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Pela primeira vez na história do mundo, nenhuma doutrina se apresenta como não democrática.

Quando se acusa
alguém de ser ou de ter atitudes não democráticas, políticos e teóricos se apressam em salientar os componentes
democráticos dos ideais que representam (...). Essa adesão à democracia, como forma superior de organização
política e social, é sinal de um acordo fundamental sobre os fins últimos das instituições políticas sociais modernas.
COSTA, Maria Cristina Castilho. Democracia.
São Paulo: Global, 1986. p.
O texto acima expõe a conclusão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco), em 1949, após a realização de enquete em países do Oriente e do Ocidente com o objetivo de saber quais
deles se denominavam democráticos.
Quatro anos antes terminara a Segunda Guerra Mundial, que derrotara regimes ditatoriais, como o nazismo e
o fascismo existentes na Europa. Laços coloniais se rompiam e, durante a segunda metade do século XX, ditaduras
europeias, asiáticas e latino- americanas veriam crescer seus opositores e a exigência de transformações políticas
radicais em favor de modelos mais descentralizados, abertos e representativos.
O breve século XX, como o chamou Eric Hobsbawm no livro A era dos extremos, caracterizou-se pela luta vitoriosa
contra os governos de força e contra a falta de liberdade em todos os cantos do mundo. As nações que surgiam do
desmantelamento das relações coloniais eram instadas a instituir sistemas políticos representativos e participativos
para se enquadrarem no ideal político democrático. E, mesmo onde isso não ocorreu de forma imediata, após os
movimentos pela libertação, o apelo por regimes abertos e representativos se tornou cada vez mais forte.
Mas, se havia consenso sobre a importância e o valor da democracia, não havia igual acordo sobre o
significado desse sistema político – autores e políticos, ao defenderem a democracia, referiam-se à participação
política e à consulta popular servindo-se de órgãos especialmente criados para esse fim. Havia aqueles que
defendiam os ideais democráticos e lutavam pela extensão do direito de voto, de acesso a cargos públicos e de
manifestação de opinião para os grupos excluídos desses privilégios, como as mulheres, os estrangeiros e os
analfabetos. Outros, entretanto, referiam-se à democracia como justiça social e igualdade de direitos civis, itens que
não seriam alcançados apenas pelo voto e pela liberdade de expressão.
As diferentes concepções de democracia eram muitas vezes inconciliáveis, pois, enquanto algumas se
mostravam conservadoras, por defenderem a manutenção de grupos e partidos no poder, outras apresentavam
propostas realmente revolucionárias, que visavam a alterações profundas na concepção de Estado.
Apesar das divergências, pode-se dizer que a segunda metade do século XX viu crescer o número de países
com sistemas representativos e alternância de grupos no poder. As ditaduras latino-americanas, em sua maioria,
foram derrotadas, os governos totalitários de direita e de esquerda ruíram, e a democracia parece ter saído vitoriosa,
a despeito das distinções que possam ser identificadas nos diferentes regimes que substituíram os autoritarismos
tradicionais, seja no exercício da democracia, seja no desempenho das forças armadas e dos partidos políticos na
vida pública. Por que então falar em democracia hoje?
É preciso retomar esse tema, em primeiro lugar, para entender os diferentes significados da democracia no
discurso de teóricos e políticos, assim como as novas ameaças surgidas contra esse regime que há mais de 2.500
anos desafia nossa capacidade de administrar a vida coletiva. Isso porque, à medida que a sociedade se torna mais
diferenciada e complexa, mais difícil fica conciliar interesses e posições políticas.
A democracia hoje está ameaçada pela onda de fundamentalismos e fanatismos religiosos e pelo
desenvolvimento da indústria armamentista, que tornam obsoletas as manifestações de força das ditaduras do
passado. O acesso à energia nuclear é cada vez mais fácil e frequente; além disso, proliferam o comércio de armas e
a formação de grupos paramilitares. A globalização também põe em xeque os princípios políticos baseados no
Estado-nação e na soberania nacional.

