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ANAIS DO 2º SIMPÓSIO BRASILEIRO DE POLINIZAÇÃO

Comissão organizadora do evento


Presidente
Hélder Consolaro – Universidade Federal de Goiás (UFG), Regional Catalão,
Instituto de Biotecnologia, Departamento de Ciências Biológicas

Membros
Vinícius Lourenço Garcia de Brito – Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
Instituto de Biologia (IB)
Christiano Peres Coelho – UFG, Regional Jataí
Marco Túlio R. Furtado – Universidade de Brasília, Departamento de Botânica (DB),
Doutorando do PPG em Botânica (Dout. PPG-Bot)
Raphael Matias – Universidade de Brasília, Departamento de Botânica (DB),
Doutorando do PPG em Botânica (Dout. PPG-Bot)
Túlio Freitas Filgueira de Sá – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Dout. PPG-Bot
Ebenézer B. Rodrigues – UFU, IB, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e
Conservação de Recursos Naturais
Paulo Eugênio de Oliveira – UFU, IB

Comitê Científico
Ana Paula de Moraes (Unifesp) Isabel Cristina Machado (UFPE)
André R. Rech (UFVJM) Marcela Yamamoto (UEG)
Breno M. Freitas (UFC) Marcelo Dornelas (Unicamp)
Clemens Schlindwein (UFMG) Nelson S. Bittencourt Jr. (UNESP)
Clesnan Rodrigues (UFU) Paulo Eugênio de Oliveira (UFU)
Eduardo Borba (UFMG) Pietro K. Maruyama (Unicamp)
Felipe W. Amorim (UNESP) Rogério Faria (UFMS)
Fernanda Helena Nogueira Ferreira (UFU) Solange C. Augusto (UFU)
Hélder Consolaro (UFG) Vinícius Lourenço Garcia de Brito (UFU)
Helena Maura Torezan Silingardi (UFU) MSc. Vinicius Brito (UNICAMP)

Ficha Catalográfica

Simpósio Brasileiro de Polinização (2. : 2016 : Catalão, GO)


Anais do 2º Simpósio Brasileiro de Polinização, 23-26 de outubro /
organizadores Hélder Consolaro ... [et al.]. – São Carlos : Editora Cubo, 2016.
114 p.

Idioma: Português
ISBN 978-85-60064-70-0

1. Polinização. 2. Simpósio Brasileiro de Polinização. 3. Biologia


reprodutiva. 4. Interações mutualísticas. I. Consolaro, Hélder, org. II. Título.
APRESENTAÇÃO

Tivemos a honra de organizar o II Simpósio Brasileiro de Polinização (II SBP), um evento criado pela iniciativa do
grupo de pesquisa e ex-alunos de Pós-Graduação da Profa. Dra. Marlies Sazima (Unicamp). O I SBP foi realizado de
22 a 24 de setembro de 2014 na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Araras, SP, no qual foi discutido tópicos
relevantes acerca do tema e lançado o livro “Biologia da Polinização”. Também durante a primeira edição do simpósio,
foi decidido por meio de uma assembleia que em 2016 o próximo evento viria para a Universidade Federal de Goiás,
Regional Catalão, Catalão, GO. O II SBP foi realizado de 23 a 26 de outubro de 2016, sendo considerado de grande
importância, pois firmou, definitivamente, o Simpósio Brasileiro de Polinização (SBP) na agenda mundial dos eventos
que possuem a polinização como tema central.
O II SBP teve a participação de 149 pessoas vindas de 17 estados brasileiros e sete países (Brasil, Colômbia, Escócia,
Chile, Portugal, Alemanha e Inglaterra). O II SBP seguiu, majoritariamente, o formato original com palestras magistrais,
apresentações orais de trabalhos e duas seções de pôsteres. Foram 38 apresentações orais, 63 apresentações em
pôsteres e seis palestras magistrais, sendo estes, basicamente, o conteúdo destes Anais. Uma novidade nessa segunda
edição foi a realização da I Reunião da Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador, a qual criou uma força tarefa para
a elaboração de um banco de dados de interações planta-polinizador do Brasil. Outro produto importante que surgiu
no II SBP foi a elaboração da Carta Catalão, um documento com o objetivo de chamar a atenção do Governo Federal
Brasileiro a respeito das ameaças atuais às interações entre polinizadores e plantas, e sobre os custos econômicos e
sociais da perda da sustentabilidade destes serviços para o país. A referida carta também compõe os Anais.
A frequência do SBP é bianual e a escolha da próxima sede sempre é feita por consulta democrática com os
participantes em plenária a partir da disponibilidade de professores/pesquisadores em organizar o evento. Tivemos,
gentilmente, a manifestação da Unesp (Câmpus Botucatu) em nome do Prof. Dr. Felipe W. Amorim e da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (Câmpus Aquidauana) em nome da Profa. Dra. Camila Aoki, sendo que foi decido que
o próximo evento será realizado em Botucatu, SP. Sem dúvida, tenho certeza que a Comissão Organizadora do III SBP
trabalhará muito para que o simpósio seja um sucesso e se firme cada vez mais no calendário mundial dos eventos de
polinização.

Hélder Consolaro
Presidente do II Simpósio Brasileiro de Polinização
AGRADECIMENTOS

A Comissão Organizadora do II Simpósio Brasileiro de Polinização (II SBP) agradece ao Estado de Goiás (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás - FAPEG) e ao Governo Federal (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior - CAPES) pelo apoio financeiro recebido para a organização do evento. Gostaríamos também de
agradecer o apoio logístico da Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão, que foi de grande importância para
que o evento ocorresse. Sobretudo, aos setores de “Logística e Transporte”, “Divisão de Patrimônio, Almoxarifado e
Manutenção de Equipamentos”, a Coordenação de Extensão e Cultura e a Prefeitura de Câmpus.
Deixamos aqui também nossos agradecimentos a Comissão Organizadora do I SBP que sempre estava disposta em
nos ajudar, aos palestrantes e aos participantes do II SBP que compareceram em peso e deram um toque especial ao
evento. Que venha o III SBP!!

Foto dos participantes do II SBP

Apoio:
CARTA CATALÃO

Catalão, 12 de dezembro de 2016.


Ilmo Sr. José Pedro de Oliveira Costa,
Secretaria de Biodiversidade e Florestas / Ministério do Meio Ambiente

Prezado Secretário,
Nós, cientistas, docentes e discentes, especialistas em Biologia e Ecologia da Polinização no Brasil gostaríamos
de chamar a atenção de VSa. a respeito das ameaças atuais às interações entre polinizadores e plantas, e sobre os
custos econômicos e sociais da perda da sustentabilidade destes serviços para o país. Acreditamos que somente
políticas públicas que abracem as estratégias de conservação definidas na 13ª Conferência das Partes da Convenção
da Biodiversidade, podem ajudar a dirimir tais riscos aos polinizadores e garantir o uso sustentável deste importante
serviço ambiental.
A polinização é um processo ecológico de grande importância para a manutenção dos ecossistemas e para a
sustentabilidade da produção agrícola, de maneira que é fundamental chamar a atenção dos conservacionistas e,
sobretudo, do poder público. Estima-se que quase a totalidade das espécies vegetais com flores e pelo menos um terço
das plantas agrícolas mundiais dependem de alguma forma da polinização por animais, sendo, naturalmente, necessária
para a preservação de remanescentes de vegetação natural e para a reprodução e alimentação desses vetores. A partir
do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos polinizadores (natureza e homem), conjuntamente com a
preocupação mundial causada pelas altas taxas de degradação da natureza, uso intensivo de pesticidas agrícolas e
pelas mudanças climáticas globais, foi criado em 2000 na Conferência das Partes (COP5) da Convenção da Diversidade
Biológica, o programa “Iniciativa internacional para conservação e uso sustentável dos polinizadores”, denominado
como Iniciativa Internacional dos Polinizadores (IPI), para promover uma ação mundial coordenada com os seguintes
principais objetivos: 1- Monitorar o declínio de polinizadores, sua causa e seu impacto sobre os serviços de polinização;
2- Suprir a falta de informações taxonômicas sobre polinizadores; 3- Avaliar os valores econômicos da polinização e
do impacto do declínio dos serviços de polinização; 4- Promover a conservação, a restauração e o uso sustentável da
diversidade de polinizadores na agricultura e ecossistemas relacionados. Nos últimos anos, várias iniciativas regionais
foram criadas, a exemplo da Iniciativa Europeia dos Polinizadores, da Campanha Norte-Americana de Proteção dos
Polinizadores, da Iniciativa Canadense de Polinizadores, da Iniciativa Africana dos Polinizadores, da Iniciativa dos
Polinizadores dos povos das montanhas da Ásia, da Iniciativa Brasileira dos Polinizadores e mais recentemente da
Iniciativa Colombiana de Polinizadores, as quais desenvolveram projetos que visavam alcançar os objetivos acima
citados.
Os trabalhos desenvolvidos por essas iniciativas regionais ao longo da última década foram fundamentais para
que o tema: “polinizadores, a polinização e a produção de alimentos” tenha sido escolhido para a primeira avaliação
temática demandada pelos países signatários da Plataforma Intergovernamental sobre a Biodiversidade e Serviços
Ecossistêmicos (IPBES), painel intergovernamental independente aberto a todos os países-membros das Nações Unidas.
Essa avaliação contou com a participação de 77 especialistas de vários países, incluindo o Brasil, que produziram um
extenso relatório, baseado nos conhecimentos científicos, tradicionais e indígenas, e um resumo para os formuladores
de políticas (SPM). Esse resumo foi aprovado na plenária do IPBES, em fevereiro do corrente ano, em Kuala Lumpur,
na Malásia, por representantes de 124 países membros das Nações Unidas e entregue pela IPBES aos representantes
da Convenção da Diversidade de Biológica, para subsidiar a elaboração das decisões e recomendações de políticas a
serem seguidas pelos países signatários.
A avaliação temática sobre “polinizadores, polinização e produção de alimentos” da IPBES trouxe a confirmação
de que tanto os polinizadores silvestres quanto os manejados trazem inúmeros benefícios para os seres humanos,
incluindo os efeitos diretos sobre a produção de frutas, legumes e óleos. Apesar disso, as evidências apontam que os
polinizadores estão em declínio em diversas partes do planeta. Muitos são os fatores relacionados a tal problema e,
entre as causas principais, figura o uso intensivo de solo, a supressão da vegetação natural e o uso de agrotóxicos. Para
lidar com esses fatores de risco, os especialistas identificaram um grande número de respostas aos riscos que incluem
estratégias que visam: 1) Melhorar as condições atuais para polinizadores e/ou manutenção da polinização, dentre as
quais, tais como: reduzir uso de agrotóxicos, prevenir doenças e utilizar as oportunidades de manejo, certificação, etc.;
2) Transformar as paisagens agrícolas em paisagens amigáveis, promovendo a intensificação ecológica da agricultura
por meio do manejo dos ecossistemas, fortalecendo os sistemas agrícolas diversificados já existentes e investindo
na infraestrutura ecológica; e 3) Transformar a relação da sociedade com a natureza, por meio da integração dos
conhecimentos e das abordagens colaborativas, a exemplo da ciência cidadã.
Com base no exposto acima, e tendo em vista a excelente oportunidade de mudança da política em escala
mundial para salvaguardar os polinizadores em diversos países e a inclusão do tema na 13ª Conferência das Partes da
Convenção da Diversidade Biológica, realizada no México, em dezembro do corrente ano, nós, pesquisadores, reunidos
na cidade de Catalão, Goiás, de 23 a 26 de outubro de 2016 durante o II Simpósio Brasileiro de Polinização, solicitamos
do Governo Federal, por intermédio do Ministério do Meio Ambiente, a inserção integral do Brasil na discussão e no
desenvolvimento de uma Política Nacional para uso e conservação de polinizadores e do serviço de polinização com
o objetivo de gerar conhecimentos e desenvolver estratégias para conservação e manejo sustentado da polinização
e dos polinizadores. Para tal, tendo em vista a importância do conhecimento científico na formulação de políticas
públicas e na tomada de decisão, reivindicamos a participação da comunidade cientifica brasileira na elaboração dessa
política nacional.
Assim, em nome dos 149 participantes do II Simpósio Brasileiro de Polinização e da Rede Brasileira de Interações
Planta-Polinizador, organização colaborativa de trabalho que reuni grupos de pesquisa de especialistas em Biologia
da Polinização disseminados no país e tem como objetivo incentivar o desenvolvimento de atividades científicas e
didáticas na área, solicitamos um posicionamento de V.Sa. quanto ao pleito apresentado neste documento.

Cordialmente,

Prof. Dr. Hélder Consolaro


Presidente do II Simpósio Brasileiro de Polinização
Universidade Federal de Góias - Regional Catalão
RESUMOS DAS PALESTRAS MAGISTRAIS

Dra. Luísa Gigante Carvalheiro - Universidade de Brasília (Brasil)

Title: Influence of plant root traits on flower visitation patterns

Resume: Although the effects of soil eutrophication on plant communities are widely recognized, it is still unclear
how generalized are these effects and if such changes affect the pollination networks of natural areas and associated
pollination services. Plant traits related to nutrient acquisition may regulate how such impacts are propagated.
This project aims to evaluate if plant traits that determine how plant species can cope with variation in soil nutrient
levels (e.g. ability to establish relations with mycorrhiza or nitrogen or phosphorous fixing organisms; root morphology)
influence flower visitation patterns. To do that, a vast database of plant-pollinator networks was gathered, from more
than 60 independent studies across 25 countries from 5 continents. Studies come from a diverse set of habitats, with a
wide range of soil nutrient conditions and different levels of disturbance.
Co-flowering species commonly share flower visitors, potentially affecting pollination of each other. However, the
influence that one given species has on the flower visitation patterns of another species can be quite diverse, leading
to competition, neutral effect or even facilitation. For each pair of plants within each of the plant-pollinator networks,
the potential that one plant species has to influence the pollination of a co-flowering plant was calculated. We then
evaluated if such influence depended on soil nutrient level and on plant traits related to nutrient acquisition.
The outcomes of this project will help predict the consequences of large scale changes of soil nutrient levels (e.g. due
to N deposition, or agricultural intensification) for pollinator-dependent plants and their flower visitors.
Dr. André Rodrigo Rech - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (Brasil)

Flores e frutos... e sementes! Por que considerar o ensino básico na construção de uma
escola de pesquisa.

O Brasil vem experimentando nas duas últimas décadas a consolidação da escola de pesquisa em Biologia da
Polinização. Esta experiência foi fortalecida nos últimos anos com a Iniciativa Brasileira de Polinizadores e os projetos
associados. Além disso, nos últimos 5 anos os pesquisadores da área tem envidado esforços coletivos para a estruturação
desta escola de pesquisa, contecto no qual se destacam duas obras que materializam o sucesso desta iniciativa, quais
seja, o livro “Biologia da Polinização” e o Simpósio Brasileiro de Polinização. No desenvolvimento de um campo de
pesquisa há que se contar fundamentalmente com dois fatores estruturantes, um objeto de investigação heurístico, ou
seja, um contexto de investigação que se retroalimente e seja capaz de promover novas perguntas a partir das respostas
encontradas. Neste contexto a biologia da polinização no Brasil, atende sem dúvida ambos os requisitos uma vez que
o país é um dos gigantes mundiais da biodiversidade e encerra uma heterogeneidade de paisagens e biomas singular.
O  segundo aspecto seria um coletivo de investigação preparado e disposto a fazer o campo avançar. Neste aspecto
o pais vem melhorando progressivamente, a julgar pelo número crescente de publicações resultantes de parcerias
nacionais e internacionais. No âmbito da academia, estes dois aspectos poderiam ser metaforizados com as “flores”
e os “frutos”. No entanto, fica faltando um aspecto importante tanto na manutenção quanto na continuidade de um
programa de pesquisa, qual seja, a sua popularização, as “sementes”. Na perspectiva da consolidação da escola brasileira
de biologia da polinização há que se pensar em duas formas de popularização do conhecimento sistematizado na área.
A primeira diz respeito a divulgação ampla dos resultados dos trabalhos feitos pelos acadêmicos. Nesta perspectivas
algumas iniciativas de sucesso serão apresentadas. A segunda diz respeito a ocupação do curriculo formal da educação
básica, um espaço ainda pouco frequentado pelos conteúdos relativos a biologia da polinização. Em contraste com
esta constatação algumas características epistemológicas e práticas da forma com que se constrói o conhecimento na
área de biologia da polinização depõe de forma muito favorável a sua popularização e utilização no ensino de ciências
e biologia. Entre estas características estão grandes descobertas feitas a partir de cruzamentos com flores, como as
de Mendel e Darwin e a complexidade relativamente baixa com que são desenhados experimentos na área até hoje.
Essencialmente lidamos com um campo de pesquisa que demanda muita criatividade na formulação de perguntas
potencializando ainda mais um ensino investigativo. Cabe então a comunidade científica lidando majoritariamente
com “flores”e “frutos” debater também o papel das “sementes”no contexto de consolidação do campo de pesquisa
bem como na própria justificação social necessária para assegurar a continuidade dos financiamentos as pesquisas
na área. Para fomentar o debate acerca das relações entre produção de conhecimento e produção do curriculo da
educação básica serão apresentados alguns estudos publicados e em andamento visando superar uma visão simplista
e bancária da formação de professores e da construção do currículo da escola básica. Para finalziar serão apresentadas
propostas pedagógicas de escolas nas quais talvez estas “sementes” encontrarão solo mais fértil a fim de despertar para
a responsabilidade coletiva da academia para com a educação básica.
Dra. Blandina Felipe Viana - Universidade Federal da Bahia (Brasil)

Avaliação temática Global sobre Polinização, Polinizadores e produção de alimentos da


Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos - IPBES.

Resumo:  A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas é um organismo


intergovernamental independente aberto a todos os países membros das Nações Unidas, foi criado em 2012 em
resposta às preocupações da comunidade científica sobre a falta de esforços internacionais para combater as ameaças
à biodiversidade. A IPBES segue o mesmo modelo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
reunindo cientistas e tomadores de decisão de todo o mundo para monitorar o estado da biodiversidade e dos
recursos naturais no planeta e fazer previsões de como as mudanças dos serviços ecossistêmicos podem afetar os
ecossistemas e o bem estar humano. A primeira avaliação temática do IPBES teve como foco principal a polinização,
os polinizadores e a produção de alimentos. O tema polinização foi escolhido para a primeira avaliação do IPBES,
principalmente, devido a sua  alta relevância política, pois sabe-se que no âmbito global 75% das principais culturas
beneficiam-se da polinização e que 78 a 94% da flora silvestre também depende de polinização por animais. Além
disso, a proteção desses polinizadores é urgente, já que estão seriamente ameaçados na maioria dos ecossistemas
terrestres. Contudo, apesar da reconhecida importância do serviço de polinização na produção de alimentos e na
conservação dos ecossistemas terrestres, ainda faltam políticas globais efetivas e mais esforços para a implementação
das políticas existentes. Dados recentes revelam que nos últimos 50 anos a área cultivada com culturas dependentes
de polinizadores aumentou 300% para compensar o impacto do déficit de polinização na produtividade agrícola.
Nesse sentido, a avaliação  realizada por 77 especialistas internacionais, durante dois anos (2014 -2015), junto ao IPBES,
e aprovado na 4a Plenária da Plataforma, em fevereiro de 2016,  em Kuala Lumpur, Malásia, foi baseada nas melhores
informações científicas disponíveis e nos conhecimentos tradicionais indígenas e locais, e deverá auxiliar os governos
dos países membros das Nações Unidas na tomada de decisões  para conservação e uso sustentável dos polinizadores
e dos serviços de polinização e fortalecerá ainda mais  a interface entre ciência e política. 
Dr. Klaus Lunau - Heinrich Heine University Düsseldorf (Germany)

Palestra: Competition for pollen: How floral colour signals inform, manipulate, deceive
and confuse pollen eating hoverflies and pollen collecting bees

Bee-pollinated flowers face a pollen dilemma, since bees are not only excellent pollen vectors, but also collect
large amounts of pollen to provision their offspring. It is thus not surprising that bee-pollinated flowers have evolved
adaptations to reduce pollen losses and secure pollination by pollen eating hoverflies and pollen collecting bees.
Orchids for example are pollinated by pollinaria of which the pollen grains cannot be harvested by bees. Buzz-pollinated
flowers exclude those bees from the collection of pollen that are unable to vibrate the flowers. Bird-pollinated flowers
display red, UV-absorbing or white UV-reflecting colours that are not attractive to bees that might act as illegitimate
visitors. Flowers with echinate pollen, which are common in the families Malvaceae, Cucurbitaceae, Convolvulaceae
and Asteraceae, prevent pollen collection by corbiculate bees. Bumblebees are unable to compact the spiny pollen
grains together with regurgitated nectar into their corbiculae. Tests have shown that bumblebees stop pollen foraging
immediately if they fail to fill their corbiculae. Notably, this does neither affect nectar collection nor pollen transfer to
conspecific flowers, since spiny pollen grains adhere well to the hairs of the bees’ body. Many bee-pollinated flowers
hide the pollen and anthers in the floral tube. Since hoverflies and bees use visual cues, i.e. the saturated yellow and
UV-absorbing colour, to find pollen, pollen-mimicking floral guides play a major role in the communication between
bee-pollinated flowers and their pollen eating or collecting pollinators. Naïve hoverflies innately respond with the
extension of the proboscis towards yellow, UV-absorbing colours of pollen and pollen-mimicking floral guides. Bees
make their initial contact with a flowers with the tips of their antennae at pollen-bearing anthers or pollen-mimicking
floral guides. Pollen-mimicking floral guides are used to inform bees about the nectar reward in flowers possessing
pollen-mimicking floral guide to signal rewarding and non-rewarding flowering phases. The rewarding flowering
phase is associated with the more attractive yellow colour of floral guides. Nototribic flowers display pollen-mimicking
floral guides below the real anthers, whereas sternotribic flowers display pollen-mimicking floral guides above the
real anthers and by this way direct the approaching bees not to the pollen-bearing anthers, but instead to the nectar
holder. Contrary to yellow bee-pollinated flowers bird-pollinated yellow flowers do not display floral guides and by
this way exclude bees, that might act as nectar robbers, probably by making flower handling more difficult for bees.
By manipulating the landing of bees in this way, many flowers precisely deposit pollen on safe sites of the bees’ body
that the bees are less able to groom. Many diclinous bee-pollinated flowers possess male flowers with conspicuous
anthers and female flowers with anther-mimicking structures. In the nectarless Begonia species the bees visiting
female flowers are thus completely deceived. Dichogamous flowers possess flowering phases that differ in the amount
of pollen available. Heterostylous flowers possess two or three morphs that differ in pollen grain size and handling for
pollen collecting bees due to stamen length. Pollen-collecting bees thus would benefit from preferably visiting the
staminate flowering phase of dichogamous flowers and that morph of heterostylous species that promises the most
pollen reward. In order to confuse bees and to prevent flowering phase-specific or morph-specific foraging in bees,
many flowers use conspicuous pollen-mimicking floral guides in combination with inconspicuous real pollen.

Burkart A, Schlindwein C, Lunau K (2014) Assessment of pollen reward and pollen availability in Solanum stramoniifolium
and Solanum paniculatum for buzz-pollinating carpenter bees. Plant Biology 16: 503-507.
Lunau K (1996) Unidirectionality of floral colour changes. Plant Syst. Evol. 200: 125-140.
Lunau K (2014) Visual ecology of flies with particular reference to colour vision and colour preferences. J. Comp. Physiol.
A 200: 497-512.
Lunau K, Wacht S, Chittka L (1996) Colour choices of naive bumble bees and their implications for colour perception. J.
Comp. Physiol. A 178: 477-489.
Lunau K, Piorek V, Krohn O, Pacini E (2015) Just spines – Mechanical defence of malvaceous pollen against collection by
corbiculate bees. Apidologie 46: 144-149.
Lunau K, Papiorek S, Eltz T, Sazima M (2011) Avoidance of achromatic colours by bees provides a private niche for
hummingbirds. J. Exp. Biol. 214: 1607-1612.
Lunau K (2006) Stamens and mimic stamens as components of floral colour patterns. Bot. Jahrb. Syst. 127: 13-41.
Papiorek S, Junker RR, Alves-dos-Santos I, Melo GAR, Amaral-Neto LP, Sazima M, Wolowski M, Freitas L, Lunau K (2016)
Bees, birds and yellow flowers: Pollinator-dependent convergent evolution of UV-patterns. Plant Biology 18: 46-55.
Pohl M, Watolla T, Lunau K (2008) Anther-mimicking floral guides exploit a conflict between innate preference and
learning in bumblebees (Bombus terrestris). Behav. Ecol. Sociobiol. 63: 295-302.
Dr. Mario Vallejo-Marin - University of Stirling (UK)

Evolution and ecology of buzz-pollination

More than 20,000 species of plants possess flowers that release pollen only through small openings (pores or slits) in
the anther’s tips. Bees visiting these species use high-frequency vibrations or “buzz” to extract pollen from the anthers.
Buzz-pollinated flowers have evolved independently many times and include agricultural crops such as tomatoes
and potatoes. Despite its widespread taxonomic distribution in plants and importance to natural and agricultural
systems, the ecology and evolution of buzz-pollination has received limited attention. Here I will present an overview
of buzz‑pollination from both plant and animal perspectives, and illustrate how selection through buzz‑pollinators has
caused some striking example of convergent evolution across angiosperms. I will then use species in the genus Solanum
(Solanaceae) to illustrate how selective pressures imposed by buzz-pollinators have also triggered the specialisation of
floral organs and the division of labour within flowers.
Dr. Scott Armbruster - University of Portsmouth (UK)

Pollination Fitness, Modularity, and Adaptive Accuracy of Flowers

Pollination rate is an easily measured component of fitness in flowering plants. Most evolutionary pollination
studies have focused on adaptations increasing attraction of pollinators, but equally important are floral traits, such as
size and shape of floral parts, that improve the efficiency of pollination. Such traits, controlling flower-pollinator “fit”,
are expected be under stringent stabilizing and canalizing selection, although conflicting selection, such as selection
for herkogamy, sometimes also occurs. How selection operates on such traits is most easily visualized as a population’s
distribution on an adaptive surface, and departure from the adaptive peak is most easily quantified as adaptive
accuracy. These theoretical issues will be illustrated empirically, drawing on studies of Dalechampia (Euphorbiaceae),
Stylidium (Stylidiaceae), and Parnassia (Celastraceae).
ISBN: 978-85-60064-70-0
II Simpósio Brasileiro de Polinização
23 a 26 de outubro de 2016 – UFG, Regional Catalão, GO

INDIRECT INTERACTIONS BETWEEN PLANTS SHARING


HUMMINGBIRD POLLINATORS ARE SHAPED BY FLORAL
TRAIT SIMILARITY
Orais

Pedro J. Bergamo1*, Marina Wolowski1, Pietro K. Maruyama1, Jeferson Vizentin-Bugoni1, Luísa G. Carvalheiro2,
Marlies Sazima1
1
Laboratório de Biossistemática e Polinização, Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas
2
Departamento de Ecologia, Universidade de Brasília, *pjbergamo@gmail.com

Introduction
Plants sharing pollinators can alter each other’s flower
visitation rates leading to competition or facilitation within
communities. Moreover, plants may interact via improper pollen
transfer among species. While phenotypic-based mechanisms
regulate insect visitation patterns and the potential for plant-plant
indirect effects, previous studies show that flower abundance
was the most important regulating mechanism[1]. On the other
hand, plant-hummingbird interactions are mainly constrained
by phenotypic-matching traits[2]. Here, we evaluated if floral
trait similarity, flowering overlap, evolutionary relatedness and
flower abundance affect how hummingbird-pollinated plants
engage in indirect interactions within communities. We expect
that phenotypic-matching mechanisms are more important
defining indirect effects among plants sharing hummingbirds
than for what was previously reported for insect-pollinated plants.

Methodology
We used four plant-hummingbird communities in the Brazilian
Atlantic forest with quantitative data for hummingbird visitation
and flowering phenology. We measured effective corolla length, Figure 1. Potential indirect effects between plants sharing hummingbird
anther height and flower color for 86 plant species. Flower pollinators. Relationships between Müller’s index (logit transformed)
abundance was measured as the relative number of flowers and the fixed effects included in the best model. Each dot represents the
produced per species within each community. Phylogenetic partial residuals (after removing variation explained by other variables
relationships were reconstructed based on APGIII supertree. The in the model) for each pair of plant species. Red lines represent the
regression line.
potential indirect effects between plants sharing hummingbird
pollinators were calculated with the Müller’s index for each
pair of plant species[3], based on plant-hummingbird interaction Conclusions
frequency. To assess which mechanisms influence the indirect Phenotype-based mechanisms were the main drivers of indirect
effects, the Müller’s index was used as the response variable in effects in specialized plants sharing hummingbird pollinators.
linear mixed models. Species pairwise distances for each floral trait, Although abundance do not explain direct plant-hummingbird
phenology and phylogeny; acting plant (the species influencing interactions[2], we found a moderate role of flower abundance for
visitation patters of the target species) flower abundance and indirect interactions among plants. Since many plant-hummingbird
pairwise abundance difference were used as fixed effects. Plant networks show similar structuring properties, our findings may
species pair identity, nested within communities, were used as extend to other plant-hummingbird networks in the Neotropics.
random effects. We tested all possible combinations between
fixed effects and selected the best models based on its AIC values. Acknowledgments
we thank C. Nunes for help with fieldword; R. Monteiro for plant
Results and Discussion identification; L. Jorge and J. Sonne for help with statistics. IF-SP
the best model included floral traits dissimilarity (corolla and ICMBio for research permits. CAPES, CNPQ and FAPESP
length – CL and anther height - AH), acting plant flower for financial support.
abundance (FA) and phylogenetic distance (PD), with 17.85%
of deviance explained by fixed effects and 49.27% by random References
effects (Fig. 1). CL and AH were the most important variables, Carvalheiro et al. 2014. The potential for indirect effects between co-
[1]

explaining 31.07% and 13.08% of the fixed deviance, respectively, flowering plants via shared pollinators depends on resource abundance,
accessibility and relatedness. Ecology Letters, 17: 1389-1399.
which suggest resource accessibility and pollen placement are
the main drivers of indirect effects. FA (6.98%) and PD (2.55%) Vizentin-Bugoni et al. 2014. Process entangling interactions in communities:
[2]

had moderate to minor roles, contrasting with the strong role forbidden links are more important than abundance in a hummingbird-
played by abundance and phylogenetic relatedness reported plant network. Proceedings of the Royal Society B, 281: 20132397.
for insect-pollinated plants[1]. Color, phenology, and pairwise Müller et al. 1999. The structure of an aphid-parasitoid community.
[3]

abundance difference did not explain potential indirect effects. Journal of Animal Ecology, 68: 346-370.

20
ISBN: 978-85-60064-70-0
II Simpósio Brasileiro de Polinização
23 a 26 de outubro de 2016 – UFG, Regional Catalão, GO

VALUATION OF CROP POLLINATION AS AN


AGRICULTURAL INPUT IN COMMON BEAN
(PHASEOLUS VULGARIS L.).

Orais
Felipe D. da S. e Silva1 2 *, Frédéric Mertens1, Davi de L. Ramos1, Luísa G. Carvalheiro1.
1
University of Brasília (UnB)
2
Federal Institute of Mato Grosso (IFMT)
*felipe.silva@bag.ifmt.edu.br.

Introduction
The pollination is an important input to agricultural crops [1,2,3,4]. The value of crop pollination (Vp) was then estimated
Previous studies estimated the value of this ecosystem service integrating the quantitative and qualitative parameters
considering the replacement cost with pollination management
Vp(pa,r) = q(pa,r)*pr(pa,r) eq 4
or hand pollination [5,6]. To evaluate the effects of pollination in
crop production in economic terms it is essential to consider this Results and Discussion
service as an agricultural input. Our preliminary analyses did not detect a clear effect on
This research intends to do an economic valuation of pollination quality of bean. In this way, we could not estimate the price
considering their benefits to productivity and quality of agricultural based on bean quality. For valuation, we assume the fixed price.
products. We focused on the common bean, a species with great On the other hand, the richness of pollinators significantly
socioeconomic relevance in Brazil. The results will contribute to affected the weight (P values < 0,0001). The bean productivity
decision making for producers of common bean. (Q) was ca. 50% lower in areas with low richness (1 species),
comparatively to areas with high richness (8 species). The value
Methodology (Vp) related to pollinators had the same behavior.
This study was conducted in 19 study sites spread throughout
nine plantations of common bean (Phaseolus vulgaris) in Distrito Conclusion
Federal (Brazil) during 2015/2016. The value of crop pollination Although there are several others factors the affect the
(Vp) was estimated based on Marginal Production Method production (e.g. soil quality, water availability), this study
which consider this ecosystem service as a production input [7]. shows that pollination, as an agriculture input, benefits the
Flower visitation surveys were done in each site, during productivity of the bean. Further analyses (e.g. isolated flower)
the peak of flowering, along a 50x0.66 m transect, following are necessary to estimate with accuracy the pollination effect on
the methods described in [9]. Quantitative and qualitative data bean quality. The losses of economic gains associated with loss
of production was estimated based on a sample of 15 plants in of pollinator are high.
each study site.
To estimate the pollination value we considered quantitative Acknowledgements
and qualitative parameters of bean production related to pollination We thank bean producers and COOPA-DF. We also thank
abundance (pa) and richness (r) per flower. The quantitative Ecology Department and Botanic (Thermobiology) from UnB.
variable (Q) was the weight (kg per m2): This research received funding from CNPq.

Q(pa,r)=f(pa,r) eq 1 References
Roubik DW. 1995. Pollination of cultivated plants in the tropics. FAO
[1]

The parameters of this function will be estimated based on Agricultural Services Bulletin 118, Rome.
field data using Generalized Linear Mixed Model (GLMM).
Klein AM et al. 2007. Importance of pollinators in changing landscapes
[2]
For quality we created a Quality Indicator (QI) based on the for world crops. Proceedings of the Royal Society 274: 303–313.
percentage of defective seed (predation, fungus and germinated
Kasina M et al. 2009. Bee pollination enhances crop yield and fruit
[3]
bean) (d) [8] and a comparative rank of characteristics that affect
quality in Kakamega, Western Kenya. E. Afr. agric. For. J. 75: 1-11.
the bean price: color (0 – darker, 1 – clearer) and size (0 – smaller,
1 - larger). The QI is estimated based on a weighted average of Garibaldi LA et al. 2016. Mutually beneficial pollinator diversity and
[4]

crop yield outcomes in small and large farms. Science 351: 388-391.
all quality aspect, varying from 0 (lowest quality) to 1 (highest
quality), and it is a function of pa and r: Vieira PF et al. 2010. Valor econômico da polinização por abelhas
[5]

mamangavas no cultivo do maracujá-amarelo. Revista de la Red


QI(pa,r)=f(pa,r) eq 2 Iberoamericana de Economía Ecológica 15:43-53.
The parameters of this function will be estimated based on Allsopp MH et al. 2008. Valuing insect pollination services with cost
[6]

field data using Generalized Linear Mixed Model (GLMM). of replacement. Plos One 3(9):1-8.
We then estimated the price per kg (pr) based on QI, the Mcconnell KE et al. 2003. Valuing the environment as a factor of
[7]

lowest market price (US$ 0,63† per kg, information obtained production. In Helfand. Handbook of environmental economics.
from farmers) and the amplitude between the lowest and the Elsevier, v. 1.
highest price per kg (US$ 0,21): MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
[8]

Instrução Normativa n° 12, de 28 de março de 2008. D.O.U., Seção 1, de


pr = 0,63 + 0,21 x QI eq 3 31 de março de 2008.
FAO. (2011). Protocol to detect and assess pollination deficits in crops:
[9]

US$ = R$ 3,99 (01/03/2016). a handbook for its use.

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EFFECT OF FERTILIZATION PRACTICES IN THE


POLINNATION SERVICE AND AGRICULTURAL
PRODUCTIVITY: COMMON BEAN AS STUDY CASE
Orais

Davi de L. Ramos¹*, Mercedes M. Bustamante¹, Felipe D. da Silva e Silva¹ ² Luísa G. Carvalheiro¹,


¹ Universidade de Brasília (UnB)
² Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT)
*davi.ramos7@gmail.com

Introduction
Pollination of agricultural crops is an important ecosystem production being on average ca. 50% lower in areas with low
service, contributing to productivity and quality of fruits and richness (1 species), comparatively to areas with high richness
seeds [1]. Several human activities, such as the indiscriminate use of (8 species). The treatment with soil bioactivation increased the
pesticides and deforestation may compromise this service [2]. Less number of flowers (p < 0,0001), these effect being most accentuated
studied are the effects of the use of fertilization, which drastically in areas close to natural habitat. We did not detect any effect of
affect nutrient cycling, and can also have effects on flower resources fertilization treatment on abundance or richness of floral visitors
and, consequently, on pollinators [3]. The objective of this study and production, but this lack of effect could be due to the low
is to assess how the use of different fertilization practices affects number of farmers that applied the treatment. Further sampling
the pollination service and agricultural production of common events will be done later in 2016 to complement the dataset.
bean crops (Phaseolus vulgaris L.).
Conclusions
Methods The results suggest that bean production is substantially
Data of flower density, visitation and production were benefited from pollination services. No clear effects of the
collected in 27 study sites spread throughout nine common bean fertilization treatments were detected, despite the positive effect
farms in the Federal District (Brazil) in 2015. All properties adopt
on flower production. More investigations are necessary to assess
conventional fertilization practices, but three of these also use
the actual effect of soil treatments bioactivation on pollination
soil bioactivation methods, reducing conventional fertilization
and production.
dosage applied. Field sites within farms were selected so that they
would cover a range of values of distance to natural habitat and,
in two farms, we selected field sites with or without treatment
Acknowledgments
bioactivation. For each sampling point, the flower production was We thank Antônio Aguiar, José Pujol, Marinna Frizzas,
estimated by counting the number of flowers at anthesis along Wesley Rocha, Williane Ferreira, Daniel Daldegan, Lays Antunes,
a 0.66x50m transect. Data on abundance and richness of floral Samia Silva, Regina Sartori for help during field and lab work,
visitors were collected also along those transects following the the funding agency (CNPQ) and the participating producers.
methods described in [4]. Production (kg / ha) was estimated based
on data from 15 randomly selected plants along each transect, References
[1]
during the summer harvest of 2015/2016, after the desiccation Klein AM et al. 2003. Fruit set of highland coffee increases with the
of the pods. Data were analyzed using generalized linear mixed diversity of pollinating bees. Proceedings of the Royal Society B: Biological
models (GLMM). Sciences, 270(1518): 955-961.
[2]
Potts SG et al. 2010. Global pollinator declines: trends, impacts and
Results and Discussion drivers. Trends in Ecology and Evolution, 25 (6): 345-353.
We registered more than 200 insect visits, belonging to6 orders [3]
Fujita Y et al. 2014. Low investment in sexual reproduction threatens
and 12 families. Among the Hymenoptera, there was a higher
plants adapted to phosphorus limitation. Nature, 505(7481): 82-86.
frequency of visits by bees of Apini and Meliponini tribes. Among
the Diptera, the Sirphiidae family was the most representative in [4]
Vaissière BE et al. 2011. Protocol to detect and assess pollination deficits
the number of visits. Richness and abundance of flower visitors in crops: a handbook for its use. Global Action on Pollination Services
decreased with distance from natural habitat. Richness of flower for Sustainable Agriculture – Food and Agriculture Organization of the
visitors had a positive effect on bean production (p = 0,0001), United Nations (FAO).

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HOW TO TRICK A BEE: COGNITIVE ECOLOGY OF


DECEPTIVE POLLINATION IN ORCHIDS
João M. R. B. V. Aguiar1*, Ana C. Roselino2, Marlies Sazima1

Orais
1
Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas
2
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
jmrobazzi@gmail.com

Introduction
Many cases of flower color polymorphism have been each bee and the time between the first and the last visit in each
documented for orchids pollinated trough generalized food setup were registered. A bee’s test was considered finished when
deception. Because pollinators are able to learn and memorize the bee did not visit a flower after 1 minute from the last visit.
floral traits that represent the presence or absence of resources,
Heinrich hypothesized that floral polymorphism in species Results and Discussion
pollinated trough generalized food deception would be adaptive, When considering the bee-perceivable color spectrum, flowers
once it would promote more visits to the flowers by disrupting are bee blue-green. According to the color hexagon model, bees
the learning process of the pollinators [1]. In this study, we test can distinguish white from purple flowers. In the first experiment,
Heinrich’s hypothesis, demonstrating the role of flower color bees learned to avoid the color of the flower presented with water
polymorphism in orchids pollinated trough generalized food during conditioning, and during the test more visits were performed
deception. to the flower with the new color, representing a new deception
(G1: 20.0% of visits in white flowers X 80.0% in purple flowers,
Methods X2 = 6.46, df = 1, p < 0,05; G2: 82.8% in white flowers X 17.2% in
We used as a model the interaction between Ionopsis purple flowers, X2 = 5.29, df = 1, p < 0,05). In the second experiment,
utricularioides (Sw.) Lindl., an orchid pollinated trough generalized bees visited more flowers (mean visits: one color setup = 2.5 X
food deception that presents continuous floral color variation two colors setup= 5.2, t = -4.10, df = 18.61, p < 0,01) and spent
from white to purple, and Scaptotrigona aff. depilis (Meliponini) more time visiting them (mean time: one color setup = 26.1 s X
two colors setup = 110.0 s, t = -4.40, df = 15.34, p < 0,01) in the
one of its floral visitors. Floral color polymorphism was accessed
setup with both colors presented. Thus, color polymorphism can
measuring the reflectance of the flowers (n = 40 plants) with a
promote more visits and, with the results from experiment one,
spectrophotometer and plotting the results on the color hexagon
we can assume that bees have their learning process disrupted
as a bee vision model, using the spectral sensitivity of Melipona
in this situation, being deceived more times, until they learn
quadrifasciata (Meliponini). For the two choice experiments
that all of the stimuli presented are signals for rewardlessness.
performed, individually marked bees were trained to visit
artificial flowers at 20 meters from the nests entrance. In the
first experiment, two groups of bees were conditioned, one at a
Conclusion
Our findings corroborate Heinrich’s prediction that flower
time, to a 6 flowers setup of two different colors: G1: 3 gray with
color polymorphism can play an important role in generalized
50% sucrose solution (+) and 3 white with water only (-). After
food deception. The next step is to evaluate other polymorphic
10 visits, a new setup with two flowers, one white (-) (conditioned
floral traits, such as fragrance and nectar guides, as promoters
color) and one purple (-) (new color), were presented to the of deceptive pollination.
bees, beginning the test phase (n = 35). The first bee’s choice was
registered; G2: the experiment was repeated, but with purple as
Acknowledgements
the conditioned color, in order to evaluate if the conditioned color We thank Pedro J. Bergamo, Ana P. Cipriano and Sidnei
could change the choice during the test phase. Thus, in this test Mateus for the help with data gathering. We also thank Ayrton
phase, bees (n = 35) faced two flowers: one purple (-) (conditioned V. Neto and Fabio S. Nascimento for providing the laboratory
color) and one white (-) (new color); For the control group, the facilities at University of São Paulo. This study was supported
first choice of 30 unconditioned bees to a setup with 3 white by FAPESP (grant Nº 2015/05919-8 to JMRBVA).
(-) and 3 purple (-) flowers was taken in account. In the second
experiment, the bees were trained to visit three setups: 8 white References
flowers (-) (n = 15), 8 purple flowers (-) (n = 15), or 4 white (-) and Heinrich B. 1975. Bee flowers: a hypothesis on flower variety and
[1]

4 purple (-) flowers (n = 15). The number of flowers visited by blooming times. Evolution 29: 325-334.

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ORNITOFILIA EM UMA ÁREA CACAUEIRA NA MATA


ATLÂNTICA DO SUL DA BAHIA: UMA ANÁLISE PARA
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE LOCAL
Orais

Márcia A. Rocca¹* & Henrique Z. Gava²


1
Departamento de Ecologia, Universidade Federal de Sergipe
² Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Estadual de Santa Cruz
*roccamarcia@yahoo.com.br

Introdução
A Mata Atlântica da região sul da Bahia apresenta grande cabrucas. As leguminosas exóticas Erythrina poeppigiana
riqueza de espécies e é um dos principais centros de endemismo do e E. fusca das cabrucas apresentam importante papel nesta
bioma, passando também por um processo contínuo de degradação. dinâmica. A maior parte dos recursos florais dos fragmentos
O sistema de cultivo do cacau sob a mata raleada predominante é encontrada no sub‑bosque, enquanto não houve recursos no
nesta região (a cabruca) conserva parte da biodiversidade local, extrato intermediário das cabrucas. Vinte e seis espécies de
gerando menor impacto do que plantios após a derrubada total aves foram observadas, a maioria da família Trochilidae. Treze
da vegetação[1]. Plantas com flores que produzem néctar são espécies foram avistadas nos fragmentos e todas as 26 espécies
um importante recurso alimentar para aves nectarívoras, que foram observadas nas cabrucas, mas apenas quatro são residentes
por sua vez podem atuar como vetores de pólen para essas e destes ambientes. Phaethornis ruber (Trochilidae) foi o visitante
outras plantas. Durante um estudo de 12 meses, a variação na mais frequente nos dois ambientes, responsável pela maior
oferta de recursos ornitófilos, a riqueza e a atividade de aves parte das visitas, favorecido por seu reduzido porte e demanda
que utilizam esses recursos foram quantificadas comparando energética[2]. Houve correlação positiva entre a abundância de
fragmentos florestais e cabrucas. flores e a riqueza de aves polinizadoras, bem como do número
de flores por indivíduo com a riqueza de aves polinizadoras nos
Metodologia dois ambientes. O agrupamento das espécies visitantes define
O estudo foi realizado em quatro fazendas do município de dois grupos principais de aves devido à semelhança entre os
Una, região cacaueira do sudeste da Bahia. Foram selecionados três recursos utilizados. A rede de interações dos fragmentos é mais
fragmentos em estágio intermediário de regeneração (~20 anos sem complexa do que a dos ambientes de cabrucas.
cortes seletivos) e tamanhos semelhantes (~40 ha) e três cabrucas
como réplicas na área de estudo. As três cabrucas escolhidas Conclusões
são áreas que foram enriquecidas com espécies de crescimento Apesar da maior riqueza de espécies com flores utilizadas por
rápido, muitas delas exóticas, ao longo dos anos de manejo das aves nos fragmentos, o número de flores disponíveis é maior nas
plantações de cacau. Em cada réplica, cinco transecções lineares cabrucas devido à presença das duas espécies arbóreas exóticas.
de 200m cada foram demarcadas, totalizando 15 transecções em Há uma tendência de maior riqueza de aves associada aos ambientes
cada ambiente (fragmentos ou cabrucas). Visitas mensais foram com maior oferta de recursos e esse aspecto interfere diretamente
realizadas na área de estudo com duração de dez dias ao longo na criação de estratégias para conservação da biodiversidade de
de um ano. A cada mês, todas as transecções foram percorridas ambos os grupos nesse mosaico vegetacional, não havendo relação
à procura de flores ornitófilas. Todos os indivíduos visualizados direta entre diversidade e estado de conservação nesse caso.
a no máximo 6m de cada lado da transecção foram incluídos.
Para as observações dos visitantes florais, foi utilizado o método Agradecimentos
indivíduo focal e, diariamente, seis períodos de 75 min de duração Ao PNADB/CAPES pela bolsa de Mestrado, à UESC pelo auxílio-
foram realizados. pesquisa e à UFS pelo apoio à participação neste evento.

Resultados e Discussão Referências Bibliográficas


Dezessete espécies com flores utilizadas por aves foram [1]
Pardini R et al. 2009. The challenge of maintaining Atlantic forest
encontradas, 14 nos fragmentos florestais e seis nas cabrucas. biodiversity: A multi-taxa conservation assessment of specialist and
A maioria foi de epífitas, seguidas por ervas, lianas e árvores. generalist species in an agro-forestry mosaic in southern Bahia. Biol.
Conserv. 142: 1178-1190.
Os fragmentos apresentaram menor abundância de flores do
que as cabrucas. Ao longo dos meses, há uma menor variação [2]
Altshuler DL et al. 2010. Allometry of hummingbird lifting performance.
na oferta de recursos nos fragmentos florestais do que nas J. Exp. Biol. 213, 725-734.

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POLINIZADORES NA MATA ATLÂNTICA SÃO


INFLUENCIADAS PELA QUANTIDADE DE FLORESTA E
ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO?

Orais
Juliana Toshie Takata1*, Patrícia A. Ferreira1, Danilo Boscolo1
1
Laboratório de Ecologia e Análise de Paisagens – LEAP, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo - USP
*julianattakata@gmail.com

Introdução
As abelhas destacam-se pelas diversas adaptações morfofisiológicas de se considerar diferentes escalas.Na escala local, a influência
na coleta,transporte e manipulação de pólen, e seu declínio traz deve-se principalmente,à disponibilidade de recursos como
consequências para o processo de polinização.As principais refúgio e alimentação.Tal influência deve-se principalmente ao
causas de extinção de espécies devem-se a perda e fragmentação controle da entrada de luz devido à estrutura do dossel[3] e ao
de hábitat naturais[1] que afetam a taxa de visitação de abelhas à consequente efeito na disponibilidade de recursos alimentares
flores e a riqueza de espécies. Contudo,abelhas são responsáveis e melhores condições ambientais no sub-bosque.A estrutura do
por 35% da produção mundial de alimentos[2].Nesse contexto, elas sub-bosque, por sua vez, pode ter relação com a disponibilidade
têm grande importância na manutenção de ecossistemas florestais de locais para nidificação.Em paisagens fragmentadas,a presença
e agroecossistêmicos.O objetivo deste trabalho é compreender de floresta tem grande importância para a sobrevivência de
como fatores locais e de paisagem influenciam as comunidades espécies.A quantidade de floresta,na escala da paisagem,tem
de abelhas visitantes florais.Esperamos,no nível da paisagem,alta efeitos nos processos populacionais relacionados a comunidade
riqueza de polinizadores em fragmentos com entornos mais de abelhas,influenciando as interações intra e interespécies[4].
florestados.No nível local, esperamos alta abundância de abelhas
em fragmentos com condições internas mais favoráveis. Conclusões
A quantidade de floresta na paisagem pode proporcionar
Metodologia condições e interações bióticas favoráveis à sobrevivência de
Amostramos 27 fragmentos florestais de Mata Atlântica plantas e abelhas.Estudos com abordagem multiescalar são
na região entre as Serras da Cantareira-Mantiqueira em São importantes para o entendimento de processos ecológicos,como
Paulo,cada fragmento representado por uma parcela hexagonal a polinização,e para se pensar em estratégias a fim de auxiliar
de 25m de lado.Coletamos abelhas com redes entomológicas em na conservação e manutenção das comunidades de abelhas
todas as plantas floridas na parcela.Para avaliar a estrutura da visitantes florais.
paisagem circundante geramos zonas circulares de 1km de raio
ao redor do centro das parcelas,fundamentado no raio médio Agradecimentos
de voo de abelhas visitantes florais de sub-bosque.Dentro desse À Msc. P. M. Tokumoto, R. S. C.Alves (UNESP, Rio Claro), Prof.
raio calculamos a quantidade de floresta com os programas Qgis Dr. L. E. Lopes, R. G. S. Soares, G. Fracacio, G. G. Perez (UFSCAR),
e Fragstats. Medimos também a altura das árvores, quantidade B. R. Almeida, G. Rosalini (ESALQ/USP) e aos demais membros
de troncos mortos, densidade de subbosque e cobertura de do LEAP. Ào CNPq e FAPESP pelo financiamento.
dossel como variáveis representativas da estrutura de vegetação.
Essas foram ordenadas por uma Análise de Componentes Referências Bibliográficas
Principais (PCA).Os eixos do PCA foram usados em análises de Fahrig L. 2003. Effects of habitat fragmentation on biodiversity. Annu.
[1]

Rev. Ecol. Evol. Syst. 34: 487-515.


regressão linear múltipla para verificar os efeitos da estrutura
da vegetação(escala local) e da quantidade de floresta(escala da Klein AM et al. 2007. Importance of pollinators in changing landscapes
[2]

paisagem) na comunidade de abelhas. for world crops. Proceeedings of the Royal Society 274:303-313.
[3]
Jennings SB et al. 1999. Assessing forest canopies and understorey
Resultados e Discussão illumination: canopy closure, canopy cover and other measures. Forestry
As análises indicaram que a riqueza e abundância de 79: 59-73.
abelhas foram influenciadas pela quantidade de floresta e Matthies D et al. 1995. The Importance of Population Processes for the
[4]

pela estrutura de vegetação(p=0,0008563; R²=0,3644; p=0,0047; Maintenance of Biological Diversity. GAIA-Ecological Perspectives for
R²=0,2781;respectivamente).Os resultados mostram a importância Science and Society 4: 199-209.

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MUDANDO PARADIGMA: TROCA DE POLINIZADORES


NOTURNOS PARA DIURNOS NO ECÓTIPO MERIDIONAL
DE CARYOCAR BRASILIENSE (CARYOCARACEAE)
Orais

Alan B. Dias1,3*, Felipe W. Amorim2,3


1
Programa de Pós-Graduação em Botânica, Instituto de Biociências de Botucatu, Unesp (IBB/Unesp)
2
Departamento de Botânica, IBB/Unesp
3
Laboratório de Ecologia da Polinização e Interações (LEPI)
*Alan.bdias@gmail.com

Introdução
A polinização por morcegos geralmente está relacionada que morcegos (0,4 visita/hora). Os principais polinizadores
a espécies com morfologia floral altamente especializada. diurnos foram as abelhas mamangavas Bombus sp. e Xylocopa sp.
Tal especialização é considerada, inclusive, como um “dead‑end” (Fig. 1), além dos beija-flores Chlorostilbon lucidus, Eupetomena
evolutivo, o que significa que dificilmente a quiropterofilia é macroura e Colibri serrirostris. Durante a noite, o morcego
substituída por outro sistema de polinização [1]. O pequi, Caryocar Glossophaga soricina foi o único polinizador. Além de serem mais
brasiliense, é uma espécie quiropterófila amplamente distribuída frequentes, abelhas e beija-flores contribuíram significativamente
no Cerrado [2], que no limite sul de sua distribuição forma um mais com a formação de frutos (10,7%; χ2=4,05; P=0,044) do que
ecótipo, C. brasiliense subsp. intermedium (“pequi-anão”), que os morcegos (3,2%).
possui estruturas vegetativas e reprodutivas bastante reduzidas,
quando comparado ao pequi da região core do Cerrado.
A flor do tipo pincel do pequi possibilita o acesso ao néctar
por vários grupos de visitantes florais. As flores reduzidas do
pequi‑anão, entretanto, juntamente com a antese predominantemente
diurna, possibilitam que visitantes florais diurnos e de menor
porte contatem efetivamente anteras e estigmas. Nesse contexto, o
objetivo desse trabalho foi testar a troca de polinizadores noturnos
para diurnos em Caryocar brasiliense subsp. intermedium.
A B
Metodologia
O estudo foi realizado na porção mais meridional de distribuição Figura 1. Xylocopa sp. visitando as flores de Caryocar brasiliense subsp.
intermedium. Note em A a porção ventral do corpo da abelha coberta
do Cerrado, no município de Botucatu, São Paulo (22°57’16”S, de pólen, e em B o contato efetivo com anteras e estigmas.
48°26’8”W), entre setembro 2015 a janeiro 2016. Para caracterizar o
sistema reprodutivo, realizamos cinco experimentos de polinização
controlada: 1. emasculação (N=144); 2. autopolinização (N=167); Conclusões
3. polinização cruzada (N=153); 4. autopolinização autônoma A efetividade de um polinizador depende de sua frequência
(N=293); e 5. controle, i.e., polinização sob condições naturais e eficácia. A formação do ecótipo de C. brasiliense, cujas plantas
(N=16294). Realizamos 15h de observações diurnas e 12h possuem menor porte vegetativo e reprodutivo, possibilita
noturnas para caracterizar fauna de polinizadores. Para testar a que visitantes diurnos, os mais frequentes, sejam eficazes no
efetividade de polinizadores noturnos versus diurnos realizamos transporte e deposição de pólen coespecífico, consequentemente,
um experimento de exclusão, no qual 94 flores foram expostas tornam-se polinizadores efetivos. Tal efetividade possibilita a
aos visitantes diurnos e 75 aos noturnos. troca de polinizadores noturnos pelos diurnos, a despeito da
quiropterofilia ser considerada como um dead-end evolutivo [1].
Resultados e Discussão
Caryocar brasiliense subsp. intermedium é autocompatível, Agradecimentos
embora polinizações cruzadas (28,1%), resultem numa proporção Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
significativamente maior de frutos (χ2=9,08; P=0,004) do que (CNPq) Processo nº 134539/2015-0.
autopolinizações (9,6%). A frutificação em condições naturais
(2,9%) foi similar àquela observada via autopolinização autônoma Referências Bibliográficas
(2,7%). Não houve formação de frutos por agamospermia. [1]
Tripp EA, Manos, PS. 2008. Is floral specialization an evolutionary
As flores abrem após a meia-noite e ficam expostas aos dead-end? Pollination system transitions in Ruellia (Acanthaceae).
morcegos por um período de ca. 06h, ao passo que permanecem Evolution 62(7): 1712-1737.
expostas aos visitantes diurnos por todo o dia, ca. 12h, entrando [2]
Gribel R, Hay JD. 1993. Pollination Ecology of Caryocar brasiliense
em senescência no início da noite. Visitantes diurnos (abelhas e (Caryocaraceae) in Central Brazil Cerrado Vegetation: Journal of Tropical
beija-flores) foram quatro vezes mais frequentes (2 visitas/hora) Ecology 9(2): 199-211.

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ESTIMATIVA DE FLUXO DE PÓLEN HETEROESPECÍFICO


E PARTILHA DE POLINIZADORES ENTRE ESPÉCIES
SINCRONOPÁTRICAS DE PSYCHOTRIA L (RUBIACEAE).

Orais
João Paulo R. Borges¹*, Indiara N. Mesquita¹, Marco Túlio R. Furtado², Tamara P. Teixera¹, Hélder N. Consolaro²,
Edivani V. Franceschinelli¹.
1
Laboratório de Biologia Reprodutiva de Plantas – Universidade Federal de Goiás – Campus Samambaia
² Departamento de Botânica – Universidade de Brasília
*jpaulorbio@gmail.com.

Introdução
A interação com os polinizadores proporciona aos vegetais
uma maior eficiência na polinização cruzada, possibilitando novas
combinações genéticas e potencializando o sucesso reprodutivo [1].
No entanto, a eficiência da polinização pode diminuir quando as
flores de diferentes espécies de plantas são visitadas pelas mesmas
espécies de polinizadores em um curto intervalo de tempo,
levando a um decréscimo da taxa de visitas às flores de cada
espécie e aumentando a transferência de pólen heteroespecífico
(TPH) [2, 3]. Isto pode reduzir o sucesso reprodutivo devido à
perda de pólen para estigmas heteroespecíficos, e ao bloqueio Figura 1. Estimativa do fluxo de pólen heteroespecífico e partilha de
físico da superfície estigmática por pólen heteroespecífico [3]. polinizadores entre as espécies de Psychotria [Interagentes: PP= P. prunifolia
O gênero Psychotria é o maior da família Rubiaceae [4]. Muitas morfo longistilo; PHB= P. hoffmannseggiana morfo brevistilo; PHL
espécies de Psychotria têm traços florais semelhantes e florescem P. hoffmannseggiana morfo longistilo; PNB= P. nitidula morfo brevistilo;
PNL= P. nitidula morfo longistilo).
no mesmo período do ano [5]. O objetivo do presente trabalho
foi averiguar a troca de pólen heteroespecífico (TPH) entre as
espécies sincronopátricas de Psychotria. acarreta uma maior possibilidade de doação e recebimento de
pólen heteroespecífico [5].
Metodologia
Este projeto foi realizado no Parque Municipal Setor Santa Cruz Conclusões
(18º55’30”S e 47º55’30”W), um fragmento de Mata Semidecidual Os dados sugerem que as espécies de Psychotria em estudo
situado no município de Catalão GO. As espécies do estudo são generalistas, partilhando seus polinizadores, o que ocasiona
foram Psychotria prunifolia, P. hoffmannseggiana e P. nitidula. TPH entre as mesmas, sendo que P. nitidula é a que possui uma
Logo após a antense, anteras de 60 flores (5 flores de 6 plantas maior quantidade de interações ilegítimas.
brevistila e 6 plantas longistila) das 3 espécies do estudo foram
pinceladas com corante fluorescente (cores distintas por espécie e Agradecimentos
morfortipo floral). No final da tarde, com ajuda de uma lanterna Ao CNPq pela concessão de financiamento (Chamada Universal-
de luz fluorescente foi quantificadas o número de flores que MCTI/CNPQ N º 14/2012).
apresentavam pó fluorescente oriundos de todas as plantas
doadoras, essa análise foi dentro de um raio de 40m. Referências Bibliográficas
[1]
Barrett SCH, 2010. Darwin’s legacy: the forms, function and sexual
Resultados e Discussão diversity of lowers. Philosophical Transactions of the Royal Society of
Verificou-se a ocorrência de fluxo de pó fluorescente entre as London Ser. B. 365: 351–368
três espécies sincronopátricas de Psychotria e seus morfotipos [2]
Waser NM, 1978. Interspecific pollen transfer and competition between
florais (Fig. 1). Assim, pode-se estimar por meio do fluxo deste co-occurring plant species. Oecologia 36: 223–236.
pó, a possibilidade TPH entre as espécies interagentes, gerado
[3]
pela partilha de polinizadores. P. prunifolia manteve um maior Fishbein M., Venable DL. 1996. Diversity and temporal change in
the effective pollinators of Asclepias tuberosa. Ecology 77: 1061–1073.
número de interações legítimas, fato que pode ser explicado pela
restrição morfológica da flor (maior tubo da corola) que ocasiona [4]
Almeida EM, Alves MA, 2000. Fenologia de Psychotria nuda e
um grande número de interações exclusivas, embora alguns de P. brasiliensis (Rubiaceae) em uma área de Floresta Atlântica no sudeste
seus polinizadores sejam compartilhados [5]. Já P. nitidula interagiu do Brasil. Acta Botânica Brasílica 14: 335-346.
mais vezes de forma ilegítima, tanto com sua própria espécie, [5]
Mesquita-Neto JN, 2013. Interação planta-polinizador em espécies
como com suas congenéricas (Fig. 1), uma vez que interage mais sincronopátricas de Psychotria (Rubiaceae). Dissertação de Mestrado,
com polinizadores partilhados e poucos exclusivos, fato que Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás.

