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ISSN 1809-2616
ANAIS
VI FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA EM ARTE
Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Curitiba, 2008-2009

CONCEPÇÕES DE LICENCIANDOS SOBRE AVALIAÇÃO EM


MÚSICA: UMA SURVEY

Margaret Amaral de Andrade
meg.andrade@terra.com.br

Anete Susana Weichselbaum
weichselbaum@netpar.com.br

Rosane Cardoso de Araújo
rosanecardoso@ufpr.br

Resumo: Este é o resultado de uma pesquisa sobre avaliação em música realizada com
alunos licenciandos de duas instituições de ensino superior de Curitiba/PR. O método foi
survey ou estudo de levantamento. Por meio de um questionário os alunos puderam
declarar suas opiniões sobre os processos de avaliação nas três formas de envolvimento
musical contempladas pelas tendências atuais de educação musical: apreciação, execução
e composição. Os resultados obtidos levam à conclusão de que existe, por parte dos
licenciandos, uma significativa necessidade de compreender e utilizar os processos de
avaliação em cada forma de envolvimento musical, a partir de critérios específicos,
vinculados principalmente a processos de ensino/aprendizagem e elementos de
atitude/disciplina.
Palavras-chave: avaliação em Música; Survey; Formação de Professores.

A EDUCAÇÃO MUSICAL E A AVALIAÇÃO

Esta pesquisa investigou como os estudantes de licenciatura em música


concebem a pertinência da avaliação em suas três formas de envolvimento direto
com o fazer musical: apreciação, execução e composição.
É importante observar como as tendências de educação musical do final do
século XX apontam para um fazer musical que contempla o envolvimento direto do
indivíduo com música. Pratt e Stephens citam, considerando uma perspectiva
britânica, que


Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

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Universidade Federal do Paraná.
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o foco das atividades em sala de aula se desenvolveu dramaticamente,


evoluindo de apreciar discos de gramofone, ensinar os rudimentos de teoria
musical e cantar algumas músicas, para experiências práticas e encontros
com a música, como executantes, compositores e ouvintes1.

Em 1979, o educador musical inglês Swanwick estabeleceu uma hierarquia


de objetivos destinados à educação musical. Com a apresentação do Modelo C (L)
A (S) P, o autor diferenciou as três formas de envolvimento musical direto, que são
composição, apreciação e performance (traduzida neste texto como execução) das
formas indiretas de envolvimento musical, que são: soma de habilidades técnicas
(ou técnica) e literatura (partituras e literatura sobre música). No Brasil, a aplicação
deste modelo, bem como de sua tradução para Modelo (T) E C (L) A 2 tem orientado
muitas práticas e pesquisas e também constituem o embasamento dos cursos de
extensão da Escola de Música e Belas Artes do Paraná – Curso de Formação
Musical I, Formação Musical II e Avançado em Música.
Os parâmetros curriculares nacionais para a arte (1997), que se caracterizam
como documentos de referência por área específica, neste caso, a música, também
se reportam ao fazer musical direto, mencionando as atividades de interpretação,
apreciação e composição.
Diante do atual contexto pedagógico, a presente pesquisa procurou verificar
se os alunos licenciandos estariam contemplando na sua prática e/ou reflexão, a
importância da avaliação nas três formas de envolvimento musical mencionadas.
É reconhecida a importância da avaliação como um instrumento significativo
para a orientação do processo educacional, pois por meio de uma ação
contextualizada e recíproca, é a avaliação que verifica a efetivação da aprendizagem
pelo aluno, ao mesmo tempo em que fornece uma orientação do trabalho para o
professor. Educadores como Luckesi3 e Perrenoud4 advogam que a avaliação é um
processo que se relaciona à gestão da aprendizagem dos alunos porque
proporciona a organização do trabalho escolar e a regulação e reestruturação do
ensino. Portanto a avaliação serve de subsídio para o planejamento do professor
como também alicerceia as tomadas de decisões. “Enquanto o planejamento é