Para autores como Jean-Jacques Rousseau, a democracia não foi uma conquista tardia da humanidade, pois
nas primeiras formas de organização da sociedade previa- se a participação de todos, além de representatividade e
legitimidade do poder estabelecido. Antropólogos defendem até mesmo a ideia de que a ausência de formas
organizadas de Estado entre certos grupos indígenas representaria uma prova de que a vida política de base
comunitária seria uma herança do passado remoto. Aceita essa hipótese, pode-se supor que a vida política, como se
conhece na atualidade, teria surgido justamente contra um sistema original igualitário e consensual primitivo.
Sem provas documentais dessa democracia original, somos levados a admitir que, de alguma maneira, desde
a invenção da agricultura e da criação da propriedade privada instalaram-se na sociedade humana a desigualdade
social e as formas de domínio que concentraram nas mãos de poucos os direitos e as responsabilidades com o poder.
Dessa forma institucionalizada de dominação política resultaram as constantes revoltas e sublevações, além do
conflito permanente entre os que possuem poder e os que não o possuem. É no interior dessas disputas que surge a
democracia como modelo político – um modelo que, ao mesmo tempo, permite o exercício do poder por
representantes populares e formas institucionalizadas de participação.
Ainda que nos primórdios da humanidade tenham existido formas democráticas de vida política, para nós a
proposta democrática se insere em um contexto histórico marcado pela concentração de poder nas mãos de
determinados grupos sociais, como castas, minorias étnicas ou classes sociais. Como alternativa para esse privilégio
de acesso ao poder desfrutado por parte de determinados grupos, a democracia surge como ideal de regime em que
certas regras de participação política, estabelecidas legitimamente, permitem a alternância no poder, o acesso à
direção da vida pública, a participação do maior número possível de pessoas, a representatividade dos que ocupam
cargos públicos e a igualdade na distribuição de privilégios advindos da vida coletiva. A democracia da qual
tratamos aqui é uma alternativa ao uso da força, da dominação e da autoridade por parte de grupos minoritários na
sociedade.
Esse ideal não surgiu do desgaste das formas de poder totalitário, que parecem ter caracterizado o início da
vida política da humanidade, amparadas em crenças religiosas e mitos ancestrais, mas de movimentos da vida social
que tornaram insustentável o exercício do poder por uma minoria e levaram os grupos emergentes a também ansiar
pela participação na vida política. Mesmo que a vida coletiva tenha conhecido formas democráticas em seus
primórdios, a democracia como proposta de regime político decorre de um movimento revolucionário interessado
em redistribuir as benesses do poder entre pessoas e grupos que adquirem projeção social tanto em função de
conquistas econômicas quanto políticas.

A democracia grega foi um modelo político adotado em algumas cidades-Estados, principalmente em Atenas. As
cidades-Estados eram independentes, autônomas e tinham diferentes regimes políticos, mas, na maioria, a
aristocracia detinha o poder. Atenas era uma cidade próspera e dominante, que se destacou pela produção
intelectual, pelo comércio e por sua contribuição para o legado cultural e artístico conhecido na posteridade como
cultura grega ou helênica. Essa cultura se espalhou pelo mundo através de Roma que, tendo conquistado a Grécia,
apropriou-se dessa herança cultural e a implantou entre os povos conquistados, tornando-a parte integrante da
civilização ocidental.

