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SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – SEDE

GERÊNCIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL – GEPAF


UNIDADE DE ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS - UEFAF

Ação de Fortalecimento
da Aprendizagem
Caderno de Orientações
ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS

Componente Curricular:

Língua Portuguesa
2017
1
GOVERNADOR DE PERNAMBUCO
Paulo Henrique Saraiva Câmara

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Frederico da Costa Amâncio

SECRETÁRIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO


Ana Coelho Vieira Selva

SECRETÁRIO EXECUTIVO DE GESTÃO DA REDE


João Carlos de Cintra Charamba

SECRETÁRIO EXECUTIVO DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO


Severino José de Andrade Júnior

SECRETÁRIO EXECUTIVO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL


Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

SECRETÁRIO EXECUTIVO DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS


Ednaldo Alves de Moura Júnior

GERENTE DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL


Shirley Cristina Lacerda Malta

CHEFE DE UNIDADE DE ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS


Rosinete Salviano Feitosa

CHEFE DE UNIDADE DE BIBLIOTECAS, LEITURAS E LINGUAGENS


Adriana Santos Lima

COORDENAÇÃO DE PROJETOS DE AMPLIAÇÃO DE APRENDIZAGEM


Reginaldo Gomes Salvino

ESPECIALISTAS EM LÍNGUA PORTUGUESA DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL


Jamesson Marcelino da Silva
Karla Simone Beserra Cavalcanti
Mª da Conceição Borba de Albuquerque
Maria Luísa Araújo Guimarães
Salmo Sóstenes Pontes
Samuel Lira de Oliveira
Wanda Maria Braga Cardoso

2
SUMÁRIO

Apresentação ______________________________________________________________ 4

Introdução ________________________________________________________________ 5

1 AS GERÊNCIAS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO NO SAEPE 2016 _________________________ 6


1.1 Descritores X Percentuais alcançados pelas 16 Gerências Regionais de Educação ____ 7
1.2 Descritores com percentual de acerto de 25,1% a 50% _________________________ 7

2 Eixo Temá co (Tópico) X Descritor SAEPE X Expecta vas de Aprendizagem ____________ 8


2.1 TÓPICO I - PRÁTICAS DE LEITURA ___________________________________________ 9
2.1.1 Descritor com percentuais de 25,1% a 50% _____________________________ 9
2.1.2 Sugestão de Questões ______________________________________________ 9
2.2 TÓPICO III - RELAÇÕES ENTRE TEXTOS ______________________________________ 16
2.2.1 Descritor com percentuais de 25,1% a 50% _____________________________ 16
2.2.2 Sugestão de Questões ______________________________________________ 16
2.3 TÓPICO IV – COESÃO E COERÊNCIA ________________________________________ 24
2.3.1 Descritor com percentuais de 25,1% a 50% _____________________________ 24
2.3.2 Sugestão de Questões ______________________________________________ 25

3 SUGESTÃO DE ATIVIDADES DIDÁTICAS __________________________________________ 33

4 ANEXOS _________________________________________________________________ 46
4.1 Sugestão de textos para serem trabalhados em situações de ensino ______________ 46
4.2 Quadro compara vo descritores - rede estadual – desempenho dos anos:
2013/2014/2015/2016 por Gerência Regional de Ensino ________________________ 54
4.3 Matriz de Referência de Língua Portuguesa SAEPE- 9º ano do Ensino Fundamental ___ 85

3
APRESENTAÇÃO

CARO(A) PROFESSOR(A)

Dando con nuidade ao trabalho direcionado ao fortalecimento das aprendizagens dos


estudantes, foi elaborado pela equipe pedagógica de Língua Portuguesa da Gerência de
Polí cas Educacionais dos Anos Finais do Ensino Fundamental – GEPAF, para subsidiar o
professor em seu trabalho pedagógico, o Caderno de Ação para o Fortalecimento da
Aprendizagem em Língua Portuguesa 2017. O referido caderno tem por obje vo auxiliar
o trabalho docente, tanto nas aulas de reforço escolar, como nas aulas do horário regular,
atendendo à solicitação feita por diversos professores nos encontros de formação
con nuada promovidos pela Secretaria Execu va de Desenvolvimento da Educação –
SEDE, através da Gerência de Polí cas Educacionais dos Anos Finais do Ensino
Fundamental - GEPAF e realizados nas Gerências Regionais de Educação – GREs e nas
escolas. O material consiste na apresentação de questões elaboradas pela equipe de
Língua Portuguesa ou extraídas de livros, de exames e concursos nacionais ou do banco
de questões de sites de domínio público, entre os quais destacamos o ENEM, O INEP e a
Olimpíada de Língua Portuguesa, organizadas de acordo com os descritores do Sistema
de Avaliação do Estado de Pernambuco – SAEPE. Esperamos que este caderno auxilie a
prá ca pedagógica e o trabalho a ser desenvolvido nas aulas de Língua Portuguesa.
Bom trabalho!

Ana Selva
Secretária Execu va de Desenvolvimento da Educação

4
INTRODUÇÃO

Os Parâmetros Curriculares da Educação Básica de Pernambuco de Língua Portuguesa


para o Ensino Fundamental, documento oficial, construído cole vamente com a
par cipação de professores das redes públicas estadual, municipal e federal de ensino,
no ano de 2012, estabeleceram os conteúdos linguís cos e as expecta vas de
aprendizagem que devem ser desenvolvidas a cada Ano do Ensino Fundamental. O
documento baseia-se numa concepção sociointera va de linguagem e apresenta uma
proposta de ensino que toma os usos reais da língua em situações de comunicação,
elegendo, para tanto, o texto como objeto central de ensino, privilegiando, assim,
prá cas de uso da linguagem na escola. As expecta vas de aprendizagem definidas no
Currículo de Língua Portuguesa apresentam estreita ligação com os descritores do
Sistema de Avaliação do Estado de Pernambuco - SAEPE, uma vez que, na construção dos
Parâmetros, observou-se a importância da ar culação entre o currículo estabelecido e as
matrizes de referência de diferentes sistemas de avaliação educacional em larga escala
para integração da polí ca educacional do estado com a polí ca educacional nacional e
internacional. Quando as expecta vas de aprendizagem definidas no currículo não
contemplam totalmente um, ou outro descritor, cabe ao professor, a par r do
diagnós co da turma, e da liberdade garan da pelo próprio currículo, ampliá-la ou
aprofundá-la. O estudo e a apropriação dos documentos oficiais que norteiam o ensino e
a aprendizagem de Língua Portuguesa para os Anos Finais do Ensino Fundamental
permitem aos docentes observar os limites e possibilidades de cada um, facilitando e
orientando suas escolhas na busca con nua para alcançar o sucesso do seu trabalho - a
aprendizagem significa va por cada estudante.

5
1 AS GERÊNCIAS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO NO SAEPE 2016

GERÊNCIAS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO

6
1.1DESCRITORES X PERCENTUAIS ALCANÇADOS PELAS 16 GERÊNCIAIS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO

1.2 DESCRITORES COM PERCENTUAL DE ACERTO 25,1% A 50%

7
2 Eixo Temá co (Tópico) X Descritor SAEPE X Expecta vas de Aprendizagem

8
2.1 TÓPICO I - PRÁTICAS DE LEITURA

Os textos nem sempre apresentam uma linguagem literal. Deve haver, então, a capacidade de
reconhecer novos sen dos atribuídos às palavras dentro de uma produção textual. Além disso,
para a compreensão do que é conota vo e simbólico é preciso iden ficar não apenas a ideia, mas
também ler as entrelinhas, o que exige do leitor uma interação com o seu conhecimento de
mundo. A tarefa do leitor competente é, portanto, apreender o sen do global do texto, u lizando
recursos para a sua compreensão, de forma autônoma.

Nesse caderno, privilegiamos o desenvolvimento de questões para ampliar a competência de


fazer inferências textuais a par r do descritor D7 Inferir informação em um texto.

2.1.1 Descritor com percentuais de 25,1% a 50%

2.1.2 Sugestão de Questões

Como um filho querido

Tendo agradado ao marido nas primeiras semanas de casados, nunca quis ela se
separar da receita daquele bolo. Assim, durante 40 anos, a sobremesa louvada compôs
sobre a mesa o almoço de domingo, e celebrou toda data em que o júbilo se fizesse
necessário.
Por fim, achando ser chegada a hora, convocou ela o marido para o conciliábulo
apartado no quarto. E tendo decidido ambos, comovidos, pelo ato solene, foi à esposa
mais uma vez à cozinha assar a massa açucarada, confeitar a super cie.
Pronto o bolo, saíram juntos para levá-lo ao tabelião, a fim de que se lavrasse ato
de adoção, tornando-se ele legalmente incorporado à família, com direito ao pres gioso
sobrenome Silva, e nome Hermógenes, que havia sido do avô.
(COLASANTI, Marina Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p.57).

9
QUESTÃO 1

No conto “Como um filho querido” a esposa e o esposo foram ao tabelião com intuito de:
A) Regularizar a situação de um parente registrando seu nome.
B) Registrar o nome do filho querido que há 40 anos fazia parte da família, mas não
nha registro.
C) Lavrar o ato de adoção do bolo no tabelionato, e assim, incorporá-lo à família como
um filho querido com direito ao sobrenome da família Silva.
D) Lavrar o ato de adoção do filho querido para que o mesmo recebesse o nome do
seu avô paterno, Hermógenes.

