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Estruturas em Concreto Armado

Brasília-DF.
Elaboração

Tatiana Conceição Machado Barretto

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 4
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 5
Introdução.................................................................................................................................... 7
Unidade I
Conceitos introdutórios de concreto armado.......................................................................... 9

Capítulo 1
Breve histórico das construções..................................................................................... 9

Capítulo 2
Elementos de composição do concreto...................................................................... 14

Capítulo 3
Introdução ao cálculo de estruturas........................................................................... 21

Unidade iI
Detalhamento de vigas.................................................................................................................... 37

Capítulo 1
Aderência, ancoragem e emendas.................................................................................. 37

Capítulo 2
Dimensionamento da armadura....................................................................................... 52

Unidade iII
Detalhamento de lajes..................................................................................................................... 56

Capítulo 1
Lajes maciças de concreto armado.............................................................................. 56

Capítulo 2
Lajes nervuradas................................................................................................................ 67

Capítulo 3
Dimensionamento da armadura....................................................................................... 78

Unidade iV
Detalhamento de pilares.................................................................................................................. 82

Capítulo 1
Detalhamento de pilares.................................................................................................... 82

Capítulo 2
Dimensionamento da armadura..................................................................................... 102

Referências................................................................................................................................. 117
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

6
Introdução
O concreto é um material de construção considerado como aglomerado artificial e obtido
por meio do endurecimento de uma pasta de cimento e água acrescida de agregado
graúdo (brita) e agregado miúdo (areia).

O concreto armado surge da necessidade de se atingir uma maior resistência a


compressão e durabilidade em relação ao concreto normal.

Ele tem baixa resistência a tração e, por isso, foi necessário o acréscimo de outros
materiais para suprir essa deficiência inicial. Dentre eles, o mais comumente usado e
aceito é o aço. Portanto, a junção do concreto com o aço é responsável pela composição
do concreto armado.

Nesta disciplina, iremos ampliar o nosso conhecimento sobre estruturas em concreto


armado. Deseja-se aqui fornecer os conhecimentos básicos de mecânica das estruturas.

Além disso, deseja-se também analisar o comportamento mecânico de alguns materiais,


para que, em seguida, possamos dimensionar alguns dos elementos estruturais da
construção mais utilizados: as vigas, os pilares e as lajes.

Este caderno de estudo foi baseado na NBR 6118/2014 e outros materiais de apoio de
diversos autores.

Objetivos
»» Conhecer conceitos básicos sobre a composição do concreto armado.

»» Introduzir os elementos do cálculo estrutural.

»» Dimensionar os elementos estruturais de concreto armado.

7
8
Conceitos
introdutórios de Unidade I
concreto armado

Nesta unidade, serão estudados os conceitos introdutórios de concreto armado.

O primeiro capítulo faz um resumo teórico sobre os componentes do concreto e suas


respectivas funções. O segundo capítulo faz uma revisão dos cálculos necessários para
o estudo dos elementos estruturais.

Esta unidade foi escrita com base na NBR 6.118/2014 e em diversas publicações sobre
o tema, inclusive as notas de aula de Fernandes (2006) e Camacho (2005).

Capítulo 1
Breve histórico das construções
A pré-história traz as primeiras construções, ainda que rudimentares, do homem. Os
homens paleolíticos já sentiam as variações climáticas mais que os animais, necessitando
de abrigo da chuva e do frio.

Eles viviam em cavernas e grutas (reentrâncias rochosas, como na figura 1), quando as
encontravam, mas também aprenderam a cavar abrigos debaixo da terra quando não
encontravam as grutas.

Figura 1. Homem paleolítico vivendo em cavernas.

Fonte: Disponível em: <http://cleofas.com.br/as-sepulturas-na-pre-historia-eb/>. Acesso em: 3 mar. 2017.

9
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

Alguns desses abrigos eram escavados quase verticalmente e alguns registros indicam
que chegavam aos dois metros de profundidade.

No período Neolítico, os homens começaram a manejar ferramentas e utilizar a pedra


para cortar alimentos e materiais.

A partir daí, começaram a morar em casas de madeira e folhas, em comunidades


próximas aos cursos d’água, favorecendo a agricultura e a vida familiar, como mostra
a figura 2.

Figura 2. Homem neolítico vivendo em construções rudimentares.

Fonte: Disponível em: <http://www.historiadetudo.com/neolitico>. Acesso em: 3 mar. 2017.

Após o domínio do manejo dos metais, o homem se desenvolve exponencialmente e


entra na Idade Antiga com técnicas construtivas responsáveis por construções de grande
valor histórico, como as obras egípcias, mesopotâmicas, incas e das demais civilizações
da época.

A Mesopotâmia introduz o conceito do tijolo de cerâmica, utilizando-o como material


de construção principal para suas obras, por exemplo, a figura 3 a seguir.

Figura 3. Zigurate – templo mesopotâmico dedicado ao deus Marduk.

Fonte: Disponível em: <https://piquiri.blogspot.com.br/2014/09/zigurates-da-mesopotamia-e-piramides-do.html>. Acesso em:


3 mar. 2017.

10
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

Enquanto isso, os egípcios utilizavam os blocos de pedras para construir. Exemplo


real e prova viva da durabilidade deste material é a existência das Pirâmides, ainda
resistentes, após milhares de anos, conforme figura 4.

Figura 4. Pirâmide de Quéops – templo egípcio dedicado ao deus Aton.

Fonte: Google Mapas 1, 2017.

O código de Hamurábi (proposto por Khammu-rabi, rei da Babilônia, no 18º século


a.C.) foi a primeira compilação de leis conhecida no mundo.

Ele previa penas de morte para o arquiteto e sua descendência, em caso de a construção
entrar em colapso.

Caso o dono da casa morresse, o construtor seria morto.

Caso o filho do dono da casa morresse, o filho do construtor seria morto.

Os gregos foram responsáveis por grande avanço na cultura e nas ciências, refinando as
teorias científicas, a alimentação, a música e, entre outros, a construção civil.

A Idade Clássica é marcada pela expansão ocidental grega e, em seguida, romana. Os


gregos não inovaram muito no quesito materiais de construção, mas inovaram muito
no quesito arquitetura, pois eram atenciosos aos detalhes de pilares, pórticos e vigas.

Conforme figura 5, a arquitetura grega primava pela quantidade de detalhes nas peças
e pela quantidade de peças propriamente ditas.

Portanto, a carga para as fundações de construções como o Parthenon era muito grande.
As fundações eram feitas a partir da sobreposição de blocos de pedra.

1 Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/place/29%C2%B058’36.2%22N+31%C2%B007’55.1%22E/@29.97677


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m5!3m4!1s0x0:0x0!8m2!3d29.9767218!4d31.1319637>.

11
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

Os gregos já utilizavam fundações superficiais para suas construções de pequeno porte.


A causa dessa escolha vem do solo grego, propício à construção.

Figura 5. Parthenon – templo grego dedicado à deusa Athena.

Fonte: Disponível em: <http://architizer.com/blog/kingdom-tower-10-facts/>. Acesso em: 3 mar. 2017.

Os romanos desenvolveram os processos construtivos das obras civis, agregando


maiores dimensões e, portanto, maior carga para as fundações.

Os romanos introduziram o uso do concreto, além dos tijolos cerâmicos cozidos e


travados. A figura 6 mostra o Coliseu e sua fundação de laje com diâmetro de 170m.

Figura 6. Coliseu – anfiteatro italiano feito de concreto e areia.

Fonte: Disponível em: <http://www.revistapelomundo.com.br/editoria-1/quase-28-mil-pessoas-visitam-coliseu-em-domingo-


gratuito/>. Acesso em: 3 mar. 2017.

A Idade Média avançou pouco em relação aos processos construtivos, mas introduziu
a utilização de fundações subaquáticas e o uso do bate-estaca, similar aos bate-estacas
manuais atuais.

A Idade Moderna, por sua vez, trouxe muitas contribuições para a construção civil,
tanto quanto para as demais áreas da cultura, das ciências e das tecnologias.

12
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

Em 1561, foi escrito, por Philibert l’Orme, o livro mais popular da época sobre fundações,
contemplando as fundações superficiais, profundas, fluviais e marítimas.

O cientista e engenheiro francês Charles Augustin Coulomb deu início aos estudos de
Mecânica dos Solos em 1776.

Ele foi secundado por Rankine, Collin e Darcy, difundindo e acrescentando experimentos
e teorias sobre a Geotecnia.

No século XX, a Mecânica dos Solos se consolida como ciência a partir dos estudos
e esforços de Atterberg e, principalmente, Karl Terzaghi, conhecido como o pai da
Mecânica dos Solos.

Hoje, as construções estão tocando nas nuvens. O prédio mais alto do mundo na
atualidade está em fase final de construção e terá 1008m de altura, mais de 60 metros
de profundidade das fundações e mais de 80.000 toneladas de aço em sua constituição.

A Jeddah Tower ou ‫( ةكلمملا جرب‬Burj al-Mamlakah ou torre de Gidá) fica na Arábia


Saudita e tem custo estimado de quase R$5.000.000.000,00 (cinco bilhões de reais).

Figura 7. Jeddah Tower – edifício mais alto do mundo, em construção.

Fonte: Adaptado do site Architizer 2, 2016.

2 Disponível em: <http://architizer.com/blog/kingdom-tower-10-facts>. Acesso em: 6 mar. 2017.

13
Capítulo 2
Elementos de composição do concreto

Definição e histórico

Nas construções da antiguidade, empregavam-se materiais de origem natural como


pedra, madeira e ferro.

Existem duas características necessárias para que o material de construção seja


considerado de boa qualidade: durabilidade e resistência.

A pedra possui alta resistência à compressão e longa durabilidade, mas baixa resistência
a tração.

A madeira possui boa resistência a compressão, mas sua durabilidade é depende das
condições do meio.

O ferro possui alta resistência a tração mas pode sofrer com interferências do meio
como a corrosão devido a ferrugem.

Com a necessidade de se melhorar as condições originais do concreto, no que se diz


respeito às resistências as solicitações de carga de tração, surge então a utilização da
chamada “armadura” (aço) e a esse sistema chama-se concreto-armado.

O concreto é composto por cimento, água, ar, agregado miúdo (areia) e agregado graúdo
(brita).

A depender das condições do meio ou da necessidade da obra, também pode conter


aditivos como cinzas, pozolana e a sílica ou outros tipos de aditivos de origem química
se forem necessárias outras propriedades.

Conceitualmente, a mistura água-cimento leva o nome de “pasta”. A pasta quando


misturada com agregado miúdo (areia) recebe o nome de “argamassa”.

Quando a argamassa é misturada a qualquer tipo de agregado graúdo (pedra e/ou


brita) surge então o concreto também chamado de “concreto simples” por não possuir
armadura.

14
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

A NBR 6118/14 define como sendo concreto simples qualquer elemento estrutural que
não possui armadura ou possui muito pouco para ser considerado como sendo feito de
concreto-armado.

Cimento
O começo do século XIX trouxe à Inglaterra o início do hábito de se utilizar um material
de construção que é conhecido hoje em dia como “cimento Portland”.

A popularização do uso deste tipo de cimento se deu apenas após a metade daquele
século, quando este material passou a ter produção em massa, para alcançar a demanda.

Este material se caracteriza como sendo um pó bem fino e possui a propriedade de ser
um aglomerante hidráulico que atinge rigidez (endurecimento) em contato com a água.

Dentre os elementos que compõem o concreto simples, o cimento tem a função maior,
pois é responsável pela transformação da mistura em produtos finais.

Cimento é feito à base de clínquer e da adição de outros materiais.

A matéria-prima para a obtenção do clínquer é uma base de argila e calcário. O clínquer


é um aglutinante hidráulico que tem a propriedade de endurecer quando misturado
com a argila.

Figura 8. Cimento.

Fonte: Disponível em: <https://suaobra.com.br/dicas/inicio-da-obra/tipos-de-cimento>. Acesso em: 14 fev. 2017.

Para a obtenção do clínquer, uma rocha de calcário passa por uma britadeira e depois
é moída.

Após ser misturado com argila, o material é submetido a um forno com temperaturas
que chegam até 1500°C e após é resfriada e forma clínqueres que são moídos e
transformados em pó.

15
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

Adições: matéria-prima que se mistura com o clínquer durante o processo de moagem


e sua quantidade define os tipos de cimento Portland que existem no mercado.

No Brasil existem diferentes tipos de cimento que se diferenciam em função dos seus
componentes.

Exemplos: cimento comum, cimento de alta resistência, cimento de alto-forno, cimento


com pozolana, cimento resistente a sulfatos, cimento branco.

No quadro 1, estão citados os cimentos comerciais e entre eles os mais comumente


utilizados em obras, CPII E-32, CPII F-32, CPIII F-40.

Quadro 1. Tipos de cimento.

Tipos de cimento Adição Resistência (Mpa)


CP I Cimento Portland Comum --- 25
CP I-S Cimento Portland Comum com Adição Argila (1-5%) 25 ou 40
CP II-E Cimento Portland Composto com Escória Escória (6-34%) 25, 32 ou 40
CP II-Z Cimento Portland Composto com Pozolana Argila (6-14%) 25, 32 ou 40
CP II-F Cimento Portland Composto com Fíler Calcário (6-10%) 25, 32 ou 40
CP III Cimento Portland de Alto-forno Escória (35-70%) 25, 32 ou 40
CP IV Cimento Portland Pozolânico Argila (15-50%) 25 ou 32
CP V-ARI Cimento Portland de Alta Resistência Inicial --- Variada
CPB Cimento Portland Branco Estrutural --- 25, 32 ou 40

Fonte: Elaborado pela autora.

Os tipos de cimento são nomeados de forma a indicar claramente as resistências à


compressão que eles suportam.

No preparo do concreto, é necessário ter cuidado com a qualidade e quantidade de água


utilizada, pois é a água a responsável por ativar as reações químicas que transformam
o cimento em aglomerante.

Em quantidade baixa, a reação química ocorre de forma incompleta e se for alta demais
a resistência do concreto irá diminuir devido a quantidade de vazios no concreto que a
água vai deixar ao evaporar.

A relação entre a quantidade de água e de cimentos utilizados na mistura é chamada de


fator água/cimento.

Para preencher os vazios do concreto, ele deve ter uma distribuição granulométrica feita
de forma homogenia, para evitar a porosidade que causa a diminuição da resistência
da estrutura.

16
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

A preparação dos materiais que compõem o concreto é chamada de dosagem ou traço.

Por meio da variação dessa dosagem e o acréscimo de aditivos é que se chega a concretos
com diferentes características e resistências.

Quanto menor o valor do fator água/cimento, maior a resistência, pois quanto menos
permeável maior é a durabilidade do concreto.

Outro fator importante é a cura do concreto.

O que se chama de cura é a manutenção feita no pórtico durante as primeiras horas logo
depois da concretagem.

Para fazer a cura, é necessário molhar o concreto de tempos em tempos para que esse
não perca água de forma muito rápida por causa da evaporação, o que causa fissuras e
pontos fracos na estrutura.

Tipos de agregados
Os agregados podem ser classificados, segundo a origem, entre naturais e artificiais.

Agregados de origem natural são aqueles providos pela natureza, a exemplo de areias,
pedregulhos, cascalhos, seixos-rolados.

Os artificiais são os que passam por processos industriais com a finalidade de mudar
suas características originais em tamanho ou composição química.

Os agregados são classificados em miúdos e graúdos.

Figura 9. Agregado miúdo.

Fonte: Disponível em: <http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/60/areia-presenca-de-impurezas-e-ate-o-


formato-dos-289945-1.aspx>. Acesso em: 14 fev. 2017.

17
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

Como exemplo, são miúdos areias e graúdos pedregulhos, sendo que miúdos tem que
ter dimensão máxima ou inferior a 4,8mm e graúdos devem ter dimensões maiores do
que 4,8mm.

Figura 10. Agregado graúdo.

Fonte: Adaptado de Fernandes (2006).

