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WOLIN, 1986, p. 71
2
Idem
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Idem
“Última Entrevista”. Assim, segundo Wolin, como Nietzsche e Heidegger defenderam
visões esteticistas e decisionistas, e Foucault sofreu uma grande influência filosófica
dos dois, é possível que essa influência explique as tendências esteticistas e
decisionistas encontradas na teoria de Foucault. Essa evidente influência pode ser
observada pelo seguinte trecho do artigo, referente a “Última Entrevista” de Foucault:
4
Idem, p. 72
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Idem, p. 73
6
Idem
7
Idem
esse pan-esteticismo, que haja uma atitude estética que transgrida os limites da
“bolhinha” estética proposta pelo esteticismo da arte pela arte.
Já na ética nietzschiana, de acordo com a interpretação de Wolin, esse pan-
esteticismo é incorporado a um decisionismo que é reflexo de uma ética que aprecia
moralmente uma ação em virtude puramente da força de vontade (force of will), de
quem decidiu fazer essa ação, independentemente do quão boa ou má essa ação seja; a
abordagem de Nietzsche pretende ir além do bem e do mau. Assim, segundo Wolin, o
pan-esteticismo nietzschiano se alia ao decisionismo, na medida em que “a ação é vista
em termos estéticos, a ênfase é dada aos atos que são gloriosos, sensacionais ou
dramáticos”8. Ou seja, como não há diferença substancial nas ações boas ou nas más
(comparadas segundo algum fundamento racional), sendo elas distintas apenas
formalmente, pela força de vontade de quem decidiu agir bem ou mau, então, já que a
busca pela beleza deve ser generalizada para todas as esferas da vida (segundo a
concepção pan-esteticista de Nietzsche), inclusive a moral, as ações mais meritórias
deverão ser aquelas que são mais belas, i.e. mais apreciáveis esteticamente.
Este decisionismo esteticista de Nietzsche é criticado por Wolin por ser
elitista, já que são “somente os indivíduos excepcionais que tem a força de vontade
requerida para passar por cima das convenções por meio de tais sublimes ações de
bravata volitiva”9. Assim, como observa Wolin, as pessoas que não têm as condições,
materiais ou espirituais, para tal grandiosidade de vontade, servem como meios para o
espetáculo daqueles possuem tais condições.
Assim como no decisionismo estético de Nietzsche, Wolin também
considera o decisionismo estético de Heiddeger elitista e particularista. A importância
dada à categoria “determinação” (decisiveness), que diz respeito ao quão
decidido/determinado o sujeito está de agir de tal forma, evidencia, já que é na
determinação que o sujeito chega á verdade do Dasein que é mais primordial (por ser
mais autêntica), o quão elitista esse decionismo demonstra ser, pois é por esta
autenticidade dessa verdade que “os indivíduos autênticos estão separados, por um
abismo infinito, da decadência do eles (Das Man) que habitam o mundo profano da [...]
curiosidade, da ambuiguidade” 10 ; o mundo fica, assim, dividido entre líderes (os
indivíduos autênticos) e liderados (que não têm acesso a essa verdade mais primordial
8
Idem, p. 74
9
Idem
10
Idem
do Dasein). Esse decisionismo de Heiddeger pode ser compreendido pelo seguinte
trecho de Wolin:
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Idem, p. 76
12
Idem, p. 77
13
idem
(em oposição ao normalizar da razão), “tudo é permitido no lado da não-razão” 14 ,
como sugere a ambigüidade, entre o caos e o apocalipse, encontrada na obra Sono da
Razão, de Goya; interpretada por Foucault na conclusão da História da Loucura.
É na sua fase ética, no entanto, mais especificamente nos dois últimos
volumes da História da Sexualidade, que o decisionismo estético de Foucault se mostra
mais explicitamente, como apontado por Wolin. Nesses dois últimos volumes, Foucault
vai à antiguidade greco-romana, com o objetivo de investigar as “tecnologias de si
mesmo” envolvidas numa certa atitude para com a vida que indica uma certa “estética
da existência” . Essa atitude diz respeito ao sujeito fazer certas ações “que buscam
transformá-los, para modificá-los em seu ser singular, e para fazer de suas vidas uma
obra que carrega certos valores estéticos e cncontra certos critérios estilísticos”15, nas
palavras de Foucault. Wolin critica essa atitude, enaltecida por Foucault, por cair
também, a exemplo da consideração focaultiana de Baudelaire enquanto “dandi”, em
um particularismo e, consequentemente, num egoísmo; como pode ser evidenciado pelo
seguinte trecho do artigo de Wolin:
14
Idem
15
Idem, p.81
16
Idem, p.84