Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
FRANCISCO JULIÃO
(depoimen tO)
duração: 6h50m
cesse mai s i n te re s s an te .
fala José Lins do Rego em um dos seus l i vros , quando con fe�
s a que pass ava perto dos moradores com seu avô , e e l e s en-
o bom mode lador vai mode lando o barro , e eramos um barro mui
tação dos e s c ravos , todos os e s c ravos que pos suí a quiseram fi-
c i s co de P au l a , e eu me s e n t i a muito vinculado a e le .
da . Er a advogado e po l í ti c o .
nao vamos defender os c ampone ses , se e les não têm advogado ? "
E u cons i de rava que , sem a parti cipação dos campone ses , não se
que, no ano em que dei xamos a univer si dade com todas éqUelas
'Iv" J, ,,
que e le não tinha mais senti do h i s tori camente . Mas não era
verdade .
N a Amé rica Latin a , o campo ainda e s tava comp le tame�
campo . E nenhum ins trume nto era mais adequado do que o Cô
Ji�'
d�g o c�v�i. Ao invé s de levar ao camp� O cap��ai, de Marx ,
5
Também era época de p l antio em suas terras , e ele pre c i s ava
mas e s s e s foreiros . . .
foro , nesse caso , está apl i c ada de forma correta . Mas a ter
ódio de sses dias de trab alho . E ram pouc os , mas e l e s odi avam
vam de c ambão .
A pal avra cambão , no Nordeste , é ap l i cada prec i s a-
sem receber nada em troca : nem dinhe iro , nem comi da , nem coi
era sempre uma categoria social mui to mais humi lde . E o fo-
do que o ei teiro .
pes soa cobrava mais dele do que do propr i e t ári o , que tinha
cambão .
está de acordo com a lei . É c l aro que não e � sua lei , mas
está de acordo com a lei , mas a lei aqui proíbe : não se pode
parte , buscando .
consegui nte , era urna le gi s l ação de c l asse , nao era urna legi�
Era pre c i s o uni fi car , organi zar e s s a gente . Nesse sen tido ,
formadas em documento s .
le ceu nesse comé rcio e tinha relações com senh ores de enge-
muito inte l i gente , mui to hábi l . Tudo e ra pos s í vel a esse ho-
as maos .
influênci a .
z i a: " Olhe, exi s te uma pessoa que está fazendo assim e as-
ele foi estupi damente a ssa s s inado . É uma hi s tória muito do-
lorosa .
Teixe i r a .
um crime pol i tico . Era como que uma advertência para mim:
� INAL DA F I TA l-A]
F.J. -- Então, e le se comprome teu muito comigo e acabou se
ral , que di z i a : " Olhe , temos que votar nos candidatos que d§.
le za com que esse assassina to foi feito. Por trás , havia uma
A. C . --
Uma b a l a n o pei to?
tal forma que , no dia seguinte , o caixão teve que ficar aber
e u s ab i a quem e ra o a s s a s s i n o .
A. C. -- Quem era?
tremendo .
/3
A . C . -- Quem e ra?
c i s o dei xar i s s o bem c l aro . Creio que a gente deva e s tar sem
era tremendo . Meu primo era tão queri do , tão que r i do , que
até os cegos vie ram de longe e , como não podi am vê- l o , toma-
máti c a .
IS
F.J. -- Quantos e quantos , nao é ? Antônio foi um de ss es .
mesmas i n tençõe s .
de socie dade que nao vai - lhe dar a oportun i dade de ser t ra-
va por que .
�
E u p ode r i a figurar um exemp l o . Um campone s se ne-
chamado O que úio a.6 -f-<-ga.6 c.amp o Yl e.6a.6. Mas eu pode r i a dar um
palavra sem s aber que e stava ferindo a lei e , como voce diz
o proprietário não lhe expli cou que esse contrato não podia
liz ados por voces . Então , vocês têm que dar uma aj uda para
terra .
de r .