Os agregados graúdos têm a seguinte numeração e dimensões máximas:

»» brita 0, de 4,8mm a 9,5mm;

»» brita 1, de 9,5mm a 19mm;

»» brita 2, de 19mm a 38mm;

»» brita 3, de 38mm a 76mm;

»» pedra de mão, acima de 76mm.

Os agregados também são classificados quanto a sua massa específica aparente em que
são divididos como leves, normais ou pesados, que sejam:

»» leves: argila, pedra pome, vermiculita;

»» normais: pedra, brita, areia e seixos;

»» pesados: hematita, barita, magnetita.

18
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

Concreto armado
O concreto possui altas resistências a compressão, mas resiste pouco às solicitações de
tração, que é de 10% da resistência a compressão.

A fim de tornar o concreto mais equilibrado e eficaz conforme suas determinadas


resistências às diversas tensões, é importante que se acrescentem materiais que
aumentem a resistência à tração atuante no concreto.

Com a adição de uma armadura de aço, o concreto simples passa a ser concreto armado.

No concreto armado, as funções se dividem: o aço absorve as tensões de tração enquanto


o concreto fica responsável por absorver as tensões geradas pela compressão.

Figura 11. Relação aço e concreto numa peça de concreto armado.

Fonte: Disponível em: <http://www.usimak.com.br/galeria/>. Acesso em: 14 fev. 2017.

Na concepção do concreto armado surge o fenômeno da aderência. A aderência é a


“união” do concreto com a armadura de forma que os dois elementos trabalhem como
se fossem um único elemento.

A NBR 6118 (ABNT, 2014) define concreto armado como um elemento estrutural que
funciona a partir da aderência entre o concreto e a armadura de aço.

A partir da aderência dos materiais, a deformação £s em determinado ponto da estrutura


de aço deve ser igual à deformação £c no ponto do concreto correspondente ao aço, ou
seja: £s=£c.

A armadura do concreto se chama armadura passiva. É considerada armadura passiva


aquela que não se utiliza para produção de forças protensoras.

Além disso, as deformações aplicadas nesta armadura se devem aos carregamentos


aplicados onde a peça esta inserida.

19
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

A armadura do concreto não precisa ser exclusivamente de aço, podendo se utilizar


outros materiais, tal como bambu e fibra de carbono.

Embora outros materiais possam ser utilizados, eles também precisam ter altas
resistências mecânicas, sendo sua necessidade principal a alta taxa de resistência à
tração.

Existe aderência entre o aço e o concreto. Isso se dá por causa dos coeficientes de
dilatação térmica dos dois elementos, que são praticamente iguais, além da proteção
a corrosão promovida pelo concreto é garantida pelo “cobrimento”, que é uma
determinada espessura entre a face externa do concreto e o aço.

20
Capítulo 3
Introdução ao cálculo de estruturas

Diagrama tensão-deformação do concreto

Existem muitos fatores referentes a como as cargas no são distribuídas nas áreas
expostas a flexão e A compressão, próximo a ruptura, a exemplo:

»» ponto de linha neutra;

»» velocidade da carga aplicada;

»» tempo da carga;

»» feixes de armadura;

»» geometria da seção;

»» resistência da peça;

»» idade do concreto;

»» mistura do concreto;

»» condições climáticas.

Devido aos diversos fatores, é muito difícil, quase impossível, construir modelo de
distribuição de tensões que atinja todas as possibilidades de situação.

Segundo Fernandes (2006), considere-se que no período dos anos iniciais da vida do
concreto, ele envelhece e ocorre o amadurecimento junto com quantidade de água no
cimento.

Também, a resistência do concreto muda ao longo do tempo, o módulo de deformação


junto com a fluidez da peça de concreto.

Em paralelo, acontecem deformações que estão diretamente ligadas a cargas no concreto


e tem influência em como as tensões são distribuídas.

21
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

Por isso, as tensões distribuídas na área sujeita a compressão que oscila de um triângulo
arredondado e uma parábola, em que os valores máximos não se situam na borda da
seção.

Uma borda submetida a carga de compressão pode estar comprometida de 0,2% a 1%.

Se o diagrama de distribuição de cargas fosse aplicado em toda peça dimensionada,


sempre correspondendo às condições reais, ainda assim não seria fiel a realidade.

Não é possível definir o histórico de solicitações, nem a idade do concreto no momento


de atuação da carga nem o grau de solicitação correspondente.

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), o diagrama tensão deformação do concreto a


compressão se constitui de uma parábola que toca no ponto de origem e seu vértice é o
ponto de abscissa 0,2%.

O ponto paralelo a εc 0,35% é tangente à parábola e paralela ao eixo das abscissas,


como se vê nas figuras 12 e 13 a seguir.

Figura 12. Diagrama de tensão-deformação.

e
Fonte: Fernandes (2006).

Figura 13. Equação da parábola.

Fonte: Fernandes (2006).

22
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

Hipótese de cálculo

Nos estados Limite Último de Ruptura, de Limite de Deformação e de Limite de


Deformação Plástica Excessiva, em casos de flexão simples, casos de flexão composta,
compressão, tração, deixando de fora alguns tipos de vigas, tem as seguintes hipóteses
de cálculo:

»» Sob a influência das cargas normais, as seções transversais continuam


planas (hipótese de Bernoulli).

»» As deformações das fibras de uma seção transversal são proporcionais as


suas distâncias da linha neutra, ou seja, o diagrama das seções transversais
é retilíneo.

»» A resistência à tração do concreto é descartada.

Por causa do concreto ter baixa resistência a cargas de tração, considera-se a existência
de fissuras no concreto.

Dessa maneira, todas as solicitações de tração devem ser resistidas pela armadura,
admitindo que exista perfeita aderência entre as barras de aço e o concreto não fissurado.

A aderência faz com que a deformação na armadura é a mesma do concreto que a


envolve. É de 1% o valor máximo permitido para o alongamento específico εsu.

Adota-se esse limite de forma convencional, porque se considera que esse valor
corresponde a fissuração excessiva do concreto e deformação excessiva da peça, levando
ao esgotamento da capacidade de resistência.

Vários fatores influenciam no encurtamento de ruptura do concreto, como


velocidade da deformação, geometria da seção transversal e a posição da linha
neutra na seção. Para simplificar, admite-se o encurtamento de ruptura usando-se
desse critério.

23
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

Figura 14. Deformações.

Fonte: Fernandes (2006).

As tensões distribuídas na seção transversal do concreto faz-se utilizando um diagrama


parábola-retângulo (figura 15) que se baseia no diagrama tensão-formação indicado
para o concreto.

Esse diagrama pode ser substituído por um retângulo de altura y = 0,80x, com a tensão
de valor 0,85 fcd no caso em que a largura da seção paralela à linha neutra não diminui
até a borda comprimida e 0,80 fcd no caso contrário.

Para se calcular, dimensionar e verificar é preciso admitir uma maneira em que a curva
de tensões seja distribuída nas áreas e seções da peça.

Diversos estudos que comparam os métodos para distribuição de cargas mostram que
se for feita calculando uma parábola do 2° grau, partindo da linha neutra até a fibra com
deformação de 0,20%, com uma reta até a borda com maior carga de compressão, em
que a tensão é de 0,85fcd, apresentam resultados coerentes com os obtidos de forma
experimental.

O diagrama parábola-retângulo é válido para qualquer forma de seção transversal e


pode ser usado também na flexão oblíqua.

24
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

Figura 15. Compressões nas seções.

Fonte: Fernandes (2006).

Também se garante maior precisão de calculo distribuindo as solicitações de forma


retangular com a altura sendo 80% da profundidade da linha neutra real e com tensão
igual a 0,85 fcd ou 0,80 fcd.

Ao se utilizar o diagrama retangular de cargas ele indica uma resultante de cargas


que coincide em intensidade e seção aplicada em comparação ao diagrama parábola-
retângulo.

Entretanto, existe diferença se a linha neutra se encontrar próxima à borda comprimida


porque as cargas correspondem à parte curva da distribuição real de tensões e, portanto,
com valor inferior a 0,85 fcd.

Figura 16.

Fonte: Fernandes (2006).

25
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

Domínios de deformação
Para se encontrar o diagrama de deformação, para uma solicitação normal que tenha
atingido o estado limite último, em uma determinada seção que recebe a cargas normais,
é necessária a demarcação de regiões chamadas de domínios de deformações.

Figura 17. Diagramas possíveis dos domínios de deformações.

Fonte: Fernandes (2006).

Estados limites
A NBR-6118 diz que o estado limite de uma estrutura é atingido quando a mesma não
possui mais as características, resistência e condição inicialmente prevista em projeto
e se torna inutilizável.

Qualquer edificação deve apresentar a mínima condição de segurança, ser funcional,


durável e deve atender todos os requisitos previstos em projeto. Por isso, se deixarem
de atender um desses requisitos, considera-se o Estado Limite.

Qualquer construção pode chegar ao estado limite, seja por estrutura ou por
funcionalidade. Dessa maneira, estuda-se duas classes de estados limites: Estados
Limites Últimos (ruina) e estados Limites de utilização (funcionalidade).

a. Último:

Se dá quando a estrutura entra em estado de colapso ou ruina, o que leva


a suspensão dos serviços da estrutura. Para que se garanta que a estrutura
de concreto funciona de forma segura, ela deve ser testada quanto aos
seguintes estados limite:

›› Estado Limite Último de perda de equilíbrio da estrutura, se


considerada como rígida;

26
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

›› Estado Limite Último do enfraquecimento da capacidade de resistência


da estrutura, completa ou em parte, por causa das solicitações normais
e tangenciais;

›› Estado Limite Último de enfraquecimento da capacidade de resistência


da estrutura completa;

›› Estado Limite Último em consequência de solicitações dinâmicas;

›› Casos especiais.

b. De utilização:

Corresponde à incapacidade de se utilizar a estrutura de forma normal,


seja pela durabilidade da estrutura, utilização do usuário, aspecto e a
funcionalidade da estrutura, podendo ser em consequência a usuários,
máquinas e equipamentos utilizados.

Entre as possibilidades de causa estão:

›› estado limite de formação e aparecimento de fissuras;

›› estado limite de abertura de fissuras;

›› estado limite de deformações excessivas;

›› estado limite de vibrações excessivas;

›› outros casos especiais.

Formação de fissuras

Nesse estado limite, se os valores de resistência a tração do concreto se igualarem ao


valor da tração limite em uma sessão transversal, então existe chance real do surgimento
de fissuras.

a. Abertura de fissuras:

Também chamado de estado limite de fissuração inaceitável. Aqui as


fissuras têm espessura com valor limite adotados por normas e prejudicam
a utilização e a durabilidade da estrutura de concreto.

27
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

b. Deformação excessiva:

Nesse estágio, o valor máximo tolerado pela norma é ultrapassado,


afetando a utilização da estrutura.

c. Ações e solicitações de cálculo:

Pela NBR-6118/80, normalmente, grande parte das solicitações para


o estado limite de serviço é verificado pela Equação abaixo, sendo que
geralmente não se considera a ação dos ventos.

Sd =Sgk + XSqk1 + Sεk Eq. 1.3.1

No caso de cargas acidentais de origens diversas, as chances mínimas de


que ocorram ao mesmo tempo, a equação pode ser dada por:

Sd = Sgk + XSqk1 + 0,8. ( XSqk 2 + Sqk3 + ) + Sεk Eq. 1.3.2

Onde:

χ = 0,7 - estruturas de edifícios.

χ = 0,5 - outras estruturas.

d. Considerações da NBR-8681:

A NBR-8681 dota o valor γf =1,0, para os coeficientes de ponderação das


ações casos especiais, descritos em norma especial.

e. Considerações da NB1-99:

Geralmente, o coeficiente de ponderação das ações para os estados limites


de utilização é descrito por:

γf = (1 . γf2),

considerando-se para γf2:

›› Yf2 = 1,0 - combinações raras.

›› Yf2 = ψ1 - combinações frequentes.

›› Yf2 = ψ2 - combinações quase permanentes.

28
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

Combinação das ações

A utilização de ações de forma combinada se faz preciso para que a estrutura seja
analisada em diferentes estados e limite-se em diferentes condições. As combinações
de serviço são:

a. Quase permanente:

Com a possibilidade de acontecer durante quase toda a vida útil da


estrutura, aqui as combinações de serviços são calculadas levando em
consideração suas variáveis como sendo quase permanentes ψ2.Fqk:
m n
Fd,ser
= ∑Fgk + ∑ϕ2 Fqk, j Eq. 1.3.3
1 1

b. Combinação frequente de serviço:

Elas acontecem com frequência na estrutura e suas variável Fq1 é calculada


considerada frequente juntamente com as demais variáveis ψ2.Fqk:
m n
Fd,ser
= ∑Fgk + ∑ϕ2 Fqk, j Eq. 1.3.4
1 1

Comumente utilizadas para atestar os limites de compressão, espessura


de fissuras e vibração excessivas.

c. Combinações raras de serviço:

Esses tipos de combinações são possíveis de acontecer somente algumas


vezes a longo de vida da estrutura. Utilizadas geralmente para calcular os
estados limites para surgimento de fissuras e de descompressão:
m n
Fd,ser
= ∑Fgk + Fqk,1 ∑ϕ1Fqk, j Eq. 1.3.5
1 2

Combinações pela NBR-8681

a. Combinações quase permanentes de utilização:

Aqui todas as suas variáveis são consideradas como quase permanentes


para valor de cálculo ψ2.Fqk
m n
=Fd ∑Fgk,i + ∑ϕ2 j Fqk,1 Eq. 1.3.6
1 1

29
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

b. Combinações frequentes de utilização:

»» Aqui a variável Fq1 é considerada é considerada para cálculo com seu valor
ψ1.Fqk,1 e as outras variáveis são consideradas quase-permanentes ψ2.Fqk:
m n
Fd = ∑Fgk,i + ϕ1Fqk,1 + ∑ϕ2 j Fqk,1 Eq. 1.3.7
1 2

c. Combinações raras de utilização:

Aqui a variável Fq1 é considerada para cálculo com seu valor Fqk,1 e as outras
variáveis são consideras para cálculo como valores frequentes ψ1.Fqk:
m n
Fd= ∑Fgk,i + Fqk,1 + ∑ϕ1j Fqk,1 Eq. 1.3.8
1 2

Estado de deformações excessivas


a. Tipos de deformações:

No concreto, as deformações que podem ocorrer são divididas em:


deformações que necessitam de carregamento e deformações que não
necessitam diretamente de carregamento.

As deformações que necessitam de carregamento surgem em função de


um carregamento atuante e possuem uma direção definida.

Essas deformações se classificam em: deformação elástica imediata e


deformação lenta.

A primeira surge por ocasional aplicação de um carregamento e é


reversível.

A segunda surge com o aumento da deformação sob constante tensão e


influência diretamente no valor da flecha total.

As deformações que não dependem do carregamento não possuem


direção definida.

São funções da variação do volume ocasionadas pela retração e variações


de temperatura.

A retração é um fenômeno que pode ocorrer no concreto. Ele se


caracteriza por diminuir o volume da massado concreto e é ocasionado
pela evaporação da água presente nos vazios do concreto.

30
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

No concreto armado sob efeito de flexão, verifica-se o aparecimento de


flechas pela contração diferencial das faces do elemento.

Essa contração ocorre porque nas regiões da peça em que existe armadura,
a contração é parcialmente interrompida o que provoca abaulamento da
peça.

b. Deformações na flexão (NBR-6118):

Esse estado limite acontece quando as deformações são maiores que o


valor limite para o uso comum da estrutura.

Ao se calcular os estados limites de deformação excessiva, deve-se


considerar a geometria das seções afetadas, as consequências das fissuras
e a influência no concreto.

Exceto em casos de cálculos mais precisos, a determinação das


deformações das peças fletidas deve ser realizada admitindo-se somente
o Estádio II para barras, e o Estádio I para lajes.

c. Natureza das ações :

Em peças fletidas, leva-se em conta dois tipos de ação em consideração


ao tempo de ação na estrutura: curta e longa duração.

Ações de curta duração: ações que surgem por cargas variadas que não
fazem parte das solicitações permanentes da peça.