Leia o texto seguinte:

O Drama das Paixões Platônicas na Adolescência

Bruno foi aprovado por três dos sen dos de Camila: visão, olfato e audição. Por isso,
ela precisa conquistá-lo de qualquer maneira.
Matriculada na 8ª série, a garota está determinada a ganhar o gato do 3º ano do
Ensino Médio e, para isso, conta com os conselhos de Ta , uma especialista na arte da
azaração. A tarefa não é simples, pois o moço só tem olhos para Lúcia – justo a maior “crânio”
da escola.
E agora, o que fazer? Camila entra em dieta espartana e segue as leis da conquista
elaboradas pela amiga.
Fonte: Revista Escola, março 2004, p. 63.

QUESTÃO 2

Pode-se deduzir do texto que Bruno:


A) Chama a atenção das meninas.
B) É mestre na arte de conquistar.
C) Pode ser conquistado facilmente.
D) Tem muitos dotes intelectuais.

O Fei ço do sapo

Todo lugar sempre tem um doido. Piririca da Serra tem Zoio. Ele é um sujeito cheio de
ideias, fica horas falando e anda pra cima e pra baixo, numa bicicleta pra lá de doida, que só falta
voar. O povo da cidade conta mais de mil casos de Zoio, e acha que tudo acontece, coitado, por
causa da sua sincera mania de fazer “boas ações”. Outro dia, Zoio estava passando em frente à
casa de Carmela, quando a ouviu cantar uma bela e triste canção. Zoio parou e pensou: que pena,
uma moça tão bonita, de voz tão doce, ficar assim triste e sem ape te de tanto esperar um
príncipe encantado. Isto não era justo. Achou que poderia ajudar Carmela a realizar seu sonho e
nha certeza de que justamente ele era a pessoa certa para isso.
Zoio se pôs a imaginar como iria achar um príncipe para Carmela. Pensou muito para
encontrar uma solução e finalmente teve uma grande ideia de jerico: foi até a beira do rio, pegou
um sapo verde e colocou-o numa caixa bem na porta da casa dela.

FURNARI, Eva. O fei ço do sapo. São Paulo: Editora Á ca, 2006, p. 4 e 5. Fragmento.

10
QUESTÃO 3

Colocar um sapo na porta da casa de Carmela foi uma ideia de jerico, porque essa ideia é:
A) secreta.
B) maldosa.
C) perigosa
D) absurda.

Leia o texto.
O beija-flor

O beija-flor é um dos menores pássaros do mundo, chega a medir apenas 5,5 cm


de comprimento...
O beija-flor faz seu ninho em forma de taças, de construção delicada e ar s ca. O
beija-flor se alimenta de néctar das flores e insetos. O voo do beija-flor é pico...
O beija-flor põe dois ovos minúsculos, arredondados, de cor branca.
O Estado de S. Paulo, Estadinho, 30/08/1997.

QUESTÃO 4

Do trecho “O beija-flor faz seu ninho em forma de taças de construção delicada e ar s ca”,
pode-se entender que o beija-flor é:
A) original.
B) habilidoso.
C) emo vo.
D) compreensivo.

O sistema

Os funcionários não funcionam.


Os polí cos falam, mas não dizem
Os votantes votam, mas não escolhem.
Os meios de informação desinformam.

QUESTÃO 5

Em “Os polí cos falam, mas não dizem”, está implícito que os polí cos:
A) são muito repe vos.
B) estão atualizados com os problemas do país.
C) falam muito.
D) não se comprometem com o que dizem.

Rap da felicidade

Eu só quero é ser feliz


Andar tranquilamente na favela
Onde eu nasci
E ter a consciência de que o pobre
Tem seu lugar
Rap da Felicidade. MC Cidinho e MC Doce. Programa Um. Som Livre

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QUESTÃO 6
O texto:
A) expressa um desejo.
B) dá uma explicação.
C) faz um comentário.
D) faz uma pergunta.

Leia o texto abaixo.


E aí tem a do foguete espacial. O eletricista foi consertar o foguete. Demorou a
achar o defeito. Quando terminou e ia sair, estava tudo fechado. Ele tentou se comunicar
com a torre de comando, mas foi jogado ao chão com o impacto do foguete começando a
subir. Correu para a cabine e viu um homenzinho verde dirigindo o foguete.
— Para onde estamos indo?
E o homenzinho:
— Você eu não sei. Eu estou voltando pra casa.

Ziraldo. As úl mas anedo nhas do Bichinho da Maçã. São Paulo: Melhoramentos, 2005, p. 39.

QUESTÃO 7
O homenzinho verde que estava dirigindo o foguete era um
A) anão de jardim de roupa verde.
B) astronauta em treinamento.
C) ladrão roubando o foguete.
D) marciano voltando para casa

O IMPÉRIO DA VAIDADE

Você sabe por que a televisão, a publicidade, o cinema e os jornais defendem os


músculos torneados, as vitaminas milagrosas, as modelos longilíneas e as academias de
ginás ca? Porque tudo isso dá dinheiro. Sabe por que ninguém fala do afeto e do respeito entre
duas pessoas comuns, mesmo meio gordas, um pouco feias, que fazem piquenique na praia?
Porque isso não dá dinheiro para os negociantes, mas dá prazer para os par cipantes.
O prazer é sico, independentemente do sico que se tenha: namorar, tomar milk-shake,
sen r o sol na pele, carregar o filho no colo, andar descalço, ficar em casa sem fazer nada. Os
melhores prazeres são de graça - a conversa com o amigo, o cheiro do jasmim, a rua vazia de
madrugada -, e a humanidade sempre gostou de conviver com eles. Comer uma feijoada com os
amigos, tomar uma caipirinha no sábado também é uma grande pedida. Ter um momento de
prazer é compensar muitos momentos de desprazer. Relaxar, descansar, despreocupar-se,
desligar-se da compe ção, da áspera luta pela vida - isso é prazer.
Mas vivemos num mundo onde relaxar e desligar-se se tornou um problema. O prazer
gratuito, espontâneo, está cada vez mais di cil. O que importa, o que vale, é o prazer que se
compra e se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da compe ção. Estamos subme dos a uma
cultura atroz, que quer fazer-nos infelizes, ansiosos, neuró cos. As filhas precisam ser Xuxas, as
namoradas precisam ser modelos que desfilam em Paris, os homens não podem assumir sua
idade.
Não vivemos a ditadura do corpo, mas seu contrário: um massacre da indústria e do
comércio. Querem que sintamos culpa quando nossa silhueta fica um pouco mais gorda, não
porque querem que sejamos mais saudáveis - mas porque, se não ficarmos angus ados, não
faremos mais regimes, não compraremos mais produtos dieté cos, nem produtos de beleza,
nem roupas e mais roupas. Precisam da nossa impotência, da nossa insegurança, da nossa
angús a.
O único valor coerente que essa cultura apresenta é o narcisismo.
LEITE, Paulo Moreira. O império da vaidade. Veja, 23 ago. 1995. p. 79.

12
QUESTÃO 8
O autor pretende influenciar os leitores para que eles
A) evitem todos os prazeres cuja obtenção depende de dinheiro.
B) excluam de sua vida todas as a vidades incen vadas pela mídia.
C) fiquem mais em casa e voltem a fazer os programas de an gamente.
D) sejam mais crí cos em relação ao incen vo do consumo pela mídia.
De onde vêm os ditos populares?

Eles fazem parte da nossa cultura, são usados de forma metafórica e, algumas vezes, podem
surgir carregados de sarcasmo. Certamente já foram u lizados por todos em situações em que
se pretendia se fazer entender em poucas palavras. Linguis camente, os ditados populares
são, na verdade, expressões de forte conteúdo semân co e poder comunica vo

Por Ávany França | Foto: Shu erstock| Adaptação web Caroline Svitras

Máximas, ditados populares, aforismos, adágios, suas denominações são inúmeras e até a
própria Bíblia dispõe de um livro especialmente dedicado a eles: o Livro dos Provérbios. A
pergunta é: de onde eles surgiram? Como foram iniciados? Seria a expressão “com a corda
toda” compreendida em diferentes con nentes? Alguém realmente foi “salvo pelo gongo”,
ou mesmo ficou “pescoço a pescoço” durante uma compe ção? Esses são apenas alguns
exemplos de ditados populares proferidos nos quatro cantos do planeta. Alguns possuem
entendimento comum em diferentes países, outros não farão sen do algum quando ditos
fora do contexto social a que pertencem. Todavia, eles têm sido, ao longo da trajetória
humana, um elemento de comunicação da sabedoria popular.

“A cabin with plenty of food is be er than a hungry castle.”

13
Em uma tradução livre, temos “uma pequena cabana com comida é melhor do que um
castelo esfomeado”. Se esse ditado popular for proferido no Brasil, certamente o receptor
não conseguirá entender a “mensagem”, isso porque, nesse caso, o ditado está diretamente
relacionado ao contexto histórico irlandês, em que, entre os anos de 1840 e 1845, cerca de 2
milhões de irlandeses foram vi mados pela fome. Para esse povo, o aforismo faz todo o
sen do, uma vez que com a praga da batata todos acabaram sendo a ngidos, mesmo os que
moravam em imponentes castelos.

Os fazendeiros pobres, no entanto, que viviam em pequenas cabanas, man nham uma
pequena reserva de batatas e conseguiam amenizar a fome por um tempo maior do que
aqueles que eram mais abastados e dependiam dos suprimentos alimentares vindos do
campo. Vem daí a expressão sarcás ca, aliás, o sarcasmo é uma caracterís ca forte no ethos
irlandês.