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MORE THAN EUGLOSSINES: DIVERSE POLLINATORS


AND FLORAL SCENTS IN ZYGOPETALINAE ORCHIDS
Carlos E. P. Nunes1*, Marina Wolowski2, Emerson Ricardo Pansarin3, Günter Gerlach4, Izar Aximoff5,
Orais

Nicolas J. Vereecken6, Marcos José Salvador2 and Marlies Sazima2


1
Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Instituto de Biologia, Unicamp
2
Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia
3
Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Universidade de São Paulo
4
Botanical Garden München-Nymphenburg
5
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
6
Agroecology & Pollination Group, Free University of Brussels
*For correspondence, cepnunes@gmail.com

Introduction
Floral volatile organic compounds (VOCs) play important roles Zygopetalum crinitum was pollinated only by female
in plant-pollinator interactions [1,2]. We investigated the pollination carpenter bees. Pollination by insects other than euglossines
ecology and floral VOCs of Zygopetalinae species to understand constitutes a novelty for this diverse orchid group. Pollination
the relationship between floral scents and pollinator attraction by weevils in D.  cogniauxiana is a novel nursery pollination
in this group only known to be pollinated by euglossine bees [3]. system, with features comparable to the yucca-yucca moths and
fig-fig wasps systems [6]. Breeding system varied from complete
Methods self-incompatibility to self-compatibility with spontaneous
selfing. Most VOCs were common to floral scents of other plants;
We performed focal observations, phenological censuses
however, flowers of D. pendula emitted the unusual 2-methoxy‑4-
and controlled pollinations in populations of Dichaea pendula,
vinylphenol. Z. crinitum presented an exclusive blend of VOCs,
D. cogniauxiana, Pabstia jugosa, Promenaea xanthina, Warrea
mainly composed of benzenoids. Blends emitted by Pa. jugosa,
warreana, Zygopetalum crinitum, Z. maculatum and Z. Pr.  xanthina and the Zygopetalum spp. set a distinct group
maxillare in southeast Brazil [4]. Floral scents were analysed using (Figure 1). We can hypothesise that Pa. jugosa and Pr. xanthina,
SPME/GC-MS. We analysed the matrix of ‘individual × floral for which the pollinators could not be observed, are also pollinated
VOCs’ using multivariate analyses (UPGMC, PCA, and ICA) in by deceit by large bees.
order to group the species according to affinities of their floral
VOCs and determine distinctive compounds associated to each Conclusions
species and their pollinators [5]. Euglossines are not the only pollinators of Zygopetalinae.
Different VOC blends, size and lifespan of flowers can be associated
Results and Discussion with distinct pollinators. Thus, we reveal the possibility of
D. cogniauxiana and D. pendula were pollinated by female predicting pollinators based on floral scent and easily measurable
weevils and male euglossine bees which use developing ovules floral traits. A private channel with a distinctive floral VOC
and perfume, respectively, as resources. The other species were bouquet may determine specialization in carpenter bees within
deceit-pollinated by bees. bee-pollinated flowers. Finally, visitation of deceit-pollinated
flowers by perfume-collecting male euglossines allows us to
hypothesise how this pollination system evolved.

Acknowledgements
FAPESP (Processes Numbers 03/12595-7; 2013/15129-9), Serra
do Mar State Park (permits COTEC/IF 41.065/2005, IBAMA/
CGEN 093/2005) and CNPq (PhD scholarship 148221/2012-2).

References
[1]
Schiestl FP (2015) Ecology and evolution of floral volatile-mediated
information transfer in plants. New Phytol 206:571–577. doi: 10.1111/
nph.13243
[2]
Raguso RA, Thompson JN, Campbell DR (2015) Improving our
chemistry: challenges and opportunities in the interdisciplinary study
of floral volatiles. Nat Prod Res 00:1–11. doi: 10.1039/C4NP00159A
[3]
Whitten WM, Williams NH, Dressler RL, et al (2005) Generic relationships
of Zygopetalinae (Orchidaceae: Cymbidieae): combined molecular
Figure 1. Floral scent differentiation, pollinators and pollination systems of evidence. Lankesteriana 5:87–107.
eight Zygopetalinae spp. in southeast Brazil: cladogram of the hierarchical [4]
Dafni A, Kevan PG, Husband BC (2005) Practical pollination biology.
clustering analysis (UPGMC using Euclidean distances) of floral scent Enviroquest Ltd., Cambridge, ON, Canada.
differentiation based on a matrix of the relative proportions of odour [5]
Legendre P, Legendre L (1998) Numerical ecology.
compounds (in % of total blend). The values in red and green are the
probabilities (in %) obtained from two resampling methods, respectively, [6]
Sakai S (2002) A review of brood-site pollination mutualism: plants
Approximately Unbiased (AU) and Bootstrap Probability (BP). providing breeding sites for their pollinators. J Plant Physiol 115:161–168.

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INTERAÇÕES ENTRE PLANTAS E BEIJA-FLORES NO


CERRADO: UMA SÍNTESE
Pietro K Maruyama1*, Paulo E. Oliveira2

Orais
1
Departamento de Biologia Vegetal, Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP
2
Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia-UFU
*pietrokiyoshi@gmail.com

Introdução
O Cerrado é um dos biomas brasileiros de maior extensão
territorial, caracterizado por sua elevada diversidade de espécies
e de formações vegetais. Apesar de espécies ornitófilas serem
relativamente menos diversas nas comunidades do Cerrado,
algumas espécies de plantas apresentam sistemas de polinização
especializadas e dependem dessas aves para sua reprodução [1],
o que caracteriza a importância desse grupo de polinizadores
no bioma. Aqui, apresentamos uma síntese a partir de trabalhos
recentes focados nessas interações, que vão desde trabalhos de
história natural ligando o comportamento dos beija-flores a sua
eficácia como polinizadores [2,3] a estudos a nível de comunidade
destacando a importância da generalização no uso de recurso para
manutenção dos beija-flores no ambiente [4] e os determinantes na
estruturação das redes de interações entre beija-flores e plantas
no Cerrado [5].
Figura 1. Interação entre plantas e beija-flores no Cerrado. As fotos
Metodologia mostram interações representativas de áreas florestais (Phaethornis pretrei
Os estudos foram realizados em áreas de Cerrado na região de e Mannetia cordifolia [Foto: H.N.Consolaro] e Eupetomena macroura
Uberlândia-MG principalmente, representado uma região central e P.rigida [Foto: P.E.Oliveira]). A direita, um diagrama ilustrando a
dentro do bioma. Foram estudados as respostas comportamentais estrutura modular da rede [5].
dos beija-flores em relação a disponibilidade de recursos florais
de Palicourea rigida (Rubiaceae), e as consequência desses Conclusões
comportamentos na eficácia dos polinizadores em depositar grão Os recentes trabalhos permitem começar a traçar alguns
de pólen compatível [2,3]. Também foi caracterizada a biologia floral padrões gerais na interação entre beija-flores e plantas no Cerrado.
e reprodutiva de plantas polinizadas por beija-flores na região [1]. Questões interessantes a serem investigadas incluem o papel
Finalmente, estudamos essa interação no nível de comunidades, dos beija-flores como polinizadores nesse ambiente, incluindo
caracterizando a oferta de néctar relativa das plantas ornitófilas as plantas não-ornitófilas e as consequências da degradação
e não ornitófilas utilizadas [4] e a rede de interação [5].
crescente do bioma nessa interação.
Resultados e Discussão
Mostramos que o comportamento dos beija-flores é facilmente Agradecimentos
manipulado pela alteração da quantidade de recursos florais Nós agradecemos a todos os colaboradores que participaram dos
disponíveis, inclusive determinando o limiar para o estabelecimento estudos apresentados e as agências de fomento (Fapemig, CNPq,
de comportamento territorial [2]. A mobilidade diferencial entre Capes e Fapesp). P.K. Maruyama é bolsista de pós-doutorado
beija-flores territoriais e intrusos de territórios tem consequências pela Fapesp (proc: 2015/21457-4).
na eficácia destes como polinizadores, com beija-flores territoriais
depositando mais pólen incompatível do que os intrusos [3]. Referências Bibliográficas
Nossos resultados, e um levantamento na literatura indicam que a Ferreira et al. 2016. Convergence beyond flower morphology?
[1]

maioria das plantas especializadas à polinização por beija-flores é Reproductive biology of hummingbird-pollinated plants in the Brazilian
auto‑incompatível, principalmente nas formações mais abertas [1], Cerrado. Plant Biology 18: 316–324.
o que sugere a necessidade de polinizadores móveis realizando Justino et al. 2012. Floral resource availability and hummingbird
[2]

o cruzamento entre indivíduos. No Cerrado, as plantas não territorial behaviour on a Neotropical savanna shrub. Journal of
ornitófilas parecem formar um componente importante de recursos Ornithology 153: 189–197.
para os beija-flores, que provavelmente dependem destes para se
Maruyama et al. 2016. Do intraspecific behavioural variation of pollinator
[3]
manterem no ambiente [4], caracterizando uma certa generalização
species influence pollination? A quantitative study with hummingbirds
no uso de recursos por estas aves. Se estas aves contribuem para and a Neotropical shrub. Plant Biology in press.
a reprodução de tais plantas, é uma pergunta que ainda precisa
ser respondida. Finalmente, a rede de interação entre plantas e [4]
Maruyama et al. 2013. Pollination syndromes ignored: importance
beija-flores nesse ambiente é estruturada por processos ligados of non-ornithophilous flowers to Neotropical savanna hummingbirds.
aos atributos das espécies, incluindo o encaixe morfológico entre Naturwissenschaften 100: 1061–1068.
a corola e o bico além da sobreposição das espécies no espaço Maruyama et al. 2014. Morphological and spatio-temporal mismatches
[5]

(habitats) e tempo (fenologia). Esses processos geram um padrão shape a Neotropical savanna plant–hummingbird network. Biotropica
modular, i.e. presença de sub-unidades, nesta rede [5, Figura 1]. 46: 740–747.

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RELAÇÃO ENTRE MORFOLOGIA FLORAL E


COMPONENTES DO SUCESSO REPRODUTIVO EM
MACAIREA RADULA (MELASTOMATACEAE)
Orais

Larissa Chagas de Oliveira1 *, Vinícius Lourenço Garcia Brito1, Rosana Romero1


1
Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia
*larissacholiveira@hotmail.com

Introdução
As flores apresentam diversas estratégias que podem influenciar
seu sucesso reprodutivo. Uma delas, a heteranteria, define-se pela
ocorrência de dois conjuntos de estames com funções diferentes
numa mesma flor: alimentação e polinização. Por outro lado, a
tristilia é um caso de polimorfismo floral no qual as flores de
uma mesma espécie apresentam três diferentes comprimentos
de estiletes, gerando os morfos brevistilo (B), medistilo (M) e
longistilo (L)[1]. Em Melastomataceae, a maioria das flores oferece
apenas pólen como recurso e, em grande parte das espécies, a
heteranteria é predominante, contudo a heterostilia é bastante
rara. O presente trabalho objetivou estudar a biologia floral de Tabela 1. Morfologia floral e sucesso reprodutivo de cada morfo de
Macairea radula (Melastomataceae), uma espécie que apresenta M. radula.Média ± desvio padrão. Letras iguais indicam ausência de
concomitantemente heteranteria e heterostilia, avaliando como diferença estatística
os parâmetros morfológicos estão relacionados aos componentes
masculino e feminino do sucesso reprodutivo.

Metodologia de grãos de pólen inviáveis advindos dos estames antessépalos


As coletas foram realizadas na Fazenda Preciosa (19º03’S; de M e pelo comportamento de limpeza da abelha que é mais
48º21’W), Uberlândia, MG. Foram coletados flores de 20 indivíduos ocorrente na região do ventre do que no dorso.
de cada morfo, cujas flores foram testadas para dependência de
polinizadores para a formação de frutos. O comprimento e largura Conclusões
das pétalas bem como o comprimento dos estiletes e anteras de Flores de pólen são visitadas por um grupo específico
cada morfo foram medidos com paquímetro digital. O número de abelhas, que exercem uma pressão seletiva favorecendo
de frutos foi contado a partir de uma inflorescência escolhida ao a heteranteria. Mesmo apresentando três tipos diferentes de
acaso em cada um dos indivíduos. De cada indivíduo, também morfos, M. radula não mostrou correspondência aos modelos
foram coletados um botão e uma flor de segundo dia para estimar de reciprocidade perfeita propostos para espécies tristílicas,
a liberação de pólen e três frutos para contagem de sementes. uma vez que não houve diferença entre os morfos no tamanho
Os dados foram testados por análise de variância (ANOVA) e dos estames antepétalos. A ocorrência de ciclos de estames
posteriormente comparados usando teste t. maiores (voltados para polinização) e menores (voltados para
a alimentação) explica o aumento do sucesso reprodutivo do
Resultados e Discussão morfo L, o qual recebe grãos de pólen de um maior número de
Os resultados estão apresentados na tabela 1. Existe diferença anteras de polinização quando comparados aos morfos B e M.
entre os morfos no comprimento dos estiletes, comprovando Assim, apesar da ocorrência de heterostilia na espécie, a divisão
assim a ocorrência de tristilia em Macairea radula, como mostrado de trabalho entre as anteras grande e pequenas ainda ocorre.
anteriormente[2]. Não existe diferença no tamanho entre os estames
antepétalos, porém os estames antessépalos do morfo B e M são Agradecimentos
significativamente maiores que os estames antessépalos do morfo Pela ajuda de Desirée Meireles; Paulo Eugenio A. M. Oliveira;
L. Assim, a reciprocidade entre os morfos não é perfeita nessa Maria Cristina Sanchez; Laboratório de Morfologia, Microscopia
espécie, uma vez que os estames se distribuem em dois ciclos. e Imagem (LAMOVI-UFU).
Não existe diferença na taxa de frutificação entre os morfos,
mas o morfo M produz menos sementes quando comparado Referências Bibliográficas
aos demais. Este morfo também apresenta um número menor BARRETT, S. CH. The evolution of plant sexual diversity. Nature
[1]

de grãos de pólen inviáveis. Não existe diferença entre os morfos Reviews Genetics, v.3, n.4, p.274-284, 2002.
na liberação de grãos de pólen durante o primeiro dia de visita. FRACASSO, Carla Magioni. Biologia da polinização e reprodução de
[2]

Assim, acredita-se que o maior número de sementes por fruto no especies de Melastomataceae do Parque Nacional da Serra da Canastra
morfo L pode ser explicado pelo recebimento de um número menor (MG). 2008.

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DISTYLY AND MALE STERILITY IN SPECIES OF


ERYTHROXYLUM (ERYTHROXYLACEAE) IN THE CERRADO
Raphael Matias1*, Marco Túlio Furtado1, Túlio Sá2, Ebenézer B. Rodrigues3, Rocío Perez-Barrales4,

Orais
Hélder Consolaro5
1
Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade de Brasília
2
Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco
3
Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, Universidade Federal de Uberlândia
4
University of Portsmouth, School of Biological Sciences, UK
5
Instituto de Biotecnologia, Universidade Federal de Goiás, Catalão
*rapha-matias@hotmail.com

Introduction Erythroxylum flowers have only one ovule, and that male sterility
The genus Erythroxylum presents great variation in reproductive of the thrum individuals is only partial does not seem to affect the
strategies. Species present two morphs with reciprocal placement reproductive success of the pin morph. Our results suggest that
of anthers and stigmas (distyly). In addition to this variation, other factors, as differences in the reciprocity level of the floral
many species present male-sterile individuals (gynodioecy), and morphs, may influences more directly the reproductive success
species with separate male and female individuals (dioecy) [1-3]. of distylous species, as observed in E. deciduum.
These variations make Erythroxylum an excellent plant group to
study the underlying ecological factors that lead the evolution of
dioecy from distyly, having gynodioecy as an intermediate step.
Here, we analyzed the morph ratio, reciprocal herkogamy, male
sterility and natural fruit production of Erythroxylum species
in the Cerrado. Our hypothesis predicts that male sterility will
differ between the floral morphs of the species, being this factor
one of the first steps in the evolution of sexual specialization.

Methodology
Our study was conducted in the Fazenda Pé-do-Morro, in
Catalão, Goiás, Brazil. We studied the reproductive biology
of four species: E. campestre, E. deciduum, E. suberosum and
E. tortuosum. Random transects were made to describe the
morph ratio of the species. To evaluate reciprocal herkogamy,
we collected flowers and compared the position of anthers and
stigma between morphs and calculated the relative reciprocity
index [4]. This index varies between 0 and 1 (values equal to 0 Figure 1. Pollen viability in pin and thrum plants of Erythroxylum
indicate perfect reciprocity). Male sterility was estimated using campestre (A), E. deciduum (B), E. suberosum (C) and E. tortuosum (D).
the pollen viability of the floral morphs using acetic carmin
staining. Natural fruit set was investigated marking flowers
open to pollination and measuring fruit production; fruit set Conclusions
and male sterility was compared between morphs with a t-test Ours results combined with previous studies [3] support the
or Mann Whitney tests. interpretation that some distylous species of Erythroxylum may
be involved in a process of gender specialization. Under these
Results and Discussion circumstances, distyly may be an unstable evolutionary system
All species presented two morphs (pin with stigmas above the with transitions to other floral polymorphisms.
anthers, thrum with stigmas below the anthers), with the same
proportion of pin and thrum individuals (isoplethy). The relative Acknowledgments
reciprocity index was 0.26 (pin) and 0.20 (thrum) for E. campestre; We thank CAPES and CNPq for the financial support of this
0.18 (pin) and 0.47 (thrum) for E. deciduum; 0.23 (pin) and research.
0.20 (thrum) for E. suberosum; 0.23 (pin) and 0.20 (thrum) for
E. tortuosum. The thrum plants of E. campestre (U= 34.5; p <0.001) References
and E. deciduum (U= 345.5; p <0.001) had higher values of male [1]
Ganders FR. 1979. The biology of heterostyly. New Zeal J Bot 17: 607-635.
sterility than the pin plants (Fig. 1), indicating a partially ginodioecy
Bawa KS, Opler PA. 1975. Dioecism in tropical forest trees. Evolution
[2]
mating system. The male sterility of the thrum individuals
29: 167-179.
could reduce the reproductive output of the pin individuals, as
distylous plants require intermorph cross‑pollination for fruit Avila-Sakar G, Domínguez CA. 2000. Parental effects and gender
[3]

formation [1]. We found differences in fruit set between morphs specialization in a tropical heterostylous shrub. Evolution 54: 866-877.
only in E. deciduum, where pin plants had higher reproductive [4]
Richards JH, Koptur S. 1993. Floral variation and distyly in Guettarda
success than thrum plants (U= 17.5; p= 0.032). The fact that scraba (Rubiaceae). Am J Bot 80: 31-40.

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ENSINO DA POLINIZAÇÃO A PARTIR DE UM RECURSO


DIDÁTICO
Pollyanna N. de Otanásio1*; Hélder N. Consolaro2
Orais

Universidade Federal de Goiás -UFG


1,2

polly.otanasio@gmail.com*

Introdução
O educador possui papel fundamental no despertar do que os professores estimulem aspectos ligados a construção do
conhecimento de seus alunos, sobretudo aquele que atua no conhecimento, socialização, criatividade e motivação.
ensino básico, no entanto o que se percebe é um aprendizado
mecanizado e conteudista, proporcionando a falta de percepção
e interesse dos alunos [1]. Em destaque, podemos citar o ensino
das disciplinas de Ciências e Biologia, nas quais, geralmente, são
trabalhadas apenas como conteúdo teórico de maneira abstrata
e desestimulante. Dentre os temas abordados nas disciplinas
acima mencionadas destacamos a polinização, assunto de extrema
importância, especialmente, por estar ligada a biodiversidade
vegetal e ao processo da alimentação humana. Estima-se que
pelo menos um terço das plantas agrícolas mundiais dependem
da polinização por animais, sendo, naturalmente, necessária a
preservação de remanescentes de vegetação nativa, que também é
um importante local para a nidificação de possíveis polinizadores
(de áreas nativas e cultivares). Em sala de aula, os alunos não
conseguem desenvolver uma conexão direta entre essa interação
animal-planta e os seres humanos (2). Nesse contexto, o presente
trabalho teve como objetivo elaborar um jogo de cartas para
auxiliar os professores da educaçao básica a ensinar conceitos Figura 1. Parte das cartas do Jogo da Polinização.
realicionados à polinização.

Metodologia Conclusões
A execução de tarefas propostas nesse trabalho foi desenvolvida O jogo de cartas contribui para o ensino da polinização e
a partir da revisão da literatura sobre a polinização no ensino de pode auxiliar no entendimento do conteúdo dentro da botânica,
Ciências/Biologia e buscas de ferramentas de aprendizagem, por despertando a capacidade dos alunos de aprender, questionar
meio do portal do professor (3). Tais buscas foram realizadas com e buscar informações. O uso desse tipo de ferramenta estimula
intuito de evitar lacunas no processo de ensino-aprendizagem. a interação dos alunos com o conteúdo, o que pode contribuir
Nesse contexto, para abordar o tema em sala foi elaboradoum para a formação de um cidadão ativo na conservação ambiental.
jogo de cartas com perguntas e figuras. As perguntas foram
organizadas a partir de quatro livros didáticos voltados para Agradecimentos
séries tanto do ensino fundamental e médio. Para uma melhor Regional Catalão e ao Núcleo de Ciências Biológicas. Especialização
dinâmica em sala, junto ao jogo foi organizado um roteiro para em Ensino de Biologia
que o professor possa seguir um gabarito com as respostas de
cada carta. Referências Bibliográficas
MELO, ES.; BASTOS, WG. 2012. Avaliação escolar como processo
[1]

de construção de conhecimento. Estudos em Avaliação Educacional


Resultados e Discussão (Impresso), v. 23, p. 180.
O jogo pode ser impresso pelos professores em papel A4. Possui
24 cartas que estão relacionadas com o conteúdo de polinização MENEZES L et al. 2008. Iniciativas para o aprendizado de Botânica no
[2]

Ensino Médio. In: XI ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA, UFPB-


trabalhado em sala de aula. Das 24 cartas, 12 apresentam imagens
PRG. Disponível em: http://www.prac.ufpb.br/anais/xenex_xienid/
com informações e 12 possuem perguntas as quais são denominadas xi_enid/prolicen/ANAIS/Area4/4CFTDCBSPLI C03.pdf> Acesso em
“Quiz” (Figura 1). As cartas referentes aos Quiz são cartas de jan.2016
extrema importância, pois caso alguma equipe erre perderá a
PORTAL DO PROFESSOR. Disponivel em:< http://portaldoprofessor.
[3]
pontuação da rodada, sendo passado para a próxima equipe a
mec.gov.br/>. Acesso em 05 de jan de 2016.
pergunta para posterior resposta. O professor deve acompanhar
com atenção para auxiliar caso haja alguma dúvida. Ganha a CAMPOS L et al. 2003. A produção de jogos didáticos para o ensino
[4]

equipe que somar mais pontos. A utilização de jogos em sala de de Ciências e Biologia: uma proposta para favorecer a aprendizagem.
Núcleos de Ensino da Unesp, São Paulo.
aula é uma boa ferramenta de aprendizagem, pois o conteúdo
teórico é apresentado de forma lúdica despertando o interesse CONTIN RC, FERREIRA WA. 2008. Jogos: Instrumentos pedagógicos no
[5]

da turma [4,5]. Os jogos funcionam como um eixo pedagógico que Ensino da Matemática. Portal da educação, Mato Grosso. Disponível em: <
ao serem utilizados auxiliam a percepção dos alunos, devido http://www.portaldaeducacao.seduc.mt.gov.br > Acesso em: 25 dez. 2015.
suas informações serem passadas de maneira clara, ilustrativa KISHIMOTO TM. 1996.Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação.
[6]

e, em sua maioria, de forma descontraída [6]. Os jogos permitem Cortez, São Paulo.

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II Simpósio Brasileiro de Polinização
23 a 26 de outubro de 2016 – UFG, Regional Catalão, GO

PROMISCUIDADE VEGETAL: GENERALIZAÇÃO NOS


PROCESSOS DE DISPERSÃO DE PÓLEN E SEMENTES DE
MICONIA THEIZANS

Orais
Joseíldo Briet¹,*, Vinícius L. G. Brito², Carlos E. P. Nunes³, André Rodrigo Rech4
¹ Universidade de Taubaté, Graduando em Biologia
2
PPG Biologia Vegetal, Universidade Federal de Uberlândia-UFU
3
PPG Biologia Vegetal, Universidade Estadual de Campinas – Unicamp
4
Curso de Licenciatura em Educação do Campo, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
*Autor para correspondência, e-mail: j.briett@gmail.com

Introdução
Tradicionalmente, sistemas de polinização e dispersão
generalistas têm sido negligenciados nos debates acerca da
evolução de mutualismos[1]. Por outro lado, padrões aninhados
são recorrentes em estudos de redes de interação, sugerindo
uma ampla ocorrência de sistemas generalistas. Quando se
consideram os dois processos concomitantemente, polinização
e dispersão, há a sugestão de que haveria um contraste entre a
estratégia utilizada na polinização e na dispersão, principalmente
nas espécies da família Melastomataceae. Neste sentido, espera-
se que plantas com polinização especialista apresentassem
dispersão generalista e vice-versa. No âmbito desta família,
sugere-se, seguindo a mesma lógica apresentada acima, que
as espécies com polinização por vibração apresentariam frutos
secos com dispersão anemocórica, ou seja, que o fluxo de
genes estivesse mais relacionado à polinização. Por outro lado,
espécies independentes de polinizadores para a formação de
frutos apresentariam zoocoria com fluxo gênico mais associado
a dispersão das sementes. Neste trabalho investigamos o sistema
reprodutivo (polinização e dispersão) de Miconia theizans, uma Figura. Diversos polinizadores e dispersores de Miconia theizans:
espécie que aparentemente não seguiria a previsão acerca do Coleoptera (A); Hymenoptera-Vepidae (B); Diptera (C); Thraupis ornata
contraste das estratégias de polinização e dispersão[2]. (D); Chlorophonia cyanea (E); Tangara desmaresti (F); Tetragonisca
angustula (G) Apis mellifera (H); e infrutescência de M.theizans (I).
Metodologia
Investigamos a demanda da espécie por polinizadores via Conclusões
ensacamento de flores em pré-antese e também observamos Conclui-se assim que M. theizans não segue a expectativa
os visitantes florais e os dispersores de frutos. Para diferenciar de garantir o fluxo gênico em um único momento reprodutivo,
os polinizadores foi observado o contato com as estruturas visto que tanto a polinização quanto a dispersão são processos
reprodutivas da flor. No caso da dispersão, foram descritos os dependentes de muitas espécies animais, o que reafirma o valor
comportamentos alimentares dos visitantes e seu efetivo potencial adaptativo de estratégias reprodutivas generalistas. Além disso,
de atuarem como dispersores de sementes. ressalta-se a importância desta espécie para a manutenção de
seus polinizadores e dispersores durante sua época reprodutiva.
Resultados e Discussão
Observamos que M. theizans apresenta generalização nos dois Agradecimentos
níveis dispersivos de sua reprodução, polinização e dispersão À lembrança dos nossos queridos professores: norte, inspiração
de sementes. Na polinização foram registradas 86 espécies e motivação inesgotáveis nos estudos de história natural.
de visitantes florais atuando como polinizadores, incluindo
abelhas vibradoras e não vibradoras, moscas, vespas, formigas, Referências Bibliográficas
besouros, hemípteras, baratas e borboletas. Entre os dispersores, [1]
Kay K.M., Sargent R.D. (2009) The role of animal pollination in plant
foram identificadas 14 espécies de aves, pertencentes à ordem speciation: integrating ecology, geography, and genetics. Annual Review
passeriforme, em seis famílias: Turdidae, Thraupidae, Tyrannidae, of Ecology and Systematics, 40, 637–656.
Icteridae, Emberizidae, Pipridae. Entretanto a família Thraupide [2]
Kriebel R., Zumbado M.A. (2014) New reports of generalist insect
foi mais representativa durante o período de observação do visitation to flowers of species of Miconia (Miconieae: Melastomataceae)
forrageio, com sete espécies. and their evolutionary implications. Brittonia, 66, 396–404.

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II Simpósio Brasileiro de Polinização
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EFFECT OF POLLINATOR ENHANCEMENT ON YELLOW


PASSION FRUIT PRODUCTION
Camila N. Junqueira1,2*, Solange C. Augusto1
Orais

1
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, Universidade Federal de Uberlândia
2
Escola Técnica de Saúde, Universidade Federal de Uberlândia
*camilajunqueira@ufu.br

Introduction
Brazil is the world’s largest producer of yellow passion fruit studies fruit involving carpenter bees management in passion.
(Passiflora edulis f. flavicarpa Deneger). This fruit species is of One of the first studies in Brazil promoted an increase of 700%
high economic interest with a production above 800,000 tons in production with the introduction of 25 nests per hectare [5].
per year [1]. Due to its self-incompatibility, this crop depends on In another study conducted in the northeastern of Brazil, the
pollinators for fruit formation [2]. introduction of seven nests per hectare promoted an increase
Xylocopa (Neoxylocopa) frontalis (Olivier 1789) and Xylocopa of 92% in production [5,6].
(Neoxylocopa) grisescens Lepeletier are effective pollinators Pollinator enhancement was an efficient management technique
of passion fruit and are easily managed in trap-nests made of to minimize pollination deficit in passion fruit crops since it
bamboo canes [3,4]. The use of such substrate combined with the promoted an increase in fruit production. A higher visitation
introduction of nests in crop areas of passion fruit proved to be rate of pollinators probably led to a higher pollen deposition,
an effective strategy to establish populations, increase pollinators translated into higher crop production with improved quality.
density and reduce the density of thieves [4]. This effect confirms that there was a limitation of agricultural
To improve management techniques of X. frontalis and X. output in the studied crops due to a crop pollination deficit.
grisescens, the overall aim of this study was to evaluate the effect
of pollinator enhancement on pollination services in passion Conclusions
fruit crop areas. To address this issue, we set up the amount of Our results showed the effect of bee pollination on fruit
pollinator nests per hectare according to the pollination deficit, production and are essential to consolidate management techniques
and assessed the effect of pollinator enhancement on passion of carpenter bees in passion fruit crops, as it is possible to rear
fruit production. and increase populations of these bees in crop areas using
low‑cost trap-nests.
Methodology
The study took place throughout the passion fruit flowering Acknowledgements
season (November 2014 to June 2015) and was accomplished in This study was supported by Fundação de Amparo à Pesquisa
three crop areas with 1 hectare, located in Araguari – MG. In each
do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Conselho Nacional
crop area, we constructed a bee shelter with a yellow plastic cover
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Escola
of 1.8 meters high and 1 meter long. Each bee shelter contained
Técnica de Saúde and Programa de Pós-Graduação em Ecologia
48 trap-nests made of bamboo canes, closed at one end by the
e Conservação de Recursos Naturais (Universidade Federal de
node and with an inner diameter ranging from 1.8 and 2.2 cm
Uberlândia).
and length of approximately 25 cm. The pollinator enhancement
experiment included both the supply of nest substrate and the
introduction of 8 carpenter bees (X. frontalis and X. grisescens)
Referências Bibliográficas
[1]
Agrianual, Anuário Estatístico da Agricultura Brasileira. 2014. São
nests in each crop area.
Paulo, Brasil. FNP Consultoria e Comércio.
In order to assess passion fruit production, the percentage
of passion fruit formation was assessed by natural pollination [2]
Corbet SA, Willmer PG. 1980. Pollination of the yellow passion fruit:
experiments in each study area by marking 50 flowers per day nectar, pollen and carpenter bees. Journal of Agricultural Science 95:
during three consecutive days before and after the pollinator 655–666.
enhancement. [3]
Junqueira CN et al. 2012. The use of trap-nests to manage carpenter
bees (Hymenoptera: Apidae: Xylocopini), pollinators of passion fruit
Results and Discussion (Passifloraceae: Passiflora edulis f. flavicarpa). Annals of the Entomological
We observed a pollination deficit in all study areas (average Society of America 105: 884–889.
natural fruit set= 5.62±3.76) and the pollinator enhancement [4]
Junqueira CN et al. 2013. Nest management increases pollinator density
experiment was efficient to promote a higher fruit production. in passion fruit orchards. Apidologie 44: 729–737.
After we introduced carpenter bees nests, the study areas
[5]
presented a variation on percentage of natural fruit set increment Camillo E. 2003. Polinização de maracujá. Ribeirão Preto, SP. Holos
from 21.74% to 42.68% (t=2.979, df=13, p=0.011). Comparing the Editora.
percentages of natural pollination before the introduction and [6]
Freitas BM, Oliveira-Filho JH. 2003. Ninhos racionais para mamangava
those obtained after nests introduction, there was an average (Xylocopa frontalis) na polinização do maracujá-amarelo (Passiflora
increment of 748.63%, which is consistent with data in previous edulis). Ciência Rural 33:1135–1139.

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ATRATIVIDADE DE POLINIZADORES A FLORES


FEMININAS DE DENDÊ (ELAEIS GUINEENSIS JACQ.,
ARECACEAE) E HÍBRIDO INTERESPECÍFICO BRS

Orais
MANICORÉ
Márcia M. Maués1*, Leilane Á. Bezerra2, Adelson L. M. Júnior2
Embrapa Amazônia Oriental, Laboratório de Entomologia
1

Universidade Federal Rural da Amazônia


2

*marcia.maues@embrapa.br

Introdução
A palma de óleo ou dendê (Elaeis guineensis Jacq.) é a de pólen no corpo, dos quais E. subvittatus com 56,26%, seguido
oleaginosa mais produtiva no mundo [1]. É nativa da África por E. singularis com 23,91%. Esses resultados foram diferentes
Ocidental, autoincompatível e cantarófila, polinizada por no dendê, onde dos 84,81% curculionídeos que transportavam
curculionídeos, principalmente os do gênero Elaeidobius [2]. pólen, 82,83% pertenciam à espécie E. kamerunicus.
Devido ao Amarelecimento Fatal (AF), uma síndrome que
resulta na morte das plantas [3], a Embrapa desenvolveu o híbrido
interespecífico (HIE) BRS Manicoré, através do cruzamento de
E. guineensis (dendê) e E. oleifera (Kunth) Cortés e Prain (caiaué),
a b c
espécie nativa da Amazônia e não cultivada, resistente ao AF
e com alto teor de óleo insaturado. As flores de E. guineensis
atraem os polinizadores pelo aroma de anis produzido em
pulsos [4], mas o híbrido perdeu essa característica, exercendo baixa
atratividade aos polinizadores e assim não forma cachos sem a
polinização assistida [5]. Este trabalho teve por objetivo conhecer
e quantificar os polinizadores atraídos às flores de dendê e do
HIE BRS Manicoré em área cultivada na Amazônia Oriental.

Metodologia Figura 1. a) Elaeidobius kamerunicus; b) E. subvittatus; e c) E. singularis.


Foi avaliada a abundância de curculionídeos atraídos pelas
inflorescências femininas do dendê e do HIE BRS Manicoré, em Conclusões
diferentes estações do ano (seca-chuva). As amostragens foram Comprovou-se a baixa atratividade das flores do HIE aos
realizadas na Marborges Agroindústria S.A., localizada no curculionídeos polinizadores, sendo E. subvittatus o principal
município de Moju (PA), em agosto e novembro de 2014, fevereiro polinizador. A população de E. kamerunicus é dominante no
e maio de 2015. Foram selecionadas, aleatoriamente, dez plantas dendê, independentemente da época do ano, corroborando sua
de dendê e outras dez do HIE, com inflorescências femininas importância como o principal polinizador desta cultura.
em antese. Em cada inflorescência foram colocadas armadilhas
adesivas amarelas por 24h, para captura dos visitantes florais. Agradecimentos
Após removidas, as armadilhas foram levadas ao Laboratório Agradecemos à Marborges Agroindústria S.A. por nos
de Entomologia da Embrapa Amazônia Oriental, para contagem permitir desenvolver este trabalho e pelo apoio logístico e à
e identificação dos insetos capturados, conferindo aqueles que Embrapa Amazônia Oriental pelo financiamento das pesquisas
transportavam grãos de pólen. A abundância de insetos capturados (MP 03.13.13.001.00.03).
foi analisada com ANOVA two-way, no software Statistica 7.
Referências Bibliográficas
Resultados e Discussão [1]
FAOSTAT – Palm fruit, Production: Crops 2011.
Foram registradas três espécies de curculionídeos atraídos [2]
Syed RA 1979. Studies on oil palm pollination by insects. Bulletin of
pelas inflorescências femininas do dendê e híbrido (Figura 1). Não Entomological Research 69: 213-224.
houve diferença estatística quanto a abundância de curculionídeos
[3]
entre a estação chuvosa e seca (F=0,026; p=0,871), tampouco Souza RR et al. 2000. Amarelecimento fatal do dendezeiro: identificação
prática. Belém, PA: Denpasa, 27p.
quanto a interação entre planta x polinizador por estação do
[4]
ano (F=0,856; p=0,770). A espécie Elaeidobius kamerunicus Chinchilla CM, Richardson DL Pollinating insects and the pollination
representou 90% dos visitantes do dendê e 3,26% dos visitantes of oil palms in Central America. ASD Oil Palm Papers, 2: 1-18.
do híbrido, enquanto que Elaeidobius subvittatus representou [5]
Cunha RV, Lopes R. 2010. BRS Manicoré: Híbrido Interespecífico
1,87% e 67,39% e Elaeidobius singularis 0,70% e 29,35%, entre o Caiaué e o Dendezeiro Africano Recomendado para Áreas de
respectivamente. O número de visitantes florais no dendê e no Incidência de Amarelecimento-Fatal. Comunicado Técnico 85. Manaus:
híbrido diferiu significativamente (F=10,822; p=0,0014). A presença Embrapa Amazônia Ocidental, 4p.
de E. subvittatus como principal visitante nas inflorescências do [6]
Gomes SMS. Polinizadores e semioquímicos do dendezeiro híbrido
híbrido diferiu do observado em estudos prévios [6]. A maioria (Elaeis oleifera (H.B.K) Cortés X Elaeis guineensis Jacq.). 2011. 65 f. Tese
dos curculionídeos coletados no HIE (80,43%) transportava grãos de Doutorado, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

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DISTYLY FUNCTIONALITY: RECIPROCAL HERKOGAMY


EFFECT IN THE POLLINATION SERVICE AND IN THE
POLLEN FLOW
Orais

Marco Túlio Furtado1*, Rocío Perez-Barrales2, Raphael Matias1, Ebenézer B. Rodrigues3, Túlio Sá4,
Hélder Consolaro5
1
Programa de Pós-Graduação em Botânica, Universidade de Brasília
2
University of Portsmouth, School of Biological Sciences, Inglaterra
3
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, Universidade Federal de Uberlândia
4
Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco
5
Instituto de Biotecnologia, Universidade Federal de Goiás, Catalão-GO
* marcotulio.bio@gmail.com

Introduction
Distyly is sex polymorphism in plants where populations include pattern described in distylous plants, in which only intermorph
two floral morphs (pin and thrum) with reciprocal placement crosses set fruits. The results of this study contradict Darwin’s
of anthers and stigmas (Reciprocal Herkogamy‑RH). Darwin hypothesis of promotion of pollen flow between morphs, since
interpreted distyly as a mechanism to promote cross‑pollination thrum flowers were more likely to receive pollen from the opposite
between morphs if pollinators place pollen of the different morphs morph than pin flowers. This may partially be caused by the lack
on different parts of the body [1]. In populations that show greater of specific morph pollen deposition on the pollinator´s body.
reciprocity, it is expected that pollinators promote intermorph Surprisingly, the morph ratio in the population was balanced,
pollen flow more efficiently, which helps maintaining distyly [2]. probably resulting from the heteromorphic incompatibility system.
Many distylous species also present an incompatibility system Taken together, our results show that reciprocity not always results
(IS) where only cross-pollinations between morphs result in in legitimate pollen deposition
fertilization of ovules, and some authors have discussed that the IS
is a prerequisite to complete the cross-pollination reproduction [3].
Here we studied a population of Psychotria nitidula Cham. &
Schltdl. (Rubiaceae) as model to test the following Darwinian
hypothesis on the function of distyly: 1) Is RH a mechanism that
promotes pollen grain deposition in specific parts of pollinators
body? 2) Does intermoph pollen flow occur efficiently in P. nitidula?
and 3) are the morphs equally represented in the population, and
4) what type of incompatibility system does the species present?

Methodology
The study was conducted in the ecological reserve “Parque Figure 1. Probability of each morph receive legitimate pollen grains in
Natural Municipal do Setor Santa Cruz” in the town of Catalão, different treatments in Psychotria nitidula. Letters represent comparisons
GO, Brazil, where we analyzed: (1) RH - using measurements of between treatments within each morph, and asterisks comparisons
the position of anthers and stigmas, and calculating the relative between morphs for equal treatments (p<0.05).
reciprocity index [4], that varies between 0 to 1 (values closer to
0 indicate high reciprocity); (2) pollen load on the body (head, Conclusion
thorax, abdomen and proboscides) of bees collected during We consider that when there is an acting system of incompatibility,
observations (3) pollen flow with light microscopy, using pollen deviations in crucial characters for the maintenance and functionality
dimorphism to distinguish between morphs (for this experiments, of distyly, as RH do not always affect the reproductive success
the treatments were (i) emasculated flowers collected after the and the morph ratio in distylous plants.
first pollinator visit (ECV), (ii) emasculated flowers collected
at the end of flower’s longevity (ECF) and control (iii) (C)); Acknowledments
(4) morph ratio using the scanning method; (5) IS with controlled We like to thank to the Programa de Pós-Graduação em Botânica
hand pollinations experiments within and between the morphs. of the Universidade de Brasília, and to CAPES for the PhD
The statistical analysis were parametric when possible or general scholarship of the first author.
linear models according to data distribution.
References
Results and Discussion Darwin CR. 1877. The different forms of flowers on plants of the same
[1]

Morphological data revealed that the two morphs were relatively species. John Murray, London.
reciprocal (R*= 0.15 pin; R*= 0.11 thrum). The distribution of pollen Ferrero V et al. 2011a. Reciprocal style polymorphisms are not
[2]

on the body of the pollinators did not reveal any specific patterns easily categorised: the case of heterostyly in Lithodora and Glandora
of deposition (H=7,54 p=0,37, df=7).The study of pollen flow (Boraginaceae). Plant Biology 13: 7–18.
showed thrum flowers were more likely to receive pollen from Zhou W et al. 2015. Reciprocal herkogamy promotes disassortative
[3]

the opposite morph than pin flowers (Fig. 1), and the differences mating in a distylous species with intramorph compatibility. New
were statistically significant (Chi-square=37.41, P<0.001, df=2). The Phytologist 206: 1503–1512.
population presented the same proportion of pin and thrum plants [4]
Richards JH, Koptur S. 1993. Floral variation and distyly in Guettarda
(72:63, Z=0,7729, P=0.44, df=1). The IS followed the heteromorphic scraba (Rubiaceae). Am J Bot 80: 31-40.

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POLINIZAÇÃO DE UMA ERVA DE PASSARINHO


ALTAMENTE ESPECIALIZADA EM PLANTAÇÕES EXÓTICAS:
COMO SE MANTÉM?

Orais
Francisco E. Fontúrbel1*, Caren Vega-Retter2, Daniela A. Salazar2, Jorge Cortés2
1
Pontificia Univerisdad Católica de Valparaíso
2
Universidad de Chile
*fonturbel@gmail.com

Introdução
As interações de polinização em florestas temperadas são 15±4% na floresta nativa e de 11±5% na plantação. Em ambos
usualmente generalistas, como resultado de uma alta dependência habitats, a resposta dos polinizadores dependeu do número de
de recursos estacionais [1]. Porém, existem algumas interações flores abertas de T. corymbosus, da abundância de briófitas (usadas
altamente especializadas, como é o caso da erva de passarinho pelos beija-flores para construir os ninhos), e da distribuição
Tristerix corymbosus (Loranthaceae), que depende só de espacial das plantas, que se mostrou mais agregada na área de
uma espécie de beija-flor (Sephanoides sephaniodes) para ser plantação. Em relação ao efeito da vizinhança floral, no início da
polinizada [2]. Esta erva de passarinho tem um papel chave nas floração houve um efeito positivo da flora da circunvizinhança
florestas temperadas da América do Sul, pois fornece alimento na taxa de visitação de T. corymbosus, mas não observamos
aos polinizadores em períodos de escassez (inverno), permitindo efeito durante o pico da floração. Encontramos uma estruturação
a manutenção das suas populações. Entretanto, as atividades genética significativa dentro das vizinhanças de plantas tanto na
antrópicas têm impactado as florestas naturais em muitos aspectos, floresta nativa quanto na plantação. O fluxo de genes na escala
como a substituição por espécies exóticas (Pinus e Eucalyptus). de paisagem foi baixo (1,3 – 6,7%), e na maioria dos casos a maior
Estudamos como esta interação altamente especializada pode se migração provêm do habitat oposto.
manter em plantações exóticas de Eucalyptus em comparação
com a floresta nativa. Conclusões
Mesmo sendo uma interação muito especializada, a relação
Metodologia de T. corymbosus e S. sephaniodes se manteve na plantação
de Eucalyptus, mostrando uma maior taxa de visitação e
Este estudo foi realizado na Reserva Costera Valdiviana
menor taxa de autopolinização. Isto pode se explicar porque a
(39º57’S 73º34’O, sul do Chile). A polinização de 70 indivíduos
plantação oferece maior diversidade e abundância de recursos
de T. corymbosus foi estudada com auxílio de câmera-trap ao
florais alternativos, gerando um efeito de vizinhança positivo;
início e no pico da floração. O número de visitas por planta foi
também a maior agregação das plantas neste habitat parece ser
determinado usando filmagens. Nós também registramos o
mais atrativa para os beija-flores do que plantas espalhadas pela
número de flores de cada planta, assim como o número de flores
floresta. Finalmente, a alta estruturação genética entre grupos de
da flora de áreas na circunvizinhança. O sucesso da polinização foi
plantas vizinhas sugere uma atividade localizada dos polinizadores
medido através da taxa de frutificação; flores foram isoladas dos nestes agregados florais.
polinizadores para determinar autopolinização. As coordenadas
geográficas de cada erva de passarinho foram registradas com
Agradecimentos
um GPS. Amostras de folhas jovens foram tomadas de cada Financiamento: FONDECYT 3140528. A Reserva Costera Valdiviana
planta estudada para se extrair DNA e examinar a estrutura da providenciou acesso ao local de estudo.
população e o fluxo de genes a escala de paisagem mediante 10 loci
de microssatélite [3]. Considerando que as ervas de passarinho Referências Bibliográficas
possuem distribuição espacial do tipo agregada, o fluxo de Jordano P. 1987. Patterns of mutualistic interactions in pollination and
[1]

genes no nível de paisagem entre floresta nativa e plantações foi seed dispersal: connectance, asymmetries, and coevolution. American
avaliado usando estes grupos de plantas vizinhas. Naturalist 129: 657-677.
Aizen MA. 2003. Influences of animal pollination and seed dispersal
[2]

Resultados e Discussão on winter flowering in a temperate mistletoe. Ecology 84: 2613-2627.


Na floresta nativa, a taxa de visitação foi de 0,0011±0,0003
Fontúrbel FE et al. 2016. Development of ten microsatellite markers
[3]
visitas*flor-1*h-1, enquanto na plantação foi de 0,0036±0,0016 from the keystone mistletoe Tristerix corymbosus (Loranthaceae) using
visitas*flor-1*h-1; as taxas de frutificação foram de 86±2% e 82±2%, 454 next generation sequencing and their applicability to population
respectivamente. Entretanto, a taxa de autopolinização foi de genetic structure studies. Molecular Biology Reports 43: 339-343.

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AMOSTRAGEM PROGRESSIVA DE REDES DE INTERAÇÃO


PLANTA-POLINIZADOR EM UM FRAGMENTO DE
CERRADO: QUANTO AMOSTRAR?
Orais

Gabriel G. Perez1*, Raimunda G. S. Soares1, Patrícia A. Ferreira1,2, Sidnei Mateus2, Luciano E. Lopes1
1
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, UFSCar
2
Faculdade de Filosofia de Ciências e Letras de Ribeirão Preto, USP
*gerez.18@gmail.com.

Introdução
Redes complexas são uma importante ferramenta para
estudos de interações entre plantas e polinizadores. Redes podem
ser descritas através de métricas, que indicam características
específicas. Alterações nas métricas de rede poderiam indicar
qualidade ambiental, mas para isso é necessária uma amostragem
adequada. Alguns estudos abordaram essa questão estimando
um tamanho amostral ideal para o estudo de redes de interação
planta polinizador comparando o valor das métricas em um
esforço amostral progressivamente maior em diferentes tempos
e áreas [1,2]. Seguindo a mesma linha, o objetivo deste estudo Figura1. Gráficos da conectância e aninhamento na Linha D utilizando
é encontrar um tamanho amostral suficiente para estudos de o método aleatório estratificado de soma.
interações entre plantas e polinizadores de áreas de cerrado.
dos 800m² de amostragem. O maior sucesso do método aleatório
Metodologia estratificado em estabilizar as métricas mostra variação espacial
O estudo foi realizado entre fevereiro de 2014 e maio de 2015 na área e a necessidade de distribuir as amostras espacialmente.
em um fragmento de cerrado em regeneração de aproximadamente
72 ha, no campus da UFSCar, São Carlos (SP), Brasil. Nela foram Conclusões
instaladas quatro linhas de 10x120m. Estas foram divididas em Com base nos resultados conclui-se que para amostrar a
doze parcelas de 10x10m. No período da manhã, foram coletados estrutura das redes de interação em uma área de cerrado em
insetos visitando as plantas focais floridas em cada parcela. regeneração a melhor estratégia seria usar parcelas de cerca de
As coletas e respectivas redes foram feitas em quatro linhas no 800m2. O tamanho e número de parcelas necessários pode variar
inverno de 2014 (variação espacial) e em uma linha nas outras com a precisão desejada e com o estágio de sucessão do ambiente
estações (variação temporal). As métricas calculadas foram estudado. A área amostrada deve estar bem distribuída na região
Aninhamento, Conectância, Interações por Espécie, H2’, Riqueza de interesse de modo a incluir possíveis variações espaciais. Se o
Animal e Riqueza Vegetal (ambiente R, pacote bipartite). Os dados objetivo é entender todo o conjunto de interações, é importante
obtidos nas 48 parcelas no inverno foram somados para formar amostrar em várias épocas do ano já que, nas escalas utilizadas
redes representando áreas cada vez maiores. Também foi feita no estudo, as variações temporais parecem ser maiores do que
uma rede incluindo todos os dados do inverno. A ordem da soma as variações espaciais.
dos dados foi decidida usando os métodos sequencial, aleatório
e aleatório estratificado. As métricas foram plotadas em gráficos Agradecimentos
e consideradas estáveis se os últimos pontos apresentassem Agradecemos ao Dr. Danilo Silva Muniz pela identificação das
valores similares (Fig. 1). espécies vegetais e aos ajudantes de campo. Esse estudo foi
financiado pelo CNPq, bolsa PIBIC.
Resultados e Discussão
Todas as redes apresentaram baixa conectividade, estrutura Referências Bibliográficas
aninhada, predominância de interações assimétricas e diversidade [1]
NIELSEN A, BASCOMPTE J. 2007. Ecological networks, nestedness
animal maior que a vegetal. Observou-se que a variação nas and sampling effort. Journal of Ecology 95: 1134–1141.
métricas foi maior entre estações do que entre linhas, mas uma [2]
VIANNA MR. 2010. Fatores que influenciam métricas topológicas de
linha individualmente não foi capaz de representar o fragmento redes de interação entre plantas e visitantes florais: Uma abordagem
como um todo, indicando variação espaço-temporal. Em 46% dos metodológica. Tese de Doutorado em Ecologia, Instituto de Biociências,
casos as métricas se estabilizaram, o que ocorreu em média a partir Universidade de São Paulo. São Paulo. 104p.

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II Simpósio Brasileiro de Polinização
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SOLANUM LYCOCARPUM ST. HIL. (SOLANACEAE):


IMPLICAÇÕES FUNCIONAIS, TEMPORAIS E
POPULACIONAIS NA EXPRESSÃO DE SEU SISTEMA SEXUAL

Orais
Lucas R. Rezende¹*, Matheus R. M. Correia1, Vanessa Gonzaga Marcelo2, Marco Túlio Rodrigues Furtado³,
Raphael Matias³, Hélder Consolaro1.
1
Ciências Biológicas, Instituto de Biotecnologia, Universidade Federal de Goiás (UFG), Regional Catalão
2
Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal, UFG, Regional Goiânia
3
Programa de Pós-Graduação em Botânica, Universidade de Brasília
*rrezendelucas@gmail.com.

Introdução
Solanum (Solanaceae) é um gênero que apresenta uma variedade hermafroditas (Tabela 1). Trabalhos com S. palinacanthum e
de sistemas sexuais, como hermafroditismo, andromonoicia, S. carolinense discutem que a produção abundante de flores
androdioicia e, em alguns casos, espécies morfologicamente masculinas e uma maior disponibilidade polínica é um caráter
androdióicas, mas que são, funcionalmente dioicas, devido adaptativo favorecendo a polinização cruzada [5,6]. As flores
a inviabilidade dos pólens das flores hermafroditas [1,2]. Para hermafroditas de S. lycocarpum apresentaram uma menor
S. lycocarpum St. Hil., informações baseadas em dados empíricos, porcentagem de pólens viáveis quando comparadas com flores
descrições taxonômicas não sistematizadas e um estudo com masculinas na pop. 1 (t = 4.66, df = 23.20, p = <0.01), o que
uma única população [1] relatam que a espécie é andromonóica. demonstra uma tendência à monoicia [2]. A evolução da monoicia
Contudo, nenhuma dessas informações destacam se a sexualidade a partir da andromonoicia parece ser um caminho comum em
dos indivíduos varia ao longo do tempo e entre populações, e, espécies que produzem frutos grandes, como os encontrados
consequentemente, se a andromonoicia se manifesta de maneira em S. lycocarpum, devido o gasto energético ser dispendioso [4].
integral no tempo e no espaço. Devido a isso, o objetivo deste
trabalho foi analisar variações no sistema sexual ao longo do Tabela 1. Número de flores hermafroditas e masculinas das três
tempo e espaço em S. lycocarpum. populações de Solanum lycocarpum no município de Catalão (GO).
Valores representam média ± erro padrão. *p < 0,001.
Metodologia Flores
Os indivíduos foram marcados em três populações em Catalão, População
H M
Goiás: (população 1) Fazenda Pé-do-Morro; (pop. 2) margem da 1 (0,06 ± 0,07*) (4,21 ± 0,29*)
GO-352; (pop. 3) margem da GO-210. A sexualidade das flores 2 (0,27 ± 0,12*) (10,4 ± 0,34*)
e dos indivíduos das três populações foi monitorada durante 3 (0,10 ± 0,10*) (9,04 ± 0,26*)
10 dias consecutivos. Para isso, foram utilizados 20 indivíduos de
cada população, totalizando 60 indivíduos. O número de flores
por indivíduo variou de acordo com a disponibilidade de flores Conclusões
por dia. A variação entre o número de flores de cada sexualidade Os dados do presente estudo compartilham a informação
dentre as populações foi analisada por meio de um modelo linear de andromonoicia, contudo o fato dos tipos florais abrirem de
generalizado (GLM). O teste de Tukey foi realizado a posteriori maneira aleatória nas populações faz com que elas, muitas vezes,
para as comparações. A viabilidade dos grãos de pólen entre os não se comportem como tal sistema sexual.
tipos florais foi desenvolvida pelo método de coloração com carmim
acético a partir de 15 flores de cada tipo floral. Posteriormente, Referências Bibliográficas
foi comparada a viabilidade entre os dois tipos florais, usando [1]
Oliveira-Filho AT, Oliveira LCA. 1988. Biologia floral de uma população
teste t ou teste U, conforme a normalidade dos dados. de Solanum lycocarpum St. Hill. (Solanaceae) em Lavras, MG. Revista
Brasileira de Botânica 11: 23-32.
Resultados e Discussão [2]
Anderson GJ, Symon DE. 1989. Functional dioecy and andromonoecy
Todos os indivíduos das três populações estudadas apresentaram in Solanum. Evolution 43(1): 204-219.
o sistema andromonóico, uma vez que abriram flores masculinas
e hermafroditas ao longo do tempo amostrado. No entanto,
[3]
El-Keblawy A, Freeman DC. 1999. Spatial segregation by gender of
the subdioecious shrub Thymelaea hirsuta in the Egyptian desert. Int.
funcionalmente, a andromonoicia parece oscilar ao longo do tempo
J. Plant Sci. 160(2): 341-350.
nas populações, pois alguns indivíduos abriram apenas flores
masculinas (pop. 1: 60%, pop. 2: 35% e pop. 3: 60%), enquanto Oliveira PE, Maruyama PK. 2014. Sistemas Reprodutivos. In Rech AR
[4]

outros masculinas e hermafroditas (pop 1: 35%, pop. 2: 45% e et al. Biologia da Polinização. Rio de Janeiro. Projeto Cultural. pp. 77-92.
pop. 3: 35%). Tal comportamento populacional caracteriza-se, Coleman JR, Coleman MA. 1982. Reproductive biology of an
[5]

parcialmente, como um sistema sexual do tipo subandroicia, pois andromonoecious Solanum (S. palinacanthum Dunal). Biotropica 14(1):
apresenta indivíduos com flores hermafroditas e masculinas e 69-75.
outros somente com flores masculinas [3]. Foi encontrada também Elle E. 1999. Sex allocation and reproductive success in the andromonoecious
[6]

variação na produção dos tipos florais entre as populações, tendo perennial Solanum carolinense (Solanaceae). I. Female success. American
uma predominância das flores masculinas em comparação às Journal of Botany 86(2): 278-286.

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TOWARDS A SYNTHESIS ON POLLINATION BIOLOGY IN


BRAZIL
Marina Wolowski1* & Leandro Freitas2
Orais

Federal University of Alfenas, University of Campinas


1

Rio de Janeiro Botanical Garden


2

*marina.wolowski@gmail.com

Introduction
Great efforts have facilitated access to huge volume of
A
information on biodiversity from a variety of data sources. These 1

databases provide fine-scale information on species occurrence


that has been widely used for identifying research gaps and 6
2
for biodiversity conservation and management. However, few 7
28
databases are available for ecological interactions as mutualisms,
8
which are important aspects for understanding mechanisms that 3
drive biodiversity dynamics and its consequences in response to 4 5
climate and land use changes. An impressive amount of empirical 36
(8) 5
data on plant-pollinator interactions and plant breeding systems (21) 39 10
(46)
has accumulated since the 1970s, which allows us to synthesize (80)
3
6
them and identify patterns across Brazil. For instance, we have (0)
1 B
(2)
shown that pollination specialization was the strongest predictor North
North

of pollen limitation in the Atlantic forest [1]. Here we assess C Northeast


Northeast
25
Midwest Midwest
how knowledge on pollination biology is distributed across the
Number of species studied

Figure 1. Studies
20
on pollination biologySoutheast Southeast
across Brazil. A. Number of
South
studies
Brazilian phytogeographic domains and geographic regions, and conducted per states and per phytogeographic domain. B. Percentage
15 South
of
within plant diversity, to identify gaps of knowledge. Moreover, studies developed
10 per geographic region. C. Number of species studied
we search for traits commonly reported on published studies to per plant family.
5

discuss their use for standardized sampling protocols. 0


Fabaceae

Bromeliaceae
Bignoniaceae
Malpighiaceae
Melastomataceae
Acanthaceae

Apocynaceae
Myrtaceae

Anacardiaceae

Euphorbiaceae

Bixaceae
Commelinaceae
Marantaceae

Boraginaceae

Celastraceae

Clusiaceae

Cucurbitaceae

Ericaceae

Hypericaceae
Lecythidaceae

Loranthaceae

Podostemaceae

Scrophulariaceae
Solanaceae
Vochysiaceae
Erythroxylaceae
Lamiaceae

Alismataceae

Araceae

Capparaceae

Chrysobalanaceae

Connaraceae

Dilleniaceae

Lythraceae
Orchidaceae

Passifloraceae

Calophyllaceae
Combretaceae
Convolvulaceae

Rutaceae

Ochnaceae

Balsaminaceae

Burseraceae

Cannaceae

Malvaceae
Meliaceae
Poaceae

Rhamnaceae
Rubiaceae

Gesneriaceae

Cactaceae

Sapotaceae
Arecaceae

Velloziaceae

Annonaceae

Cannabaceae

Caricaceae
Caryocaraceae

Cleomaceae

Costaceae

Gentianaceae

Lentibulariaceae
Methods specialization/generalization. This gives support to the feasibility
We extended the dataset described in [1] to include studies of including these traits in standardized sampling protocols for
from all domains using the same systematic review procedure. cooperative research in different biogeographic regions. However,
We searched the following keyword combination ‘reproductive pollinator effectiveness assessments are still under-developed [2].
biology’, ‘reproductive system’, ‘breeding system’, ‘mating
system’, ‘self-incompatibility’ or ‘pollination’ in ISI Web of Science Conclusions
and Scielo. In ISI Web of Science, the above terms were crossed Although our knowledge on plant reproduction and
with Brazil. Other papers from personal library collections of plant‑pollinator interactions is still scarce in the face of the
the authors were added. Thus, the database includes studies Brazilian biodiversity, we are able to identify large-scale patterns
conducted across the country with native species with data on across taxonomic groups and domains. By understanding these
breeding system and pollination biology. patterns, we may infer ecological and evolutionary processes
across space and time and apply actions for biodiversity use and
Results and Discussion conservation. Finally, we are one step closer to define and use
Our dataset included 156 studies published from 1988 to protocols in research projects replicated across space and time.
2015. Studies were highly concentrated within the domains
Atlantic forest (48%) and Cerrado (28%) and in Southeast (52%) Acknowledgments
followed by Northeast (27%) regions (Figure 1). No study in the We thank P. Bergamo and R.L. Dias for help with data coding.
domains Pampas and Pantanal was captured, as well as in many MW thank FAPESP for post-doctoral fellowship (2013/15129-9)
Brazilian states. Our dataset included 238 plant species from 62 and LF thank CNPq for PQ grant.
families. This represents only 26% of the families of the Brazilian
Flora and less than 1% of the species. Rubiaceae (11% of species), References
Fabaceae (8%), Orchidaceae (8%), and Bromeliaceae (7%) were Wolowski M et al. 2014. Meta-analysis of pollen limitation reveals the
[1]

more frequent. Our results point to the need to develop studies relevance of pollination generalization in the Atlantic forest of Brazil.
with under‑sampled families and rare plant species. Key PLOS ONE 9: e89498.
traits describing the plant-pollinator interactions were easily Freitas L. 2013. Concepts of pollinator performance: is a simple approach
[2]

extracted from most studies, for example, floral phenotype and necessary to achieve a standardize terminology?. Revista Brasileira de
pollinator species composition that allow characterize pollination Botânica 36: 3-8.