=Ec 0,9.6600 fck + 3,5 (MPa) Eq.1.3.8

Ações de longa duração: a respeito das cargas permanentes e parcelas


frequentes de carga da peça.

Para se avaliar as consequências da deformação lenta, é preciso que se


cheque o valor final da flecha em relação as curvas inicial e final da seção
com maior valor absoluto é:

1 ε c + ε s Eq.1.3.9
=
r d
Verificando a equação, considera-se £c igual a 3 vezes o valor de εc inicial,
com εs igual o valor inicial.

Para ações de longa duração ocorridas a mais de 6 meses após a


concretagem εc final poderá ser igual a 2 vezes o valor inicial.

31
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

d. Flechas em vigas:

Flecha imediata para ações de longa duração: a flecha imediata (ail)


surge com a aplicação de carga e pode ser obtida com a equação da linha
elástica do elemento.
1 d2y M
= = Eq. 1.3.10
R dx 2 E.I
r: raio de curvatura da linha elástica

y: ordenadas da linha elástica

A partir da integral da Eq. 1.3.10, consegue-se as flechas da viga fletida.


Porém, o cálculo é bastante trabalhoso, por esse motivo, utiliza-se tabelas
que ajudam na avaliação dessas flechas:
pl 4
α il =α Eq. 1.3.11
Ec I 2
Sendo:

ail: flecha elástica imediata

α: coeficiente

l:vão teórico

Ec: deformação do concreto

I: inércia da seção

Flecha total para ações de longa duração: para encontrar o valor da flecha
total para ações de longa duração, é necessária a soma da flecha imediata
com uma parcela da fluência.

A fluência é proporcional à deformação elástica se as tensões tiverem


valor entre 40% e 60% da resistência a compressão do concreto:

α tl =αil + α cl → αtl =βα il Eq. 1.3.12

O coeficiente β é utilizado para corrigir somente a flecha ocasionada pelo


carregamento quase-permanente, devido ao fato do carregamento ser de
curta duração não ocasionar fluência.

A verificação do valor da flecha final proveniente das ações de longa


duração é feita para considerar o valor da deformação lenta.

32
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

Pelo fato do produto do valor da flecha imediata pela relação das curvaturas
final (1/r)f e inicial (1/r)i da seção de maior momento em valor absoluto.
Logo, o coeficiente β:

1
 
 r f
β= Eq. 1.3.13
1
 
 r i

Outra forma de se expressar o raio de curvatura da elástica de uma peça


fletida de concreto armado é por meio das deformações específicas,
admitindo semelhança dos triângulos ABC e DEF da figura 18:

Figura 18.

Fonte: Camacho (2005).

dx ε c dx + ε s dx ( εc + ε s ) dx 1 ( εc + ε s ) Eq. 1.3.14
= = = ;
r d d r d
O primeiro desses casos é o mais frequente e considerando-se a
deformação no aço constante, tem-se:

( εs ) f =3. ( ε c ) i =3.ε c e ( εc ) f =( ε s ) i =( ε s ) Eq. 1.3.15

33
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

1 (=
ε c ) f + 3. ( ε s ) f 3ε c + ε s  1 
= e  i
(=
εc ) i + 3. ( ε s ) i εc + ε s
Eq. 1.3.16
= f
r d d r d d

1 3ε c + ε s
 
 r f d 3εc + ε s Eq. 1.3.17
=β = =
→β
1 εc + ε s εc + ε s
  d
 r i

A partir do diagrama de deformações, é obtida a relação de compatibilidade:


x
εc =ε s Eq. 1.3.18
d−x
Que ocasiona a equação:
2x + d
β= Eq. 1.3.19
d
Flecha imediata para ações de curta duração: surgem por causa da parcela
restante das ações variáveis que não foram somadas na combinação
quase-permanente de utilização. Logo, a ação suplementar (Fd,sup) mede:

(1 − ϕ2 ) Fqk Eq. 1.3.20


Fqk − ϕ2 Fqk → Fd , sup =
Fd , sup =

O cálculo da flecha imediata:


Fd , sup
α=
is α it Eq. 1.3.21
Fd ,qp
ais: flecha imediata para ação suplementar.

ail: flecha imediata para ações de longa duração.

e. Critérios de aceitação:

A NBR-6118 indica os seguintes valores limites para as flechas em vigas,


quando se trata de estruturas de edifícios:

Atuando todas as ações:


 1
 300 → Geral Eq. 1.3.22
α t = α tl + αis ≤ 
 1150 → Balanços

Ações acidentais (de curta duração):


 1
 500 → Geral Eq. 1.3.23
α ts ≤ 
 1 250 → Balanças

34
Conceitos introdutórios de concreto armado │ UNIDADE I

»» Para conseguir se limitar as deformações em peças de concreto armado,


alguns métodos podem ser utilizados:

›› aumentando a rigidez da peça, que na viga se traduz em diminuir a


relação entre vão e altura (I/h);

›› aumentar a área da armadura, aumenta também a rigidez da peça;

›› evitar sistemas que causem rotação nos apoios;

›› não negligenciar a cura do concreto;

›› evitar retirar as escoras de forma prematura para permitir que


o concreto adquira resistência necessária para que não ocorram
deformações;

›› se nenhuma das medidas for suficiente, pode-se adotar o emprego de


contraflechas(), que deve ser igual ou menor que a flecha imediata e
menor que α il + α cl .
2
α
α il ≤ α 0 ≤ αil + cl Eq. 1.3.24
2
α cl = αtl − α il = βα il − α il = ( β − 1) α il Eq. 1.3.25

α il +
α cl
=α il +
(β − 1) αil =α  1 + β  Eq. 1.3.26
il  
2 2  2 
Logo:
 1+ β 
α il ≤ α 0 ≤ αil   Eq. 1.3.27
 2 
então:
 1
 500 → Geral
αt − α 0 = αtl + αis − α 0 ≤  Eq. 1.3.28
 1150 → Balanças

Avaliação de flechas em vigas (Nb1-99)


O cálculo de flechas em vigas obedece a três critérios.

O primeiro é que se pode admitir o concreto e o aço como materiais de comportamento


elástico linear, se as seções ao longo da peça tiverem suas deformações específicas
determinadas no estádio I, se seus esforços não ultrapassarem o valor que inicia à
fissuração, e no estádio II quando o ultrapassarem esse valor.

35
UNIDADE I │ Conceitos introdutórios de concreto armado

O segundo é o módulo de deformação secante para o concreto:

Ecs=0,85.5600fck (MPa) Eq. 1.3.29

E o terceiro é que se faz necessário considerar o efeito da fluência no cálculo das flechas.

Avaliação da flecha imediata


Para uma avaliação correta da flecha imediata em vigas é permitido que se utilize a
expressão de rigidez equivalente:
 M 3   M 3  
( EI =
)eq Ecs  r  I 0 1 −  r   I 2  ≤ Ec I 0 Eq. 1.3.30
 M a    M a   
f I Eq. 1.3.31
M r = ctm 0
yt

Critérios de aceitação
Os deslocamentos limites são valores práticos usados para se verificar o estado limite
das deformações excessivas da construção, sendo que deslocamentos excessivos dos
elementos estruturais não podem ser desejados por inúmeros motivos.

São eles:

»» acomodação sensorial: deslocamentos excessivos são responsáveis por


mal-estar nos usuários da estrutura.

»» estrutura em serviço: deslocamentos impedem a utilização normal da


estrutura.

»» efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos ocasionam em


falhas do elemento estrutural.

36
Detalhamento de Unidade iI
vigas

Capítulo 1
Aderência, ancoragem e emendas

Esta unidade foi escrita com base na NBR 6118/2014, apresentando diversos tópicos
dela. Os itens são relativos às vigas contínuas de edificações.

Definição

Segundo a norma, uma viga é definida como, “elementos lineares em que a flexão é
preponderante”. Sabe-se que um elemento linear é o que apresenta o comprimento
longitudinal no mínimo três vezes superior a maior dimensão da seção transversal.

Análise estrutural

A análise estrutural determina as consequências de solicitações em uma estrutura e tem


o objetivo de analisar os estados-limite de serviço e último (NBR 6118, ABNT 2014).

A análise estabelece como esforços, tensões, solicitações e deformações estão distribuídos


internamente na estrutura.

Deve-se realizar a análise utilizando um modelo estrutural que combine com a peça a
ser estudada.

Existe a possibilidade de que seja necessário analisar o objeto utilizando vários modelos
para que todo tipo de verificação seja atendido.

O modelo ideal replica as condições da estrutura, como sua forma, os elementos


estruturais, as solicitações de carga e a condição do material.

37
UNIDADE II │ Detalhamento de vigas

Introdução
Observe as barras de aço no bloco de concreto (figura 19).

Figura 19. Barras de aço no concreto.

Fonte: UPF (2016).

Se o comprimento lb da barra for curto, ela pode ser arrancada caso uma carga de
tração seja aplicada.

Aumentando-se o comprimento da barra lb¹, a barra aguenta uma aplicação maior da


carga de tração até escoar. Desse modo, a barra de aço é considerada como estando
ancorada.

Modelo de cálculo para obtenção do


comprimento de ancoragem lb
Para a avaliação de lb1, geralmente se usa o modelo da figura 20. Logo,
π∅ 2
Z d = As f yd = f yd = τbu .π.∅.lbl Eq. 2.2.1
4
Resultando:

∅ f yd Eq. 2.2.2
lbl =
4 τbu

Figura 20.

Fonte: UPF (2016).

38
Detalhamento de vigas │ UNIDADE II

A tensão última de aderência τbu é função da posição da armadura ao longo da altura


de concretagem da peça; do ângulo de inclinação da armadura; da sua conformação
superficial; e da resistência do concreto (fck).

A consideração das duas primeiras variáveis é feita por meio do conceito de zonas de
aderência: zona de boa aderência (zona I) e zona de aderência prejudicada (zona II).

Zonas de aderência

Figura 21.

Fonte: UPF (2016).

Para que o fenômeno da aderência ocorra de forma satisfatória, é necessária que o


concreto envolva a armadura de forma homogênea.

Quando o concreto é vibrado, faz com que o excesso de água presente na mistura suba
para a superfície do concreto.

Quando essa água evapora, ela deixa vazios que enfraquecem a área de contato da
armadura do concreto e isso geralmente causa perda de aderência das barras de aço na
parte superior do pórtico (zona II, ou de aderência prejudicada).

Em contrapartida, as barras inferiores possuem boa aderência (zona I).

39
UNIDADE II │ Detalhamento de vigas

Quando a espessura da peça é pequena (h ≤ 30 cm, para finalidade prática), a quantidade


de água de exsudação é menor e não chega a reduzir em demasia a aderência.

Figura 22.

Fonte: UPF (2016).

Valores de τ bu

a. Zona I (de boa aderência):

barras lisas:

τbu =0, 28 f cd ( MPa ) Eq. 2.2.3

barras de alta aderência:

τbu =0, 42 3 f cd2 ( MPa ) Eq. 2.2.4

Quadro 2.

fck (MPa) CA25 (lisa) CA50 (a.ader)


13,5 63∅ 58∅
15 59∅ 54∅
18 55∅ 47∅
20 - 44∅

Fonte: UPF (2016).

b. Zona II (zona de aderência prejudicada):

O comprimento de ancoragem para a zona II é cerca de 50% maior ao


correspondente à zona I.

Em geral, a armadura efetivamente utilizada (As,ef) é maior do que a


calculada (As,calc ou As).

40
Detalhamento de vigas │ UNIDADE II

Daí o comprimento de ancoragem pode ser reduzido como:

 lb1
 3
As ,calc 
lb lb1
= ≥  10∅ Eq. 2.2.5
As ,ef 10 cm


O comprimento mínimo de ancoragem lbc1 para barras sob a ação de cargas


de compressão, é calculada utilizando a equação para barras tracionadas.

Neste caso, deve-se utilizar a tensão efetiva de compressão e o valor deve


obedecer às condições abaixo:
0, 6.lb1

lb1c ≥  10∅ Eq. 2.2.6
15 cm

Utilização de ganchos padronizados nas


extremidades da barra tracionada
Os ganchos são os componentes que reduzem o comprimento de ancoragem. É possível
adotar as reduções abaixo para os valores de lb1 (sem ganchos):

»» barras lisas: 15 φ

lb1,c / gancho = lb1 − 15∅ Eq. 2.2.7

»» barras de alta aderência:10 φ

lb1,c / gancho = lb1 − 10∅ Eq. 2.2.8

Figura 23.

Fonte: UPF (2016).

Para barras lisas tracionadas de diâmetro φ > 6,3 mm, utiliza-se sempre com ganchos
de extremidade.

Para barras comprimidas, devem ser utilizadas sem ganchos de extremidade.


41
UNIDADE II │ Detalhamento de vigas

Comprimentos de ancoragem de feixes de


barras
É possível agrupar as armaduras de concreto em feixes de 2 e 2 barras.

Consegue-se estimar o comprimento de ancoragem de um feixe de barras, com base


nas equações para barras isoladas, modificando o diâmetro da barra pelo diâmetro
equivalente do feixe (φe).

O valor obtido deve ser elevado cerca de 20% no caso de feixe de duas barras e de 33%
para mais de duas barras.

∅ e =∅ n Eq. 2.2.9

n = número de barras no feixe.

Armadura transversal nas ancoragens


Um terço do comprimento de ancoragem deve conter uma armadura transversal de
costura, que consiga resistir a um esforço igual ou superior a 40% da solicitação que é
transmitida através da barra ancorada.

Figura 24.

Fonte: UPF (2016).

Nas ancoragens de barras comprimidas, deve existir, logo após sua extremidade,
armadura transversal capaz de resistir a 1/5 da carga ancorada, com o intuito de
proteger o concreto dos efeitos de cargas concentradas na ponta.

Armaduras mergulhadas no concreto


No instante em que uma armadura for condicionada a uma carga com uma deformação
superior ou igual a fyd, pela aderência, se dá o diagrama da figura a seguir.

42
Detalhamento de vigas │ UNIDADE II

Dessa maneira, a tensão a partir de 0 cresce na extremidade da barra Fyd distante lb1
da extremidade.

Figura 25.

Fonte: UPF (2016).

Emendas por traspasse


Em estruturas de vão grande, que ultrapassem o comprimento de fabricação das
armaduras, existe a possibilidade de emendas serem necessárias.

As emendas podem ser de solda, luva prensada ou trespasse, que é comumente utilizada
por ser de fácil aplicação.

Figura 26.

Fonte: UPF (2016).

A NBR-6118 define que o comprimento da emenda é em função do lb da ancoragem.

lv = Ψ 5lb Eq. 2.2.10

43
UNIDADE II │ Detalhamento de vigas

As emendas são consideradas como na mesma seção se elas estão superpostas ou se


suas extremidades estejam afastadas menos que 0,2lv.

Figura 27.

Fonte: UPF (2016).

Os ramos horizontais dos estribos podem ser usados como armaduras de costura ao
longo das emendas.

Figura 28.

Fonte: UPF (2016).

Quadro 3.

Distância transversal Ψ5
entre emendas (a) Proporção de barras emendadas na mesma seção
transversal
≤1/5 >1/5 >1/4 >1/3 >1/2
≤1/4 ≤1/3 ≤1/2
a≤10∅ 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
a>10∅ 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4

Fonte: UPF (2016).

Figura 29.

Fonte: UPF (2016)

44
Detalhamento de vigas │ UNIDADE II

Quadro 4. Proporção de barras emendadas na mesma seção.

Bitola ∅ Sgk>Sqk Sgk≤Sqk


ηb≥1,5 ηb<1,5 ηb≥1,5 nb<1,5
≤12,5 todas 1/2 1/2 1/4
>12,5 Todas* 1/4 1/2 1/4
½**

Fonte: UPF (2016).

Ancoragem nos apoios


Para que a segurança seja garantida é feita a verificação das duas condições:

a. Deve-se ancorar a armadura para garantir, junto à face interna do apoio,


a resultante de tração será dada por:
a  ≥ Vd Eq. 2.2.16
Rs ,apo ,d Vd  l
= 
 d  2

Figura 30.