19
De acordo com o Cõd�go e�v�i , o proprietário tinha
que noti fi car o camponê s par a , dentro de seis mese s , deixar
mais que trabalhar para o proprie tári o , nem dar o �ão , nem
aprovei tando até o c l aro da lua , porque você vai perder a que�
tão , mas asse guro que você viverá aqui um ano , doi s anos ,
sem , que todos segui s sem o mesmo exemp lo . Por isso é que f�
nao
-
e e le pergunta : "Por que e que vo ces vão dar o camb ão? Por
02.0
e le tem que pagar a inden i z ação de suas lavouras, das arvo-
agora" .
ências sempre se prorro gam mui to : um mês para reali zar uma
por comodismo e para não parecer que e s tava sendo parcial, ele
21
pode r i a ab solutamente de s conhecê- la . Ele preferia nao ir e
gente tinh a me d o .
!t' ':)
"/
./
r
0"1
. ·1'
A c i r cun s tân c i a der.- n o dia da audiên ci a , ( sen tar-se
.e
'
i �uriOso � q� ; se pass ava dentro de le , que valores
,,.-
tinha l e s s e campone s . O prob lema da palavra , da verdade . . .
(2,,, J" •
E-le consi derava que o h omem r i co não pod�a menti r , não devi d
e u observava .
c i a l de le .
2.2
F.J. - 10: muito importante e s s e dado, e por i s s o a gente tem
te a l e i , mas que j ure também ante Deus que vai di zer a ver-
dade, pois, pos sive lmente, a tes temunha é temente a Deus " .
e le respondi a : "Precisamente 11 •
sa Con s t i tui ção foi j urada baixo os auspí cios de Deus . Se ela
Deus , porque , se a tes temunha j ura perante Deus , ela sabe qtE ,
ria narrar uma série de i nci dentes des s a nature z a , mas e mui
to largo .
as fundaram .
víncu los com os campone ses parti ram de uma demanda desses tra
so de luta j ur íd ica ?
parada , sem nenhum advogado para de fendê- los , sem nenhuma per�
de con s ciê n cia de seus direitos , que res i s t i ram e foram suma
26
E, para ouvir 6 4 tes temunhas , leva-se mui to tempo : um ano I
t o devo l u t i vo .
go !
j á havi a i s s o .
A.C. -- Jaboatão?
A. C . -- E n o s u l do e s tado , nada?
2&
questao que envolvi a duas propriedades que os proprietários
to de c ampone ses .
soa .
2.. 9
s ab e r como se faz j us t i ça e , por i s s o , me perguntavam se ha-
-
di s tribui a j u s ti ç a .
'3 0
lhe serve para i r à fei r a , com a semente , com os fenômenos
mento que fui adqui rindo na uni ve r s idade . Por suposto que na
uni ve r s i tá ri a .
mui to . Mas nunca parti cipe i , em prime iro lugar , porque nao
A. C . -- Quem e ra e le ?
me levou muito . Então , eu di sse : " O lhe , Euri co , você vai ser
embora mais inc linada para o outro lado . Uns fi rmavam o do-
cumento por temor de serem persegui dos , não por convi c çao ,
vida de academi a .
homem que teve uma atuação intere s s ante em re lação aos u si
35
s a i u Demócri to de Sousa Fi lho , de onde sa iu , naturalmente , o
por que é que a gente não e s tabe lece uma me ta? Vamos trab a
tusi asmo por parte dos cole gas . Basta di zer que convidei mUh
uma cade i ra n a uni versi dade ; outros que riam montar s ua banca
c amponeses .
se a gen te e scapa dos 3 0 , pode vi ver até 100 " . O norde s tino
bem pens a d a .