Por volta de 600 a.C., Atenas prosperou não somente pelas atividades agrárias da aristocracia, mas também
pelas atividades dos militares na conquista de terras e defesa do território, assim como dos artesãos e comerciantes
que desenvolviam a economia ateniense. Estes, considerados homens livres, passaram a exigir participação na vida
política da cidade. Essa participação tornou-se possível graças às leis criadas por Sólon, legislador cujos serviços
foram requisitados pela aristocracia. Tais leis procuravam conciliar os interesses dessas diferentes categorias sociais,
reconhecendo sua importância na sociedade. Com isso, a ideia de demokratía – “poder do povo” – era estendida,
reconhecendo-se como cidadãos não só os aristocratas, como também os grupos emergentes, com renda significativa
e atividade profissional de destaque. Desse conceito ampliado de cidadania continuavam excluídos os escravos, as
mulheres e os estrangeiros. Como poucas pessoas eram até então reconhecidas como cidadãs (cerca de 40 mil em
um total de 320 mil), o funcionamento da democracia ateniense mostrava-se relativamente simples: reunidos em
assembleias, os cidadãos participavam diretamente das reuniões, expressavam suas ideias e levantavam as mãos para
a contagem dos votos que determinariam as decisões finais.
Essa forma direta de administração política ateniense, sem a participação de representantes, contrastava com
as monarquias e as oligarquias militares de outras cidades gregas, como Esparta, fazendo da democracia um anseio
cada vez mais maior nestas últimas. Os atenienses orgulhavam-se de ter criado um sistema político mais aberto,
flexível e participativo, que, ao conciliar os interesses das classes sociais, evitava os conflitos civis e fortalecia a
cidade contra os inimigos externos.
A Constituição que nos rege nada tem a invejar aos outros povos; serve a eles de modelo e não os imita. Recebe o nome de
democracia, porque o seu intuito é o interesse do maior número de pessoas e não de uma minoria. Nos negócios privados, todos
são iguais perante a lei, mas a consideração não se outorga senão àqueles que se distinguem por algum talento. É o mérito
pessoal, muito mais do que as distinções sociais, que franqueia o caminho da honra. Nenhum cidadão capaz de servir à pátria é
impedido de fazê-lo por indigência ou por obscuridade de sua condição (...). Entretanto, somos cheios de submissão às
autoridades constituídas, assim como às leis (...). Ouso dizê-lo, Atenas é a escola da Grécia.
De um discurso de Péricles. Citado por: COSTA,
Maria Cristina Castilho. Democracia. São Paulo: Global, 1986. p. 23.
Robert A. Dahl, sociólogo americano, afirma que essa forma direta de participação em assembleias foi
conhecida por outros povos, como os vikings, que admitiam certa igualdade primordial entre seus membros. Mesmo
convivendo com a escravidão, esses povos exerciam formas políticas relativamente igualitárias, com sistemas
parlamentares dos quais participavam os homens livres, incumbidos de eleger e fiscalizar seus governantes. Esses
regimes políticos, entretanto, assim como a democracia grega, tinham um caráter local.

Depois de conquistar um vasto império, que incluía territórios da Europa, Ásia e África, Roma decidiu
estabelecer a democracia na vida política, subordinando os ideais igualitários e participativos dos gregos aos
interesses do Estado, criando um regime político abrangente e centralizado conhecido por res publica, que se
traduzia no poder de Roma sobre os diversos povos conquistados.
Do ideal helênico, os romanos conservaram o princípio do Estado laico, sem interferência de qualquer crença
ou instituição de cunho religioso; a ideia de direção da vida pública por meio de uma hierarquia constituída por
postos e cargos ocupados temporariamente por representantes dos cidadãos; e a valorização do conceito de cidadania
como direito de participação política. Como em Atenas, a República romana restringia o atributo da cidadania, dele
excluindo escravos, mulheres, artesãos, estrangeiros e trabalhadores rurais. As dimensões do império eram também
um impedimento ao pleno uso dos direitos de seletos cidadãos que vivessem em suas fronteiras, já que as atividades
políticas, como participação em assembleias, concentravam-se em Roma. O sistema de democracia direta e local
dos atenienses, portanto, sucumbia às dimensões imperiais do Estado romano.
Mesmo confundindo os anseios populares com os interesses do Estado, o ideal republicano disseminou por
todo o império os princípios da laicidade política e da cidadania como um direito e uma honra. Em cada cidade
dominada pelos romanos ergueram-se fóruns para reuniões e instalou-se uma vida política minimamente
participativa. O germe do que viria a ser a democracia representativa moderna estava lançado em territórios que
ultrapassavam os limites da cidade. E a impossibilidade de uma participação direta levaria à adoção de um sistema
representativo.
Como afirma Robert A. Dahl no texto a seguir, a democracia de Atenas foi vencida pelo desenvolvimento de
formações políticas mais vastas e mais bem estruturadas que as cidades-Estados gregas.
(...) a cidade-Estado foi condenada como base para o governo popular pelo surgimento de um rival com forças
esmagadoramente superiores: o Estado nacional ou país. Vilas e cidades estavam destinadas a ser incorporadas a
essa entidade maior e mais poderosa, tornando-se, na melhor das hipóteses, unidades subordinadas do governo.
DAHL, Robert A. Sobre a democracia. Brasília: Editora da UnB, 2001. p. 26.
A expansão do Império Romano plantou de maneira firme no Ocidente uma forma de governo que procurava
conciliar uma sociedade heterogênea e desigual por meio de uma vida política participativa, prevendo a sucessão de
grupos no poder. Esse ideal foi relegado ao passado durante a Idade Média, quando a Europa mergulhou em formas
políticas descentralizadas, nas quais estavam ausentes as instituições públicas e laicas. Foi só a partir do século XV,
com o renascimento comercial e a ascensão da burguesia, formada por comerciantes e empresários industriais, o
capitalismo e a formação dos Estados nacionais, que algumas cidades italianas começaram a restaurar a república
como modelo de governo. Era a democracia que ressurgia das cinzas.