Outra figura que marca presença nos ditados irlandeses são os cavalos. É comum escutar em
conversas corriqueiras comparações com o animal equino. Um dos mais populares é o “Neck
and neck”, traduzindo-se, “pescoço e pescoço”. Cabe observar que esse ditado é empregado
cada vez que se tem como obje vo indicar que dois compe dores estão na mesma posição
de liderança, fazendo alusão às compe ções de cavalos, muito populares no país.

“pescoço e pescoço” – ditado empregado cada vez que se quer indicar que dois compe dores
estão na mesma posição

Alguns provérbios possuem alto poder de comunicação, sendo capazes, inclusive, de


transpor barreiras fronteiriças. É o que acontece com a expressão popular “não ponha a
carroça na frente dos bois”, que no país europeu subs tuem-se os bois por cavalos.
Independentemente dessa subs tuição, o significado é o mesmo: evite alterar o curso
natural das coisas.

Fonte: h p://leiturasdahistoria.uol.com.br/de-onde-vem-os-ditos-populares/
Acesso em 13-03-2017

14
QUESTÃO 9
Do texto, é coerente inferir que
A) os ditos populares se tornaram famosos porque são marcados pelo sarcasmo.
B) os ditos populares traduzem principalmente situações em que há adversidade.
C) os ditos populares dependem de um conhecimento além do saber linguís co.
D) os ditos populares estão atrelados a contextos referentes à sabedoria religiosa.

Como fazíamos sem... Xampu?

Valia até banha de urso para domar a juba


Marcus Lopes

A limpeza e a saúde dos cabelos são uma preocupação que vem da An guidade.
Plantas e essências de rosas e jasmim eram usadas pelos povos an gos do Oriente para
limpar os cabelos, controlar a oleosidade e amaciar os fios. Durante a Idade Média, as
técnicas foram trazidas para o Ocidente pelas cruzadas. Nesse período, as receitas
ganharam ingredientes mais comuns para poções mágicas do que produtos de limpeza,
tais como raiz de couve, banha de urso e rãs.
Com o tempo, as fórmulas caseiras foram subs tuídas por sabão e sabonetes para
manter os cabelos limpos. A origem do xampu remonta ao ano de 1759, quando um
homem de negócios chamado Sake Dean Mahomed criou os primeiros banhos de xampu
na Inglaterra, nos moldes dos banhos turcos. O nome vem do hindi champo, que quer
dizer "massagear". Nos anos seguintes, o produto começou a ser incorporado pelos
cabeleireiros ingleses, que adicionaram ervas aromá cas aos sabões para obter
fragrâncias especiais.
A primeira fórmula para o xampu como conhecemos surgiu em um laboratório na
Alemanha em 1890, mas começou a se popularizar apenas no século 20, após a Primeira
Guerra Mundial. No começo era um produto caro e para poucos. Com o tempo e o
crescimento da indústria da beleza, o xampu foi aprimorado e tornou-se um produto
indispensável na hora do banho.
Entre as maiores curiosidades sobre a história do xampu está a versão de que, no
século 16, o produto era u lizado como bebida energé ca pelos guerreiros na Europa. Ao
ingeri-lo, acreditava-se que o soldado ganharia forças contra os inimigos. Teria surgido
daí a expressão "tônico capilar".

FONTE: h p://aventurasnahistoria.uol.com.br/no cias/almanaque/como-faziamos-sem-


ampu.phtml#.WL06CvnyvIU
ACESSO EM 03-03-2017

QUESTÃO 10
É correta a seguinte inferência a par r do texto lido
A) O xampu é uma invenção das civilizações orientais, tendo posteriormente sido
adotada pelos países europeus.
B) A Primeira Guerra Mundial foi um acontecimento importante para a disseminação do
hábito de se usar o xampu.
C) Os produtos usados para a higiene capilar, na Idade Média, não eram os mais
adequados para a limpeza dos cabelos.
D) O xampu foi usado como bebida energé ca porque apresentava propriedades
nutricionais que o faziam ser chamado de tônico.

15
2.2 TÓPICO III - RELAÇÕES ENTRE TEXTOS
Este tópico requer que o aluno assuma uma a tude crí ca e reflexiva ao reconhecer as diferentes
ideias apresentadas sobre o mesmo tema em um único texto ou em textos diferentes. O tema se
traduz em proposições que se cruzam no interior dos textos lidos ou naquelas encontradas em
textos diferentes, mas que apresentam a mesma ideia, assim, o aluno pode ter maior
compreensão das intenções de quem escreve, sendo capaz de iden ficar posições dis ntas entre
duas ou mais opiniões rela vas ao mesmo fato ou tema.

As a vidades que envolvem a relação entre textos são essenciais para que o aluno construa a
habilidade de analisar o modo de tratamento do tema dado pelo autor e as condições de
produção, recepção e circulação dos textos.

Essas a vidades podem envolver a comparação de textos de diversos gêneros, como os


produzidos pelos alunos, os textos extraídos da Internet, de jornais, revistas, livros e textos
publicitários, entre outros.

2.2.1 Descritor com percentuais de 25,1% a 50%

GERÊNCIAS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO – PE / RESULTADO AVALIAÇÃO SAEPE -2016


LINGUA PORTUGUESA 9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL

QUADRO 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16

02

Percentual de acertos (%)


DESCRITORES COM PERCENTUAL

TÓPICO III – RELAÇÕES ENTRE TEXTOS


DE 25,1% A 50%

D14: Reconhecer semelhanças e/ou diferenças de ideias e opiniões na comparação entre textos que
tratem da mesma temá ca.

50,00 49,02 49,46 45,19

2.2.2 Sugestão de Questões


Leia os dois poemas para responder à questão 11.

Poema de sete faces


Carlos Drummond de Andrade

Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! ser gauche na
vida. // As casas espiam os homens / que correm atrás de mulheres. / A tarde talvez fosse azul, /
não houvesse tantos desejos. // O bonde passa cheio de pernas: / pernas brancas pretas
amarelas. / Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. / Porém meus olhos / não
perguntam nada. // O homem atrás do bigode / é sério, simples e forte. / Quase não conversa. /
Tem poucos, raros amigos / o homem atrás dos óculos e do bigode. // Meu Deus, por que me

16
abandonaste / se sabias que eu não era Deus, / se sabias que eu era fraco. // Mundo mundo vasto
mundo / se eu me chamasse Raimundo / seria uma rima, não seria uma solução. / Mundo mundo
vasto mundo, / mais vasto é meu coração. // Eu não devia te dizer / mas essa lua / mas esse
conhaque / botam a gente comovido como o diabo.
FONTE: h p://www.horizonte.unam.mx/brasil/drumm1.html
ACESSADO EM 03-03-2016

Com licença poé ca


Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto, / desses que tocam trombeta, anunciou: / vai carregar bandeira. /
Cargo muito pesado pra mulher, / esta espécie ainda envergonhada. / Aceito os subterfúgios que
me cabem, / sem precisar men r. / Não sou tão feia que não possa casar, / acho o Rio de Janeiro
uma beleza e / ora sim, ora não, creio em parto sem dor. / Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
/ Inauguro linhagens, fundo reinos / -- dor não é amargura. / Minha tristeza não tem pedigree, / já
a minha vontade de alegria, / sua raiz vai ao meu mil avô. / Vai ser coxo na vida é maldição pra
homem. / Mulher é desdobrável. Eu sou.
FONTE: h ps://pensador.uol.com.br/frase/MTY4MzUz/
ACESSO EM 03-03-2016
QUESTÃO 11
Os dois poemas apresentam em comum
A) a discussão referente à iden dade de gênero, ou seja, quais são os papéis próprios aos
homens e às mulheres na sociedade.
B) o problema da deformidade (torto) que a nge o eu-lírico que fala no primeiro poema e
também o que fala no segundo.
C) a presença de um espaço sico claramente definido onde transcorrem os dramas
vividos pelo eu-lírico de cada um dos dois textos.
D) as figuras anunciadoras do anjo, o qual profe za quais serão os fados a serem
carregados pelo eu-lírico de cada um dos poemas em questão.

TEXTO 1: Mapa da Devastação


A organização não-governamental SOS Mata Atlân ca e o Ins tuto Nacional de
Pesquisas Espaciais terminaram mais uma etapa do mapeamento da Mata Atlân ca
(www.sosmataatlan ca.org.br). O estudo iniciado em 1990 usa imagens de satélite
para apontar o que restou da floresta que já ocupou 1,3 milhão de km2 , ou 15% do
território brasileiro. O atlas mostra que o Rio de Janeiro con nua o campeão da
motosserra. Nos úl mos 15 anos, sua média anual de desmatamento mais do que
dobrou.
Revista Isto É – nº 1648 – 02-05-2001 São Paulo – Ed. Três.

TEXTO 2: Há qualquer coisa no ar do Rio, além de favelas


Nem só as favelas brotam nos morros cariocas. As encostas cada vez mais povoadas
no Rio de Janeiro disfarçam o avanço do reflorestamento na crista das serras, que
espalha cerca de 2 milhões de mudas na vas da Mata Atlân ca em espaço
equivalente a 1.800 gramados do Maracanã. O replan o começou há 13 anos, para
conter vertentes ameaçadas de desmoronamento. Fez mais do que isso. Mudou a
paisagem. Vista do alto, ângulo que não faz parte do co diano de seus habitantes, a
cidade aninha-se agora em colinas coroadas por labirintos verdes, formando desenhos
em curva de nível, como cafezais.
Revista Época – nº 83. 20-12-1999. Rio de Janeiro – Ed. Globo. p. 9.