F.J. -- Não , foi muito an tes disso . Barbosa Lima acabou sen
era o candidato i de a l .
parece mui to curi oso que o senhor concorde com e le nesse par
ti cular . Eu gos tari a que nos falasse um pouco sobre essa le
F.J. -- Olhe , con s i dero que a legis lação que foi i n s p i rada
nho e lementos para loc ali zar onde e s s e con f l i to foi mai s for
te .
31
e s s e segmento dos fornecedores confundindo-se quase que com
�INAL DA FITA 2 -�
te .
pones mais do que uma grande empre s a melhor organ i zada . Te
concorda .
campones n e c e s s i tava comp lementar o seu orç ame nto fami l iar �
n a e do corte .
concordo .
te tem que fazer uma pequena dis tin ção : Agamenon tanbém e s t ava
"1 2
li gado aos usine i ros , basta di zer que um dos seus �D)S e ra
um usine i ro .
A . C . -- Quem e r a ?
mao forte .
em detrimen to de outros ?
temos que convir que , com todos os erros e perse gui ções polí
mea culpa porque , naquela época , também comb ati mui to Agame
se l i vro e anotava .
por que .
muito entusiasmo .
A. C . --
O senhor nao pensou em entrar para a Esquerda Demo
F. J . -- Mas e p reciso você cons ide rar que foi o grande for-
ambi g�i dade do partido . O partido tomou uma deci s ão que nao
mais .
[2:NTERRUPÇÃO DE FITA]
de mob i l i z ação popular que talvez possamos con s i de rar pre cuE
e que pare ce que deram ori gem a umas l i gas urban as , em Poti�
49
Comun i s t a , j á na epoca em que se lançou a candidatura de Mi-
50
en genho , de um grande fornece dor . E u , por problemas de dis-
legí tima , deu a s terras aos outros filhos e Pr azeres fOi , por
m o de sse senhor .
zões por que fui advogado de mui tos filhos i legí timos , em PeE
nambuco , a come çar por e l ementos da minha próp ria famí lia .
nho que come çar a j us t i ç a por cas a , fazendo re conhe cer essa
51
Al guns me ch amavam : "Vamos en trar em um en tendimen to , sem ruí
não é ? "
gente tem que sa lientar o pape l do irmão dele , que sempre foi
então , se fundou a l i ga .
52
Havia uma concentração muito forte . E continuaram: " E aqui
ta
- bem" . M arcamos um d oml. n go , e eu fU l. .
los .
A coope rativa , entre outras coi sas , que r i a cx:ntratar
v � da S e v e�ú! a .
dinhei ro para sepultar os seus mortos , evi tando ter que se
5 -L\
a ter con tato direto com os campone ses , porque j á defendia
cês não vão comi go , para a gente dar uma ce rta assistência aos
55
organi zaçõe s . E le s continuaram chamando de as soci açõe s .
con s i de rou que a a s s oci ação era uma coi s a perfeitamente anó
S6
mais camponeses , de f a z e r com que se defendessem contra o cam
to ; e você I tantoll •
e xp l i ca também por que o movime nto nao foi liqui dado aí , ap�
5"1-
ou , quem s abe , até as li gas c amponesas do sé culo XVI , n a Al�
manha Cent ral , que eram movimen tos de uma grande violé n c i a .
sE>
Antes , e le fora e s c olhido como uma espécie de membro honorá-
bus caram , natur almente , foram ori entados por al guém . N ã o sei
53
Toda ve z que se reune um grupo de camponeses e se come ça a
e les .
s i onomia do Norde s te .
W
em uma tragédi a . Você sabe que , aqui , o lati fúndio está mui-
b lema que vem de longe e vou s e guir com e s s e traba lho . Agora ,
61
Você tem doi s , mas que j á devem estar com a l í n gua de fora ,
b e ta .
e e u a traduz i a em documentos .
