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Escola Tomista
Professor Carlos Nougué
Aula 50
Bem-vindos à 50ª aula de nossa Escola Tomista. Estamos no Tratado do
Peri Hermeneias, ou Sobre a Interpretação ou Sobre a Enunciação II. Não será
um Tratado longo. Mais longos serão os outros Tratados. Este não é tão longo,
mas é de grande importância, fundamental que o entendamos minimamente
para que consigamos seguir com segurança no caminho de nossa Escola, rumo
à Sabedoria, ou ao menos, ao preparar-se para a Sabedoria. Pois bem!
O que é que as faz distinguir? Justamente a preposição sobre (em cima de) e a
preposição sob (embaixo de).
Pois bem, a Lógica trata o nome, verbo, as orações e etc., e a razão destas
coisas pertence às vozes não enquanto tenham uma significação natural, mas
enquanto significam por instituição humana. Já vimos que, aqui neste ponto,
digamos que Aristóteles tem certa má vontade com seu mestre, Platão.
Voltaremos a tratar disto. E que é plenamente possível como já no-lo assinala,
nos indica o mesmo Santo Tomás, é possível a conciliação, conciliação que o
Pe. Calderón faz do seu lado, que eu faço na Suma Gramatical e que faço longa,
muito longamente no livro Da Arte do Belo. Mas o que é importante, agora e aqui,
é entender que os Nomes e os Verbos significam os conceitos, imediatamente
os conceitos intelectuais e mediatamente as coisas. Por que é assim? Porque
sendo signos elas são – os Nomes e os Verbos – são signos de nossas
concepções, que são, por sua vez como semelhanças das coisas. Com efeito,
como dizia Aristóteles, nossa alma são todas as coisas. Nossa alma é ou são
todas as coisas. Por quê? Porque todas as coisas são concebidas em nossa
mente por uma efetiva semelhança. Este é o erro dos modernos: eles não estão
enganados ao dizer, contra certo realismo exagerado, eles não estão enganados
ao dizer que as palavras significam nossas concepções. Eles estão enganados
ao dizer que, portanto, nossas palavras são falhas, são falaciosas, porque elas
não significam as coisas mesmas, senão que significam as nossas concepções,
mas o que eles esquecem de dizer é que nossas concepções – isso vem de
Kant, mas já tinha o pé no Nominalismo – o que eles esquecem de dizer é que,
se significam, sim, imediatamente, nossas concepções, acabam por significar
mediatamente as coisas porque, justamente porque nossas concepções não são
falazes. Elas são efetivamente, semelhança das coisas extra mentais. Enquanto
são convencionais, os signos atendem, antes, a razão de instituição, elas são
instituídas humanamente. Mas os conceitos, as nossas concepções intelectuais,
têm sim razão de semelhança. As coisas não nos podem ser conhecidas na
alma, em nossa alma, senão por alguma semelhança que nela exista, esteja esta
semelhança presente nos sentidos, pelas espécies sensíveis – voltaremos a ver
isto – seja no intelecto, pelas espécies inteligíveis.
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Pois bem, comecemos então, agora, por definir o Verbo. Verbo é a voz
significativa a beneplácito - agora diferentemente do Nome – com tempo,
nenhuma de cujas partes significa separadamente e - atenção, eis algo que não
há na definição de Nome – e é sempre uma notificação do que se predica de
outro. Vamos de novo, com paciência. Verbo é uma voz significativa a
beneplácito (por instituição), com tempo (ao contrario do Nome que é sem
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Mas, antes de prosseguir, é preciso então entender - coisa que não o faz
perfeitamente, conquanto nos indique Santo Tomás - não o faz Aristóteles. Já
Santo Tomás indica a saída para este beco-sem-saída que é a oração sem
sujeito. Porque, vejam, se como acabo de dizer, o verbo está para a enunciação
ou oração enunciativa assim como a forma ou como a alma, e o nome está como
a matéria, uma oração sem sujeito implicaria que houvesse forma sem matéria.
E isto é possível? É complexo o assunto e eu o trato detidamente na Suma
Gramatical da Língua Portuguesa, uma vez mais, e lhes deixo aí o documento
desta aula, o documento único, que é exatamente sobre isto. Peço-lhes que
tenham-na em mãos ou diante dos olhos este documento que lhes deixo aí, está
certo? Peço-lhes que me acompanhem, vai ser um pouquinho longo, porque é
preciso entender claramente isto de oração sem sujeito. Porque, se há oração
sem sujeito, de fato, então isto quer dizer que a própria doutrina do Peri
Hermenéias é manca, é falha. Falta-lhe algo. Pensei manco em espanhol,
manco em espanhol é quem não tem uma mão, não é o que manca. Bom, é
falho, falta-lhe algo, algo essencial. Com efeito, nós aprendemos nos nossos
manuais escolares gramaticais - péssimos manuais - e nas mesmas melhores
gramáticas falhas em tantas coisas, no entanto que, oração, é assim que
aprendemos, que oração é aquilo constituído de sujeito e predicado. Todos
aprendemos isso. O sujeito é aquilo que se predica o predicado e o predicado é
aquilo que se predica do sujeito. Pois bem, e no entanto, pouco depois, vêm as
mesmas gramaticas e manuais dizer-nos que há oração sem sujeito, então, isto
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Pois bem, a ultima partícula, que é um pouquinho mais difícil, diz que o
verbo é sempre uma notificação do que se predica de outro. O que se predica
de outro é o predicado e o outro é o sujeito. O sujeito é o que se predica do
predicado enquanto o predicado é aquilo que se predica do sujeito. Pois bem,
esta última partícula é sempre uma notificação do que se predica de outro,
distingue o verbo não apenas do nome, dos substantivos, adjetivos e tal, mas
também dos particípios. Feito, que de certo modo cossignifica tempo, mas pode
usar-se como sujeito. Então vejam, O dito estava correto. O dito por alguém
estava correto. Veja, dito é um particípio que está ali como sujeito. Mas já vimos
que, para que, de fato, entendamos que tempo o particípio quer expressar, quer
o chamado particípio presente, quer o chamado particípio passado, é preciso
que isso seja indicado por outro verbo. Mas o verbo só pode estar como sujeito
se for tomado como nome. Por exemplo, correm é verbo. Cossignifica tempo.
Mas eu posso usá-lo como sujeito se eu for substantivar, ou seja, se eu tratar
assim: O “correm” foi usado muitas vezes por fulano em seu texto. Ou seja, o
termo correm foi usado muitas vezes (só assim), e aí perdeu a capacidade de
cossignificar tempo, está certo? Pois bem, esta partícula de definição quer dizer
que o verbo sempre conota predicação de outro. Que outro? O sujeito. Indica a
ação procedente de um sujeito ou a paixão inerente ou padecida por um sujeito.
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atenção. Eu acho que esta aula ficou ainda mais clara - permitam-me a crença
ou suposição, que na aula passada - e na aula que vem, estudaremos a oração,
ou seja, o princípio formal da Enunciação. Já vimos algo da oração na aula
passada com aquele longo documento que extraí da Suma Gramatical.
Voltaremos a vê-lo detidamente, para depois estudar a Enunciação em si
mesma, a oposição das Enunciações, tudo muito importante em nosso caminho
que conduz à Sabedoria. Muito obrigado a todos pela atenção e até a nossa
próxima aula.