Os modelos de organização política e vida social costumam ser resgatados e adotados, adaptando-se a
diferentes contextos históricos e circunstâncias sociais. Com a democracia não foi diferente. Esse modelo político
laico e participativo amoldou-se ao mundo grego das cidades-Estados, transformou-se em república ao ser adotado
no vasto e militarizado Império Romano e, a partir da Idade Moderna, foi redimensionado como solução política
para a sociedade capitalista heterogênea e desigual.
Observando essa trajetória, pode-se concluir que a democracia surgiu como solução para os anseios de
grupos emergentes contra o poder de grupos dominantes. Entre os helenos, aristocratas donos de terras, comerciantes
e militares ascendentes, responsáveis pela prosperidade ateniense, serviu para apaziguar a disputa política; na
República romana, abriu espaço político para a burocracia do Estado e para as altas patentes militares, que passaram
a dividir o poder com os patrícios. Com o final da Idade Média, a burguesia, classe de comerciantes emergentes,
utilizou a democracia para justificar sua busca de espaço nos nascentes Estados nacionais, dividindo o poder com a
nobreza e a realeza.
Nessa época, o capitalismo, modo de produção que tem como base o lucro e a expansão da produção,
permitiu que a burguesia, sem linhagem nobre nem bens fundiários, acumulasse capital e enriquecesse, tornando-se
a classe social economicamente mais importante, mas excluída da vida política e das decisões nacionais.
Entre os séculos XV e XVIII, as monarquias absolutistas cumpriram a função de unificar os territórios
nacionais, as moedas, os impostos e a língua, tornando possível o surgimento das diferentes nações que se formaram
na Europa. A partir do século XVIII, porém, tais monarquias passaram a constituir um empecilho ao livre fluxo de
mercadorias e capital – o desenvolvimento da indústria exigia uma sociedade mais flexível, e não dividida em
camadas estanques –, o poder real se tornou arbitrário e as instituições políticas não conseguiram mais atender aos
anseios políticos da crescente classe média.
A democracia, novamente resgatada, converteu-se em instrumento de luta contra os abusos do poder real, a
ociosidade e o conservadorismo da nobreza. Os regimes políticos defendidos na Revolução Francesa (1789), nas
revoluções constitucionais inglesas e na Independência dos Estados Unidos tinham em comum a tentativa de
possibilitar uma versão moderna da democracia. Trata-se da democracia liberal burguesa, baseada em um amplo
conceito de cidadania, formalização jurídica e afirmação do nacionalismo.
O modelo democrático desenvolvido pelas revoluções liberais propunha regras mais abrangentes para o
reconhecimento da cidadania. Ao longo de um movimento reivindicatório que atravessou os séculos XIX e XX,
adultos livres de ambos os sexos, as diferentes etnias, estrangeiros, comerciantes, militares, artesãos, agricultores,
desempregados, desocupados, pobres, ricos e remediados passaram a ser reconhecidos como cidadãos. Esse modelo
tão amplo jamais poderia ter sido pensado na Grécia antiga, onde o direito à cidadania era privilégio de menos de
20% da população ateniense.
Para organizar politicamente uma população heterogênea e, portanto, com interesses e anseios diferentes,
cada país desenvolveu um sistema complexo de regras jurídicas que previa diversas formas de eleição para cargos
públicos, de representatividade política e de participação nas decisões. Isso resultou em diferentes Constituições, que
regulam a vida política dos países e as formas de sucessão dos grupos no poder. Assim, não existe uma única
democracia, mas democracias, sistemas diferentes que podem reger parlamentarismos, presidencialismos,
monarquias constitucionais e até ditaduras que duram várias décadas. Todas essas formas se reconhecem como
governos constitucionais democratas. Da mesma forma, na primeira metade do século XX, o nazismo, o fascismo e
o stalinismo se consideravam poderes legítimos que governavam, em nome do povo, a população mais ampla e
insignificante do país, sem acesso aos meios de decisão política.
A democracia não é um regime político em vigor, mas a instituição nacional historicamente constituída que
congrega os meios pelos quais as elites econômicas dominantes e ascendentes legitimam suas reivindicações, num
jogo complexo de influências, em que estas passam a ser defendidas como se fossem demandas de toda a população.
Pela complexidade do capitalismo moderno e a importância crescente do mercado na vida social, essa nova versão
de democracia implica sempre a diminuição dos entraves políticos em favor da livre circulação de mercadorias e da
acumulação de capital. Para isso, uma negociação complicada e abrangente se desenvolve cotidianamente entre os
grupos que disputam a hegemonia política da nação em nome de princípios que, quanto mais particulares, mais
universais parecem aos olhos de seus defensores.