17
QUESTÃO 12
Uma declaração do segundo texto que CONTRADIZ o primeiro é
A) a mata atlân ca está sendo recuperada no Rio de Janeiro.
B) as encostas cariocas estão cada vez mais povoadas.
C) as favelas con nuam surgindo nos morros cariocas.
D) o replan o segura encostas ameaçadas de desabamento.

TEXTO 1: As pombas
(Raimundo Correia)

Vai-se a primeira pomba despertada... / Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas /
De pombas vão-se dos pombais, apenas / Raia sanguínea e fresca a madrugada... // E à
tarde, quando a rígida nortada / Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, / Ruflando as
asas, sacudindo as penas, / Voltam todas em bando e em revoada... // Também dos
corações onde abotoam, / Os sonhos, um por um, céleres voam, / Como voam as pombas
dos pombais; // No azul da adolescência as asas soltam, / Fogem... Mas aos pombais as
pombas voltam, / E eles aos corações não voltam mais...

FONTE: h p://www.casadobruxo.com.br/poesia/r/pombas.htm
ACESSO EM 03-03-2017

TEXTO 2: Barcos de papel

(Guilherme de Almeida)

Quando a chuva cessava e um vento fino / franzia a tarde mida e lavada, / eu saía a
brincar pela calçada, / nos meus tempos felizes de menino. // Fazia de papel, toda uma
armada; / e, estendendo meu braço pequenino, / eu soltava os barquinhos, sem des no,
/ ao longo das sarjetas, na enxurrada... // Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles, / que
não são barcos de ouro os meus ideais: / são feitos de papel, são como aqueles, //
perfeitamente, exatamente iguais... / — Que os meus barquinhos, lá se foram eles! /
Foram-se embora e não voltaram mais!

FONTE: h p://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=16032&poeta_id=266
ACESSO EM: 21/03/2017

QUESTÃO 13
No tocante à abordagem do tema, os dois poemas se diferenciam quanto:
A) ao fato de que os dois poemas tratam a questão da perda das ilusões sem um elemento
que assinale de modo claro a passagem inevitável do tempo.
B) à noção de que os sonhos e os ideais não resistem no tempo, sendo mais fortes no
início da vida e perdendo força à medida que a pessoa envelhece.
C) ao fato de que um dos poemas começa apontando o início de uma ação, enquanto o
outro inicia indicando a interrupção de um fenômeno.
D) à forma como os textos foram escritos: o primeiro mais subje vo e o segundo mais
obje vo na exposição da ideia atrelada à perda das ilusões.

18
Leia os textos abaixo:Texto 1

Monte Castelo

Ainda que eu falasse


A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desa na sem doer
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor
Estou acordado e todos dormem
Todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria

Fonte: Legião Urbana. h ps://www.letras.mus.br/legiao-urbana/22490/


ACESSO: 16/03/2017

19
Texto 2
Soneto 11
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desa na sem doer.

É um não querer mais que bem querer;


É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;


É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Fonte: Luís Vaz de Camões. h p://www.citador.pt/poemas/amor-e-um-fogo-que-arde-sem-se-ver-
luis-vaz-de-camoes
ACESSO: 16/03/2017QUESTÃO 14
O texto 1 difere do texto 2:
A) Na constatação de que o amor pode levar até a morte.
B) Na exaltação da dor causada pelo sofrimento amoroso.
C) Na expressão da beleza do sen mento aos que amam.
D) Na rejeição da aceitação passiva do sofrimento amoroso.

Textos para as questões 15 a 16.


Texto 1
AI QUE SAUDADES DA AMÉLIA
Ataulfo Alves / Mário Lago

Nunca vi fazer tanta exigência


Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Não vê que eu sou um pobre rapaz

Você só pensa em luxo e riqueza


Tudo o que você vê, você quer
Ai meu Deus que saudade da Amélia
Aquilo sim que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado


E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado dizia
Meu filho o que se há de fazer

Amélia não nha a menor vaidade


Amélia que era a mulher de verdade
FONTE: h ps://www.vagalume.com.br/mario-lago/ai-que-saudades-da-amelia.html
ACESSO: 21/03/2017

20
Texto 2
Emília
(Haroldo Lobo)

Eu quero uma mulher, que saiba lavar e cozinhar


Que de manhã cedo, me acorde na hora de trabalhar
Só existe uma e sem ela eu não vivo em paz
Emília, Emília, Emília, eu não posso mais

Ninguém sabe igual a ela


Preparar o meu café
Não desfazendo das outras
Emília é mulher
Papai do céu é quem sabe
A falta que ela me faz
Emília, Emília, Emília, eu não posso mais...

FONTE: h ps://www.letras.mus.br/haroldo-lobo/691754/
ACESSO: 21/03/2017

Texto 3
Dandara
(Ivan Lins e Francisco Bosco)

Ela tem nome de mulher guerreira


E se veste de um jeito que só ela
Ela vive entre o aqui e o alheio
As meninas não gostam muito dela
Ela tem um tribal no tornozelo
E na nuca adormece uma serpente
O que faz ela ser quase um segredo
É ser ela assim tão transparente

Ela é livre e ser livre a faz brilhar


Ela é filha da terra, céu e mar
Dandara

Ela faz mechas claras nos cabelos


E caminha na areia pelo raso
Eu procuro saber os seus roteiros
Pra fingir que a encontro por acaso
Ela fala num celular vermelho
Com amigos e com seu namorado
Ela tem perto dela o mundo inteiro
E à volta outro mundo admirado

Ela é livre e ser livre a faz brilhar


Ela é filha da terra, céu e mar
Dandara

FONTE: h p://www.letras.com.br/ivan-lins/dandara
ACESSO: 21/03/2017

21
QUESTÃO 15
Os textos 1 e 2 são semelhantes porque
A) As duas letras tema zam o amor e a saudade que o eu-lírico sente pela ex-companheira,
evidenciando suas qualidades.
B) tema zam a mulher, mas de forma diferente: a primeira mostra inicialmente uma mulher
que só pensa em luxo e riqueza e a segunda mostra um desejo por uma mulher ideal e
submissa
C) As duas músicas elogiam um perfil de mulher submisso, que vive em função dos desejos do
esposo.
D) As duas letras trazem uma comparação entre duas mulheres: a ex-esposa e a atual, mostrando
um sen mento de saudade pela ex-mulher, que sempre estava ao lado do companheiro.

QUESTÃO 16
No tratamento da temá ca, os três textos se diferenciam porque

A) Os textos 1 e 2 exploram um perfil de mulher ideal, exaltando suas qualidades, já o texto 3


mostra uma figura feminina que não é muito aceita na sociedade.
B) A música “Dandara” mostra uma mulher mais independente, que age conforme sua vontade,
já as outras músicas mostravam uma mulher dependente do esposo e submissa aos seus desejos.
C) o 1º apresenta uma mulher exigente, que gosta de luxo e riqueza. O 2º mostra uma mulher
prendada nas a vidades de casa. O 3º mostra uma mulher mais moderna, vaidosa e egoísta.
D) Os textos 1 e 3 exploram um perfil mais moderno de mulher enquanto o 2º traz um perfil mais
conservador, no qual a mulher só é reconhecida por suas qualidades como boa dona de casa.

Texto 1

FONTE: h p://www.pitadadecultura.com/2012/10/ rinhas-poco-dos-desejos.html


ACESSO: 21/03/2017

Texto 2

FONTE: h p://youpix.virgula.uol.com.br/comportamento/imagem-do-dia-corno-burro-
fracassado/
ACESSO: 21/03/2017

22
QUESTÃO 17
A par r da análise das rinhas, a inferência mais adequada é a de que
A) elas se referem ao modo como alguns usuários das redes sociais cri cam ou ofendem as
pessoas sem assumir as consequências/responsabilidades por seus atos.
B) elas mostram que existe um desejo humano de cri car as pessoas sem assumir qualquer
responsabilidade por ações dessa natureza.
C) elas apresentam a liberdade de expressão, de dizer o que quiser sem medo como uma
caracterís ca que permeia a internet e as redes sociais.
D) telas ratam de temá cas diferentes: o primeiro se relaciona ao desejo de mudar o mundo por
meio da crí ca a seus problemas; o segundo mostra a violência por trás da internet.

Texto 1

FONTE: h p://arcoverde104fm.blogspot.com.br/2016/01/combate-dengue-zika-e-
chicungunya.html
ACESSO: 21/03/2017

Texto 2

FONTE: h p://combateaedes.saude.gov.br/pt/gestantes/121-uso-de-repelentes
ACESSO: 21/03/2017

23
QUESTÃO 18
Os textos se diferenciam em razão de
A) trazerem informações e/ou orientações sobre os cuidados em relação ao mosquito da dengue,
transmissor do zika vírus.
B) de se dirigirem principalmente às gestantes no tocante às possibilidades de emprego do
repelente contra o mosquito.
C) o primeiro apresentar uma maior variedade de ques onamentos sobre que fazer para
prevenir a contaminação pelo mosquito e também sobre o que pode acontecer se ela ocorrer.
D) serem campanhas que incen vam o uso de repelentes pelas grávidas como forma de proteção
contra o mosquito da dengue.