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TO BE OR NOT TO BE DISTYLOUS: FRUIT SET OF


POPULATIONS OF PSYCHOTRIA L. (RUBIACEAE) WITH
DIFFERENT MATING SYSTEM STRATEGIES

Orais
Ebenézer B. Rodrigues1*, Túlio Sá2, Marco Túlio Furtado 3, Raphael Matias3, Hélder Consolaro4,
Paulo Eugênio Oliveira1
1
Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, Universidade Federal de Uberlândia
3
Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco
3
Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade de Brasília
4
Instituto de Biotecnologia, Universidade Federal de Goiás, Catalão
*ebenezerbr@gmail.com

Introduction
Distyly is an ancestral characteristic in the Psychotriae tribe in Table 1. Morph ratio and fruit production of five Psychotria species of
the Rubiaceae family [1]. Distylous plant species present reciprocal tropical semidecidous forests in Minas Gerais, Brazil.
height of the sexual organs (stigma and anthers) between the Morph ratio
Fruit production
floral morphs (short-styled and long-styled) and presents a Population (long-styled :
(mean ±SD)
heteromorphic system of incompatibility [2]. Although, some short-stiled)
variations may occur in this mating system, as morph skewed Psychotria capitata 1:1 0.39 ± 0.09a
ratios, self-compatibility and homostyly (equal height of the P. hoffmannseggiana 1:1 0.45 ± 0.08a
sexual organs) [1, 2, 3]. Population size play an in important role in P. trichophoroides 1 1:6 0.19 ± 0.2b
the reproduction of plants with floral polymorphisms [3]. In our P. trichophoroides 2 1:2.2 0.24 ± 0.2b
study, we investigate the occurrence of the floral morphs, the P. goyazensis 1 Non-distylous 0.43 ± 0.39ca
reciprocal herkogamy, the presence of a system of incompatibility, P. goyazensis 2 Non-distylous 0.34 ± 0.21ca
the female fitness and tested the effect of population density in P. goyazensis 3 Non-distylous 0.51 ± 0.47ca
the fruit set of five Psychotria species. P. prunifolia 1 Non-distylous 1.32 ± 0.32d
P. prunifolia 2 Non-distylous 1.31 ± 0.58d
Methods P. prunifolia 3 Non-distylous 0.75 ± 0.46d
From 2011 to 2015, we studied 10 populations of 5 Psychotria L.
(Rubiaceae): P. capitata (n=1), P. goyazensis (n=3), P. hoffmannseggiana
(n=1), P. prunifolia (n=3) and P. trichophoroides (n=2) in 4 fragments The non-distylous species set more fruits than the ones with
of tropical semidecidous forests in Minas Gerais, Brazil. In each distyly, and fruit production was influenced by population
population, we investigated the morph ratio in transects in density (R= 0.67, p<0.001). Historical process, pollen limitation,
and reproductive assurance are pointed as mechanisms that
each population, the system of incompatibility through pollen
lead to deviations in distyly, to morph skewed ratios and to the
tube growth analysis and measured and compared the height
selection of selfing [4].
of stigmas and anthers of the morphs found in each population
using hierarchical analysis of variance and Tukey’s post-hoc test. Conclusions
We also estimated population density and its effects on the fruit set The non-distylous species presented higher natural fruit
of the different populations using Pearson’s correlation analysis. production compared to distylous species and population size
affected the female fitness. Our study present different mating
Results and Discussion system strategies in Psychotria species, which may represent
Psychotria capitata, P hoffmannsegianna presented two floral different paths in the evolution and loss of distyly in flowering plants
morphs in equal ratio and heteromorphic system of incompatibility.
Although, P. trichophoroides presented imbalanced morph ratio References
[1]
Hamilton, C. W. 1990. Variations on a distylous theme in Mesoamerican
and intramorph and self-compatibility in the short-styled morph. Psychotria subgenus Psychotria (Rubiaceae). Memoirs of the New York
Moreover, P. goyazensis and P. prunifolia have non-distylous flowers, Botanic Garden 55: 62-75.
their flowers present only approach herkogamy. The comparisons [2]
Ganders FR. 1979. The biology of heterostyly. New Zealand Journal
of the height of the stigmas and anthers showed variations in the of Botany 17: 607-635.
reciprocity between the morphs in the species. In one population [3]
Faivre, A. E., & McDade, L. A. 2001. Population-level variation in the
of P. trichophoroides, there was reciprocal placement of height expression of heterostyly in three species of Rubiaceae: does reciprocal
of the anthers with the stigma between the morphs. The other placement of anthers and stigmas characterize heterostyly? American
distylous populations of Psychotria lacked reciprocity between Journal of Botany 88(5): 841-853.
the sexual organs in one of the level of the sexual organs of the [4]
Husband, B. C., & Barrett, S. C. 1992. Effective population size and
floral morps. There was significant differences in the fruit set of genetic drift in tristylous Eichhornia paniculata (Pontederiaceae).
the studied populations (F(8,464)=244.3; p<0.001; Tab. 1). Evolution, 1875-1890.

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A QUANTIDADE DE FLORESTA EM PAISAGENS


RESTAURADAS PARECE NÃO INFLUENCIAR A
ESTRUTURAÇÃO DE REDES DE INTERAÇÃO
Orais

PLANTA-POLINIZADOR
Mauricio N. Martins¹*, Patrícia A. Ferreira², Danilo Boscolo², Jana M. T. de Souza³, Isabela G. Varassin³
1
Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução, UNIFESP, Diadema-SP
² FFCLRP - USP, Ribeirão Preto-SP, Departamento de Botânica – UFRP, Curitiba-PR
*mauricio-nm@hotmail.com

Introdução
O reestabelecimento de redes de interação planta-polinizador semelhança entre a estrutura das redes, quando comparadas em
é fundamental à restauração florestal e ao reestabelecimento da contextos de baixa e alta quantidade de floresta. Não verificamos
polinização nesses ambientes [1], cujos agentes, principalmente diferenças significativas nas métricas de rede avaliadas entre as
abelhas, são sensíveis às mudanças da estrutura de paisagens duas condições de paisagem estudadas. Além disso, as redes
naturais [2]. A influência da paisagem na restauração de redes de apresentaram baixa coesão, relacionada ao seu baixo grau de
interação pode se dar em relação à existência de habitats disponíveis generalização, que pode ser verificado pela baixa conectância
aos polinizadores e à conectividade entre áreas restauradas
e altos índices de especialização das redes (H2’), o que sugere
e habitats remanescentes no entorno, sendo determinante na
alta dependência de interação, conferindo, possivelmente, baixa
movimentação e dispersão de polinizadores [3]. Espera-se que áreas
robustez a extinções secundárias a essas redes.
de restauração florestal inseridas em paisagens da Mata Atlântica
com alta quantidade de floresta, seja remanescente ou restaurada,
tenham redes planta-polinizador mais bem estruturadas, mais Conclusões
ricas e coesas do que áreas restauradas em paisagens com baixa A quantidade de floresta na paisagem não influenciou a
quantidade de floresta. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi estrutura das redes de interação planta-polinizador em restaurações
avaliar o efeito da quantidade de floresta na paisagem sobre a florestais. Outros fatores de composição e configuração da paisagem,
estrutura das redes de interação planta-polinizador em áreas de ou mesmo fatores locais da restauração, como abundância de
restauração florestal na Mata Atlântica. recursos florais e presença de áreas para nidificação, podem ter
maior relevância para o reestabelecimento da polinização nas
Metodologia restaurações em estágios iniciais de sucessão na Mata Atlântica,
Analisamos i) Riqueza de Plantas, ii) Riqueza de Visitantes
devendo ser alvos de investigação futura.
Florais, iii) Tamanho da Rede, iv) Conectância e v) Especialização
da Rede (H2’) em 05 áreas de restauração florestal em paisagens
com pouca floresta, em Batatais-SP, e 05 em paisagens com muita
Agradecimentos
floresta, em Antonina-PR, ambas na Mata Atlântica, com métodos Agradecemos ao professor Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues
de restauração semelhantes e idades entre 4 e 8 anos. Inferimos a (ESALQ-USP) pela sugestão de áreas de restauração no estado
quantidade de floresta através do cálculo de cobertura florestal de São Paulo e a Capes pela bolsa de estudo concedida.
em um raio de 750 m a partir do centro de cada paisagem, contido
nas áreas restauradas, onde montamos parcelas hexagonais de Referências Bibliográficas
25 m de lado em Batatais e parcelas circulares de 14 m de raio em [1]
Forup ML et al. 2008. The restoration of ecological interactions: plant-
Antonina para o registro das interações, em 03 campanhas para pollinator networks on ancient and restored heathlands. Journal of
cada paisagem no período de pico de floração de cada região. Applied Ecology 45: 742-752.
Através do teste T (Student) verificamos se houve diferença entre [2]
Winfree R et al. 2009. A meta-analysis of bee’s response to anthropogenic
cada métrica em função da cobertura florestal.
disturbance. Ecology 90(8): 2068-2076.
Resultados e Discussão [3]
Menz MHM et al. 2011. Reconnecting plants and pollinators: challenges
Foram registradas 56 espécies de plantas, 184 espécies de in the restoration of pollination mutualism. Trends in Plant Science
visitantes florais e 561 interações planta-polinizador. Houve grande 16(1): 4-12.

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HETERANTERIA E DINÂMICA DE LIBERAÇÃO DE


PÓLEN EM DUAS ESPÉCIES DE TIBOUCHINA
(MELASTOMATACEAE)

Orais
Fernanda Barão Leite1*, Vinícius Lourenço Garcia de Brito2, Marlies Sazima1
1
Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia, UNICAMP
2
PPGBV-UFU
*fernanda.barao.leite@gmail.com

A
Introdução
Flores que oferecem apenas pólen como recurso apresentam A
um dilema evolutivo, uma vez que o pólen é tanto o recurso
quanto o veículo de gametas masculinos da planta [1]. Uma das
soluções para esse dilema seria a heteranteria, na qual pode
haver diferentes funções entre as anteras, incluindo a maneira
como o pólen é disponibilizado ao visitante [2]. O objetivo do
estudo foi entender a divisão de trabalho em nível da dinâmica
da liberação de pólen nas anteras de diferentes tamanhos de
Tibouchina granulosa e Tibouchina pulchra e sua relação com
a frequência de visitantes.
Espera-se: 1- diferenças na dinâmica de liberação de pólen
entre os tipos de anteras, sendo que as anteras pequenas, ou de
alimentação, devem liberar o pólen mais lentamente; 2 - diferenças B
na liberação do pólen entre as espécies, devido a diferenças no
grau de heteranteria; 3 - ajuste entre horários de maior liberação B
e horários de maior frequência de visitação.

Metodologia
Foram realizados experimentos para simular a vibração de
uma abelha, com o auxílio de uma escova de dente elétrica. Foram
usados dois tratamentos de retirada de pólen [3]: o denominado
de “acumulado”, em que cada flor era vibrada em um horário
específico (5h, 7h, 9h ou11h); e o de “efeitos de remoção”, em que
foi simulado o efeito da retirada de pólen sequencial. Também foi
testada a relação entre a quantidade de pólen liberado pelos tipos Figura 1. Pólen liberado de Tibouchina granulosa (A) e T. pulchra (B) no
de anteras em cada período com o número de visitas. A influência tratamento “acumulado”. A cor preta representa o pólen liberado das
anteras grandes e a cor vermelha, das anteras pequenas. Note a diferença
do horário e tamanho da antera na dinâmica de liberação dos
no padrão de liberação de pólen entre as anteras das duas espécies.
grãos de pólen em cada espécie foi analisada a partir de seleção
de modelos lineares com melhor ajuste.
de T. pulchra. Portanto, a divisão de trabalho ocorre também
Resultados e Discussão no nível da dinâmica de pólen, pois há diferença no padrão de
Os resultados mostraram que a disponibilidade de pólen liberação entre anteras grandes e pequenas.
aumenta ao longo da antese em ambas as espécies. Em relação
aos dois tipos de anteras, foi verificado que a taxa de liberação nas Agradecimentos
duas espécies é semelhante, porém, as anteras grandes liberam Agradecemos aos colegas de laboratório pela ajuda em campo
quantidade maior de pólen do que as pequenas. Os experimentos e pelas discussões; à Carine Carriere e Priscila Veiga pela ajuda
também mostraram que as anteras grandes de T. pulchra exibem com a contagem de grãos de pólen; à Leonardo Ré Jorge pela
um padrão diferente das demais: a liberação de pólen aumenta ajuda com as análises estatísticas; às agências de fomento Capes,
ao longo da antese em taxa crescente. Só foi encontrado ajuste CNPq e Fapesp pelo apoio financeiro.
de horários entre visitas e liberação de pólen pelas anteras
grandes de T. pulchra (R2=0.87, F1,2=13.51, p=0.067). As anteras Referências Bibliográficas
das espécies de Tibouchina estudadas possuem mecanismos de Lunau, K. et al. 2014. Just spines—mechanical defense of malvaceous
[1]

restrição da liberação de pólen, sendo que sua dinâmica evidencia pollen against collection by corbiculate bees. Apidologie 46: 144–149.
um mecanismo de empacotamento; por outro lado, as anteras [2]
Luo, Z. et al. 2008. Why two kinds of stamens in buzz-pollinated
poricidas, evidenciam um mecanismo de distribuição. flowers? Experimental support for Darwin’s division-of-labour hypothesis.
Functional Ecology 22: 794–800.
Conclusões Torres, C., Galetto, L. 1998. Patterns and implications of floral nectar
[3]

A liberação de pólen das espécies estudadas aumenta ao secretion, chemical composition, removal effects and standing crop in
longo da antese, em taxa constante em T. granulosa e nas anteras Mandevilla pentlandiana (Apocynaceae). Botanical Journal of the Linnean
pequenas de T. pulchra, mas em taxa crescente em anteras grandes Society 127: 207–223.

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AVALIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA DIVERSIDADE


FUNCIONAL DE ABELHAS EM ÁREAS SUCESSIONAIS
INICIAIS NA FLORESTA ATLÂNTICA
Orais

Caroline Ribeiro¹*, Gabryel Emed da Silva2, Isabela G. Varassin3, Jana M. T. de Souza4


1
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental, Universidade Tecnológica Federal do Paraná
² Graduação em Tecnologia em Processos Ambientais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná
3
Departamento de Botânica, Universidade Federal do Paraná
4
Departamento Acadêmico de Química e Biologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná
* cribeiro@alunos.utfpr.edu.br.

Introdução
Em comunidades mutualísticas, para que interações sejam índices), revelando que, embora haja diferença na composição
estabelecidas é necessário que os potenciais parceiros, além de espécies, estas espécies são funcionalmente similares. FDiv
de apresentarem compatibilidade morfofuncional, também foi positivamente relacionada à temperatura (r=0,50; p=0,03), o
coexistam espacial e temporalmente. Mudanças na composição que indica que meses mais quentes tendem a apresentar maior
de grupos funcionais de polinizadores podem afetar o sucesso divergência funcional. As demais correlações testadas não foram
reprodutivo de plantas [1] e comprometer sua persistência ao significativas. Avaliando a frequência de cada atributo funcional
longo da sucessão. Deste modo, avaliar a distribuição espacial nas diferentes parcelas amostrais, houve variação significativa
e temporal dos atributos funcionais de polinizadores pode ser na proporção de indivíduos que nidificam acima do solo, que
valioso para entender os padrões de distribuição em comunidades nidificam no solo, que apresentam língua longa, que exibem
de plantas e delinear estratégias de manejo que maximizem os comportamento solitário e que fazem vibração para extração do
serviços de polinização. Neste estudo analisamos a diversidade pólen (p<0,005 para todos os atributos citados). Embora observada
funcional de uma comunidade de abelhas, com o intuito de variação espacial na frequência de atributos funcionais, não foi
verificar a existência de variação temporal e espacial nos índices observada variação temporal.
de diversidade funcional e a possível relação destes índices com
gradientes sazonais. Conclusões
Diferenças na composição de espécies de abelhas não
Metodologia resultaram em diferenças na diversidade funcional, a qual foi
O levantamento das abelhas foi realizado de set/2009 a abr/2011, homogênea tanto espacial quanto temporalmente. No entanto,
por meio de observação focal das interações planta-polinizador a distribuição das espécies, ponderada por sua abundância, nas
e coleta ativa com rede entomológica. A amostragem foi feita no diferentes parcelas mostrou que a frequência de alguns atributos
município de Antonina-PR, em 12 parcelas circulares de 14 m de funcionais diferiu espacialmente, o que pode ter sido influenciado
raio, em processo de regeneração natural ou de reflorestamento, e pelas condições de manejo e pela composição funcional de plantas
em estágio sucessional inicial [2]. Foram identificadas 100 espécies nas parcelas amostrais.
de abelhas, para as quais foram investigados os atributos funcionais
socialidade, localização do ninho, vibração para extração de
pólen, comprimento da língua (longa/curta), tamanho corporal
Agradecimentos
À CAPES, pela bolsa concedida; à SPVS, pelo apoio logístico
(medido pela distância intertegular), largura da cabeça e amplitude
durante a realização da pesquisa em suas reservas naturais; ao
fenológica do voo. A diferença na composição de espécies entre
professor Gabriel Augusto Rodrigues de Melo, pela identificação
meses e entre parcelas amostrais foi testada por PERMANOVA.
das abelhas; ao TaxonLine, pela infraestrutura concedida para
Os índices de diversidade funcional FRic, FDiv, FEve e FDis [3,4]
a medição das abelhas.
foram calculados pelo pacote FD, e os resultados comparados por
Kruskal-Wallis. A relação dos índices de diversidade funcional
com variáveis climáticas (precipitação e temperatura) foi testada Referências Bibliográficas
Fontaine C et al. 2006. Functional diversity of plant-pollinator interaction
[1]
por correlação de Pearson. Diferenças na proporção de indivíduos
webs enhances the persistence of plant communities. PLoS Biology 4: 1-7.
apresentando cada atributo funcional por parcela e por mês foi
avaliada usando Kruskal-Wallis. As análises foram realizadas Souza JMT. 2013. Redes de interação em áreas restauradas de Floresta
[2]

no Programa R. Atlântica do sul do Brasil. 150p.Tese de Doutorado. Curso de Pós-


Graduação em Ecologia e Conservação. Universidade Federal do Paraná.

Resultados e Discussão Villéger S et al. 2008. New multidimensional functional diversity


[3]

Conforme esperado, a composição de espécies foi diferente indices from a multifaceted framework in functional ecology. Ecology
tanto entre parcelas quanto entre meses de amostragem 89: 2290-2301.
(F=1,30; GL=18; p=0,001). No entanto, a diversidade funcional Laliberté E, Legendre P. 2010. A distance-based framework for measuring
[4]

foi semelhante entre meses e parcelas (p>0,05 para todos os functional diversity from multiple traits. Ecology 91: 299-305.

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POLINIZACIÓN MEDIADA POR ABEJAS EN DOS


SISTEMAS CAFETEROS CONTRASTANTES, POPAYÁN,
COLOMBIA

Orais
Vianny Plaza-Ortega1*, Victoria Ceballos Sarria1, María Cristina Gallego Ropero1,2
1
Grupo de Estudios Ambientales, departamento de Biología, Universidad del Cauca
2
Profesora titular, departamento de Biología, Universidad del Cauca. mgallego@unicauca.edu.co
*viviluna18@gmail.com.

Introducción
Numerosos estudios han señalado que la composición florística abierta se obtuvo el mayor promedio de peso total en los frutos
estructuralmente compleja de los sistemas agroforestales juegan por rama (20,31g), así como el mayor tamaño de diámetro polar
un papel clave en el mantenimiento de la diversidad biológica [1]. (13,39 cm) y ecuatorial (12,67 cm); en Autopolinización se obtuvo
En el caso las plantaciones de café con sombra, se han señalado el mayor peso de semilla (2,29g). Para Emasculación cerrada
como importantes refugios para la biodiversidad de abejas en no se pudo obtener un dato confiable, ya que los trabajadores
paisajes agrícolas [2], beneficiando la prestación de servicios cosecharon parte de la rama.
ecosistémicos como la polinización [2, 3], la cual incrementa con
la cercanía del cultivo a remanentes de bosques debido a que Conclusiones
hay una mayor oferta de agentes polinizadores [2-5], generando La productividad del cultivo depende de las prácticas
beneficios en la producción. agrícolas en cada cultivo y la variedad de Coffea arabica, de
esta manera los resultados hasta el momento muestran como la
Metodología sombra asociada a los cultivos beneficia a la alta diversidad de
El estudio se realizó en sistemas cafeteros con sombra, llamados polinizadores y favorece el éxito en los procesos de polinización
policultivos (2° 33’ 20.8620” N, 76° 38’ 06.7488” W) y sin sombra, tanto de la floración principal como de la traviesa, lo que se ve
llamados monocultivos (2° 32’ 54.7764” N, 76° 37’ 43.7988” W) reflejado en el aumento del tamaño de los frutos formados en
en el departamento del Cauca, Colombia. este tipo de manejo, independientemente del tipo de polinización
Para la toma de datos, en cada cafetal se seleccionaron al que actúe sobre la flor.
azar 15 arbustos de café, y en cada arbusto, cuatro ramas, a las
cuales se les aplicó los siguientes tratamientos: 1. Emasculación Agradecimientos
abierta (Polinización cruzada por viento, gravedad, abejas); Los autores expresan sus agradecimientos a los caficultores,
2. Emasculación Cerrada (Polinización cruzada por viento y a COLCIENCIAS por la financiación del proyecto ID 4238 y
gravedad); 3. Autopolinización (Polinización autógama); 4. Control. Universidad del Cauca.
En cada tratamiento se registró: fecha, número de nudos y de
botones florales por rama. Para la evaluación se tuvo en cuenta Referencias Bibliográficas
el número de frutos formados por tratamiento, tamaño y peso [1]
Cepeda, J., D. Gómez, and C. Nicholls, La estructura importa: abejas
total de los frutos y semillas, así como el porcentaje de abortos [6]. visitantes del café y estructura agroecológica principal (EAP) en cafetales.
Revista Colombiana de Entomología, 2014. 40(2): p. 241-250.
Resultados y Discusión [2]
Vergara, C. and E. Badano, Pollinator diversity increases fruit production
Se reportaron un total de 30 especies de abejas, 13 en cafetales in Mexican coffee plantations: The importance of rustic management
monocultivo y 22 especies en policultivo. Las especies Apis systems. Agriculture, ecosystems and environment, 2009. 129: p. 117-123.
mellifera, Trigona amalthea, Tetragonisca angustula y Partamona
[3]
sp. fueron observadas polinizando, siendo A. mellifera la espécie Jaramillo, A., Efecto de las abejas silvestres en la polinización del
café (Coffea arabica: Rubiaceae) en tres sistemas de producción en el
que mayor número de visitas tuvo en ambos sistemas productivos.
departamento de Antioquia. 2012, Universidad Nacional de Colombia:
Adicionalmente en los cafetales con sombra asociada se registró Medellín.
una especie de Halictidae polinizando la flor del café.
[4]
Los resultados parciales registran, en cafetales en policultivo, Klein, A., Nearby rainforest promotes coffee pollination by increasing
que en Emasculación cerrada se presentó mayor número de frutos spatio-temporal stability in bee species richness. Forest Ecology and
Management, 2009. 258: p. 1838-1845.
formados (56,79) y mayor promedio de peso total en los frutos por
rama (15, 84g); en Autopolinización se presentó mayor porcentaje [5]
Klein, A., I. Steffan-Dewenter, and T. Tscharntke, Fruit set of highland
de aborto (41%), así como el mayor tamaño de diámetro polar coffee increases with the diversity of pollinating bees. The Royal Society,
(14,29 cm) y ecuatorial (12,58 cm). En Emasculación abierta se 2003. 270: p. 955–961.
presentó menor porcentaje de aborto (13%) y el mayor peso de [6]
Arias Suarez, J.C., J. Ocampo Pérez, and R. Urrea Gómez, Sistemas
semilla (4,91g). de polinización en granadilla (Passiflora ligularis Juss.) como base para
En cafetales en monocultivo, se registró para Autopolinización estudios genéticos y de conservación. Acta agronómica, 2016. 65(2): p.
mayor número de frutos formados (75,38); para Emasculación 197-203.

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EXPLOSIVE FLOWERING RELATED TO ABIOTIC FACTORS


IN THREE SPECIES OF GEOPHYTES IN THE SUBTROPICS
Nathália S. Streher¹*, Julie H. A. Dutilh¹, João Semir¹
Orais

Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Estadual de Campinas - Unicamp.


1

*Autor para correspondência: nathistreher@gmail.com

Introduction
Several different factors influence the ecology and evolution of flowers is explained by a set of signals, including temperature,
flowering phenology, as its patterns can be the result of selective daylength and rainfall. The immediate precipitation seems to
pressures imposed by both biotic interactions and the physical have greater weight in the flowering of H. tubispathus while for
environment [1,2]. Here, we studied the flowering phenology of three H. gracilifolius and Z. mesochloa the remote precipitation has a
Amaryllidaceae species, Habranthus tubispathus, H. gracilifolius stronger weight. The absence of flowering in the rest of the year
and Zephyranthes mesochloa, that co-occur in an area in southern probably happens due to the low temperatures and daylength,
Brazil. As they are phylogenetically related and present the same typical winter phenomena of subtropic regions. Other studies
life form, they would be expected to be visited by the same floral mention the reliance on rain to stimulate the output of the floral
visitors and to respond similarly to the local climate. Thus, in this scapes of the bulbs in these genus [3,4]. However, our results
study, we examined (a) if they are visited by the same functional indicate that rainfall alone is not sufficient to explain the presence
groups of insects; (b) the pattern, synchrony and seasonality of of flowers, which reinforces the idea that for flower onset there
flowering of each species; (c) if segregation or aggregation occur is the need of combined environmental factors.
in their flowering times; and (d) which climactic factors trigger
the anthesis process of each species. Conclusions
The results agree with the idea that climate conditions
Methodology associated with latitude control the time of flowering of these
We collected the flowering phenology daily during the species while the pollinators do not impose consistent selections
reproductive period of the species from October 2014 to April on flowering period [5].
2015. We defined the pattern, peak and seasonality of flowering of
each species. We also recorded the flower visitors, calculated the Acknowledgements
degree of reproductive intraspecific synchrony and the temporal We thank CAPES for providing the master schoolarship for the
overlap of flowering between species. To evaluate the effect of first author and Leonardo Ré Jorge for the statistical assistance.
different environmental factors on the onset of flowering we
built Generalized Linear Models using binomial distributions, References
where the predictors were: immediate precipitation, remote [1]
Rathcke, B, Lacey EP. 1985. Phenological patterns of terrestrial plants.
precipitation, photoperiod and temperature. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics 16: 179–214.
[2]
Kudo, G. 2006. Flowering phenologies of animal-pollinated plants:
Results and Discussion reproductive strategies and agents of selection. In: Harder L, Barret SCH.
The three studied species display two short and explosive The Ecology and Evolution of Flowers. Oxford. Oxford University Press.
flowering peaks each. They flower only in the warmer periods [3]
De Hertogh A, le Nard M. 1993. The physiology of flower bulbs: a
of the year and have a high degree of intraspecific synchrony.
comprehensive treatise on the physiology and utilization of ornamental
Their multiple bang flowering pattern attracts generalist flower flowering bulbous and tuberous plants. Amsterdam. Elsevier.
visitors, such as flies, beetles and solitary bees. The observed
[4]
amount of flowering overlap did not differ from the expected by Dutilh JHA. 2005. Amaryllidaceae. In: Wanderley MGL et al. Flora
chance. This can be explained by the opportunistic behavior of the Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo. Rima, Fapesp.
floral visitors indicating that they do not impose sufficient strong [5]
Munguía-Rosas M et al. 2011. Meta-analysis of phenotypic selection on
selective pressures on the flowering time. In contrast, flowering flowering phenology suggests that early flowering plants are favoured.
is subject to local climatic conditions, so that the presence of Ecology Letters 14: 511–521.

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A CHUVA E A FLORIVORIA AUMENTAM O SUCESSO


REPRODUTIVO DE UMA ORQUÍDEA POLINIZADA POR
ENGANO

Orais
Artur A. Maciel1*, João C. F. Cardoso1, Paulo E. Oliveira1
1
Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia
*arturantunes_bio@hotmail.com.

Introdução
O sucesso reprodutivo das plantas com flores é influenciado mediado pela chuva e potencializado pelo herbívoro floral
por fatores bióticos e abióticos. Dentre os fatores bióticos, a pode ser considerado uma estratégia essencial para a segurança
florivoria tem atraído cada vez mais atenção devido aos severos reprodutiva desta espécie e fortalece a importância de testar
efeitos negativos sobre a reprodução [1]. Os herbívoros florais todos os fatores e interações possíveis que podem influenciar o
podem afetar o êxito reprodutivo de forma direta, ao consumir sucesso reprodutivo das plantas.
as próprias unidades reprodutivas - como os grãos de pólen e
óvulos [2], ou de forma indireta, ao consumir partes das flores,
tornando-as menos atrativas aos polinizadores [3]. Dentre os
fatores abióticos destaca-se a chuva, a qual frequentemente
tem efeito negativo pela redução da longevidade do pólen [4],
da longevidade das flores [5] e da atividade dos polinizadores.
Em plantas que não oferecem recompensas florais, nas quais
o sucesso reprodutivo já é naturalmente baixo, esses efeitos
podem ser ainda mais severos. Dessa forma, esse trabalho teve
como objetivo avaliar o efeito da florivoria e da chuva sobre a
longevidade e frutificação de uma orquídea polinizada por engano.

Metodologia
O estudo foi realizado com a orquídea sem recursos florais Figura 1. Resultado dos tratamentos de chuva e herbivoria em Cyrtopodium
Cyrtopodium hatschbachii Pabst. caracterizada por baixas hatschbachii. (A) Frequência de frutos em desenvolvimento e maduros.
taxas de frutificação (1,2%), ausência de apomixia e dependente (B) Duração da antese (em dias). Letras sobrescritas em (B) indicam
de uma única espécie de abelha para polinização (dados não diferença significativa pelo teste de Tukey (α=0,05). A barra de erro em
A e B representa o desvio padrão.
publicados). Para testar os efeitos da precipitação e da florivoria
sobre a reprodução e controlar o acesso de qualquer visitante
floral, translocou-se 10 indivíduos com botões pequenos para Conclusões
casa de vegetação de vidro do Instituto de Ciências Agrarias A precipitação e a florivoria afetam negativamente a longevidade
(ICIAG-UFU), no Campus Umuarama/UFU. Nesse local, foi das flores de C. hatschbachii. Porém, quando ocorrem de forma
realizado um experimento com 4 tratamentos: Herbivoria - a simultânea, esses efeitos são compensados por uma expressiva
capa da antera foi removida, em simulação à herbivoria natural; formação de frutos que pode assegurar a reprodução dessa espécie.
Chuva - a flor foi submetida à uma chuva artificial, simulando a
quantidade de água que a flor receberia em campo; Herbivoria Agradecimentos
+ Chuva - a flor sofreu os dois tratamentos anteriores; Controle À CAPES pelo apoio financeiro.
- a flor não sofreu nenhuma manipulação. Todos os tratamentos
foram conduzidos com flores no início da antese e quantificou‑se
Referências Bibliográficas
a longevidade floral, número de colunas entumecidas, como MCCALL AC, IRWIN RE. 2006. Florivory: the intersection of pollination
[1]

indicativo do desenvolvimento inicial do fruto, e número de and herbivory. Ecology letters, v. 9, n. 12, p. 1351-1365.
frutos completamente formados. Para verificar se havia diferenças
significativas entre os tratamentos foi utilizado o teste de Análise HARGREAVES A et al. 2009. Consumptive emasculation: the ecological
[2]

and evolutionary consequences of pollen theft. Biological Reviews, v.


de variância para um fator (ANOVA) e em seguida o teste de
84, n. 2, p. 259-276.
comparação múltipla de Tukey.
[3]
BOTTO-MAHAN C et al. 2011. Floral herbivory affects female
Resultados e Discussão reproductive success and pollinator visitation in the perennial herb
Foi verificado um forte efeito negativo dos fatores testados Alstroemeria ligtu (Alstroemeriaceae). International Journal of Plant
Sciences, v. 172, n. 9, p. 1130-1136.
sobre a reprodução da orquídea. A chuva reduziu pela metade
o tempo de vida útil da flor e a florivoria reduziu a um terço MAO YY, HUANG SQ. 2009. Pollen resistance to water in 80 angiosperm
[4]

(Figura 1). Não houve nenhuma formação de fruto quando os species: flower structures protect rain susceptible pollen. New Phytologist,
fatores foram testados isoladamente. Porém, a interação entre a v. 183, n. 3, p. 892-899.
chuva e a florivoria resultou num processo capaz de promover a [5]
VEGA Y, MARQUES I. 2014. Both biotic and abiotic factors influence
autopolinização de 37% das flores e em 18,9% houve a formação floral longevity in three species of Epidendrum (Orchidaceae). Plant
e maturação de frutos. Esse mecanismo de autopolinização Species Biology.

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FLOWER-VISITOR COMMUNITIES AND POLLINATION


SERVICES TO AÇAÍ PALM (EUTERPE OLERACEA MART.)
IN NATIVE VÁRZEA FOREST AND TERRA FIRME
Orais

PLANTATION – A FIRST PERSPECTIVE.


Alistair J. Campbell1*, Luisa G. Carvalheiro2, Marcia M. Maues1, Madson A. B. Freitas3, and Cristiano Menezes1
1
Embrapa Amazônia Oriental, Belém, Brasil
2
Universidade de Brasília, Brasilia
3
Universidade Federal de Pernambuco

Introdução
The açaí palm (Euterpe oleracea Mart.) is native to the flooded under natural conditions (unmanipulated control) to bagged
forests (várzeas) of the estuarine Amazonian delta region of (insect‑excluded) and hand-pollinated inflorescences.
Brazil, Guyana and Venezuela. The fruit of the açaí palm (‘açaí’)
has long been a staple food of local riverine communities in this Resultados e Discussão
region, and more recently, an important source of income due to Initial results revealed flower-visitor communities were
growing domestic and international demand for the fruit. Yet, dominated by bees belonging to the Meliponini tribe (50% of
despite the huge ecological, economic and cultural importance of total visits, Hymenoptera: Apidae) and flies (18%, Diptera:
açaí, understanding of its pollination requirements are limited. Sarcophagidae, Syrphidae), but other insects including other bees
Furthermore, increased demand for the fruit is driving plantation (Halictidae, Apis mellifera L.), ants (Formicidae), wasps (Vespidae)
of açaí in areas of physiologically-unsuitable terra firme (dry) and beetles (Coleoptera: Chrysomelidae, Curculionidae) were
habitat, which often require additional inputs (e.g. irrigation, also frequent visitors. We viewed a clear distinction in visitor
fertilizer), as well as the rapid conversion of native várzea into communities of inflorescences in different sexual phases (male
managed forest. However, effects of these changes for associated or female flowers), across time periods within days, and between
biodiversity and fruit production, have not been fully addressed. production systems, as Meliponini abundance and proportional
To close these knowledge gaps, we compared flower-visiting visitation was markedly reduced in terra firme plantation. Fruit set
insect communities and fruit production of açaí palm in areas of was low in bagged inflorescences (1%) relative to unmanipulated
native várzea forest and plantation in terra firme habitat. inflorescences (10%), demonstrating the value of insect-mediated
pollination for açaí fruit production.
Metodologia
Between January and June 2016, we collected data on insect Conclusões
flower visitation and açaí fruit production from 18 açaizais Results of this project provide growers with practical information
(açaí‑enriched areas) (9 várzea forests, 9 terra firme plantations) on how best to conserve both native pollinator diversity in areas
across four municipalities of Pará state, eastern Brazilian Amazon. used for açaí production and evidence to support the use of
Six inflorescences (3 male phase, 3 female phase) were used per site managed pollinators in açaí to improve crop yields.
for observations, with each inflorescence visually observed with
use of a ladder and harness for 30 minutes across three discrete Agradecimentos
periods based on pollen availability: pre-anthesis (08:00-10:30 h), This study was funded by Ministerio da Ciencia, Technology e
during anthesis (10:30-13:00 h), and post-anthesis (13:00-16:00 h), Inovacao (CNPq) (Bolsa Pesquisador Visitante Especial, Processo:
where opened male flowers began to abscise and fall. Insects were 400435/2014-4). The authors would like to thank all eighteen
collected immediately following observation using an entomological producers who took part in the study and all those who helped
net and aspirator. To investigate pollination requirements of out in the field, especially Jamille C. Vega, Rafael Borges and
açaí and pollination services, we compared pollination success Francinaldo Regiane.

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POLIMORFISMO ESTILAR EM PALICOUREA CORIACEA:


UMA VARIAÇÃO ATÍPICA NO GÊNERO
Túlio Sá¹*, Raphael Matias, Marco Túlio Furtado², Ebenézer B. Rodrigues³, Rocío Perez-Barrales4,

Orais
Hélder Consolaro5, Cibele Castro¹
1
Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco
2
Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade de Brasília
3
Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, Universidade Federal de Uberlândia
4
University of Portsmouth, School of Biological Sciences, Inglaterra. 5Instituto de Biotecnologia, Universidade Federal de Goiás, Catalão
*tulio_filgueira@hotmail.com

Introdução
A distilia em Palicourea é considerada uma característica dimorfismo estilar pode ser considerada uma condição precursora
plesiomórfica, contudo estudos com algumas espécies relatam da distilia, sugerindo que essas populações estejam passando por
derivações evolutivas desse sistema reprodutivo, principalmente um processo evolutivo gradativo para a origem da distilia e por
casos de monomorfismo não-hercogâmico ou também denominado processos que estabilizem o posicionamento dos órgãos mais
homostilia [2, 3]. Outros polimorfismos florais também podem estar recíprocos na espécie [3]. Acredita-se que esses posicionamentos
vinculados a distilia, podendo citar o dimorfismo estilar, no qual recíprocos possam ser modulados pela eficiência dos polinizadores
é caracterizado por apresentar estigmas em diferentes alturas e alterando o grau de hercogamia nos morfotipos das populações
anteras sempre no mesmo nível [3]. Um caso atípico de distilia através da transferência de pólen, uma vez, que a espécie registra
foi encontrado em uma população de P. coriacea, apresentando mais de um grupo polinizador [2].
indivíduos longistilos (hercogamia de aproximação), brevistilos
(hercogamia reversa) e indivíduos apresentando monomorfismo Tabela 1. Caracterização polimórfica em Palicourea coriacea. Pop= população.
HA=Hercogamia por aproximação, HR= Hercogamia reversa, AT=Morfo
não-hercogâmico [2]. Porém, não se sabe a amplitude geográfica
atípico. Est=Estigma, Ant=Antera. Df=5. Letras diferentes indicam
dessa variação e se a combinação dos três morfos, de fato, é a diferenças significativas entre colunas em cada população
real condição morfológica da espécie. Devido a isso, o objetivo
HA HR AT
do trabalho foi estudar os verticilos reprodutivos de várias Pop F
Estig Ant Estig Ant Estig Ant
populações de P. coriacea para avaliar o nível de variação
encontrada na espécie. 1/DF 11,8ad 9,0b 9,2b 12,5a 10,6c 11,5d F=68
2/MT 10,6 a
8,7b 8,1b 10,2ab 9,0ab 9,4ab F= 6.8
Metodologia 3/MS 11,1 a
9,6b 9,5b
11,7ac 9,9bd 11acd F=30.8
O estudo foi realizado em 12 populações distribuídas no Distrito 4/GO 12,2 a
9,7b 9,4b
12,0ac 10,0bd 11acd F=52.9
Federal, estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. 5/GO 12,1 ac
10,5b 9,7b
12,5a 10,1bd 11,2cd F= 25
A morfometria floral foi investigada em flores fixadas em álcool 6/GO 10,9 a
9,0b 8,3b
10,9a 8,5b 9,4b F=23.2
70% e mensuradas com auxílio do Software ImageJ. Os dados 7/GO 11 a
9,7d 9,5bc
12,3b 10,1 ad
11,3abc F=21.2
morfométricos de cada população foram comparados entre os 8/GO 11 a
9,2bc 8,9bc
12,0d 9,2 10ab
b
F=28.3
morfos florais utilizando análise de variância (ANOVA) e o teste a 9/GO 10,5 a
8,5b 8,5b
10,9a 8,5b 9,5c F=43
posteriori de Tukey para comparar as médias. Foi realizado teste
10/GO 11,4 ad
9,8b 8,8c
12,2a 9,6 10bcd
bc
F=34
de normalidade quando necessário. A classificação dos morfos e
11/GO 11,2 a
9,7d 8,7e
11,3a 11,2a 9,7bd F= 20
populações foram baseadas de acordo com protocolo sugerido
por [3]. O morfo atípico foi classificado para os indivíduos que 12/GO 11,1 a
8,8b 8,6b
11,2a 9,9 10ac
c
F= 43
não possuía separação estigma-antera
Conclusões
Resultados e Discussão Acredita-se que as variações morfológicas encontradas em
Os dados morfométricos estão detalhados na Tabela 1. cada população, indique uma estratégia evolutiva estável em
As populações de P. coriacea apresentaram cinco combinações P. coriacea. Estudos que abordem a biologia da polinização com
morfológicas, sendo elas: 1) populações com hercogamia de o polimorfismo floral dessa espécie são necessários para entender
aproximação e hercogamia reversa (Pop 3,4); 2) populações o verdadeiro papel dos diferentes grupos de polinizadores na
com hercogamia de aproximação, hercogamia reversa e morfo evolução desse sistema.
atípico (Pop 1,5,9); 3) populações com dimorfismo estilar (Pop 2);
4)  populações com dimorfismo estilar e hercogamia reversa
Agradecimentos
(Pop 6,8,10,11); 5) populações com dimorfismo estilar e hercogamia Agradecemos a Capes pelo financiamento
por aproximação (Pop 7,12). Acredita-se que a população com a
Referências Bibliográficas
combinação (1) já apresente uma forte aproximação com a distilia, Barrett, S.C.H. 2002. The evolution of plant sexual diversity. Nature
[1]

no entanto a combinação (2) apresenta um terceiro morfo além Genetics 2: 274-284.


do encontrado na combinação (1), uma vez que o morfo atípico
Consolaro H, Toledo RDCP, Ferreguti RL, Hay J, Oliveira PE. 2009.
[2]
apresenta características homostilas ainda com um certo grau de Distilia e homostilia de quatro espécies de Palicourea Aubl. (Rubiaceae)
hercogamia. A condição encontrada por [2] parece não ser a real do Cerrado do Brasil Central. Revista Brasileira de Botânica (Impresso)
combinação para a espécie, pois diferentes polimorfismos foram 32: 655-667.
encontrados nas populações da espécie (Tab. 1). O registro destes Ferrero V, Arroyo J, Vargas P, Thompson J.D, Navarro L. 2009. Dynamic
[3]

distintos polimorfismos florais fornecem importantes informações evolutionary transitions of style polymorphism in Lithodora (Boraginaceae).
a respeito dos caminhos evolutivos da distilia. A condição de Perspectives in Plant Ecology, Evolution and Systematics 11:111–125.

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ABIOTIC AND BIOTIC DRIVERS OF FLOWER COLOR


DIVERSITY IN AN ALPINE ALTITUDINAL GRADIENT
Pedro J. Bergamo1, Francismeire J. Telles2*, Sarah E. J. Arnold3, Vinícius L. G. Brito4
Orais

1
Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas
2
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Instituto de Biologia, Universidade Federal do Paraná
3
Agriculture, Health and Environment Department, University of Greenwich, Natural Resources Institute, Chatham Maritime
4
Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia
*meirecuesta@gmail.com

Introduction
Evolutionary history, abiotic and biotic interactions shape floral Results and Discussion
phenotypic diversity, leading to trait patterns within communities. We found no phylogenetic structure for all communities
Altitudinal gradients are interesting models to investigate such and low phylogenetic signal for all chromatic and achromatic
diversity, since both abiotic conditions and pollinators vary parameters related to the phylogenetic signal of color (all K < 0.3),
with altitude. In alpine ecosystems, there is an increasing in UV indicating a weak contribution of historical factors structuring
irradiance and shifts from bee- to fly-pollination in high relative color diversity. Regarding color structure, only the perceptual
to low altitudes[1]. In this sense, it is expected that flowers will color differences on bee models, intensity and chromatic contrast
exhibit colors adapted to the irradiance environment and local against the background were more dispersed than chance for the
pollinator fauna. However, a previous study failed to predict such low community (all p = 0.04-0.01), suggesting a greater diversity
trait patterns due to a lack of appropriate parameters to estimate of flower colors, and indicating space for bee specialization and
color diversity from abiotic and biotic perspectives[2]. Here, bee-driven competition for pollination among plants in this
we re-analyze the data of this study to evaluate how historical altitudinal range. We found no color structure in the medium
(phylogenetic relatedness), abiotic (UV irradiance) and biotic community, indicating a lack of abiotic or biotic driver signature
(bee- and fly-pollination) factors shape flower color diversity in on color diversity. While, for the high community UV reflectance,
an altitudinal gradient. We expect to find flower color patterns perceptual color differences in all color vision models (including
related to bees in low altitudes and a shift to colors related to those of bees and flies), chromatic and green contrasts against the
UV-protection and flies in higher altitudes. background were more clustered than chance (all p = 0.03-0.01).
UV-reflecting flowers were able to reach higher altitudes,
Methodology suggesting a role for UV-protection at this elevation. Colors
We used the same plant species included in the original were above discrimination criteria for bees but not for flies in
study from three alpine plant communities in Norway, together all communities (Figure 1). This color similarity in the high
with the phylogenetic relatedness among plants and the flower community may enhance attractiveness to flies. We found no
reflectance data[2]. We adopted the previous vegetation classification differences between communities in all variables (p-ANOVA,
p > 0.05), indicating that color diversity is shaped mainly by
according to the altitudinal gradient as low (700-1000m), medium
within-community variation.
(1000‑1600m) and high (1300-1700m). Historical factors were
tested with null models for pairwise phylogenetic distances within
communities and for color phylogenetic signal among the plant
Conclusions
We found a shift from dispersed to clustered color pattern, likely
species. To investigate the abiotic drivers, we used flower UV
due to a change in abiotic conditions and pollinator fauna along
reflectance and for biotic drivers, we analyzed flower color as seen
the altitudinal gradient. Low altitudes exhibit abiotic conditions
by bees (Apis mellifera and Bombus terrestris) and a syrphid fly
suitable for more species, leading to enhanced competition for
(Eristallis tenax), using different color vision models. Quantitative
pollinators. On the other hand, high altitudes present restrictive
information from color vision models included chromatic (for
abiotic conditions, setting a filter to plant species establishment
bee and flies) and achromatic (only bees) parameters such as and flower color diversity. The incorporation of quantitative
the color contrast between flowers and a standard background, variation, different and important floral visitors’ visual systems
perceptual color differences within communities, spectral purity, and color parameters improved the capacity to predict color
intensity and the contrast produced in the green photoreceptor. diversity patterns. Our results highlight the complex combination
Color structure within each altitudinal gradient was assessed by of abiotic and biotic mechanisms shaping flower color diversity
a null model using quantitative variation in all aforementioned within communities.
variables in contrast with the categorical null model of the previous
study. To understand the relationship among floral colors within References
each community and the visitors’ capacity of discrimination, we Shrestha et al. 2014. Flower colour and phylogeny along an altitudinal
[1]

compared the perceptual color differences among flowers with gradient in the Himalayas of Nepal. Journal of Ecology, 102: 126-135.
color discrimination thresholds for the different visitors with Arnold et al. 2009. Flower colours along an alpine altitude gradient,
[2]

t‑ and chi-tests. We tested differences among communities for seen through the eyes of fly and bee pollinators. Arthropod-Plant
all variables with phylogenetic ANOVA (p-ANOVA). Interactions, 3:27-43.

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VISITANTES FLORAIS DE SAPIUM GLANDULOSUM


(L.) MORONG (EUPHORBIACEAE) EM UMA ÁREA DE
CERRADO

Orais
Renan K. O. A. Cardoso1, Helena M. Torezan-Silingardi1*
1
Universidade Federal de Uberlândia – Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação dos Recursos Naturais.
* hmtsilingardi@gmail.com*

Introdução
Os visitantes florais buscam nas plantas recursos que satisfaçam riqueza de espécies animais. As características florais são mais
suas necessidades de nidificação, reprodução e principalmente de atrativas para Dípteras, com flores pistiladas claras e discretas,
alimentação [1]. A oferta de recursos influirá no estabelecimento de variando entre amarelo e verde e superfície rugosa. Já as flores
relações animais-planta com consequências sobre o estabelecimento estaminadas são mais vistosas, com coloração variando entre
e a manutenção das espécies no ambiente. A polinização é cálice verde claro e anteras alaranjada, com acesso livre ao pólen.
um processo chave para a manutenção das comunidades de As secreções das glândulas verdes presentes na raque próximo
plantas [2] e pode ser intensamente alterada pela presença de das flores pistiladas e estaminadas atraem muitos insetos [1,7].
pilhadores, herbívoros e predadores na planta [3]. Estudos sobre Isto justifica o alto número destes visitantes nas inflorescências
interações insetos-plantas possuem fundamental importância (49,2% nas flores estaminadas e 40,1% em pistiladas).
quando abrangem espécies dominantes ou interessantes para a
restauração [4]. Se a planta investigada estiver em um ambiente Conclusões
ameaçado como o Cerrado, e em áreas de nascentes como a Concluímos que (1) S. glandulosum tem potencial ecológico
vereda, então seu estudo é ainda mais relevante [5]. Com o intuito para estabelecer interações generalistas em áreas de vereda;
de aumentar nosso conhecimento sobre as interações presentes (2) o que a torna uma espécie interessante para ser usada em
no Cerrado, investigamos as relações ecológicas entre uma projetos de restauração de áreas tropicais úmidas devido a sua
espécie de Euphorbiaceae na vereda e os insetos que buscam capacidade de associação com grande quantidade de espécies
seus recursos durante a floração. animais, evidenciadas aqui.

Metodologia Agradecimentos
O estudo foi realizado na área de vereda da Reserva Particular Os autores agradecem ao Clube Caça e Pesca Itororó pela
do Patrimônio Natural do Clube de Caça e Pesca Itororó de disponibilização da área da reserva para o estudo, ao Dr. Glein
Uberlândia, Minas Gerais. As sementes de Sapium glandulosum Monteiro Araújo pelo auxílio na identificação da planta, à CAPES
(Euphorbiaceae) são dispersas por aves e colonizaram a área após e ao CNPq pelo apoio financeiro.
o ano 2000 [6]. A espécie possui inflorescências em formato de
espiga nos ramos terminais. As flores são unissexuadas, reduzidas, Referências Bibliográficas
com brácteas e glândulas associadas na raque. As flores pistiladas [1]
Torezan-Silingardi HM. 2012. Flores e animais: uma introdução à
ficam na base das inflorescências e as flores estaminadas ficam história natural da polinização. Ecologia das Interações Plantas-Animais
no ápice. As observações da fauna visitante das inflorescências uma abordagem ecológico-evolutiva. Rio de Janeiro. Techinical Books
foram feitas durante uma florada, compreendida de dezembro Editora, 336 p.
de 2014 a abril de 2015. Foram realizadas observações entre às [2]
Souza-Silva M et al. 2001. Seasonal abundance and species composition
7 e 18 horas. Para a identificação dos visitantes um indivíduo de
of flower-visiting flies. Neotropical Entomology 30:159–351.
cada morfoespécie foi coletado com o uso de rede entomológica
[3]
ou pinça, montado e identificado. Torezan-Silingardi HM, Del-Claro K. 1998. Behavior of visitors and
reproductive biology of Campomanesia pubescens (Myrtaceae) in cerrado
Resultados e Discussão vegetation. Ciência e Cultura Journal of the Brazilian Association for the
Advancement of Science 50(4)
Foram observados um total de 528 insetos visitantes das
inflorescências, pertencentes a 35 espécies de seis diferentes [4]
Kinoshita LS et al. 2006. Composição florística e síndrome de polinização
ordens. Destas seis Ordens, a maior riqueza de espécies e e de dispersão da mata do Sítio São Francisco, Campinas, SP, Brasil. Acta
frequência de visitas foi de Hymenoptera, seguida por Diptera. Botânica Brasílica 20(2): 313-327.
As  menores riqueza de espécies foi das ordens Coleoptera, [5]
Gottsberger G, Silberbauer-Gottsberger I. 2006. Life in the cerrado - a
Blatodea e Hemiptera, enquanto a menor frequência de visitas foi South American Tropical Seasonal Ecosystem. Reta Verlag, Ulm.
de Lepidoptera. Das seis espécies com maior frequência de visitas
[6]
duas pertencem a Ordem Diptera e quatro a Hymenoptera. Sapium Araújo GM et al 2002. Composição florística de veredas no município
de Uberlândia, MG. Revista Brasileira de Botânica 25(4): 475-492.
glandulosum mostrou-se uma espécie entomófila generalista,
com destaque para Dípteros e Himenópteros, sugerindo ser uma [7]
Rech AR et al. 2014. Biologia da Polinização. Rio de Janeiro. Projeto
planta com alto potencial para fornecer recursos a uma grande Cultural.

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FOCO NO MORCEGO: APLICAÇÃO DA ACÚSTICA


GEOMÉTRICA EM FLORES QUIROPTERÓFILAS
Arthur D. Melo¹; Andrea A. Cocucci², Alícia Sérsic² & Isabel C. Machado¹
Orais

1
UFPE, Recife – Brasil
² IMBIV, Córdoba - Argentina

Introdução
Há pouco tempo, testes empíricos comprovaram a efetividade tricomas que lhe dão um aspecto rugoso. A superfície adaxial,
da exploração do sentido de eco localização dos morcegos na por seu turno, é bastante delgada. Estas condições garantem,
polinização. Os principais padrões que garantem tal estratégia respectivamente, que as sépalas sejam rígidas o suficiente para
são a amplificação do som refletido [1,2] e posicionamento da manter ereta sua configuração e otimizem a reflexão do som na
flor em meio a folhagem com a manutenção de uma mesma superfície interna. Os cálculos de acústica geométrica revelaram
reflexão sonora frente a diferentes ângulos de emissão de som [3,4]. que o eixo, direção onde o som é refletido, aponta para o local
Adicionalmente, simulações com radares tem tentado propor de acesso ao néctar e o foco, onde o som é refletido com maior
padrões sonoros para o eco das flores [5]. Mesmo com estes intensidade, coincide com o local de posicionamento da cabeça
avanços, conceitos simples de acústica geométrica não tem sido do morcego na hora da visita, dada a configuração externotríbica
considerados nestas análises. Não obstante, a ampla aplicação da flor. Desta forma, acreditamos na possibilidade de um guia
prática destes conceitos, utilizados inclusive na arquitetura e em acústico capaz de direcionar a posição ideal de visita do morcego,
aparelhos eletrônicos, torna inquestionável sua aplicabilidade [6]. o que vai além da crença atual de que a eco localização funcionaria
Assim, neste trabalho objetivamos entender como conceitos de apenas como um atributo de atração.
acústica geométrica podem ser aplicados em flores quiropterófilas
e os possíveis desdobramentos que esta abordagem pode trazer. Conclusões
Neste trabalho, utilizamos conceitos simples para identificar
Metodologia medidas que podem ser uteis na interpretação da interação
Utilizamos como espécie modelo Bauhinia acurana (Fabaceae) acústica entre flores e morcegos. Desta forma propomos uma
em uma população no Parque Nacional do Catimbau – PE, Brasil. nova função para a ecolocalização, na qual a mesma tem um papel
Esta espécie tem flores zigomorfas com as sépalas formando duas adicional de ajuste morfológico. Testes de seleção fenotípica e
alas curvas na parte posterior da flor, que acreditamos possuir integração funcional, contudo, são necessários para elucidar o
importância para atração de morcegos através de reflexão sonora. papel destes atributos.
Testamos o papel da ecolocalização confrontando a frequência de
visitas de flores não manipuladas e flores cujas as sépalas foram Agradecimentos
estendidas para obtenção de morfologia patente. Em seguida À FACEPE pela bolsa de doutorado de A. D. Melo; ao CNPQ
fizemos a morfometria detalhada e anatomia destas sépalas afim pela bolsa de produtividade a ICMachado e Edital Universal;
de determinar seu funcionamento acústico e subsidiar os cálculos ao PELD-Catimbau pela infraestrutura para desenvolvimento
de acústica geométrica. Para tanto, utilizamos fotos de flores em da pesquisa.
antese em sua posição original na planta e cortes manuais em
material fresco. Para o cálculo acústico consideramos as sépalas Referências Bibliográficas
como parábolas e calculamos seu eixo de simetria (região que [1]
Helversen, D. Helversen, O. 1999. Acoustic guide in bat-pollinated
divide a parábola em lados iguais) e foco (ponto do eixo onde flower. Nature 398: 759-760.
a distância à qualquer local da parábola é semelhante). Por fim, Helversen, D. Helversen, O. 2003. Object recognition by echolocation:
[2]

interpretamos esses valores à luz do comportamento de visita a nectar-feeding bat exploiting the flowers of a rain forest vine. Journal
dos morcegos e seu posicionamento na flor. of Comparative Physiology.189.5: 327-336.
Simon, R. et al. 2011. Floral acoustics: conspicuous echoes of a dish-
[3]
Resultados e Discussão shaped leaf attract bat pollinators.Science, 333: 631-633.
Bauhinia acurana tem uma maior frequência de visitas em flores
com sépalas inflexas (não manipuladas) em detrimento de sépalas Tschapka, M. et al. 2006. Bat visits to Marcgravia pittieri and notes on the
[4]

inflorescence diversity within the genus Marcgravia (Marcgraviaceae). Flora-


patentes (manipuladas). Assim, acreditamos que a configuração
Morphology, Distribution, Functional Ecology of Plants 201.5: 383-388.
curva destas estruturas tenha papel importante na ecolocalização
dos morcegos. As flores de B. acurana possuem cinco sépalas que Balleri, A. et al. 2009. Flower Classification by bats: Radar comparisons.
[5]

a após o hipanto agrupam-se em duas alas de curvatura intensa Aerospace and Electronic Systems Magazine 24: 4-7.
(uma com três sépalas e outra com duas). Anatomicamente, as Halliday, D. 2000. Fundamentos de Física: Mecânica. Volume 1. Grupo
[6]

sépalas possuem a superfície abaxial bastante lignificada e com Gen-LTC.

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POLINIZAÇÃO POR ABELHAS CREPUSCULARES EM


TREMBLEYA LANIFLORA CONG. (MELASTOMATACEAE)
Natalia C. Soares1*, Leonor Patrícia C. Morellato1

Orais
1
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP-Campus Rio Claro), Instituto de Biociências, Departamento de Botânica.
*naturalcsoares@gmail.com

Introdução
Flores de pólen, com deiscência poricida das anteras e comportamento crepuscular, Xylocopa (Dasyxylocopa) bimaculata
presença de heteranteria são caracteres frequentes em espécies e Xylocopa sp4, juntas contribuíram com 44% (N = 52) de todos
de Melastomataceae [7]. Tais características florais são em geral os eventos de polinização observados, mesmo forrageando a
associadas à polinização por vibração (buzz pollination) realizada procura de pólen apenas nos curtos períodos crepusculares de
por abelhas com capacidade de vibrar o abdômen [1,7]. A relação pouca luz. Visitas em períodos de baixa luz são descritas para
evolutiva entre polinização e características florais é assunto Melastomataceae [7]. Entretanto, estudos da biologia de abelhas
há muito discutido na literatura [8], entretanto, interações entre com atividade de forrageio em períodos de crepúsculo são ainda
espécies de abelhas com comportamento crepuscular e plantas deficientes e, consequentemente, pouco se conhece sobre suas
são ainda pouco conhecidas [5,6]. interações [5].
Trembleya laniflora Cong. (Melastomataceae) é uma espécie
endêmica dos campos rupestres de Minas Gerais, que apresenta Conclusões
características florais distintas (flor de pólen grande e branca) As flores grandes e brancas de Trembleya laniflora, que
das comumente observadas para espécies da família [7]. Neste diferem do padrão geral de Melastomataceae foram relacionadas
contexto, avaliamos a relação entre a presença de diferentes à polinização pelas abelhas com comportamento de forrageio
caracteres florais e a polinização de T. laniflora. nos períodos crepusculares. Estudos de polinização por abelhas
de comportamento crepuscular são importantes para a melhor
Metodologia compreensão de suas interações ecológicas.
Este estudo foi desenvolvido em área de campo rupestre da
Serra do Cipó (SC), Minas Gerais (19º17’46”S; 43º35’33”W; 1303m Agradecimentos
acima do nível do mar. Para tanto, 31 indivíduos de Trembleya Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP
laniflora foram marcados aleatoriamente dentro de uma parcela 2010/51307-0) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
de 1ha. Os visitantes florais e seu comportamento de forrageio Nível Superior (Capes).
(recurso procurado e horário da visita) foram observados em
julho e agosto de 2014 (80 horas de observação) e em julho de Referências Bibliográficas
2015 (43 horas de observação). Utilizamos, métodos distintos de [1]
Buchmann SL. 1983. Buzz pollination in angiosperms. In Jones CE,
amostragem. Em 2014, durante o período principal de floração Little RJ. Handbook of experimental pollination biology. Van Nostrand
de T. laniflora (julho e agosto), observamos, ao longo dos dias e Reinhold. pp 73–113
de maneira aleatória, quinze indivíduos em floração da espécie, [2]
Dafni, A et al. 2005. Practical Pollination Biology. Cambridge
tendo no final observado a polinização em todos os indivíduos
marcados. As observações foram realizadas das 05h30minh às [3]
Engel, MS. 2000. Classification of the bee tribe Augochlorini (Hymenoptera.
18h30minh (amanhecer ao anoitecer), sendo subdivididas em Halictidae).Bulletin of the American Museum of Natural History
censos curtos de 10 minutos em cada indivíduo, com repetições [4]
Herrera, CM. 1995. Microclimate and individual variation in pollinators:
durante as horas diárias de observação [4]. Em 2015 realizamos
flowering plants are more than their flowers. Ecology 76:1516–1524.
observações focais durante quatro dias consecutivos, das 05h30minh
às 18h30minh, em quatro indivíduos de T. laniflora escolhidos [5]
Hopkins MJG et al. 2000.Nocturnal pollination of Parkia velutina by
aleatoriamente dentro de toda a área amostrada [2]. Megalopta bees in Amazonia and its possible significance in
the evolution of chiropterophily. Journal of tropical ecology 16: 733-746
Resultados e Discussão [6]
Trembleya laniflora foi polinizada exclusivamente por abelhas Janzen, DH. 1968. Notes on nesting and foraging behavior of
Megalopta (Hymenoptera: Halictidae) in Costa Rica. Journal of the
grandes, com capacidade de vibração das anteras poricidas.
Kansas Entomological Society 41:342-350.8
O principal período de polinização foi associado à capacidade de
forrageio durante períodos crepusculares, que algumas espécies [7]
Renner, SS. 1989. A survey of reproductive biology in Neotropical
das famílias Apidae e Collectidae, principalmente dos gêneros Melastomataceae and Memecylaceae. Annals of the Missouri Botanical
Xylocopa, Centris e Ptiloglossa, apresentam [3,5,6]. Garden 76: 496-518
Apesar de Trembleya laniflora ter sido polinizada também por [8]
Rosas-Guerrero, V et al 2014. A quantitative review of pollination
espécies de hábitos diurnos (Xylocopa sp1, Eulaema negrita/Bombus syndromes: do floral traits predict effective pollinators? Ecology Letters
pauloensis, Centris sp1, Oxaea sp e Xylocopa sp3), as espécies de 17:388-400

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UMA METODOLOGIA PARA APLICAÇÃO DE MÉTRICAS


DE ANÁLISE DE REDES SOCIAIS EM BIODIVERSIDADE
Juliana S. Silva1,2*, Antonio M. Saraiva2,3
Orais

1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT)
2
Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Computação da Universidade de São Paulo (BioComp-USP)
3
Escola Politécnica da USP (EPUSP)
*juliana.silva@cba.ifmt.edu.br.