Vou contar uma anedota que nunca narrei mas que agora j á po�
soa que tinha s impati a por nós . Mas o fato é que e le foi sim
coi s as .
b3
que se lhe mate " . Meu colega ! E u nao quero dar o nome dele.
a liança .
se u. voc:e . . .
zero
F .J . --
Como e que eu s e i ? Bem , como eu di sse a vo ce , eu
tor i s t a e s a i u .
65
o camarada s ai u e no me i o do caminho , de repente , d i s s e ao
motori s t a : " Vo lte para casa " . o moto r i s t a deu a vol ta , e ele
cio da Jus ti ç a , ele veio a mim e d i s s e : " O lhe , fui mui to arn!.
go de fulano , que acaba de morre r , e ele me con fessou i s s o .
p l i car .
l i dade po l í ti c a .
66
fi gurando Emi l i ano Z apata , contribuiu para dar certas resso
nambuco nao vai para d i ante , o Norde s te nao vai para diante ,
se e tcll •
6 "1-
des s a burgue s i a industri a l , intere s s ada em sair das di fi cul
por exemp lo , pass avam j orn alis tas como He r á c l i to S ales do Jo�
lado , do C o��eio da M a n h ã.
de s ã o Paul o .
intere s s ante .
t impre s s i onante .
te rnacional da l i ga .
Era uma época de grande agi tação . Josué deu uma aj uda e foi
ciai s fa lavam com entusi asmo e sentia que havia ce rto inte-
uma fase mui to in tere s s an te , porque era uma fase arrbígua , enée
foi uma coi s a notáve l . Ent ramos com toda e s s a mas s a campon�
ta
Falavam , di z i am muitas coi s as , porem i s s o nao se repe ti a .
se : " O lhe , d . Mari a Luí s a , não posso usar e s s a expres são , po!:
va de campo " .
11
um lati fundi st a . Por conseguinte , as duas p a l avras adquiri-
do 19 de maio de 5 6 .
foi ?
A.C. -- Foi em 5 5 .
A.C. --
O governo de P e rnambuco e s t ava envolvido n i s s o ou
uma cidade rebe l ada . Antes ou depoi s , o fato foi que os cam
z i u o congre s s o .
F.J. Bem , vou contar o que se passou com José dos Praze-
apoiar Ci d .
h omem de e s perança .
13
mai s de quatro anos , uma demanda feroz , uma luta tnmEnda, POE
lé i a .
l i z amos gente , porque havia uma resi stência muito grande de�
para que eu apre sentasse pro j e tos de desapropri ação : " Olhe ,
terra . Mas , para pagar em dinh e i r o que você vai usar para
tipo superior , organ i z ada em forma j á bas tante avan çada mas
se : " O lhe , nao vou f z e r uma coi s a dessas , porque o que voce
A.C. -- A propós i to de G al i lé i a?
A agitação era grande , e a úni ca coi s a que pedi a Cid foi que
1'5
Não quero mai s nada de voce , senao que a po l í c i a nunca mais
ve l o I s s o era um pas s o .
depo i s , os usine i ros fi ze ram pre s s ão para que sua polí cia pri
part i cipara , e s tava muito i n f l uenci ado e tinha muito nome den
1-6
F.J. -- Foi muito inte re s s ante . E le foi lá para ofereoer um
dente q uer mandar para nós . E s t á bem que a gente tenha aqui
ou não s e i para onde , porque o que ele quer é di spe rsar vo
cés por aí afora , para que o movime nto des apare ç a . E l e quer
11
Gal i lé i a . E s s a coi s a deve ser di ta , porque é h i s tóri a . Dis
" O lhe , nao queremos mai s o ve lho Praz eres lá" . E le foi e x-
guiu e , quando C i d viu que ele nao tinha mais forç a , despe-
to .
+&
nacion a l .
l i ga vai lhe dar uma bomb a , para voci ter aí duas ou tris pe�
der que nao era uma coi s a pe s s oal . Mas fui e u que comprei a
nar .
