida é dar ex-
encontrados e organizados" (FUSARI e FERRAZ, 1992, p. 28).
pressão à sua própria natureza. A pedagogia tradicional
preocupa-se com a universalização do conhecimento. O No tocante às teorias e práticas estéticas, a pedagogia es-
treino intensivo, a repetição e a memorização são as formas colanovista rompe com as "cópias de modelos", e parte
pelas quais o professor, elemento principal desse processo, para a criatividade e a livre-expressão. A estética moderna
transmite o acervo de informações aos seus alunos. Estes privilegia a inspiração e a sensibilidade, acentuando o res-
são agentes passivos aos quais não é permitida nenhuma peito à individualidade do aluno.
forma de manifestação. Os conteúdos são verdades abso- Na década de 60, com a redemocratização, após a dita-
lutas, dissociadas da vivência dos alunos e de sua realidade dura Vargas, tenta-se recuperar algumas características da
social. Escola Nova, que infelizmente não retoma seu enfoque ver-
Os métodos baseiam-se tanto na exposição verbal como dadeiro e original, pois interesses políticos desvirtuam sua
na demonstração dos conteúdos, que são apresentados proposta inicial. Mesmo assim, essa década caracteriza-se
de forma linear e numa progressão lógica, sem levar em pelas tentativas de mudanças nas áreas social, educacio-
consideração as características próprias dos alunos, muitas nal e cultural.
vezes encarados como adultos em miniatura. O professor é A pedagogia liberal tecnicista
detentor do saber e deve avaliar o seu aluno através de
A Pedagogia Liberal Tecnicista aparece nos Estados Unidos
provas escritas, orais, exercícios e trabalhos de casa. Esse
na segunda metade do século XX e é introduzida no Brasil
tipo de avaliação geralmente vem regado de um esforço
entre 1960 e 1970. Nessa concepção, o homem é conside-
negativo, com ameaças, punições e até mesmo redução
rado um produto do meio. É uma consequência das forças
de notas em função do comportamento do aluno durante
existentes em seu ambiente. A consciência do homem é
as aulas.
formada nas relações acidentais que ele estabelece com
Ao refletir sobre a pedagogia tradicional, percebe-se que o meio ou controlada cientificamente através da educação.
ela continua forte e persistente na grande maioria das es-
colas e universidades. A educação atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem
social vigente (o sistema capitalista), articulando-se direta-
A pedagogia liberal renovada mente com o sistema produtivo; para tanto emprega a ci-
Parafraseando LIBÂNEO, a tendência renovada manifesta- ência da mudança de comportamento, ou seja, a tecno-
se por meio de duas versões: logia comportamental. Seu interesse imediato é o de pro-
" renovada progressista ou programática, que tem em Aní- duzir indivíduos "competentes para o mercado de trabalho,
sio Teixeira seu principal expoente; transmitindo, eficientemente, informações precisas, objeti-
" renovada não-diretiva, com Carl Roger como elemento vas e rápidas" (LÍBANO, 1989, p. 290).
de destaque, o qual enfatiza também a igualdade e o sen- A prática escolar nessa pedagogia tem como função es-
timento de cultura como desenvolvimento de aptidões in- pecial adequar o sistema educacional com a proposta
dividuais. econômica e política do regime militar, preparando, dessa
Na concepção renovada progressista, cabe à escola ade- forma, mão-de-obra para ser aproveitada pelo mercado
quar as necessidades do indivíduo ao meio social em que de trabalho.
está inserido, tornando-se mais próxima da vida. Já a con- Não se pode esquecer que é no início dessa década que
cepção renovada não-diretiva relega à escola o papel de a disciplina de Educação Artística torna-se obrigatória, a
formar atitudes e, para isso, esta deve estar mais preocu- partir da Lei de Diretrizes e Bases 5692/71, que centra o en-
pada com os aspectos psicológicos do que com os aspec- sino da arte em técnicas e habilidades. A fragmentação no
tos pedagógicos ou sociais. ensino da arte, se dá em virtude do caráter tecnicista da
lei.
A pedagogia renovada é conhecida também como Peda-
gogia Nova, Escolanovismo ou ainda Escola Nova. A neces- A pedagogia progressista
sidade de democratizar a sociedade fez com que o movi- A tendência progressista é resultado da inquietação de
mento da Escola Nova acontecesse paralelamente à pe- muitos educadores que, a partir da década de 60, manifes-
dagogia tradicional, buscando reformas educacionais ur- tam suas angústias em relação ao rumo que vem tomando
a educação. Suas discussões e questionamentos dirigem-se
gentes, emergindo da própria população a necessidade
à educação, com ênfase na escola pública, no que diz res-
de uma consciência nacional.
peito à real contribuição desta para a sociedade.
"Por educação nova entendemos a corrente que trata de
Essas discussões têm contribuído para mobilizar novas pro-
mudar o rumo da educação tradicional, intelectualista e li- postas pedagógicas que apontam para uma educação
vresca, dando-lhe sentido vivo e ativo. Por isso se deu tam- conscientizadora do povo e para um redimensionamento
bém a esse movimento o nome de `escola ativa´" (LUZURI- histórico do trabalho escolar público, democrático e de
AGA, 1980, p. 227). toda a população (FUSARI e FERRAZ, 1992, p. 40).
