Contribuições da Psicanálise no Acompanhamento terapêutico
Débora Zanutto Cardillo
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
1. Objetivos
O Acompanhamento terapêutico surge como
uma modalidade de intervenção que provém do
movimento de desinstitucionalização do doente
mental [1]. Ao transformar a rua em um espaço
clínica, passível de transformações abre-se a
possibilidade de trabalho entre o paciente e
terapeuta para que o paciente produza
criativamente.
Ao pensar no acompanhamento terapêutico
como uma função, este pode aproximar-se da
clínica psicanalítica a partir da ética para que
produza efeitos terapêuticos: “alívio do
sofrimento, possibilidade de produção e de
articulação do social” [2].
Assim, o trabalho visa articular o conceito de
acompanhamento terapêutico no âmbito da
clínica psicanalítica.
2. Método
Para tal estudo foram realizados estudos biblio-
gráficos no catálogo virtual DEDALUS
referentes aos materiais (livros e teses)
relacionados ao tema. Realizou-se também
pesquisa nas bases de dados PSICODOC e
Web of Science para levantamento dos artigos
científicos publicados em periódicos da
biblioteca de Psicologia da USP. Foram
privilegiados os textos de Sigmund Freud,
Jacques Lacan e de analistas lacanianos.
3. Resultados e Discussão
A escolha do referencial teórico está baseada
na clínica sob transferência, tendo como
questão central – qual é o lugar do acompanha-
mento terapêutico a partir da ética
psicanalítica? Se o atendimento terapêutico
está voltado para o acompanhamento do
paciente em suas relações com a realidade,
pode ocorrer aí emergências do sujeito do
inconsciente. Essas emergências permitem
uma escuta analítica própria a cada situação.
4. Conclusões
O manejo que pode ser feito num
acompanhamento terapêutico depende de um
diagnóstico estrutural do sujeito. O sentido do
trabalho do acompanhante está diretamente
ligado à questão transferencial, ao fazer disso
um dispositivo que faça emergir do paciente
suas particularidades, tendo em vista a
construção de vínculos e integração social.
Pensa-se que o acompanhamento pode
também servir de auxiliar em momentos
emergenciais de um tratamento psicanalítico,
mas deve-se ressaltar que a “análise não é
vista como uma evolução em relação ao
trabalho de acompanhamento terapêutico, mas
sim em planos simbolicamente diferentes” [3].
5. Referências Bibliográficas
[1] Sereno, Deborah (1996).Acompanhamento
terapêutico de pacientes psicóticos. Uma
clínica na cidade. Dissertação de Mestrado do
Instituto de Psicologia da USP.
[2] Idem, p. 29.
[3] Prates e Silva & Santos e Silva (1997).
Acompanhamento terapêutico: técnicas e ética.
In: Crise e Cidade. Acompanhamento
terapêutico.(Org.) Equipe de Acompanhantes
terapêuticos de A CASA, p. 226, Editora Educ,
São Paulo.