Introdução
Diversos pesquisadores têm se utilizado do recurso de Redes
de Interação na área de Biodiversidade para analisar o papel
das espécies na estrutura da uma rede [1,2,3] – cujos fundamentos
conceituais são os mesmos das Redes Sociais (como Facebook,
LinkedIn, entre outras). Nesse sentido, algoritmos, métricas e
recursos computacionais e estatísticos provenientes da área de
Análise de Redes Sociais (Social Network Analysis – SNA) são
Figura 1. Metodologia proposta (modelada em BPMN).
ferramentas importantes para apoiar estudos com interações.
Assim sendo, o objetivo deste trabalho é apresentar a proposta
de uma metodologia† para aplicação das métricas de SNA em alguma etapa anterior e, assim, realizar um maior refinamento
estudos com Redes de Interação biológicas. Esta metodologia foi da análise. Para analisar a adequabilidade da metodologia,
concebida tendo como público alvo o especialista em biodiversidade esta proposta foi aplicada a Estudos de Caso, emanados de
(biólogo), que trabalha com Redes de Interação biológicas, para problemas reais de pesquisa; foram obtidos como resultados
que possa servir como guia para o uso das métricas de SNA em elementos que podem apoiar um tomador de decisão na área
suas pesquisas e apoiá-lo no processo de tomada de decisão. de Biodiversidade [5].

Metodologia Conclusões
A proposta foi formalizada por meio da Notação para Modelagem A partir dos elementos aqui apresentados, pode-se concluir
de Processos de Negócio (BPMN - Business Process Model and que a realização de uma pesquisa com Redes de Interação
Notation). Como recursos materiais de apoio foram utilizadas biológicas tendo um método sistematizado de apoio traz uma
as métricas de SNA, bem como um conjunto de ferramentas base de sustentação ao pesquisador.
computacionais (como os pacotes do R e os programas Dieta, Pajek Como trabalho futuro, verifica-se a possibilidade de transposição
e Ucinet) e de Análise Estatística (como a Análise Exploratória desta proposta a outros domínios do conhecimento ainda não
de Dados e a Análise Multivariada de Dados). explorados – como em contextos agrícolas, para analisar, por
Esta proposta nasceu de um processo de colaboração com exemplo, o papel dos polinizadores em determinadas culturas,
pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, a partir de a partir da disponibilização de bancos de dados de frequência
projetos desenvolvidos no Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade de interação abelha-planta contendo dados de produtividade,
e Computação (BioComp-USP). bem como outras variáveis de análise.

Resultados e Discussão Agradecimentos


O resultado deste trabalho consiste na formalização de uma FAPEMAT, CAPES, IFMT e BioComp-USP - pelo apoio financeiro;
metodologia, estruturada em 4 etapas (Figura 1): (i) mapeamento
Tatiana T. Torres, Nancy C. Stoppe, Tereza C. Giannini - pelas
dos tipos de dados e de interação disponíveis; (ii) definição das
contribuições em análises biológicas; Marco A. R. Mello - pelas
perguntas-chave e das variáveis de análise; (iii) escolha das métricas
orientações em análise de redes.
de SNA adequadas ao contexto da pesquisa; e (iv) realização
de análises biológicas com o apoio de SNA. As etapas são aqui
descritas, brevemente - detalhes adicionais estão disponíveis em [4].
Referências Bibliográficas
Bascompte J, Jordano P. 2007. Plant-animal mutualistic networks: the
[1]
A primeira etapa da metodologia compreende as atividades architecture of biodiversity. Annual Review of Ecology, Evolution, and
de mapeamento dos tipos de dados e de interação disponíveis Systematics 38: 567-593.
para a realização da pesquisa. A Etapa 2 consiste na definição
das perguntas-chave que se deseja responder (com o apoio Vázquez DP et al. 2009. Uniting pattern and process in plant–animal
[2]

mutualistic networks: a review. Annals of Botany 103(9): 1445-1457.


das métricas de SNA) e das variáveis de análise (disponíveis
no banco de dados). Já, a Etapa 3, compreende a escolha das Giannini TC et al. 2015. Native and Non-Native Supergeneralist Bee
[3]

métricas de SNA que mais se adéquam ao contexto, para analisar: Species Have Different Effects on Plant-Bee Networks. Plos One 10:e0137198.
a estrutura da rede como um todo (network level) ou o papel Silva JS, Saraiva AM. 2015. A Methodology for Applying Social Network
[4]

de cada espécie/nó na rede (species/node level). Por fim, na Analysis Metrics on Biodiversity. Revista IEEE América Latina 13:3026-3037.
Etapa 4 são realizadas as análises biológicas. Percorridas todas
Silva JS. 2014. Métricas de análise de redes sociais e sua aplicação em
[5]
as etapas da metodologia, caso seja necessário, pode-se voltar a
redes de interação biológicas: metodologia de aplicação e estudos de
caso. 171 p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São
† Uma versão ampliada deste trabalho está disponível em [4]. Paulo, São Paulo.

54
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II Simpósio Brasileiro de Polinização
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QUAL O EFEITO DA PROPORÇÃO DE ÁREAS


NATUARIS NA EFETIVIDADE E EFICIÊNCIA DE
COFFEA ARABICA?
Pôster

Daiana O. Nunes1*, Helione S. Barreira2, Catalina A. Coca3, Blandina F. Viana4


1
Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – CAPES
2
Bolsista da Pró Reitoria de Extensão
3
Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Ecologia e Biomonitoramento
4
Profa. Dra. Bolsista Produtividade em Pesquisa 1D, Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia
*daiananunnes@gmail.com

Introdução
A expansão da agricultura tem levado a destruição e Resultados e Discussão
fragmentação das áreas naturais, afetando negativamente O número de tubos polínicos em flores abertas foi maior em
a diversidade de polinizadores e os serviços ecossistêmicos comparação as ensacadas, com médias 12,7 e 7,9 respectivamente
fornecidos por eles [1]. Estudos mostram os efeitos positivos das (t= 7,9; p= 1,79E-14; n=240). A proporção de frutos formados pelas
áreas naturais e semi-naturais adjacentes aos cultivos sobre a flores abertas em comparação às ensacadas foi de 84% e 61%
diversidade de polinizadores e sobre a polinização e produção respectivamente (t= 3,6; p= 0,0015; n=12). Na Efi da polinização
de algumas culturas [2]. No entanto, muitos estudos utilizam aberta, houve uma tendência ligeiramente negativa entre a
medidas diferentes e indiretas para medir a polinização, como formação de frutos e a proporção de área natural, que também
a taxa de visitação e/ou produção de frutos [3]. Neste estudo não foi significativa (F=0,62; p=0,45). Encontramos uma tendência
objetivamos avaliar o efeito da proporção de área natural sobre a positiva ao incremento do número de tubos polínicos em relação
polinização do café (Coffea arabica L.) usando como parâmetro a à área natural, embora, tal diferença não tenha sido significativa
Efetividade (Efe) - sucesso da polinização e Eficiência da polinização (F=2,73; p=0,13). Essa tendência em propriedades de maior área
(Efi) - sucesso reprodutivo da planta [4], na polinização aberta natural dever-se ao fato delas representarem fontes de recursos
e locais de nidificação para os polinizadores. Tal tendência não
comparada à polinização fechada. Embora C. arábica não tenha
foi encontrada na Efi, primeiramente, porque o gradiente de
sua reprodução exclusivamente dependente dos polinizadores, a
proporção de agricultura utilizado foi entre 36 e 84%. Alguns
presença destes, permite o aumento da produção e da qualidade
estudos apontam um limiar de extinção para diversas espécies
da produção dessa cultura [5]. Dessa forma, objetivamos: Avaliar ao redor de 30% [6], assim, esses efeitos podem ser mais fortes
se há diferença significativa na Efe e Efi da polinização entre quando a área natural está abaixo de 30%. Segundo, em geral,
flores abertas e ensacadas aos polinizadores, bem como, se a as áreas com maior área de vegetação nativa corresponderam a
proporção de área natural influencia a Efe e Efi da polinização pequenos produtores, e as de menor área natural com aquelas
entre flores ensacadas e abertas aos visitantes florais nos cafezais. de manejo mais intensivo. Dessa forma, o manejo pode ser um
A hipótese defendida é que há maior Efe e Efi nas flores abertas fator muito importante para o sucesso reprodutivo, visto que, a
em relação às flores ensacadas nos cultivos com maior proporção disponibilidade de nutrientes e água é fundamental à formação
de vegetação nativa remanescente. dos frutos de café. A polinização pode não ser o fator limitante
mais importante. No entanto, é fundamental para o aumento
Metodologia da produção, já que, a polinização aberta contribuiu para um
O estudo foi realizado em 2015, em 12 propriedades de café no aumento geral da Efe e da Efi da polinização em 23%.
Agropolo Ibicoara-Mucugê - Chapada Diamantina-BA. Em cada
propriedade foram marcadas 20 plantas em um plot de 25 X 50m, Conclusões
e em cada planta, 4 botões, dentre os quais, 2 foram ensacados Embora não tenha sido encontrado um efeito claro da área
natural sobre a Efe e Efi da polinização natural, demonstrando
com voal, impedindo que os estigmas fossem visitados por
que outros fatores podem influenciar de forma mais direta, os
insetos, e 2 ficaram expostos à polinização animal. Após abertura
remanescentes de vegetação nativa no entorno dos cultivos,
da flor, coletamos 2 das 4 flores, uma ensacada e uma flor aberta
na medida em que, funcionam como local de nidificação,
para contagem no laboratório dos tubos polínicos germinados, ambiente de transição aos cultivos e aporte de nutrientes e água,
enquanto as outras 2 flores (ensacada e aberta) foram deixadas favorecem o incremento na produção do café, como visto aqui,
na planta para verificar a formação do fruto um mês depois. em aproximadamente 23%,
O número de tubos polínicos nas flores abertas foi usado como
estimativa da Efe dos polinizadores e a formação de fruto para Referências Bibliográficas
Efi da polinização. A proporção de área natural foi calculado Rathcke & Jules. Pollination Biology in Tropics, 1993; Renner ,1998;
[1]

em um raio de 1 km para cada propriedade no aplicativo Patch Cane. Ecology and Society, 2001; Steffan & Dewenter. Ecological
Analysis no ArcGis 9.3. Para analisar o efeito da área natural Entomology, 2002.
sobre a Efe da polinização, fizemos uma regressão linear, onde, [2]
Garibaldi et al. Science, 2013.
ΔEfe = número de tubos polínicos formados nas flores abertas – [3]
Garibaldi et al. Ecology Letters, 2011.
tubos polínicos nas flores ensacadas. Para analisar o efeito da área [4]
Ne’eman et al. Biological Reviews, 2010.
natural na Efi da polinização fizemos uma regressão linear, onde,
ΔEfi é a diferencia da proporção de frutos formados das flores
[5]
Klein et al. American Journal of Botany, 2003.
abertas – à proporção de frutos formados pelas flores ensacadas. [6]
Banks-Leite et al. Science, 2014.

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NATIVE BEES POLLINATE BACOPA STRICTA


(PLANTAGINACEAE, GRATIOLEAE) IN AN URBAN AREA
OF CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

Pôster
Vivian Nakamura¹; Hannah Doerrier¹*; Geisseli Pinheiro¹; Maria Rosângela Sigrist¹
1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Laboratório de Polinização, Reprodução e Fenologia de Plantas, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil.
*hannahdoe27@hotmail.com

Introduction
There are 65 species of the aquatic herb genus Bacopa [1], of
which 26 occur in Brazil [2]. The genus is reported to be entomofilic,
predominantly pollinated by bees Apis (A. mellifera, A. cerana,
A. dorsata, A. florea) [3,4,5]. Here we present preliminary data
about the pollination of the amphibian species Bacopa stricta,
which we also predicted to be principally pollinated by bees.
a b

Methodology
Study was done in June/July 2015 in a partially flooded
artificial drainage canal on the campus of the Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS (20°30’06.99”S
54°36’45.52”W). We studied floral morphology (dimensions,
coloration, resources) and floral longevity (20 individual flowers
from four groups were marked and followed from pre-anthesis c d

until wilting). Pollen viability was tested with acetic carmine dye
Fig. 1. Flower of Bacopa stricta (a). Paratetrapedia sp. (b) and Augochloropsis
and stigma receptivity for presence of exudates [6]. Observation
ignita (d) collecting pollen and Hesperiidae 1 collecting nectar (c) from flowers.
of floral visitors (e.g. behavior, frequency of visit= fv =number
of visits/total observation time) was done between 8h-17h, for
a total of 6h40min.
Discussion
Flowers of B. stricta have diverse characteristics associated
Results with pollination by bees: diurnal anthesis, landing platform,
Flowers of B.stricta come together in fascicles and are zygomorphic,
lilac coloring with floral guide, and nectar [7]. In fact, bees
pentamerous, digitaliform (Fig. 1a), small (x=7,74±0.85mm),
represent 50% of floral visitors and frequency of visits. Other
hermaphroditic and diurnal. Corolla is purple with a yellow mark
insects (except wasps) were nectar robbers. Therefore B. stricta
on the inside of the tube; with two lobes on the superior position
was pollinated by native bees, and Apis mellifera was not seen
and three on the inferior (Fig. 1a). Androecium is epipetalous,
visiting flowers, as observed in other species of Bacopa in North
didynamous with larger stamens (inferior) (x=2.3±0,3mm) and
America and India [3,5].
smaller (superior) (x = 1,61 ±0,35mm) inside the floral tube.
Anthers are white, versatile, with 100% of pollen viability. Stigma
is bilobed, located in front of the inferior stamens (x=4,8±0,39mm).
Aknowledgements
We thank Arnildo Pott, Camila Silveira de Souza and Danilo
Nectar is produced at ovary base. Flowers last for about one day.
Ribeiro for identification of plant, bee and butterfly species,
Corolla starts to open at 9h (anthers open, stigma receptive),
respectively.
at 10h nectar starts to be produced, 11h the corolla finishes
opening, and falls off the next day. Eight insect species visited
the flowers: four bees [Augochloropsis ignita (11,1mm in length; References
Martins AC et al. 2014. Several origins of floral oil in the Angelonieae, a
[1]
fv = 0,055), Paratetrapedia sp. (10,9mm; fv = 0,055), Paratrigona southern hemisphere disjunct clade of Plantaginaceae. American Journal
lineata (11,4mm; fv = 0,01), Ceratinula sp. (8,4mm; fv = 0,025)], of Botany 101: 2113-2120.
two butterflies [Anartia jatrophae (fv = 0,025), Hesperiidae 1
Souza VC 2001 Uma nova espécie de Bacopa Aubl. (Scrophulariaceae)
[2]
(fv = 0,065)] (Fig. 1c), a Vespidae (~10-12mm; fv = 0,027)] and a da America do Sul. Acta Botanica Brasilica 15: 57-61.
Formicidae (~2-4mm, fv = 0,03). Paratetrapedia sp. and A. ignita
collected pollen (Fig. 1b, d) while other insects collected nectar. Barrett S, Strother JL. 1978. Taxonomy and Natural History of Bacopa
[3]

(Scrophulariaceae) in California. Systematic Biology 3: 408-419.


To collect pollen bees landed on the superior lobes of the corolla
(Fig. 1b, d), inserted their heads in the floral tube and collected Mathur S, Kumar, S. 2001. Reproductive biology of Bacopa monnieri.
[4]

pollen with the first pair of legs, contacting anthers and stigma. Journal of Genetics & Breeding.
Smaller bees and wasps collected nectar, landing on the inferior Bhowmik, S, Datta, BK. 2013. Pollen production in relation to ecological
[5]

portion of the corolla, entering partially (wasp) or totally (others) class of some hydrophytes and marsh plants. American Journal of Plant
into floral tube, contacting anthers and stigma with their front Sciences 4: 324-332.
(wasp) and superior parts of their bodies. Butterflies landed Dafni A. 1992. Pollination ecology: a practical approach.Oxford. IRL
[6]

on top of inferior lobes and inserted proboscis in floral tube Press Ltd.
(Fig. 1c), without contacting anthers and stigma. Ants entered Faegri K, van der Pijl, L. 1979 The principles of pollination ecology.
[7]

flowers and collected nectar. Oxford. Pergamon Press.

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PERFIL POLÍNICO DA GEOPRÓPOLIS DE MELIPONA


(MELIKERRIA) FASCICULATA SMITH 1854 (MELIPONINI,
APIDAE, HYMENOPTERA) EM ÁREAS DE CERRADO E
CAMPOS ALAGADOS NO ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL.
Pôster

Monique Hellen M. Ribeiro*¹, Cynthia Fernandes P. da Luz ², Patrícia Maia C.de Albuquerque³
¹ Programa de Pós-Graduação da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (BIONORTE)
²Professora Doutora Pesquisadora do Instituto de Botânica ,Núcleo de Pesquisa em Palinologia
³Professora Associada do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Maranhão UFMA
E-mail para correspondência: *moniquehellen_bio@yahoo.com

Introdução
O nome geoprópolis foi dado por Nogueira-Neto [1] para Agradecimentos
distinguir o tipo especial de própolis preparado por muitas FAPEMA; CAPES e CNPq.
abelhas sem ferrão brasileiras que adicionam barro, areia ou
argila à cera. O espectro polínico da geoprópolis é um excelente Referências Bibliográficas
indicador fitogeográfico, pois fornece uma imagem da vegetação [1]
NOGUEIRA NETO P. 1962. The scutelum nest structure of Trigona
anemófila e entomófila da área de sua produção [2]. Objetivou-se (Trigona) spinipis (Fabr.1793) (Hymenoptera: Apidae). Journal of New
caracterizar os tipos polínicos e a vegetação fornecedora de resina York Entomological Society, New York, 70: 239-264.
para M. fasciculata no estado do Maranhão. [2]
BARTH OM, LUZ CFP 2003. Palynological analysis of Brazilian
geoprópolis sediments. Grana, 42:121-127.
Metodologia [3]
BARTH OM 1998. Pollen analysis of Brazilian propolis. Grana, 37:97-101.
As amostras foram coletadas em Palmerândia (Campos [4]
BARTH OM, LUZ CFP 2009. Palynological analysis of Brazilian red
Periodicamente Inundados, Baixada Maranhense) e Barreirinhas propolis samples. Journal of Apicultural Research and Bee World ,
(povoado de Tabocas, vegetação de cerrado) mensalmente, de 48(3): 181-188.
Agosto/2011 a Julho/2012. O método utilizado foi o a raspagem [5]
LUZ CFP et al. 2009. Análise palinológica de própolis vermelha do
com o formão em 5 colônias selecionadas de M. fasciculata com Brasil: subsídios para a certificação de sua origem botânica e geográfica.
a metodologia utilizada na preparação dos grãos de pólen de [3]. Mensagem Doce, 102: 10-15.
[6]
BARTH, OM et al. 1999. Análise polínica de algumas amostras de
Resultados e Discussão própolis do Brasil Meridional. Ciência Rural, Santa Maria 29: 663-667.
Identificou-se um total de 121 tipos polínicos, distribuídos em [7]
FREITAS, A.S. et al. 2010. Própolis marrom da vertente atlântica do
52 famílias e 84 gêneros. Houve dominância do pólen de Mimosa Estado do Rio de Janeiro, Brasil: uma avaliação palinológica. Revista
pudica e M. caesalpiniifolia, esses tipos polínicos também foram Brasileira de Botânica, 33(2): 341-352.
frequentes na própolis vermelha de Apis mellifera provenientes [8]
D’ALBORE GR. 1979. L’origine géographique de la propolis. Apidologie,
do litoral nordestino [4, 5] e na própolis marrom e preta do sudeste 10: 241-267.
brasileiro [6, 7], assim como na própolis de outras regiões do [9]
SILVA BB et al. 2007. Chemical composition and botanical origin of red
Brasil [8]. No entanto, nenhum estudo indica que sejam plantas propolis, a new type of Brazilian propolis. Evidence-based Complementary
produtoras de resina para as abelhas. Os grãos de pólen do and Alternative Medicine, 5(3): 313-316.
tipo polínico Dalbergia podem ser de uma espécie vegetal que [10]
MAGALHÃES EO et al. 2011. Própolis: estudo da origem do exsudado
é considerada como fornecedora de resina para a formação de resinoso vermelho no caule de Dalbergia ecastophyllum. Mensagem
própolis vermelha [9]. Magalhães et al. [10] observaram no sul da Doce, 110: 23-25
Bahia abelhas coletando exsudado resinoso vermelho da superfície [11]
RÊGO MMC et al. 2007. Abelhas do cerrado s. l. dos “Gerais de Balsas”.
do tronco de D. ecastophyllum L. para a produção de própolis. O In Cerrado Norte do Brasil.157-163 pp.
tipo Caryocar, é considerado uma das espécies nativas do cerrado [12]
SOTO MAV. 2007. Recursos Polínicos Utilizados Por La Abeja
de maior interesse econômico, sendo bastante atrativa para as Nativa Shuruya (Scaptotrigona Pectoralis) (Apidae: Meliponini) Em Um
abelhas sem ferrão [11]. Ardisia é uma importante fonte polinífera Meliponario De La Parte Baja De Los Cipresales Em Pachalum, Quiché,
para abelhas indígenas e seus ramos apresentam resina [12]. Durante La Época Seca Y Lluviosa. Tese. Universidad De San Carlos
O pólen de Hyptis foi encontrado e segundo Park et al. [13] as De Guatemala. 73p.
folhas jovens de H. divaricata são uma das fontes de resina para [13]
PARK YK. et al. 2002. Botanical origin and chemical composition of
a própolis nordestina. O tipo polínico Protium é de um gênero Brazilian propolis. Journal of Agricultura Food Chemistry, 50: 2502-2506.
de planta de ampla distribuição no Brasil [14], que exsudauma [14]
CORRÊA MP. 1926. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil. Imprensa
resina avermelhada oleosa e amorfa, com aroma característico [15]. Nacional: Rio de Janeiro, vol. 1.
O tipo polínico Schinnus é considerada fonte de resina para as [15]
OLIVEIRA FA et al. 2005. Attenuation of capsaicin-induced acute and
abelhas [16]. Psidium/Myrcia foi bem representativo e uma das visceral nociceptive pain by α and β amyrin, a triterpene mixture isolated
possíveis fontes de resina que corresponde a esse tipo polínico from Protium heptaphyllum resin in mice. Life Sciences, 77: 2942-2952.
é Psidium guajaba L.) [17]. Eucalyptus que ocorreu em algumas [16]
SAWAYA ACHF. et al. 2006. Brazilian propolis of Tetragonisca
amostras é conhecido como fornecedor de resina para as abelhas [18]. angustula and Apis mellifera. Apidologie, 37: 398-407.
[17]
OLIVEIRA VC, BASTOS EM. 1998. Aspectos morfo-anatômicos da
Conclusões folha de Baccharis dracunculifolia DC. (Asteraceae) visando a identificação
As análises quantitativas e qualitativas dos tipos polínicos da origem botânica da própolis. Acta Botânica Brasílica, 12(3): 431-439.
encontrados nas amostras de geoprópolis foram valiosas para se [18]
MONTENEGRO G. et al. 2000. Pollen grains and vegetative structures
caracterizar fitogeograficamente as amostras estudadas, aliadas in propolis as indicators of potential drugs in Chilean plants. Phyton –
ao conhecimento sobre a flora do Maranhão. International Journal of Experimental Botany, 66: 15-23.

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DENSIDADE DE INFLORESCÊNCIAS E TEMPERATURA


INFLUENCIAM A TAXA DE VISITAÇÃO DE MIMOSA CF.
SENSIBILIS?

Pôster
Maicon V. de Melo¹*, Celeide A. Ribeiro¹, Mariany C. Gimenez¹
1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS-CPAQ). *maiconvdm@gmail.com

Introdução
Mimosa L. constitui um dos maiores gêneros de Mimosoideae maior atividade dos visitantes aconteceu nas primeiras horas do
com aproximadamente 530 espécies, sendo abundantes nos estudo. A qualidade dos recursos florais influencia a frequência
trópicos [1]. Espécies de Mimosa são comuns inclusive em áreas de visitas às plantas [9], e as flores de Mimosa são mais atrativas
perturbadas, onde algumas podem apresentar uma elevada no início da manhã, sendo que a disponibilidade de pólen vai
densidade, sendo consideradas potencialmente infestantes. Seu reduzindo em função das visitas. Considerando que os insetos
sucesso reprodutivo está diretamente relacionado com a taxa de são organismos pecilotérmicos, sua atividade metabólica está
visitação, a qual pode variar em função de variáveis bióticas e/ou diretamente relacionada à temperatura. Desta forma esperávamos
abióticas. Mimosa cf. sensibilis possui uma grande quantidade que temperatura influenciasse as taxas de visitação em Mimosa
de inflorescências durante seu período de floração o que faz com cf. sensibilis, uma vez que esta é visitada prioritariamente por
que muitos visitantes florais utilizem os recursos oferecidos pela insetos. Contudo a faixa ótima temperatura para desenvolvimento
planta. Esses visitantes são capazes de se ajustar para a coleta de e atividades dos insetos é de 25 e 38ºC, e a temperatura na área
recursos em resposta às condições climáticas [2], sendo comum de estudos permaneceu dentro desses limites.
o aumento de atividade de forrageio nos períodos em que a
temperatura e a intensidade luminosa estejam elevadas, e tanto Conclusões
a umidade relativa do ar, quanto a velocidade do vento estejam A taxa de visitação de Mimosa cf. sensibilis não é influenciada
baixas [3, 4, 5]. Contudo, cada espécie está adaptada a condições
pela temperatura ou número de inflorescências.
climáticas específicas [6], que muitas vezes resulta no uso dos
mesmos recursos florais de forma partilhada [7]. O objetivo do
presente trabalho é verificar se a taxa de visitação em Mimosa
Agradecimentos
A Prof. Dra Camila Aoki pela orientação, análise e revisão do
cf. sensibilis varia em função de algumas dessas variáveis
trabalho e Maycon Macena pelo auxílio nas coletas.
(temperatura e número de inflorescências).

Metodologia Referências Bibliográficas


[1]
Lewis G et al. 2005. Legumes of the world. Royal Botanic Gardens. Kew.
O estudo foi realizado no Parque Municipal da Lagoa Comprida
(20°27’50”S e 55°46’30”W), município de Aquidauana (MS), em [2]
Hofstede FE, Sommeijer MJ. 2006. Influence of environmental and
fevereiro de 2016, durante o período de floração de Mimosa cf. colony factors on the initial commodity choice of foragers of the stingless
sensibilis. Foram amostrados 30 indivíduos, durante 30 minutos bee Plebeia tobagoensis (Hymenoptera, Meliponini). Insectes Sociaux
cada, totalizando 15h de observação. As observações foram 53: 258-264.
realizadas entre as 06h00 e 10h30 (quando as flores começam a [3]
Sommeijer M et al. 1983. Temperature and pollination activity of social
murchar). Durante as observações foi contabilizado o número bees. Ecological Entomology 18: 17-30.
de inflorescências e de visitantes florais e anotada a temperatura
[4]
(termohigrômetro digital). Os visitantes florais foram observados Hilário S et al. 2000. Flight activity and colony strenght in the stingless
quanto ao seu comportamento e os invertebrados foram bee Melipona bicolor bicolor (Apidae, Meliponinae). Revista Brasileira
de Biologia 60: 299-306.
coletados com auxílio de rede entomológica. Em laboratório,
os invertebrados foram alfinetados e identificados com auxílio [5]
Kasper M et al. 2008. Environmental factors influencing daily foraging
de especialista. A rede de interações foi representada por um activity of Vespula germanica (Hymenoptera, Vespidae) in Mediterranean
grafo de minimização de energia bipartido (“Kamada-Kawai”). Australia. Insectes Sociaux 55: 288-295.
A relação entre as variáveis explicativas e resposta foram testadas [6]
Corbet S et al. 1993. Temperature and pollination activity of social
com regressão linear. bees. Ecological Entomology 18: 17-30.

Resultados e Discussão [7]


Wilms W et al. 1996. Resource partitioning between highly eusocial bee
Foram registradas 31 visitas à Mimosa cf. sensibilis. A maioria and possible impact of the introduced Africanized honey bee on native
dos visitantes pertence à Ordem Hymenoptera, sendo as abelhas stingless bees in the Brazilian Atlantic Rainforest. Studies on Neotropical
Fauna and Environment 31: 137-151.
Apis mellifera (20 ind.) e Trigona sp. (4 ind.) as mais abundantes.
Em recente estudo desenvolvido no Pantanal sul-mato-grossense [8]
Aoki C et al. 2012. Diversidade de abelhas (Hymenoptera: Apoidea) e
foi verificada elevada dominância de A. mellifera na visita de recursos florais na RPPN Engenheiro Eliezer Batista, Pantanal de Mato
plantas nativas, além disso, esta espécie foi a mais versátil quanto Grosso do Sul. In: Rabelo A. et al. Descobrindo o Paraíso: Aspectos
aos tipos florais utilizados e foi observada visitando flores ao Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro
longo de todo o dia, diferindo nestes aspectos da maioria das Eliezer Batista.
espécies nativas [8]. [9]
Cazier MA, Linsley EG. 1974. Foraging behavior of some bees and
A taxa de visitação de Mimosa cf. sensibilis não foi influenciada wasps at Kallstraemia grandiflora flowers in Arizona and New Mexico.
pela temperatura ou número de inflorescências. Contudo, a American Museum Novitates. 2546: 1-20.

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EFICÁCIA DE XYLOCOPA FRONTALIS NA FORMAÇÃO


DE FRUTOS E SEMENTES EM CROTALARIA JUNCEA
(LEGUMINOSAE, PAPILIONOIDEAE)
Pôster

Nícolas A. P. Ricci1*, Kayna Agostini2


1
Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Ambiente - Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) - Campus Araras - SP
2
Departamento de Ciências da Natureza, Matemática e Educação - UFSCar - Campus Araras - SP
* nicolaspolizelli@yahoo.com.br

Introdução
A eficácia do polinizador compreende a capacidade destes em 93  sementes abortadas, seguida pela mediana (n=58) e apical
transferir pólen das anteras ao estigma receptivo da flor, resultando (n=53) (Figura 1B). Nossos resultados com relação ao aborto de
na formação de frutos e sementes, ou seja, determina a contribuição sementes, nos testes de eficácia, em C. juncea, indicam que óvulos
que cada polinizador fornece ao sucesso reprodutivo da planta, que estão mais próximos ao estigma são fecundados e formam
levando em conta a estratégia de forrageio do polinizador, assim embriões antes dos demais óvulos, portanto, terão vantagem
como o consumo de recursos e o desperdício do pólen [1]. Os objetivos na obtenção de recursos em relação aos óvulos que estão mais
deste estudo foram: 1) comparar a eficácia de Xylocopa frontalis de distantes do estigma, os quais são abortados devido à falta de
acordo com o número de visitas na produção de frutos e sementes recursos para que ocorra o desenvolvimento das sementes [4].
em Crotalaria juncea e, 2) investigar se o desenvolvimento das
sementes está relacionado com a proximidade do recurso materno.

Metodologia
Flores ensacadas previamente no estágio de botão foram
expostas ao polinizador para testar a eficácia de Xylocopa frontalis
na reprodução de Crotalaria juncea (Figura 1A). Os seguintes
tratamentos foram realizados aleatoriamente: 1) autopolinização
espontânea (n=30); 2) flores com uma visita (n=30); 3) flores com
duas visitas (n=30); 4) flores com três visitas (n=30). Registramos
a massa dos frutos que se desenvolveram em cada tratamento e
verificamos o número e a posição no fruto das sementes abortadas. Figura 1A. Visita de X. frontalis na flor de C. juncea, durante os testes
de eficácia. 1B. Gráfico de pizza demonstrando o número de abortos das
Aplicamos o teste estatístico ANOVA, seguido do teste Tukey,
sementes de C. juncea, nos testes de eficácia, de acordo com a posição no
com nível de significância a 5% para verificar se houve diferença fruto (basal, mediana e apical)
entre os três tratamentos, com relação tanto na formação e na
massa dos frutos, quanto no aborto das sementes. Conclusões
É possível concluir que um maior número de visitas dos
Resultados e Discussão polinizadores pode aumentar a produtividade da cultura de
Nas flores ensacadas para o teste de autopolinização Crotalaria juncea e que óvulos mais próximos ao estilete podem
espontânea não houve formação de frutos, o que indica que ter vantagens no processo de fecundação e desenvolvimento da
a espécie depende da polinização biótica. A espécie apresenta semente.
algum nível de autoincompatibilidade e a formação de sementes
viáveis depende da polinização por abelhas [2]. Houve diferença
Agradecimentos
significativa no número de frutos formados (G=12.2714, p=0.0022,
À CAPES, à Universidade Federal de São Carlos-Campus Araras-
p<0.01), apenas entre os tratamentos de 1 e 3 visitas (G=12.2364,
SP e ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Ambiente
p=0.0005, p<0.01). Não houve diferença significativa no número
(PPGAA/UFSCar-Campus Araras-SP).
de sementes abortadas, entre os três tratamentos (F[2,6] =2.558,
p=0.157, p>0.05). Houve diferença significativa nas massas dos
frutos formados (H=17.1945, df=2, p=0.0001846, p<0.01), apenas Referências Bibliográficas
Freitas L. 2013. Concepts of pollinator performance: is a simple approach
[1]
entre os tratamentos de 1 e 3 visitas (p=0.0001146, p<0.01). Isto necessary to achieve a standardized terminology? Brazilian Journal of
sugere que a espécie C. juncea, pode exigir pelo menos 2 visitas Botany 36: 3-8.
de X. frontalis para uma maior otimização na formação de
frutos. Propõe-se que uma única visita a uma flor de C. juncea
[2]
Maeda JA et al. 1986. Deterioração de sementes de Crotalaria juncea
e suas conseqüências em laboratório e campo Bragantia 45: 353-352.
seja capaz de produzir um fruto, mas, um maior número de
visitas dos polinizadores pode aumentar o número de frutos Artz DR et al. 2011. Performance of Apis mellifera, Bombus impatiens,
[3]

produzidos e a produtividade na cultura dessa espécie, assim and Peponapis pruinosa (Hymenoptera: Apidae) as pollinators of pumpkin
como observado em culturas dependentes da polinização por Journal of Economic Entomology 104: 1153–1161.
insetos [3]. Não houve diferença na posição das sementes abortadas [4]
Teixeira SP et al. 2006. Components of fecundity and abortion in a
dentro dos frutos formados (F[2.6] =2.558, p=0.157, p>0.05), mas tropical tree Dahlstedtia pentaphylla (Leguminosae) Brazilian Archives
é importante salientar que na posição basal do fruto houve of Biology and Technology 46: 905-913.

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DIFERENCIAÇÃO DO NICHO ALIMENTAR DE ESPÉCIES


SIMPÁTRICAS DE ABELHAS MAMANGAVAS (APIDAE:
XYLOCOPA)

Pôster
Pedro R. Antunes¹*, Thayane N. Araújo¹, Camila N. Junqueira¹, Laíce S. Rabelo¹, Esther M. A. F. Bastos²,
Solange C. Augusto¹
¹ Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
² Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento, Laboratório de Recursos Vegetais e Opoterápicos, Fundação Ezequiel Dias, Belo Horizonte - MG
*e-mail: pedantunes.reis@gmail.com

Introdução
As abelhas do gênero Xylocopa (Apidae, Xylocopini) são O mesmo padrão de diferenciação no nicho alimentar entre
importantes polinizadores de espécies nativas e cultivadas, espécies simpátricas foi observado para duas abelhas solitárias
como o maracujá-amarelo (Passiflora edulis). As espécies do gênero Centris [7]. Nesse estudo foi sugerida a ocorrência de
Xylocopa (Neoxylocopa) grisescens (Lepeletiere) e Xylocopa partição de recurso para explicar a diferenciação observada. Nesse
(Neoxylocopa) frontalis (Oliver) ocorrem simpatricamente em caso, atributos das abelhas ou das plantas poderiam influenciar
algumas áreas, apresentam sobreposição do período de atividade o forrageamento por pólen e, consequentemente, diferenciações
e nas características do substrato de nidificação [1]. Essas abelhas no nicho realizado.
são consideradas generalistas e capazes de usar fontes polínicas
que apresentem anteras poricidas, por meio da vibração. O pólen Conclusões
provindo desse tipo de antera apresenta maior concentração Apesar das similaridades ecológicas entre X. grisescens e X.
protéica [2]. Assim, os objetivos do trabalho foram verificar a frontalis, elas usaram diferentes fontes polínicas o que sugere
amplitude, a similaridade e a contribuição das fontes florais com partição do nicho alimentar. A diferenciação no nicho alimentar
anteras poricidas no nicho alimentar das espécies simpátricas, pode corresponder a um mecanismo que permite a coexistência
X. frontalis e X. grisescens. dessas espécies.

Metodologia Agradecimentos
As amostras polínicas foram retiradas das células de cria Os autores agradecem à CAPES, à FAPEMIG e ao CNPq
de ninhos instalados na Estação Experimental Água Limpa, pelo financiamento do estudo e bolsas concedidas à Solange. C.
Uberlândia – MG. Essa área corresponde a um agrossistema no Augusto (CNPq - 306298/2015-5), Pedro R. Antunes (CNPq),
qual há remanescentes de vegetal nativa de Cerrado e diversos Camila N. Junqueira (FAPEMIG), Laíce S. Rabelo (CAPES).
cultivos experimentais, dentre eles o maracujá-amarelo.
A coleta de dados ocorreu de novembro de 2011 a junho de Referências Bibliográficas
2012, durante o período de floração do maracujazeiro. Os grãos Camillo E, Garófalo CA. 1982. On the bionomics of Xylocopa frontalis
[1]

de pólen foram acetolizados, identificados e contabilizados [3]. (Oliver) and Xylocopa grisescens (Lepeletier) in Southern Brazil. I - Nest
A amplitude do nicho alimentar foi dada por índices de construction and biological cycle. Revista Brasileira de Biologia, São
Shannon-Wiener comparados entre si por meio do teste t Carlos, 42: 571-582.
Hutcheson para uma amostra [4]. Foi calculada a similaridade Roulston TH et al. 2000. What governs protein content of pollen:
[2]

do nicho alimentar utilizando o índice de Renkonen [5]. Além pollinator preferences, pollen–pistil interactions, or phylogeny? Ecological
disso, a contribuição das fontes de pólen com anteras poricidas Monographs 70: 617–643.
foi avaliada utilizando o teste Qui-quadrado [6]. Salgado-Labouriau ML. 1973. Contribuição à palinologia dos Cerrados.
[3]

Academia Brasileira de Ciências.


Resultados e Discussão [4]
Hammer Ø, Haper DAT, Ryan PD. 2001. PAST: paleontological
Seis tipos polínicos foram registrados nas amostras de
Statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia
alimento larval de X. frontalis e X. grisescens. Esses tipos polínicos Electronica. 4:1–9.
pertencem a quatro famílias botânicas (Boraginaceae, Fabaceae,
Myrtaceae e Solanaceae). A similaridade no uso das fontes pelas Brower JE et al. 1997. Field and laboratory methods for general ecology.
[5]

4th ed. EUA: Wm. C. Brown Publishers.


duas espécies foi de 47,41%. Xylocopa grisescens apresentou
um nicho alimentar significativamente mais amplo (H’= 1,33) Zar JH. 2010. Biostatistical analysis. 5th ed. Upper Saddle River (NJ).
[6]

do que X. frontalis (H’= 0,98) (t= 44,212; gl= 133373; p<0,001). Imprenta Upper Saddle River, Prentice Hall.
No entanto, X. frontalis coletou maior número de grãos de pólen [7]
Rabelo LS et al. 2014. Differentiated use of pollen sources by two
de flores com anteras poricida, dos tipos Senna e Solanum, do sympatric species of oil-collecting bees (Hymenoptera: Apidae). Journal
que X. grisescens (χ²= 1130,22; gl=1; p<0,001). of Natural History 48: 1595-1609.

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O QUE DESCREVER NAS REDES DE INTERAÇÃO


PLANTA-POLINIZADOR EM ESTUDOS DE QUALIDADE
AMBIENTAL?
Pôster

Raimunda G. S. Soares1*, Patrícia Ferreira2,3, Luciano E. Lopes2


1
Universidade Federal de São Carlos, Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais
2
Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Ciências Ambientais – DCAm
3
Laboratório de Ecologia e Analise de Paisagens – LEAP, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de RIbeirão Preto, Universidade de São Paulo - USP
*raisoaresgomes@gmail.com

Introdução
O estudo da interação planta-polinizador na perspectiva de redes quando consideradas a integração entre as métricas medidas
complexas contempla as características das espécies, as interações em cada artigo, vemos uma convergência para um padrão de
entre elas, e os processos evolutivos geradores da complexidade aumento do grau da rede. Os resultados disponíveis sugerem,
dessas relações ecológicas[1]. Portanto, considera‑se que as redes portanto, que essa métrica não é adequada como indicadora, se
de interação planta-polinizador são mais informativas do que a considerada isoladamente. A força de interação foi analisada
diversidade de espécies na avaliação dos efeitos de mudanças em 5 estudos com resultados de manutenção em 3, aumento
ambientais[2]. Por exemplo, com a perda de habitat as redes em 1 e diminuição em 1. Entendemos, portanto, que não existe
são simplificadas com a perda das interações antes mesmo da concordância sobre o comportamento dessa métrica. Também
extinção local de espécies [3], potencializando sua aplicação como não é possível definir valores apropriados dentro da perspectiva
indicadores de qualidade ambiental. Nesta perspectiva, é comum de conservação da biodiversidade. Uma rede com espécies com
a sugestão de algumas métricas de rede como indicadoras das maior interdependência pode estar mais vulnerável a extinções
alterações em processos ecológicos na comunidade. No entanto, em cascata. Por outro lado, uma baixa força de interação pode
não existe consenso sobre que tipo e quais métricas são capazes indicar generalização e diminuição de interações mais sensíveis.
de indicar essas alterações. Em vista disso, esse estudo objetiva As métricas H2’ e d’ (índice de especialização recíproca da rede
identificar quais métricas de rede são mais sensíveis a alterações e das espécies, respectivamente), bem como a composição e o
na qualidade ambiental, podendo ser utilizadas como indicadores papel das espécies na rede, foram as que apresentaram respostas
de alterações na rede para a conservação da biodiversidade. mais consistentes às alterações ambientais. Tais métricas indicam
que o papel das espécies muda entre generalistas e especialistas.
Metodologia Há maior especialização em áreas preservadas e a composição da
Foram analisados artigos publicados que utilizaram a rede pode variar mesmo mantendo sua estrutura. Essas métricas
abordagem de redes a partir de dados empíricos em gradientes mostram também que a sensibilidade das espécies a impactos
de qualidade e condições ambientais. Além dos valores das está associada ao tipo de interação.
métricas, foram estudadas as interações entre as mesmas e
possíveis causas da variação. Conclusões
Mudanças no comportamento das espécies e reorganização
Resultados e Discussão das interações tornam a estrutura da rede robusta a alterações.
Dentre os 18 trabalhos encontrados vimos que o aninhamento Portanto métricas com foco na estrutura geral da rede tendem a
e a conectância não apresentaram uma tendência em função do ser menos sensíveis do que aquelas voltadas para as características
gradiente de qualidade ambiental. Verificamos a diminuição das espécies, que tem maior potencial como indicadores.
do aninhamento em consequência de intensidade de uso, bem
como seu aumento devido a impacto de espécies exóticas. Tais Referências Bibliográficas
métricas representam a estrutura da rede, mantendo-se inalteradas [1]
BASCOMPTE, J. 2009. Mutualistic networks. Front Ecology Environment.
em 4 dos 8 artigos que as mediram, mesmo com mudanças na v.7, n.8, 429–436.
composição das espécies. Têm, portanto, baixo potencial como
[2]
indicadoras. Várias métricas têm como base o grau. Destas a mais WEINER, C.N. et al. 2014. Land-use impacts on plant–pollinator
frequente, foi o grau médio da espécie. De 5 estudos diminuiu networks: interaction strength and specialization predict pollinator
declines. Ecology, 95v.2, 466–474.
em 4 e aumentou em 1. As causas da diminuição foram: grande
perda de espécies, incluindo generalistas; perda de interações; e [3]
AIZEN, M. A, et al. 2012. Specialization and Rarity Predict Nonrandom
redução na amplitude de nicho entre os generalistas. No entanto Loss of Interactions from Mutualist Networks. SCIENCE . v. 335. 1486-1489.

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POTENCIAIS POLINIZADORES DA MELANCIEIRA


CULTIVADA NO SUL DO TOCANTINS
Paulo H. Tschoeke1*, Rodrigo J. Silva2, Eugenio E. Oliveira3, Marcela C. A. C. Silveira Tschoeke1, Gil R. Santos1

Pôster
1
Universidade Federal do Tocantins
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins
3
Universidade Federal de Viçosa
*pht@uft.edu.br

Introdução
O conhecimento das espécies de abelhas, seu comportamento identificada) iniciou as atividades de forrageamento às
de forrageio e períodos de atividade nas flores das culturas 8:00 horas com pico de freqüência às 10:00 horas. A partir das
agrícolas dependentes de polinização melitófila é essencial 12:00 horas não foram observadas abelhas forrageando, o que
para determinar o potencial polinizador dessas espécies [1]. coincidiu com o horário de fechamento das flores. Conforme a
Além disso, estas características permitem a elaboração de Tabela 1, T. spinipes foi considerada abundante, A. mellifera foi
estratégias de conservação e manutenção destes insetos frequente, enquanto Plebeia sp. e Halictidae foram raras.
benéficos nas lavouras. Apesar do cultivo da melancieira,
Citrullus lanatus (Thun.) Matsum. & Nakai, ser tradicional Tabela 1. Freqüência de abelhas, recurso floral coletado e potencial
polinizador para melancia cv. Crimson Sweet, UFT, Gurupi, 2010.
na região sul do Tocantins, não existem informações sobre
N° de Frequência Recurso Potencial
as abelhas que polinizam esta cultura nestas condições Espécie
indivíduos (%)* Floral** Polinizador
ecológicas. Portanto, este trabalho foi realizado com o objetivo Trigona spinipes 583 66,4 (A) N/P efetivo
de diagnosticar e comparar a frequência e comportamento de Apis mellifera 203 22,1 (F) N/P efetivo

forrageio das espécies de abelhas que visitam as flores de Plebeia sp. 74 8,4 (R) N/P ocasional
Halictidae (sp.1) 14 2,1 (R) N/P ocasional
melancieira.
*A=Abundante, F=Frequente e R=Raro; **N=Néctar e P=Pólen.
Metodologia
O estudo foi realizado no período de maio a julho de 2010 em Todas as espécies coletaram néctar e/ou pólen e durante as
lavoura contendo 1000 plantas de melancieira cv. Crimson visitas às flores e apresentaram comportamento legítimo de
Sweet, localizada na estação experimental da UFT, Campus polinizador. Contudo ao compararmos o comportamento de
de Gurupi, latitude 11°43’45”S, longitude 49°04’07”O e altitude forrageio de cada espécie com sua frequência relativa e horário
de 280 metros. Durante cinco dias ao longo do florescimento, de forrageamento, apenas T. spinipes e A. mellifera podem
ser considerados polinizadores efetivos, enquanto Plebeia
as abelhas foram capturadas ao acaso em diferentes plantas
sp. e Halictidae sp.1 podem ser considerados polinizadores
utilizando-se rede entomológica ou pinça de dissecação
ocasionais da melancieira.
durante os primeiros 20 minutos de cada hora, das 6:00 às
13:00 horas. Concomitantemente foi realizada a observação
Conclusões
do comportamento de forrageio e o tipo de recurso coletado
A frequência, horário e comportamento de forrageio observados
(néctar, pólen ou ambos) pelas abelhas. As espécies foram
sugerem que T. spinipes e A. mellifera sejam polinizadores
classificadas em: Abundantes (A), quando apresentaram
efetivos da cultura da melancieira no Sul do Tocantins.
frequência de visitas > 30%; Frequentes (F), quando
apresentaram frequência de visitas de 10% a 30%, e Raros Referências Bibliográficas
(R), quando apresentaram frequência < 10% [2]. [1]
Tschoeke PH et al. 2015. Diversity and flower-visiting rates of bee
species as potential pollinators of melon (Cucumis melo L.) in the Brazilian
Resultados e Discussão Cerrado. Scientia Horticulturae 186:207-216.
As espécies Trigona spinipes Fabr., Apis mellifera L. e Plebeia [2]
Siqueira KMM et al. 2008. Estudo comparativo da polinização de
sp. iniciaram o forrageamento a partir da antese, com picos Mangifera indica L. em cultivo convencional e orgânico na região do
de frequência às 8:00, 9:00 e 11:00 horas respectivamente. vale do submédio do São Francisco. Revista Brasileira de Fruticultura
Normalmente, a visitação nas flores da melancieira por 30:303-310.
A. mellifera começa na antese, com picos de frequência [3]
Delaplane KS, Mayer DF. 2000, Watermelon. In: Delaplane KS et al.
entre 8:00 e 10:00 horas da manhã [3]. Halictidae (sp. 1 não Crop pollination by bees. Wallingford. CAB International. 275-277.

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VISITANTES FLORAIS DE CINCO ESPÉCIES SINTÓPICAS


DE LUDWIGIA (ONAGRACEAE) EM ECÓTONO
CERRADO‑PANTANAL
Pôster

Lidianei S. Savala1*, Camila Aoki1


1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Aquidauana. *e-mail: llila_savala@hotmail.com

Introdução
A família Onagraceae é composta por aproximadamente Paratetrapedia sp. 1 foi a espécie que visitou maior numero
650 espécies [1] e 22 gêneros, dentre os quais destaca-se Ludwigia de espécies (exceto L. leptocarpa). A exótica Apis mellifera foi a
composto por 82 espécies [2], o qual depende de áreas úmidas para espécie mais abundante (21 indivíduos) dentre as abelhas. E visitou
crescer, sendo encontrado em regiões tropicais e subtropicais. L. lagunae e L. tomentosa. Na maioria das visitas atuou como
A maioria das espécies de Ludwigia apresenta floração extensa, pilhadora de recurso e coletou néctar e pólen, por vezes, ambos
muitas vezes contínua ao longo do ano. As flores ofertam pólen e os recursos na mesma visita. Há relatos de que as operárias desta
néctar para os visitantes e a síndrome de polinização é a melitofilia. espécie raramente conseguem carregar grãos de pólen aderidos
Contudo, poucos trabalhos apresentam informações sobre seus ao corpo, por conta do pólen de Ludwigia ser grande e os grãos
visitantes florais/polinizadores [3, 4, 5]. ficarem unidos por fios de viscina [5].
O objetivo do presente trabalho foi realizar um levantamento Apenas oito espécies atuaram como polinizadoras das
dos visitantes florais de cinco espécies sintópicas de Ludwigia espécies de Ludwigia, sendo sete delas de abelhas e uma de
ocorrentes em área de ecótono Cerrado- Pantanal, investigando vespa. Apesar dessas espécies apresentarem tamanho compatível
sua atuação na polinização através do comportamento e os e comportamento que possibilita polinização, sua efetividade
recursos florais utilizados por estas espécies.
como polinizadores deve ser melhor investigada, uma vez
que esse tipo de pólen pode não ser transportado por algumas
Metodologia espécies devido à ausência de especialização. Moscas, besouros e
As observações foram realizadas entre abril de 2015 e
formigas atuaram exclusivamente como pilhadores de recursos.
março de 2016, em três lagoas localizadas em região de ecótono
Néctar foi o principal recurso coletado (81,5% das visitas),
Cerrado‑Pantanal, em Aquidauana, MS. As coletas foram
seguido de pólen (10%), sendo que 7% dos visitantes coletaram
realizadas entre as 07:00h e as 17:00h, com duração de quinze
néctar e pólen na mesma visita. Dois visitantes (Coleoptera)
minutos/planta. As espécies de Ludwigia estudadas foram:
consumiram tecidos florais durante a visita.
L. decurrens, L. lagunae, L. leptocarpa, L. nervosa e L. tomentosa.
A atuação do visitante floral na polinização foi avaliada através
de observações diretas, sendo considerado polinizador quando Conclusões
apresentou comportamento e tamanho adequados para contatar Abelhas, vespas, formigas, besouros e moscas visitam flores
anteras (receber pólen no corpo) e estigma(s) (depositar pólen) de espécies de Ludwigia para coleta de néctar e/ou pólen e para
durante a visita. Visitantes florais que obtiveram recurso sem herbivoria de tecidos florais. Abelhas consistem no principal
realizar tal comportamento foram considerados pilhadores. grupo de polinizadores dessas espécies.
Os invertebrados foram coletados com rede entomológica,
alfinetados e identificados. Agradecimentos
Agradecemos o auxílio de Crisley H. Simão, Augusto C. Rodrigues
Resultados e Discussão e Gabriela C. Gregório durante as coletas.
Ludwigia tomentosa foi a espécie visitada por maior
número de espécies (18) e indivíduos (37), seguida de L. lagunae Referências Bibliográficas
(9 espécies, 21 indivíduos). Ludwigia nervosa foi a que recebeu Souza VC, Lorenzi H. 2012. Botânica Sistemática: Guia Ilustrado para
[1]

menor número de visitas (1 espécie, 2 indivíduos). O número Identificação das Famílias de Fanerógamas Nativas e Exóticas no Brasil,
de visitas parece estar correlacionado com o número de flores Baseado em APG III. 3ed. Nova Odessa.
disponíveis em cada espécie. Zardini EM & Raven PH. 1992. A new section of Ludwigia (Onagraceae)
[2]

Foram registrados 130 visitantes florais, os quais estão with a key to the sections of the genus. Syst. Bot. 17: 481–485.
distribuídos em 27 espécies. Cinco grupos de insetos visitaram
Estes JR, Thorp RW. 1974. Pollination in Ludwigia peploides ssp.
[3]
as flores das espécies Ludwigia, sendo as abelhas o grupo mais Glabrescens (Onagraceae). Bull. Torrey Bot. Club. 101: 272-276
rico (19 spp.) e abundante (60 indivíduos). Vespas constituíram
o segundo grupo mais rico (3 spp., 3 indivíduos), seguido de
[4]
Sazima M, Santos JUM. 1982. Biologia floral e insetos visitantes de
moscas (2 spp., 38 indivíduos) e besouros (2 spp., 2 indivíduos). L. sericea (Onagraceae). Bol. Mus. Paraense Emilio Goeldi. 54:1-10.
Apenas uma espécie de formiga foi observada coletando recursos [5]
Gimenes M. 1997. Pollinatng bees and other visitors of Ludwigia
das espécies de Ludwigia (Solenopsis sp., com 27 indivíduos). elegans (Onagraceae) flowers at a tropical site in Brazil.

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DINÂMICA DE SECREÇÃO DE NÉCTAR E EFEITO DE


REMOÇÕES SUCESSIVAS NOS DISTINTOS TIPOS DE
NECTÁRIOS DE TOCOYENA FORMOSA (RUBIACEAE)

Pôster
Juliana V. Izquierdo1,4*, João V. Alcantara2,4, Eduardo Dal Farra2,4, Leandro Hachuy Filho2,4, Felipe W. Amorim3,4
1
Programa de Pós-Graduação em Botânica, Instituto de Biociências de Botucatu, Unesp (IBB/Unesp)
2
Graduação em Ciências Biológicas, IBB/Unesp
3
Departamento de Botânica, IBB/Unesp
4
Laboratório de Ecologia da Polinização e Interações (LEPI)
*july.izquierdo@gmail.com

Introdução
Nectários são glândulas especializadas na secreção de néctar botões florais em fase inicial de desenvolvimento. Por se tratar
presentes em diferentes órgãos vegetais e possuem diversas de um novo tipo de nectário ainda não descrito na literatura,
funções para sobrevivência e reprodução das plantas. Na família nós o denominamos de nectário pré-floral (NPréF). Os NPréF
Rubiaceae os nectários florais nupciais podem originar nectários produzem em média 1.67±1.08 µL de néctar com 65.5±2.12 % e
extraflorais com função extranupcial. Esses nectários se originam 1.43±0.86 mg de concentração e massa de açúcares, respectivamente.
após a queda da corola, tanto de flores não polinizadas, originando A presença dos NPréF permite o recrutamento de formigas
nectários pós-florais (NPósF), como em flores polinizadas, antes do início da floração, o que possivelmente deve ter um
originando os nectários pós-florais pericarpiais (NPP) [1]. Tais papel importante na proteção de folhas e botões florais contra a
nectários comumente atraem formigas, que podem conferir ação de herbívoros, e consequentemente ter um efeito positivo
proteção às plantas contra ação de herbívoros. Entretanto, a sobre a reprodução da espécie. Análises futuras nos permitirão
dinâmica de secreção de néctar e o efeito de sua remoção pelas quantificar o efeito da atração das formigas sobre a herbivoria
formigas, ainda é pouco conhecido. Assim, o objetivo do trabalho foliar de T. formosa.
foi testar se as interações entre nectários pós-florais e formigas Apenas os NPP1 apresentaram um pico de secreção do néctar
afetam o padrão de secreção do néctar em Tocoyena formosa (H=12.71, p=0.047), que ocorreu no final da tarde/início da noite.
(Rubiaceae), além de caracterizar a dinâmica de secreção do Nos demais tipos de nectários, incluindo os florais, a secreção de
néctar nos distintos tipos de nectários da espécie. néctar apresentou um único pulso, que permaneceu constante
ao logo do período de observação. A produção de néctar nos
Metodologia NPP3, por sua vez, foi bastante reduzida.
O estudo foi realizado em uma área de Cerrado no centro-
oeste paulista. A dinâmica de secreção do néctar e o efeito das Conclusões
remoções foram analisados durante um período de 24h em Um estudo prévio na mesma população de T. formosa sugere
intervalos de 2h, para os nectários florais (NF), e de 4h para os que formigas podem ser pouco efetivas na proteção dos frutos e
nectários NPósF e NPP. Os NPP foram divididos em três grupos sementes em desenvolvimento. Entretanto, a maior produção de
de acordo com a ontogenia de desenvolvimento dos frutos: néctar nos NPP1 pode estar relacionada com o período de maior
inicial (NPP1), intermediário (NPP2) e final (NPP3). As flores e vulnerabilidade dos frutos a ação de herbívoros, similarmente
nectários foram isolados com sacos de organza de náilon, e em ao observado em outra espécie de Rubiaceae [3] proximamente
cada intervalo o néctar foi removido com microcapilares de vidro relacionada a T. formosa.
e a concentração aferida com refratômetro manual. Os nectários
foram recobertos, permitindo assim o acúmulo do néctar até a Agradecimentos
próxima medição, na qual foi medido um novo conjunto de flores CNPq Processos: 484469/2013-4 e 131338/2015-3.
ou nectários. A resposta dos nectários às sucessivas remoções foi
avaliada através de múltiplas remoções experimentais seguindo Referências Bibliográficas
[1]
a metodologia de Galetto & Bernardello [2]. Del-Claro, K. et al 2013. Ants visiting the post-floral secretions of
Para entender a dinâmica de secreção do néctar e testar o pericarpial nectaries in Palicourea rigida (Rubiaceae) provide protection
efeito das remoções experimentais sobre a produção de açúcar against leaf herbivores but not against seed parasites. Sociobiology
60:217-221.
em cada grupo de nectários, nós analisamos as diferenças entre
os conjuntos de flores e nectários analisados através do teste de [2]
Galetto, L, Bernardello G. 2005. Rewards in flowers: Nectar. In: Dafni A
Kruskal-Wallis, seguido do teste a posteriori de Dunn. et al. Practical Pollination Biology. Enviroquest, Ltd. Cambridge, Ontario.
[3]
Falcão, JCF. et al 2014. Temporal variation in extrafloral nectar secretion
Resultados e Discussão in different ontogenic stages of the fruits of Alibertia verrucosa S. Moore
Além dos NF, NPósF e NPP, T. formosa também produz (Rubiaceae) in a Neotropical savanna. Journal of Plant Interactions,
um tipo especial de nectário derivado do aborto das corolas em 9(1):137-142.