Fonte: UPF (2016).

b. Na ocasião de gancho de extremidade as barras devem estender-se, a


partir da face interna do apoio, com:

comprimento igual a : (r + 5,5 φ) ≥ 6 cm,

φ: diâmetro da barra

Alojamento das armaduras


A área As da armadura que é preciso para resistir a um momento fletor M, para uma
seção de viga, é obtida agrupando-se barras conforme as bitolas comerciais disponíveis.

45
UNIDADE II │ Detalhamento de vigas

Normalmente, adotam-se barras de mesmo diâmetro φ. Uma das hipóteses básicas do


dimensionamento de peças submetidas a solicitações normais é a da aderência perfeita.

Com a finalidade de garantir esta aderência é fundamental que as barras sejam


totalmente cobertas pelo concreto; por outro lado, a armadura protegida contra a sua
corrosão; para isso adota-se um cobrimento mínimo de concreto para estas armaduras.

A figura 31 mostra a disposição usual com armaduras isoladas entre si. Às vezes,
pode-se adotar armadura formada por feixes de 2 ou 3 barras.

Figura 31.

Fonte: UPF (2016).

Quadro 5. Apresenta as bitolas usuais de armaduras de concreto armado.

∅(mm) 3,2 4 5 6,3 8 10 12,5 16 20 25 32


As1 (cm2) 0,08 0,125 0,2 0,315 0,5 0,8 1,25 2,0 3,15 5,0 8,0

Fonte: UPF (2016).

Φ: diâmetro nominal (mm).

As1: área nominal da seção transversal de uma barra em cm2.

Para o solo não rochoso, é recomendado um lastro de pelo menos 5 cm de espessura


com consumo de 250 kg de cimento por m3.

Peça de concreto em ambiente fortemente agressivo: c = 4 cm.

Quando, por qualquer motivo, c > 6 cm, é recomendado se utilizar uma rede
complementar dentro dos limites anteriormente indicados.

Para alojamento das armaduras, sem emendas, deve-se procurar seguir as


recomendações abaixo:

46
Detalhamento de vigas │ UNIDADE II

 ∅  ∅
 
eh ≥  2 cm ; ev ≥  2 cm Eq. 2.2.11
1, 2∅ 0,5∅
 agr  agr
φ: diâmetro da barra.

φagr: diâmetro máximo do agregado.

Figura 32.

Fonte: UPF (2016).

Quando houverem emendas, deve-se tentar alojar as armaduras como mostrado na


figura 33.

Figura 33.

Fonte: UPF (2016).

Caso ocorra uma distribuição em mais de três camadas, é necessário se prever a partir
da quarta camada, espaço correto para a passagem do vibrador (figura 34).

Figura 34.

Fonte: UPF (2016).

47
UNIDADE II │ Detalhamento de vigas

Para alojar barras em feixes de 2, 3 ou 4 barras, deve-se seguir a Eq. 2.2.12.

Figura 35.

Fonte: UPF (2016).

neq = ∅ n Eq. 2.2.12

n: número de barras no feixe.

Detalhes complementares:

a. armadura de flexão alojada junto à face superior da seção (figura 36).

Figura 36.

Fonte: UPF (2016).

É necessário lembrar que deve-se deixar um espaço para passagem do


vibrador.

b. armadura junto à borda com abas tracionadas:

É recomendado que se distribua parte da armadura de tração nas abas


tracionadas corretamente ligadas à alma da viga pelas armaduras de
costura.

48
Detalhamento de vigas │ UNIDADE II

Figura 37.

Fonte: UPF (2016).

c. vigas altas (h > 60 cm).

Deve-se posicionar as armaduras de pele de acordo com a (figura 38).

Figura 38.

Fonte: UPF (2016).

Decalagem
A decalagem é uma translação para o lado desfavorável, que ocorre devido à fissuração
diagonal.

Particularmente, na seção sobre o apoio extremo, é possível observar a presença de


força de tração na armadura, embora o momento fletor seja nulo.

Daí que pode-se explicar a possibilidade de ocorrência de ruptura por escorregamento


da armadura sobre os apoios extremos da viga. Um diagrama decalado pode ser visto
na figura 39.

49
UNIDADE II │ Detalhamento de vigas

Figura 39.

Fonte: UPF (2016).

al (1,5 − 1, 2η) .d ≥ 0,5.d Eq. 2.2.13

η: a taxa de cobertura:
τc τc
η = 1− = 1− Eq. 2.2.14
τ0 d 1,15τwd
Na prática, para vigas pode-se adotar:

al = 0, 75d Eq. 2.2.15

Diagrama de momentos

O comprimento de ancoragem da barra de tração se inicia quando a tensão σs diminui,


quando as solicitações da armadura são transferidas para o concreto.

É prolongada pelo menos 10φ além do ponto σs0 e não pode ter comprimento inferior
ao necessário.

Desse modo, a armadura longitudinal de tração, o trecho de ancoragem da barra tem


início em A do diagrama de forças Rst=M/Z.

Se a barra não for dobrada, deve prolongar-se além de B no mínimo 10φ. Se a barra for
dobrada, o início do dobramento pode coincidir com B.

50
Detalhamento de vigas │ UNIDADE II

Figura 40.

Fonte: UPF (2016).

51
Capítulo 2
Dimensionamento da armadura

Flexão normal simples


Chama-se de flexão simples a que verifica com ausência de força normal. A flexão
normal é a que o plano de flexão possui um dos eixos principais de inércia da seção.

Já na flexão normal simples, a linha neutra encontra-se entre a borda comprimida da


seção e a armadura tracionada (0 < x < d). Acontece nos domínios 2, 3 e 4 de deformações.

Figura 41.

Fonte: Fernandes (2006).

a. Equações de equilíbrio:
 0 = RC + R'S − RS
 Eq. 2.3.1
 M u =RC zC + R'S ( d − d' )
b. Equações de Compatibilidade:
ε c ,u ε's εs
= = Eq. 2.3.2
x x − d' d − x

Posição da linha neutra


A posição da linha neutra pode ser relacionada com as deformações na borda comprimida
da seção e sua armadura tracionada.

Da equação de compatibilidade:
ε c ,u ε s Eq. 2.3.3
=
x d−x

52
Detalhamento de vigas │ UNIDADE II

ε c ,u
x= d
εc ,u + ε s Eq. 2.3.4
x
β x = Eq. 2.3.5
d
βx: coeficiente adimensional que fornece a posição relativa da LN na seção.

Sendo:
ε c ,u
x= d Eq. 2.3.6
ε c ,u + ε s
Logo,
ε
β x = c ,u Eq. 2.3.7
ε c ,u + ε s

Deformação e tensão na armadura As


O que ocorre para cada domínio é:

I. Domínio 2: 0 < x < 0,259d ∴ 0 < βx < 0,259


 0 < εc < εc,u =0,35%
 Eq. 2.3.8
εs = εs,u = 1% > ε yd ; σs = f yd
II. Domínio 3: 0,259d ≤ x ≤ xy ∴ 0,259 ≤ βx ≤ βxy
 εc =εc,u =0,35%
 seções sub-armadas Eq. 2.3.9
 ε yd ≤ ε s ≤ 1 % , σ s =f yd

Sendo:

xy: valor de x quando εc= εc,u = 0,35% e εs = εyd;

βxy : valor de βx quando εc= εc,u = 0,35% e εs = εyd


ε c ,u
xy = d Eq. 2.3.9
εc ,u + ε yd
ε Eq. 2.3.10
β xy = c ,u
ε c ,u + ε yd
0, 0035
β xy =
0, 0035 + ε yd Eq. 2.3.11

Para que σs=fyd é necessário que βx ≤ βxy

Sabe-se que βxy é também denominado de βxlim.

53
UNIDADE II │ Detalhamento de vigas

III. Domínio 4: xy < x < d ∴ βxy < βx < 1


 εc =εc,u =0,35%
 seções super-armadas Eq. 2.3.12
0 < εs < ε yd ; 0 < σs < f yd
Relação σ x ε do aço

Para 1 > βxy>βx tem-se 0<εs<εyd

Logo:

0<σs<fd (reta de Hooke)

1. No dimensionamento, a melhor situação é βx < βx, sub armadas.

2. As vantagens são:

Ruptura com aviso ( escoamento do aço e aparecimento de fissuras);

Menos gastos.

3. As peças super-armadas rompem de forma brusca e sem aviso e por isso


essa situação é evitada na flexão simples.

4. Se deve evitar o dimensionamento com o valor βx muito baixo porque


resulta numa quantidade muito menor de armadura, o que provoca
ruptura frágil. Para isso, é necessário que a taxa de armadura ρ seja maior
ou igual a taxa mínima de armadura.

Deformação e tensão na armadura A’s


I. Domínio 2: 0 < x < 0,259d ∴ 0 < βx < 0,259,
0 < εc < εc ,u =0,35%
 Eq. 2.3.13
 ε s =ε s ,u =1%
A’s área da seção transversal da armadura comprimida.

ε’s deformação na armadura comprimida (encurtamento).

σ’s tensão na armadura comprimida.

Definição:
d'
n= Eq. 2.3.14
d
ε's ε
= s Eq. 2.3.15
x − d' d − x
54
Detalhamento de vigas │ UNIDADE II

x − d'
ε's =ε s Eq. 2.3.16
d−x
x − d' Eq. 2.3.17
ε's =0, 010
d−x
β x − n Eq. 2.3.18
ε's =0, 010
1 − βx
Domínio 3 e 4: 0,259d < X < D ∴ 0,259 < Βx < 1
εc =εc ,u =0,35% Eq. 2.3.19

 0 ≤ ε s ≤ 1%,

Figura 42.

Fonte: Fernandes (2006).

ε's ε
= c ,u Eq. 2.3.20
x − d' x
x − d' Eq. 2.3.21
ε's =εc ,u
x
x − d' Eq. 2.3.22
ε's = 0, 0035
x
β x − n Eq. 2.3.23
ε's = 0, 0035
βx
β’xy valor de βx quando ε’s = ε’yd (nos domínios 2, 3 ou 4).

β’xy é obtido, para cada aço, por uma das duas expressões de ε’s acima,
sendo admitindo-se ε’s = ε’yd.

Sendo que σ’s = fycd é necessário que ε’s ≥ ε’yd .

Para βx ≥ β’xy tem-se ε’s ≥ ε’yd, logo σ’s = fycd.

Para βx < β’xy tem-se ε’s < ε’yd, logo σ’s = Es.ε’s.

1o) Se βx ≤ η desprezar a armadura A’s e considerar somente a armadura As.

2o) Quando βx ≤ η, recalcular βx considerando somente a armadura As.

55
Detalhamento de Unidade iII
lajes

Capítulo 1
Lajes maciças de concreto armado

Introdução
Lajes são estruturas bidimensionais planas com cargas, principalmente, normais ao
seu plano médio.

Formam os pisos das construções de concreto armado.

Também podem ser nomeadas como peças laminares planas, e o comprimento e a


largura são maiores que a espessura.

As lajes transmitem as cargas do piso para as vigas, que transportam essas solicitações
para aos pilares, que transmitem as cargas para as fundações, que propagam para o
solo.

As lajes são representadas pelo seu plano médio e se diferenciam na sua geometria com
relação a largura, altura e comprimento e em geral são retangulares.

Figura 43. Representação de uma laje.

Fonte: UPF (2001).

56
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

As lajes podem se comportar como uma placa. As lajes têm uma superfície média (S) e
espessura (h), com cargas que se aplicam de maneira perpendicular a S.

Figura 44. Comportamento das placas.

Fonte: UPF (2001).

Normalmente, as vigas servem de apoio para as lajes e, nesses casos, a laje pode
ser calculada como uma peça isolada das vigas, em que seus apoios são livres para
rotacionar, mas rígidos com relação a translação.

As vigas não são consideradas para cálculo porque suas flechas são muito menores que
as da laje, além de sua rigidez, a flexão pode ser desprezível em comparação com a
rigidez a flexão da laje.

Entretanto, é necessário considerar as solicitações de tração propagadas nas vigas por


lajes em balanço.

Os esforços das lajes são a soma do seu peso, as solicitações das alvenarias e por cargas
acidentais.

Classificação das lajes quanto à relação entre


os lados
As lajes de forma retangular podem ser classificadas como: lajes armadas em uma só
direção, em lajes armadas em duas direções ou armadas em cruz.

Na figura 57, há o exemplo de cada uma delas, em que a é o vão menor e b é o vão maior.

57
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

Figura 45.

Fonte: UPF (2001).

As lajes armadas em uma única direção são aquelas em que a relação entre o maior e o
menor vão é > 2 e podem ser calculadas como vigas de largura unitária.

As que são armadas em duas direções são o contrário e podem ser analisadas fazendo
uso do modelo elástico-linear, com elementos de placa, e o coeficiente de Poisson ν =
0,2 para o material elástico linear.

Para se calcular as lajes, considera-se como isoladas, observando as condições de apoio


de bordo engastado ou de apoios, se existe continuidade entre as lajes.

Em seguida, compatibiliza-se os momentos de bordo de lajes contínuas. Os momentos


fletores máximos no vão e de engastamento mais comuns estão tabelados.

As lajes armadas são diferenciadas em relação ao seu número de direções comparando-


se a relação entre os vãos da laje. São elas:

»» lajes armadas em cruz:


ly
≤2
lx

Figura 46. Laje Armada em Cruz (Armada nas duas direções).

Fonte: UPF (2001).

58
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

»» lajes armadas numa só direção:


ly
>2
lx

Figura 47. Laje Armada em Cruz (Armada nas duas direções).

Fonte: UPF (2001).

Nas lajes armadas em uma direção, geralmente existe uma armadura de distribuição
que é perpendicular à principal.

Existem exceções para a classificação das lajes, no que diz respeito à vinculação de suas
bordas.

Caso a laje seja suportada, continuamente somente ao longo de duas bordas paralelas
ou quando tiver três bordas livres (figura 48).

Figura 48.

Fonte: UPF (2001).

É aceito, em geral, que as cargas verticais que atuam sobre as lajes são uniformes, o que
de fato funciona com algumas lajes, mas outras se tornam cargas uniformes. Para lajes
de edifícios residenciais ou comerciais o cálculo deve ser mais preciso.

59
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

As principais cargas a serem consideradas são: peso próprio da laje, revestimento,


alvenarias e solicitações acidentais.

Vãos efetivos de lajes


Para a NBR6118:2014, se os apoios forem considerados rígidos em relação à translação
vertical, o vão efetivo é calculado por:

ef = 0 + a1 + a2 Eq.3.1.1.

Sendo,

»» a1: igual ao menor valor entre (t1/2 e 0,3h);

»» a2 igual ao menor valor entre (t2/2 e 0,3h).

Para lajes em balanço, o vão efetivo é o comprimento da borda até o centro do apoio,
não é necessário se considerar valores maiores ao comprimento livre somado 30% da
espessura da laje junto ao apoio.

Determinação das condições de apoio das


lajes
Considera-se três tipos de apoio para as lajes:

»» Bordo livre: quando não existe suporte.

Figura 49. Corte de uma laje em balanço (bordo livre).

Fonte: UPF (2001).

»» Bordo apoiado: quando não existe restrição dos deslocamentos verticais,


que não impeçam a rotação das lajes no apoio.

60
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

Figura 50. Corte de uma laje apoiada em duas vigas (bordos apoiados).

Fonte: UPF (2001).

»» Bordo engastado: quando existe empecilho ao deslocamento vertical e


rotação da laje neste apoio.

Figura 51. Corte de uma laje apoiada em duas vigas de grande rigidez (bordos engastados).

Fonte: UPF (2001).

Lajes isoladas
É admitido para a utilização em lajes isoladas, os seguintes bordos:

»» Bordo engastado, quando houverem vigas de apoio com grande rigidez.

»» Bordo apoiado, quando houverem vigas de apoio com rigidez normal.

»» Bordo livre, quando não houverem vigas de apoio.

Quadro 6. Convenção utilizada para a representação dos apoios.