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
O estudo das tendências pedagógicas poderá proporcio- COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: para uma ge-
nar aos professores o entendimento da dimensão política ração consciente. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1987.
que existe nas pedagogias que se adotam nas escolas e
universidades, pois sua atuação em sala de aula é o resul- Leia mais em:
tado dessas opções. Não existe postura pedagógica neu-
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/a-historia-da-educacao-no-
tra, todas estão comprometidas com uma ou outra ideolo-
gia, a dominante ou a do dominado. Portanto, cabe aos brasil-uma-longa-jornada-rumo-a-universalizacao-84npci-
professores permanecerem vigilantes e atentos, para que hyra8yzs2j8nnqn8d91/
saibam escolher corretamente e não terminem sem saber https://novaescola.org.br/conteudo/3433/ensino-com-catecismo
a serviço de quem querem estar desenvolvendo o ensino e
https://www.infoescola.com/pedagogia/historia-da-educacao/
a aprendizagem.
https://novaescola.org.br/conteudo/3442/mestres-quase-nobres
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS https://novaescola.org.br/conteudo/3444/primeira-republica-um-periodo-
de-reformas
BARBOSA, Ana Mae. Recorte e colagem: influência de John
https://novaescola.org.br/conteudo/3434/era-vargas-profusao-de-ideias
Dewey no ensino da arte no Brasil. 2. ed. São Paulo: Cortez,
1989. https://novaescola.org.br/conteudo/3431/ditadura-militar-aulas-para-o-tra-
_____. Teoria e prática da educação artística. 3. ed. São balho
Paulo: Cultrix, 1986. https://novaescola.org.br/conteudo/3432/educacao-pos-ditadura-quali-
BRINHOSA, Mário César. Histórico da proposta. In: ESTADO dade-para-todos
DE SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação. http://artenaescola.org.br/sala-de-leitura/artigos/artigo.php?id=69329
Proposta Curricular. Florianópolis, Coordenadoria de Ensino, (Adaptado )
1991.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
Sendo assim, podemos afirmar que a escola brasileira ainda Como nos fala Luckesi (1999), sabemos que a educação,
carrega em pleno século XXI uma herança baseada nas dentro de uma sociedade, não se manifesta como um fim
características de sua sociedade e sua história. Portanto, em si mesmo, mas sim como um instrumento de manuten-
baseado nisso, podemos afirmar que: ção ou transformação social.
a) o peso da exclusão social ainda permanece na escola Logo, a educação para se desenvolver dentro dos princí-
brasileira principalmente no acesso da maioria à Educação pios filosóficos necessita de:
Básica.
b) as políticas afirmativas não mudaram em nada o painel
a) ideologia e prescrição de ações didáticas.
de exclusão da Educação Básica brasileira.
b) bases conceituais e pressupostos políticos.
c) as práticas escolares inclusivas têm colaborado para a
padronização cultural de todos os segmentos escolares. c) bases conceituais e prognósticas para fundamentá-la.
d) os conteúdos e práticas pedagógicas difundidas na es- d) pressupostos de conceitos que fundamentem e orientem
cola brasileira representam a diversidade cultural de nosso os seus caminhos.
país. e) ideologia e pressupostos políticos.
e) os preconceitos e discriminações ainda são entraves às
aprendizagens de crianças e jovens brasileiros. 8. [Professor-(Pedagogo)-(NS)-SEDUC-AM/2018-Inst. Acesso].
(Q.34) No âmbito das finalidades da Educação brasileira, a
6. [Téc.-Adm. Educ.-(Pedagogo)-(Classe E)-(NS)-(M)-(C1)- família e o Estado apresentam-se como processo formativo
IF Baiano/2016-FUNRIO].(Q.69) mais amplo, através da formação da pessoa, do cidadão
e do trabalhador.
Acorda Amor
Chico Buarque Fonte: MARTINS, A. M. S.. Fundamentos da educação 2.
v.1. 2.ed. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008.
“Acorda amor
Segundo os princípios previstos na LDBEN:
Eu tive um pesadelo agora:
Sonhei que tinha gente lá fora,
Batendo no portão, I. Deverá ocorrer a vinculação entre a educação escolar,
Que aflição (...)” o trabalho e as práticas sociais;
II. Não está previsto a valorização da experiência extra-es-
A música “Acorda Amor”, de Chico Buarque de Holanda, colar como princípio da educação;
demonstra o clima de censura e repressão após o Golpe de
1964. III. As instituições públicas e privadas poderão coexistir para
garantir a ministração do ensino;
É um dos efeitos do Golpe Militar de 64 na Educação brasi- IV. O ensino será ministrado garantindo a diversidade ét-
leira a (o) nico-racial.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e IIII.
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
C D B B E D D A A C B E
5 PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM:
papel do educador, do educando, da sociedade
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A B D C C A A E E D
6 CURRÍCULO:
planejamento, seleção e organização dos conteúdos
1 2 3 4 5 6 7 8 9
C B E B B B B D B
7 AVALIAÇÃO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
B C C D C A C A D A D E D A C B
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
9 PLANEJAMENTO:
a realidade escolar; o planejamento e o projeto pedagógico da escola.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
E A B C A D E E E D D B B C B D D C E B D D E A
25 26
E D
270
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
19 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
1 2 3 4 5 6 7 8
C A E A D D C A
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOS
Teoria, Legislações e Questões da FUNRIO e de Outras Instituições por Assuntos com Gabaritos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
D D B E D B B E A D A B C A E E
1 2 3 4 5 6 7 8
B B A C E B B E
SIMULADO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
C C C C A B B C B A D B E D B B E D A E D E B C
25 26 27
D B C
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