"1-9
Quero acre d i t ar que Prazeres f o s s e um homem re s s e n t i do com o
inve s t i gada . o que se pas s a com o rap a z que foi o meu braço
Bahia e do i n t e r i or .
A. C . -- Ele e b a i an o ?
se comprom i s s o .
�I
ace lerasse tan t o , de um pouco mais de calma , então o CloOOmir
ace le rava demai s , e com i s s o cri ava problemas . Não elegia bem
tido .
senhor e s t ava mui to soz inho para organ i z ar uma coi sa muito
F.J. -- Devo aqui recordar uma co i s a , que des cobri como ad
campon e s a s s urgi ram e que a gen te vi u que , por mais que tra
82
um movimento campones com uma força incon t í ve l .
do" .
quadros intermedi ári os , dos quadros que pude s sem trab alhar di
gógi co .
A. C. -- Foi em 5 6 .
dado . Eu nunca po lemi z ava com a I gre j a , pois não seria inte
um J u l i ão da I gre j a .
gunte i : " Mas , padre , onde é que você vai b us c ar tanta metra
mos que o padre era um homem que dava uma no c ravo e outra na
a lguns .
A . C . -- Quem e r am e l e s ?
brica de teci dos que fica entre Rec i fe e Olinda , uma grande
que vocês façam a l go bem feito , bem organi z ado . Mas não criem
ve l ll •
pio , aceite i : " Olhe , é inte re s sante a propo s i ç ão que você faz,
Mas não tenho muito amor a e le . Não pense que vou morrer e
te .
era quase que uma provo c açao . Não sei até que ponto seria
ç�OI' .
min ado por uma série de correntes ext remamente radicai s , das
tomava certas at i tude s , para i r cri ando uma outra con s c i ên-
zia: " O lhe , e stou cri ando aqui um peru , que e u q ue r i a que o
che r e eu vou ter que vender peru . Por que é que você nao
o peru e comemos aqui " . Ele di zi a : "Mas aqui não tem nem uma
me sa para se sentar " . E eu: " Tem , sim. A gente senta aqui
91
ganhar mais campone s e s para a coi s a . E então e u nao aceita-
era e le ?
toda a mas s a campon e s a , à dire ção da socie dade , com uma sere
ni dade , uma compo st ura , uma di gni dade imeneas . E morreu assim.
co .
92
sensato . Quando o Zezé dava uma pal avra , aqui lo e r a produto
S apé . Era um pastor prote s t ante , com uma grande vocaçao pa-
t.ante nas li gas c ampone sas , pre c i s ame n te quando a I gre j a co-
cantando" . E e le s foram .
radicali zavam .
zões e conômi ca s ?
te .
tante populos a , porque e r a uma terra boa . Sapé era uma ter-
95
o movimento campone s n o s e rtão .
s e n s í ve l , formidáve l .
de sse entrar .
o Calado .
e le i ç õe s .
uma força tremenda , com uns cartõe z inhos com a imagem do pa
os seus problemas , vendo que con f l i tos t inham com o lati fún
ci dade .
havia i s s o ?
com a matéria-prima .
qq
haver contribuído para que , entre os artesãos , pude s sem sur
dade , tanto que o campones que ara a terra não nece s s i ta fa
ram a s s im .
trazendo prob lemas , demandando , mas não tinham voto nas de ci
sões das l i gas . E s s a foi uma me d i d a tomada para impe dir que
do?
li gas , sobre o qua l , lamentave lmente , não vou poder falar, POE
tar de sse assunto agor a , mas numa outra oportun i dade , quando
eu realmente considere . . .
�01
em um de s a s t re de avião . . . E n fi m , as co i s as e s tão , pelo me-
nado à sua direita por uma I gre j a c ada ve z mais organi zada ,
tro cri ava . Ele tinha uma person a l i dade muito poderos a , mul
lendo no e x í l i o .