QUESTÃO 19
Em relação aos assuntos tratados, os dois textos:
A) complementam-se, pois trazem orientações para matar o mosquito da dengue.
B) divergem, pois um orienta sobre o combate e outro só informa sobre o uso do repelente.
C) assemelham-se, porque tratam do mesmo assunto, esclarecendo os mesmos
ques onamentos.
D) complementam-se, pois o segundo aprofunda um ques onamento posto no primeiro.

2.3 TÓPICO IV – COESÃO E COERÊNCIA

O Tópico IV trata dos elementos que cons tuem a textualidade, ou seja, aqueles elementos que
constroem a ar culação entre as diversas partes de um texto: a coerência e a coesão.
Considerando que a coerência é a lógica entre as ideias expostas no texto, para que exista
coerência é necessário que a ideia apresentada se relacione ao todo textual dentro de uma
sequência e progressão de ideias.

Para que as ideias estejam bem relacionadas, também é preciso que estejam bem interligadas,
bem “unidas” por meio de conec vos adequados, ou seja, com vocábulos que têm a finalidade de
ligar palavras, locuções, orações e períodos. Dessa forma, as peças que interligam o texto, como
pronomes, conjunções e preposições, promovendo o sen do entre as ideias são chamadas
coesão textual. Enfa zamos, nesta série, apenas os pronomes como elementos coesivos. Assim,
definiríamos coesão como a organização entre os elementos que ar culam as ideias de um texto.

As habilidades a serem desenvolvidas pelos descritores que compõem este tópico exigem que o
leitor compreenda o texto não como um simples agrupamento de frases justapostas, mas como
um conjunto harmonioso em que há laços, interligações, relações entre suas partes.

Nesse caderno, as questões rela vas ao Tópico IV versam sobre o descritor D27 Diferenciar as
partes principais das secundárias em um texto.

2.3.1 Descritor com percentuais de 25,1% a 50%


GERÊNCIAS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO – PE / RESULTADO AVALIAÇÃO SAEPE -2016
LINGUA PORTUGUESA 9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16
QUADRO
02

Percentual de acertos (%)


TÓPICO IV – COESÃO E COERÊNCIA
DESCRITORES COM
PERCENTUAI DE
25,1% A 50%

D27 - Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

47,30 49,70 45,56 47,54 46,68 49,83 46,65 49,06 49,15 47,21 45,33 48,86

24
2.3.2 Sugestão de Questões

Leia o conto a seguir.


A disciplina do amor
Foi na França, durante a Segunda Grande guerra: um jovem nha um cachorro que todos os
dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes
das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria
acompanhava-o com seu passinho sal tante de volta a casa. A vila inteira já conhecia o
cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe fes nhas e ele correspondia, chegava até a
correr todo animado atrás dos mais ín mos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar
sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe. Mas eu avisei que o tempo era
de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Con nuou a ir
diariamente até a esquina, fixo o olhar naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor
ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava
para casa e levava sua vida normal de cachorro, até chegar o dia seguinte. Então,
disciplinadamente, como se vesse um relógio preso à pata, voltava ao posto de espera. O
jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a
esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando àquela hora
ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias, com o passar dos
anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não
voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os
amigos para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem par u)
con nuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro
está esperando?…Uma tarde (era inverno) ele lá ficou o focinho voltado para aquela direção.

Lygia Fagundes Telles. A disciplina do amor.

QUESTÃO 20
A informação principal no texto “A disciplina do amor” é
A) a história de um rapaz e um cão.
B) a 2ª Guerra e a convocação de um jovem.
C) a história do cachorro e seu comportamento.
D) a história de um soldado e a saudade de seus entes queridos.

PELO EXEMPLO

Falar do meio ambiente não é só falar de árvores, plantas, animais, da poluição do ar e da


água... Falar em meio ambiente é também falar de crianças e seu comportamento.
Você já parou para pensar que somos exemplos para elas? Principalmente se você tem
uma criança em casa, você se torna um espelho. Se fosse só o batom, que a menina, desde cedo,
ensaia usar, ou a gravata e os sapatos, que o menino teima em pegar emprestado, tudo bem –
estes são hábitos saudáveis e que revelam que você é um modelo para aquele ser que está sob
seus cuidados.
Mas e os hábitos que não são saudáveis? Você, como pai ou responsável, obedece
sempre o sinal vermelho, a velocidade estabelecida para a rua? Você cede a sua vez? Você separa
os resíduos em casa, recicláveis dos não recicláveis? Você subs tuiu as lâmpadas tradicionais por
fluorescentes ou por lâmpadas do po “led” e explica esse gesto para sua criança?
Pois saiba que cada pequeno gesto seu não passará despercebido por ela. Os pequenos,
inclusive, nos corrigem ou nos chamam a atenção!

Marilusa Colombo, bióloga. Seleções Reader's Digest. Outubro 2010 p. 29.

25
QUESTÃO 21
Em relação ao tema, a informação principal do texto refere-se ao fato de que
A) as crianças percebem cada pequeno gesto.
B) as crianças têm alguns hábitos saudáveis.
C) as lâmpadas tradicionais devem ser subs tuídas.
D) os resíduos caseiros devem ser separados.

Nascimento do Brasil
Era uma vez, num reino chamado Portugal, um príncipe regente medroso, glutão
e viciado em coxas de galinha chamado João. No dia 29 de novembro de 1807, ele juntou
a mãe (uma rainha louca), a mulher (uma princesa espanhola), os filhos e cerca de 11 mil
pessoas e par u para o distante Brasil, uma colônia que pertencia a seus domínios e
ficava do outro lado do Oceano Atlân co. A razão da mudança? O medo de ser deposto
pelo exército francês, comandado pelo imperador Napoleão Bonaparte. Em terras
brasileiras, o príncipe ficou por 13 anos, realizou alguns feitos importantes tomou-se rei
após a morte da mãe e fez do filho. Pedro, seu sucessor. Depois, quando Napoleão já
havia perdido a guerra, voltou para sua terra natal.
É assim de forma resumida, que muitos brasileiros estudam a vinda da família real
portuguesa para o Brasil.
ARAUJO, Paulo In: Nova Escola. São Paulo: Abril, ano 23, n 209, p 54, 2006. Fragmento. (P090169CE_SUP)

QUESTÃO 22
A informação principal desse texto é a
A) chegada da família real portuguesa ao Brasil.
B) formação do império de Napoleão Bonaparte.
C) guerra perdida por Napoleão Bonaparte.
D) prá ca de viagens de um príncipe português.

NOTA IMPORTANTE: OS TEXTOS SEGUINTES, ALÉM DE SERVIREM COMO BASE PARA


QUESTÕES RELATIVAS AO DESCRITOR D27 (DIFERENCIAR AS PARTES PRINCIPAIS DAS
SECUNDÁRIAS EM UM TEXTO), TAMBÉM TRAZEM QUESTÕES DE INFERÊNCIAS. ASSIM,
ANTES DE CADA ITEM, IDENTIFICAMOS O DESCRITOR PERTINENTE.

Precisamos falar sobre a vida alienígena como não a conhecemos

Estamos vivos, mas não sabemos o que isso significa. Sem uma teoria biológica geral, as
agências espaciais caçam mundos como a Terra e buscam somente organismos aos moldes
terrestres

O telescópio espacial Kepler chegava ao espaço em 2009. Até então, pouco se sabia sobre
os chamados planetas extrassolares – aqueles que orbitam outros sóis. Voltando apenas duas
décadas, o número de exoplanetas conhecidos se resumia a um redondo zero. Seriam eles
abundantes em nosso Universo? Quantos estariam na zona habitável, onde água líquida pode
exis r na super cie e sustentar vida como a conhecemos?
Foi para responder perguntas como essas que a Nasa inves u US$ 550 milhões na
construção do equipamento responsável por caçar planetas distantes que estão em trânsito -
fenômeno observado em maio com a passagem de Mercúrio em frente ao Sol. Coincidência ou

26
não, um dia depois do evento raro, a agência anunciou a confirmação do maior “lote” de
exoplanetas até o momento, 1.284. Destes, apenas nove são rochosos e ficam na zona habitável,
podendo abrigar vida como a terrestre, à base de água e carbono. Mas se biologias exó cas
também fossem levadas em consideração, o número de candidatos poderia ser bem maior.
Acontece que as agências espaciais e grande parte da comunidade cien fica não têm
muito interesse em vasculhar o cosmos à procura de vida como não a conhecemos. Não há nada
de errado em tomar a Terra como exemplo na busca por vida alienígena. Afinal, até agora, é o
único lugar onde se sabe que a biologia prosperou e onde ela pode ser estudada em detalhes.
“A grande questão é que, se apenas procurarmos por vida como a conhecemos, isso é
tudo o que vamos encontrar”, afirma Pabulo Rampelo o, astrobiólogo da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Em outras palavras, buscamos apenas por nós mesmos no espaço – o que
não deixa de ser um gesto narcisista e geocêntrico. “Para mim, essa é uma visão extremamente
limitada.” Só que conseguir achar organismos como os terrestres em outros mundos já é um
imenso desafio. Como procurar, então, por algo ainda mais abstrato?

FONTE: h p://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/no cia/2016/06/vida-alienigena-como-


nao-conhecemos.html
ACESSO EM: 16-03-2017

QUESTÃO 23
D7 Inferir informação em um texto.
É correta a inferência de que
A) os cien stas que inves gam a possibilidade de vida extraterrena precisam adotar outros
critérios de inves gação.
B) os planetas rochosos são os que representam a maior possibilidade de encontrar novas
formas de vida.
C) vida extraterrestre não foi encontrada ainda, pois até há pouco não havia tecnologia para
inves gar os exoplanetas.
D) o padrão de vida terráquea é critério seguro para que os cien stas consigam encontrar
vida fora da Terra.