1
“The focus of musical activities in classroom has developed dramatically from listening to
gramophone records, learning the rudiments of music theory and singing a few songs, to practical
experiences and encounters with music as performers, composers and listeners” (PRATT;
STEFHENS, 1995, Introdução dos Editores, xi e xiii).
2
A tradução foi realizada por Liane Hentschke e Susana Krüger.
3
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 17. ed. São
Paulo: Cortez, 2005.
4
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação da aprendizagem – entre duas
lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
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compreendido como o ato pelo qual se seleciona o que se vai trabalhar, a avaliação
é o ato crítico que verifica o como se está trabalhando, ou seja, perpassa o ato de
planejar e executar”.
No ensino da música a condução da avaliação também é prevista como um
meio de orientar a aprendizagem musical num processo contínuo que, para
Hentschke e Souza5, como processo contínuo, vem como auxílio à aprendizagem
musical, levando à sistematização do processo educativo. Mesmo havendo
trabalhos significativos e pesquisas sobre avaliação em outras áreas de
conhecimento, em artes ainda persiste a idéia de que é “difícil, uma vez que a
avaliação não pode ser objetiva quando se trata de áreas que envolvem a
criatividade ou, no caso da música, o que deve ser avaliado nem sempre tem uma
resposta muito clara e simples6.
Sabe-se que a avaliação tem várias funções. Para Tourinho e Oliveira7 ela
serve para “avaliar o progresso do aluno; guiar a carreira do intérprete; motivá-lo;
ajudar a melhorar o ensino do professor; manter o padrão da escola ou de
determinada região, ou, ainda coletar dados para o uso em pesquisas”.
Outros autores, como Sloboda8, Kratus9 e Swanwick10, apresentam elementos
norteadores para conceber a avaliação em música.
Para Sloboda11, a apreciação possibilita ao indivíduo expressar suas
impressões por meio de reações motoras – o movimento – ou verbais – por meio da
fala ou escrita. Para este autor, a avaliação da execução, por sua vez, deve verificar
a capacidade do indivíduo em lidar com o material musical e realizar tarefas
específicas, durante a atuação prática. Para Kratus12, de modo geral, a avaliação da
composição consiste em averiguar as manipulações do material musical, sem deixar
de se considerar os processos singulares do fazer criativo individual. Swanwick13
5
HENTSCHKE, Liane; SOUZA, Jusamara. Apresentação. In: HENTSCHKE, Liane; SOUZA,
Jusamara (orgs). Avaliação em Música: reflexões e práticas. São Paulo: Moderna, 2003. p. 8-12.
6
ANDRADE, Margaret Amaral de. Avaliação em execução musical: estudo sobre critérios utilizados
por regentes de grupos corais escolares. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal
do Paraná. Curitiba, 2001.
7
TOURINHO, Cristina; OLIVEIRA, Alda. Avaliação e medidas em performance musical. In:
HENTSCHKE, Liane; SOUZA, Jusamara (orgs). Avaliação em Música: reflexões e práticas. São
Paulo: Moderna, 2003. p. 13.
8
SLOBODA, John A. The Musical Mind. Oxford: Oxford Press, 1985.
9
KRATUS, John. The ways children compose. In: Anais da 21st World Conference of the International
Society for Music Education - ISME. Flórida, 1994, p. 128-141.
10
SWANWICK, Keith Music. Mind and Education. London: Routledge, 1988.
11
SLOBODA, John A. The Musical Mind. Oxford: Oxford Press, 1985.
12
KRATUS, John. The ways children compose. In: Anais da 21st World Conference of the
International Society for Music Education - ISME. Flórida, 1994. p. 128-141.
13
SWANWICK, Keith. Music, Mind and Education. London: Routledge, 1988.
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advoga a favor de critérios cuidadosamente selecionados e sequenciados para a


avaliação de cada forma de envolvimento musical.
Considerando-se a literatura da área, é possível reconhecer a necessidade e
valor do processo avaliativo no ensino da música, como também a importância do
estabelecimento de critérios apropriados, cuidadosamente selecionados e
seqüenciados.
Portanto, o objetivo geral deste trabalho foi investigar as impressões de
licenciandos sobre as possibilidades de se considerar a avaliação em música no
processo de ensino. Como objetivos específicos, buscou-se: a) caracterizar o perfil
dos participantes; b) reconhecer critérios específicos dos licenciandos sobre
avaliação nas diferentes formas de envolvimento musical.