I ução Cubana .
nJis do pa í s .
tênti ca , e , para ser autên tica , tinha que ser autônoma , ter
que es tavam e s perando , que est avam sensib i l i z ados , mas nao
s i tavam e s tar nas l i gas . E outros , que não eram campone ses ,
" Ben ç a , mãe " , e s s e úl timo documento a que me re feri , que cau
n i ão .
ameri cano .
ame ri cano de campone se s , para uni fi car todo o pen s amento ca�
tor em f un c i oname n to .
de u a divergê n c i a ?
man i fe s t o s ? "
você pode imaginar o que era ter que voltar correndo
que era a oportunidade que tinha para expropr iar as s uas ter
e u próprio encontre i .
[FINAL DA FITA 4 - B J
tinham uma l i n guagem muito vi olenta . Quando fal avam nas con
tos . Quem qceria votar não podi a , porqce era o campones anal fa-
beto . 10 =t-
E u expli cava , para que falas sem uma lin guagem um po�
me candidat ava -- , mas foi uma batalha mui to dura . Perdi mui
ros , i n c lus ive do padre A l ipio de Freitas , que usava uma lin
terrive l .
todo esse lado de cooperat i vas , de con se gui r bene f i c ios . Acho
campone s e s daque la re gi ão .
A. C. -- Barreto?
F.J. -- S im ; Barre to .
e ame açou com a e xcomunhão a todo aque le que tive s s e uma ch�
te tinha me do .
companhei ros que radi c a l i z avam de tal forma que e u tinha que
dito que e s s e voto radi cal , que você con s e guiu canalizar, atra-
Bem , foi uma luta re a lmente fero z . Claro, tive mui tos
110
votos . Eu espe rava ter uns 2 0 mi l votos , e acabei com 16
não dá certo .
pone s .
b l ema . Afinal de cont as , a coi s a não fun c i onou , não foi pa-
i rrespons áve l .
di spos i t i vos e liqui dar com tudo i s s o . Mas e les vinham mui-
çao dos meus votos e para aumentar o ataque que er a feito CQn
ses fatores todos i n f l uí ram muito e também se rvi ram para gol
mendava con s tantemente : " P a dre , ande sempre com a sua batina,
ce tem que ser mais racional e ver as coisas assim . . . " Ou-
campon e s , h avia al guns padres que tinham uma postura mais oon-
F.J. -- Bem , eu começaria faz endo uma crí t i c a global aos paE
�1S
choque , as dive r gên c i a s que tínhamos em rel ação ao movimento
falar uma lin guagem que , p ara o campon ê s , era uma coi s a abso
mai s , outra dive rgê ncia que e u tinha com o partido l i gava-se
pass ado , das lutas que travou , quando fala realmente das coi
in corporá-l o .
ca?
vidade " .
nes .
que buscá-las em José Bon i fác i o , para poder chegar até Joa
tando a sua f i gura , mos t r ando que e l e fora mui to maior do que
III
trabalhi s t a . t toda uma cade i a , que adquiriu mais dinâmi c a
para que os campone ses tives sem uma voz dentro de sse i me n s o
ri a , que partiu de uma luta gue rri lhe ir a em uma serr a , luta
1 2.1
porque e s t avam todos empo lgados e entusiasmados pe la Revo lu-
ção Cuban a . Era uma coi sa nova que surgi a nesse continente ,
geneas , mas que não creio que o se j am tanto . Você pode so-
z onte . Para dar uma vi são ampla , um pouco a vôo de pass aro ,
pol i ti c a j á mai s organi zada de todas aque las rebe liões c amP2
so que a liga nas ceu em Pernambuco ; não foi por acaso que sUE
mensão muito mai s avan ç ada , muito mais organi zad a , sem aque-
/2. 3
rea lmente un i t á rio ; a resol ução fin a l e uma reso lução un i t á
ri a .
ona l .
se o senhor concor da .