QUESTÃO 24
D27 Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.
A ideia principal do texto é a de que
A) a Nasa inves u U$ 550 milhões na construção de um equipamento capaz de localizar
planetas distantes.
B) a ideia geocêntrica quanto ao que é vida tem de ser revista em prol de uma compreensão
mais ampla do que pode ser vida.
C) água e carbono são as substâncias principais na composição das formas de vida existentes
no planeta Terra.
D) planetas rochosos cons tuem a menor parcela entre os que foram encontrados após o
inves mento milionário da Nasa.

27
A SABEDORIA DAS ÁRVORES

Elas nos inspiram, nos confortam e nos lembram de que a vida con nua.

Cada árvore conta uma história, mas algumas vão além: carregam memórias,
incorporam crenças, indicam tristeza. Nós todos temos árvores na nossa imaginação, onde
elas crescem de formas estranhas e belas em matas habitadas por fantasias e medos. Nas
fábulas e nas lendas, uma floresta abriga espíritos, bruxas, um lobo mau.
Nós incorporamos as ricas metáforas que as árvores fornecem: viramos a página e
também ramificamos; ideias florescem e dão frutos. Embora o nosso ímpeto possa secar, a
nossa determinação permanece profundamente enraizada.
As árvores inspiram não apenas através da linguagem, mas também das ideias.
Certamente, as coordenadas mais marcantes no atlas da inspiração convergem em frente a
uma árvore – por exemplo, uma macieira cercada por uma cerca baixa em um pomar em
Lincolnshire, na Inglaterra. Foi lá que, supostamente, em 1666, uma maçã caiu e levou um
jovem chamado Isaac Newton a divagar: por que será que essa maçã sempre cai
perpendicularmente no chão?
O roteiro de um relato do século 18, guardado nos arquivos da Royal Society de
Londres, aponta que Newton voltara de Cambridge para casa (a peste havia feito a
universidade fechar as portas) quando adentrou no jardim e em um estado de devaneio. O
amigo e biógrafo William Stukeley escreveu: 'O conceito de gravitação lhe veio à mente [...]
provocado pela queda de uma maçã, enquanto estava sentado, contemplando'.

FONTE: h p://www.na onalgeographicbrasil.com/revista/a-sabedoria-das-arvores


ACESSADO EM: 16-03-2017

QUESTÃO 25
D7 Inferir informação em um texto.

Do texto é válido inferir que


A) As árvores inspiram roteiros desde o século 18 quando uma maçã caiu sobre Newton.
B) As árvores são espaços sobrenaturais, porque entre elas habitam seres como as bruxas.
C) As árvores são as grandes fontes inspiradoras da linguagem, delas se extraem metáforas.
D) As árvores são seres cuja influência ultrapassa o aspecto natural que é próprio delas.

QUESTÃO 26
D27 Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

A ideia central do texto é que

A) O inglês Isaac Newton formulou a lei da gravitação universal a par r de um incidente com
uma árvore.
B) Isaac Newton retornou para casa porque a universidade de Cambridge fechou por causa
da epidemia de peste.
C) As árvores fazem parte das fantasias humanas, enriquecem a linguagem dos homens e
inspiram ideias.
D) A Royal Society de Londres guardava em seus arquivos um roteiro de um relato do século
18 sobre Newton.

28
Clique Ciência: uma fruta madura acelera o amadurecimento das verdes?

Comer frutas diariamente é fundamental para manter a saúde em dia: são fontes
ricas em vitaminas e sais minerais. Quem faz compras semanais na feira sabe como é
di cil escolher as frutas que vão amadurecer no tempo certo do nosso cardápio.
Para evitar desperdícios, nada mais comum do que comprar frutas verdes para
chegarem ao ponto durante a semana. Depois, é só apostar em um velho truque da vovó:
misturar as verdes com as maduras. Mas isso funciona mesmo?
De acordo com Murilo Freire, pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária), funciona. Isso porque as frutas, quando chegam à fase de
maturidade fisiológica, começam a produzir um gás que ajuda no seu amadurecimento:
o e leno.
É essa substância, que, entre outras coisas, leva ao rompimento das fibras, o que
deixa o fruto mais macio, e à hidrólise do amido – a quebra dessa molécula resulta no
sabor adocicado do alimento.

QUESTÃO 27
D7 Inferir informação em um texto.
Sobre as dicas das avós sobre o amadurecimento das frutas, é correta a seguinte inferência:

A) carecem de base cien fica, já que é bastante di cil prever o amadurecimento das frutas.
B) limitam-se às frutas que são ricas em vitamina C, a exemplo da manga, do kiwi e do melão.
C) têm encontrado comprovação em pesquisas cien ficas de ins tutos como a Embrapa.
D) são úteis para os consumidores, se eles observarem que po de fruta estão comprando.

QUESTÃO 28
D27 Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.
O texto traz como ideia principal a de que

A) as frutas são alimentos importantes para manter a saúde.


B) o ato de adquirir frutas verdes evita o desperdício delas.
C) alguns pos de frutas amadurecem depois de colhidos e outros não.
D) a quebra da molécula do amido torna mais doce o sabor da fruta.

29
O passo a passo da morte por desidratação
[...]
Na média, 60% do nosso corpo é água. E essa água toda não fica dentro de você
por longos períodos: entre cocô, xixi e suor, você perde, por dia, algo entre 2 e 2,5 litros do
líquido, o equivalente a mais de 2% da sua massa. É por isso que, conforme o dia passa e
você despacha alguns mililitros de si mesmo privada abaixo, vem aquela sede que só
água resolve (e não adianta pedir cerveja – bebida alcóolica só aumenta a sede).
Quando mais de 5% do seu peso em H20 vai embora, você começa a sofrer de
desidratação. No Brasil, ela te mata em quatro dias, mas demora um pouco mais em
lugares mais frios. É um péssimo método de emagrecimento. A desidratação é mais ou
menos rápida conforme a intensidade das a vidades sicas a que você se submete e o
quanto você sua por natureza, mas, se for prolongada, te fará bater as botas de qualquer
maneira. [...]

FONTE: h p://super.abril.com.br/saude/o-passo-a-passo-da-morte-por-desidratacao/
ACESSO EM 03-03-2017

QUESTÃO 29
D7 Inferir informação em um texto.

Pela leitura do texto, infere-se que

A) a morte por desidratação ocorre porque 60% de nosso corpo é formado por água.
B) a morte por desidratação tende a ser mais veloz no Brasil, pois esse é um país mais
quente.
C) a morte por desidratação é provocada pela eliminação diária de cocô, xixi e suor.
D) a morte por desidratação pode ser da como um método inadequado de
emagrecimento.

QUESTÃO 30
D27 Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

O segmento tem como ideia principal o fato de que

A) a desidratação a par r de certos níveis pode resultar na morte do indivíduo.


B) a desidratação se configura quando 5% do peso corporal é perdido na forma de água.
C) a desidratação não pode ser comba da pelo consumo de uma bebida como a cerveja.
D) a desidratação está associada à intensidade da a vidade sica pra cada pelo
indivíduo.

O ensino de Língua Portuguesa e a variação linguís ca

Discussões cada vez mais presentes sobre o ensino de língua portuguesa no Brasil
têm trazido à tona a necessidade de conhecer e respeitar tanto as variedades sociais
quanto as regionais do aluno

Texto Edmilson José de Sá | Adaptação Isadora Couto

A descrição linguís ca nos veios foné cos, semân co-lexicais e morfossintá cos
é essencial para que se tenha um retrato fiel da língua portuguesa falada e escrita no

30
Brasil. Quando são estudados os falares regionais, especialmente nos estados
nordes nos, e concernente às discussões sobre Dialetologia e Sociolinguís ca, brota
sempre a tese que busca refle r sobre o po de variação encontrada, se essa variação é
regional, dialetal ou se ocorre por interferência de elementos sociais. Normalmente, o
método u lizado para o ensino de Língua Portuguesa no Brasil não considera,
par cularmente, as variedades linguís cas, sejam de caráter regional, sejam de caráter
social. O que se percebe é que tais variações são consideradas como erros do aluno,
sendo, portanto, alvos de preconceitos e es gmas, fato que inibe a sua u lização em sala
e, até mesmo, ocorre a omissão das mesmas nos livros didá cos, o que parece refle r no
desconhecimento do docente quanto à importância da variação linguís ca para o
ensino-aprendizagem da língua materna. A língua, então, parece ser homogênea, mas,
ao mesmo tempo, se compõe de elementos heterogêneos cons tuintes da sua estrutura
real.
Por isso, a existência da variedade na língua não deve ser algo excluído da sala de
aula. Deste modo, teóricos têm mostrado em seus estudos cada vez mais avançados o
quão ú l o conhecimento da variação pode auxiliar a aprofundar as descrições e análises
linguís cas. Se ocorrer o contrário, o ensino da Língua Portuguesa tende se tornar mais
complicado e, pelo con nuum, mais atrasado. Quando se fala na já pública “crise do
ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa”, algumas razões vêm à tona para que ela
ocorra, dentre as quais a simples memorização de itens grama cais. Para contornar essa
'crise', torna-se conveniente o uso de uma metodologia apropriada de modo a respeitar
o padrão que o aluno detém como oriundo de sua comunidade de fala, mas, ao mesmo
tempo, conscien zá-lo da melhor forma de entender a variedade culta da língua
materna.
***Adaptado do Ar go: “Ensino de Língua Portuguesa e a variação Linguís ca
Sociodialetal”
FONTE: h p://linguaportuguesa.uol.com.br/o-ensino-de-lingua-portuguesa-e-a-
variacao-linguis ca/
ACESSO EM: 17-03-2017

QUESTÃO 31
D7 Inferir informação em um texto.