Representação Tipo do bordo


Engastado

Apoiado

Livre

Fonte: UPF (2001).

61
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

Painéis de lajes
Com relação a painéis de lajes de edifícios, se existirem lajes contíguas em igual nível,
o bordo pode ser apontado como perfeitamente engastado para o cálculo da laje
(figura 52).

Figura 52. Lajes contíguas.

Fonte: UPF (2001).

Casos particulares

Figura 53. Lajes em níveis diferentes.

Fonte: UPF (2001).

Figura 54. Lajes com inércias muito diferentes.

Fonte: UPF (2001).

62
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

Figura 55. Lajes com vãos muito diferentes.

Fonte: UPF (2001).

Lajes armadas em uma direção


a. Lajes Isoladas.

Figura 56. Determinação de esforços em lajes isoladas armadas em uma direção.

Fonte: UPF (2001).

b. Lajes contínuas.

Figura 57. Laje armada em uma direção contínua.

Fonte: UPF (2001).

63
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

Lajes armadas em duas direções


As dimensões dos lados das lajes armadas em cruz possuem curvaturas comparáveis
segundo os dois cortes, o que faz supor a existência de momentos fletores comparáveis,
mx e my.

Observando o corte, percebe-se a curvatura, em consequência, momento fletor mα.

A constituição comum da laje é feita pela de armadura paralela ao lado lx, para resistir
a mx, e armadura paralela a ly, para resistir a my.

Os ensaios mostram que a resistência segundo o corte pode ser expresso por:

mα = mx cos2 α + my sen2 α Eq.3.1.2

Geralmente, estas armaduras (projetadas para resistir aos momentos máximos paralelos
aos lados lx e ly) garantem a segurança da laje.

O cálculo dos momentos fletores numa placa, utilizando a Teoria da Elasticidade, é


muito dispendioso.

Porém, existem tabelas em que o cálculo se faz eficiente. Dentre elas, a de Czerny, com
coeficiente de Poisson ν = 0,20.

Estas tabelas solucionam as lajes isoladas. Considerando um pavimento, após os cálculos


dos esforços nas lajes isoladas, devemos fazer a compatibilização dos momentos de
engastamento das lajes adjacentes, como veremos no item b.

Figura 58. Lajes armadas em cruz.

Fonte: UPF (2001).

64
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

Figura 59. Lajes armadas em cruz – parte 2.

Fonte: UPF (2001).

a. Lajes Isoladas:

M é o momento fletor por unidade de largura de laje. Calculado por:


plx2 Eq.3.1.3
mx =
αx
plx2 Eq.3.1.4
my =
αy
plx2 Eq.3.1.5
mbx =
βx
plx2 Eq.3.1.6
mby =
βy
Torna-se, possível calcular todas as lajes retangulares como lajes em cruz.

Figura 60. Distribuição de esforços (pela Teoria da Elasticidade).

Fonte: UPF (2001).

65
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

b. Lajes contíguas

O momento em um bordo comum a duas lajes é dado pela da compatibilização dos


momentos negativos mb1 e mb2 das lajes isoladas, como descrito na equação abaixo:

mb12≥

 mb 2 + mb 2
 2

 0,8.mb1
 0,8.m
 b2 Eq.3.1.7

O compatibilizar dos momentos negativos sobre os apoios deve ser feita a correção do
momento positivo da laje que o momento fletor de bordo foi reduzido:

mbi<mb12→mi,final=mi+0,5(mbi-mb12) Se Eq.3.1.8

O momento aplicado no bordo de uma laje em balanço não deve ser diminuído.

66
Capítulo 2
Lajes nervuradas

Introdução
Uma laje nervurada é formada por um conjunto de vigas que se transpassam, apoiadas
pela mesa.

Hoje, as estruturas estão evoluindo muito e, com isso, o que ocasiona a necessidade
de se aumentar os vãos, para esse tipo de construção a utilização de lajes maciças, em
geral, não é muito favorável, devido ao alto custo das formas.

Por esse motivo, as lajes nervuradas aparecem como alternativa (figura 61).

Figura 61. Laje nervurada bidirecional.

Fonte: Pinheiro (2003).

Esse tipo de laje resulta da eliminação do concreto abaixo da linha neutra, o que ocasiona
a redução no peso da estrutura e um melhor aproveitamento do aço e do concreto.

Nas nervuras, são concentradas a resistência à tração e os materiais de enchimento


substituem o concreto e não colaboram com a resistência.

As reduções permitem que haja tanto economia de materiais quanto na mão de obra e
de formas, o que eleva a possibilidade de se realizar o sistema construtivo.

A utilização de lajes nervuradas também simplifica a execução e possibilita a


industrialização, o que ocasiona a diminuição de perdas e elevação da produtividade.

67
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

Características das lajes nervuradas

Os tipos de lajes aqui consideradas serão as que possuem capitéis, vigas-faixa e os


diversos materiais de enchimento.

As nervuras podem ser moldadas no local ou terem parte das vigas pré-moldadas, com
moldagem no local da parte faltante da nervura e da mesa.

Laje moldada no local

São aquelas lajes que são construídas “in loco”, ou seja, todas as etapas de execução são
realizadas na obra e na posição definitiva.

Logo, é preciso utilizar fôrmas e escoras e material de enchimento.

Essas formas podem ser utilizadas no lugar de materiais inertes. Constituídas


de polipropileno ou em metal, com dimensões moduladas, logo é preciso utilizar
desmoldantes iguais aos empregados nas lajes maciças.

a. Lajes nervurada com as células aparentes:

Neste caso, são necessárias formas, posicionadas sobre tablado de madeira, apoiado
em cimbramento. Essas formas podem ser em madeira, metálica ou fibras de vidro ou
plásticos reutilizáveis.

Figura 62. Laje moldada no local com nervuras aparentes.

Fonte: Pinheiro (2003).

68
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

Figura 63. Laje moldada no local com inclinação para facilitar a retirada da forma.

Fonte: Pinheiro (2003).

b. Lajes nervuradas com as células não aparentes:

Nesse tipo de laje, geralmente se evita a utilização de formas entres as nervuras e a face
inferior da mesa.

Utiliza materiais inertes, sem finalidade estrutural, formados por blocos de cerâmica,
concreto celular, isopor e outros materiais.

Figura 64. Lajes nervuradas com as células não aparentes.

Fonte: Pinheiro (2003).

c. Laje nervurada tipo caixão perdido:

Para esse tipo de laje, o projeto arquitetônico indica um forro em concreto aparente.

Figura 65. Laje nervurada tipo caixão perdido.

Fonte: Pinheiro (2003).

69
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

d. Laje com fôrma perdida em forma de tubo:

Figura 66.

Fonte: Pinheiro (2003).

Laje com nervuras pré-moldadas

Figura 67.

Fonte: Pinheiro (2003).

Neste caso, as vigotas pré-moldadas formam as nervuras, que não necessitam a


utilização do tabuleiro da forma convencional.

As vigotas geralmente suportam o próprio peso, precisando somente de cimbramentos


intermediários.

Somada as vigotas, esses tipos de lajes apresentam elementos de enchimento, que são
postos em cima dos elementos pré-moldados, além de concreto misturado in loco.
Existem três tipos de vigotas, conforme figura 68.

70
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

Figura 68.

Fonte: Pinheiro (2003).

Lajes nervuradas com capitéis e com vigas-faixa

Figura 69.

Fonte: Pinheiro (2003).

Por causa da concentração de solicitações transversais na área dos apoios, pode


acontecer ruina por cisalhamento ou por punção. É desejável, caso ocorra ruina, que
essa seja por flexão.

Dependendo da forma da peça, é possível o surgimento de tensões elevadas, que peçam


uma estrutura robusta. Caso isso ocorra existem possíveis soluções:

»» área maciça ao redor do pilar (capitel).

»» vigas-faixa.

Materiais de enchimento
As lajes nervuradas foram criadas para serem econômicas diminuindo a quantidade de
concreto na região de carga de tração.

71
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

Também existe redução do próprio peso da laje e os materiais de enchimento também


tem que ser leves ao mesmo tempo que resistam as solicitações da estrutura e a execução
da obra.

Diversos tipos de enchimentos são utilizados na laje, como bloco de concreto, bloco
cerâmico e EPS (isopor).

Os blocos cerâmicos de concreto são mais usados em peças pré-moldadas por ser de
fácil manuseio, além de serem excelentes isolantes térmicos.

Os blocos EPS são leves, podem ser utilizados no teto, em vazios de vigotas, são de
fácil manuseio e também servem como isolantes térmicos e acústicos e resistem as
solicitações e deformações da estrutura.

Dimensões limite
Geralmente se utilizam painéis em que os vãos sejam maiores que em laje convencionais.

Dimensões mínimas
As indicações com relação as dimensões dos painéis e das nervuras.

»» Espessura da mesa:

»» No caso de não existir tubulação horizontal que esteja embutida, adota-


se a espessura da mesa como sendo > ou = a 1/15 do l (distância) entre as
nervuras e maior do que 3cm.

»» A espessura da mesa deve ser > ou = a 4cm, no caso da existência de


tubulações embutidas de bitola máxima de12,5mm.

»» Largura das nervuras:

»» A largura das nervuras não deve ser < 5cm.

»» Se existirem armaduras resistentes a compressão, a largura das nervuras


não deve ser < 8cm.

Critérios de projeto
Os critérios são totalmente dependentes do comprimento entre os eixos das nervuras.

No caso de & maior que 65cm, são desprezados os valores de flexão na mesa, mas para
se verificar o cisalhamento das vigotas, pode-se considerar os critérios para laje.

72
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

Se & estiver contido de 65cm a 110cm, é necessário verificar se a flexão na mesa e as


vigotas são testadas como vigas com relação ao cisalhamento.

Se o alargamento entre os eixos da vigota for de até 90cm e o comprimento médio das
nervuras for maior que 12cm, é permitida a verificação como se fosse laje.

No caso da laje nervurada ter o alargamento entre os eixos maior do que110cm, a mesa
deve ser projetada como sendo maciça.

Ações e esforços solicitantes

Regida pela NBR 6120-1980 – cargas para cálculo de estruturas de edificações, a laje
nervurada deve ser calculada como sendo uma placa em regime elástico.

Dessa forma, o dimensionamento é similar ao de estruturas maciças.

As tabelas de Pinheiro (1993) podem ser usadas para dimensionamento dos momentos
fletores e as solicitações de apoios.

Para se calcular as cargas das nervuras, sabendo-se as solicitações por unidade de


largura, multiplica-se esse valor pela distância entre os eixos das nervuras.

Verificações

É recomendado verificar as seguintes cargas: flexão nas nervuras, cisalhamento nas


nervuras, flexão na mesa, cisalhamento na mesa e flecha da laje.

Flexão nas nervuras

Sabendo-se os valores dos momentos fletores por nervura, deve-se calcular a armadura
com relação ao escoamento mínimo do tipo de aço previsto em projeto.

No caso da mesa solicitada a cargas de compressão, caso comum, considera-se a seção


em T.

Normalmente, a linha neutra está contida na mesa, e a peça se comporta como retangular
com a seção resistente b.f.h.

73
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

Se a mesa for submetida a cargas de tração, no caso de não existir laje dupla, a área
resistente é retangular b.w.h.

Existem outros detalhes a serem considerados como armaduras, fissuras, apoios


ancorados etc.

Cisalhamento nas nervuras


Para o cálculo do cisalhamento nas nervuras é necessário saber a distância entre elas a
distância entre eixos das nervuras menor ou igual que 65cm.

Em lajes, cujo comprimento entre eixos menor ou igual 65cm, para a verificação do
cisalhamento da seção das nervuras, é considerado os critérios de laje.

As lajes podem dispensar a armadura transversal para que resista aos esforços de tração
que surgem da força cortante, quando a força cortante de cálculo está de acordo com a
Eq.3.2.1:

Vsd ≤ VRd1 Eq.3.2.1

A resistência de projeto ao cisalhamento, para lajes sem proteção, é indicada por:


VRd 1 =τ Rd k (1, 2 + 40ρ1 ) bw d
Eq.3.2.2
τ Rd = 0, 25 f ctd
Eq.3.2.3
f ctk ,inf
f ctd =
γ c Eq.3.2.4

A
ρ1 = s1 , não maior que Eq.3.2.5
bw d
bw: largura mínima da seção ao longo da altura útil d.

f ck ,inf 0,=
= 7 f ct ,m 0, 7.0,3
= f ck2/3 0, 21 f ck2/3 (em MPa ) Eq.3.2.6

0, 0525 f ck2/3 (em MPa ) Eq.3.2.7


τ Rd =

Quando necessário o uso de armadura transversal, são aplicados alguns critérios:

a. Distância entre eixos das nervuras está entre 65cm e 90cm:

A verificação de cisalhamento pode ser como lajes se a largura média das


nervuras for > 12cm.

b. Distância entre eixos das nervuras entre 65cm e 110cm:

74
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

Para lajes em que o comprimento entre os eixos das nervuras está entre
65cm e 110cm, são verificadas as nervuras ao cisalhamento como vigas.

A armadura é posta na posição perpendicular à nervura, na mesa, por toda a sua largura
útil, com área mínima de 1,5cm2/m.

Flexão na mesa
Se as lajes possuem a distância entre os eixos de nervura contidos entre 65cm e 110cm
e/ou no espaço entre as nervuras existirem cargas concentradas, é necessário que se
verifique a flexão na mesa.

A mesa é entendida como sendo um painel de lajes maciças contínuas e que se apoiam
nas nervuras.

Dessa maneira, surgem momentos negativos nos apoios por causa da continuidade e
deve-se projetar uma armadura que suporte essas cargas, juntamente com armadura
positiva.

Cisalhamento na mesa
O cisalhamento nos painéis é verificado com os mesmos critérios de uma laje maciça.

Normalmente, o cisalhamento se torna relevante se existirem solicitações de valor


negativo atuando na mesa.

É recomendado que cargas concentradas atuem diretamente nas nervuras, dessa forma,
não é necessário o uso de armadura de cisalhamento na mesa.

Flecha
Fd=
, ser ∑F
gi , k + ∑ψ 2 j Fqj ,k Eq.3.2.8

a. Flecha imediata:

Diz respeito a um deslocamento que ocorre seguinte a aplicação de


carregamentos e geralmente se utiliza tabelas para a verificação desse
caso.

A norma indica a seguinte equação para o cálculo da rigidez, considerando


a laje como fissurada:

75
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

 M 3   M 3  
( EI )eq Ecs   .I c + 1 −  r   .I II  ≤ Ecs I c Eq.3.2.9
= r
M   M a   
 a 
b. Flecha diferida:

Ocorre por causa dos efeitos de cargas de longa duração e é calculada,


de forma aproximada, quando se multiplica a flecha imediata por um
fator af:
∆ξ
αf =
1 + 50ρ' Eq.3.2.10
A's
ρ' = e ∆ξ = ξ ( t ) − ξ ( t0 ) Eq.3.2.11
bw d
A’s corresponde a área de armadura de compressão e geralmente tem
valor nulo.

ξ é um coeficiente em função do tempo, calculado pela expressão abaixo


ou retirado da tabela da Norma:

=ξ ( t ) 0, 68. ( 0,996t ) t 0,32 para t ≤ 70 meses Eq.3.2.12

ξ ( t ) 2 meses t > 70 meses


=

Dessa forma, a flecha total é calculada, quando se multiplica a flecha


imediata por ( ) 1+ αf .

c. Flecha limite:

São valores que são normalmente utilizados para o cálculo do estado


limite de deformações.

Se classificam em quatro grupos: aceitabilidade sensorial, efeitos


específicos, efeitos em elementos não estruturais e efeitos em elementos
estruturais.

d. Contraflecha:

São valores que servem para compensar as flechas resultantes de


deslocamentos excessivos.