A.C. -- Aonde?
nao sei o nome . Aí fi zemos a l gumas con fe rên cias e mobi l i za
/25
e lementos que n ao ti nham nenhuma sens ibi l i dade para o pro
Havia mai s fle xibi li dade , não e s t ávamos em uma pos i ç ão es qu�
j a , h avi am s i do fundados pe l a l i g a .
lembra agora ?
fui conversar com ele para ace lerar a fundação dos sindicatos .
de sua con fi ança a Jaboatão , para ver quem e que tem forç a ,
zaçao .
s a coi s a .
/2 7
um suporte insti tucional ao movime n to ; e o n í ve l dos c ampon�
formação da so ciedade .
i s s o realmente o q ue ocorreu?
/2cf
havi a também o movimento e s tudan ti l , que es tava muito sensi
que pens avam aque les que vinham do Norte , com uma l i n guagem
nova e t c .
sar com o gove rnador Magalhães Pinto , que q ueria falar comi
to . Fui conve r s ar com e le . Ele dizia: " Olhe , não sou soci a
z i a aos companhe i ros : " O lhem , por que e que nao vamos con-
-
I� O
S oci a l i s t a vi r a ser um partido grande , podero so , um partido
[FINAL DA F I TA 5-�
2 � En trevi s ta : 0 6 . 12 . 1 9 7 7
/J /
em termos de mobi li dade geográ fi ca , percorrendo as regiões do
maiores de talhes .
/32
mais no s e tor campone s , mas i s s o nao quer di zer que eu tam
coi s as ?
/3 3
aos respectivos es tado s , e recebi um convi te p ara entencer--ITe
gi u a i dé i a de um encontro com J an go .
pre s i dente . . .
AP !
IJ C)
em Minas Gerai s , e le tinha muito prestí gi o , muito nome . E ele
aí haj a mati ze s .
ri a , um propósi to firme ?
A. C . -- Quais e r am as di ferenças ?
/3 6
Alian ç a Para o Progre s s o , fazer uma re forma fiscal e democr�
mas de forma muito bem pen s ada , bem mode rad a , e e u e s tava em
çada .
que , daí , tenha come çado a surgi r um con flito inevi táve l en
Bra si l .
A. C . --
O senhor foi contra a vo lta ao pre sidenciali smo e
F.J. --
Sim, contra a vo l t a ao pre s i de n ci ali smo . Tomei uma
1 3 7-
di s s e . . .
de sse . . .
foi par lamentar i s t a . Por outro lado , obse rvei que o parla
/3�
harmon i c amen te . A indus triali zação deve r i a marchar paral e l a
ra.
se fortale cendo .
importân c i a do voto .
1 ?;; 9
do que com as funções executivas .
não?
F . J . -- E xatame n te ; i s so e verdade .
o meu temor , que e xp l i ca o meu di s tanc i amento para com Jan go.
los a .
F . J . -- S i m , c l aro .
de Jan g o . E r a u m homem que tinha uma pos tura muito mais avan
conse guinte , foi arrast ado por e s sas forças tão pode rosas .
pouco a pouco , que nao e r a aque le homem que pens ávamos e s tar
guinte , uma posi ção que , a principio , mui ta gente não sentiu.
q ueri a che gar . Até que e le che gou ao que che go u , quando Ar
1 �5
fomos percebendo q ue nao e r a , re a lmen te , um homem identi f i ca
poi s .
c i l i ar .
A.C. --
O senhor nao teve nenhuma di f i c u l dade em s e re lacio
te .
A . C . -- E naque las áreas onde ho uve atritos entre os ��
organ i z ação .
gas pass aram a chamar e s s e s s indi cato s d e " s indi catos das l i
gas " , querendo com i s s o dize r que s e tra tava de um sindi cato
lho da s i n di ca l i z aç ão rura l .
quer sindi cato que e s te j a aí funci onando foi fundado por nos .
essas lutas .
di catos .
ciativa das li gas . Nós e que proce s s amos tudo , fi zemos todos
do s indicali smo .
partido , ou não?
e tomou uma posi ção contrári a ao stalini smo . Cre io que i sso
des , porque tinha uma pos i ç ão mais radi cal , mais avançada .