Sob os signos do nacionalismo, da igualdade e da liberdade, a democracia moderna contribuiu para o


desenvolvimento do capitalismo industrial desde o século XVIII, acabando com a escravidão, a servidão, os direitos
feudais dos donos de terra e o escambo. Assim, instaurou-se o mercado capitalista, no qual se confrontam livremente
mercadorias, produtores e consumidores, que, livres das antigas limitações impostas pelo sangue, pela origem ou
pela religião, têm seu valor econômico.
Isso levou à mercantilização das relações humanas e da vida cotidiana. Nessas condições, a liberdade que
verdadeiramente experimentamos é a da negociação, pela qual, despidos de outras características e restrições,
comparamos bens como valores de troca ou de mercado.
Essa mercantilização das relações humanas e sociais alcança também a vida política, que se transforma num
mercado em que governantes e propostas políticas disputam votos e “consumidores”. De tempos em tempos,
negociam-se propostas e projetos e certa sucessão dos diversos grupos no poder. E, sempre que essa negociação e
divisão de poder se tornam difíceis, ameaçando o sistema estabelecido, atravessa-se nova época de autoritarismos
(ditaduras, regimes de exceção, arbitrariedades).
Mas um dos maiores desafios de qualquer democracia continua sendo a difícil equação que defende os ideais
de liberdade e igualdade – embora os regimes vigentes tenham instaurado sistemas mais livres de representatividade
e participação política, a desigualdade social tem se tornado cada vez mais evidente e intolerável, pondo em xeque
os ideais românticos dos revolucionários do século XVIII. No século XX, quando duas propostas políticas se
contrapunham na Guerra Fria – o capitalismo liberal e o socialismo – era essa divergência que estava em jogo. Os
Estados Unidos defendiam uma democracia de liberdade formal e jurídica que convivia com a desigualdade social e
econômica, enquanto a União Soviética lutava pela igualdade social conseguida à custa da liberdade formal e da
participação política. Embora a democracia liberal burguesa tenha saído vencedora, o conflito entre essas propostas
não teve desfecho e não parece ter solução a curto ou médio prazo. E os políticos, teóricos e analistas continuam se
perguntando quanto tempo poderá a liberdade resistir a essa íntima convivência com a desigualdade.
A sociologia é uma das áreas do saber em que essas questões são permanentemente estudadas e avaliadas.
As teorias sociológicas se dividiram, optando pela defesa da democracia liberal ou pelo suporte ao socialismo e
posicionando-se em favor de uma ordem social que privilegie a igualdade formal ou jurídica, como defende a
primeira, ou de uma igualdade social, como pretende o segundo.

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