No caso de ser necessário o uso de contraflechas de valor a0, a flecha total


é obtida da seguinte forma:

atot − ao ≤ alim Eq.3.2.13

76
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

A contraflecha a0 pode ser utilizada como sendo um múltiplo de 0,5cm,


com valor aproximado pela soma da flecha imediata com metade do valor
da flecha diferida, ou seja:

a 
ao ≅ ai +  f  Eq.3.2.14
 2 

77
Capítulo 3
Dimensionamento da armadura

Dimensionamento da armadura

Ao se conhecer os momentos fletores característicos compatibilizados (mk), podem-se


determinar então as armaduras.

Quando se deseja dimensionar armaduras das lajes (dimensionamento é feito da


mesma forma que para vigas), é necessário que se tome como base uma seção retangular
de largura b = 100 cm e altura útil d = h – c – 0,5cm. Obtém-se, dessa forma, uma
armadura por metro linear.

O cobrimento da armadura depende muito da agressividade ambiental, a tabela indica


a espessura de cobrimento, em milímetros, para cada classe de agressividade.

Determina-se primeiro o momento fletor de cálculo, em kN.cm/m:

m d =γ f m k , γ f =1, 4

Então, calcula-se o valor do coeficiente kc:


b w d 2 , com b = 100cm
kc = w
md
Sabendo-se quais são o concreto, o aço e o valor de kc, obtém-se, no quadro 7 – valores
de kc e ks flexão normal simples – estado limite último (encontre na biblioteca da
disciplina), o valor de ks.

É possível calcular a área de armadura necessária:

as d
ks =
md
ks md
as =
d
As armaduras devem ser construídas levando em conta os valores mínimos
recomendados pela NBR 6118 (2001), quadros 5 e 6, em que ρ = as (bw . d).

78
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

Quadro 7. Valores mínimos para armaduras em lajes de concreto armado.

Armadura Armaduras Armaduras negativas Armaduras positivas Armadura positiva Armadura de distribuição nas lajes
negativas de bordas sem de lajes armadas nas (principal) de lajes armadas em uma direção
continuidade duas direções armadas em uma
direção

Valores mínimos para


armaduras
ρs ≥ ρmin ρs ≥ 0, 67ρmin ρs ≥ 0, 67ρmin ρs ≥ ρmin As / s ≥ 20%

ρs ≥ 0,5ρmin

As / s ≥ 0,9cm 2 / m

Fonte: Bastos (2017).

Quadro 8. Valores de ρmin.

f
ck
20 25 30 35 40 45 50

ωmín ρmin (%)

0,035 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288

Os valores de ρmin estabelecidos nesta tabela pressupõem o uso de aço CA-50, γ=


c 1, 4 eγ=
s 1,15.
Caso esses fatores sejam diferentes, deve ser recalculado com base no valor deρmin dado.

Fonte: Bastos (2017).

Se for necessário calcular ρmin para fatores diferentes, pode-se usar a equação:
f cd
ρmin =
ωmin
f yd
ωmin: taxa mecânica mínima de armadura longitudinal.

Ou as expressões abaixo são utilizadas para o dimensionamento da armadura à flexão


simples (armadura simples):
d 2md 
x= 1 − 1 − 
λ α c f cd bd 2 
α c λf cd bx
As =
f yd
Sendo λ:
=λ 0,8 para f ck ≤ 50MPa;

λ 0,8 − ( f ck − 50 ) para f ck > 50 MPa


=

E αc :

79
UNIDADE III │ Detalhamento de lajes

Quadro 9.

Classe do concreto αc
C50 0,85

C55 até C90 0,85 [1,0 - (fck - 50) / 200]

Fonte: Filho (2014).

Determina-se a armadura mínima pelo dimensionamento da seção a um momento


fletor mínimo obtido pela expressão a seguir, considerando-se a taxa mínima absoluta
de 0,15%:
M d,mim = 0,8W0 f ctk,sup

W0: módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto, relativo à fibra mais
tracionada;

fctk,sup: a resistência característica superior do concreto à tração:


f ctk,sup = 1,3f ctm

Concretos de classes até C50:


f ctm = 0,3f ck2/3

Concretos de classes de C55 até C90:


f ctm 2,12ln(1 + 0,11f ck )
=

Sendo fctm e fck medidos em MPa.

A armadura mínima também pode ser considerada se forem respeitadas as taxas


mínimas de armadura, conforme quadro 10.

Quadro 10. Taxas mínimas de armadura de flexão.

ρmin 1 ( As ,min / Ac )
Forma de
seção Valores de

20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Retangular 0,150 0,150 0,150 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256
NAtalOs valores de ρmin estabelecidos nesta tabela pressupõem o uso de aço CA-50,d/h=0,8, γc = 1,4 eγs=1,15. Caso esses fatores sejam
diferentes, ρmin deve ser recalculado.
Fonte: Filho (2014).

A Norma NBR-6118:2014 apresenta algumas regras gerais no que diz respeito às


armaduras das lajes, algumas das quais são mencionadas a seguir:

80
Detalhamento de lajes │ UNIDADE III

»» As armaduras devem ser detalhadas no projeto de forma que durante


a execução seja garantido o seu posicionamento correto durante a
concretagem.

»» Qualquer barra da armadura de flexão deve apresentar diâmetro no


máximo igual a h/8.

»» As barras da armadura principal resistente a flexão devem apresentar


o espaçamento no máximo igual a 2h ou 20 cm, utilizando-se o menor
desses dois valores na região em que atua maiores momentos fletores.

»» Nas lajes maciças armadas em uma ou em duas direções, toda a armadura


positiva deve ser levada até os apoios, não podendo existir escalonamento
desta armadura.

»» A armadura deve ser prolongada no mínimo 4 cm além do eixo teórico


do apoio.

Recomendam-se os seguintes critérios para a escolha da bitola e do espaçamento das


armaduras das lajes:

»» Para a armadura negativa (colocada junto à face superior da laje):


diâmetro mínimo: φ 5 espaçamento: entre 15 e 20cm.

»» Para a armadura positiva (colocada na face inferior da laje): diâmetro


mínimo: φ 4,2 espaçamento: entre 10 e 15cm.

81
Detalhamento de Unidade iV
pilares

Esta unidade foi escrita com base na NBR 6118/2014, apresentando diversos tópicos
dela, e na apostila sobre pilares Estruturas de Concreto, de Murilo A. Scadelai, Libânio
M. Pinheiro da faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Estadual de Campinas-UNICAMP.

Capítulo 1
Detalhamento de pilares

Pilares
Pilares são elementos estruturais lineares de eixo reto que, em geral, são construídos
na vertical, em que há a predominância de forças normais de compressão e sua função
primordial é suportar as ações atuantes nos diferentes níveis e transporta-las até as
fundações.

Em conjunto com as vigas, os pilares formam os pórticos, que na maioria dos edifícios
são os responsáveis por suportar às ações verticais e horizontais e proporcionar a
estabilidade global da estrutura.

As ações verticais são transferidas aos pórticos pelas estruturas dos andares, e as ações
horizontais devido ao vento são levadas aos pórticos pelas paredes externas.

Cargas nos pilares


Normalmente, as estruturas são formadas por lajes, vigas e pilares. Nelas a direção que
as cargas percorrem se inicia nas lajes, passam para as vigas e, depois, para os pilares,
e seguem até a fundação.

82
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

As lajes recebem as cargas permanentes e as variáveis e as conduzem para as vigas de


apoio.

Essas últimas suportam o peso próprio e das cargas das lajes, somados a cargas de
paredes e as cargas concentradas que vem das outras vigas. O pilar suporta todas essas
cargas.

Os pilares são aqueles que recebem as cargas dos andares superiores, acumulam as
reações das vigas em cada andar e levam esses esforços até as fundações.

Edifícios que possuem muitos andares, para cada pilar e no nível de cada andar, é
somado o subtotal de carga atuante, a partir da cobertura até os andares inferiores.

As cargas no nível de cada andar são aquelas que se utiliza para o dimensionamento dos
tramos do pilar. A carga total é usada no projeto da fundação.

Nas estruturas formadas por lajes sem vigas, as solicitações se propagam de forma direta
das lajes para os pilares. Nas lajes, é necessário se dedicar maior atenção à verificação
de punção.

Características geométricas
Para o dimensionamento de pilares, a primeira etapa é determinar características
geométricas.

A NBR 6118 (ABNT, 2014) indica que a seção transversal dos pilares, qualquer que seja
a sua geometria, deve possuir dimensão mínima de 19 cm.

Dessa forma, diminui-se a chance de o pilar trabalhar de forma inadequada e facilita as


condições de execução.

Casos especiais permitem que se considere dimensões entre 19 cm e 12 cm; isso só


ocorre se no dimensionamento se multipliquem as ações por um coeficiente adicional
γn,,Tabela 14, em que:

γ=
n 1,95 − 0, 05b Eq. 4.1.1

b: menor dimensão da seção transversal do pilar (em cm).

Quadro 11. Valores do coeficiente adicional γn em função de b (NBR 6118:2014).

b (cm) ≥ 19 18 17 16 15 14 13 12
γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35
Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

83
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

O coeficiente γn maximiza as cargas finais de cálculo nos pilares, em relação ao seu


dimensionamento.

As recomendações descritas para os pilares são válidas para casos em que a maior
dimensão da seção transversal não ultrapassem cinco vezes a menor dimensão (h ≤ 5b).

Caso a condição não for satisfeita, este pilar deve ser considerado como um pilar parede.

Em todos os casos, não é permitido que um pilar tenha seção transversal de área menos
que 360 cm².

Figura 70. Seções transversais de pilares mistos de aço e concreto previstas.

Fonte: Caldas, Fakury e Sousa Jr (2007.

Comprimento equivalente
O comprimento equivalente le do pilar, suposto vinculado as duas extremidades, é o
menor dos valores:
l + n
le ≤  0 Eq. 4.1.2
 l
»» lo: distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos
horizontais, que vinculam o pilar.

»» h: altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura.

»» l: é a distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar


está vinculado.

Para pilar engastado na base e livre no topo, le = 2l.

84
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Figura 71. Distâncias lo e l.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Raio de giração
O raio de giração i:
I
i= Eq. 4.1.3
A
I: momento de inércia da seção transversal;

A: área de seção transversal.

Em seção transversal é retangular, i é igual a:


b.h3
I 12= h2 h Eq. 4.1.4
i
= = i
→=
A b.h 12 12

Índice de esbeltez
O índice de esbeltez é definido pela relação:
le
λ= Eq. 4.1.5
i

Classificação dos pilares

Pilares internos, de borda e de canto

Os pilares também são classificados de acordo com às solicitações iniciais, como é


mostrado na figura 72.

85
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

Figura 72. Classificação quanto às solicitações iniciais.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Figura 73. Classificação quanto às solicitações iniciais.

Fonte: Disponível em: <https://duo.peri.com/es/referencia/pipeline-los-ramones-ii.html>. Acesso em: 14 fev. 2017.

Os pilares internos normalmente são submetidos a compressão simples. Já os de borda,


as solicitações iniciais são as flexões compostas normais.

Caso a seção quadrada ou retangular, a solicitação inicial ocorre na direção perpendicular


à borda. Os pilares de canto são submetidos a flexão oblíqua.

Classificação quanto à esbeltez

Segundo o índice de esbeltez (λ), classifica-se os pilares em:

»» pilares robustos ou pouco esbeltos:

λ ≤ λ1

»» pilares de esbeltez média:

λ1 < λ ≤ 90

86
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

»» pilares esbeltos ou muito esbeltos:

90 < λ ≤ 140

»» pilares excessivamente esbeltos

140 < λ ≤ 200

Não é admitido, em nenhum caso, para a NBR 6118:2003, pilares com índice de esbeltez
λ superior a 200.

Excentricidades de primeira ordem

Excentricidade inicial

Para estruturas de edifícios com muitos andares acontece um monolitismo nas conexões
entre vigas e pilares que compõem os pórticos de concreto armado.

A excentricidade inicial, que surge da ligação dos pilares e das vigas, ocorre em pilares
de borda e de canto.

A partir das cargas que atuam em cada tramo do pilar, as excentricidades iniciais no
topo e na base são encontradas nas equações:

M topo
ei ,topo = Eq. 4.1.5
N
M
ei , base = base Eq. 4.1.6
N

Figura 74. Excentricidades iniciais no topo e na base do pilar.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

87
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

Figura 75. Esquema estático.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Quando cálculo mais rigoroso da influência da solidariedade dos pilares com a viga
não é realizado, é possível considerar, nos apoios extremos, momento fletor igual ao
momento de engastamento multiplicando por coeficientes, como:

»» na viga:
3rinf + 3rsup
Eq. 4.1.7
4rvig + 3rinf + 3rsup
»» no tramo superior do pilar:
3rsup
Eq. 4.1.8
4rvig + 3rinf + 3rsup
»» no tramo inferior do pilar:
3rinf
Eq. 4.1.9
4rvig + 3rinf + 3rsup
Sendo:
Ii
ri = Eq. 4.1.10
li

Excentricidade acidental

Quando se observa o estado limite último em estruturas reticuladas, é aconselhável o


detalhamento das imperfeiçoes que acontecem no eixo de estruturas descarregadas.

Para melhor observação, separam as imperfeiçoes em dois grupos: globais e locais.

a. Imperfeições globais:
1
θ1 =
100 l Eq. 4.1.11
1 + 1/ n Eq. 4.1.12
θa =θ1
2

88
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Figura 76. Imperfeições geométricas globais.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Ao se observar o desaprumo e o vento, geralmente para efeito de cálculo,


utiliza-se o mais desfavorável para a estrutura, aquele que causa um
momento total maior na base.

b. Imperfeições locais:

Analisando de forma local, as peças das estruturas reticuladas, deve-se


observar também as imperfeiçoes da própria peça. Para se verificar uma
seção do pilar, este deve ser considerado em desaprumo e não retilíneo.
(figura 77).

Figura 77. Imperfeições geométricas locais.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

89
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

Aceita-se que nos casos mais comuns, a peça não retilineaseja suficiente.
Dessa maneira, a excentricidade acidental ea é encontrada pela expressão:

ea = θ1.l Eq. 4.1.13

Momento mínimo

O efeito de imperfeição local em pilares pode ser trocado nas estruturas reticuladas
pela consideração do momento mínimo de 1a ordem:

M 1d ,min N d (0, 015 + 0, 03h) Eq. 4.1.14


=

h: altura total da seção transversal (em metros).

Geralmente, nas estruturas reticuladas comuns, considera-se que o efeito das


imperfeições locais seja atendido se o momento total mínimo tiver seu valor respeitado.

A ele devem ser somados os momentos de 2a ordem.

Em pilares sob flexão oblíqua composta, o valor mínimo deve ser respeitado em cada
uma das direções principais, de forma separada.

Ou seja, o pilar deve ser verificado sempre à flexão oblíqua composta em que, em cada
verificação, pelo menos um dos momentos respeita o valor mínimo indicado.

Excentricidade de forma

Nos prédios, as posições das vigas e dos pilares são definidas pelo projeto arquitetônico.

Dessa maneira, é normal em projetos que as faces (internas ou externas) das vigas
coincidam com as faces dos pilares de apoio.

Se os eixos baricentros das vigas não passarem através do centro de gravidade da seção
transversal do pilar, as reações das vigas demonstram excentricidades de forma.

A figura 78 apresenta exemplos de excentricidades de forma em pilares intermediários,


de borda e de canto.

Normalmente, as excentricidades de forma são desprezadas no dimensionamento dos


pilares.

A figura 79 mostra as vigas VT1 e VT4, que se apoiam no pilar P1, com excentricidades
de forma efy e efx.

90
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

As tensões causadas pela reação da viga VT1 propagam-se com um ângulo de 45° e se
torna uniforme, sendo distribuída por toda a seção transversal do pilar em um plano P.

Figura 78. Exemplos de excentricidades de forma em pilar interno.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Figura 79. Exemplos de excentricidades de forma em pilar de borda.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Figura 80. Exemplos de excentricidades de forma em pilar de canto.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

91
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

A excentricidade de forma causa um momento fletor MVT1 = RVT1.efy. A figura 81


também representa esquematicamente os eixos dos pilares em vários tramos, os
momentos introduzidos pela excentricidade de forma e os binários que dão equilíbrio.