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ANÁLISE PALINOLÓGICA DA GEOPRÓPOLIS DE


MELIPONA SUBNITIDA DUCKE (APIDAE, MELIPONINI),
NO MARANHÃO, BRASIL
Pôster

Rafael S. Pinto1*, Patricia Maia Correia Albuquerque1, Márcia Maria Corrêa Rêgo1
1
Laboratório de Estudos sobre Abelhas, Universidade Federal do Maranhão
*rafael_spinto@hotmail.com

Introdução
Abelhas formam a própolis a partir de uma série de substâncias Dos tipos polínicos observados, Clusia (Clusiaceae), Copaifera
resinosas, gomosas e balsâmicas coletadas de árvores, ao qual (Fabaceae) e Protium heptaphyllum (Burseraceae) pertencem a
adicionam cera, pólen e substâncias secretadas pelo seu metabolismo espécies que produzem resina. Clusia esteve presente em todas as
glandular [1]. Abelhas do gênero Melipona formam a geoprópolis amostras, sendo considerado pólen acessório e pólen dominante.
que é uma mistura de própolis com barro. P. heptaphyllum teve frequência apenas como polen isolado
Estudos têm identificado as espécies fornecedoras de resina e ocasional e não ocorreu na amostra Ms4. Copaifera ocorreu como
caracterizado a flora de origem da geoprópolis através da análise pólen isolado ocasional na amostra Ms1.
polínica. No estado do Maranhão recentemente foi realizado com Espécies de Clusia apresentam resina floral, isso significa
que a espécie é muito visitada para coleta de resina durante
a espécie Melipona fasciculata [2].
seu período de floração. Protium heptaphyllum e Copaifera
Este trabalho teve como objetivo identificar os tipos polínicos
apresentam resina no caule que pode ser coletado pela abelha
que ocorrem na geoprópolis de Melipona subnitida, sobretudo
em época que a planta não está em floração, e assim, podem ter
os das espécies vegetais fornecedoras de resina. Esta abelha sem maior representatividade na oferta de resina para M. subnitida.
ferrão tem ocorrência apenas na região Nordeste do Brasil [3], e
no Maranhão está distribuída no litoral oriental [4]. Conclusões
A análise da geoprópolis de Melipona subnitida mostrou
Metodologia a ocorrência de pólens de espécies poliníferas, nectaríferas e
Amostras de geoprópolis foram retiradas de quatro colônias anemófilas que ocorreram como contaminantes das amostras,
de Melipona subnitida (Ms1, Ms2, Ms3, Ms4) localizadas em mas caracterizam a flora regional. Pelo menos Clusia, Copaifera
um meliponário no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, e P. heptaphyllum são importantes fontes de resina para formar
Barreirinhas, MA. sua geoprópolis.
Como as amostras da geoprópolis possuíam pouca quantidade
de barro, elas foram preparadas seguindo protocolo para análise Agradecimentos
de pólen na própolis [5]. Depois as amostras foram submetidas Ao Programa Capes pela bolsa de mestrado e à FAPEMA pelo
ao método de acetólise de Erdtman [6]. financiamento do projeto.
Os grãos de pólen foram observados em microscópio óptico,
fazendo-se a contagem de pelo menos 300 grãos por amostra. Referências Bibliográficas
[1]
Ghisalberti EL. 1979. Propolis: a review. Bee World 60: 59-83.
Os tipos polínicos foram classificados nas seguintes classes de
ocorrência [7]: Pólen Dominante (>45%), Pólen Acessório (15 a 45%),
[2]
Barros MHMR et al. Pollen analysis of geopropolis of Melipona
Pólen Isolado Importante (3 a 15%) e Pólen Isolado Ocasional (<3). (Melikerria) fasciculata Smith, 1854 (Meliponini, Apidae, Hymenoptera)
in areas of Restinga, Cerrado and flooded fields in the state of Maranhão,
Brazil. Grana 52: 81–92.
Resultados e Discussão
Camargo JMF, Pedro SRM. 2013. Meliponini Lepeletier, 1836. In Moure
[3]
A geoprópolis de Melipona subnitida apresentou uma
JS et al. Catalogue of Bees (Hymenoptera, Apoidea) in the Neotropical
consistência bem resinosa, mas também presença de materiais Region - online version. Disponível em: http://www.moure.cria.org.
arenosos. O espectro de polens encontrados nas amostras abrangeu br/catalogue
um total de 28 tipos polínicos, distribuídos em 19 famílias botânicas, [4]
Rego MMC, Albuquerque PMC. 2006. Redescoberta de Melipona
e ainda 2 tipos não identificados. Dezoito tipos ocorreram nas subnitida Ducke (Hymenoptera: Apidae) nas Restingas do Parque
amostras com frequência inferior a 3%, enquadrando-os em Nacional dos Lençóis Maranhenses, Barreirinhas, MA. Neotropical
polens isolados ocasionais. Entomology 35: 416-417.
Espécies poliníferas como Mimosa misera, Chaemacrista [5]
Barth OM. 1998. Pollen analysis of Brazilian propolis. Grana 37: 97-101.
ramosa, Pterocarpus (Fabaceae), Myrcia/Eugenia (Myrtaceae)
Mouriri guianensis e Comolia/Tibouchina (Melastomataceae) Erdtman G. 1960. The acetolized method. A revised description. Svensk
[6]

Botanisk Tidskrift 54: 561-564.


foram encontradas em algumas amostras como polens isolados
importantes. Espécies de Fabaceae, Melastomataceae e Myrtaceae são Louveaux J et al. 1978. Methods of melissopalynology. Bee World
[7]

comumente amostradas como fontes de polens para Melipona [8, 9], e 59: 139-157.
como sugerido por Barth [5], registros desses polens na geoprópolis Ramalho M et al. 1989. Utilization of floral resources by species of
[8]

pode ter sido por contaminação no interior da colônia ou por Melipona (Apidae, Meliponinae): floral preferences. Apidologie 20: 185-195.
estarem aderidos ao corpo das abelhas durante a coleta da resina [09]
Pinto RS et al. 2014. Pollen analysis of food pots stored by Melipona
vegetal. Outros pólens que podem ter ocorrido por contaminação subnitida Ducke (Hymenoptera: Apidae) in a Restinga area. Sociobiology
pertencem a espécies consideradas nectaríferas e anemófilas. 61: 461-469.

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EFEITO DO AUMENTO DE N E P NO SOLO NA TAXA


DE VISITAÇÃO FLORAL DE ESPÉCIES FREQUENTES EM
CERRADO SENSU STRICTO

Pôster
Williane A. Ferreira1*, Thiago R. B. Melo, Mercedes M. C. Bustamante, Luisa G. Carvalheiro
Universidade de Brasília, Departamento de Ecologia
1

*willidez@hotmail.com

Introdução
A vasta maioria das plantas depende de polinizadores para P e NP e D. caperonioides que foi beneficiada por P. A expectativa
a sua reprodução. O declínio dos polinizadores é causado em inicial era que mais flores poderiam ocasionar um aumento na
grande parte pela expansão e intensificação (e.g. aumento de uso visitação [7]. Apesar do efeito negativo na densidade de flores, a
de fertilizantes) da agricultura [1]. O Cerrado é o segundo maior taxa de visitação aumentou nos tratamentos N (P. mediterranea,
bioma brasileiro e possui uma grande riqueza em diversidade de C. goyazensis), P (P. mediterranea, C. goyazensis, Dalechampia
espécies [2]. Este bioma é considerado uma fronteira agrícola e sua caperonioides e Diplusodon) e NP (P. mediterrânea). O inverso
flora é extremamente suscetível ao aumento da disponibilidade foi encontrado para S. poaya, onde todos diminuíram as taxas de
de nutrientes no solo [3], podendo os impactos na composição visitação. O efeito na taxa de visitação pode estar relacionado com
florística serem propagados também aos polinizadores [4]. Apesar alterações nas propriedades do néctar, como sua disponibilidade
da influência da eutrofização nas comunidades vegetais ser e composição (e.g. maior conteúdo de aminoácidos essenciais) [8].
amplamente reconhecida e estudada, ainda não é claro quão
generalizados são estes efeitos e se tais alterações perturbam Conclusões
ou não as redes de polinização de espécies nativas e a provisão Os resultados sugerem que o enriquecimento do solo com N
de serviços de polinização. O objetivo desse estudo é avaliar o e P interfere em características florais importantes para a atração
efeito da eutrofização no solo sobre a disponibilidade de flores dos polinizadores. Para determinadas espécies, os resultados
de um cerrado sensu stricto, e se tais efeitos influenciam a taxa refutam a expectativa inicial de que mais flores poderiam ocasionar
de visitação por polinizadores. um aumento na visitação, mas corroboram com a ideia de que
o excesso de nutrientes levaria a um aumento da qualidade dos
Metodologia recursos florais.
O estudo foi realizado numa área de Cerrado sensu stricto da
Reserva Ecológica do IBGE, Distrito Federal, Brasil, fazendo uso Agradecimentos
de um experimento de fertilização de longo curso [5], que consiste Agradecemos ao CNPQ pelo financiamento e ao IBGE pelo
em quatro tratamentos aplicados a 16 parcelas de 15m2 (quatro apoio à pesquisa. Também a toda a equipe do laboratório de
parcelas por tratamento) – adição de nitrogênio (N), fósforo (P), Ecossistemas da Universidade de Brasília.
nitrogênio e fósforo (NP) e controle, sem nenhuma adição de
nutrientes (C). A coleta dos dados foi realizada em três épocas Referências Bibliográficas
distintas - dezembro de 2015, abril e agosto de 2016. Em cada Potts SG et al. 2010. Global pollinator declines: trends, impacts and
[1]

parcela a densidade de flores foi estimada com base em 36 amostras drivers. Trends EcolEvol. 25:345-53.
de 0,5m2 (quatro amostras por cada subparcela de 5 x 5m). Para Nobre CA et al. 2009. Mudanças climáticas e possíveis alterações nos
[2]

analisar visitação floral, foram escolhidas cinco espécies de plantas biomas da América do Sul. Relatório N°6
que estavam presentes em três ou mais tratamentos e em estágio Bustamante MMC et al. 2012. Effects of nutrient additions on plant
[3]

reprodutivo - Croton goyazensis (Euphorbiaceae), Spermacoce cf. biomass and diversity of the herbaceous-subshrub layer of a Brazilian
poaya (Rubiaceae), Dalechampia caperonioides (Euphorbiaceae), savannah (Cerrado).Plant Ecology, 213, 795-808.
Diplusodon sp. (Lythraceae) e Periandra mediterranea (Fabaceae).
Carvalheiro LG et al. 2008. Pollinator networks, alien species and the
[4]
As espécies selecionadas foram observadas durante 10 minutos, conservation of rare plants: Trinia glauca as a case study. Journal of
no período da manhã e da tarde. Foi considerada visita o contato Applied Ecology, 45,1419-1427.
entre o inseto e as partes reprodutivas da planta. Para análises
Bobbink R et al. 2010. Global assessment of nitrogen deposition effects
[5]
estatísticas foi utilizado o programa R.
on terrestrial plant diversity: a synthesis. Ecological Applications 20:30–59.

Resultados e Discussão Zanine AM et al. 2004. Competition among species of plants – a review.
[6]

Revista da FZVA. Uruguaiana, v.11, n.1, p. 10-30.


Para a maioria das espécies selecionadas a densidade de flores foi
menor em parcelas submetidas à aplicação de nutrientes (N, P e NP). Carvalheiro LG et al. 2014. Indirect effects between co-flowering plants
[7]

Uma vez que estas espécies se encontram bem adaptadas a solos via shared pollinators depend on resource abundance, accessibility and
distróficos, tais efeitos negativos aqui encontrados poderão ser relatedness. Ecology Letters, 17: 1389–139
devido a uma perda de vantagem competitiva [6]. A exceção foi [8]
Hoover  SER et al. 2012.  Warming, CO2, and nitrogen deposition
S. poaya que apesar de ser prejudicada por N, foi beneficiada por interactively affect a plant-pollinator mutualism. Ecol Lett 15: 227–234

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EFFECTS OF SOIL EUTROPHICATION ON PLANT’S


FLOWER RESOURCES AND POLLINATORS IN BRAZILIAN
SAVANNAS (CERRADO)
Pôster

Thiago R.B. de Mello*¹, Luísa G. Carvalheiro¹, Mercedes M.C. Bustamante¹


1
Departamento de Ecologia, Universidade de Brasília
*-thiagorbm@gmail.com.

Introduction
Changes in biogeochemical cycles, e.g. nitrogen (N) and while N fixing plants had significantly more flowers in Ca, NP
phosphorus (P), are among humanity’s main impacts to and P treatments than in Control. Analyses of flower visitation
the environment [1]. These elements are commonly used as patterns are still in progress.
fertilizers and are both regarded as major drivers of ecosystem
changes [2]. Although calcium (Ca), generally used along with N Conclusions
and P to correct the soil’s pH, also has potential to affect plant The present study suggests that nutrient additions have
communities [3], and is much less studied. Eutrophication’s effects significant impacts on plant’s investment in reproduction in a
on plant communities include changes on plant’s investment on Brazilian Savanna. As such effects are dependent on plants ability
reproduction: both flower production and the quality of resources to fix nitrogen, the effects will not only cause changes in overall
offered to pollinators [4], potentially affecting flower visitation flower resource provision, but also will lead to changes in the
rates [5] and reproductive success. The impacts on plants could composition of flower resource assemblages in this biodiversity
be mediated by its functional characteristics, such as association hotspot. These changes have the potential to strongly affect
with nitrogen fixing bacteria [6]. visitation patterns. Moreover, a generally neglected (althought
heavly used) nutrient, Ca, may have even stronger effects than
Metodology N and P in this investment. Overall, this work highlights the
The work was carried out in an area of Savanic vegetation potential for propagation of impacts of eutrophication to higher
(cerrado típico) at the IBGE’s Ecological Reserve, in Brasilia-DF, trophic levels (pollinators) and provides further evidence of the
Brazil, in 20 plots from a long-term (1998 to 2006) nutrient addition importance of considering plant’s functional attributes when
experiment with 5 treatments (4 plots per treatment): N, P, N+P, evaluating eutrophication’s impacts on terrestrial ecosystems.
Ca, and Control plots. To evaluate eutrophication’s effect on the
flower production, in each survey event, 36 0.5x0.5m quadrats Acknowledgments
were selected inside each plot following a stratified allocation We thank CAPES and CNPq for funding; IBGE’s Ecological
procedure. All the floral units inside each quadrat were counted. Reserve staff for logistic support, and Williane Ferreira, Patryck
Visitation data were obtained by counting (and collecting) the Ramos and Wesley Rocha for help during field work.
insects touching floral units’ reproductive organs. The sampling
was repeated during seasons with different flowering intensities: Referências Bibliográficas
1) low: December 2015, 2) medium: May 2016 and 3) high: June Steffen W et al. 2015. The trajectory of the Anthropocene: the great
[1]

acceleration. The Anthropocene Review, 2(1), 81-98.


2016. GLMM models (with Poisson distribution) were used
to assess the effects of eutrophication (i.e. treatment) on plant Bustamante MMC et al. 2012. Effects of nutrient additions on plant
[2]

flower abundance and visitation frequency. Symbiosis with N biomass and diversity of the herbaceous-subshrub layer of a Brazilian
fixing bacteria (hereafter: “N fixing plants”), and the interaction savanna (Cerrado). Plant Ecology, 213(5), 795-808.
of this variable with treatment, were considered fixed terms in Jacobson TKB. 2009. Composição, estrutura e funcionamento de um
[3]

the model. The random structure of the model included plant cerrado sentido restrito submetido à adição de nutrientes em médio
species and survey within plot. prazo. PhD thesis (UnB).
Burkle LA, Irwin RE. 2009. The effects of nutrient addition on floral
[4]

Results & Discussion characters and pollination in two subalpine plants, Ipomopsis aggregata
The preliminary data shows that the treatments Ca, P and NP and Linum lewisii. Plant Ecology, 203(1), 83-98.
led to opposite effects on fixing and non-fixing plants. Ca, and Carvalheiro LG et al. 2014. The potential for indirect effects between co-
[5]

NP treatments had a significant negative effect on “non-fixing” flowering plants via shared pollinators depends on resource abundance,
plants, with Ca having the strongest impact. On the other hand, accessibility and relatedness. Ecology letters, 17(11), 1389-1399.
NP, P and Ca appeared to have positive effects on N fixing plants [6]
Batterman SA et al. 2013. Nitrogen and phosphorus interact to
(Ca being, again, the treatment with strongest effect). Non-fixing control tropical symbiotic N2 fixation: a test in Inga punctata. Journal
plants tended to have less flowers on all treatments than in control; of Ecology, 101(6), 1400-1408.

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ATRIBUTOS DE GRÃOS DE PÓLEN DE CAESALPINIA


ECHINATA LAM. (PAU-BRASIL), LEGUMINOSAE, EM
ECOSSISTEMA URBANO - RECIFE

Pôster
Willams Costa de Oliveira1,*, Oswaldo Cruz Neto2, Ariadna Valentina Lopes3
1
Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas-UFPE
2
Pós-Doutorando, Departamento de Botânica-UFPE
3
Professor Associado, Departamento de Botânica-UFPE
*Email: willams-costa@hotmail.com

Introdução
Muitas espécies da família Leguminosae são encontradas óvulos. A razão pólen-óvulo média em área urbana foi então de
em espaços verdes urbanos. Um exemplo é Caesalpinia echinata 6.008,75 grãos/óvulo, valor similar ao registrado por Borges et al. [6]
Lam. (Caesalpinoideae), pau-brasil, espécie nativa da floresta para indivíduos ocorrentes em remanescente natural (média
Atlântica brasileira, ameaçada de extinção [1]. A utilização do de 5631,2 grãos/óvulo). Verificamos alta viabilidade polínica
pau-brasil na arborização de cidades, mesmo aquelas fora de para flores da espécie ocorrente em área urbana (98% dos grãos
sua área de ocorrência natural, pode ser uma das maneiras de estavam viáveis), situação também semelhante ao encontrado
conservação ex situ da espécie [2]. Em Pernambuco a espécie é por para indivíduos ocorrentes em remanescente de floresta
utilizada em ornamentação de vias públicas, praças e parques [3]. Atlântica, 95,9% de grãos viáveis [6].
Estudos mostram que a urbanização, com a consequente poluição
podem afetar estruturas vegetativas e reprodutivas de plantas, Conclusões
reduzindo, por exemplo, o tamanho das flores, a quantidade e Apesar de alguns estudos revelarem que a urbanização/
a viabilidade de grãos de pólen [e.g., 4, 5]. Dois componentes poluição pode causar efeitos negativos sobre a quantidade e
fundamentais na polinização são a quantidade e a qualidade do viabilidade de grãos de pólen de algumas espécies de plantas,
pólen. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a quantidade verificamos que a urbanização não influenciou negativamente
de grãos de pólen por flor e a viabilidade polínica de indivíduos nem a quantidade nem a viabilidade dos grãos de pólen de
de Caesalpinia echinata Lam. encontrados em ecossistema urbano C. echinata. Em se tratando de uma espécie ameaçada de
e comparar com dados existentes para área natural [cf. 6]. extinção [1] e com forte mecanismo de autoincompatibilidade
genética, que depende de vetores de pólen, abelhas no caso
Metodologia para sua reprodução [6], estes achados são bastante relevantes,
O estudo foi conduzido com indivíduos localizados no reforçando que indivíduos localizados em área urbana podem
Parque da Jaqueira e na Avenida Agamenon Magalhães, ambos contribuir com o fluxo polínico entre espaços verdes urbanos e
localizados em Recife – Pernambuco. Foram analisados grãos entre estes e áreas naturais próximas, contribuindo assim para
de pólen de 20 botões florais em pré-antese e sem danos por a conservação ex situ da espécie.
herbívoros coletados em ecossistema urbano e fixados em etanol
70%, sendo 10 analisados quanto à quantidade de grãos de pólen Agradecimentos
por antera e por flor e 10 quanto à viabilidade polínica. Para Agradecemos ao CNPq e a CAPES pelo apoio financeiro através
contagem, os grãos de duas anteras por botão foram esvaziados de bolsas de estudo/pesquisa: PIBIC/CNPq/UFPE para W.C.O,
com estilete em 10 lâminas histológicas, sob estereomicroscópio. PNPD/CAPES para O.C.N. e Produtividade em Pesquisa-PQ/
A contagem foi realizada em microscópio óptico. O número CNPq para A.V.L.
de grãos foi multiplicado por cinco uma vez que cada flor tem
10 anteras, obtendo-se o número de grãos de pólen por flor/botão. Referências Bibliográficas
O número de óvulos desses mesmos botões foram contados e IUCN 2014. IUCN Red List of Threatened Species. Versão 2014.1.
[1]

foi calculada, então, a razão pólen-óvulo por flor [sensu 7]. Para Disponível em <http://www.iucnredlist.org>. Acesso em: 22/02/2016
avaliação da viabilidade polínica, os grãos de pólen de 10 botões
Rocha YT, Barbedo ASC. 2008 Pau-Brasil (Caesalpinia echinata Lam.,
[2]
foram colocados respectivamente em 10 lâminas histológicas e Leguminosae) na arborização urbana de São Paulo (SP), Rio de Janeiro
foram corados com carmim acético 2% para análise quanto à (RJ) e Recife (PE).
coloração do citoplasma, indicativa da presença de conteúdo
Oliveira MTP. Estratégias reprodutivas de espécies de Leguminosae em
[3]
citoplasmático e, portanto, de viabilidade [sensu 8].
praças do Recife - PE. 2011. Trabalho de conclusão de curso - Universidade
Federal de Pernambuco, Pernambuco.
Resultados e Discussão
O número médio de grãos de pólen por antera e por flor de Wolters JHB, MARTENS MJM. 1987. Effects of air pollutants on pollen.
[4]

ecossistema urbano foi de 1225,5 e 11.000, respectivamente. Estes The Botanical Review, 53:372-414.
números não diferiram dos registrados por Borges et al. [6] que Ushimaru S et al. 2014. Does urbanization promote floral diversification?
[5]

encontraram uma média de 1126,2 grãos por antera e 11262,5 grãos Implications from changes in herkogamy with pollinator availability in
de pólen por flor para um total de 113 flores de indivíduos an urban-rural area. The American Naturalist 184: 258-267.
de C. echinata ocorrentes em ecossistema natural na Estação [6]
Borges LAAP et al. 2009. Phenology, pollination and
Ecológica do Tapacurá – São Lourenço da Mata, Pernambuco. breeding system of the threatened tree Caesalpinia echinata
Com relação ao número de óvulos por flor em área urbana, Lam. (Fabaceae), and a review of studies. Flora, 204:111-130
verificamos a ocorrência de 1-2 óvulos por ovário. Nove dos [7]
Cruden RW. 1977 Pollen-ovule ratios: a conservative indicator of
10 ovários apresentaram dois óvulos e um apresentou apenas breeding systems in flowering plants. Evolution, 31: 32–46.
um óvulo. Borges et al. [6] verificaram a ocorrência de 1-4 óvulos Radford AE et al. 1974. Vascular plant systematics. Vascular plant
[8]

por ovário com 61,9% dos ovários apresentando um total de dois systematics. New York: New York Harper & How Publishers. p. 211-236.

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VERTEBRATE FLORIVORY DECREASES FRUIT SET IN


ECHINOPSIS RHODOTRICHA (CACTACEAE)
Vanessa G. N. Gomes1*, Andrea C. Araujo1
Pôster

1
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
* vnobrega.gomes@gmail.com

Introduction
Echinopsis rhodotricha K. Schum. is a short-columnar cactus
that produces large, hermaphrodite, white colored and funnel-
shaped flowers, with prolonged anthesis [1]. In the Brazilian
Chaco, E. rhodotricha produces many flowers but few fruits, a
phenomenon also observed in other native cacti species. This fact is
normally associated with low local abundance of pollinators, low
visitation rates of pollinators, inefficient behavior of pollinators
in transferring pollen, pollen limitation, inbreeding depression
and/ or florivory [2,3]. Florivory is the consumption of floral
structures by animals, which can negatively affect reproductive
success of the plants [4]. Usually, invertebrate florivory causes
little damage on flower tissues when compared to vertebrate
florivory, which often eliminates the entire inflorescence or
flowers [5]. We report flower consumption of E. rhodotricha by
vertebrate florivores. In order to evaluate the effects of florivory
on the reproductive success of E. rhodotricha, we quantified and
compared fruit set between damaged and undamaged flowers
Figure 1. Florivory records by Mazama americana (A-B) and Pecari tajacu
in a natural population of this cactus. (C-D) on flowers of E. rhodotricha.
Methodology
We carried out monthly phenological monitoring of frequency of visits and ineffective pollinators can also account
E. rhodotricha from October 2014 to March 2015, and October for these results [6].
2015 to March 2016 at São Fernando Farm, Brazilian Chaco.
We concentrated the sampling of florivory in months of flowering Conclusions
peaks. Buds and flowers produced by each individual were Our results suggest that vertebrate florivory, could have
counted, and the flowers were classified as: undamaged, partially negative impacts on the reproductive success of E. rhodotricha.
damaged (reproductive organs still present) and damaged However, further studies combining observations of pollination
flowers (reproductive organs totally consumed). The percentage and florivory should be addressed to better investigate the factors
of consumed flowers was calculated per plant to estimate the that influence the reproductive performance of this species,
intensity of florivory. Consumed flowers were bagged in order such as hand-pollination (quantifying fruit set limitations) and
to evaluate fruit set and to assess the effects of florivory on the exclusion florivore experiments. We highlight that these records
reproductive success. Fruit set under natural conditions were expand our knowledge about florivory in the cactus family, which
also evaluated. We used two camera traps, totaling 96 h of included mostly invertebrates.
sampling time of florivores visits. Observations of florivores were
carried out on three nonconsecutive days from 20:00 to 11:00h, Acknowledgments
in January/2016, covering the whole period of anthesis. Thanks to Rufford Foundation (RSG 18851-1) for financial support
and Capes for the scholarship to VGNG.
Results and Discussion
In January 2015 we recorded, 36% of damaged flowers, References
whereas in January 2016, 38% of flowers were consumed in the Gomes VGN, Araujo AC. 2015. Cacti species from the Brazilian Chaco:
[1]

floral and fruit traits. Gaia Scientia 9: 1-8.


studied population. Camera traps recorded Mazama americana
(n= 9 records) and Pecari tajacu (n= 3 records) feeding on Dar S et al. 2006. Diurnal and nocturnal pollination of Marginatocereus
[2]

E. rhodotricha flowers on multiple occasions (Fig. 1). Both florivores marginatus (Pachycereeae: Cactaceae) in central Mexico. Annals of
bite the flowers at the base of the floral tube and, despite ovaries Botany 97: 423-427.
being protected by thorns and remaining intact in the flower Mandujano MC et al. 2013. Reproductive ecology of Opuntia macrocentra
[3]

base, no fruits developed in these damaged flowers (n= 39; fruit (Cactaceae) in the Northern Chihuahuan Desert. The American Midland
set= 0). On the other hand, fruit set in natural conditions was Naturalist, 169: 274-285.
33% (n= 18; fruit set= 6). Florivores decrease fitness by destroying McCall AC, Irwin RE. 2006. Florivory: The intersection of pollination
[4]

reproductive parts of the flower and discouraging pollinator and herbivory. Ecology Letters 9: 1351-1365.
visitation [3]. In natural conditions, E. rhodotricha presents low Fletcher JD et al. 2001. Wildlife herbivory and rare plants: the effects of
[5]

fruit productivity (~30%), what could be associated with intense white-tailed deer, rodents, and insects on growth and survival of Turk’s
and frequent activity of florivores. Florivory caused by vertebrates cap lily. Biological Conservation 101: 229-238.
on flowers meant a substantial decrease in reproductive success, Ortega-Baes P, Gorostiague P. 2013. Extremely reduced sexual
[6]

as approximately 40% of their reproductive structures were reproduction in the clonal cactus Echinopsis thelegona. Plant Systematics
completely destroyed [5]. However, other factors such as low and Evolution, 299: 785-791.

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SISTEMA DE POLINIZAÇÃO DE EDMUNDOA LINDEI


(BROMELIACEAE) EM MATA ATLÂNTICA MONTANA
Roberta L. B. Leal¹*(aluno), Leandro Freitas¹(orientador)

Pôster
1
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
*robertaluisabl9@gmail.com*

Introdução
A maioria das espécies de Bromeliaceae se encaixa na funcionais de visitantes florais foram beija-flores e abelhas
síndrome de ornitofilia, seguidas de outros sistemas também de grande porte – polinizadores com eficácia equivalente – e
especializados (Smith e Downs1974). Bromélias com sistema de abelhas pequenas, da tribo Meliponini – pilhadores de pólen.
polinização mais generalista são bem menos frequentes e pouco A frequência de visitas variou entre os grupos funcionais,
estudadas em relação à efetividade dos diferentes polinizadores. sendo a maioria das visitas por abelhas pequenas, seguidas
Edmundoa lindenii é um exemplo nesse sentido, sendo visitada pelos beija-flores em 2016. No ano anterior, a predominância
por abelhas e beija-flores em área de Mata Atlântica montana. de visitas foi de abelhas grandes do gênero Bombus, seguidas
por beija-flores. Sistemas envolvendo beija-flores e abelhas, que
Metodologia no caso de E. lindenii tiveram eficácia equivalente, constituem
O estudo foi realizado em uma área do Parque Nacional da o tipo mais comum dentre os sistemas mistos de polinização
Serra dos Órgãos (PARNASO) entre 900 e 1200 m de altitude, em Bromeliaceae (Wolowski e Freitas 2015). Entre as abelhas
no município de Teresópolis. A coleta de dados foi feita ao visitantes de E. lindenii, espécies do gênero Bombus foram
longo do evento reprodutivo de 2015-2016, com amostragem de muito frequentes na floração de 2015, e possuem características
indivíduos ao longo de trilhas próximas ao Centro de Visitantes (e.g., comportamento,morfologia) que devem resultar em visitas
do Parque, em altitudes próximas a 1100 m. O período de floração eficazes nesta espécie. Em 2016, as diferenças de composição dos
foi acompanhado e registrado entre dezembro de 2015 e fevereiro visitantes florais incluiu a ausência de abelhas Bombus, de modo
de 2016. A análise das flores foi realizada analisando as seguintes que beija-flores foram bem mais efetivos que abelhas neste ano.
características: dimensão, período e duração da antese, produção Se tal variação temporal é recorrente, é esperado em longo prazo
de néctar, e espectro de refletância. O volume e a concentração do que a seleção de atributos florais de E. lindenii seja dirigida em
néctar foram medidos entre 10:00 e 12:00h. O sistema reprodutivo relação aos beija-flores.
foi avaliado através de testes controlados de polinização manual:
autopolinização espontânea; suplementação com autopólen;
suplementação com pólen cruzado e condições naturais. A eficácia
Conclusões
A grande diferença na composição e frequência de visitantes
de cada grupo funcional, dada pela fecundidade após uma
entre um ano e outro, indica que a população de E. lindenii
visita a flor previamente ensacada, está sendo avaliada através
no PARNASO possa estar submetida a variação interanual
do número médio de sementes produzidas por fruto, no qual,
apenas sementes viáveis são consideradas na contagem. Os frutos na composição e frequência dos polinizadores, o que pode
coletados em campo foram processados em laboratório, tendo sido funcionar como força seletiva para manutenção de atributos
feita a contagem de sementes por fruto e testes de germinação. Os florais relacionados a diferentes grupos polinizadores.
visitantes florais foram avaliados quanto a sua eficácia e quanto à
frequência de visitas, através de observações focais com duração Agradecimentos
de 30 min. Ao todo foram realizadas 39h30min de observações. A CAPES, pela concessão de bolsa de iniciação científica e
auxílios financeiros para o desenvolvimento dessa pesquisa.
Resultados e Discussão Agradeço ainda ao meu orientador Leandro Freitas e a todos do
Edmundoa lindenii floresceu entre dezembro de 2015 e fevereiro laboratório, em especial à doutoranda Marina Muniz, por toda
de 2016. Suas flores são brancas, tubulares e apresentaram antese ajuda durante a pesquisa.
diurna (Fig. 1). Néctar (volume: 35,1 ± 20,7 µL; concentração:
23,6 ± 8,2%) e pólen constituem os recursos florais obtidos pelos Referências Bibliográficas
visitantes. Os resultados parciais de cruzamentos manuais indicam SMITH L.B., DOWNS R.J. 1974. Bromeliaceae (Pitcairnioideae). Flora
presença de autoincompatibilidade (quantidade de sementes Neotropica Monograph 14:1-662.
por fruto após autocruzamentos atingiu ca. 8% da produção em WOLOWSKI, M., FREITAS L. 2015. An overview on pollination of the
condições naturais) e ausência de limitação polínica. Os grupos Neotropical Poales. Rodriguésia 66: 329-336.

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VISITANTES FLORAIS DE PAPILIONOIDEAE (FABACEAE)


NO PANTANAL SUL-MATO-GROSSENSE
Gabriela C. Gregório1*, Camila Aoki1
Pôster

1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS-CPAQ)
*gabrielacanellagregorio@gmail.com

Introdução
As espécies de Papilionoideae possuem flores com quilha, como os principais e mais eficientes polinizadores na maioria das
características que restringem os grupos de visitantes por formações vegetais tropicais, incluindo as do Brasil.
dificultar o acesso ao recurso floral. Esta é uma subfamília Seis das 13 espécies de Papilionoideae receberam visitas.
expressiva em termos de riqueza, sendo representada por mais Arachis sp. destacou-se pelo número de visitas (8 ind.) e número
de 440 gêneros e 12.000 espécies, distribuídas desde florestas de espécies de visitantes (6 spp.), sendo que a maioria resultou
úmidas até desertos [1]. Em flores papilionáceas, a liberação das em pilhagem de recurso. Aeschynomene sensitiva foi visitada
estruturas sexuais (estigma e anteras) da quilha é resultado do por cinco indivíduos de cinco espécies diferentes, sendo que a
posicionamento adequado do visitante floral, que precisa ter força maioria atuou como polinizador.
e habilidade para pressionar o estandarte e forçar para baixo as A maioria das plantas necessita de vetores que transportem
alas e as pétalas da quilha para acessar a câmara nectarífera [2]. pólen entre as flores da mesma espécie. Diversas características
O objetivo do presente trabalho foi realizar um levantamento florais ajudam a promover a segregação de espécies de visitantes
de visitantes florais de Papilionoideae em região Pantanal, e florais entre as espécies de plantas, que incluem a cor da flor,
investigar o papel desses visitantes da polinização das espécies. sua forma, a composição do néctar e do pólen e odores florais,
assim, animais responderão a estas características de modos
Metodologia diversos [3]. Dentre os cinco grupos coletados, o grupo das abelhas
O estudo foi desenvolvido em Aquidauana, início da planície foi o único que efetuou polinização, com destaque para Trigona
pantaneira sul-mato-grossense. As coletas foram realizadas cf. fuscipennis, que atuou como polinizadora de três espécies de
entre dezembro de 2014 e julho de 2015. Foram selecionadas Papilionoideae. Besouros, borboletas, formigas e moscas atuaram
espécies de Papilionoideae de acordo com a disponibilidade apenas como pilhadores, pousando nas pétalas das Papilionoideae,
de flores e abundância local. As plantas foram caracterizadas mas sem promover o deslocamento da quilha, não contatando
quanto aos seus atributos florais e monitoradas quanto aos as estruturas sexuais. Isso pode ocorrer por diversos motivos:
seus visitantes por um período de 10 minutos por planta, entre incompatibilidade de tamanhos, comportamento inadequado
as 07:00h e as 17:00h, totalizando 840 minutos de amostragem. ou mesmo força insuficiente para abaixar a quilha.
A atuação do visitante floral na polinização foi avaliada através
de observação do comportamento de visita às flores. O visitante Conclusões
foi considerado polinizador quando apresentou comportamento As espécies de Papilionoideae amostradas possuem diversas
e tamanho adequados para contatar anteras (receber pólen no características associadas à síndrome de melitofilia, abelhas
corpo) e estigma(s) (depositar pólen) durante a visita. Visitantes foram os únicos visitantes a promover a polinização. Besouros,
florais que obtiveram recurso sem realizar polinização foram borboletas, formigas e moscas atuaram apenas como pilhadores
considerados pilhadores.
Agradecimentos
Resultados e Discussão Agradecemos à Arnildo Pott e Vali Pott pelo auxílio na identificação
Foram amostradas 13 espécies de Papilionoideae, Desmodium das plantas. A primeira autora agradece ao CNPq pela bolsa de
cf. incanum e Arachis sp. foram as espécies mais abundantes, com Iniciação Científica concedida.
16 e 15 indivíduos amostrados, respectivamente. Camptosema
ellipticum e Desmodium sp. apresentaram apenas um indivíduo. Referências Bibliográficas
As espécies de Papilionoideae amostradas são caracterizadas Polhill RM. 1981. Papilionoideae. In Polhill RM, Raven PH. Advances
[1]

por apresentar predominantemente cores amarelas (38,5%) e in legume systematics. Royal Botanic Gardens, Kew.
rosas (30,8%), odor imperceptível (76,9%), diâmetro (84,6%) e Westerkamp C. 1997. Keel blossoms: bee flowers with adaptations
[2]

comprimento (92,3%) pequenos (<menor que 10 mm) against bees. Flora 192:125-132.
Foram registrados 24 indivíduos de 16 espécies de visitantes Blüthgen N. 2012. Interação plantas-animais e a importância funcional
[3]

florais, os quais estão incluídos em cinco grupos. Os grupos mais da biodiversidade. In Del-Claro K, Torezan-Silingardi HM. Ecologia das
ricos e abundantes foram as abelhas (8 espécies e 13 indivíduos) interações plantas-animais: uma abordagem ecológico-evolutiva. Rio de
e formigas (3 espécies e 5 indivíduos). Abelhas são reconhecidas Janeiro: Technical Books.

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BIOLOGIA FLORAL DE QUATRO CULTIVARES DE


MARACUJÁ AZEDO CULTIVADOS NO SUL DO
TOCANTINS

Pôster
João H. S. Luz1, Paulo H. Tschoeke1*, Eugenio E. Oliveira2, Marcela C. A. C. Silveira Tschoeke1
1
Universidade Federal do Tocantins
2
Universidade Federal de Viçosa
*pht@uft.edu.br

Introdução
O conhecimento da biologia floral de fruteiras tropicais a maior frequência de abertura ocorreu entre 12:30 e 14:00
fornece subsídios para a compreensão das interações que ocorrem horas, onde 75% das flores já estavam completamente abertas,
entre estas plantas e seus polinizadores nos agroecossistemas [1]. independente da cultivar observada. Por volta das 17:00 horas
O estado do Tocantins está inserido no Bioma Cerrado, possuindo foi observado o início do período de senescência das flores.
características edafoclimáticas favoráveis ao desenvolvimento da A partir da antese, as anteras já estavam liberando pólen e os
cultura do maracujá azedo, Passiflora edulis Sims., não existindo, estigmas encontravam‑se receptivos durante todo o período, nas
entretanto, estudos a respeito da biologia floral de cultivares quatro cultivares. A liberação de néctar mostrou-se constante,
comerciais cultivadas nestas condições ecológicas. O objetivo com pico de produção às 13:00 horas e diminuição do volume
deste trabalho foi realizar um estudo comparativo da biologia ao longo da antese, em todas as cultivares. A concentração de
floral de quatro cultivares promissoras de maracujá-azedo na açúcar não apresentou diferenças significativas entre os horários
região Sul do Tocantins. de observação. Todas as cultivares apresentaram 100% dos
estiletes sem curvatura logo após a antese. Entretanto 85% e 15%
Metodologia das flores apresentaram estiletes totalmente curvos e estiletes
O estudo foi realizado durante a estação seca, no período parcialmente curvos respectivamente, às 16:00 horas. A altura
de maio a setembro de 2012, na estação experimental da UFT, média dos estiletes totalmente curvos em relação ao androginóforo
foi de 12,50 (± 0,60) mm. As características observadas favorecem
Campus de Gurupi, latitude 11°43’S, longitude 49°04’O e altitude
a polinização cruzada, que é uma condição essencial para o
de 280 metros. As cultivares (cv) de maracujá azedo observadas
vingamento de frutos em maracujá azedo [3, 4].
foram: BRS Gigante Amarelo, BRS Ouro Vermelho, BRS Sol do
Cerrado e Yellow Master - FB 200. A biologia floral foi descrita
por meio da observação da morfologia e morfometria das flores
Conclusões
As cultivares não apresentaram diferenças significativas em
(n=40/cv) e da fenologia do florescimento, compreendendo o
relação às peças florais e fenologia do florescimento, facilitando
período de antese (10 flores/cv/dia durante 4 dias), horário
desta forma a uniformização de técnicas de manejo da cultura
de curvatura dos estiletes (10 flores/cv), liberação de pólen,
tendo em vista o manejo e manutenção dos polinizadores.
receptividade estigmática com o uso de peróxido de hidrogênio
a 3% e padrão de secreção de néctar [2, 3]. As observações da oferta
de recursos florais e receptividade estigmática foram realizadas
Referências Bibliográficas
[1]
Tschoeke PH et al. 2015. Diversity and flower-visiting rates of bee
das 13:00 às 18:00 horas. species as potential pollinators of melon (Cucumis melo L.) in the Brazilian
Cerrado. Scientia Horticulturae 186:207-216.
Resultados e Discussão [2]
Dafni et al. 2005. Practical pollination biology. Ontario. Enviroquest Ltd.
Não foram observadas diferenças significativas no tamanho das
peças florais (e.g., cálice e corola) e na fenologia do florescimento [3]
Souza et al. 2004. Flower receptivity and fruit characteristics associated
entre cultivares. BRS Gigante Amarelo, BRS Ouro Vermelho, BRS to time of pollination in the yellow passion fruit Passiflora edulis Sims
Sol do Cerrado e Yellow Master – FB 200 apresentaram 33%, 15,7%, f. flavicarpa Degener (Passifloraceae). Scientia Horticulturae 30:373-385.
39,2% e 43% de flores com quatro estigmas respectivamente. [4]
Yamamoto M et al. 2012. The role of bee diversity in pollination and
A antese iniciou em torno das 12:00 horas e prolongou-se até às fruit set of yellow passion fruit (Passiflora edulis forma flavicarpa,
16:30 horas quando todas as flores estavam abertas. Contudo, Passifloraceae) crop in Central Brazil. Apidologie 43:515-526.

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ECHINOPSIS RHODOTRICHA (CACTACEAE) EM CHACO


BRASILEIRO: AUTOCOMPATIBILIDADE E POLINIZAÇÃO
MISTA
Pôster

Bruno H. S. Ferreira1, 2*, Aline C. Gomes1,2, Camila S. Souza1, João R. Fabri1, Maria R. Sigrist1
1
UFMS, CCBS, Laboratório de Botânica
2
Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal
*brubiologia19@hotmail.com

Introdução
Echinopsis possui 100-150 espécies com grande diversidade pólen, danificar os estigmas e diminuir a atratividade floral [6].
na arquitetura e são polinizadas por abelhas, beija-flores ou Com efeito, a frutificação em condições naturais foi relativamente
esfingídeos [1]. Polinização por todos estes grupos (mista) pode baixa indicando serviço deficiente de polinização e/ou florivoria.
ocorrer em espécies com flores noturnas, cuja longevidade
floral se estende até parte da manhã [2,3]. Autoincompatibilidade
predomina no gênero [4]. Apresentamos o estudo da polinização
de Echinopsis rhodotricha no Chaco brasileiro visando contribuir
com futuros programas de conservação.

Metodologia
O estudo foi realizado em remanescentes de vegetação
chaquenha brasileira (Savana Estépica Arbórea), em Porto
Murtinho, MS. A morfologia floral foi estudada a partir de flores
frescas. A viabilidade polínica foi testada com carmin acético a
receptividade estigmática pela presença de exsudados. Para a biologia
floral foram marcados 20 botões em pré-antese, acompanhados
da abertura à murcha. O sistema de reprodução foi estudado a
partir de experimentos de autopolinização espontânea e manual, Fig. 1. Flor de E. rhodotricha à vista desarmada (A) e sob luz ultravioleta
geitonogamia, xenogamia e controle. A observação dos visitantes (B), onde podemos observar a presença de pó fluorescente sobre as pétalas.
florais foi realizada durante todo o período de longevidade floral Apis mellifera coletando pólen pousada sobre o estigma (C) e imaturo
(22 h noite+18 h dia= 40 horas de observação). Fluxo polínico de Hyperophora sp. comendo anteras (D). Barras=1cm.
foi verificado aplicando pó fluorescente sobre as anteras de seis
flores, conferidas no fim da antese para registrar se houve e Conclusões
local onde este foi depositado sobre as flores e sua procedência. Echinopsis rhodotricha parece ser primeiro caso de
autocompatibilidade no gênero. A antese estendida além do
Resultados período noturno permitiu a ocorrência de visitantes diurnos,
Echinopsis rhodotricha possui flores solitárias, actinomorfas, que podem atuar como polinizadores secundários (abelhas),
brancas, hipocrateriformes, com tubo longo (131±20mm) sugerindo polinização generalista (ou mista) para esta espécie
(Fig. 1a), onde o néctar é produzido (80±20µl, [%]= 10,1±4,5) esfingófila que não recebeu visitas de mariposas.
e armazenado. As anteras são rimosas, produzem pólen com
87±9% de viabilidade e se dispõem ao redor e ligeiramente abaixo Agradecimentos
dos lobos estigmáticos. As flores duram ~15 h; abrem ~20h00 CAPES, CNPq (Projeto Casadinho), Srs. Sérgio Oliveira e Nelson
e fecham ~11h00 período em que emitem leve odor adocicado. Cintra.
As características acima enquadram as flores de E. rhodotricha
na síndrome da esfingofilia [5]. Frutificação foi registrada Referências Bibliográficas
somente após autopolinização manual (27,8%), geitonogamia [1]
Schlumpberger BO, Renner, SS. 2012. Molecular phylogenetics of
(63,6%), xenogamia (60%) e controle (30%). Deposição de pó Echinopsis (Cactaceae): polyphyly at all levels and convergent evolution
fluorescente ocorreu em 83% das flores, sempre na mesma flor, of pollination modes and growth forms. American Journal of Botany
sobre os estigmas e/ou pétalas (Fig. 1b). Echinopsis rhodotricha 99(8): 1-15.
é o primeiro registro de autocompatibilidade no gênero, o que Ortega Baes, P. et al. 2011. Reproductive biology of Echinopsis terscheckii
[2]

possibilita autopolinizações, porém a espécie é polinizador (Cactaceae): the role of nocturnal and diurnal pollinators Plant Biology
dependente, por ser auto-estéril. Doze espécies visitaram as flores: (13.s1): 33-40.
abelhas (diurnas), Coleoptera (4 spp. cada), Araneae (diurna) Ossa G, Medel R. 2011. Notes on the floral biology and pollination
[3]

(1 sp.), Orthoptera (2 spp.) (Fig. 1d), Hemipitera (noturnos, syndrome of Echinopsis chiloensis (Colla) Friedrich & GD Rowley
1 sp.), para coletar pólen, néctar (abelhas), copular (Coleoptera), (Cactaceae) in a population of semiarid Chile. Gayana Botánica 68(2):
comer partes florais (Coleoptera e Orthoptera) e talvez predar 213-219.
(Araneae). As abelhas foram as mais frequentes (1,04), seguidas Ortega-Baes P. Gorostiague P. 2013. Extremely reduced sexual
[4]

de Coleoptera (0,74) e demais visitantes (0,16). Ao coletar pólen reproduction in the clonal cactus Echinopsis thelegona. Plant systematics
e/ou néctar as abelhas Apis mellifera, Melipona cf. rufiventris and evolution 299(4): 785-791.
e Augochloropsis sp contatam os anteras e estigmas (Fig. 1c), Faegri K, van der Pijl, L. 1979 The principles of pollination ecology.
[5]

podendo atuar como polinizadores secundários como em outras Oxford. Pergamon Press.
espécies de Echinopsis [2,3]. Os florívoros comem principalmente Schlumpberger BO. et al. 2009. Extreme variation in floral characters
[6]

estames (Fig. 1d), danificam as flores e podem comprometer and its consequences for pollinator attraction among populations of an
o sucesso reprodutivo da espécie ao reduzir a quantidade de Andean cactus. Annals of Botany 103(9): 1489-1500.

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POLINIZADORES PERTENCENTES À FAMÍLIA


SPHINGIDAE (LEPIDOPTERA) EM ÁREAS EM
RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA NO DF

Pôster
Priscila M. C. da Luz¹*, Felipe B. de Abreu², Fabiana de G. Aquino³, Willian R. F. de Camargo4,
Amabílio J. A. de Camargo5
1
Bolsista CNPq-DTI Laboratório de Entomologia Embrapa Cerrados
² Bolsista de Iniciação Científica Centro Universitário de Brasília
³ Pesquisadora da Embrapa Cerrados
4
Técnico da Embrapa Cerrados
5
Analista da Embrapa Cerrados
*pricolomboluz@gmail.com

Introdução
De acordo com dados atualizados da “International Barcoding representantes na área (INCRA 8), o que corrobora com a alta
of Life Project”, existem 1500 espécies de Sphingidae no mundo [1]. sensibilidade destes polinizadores frente a ausência de recursos
Destas 186 ocorrem no Brasil e cerca de 83 no bioma Cerrado [2]. ambientais devido a antropização.
Sabe-se que pelo menos nove famílias botânicas no Cerrado
apresentam um conjunto de características morfológicas da Tabela 1. Espécies pertencentes à família Sphingidae coletadas nas áreas
síndrome de polinização esfingófila, tendo os esfingídeos amostradas.
papel fundamental na manutenção destas espécies através da Espécies de Sphingidae Número Áreas
polinização [3]. Esta família é um importante grupo bioindicador, Cocytius duponchel (Poey, 1832) 2 Tabatinga
sendo sensível para avaliações da qualidade ambiental. Dessa Neogene dynaeus (Fabricius, 1775) 6 CTZL
forma, este estudo teve como objetivo avaliar a comunidade de Erinnyis ello (Linnaeus, 1758) 1 Tabatinga
Sphingidae associada a três áreas em processo de restauração Protambulyx eurycles (Herrich-Schäffer, 1 CTZL
ecológica no Distrito Federal. [1854])
Manduca hannibal (Cramer, 1779) 1 CTZL
Metodologia Enyo ocypete (Linnaeus, 1758) 3 CTZL
O estudo foi realizado em três diferentes localidades do Perigonia pallida Rothschild & Jordan, 3 CTZL
Distrito Federal (Núcleo Rural Tabatinga, Centro de Transferência 1903
de Tecnologias de Raças Zebuínas com Aptidão Leiteira (CTZL) Callionima parce (Fabricius, 1775) 2 Tabatinga
e INCRA 8). 15 CTZL
Foram realizadas três expedições de campo totalizando um Total 34
esforço amostral de 18 noites de coleta nas três áreas. Foram
utilizadas armadilhas luminosas, compostas de dois panos
brancos medindo 1.5 m x 2.0 m, estendidos perpendicularmente, Conclusões
com duas lâmpadas mistas de 250W alimentadas com geradores Alterações no ambiente os quais reduzem os recursos ambientais
portáteis. Em cada noite de coleta foram usadas duas armadilhas, afetam intimamente a comunidade de Esfingídeos polinizadores,
uma junto a área natural e outra na área em restauração ecológica. constituindo apenas espécies generalistas [4].
As coletas foram realizadas durante a fase nova do ciclo lunar,
no horário compreendido entre 18h e 6h, pois certas espécies são Agradecimentos
crepusculares, outras apresentam padrões de atividades com Ao CNPq e a Embrapa Cerrados pelo apoio financeiro.
pequena amplitude de horário no meio da noite. Todo o material
coletado foi triado, montado, acondicionado e identificado junto Referências Bibliográficas
ao Laboratório da Coleção Entomológica da Embrapa Cerrados. KITCHING, I, J. 2016. Sphingidae Taxonomic Inventory. Disponível
[1]

em: http://sphingidae.myspecies.info/. Acesso em: 07 de agosto, 2016.


Resultados e Discussão AMORIM F W et al. 2009. A Hawkmoth crossroads? Species richness,
[2]

Foram coletados 34 exemplares, inseridos em oito espécies, seasonality and biogeographical affinities of Sphingidae in a Brazilian
nas três áreas estudadas (Tabela 1). À exceção de Cocytius Cerrado. Journal of Biogeography 36: 662–674.
duponchel, as espécies encontradas nas áreas Tabatinga e CTZL OLIVEIRA P E et al. 2014. Moth pollination of woody species in the
[3]

são reconhecidas como generalistas, a exemplo de Callionima Cerrados of Central Brazil: a case of so much owed to so few? Plant
parce que obteve-se mais espécimes, a qual tem ampla distribuição Systematics and Evolution 245: 1–2.
no Brasil central e a espécie Erinnyis ello apontada como o JANZEN D H 1984.Two ways to be a tropical big moth: Santa Rosa
[4]

mandarová-da-mandioca pelos prejuízos causados na sua fase saturniids and sphingids. Dos vías para ser una polilla tropical grande:
imatura. As áreas de estudo apresentam alto grau de degradação, los satúrnidos y esfíngidos de Santa Rosa. Oxford Surveys in Evolutionary
embora em diferentes níveis, sendo diagnosticado a ausência de Biology 1: 85–140.

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EFEITO DA ALTURA DA FLOR NA POLINIZAÇÃO POR


MORCEGOS: UM TESTE COM BAUHINIA CACOVIA
(FABACEAE)
Pôster

Ugo M. Diniz1*, Arthur D. de Melo2, Isabel C. Machado2


1
Bacharelado em Ciências Biológicas. Universidade Federal de Pernambuco
2
Programa de Pós Graduação em Biologia Vegetal. Departamento de Botânica. Universidade Federal de Pernambuco

Introdução
A interação planta-polinizador depende de variados aspectos formadas. Em seguida a fim de verificar o efeito da altura sobre
funcionais, entre eles o acesso e a visibilidade das flores. A altura o sucesso reprodutivo realizamos um teste de Regressão Linear
da planta e de suas respectivas flores ou inflorescências está utilizando os valores de êxito estimado pela razão semente/óvulo.­
relacionada, em diversos grupos, com uma maior deposição
de pólen exógeno no estigma e maiores taxas de fertilização Resultados e Discussão
cruzada [1] [2]. Em relação à polinização por morcegos, até onde A altura dos frutos variou entre 0,43 e 2,2 m, com 12±4 sementes
sabemos, não há na literatura registros que correlacionem altura por fruto mais baixo e 14±3 sementes por fruto mais alto. Obtivemos
das flores com o seu êxito reprodutivo. Apesar disso, a raridade uma média total de sementes de 13±4 e uma média de óvulos
de espécies herbáceas ou de pequeno porte dentro desta síndrome por ovário de 16±2. A maioria dos indivíduos apresentou maior
e a necessidade de manobrabilidade de voo destes polinizadores número de sementes em frutos mais altos em comparação com seus
[3]
torna razoável pensar que a altura da flor tem papel importante pares mais baixos, confirmando a tendência de elevação do êxito
no sucesso reprodutivo. Desta forma, o objetivo deste estudo foi reprodutivo de acordo com a elevação da altura (T=2,23; gl= 14;
verificar como a altura das flores repercute no êxito reprodutivo, p=0,019). A medição do efeito da altura sobre o êxito também
e, portanto, se esse atributo é importante na polinização de acusou uma influência considerável (F=4,22; r2=0,14; p=0,048).
plantas quiropterófilas.
Conclusões
Metodologia As análises demonstraram que há de fato uma repercussão
A fim de realizar nosso teste, tomamos como modelo a espécie da altura da flor no êxito reprodutivo, o que pode ser indicativo
Bauhinia cacovia Wunderlin (Fabaceae), uma leguminosa de de um fator de predição chave na polinização por morcegos,
porte arbustivo cujas flores apresentam características claramente sendo necessária a consideração dessa característica em estudos
relacionadas à quiropterofilia [4] e com visitação comprovada futuros de plantas que apresentem síndrome de quiropterofilia.
por morcegos (observação pessoal). Além disso, a morfologia
floral configura uma forte hercogamia [5] apontando que esta Referências Bibliográficas
planta depende integralmente de seu polinizador para sucesso Donnelly S et al. 1998. Pollination in Verbascum Thapsus (Scrophulariaceae):
[1]

reprodutivo. Conduzimos o estudo no PARNA Catimbau – PE. The advantages of being tall. American Journal of Botany 85: 1618-1625.
Para a coleta de dados foram selecionados 15 indivíduos dos quais
Dafni A,  Potts SG. 2004. The role of flower inclination, depth and
[2]
coletamos o fruto localizado mais alto e o fruto mais baixo e três height in the preferences of a pollinating beetle Coleoptera (Glaphyridae).
botões florais aleatórios presentes na planta. Os botões foram Journal of Insect Behavior 17: 823-834
utilizados para contagem direta e estimativa da média de óvulos
Fleming TH et al. 2009. The evolution of bat pollination: a phylogenetic
[3]
por flor em cada planta. Os frutos, por sua vez, serviram para a
perspective. Annals of Botany 104: 1017-1047
contagem de sementes para obtenção da razão: sementes/média
de óvulos, uma medida básica de êxito reprodutivo feminino. Faegri K & Van Der Pijl L. 1979. Principles of Pollination Ecology.
[4]

A  fim de verificar a diferença entre o êxito dos frutos baixos Oxford. Pergamon Press.
contra os frutos altos de cada indivíduo utilizamos um Teste Lloyd DG, Schoen DJ. 1992. Self- and cross-fertilization in plants. I.
[5]

T pareado, considerando diretamente o número de sementes Functional dimensions. International Journey of Plant Sciences 153: 358-36

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CORRELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS E


ATIVIDADE DE FORRAGEAMENTO EM ABELHA
MELIPONA RUFIVENTRIS

Pôster
Patrícia Faquinello1*; Rodrigo Alves Zanata1, Paulo Vitor Divino Xavier de Freitas1, Leticia Fernanda Xavier Costa1,
Clesia Cristina da Silva1
1
Instituto Federal Goiano – IF Goiano Campus Ceres
*patricia.faquinello@ifgoiano.edu.br

Introdução
As atividades externas de coleta de recursos que as abelhas Tabela 2. Correlação entre características de temperatura (oC) e umidade
executam são conhecidas como forrageamento. O forrageamento relativa do ar (%) com a atividade externa de entrada e saída de abelhas
é relacionado com oferta de alimento no campo, condições no operárias de Melipona rufiventris com resina, pólen e sem carga aparente
(SCA)
interior da colônia e influência dos fatores climáticos [1].
O conhecimento das atividades de forrageamento das abelhas Variável Temperatura Umidade
sem ferrão é de grande importância para programas de manejo Entrada SCA ns 0,59
de polinizadores [2]. Assim o objetivo desse trabalho foi estudar a Entrada com pólen ns 0,89
correlação entre variáveis climáticas de temperatura e umidade Entrada com resina ns* 0,84
e umidade com a atividade de forrageamento da abelha uruçu Saída SCA ns 0,89
amarela (Melipona rufiventris). Saída com detrito ns ns
*ns = Não significativo.
Metodologia
O trabalho foi realizado em setembro de 2015 a abril de 2016. Os resultados da Tabela 2 mostram que a umidade está
Uma vez ao mês quatro colônias de uruçu amarela Melipona correlacionada com a atividade de coleta de pólen, néctar e resina
rufiventris foram sorteadas ao acaso e observadas no início até pela abelha uruçu amarela ao longo do dia.
o término das atividades externas, no período compreendido Apesar de a temperatura não ter correlação com os fatores
de 06h00min as 18h00min horas, totalizando 12 horas por dia. de coleta de recurso foi observado que o pico de coleta de pólen
A avaliação consistindo em uma observação de quatro e néctar foi no período de temperaturas mais amenas e maior
colônias/hora. Cada colônia foi avaliada o período de 10 minutos umidade compreendido no horário entre as 7-8 e 10 horas da
considerando a verificação do fluxo de entrada e saída e 5 minutos manhã, respectivamente.
para a coleta de dados climáticos [3].
O observador se posiciona próximo ao orifício de entrada da
colônia para o registro do fluxo. A identificação foi dada a partir
Conclusões
A coleta de pólen, néctar e resina para uruçu amarela foi mais
das características apresentadas pelos materiais (resina = massa
frequente no período da manhã, estando correlacionada com a
brilhante; pólen = massa definida sem brilho; detritos= nº de abelhas
umidade do ambiente.
que saem com detritos preso pelas mandíbulas; cera= massa não
definida de cor marrom). O transporte de néctar foi atribuído aos
indivíduos que entram na colônia sem carga aparente. Agradecimentos
A cada hora de observação os fatores climáticos de temperatura Apoio financeiro: Instituto Federal Goiano (IF Goiano), CNPq
ambiente (ºC) foram aferidos com auxílio de um termômetro Processo 460490/2014-1 e 468714/2014-6.
digital de temperatura máxima e mínima, para a umidade relativa
do ar (%) foi utilizado um termo higrômetro. Referências Bibliográficas
Os dados obtidos foram correlacionados entre si pelo coeficiente Oliveira FL et al. 2012. Influência das variações climáticas na atividade
[1]

de vôo das abelhas jandairas Melipona subinitida Ducke (Meliponinae).


de correlação de Pearson, ao nível de 5% de significância.
Ciência Agronômica 43(3): 598-603.
Resultados e Discussão Carvalho-Zilse G et al. 2007. Atividades de vôo de operárias de
[2]

A média de temperatura mínima e máxima no período de Melipona seminigra (Hymenoptera: Apidae) em um sistema agroflorestal
estudo foi de 21 e 31°C, para umidade de 53 e 80%, respectivamente. da amazônia. Bioscience Journal 23(1): 94-99.
Os resultados para o número de abelhas entrando e saindo, Carvalho CAL, Marchini LC 1999. Tipos polínicos coletados por
[3]

e a correlação entre as variáveis ambientais e comportamento da Nannotrigona testaceicornis e Tetragonisca angustula (Hymenoptera,
atividade estão apresentados na Tabela 1 e 2, respectivamente. Apidae, Meliponinae). Sciencia Agricultural 56(3): 717-722.

Tabela 1. Número médio (geral e %) de abelhas operárias de Melipona


rufiventris entrando e saindo com resina, pólen, sem carga aparente (SCA)
e detrito e avaliadas no início ao término de suas atividades externas.
Variável Número %
Entrada SCA 29,86 56,87
Entrada com pólen 15,17 28,89
Entrada com resina 7,48 14,24
Saída SCA 47,08 95,89
Saída com detrito 1,76 4,11

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IRAPUÁ (TRIGONA SPINIPES): POTENCIAL


POLINIZADORA DA MANIÇOBA (MANIHOT
PSEUDOGLAZIOLII)?
Pôster

Yan S. Lima1; Eva. M. S da Silva1*; Daiane D. Ribeiro1; Jadson C. Almeida1; Renan de L. Souza1;
Andressa G. dos Santos1; Márcia de F. Ribeiro2
1
Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)
2
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido)
*eva.silva@univasf.edu.br

Introdução
A abelha arapuá ou irapuá (Trigona spinipes) é uma abelha‑sem-
ferrão conhecida por danificar flores e estruturas vegetais de
várias culturas, sendo considerada praga, inclusive no Vale do
São Francisco [1]. Porém existem estudos que evidenciam a sua
atuação como polinizadora de diversas plantas de interesse
econômico [2]. A maniçoba (Manihot pseudoglaziovii) é planta
nativa da Caatinga e tem importância na alimentação animal,
como forrageira [3]. Entretanto, pouco se sabe sobre seu processo
de polinização. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar quais
são os visitantes florais e avaliar o comportamento de visita da
irapuá nas flores da maniçoba.