É uma inferência válida do texto lido que

A) as questões sobre a variação linguís ca no Brasil não são bem compreendidas pelos
estudiosos da Língua Portuguesa.
B) aceitar e compreender que a variação linguís ca é própria de qualquer idioma
resultará em bene cios escolares.
C) a ideia do erro em relação à língua está associada à concepção de que existe o
fenômeno da variação linguís ca.
D) o conhecimento da existência das variações linguís cas é mo vadora dos problemas
de lidar com elas na escola.

31
QUESTÃO 32
D27 Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

A ideia mais importante do texto é que

A) a descrição foné ca, semân co-lexical e morfossintá ca é essencial para que se


compreenda a Língua Portuguesa do Brasil.
B) as variações de caráter social ou regional empregadas pelos alunos são
compreendidas por parte das escolas.
C) o preconceito no tocante às variantes linguís cas impede que a variação própria da
língua seja usada na sala de aula.
D) a introdução das variações linguís cas no ensino de Língua portuguesa ajudará a
aprofundar as análises do idioma.

Cien stas criam algoritmo para solucionar mistérios de Agatha Chris e


A mestre do suspense é a autora mais lida de todos os tempos

Desde 1920, quando lançou o romance O Misterioso Caso de Styles, até sua
morte, em 1976, a britânica Agatha Mary Clarissa Chris e escreveu 241 histórias. Mestra
em narrar a solução de crimes, sua volumosa produção também foi alvo de inves gações
literárias. Afinal, como Agatha conseguia escrever uma nova história a cada três meses?
Para responder a essa pergunta, os pesquisadores Jamie Bernthal e Dominique
Jeannerod releram 27 dos 66 livros policiais da autora à procura de pistas que ajudassem
o leitor a iden ficar o assassino, desenvolvendo um algoritmo capaz de entender seu
es lo de criação. “Infelizmente, o algoritmo não funciona para tudo que ela escreveu.
Dois de seus livros mais famosos, Assassinato no Expresso do Oriente e Cai o Pano, não se
encaixam no padrão”, diz Bernthal.
“Mas Agatha não seria a 'rainha do crime' se não vesse quebrado algumas
regras.” Es ma-se que tenham sido vendidos 4 bilhões de exemplares dos seus livros,
com traduções para mais de cem idiomas — ela é a autora mais lida de todos os tempos,
atrás somente da Bíblia e de William Shakespeare. A vida de Agatha também teve seus
mistérios: em dezembro de 1926, ela desapareceu durante 11 dias e até Arthur Conan
Doyle, pai de Sherlock Holmes, ajudou nas buscas. Depois de 40 anos de sua morte
(completados em 12 de janeiro), biógrafos afirmam que o sumiço aconteceu por conta de
uma depressão após a perda da mãe e a descoberta de uma traição do marido.
FONTE: h p://revistagalileu.globo.com/Revista/no cia/2016/04/cien stas-criam-algoritmo-para-solucionar-
misterios-de-agatha-chris e.html

ACESSO: 16/03/2017.

QUESTÃO 33
D7 Inferir informação em um texto.

O texto permite a inferência de que

A) a popularidade de Agatha Chris e decorre do fato de que ela escreveu uma grande
quan dade de narra vas.
B) o es lo de Agatha Chris e tem algum grau de previsibilidade que possibilita iden ficar
um padrão matemá co neles.
C) o gosto de Agatha Chris e por narra vas de mistério foi uma consequência de fatos
ocorridos na vida dela.
D) a escritora Agatha Chris e recebeu a denominação de a “rainha do crime” pelo
envolvimento em ações ilegais.

32
QUESTÃO 34
D27 Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

Entre as ideias mais importantes do texto está a de que

A) apenas a Bíblia e os escritos de Shakespeare são mais populares do que os livros de


Agatha Chris e.
B) o famoso escritor Arthur Conan Doyle par cipou das buscas por Agatha Chris e
quando de seu sumiço.
C) os pesquisadores Jamie Bernthal e Dominique Jeannerod releram 27 dos 66 livros
policiais de Agatha Chris e.
D) Jamie Bernthal e Dominique Jeannerod criaram um algoritmo capaz de entender o
es lo cria vo de Agatha Chris e.

3 SUGESTÃO DE ATIVIDADES DIDÁTICAS

Leitura e Comparação entre Textos

PROPOSTA 1:

Flor, Telefone, Moça (Carlos Drummond de Andrade) e As formigas (Lygia Fagundes


Teles)

1. Hipóteses textuais: formar pequenos grupos e distribuir tulos dos textos que serão
lidos. Informar que eles irão ler um texto com aquele tulo e, com base nisso, cada
grupo conversará e explicará qual seria o assunto do texto. Um representante de cada
grupo apresenta.
2. Entrega dos textos aos grupos e leitura silenciosa. Após a leitura, comentar o grupo
que mais se aproximou da temá ca do conto e perguntar como conseguiram se
aproximar do tema.
3. Após a leitura, perguntar o que os textos têm em comum, em que são parecidos.
Oriente-os para observarem o tema, a extensão, a linguagem, a presença ou não de
humor ou de suspense, se são narra vos, em que tempo e espaço as ações ocorrem,
quais as personagens, se há narrador, etc. Ao mesmo tempo em que os alunos
observam as semelhanças, devem estar atento para o que mais diferencia um texto
do outro.

ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLETIR SOBRE OS TEXTOS E


COMPARÁ-LOS
1. O que há em comum nos assuntos tratados nos textos e em que se diferenciam?
2. A linguagem é simples ou elaborada? O registro é formal ou informal? Aproxima-se
de uma conversa?
3. Qual dos textos apresenta uma leitura mais fácil? Por quê?
4. Qual a finalidade dos textos?
5. Os textos se organizam em torno de um fato ou de uma ideia?
6. Qual parece ser o fato narrado em cada texto?
7. Há narrador em ambos os textos?
8. Em qual texto o narrador par cipa a vamente da história? Como é possível perceber
isso?

33
9. Descreva o espaço onde os fatos ocorrem nas duas narrações. Comparando esses
espaços e a forma como foram descritos nos textos, qual parece ter uma atmosfera
mais propícia ao desenvolvimento de um conto de suspense? Por quê?
10. Quando a história acontece? Há um tempo definido, cronológico ou o tempo é
incerto?
11. As narra vas acontecem em 1ª ou 3ª pessoa? Formule hipóteses para explicar sua
resposta.
12. Compare o desfecho dos dois contos:
a) Você acha que os dois veram seus conflitos resolvidos? Explique sua resposta
apoiando-se em elementos dos textos.
b) Qual deles você achou mais interessante? Por quê?
c) Você concorda com os desfechos dos textos? Se você pudesse mudar o final dos
textos, qual dos dois você alteraria? Como faria o desfecho?
13. Em relação ao texto “As formigas”, se você es vesse no lugar das estudantes, o que
faria? Esperaria as formigas terminarem o esqueleto ou fugiria, como as estudantes
fizeram?
14. Em relação ao texto Flor, Telefone, Moça, quando e por que você acha que a voz parou
de cobrar a flor?

Sugestões de textos para a proposta 1, adequando-se as questões:

Úl mo poema (Manuel Bandeira) e Úl ma crônica (Fernando Sabino)


A igreja do diabo (Machado de Assis) e Eu e Bebu (Rubem Braga)
Poema de sete faces e O homem e seu carnaval (Carlos Drummond de Andrade)

PROPOSTA 2:
TEXTO 1
Há quem ame o país só nas copas. Fora delas, quer que tudo se exploda
Leonardo Sakamoto
Um carro enfeitado com uma grande bandeira do Brasil avançava velozmente pelo
acostamento para fugir do conges onamento na rodovia dos Imigrantes na manhã desta
segunda.
Um casal, que saiu animado na tarde de ontem de um restaurante no Itaim,
estacionou o carro – decorado de verde e amarelo – em uma vaga para pessoas com
deficiência. O veículo não possuía nenhuma sinalização de pertencer a uma pessoa com
deficiência.
No sábado, um outro possante – que parecia uma festa junina ambulante de tanta
bandeirola verde e amarela – abriu a janela, arremessou uma la nha de cerveja vazia na
direção de uma pessoa em situação de rua que dormia no canteiro central de uma
avenida, em Pinheiros, e disparou, cantando pneus.
Os três causos foram em São Paulo, mas poderiam ter sido em qualquer lugar.
Estava me perguntando qual a profundidade desse rompante de “amor ao país”
fomentado pela Copa. Por conta de cenas como essas, tenho a certeza que é mais raso
que uma colher de sopa.