Percebe-se que, em cada piso, existem forças em sentidos contrários e com o mesmo
valor que se anulam.

De fato, somente na fundação e na cobertura as excentricidades de forma seriam levados


em consideração, mas mesmo nestes níveis, as parcelas de carga costumam acrescentar
valores muito baixos, e são desprezadas.

Figura 81. Excentricidades de forma.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

92
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Figura 82. Binários correspondentes.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

A excentricidade suplementar leva em conta o efeito da fluência. A observação da


fluência é complexa, pois o tempo de duração de cada ação tem que ser levado em conta.

O cálculo da excentricidade suplementar é obrigatório em pilares com índice de


esbeltez λ > 90.

O valor dessa excentricidade ec, em que o índice c diz respeito a “creep” (fluência, em
inglês) é calculada pela expressão:

 M Sg  ωN Sg

ec =
 + ea   2, 718 − 1
  Eq. 4.1.15
 N Sg  
10.Eci . I c
Ne = ( força de flambagem de Euler ) Eq. 4.1.16
le2

Esbeltez limite
O conceito de esbeltez limite aparece a partir de estudos teóricas dos pilares. O valor da
esbeltez começa a ser considerado quando os valores de 2a ordem provocam redução da
resistência do pilar.

Estruturas com nós fixos geralmente não terão problemas de dimensionamento por
causa de efeitos de 2a ordem porque o momento fletor total será de 1a ordem.

Os esforços locais de 2a ordem em elementos isolados serão desprezados quando


o índice de esbeltez λ for menor que o valor limite λ1, que pode ser calculado pelas
expressões:

93
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

(25 + 12,5.e1 / h) 35
=λ1 ≤ λ1 ≤ 90 Eq. 4.1.17
αb αb
Sendo e1 a excentricidade de 1a ordem, geralmente admite-se, no cálculo de λ1, e1 igual
ao menor valor da excentricidade de 1a ordem, no trecho considerado.

Em pilares comuns de edifícios, vinculados nas duas extremidades, considera-se e1 = 0.

O coeficiente αb deve ser obtido da seguinte forma.

»» Pilares biapoiados sem forças transversais:


MA
α b 0, 60 + 0, 40
= ≥ 0, 40 1, 0 ≤ αb ≤ 0, 4 Eq. 4.1.18
MB
MA: momento fletor de 1a ordem no extremo A do pilar (maior valor
absoluto ao longo do pilar biapoiado).

MB: momento fletor de 1a ordem no outro extremo B do pilar (toma-se


para MB o sinal positivo se tracionar a mesma face que MA e negativo em
caso contrário).

»» Pilares biapoiados com forças transversais significativas, ao longo da


altura
αb =1

»» Pilares em balanço
MC
α b 0,80 + 0, 20
= ≥ 0,85 1, 0 ≤ αb ≤ 0,85 Eq. 4.1.19
MA
MA é o momento fletor de 1a ordem no engaste.

MC é o momento fletor de 1a ordem no meio do pilar em balanço.

»» Pilares biapoiados ou em balanço com momentos fletores menores que o


momento mínimo
αb =1

Excentricidade de segunda ordem


O pilar sob força normal atuante, sob as excentricidades de 1a, ordem provoca
deformações que dão origem a excentricidade de 2a ordem.

94
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Em barras submetidas à flexo-compressão normal, a determinação dos efeitos de 2a


ordem pode ser feita pelo método geral ou por métodos aproximados.

Se torna obrigatório considerar a fluência para índice de esbeltez λ > 90, somando ao
momento de 1a ordem M1d valor relativo à excentricidade suplementar ec.

Métodos de cálculo

Conceito do método geral

Neste método, observa-se como a barra se comporta quando há aumento de carga ou


da excentricidade.

O método geral pode ser aplicado em qualquer tipo de pilar independente da sua
geometria ou distribuição da armadura.

Esse método fornece com maior precisão o comportamento real da peça. Figura 83
engastado na base e livre no topo, sujeito à força excêntrica de compressão Nd.

Figura 83. Pilar sujeito à compressão excêntrica.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Quando carregado, o pilar apresenta uma deformação que gera nas seções um momento
incremental Nd.y, o que provoca outras deformações e outros momentos.

Se as ações externas (Nd e Md) forem menores que a capacidade resistente da barra,
essa interação continua até que se atinja equilíbrio em todas as seções da barra.

95
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

Consegue-se enfim uma forma fletida estável (Figura 84). Em contrapartida, se as ações
externas forem maiores que a capacidade resistente da barra, o pilar se torna instável
(figura 84.b). A verificação que se deve fazer é quanto à existência da forma fletida
estável.

Figura 84. Configurações fletidas.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Figura 85. Deformada estável.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

96
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Pilar padrão
Tendo em vista que o método geral se torna muito complexo por causa da grande
quantidade de cálculos necessários, torna-se dispendioso o seu uso sem a ajuda de um
programa de cálculo adequado.

É indicado nesse caso a utilização do método do pilar padrão e do pilar padrão melhorado.

Pilar padrão é um pilar em balanço em que a geometria da sua forma force uma flecha
dada por:
 l2  le2  1 
= a 0,=4    Eq. 4.1.20
 r base 10  r base
Observando a figura 86 e adotando para a elástica a equação (Eq. 4.1.20).

Figura 86. Elástica do pilar padrão.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

π 
γ = −a.sin  x  Eq. 4.1.21
l 
Tem-se:
π π 
γ' =−a. cos  x  Eq. 4.1.22
l l 

97
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

2
π π 
γ " =a.   .sin  x  Eq. 4.1.23
l l 
Como
1 d2y
≅ Eq. 4.1.24
r dx 2
Para a seção média, tem-se:
1 π
 =  y=
"x =l /2 a.   Eq. 4.1.25
 r  x =l /2 l
A flecha máxima é dada por:
l2  1 
a=   Eq. 4.1.26
π2  r  x =l /2
Para pilar em balanço:
le2  1 
=a   em que π2 ≅ 10. Eq. 4.1.27
10  r base
A partir da flecha máxima, pode-se obter também o momento total:

M 2,base = N .a Eq. 4.1.28

le2  1  Eq. 4.1.29


M 2, base = N.  
10  r base

Método da curvatura aproximada


O método do pilar padrão com curvatura aproximada é indicado para pilares de área
constante e de armadura simétrica constante ao longo de seu eixo e λ ≤ 90.

Se a configuração de deformação da barra for senoidal, a não linearidade pode ser


considerada aproximada.

A não linearidade física é levada em conta por meio de uma expressão aproximada da
curvatura na seção crítica. A excentricidade de 2ª ordem e2 dada por:
le2 1
e2 = Eq. 4.1.30
10 r
1/r é a curvatura na seção crítica:
1 0, 005 0, 005
= ≤ Eq. 4.1.31
r h ( v + 0,5 ) h
h: altura da seção na direção considerada;

ν = NSd / (Acfcd) é a força normal adimensional.

98
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Logo, o momento total máximo no pilar é dado por:

 le2 1  Eq. 4.1.32


M d ,tot = α M
 b 1d , A + N d  ≥ M 1d , A
 10 r 

Método da rigidez k aproximada


O método do pilar padrão com rigidez κ aproximada é permitido para λ ≤ 90 nos
pilares de seção retangular constante, armadura simétrica e constante ao longo do
comprimento.

Se a configuração de deformação da barra for senoidal, a não linearidade pode ser


considerada aproximada.

A não linearidade física é levada em conta por meio de uma expressão aproximada da
rigidez.

O momento total máximo no pilar:


α b M 1d , A
= M d ,tot ≥ M 1d , A
2 Eq. 4.1.33
1−
120k / v
κ é valor da rigidez adimensional:
 M 
= k 32 1 + 5. d ,tot  v Eq. 4.1.34
 hN d 
Percebe-se que o valor da rigidez adimensional κ é necessário para o cálculo de Md,tot,
e para o cálculo de κ utiliza-se o valor de Md,tot. Dessa forma, a solução só se apresenta
por meio de tentativas.

Cálculo simplificado
Flexão composta normal

 e
N=
Sd , eq N Sd 1 + β  e M= Sd , eq 0 Eq. 4.1.35
 h
N
v = Sd
Ad f cd Eq. 4.1.36
e M Sd
=
h N Sd h Eq. 4.1.37

1
β=
d' Eq. 4.1.38
( 0,39 + 0, 01α ) − 0,8
h

99
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

sendo α dado por:

»» α = -1/αS, se αS < 1 em seções retangulares;

»» α = αS, se αS ≥ 1 em seções retangulares;

»» α = 6, se αS < 6 em seções retangulares;

»» α = -4, em seções circulares.

Considerando que todas as barras sejam iguais, αS é descrito por:

αs =
( nh − 1)
Eq. 4.1.39
( nv − 1)
O arranjo de armadura considerado para detalhamento (figura 87) deve ser confiável
aos valores de αS e d’/h pressupostos.

Figura 87. Arranjo de armadura caracterizado pelo parâmetro αS.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

100
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Flexão composta oblíqua

Para momentos que ocorrem a flexão simples ou composta oblíqua, são adotadas
aproximação da equação abaixo:
α α
 M Rd , x   M Rd , y 
  + 1 Eq. 4.1.40
 =
 M Rd , xx   M Rd , yy 
Geralmente, se adotado α = 1, a fator da segurança. Para seções retangulares, é permitido
adotar α = 1,2.

101
Capítulo 2
Dimensionamento da armadura

Introdução
Este capítulo é baseado na NBR6118:2014 e diz respeito a pilares em que a maior
dimensão da seção transversal não é maior que cinco vezes a dimensão menor, mas
para regiões especiais não tem validade.

Segundo a NBR6118:2014, caso a primeira condição não for satisfeita, considera-se o


pilar como pilar parede.

Veremos aqui, o cobrimento das armaduras dos pilares e um pouco sobre armaduras
longitudinais e às transversais.

Cobrimento das armaduras


O cobrimento mínimo é o menor valor que deve ser considerado ao longo de todo o
elemento.

Para que o cobrimento mínimo (cmin) seja encontrado, é necessário que no projeto e na
execução sejam considerados o cobrimento nominal (cnom), que é a soma do cobrimento
mínimo e a tolerância de execução (∆c).

cnom
= cmin + ∆c Eq. 4.2.1

As dimensões das armaduras e os espaçadores devem levar em consideração os


cobrimentos nominais, como no quadro.

Quadro 12. Valores de cnom em pilares de concreto armado para ∆c = 10 mm (NBR 6118:2003).

Classe de agressividade I II III IV


Cnom (mm) 25 30 40 50
Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Para construções comuns, ∆c≥10 mm.

Para adequados, controle de qualidade e rígidos limites de tolerância da variabilidade


das medidas durante a execução, se pode adotar ∆c = 5 mm, quando se desejar um
controle mais rigoroso é necessário que seja descrito nos desenhos de projeto.

102
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

O que possibilitará uma diminuição de 5 mm dos cobrimentos nominais descritos no


quadro 5.

Os cobrimentos são dimensionados de acordo com à superfície da armadura externa,


geralmente o lado externo do estribo.

O diâmetro da barra tem que ser menor que o cobrimento nominal.

A dimensão máxima característica do agregado graúdo usado não deve ser maior que
20% o cobrimento nominal:

d max ≤ 1, 2.cnom Eq. 4.2.2

Armaduras longitudinais

Na escolha da armadura para o concreto armado é preciso que se atendam certos


critérios tais como, às condições de execução da obra, principalmente no momento do
lançamento e adensamento do concreto.

O espaçamento deve facilitar o uso do vibrador, o assentamento dos agregados e impeça


que se criem vazios.

As armaduras longitudinais são uma das responsáveis pela resistência à compressão,


minimizando a seção do pilar e de resistirem às tensões de tração da estrutura.

Somado a isso, possui a função de diminuir as deformações do pilar, principalmente as


originadas da retração e da fluência.

O diâmetro das barras longitudinais nuca pode ser menor que 10 mm e nem maior que
1/8 da menor dimensão da seção transversal:

10mm ≤ ∅ l ≤ b Eq. 4.2.3


8

Diâmetro mínimo e taxa de armadura


As barras longitudinais não podem apresentar diâmetro menor que 10 mm e nem maior
que 1/8 da menor dimensão transversal.

A taxa geométrica de armadura respeita valores máximos e mínimos, sendo o valor


mínimo, dado por:

103
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

As ,min f
ρmin
= = 0,15 cd v ≥ 0, 40% Eq. 4.2.4
Ac f yd
Ou
Nd
As ,min 0,15
= ≥ 0, 004 Ac Eq. 4.2.5
f yd
sendo:

v = N d / ( Ac f cd ) Eq. 4.2.6

n: valor da força normal dimensionalizada.

O valor máximo da área total de armadura longitudinal é dado por:

As ,max = 0, 08 Ac Eq. 4.2.7

A figura 88 indica o número mínimo de barras para alguns tipos de seção.

Figura 88. Número mínimo de barras.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Distribuição transversal

Faz-se obrigatório o posicionamento de pelo menos uma barra em cada vértice, para
peças poligonais e pelo menos seis barras para peças circulares e dessa forma garantindo
a resistência da estrutura.

O espaçamento livre entre as faces das barras longitudinais, que é medido no plano da
seção transversal, fora da região de emendas, deve ser:

 20 mm

α≥ ∅l Eq. 4.2.8
1, 2.d ( diâmetro máximo do agregado)
 max

104
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Figura 89. Espaçamento entre as barras da armadura longitudinal.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Para feixes de barras, deve-se considerar o diâmetro do feixe: √.

Os valores podem ser considerados também para às regiões de emendas por traspasse
das barras.

Para que o adensamento do concreto seja realizado de forma satisfatória, deve-se


utilizar o vibrador e o espaçamento da armadura deve permitir tal ação.

O maior espaçamento entre eixos/centros de feixes das barras, deve ser inferior ou
igual a duas vezes a menor dimensão no trecho considerado, sem ultrapassar 400 mm.
 2b
sl ≤ 
40cm
O máximo espaçamento não pode ser maior do que 30 cm. Embora, no caso de pilares
com dimensões até 40 cm, é preciso que haja barras longitudinais nos cantos.

Comprimento de espera
O comprimento de espera das barras da armadura longitudinal dos pilares é calculado
segundo a equação abaixo:
A
= l0 c lb s ,calc ≥ l0 c ,min Eq. 4.2.9
As ,ef
l0c, min: o maior valor entre 0,6 λb , 15 f e 200mm.

lb é: comprimento de ancoragem básico.

O comprimento de ancoragem básico é descrito como comprimento reto de uma barra


de armadura preciso para ancorar a força limite Asfyd na mesma, considerando-se, por
todo o comprimento, resistência de aderência uniforme e igual a fbd.

105
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

Dado por:
∅ f yd
lb
= ≥ 25∅ Eq. 4.2.9
4 fbd

A resistência de aderência, para barras nervuradas, é dada por:

fbd = 1,125 f ct ,m Eq. 4.2.10

»» concretos de classe até C50:

f ct ,m = 0,3 f ck2/3 [ MPa ] Eq. 4.2.11

»» concretos de classes de C50 até C90:

f ct ,m 2,12ln (1 + 0,11 f ck ) [ MPa ] Eq. 4.2.12


=

No caso do aço CA-50, o comprimento de ancoragem básico também pode ser descrito
de acordo com o valor característico da resistência à compressão do concreto.

Quadro 13.

fck [MPa] 15 20 25 30 35 40 45 50 55 ≥60

ℓb 53∅ 44∅ 38∅ 34∅ 30∅ 28∅ 26∅ 26∅ 26∅ 25∅

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Armaduras transversais

A armadura transversal de pilares é formada por estribos e, algumas vezes, por grampos
suplementares.

Coloca-se em toda a altura do pilar, a norma impõe que sua colocação na região de
cruzamento com vigas e lajes.

Se pode considerar o valor φt quando as armaduras forem do mesmo aço e o espaçamento


cumprir também a limitação.