METODOLOGIA

Para realizar a presente investigação, o método utilizado foi o estudo de


levantamento, ou survey, que tem como vantagem o conhecimento direto da
realidade, a economia e rapidez de análise e coleta de dados e a possibilidade de
quantificação14. Portanto, a opção por este método, teve como meta a abrangência
de um representativo grupo de alunos licenciandos, podendo assim, a partir da
organização e análise dos dados, obter resultados quantificados.
A população desta pesquisa foi formada por alunos dos cursos de licenciatura
em música da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Escola de Música e
Belas Artes do Paraná (EMBAP), que estivessem cursando os 2º e 3º anos da
graduação. Para coletar os dados, foi utilizado um questionário com perguntas
abertas.
Segundo Sampieri, Collado e Lucio15, as perguntas abertas são particularmente
úteis quando não há informações suficientes e/ou não se conhecem as
possibilidades de possíveis respostas dos entrevistados. Elas permitem o
aprofundamento do conhecimento acerca de opiniões dos sujeitos. Porém, tem
como desvantagem, requerem um maior esforço e tempo do entrevistado, bem
como uma posterior análise mais criteriosa dos dados, pela dificuldade de
codificação e classificação.

14
GIL, Antônio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
15
SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. H.; LUCIO, P. B. Metodologia de pesquisa. São Paulo: McGraw-
Hill, 2006.
65

APRESENTAÇÃO DOS DADOS

As sete questões do questionário aplicado aos estudantes foram separadas em


duas categorias o que colaborou para a organização e apresentação dos dados: as
questões 1, 2 e 3 caracterizaram o perfil dos participantes: idade, atividade
profissional e ano que está cursando; já as questões 4, 5, 6 e 7 buscaram levantar
considerações sobre avaliação em música (questão 4 - opinião dos licenciandos
sobre a avaliação em música de modo geral; questões 5, 6 e 7 - sobre as
avaliações em: apreciação, execução e composição.
Os alunos entrevistados, pertencentes à UFPR e à EMBAP somaram 72: 26
pertenciam à UFPR, e 46 pertenciam à EMBAP. A diferença de número de
entrevistados entre as duas instituições se deu devido a que o número de vagas que
anualmente oferecido para ingresso de alunos na EMBAP é o dobro daquele da
UFPR. Ou seja, a EMBAP oferece 40 vagas no vestibular, enquanto a UFPR apenas
20.
Do total de estudantes, 81% apresentaram idade entre 18 e 25 anos enquanto em
19% a idade era entre 26 e 55 anos.
Entre os participantes, 72% deles, ou seja, 52 alunos, já atuavam
profissionalmente nas áreas de musicalização, ensino de instrumento, técnica vocal,
regência de coros, teoria musical, entre outras - algumas foram destacadas como de
maior atuação por parte dos participantes. Muitos alunos atuavam em mais de uma
área, no entanto, quantificando os dados apontados, pôde-se verificar a seguinte
ordem (Tab.1):

Tabela 1 - Atividade Profissional dos licenciandos


Atividade Total
1º Professores de Musicalização 20
2º Professores de Teoria Musical 11
3º Regentes de coros 10
4º Professores de Instrumento:
Piano 9
Violão 9
Flauta doce 9