Is o
problemas , como a invasão de terras . Por conseguinte , o mo-
e s s a penetração , e i s s o e xp l i ca o s e u de s censo .
de sensibi l i zar , de tal sorte que , quando eu che gava, ]X)r exem
15 I
havi a , naturalmente , um movime nto no Norte , controlado pe la
A.C. - Aonde ?
você ve j a i s s o n a Câmara .
•
e s c utado . E le e s tá muito ri co , ho j e , l â no P i auí . É um me
/5 2
no interior do Ceará e do P i auí , onde e u ainda nao tinha po�
l i smo .
/5 3
ve r e s s e fenômeno . Não d i go que foi coin c i dênci a . N ã o foi
I S -4
no senti do hor i z onta l , no sentido de sensibi l i zação de mas
ver mui t as forças políti cas atuan do , mas nenhuma de las e xata
sem .
I ss
e u tinh a , quando i a para a e s co l a e o me u companhe i ro de br�
-
trar em choque com uma I gre j a que tem a con s ciênci a mística
to .
um marxi s t a-human i s t a .
teri a l i s tas . Mas si nto uma grande s impatia e sempre fui ca
/5 8
de um mar�i smo comum e , por outro lado , havia no senhor uma
polí t i c a .
rir o d i re i t o ao s al ár i o mínimo . . .
go .
/{, o
deve ter pes ado a sua expe riên c i a de ter vi sto que a l e gi s l�
medi da .
di g o ,,-ivi.€. .
s i n ato à vi da polí t i c a .
aumento de s a lári o s ?
nou a greve .
mo nós es tamos pass ando" . Gre ve muito bem organ i z ada , com
os pique tes armados com s uas foi ces e tudo i s s o . Não se fa-
/ 6 2.
Tudo o que a clas se obrei ra tinha , tinha o campones , e com
uma vant agem: é que a c lasse obreira era mais fáci l de ser
se lhe pagasse tudo . Usine i ro não fal tava , nin guém faltava .
camponê s 11 •
/6 3
campones , da j us ti ç a no c ampo .
F . J . -- Acho que s i m .
Barre i ros , j á que o senhor mos t r a muito bem com as l i gas fo-
/6.I.J
da usi na . Ame a çaram , i n c l us i ve , invadir a us in a , de struí-la
lhadores da us i n a .
�NTE RRUPÇÃO DE F I T�
não?
coi s as das quai s nunca busque i , mai s tarde , uma exp l i c ação
s o as , não?
l e n to .
/6 6
A.C. -- E foi i s s o o que levou àque l a e xpe ri ê n c i a fraca s s a
te em muitos s e tore s .
Tinha b ancos . . .
/{, 7
i s s o transpi rou e criou um certo . . . Não sei se criou ciúmes
" Eu dou tudo , você pode di spor das terras e fazer uma grande
para denun ciar , para dar uma voz a quem não tinh a .
que a fas cinação que Cuba e xe rce u s ob re mui tos pol i ti cos , na
última ve z .
A. C. -- P or quê ?
foi .
/6 9
permane ce r no Bras i l . Nesse momento , cheguei a lançar um ma
s ua pri s ão . . .
A. C. --
Sim . E o senhor s ai u do Bra s i l em que ano?
1 70
Cruz .
fede r ação .
I ugo s l ávi a , mas não me deram asi lo , porque havi a um con flito
111
e pedi ram-me para e s pe r ar um mes , mas nao e r a po s s í ve l mais
outra emb ai xada , mas , ante s , fiz gestões para ver se pe rman�
b ai xador me deu o a s i l o p o l í t i co .
[! INAL DO DEPOIMENT �
/ 73