90GPa  ∅t2 
smáx =   Eq. 4.2.13
f yk  ∅ 

106
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Figura 90. Estribos adicionais nos extremos e ganchos alternados.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Detalhamento dos pilares


A figura 91 mostra de que maneira o detalhamento de um trecho de pilar, compreendido
entre dois pavimentos consecutivos, deve ser confeccionado.

Figura 91. Detalhamento de um pilar.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

107
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

Figura 92. Continuidade das armaduras junto a lajes de piso.

Fonte: (SCADELAI; PINHEIRO, 2005).

Com o intuito de absorver os momentos, dobra-se ligeiramente a parte superior das


barras dos cantos inferiores, caso se deseje emendas de trespasse em lajes.

Nos pontos de dobra, o esforço resultante pela mudança de direção das barras, será
absorvido por estribos.

Caso os pilares reduzam de seção, indica-se os detalhes da figura 92.

As barras da armadura longitudinal que não terão prolongamento no tramo superior do


pilar são ancoradas de forma adequada.

Segundo a, NBR6118:2014, o comprimento de ancoragem preciso é dado por:


A
= lb ,nec lb s ,calc ≥ lb ,min Eq. 4.2.14
As ,ef
λb, min: maior valor entre 0,3 λb , 10 φ e 100 mm.

Corrosão das armaduras de concreto armado


Define-se corrosão como sendo um processo de deterioração dos materiais, com perda
de massa, devido à ação do meio ambiente. Este processo ocorre de forma espontânea
devido à necessidade dos materiais em atingir seu estado de menor energia, ou seja,
mais estável.

108
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Na natureza, em seu estado de menor energia, os metais são encontrados na forma de


compostos (sob a forma de óxidos ou sais metálicos, na forma de sulfetos, carbonatos e
silicatos) (RIBEIRO et al., 2014).

A corrosão pode ser classificada como química ou eletroquímica. A primeira, também


chamada de corrosão seca, ocorre na presença de gases com a formação de uma película
de óxido.

A segunda, chamada de aquosa, só ocorre em presença de umidade e de um eletrólito,


havendo movimento de elétrons ao longo de trechos da armadura e movimento iônico
por meio do eletrólito (ISAIA, 2005).

Segundo Helene (1986), o mecanismo predominante de corrosão em concreto armado


é o eletroquímico. Quando se trata de um processo eletroquímico, a corrosão pode ser
classificada, também, como sendo a reação de oxirredução da superfície dos materiais,
em que ocorre um fluxo de elétrons e íons entre a região catódica e anódica com
formação de uma pilha eletroquímica (IBDEM, 2014).

Como se trata de um mecanismo eletroquímico, para que ocorra a corrosão são


necessários fatores, como a presença de um eletrólito, diferença de potencial, oxigênio
e agentes agressivos (SANTOS, 2015).

Para que se inicie o processo, torna-se necessário a despassivação da armadura, que


permite a propagação do fenômeno e depende de diversos condicionantes que irão
determinar a sua intensidade e velocidade. Alguns dos principais elementos que
contribuem com o desenvolvimento da corrosão em armaduras de concreto armado
são a umidade e temperatura.

A primeira devido à presença da água que atua como eletrólito durante o processo
eletroquímico e a segunda promovendo o estímulo e aceleração da velocidade da reação
de oxirredução, favorecendo o transporte de íons (RIBEIRO et al., 2014).

A passivação é relativa à perda de reatividade química de certos metais e ligas sob


condições particulares. Sua formação se dá em ambiente altamente alcalino onde
forma-se uma película protetora de caráter passivo.

O concreto possui uma alta alcalinidade oriunda das reações de hidratação dos silicatos
de cálcio (C3S e C2S), que liberam certa porcentagem de Ca(OH)2 promovendo a
passivação da armadura (HELENE, 1999 apud RIBEIRO, 2010).

Alterações no pH do interior de uma estrutura de concreto armado torna a película


passiva instável, causando o fenômeno de despassivação, a qual pode ser provocada
pela ação de agentes agressivos, tais como: dióxido de carbono (CO2) e cloretos
(RIBEIRO, 2010).

109
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

Para Ribeiro (2010), a corrosão da armadura pode ser equacionada resumidamente da


seguinte forma:

3. Na região do ânodo, o ferro perde elétrons, acarretando na dissolução do


metal (processo de oxidação):

2Fe → 2Fe 2+ + 4e –

1. Na região do cátodo, em meios neutros e aerados, se processa a redução:

2H2O + O2 + 4e - → 4OH –

2. Tendo como reação global, as seguintes reações de corrosão, com formação da


ferrugem:

2Fe + 2H2O + O2 → 2Fe 2+ + 4OH-

2Fe2+ + 4OH - → 2Fe(OH)2 ou 2FeO. H2O

2Fe(OH)2 + H2O + 1/2O2 → 2Fe(OH)3 ou Fe2O3.H2O

O mecanismo é ilustrado na figura 93.

Figura 93. Modelo de corrosão da armadura.

Fonte: Andrade (2001) apud Santos (2015).

Diversas são as consequências advindas do processo corrosivo em estruturas de concreto


armado. Tal ação provoca a redução do desempenho estrutural das construções civis,
reduzindo seu tempo de vida útil.

Um grande problema relativo à corrosão é devido ao fato de que diversas propriedades


estruturais podem ser afetadas de forma simultânea, intensificando a degradação da
estrutura (GRAEFF, 2007).

110
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

As principais consequências da corrosão na armadura do concreto se apresentam


na forma de perda de aderência entre o aço e o concreto, redução da área da seção
transversal das barras de armadura, desenvolvimento de tensões radiais de tração que
afetam o concreto, desplacamento do concreto, alteração da capacidade de resistência
à tração, entre outros (IBDEM, 2007)

Aderência entre o aço e o concreto: uma vez iniciada a corrosão, a aderência entre
o aço e o concreto é prejudicada pelo acúmulo de produtos de corrosão ao longo da
barra de armadura.

Redução da área da seção transversal das barras de armadura: ao ser atacada


por agentes causadores de corrosão, a exemplo dos cloretos, na armadura são formados
pites. Nestes pontos, a seção de armadura pode ficar comprometida, com elevada
redução dela, o que pode levar a ruptura total de certos trechos da barra.

Desenvolvimento de tensões de tração, fissuração e desplacamento: os


produtos formados na corrosão ocupam um volume maior (de 3 a 10 vezes) que do
aço original. Este aumento de volume cria altas tensões internas contra o concreto
circundante (superiores a 15 MPa), o que gera sua fissuração e o desplacamento na
direção paralela à armadura corroída, que facilita a penetração de agentes agressivos,
como o CL-, CO2, (CASCUDO, 1997) (TORRES E MARTÍNEZ, 2003 apud GRAEFF,
2007). A figura 94 ilustra o efeito dos produtos de reação.

Figura 94. Esforços produzidos pelos produtos de corrosão, levando à ruptura do concreto.

Fonte: Cascudo (1997).

Andrade (2001) apud Santos (2015) expõe que a corrosão eletroquímica está baseada
na ocorrência um desequilíbrio elétrico entre metais diferentes ou entre distintas partes
do mesmo metal.

Tal configuração exemplifica a chamada pilha de corrosão ou célula de corrosão que


tem seu processo iniciado após a ruptura do filme passivo.

111
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

Para um melhor entendimento, serão apresentados alguns tipos de corrosão (figura


95), também encontrados nas armaduras de concreto armado.

»» Corrosão uniforme: corrosão em toda a extensão da armadura quando


exposta ao meio corrosivo.

»» Corrosão puntiforme ou por pite: corrosão localizada sob a forma de


pequenas cavidades, também denominadas alvéolos.

»» Corrosão intergranular: ocorre na região entre os grãos dos cristais do


metal sendo o principal fator responsável por esta corrosão, a diferença
na composição química entre a matriz do grão e o material vizinho a esta.

»» Corrosão intragranular: ocorre na região intragrãos (dentro dos grãos)


da rede cristalina, com processo semelhante à intergranular, podendo
levar à fratura da estrutura devido a esforços mecânicos.

»» Fragilização pelo hidrogênio: corrosão bastante rara, originada pela ação


do hidrogênio atômico na sua difusão pelos vergalhões da armadura, que
contribui com a fragilização deste, causando a fratura.

Figura 95. Tipos de corrosão.

Fonte: Adaptado de Gentil (2003).

112
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

Leia os textos abaixo, do autor Guy Keulemans, do site The Convesation, sobre o
problema com o concreto armado e os custos ambientais da reconstrução.

O problema com o concreto armado


Por si só, o concreto é um material de construção muito durável. O magnífico
Panteão de Roma, a maior cúpula de concreto não reforçado do mundo, está
em excelente estado após quase 1.900 anos. No entanto, muitas estruturas de
concreto do século passado – pontes, estradas e edifícios – estão desmoronando.
Muitas estruturas de concreto construídas neste século serão obsoletas antes de
seu fim.

Dada a sobrevivência de estruturas antigas, isso pode parecer curioso. A


diferença crítica é o uso moderno de reforço de aço, conhecido como vergalhão,
escondido dentro do concreto. O aço é feito principalmente de ferro, e uma das
propriedades inalteráveis ​​do ferro é que ele ferve. Isso arruína a durabilidade das
estruturas de concreto de maneiras que são difíceis de detectar e de reparo caro.

Enquanto a reparação pode ser justificada para preservar o legado arquitetônico


de edifícios icônicos do século 20, como aqueles projetados por usuários de
concreto armado como Frank Lloyd Wright, é questionável se isso será acessível
ou desejável para a grande maioria das estruturas. O escritor Robert Courland,
em seu livro Concrete Planet, estima que os custos de reparo e reconstrução
da infraestrutura de concreto, apenas nos Estados Unidos, serão de trilhões de
dólares – a serem pagos pelas gerações futuras.

Reforço do aço foi uma inovação dramática do século XIX. As barras de aço
adicionam força, permitindo a criação de estruturas longas e de placas mais
finas e menos suportadas. Ele acelera os tempos de construção, porque menos
concreto é necessário para derramar tais placas.

Essas qualidades, impulsionadas pela promoção assertiva e às vezes duplicada


pela indústria de concreto no início do século 20, levaram à sua enorme
popularidade.

O concreto armado compete com tecnologias de construção mais duráveis,


como estruturas de aço ou tijolos e argamassas tradicionais. Em todo o mundo,
ele substituiu sensíveis ao meio ambiente, opções de baixo carbono como
tijolos de lama e terra batida – práticas históricas que também podem ser mais
duráveis.

113
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

Os engenheiros do início do século XX acreditavam que as estruturas de


concreto reforçado durariam muito tempo – talvez1.000 anos. Na realidade,
sua vida é mais como 50-100 anos, e às vezes menos. Códigos e políticas de
construção geralmente exigem edifícios para sobreviver por várias décadas, mas
a deterioração pode começar em tão pouco como 10 anos.

Muitos engenheiros e arquitetos apontam as afinidades naturais entre o aço


e o concreto: eles têm características semelhantes de expansão térmica, e a
alcalinidade do concreto pode ajudar a inibir a ferrugem. Mas ainda há uma falta
de conhecimento sobre suas qualidades compostas – por exemplo, no que diz
respeito à exposição ao sol – relacionadas com mudanças de temperatura.

Os muitos materiais alternativos para reforço de concreto – como aço inoxidável,


bronze de alumínio e compósitos de fibra-polímero – ainda não são amplamente
utilizados. A acessibilidade do reforço de aço simples é atraente para os
desenvolvedores. Mas muitos planejadores e desenvolvedores não consideram
os custos estendidos de manutenção, reparo ou substituição.

Existem tecnologias que podem resolver o problema da corrosão do aço, como


a proteção catódica, na qual toda a estrutura está conectada a uma corrente
elétrica inibidora de ferrugem. Existem também novos métodos interessantes
para monitorizar a corrosão, por meios eléctricos ou acústicos.

Outra opção é tratar o concreto com um composto inibidor de ferrugem,


embora estes possam ser tóxicos e inadequados para edifícios. Existem vários
novos inibidores não tóxicos, incluindo compostos extraídos de bambu e
“biomoléculas” derivadas de bactérias.

Fundamentalmente, no entanto, nenhum desses desenvolvimentos pode


resolver o problema inerente que colocar aço dentro de concreto ruínas sua
durabilidade potencialmente grande.

Os custos ambientais da reconstrução

Isso tem sérias repercussões para o planeta. O concreto é o terceiro maior


contribuinte para as emissões de dióxido de carbono, depois de automóveis e
usinas a carvão. A produção de cimento por si só é responsável por cerca de 5%
das emissões globais de CO₂. O betão também constitui a maior proporção de
resíduos de construção e demolição e representa cerca de um terço dos resíduos
de aterros sanitários.

114
Detalhamento de pilares │ UNIDADE IV

A reciclagem de concreto é difícil e dispendiosa, reduz sua resistência e pode


catalisar reações químicas que aceleram a decomposição. O mundo precisa
reduzir sua produção de concreto, mas isso não será possível sem construir
estruturas mais duradouras.

Em um artigo recente, eu sugiro que a aceitação generalizada do concreto


armado pode ser a expressão de uma visão tradicional, dominante e, finalmente,
destrutiva da matéria como inerte. Mas o concreto armado não é realmente
inerte.

O concreto é comumente percebido como um material em forma de pedra,


monolítico e homogêneo. Na verdade, é uma mistura complexa de calcário
cozido, materiais semelhantes a argila e uma grande variedade de agregados
rochosos ou arenosos. A pedra calcária em si é uma rocha sedimentar composta
de conchas e coral, cuja formação é influenciada por muitos fatores biológicos,
geológicos e climatológicos.

Isso significa que as estruturas de concreto, para todas as suas qualidades


superficiais de pedra, são realmente feitas de esqueletos de criaturas marinhas
trituradas com rocha. É preciso milhões e milhões de anos para que essas
criaturas marinhas vivam, morram e se formem em calcário. Esta escala de tempo
contrasta com a vida de edifícios contemporâneos.

O aço é muitas vezes percebido como sendo inerte e resistente também. Termos
como “Idade do Ferro” sugerem uma durabilidade antiga, embora os artefatos da
Idade do Ferro sejam comparativamente raros precisamente porque corroem.
Se o aço da construção é visível, pode ser mantido – por exemplo, quando a
ponte do porto de Sydney é repetidamente pintada e repintada.

Entretanto, quando embutido no concreto, o aço é “escondido” mas secretamente


ativo. A umidade que entra através de milhares de rachaduras minúsculas cria
uma reação eletroquímica. Uma extremidade do vergalhão torna-se um ânodo
e o outro um cátodo, formando uma “bateria” que alimenta a transformação do
ferro em ferrugem. A ferrugem pode expandir o vergalhão até quatro vezes o
seu tamanho, aumentando as fissuras e forçando o concreto a se separar em um
processo chamado espalhamento, mais conhecido como “câncer de concreto”.

Sugiro que precisemos mudar nosso pensamento, reconhecer o concreto e o


aço como materiais vibrantes e ativos. Este não é um caso de mudança de fatos,
mas sim de reorientar como entendemos e agimos sobre esses fatos. Evitar o
desperdício, a poluição e a reconstrução desnecessária exigirão [pensar muito

115
UNIDADE IV │ Detalhamento de pilares

além das concepções disciplinares do tempo, e isso é especialmente verdadeiro


para as indústrias de construção e construção.

As civilizações colapsadas do passado nos mostram as consequências do


pensamento a curto prazo. Devemos nos concentrar em construir estruturas que
resistam ao teste do tempo – para que não acabem com artefatos abatidos e
abandonados que não são mais adequados para seu propósito original do que
as estátuas da Ilha de Páscoa.

116
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto. Rio de Janeiro, 2014.

FERNANDES, Gilson B. Solicitações normais cálculo no estado limite último.


2006. Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~almeida/ec702/APOSTILA-
EC702-v2006.pdf>. Acesso em: 30 dez. 2016.

PINHEIRO, L.M. Concreto armado: tabelas e ábacos. São Carlos, Departamento de


Engenharia de Estruturas, EESC-USP, 1993.

PINHEIRO, Libânio M.; RAZENTE, Julio A. Lajes nervuradas. 2003. Disponível


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