Avaliação em música: impressões e reflexões dos participantes


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Quanto à opinião dos alunos sobre a avaliação em música, observou-se que a


grande maioria a considerou um procedimento necessário para o processo de
ensino, pois do total de 72 respondentes, apenas um teve opinião contrária.
As respostas dos alunos foram agrupadas em oito categorias que foram
subdivididas nas que se referem ao ensino/aprendizagem e nas que se referem a
atitudes (Tab. 2):

Tabela 2 - Justificativas para avaliação


CRITÉRIOS TOTAL
Ensino/Aprendizagem
1. Verificar a aprendizagem 30

2. Verificar o cumprimento dos objetivos (planejamento) 12

3. Reconhecer o nível de conhecimento do aluno 13

4. Verificar o desempenho do Professor 11

5. Auto-avaliar-se 3

Atitudes/Disciplina

6. Estimular o aluno 11

7. Cobrar disciplina e estudo 3

8. Conferir seriedade à disciplina 1

A justificativa mais encontrada para a relevância da avaliação foi aquela que


a considera como uma ferramenta para a verificação da aprendizagem. Para o
professor, ela irá demonstrar se o seu ensino foi efetivo e até que ponto, como
também se os objetivos propostos foram alcançados. E, para o aluno, mostra quais
são os pontos que precisam de maior dedicação em seu estudo.
A avaliação que é aplicada como meio de conhecer o nível de
conhecimento do aluno, a avaliação diagnóstica, é extremamente relevante, pois
mostra ao professor onde o aluno se encontra em termos de aprendizagem, para
que, partindo deste ponto possa planejar os passos seguintes16.

16
ANDRADE, Margaret Amaral de. Avaliação em execução musical: estudo sobre critérios utilizados
por regentes de grupos corais escolares. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal
do Paraná. Curitiba, 2001.
67

A autoavaliação é importante quando leva o estudante à reflexão. O


professor também passa a refletir sobre o seu processo didático passa a se
conscientizar “sobre o seu pensar e fazer, num processo igualmente de auto-
avaliação”17.
Luckesi18 afirma que quando o nível de aprendizado é reconhecido, o aluno
motiva-se para a obtenção de um resultado mais satisfatório e mais avançado.
Muitas vezes observa-se que as aulas música nas escolas regulares não passam de
momentos de ‘relaxamento’ e de ‘brincadeiras’. Nesses casos a avaliação poderá
servir também como instrumento de ‘cobrança de disciplina e de estudo’.

Avaliação das atividades de apreciação musical

Em relação à relevância da avaliação da apreciação musical, os dados


obtidos mostram que 80% dos estudantes de ambas as instituições, consideram
relevante avaliar a apreciação musical.
As justificativas das respostas permitiram a classificação em sete
categorias, que foram subdivididas em categorias relacionadas à aprendizagem
musical (1-3) e categorias relacionadas à educação em geral (4-7).
Notou-se que 80% dos pesquisados responderam afirmativamente à
questão da importância da avaliação da Apreciação Musical. Contudo, suas
respostas nem sempre foram direcionadas à avaliação e sim à atividade em si.
Também foi observado o reconhecimento da importância da atividade e da
avaliação que irá verificar a ‘evolução dos alunos, e cobrar o interesse em ouvirem
música, pois’ segundo um dos questionados, ‘esse é um dos maiores estudos para o
crescimento musical’ (Tab. 3).
Conforme Wuytack & Palheiros19 a principal finalidade da Educação Musical é
tornar possível viver e compreender a música. Segundo estes autores, dentre as três
atividades diretamente relacionadas ao fazer musical, a apreciação musical é

17
HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover. Porto Alegre: Mediação, 2001. p. 80.
18
LUCKESI, Cipriano. Planejamento e avaliação na escola: articulação e necessária determinação
ideológica. In: Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2005.
p. 115-125.
19
WUYTACK, Jos; PALHEIROS, Graça Boal. Audição Musical Activa. Porto: Associação Wuytak de
Pedagogia Musical, 1995. p.11.
68

particularmente importante, pois a “audição é a própria razão da existência da


música”.