Metodologia
O experimento foi realizado em setembro de 2015, na Fazenda
Experimental da Universidade Federal do Vale do São Francisco
– Campus Ciências Agrárias, munícipio de Petrolina – PE. Figura. Irapuá (T. spinipes) visitando flores de maniçoba (M. pseudoglaziovii)
Realizou‑se a contagem e o registro fotográfico dos visitantes
florais por 20  minutos a cada hora, das 07 horas às 18  horas, Conclusões
durante 5 dias, totalizando um esforço amostral de 20h m Dada a frequência e comportamento da irapuá nas flores de
4 plantas de maniçoba. Além disso, foram realizadas observações maniçoba, é possível que ela seja o principal agente polinizador
do comportamento da irapuá nas flores. desta forrageira, o que reforça sua atuação positiva em muitas
situações.
Resultados e Discussão
A Trigona spinipes foi a visitante mais frequente com 89,97%
Agradecimentos
do total de visitas observadas (n= 4767). Apis mellifera e outros
Agradecemos ao financiamento de bolsa IC ao primeiro autor.
insetos ocorreram em frequências muito menores: 4,80% e
5,22%, respectivamente. A maior frequência da irapuá ocorreu
no período da manhã, principalmente de 7h às 8h, com média Referências Bibliográficas
Ribeiro MF, Kiill LHP. 2008. Dados preliminares sobre o comportamento
[1]
de 29,12% das visitas totais realizadas por esta espécie. Essas
praga da abelha irapuá (Trigona spinipes) em culturas agrícolas do Vale
abelhas visitaram tanto as flores masculinas quanto femininas.
do Submédio São Francisco. In: 17o. Congr. Bras. Apicultura e 3o. Congr.
Ao pousar nas pétalas a irapuá se dirigia para o nectário, onde Bras. Meliponicultura, 2008, Belo Horizonte. Anais, CD Rom.
permanecia em média 35,8 segundos (± 5,2s, n= 5 observações),
coletando néctar. Além disso, elas também coletavam o pólen Giannini TC et al. 2015. Crop pollinators in Brazil: a review of reported
[2]

das anteras, para armazenar nas corbículas, ficando ainda uma interactions. Apidologie 46: 209-223.
grande quantidade de grãos aderida ao corpo. Logo após, ao Soares JGG, Salviano LMC. 2000. Cultivo da maniçoba para produção
[3]

visitar outras flores elas conseguiam transferir o pólen aderido de forragem no semi-árido brasileiro. Petrolina, PE: Embrapa Semi-árido,
ao corpo para o estigma, realizando a polinização. 2000, 6p. (Embrapa Semi-árido - Instruções Técnicas, N33).

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DO CULTIVAR BRS PÉROLA


DO CERRADO (PASSIFLORA SETACEA D.C)
Tamara P.O. Teixeira1*, Indiara N.M. Ferreira2 , João P.R. Borges2, Edivani V. Franceschinelli 2

Pôster
Universidade Federal de Goiás - UFG. Mestranda em Biodiversidade Vegetal
1

Universidade Federal de Goiás. Laboratório de Biologia Reprodutiva


2

*marahadassa@hotmail.com

Introdução
O maracujá BRS Pérola do Cerrado é a primeira cultivar de a comercialização. A não formação de frutos no grupo controle
maracujazeiro silvestre registrada e protegida no Ministério pode ser explicada pela ausência ou baixa frequência de agentes
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Este cultivar foi polinizadores na área estudada.
obtido do melhoramento genético da espécie Passiflora setacea
destacando‑se por apresentar uma maior produtividade, frutos Tratamentos N° de flores N° de frutos (%)
maiores, e polpa com elevados teores de antioxidantes, sendo seu Cruzada 56 54%
consumo muito benéfico à saúde [1]. Assim, esse trabalho objetivou AP Espontânea 50 0%
elucidar o sistema reprodutivo do cultivar Pérola do cerrado em AP manual 42 14,28%
uma plantação orgânica do município de Aragoiânia, Goiás.
Controle 62 0

Metodologia Conclusões
O estudo foi desenvolvido na Fazenda Vale do Tamanduá, que se
Os resultados obtidos evidenciam que o sucesso reprodutivo
encontra nas coordenadas 670000 S; 8120750 O UTM. Para verificar
do Cultivar Pérola do Cerrado é maior em polinizações cruzadas e
o sistema reprodutivo, foram realizadas autopolinização manual,
que apesar de ocorrer formação de frutos por autopolinização, estes
autopolinização espontânea, polinização cruzada, permanecendo
são inviáveis para a comercialização devido as suas características
um grupo controle. Os frutos obtidos desses tratamentos foram
físicas que não são atrativas para o mercado.
pesados e diferenciados quanto ao peso da polpa mais sementes
e peso da casca para verificar se existia influência dos diferentes
tratamentos no desenvolvimento dos frutos.
Agradecimentos
A Capes pela bolsa concedida para execução desse projeto, a
EMBRAPA, a Beth e Telmo proprietários da fazenda utilizada
Resultados e Discussão como objeto de estudado.
O cultivar Pérola do Cerrado desenvolveu frutos e sementes
somente em autopolinização manual e cruzada. Os índices de
autoincompatibilidade (ISI) foi de 0,26 para autopolinização
Referências Bibliográficas
[1]
Guimarães TG et al. 2013. Comunicado Técnico: Recomendações
manual, constatando-se que a espécie é autocompatível [2].
técnicas para o cultivo de Passiflora setacea c.v BRS Pérola do cerrado
No entanto, os frutos advindos deste tratamento apresentam ISSN 1517-1469 ISSN online.
tamanho reduzido, pouca polpa e baixo número de sementes,
[2]
enquanto os de polinizações cruzadas esses valores duplicam. Zapata T, ARROYO MTK, 1978. Plant reproductive biology of a
A massa de um fruto é proporcional ao número de sementes secondary deciduous florest in Venezuela. Biotropica 10: 221-230.
viáveis e no maracujá ao rendimento do suco, já que cada semente [3]
Fortaleza JM et al. 2005. Características físicas e químicas em nove
é envolvida pelo arilo [3]. Sendo assim, as características dos frutos genótipos de maracujá-azedo cultivado sob três níveis de adubação
obtidos no tratamento de autopolinização o torna inviáveis para potássica. Revista brasileira de fruticultura 27: 124-127.

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DE SIMAROUBA AMARA


(AUBL.)
Indiara Nunes Mesquita Ferreira 1*, João Paulo Raimundo Borges1, Tamara Poliana Teixeira1,
Pôster

Edivani Villaron Franceschinelli1


1
Laboratório de Biologia Reprodutiva de Plantas – Universidade Federal de Goiás – Campus Samambaia
*indiaranunes@outlook.com

Introdução
Simarouba amara (Aubl.) é uma planta dióica [2] pertencente odor das flores que se exalava no momento da antese e estavam
à família Simaroubaceae e possui ampla distribuição no Brasil. em busca dos recursos florais disponibilizados pela planta: néctar
É predominante de mata e terra firme na Amazônia e chega ao (concentração > 50%) em indivíduos masculinos e femininos e
cerradão do Centro Oeste Goiano, por meio de matas de galeria [4]. pólen nos indivíduos masculinos. A presença de odor em flores
S. amara possui amplo interesse econômico e farmacológico, de antese noturna é um atrativo floral à longa distância para
além de ser utilizada na recuperação de áreas degradadas como insetos noturnos como mariposas [3]. Houve formação de frutos
planta sucessora. No presente estudo foi investigado o sistema dos experimentos de polinização cruzada manual (42,64%),
reprodutivo da espécie S. amara verificando sua biologia floral, controle (10%) e de apomixia (2%). O teste t não mostrou haver
fenologia, sistema de reprodução sexuada e assexuada, bem diferença entre os tamanhos das sementes de frutos apomíticos
como a sua interação com os polinizadores em ambientes de e de polinização manual cruzada (p=0,06). Já nos experimentos
mata no bioma Cerrado. de anemofilia, foram detectados grãos de pólen em estigmas de
flores ensacadas com filó, confirmando que os mesmos podem
Metodologia também ser levados pelo vento. Foi também observado que a
O presente estudo foi desenvolvido no Santuário de Vida planta em estudo apresenta reprodução vegetativa.
Silvestre Vagafogo em Pirenópolis Goiás (15°49’00’S, 48°59’30’W).
No período de floração, vinte indivíduos (dez masculinos e dez Conclusões
femininos) foram identificados quanto ao sexo e escolhidos S. amara é uma espécie dióica e apresenta diferentes estratégias
aleatoriamente para realização dos experimentos de polinização reprodutivas, tais como: polinização cruzada biótica, abiótica
(cruzada manual, anemofilia, apomixia e controle -sem tratamento-). e apomítica, além de rebrotas. Diferentes estratégias por parte
Foi verificada também a fenologia, o horário de antese, morfologia desta espécie podem ser explicadas devido ao déficit polínico
floral, visitas de polinizadores e disponibilidade de recursos apresentado na produção de frutos do tratamento controle.
florais. As médias dos resultados foram analisadas pelo teste t
do software R. Agradecimentos
À Capes pelo apoio financeiro por meio de bolsa de mestrado
Resultados e Discussão para a primeira autora. Ao sr. Evandro e família pela permissão
S. amara possui porte arbóreo, é dióica e suas flores são pequenas, de realizarmos o trabalho em sua fazenda.
abundantes e dispostas em panículas terminais ou axilares. Tais
características são comuns em espécies dióicas tropicais [1]. Sua Referências Bibliográficas
floração é anual, do tipo cornucópia com o pico floral no mês de [1]
Bawa, K. 1980a. Evolution of dioecy in flowering plants. Annual Review
agosto. A floração foi considerada sincrônica entre os sexos, ainda of Ecology and Systematics 11:15-39.
que os indivíduos masculinos floresceram anteriormente aos
[2]
femininos, com poucos dias de diferença. Indivíduos masculinos Hardesty, B. D., Dick, C. W., Hamrick, J. L., Degen, B., Hubbell, S. P.,
& Bermingham, E. (2010). Geographic influence on genetic structure in
(4048.4 ± 329.2) produziram dez vezes mais flores do que os
the widespread Neotropical tree Simarouba amara (Simaroubaceae).
femininos (392.2 ± 6983.1;p=0,03) e apresentaram pétalas também Tropical Plant Biology, 3(1), 28-39.
maiores segundo o teste t (p= 0,02). A abertura floral iniciou-se às
[3]
17:30h estendendo-se até as 20h. Esporadicamente, durante a noite, Proctor, M., Yeo, P. & Lack, A. 1996. The natural history of pollination.
foram visualizadas mariposas (Noctuidae) visitando as flores de The Bath Press, London.
indivíduos masculinos e femininos. Algumas espécimes foram [4]
Raw, A., & Hay, J. (1985). Fire and other factors affecting a population
coletadas e grãos de pólen de S. amara foram encontrados em suas of Simarouba amara in cerradão near Brasília, Brazil. Revista brasileira
probóscides. Esses visitantes possivelmente foram atraídos pelo de Botânica, 8(1), 101-107.

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RELAÇÃO ANTESE – FREQUÊNCIA DE POLINIZADORES


EM NYMPHAEA PULCHELLA (NYMPHAEACEAE)
Sofia L. Chalegre¹*, Arthur D. Melo¹, Carla T. de Lima², Ana M. Giulietti². Professor responsável: Isabel C.

Pôster
Machado¹
1
Universidade Federal de Pernambuco
² Instituto Tecnológico Vale de Desenvolvimento Sustentável

Introdução
Ao longo da sequência de antese, a abertura floral afeta tanto os dias quanto entre os horários, havendo diferenças entre o
o acesso ao pólen, o recurso, quanto o display floral, o atrativo primeiro dia e os demais, entre o 1º horário em relação ao 2º
secundário. Estas duas variáveis são essenciais para garantir a e 3º, entre o 2º em relação ao 3º e entre o 4º em relação ao 5º e
visita dos polinizadores [1]. Afim de entender melhor a relação 6º horários. Já a taxa de visitação não difere entre os dias, mas
sequência de antese – frequência de polinizadores, analisamos difere entre os horários. Essa diferença se dá entre H1 e H5/H6;
populações naturais de Nymphaea pulchella, uma macrófita e entre H2 e H5. Por fim, encontramos uma relação significativa
aquática de antese diurna distribuída nos trópicos e subtrópicos entre abertura floral e taxa de visita, porém com um tamanho do
das Américas [2]. O objetivo deste trabalho, portanto, foi verificar efeito bastante discreto (F=0.22; r2=0.03; p=0.006). Ao nosso ver,
como a abertura e a frequência de polinizadores variam ao longo a diferença de abertura entre o primeiro dia e os demais pode
da antese e se há relação entre elas. ser explicada pela configuração da flor, que na fase masculina
torna‑se mais aberta para exposição dos estames. Acreditamos que
Metodologia a frequência não difere entre os dias, pois os estames tornam-se
A flor de Nymphaea pulchella é protogínica, como a da deiscentes paulatinamente, duas séries a cada dia [4], mantendo o
maioria das espécies do gênero, sendo o primeiro dia a fase pólen igualmente distribuído entre eles. Já a diferença das visitas
entre os horários pode ser explicada por uma menor quantidade
feminina (embora haja também deiscência em estames) e os
de grãos ao final da abertura (horários 5 e 6) em relação aos
três dias conseguintes são masculinos. Ao longo de cada um
primeiros horários (1 e 2), causada pelo forrageamento das
desses dias mensuramos o diâmetro da abertura da flor a cada
abelhas. Por fim, sugerimos que o aumento da abertura floral
uma hora (n=18 flores). Para controlar o efeito da variação
pode gerar uma maior frequência de polinizadores pode ser
fenotípica na compreensão do processo de abertura os valores
explicado pela mudança na atração primária e secundária, em
foram transformados em porcentagem onde 0% tratava-se da
que quanto maior a abertura mais fácil é o acesso ao recurso e
abertura 0 e 100% da abertura máxima obtida por cada flor.
o display floral.
Concomitantemente, estimamos a taxa de visita de polinizadores
em cada horário, considerando as visitas de um conjunto de
Conclusões
flores por cerca de 30 min e dividindo o total de visitas pelo
Foi evidenciada a influência positiva da abertura floral, que
número de flores pelo tempo observado. Assim, totalizamos 20h
influencia o display atrativo e os recursos florais, na frequência
de observação direta. Para fins de práticos, a antese foi dividida de polinizadores em Nymphaea pulchella. Estudos posteriores
em seis horários: H0 – 7:30 às 8:30; H1 – 8:30 às 9:30; H2 – 9:30 que quantifiquem a disponibilidade de pólen são necessários
às 10:30; H3 - 10:30 às 11:30; H4 - 11:30 às 12:30; H5 – 12:30 às para o completo entendimento dessa relação.
13:30; H6 – 13:30 às 14:30. Comparamos as diferenças entre dias e
horárias utilizando uma Anova Dois Fatores com teste de Tukey Referências Bibliográficas
a posteriori. Realizamos um teste com os valores de abertura [1]
Faegri K, Pijl L. 1979. The principles of pollination ecology.
floral e outro com a taxa de visitação. Por fim, utilizamos um
Oxford. Pergamon Press.
Teste de Regressão Linear para determinar o quanto a abertura
floral explica a taxa de visitação. Bosch T et al. 2008. Phylogeny and evolutionary patterns in Nymphaeales:
[2]

integrating genes. Taxon 57: 1052–1081.


Resultados e Discussão Lima, CT et al. 2012. Flora da Bahia: Nymphaeaceae. Sitientibus. Série
[3]

Os polinizadores observados foram majoritariamente as Ciências Biológicas 12(1): 69–82.


abelhas Trigona urens e Apis mellifera, comumente descritos Lima, CT. 2015. Estudos Taxonômicos, Biologia Reprodutiva e Filogenia
[4]

para a espécie [3]. Registramos ainda, raras visitas de duas espécies em Nymphaeaceae Do Brasil. Tese de Doutorado - Programa de Pós-
de mosca e uma de vespa. A abertura floral diferiu tanto entre graduação em Botânica, UEFS – BA.

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ATRIBUTOS FLORAIS NA DETERMINAÇÃO DE VETORES


DE PÓLEN EM ESPÉCIES LENHOSAS DE CAATINGA
Márcia E. M. Fortunato¹* e Isabel C. S. Machado¹
Pôster

Universidade Federal de Pernambuco


1

*Autor para correspondência: marciaemanuelle@hotmail.com

Introdução
Os atributos florais podem funcionar como atrativos e fornecer agrupamentos, entre as espécies melitófilas, hermafroditas e com
recursos para polinizadores. Enquanto os atrativos atuam como recurso de néctar, e entre as espécies zigomorfas, com tipo floral
sinais florais que indicam um recurso, os recursos florais fornecem estandarte e guias de recursos presente, formando dois principais
recompensas fisiológicas para os animais visitantes florais [1,2]. grupos na comunidade, de acordo com o os atributos analisados.
De acordo com a literatura, as espécies vegetais apresentam
características morfológicas, fisiológicas e ecológicas que reunidas Conclusões
podem ajudar na previsão dos vetores de polinização; tal conjunto A predominância de espécies lenhosas melitófilas no Parna
de atributos é conhecido como síndrome de polinização [3,4,5]. Catimbau garante uma vantagem reprodutiva para a comunidade
O valor preditivo das síndromes é bastante questionado devido à estudada, pois as abelhas são os polinizadores mais comuns
ocorrência de polinizadores generalistas, que também conferem na Caatinga. A frequência significativa dos atributos confere a
o sucesso reprodutivo às espécies [6]. Os atributos também são validade na determinação das síndromes e os agrupamentos dos
responsáveis pela funcionalidade floral, os quais atuam na atributos reuniram as principais características para determinação
estruturação das comunidades e atividades ecossistêmicas [7,8]. das espécies melitófilas.
Diante disso, objetivou-se classificar as síndromes de polinização
das espécies lenhosas da Caatinga quanto aos atributos florais Agradecimentos
e diagnosticar os possíveis vetores de polinização e incorporar Ao PELD Catimbau por toda estrutura logística nas coletas de
a similaridade de agrupamento dos atributos.
campo e pela base de dados de levantamos das espécies ocorrentes
no Parna Catimbau.
Metodologia
O estudo foi realizado no Parque Nacional do Catimbau,
em Buíque-PE, uma área com vegetação de Caatinga e clima
Referências Bibliográficas
[1]
Endress PK. 1994. Diversity and evolutionary biology of tropical
semiárido [9]. Flores de espécies arbustivas-arbóreas foram flowers. Oxford. Pergamon Press.
coletadas e armazenadas para mensurar os atributos florais,
sendo também utilizados registros de herbário ou consulta a Varassin IG, Amaral-Neto LP. 2014. Atrativos. In Rech et al. Biologia
[2]

da polinização. Rio de Janeiro. Projeto Cultual. pp. 151-168.


literatura. A frequência dos atributos florais como simetria,
tipo, coloração, guia de recursos visível, recursos, unidade de Faegri K, Pijl L. 1979. The principles of pollination ecology. Pergamin
[3]

polinização e síndrome de polinização [1,3,4,10] foi analisada com Press, London.


o teste Qui-Quadrado, sendo também realizada uma análise Machado IC, Lopes AV. 2004. Floral traits and pollination systems in the
[4]

de componentes principais (PCA) para avaliar quais atributos Caatinga, a brazilian tropical dry forest. Annals of Botany 94(3): 365-376.
apresentam maior similaridade para agrupamento.
Rech et al. 2014. Síndromes de polinização: especialização e generalização.
[5]

In Rech et al. Biologia da polinização. Rio de Janeiro. Projeto Cultual.


Resultados e Discussão pp. 171-181.
Foi estudado um total de 107 espécies lenhosas, as quais
apresentaram mais frequentemente flores do tipo disco (33 spp, 31%) McCall C, Primack RB. 1992. Influence of flower characteristics,
[6]

weather, time of day, and season on insect visitation rates in three plant
e pincel (21 spp, 20%), simetria actinomorfa (85 spp, 79%), guia de
communities. American Journal of Botany 79(4): 434-442.
recurso visível ausente (79 spp, 74%), com néctar (92 spp, 86%),
coloração branca (52 spp, 49%) e amarela (36 spp, 34%), sistema Fontaine et al. 2006. Functional diversity of plant pollinator interaction
[7]

sexual hermafrodita (90 spp, 84%), unidade de polinização individual webs enhances the persistence of plant communities. PLoS Biology 4:
129–135.
(68 espécies, 64%) e sistema de polinização por abelhas – melitofilia
(95 spp, 89%). Todos os atributos florais avaliados apresentaram Girão et al. 2007. Changes in tree reproductive traits reduce functional
[8]

uma frequência de ocorrência significativa, entre χ²=24,3, gl=1, diversity in a fragmented Atlantic Forest landscape. PlosOne, 2(9): e908.
p<0,0001 (guia de recursos) e χ²=485,2, gl=6, p<0,0001 (síndrome SUDENE. 1990. Dados Pluviométricos mensais do nordeste, estado
[9]

de polinização), indicando a representatividade do atributo e de Pernambuco. Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste,


garantia de interpretação mais adequada do padrão. Quanto à Recife. [10] Bawa KS. 1980. Evolution of dioecy in flowering plants.
similaridade dos atributos florais, as espécies apresentaram sutis Annual Review of Ecology and Systematics 11: 15-39.

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CROPS CONSORTIUM OF PUMPKIN AND EGGPLANT:


SIMILARITY AND INFLUENCE OF THE SEASONALITY ON
FLORAL VISITORS

Pôster
Laíce S. Rabelo¹*; Solange C. Augusto²
1
Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Ciências Agrárias, Monte Carmelo - MG
² Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Biologia, Uberlândia - MG
* laicesr@gmail.com

Introduction
Crop consortium is a strategy that may favor the maintenance result suggests that these plant species present complementary
and the increase of pollinator’s populations in agricultural systems. functional roles, as food sources for bees.
It is known that the productivity and fruit quality are associated We also verified the influence of the seasonality on the abundance
with the diversity of pollinators [1]. of bees visiting eggplants and total richness of the consortium.
Plants species that offer complementary floral rewards During the cold and dry season we observed a higher number of
and present different flower morphologies can be cultivated floral visitors on eggplant’s flowers (U= 1.000; df= 1; p= 0.002),
simultaneously, e.g. pumpkin (Cucurbita moschata - Cucurbitaceae) as well as a higher total richness (U = 54.5; df= 1; p= 0.009).
and eggplant (Solanum melongena - Solanaceae), in other to The high attractiveness of the consortium during the cold and
attract different flowers’ visitors [2, 3]. dry season can be associated with the floral resources availability
Thus, we aimed to verify the similarity of floral visitors presented at cultivated area. In Cerrado, most of the plants
between crops of C. moschata and S. melongena cultivated in blooms during the hot and wet season and there is a reduction
consortium and the possible effect of seasonality in the abundance of food resources availability during the cold and dry season on
and richness of bees in the system. natural areas [4]. Thus, the aggregated presence of flowers in the
cultivated consortium may favour its exploitation during the
less favourable season.
Methodology
The study was conducted in the Experiment Station of Água
Limpa (19°05’48”S/48°21’05”W), located in Uberlandia, Minas
Conclusions
The consortium between pumpkin and eggplants attracted a
Gerais State, Brazil. The region has two distinct seasons: a cold
great diversity of bees in both seasons. Therefore, the consortium
and dry - CDS (May to September) and a hot and wet - HWS
can be used as a strategy to improve the presence of pollinators
(October to March).
in cultivated areas, due the increase of the complexity of the
Two crop consortia were stablished, one in each season of the
agrosystem and food resources availability.
year, in the same area. The consortia were composed of pumpkins
(P), n= 32 plants, associated with eggplants (E), n= 64 plants.
Acknowledgments
The bees were sample from 40 minutes/day between 8 am and The authors are grateful to CAPES, FAPEMIG and CNPq for
4 pm, in each crop. We sampled 12 days, during the cold and funding this study. S.C. Augusto received research fellowships
dry season, and five days at the hot and wet season. from CNPq. L.S. Rabelo received a grant from CAPES.

Results and Discussion References


We collected 1101 bees on the crop consortia (P-CDS= 609 bees; Klein AM et al. 2007. Importance of pollinators in changing landscapes
[1]

P-HWS= 237 bees; E-CDS= 166 bees; E-HWS= 75 bees) belonged for world crops. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences
to eight tribes (Apini, “Centridini”, Euglossini, Exomalopsini, 274: 303-313
Meliponini, Xylocopini, Augochlorini and Halictini) and 40 species. Montemor KA, Souza DTM. 2009. Biodiversidade de polinizadores e
[2]

The similarities of the flowers visitors between crops were higher biologia floral em cultura de berinjela (Solanum melongena). Zootecnia
during the hot and wet season (PS= 47.73%) than at cold and Tropical 27: 97-103
dry season (PS= 12.70%). Considering each crop separately, the Serra BDV, Campos LA. 2010. Polinização entomófila de abobrinha,
[3]

similarities of the flowers visitors between seasons were 48.60% Cucurbita moschata (Cucurbitaceae). Neotropical Entomology 39: 153-159
(eggplant visitors), 32.86% (pumpkin visitors) and 37.66% (total
Batalha MA, Matovani W. 2000. Reproducitve phenological patterns of
[4]
visitors of the consortium). The partial overlap on the floral Cerrado plant species at the Pé-de-Gigante Reserve (Santa Rita do Passa
visitors is expected in this system because of the difference on Quatro, SP, Brazil): a comparison between the herbaceous and woddy
floral rewards and morphologies between the plants [2, 3]. This floras. Revista Brasileira de Biologia 60: 129-145

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FOOD NICHE OF TAPINOTASPIDINI SPECIES IN


CERRADO AREAS
Laíce S. Rabelo¹*; Amanda da Costa², Esther M. A. F. Bastos³; Solange C. Augusto²
Pôster

1
Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Ciências Agrárias, Monte Carmelo - MG
² Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Biologia, Uberlândia – MG
³ Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento, Laboratório de Recursos Vegetais e Opoterápicos, Fundação Ezequiel Dias, Belo Horizonte – MG
* laicesr@gmail.com

Introduction
Tapinotaspidini is a group of bees that uses oil to construct at ESP. The species presented high similarity in the use of pollen
the nests [1]. Byrsonima (Malpighiaceae) species are important sources (ESP: 96.68% ± 0.01%; SPSCN= 98.09% ± 1.91%), because
oil and pollen sources for these oil-collecting bees [2, 3]. Therefore, of their restricted number of sources and the concentration on
these plants can be used as baits to attract Tapinotaspidini bees foraging at Byrsonima species.
for studies about pollen sources. The identification of the floral The bee species exploited mainly sources with small pollen
sources and the overlap on their exploitation among sympatric grains (Byrsonima and Bidens types) compared to medium grains
species can contribute with valuable information for bee’s (Heteropterys type). The high use of pollen sources with specific
conservation. Thus, we aimed to identify the pollen sources of sizes was also verified for other oil-collecting groups (Centris
sympatric Tapinotaspidini species. We verified the importance and Tetrapedia) and is probably associated with behavioural
of oil-producing plants in their diet, the similarity in the use and morphological adaptation to remove and transport the
of pollen sources among the species and the morphological pollen grains [5].
characteristics of the pollen grains.
Conclusions
Methodology The bee species could be considered oligolectic due the reduced
The pollen loads were obtained from bees collected in two number of pollen sources exploited, criterion proposed by Cane
native areas in the Brazilian savannah: the Ecological Station and Sipes [6]. They also seem to depend on Malpighiaceae species,
of Panga (ESP: 19º09’20”-19°11’10”S/ 48°23’20”-48º24’35”W), as pollen sources, at Brazilian savannah. Thus, the availability of
Uberlândia – MG, and the State Park of Serra de Caldas Novas pollen sources belonged to Malpighiaceae species and/or that
(SPSCN: 17°47’56”’S/ 48°40’23”W), Caldas Novas – GO. We present small grains could be used as strategy for conservation
collected the bees during warmer and wet seasons of the years of Tapinotaspidini bees.
2012, 2013 and 2014 (total = 36h of observations/area).
The females were individually wrapped in plastic bottles Acknowledgments
and sacrificed by freezing before adding the recent collected The authors are grateful to CAPES, FAPEMIG and CNPq
resources in the bait plants to the scopa. This procedure reduced (project Biodiversity Patterns and Ecological Processes in the
the potential risk of biases in the evaluation of the contribution Cerrado Ecosystems in the region of the Triângulo Mineiro and
of Byrsonima, due all the pollen grains analyzed were obtained Southeast of Goiás (sub-basin of the Paranaíba River) for funding
before the bees arrived in the bait plant. The pollen loads from this study. S.C. Augusto received research fellowships from
six bee species (total samples= 23) were acetolyzed and counted CNPq. L.S. Rabelo received a grant from CAPES.
(1200 grains/sample). We removed from the analyses the pollen
types with relative abundance <3% in each sample, as they were References
considered contaminants or nectar/oil sources. The similarity in Alves-Dos-Santos I et al. 2007. História natural das abelhas coletoras
[1]

the use of pollen sources was determined according the Renkonen de óleo. Oecologia Brasilienses 11 (4): 544-557
index and the pollen grains size based on literature information [4].
Sigrist MRA, Sazima M. 2004. Pollination and reproductive biology
[2]

of twelve species of Neotropical Malpighiaceae: Stigma morphology


Results and Discussion and its implications for the breeding system. Annals of Botany 94: 33-41
We identified a total of three pollen types belonged to two
plant families (Asteraceae e Malpighiaceae) as pollen sources Boas JCV et al. 2013. Two sympatric Byrsonima species (Malpighiaceae)
[3]

differ in phenological and reproductive patterns. Flora 208 (2013) 360– 369
for the six bee species studied [ESP: Paratetrapedia connexa
(Vachal), Tropidopedia flavolineata Aguiar & Melo and Salgado-Labouriau, M. L. 1973. Contribuição à palinologia dos Cerrados.
[4]

Tropidopedia nigrocarinata Aguiar & Melo; SPSCN: Tropidopedia Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro
punctifrons  (Smith), T. flavolineata and Xanthopedia larocai [5]
Rabelo LS et al. 2014. Differentiated use of pollen sources by two
Moure]. sympatric species of oil-collecting bees (Hymenoptera: Apidae). Journal
Byrsonima species were the main pollen sources for all of Natural History 48 (25-26): 1595-1609
bee species (98.51% ± 1.87%) in both areas. Heteropterys type [6]
Cane JH, Sipes S. 2006. Characterizing floral specialization by bees:
(Malpighiaceae) was also recorded in both areas and was used only analytical methods and revised lexicon for oligolecty. In Waser NM, Ollerton
by Paratetrapedia species (ESP= 3.33% and SPSCN= 3.82%). Bidens J. Plant-pollinator interactions: from specialization to generalization.
type (Asteraceae) (3.30%) was exploited only by T. nigrocarinata Chicago. University of Chicago Press. pp. 99-122

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ABELHAS NATIVAS E FLORES VISITADAS EM DUAS ÁREAS


DE CERRADO DA MESOREGIÃO CENTRO-OCIDENTAL
PARANAENSE, BRASIL.

Pôster
Elizabete S. Sekine1*, Raquel de Oliveira Bueno1, Débora Cristina de Souza1, Franciélli C. Woitowicz-Gruchowski
2
, Favízia Freitas de Oliveira2
1
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Campo Mourão - UTFPR-CM
² Universidade Federal da Bahia - UFBA – Instituto de Biologia, Salvador, BA
*essekine@gmail.com

Introdução
A mesoregião centro-ocidental do Paraná possui ilhas de abelhas nas duas redes estudadas, mostra que há predominância
cerrado, que ocorrem como relictos incorporados às formações de espécies com poucas interações e poucas espécies com muitas
de Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Mista [1]. interações, de forma que a chance de removermos uma espécie
Atualmente o cerrado desta região encontra-se bastante alterado generalista, numa remoção aleatória é baixa, assim, a rede deve
e reduzido pelo avanço de áreas urbanas e monocultura. Este ser relativamente resistente às remoções aleatórias [3]
estudo teve como objetivo amostrar a diversidade de abelhas
visitantes de flores em duas áreas de cerrado na mesoregião Tabela 1. Características gerais das redes de interações abelhas-plantas.
centro-ocidental do Paraná, bem como descrever as redes de EEA 7H
interação nas duas localidades. Espécies de plantas (p) 24 25
Espécies de abelhas (a) 41 45
Metodologia Riqueza de espécies (S= a+p) 65 70
Abelhas foram coletadas com rede entomológica diretamente Tamanho da matriz (M= ap) 984 1125
nas plantas floridas de duas áreas de cerrado (Cerrado 7H e Estação Especialização da comunidade (H2’) 0,35 0,41
Ecológica Angico do Cerrado-EEA). As coletas foram mensais, Aninhamento (NODF) 8,02 8,28
em áreas amostrais de aproximadamente 2000 m2, no período de Conectância 9,45 7,28
agosto a dezembro de 2015, das 08 às 17h. A similaridade entre as
áreas foi medida pelo coeficiente de Sorensen. Algumas métricas
das redes de interação foram medidas com base em matrizes de Conclusões
presença e ausência. O aninhamento, NODF, foi calculado no As duas áreas são semelhantes em riqueza de espécies, tanto
programa Aninhado [2], para as análises das métricas de redes de de plantas quanto de abelhas, embora a similaridade tenha sido
interação, utilizou-se o pacote bipartite do software estatístico R. baixa. Uma das áreas apresentou maior número de conexões
possíveis (7H) e maior especialização da rede, enquanto EEA
Resultados e Discussão apresentou a maior porcentagem de interações registradas.
Na comunidade 7H foram encontradas 45 espécies de abelhas
(37% Halictidae, 42% Apidae, 16% Megachilidae, 3% Andrenidae Agradecimentos
e 2% Colletidae) em 25 espécies de plantas. Na comunidade EEA À UTFPR-CM pelo afastamento e à UFBA pela recepção da
foram 41 espécies de abelhas (58 % Apidae 34% Halictidae, 5% primeira autora para realização de pós-doutorado
Andrenidae e 3% Megachilidae), em 24 espécies de plantas.
Apenas cinco espécies de plantas foram similares nas duas áreas Referências Bibliográficas
(20%), o que pode ter influenciado na similaridade das espécies Roderjan, C. V.; Galvão, F.; Kuniyoshi, Y. S.; Hatschbach, G.G. 2002.
[1]

de abelhas que também foi baixa (28%). As redes de interações As regiões fitogeográficas do Estado do Paraná. Revista Ciência e
refletem características típicas de interações mutualísticas, com Ambiente, 24, 75-92p.
estrutura aninhada, baixa conectância e baixos graus médios Guimarães PR Jr & Guimarães P. 2006. Improving the analyses of
[2]

tanto de plantas como dos animais; prevalência de interações nestedness for large sets of matrices. Environmental Modelling &
fracas e ocorrência de interações assimétricas [3,4]. A rede 7H Software, 21: 1512–1513.
apresentou o maior número de conexões possíveis (M=1125) e [3]
Bascompte J et al. 2003. The Nested Assembly of Plant-Animal
maior riqueza de espécies (S=70), enquanto a rede EEA apresentou Mutualistic Networks. Proceedings of the National Academy of Sciences
o maior número total de interações registradas, 9,45% das of the USA. 100:9383-9387.
984 interações possíveis. A rede 7H apresentou maior índice de Memmott, J.; Waser, N. M.; Price, M. V. 2004. “Tolerance of Pollination
[4]

especialização, mostrando que a maioria das espécies são mais Networks to Species Extinctions.” Proc. Roy. Soc. Lond. Ser. B-Biol.
seletivas. A distribuição de grau, tanto das plantas como para as Science. 271:2605–2611.7

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PLANTAS VISITADAS PELAS ABELHAS EXOMALOPSIS


SPINOLA, 1853 NA REGIÃO DE CAMPO MOURÃO,
PARANÁ, BRASIL (HYMENOPTERA, ANTHOPHILA)
Pôster

Elizabete S. Sekine1*, Raquel de O. Bueno1, Caroline T. Garcia2, Tércio A.L. Matos2, Favízia F. de Oliveira2
1
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Campo Mourão - UTFPR-CM
² Universidade Federal da Bahia - UFBA – Instituto de Biologia, Salvador, BA
*essekine@gmail.com

Introdução
As abelhas Exomalopsis Spinola, 1853 (Hymenoptera,
Apoidea, Apiformes, Apidae), pertencem à tribo Exomalopsini
Michener, 1944, cujos componentes constroem seus ninhos no solo,
podendo apresentar hábitos solitários ou com graus primitivos
de socialidade. Esses insetos são importantes polinizadores de
plantas nativas e cultivadas, entretanto, a amplitude do seu nicho
alimentar é pouco conhecida, devido, pricipalmente à dificuldade
em localizar os ninhos e encontrar plantas iscas eficientes para
atraírem essas abelhas [1]. O presente estudo teve como objetivo
identificar as espécies de Exomalopisis e as plantas visitadas por
elas em diferentes ambientes na região de Campo Mourão-PR.

Metodologia
As abelhas foram coletadas com rede entomológica diretamente
nas plantas floridas de seis áreas da região de Campo Mourão
- PR: duas de Afloramento Rochoso (A1 e A2- áreas abertas),
duas de Cerrado (C1- área aberta e C2- área fechada) e duas de
Floresta Estacional (F1 e F2- áreas fechadas). As coletas foram Figura 1. Número de indivíduos coletados por planta e por área. C1
mensais, em áreas de aproximadamente 2000 m2, no período de e C2= áreas de Cerrado; F1 e F2=áreas de floresta; A1 e A2=áreas de
afloramento rochoso
Agosto a Dezembro de 2015, das 08 às 17h. Amostras das plantas
floridas foram coletadas para identificação.
coleta [1]. Das espécies de plantas visitadas por Exomalopsis,
Resultados e Discussão apenas C. regium e Solanum sp. possuem anteras poricidas.
Três espécies de Exomalopsis foram identificadas na área,
sendo E. auropilosa a mais abundante (66%), seguida por E. Conclusões
analis (27%) e E. fulvofasciata (7%). As áreas abertas (A1 e C1) Houve maior abundância de abelhas e maior número de
apresentaram o maior número de espécimes coletados (49% e espécies de plantas visitadas em A1 e C1, ambas áreas abertas.
24%, respectivamente). Somente em C1 foram amostradas as três Em ambientes de floresta, a altura das plantas com flores torna
espécies de abelhas, sendo a única a apresentar E. fulvofasciata. difícil a coleta no dossel, o que pode ter influenciado a amostragem
As plantas com maior número de visitações foram Hyptis sp. e nestes ambientes.
Cochlospermum regium. O afloramento rochoso A1 apresentou
maior número de plantas visitadas, seguida do Cerrado C1. Agradecimentos
As áreas de florestas (F1 e F2) foram as que apresentaram menor À UTFPR-CM pelo afastamento e à UFBA pela recepção da
número de abelhas e plantas visitadas (Fig.1). As espécies do primeira autora para realização de pós-doutorado.
gênero Exomalopsis são conhecidas por realizarem a coleta
de pólen por vibração. Essas abelhas envolvem os estames Referências Bibliográficas
apicalmente e lateralmente, rotacionando e vibrando o corpo Rabelo L.S. et al. 2016. Food niche of Exomalopsis (Exomalopsis)
[1]

para remover os grãos de pólen das anteras. O grão de pólen que fulvofasciata Smith (Hymenoptera: Apidae) in Brazilian savannah: the
cai no tórax da abelha é transferido pelas pernas medianas para importance of oil-producing plant species as pollen sources. Journal of
escopa [2]. O uso da vibração em flores, mesmo não possuindo Natural History, 50: 29-30.
anteras poricidas, permite a coleta de uma quantidade maior de Santos, A.O.R et al. 2014. Potential Pollinators of Tomato, Lycopersicon
[2]

grãos de pólen por unidade de tempo, comparando com outros esculentum (Solanaceae), in Open Crops and the Effect of a Solitary Bee
comportamentos, representando um mecanismo econômico de in Fruit Set and Quality. Journal of Economic Entomology, 107(3):987-994.

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PADRÕES SAZONAIS E CARACTERIZAÇÃO DOS


TIPOS POLÍNICOS ENCONTRADOS NAS ESPÉCIES
DE XYLOPHANES HÜBNER, 1819 (LEPIDOPTERA,

Pôster
SPHINGIDAE) COLETADAS NA ESTAÇÃO BIOLÓGICA DE
BORACEIA, SALESÓPOLIS, SP, BRASIL.
Diego S. Polizello1*, Angela M.S. Corrêa2 & Marcelo Duarte1
1
Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo- USP
2
Núcleo de Pesquisa em Palinologia- Instituto de Botânica – São Paulo
*diegospolizello@gmail.com

Introdução
O hábito alimentar dos esfingídeos (Lepidoptera, Sphingidae) Evidenciou-se também que as espécies de Xylophanes apresentam
e a morfologia do aparelho bucal dessas mariposas possibilitam um padrão generalista de visitação floral para a obtenção de
o contato com as partes reprodutivas das plantas, viabilizando a recursos alimentares, podendo ocorrer em plantas que não
polinização e reprodução de espécies vegetais. Como polinizadores possuem o padrão básico para esfingofilia, como por exemplo,
efetivos, têm importante papel na estruturação e na dinâmica Inga spp., Ceiba spp., Tibouchina spp., corroborando com dados
de populações vegetais, podendo esta função ser avaliada pelo já obtidos por Nilson (1987) e Darrault & Schlindwein (2002), os
número de espécies vegetais dependentes do serviço de polinização quais afirmam que estas mariposas apresentam alta flexibilidade
prestado por estes insetos (Palmer et al., 2003.). O presente estudo nas escolhas das flores exploradas.
teve como objetivo verificar a composição dos recursos alimentares
para as espécies de Xylophanes Hübner (Lepidoptera, Sphingidae), Conclusões
através da ocorrência dos tipos polínicos, como subsídio para As espécies de Xylophanes Hübner (Lepidoptera, Sphingidae),
uma futura da análise sobre o papel das espécies de Xylophanes mostraram alta flexibilização na utilização de recursos alimentares,
como agentes polinizadores em ambientes tropicais. configurando um padrão nitidamente generalista, inclusive em
muitos casos, ocorrendo em plantas que não possuem morfologia
Metodologia floral básica para esfingofilia. Este fato pode ser justificado pela
Foram utilizados 487 indivíduos pertencentes ao gênero ocorrência de diferentes recursos florais disponíveis muitas vezes
Xylophanes. O material analisado foi coletado entre os meses de numa mesma flor, tais como pólen e néctar. Acredita-se que as
julho de 2012 e junho de 2013, na Estacão Biológica de Boraceia, características florais nem sempre são indicadoras precisas e
Salesópolis (EBB), São Paulo. Os indivíduos foram identificados, infalíveis na determinação de um agente polinizador.
separados e hidratados individualmente. O material polínico foi
submetido ao método de acetólise de Erdtman (1960). Os grãos Agradecimentos
de pólen foram contados e identificados por tipos polínicos. Ao CNPq pela concessão de bolsa de Iniciação Científica.
Calculou‑se a variação alimentar pelo método de desvio- padrão
médio para N valores, obtendo-se, assim, a variação mensal dos Referências Bibliográficas
dados. DARRAULT OR, SCHLINDEWEIN C. 2002. Esfingídeos (Lepidoptera,
Sphingidae) no tabuleiro paraibano, nordeste do Brasil: Abundância,
riqueza e relação com plantas esfingófilas. Revista Brasileira de Zoologia
Resultados e Discussão 19: 429-433.
Nas amostras analisadas de 487 indivíduos de Xylophanes,
ERDTMAN G. 1960. The acetolisys method in a revised decription.
foi registrada uma quantidade total de 2016 grãos de pólen, os
Svensk Botanisk 54: 561-564.
quais foram identificados em 52 tipos polínicos pertencentes a
25 famílias de Angiospermas, tendo Fabaceae (34,4%) e Malvaceae LORENZI H. 1992. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de
(32,9%) mais da metade dos tipos polínicos amostrados. No período plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum 352p
de 12 meses, houve maior variação dos dados alimentares em NILSON L.A. 1987. Evolution of flowers with deep corola Tubes. Nature
setembro de 2012, janeiro e maio de 2013, períodos de floração 334: 147-149.
para a maioria dos táxons vegetais identificados (Lorenzi, 1992), PALMER T.M. STANTON, M.L. & YOUNG, T.P. (2003). Competition and
evidenciando que as espécies de Xylophanes presentes na EBB coexistence: exploring mechanisms that restrict and maintain diversity
possuem alta flexibilidade na utilização de recursos alimentares. within mutualist guilds. The American Naturalist 162: 63-79.

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LANDSCAPE HETEROGENEITY EFFECTS ON PLANT-


POLLINATOR NETWORKS
Patrícia A. Ferreira1*, Luciano E. Lopes2, Danilo Boscolo1
Pôster

1
Laboratório de Ecologia e Analise de Paisagens – LEAP, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo - USP
2
Departamento de Ciências Ambientais – DCAm, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
*patybio13@yahoo.com.br

Introduction
Anthropogenic changes in natural landscapes lead to losses in We  extracted from the titles and abstract those papers which
species and ecological process. At the same time human demand were related to our question.
for biological goods and better environmental quality imposes
pressure on the development of strategies to conserve and manage Results and Discussion
important ecological services. This dilemma inflicts an urge to From our search we found only seven papers (on both bases)
understand the effects of landscape structural and functional that discuss both landscape heterogeneity and any aspect of
changes on ecological services, among which pollination is one plant‑pollinator interaction networks. Plant-animal mutualistic
of the most important since it affects biodiversity maintenance networks have properties that promote their persistence in
and food production. Studies on pollination historically have fragmented landscapes [2]. Mutualistic networks are resistant to
analyzed the effects of environmental changes on the diversity landscape changes mostly when landscapes are heterogeneous.
of pollinators or on the reproductive success of plants [1]. More Moreover, a reduction of habitat quality and landscape heterogeneity
recently those studies began to look into those interactions from leads to species loss and decrease networks structure metrics,
a perspective of complex networks which takes into account such as network size, nestedness, H2’ and connectance. These
a wider understanding of the role of each species. Landscape changes negatively influence plant-pollinator networks robustness
heterogeneity is being discussed as a useful metric to explain how and resilience. Network metrics also showed that pollinator
species use both natural and degraded areas. For plant‑pollinator movement, long-distance pollination and gene flow are favored
studies this is an interesting approach that includes natural, in more heterogeneous landscapes [3].
semi-natural and anthropogenic areas (g.e. food crops) as
suitable for pollinators and may have positive effect on plants Conclusion
reproduction. Although there are few studies that investigate In fragmented landscapes, plant-pollinators networks were
landscape changes on plant-pollinator networks, some have more robust and resilient in areas with less intensified uses and
shown that more important than landscape configuration is more heterogeneous contexts. Those variables are important not
landscape composition. The quantity of suitable habitat was only for plant and pollinator diversity but also for the conservation
more important for networks structure than how this habitat is of pollination.
arranged. However even for those studies there is still a binary
habitat and non-habitat view of the landscape. In this study we Aknowlogdments
intend to investigate what the literature says about landscape CAPES and CNPQ for funding.
changes influences on plant-pollinator networks. We hypothesized
that forest amount and landscape heterogeneity have a positive Bibliographic References
effect on networks structure and consequently on pollination. Viana BF et al. 2012. How well do we understand landscape effects on
[1]

pollinators and pollination services? Journal of Pollination Ecology 7: 31-41.

Methods Passmore HA et al. 2012. Resilient Networks of Ant-Plant Mutualists


[2]

We reviewed published papers with the keywords “landscape in Amazonian Forest Fragments. Plos One 7: e40803.
heterogeneity” and pollinat* on Scopus and Web of Science data Moreira EF et al. 2015. Spatial Heterogeneity Regulates PlantPollinator
[3]

bases. The search resulted in 67 and 109 papers, respectively. Networks across Multiple Landscape Scales. Plos One 10: e0123628.

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COMO A QUANTIDADE DE FLORESTA E A


HETEROGENEIDADE DA PAISAGEM INFLUENCIAM A
DIVERSIDADE DE POLINIZADORES?

Pôster
Laura Nery Silva1* Patrícia Ferreira2 Danilo Boscolo1
1
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
*laura.nery.silva@usp.br

Introdução
As abelhas são consideradas os principais agentes polinizadores tais fatores. Foi possível observar que a quantidade de plantas
adaptados à visita às flores [1], promovendo serviço ambiental visitadas em áreas abertas (412) foi maior que as plantas visitas em
essencial tanto em ecossistemas naturais quanto em agroecossistemas. fragmentos florestais (292). O melhor modelo para a diversidade
Entretanto, esses insetos são bastante sensíveis às alterações na em áreas abertas foi o nulo, enquanto que para a riqueza, foi o que
paisagem, como à perda e fragmentação de ambientes naturais [2]. evidencia influência positiva da heterogeneidade e quantidade
Tais processos interferem na capacidade de dispersão [3] e na de floresta circundante. O melhor modelo para a diversidade em
disponibilidade de recursos e sítios de nidificação, ocasionando áreas abertas foi o nulo, enquanto que para a riqueza, foi o que
redução na abundância e riqueza desses polinizadores [4]. Portanto, evidencia influência positiva da heterogeneidade e quantidade
acreditamos que ao aumentar a oferta de recursos florais e locais de floresta circundante. Já em fragmentos florestais, os melhores
para nidificação através da manutenção de paisagens heterogêneas, modelos mostram que há influencia da interação dessas variáveis
pode-se influenciar positivamente a diversidade de espécies de explicativas na diversidade de abelhas, enquanto que para a
abelhas em diferentes quantidades de florestas [5]. Desse modo, riqueza, há influencia apenas da quantidade de floresta.
nossa hipótese principal é que em paisagens que tenham mesma
quantidade de floresta as mais heterogêneas podem sustentar Conclusão
maior diversidade de espécies de polinizadores. Em paisagens com maior quantidade de floresta, independente
da heterogeneidade, a diversidade diminui. Sendo assim, a
Métodos quantidade de cobertura florestal por si só não é suficiente para
As coletas foram realizadas na região entre as Serras da Cantareira a manutenção da diversidade de abelhas, uma vez que esse fator
e Mantiqueira. Nesse local foram selecionadas 15 paisagens não implica necessariamente em maior presença de recursos.
circulares com 1 km de raio. Em cada uma das paisagens foi Nesse caso, é necessário considerar o que há no entorno das
escolhido um fragmento florestal onde foram instaladas parcelas florestas. Em paisagens com alto grau de antropização, podemos
hexagonais regulares com 25 m de lado distantes 50m de todas perceber influência positiva da heterogeneidade, uma vez que
as bordas. A coleta de polinizadores foi realizada em plantas proporciona maior diversidade de recursos dentro do raio
com flores com o auxilio de redes entomológicas, tanto nos de forrageio dos insetos. Este resultado corrobora os estudos
de Moreira, 2015 [3], que evidencia que paisagens com nível
fragmentos como em áreas não florestadas adjacentes. Em cada
intermediário de heterogeneidade tendem a ser uma opção
planta foi realizada pausa de 15 minutos para coleta. Dentre os
viável para a manutenção da diversidade e riqueza de abelhas
dados coletados, o enfoque deste trabalho é a diversidade de
em regiões com intensa atividade humana.
famílias de abelhas amostradas. A heterogeneidade da paisagem
foi calculada no programa QGis, medida em índice Shannon,
utilizando os mapas de uso e ocupação do solo ao redor dos
Agradecimentos
Este estudo é financiado pelo projeto “Redes de interação planta-
pontos de coleta para escala de 1000m, de acordo com a percepção
polinizador em paisagens heterogêneas de Mata Atlântica” CNPQ
da espécie. A influencia das variáveis foi avaliada através de
(MCTI/CNPQ/Universal 449740/2014-5).
múltiplos modelos lineares generalizados (GLM) que foram
comparados pelo Critério de Informação de Akaike de segunda
ordem (AICc). Foi realizado também Test-t para comparar a
Referências Bibliográficas
WILLIAMS IH et al. 1991. Beekeeping, wild bees and pollination in
[1]
diversidade e riqueza nos fragmentos e em áreas abertas. the European Community. Bee World 72:170-180.

Resultados e Discussão STEFFAN-DEWENTER I & WESTPHAL C 2008. The interplay of


[2]

pollinator diversity, pollination services and landscape change. J. Appl.


Durante as campanhas realizadas nos meses de Dezembro, Ecol. 45: 737– 741.
Janeiro, Fevereiro e Março de 2016, foram coletadas ao todo 1088
abelhas. Podemos perceber que houve diferença significativa entre FAHRIG L et al. 2011. Functional landscape heterogeneity and animal
[3]

biodiversity in agricultural landscapes. Ecology Letters 14: 101-112.


a diversidade de abelhas coletadas nos dois ambientes (p=0.0135).
O mesmo padrão foi observado para riqueza (p=0.0056). Isso DIDHAM RK et al. 1996. Insects in fragmented forests: a functional
[4]

indica que a diferença na estrutura da vegetação pode influenciar approach. Tr. Ecol. Evol. 11: 255–260.
tanto a riqueza quanto a diversidade de espécies, uma vez que MOREIRA EF et al. 2015. Spatial Heterogeneity Regulates Plant-Pollinator
[5]

a oferta de recursos e sítios de nidificação varia de acordo com Networks across Multiple Landscape Scales. PLoS ONE 10: e0123628.

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OS PARÂMETROS DO NÉCTAR DE ZEYHERIA


TUBERCULOSA SÃO ADEQUADOS ÀS NECESSIDADES E
PREFERÊNCIAS DE SEUS POLINIZADORES?
Pôster

Camila Vaz de Souza1*, Massimo Nepi2, Marília M. Quinalha1, Elza Guimarães1


1
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Departamento de Botânica - Instituto de Biociências de Botucatu, SP, Brasil
2
University of Siena, Department of Environmental Sciences, Siena, Italy
*camilavaz@ibb.unesp.br

Introdução
Caracteres florais relacionados à atração de polinizadores, O néctar de Z. tuberculosa, rico em hexoses, é compatível às
especialmente recursos tróficos, podem garantir a transferência preferencias de abelhas de língua curta [5] como B. pauloensis.
adequada de grãos de pólen e, portanto, o sucesso reprodutivo Entretanto, quanto aos parâmetros volume e concentração, o
em espécies autoincompatíveis [1]. O principal atrativo primário néctar de Z. tuberculosa não se enquadra nas características
encontrado entre as angiospermas é o néctar [2]. Neste contexto, descritas para outras espécies melitófilas de Bignoniaceae [6],
variações no padrão de secreção, composição química e apresentando valores de ambos os parâmetros inferiores aos
concentração de néctar têm sido associadas a variações no destas espécies. A concentração também é inferior ao valor
tipo e comportamento dos visitantes florais já que, animais de ótimo (50-65%) descrito para abelhas do gênero Bombus [2].
diferentes grupos funcionais têm requerimentos energéticos e Assim, como os polinizadores requerem quantidades mínimas
nutricionais distintos [3]. Assim, nosso objetivo foi investigar se de recurso energético disponível nas flores para compensar a
as características do néctar de Zeyheria tuberculosa se adequam energia dispendida no forrageamento [7], o baixo volume e a baixa
às necessidades e preferências de seus polinizadores. concentração do néctar de Z. tuberculosa podem estar relacionados
à reduzida frequência de visitas e, consequentemente, ao baixo
Metodologia sucesso reprodutivo desta espécie [Souza et al., in prep].
Nós tomamos aleatoriamente, 15 inflorescências por indivíduo
(n = 4 plantas), contendo cinco botões pré-antese cada (n = 75 flores Conclusões
/ planta), totalizando 300 flores amostradas neste experimento O volume e a concentração de néctar não se enquadram nos
natural. Protegemos as inflorescências com sacos de voile para valores esperados para a síndrome de melitofilia, sugerindo
evitar que os visitantes florais coletassem o néctar. Medimos o que os polinizadores não tem um papel efetivo como agentes
volume (µL) e a concentração de néctar (%) e utilizamos estes de seleção sobre esses caracteres. Assim, nós sugerimos que a
dados para calcular os miligramas totais de açúcares (mgS). baixa frequência de visitas e o baixo sucesso reprodutivo, estão
Essas medidas foram tomadas em três momentos: início do relacionados aos valores inadequados de volume e concentração.
primeiro dia da antese (flores recém abertas); final do primeiro
dia da antese (flores de 12 horas); final do segundo dia da antese Agradecimentos
(flores de 36 horas). Para determinar a composição de açúcares Projeto Biota FAPESP - 2008/ 55434-7, Bolsa PD – 2009/ 17611-7.
coletamos oito amostras de néctar provenientes de flores de
primeiro dia de antese para análise em cromatografia líquida Referências Bibliográficas
de alta eficiência (CLAE). Herrera CM. 1996. Floral traits and plant adaptation to insect pollinators:
[1]

a devil’s advocate approach. In Lloyd DG, Barrett SCH. Floral biology.


Resultados e Discussão Springer, US, pp. 65-87.
A secreção de néctar em Z. tuberculosa inicia-se no período Willmer, P. 2011. Pollination and floral ecology. Princeton University
[2]

pré-antese e é contínua durante todo o período em que suas flores Press, Princeton.
recebem visitas de Bombus pauloensis, abelha média considerada
Nicolson SW. 2007. Nectar consumers. In Nicolson, SW et al. Nectaries
[3]
como o único visitante floral legítimo [Souza et al., in prep]. Este and Nectar. Springer, New York, pp. 129-166.
ajuste entre o período de secreção do néctar floral e o período
de atividade dos polinizadores garante que o recurso energético Cruden RW et al. 1983 Patterns of nectar production and plant-pollinator
[4]

coevolution. In Bentley B., Elias TE. The biology of nectaries. Columbia


esteja disponível desde o momento de abertura da flor [4] quando
University Press, New York, pp. 80-125.
registramos o pico de visitas das abelhas polinizadoras [Souza
et al., in prep]. [5]
Baker HG, Baker I. 1983. A brief historical review of the chemistry of
Quanto aos parâmetros do néctar nós obtivemos, em média, floral nectar. In Bentley B, Elias TE. The biology of nectaries. Columbia
University Press, New York, pp. 126-152.
os seguintes valores: 1,61 + 0,27 µL, a uma concentração de
19,71 + 2,95 % e 0,35 + 0,10 mg/ µL de açúcares. Além disso, Galetto L. 2009. Nectary and Nectar Features: Occurrence, Significance,
[6]

o néctar floral de Z. tuberculosa apresentou uma composição and Trends in Bignoniaceae. The Journal of Plant Reproductive Biology.
dominada por três açúcares simples: o dissacarídeo sacarose e 1, 1-12.
os monossacarídeos frutose e glicose. A razão S/ (G + F) foi de MacArthur RH, Pianka ER. 1966. On Optimal Use of a Patchy
[7]

0,28 + 0,13 sendo, portanto, considerado rico em hexoses. Environment. American Naturalist. 100, 603-609.

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O PAPEL DE ABELHAS PEQUENAS NO SUCESSO


REPRODUTIVO DE UMA ESPÉCIE DE BIGNONIACEAE
Marília M. Quinalha1*, Anselmo Nogueira2, Camila Vaz de Souza1, Gisela Ferreira1 e Elza Guimarães1

Pôster
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Departamento de Botânica - Instituto de Biociências de Botucatu, SP, Brasil
1

Universidade Federal do ABC – Centro de Ciências Naturais e Humanas, Campus de São Bernardo, SP, Brasil.
2

*marília_quinalha@yahoo.com.

Introdução
Mutualismos, como planta-polinizador, são suscetíveis a atuação
de visitantes que coletam recursos sem realizar transferência do
pólen [1], como por exemplo, abelhas pequenas que furtam pólen e
néctar. Essas abelhas são geralmente descritas como antagonistas
quando visitam flores grandes, porém, alguns estudos demonstram
que, ocasionalmente, esses visitantes podem tocar as estruturas
reprodutivas destas flores e depositar pequenas quantidades
de pólen sobre a superfície dos estigmas [2]. No entanto, não há
estudos que avaliem o real efeito dessas abelhas pequenas sobre
o sucesso reprodutivo de plantas que possuem flores grandes.
Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar se abelhas pequenas
podem eventualmente realizar polinização e contribuir para a
produção de sementes viáveis em uma espécie vegetal cujas flores
possuem dimensões associadas à polinização por abelhas médias.

Metodologia
Selecionamos Jacaranda caroba (Vell.) DC. (Bignoniaceae) Figura 1. Indicadores do sucesso reprodutivo de Jacaranda caroba.
como modelo para avaliar o papel das abelhas pequenas sobre (A) Número médio de sementes por fruto. (B) Porcentagem de germinação.
Diferentes letras indicam diferenças significativas entre os tratamentos
o sucesso reprodutivo de espécies de plantas que possuem flores (p < 0,05).
grandes. Mapeamos e marcamos 230 indivíduos de J. caroba em
uma população localizada na Estação Ecológica de Santa Bárbara,
4,1± 9,5. Além disso, essas sementes mostraram-se inviáveis,
São Paulo. Criamos dois tratamentos experimentais (1) visitas
evidenciando que esse grupo de abelhas não contribuiu para
exclusivas de abelhas pequenas: isolamos 14 inflorescências de
o sucesso reprodutivo de J. caroba. Isso pode ser decorrente da
J. caroba das abelhas médias com uma caixa de arame de modo
incompatibilidade do tamanho do corpo dessas abelhas com as
que somente as abelhas pequenas tivessem acesso as flores.
dimensões do tubo floral, bem como do comportamento de visita,
(2) visitação natural: deixamos 10 plantas expostas a todos os
o que poderia levar a uma deposição inadequada dos grãos de
visitantes florais. Ao final do período reprodutivo, em ambos
pólen sobre os estigmas das flores.
os tratamentos, analisamos a produção de sementes por fruto
e a porcentagem de germinação das mesmas como indicadores
do componente feminino do sucesso reprodutivo.
Conclusões
Concluímos que abelhas pequenas atuam exclusivamente
como antagonistas no sistema avaliado.
Resultados e Discussão
Detectamos diferença significativa na produção de sementes
por fruto entre os tratamentos (F = 30,6; p < 0,01). O número
Agradecimentos
FAPESP Projeto biota - 2008/55434-7 e Bolsa PD 2009/17611-7,
médio de sementes produzido a partir da visita de abelhas
Edital Universal (CNPq) - 446949/2014-0, Estação Ecológica de
pequenas foi significativamente menor que o produzido pela
Santa Bárbara e Instituto Florestal do Estado de São Paulo.
visitação natural (Fig. 1A). O mesmo padrão foi abservado para
a porcentagem de germinação (F = 85,55; p < 0,01). As sementes
produzidas pela visitação natural tiveram aproximadamente
Referências Bibliográficas
Darwin C. 1841. Humble-Bees. In Barret PH. The collected papers of
[1]

65% de germinação, enquanto no tratamento com visitas das Charles Darwin. University of Chicago, Illinois. pp. 142
abelhas pequenas nenhuma semente germinou (Fig. 1B). Nesse
145.
trabalho, confirmamos que as abelhas pequenas atuam apenas
como pilhadores de recursos, conforme já descrito em espécies de Ballantyne G et al. 2015. Constructing more informative plant–pollinator
[2]

Bignoniaceae que possuem flores grandes [3]. As abelhas pequenas networks: visitation and pollen deposition networks in a heathland plant
podem transferir grãos pólen durante as manobras de coleta de community. The Royal Society 282: 1-9.
recursos [2] e levar a formação de frutos e sementes. No entanto, a Guimarães E et al. 2008. Pollination biology of Jacaranda oxyphylla
[3]

quantidade de sementes produzidas por fruto foi baixa, em média with an emphasis on staminode function. Annals of Botany 102: 699–711.