Tabela 3 - Justificativas para avaliação da apreciação musical


CRITÉRIOS TOTAL
1. Compreensão Musical – Aprendizagem 24
2. Reconhecimento de Elementos Musicais 10
3. Reconhecimento estilístico/contexto da obra/reconhecimento da forma e estrutura 11
4. Forma de estímulo/desenvolvimento 7
5. Forma de cobrança 3
6. Para melhoria do desempenho extra-musical 3
7. Identificação do gosto musical do aluno/preferência 3

Avaliação das atividades de composição musical

Em relação à pertinência da avaliação da composição musical, a grande


maioria dos alunos considerou importante avaliar a composição (80%).
A análise das respostas favoráveis permitiu categorizar as mesmas em dois
grandes grupos: um grupo que justificou a avaliação em virtude do conhecimento
musical gerado com a prática composicional e outro grupo que apontou para
aspectos mais diversificados evidenciados pela avaliação e com relação à
educação, como a identificação de preferências (estilísticas), a “descoberta” de
compositores em potencial e a avaliação do desempenho do professor.
As justificativas nas respostas dos alunos levantadas são apresentadas na
Tabela 4.
Os primeiros quatro itens estão relacionados entre si e se referem ao
desenvolvimento musical do aluno. Há uma nítida observância de conhecimentos
adquiridos pelos alunos nas disciplinas do ensino formal, sendo muito citadas as
disciplinas de harmonia, análise e percepção. Também fizeram parte das respostas
referências às características da música e seus elementos.

Tabela 4 - Justificativas para a avaliação da composição


CRITÉRIOS TOTAL
69

17
1. Compreensão e utilização de regras/critérios estabelecidos

2. Compreensão dos elementos ou fundamentos musicais ensinados 12


3. Desenvolvimento musical ou “desempenho” musical do aluno 6

4. Como meio ou instrumento que revela a análise realizada pelo aluno 5


5. Para incentivar a criatividade 9
6. Para identificar as preferências dos alunos 4
7. Para verificar o desempenho do professor 1
8. Para descobrir talentos 1

Para alguns licenciandos, a avaliação possibilita ao professor conhecer as


preferências dos alunos. Um deles mencionou que a avaliação também pode ser
utilizada para “descobrir talentos”. Outrossim, foram identificadas justificativas em
relação à realização da atividade e não propriamente em relação à avaliação. Estas
respostas (12) contemplaram o estímulo à criatividade proporcionada pela criação.

Avaliação das atividades de execução musical

O resultado da questão sobre a relevância da avaliação nas atividades de


execução musical apresentou os seguintes dados gerais: 80% dos licenciandos
consideram necessária a avaliação nesta prática musical, enquanto que 20% não
consideram um procedimento necessário. Dentre as propostas apresentadas sobre
o quê avaliar nas atividades de execução, os licenciandos puderam apontar vários
enfoques, dentre os quais, foram citados os critérios apresentados na Tabela 5.
De forma geral, os consideraram necessária a avaliação da execução.
Observando o quadro acima, percebe-se que mais de um quarto das justificativas,
fixaram-se na avaliação da técnica instrumental. As outras categorias relacionadas
ao ensino/aprendizagem, 61%, foram abrangentes. Apenas 5% elegeram a
necessidade de critérios pré-estabelecidos, enquanto 21% direcionaram a resposta
à avaliação do ensino, quando falaram sobre o alcance dos objetivos. As categorias
referentes a atitudes e à disciplina somaram 13% das respostas.

Tabela 5 - Justificativas para a avaliação da execução musical


Critérios Total
70

1. Nível técnico do aluno 17


2. Aprendizagem de uma obra/repertório pelo desempenho musical, 13
como forma de aprimoramento
3. Desenvolvimento do aluno e verificação se os objetivos do ensino foram 13
alcançados
4. Interpretação do aluno 7
5. Para avaliar a execução usando critérios pré-estabelecidos 3
6. Como auto-avaliação 2
7. Forma de treinamento para o recital público 1
8. Forma de incentivo 2
9. Forma de cobrança do processo de estudo 5

Embora de maneira generalizada, o resultado foi considerado significativo à


medida que propõe uma avaliação mais ampla da perfomance e não apenas
vinculada à medição do domínio técnico do estudante. De acordo com Tourinho e
Oliveira20, o domínio técnico é um componente essencial da atividade de execução,
porém não deve ser a única faceta a ser observada numa avaliação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados coletados na presente pesquisa, é possível apontar


algumas considerações. Inicialmente observa-se uma característica relevante no
grupo pesquisado: a maior parte dos licenciandos já atua profissionalmente, levando
à interpretação de que suas impressões podem estar vinculados à diferentes fontes
de aquisição de saberes, tanto a fontes institucionais como a fontes experienciais -
como a própria prática cotidiana do exercício profissional21.
Os resultados encontrados sobre as impressões dos licenciandos para com
a avaliação em música podem ser sintetizados nos seguintes pontos:
• os alunos consideram a necessidade de utilização da avaliação para o
planejamento e acompanhamento do ensino como um instrumento
necessário para o desenvolvimento das aulas de música;
20
TOURINHO, Cristina; OLIVEIRA, Alda. Avaliação e medidas em performance musical. In:
HENTSCHKE, Liane; SOUZA, Jusamara (orgs). Avaliação em Música: reflexões e práticas. São
Paulo: Moderna, 2003. p. 13-29.
21
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
71

• a maioria dos licenciandos - 80% - observa a necessidade de se avaliar


cada forma de envolvimento musical (apreciação, composição e execução);
• as categorias propostas pelos licenciandos são abrangentes, porém não
englobam todas as possibilidades e critérios vinculados no processo de
avaliação da apreciação, composição e execução.
Os dados apresentados foram frutos de um processo analítico-interpretativo
sobre as opiniões de licenciandos sobre a avaliação em música. Este trabalho,
portanto, não encerra as possibilidades de diálogo com os dados obtidos e com a
literatura abordada. Ao contrário, com esta pesquisa abre-se uma proposta de
diálogo com outras investigações possíveis, como forma de contribuir para a
reflexão e a discussão sobre temas relacionados ao processo avaliativo em música
e também à formação de professores.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Margaret Amaral de. Avaliação em execução musical: estudo sobre


critérios utilizados por regentes de grupos corais escolares. Dissertação (Mestrado
em Educação). Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2001.

GIL, Antônio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

HENTSCHKE, Liane; SOUZA, Jusamara. Apresentação. In: HENTSCHKE, Liane;


SOUZA, Jusamara (orgs). Avaliação em Música: reflexões e práticas. São Paulo:
Moderna, 2003. p. 8-12.

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover. Porto Alegre: Mediação, 2001.

KRATUS, John. The ways children compose. In: Anais da 21st World Conference of
the International Society for Music Education - ISME. Flórida, 1994. p. 128-141.

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições.


17. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação da aprendizagem –


entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. H.; LUCIO, P. B. Metodologia de pesquisa. São


Paulo: McGraw-Hill, 2006.

SLOBODA, John A. The Musical Mind. Oxford: Oxford Press, 1985.

SWANWICK, Keith Music, Mind and Education. London: Routledge, 1988.


72

TARDIF, Maurice. Saberes docente e formação profissional. 2. ed. Petrópolis:


Vozes, 2002.

TOURINHO, Cristina; OLIVEIRA, Alda. Avaliação e medidas em performance


musical. In: HENTSCHKE, Liane; SOUZA, Jusamara (orgs). Avaliação em Música:
reflexões e práticas. São Paulo: Moderna, 2003. p. 13-29.

WUYTACK, Jos; PALHEIROS, Graça Boal. Audição Musical Activa. Porto:


Associação Wuytak de Pedagogia Musical, 1995.

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