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EFEITOS DA DENSIDADE POPULACIONAL E


ATRATIVIDADE FLORAL SOBRE O COMPORTAMENTO DE
VISITANTES FLORAIS DE JATROPHA MUTABILIS (POHL)
Pôster

BAILL. (EUPHORBIACEAE)
*Jéssica L. S. e Silva¹, Oswaldo, Cruz Neto¹, Ariadna V. Lopes²
¹ Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Departamento de Botânica, UFPE
² Departamento de Botânica, UFPE
*biologa0520@gmail.com

Introdução
A organização dos indivíduos em uma população vegetal, polinizadores [1,5]. O adensamento de indivíduos associado à maior
bem como a organização da oferta de recursos alimentares atratividade floral parece maximizar a eficiência do forrageio, os
para os polinizadores, exerce grande influência nas relações polinizadores consomem maior quantidade de recurso gastando
mutualísticas, como a polinização. O padrão de forrageamento dos pouco tempo no voo [6]. A elevada produção de flores é uma das
visitantes florais depende não apenas da quantidade de recurso formas de adaptação a ambientes adversos, potencializando a
disponível, mas também da maneira como estes recursos florais polinização, e consequentemente o sucesso reprodutivo das
estão distribuídos em um indivíduo e na população [1]. Entretanto, respectivas espécies de plantas [7]. A densidade de flores por
aumentos na frequência de visitas torna as flores mais propensas inflorescência interferiu negativamente na frequência total de
à lesões no estigma, assim como aumenta a probabilidade de visitas (R: 0,267; p: 0,335). Espécies vegetais que apresentam
fluxo polínico incompatível, e consequentemente, redução no indivíduos abundantes podem disponibilizar menor quantidade
sucesso reprodutivo [2]. Com isso, deve haver um balanço entre a de recursos por flor e/ou inflorescência [7]. A maior quantidade
atratividade floral e as taxas de visitação às flores, para que garanta de visitas às flores da mesma inflorescência em um indivíduo
e maximize o sucesso reprodutivo das espécies de plantas [3]. poderia contribuir para a geitonogamia [8,9].
O objetivo desse trabalho foi entender como a distribuição de
indivíduos e de flores interfere na atratividade dos visitantes Conclusões
florais em uma população de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill. A frequência de visitas varia de acordo com oferta de recursos.
(Euphorbiaceae) em área de Caatinga no Parque Nacional do A produção contínua e elevada de flores, como em Jatropha
Catimbau, Buíque, Pernambuco. mutabilis, são algumas estratégias para aumentar as chances de
polinização e permitir a manutenção das espécies de plantas e
Metodologia visitantes florais na Caatinga.
Foram estabelecidas 15 parcelas, cada uma com área de
30m² e distância média de 30m entre elas. Cada parcela teve o Agradecimentos
número de indivíduos contados Cinco inflorescências, de cada À Capes pela concessão da bolsa. Ao Programa de Pós-Graduação
indivíduo, de cada parcela tiveram o número de flores abertas em Biologia Vegetal (UFPE) e à equipe do Laboratório de Biologia
em um dia contadas, sendo consideradas inflorescências com
Floral e Reprodutiva.
maior atratividade aquelas que tiverem maior quantidade de
flores abertas. Os visitantes florais foram observados durante a
floração por um período de 6 horas por dia, entre 05:00h às 16:00h, Referências Bibliográficas
Grindeland JM et al. 2005. Effects of floral display size and plant
[1]
totalizando 60 horas de observação, identificando e registrando a density on pollinator visitation rate in a natural population of Digitalis
frequência por intervalo de observação e o horário de visitas em purpurea. Functional Ecology 19: 383-390.
15 parcelas, por 10 dias. Para a quantificação da frequência de
visitas foram observadas no máximo três inflorescências por parcela Wilcock C, Neiland R. 2002. Pollination failure in plants: why it happens
[2]

and when it matters. Trends in Plant Science 7 (6): 270-277.


de indivíduos diferentes. As inflorescências foram registradas
quanto ao tipo floral que receberam visitas. A normalidade dos Nattero J et al. 2011. Factors affecting pollinator movement and
[3]

dados foi verificada com o teste Lilliefors. Para verificação dos plan fitness in a specialized pollination system. Plant Systematic and
efeitos da distribuição de indivíduos e de flores sobre a frequência Evolution 269: 77-85.
de visitas foi utilizada a correlação de Spearman [4]. [4]
Sokal RR, Rohlf FJ. 1995. Biometry: the principles and practice of
statistics in biological research. 3ª Ed. WH Freeman and Co.: New York.
Resultados e Discussão Mitchell RJ et al. 2004. The influence of Mimulus ringens floral display
[5]

O maior número de visitas a flores de ambos os sexos size on pollinator visitation patterns. Functional Ecology 18: 116-124.
ocorreu entre os intervalos de 7:00-8:00h, com apenas uma visita
MacArthur RH, Pianka ER. 1966. On optimal use of patchy enviromment.
[6]
no período da tarde em todo o período de observação. Foram
The American Naturalist 100: 603-609.
registradas, a presença de Trigona spinipes, Chlorostilbon
aureoventris, Phoebis sp., e uma espécie não identificada de Stone JL, Jenkins EG. 2008. Pollinator abudance and pollen limitation of
[7]

Diptera visitando as flores de J. mutabilis. Trigona spinipes foi a a Solanaceous shrub at premontane and lower montane sites. Biotropica
40 (1): 55-61.
mais frequente, correspondendo a quase 90% da frequência total
de visitas. A distribuição adensada de indivíduos em floração Klinkhamer PGL et al. 1997. Sex sand size in cosexual plants. Tree 12
[8]

(R: 0,559; p: 0,030) e a maior quantidade de flores abertas por (7): 260-265
parcela (R: 0,497; p: 0,034) favoreceram a frequência de visitas Karron JD, Mitchell R. 2012. Effects of floral display size on male and
[9]

em J. mutabilis, uma vez que a estratégia de exibir uma maior female reproductive success in Mimulus ringes. Annal of Botany 109:
quantidade de recursos torna a população mais atrativa aos 563-570.

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AVALIAÇÃO DA REPRODUÇÃO DE CROTALARIA


SPECTABILIS E C. JUNCEA
Márcia de F. Ribeiro1*, Katia S. Malagodi-Braga2, Ricardo C. R. de Camargo2, João C. Canuto2,

Pôster
Waldemore Moriconi2, Jody J. Santos2 e Lucas Z. da Cól2
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária: 1Embrapa Semiárido e 2Embrapa Meio Ambiente

Introdução
Os adubos verdes têm grande importância uma vez que a diferença foi significativa (p< 0,001, Mann-Whitney). O mesmo
melhoram a qualidade do solo, reduzindo sua compactação e ocorreu para o comprimento médio das vagens de C. spectabilibis
aumentando a infiltração de água; evitam a erosão; reciclam (x= 3,9 ± 0,2cm, n= 30), e C. juncea (x= 2,8 ± 0,2cm, n= 40) (p< 0,001,
nutrientes; aumentam a diversidade de microrganismos; auxiliam Mann-Whitney), demonstrando diferenças consideráveis na
no controle de plantas invasoras, contribuindo para o rendimento biologia reprodutiva destas espécies.
de culturas [1]. Dentre eles, destacam-se as espécies de Crotalaria
por serem muito adaptadas a solos de reduzida fertilidade [2]. Tabela 1. Variáveis avaliadas (número médio ± desvio-padrão) de
O objetivo deste trabalho foi contribuir para o conhecimento da vagens/racemo, sementes desenvolvidas (SD), sementes não desenvolvidas
(SND), e número total de sementes para C. juncea e C. spectabilis, nos dois
reprodução dessas leguminosas.
tratamentos: polinização natural (PN) e autopolinização espontânea (AE).
N médio N. total
Metodologia Espécie/
vagens/
N. médio N. médio
sementes /
Sementes de Crotalaria spectabilis e C. juncea foram semeadas Trat. SD/vagem SND/vagem
racemo vagem
a lanço, em dezembro de 2015, nas entrelinhas de um Sistema
C. juncea
Agroflorestal, no Sítio Agroecológico, da Embrapa Meio Ambiente,
em Jaguariúna (SP). Em fevereiro e março de 2016, racemos PN
com botões florais foram submetidos a dois tratamentos de (n*= 7) 4,3 ± 1,7 6,8 ± 2,2 4,8 ± 3,4 11,7 ± 2,7
polinização: autopolinização espontânea (AE, ensacados com (n**=40) 7,7 ± 2,4 3,6 ± 2,6 11,3 ± 2,6
organza) e polinização natural (PN, deixados livres, expostos à AE
visitação por insetos), ambos identificados por etiquetas. Para (n*= 19) 0,11 ± 0,32 5,5 ± 0,7 0 0,6 ± 1,7
cada racemo fez-se a contagem aproximada do número de botões. C.
Os frutos (vagens), colhidos ainda verdes, foram avaliados spectabilis
quanto ao comprimento (com régua) e ao número de sementes: PN
desenvolvidas (SD), não desenvolvidas (SND) e total. Muitas (n**= 30) - 22,4 ± 1,9 1,9 ± 1,8 24,4 ± 1,5
etiquetas foram perdidas e, assim, para aumentar o tamanho AE
amostral, frutos originados de racemos não etiquetados e não (n**= 13) - 19,9 ± 2,4 1,9 ± 2,0 21,8 ± 1,2
ensacados, sob polinização natural, também foram avaliados. (Legenda: Trat.= tratamento; n*= número de racemos marcados;
Como nestes casos vagens foram colhidas de diversos racemos, n**= número de vagens colhidas em racemos não marcados).
aleatoriamente, não foi possível calcular o número médio de
vagens/racemo.
Conclusões
Resultados e Discussão C. juncea depende da polinização biótica para produção de
A tabela 1 mostra os resultados obtidos para C. juncea e sementes e C. spectabilis, embora não apresente esta dependência,
C. spectabilis, quanto ao número de vagens e sementes nos dois tem esta produção significativamente aumentada na presença
tratamentos de polinização. Na PN, todos os racemos marcados de polinizadores.
de C. juncea (100%) produziram vagens e na AE apenas 2 racemos
produziram frutos (10,5%) sendo uma única vagem em cada Agradecimentos
um, contendo 5 e 6 SD, respectivamente. A comparação dos dois Agradecemos as sementes cedidas pela Piraí Sementes, ao apoio
tratamentos mostrou claramente que C. juncea produz muito do Setor de Campos Experimentais da Embrapa Meio Ambiente
poucas sementes por AE - o que foi observado anteriormente [3], e, e as bolsas de estágio de graduação cedidas pela Embrapa.
portanto, depende dos polinizadores para a produção comercial
de sementes. Na PN de C. juncea, o número médio de sementes Referências Bibliográficas
por vagem obtido de frutos em racemos não marcados, foi [1]
Calegari, A. Perspectivas e estratégias para a sustentabili-dade e o
semelhante àquele obtido para os racemos marcados, validando aumento da biodiversidade dos sistemas agrícolas com o uso de adubos
este resultado. Em C. spectabilibis, as diferenças encontradas verdes. In: Adubação verde e plantas de cobertura no Brasil – Fundamentos
para os dois tratamentos (Tab. 1) foram altamente significativas e prática, v. 1. Lima Filho, OF de et al, Brasília. Embrapa. pp. 19-36.
(p< 0,0001, Mann-Whitney). Portanto, embora C. spectabilis Wutke, EB et al. Espécies de adubos verdes e plantas de cobertura e
[2]

produza sementes na ausência de polinizadores, a presença recomendações para seu uso. In: Adubação verde e plantas de cobertura
deles pode provocar um aumento significativo na produção. no Brasil – Fundamentos e prática, v. 1. Lima Filho, OF de et al. Brasília.
Comparando-se o número total de sementes no tratamento Embrapa. pp. 59-16.
de PN entre as duas espécies (C. spectabilis, n= 30 e C. juncea, Malerbo-Souza, DT. 2014. Visitantes florais na cultura da crotalária
[3]

n= 47), (24,4 ± 1,5 e 10,9 ± 2,3, respectivamente), verificou-se que (Crotalaria juncea). Ciên & Cult 10:79-88.

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SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO E DISPERSÃO EM


ECOSSISTEMA URBANO TROPICAL
*Marcela T. P. de Oliveira¹, Laís Angélica Borges², Ariadna Valentina Lopes³
Pôster

¹ Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Departamento de Botânica, UFPE


² Departamento de Ciências Biológicas, Centro de Ciências Agrárias - Campus III, UFPB
³ Departamento de Botânica, UFPE
*marcelatomaz@yahoo.com.br

Introdução
Os espaços verdes urbanos desempenham um importante quiropterofilia (7,54%), ornitofilia (7,54%), esfingofilia (3,77%),
papel para o desenvolvimento das cidades e podem ser lugares cantarofilia, falenofilia cada um com 1,88 %. A melitofilia também
ecologicamente diversos [1]. A arborização é capaz de integrar foi a síndrome predominante em área de remanescente de
espaços naturais e áreas destinadas ao lazer, como parques e floresta Atlântica [7]. Quanto aos recursos florais encontrados em
praças, atuando como conector de ambientes e contribuindo com a 57 espécies, houve predomínio de néctar como recurso primário
diversidade da flora e da fauna em ecossistemas urbanos. Os serviços (52,63%), seguido de néctar/pólen (19,29%), pólen (17,54%), e ACPF
de polinização em áreas urbanas, assim como em ecossistemas (abrigo, cópula, partes florais) com 10,52%. Para as síndromes de
naturais, são importantes para a manutenção de espécies [1] e são dispersão em 51 espécies, a zoocoria foi predominante (47,24%),
prejudicados por alterações antrópicas. Em comunidades vegetais, seguida de autocoria (35,4%) e anemocoria (17,6%). A zoocoria é o
estudos de atributos florais e grupos funcionais de polinização mecanismo de dispersão mais importante em florestas tropicais [8].
permitem inferir quais tipos de polinizadores são beneficiados
com os recursos florais disponíveis no ecossistema. Assim, o Conclusões
objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento florístico O uso de espécies nativas é importante para a manutenção
de espécies arbóreas em áreas verdes urbanas e identificar os da fauna e flora urbana, principalmente como fonte de recurso
sistemas de polinização e dispersão relacionando com a oferta para os polinizadores. Planos de manejo em ambientes urbanos
de recursos disponíveis à fauna urbana. valorizando as espécies nativas seriam mais apropriados para
atender maior diversidade de polinizadores autóctones.
Metodologia
O estudo foi realizado em 10 praças públicas localizadas Agradecimentos
em nove bairros da Região Metropolitana do Recife, em 2013. Ao CNPq pela bolsa concedida durante o projeto. Ao Programa
As  espécies arbóreas estudadas estão inseridas em espaços de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal
livres na área urbana da cidade e foram plantadas com fins de Pernambuco e à equipe do Laboratório de Biologia Floral e
ornamentais e/ou de paisagismo [2]. Os atributos reprodutivos Reprodutiva (POLINIZAR).
foram avaliados a partir de espécimes coletados e através de
comparações com dados de literatura. Foi gerado um banco de Referências Bibliográficas
dados com os seguintes atributos: recurso floral, síndromes de Lugo AE. 2010. Let´s not forget the Biodiversity of the Cities. Biotropica,
[1]

polinização e de dispersão [3,4]. A origem das espécies foi checada 42 (5): 576-577.
através de literatura especializada [5,6]. Carneiro, A, R. S. 2000. Espaços livres do Recife. Prefeitura da Cidade
[2]

do Recife, p. 139.
Resultados e Discussão Machado IC et al. 2006. Plant sexual systems and a review of the
[3]

Foram observadas 704 árvores, sendo identificadas 21 famílias breeding system studies in the Caatinga, a Brazilian Tropical Dry Forest.
e 82 espécies. Dentre as espécies identificadas, apenas 43,4% Annals of Botany, 97:277-287.
são nativas do Brasil e 52,6% exóticas, fato comum na maioria Faegri K, Pijl L van der. 1979. The principles of pollination ecology.
[4]

das cidades brasileiras. No entanto, o uso de espécies nativas é Oxford: Pergamon Press. 244 p.
fundamental para a manutenção da fauna e flora, como fonte de
Lista de Espécies da Flora do Brasil. 2013. Jardim Botânico do Rio de
[5]
recurso para avifauna e polinizadores, além de contribuir com o Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbj.gov.br/>.
aumento da biodiversidade urbana. A família Leguminosae foi a
mais representativa com 22 espécies, seguida de Arecaceae (16), Lorenzi H. et al. 2003. Árvores exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais
[6]

e aromáticas. Nova Odessa, SP. Editora Plantarum. p. 368.


Anacardiaceae (6), Bignoniaceae (6), Malvaceae (5), Moraceae
(5), e as demais famílias representadas com um número igual ou Girão LC et al. 2007. Changes in Tree Reproductive Traits Reduce
[7]

inferior a duas espécies. Quanto à síndrome de polinização para Functional Diversity in a Fragmented Atlantic Forest Landscape. Plos
53 espécies, as espécies melitófilas foram as mais representativas, One, 2(9): 1-12.
correspondendo a 39,63%, seguida de espécies com síndrome Stiles EW. 1989.  Fruits, seeds, and dispersal agents. in W.G. Abrahamson,
[8]

de diversos pequenos insetos (20,75%), anemofilia (11,62%), editor.  Plant-animal interactions.  McGraw Hill, New York, New York, USA.

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O FOGO ALTERA O PADRÃO DE OFERTA DE


RECURSOS TRÓFICOS PARA POLINIZADORES EM UMA
COMUNIDADE DE CERRADO?

Pôster
Priscila Tunes1*, Vinícius N. Alves2, Adriano Valentin-Silva1, Marco A. Batalha3 e Elza Guimarães4
1
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Botânica), UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
2
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, Universidade Federal de Uberlândia
3
Departamento de Botânica, Universidade Federal de São Carlos
4
Departamento de Botânica, UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
*tunes.priscila@gmail.com

Introdução
Em savannas tropicais, como o campo cerrado, o fogo para ambos [7]. Por outro lado, as espécies que oferecem recurso
desempenha importante papel, tendo o potencial de modificar para morcegos e esfingídeos tiveram sua floração estimulada
a estrutura das comunidades como um todo [1, 2]. Além disso, pelo fogo, podendo indicar favorecimento dessas espécies, o
o fogo pode alterar o padrão de investimento em reprodução que pode auxiliar na recuperação da comunidade após o fogo [8].
sexuada [3,4], influenciando, assim, a oferta de recursos para A floração das espécies que fornecem recursos para beija-flores
polinizadores. Objetivamos responder às seguintes perguntas: foi inibida pelo fogo por pelo menos 12 meses, indicando uma
(i)  Existe sazonalidade na oferta de recursos tróficos na comunidade ruptura temporal e espacial do ajuste fenológico entre plantas
como um todo? (ii) O fogo altera o período de oferta de recursos e polinizadores [6,7].
tróficos para os polinizadores da comunidade como um todo?
(iii) Existe sazonalidade na oferta de recursos tróficos para cada Conclusões
grupo de polinizadores? (iv) O fogo altera o período de oferta de Os dados obtidos nesse estudo evidenciaram o impacto do
recursos tróficos para cada grupo de polinizadores? fogo sobre a fenologia de uma comunidade de cerrado e seu
potencial impacto sobre as interações planta-polinizador com
Metodologia relação a variações temporais na oferta de recursos tróficos. Nossos
Distribuímos, aleatoriamente, dez parcelas de 25 m² em uma dados indicaram que alguns tipos de vetores podem ser mais
área de campo cerrado. Mantivemos cinco delas como controle impactados do que outros no cenário pós-fogo. Sendo assim,
e queimamos experimentalmente as outras cinco. Ambos os informações como estas podem auxiliar a predizer com maior
tratamentos eram florísticamente semelhantes ao início do precisão como esse tipo de distúrbio pode alteraras interações
estudo. Contabilizamos os indivíduos de 60 espécies comuns aos planta-polinizador em comunidades savânicas.
tratamentos. Registramos mensalmente o número de indivíduos
floridos em cada espécie. Para identificar se havia sazonalidade Agradecimentos
na floração, utilizamos o teste de Rayleigh e, para analisar se o À Estação Ecológica de Santa Bárbara - Instituto Florestal, à
fogo alterou o padrão de floração, utilizamos o teste de Watson- Dra. Giselda Durigan, à Ms. Geissianny Bessão de Assis, à Heloíza
Williams [5]. Cassola e aos membros do Laboratório de Ecologia e Evolução das
Interações Planta-animal. MAB agradece ao Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela Bolsa de
Resultados e Discussão
Produtividade em Pesquisa (CNPq, processo nº 305912/2013-5).
O fogo alterou a data média de ocorrência da floração,
antecipando seu início, o que era esperado, uma vez que o
fogo estimula fenofases reprodutivas [3,4]. Apesar de o pico de
Referências Bibliográficas
Coutinho L. 1990. Fire in the ecology of the Brazilian cerrado. In: Fire
[1]
florescimento ter sido alterado, os períodos de florescimento in the Tropical Biota (Ed. J. G. Goldammer). Springer-Verlag, Berlin,
de ambos os tratamentos continuaram sobrepostos, indicando Germany.
que o ajuste temporal entre a fenologia das plantas e de seus
Hoffmann WA. 1999. Fire and population dynamics of Woody plants
[2]
polinizadores pode ser mantido [6]. Analisando separadamente in a neotropical savanna: matrix model projections. Ecology 80:1354-1369.
cada grupo de polinizadores, observamos que os grupos de
plantas associadas a diferentes vetores apresentaram distintos
[3]
Pivello VR. 2008 Os cerrados e o fogo. ComCiência 104:1.
padrões de resposta ao fogo. O grupo de espécies que oferece [4]
Lamont BB, Downes KS. 2011. Fire-stimulated flowering among
recursos para abelhas pequenas apresentou o mesmo período resprouters and geophytes in Australia and South Africa. Plant Ecology
de florescimento nos dois tratamentos e antecipação do pico de 212:2111–2125.
floração pós-fogo, apresentando padrão similar ao da comunidade [5]
Zar, J. H. (2010). Biostatistical analysis. Pearson Education.
como um todo. As espécies que oferecem recursos para abelhas [6]
Peñuelas J, Filella I. 2001. Responses to a warming world. Science 294:793.
grandes não sofreram nenhuma mudança fenológica relacionada
ao fogo. Já as espécies que oferecem recursos para borboletas, Hegland SJ et al. 2009. How does climate warming affect plant-pollinator
[7]

besouros, moscas e vespas sofreram alterações no seu padrão de interactions? Ecology Letters 12:184–195.
florescimento, o que pode levar à ruptura do ajuste fenológico Menz MHH et al. 2011. Reconnecting plants and pollinators: challenges in
[8]

entre plantas e polinizadores [6], podendo gerar desvantagens the restoration of pollination mutualisms. Trends in Plant Science 16:4-12.

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A INVASÃO DAS ABELHAS NA ESCOLA: UMA PROPOSTA


PARA DISCUTIR A CONSERVAÇÃO DOS POLINIZADORES
Bruno F. Bartelli1, Jaqueline E. Batista1*, Bárbara M. C. Guimarães1, Fernanda H. Nogueira-Ferreira1.
Pôster

1
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Instituto de Biologia (INBIO)
*eternabatista@gmail.com

Introdução
A relevância do papel ecossistêmico desempenhado pelas mas, destes, apenas 50% (n=6) souberam explicar. Sobre os
abelhas, tanto na reprodução de plantas nativas quanto na possíveis polinizadores das plantas com flores, as respostas de
produção de alimentos (Kremen 2005)[1], e o declínio populacional ambos os grupos foram semelhantes. A opção mais marcada
desses insetos constatado nos últimos anos têm obtido maior entre os alunos foi “abelhas” (n=39), seguida por “beija-flores”
visibilidade nas comunidades científica e leiga. A adoção de (n=35) e “borboletas” (n=34), sendo que 95% (n=38) responderam
meios para disseminação do conhecimento teórico e prático sobre que as abelhas são os principais. Em relação à maneira como a
esses insetos por intermédio de projetos de educação ambiental polinização ocorre quando os animais vão em busca de pólen
e a formação de agentes replicadores desse conhecimento são e/ou néctar nas flores, houve diferença entre os grupos (χ2=6,4;
alternativas dentre as medidas que podem ser aplicadas para p=0,011). Setenta por cento (n=14) dos participantes do projeto
ajudar na conservação das redes de interações das quais diversas responderam que a polinização acontece por acaso e 70% (n=14)
espécies de abelhas fazem parte (Oliveira 2012)[2]. Nesse sentido, dos não-participantes disseram que ocorre de forma intencional.
elaboramos o projeto “ATELIÊ STEM: a invasão das abelhas na Entretanto, não houve associação entre o tipo de resposta e os
escola”, que realiza práticas que incrementam o conhecimento grupos quando os alunos foram questionados: se as abelhas
sobre a importância da polinização e das abelhas. Em parceria com realizam polinização sempre que visitam as flores, 65% (n=26)
escolas da Educação Básica da rede Municipal de Uberlândia (MG), responderam “sim” (χ2=1,758; p=0,185); se todas ferroam, 92,5%
o projeto visa sensibilizar os alunos por meio de discussões sobre (n=37) disseram que não, mostrando que sabem da existência
o tema e por meio da construção de jardins e mini-meliponários de espécies além de Apis mellifera (χ2≈0; p≈1); e se todas são
nas escolas, os “Doces Jardins”. Este estudo teve como objetivos: sociais, 67,5% (n=27) responderam “não”, evidenciando que
(1) analisar a percepção dos alunos sobre polinização, abelhas e conhecem também espécies solitárias (χ2=1,823; p=0,177). Por
sua importância; e (2) avaliar a contribuição do projeto “ATELIÊ fim, quando indagados sobre a importância da conservação das
STEM” na construção do conhecimento sobre polinização e abelhas. abelhas, grande parte dos participantes respondeu que nós, seres
humanos, e os outros animais dependemos desses insetos por
Metodologia conta da produção de mel, da polinização e, consequentemente,
O trabalho foi desenvolvido na Escola Municipal Professor da produção de frutos. Quanto aos não-participantes, as respostas
Ladário Teixeira, em Uberlândia-MG. Um questionário contendo foram principalmente associadas à produção de mel, mostrando
um total de nove perguntas objetivas e discursivas sobre polinização que a maioria deles desconhece o papel ecológico das abelhas.
e abelhas foi aplicado a 40 estudantes dos 7º e 8º anos do Ensino
Fundamental, sendo 20 participantes do projeto ATELIÊ STEM Conclusões
e 20 que não participam. As respostas dos questionários foram Apesar do contato com o termo “polinização”, os alunos
avaliadas e comparadas e, além disso, foram realizadas análises sabem pouco sobre o tema e sobre a importância das abelhas
de tabela de contingência. para os ecossistemas. Nesse sentido, o projeto ATELIÊ STEM
tem contribuído significativamente para a conscientização dos
Resultados e Discussão alunos cursistas. Esperamos que eles sejam replicadores desse
Dos 40 alunos que participaram da pesquisa, 85% (n=34) já conhecimento na escola e fora dela.
tinham ouvido falar em “polinização” e não houve diferença
entre os grupos “participantes” e “não-participantes” do projeto Agradecimentos
ATELIÊ STEM (χ2=1,765; p=0,184). Dentre os participantes, a Agradecemos aos alunos que participaram do estudo, às
opção mais marcada em relação ao meio no qual eles teriam professoras de Ciências Ana Rita, Selma e Maria Lúcia e aos
ouvido falar sobre o tema foi o próprio projeto ATELIÊ STEM gestores da escola que viabilizaram a pesquisa e à FAPEMIG e à
(n=7), seguida igualmente por “escola” (n=6) e “televisão” CAPES pelo apoio financeiro. Este estudo é parte dos resultados
(n=6). Já entre os não-participantes, a opção mais marcada foi do Programa STEM/CAPES/British Council.
“televisão” (n=7), seguida por “escola” (n=4) e “internet” (n=3).
Quando questionados se sabiam o que era polinização, houve Referências Bibliográficas
uma forte associação entre o tipo de resposta (sim ou não) e os Kremen C. 2005. Managing ecosystem services: what do we need to
[1]

grupos (χ2=5,161; p=0,023). Noventa e cinco por cento (n=19) dos know about their ecology? Ecology Letters 8: 468-79.
alunos que participam do projeto responderam “sim”, sendo Oliveira SF. 2012. Meliponário: Um cenário para promoção da Educação
[2]

que, destes, 78,9% (n=15) explicaram corretamente o conceito. Ambiental. 28 f. Monografia-Universidade Federal de Uberlândia,
Quanto aos não-participantes, 60% (n=12) responderam “sim”, Uberlândia, 2012.

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FLORAL TRAITS AS POTENTIAL INDICATORS OF


POLLINATION VS. THEFT
Camila S. Souza1*, Camila Aoki2, Augusto Ribas1, Arnildo Pott1, Maria R. Sigrist1

Pôster
1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
*souza.camila.bio@gmail.com

Introduction
Flower visitation does not necessarily mean pollination.
Thus, in some cases, only floral visitors reap benefits since they
are not all effective pollinators [1]. Therefore, flower morphology
is fundamental because floral traits can restrict access to floral
resources and thus prevent visits from antagonists visits [2].
We  herein investigated whether attributes of flowers and flowering
of plant species collected in the central Brazilian vereda would
be useful to predict pollinating or antagonistic visits. Based on
the hypothesis that decreasing specialization correlates with
theft, while increasing specialization correlates with pollination,
we investigated if the floral attributes and the flowering time of
species from central Brazilian vereda would be useful to predict
between pollinators and antagonistic visitors.

Methodology
This study was carried out from September 2012 to August
2013 in a vereda wetland in the Área de Proteção Ambiental
(APA) Guariroba, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brazil.
Fieldwork was conducted monthly in eight fixed plots of
50 m × 3 m (10 m apart). Diurnal floral visitors was sampled from
all flowered plants between 07h30 and 17h30. Each flowering Figure 1. Decision tree with the floral attributes and the probability of
plant was sampled for ten minutes. For all species, attributes were pollination or theft. NF = number of flowers; NMF = number of months
verified as described in [3] with some modifications. The visitor in flowering.
was considered a potential pollinator when it touched anthers to
receive pollen and stigma to deposit it [1]. Therefore, we utilized such as ants, beetles, cockroaches and hemipterans. All these
the method of recursive partitioning to generate a classification visitors groups had a high percentage of theft in the present study.
decision tree and cross-validation for tested the importance of However, further studies are required to confirm that this pattern
the attribute calculations. is repeated in other larger and more diverse communities, thus
confirming the possible preference for floral thieves.
Results and Discussion
Species with small and inconspicuous flowers, high number Acknowledgments
of flowers (>500) and flowering time shorter than ten months Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal for logistical
would have a greater chance of receive theft visits. In contrast, support and CAPES, for financial support.
large or medium-sized flowers with tube or dish floral type,
long flowering period and plants with a variable number of References
flowers would have the greatest chance to get more pollination Irwin RE et al. 2010. Nectar robbing: ecological and evolutionary
[1]

visits (Fig. 1). perspectives. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics
41: 271-292.

Conclusions [2]
Olesen JM et al. 2007. The openness of a flower and its number of
In small and inconspicuous pollination units, including flowers flower-visitor species. Taxon 56: 729-736.
and inflorescences, the floral resource is generally more accessible Machado IC, Lopes AV. 2004. Floral traits and pollination systems in the
[3]

to the visiting fauna, in particular those with short mouthparts, Caatinga, a Brazilian Tropical Dry Forest. Annals of Botany 94: 365-376.

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ATRAÇÃO DOS POLINIZADORES DE SARCOGLOTTIS


GRANDIFLORA (ORCHIDACEAE): COMPOSIÇÃO E
EMISSÃO DO ODOR FLORAL
Pôster

Nayara S.L. Albuquerque1*, Denise D. Cruz2, Paulo Milet-Pinheiro1 Daniela Navarro1, Isabel Cristina Machado1.
1
Universidade Federal de Pernambuco
2
Universidade Federal da Paraíba
*nayarasla@hotmail.com.

Introdução
Muitas espécies de orquídeas são polinizadas por apenas uma composta por seis compostos monoterpenos (mirceno 0.38%,
única espécie de polinizador [1]. As abelhas da tribo Euglossini são linalol 1.43%, nerol 57.29%, neral 1.5%, geraniol 36.35%, geranial
conhecidas como “abelhas das orquídeas”, pois um grande número 3.05%), sendo geraniol já registrado como atraente de machos de
de espécies dessa família é polinizado por elas [2], demonstrando Eulaema [5]. Há indicações de que composição dos voláteis florais
grande especificidade planta-polinizador. No gênero Sarcoglottis, pode determinar qual espécie de polinizador será atraída [6].
há registro de polinização por abelhas Euglossini, as quais procuram
as flores para tomar néctar [3], enquanto o odor floral nunca foi Conclusões
investigado. Para Sarcoglottis grandiflora ((Lindl.) Klotzsch) Como é conhecido para outras espécies de Orchidaceae,
até o momento era desconhecido o seu polinizador. Como esta Sarcoglottis grandiflora parece apresentar um grau de especialidade
espécie exala um forte odor floral, que deve atuar como atrativo muito grande com os seus polinizadores, Eulaema atleticana e
aos visitantes, o objetivo do trabalho foi determinar a composição E. niveofasciata. O atrativo floral é produzido de acordo com
dos voláteis florais e o horário de maior emissão, comparando o período de maior atividade dessas abelhas, sugerindo uma
com o período de atividade do polinizador. possível pressão seletiva da atividade de forrageio dos seus
polinizadores sobre os atributos florais de S. grandiflora.
Metodologia
O trabalho foi realizado na reserva Biológica Guaribas, fragmento Agradecimentos
de Floresta Atlântica no estado da Paraíba. As  fragrâncias florais Agradecemos às equipes dos laboratórios de Biologia Reprodutiva
de Sarcoglottis grandiflora foram caracterizadas com base em - Polinizar e Ecologia Química e à equipe da Reserva Biológica
amostras de 12 indivíduos coletadas em diferentes horários (9:00 h, Guaribas pelo suporte logístico.
15:00 h e 21:00 h) através do método “headspace” dinâmico [4].
As inflorescências foram encobertas com sacos de polietileno Referências Bibliográficas
e o ar no interior do mesmo, enriquecido com as fragrâncias Schiestl FP, Schlüter PM. 2009. Floral isolation, specialized pollination, and
[1]

pollinator behavior in orchids. Annual Review of Entomology. 54:425-46.


florais, foi então captado com o auxílio de uma bomba de sucção.
As amostras foram analisadas em um cromatógrafo gasoso acoplado [2]
Dressler RL. 1981. The Orchids: Natural History and Classification.
a um espectrômetro de massas. A produção de fragrâncias nos Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press.
diferentes horários foi comparada a partir do teste de ANOVA Singer RB, Sazima M. 1999. The pollination mechanism in the ‘Pelexia
[3]

(medidas repetidas), seguindo o teste a posteriori de Tukey, ambos alliance’ (Orchidaceae: Spiranthinae). Botanical Journal of the Linnean
realizados no programa STATISTICA 7. Cerca de 120 horas de Society 131: 249–262.
observação focal foram realizadas no período da manhã. Raguso RA, Pellmyr O. 1998. Dynamic headspace analysis of floral
[4]

volatiles: a comparison of methods. Oikos 81: 238-254.


Resultados e Discussão Peruquetti RC, Campos LAO, Coelho CDP, Abrantes CVM, Lisboa
[5]

O odor é importante atrativo floral de Sarcoglottis grandiflora, LCO. 1999. Abelhas Euglossini (Apidae) de áreas de Mata Atlântica:
sendo produzido mais intensamente no período de maior abundância, riqueza e aspectos biológicos. Revista Brasileira de Zoologia
frequência do polinizador, pela manhã (F2,22= 24,565; p=0,000002), 16(2):101-118.
que são duas abelhas da tribo Euglossini Eulaema atleticana e Dodson,C . H., R. L. Dresslerh. G. Hills,R . M. Adams,A Nd N. H.
[6]

E. niveofasciata, que visitam as flores de Sarcoglottis grandiflora Williams. 1969. Biologically active compounds in orchid fragrances.
mais frequentemente as 9:00 h. A fragrância de S. grandiflora é Science 164: 1243-1249.

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A RELAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO FLORAL COM


O USO DO PÓLEN POR ABELHAS EM FLORES DE
CHAMAECRISTA DESVAUXII

Pôster
Lorena B. M. Valadão1*, Juliana H.L. El Ottra2, Elza Guimarães1, Juliana V. Paulino3, Juliana G. Rando4,
Marília M. Quinalha1, Anselmo Nogueira1,5**
1
Universidade Estadual Paulista
2
Universidade de São Paulo
3
Universidade Federal do Rio de Janeiro
4
Universidade Federal do Oeste da Bahia
5
Universidade Federal do ABC
*lorena.bvmendes@gmail.com, **anselmoeco@yahoo.com.br

Introdução
Flores são consumidas pelos animais. Porém, é quando as sépalas têm aumento linear, as pétalas atrasam muito seu
estes utilizam recursos florais específicos tais como o néctar e o desenvolvimento, e os estames e o pistilo se alongam mais no final
pólen que a polinização pode ocorrer [1]. Neste caso, o recurso do desenvolvimento do botão. Na pré-antese os estames estão
floral precisa estar disponível e ser utilizado pelos animais em completamente desenvolvidos, mas sem a proteção completa das
momento específico da vida da flor, quando seus verticilos estão pétalas que ainda estão se desenvolvendo, assim como o pistilo
totalmente desenvolvidos, em formato e posição adequada para está terminando seu alongamento. C. desvauxii foi visitada
a transferência dos grãos de pólen aos estigmas. Portanto, o frequentemente por três espécies de abelhas classificadas em
desenvolvimento de cada verticilo floral é determinante para o seus comportamentos: (i) vibração das anteras (Bombus sp. e
sucesso da polinização [1]. Dessa forma, o objetivo deste trabalho Oxeae sp.), (ii) abertura das anteras com a mandíbula (Trigona
foi explorar diferentes aspectos do desenvolvimento floral, seus sp.), e (iii) abertura do botão em pré-antese com subsequente
padrões, e sua relação com o comportamento das abelhas em vibração (Bombus sp.). Todas as abelhas coletaram grãos de pólen
flores de uma espécie de Chamaecrista (Leguminosae) que possuí das anteras poricidas, no qual Bombus sp (Fig. 1A) e Oxeae sp.
sistema de polinização por vibração. Mais especificamente, nós (Fig. 1B) foram as polinizadoras potenciais vibrando as anteras
procuramos investigar: (i) o tempo de desenvolvimento do botão e geralmente tocando o estigma das flores em antese. Já Trigona
floral, bem como de cada verticilo individualmente, em especial sp. (Fig. 1C) cortou as anteras coletando os grãos de polén sem
dos estames relacionados com a alimentação das abelhas; e (ii) o vibrar, e raramente tocando o estigma, sendo considerada
padrão de visitação e comportamento das abelhas na obtenção antagonista. Bombus sp. teve comportamento alternativo em
de grãos de pólen ao longo da antese. alguns casos, forçando a abertura de botões em pré-antese e
vibrando em seguida. Botões em pré-antese podem fornecer
Metodologia grãos de pólen, mas esses não se aderem em posição específica
A espécie vegetal selecionada para este estudo foi Chamaecrista no corpo da abelha. Conjuntamente, o botão provavelmente não
desvauxii (Collad.) Killip, amplamente distribuída no cerrado e pode ser polinizado, pois a superfície estigmática encontra-se
ofertando pólen como único recurso floral para a atração das abelhas. fechada pelos tricomas dessa região. Nestes casos, Bombus sp.
O estudo foi executado em duas áreas ruderais no município de também foi considerada uma antagonista.
Botucatu/SP, onde foram selecionadas sistematicamente 10 plantas,
contendo ramos reprodutivos (em média com 12 botões florais
cada) para acompanhar o desenvolvimento dos botões ao longo
do tempo (0, 2 e 15 dias depois). Os botões foram marcados
com canetas permanentes na base da sépala. Adicionalmente,
três outros ramos reprodutivos de cada indivíduo com botões
florais e flores abertas foram coletados e fixados em FAA 50%.
As amostras fixadas foram processadas, e alguns botões foram
selecionados para a observação em microscopia eletrônica de Figura 1. Abelhas coletando pólen em flores de C. desvauxii. (A) Bombus
varredura (MEV). Um ramo reprodutivo por planta foi utilizado sp.; (B) Oxeae sp.; (C) Trigona sp.
para a medição do tamanho dos botões florais (≥ 1 mm de
comprimento) e de seus verticilos internos com a utilização Conclusões
do programa ImageJ. No campo, 10 plantas em cada uma das O padrão de desenvolvimento dos verticilos florais
duas áreas de estudo foram utilizadas para as observações dos individualmente contribui para o entendimento das variações
visitantes florais. O  padrão de visitação matinal e comportamento de comportamento das abelhas na obtenção dos grãos de pólen.
das abelhas foram observados ao longo de 25 horas, em período
correspondente ao da antese floral. Agradecimentos
Bolsa CAPES e Centro de M. Eletrônica do IBB-UNESP.
Resultados e Discussão
O crescimento do botão floral como um todo é mais rápido Referências Bibliográficas
inicialmente, e diminui gradativamente até a antese floral, já os Willmer P. 2011. Pollination and Floral Ecology. Princeton University
[1]

verticilos individualmente seguem padrão variável. Enquanto Press. Princeton. New Jersey. USA. pp. 792.

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23 a 26 de outubro de 2016 – UFG, Regional Catalão, GO

A DINÂMICA DE SECREÇÃO DE NÉCTAR EM FLORES


DE MARACUJÁ-AMARELO (PASSIFLORA EDULIS F.
FLAVICARPA DEGENER) ESTÁ RELACIONADA COM TAXA
Pôster

DE VISITAÇÃO DOS POLINIZADORES E PILHADORES?


Lílian R. F. de Melo1*, Carlos Eduardo P. Nunes³, Solange C. Augusto1, Camila N. Junqueira1,2
1
Laboratório de Ecologia e Comportamento de Abelhas, Instituto de Biologia – UFU
2
Escola Técnica de Saúde – UFU
³ Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal, Instituto de Biologia - Unicamp
*lilianrferreiramelo@gmail.com

Introdução
O néctar é um composto bioquímico formado por sacarose, amostragem (H0.05,15,15,15,15= 2.437; p<0,05). Considerando o número
frutose e glicose, em diferentes concentrações, secretado por de drenagens de néctar ao longo do dia, verificou-se diferença
estruturas glandulares, os nectários. Os insetos polinizadores significativa na produção (H0.05,15,15,15,15= 8.305; p<0,05). Quando
procuram por esse recurso oferecido e tendem a ter um bom submetida a até três drenagens, a flor consegue manter uma
aproveitamento na coleta do néctar. O maracujá-amarelo produção similar, o que não ocorreu a partir da quarta drenagem.
(Passiflora edulis f. flavicarpa Degener) é uma planta auto No entanto, independentemente da quantidade de drenagens,
incompatível que depende de abelhas do gênero Xylocopa para a concentração de néctar não apresentou diferença significativa
a polinização, as quais visitam as flores para a coleta de néctar. (H0.05,15,15,15,15= 4.839; p>0,05).
No presente trabalho foi analisada a dinâmica de secreção de Xylocopa frontalis (polinizador) e Apis mellifera (pilhador)
néctar no maracujá-amarelo e sua relação com a taxa de visitação foram as espécies mais encontradas nos três dias de observação. Não
de polinizadores e pilhadores. houve correlação entre a produção de néctar e a taxa de visitação
de polinizadores (rs=-0,140; gl=60; p>0,05) e entre a produção
Metodologia de néctar e a taxa de visitação de pilhadores (rs=-0,055; gl=60;
Os experimentos foram realizados na Fazenda Experimental p>0,05), assim como não houve correlação entre a concentração
Água Limpa, pertencente à Universidade Federal de Uberlândia, de néctar e a taxa de visitação de polinizadores (rs=-0,157; gl=60;
nos meses de novembro e dezembro de 2015, início da florada p>0,05) e entre a produção de néctar e a taxa de visitação de
do maracujá-amarelo. As análises referentes à secreção de néctar pilhadores (rs=0,188; gl=60; p>0,05).
e resposta floral, depois de repetidas remoções de néctar, foram
realizadas de acordo com Torres & Galetto (1998) [1] e Galetto &
Conclusões
Bernardello (2005) [2]. Sessenta botões foram ensacados em três
A secreção de néctar em flores do maracujá-amarelo foi
dias de coleta para a mensuração de volume e concentração do
contínua ao longo do dia e não está correlacionada com a taxa
néctar. A coleta foi realizada em intervalos de uma hora com a
de visitação de polinizadores e pilhadores da área. No entanto,
utilização de seringas graduadas (0,5 ml). Em cada coleta, o néctar
repetidas drenagens de néctar ao longo dos horários de amostragem,
presente na câmera nectarífera da flor foi totalmente retirado e a
simulando visitas de polinizadores e pilhadores, influenciam
concentração de açúcar (ºBrix) foi medida com o auxílio de um
negativamente a quantidade, mas não a concentração do néctar
refratômetro manual. A análise do padrão de secreção de néctar
produzido. Assim, espera-se que existam adaptações florais aos
teve início às 12h quando foi coletado néctar de cinco flores e
essas flores foram ensacadas novamente, para garantir a ausência principais polinizadores no maracujá-amarelo além da dinâmica
de visitas e permitir que o néctar se acumulasse até a próxima de secreção de néctar, por exemplo: morfologia, horário de antese,
medição. No segundo horário (13h), foi retirado o néctar acumulado composição química do néctar e da fragrância.
das cinco primeiras flores novamente e de mais outras cinco, as
quais foram, de novo, ensacadas na sequência. No terceiro horário Agradecimentos
(14h), o processo anterior foi repetido e iniciado em mais cinco Os autores agradecem à FAPEMIG e ao CNPq pelo
flores e assim por diante, até o último horário (15h) no qual foi financiamento do estudo e bolsas concedidas à Solange.
retirado o néctar de quinze flores já coletadas anteriormente e C.  Augusto (CNPq - 306298/2015-5), Camila N. Junqueira e
de mais outras cinco, que ficaram ensacadas até esse momento. Lilian R. F. Melo (FAPEMIG).
A taxa de visitação de polinizadores e de pilhadores na área de
cultivo do maracujá-amarelo foi obtida pelo método de censo Referências Bibliográficas
em transecto. [1]
Torres C, Galetto L. 1998. Patterns and implications of floral nectar
secretion, chemical composition, removal effects and standing crop in
Resultados e Discussão Mandevilla pentlandiana (Apocynaceae). Botanical Journal of the Linnean
Society 127: 207-223.
A produção de néctar floral foi contínua ao longo do dia.
Não houve diferença na produção (H0.05,15,15,15,15= 0.032; p=0.954) [2]
Galetto L. Bernardello G. In Dafni A et al. Pollination ecology: a practical
e na concentração do néctar entre os diferentes horários de approach. Canada, Enviroque

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HETERANTHERY IN LAVOISIERA HUMILIS:


RELATIONSHIP BETWEEN ANTHER MORPHOLOGY AND
POLLEN QUANTITY AND VIABILITY

Pôster
Thayane N. Araújo1, Lilian R. F. Melo1, Bárbara M. Giolo1, Júlia C. L. Dias1, Thayná C. Vieira1, Vinícius L. G. Brito2,
Gudryan J. Barônio3
1
Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Uberlândia
2
Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Uberlândia
3
Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, Universidade Federal de Uberlândia.

Introduction
Heteranthery is the presence of different anthers in the same df = 4, p = 0.0002). The large anthers (pollination) contained, on
flower. This difference is related to the size, position, colour, average, 1.87 times more pollen grains than small ones. Pollen
viability and a consequent differential deposition of pollen grains viability did not differ between the anther whorls and also did
on the bee body [1]. According to the division of labour hypothesis, not vary according to the degree of asymmetry of the stamens.
pollen from larger anthers is used for pollination, while pollen Therefore, these plants invest more in the production of pollen
from smaller anthers is used to feed bee larvae. In this sense, for pollination than for pollen to feed the bees. Heteranthery is
different anther whorls would be under different selective forces. an evolutionary response of plants to reproduction with less
Moreover, morphological variations involving the degree of energy expenditure [1,2].
floral symmetry may reflect variations in the development and
reproductive fitness of individuals.
Lavoisiera humilis Naudin belongs to the Melastomaceae
family, which is, in turn, included on the 20 angiosperm families
that exhibit heteranthery and floral symmetry variations [1].
The objective of this study was to investigate if the quantity and
viability of pollen from L. humilis are related to heteranthery.
We also verified whether there is a relationship between these
characteristics and the symmetry of the stamens.

Material and methods


The fieldwork was conducted in Diamantina/MG (18°13’04”S
43°35’40”W), during October 2015. Lavoisiera humilis (Fig. 1)
exhibits six pink petals and twelve stamens with poricide anthers.
We bagged 33 flower buds previously to the collection of flowers.
After the anthesis, we frontally photographed the flowers and Fig. 1. Lavoisiera humilis specimen collected during October 2015 on
collected the anther of extreme left (front view) from each whorl Diamantina municipality, Minas Gerais, Brazil. The black arrow indicates
(large and small anthers). The anthers were maintained in the stigma.
Eppendorf tubes with alcohol 70%. We counted the total pollen
grains in each anthers as well as pollen viability by the Acetic Conclusion
Carmine method. We use flowers photographies to measure the Even though the pollen viability of large and small anthers
angles formed between the stile and stamens (ImageJ software). are not different, the pollen production is concentrated in greater
We considered negative and positive angle values of the stamens anthers where the probability to be allocated to pollination is
to the left and right of the stigma, respectively. The average of higher.
the angles was the matching degree between anthers and stigma
(symmetry). Low values of mean angles (close to zero) indicate Acknowledgments
flowers with a more symmetrical arrangement of stamens according We are grateful to the Instituto de Biologia of Universidade
to the stigma. We used a mixed generalized model in order to Federal de Uberlândia and the Laboratório de Morfologia
verify whether the pollen quantity and viability were related to Vegetal, Microscopia e Imagens (LAMOVI) by staff assistance
the anther whorl (small/large) and the floral symmetry (degree and material help.
of matching). The specimens were used as a random factor, since
the two anthers were obtained from the same individuals. References
Vallejo-Marín, M.; Manson, J.S.; Thomson, J.D.; Barret, S.C.H. 2009.
[1]

Results and discussion Division of labour within flowers: heteranthery, a floral strategy to reconcile
There was no significant relationship between the symmetry contrasting pollen fates. Journal of Evolutionary Biology 22: 828-839.
of the pollen quantity on anthers. However, pollen quantity Harder, L. D. and Barrett, S. C. 2006. Ecology and evolution of flowers.
[2]

was different between the types of the anther (χ2 = 13.56, Oxford University Press.

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O PAPEL DA COR DAS PEÇAS FLORAIS DE MICROLICIA


CORDATA (MELASTOMATACEAE) NA ATRAÇÃO DOS
POLINIZADORES
Pôster

Mariana S. Carvalho¹*, Vinícius L. G. Brito1, Rosana Romero1, Bárbara M. C. Guimarães2, Gudryan J. Baronio2,
Roberta M. I. Ferreira1
1
Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós Graduação em Biologia Vegetal
2
Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais
*marianadscarvalho@gmail.com

Introdução
As flores utilizam uma grande variedade de sinais para atrair diferença entre os contrastes das anteras menores e dos conectivos
e indicar a presença de recompensas aos seus polinizadores, com as pétalas (t= -0.032; gl.= 58; p= 0,975). Como abelhas não
como por exemplo, a cor [1]. Por outro lado, os polinizadores possuem capacidade de discriminar contrastes muito baixos,
possuem diferentes capacidades para discriminar estímulos isso sugere que as abelhas poderiam interpretar os conectivos
visuais e interpretar essa sinalização. Microlicia cordata (Spreng.) como supostas anteras. Assim, estes insetos seriam atraídos e
Cham. é um subarbusto facilmente encontrado no Cerrado, que engodados pela coloração similar dessas estruturas. Além disso,
apresenta flores hermafroditas, corola rósea e estames dimórficos. como os estames maiores são menos atrativos para as abelhas
As anteras menores (estames antepétalos) são mais conspícuas polinizadoras, estes podem assim, cumprir melhor a função de
(geralmente amarelas) e têm localização acessível, enquanto que polinização, pois o pólen disponível nessas anteras não seria
as anteras maiores (estames antessépalos) têm um a coloração consumido na alimentação dos polinizadores, mas ficaria aderido
mais discreta ou similar à da corola e uma localização mais ao seu dorso e seria posteriormente transferido para outras flores.
próxima do estigma [2]. O presente estudo objetivou investigar Existe diferença significativa entre os loci de cores das peças
a hipótese de divisão de trabalho nas peças florais de Microlicia florais (χ2= 17,8, gl.= 6; p= 0,007). As pétalas ocupam a região do
cordata através da análise de cores. azul, a antera maior ocupa a região azul-verde, enquanto que a
antera menor e o conectivo ocupam o mesmo espaço na região
Metodologia do verde. É possível supor que a antera menor e o conectivo
O estudo foi realizado no Clube Caça e Pesca Itororó de tenham a mesma cor para a capacidade de discriminação de
Uberlândia. A medição das cores dos elementos florais (corola, Apis mellifera, já que estimulam de forma muito próxima o
anteras maiores, anteras menores e conectivo dos estames mesmo fotorreceptor.
maiores) foi feita em cerca de 3 flores para cada 30 indivíduos
de Microlicia cordata. Para a medição de cores foi utilizado um Conclusões
espectrofotômetro USB JAZ. Foram tiradas medidas de cada A hipótese de divisão de trabalho entre as peças florais foi
uma das quatro peças florais e geradas curvas de reflectância. corroborada quando se considera a cor. As abelhas possuem
Além disso, utilizou-se o modelo do hexágono de cores para Apis pouca capacidade de discriminar a antera maior, que estaria
melífera para se calcular os loci de cor ocupado por cada peça camuflada com as pétalas atuando apenas na transferência de
floral (Figura 1). A distância entre cada loci foi utilizada como pólen. Os estames menores são muito discriminados, atuando como
medida de contraste de cor e comparada através de ANOVA um sinal honesto de fonte alimentar, sendo que os conectivos do
(F= 25,19; g.l.= 2; p= 0,0001). estame maior atuariam como um sinal desonesto e intensificador.

Resultados e Discussão Agradecimentos


A antera maior tem uma coloração mais discreta em relação Agradecemos aos professores Pedro e Frascismeire por toda a
à corola. Já a coloração amarela dos conectivos das anteras informação compartilhada e pelo auxílio nas análises de dados.
maiores é muito similar à dos estames menores. Houve diferença
significativa entre o contraste de cor das peças florais e as pétalas Referências Bibliográficas
(F= 25,19; g.l.= 2; p= 0,0001). Especificamente, o contraste entre Brito V, et. al. 2014. Ecologia cognitiva da polinização. In: Rech, AR,
[1]

a antera maior e pétala (0,067 ± 0,097) (PEMA) é menor que o Agostini, K, Oliveira, PE, Machado, IC (Orgs.). Biologia da Polinização.
contraste entre antera menor e pétala (0,312 ± 0,151) (t= -2,974; Rio de Janeiro: Projeto Cultural.
gl.= 58; p= 0,004), bem como menor que o contraste conectivo e Jesson LK, Barrett SCH. 2003. The comparative biology of mirror-image
[2]

pétala (0,311 ± 0,197) (t= -6,069; gl.= 58; p= 0,0001). Não houve flowers. International Journal of Plant Sciences, 237-S249.

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POLINIZAÇÃO DO TOMATEIRO POR ABELHAS: O PAPEL


DA APIS MELLIFERA
Raysa S. T. B. Carvalho1, Bruno F. Bartelli1, Jaqueline E. Batista, Bárbara M. da C. Guimarães,

Pôster
Fernanda H. Nogueira-Ferreira1*
1
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Instituto de Biologia (INBIO)
*fernandahelenanogueiraf@gmail.com

Introdução
A polinização tem se mostrado um serviço ecossistêmico Resultados e Discussão
primordial. Estudos apontam que a produção de alimentos Das 60 flores marcadas para cada tratamento, 55 do grupo C, 35
depende direta ou indiretamente desse serviço e que as culturas
do A e 34 do M resultaram em frutos que puderam ser avaliados.
dependentes de polinizadores estão aumentando globalmente
As restantes não formaram frutos ou eles foram perdidos devido
(Aizen et al. 2009)[1]. Dentre os polinizadores, merecem destaque
ao manejo das plantas no cultivo. Dos 34 tomates do grupo
as abelhas. Estima-se que 73% das espécies vegetais cultivadas no
mundo sejam polinizadas por esses insetos. No Brasil, a eficácia M, 88,2% (n=30) foram originados de visita de A. mellifera,
da polinização por abelhas já foi confirmada para várias culturas, 8,8% (n=3) de Exomalopsis analis Spinola, 1853 e 3% (n=1) de
dentre elas, o tomateiro, Solanum lycopersicum L. (Solanaceae), que, Melipona quinquefasciata Lepeletier, 1836. Em decorrência
apesar de ser uma planta autofértil, possui uma alta dependência dessa superioridade numérica de A. mellifera, os resultados
de polinizadores (Giannini et al. 2015)[2]. As flores do tomateiro mantendo e excluindo as abelhas nativas das análises foram
apresentam anteras poricidas, assim, acreditava-se até então que bastante semelhantes. Com exceção da concentração de açúcares
a polinização dessa cultura em ambientes abertos fosse realizada totais, os tomates submetidos aos distintos tratamentos foram
somente pelo vento e por abelhas com o comportamento vibratório significativamente diferentes entre si, sendo que, de modo geral,
ou buzz-pollination. No entanto, Santos et al. (2014)[3] e observações as flores que ficaram livres para a visitação das abelhas originaram
preliminares mostraram que Apis mellifera L., 1758, mesmo não frutos de melhor qualidade. Isso evidencia a contribuição da
sendo capaz de vibrar, pode atuar como um polinizador potencial polinização cruzada efetuada pelas abelhas para o tomateiro
em decorrência do seu comportamento de coleta de pólen nas (Santos et al. 2014)[3], porém, mostra que uma única visita não
flores, conhecido como milking. O presente estudo teve como
é suficiente para que os frutos atinjam a mais alta qualidade.
objetivo avaliar a influência de visitas de abelhas na qualidade
Em relação à A. mellifera, tomates resultantes de apenas uma
dos tomates em ambiente aberto, tanto para abelhas em geral
visita dessa abelha apresentaram cerca de 21% mais sementes
quanto exclusivamente para A. mellifera, buscando verificar se
esta espécie é um polinizador efetivo do tomateiro. quando comparados com os de autopolinização (F2,117=22,53;
P=0,009), comprovando que a espécie é um polinizador efetivo
Metodologia do tomateiro.
O trabalho foi desenvolvido em uma área de cultivo comercial
aberto de tomate (variedade Dominador) localizada no município Conclusões
de Cascalho Rico-MG (18°39’09,33”S / 47°52’57,21”O), entre A polinização realizada por abelhas melhora a qualidade
fevereiro e maio de 2016. Um total de 180 flores em pré-antese do tomate, reforçando a alta de dependência de polinizadores
foram marcadas aleatoriamente em três linhas de cultivo que o tomateiro possui. Diferentemente do que se acreditava,
adjacentes. Em uma delas, 60 flores ficaram expostas e livres para A. mellifera mostrou-se um polinizador efetivo dessa cultura.
visitação (controle – C). Nas outras duas, as flores foram isoladas
individualmente com sacos de organza, sendo que 60 permaneceram Agradecimentos
protegidas até a formação do fruto em uma linha (tratamento de Agradecemos aos produtores de tomate que viabilizaram a pesquisa
autopolinização – A) e, na outra, 60 foram desensacadas, uma no cultivo, à UFU pelos laboratórios e equipamentos utilizados e
a uma, no início da antese para permitir a visita de uma única
ao apoio financeiro fornecido pela FAPEMIG, CNPQ e CAPES.
abelha. Após a visita, a flor era imediatamente reensacada e assim
permanecia até a formação do fruto (teste de primeira visita –
M). A qualidade dos tomates foi avaliada através dos seguintes
Referências Bibliográficas
Aizen MA et al. 2009. How much does agriculture depend on pollinators?
[1]
parâmetros: tamanho (medida dos diâmetros longitudinal e
Lessons from long-term trends in crop production. Annals of Botany
equatorial); peso; número de sementes e concentração de açúcares 103: 1579–1588.
totais (°Brix). Para verificar se a qualidade dos frutos depende da
polinização adicional efetuada pelas abelhas, foi realizada uma Giannini TC et al. 2015. The Dependence of Crops for Pollinators
[2]

análise de variância (ANOVA) seguida do teste de Tukey para and the Economic Value of Pollination in Brazil. Journal of Economic
cada um dos parâmetros analisados, exceto para a concentração Entomology 108: 849–857.
de açúcares totais, em que foi feito o teste de Kruskal-Wallis. Santos AOR et al. 2014. Potential Pollinators of Tomato, Lycopersicon
[3]

As análises foram realizadas mantendo e excluindo as abelhas esculentum (Solanaceae), in Open Crops and the Effect of a Solitary Bee
nativas (não-Apis) do grupo M. in Fruit Set and Quality. Journal of Economic Entomology 107: 987-994.

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AS ABELHAS SEM FERRÃO E O DOCE JARDIM: UM


RECURSO DIDÁTICO MULTIDISCIPLINAR
Camilla C. T. Marra 1*, Letícia R. Novaes1, Júlia A. Moraes1, Letícia Benavalli1, Ghabriel H. Silva1,
Pôster

Thayane N. Araújo1, Ana F. F. Ferreira1, Bianca G. S. Carvalho1, Marco M. Oliveira1, Renata A. Bianchi1,
Rodolfo. O. Santos1, Sandomar A. Silva1, Youry S. Marques1, Bruno F. Bartelli2, Fernanda H. Nogueira-Ferreira3
1
Estudantes do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia
2
Doutorando no curso de Pós-graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturas na UFU
3
Docente do INBIO na UFU
*camillacristm@gmail.com

Introdução
A escola tem como principal função a formação de cidadãos, herança para as escolas. Este espaço poderá ser palco de ações
por isso, alternativas didáticas visam a formação ética, intelectual e futuras, fazendo com que as sementes ali plantadas, frutifiquem
crítica dos estudantes. Assim, projetos de extensão são importantes, e se tornem perenes.
pois possibilitam a troca de conhecimento entre universidade e
escola. Nesse contexto, a proposta do Projeto “Ateliê STEM: a
invasão das abelhas na escola” contempla a ampliação do vínculo
entre a universidade e escolas da Educação Básica. Propõe a
transposição e externalização da pesquisa básica acadêmica,
além da expansão da formação docente, instrumentalizando
professores, licenciandos e pós-graduandos. O projeto teve como
objetivos discutir aspectos biológicos, ecológicos e contribuir com
ações conservacionistas em relação às abelhas. Teve como foco
principal as abelhas nativas sem ferrão, que são polinizadoras
de cerca de 75% da flora do Cerrado [1].

Metodologia Figura 1. “Doce Jardim” em duas das escolas parceiras do Projeto, espaço
O projeto foi desenvolvido com 110 estudantes do 7º ano do para ações conjuntas na escola.
Ensino Fundamental e 8 professores, em quatro escolas públicas,
na cidade de Uberlândia (MG). Foram realizados encontros cujo
objetivo foi explorar diferentes espaços de educação e utilizar
Conclusões
No “Doce Jardim” florescem oportunidades de
recursos didáticos variados.
multidisciplinaridade, expressas nas formas e objetos que compõem
Os dois primeiros encontros ocorreram na universidade e
o espaço. A estrutura dos ninhos das abelhas pode ser trabalhada
consistiram em transposições teóricas realizadas ora de modo
em Geometria. Nas Artes, existe a possibilidade de trabalhar
expositivo, ora por meio de jogos, dinâmicas e exercícios de
fixação. O terceiro encontro ocorreu no Parque Municipal Victório técnicas de representação destes seres vivos para estimular a
Siquierolli pela possibilidade de utilizar os recursos do Museu criatividade. Em Geografia, pode-se tratar da Biogeografia, como
de Biodiversidade do Cerrado. Nesse local os alunos tiveram a distribuição das abelhas sem ferrão nos biomas brasileiros.
contato com o “Cantinho das Abelhas”, onde conheceram os O potencial de abordagens e trabalho em grupo é ilimitado.
ninhos de jataí (Tetragonisca angustula) e mandaçaia (Melipona
quadrifasciata) e utilizaram um laboratório didático para observar Agradecimentos
a morfologia de abelhas e flores. Agradecemos à CAPES/British Council/Programa STEM)
No quarto encontro recorreu-se ao teor lúdico e artístico para pelo apoio financeiro que viabilizou a execução do Projeto, ao
concretizar as ideias para o “Doce Jardim”, que foi construído Laboratório de Ecologia e Comportamento de Abelhas (LECA),
no quinto encontro, quando os suportes para os ninhos e os ao Instituto de Biologia, ao PET-Biologia da Universidade Federal
canteiros foram montados. Na inauguração do Meliponário de Uberlândia (UFU) e a todos os participantes e colaboradores
“Doce Jardim”, as comunidades escolar e universitária foram do Projeto.
envolvidas (estudantes, professores, gestores e pais).
Referências Bibliográficas
Resultados e Discussão Ishara KL, Maimoni-Rodella CS. 2011. Pollination and Dispersal Systems
[1]

Com a execução do projeto foi perceptível o envolvimento e in a Cerrado Remnant (Brazilian Savanna) in Southeastern Brazil. Braz.
a aproximação entre alunos e professores da Educação Básica, Arch. Biol. Technol. v.54 n.3: pp. 629-642.
graduandos e pós-graduandos da UFU. Entendemos que o Souza SE. 2007. O uso de recursos didáticos no ensino escolar. Arq
[2]

“Doce Jardim” (Figura 1) é um recurso didático deixado como Mudi.; 11 (Supl.2):110-4.

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O ESTAMÍNÓDIO DE JACARANDA RUGOSA


GENTRY(BIGNONIACEAE) COMO UM AJUSTE: EFEITO
POSITIVO NO FITNESS MASCULINO

Pôster
Cristina A.S. Pontes¹*, Arthur D. Melo2, Tarcila L. Nadia1, Isabel C.S. Machado2 
1
Centro Acadêmico de Vitória/Universidade Federal de Pernambuco
2
Centro de Biociências/Universidade Federal de Pernambuco
*sac_pontes@hotmail.com 

Introdução
Cerca de 75% das espécies de Bignoniaceae de uma dada Resultados e Discussão 
comunidade vegetal são polinizadas por abelhas de médio As flores de J. rugosa apresentam coloração lilás, pétalas
e grande porte e têm néctar como principal recurso floral [1]. fusionadas que formam um tubo floral e um estreitamento na
Suas flores apresentam um estaminódio que geralmente é uma altura da câmara nectarífera, aumentando o seu diâmetro até a
estrutura simples de tamanho reduzido, mas em Jacaranda, abertura floral. Possuem uma curvatura formando um ângulo
ele parece atuar como atrativo visual. Os tricomas glandulares obtuso na porção mediana da flor. Sua corola é provida de cinco
presentes no estaminódio desse gênero têm sido relacionados lobos, organizados de forma bilabiada, sendo dois superiores
com várias funções nas interações com os polinizadores, como e três inferiores, que servem de plataforma de pouso para o
por exemplo: guia pela emissão de odor[2, 3, 5], orientação visual polinizador e forma um ângulo na abertura floral. O estaminódio
através do contraste com a corola [2, 3], barreira contra pilhadores funciona como um ajuste morfológico e como um caminho de
acesso pelos tricomas, que se encerram na altura das estruturas
de pólen [3]. Além dessas, destacamos a função de ajuste
reprodutivas. Os polinizadores de J. rugosa utilizam os lobos
morfológico, resultado da diminuição do espaço dentro do tubo inferiores como plataforma de pouso, entram na flor se deslocando
floral devido ao estaminódio. Essa redução do espaço favorece pelos tricomas glandulares, e ao final deles, estendem sua
o contato das abelhas com os órgãos reprodutivos e aumenta a língua até à câmara nectarífera. Encontramos uma diferença
duração da visita [2]. O objetivo desse estudo, portanto, foi testar significativa (U=62; p<0,05) na deposição de pólen em flores
a funcionalidade do estaminódio de J. rugosa, uma espécie rara, com estaminódio (1981±1806 grãos depositados) em relação às
melitófila e endêmica do Nordeste do Brasil [6], por meio da flores sem estaminódio (631±533 grãos depositados), tendo as
quantificação de seu efeito direto no fitness masculino. primeiras uma deposição até cinco vezes maior.

Metodologia Conclusões
As populações de J. rugosa foram observadas em junho de 2016, O estaminódio presente na flor de Jacaranda rugosa funciona
na Serra de Jerusalém no Parque Nacional do Catimbau, Buíque como um ajuste no mecanismo desta flor, otimizando a deposição
– PE, Brasil. Observou-se o comportamento dos polinizadores e de pólen em um local específico no corpo do polinizador e
foi realizada a morfometria de 30 flores em cortes longitudinais gerando um forte incremento no fitness masculino.
fotografadas em campo no momento da antese. As fotos foram
feitas com escala e mensuração de estruturas (ângulos, medidas Referências Bibliográficas
Gentry A. H. 1990. Evolutionary patterns in neotropicalBignoniaceae.
[1]
de comprimento e área), e as medições foram realizadas no
Memoirs of the New York Botanical Garden 55: pp.118–129.
programa ImageJ. Foi realizado um bioensaio com manipulação
do fenótipo e quantificação do fitness masculino. Para tanto, Vieira M F et al. 1992. Polinização e reprodução de Jacaranda caroba
[2]

28 flores de J. rugosa foram ensacadas um dia anterior à antese (Vell.) DC. (Bignoniaceae) em área de cerrado do Sudeste brasileiro.
Anais do 8 Congresso da Sociedade de Botânica de São Paulo. pp. 13-19.
para manutenção da carga total de pólen. No dia seguinte,
metade destas flores teve seu estaminódio removido. Para [3]
Rando C L, SérsicA et al. 2003. Funcióndel estaminódio em
simular a visita do polinizador, introduzimos em cada uma das JacarandamimosifoliaD.Don (Bignoniaceae). Tesina, Córdoba, Argentina.
flores um êmbolo de largura análoga a uma abelha do gênero BittencourtJr NS et al. 2006. Floral biology and late-acting self-incompatibility
[4]

Centris, uma das polinizadoras efetivas da espécie [6]. Após a in Jacaranda racemosa (Bignoniaceae). AustralianJournalofBotany 54:
inserção, o pólen foi retirado do êmbolo com auxílio de fitas pp.315- 324.
adesivas transparentes. Estas, por sua vez, foram levadas ao Lomahn L et al. 2013. Bignoniaceae, In Livro vermelho da flora do
[5]

laboratório para quantificação com a utilização de um contador Brasil.Rio de Janeiro. pp .310.


manual e auxílio de estereomicroscópio.Foi realizado o teste Milet-Pinheiro et al. 2009. Permanent stigma closure in Bignoniaceae:
[6]

de Mann Whitney para comparar os tratamentos de flores com Mechanism and implications for fruit set in self-incompatible species.
estaminódios e flores sem estaminódios. Flora 204 pp.82-88.

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SINAL FILOGENÉTICO EM CARACTERES REPRODUTIVOS


DE MICONIEAE (MELASTOMATACEAE)
Joicelene R.L. Paz1, Ana L.F. Oliveira2, Fernanda P. Lopes2, Vinícius L.G. Brito3*, Vanessa G. Staggemeier2
Pôster

1
Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade de Brasília – UnB/DF
2
Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus Rio Claro – UNESP/SP
3
Universidade Federal de Uberlândia – UFU/MG.
*viniciusduartina@gmail.com

Introdução
A presença de anteras poricidas em Melastomataceae limita variação no NS do que no TP e estas características divergiram
o acesso do pólen aos visitantes capazes de vibrá-las, ainda que principalmente entre os ancestrais de Miconieae, estimada em
algumas espécies generalistas poderem ser polinizadas por cerca de 27 Ma. A curva de PSR ilustra que o NS é um carácter
outros insetos. Essa generalização no sistema de polinização pode mais conservado dentro dos clados ao longo do tempo do que
estar relacionada ao tamanho do poro, que possibilita ou não a TP, e por isso NS tem maior valor taxonômico para a tribo,
retirada de pólen e a deposição polínica eficiente, influenciando sendo um carácter morfológico importante na delimitação das
também o número de sementes. A filogenia de Miconieae, a maior espécies [5], e é sustentada pela datação molecular. A correlação
tribo da família, embora apresente muitas politomias, indica a entre os resíduos do PVR dos dois traços (R: -0.35, p<0.01),
presença de sinal filogenético em caraterísticas reprodutivas [1], sugere evolução correlacionada entre as características apoiada
sugerindo uma relação do grau de parentesco entre espécies e na resolução da filogenia datada.
similaridade fenotípica. Neste estudo, utilizando sequências
publicadas [2,3,4], geramos uma filogenia datada melhor resolvida Conclusões
de Miconieae para reavaliar a existência de sinal filogenético e O tamanho do poro e o número de sementes apresentaram
a correlação evolutiva nas variáveis tamanho do poro (TP) e sinal filogenético em Miconieae, e a partir da calibração dos
número de sementes (NS). fósseis sugere-se que este último traço divergiu mais cedo, e
permaneceu conservado na linhagem. A evolução dos dois
Metodologia traços está associada a reprodução, incluindo coleta e deposição
A nova topologia a partir de datação molecular foi gerada a de pólen por insetos, e consequentemente, com o número de
partir de ajustes manuais a partir de [4]. A calibração foi realizada sementes formadas. Assim, espécies com anteras de TP maiores
de acordo com a idade dos seguintes nós: Leandra ss. [9.8 Ma; 2], produziriam menos sementes, e estariam mais associadas com
Clidemia + Leandra ss [12 Ma; 2] e a raiz das Miconieae [27 Ma; 3]. insetos não vibradores (e.g. moscas e vespas), além das abelhas,
Os dados morfológicos (TP e NS) foram logaritmizados para na polinização. Enquanto que as espécies com anteras de TP
atender às premissas estatísticas. As métricas de sinal filogenético menores formariam mais sementes, sendo mais relacionadas à
“Blomberg’s K” e “Pagel’s λ” foram calculadas a partir da função polinização mais especializada realizada por abelhas vibradoras.
‘phylosig’ do pacote phytools e pelo método de regressão filogenética
(PVR, Phylogenetic EigenVectors Regression) através do pacote Agradecimentos
PVR. Também apresentamos a evolução do sinal graficamente JRLP e ALFO são bolsistas Doutorado-CAPES. VLGB é bolsista
(PSR, Phylogenetic Signal-Representation) e contrastamos o PNPD-CAPES. VGS é bolsista FAPESP (#2014/13899-4).
padrão observado com as expectativas geradas sob o movimento
browniano de evolução (i.e. quando a filogenia explica a variação Referências Bibliográficas
fenotípica observada) e de acordo com o modelo nulo (i.e. [1]
Brito VLG et al. 2016. Shifts from specialised to generalised pollination
na ausência de sinal filogenético). A evolução correlacionada systems in Miconieae (Melastomataceae) and their relation with anther
entre os dois traços foi testada através do método de contrastes morphology and seed number. Plant Biology. doi:10.1111/plb.12432.
filogenéticos usando a função ‘pic’ do pacote ape e da análise de [2]
Renner SS. 2004. Multiple Miocene Melastomataceae dispersal between
correlação do componente específico (resíduos do PVR) Todas as Madagascar, Africa and India. Philosophical Transactions of the Royal
análises foram realizadas no software R (versão 3.2.5). Society B: Biological Sciences 359: 1485–1494. doi:10.1098/rstb.2004.1530.

Resultados e Discussão
[3]
Reginato M. 2014. Systematics and evolution of Leandra s. str.
(Melastomataceae, Miconieae). CUNYS Academic Works.
A árvore datada apresenta maior resolução do que a previamente
disponível na literatura. Todas as métricas de sinal filogenético [4]
Goldenberg R. et al. 2008. Phylogeny of Miconia (Melatomataceae):
calculadas corroboraram o padrão de menor sinal filogenético patterns of stamen diversification in a megadiverse neotropical genus.
para o TP (K: 0.45, p<0.01/ λ: 0.61, p<0.01/ R2: 0.29, p<0.01), International Journal of Plant Science 169: 963–979.
quando comparado ao NS (K: 1.56, p<0.01/ λ: 0.93, p<0.01 / [5]
Ocampo G, Almeda F. 2013. Seed diversity in the Miconieae
R2: 0.66, p<0.01), em ambos os estudos [1]. A datação molecular (Melastomataceae): morphological characterization and phenetic
sugere que a história evolutiva de Miconieae explica melhor a relationships. Phytotaxa 80: 1–129.

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LONGEVIDADE DE VESPAS POLINIZADORAS DE


FIGUEIRAS NEOTROPICAIS
Laura B. Cano1*, Fernando H. A. Farache1, Rodrigo A. S. Pereira1

Pôster
1
Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
*lauretz92@gmail.com

Introdução
As figueiras, plantas do gênero Ficus (Moraceae), apresentam O comportamento das vespas variou entre as espécies.
interação ecológica com um grande número de espécies, fornecendo As polinizadoras de F. caatingae e F. obtusiuscula são bastante
abrigo e/ou alimento a diversos grupos de animais[1]. As figueiras ativas, se movimentando bastante dentro dos frascos e respondendo
são polinizadas por fêmeas de vespas da família Agaonidae, a estímulos luminosos e aproximação de objetos, ao passo que
em que a recompensa aos polizadores é a oferta de local para as demais espécies foram menos ativas.
oviposição e desenvolvimento da prole (nursery pollination)[2].
O momento em que a vespa deixa seu figo natal para colonizar
um novo figo receptivo é crítico para a reprodução tanto da vespa
quanto da figueira, uma vez que a longevidade da vespa é curta
(geralmente menos de 24 horas[3, 4]).
Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo avaliar
comparativamente a longevidade de diferentes espécies de
vespas associadas a figueiras Neotropicais, bem como avaliar o
comportamento das vespas com o intuito de discutir possíveis
estratégias de vida dessas espécies.

Metodologia
Foram estudadas fêmeas de vespas polinizadoras associadas a
cinco espécies Neotropicais de figueiras, pertencentes aos gêneros
Pegoscapus (F. caatingae, F. citrifolia, F. crocata e F. pertusa) e
Tetrapus (F. obtusiuscula). O estudo foi realizado no período
de fevereiro a junho de 2016, sendo as amostras coletadas em
Cuibá-MT (F. crocata, n=97 vespas), Jequié-BA (F. caatigae,
n=163) e Ribeirão Preto-SP (F. citrifolia, n=99; F. pertusa, n=239; Figura 1. Mortalidade ao longo do tempo das vespas adultas estudadas.
F. obtusiuscula, n=213).
As vespas foram coletadas em figos na fase em que as vespas
adultas estavam emergindo. Após a emergência, as vespas foram
acondicionadas em frascos plásticos transparentes (aproximadamente Conclusões
20 vespas por frasco) em temperatura ambiente (26,6±1°C) A longevidade e o comportamento das vespas de figo variaram
(F. caatingae, F. citrifolia e F. crocata) ou em estufa incubadora bastante, mesmo em espécies próximas (do mesmo gênero),
para B.O.D. a 25±0,9°C (F. pertusa e F. obtusiuscula). As vespas sugerindo diferentes estratégias de vida.
foram monitoradas a cada três horas aproximadamente, até o
momento em que todas as vespas estivessem mortas. Em cada
observação foi quantificado o número de vespas mortas e o
Agradecimentos
Ao Dr. Juvenal Cordeiro (UESBA) pela coleta em Jequié-BA.
nível de atividade das vespas (resposta a estímulos luminosos
e aproximação de objetos). Estimativas da longevidade média CNPq (306078/2014-7), FAPESP 2015/06430-2).
foram feitas por meio da análise de sobrevivência Kaplan–Meier.
Referências Bibliográficas
Resultados e Discussão PEREIRA, R. A. S. ; FARACHE, F. H. A. ; COELHO, L. F. M. ; TEIXEIRA,
[1]

A longevidade na fase adulta variou 58% entre as espécies L. M. R. ; CEREZINI, M. T. . Vespas de figo. In: Polegato, C. M.. (Org.).
estudadas, sendo as polinizadoras de F. citrifolia as com menor A fauna de insetos da Mata Santa Tereza. Ribeirao Preto: São Francisco
longevidade em média (17h) e as polinizadoras de F.pertusa Gráfica e Editora, 2010, p. 143-153.
as com maior longevidade (40,4h). A longevidade média e a
mortalidade ao longo do tempo são apresentadas na tabela 1 e PEREIRA, R. A. S. Polinização por vespas. In: Rech, A. R., Agostini,
[2]

K., Oliveira, P. E., Machado, I. C. (Orgs.) Biologia da Polinização. Rio de


figura 1, respectivamente.
Janeiro: Projeto Cultural, 2014, p. 291-307.
Tabela 1. Longevidade média de vespas adultas (média ± desvio padrão).
JEVANANDAM N; GOH A. GR; CORLETT R.T. Climate warming
[3]

Hospedeiro N Longevidade (h) and the potential extinction of fig wasps, the obligate pollinators of figs.
F. caatingae 163 26,6±8,9 Biology letters, v. 9, n. 3, p. 20130041, 2013
F. citrifolia 99 17±3,3
[4]
DUNN, D. W., YU, D. W., RIDLEY, J., & COOK, J. M. Longevity,
F. crocata 97 26,8±14
early emergence and body size in a pollinating fig wasp–implications
F. obtusiuscula 213 37,7±8,3
for stability in a fig–pollinator mutualism. Journal of Animal Ecology
F. pertusa 239 40,4±13,2 v. 77, n. 5, p. 927-935, 2008.

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A AUTOINCOMPATIBILIDADE EM EPIDENDRUM
CAMPESTRE (ORCHIDACEAE) & A HOMOGENEIDADE
GENÔMICA DAS POPULAÇÕES
Pôster

Ana Paula Moraes1*, Denny F. Eduardo2, Felipe Amorim3.


1
Instituto de Ciências e Tecnologia, Universidade Federal de São Paulo, Campus São José dos Campos
2
Programa de Pós Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais, Universidade Federal de Ouro Preto, Campus Morro do Cruzeiro
3
Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Estadual de São Paulo, Campus Botucatu.
*apaulademoraes@gmail.com

Introdução
A espécie E. campestre Lindl. apresenta distribuição leste‑oeste apresentando 30,5% de viabilidade média. Apesar da baixa
no Brasil, com registros desde o estado de São Paulo até Mato viabilidade dos embriões, os parâmetros analisados de tamanho
Grosso[1], ocorrendo em cerrado, normalmente em escarpa de de genoma não diferiu entre populações (2C = 2,54pg) e o
morro. Para melhor compreender a variação interpopulacional número cromossômico manteve-se estável (2n = 40 / n = 20).
neste espécie amplamente distribuída, foram realizadas coletas As filmagens para observação de polinizadores (100 minutos)
de indivíduos de dez populações de E. campestre nas regiões não permitiram identificar o polinizador até o momento, mas
centro-oeste e norte do país. Dentre as populações descritas nos sugere-se que se trate de borboletas ou mariposas diurnas - mas
bancos de dados[2, 3] e observadas nas coletas de campos, há um nenhuma voaria 845km para conectar populações de MG e GO.
gap de distribuição entre Minas Gerais (MG) e Goiás (GO) / Mato A homogeneidade das populações implica que devem ocorrer
Grosso (MT) - um gap em linha reta de 845 km. Devido à esse pequenas populações, não descritas, a oeste de MG e leste de
gap de distribuição, o fluxo gênico pode estar comprometido e GO. A autoincompatibilidade de E. campestre deve favorecer a
grandes diferenças genomicas (cariótipo e tamanho de genoma) homogeneidade entre populações, mesmo com a grande distância
podem estar sendo estabelecidos. Para testar as consequências entre elas. a baixa frutificação - detectada também em condições
da redução de fluxo gênico realizou-se cruzamentos controlados naturais (APMoraes e FAmorim, observação pessoal) e baixa
em casa de vegetação com quantificação da formação de frutos viabilidade de embriões.
e embriões viáveis, além da análise do cariótipo e tamanho de
genoma das populações coletadas. Conclusões
Epidendrum campestre é descrita aqui como auto-incompatível,
Metodologia característica rara no gênero - que comumente não apresenta
Cruzamentos controlados: Os cruzamentos por autofecundações barreiras reprodutivas fortes. Entretanto, em E. campestre a
e intra- e interpopulações foram relizados nos anos de 2013 e 2014. auto‑incompatibilidade deve favorecer a homogeneidade da espécie
Estimativa da viabilidade de embriões: As sementes dos que apresenta tamanho de genoma e cariótipo conservados, ao
frutos formados foram incubadas em Tetrazolium por 24 horas contrário do que seria esperado dada a grande distância entre
a 30°C. Uma subamostra de 100 sementes por fruto foi analisada as populações do leste e oeste do Brasil.
em microscópio óptico Olympus CX 31 e classificada em viável
(corado) e inviável (não corado). Agradecimentos
Estimativa de tamanho de genoma: A análise de citometria Os autores agradecem às agências financiadoras FAPESP (Bolsa
utilizou cerca de 25 mg de tecido foliar de E. campestre com a TT3 FAPESP; Proc. 2013/26466-6 para DEF; Proc. 2011/22215-3
mesma massa do padrão de referência interno – Vicia faba var a APM).
equina cv Inovec (26,90 pg) [4, 5].
Preparações cromossômicas: A análise mitótica e o bandamento
Referências Bibliográficas
CMA/DAPI seguiu protocolos descritos na literatura [6]. Barros F et al. 2016. Orchidaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil.
[1]

Análises estatísticas: Os dados de formação de frutos, Jardim Botânico do Rio de Janeiro.


viabilidade de sementes e tamanho de genoma foram analisados [2]
Specieslink – http://splink.cria.org.br/
estatísticamente pelo teste de ANOVA seguindo da diferenciação
de médias pelo teste de Turkey no software biostat 5.0 [7]. [3]
INCT – Lacunas, http://lacunas.inct.florabrasil.net/2014/index
Doležel J et al. 1998. Plant genome size estimation by flow cytometry:
[4]

Resultados e Discussão inter-laboratory comparison. Annals of Bot 82: 17–26


Dez populações de E. campestre foram coletadas nas regiões
Doležel J et al. 2007. Estimation of nuclear DNA content in plants using
[5]
centro-oeste e norte do país. Os cruzamentos (autopolinizações
flow cytometry. Nature Protocols 2: 2233–2244.
e fecundações cruzadas) formaram frutos, sugerindo que todas
as populações seriam compatíveis. Entretanto, após realizar Guerra M, Souza MJ. 2002. Como Observar Cromossomos. Um guia de
[6]

coloração de tetrazólio, notou-se que não haviam embriões viáveis técnicas em citogenética vegetal, animal e humana. Riberão Preto. Funpec.
nas autofecundações. Os cruzamentos inter e intra‑regionais não (Ayres et al. 2007) Biostat: aplicações estatísticas nas areas das ciências
[7]

diferiram na viabilidade dos embriões (F=0,9268; p=0,6458), médicas. Instituto Mamirauá, Belém.

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INVESTIGANDO A HIPÓTESE DE EXCLUSÃO SENSORIAL


Maria G. G. de Camargo1*, Priscila T. Tunes2, Matheus L. Viana3, Uiara Rezende3, L. Patrícia C. Morellato1,
Vinicius L. G. Brito3

Pôster
1
Laboratório de Fenologia, Departamento de Botânica, Instituto de Biociências - UNESP – Univ. Estadual Paulista
2
P PG- Ciências Biológicas (Botânica), UNESP – Univ. Estadual Paulista
3
P PG-Biologia Vegetal, Universidade Federal de Uberlândia
*camargomgg@gmail.com

Introdução
A atual diversidade de cores das flores é, provavelmente,
resultado da co-evolução entre as plantas e seus polinizadores,
uma vez que, dependendo de sua capacidade sensorial e cognitiva,
eles podem ou não reconhecê-las como fonte de recurso [1]. Assim,
espera-se que as flores apresentem cores cujos espectros de
refletância correspondam aos comprimentos de onda aos quais os
fotorreceptores de seus polinizadores tenham melhor sensibilidade,
ou seja, cores que sejam mais facilmente detectáveis aos olhos
do polinizador. Lunau et al. (2011) detectaram diferenças na
reflexão de UV em flores melitófilas vermelhas e brancas quando
comparadas com flores ornitófilas vermelhas e brancas. Além
disso, as abelhas mostraram preferência por flores cromáticas
em sua percepção visual (vermelhas que refletem UV e brancas
UV-absorventes), enquanto as flores ornitófilas (vermelhas sem
reflexão na faixa do UV e brancas que refletem UV), se mostraram
menos conspícuas para as abelhas. A partir desses dados, Lunau
et al. (2011) sugerem que as abelhas poderiam ser sensorialmente
excluídas das flores ornitófilas. Neste trabalho, analisamos se (i) o
espectro de refletância de flores de distintas cores polinizadas por
beija-flores e por abelhas apresentam padrões que possam indicar
uma separação de nicho entre abelhas e beija-flores; e se (ii) a
hipótese de exclusão sensorial observada para flores vermelhas
Figura. Curvas de reflectância de flores de (a) cinco espécies melitófilas
e brancas, pode ser aplicada para outras cores.
e (b) cinco espécies ornitófilas.

Metodologia Conclusões
Coletamos dados de refletância das pétalas de flores de cinco
Nossos resultados corroboram a influência do sistema de visão
espécies melitófilas e cinco espécies ornitófilas, todas coletadas
dos polinizadores na evolução da coloração das flores, reforçando
em vegetação de campo rupestre (Serra do Cipó, Estado de Minas
a ideia de co-evolução entre plantas e seus polinizadores [1].
Gerais, Brasil). Utilizamos estes dados para calcular a posição das Reforçamos aqui a importância da caracterização da cor das
cores nos espaços de cor percebidos pelas abelhas e beija-flores, flores, e seu espectro de refletância, conforme o sistema de
de forma a analisar as cores conforme a visão destes animais. visão dos polinizadores para o entendimento dos sistemas
planta-polinizador, assim como para análises de organização
Resultados e Discussão de nichos. Essa caracterização é especialmente importante em
As flores brancas melitófilas e vermelhas ornitófilas estudos realizados em regiões neotropicais, em que há uma
confirmaram o padrão esperado [2], sendo UV absorventes. elevada diversidade tanto de plantas quanto de animais, uma
Além disso, as flores melitófilas e ornitófilas apresentaram vez que pode facilitar o entendimento de suas relações ecológicas
propriedades espectrais diferentes entre si. Enquanto as flores e evolutivas.
melitófilas refletem principalmente entre 300 e 500 nm, faixas de
melhor sensibilidade cromática das abelhas, as flores ornitófilas Agradecimentos
refletem principalmente entre 500 e 700 nm, comprimentos de Ao Laboratório de Fenologia e ao Instituto de Biociências (UNESP-
onda para os quais as abelhas não apresentam sensibilidade Rio Claro). Ao CNPq e FAPESP (#2015/10754-8, #2013/50155-0,
cromática. As cores das flores também não se sobrepuseram no #2010/51307-0) pelo financiamento.
espaço visual dos polinizadores. Apesar de não parecer clara a
hipótese de exclusão sensorial para as demais cores de flores, Referências Bibliográficas
além das vermelhas e brancas, nossos resultados indicam que a Chittka L, Thomson JD. 2001. Cognitive ecology of pollination – Animal
[1]

proporção de reflexão em ondas mais longas podem diminuir behavior and floral evolution. Cambridge. Cambridge University Press.
a atratividade de flores ornitófilas para abelhas. Assim, pode Lunau K, et al. 2011. Avoidance of achromatic colours by bees provides
[2]

existir uma separação de nicho de visitantes florais com base na a private niche for hummingbirds. The Journal of Experimental Biology
conspicuidade das cores das flores para cada grupo de polinizador. 214:1607-1612.

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INSETICIDAS INTERFEREM NA PRESENÇA DE


POLINIZADORES NO MELOEIRO?
Marcela C.A.C. Silveira-Tschoeke1, Regina E. Santo1, Paulo Henrique Tschoeke1*, Eugênio E. Oliveira2
Pôster

1
Universidade Federal do Tocantins
2
Universidade Federal de Viçosa.
*pht@uft.edu.br

Introdução
O Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial de Plebeia sp. e T. pallens foi observado maior número de visitas
produção de frutas, produzindo aproximadamente 40 milhões no início do florescimento do que no final. Já para T. spinipes
de toneladas anuais em uma área plantada com cerca de o maior número de visitas ocorreu no final do florescimento.
2,5 milhões de hectares [1]. Para produção de algumas frutas,
como o meloeiro, Cucumis melo L., é importante a presença de
abelhas polinizadoras. Entretanto esse processo tem sido afetado
pelo uso intensivo de pesticidas que visam controlar as pragas
e doenças nas áreas cultivadas [2]. O objetivo deste trabalho foi
avaliar o uso de inseticidas seletivos e não seletivos na presença
de abelhas na cultura do meloeiro.

Metodologia
A pesquisa foi realizada no campus experimental da
Universidade Federal de Gurupi - UFT, em um plantio de melão
cv. Eldorado 300. As plantas foram distribuídas em 4 blocos Figura 1. Número de abelhas observadas nas flores de meloeiro nos
casualizados. Cada bloco continha três parcelas com 20 plantas tratamentos (sem aplicação de inseticida, com aplicação de inseticida seletivo
em cada parcela. Cada parcela recebeu um dos três tratamentos e com aplicação de inseticida não seletivo) no início do florescimento e
(T1 - Controle, T2 - Inseticida seletivo - 3 g/L de Evidence no final do florescimento da cultura.
700 WG (imidaclopride) e T3 - Inseticida não seletivo - 0.3 mL/L
de Decis 25EC (deltametrina). Os tratamentos foram aplicados As mesmas abelhas nativas já foram identificadas como
a cada sete dias após o estabelecimento da cultura. Após o potenciais polinizadores de melão no Cerrado brasileiro [3].
início do florescimento (40 dias após a semeadura) foram feitas A presença de abelhas A. mellifera em plantas que foram tratadas
observações de abelhas que estavam visitando as flores do meloeiro. com inseticida pode não ter ocasionado efeito letal decorrente
As observações para avaliar a presença de polinizadores foram da exposição ao pesticida, mas pode favorecer a ocorrência de
feitas das 8 às 12 horas, nos primeiros 10 minutos de cada hora, efeitos sub-letais, afetando o desempenho da colônia [4].
a cada dois dias. O primeiro dia de observação (41 dias após a
semeadura) foi considerado início de florescimento e o último, Conclusões
final de florescimento. Conclui-se que os inseticidas utilizados no experimento não
interferiram na presença de polinizadores e podem representar risco
Resultados e Discussão às abelhas pelo aumento do tempo de exposição aos pesticidas.
Dentre as abelhas observadas, a espécie mais abundante foi
Apis mellifera, e, em frequência menor, Plebeia sp. Trigona pallens Referências Bibliográficas
Treichel M et al. 2016. Anuário brasileiro da fruticultura. Santa Cruz
[1]
e Trigona spinipes. Não foi observada diferença significativa
do Sul. Editora Gazeta Santa Cruz.
entre o número de visitas das abelhas A. mellifera nas plantas
dos tratamentos no início do florescimento, entretanto na última Stanley DA .et al. 2015. Neonicotinoid pesticide exposure impairs
[2]

observação (final do florescimento) foi observado significativamente crop pollination services provided by bumblebees. Nature 7583:.548-550.
maior número de visitas das abelhas A. mellifera em tratamentos Tschoeke PH et al. 2015. Diversity and flower-visiting rates of bee
[3]

com inseticida do que no tratamento controle (Figura 1). Para species as potential pollinators of melon (Cucumis melo L.) in the Brazilian
as outras abelhas não houve diferença significativa entre os Cerrado. Scientia Horticulturae 186: 207-216,
tratamentos e quantidade de abelhas visitantes. Entretanto foi Peng YC, Yang EC. 2016. Sublethal dosage of imidacloprid reduces
[4]

observada diferença significativa na quantidade de abelhas no the microglomerular density of honey bee mushroom bodies. Scientific
início e final do florescimento. Para as abelhas A. mellifera, Reports 6: 19298.

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RELAÇÃO ENTRE ANATOMIA DE PÉTALAS E SISTEMAS DE


POLINIZAÇÃO
Vanessa B.S. Costa1, Rejane M. M. Pimentel2, Maria das Graças S. Chagas3, Gilberto D. Alves4, Cibele C. Castro5*

Pôster
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Biologia/Botânica UFRPE Sede
3
UFRPE-Unidade Acadêmica de Serra Talhada
4
Universidade de Pernambuco
5
UFRPE-Unidade Acadêmica de Garanhuns
*cibelecastro@hotmail.com

Introdução
Os tecidos presentes nas pétalas, especialmente as células demais. As espécies melitófilas e ornitófilas apresentam mais
cônicas da epiderme, tem estreita relação com os polinizadores [1]. semelhanças das características epidérmicas quando se considera
A presença de células cônicas, sua morfometria e densidade, esse conjunto de dados e esses sistemas de polinização A análise
bem como a estrutura do mesofilo influenciam a qualidade dos de PCA mostrou que o perfil morfométrico das células cônicas
sinais visuais, táteis e olfativos emitidos pelas flores e percebidos foi o atributo que mais fortemente influenciou o agrupamento
pelos polinizadores [2,3]. Considerando que diferentes grupos de das espécies
polinizadores apresentam distintas percepções em relação às
características florais, este estudo teve como objetivo comparar Conclusões
as características micromorfológicas de pétalas de flores entre A presença e a morfometria das células cônicas constituem
espécies com sistemas de polinização por abelhas, aves e morcegos. as características que distingue os sistemas de polinização aqui
estudados.
Metodologia
Cortes tramsversais e a superfície de pétalas de 11 espécies Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de
distribuídas em cinco famílias, com sistemas de polinização por
Pernambuco pela bolsa fornecida a V.B.S Costa, ao CNPQ pela
abelhas (cinco espécies), aves (quatro) e morcegos (duas) foram
bolsa de produtividade fornecida a R.M.M. Pimentel e ao programa
analisadas sob microscópios óptico e eletrônico de varredura,
de Pós-graduação em Ecologia da UFRPE pelo apoio financeiro.
respectivamente. Características micromorfológicas da epiderme
(presença de células cônicas, sua densidade e morfometria) e do
mesofilo (proporção dos sistemas de preenchimento e vascular
Referências Bibliográficas
Whitney H.M., Bennett K.M.V., Dorling M., Sandbach L., Prince D.,
[1]

em corte transversal) foram comparadas entre os sistemas de Chittka L., Glover, B.J. (2011) Review: part of a special issue on sexual
polinização usando-se ANOVA, PCA e análise de agrupamento. plant reproduction. Why do so many pet also have conical epidermal
cells? Annals of Botany 108: 609-616.
Resultados e Discussão Glover B.J., Martin C. (1998) The role of petal cell shape and pigmentation
[2]

Todas as espécies melitófilas e algumas ornitófilas apresentaram in pollination success in Antirrhinum majus. Heredity, 80, 778-784.
células epidérmicas cônicas. O mesofilo de espécies metitófilas e Stavenga D.G, van der Kooi C.J. (2015) Coloration of the Chilean
[3]

ornitófilas apresentaram células braciformes e espaços intercelulares. Bellflower, Nolana paradoxa, interpreted with a scattering and absorbing
A análise de grupamento separou espécies quiropterófilas das layer stack model. Planta, 1-11.

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REDES DE INTERAÇÃO ENTRE VISITANTES FLORAIS


E PLANTAS E DISTÚRBIO POR FOGO NOS CAMPOS
SULINOS
Pôster

Camila da S. Goldas¹*, Carolina Veronese¹ e Milton Mendonça Jr.¹


1
Laboratório de Ecologia de Interações. Programa de Pós Graduação em Ecologia. UFRGS.
*csgoldas@gmail.com

Introdução
O distúrbio fogo é um dos principais fatores modeladores da significativa referente à biomassa vegetal nas áreas com histórico
vegetação em todo o mundo, sendo amplamente estudado pelos recente e tardio (p<0,001), e tardio e intermediário (p<0,001), em
seus complexos efeitos sobre fauna e flora [1]. Em ecossistemas ambos os casos com maior biomassa no histórico tardio. Referente
campestres, o fogo reduz biomassa vegetal, alterando a à riqueza das plantas, houve diferença significativa entre os
competição entre as espécies de plantas já que pelo aumento da históricos tardio e recente (p<0,001), do qual o recente obteve
disponibilidade dos recursos luz e espaço permitem que espécies maior riqueza. A diversidade de plantas mostrou diferenças
menos competitivas possam se estabelecer alterando a diversidade significativas entre os históricos recente e intermediário (p=0,03),
de espécies vegetais Estas modificações refletem na floração das sendo o intermediário com a menor diversidade. Já referente à
espécies atingindo de maneira indireta seus agentes polinizadores abundância de plantas, foram obtidas diferenças significativas entre
e visitantes florais. Relações positivas entre a diversidade de os históricos recente e intermediário (p=0,04) e tardio e recente
recursos florais e diversidade e atividade de visitantes florais tem (p<0,001), tendo o período recente a maior abundância, seguido
sido encontradas, portanto as mudanças causadas à comunidade do intermediário e tardio. Análises das ordens de insetos não
vegetal pelo fogo podem afetar os visitantes florais, diretamente apresentaram resultados significativos. Os resultados corroboram
ou indiretamente pela disponibilidade de recursos. O objetivo estudos que apontam a redução de biomassa após o fogo, o que
deste estudo é compreender como os distúrbios causados pelo permite maior diversidade, riqueza e abundância da vegetação.
fogo nos Campos Sulinos agem sobre a diversidade de visitantes Além disso, após a queimada, há um aumento na incidência de
florais e plantas. luz, na disponibilidade de espaço no substrato e de nutrientes,
características podem estimular o recrutamento das espécies e
Metodologia sua floração. A diminuição na abundância em áreas de histórico
Esse estudo está sendo realizado em áreas campestres do tardio pode ter ocorrido devido ao sombreamento gerado pelas
gramíneas com a supressão do fogo, gerando competição desta
Parque Natural Municipal Saint Hilaire, (Viamão, RS) onde foram
com as espécies herbáceas. Sobre as ordens de insetos, a não
selecionadas seis áreas, a cada duas com diferentes históricos de
significância pode ser devida à restrita classificação taxonômica
fogo: recente (área queimada em out/2015), intermediário (área
(ordens), que serão ainda identificados em nível de espécie ou
com ausência do fogo há um ano) e tardio (área com ausência
morfoespécies.
de fogo há pelo menos dois anos). Nestas foram estabelecidas
seis parcelas de 10x10m para o levantamento florístico (riqueza,
abundância de indivíduos floridos, número de inflorescências) e
Conclusões
Concluímos que o fogo estimula a vegetação em ecossistemas
coleta de visitantes florais (15 min das 8h-11h; 11h-14h; 14h-17h)
campestres o que possivelmente influenciará as interações entre
e variáveis de hábitat (temperatura, umidade, biomassa, altura da
visitantes florais e plantas. Este estudo ainda está em fase inicial,
vegetação, porcentagem de vegetação e solo exposto). A primeira
tendo como objetivo final a obtenção de redes de interação visitantes
estação de amostragem foi realizada de nov/abr de 2016. Para
florais e plantas, para que possamos conhecer os efeitos deste
as análises estatísticas preliminares foi utilizada ANOVA para
distúrbio não somente sobre a diversidade, mas nas relações
comparar a abundância, riqueza e diversidade de Simpson
existentes entre estes organismos.
(plantas e visitantes) entre áreas com distintos históricos de fogo.
Ambos os testes foram realizados no software R.
Agradecimentos
Agradecemos Dióber Lucas e Anderson Mello do PPG Botânica
Resultados e Discussão da UFRGS pela identificação da vegetação e Carolina Veronese
No levantamento florístico foram contabilizadas 80 espécies por toda ajuda e dedicação ao projeto.
de plantas floridas, classificadas em 21 famílias botânicas, sendo
Asteraceae a mais rica e Rubiaceae a mais abundante. Das 80 espécies
Referências Bibliográficas
de plantas, 60 delas (75%) apresentaram interação com insetos, Bond, W. J., e J. E. Keeley. (2005) Fire as a global ‘‘herbivore’’: the
[1]

estes divididos em seis ordens, sendo Hymenoptera a mais ecology and evolution of flammable ecosystems. Trends in Ecology and
abundante. Nos resultados estatísticos, foi constatada diferença Evolution 20: 387–394

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DE DISYNAPHIA


HALIMIFOLIA (DC.) R. M. KING & H. ROB (EUPATORIEAE
– ASTERACEAE)

Pôster
Matheus L. Viana1*, Rúbia S. Fonseca2, Silvana C. Ferreira3
1
Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal
2
Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias
3
Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba, Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
* lacerdamv@live.com

Introdução
No Brasil existem aproximadamente 278 gêneros e cerca de aumentam as chances dos polinizadores realizarem a
2065 espécies de Asteraceae [1], entretanto, para mais de 98% polinização cruzada [2]. A fenofase F5 foi anual e expressa na
dessas espécies inexistem informações sobre as estratégias transição da estação chuvosa para a seca. Acredita-se que a
reprodutivas [2], como é o caso de Disynaphia halimifolia (DC.) dispersão anemocórica iniciada no final de Março/2015 seja
R.M.King & H.Rob. D. halimifolia é um subarbusto nativo dos favorecida devido os índices de pluviosidade diminuem neste
cerrados de Minas Gerais e Goiás, possui capítulos discoides período, o clima seco e com maior incidência de ventos [6].
homógamos com cinco ou seis flores magentas, hermafroditas e Esta espécie é autocompatível (AM=20% de frutificação) e não
com corola curto-tubulosa. Objetivou-se caracterizar a biologia apomítica (AP=0% de frutificação), embora as asteráceas sejam
floral, fenologia de floração e frutificação, bem como o sistema comumente autoincompatíveis de acordo com a literatura [2].
reprodutivo desta espécie em uma população natural em cerrado Os resultados dos testes de PC (90% de frutificação) e PA (90%
sensu stricto localizada em Rio Paranaíba, MG, Brasil. de frutificação) mostraram a alta dependência da atuação dos
Metodologia polinizadores para garantir o sucesso reprodutivo e a manutenção
Para biologia floral os capítulos foram observados e foram de suas populações naturais, mesmo esta espécie ter sido capaz
registrados os movimentos das peças florais, o horário de antese, de se reproduzir independentemente de seus serviços, através
o processo de apresentação secundária de pólen, separação dos da autopolinização espontânea (AE=20% de frutificação) [2].
ramos do estilete e exposição das linhas estigmáticas, a longevidade
floral e suas diferentes fases sexuais: estaminada e pistilada. Foram Conclusões
registradas as seguintes fenofases (F): (F1) número de capítulos Portanto, conclui-se que as flores de D. halimifolia são
em botões florais; (F2) número de capítulos em floração; (F3) matutinas, protrândricas e com fases sexuais ocorrendo em
número de capítulos em senescência; (F4) número de capítulos um mesmo dia. Esta espécie é autocompatível e não apomítica.
em frutos imaturos; (F5) número de capítulos em frutos maduros Apenas a F1 possui alta sincronia. Exceto para a F6, todas as
e (F6), número de capítulos com frutos dispersos. Os padrões fenofases são restritas à estação chuvosa.
de floração e de frutificação foram classificados quanto à sua
frequência. Para o sistema reprodutivo foram feitos 5 testes de Agradecimentos
polinização: autopolinização espontânea (AE), autopolinização Agradecemos à Universidade Federal de Viçosa pela disponibilidade
manual (AM), Apomixia espontânea (AP), polinização cruzada de transporte e pela infraestrutura para a conclusão deste
(PC) e polinização aberta (PA). trabalho e, a Profa. Dra. Ana Paula de Oliveira pela ajuda na
análise dos dados.
Resultados e Discussão
As flores de D. hamilifolia são matutinas, comum em Referências Bibliográficas
Asteraceae e está relacionado com variações na temperatura [3]; Nakajima JN et al. 2015. Asteraceae in Lista de Espécies da Flora do
[1]

Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://reflora.


protrândricas, assim como todas as Asteraceae [2]. Apresenta fases
jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB55>. Acesso em: 05 Jun. 2015.
sexuais em um mesmo dia. As flores de D. halimifolia, quando
não fecundadas, tiveram longevidade floral de 4 dias e isto pode Fonseca RS et al. 2013. Melittophily and ornithochory in Tilesia baccata
[2]

estar relacionado com a presença ou ausência de polinizadores [4]. (L.f.) Pruski: an Asteraceae of the Brazilian Atlantic Forest understory
with fleshy fruits. Flora, 208: 370-380.
O ciclo reprodutivo é anual e sazonal, e está relacionado com
precipitação e temperatura, e evidencia o ajustamento do Yeo PF. 1993. Secondary pollen presentation: form, function and
[3]

processo reprodutivo à estação chuvosa, característica comum evolution. New York. Springer Verlag, 268p.
dos ambientes savânicos neotropicais [5]. Todas as fenofases Primack RB. 1985. Longevity of individual flowers. Annual Reviews
[4]

foram restritas à estação chuvosa, exceto para a dispersão dos of the Proctor MCF, Yeo P. 1975. The pollination of flowers. ed. Willian
diásporos. A F1 é a única que possui alta sincronia. O fato desta Collins Sons & Co Ltd. Glasgow, Great Britain, 498p.
espécie se reproduzir durante a estação chuvosa possa ser devido Batalha MA, Martins FR. 2004. Reproductive phenology of the cerrado
[5]

há maior disponibilidade de recursos. A espécie apresentou plant community in Emas National Park (central Brazil). Aust. J. Bot.
baixa sincronia de floração. O fato de no mês de Janeiro/2015 os v.52, n.140-161.
índices de precipitação terem sido inferiores ao esperado, talvez Vieira DLM, Aquino FG, Brito MA, Fernandes-Bulhão C, Henriques
[6]

possa ter sido o fator norteador da baixa sincronia nesta fenofase. RPB. 2002. Síndromes de dispersão de espécies arbustivo-arbóreas em
Eventos sincrônicos de floração são de extrema importância no cerrado sensu stricto do Brasil Central e savanas amazônicas. Revista.
sucesso reprodutivo das espécies, pois Brasil. Bot. v.25, n.2, p. 215-220.

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A INFLUENCIA DO SEDIMENTO NO GANHO DE


BIOMASSA E PRODUÇÃO DE FLORES DE E. NAJAS
PLANCH. (HYDROCHARITACEAE)
Pôster

*Carlos A. Rossi1, Ana P. S. Bertoncin2, Danilo L. Estevam1, Karina F. Rodrigues3


1
Universidade Estadual de Maringá, Pós-graduação em Biologia Comparada.
2
Universidade Estadual de Maringá, Pós-graduação em Ecologia de Sistemas Aquáticos Continentais
3
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biologia
*carlos.asrossi@gmail.com

Introdução
Plantas aquáticas são derivadas das terrestres e houveram O teste LSD de Fisher apontou diferenças nas biomassas
muitos eventos independentes de adaptação em diferentes táxons obtidas entre os tratamentos areia e mix (p=0,03) e areia e lama
para a sobrevivência nesse novo ambiente [1,2]. Para isso, muitas (p=0,02). Para o desenvolvimento de E. najas tanto a granulação
estruturas vegetativas foram alteradas (de acordo com o grau de quanto a matéria orgânica disponível para a planta no sedimento
dependência da água), porém para muitas espécies as funções tem uma relação direta em seu crescimento [5].
sexuais permaneceram semelhantes aos ancestrais terrestres. A produção de flores pelos fragmentos de E. Najas não foi
Egeria najas Planch. (Hydrocharitaceae) é uma monocotiledônea alterada pelo tipo de sedimento pois, durante o período analisado,
submersa que ocupa águas continentais lênticas em todo o todos os tratamentos apresentaram número similar de flores.
território sul americano. É uma espécie dióica que eleva suas Isso indica que a floração dessa espécie independe do tamanho
flores acima da superfície da água e necessita de agentes bióticos do indivíduo e pode ocorrer mesmo em condições limitantes
de nutrientes, sugerindo que (1) ou a energia necessária para a
para a polinização [3]. Assim como a maioria das macrófitas,
produção de flores é baixa ou (2) que em condições estressantes
E.  najas possui grande dispersão vegetativa [4], formando grandes
a planta prefere alocar seus recursos energéticos na produção de
bancos de clones, o que a torna um importante componente para
flores do que no crescimento de estruturas vegetativas.
a estrutura de comunidades das lagoas, servindo como refúgio
As observações de campo corroboram esse resultado, já que
e alimento, e de interesse econômico, já que causam prejuízos grandes populações são encontradas em lagoas que possuem
na geração de energia hidroelétrica. grandes concentrações de matéria orgânica em seu leito,
Pouco se sabe sobre a reprodução sexuada da espécie ou contrastando com as pequenas aglomerações de fragmentos nas
mesmo sobre as relações entre dispersão sexual versus assexual. calhas do rio, que possui leito arenoso e pobre em nutrientes.
Sendo assim, o objetivo desse estudo foi investigar se o sedimento
no qual um indivíduo de E. najas se estabelece influencia sua Conclusões
estratégia de reprodução, sob a hipótese de que o estresse gerado A matéria orgânica presente no sedimento é um fator
pela falta de nutrientes na areia estimularia a produção de flores limitante para o crescimento vegetativo de E. najas, porém tem
(H­1) e reduziria o ganho de biomassa (H2). pouco impacto sobre a floração. Mais estudos são necessários
para elucidar se isso é decorrente do baixo custo energético da
Metodologia produção de flores ou uma estratégia evolutiva.
Foram utilizados três tratamentos com variações de sedimento:
areia, coletada na calha do Rio Paraná (RP); lama, coletada na Agradecimentos
Lagoa das Garças, no sistema do RP; e uma mistura 50% areia Agradecemos à CAPES, CNPq (Processo 478311/2013-3),
e 50% lama (mix). Para cada tratamento foram montadas cinco PGB-UEM e NUPELIA-UEM pelos fornecimento dos recursos
réplicas, todas com doze fragmentos saudáveis de 20cm de E. najas. necessários à pesquisa.
A partir do aparecimento da primeira flor, o número de flores
produzidas foi verificado diariamente por 45 dias. Após esse Referências Bibliográficas
período, todas as plantas foram retiradas dos aquários e medidas. Du ZY, Wang QF. 2015. Phylogenetic tree of vascular plants reveals
[1]

the origins of aquatic angiosperms. Journal of Systematics and Evolution.


Finalmente, as plantas foram secas em estufa de ventilação e
pesadas. A análise dos dados foi realizada utilizando ANOVA Arber A. 1920. Water Plants: A Study of Aquatic Angiosperms.
[2]

e teste LSD de Fisher. Cambridge. Cambridge University Press.


Cook, CDK, Urmi-König, K. 1984. A revision of the genus Egeria
[3]

Resultados e Discussão (Hydrocharitaceae). Aquatic Botany 19, 73–96


Os pressupostos para o teste da ANOVA foram alcançados Philbrick CT, Les DH. 1996. Evolution of aquatic Angiosperm reproductive
[4]

e este mostrou que houve diferenças significativas na biomassa systems. Bioscience 46, 813–826
total dos fragmentos entre os tratamentos (p=0,04), entretanto, não Silveira MJ, Thomaz SM. 2015. Growth of a native versus an invasive
[5]

apontou o mesmo resultado para o número de flores produzidas submerged aquatic macrophyte differs in relation to mud and organic
(p=0,42), assim confirmando H2 e rejeitando H­1. matter concentrations in sediment. Aquatic Botany 124, 85–91

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BIOLOGIA FLORAL, SISTEMA REPRODUTIVO,


FENOLOGIA E POLINIZADORES DE ANNONA
CRASSIFLORA MART (ANNONACEAE), EM UMA ÁREA DE

Pôster
CERRADO MINEIRO
Helena M. Torezan-Silingardi1*, Álvaro Vinícius Moreira de Barros1
Universidade Federal de Uberlândia – Instituto de Biologia
1

*hmtsilingardi@gmail.com

Introdução
Besouros são um dos mais antigos grupos de insetos que Foram encontrados Coleoptera Scarabaeidae como polinizadores,
interagem com as angiospermas, sua diversidade de espécies Curculionidae como herbívoros florais endofíticos e exofíticos e
é grande e muitas atuam como polinizadores e herbívoros em Carabidae apenas como visitantes. Nos Ortoptera os Tettigoniidae
regiões tropicais e temperadas [1]. A cantarofilia ou síndrome de se alimentaram de partes das pétalas. Aranhas foram predadoras
polinização por coleópteros pode ser encontrada em plantas do de insetos de pequeno porte sobre os ramos. Vespas de grande
Cerrado, como as espécies da família Annonaceae [1]. Os besouros porte foram observadas várias vezes em processo de captura e
buscam alimento nas pétalas suculentas e nas anteras, além de predação de larvas endofíticas de Curculionidae, após o corte
usar a flor como local para encontro do parceiro reprodutivo e parcial nas pétalas externas.
cópula [2]. O estudo da biologia reprodutiva e da polinização de
espécies da família Annonaceae ainda apresenta muitas questões Conclusões
a serem resolvidas, como a baixa frutificação. Sua importância Concluímos que a taxa de frutificação natural e também
fica ainda maior quando consideramos áreas de cerrado, pois a manual de A. crassiflora é muito baixa, podendo comprometer
antropização crescente ameaça muito as suas áreas naturais [3]. a manutenção da espécie no local a médio e longo prazo (1).
Portanto, nosso objetivo foi investigar as interações dos visitantes A baixa frutificação pode ser influenciada pelo baixo número
das flores de uma Annonaceae com ênfase na biologia floral, de polinizadores e pelo impedimento temporal de autogamia na
sistema reprodutivo, polinizadores e fenologia. espécie. Essas duas hipóteses são complementares (2). Existe um
complexo sistema de herbivoria floral e predação entre coleópteros
Metodologia curculionídeos e vespas que deve ser mais estudado (3).
O estudo foi realizado no cerrado strictu sensu da Reserva
Particular do Patrimônio Natural do Clube de Caça e Pesca Agradecimentos
Itororó de Uberlândia, Minas Gerais, coordenadas 18° 59’ S e 48° Os autores agradecem a Ilse Silberbauer-Gottsberger e Gerhard
18’ W. Cinco árvores de Annona crassiflora Mart. (Annonaceae) Gottsberger por suas valiosas sugestões ao trabalho e ao Clube
foram observadas durante a floração de 2014 a 2015. A biologia Caça e Pesca Itororó pela disponibilização da reserva. HMTS
floral, biologia reprodutiva, visitantes florais, fenologia da flor agradece ao CNPq e AVMB agradece à FAPEMIG e pelo apoio
e fenologia da espécie foram investigadas [4, 5, 6]. financeiro.

Resultados e Discussão Referências Bibliográficas


As flores apresentaram três sépalas pequenas, três pétalas [1]
Gottsberger, G. 2012. How diverse are Annonaceae with regard to
suculentas maiores externas e três pétalas menores internas. pollination? In: Chatrou, L.W., Erkens, H.J., Richardson, J.E., Saunders,
A quantidade média das estruturas reprodutivas foi de R.M.K., Fay, M.F. (eds.), The Natural History of Annonaceae. Botanical
190 carpelos e 950 estames com 455.734 grãos de pólen por Journal of the Linnean Society 169 (1): 245-261.
flor. O primeiro sinal da antese acontece as 15 h, com ligeiro [2]
Torezan-Silingardi HM. 2012. Flores e animais: uma introdução à
afastamento das pontas das pétalas. O copiscum ou conjunto história natural da polinização. Ecologia das Interações Plantas-Animais
de estigmas fundidos só fica visível e brilhante as 18 h, quando uma abordagem ecológico-evolutiva. Rio de Janeiro. Techinical Books
inicia o processo de termogênese floral e a liberação do odor Editora, 336 p
semelhante ao de fermentação. O aquecimento da flor em relação [3]
Gottsberger G, Silberbauer-Gottsberger I. 2006. Life in the cerrado - a
ao ambiente aconteceu a partir de 19 h, aumentando muito a South American Tropical Seasonal Ecosystem. Reta Verlag, Ulm.
partir de 22 h e permanecendo no máximo entre 23 e 1 h, quando
[4]
a corola e o androceu se desprendem e caem. O copiscum cai Torezan-Silingardi HM, Del-Claro K. 1998. Behavior of visitors and
reproductive biology of Campomanesia pubescens (Myrtaceae) in cerrado
próximo de 23 h. Não foi observada a frutificação em nenhuma
vegetation. Ciência e Cultura Journal of the Brazilian Association for the
das flores dos testes de polinização nem nas flores polinizadas Advancement of Science 50(4)
naturalmente e marcadas. Porém, houve a frutificação de flores
[5]
não marcadas. Os artrópodes que visitaram as flores foram Torezan-Silingardi HM, Oliveira PEAM 2004.Phenology and reproductive
aranhas e insetos, sendo que os insetos pertenceram às Ordens ecology of Myrcia rostrata and M, tomentosa (Myrtaceae) in central
Brazil.Phyton (Horn, Austria) 44(1): 23-43.
Hymenoptera, Coleoptera e Ortoptera. Nos Hymenoptera os
Vespidae cortavam pedaços das pétalas em busca de larvas no [6]
Gottsberger, G. 1999. Pollination and evolution in neotropical Annonaceae.
interior e os Formicidae patrulhavam ramos de flores e folhas. Plant Species Biology 14: 143-152.

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EFEITO DO FOGO SOBRE A COMUNIDADE VEGETAL,


VISITANTES FLORAIS E REDE DE INTERAÇÕES NO
PARQUE NACIONAL DAS EMAS
Pôster

Camila Aoki1*, Maria Rosângela Sigrist2, Josué Raizer1,3


1
PPG Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
2
PPG Biologia Vegetal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
3
PPG Entomologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Federal da Grande Dourados
*aokicamila@yahoo.com.br

Introdução
Nas comunidades do Cerrado, assim como em outras savanas, Contudo, a idade alterou significativamente a composição
o fogo é um importante distúrbio e sua recorrência nos últimos vegetal, revelando um padrão de substituição de espécies.
milhares de anos favoreceu organismos com características A quantidade e qualidade dos recursos florais disponíveis, por
específicas de proteção, evitação ou resiliência contra os seus sua vez, também não foram influenciadas pelos regimes de
efeitos [1,2]. Estudos sobre o efeito do fogo na flora e fauna tem queima. A riqueza e abundância de visitantes florais estiveram
obtido resultados diversos (efeito negativo, positivo ou nulo). relacionadas com o número de indivíduos floridos e o número
A falta de conhecimento e a impossibilidade de generalizações de flores e a sua composição não foi afetada pelos regimes de
impedem melhor avaliação do uso do fogo como ferramenta de queima. As redes de interação, considerando a conectância e
manejo em áreas naturais. aninhamento não foram modificadas pela ação do fogo. Ao que
Deste modo, são necessárias informações sobre a composição tudo indica, há um rápido reestabelecimento da comunidade
de espécies da comunidade a ser submetida ao fogo e os efeitos de visitantes florais e de suas interações com as plantas após o
desta perturbação na estrutura da comunidade e nas interações fogo, sendo que o intervalo de um ano parece ser suficiente para
entre as espécies. Uma estratégia é obter essas informações para retomar suas características. Isso considerando que as queimadas
grupos funcionais determinados, tais como os visitantes florais, no PNE ocorrem prioritariamente de forma natural. Contudo,
que são importantes componentes das comunidades biológicas, a modificação do regime de queimadas realizada pelo homem,
atuando na manutenção da integridade dos ecossistemas e deve incorrer em resultados diferentes, devendo ser objeto de
interferindo diretamente na sustentabilidade da agricultura. estudos de futuros trabalhos.
Neste estudo, investigamos como o fogo afeta a composição
de espécies vegetais, a diversidade e quantidade de recursos Conclusões
florais disponíveis e como isso afeta a rede de interações Em áreas onde o fogo ocorre de forma natural (não antrópica),
planta‑visitantes florais. a comunidade de visitantes florais e a conectância e aninhamento
da rede de interações não são significativamente alteradas por
Metodologia esse distúrbio. Contudo, a composição vegetal apresenta um
O estudo foi conduzido entre outubro de 2008 e setembro padrão de substituição de espécies.
de 2009, no Parque Nacional das Emas (PNE, 18°7’S, 52°54’O).
Áreas de campo sujo sofrem queimadas quase anualmente em Agradecimentos
diferentes locais no PNE, que são sistematicamente registradas FUNDECT/CAPES pela bolsa de doutorado e apoio financeiro
desde 1973 [3]. Neste mosaico de estágios sucessionais de campo concedido ao projeto (processo 15548-1).
sujo do PNE foram selecionados 37 pontos de amostragem com
diferentes idades pós-queima (tempo decorrido desde a última Referências Bibliográficas
queima) e diferentes frequências de queima (número de vezes que COUTINHO LM. 1990. Fire in the ecology of the Brazilian Cerrado. In
[1]

a área pegou fogo entre 1973 e 2008). Em cada área foi instalada Goldammer JG. Fire in the Tropical Biota. Berlin: Springer-Verlag. 497pp.
uma parcela fixa de 15 x 25 m, que serviu para o registro das MOREIRA AG. 2000. Effects of fire protection on savanna structure
[2]

espécies de plantas floridas e seus visitantes florais. A rede de in Central Brazil. Journal of Biogeography 27:1021-1029.
interações foi caracterizada pela conectância e aninhamento,
FRANÇA H et al. 2007. O Fogo no Parque Nacional das Emas. MMA,
[3]
testadas contra idade e frequência do fogo.
Série Biodiversidade.

Resultados e Discussão
A frequência de queimadas (que variou de 5-15 vezes) e o
tempo decorrido desde a última queima (1-14 anos de idade) não
influenciaram a riqueza ou abundância das espécies vegetais.

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