34
Olha, não me entendam mal. Quem lê este espaço sabe que amo futebol, assis
pra camente a todos os jogos da Copa e estou torcendo horrores – pela seleção e pelo
meu bolão, que ninguém é de ferro. Mas eu, que detesto patriotadas, odeio ainda mais
pseudopatriotadas.
Até porque quem se sente pertencente a um lugar, entende que suas ações
individuais não podem tornar a vida dos outros um inferno sob o risco de colocar a perder
a qualidade de vida da própria cole vidade. Do que adianta, portanto, encher o seu carro
de bandeirinhas, para demonstrar seu amor ao país em tempos de Copa, se você é um
idiota que acredita que o mundo existe para servi-lo?
Viver em sociedade passa mais por entrega e concessão do que por reafirmação de
desejos e vontades pessoais a cada momento. É pensar: será que isso não vai atrapalhar
os outros?
Depois os mesmos fuinhas ainda devem encher os pulmões e cantar: “eu sou
brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. O que prova que esses discursos
nacionalistas empacotados e entregues nestes momentos são tão válidos quanto uma
nota de três reais.
Agradeço a Alá o fato de não ter interiorizado o que disciplinas como Educação
Moral e Cívica e Organização Social e Polí ca Brasileira, restolhos u lizados pela ditadura,
tentaram me dizer – apesar dos fantás cos professores que tentaram dar outro sen do
ao malfadado currículo. Nunca entendi como algumas escolas se preocupam mais em ter
alunos que saibam o hino à bandeira do que compreender Guimarães Rosa.
Quando pequeno, lembro-me de ir a apenas um desfile do Dia da Independência,
na avenida Tiradentes, aqui em São Paulo. E, mesmo assim, não ter ficado o suficiente
para entender o que aquele bando de gente agitando bandeirinhas estava fazendo por lá.
Uma das maiores contribuições dos meus pais foi exatamente ter me poupado de toda
essa papagaiada patrió ca.
Sei que datas como a Copa servem para compar lhar (ou enfiar goela abaixo)
elementos simbólicos que, teoricamente, ajudam a forjar ou fortalecer a noção de
“nação”. Mostrando que somos iguais (sic) e filhos da mesma pátria – mesmo que a
maioria seja tratada como bastardos renegados.
Por isso, me pergunto se passado este momento não poderíamos fazer uma pausa
para reflexão sobre nós e como estendemos o direito à dignidade a todos que habitam
este território.
Ao invés de nos enrolarmos em bandeiras e transformar automóveis em carros
alegóricos, poderíamos nos juntar para discu r a razão de chamarmos indígenas de
intrusos, sem-teto e sem-terra de criminosos, camponeses de entraves para o
desenvolvimento e imigrantes bolivianos e hai anos de vagabundos. Ou reivindicar que
o terrorismo de Estado pra cado durante os anos de chumbo seja amplamente
conhecido, contribuindo – dessa forma – para que ele não volte a acontecer como tem
acontecido.
O melhor de tudo é que, todas as vezes que alguém levanta indagações sobre quem
somos e a quem servimos ou conclama ao espírito crí co sobre o país, essa pessoa é
acusada de não amar o país, no melhor es lo “Brasil: ame-o ou deixe-o” dos tempos da
Gloriosa.
Não amo meu país incondicionalmente. Mas gosto dele o suficiente para me
dedicar a entendê-lo e ajudar a torná-lo um local minimante habitável para a grande
maioria da população. Gente deixada de fora das grandes festas, entregues ao pão e circo
de desfiles com tanques velhos e motos de guerra remendadas. Mas que, quando voltam
para casa, encaram a realidade da falta, da ausência, da dificuldade e da fome.
Qual a melhor demonstração de amor por um país? Ves r-se de verde e amarelo e
sair gritando Brasil na rua? Ou ter a pachorra de apontar o dedo na ferida quando
necessário?
Ama a si mesmo, por outro lado, os que se escondem do debate, usando como

35
argumento um suposto “interesse nacional” – que, na verdade, trata-se de “interesse
pessoal” (aliás, somos craques em criar discursos que jus ficam a transformação de
interesses de um pequeno grupo em questão de interesse público). Se ques onados,
correm para trás da trincheira fácil do patrio smo.
Que, afinal de contas, como disse uma vez o escritor inglês Samuel Johnson, “é o
úl mo refúgio de um canalha”.
* Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Polí ca.

TEXTO 2

Qual a intenção do autor? Que conhecimentos prévios o aluno precisa ter para
compar lhar os assuntos apresentados?

A quem é dirigido o assunto? Qual a influência desses textos no co diano?

Qual a finalidade dos Como os pontos de vista estão evidenciados nos


assuntos apresentados? textos?

Em relação aos assuntos tratados, o que há em


comum nos dois textos? Em que se diferenciam?

1. Os textos abordam a mesma temá ca, o patrio smo. Reflita e argumente quais as
perspec vas da crí ca presente em cada texto.

PROPOSTA 3
TEXTO 1

36
TEXTO 2

TEXTO 3

DEMOCRACIA

Democracia é um polí co burro montado num burro polí co. Os dois pensam (?)
completamente diferente, mas acabam indo pro mesmo lugar: o preferido do burro. E
não me pergunte qual deles.

(FERNANDES, Millôr)

37
1. Os textos 1 e 3 abordam a mesma temá ca: democracia. Reflita e argumente quais as
perspec vas da crí ca presente em cada texto.

PROPOSTA 4

TEXTO 1

TEXTO 2

TEXTO 3

1. Qual a crí ca feita no terceiro quadrinho, em relação ao que diz no primeiro e no


segundo?
2. Relacione a crí ca feita à rede social facebook ao texto abaixo, re rado de
h p://www.eternoretorno.com/2012/09/21/cri ca-as-redes-sociais-esboco/.
Construa um comentário. Para isso, discuta com um colega.

38
"As redes sociais poderiam ser fatalmente espaços revolucionários, mas não têm sido
mais do que espaços até mesmo mais apá cos – reproduzem os esterió pos, os
preconceitos, os racismos, o ódio, a lamúria, a inauten cidade… tudo em processos
acelerados. A experiência com o tempo é devastadora: esperas e mais esperas frente a
iminência de um novo pon nho – simbolicamente a espera de algo que faça alguma coisa
para afastar o tédio, a angús a e o nada. Vidas esvaziadas e sem criação, preenchidas
com bem-estares altamente voláteis mediante os índices de aprovação flutuantes na
rede."

1. As duas úl mas ras apontam para uma necessidade urgente em criar e implementar
leis que regulamentem o que é ou não é crime nas redes sociais. Reflita e argumente
quais as perspec vas da crí ca presente em cada texto.

Com as rinhas, podemos trabalhar o discurso, sua ponderação e qualidade, os


vários pontos de vista, saber o poder das palavras e suas consequências, com
responsabilidades. Sem "assumir" sua iden dade. A tal da "coragem" simultânea.
Com a internet e as redes sociais acreditamos que não corremos o risco de nos
iden ficar e acreditamos que é mais fácil cri car dessa maneira, uma vez que apenas as
cri cas aparecerão e não a exata consequência disso.
Como complemento, os alunos procurariam exemplos de crí cas na própria rede
social e poderiam usar até as rinhas da Mafalda para contrapor, crí cas sem
fundamentos e as com fundamentos, que é o caso da Mafalda que sempre cri ca, mas
tem uma posição.

PROPOSTA 5
Texto 1

39
Texto 2
A bola

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sen ra ao ganhar
a sua primeira bola do pai. Uma número 5 oficial de couro. Agora não era mais de couro,
era de plás co.
Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". É o que os garotos
dizem hoje em dia quando não gostam do presente ou não querem magoar os pais.
Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
- Como é que liga? - perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
- Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos
são decididamente outros.
- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
- O quê?
- Controla, chuta...
- Ah, então é uma bola.
- Claro que é uma bola.
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
- Você pensou que fosse o quê?
- Nada não, pai.
O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na
frente da TV com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo
chamado Monster Ball, em que mes de monstrinhos disputavam a posse de uma bola
em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir
mutuamente.
O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando
da máquina. O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu
equilibrar a bola no peito do pé, como an gamente, e chamou o garoto.
- Filho, olha.
O garoto disse “legal”, mas não desviou os olhos da tela.
O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o
cheiro de couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa
ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.
Veríssimo, Luis Fernando. A bola. Comédias da vida privada; edição especial para as escolas. Porto Alegre: L&PM,
1996. P. 96-7

1. Estabeleça relações entre a crônica, de Luís Fernando Veríssimo, e a charge.


2. Construa propostas de a vidades que explorem as opiniões/ pontos de vista sobre o
tema.

40
PROPOSTA 6

ATIVIDADE I
PARTE I
Escolha uma no cia recente e um ar go de opinião que tratem da mesma temá ca. Em seguida,
providencie cópias para toda a classe da no cia e do ar go de opinião escolhidos. Peça aos alunos
que leiam silenciosamente os textos e ques one sobre:

· Onde o texto foi publicado? Quem escreveu? Além do nome, há mais informações sobre
o autor? Para quem ler? Qual a finalidade?
· O que há em comum entre os dois textos?
· É possível perceber diferenças entre os dois textos, principalmente:
a) Em relação à forma como o tema tratado: qual dos textos apenas informa? Qual defende
uma tese e, para isso, usa argumentos?
b) Em relação à linguagem: como é a linguagem em cada um dos textos? Em que pessoa
verbal os textos foram escritos? Formule hipóteses para explicar a diferença no uso da
pessoa verbal em cada texto.
· Compare novamente os dois textos: por que não é comum o uso de opinião na no cia?

· A seguir, faça uma leitura em voz alta e comentada e ajude seus alunos a perceber a
amplitude do tema. Alimente a conversa com ques onamentos:

o O que pensam sobre esse assunto?


o A no cia foi informada com exa dão?
o É uma no cia confiável? Neutra?
o Quais as concepções, princípios e ideologia do autor?
o Qual a questão polêmica apresentada no ar go?
o Qual a tese exposta?

PARTE II
· Requisite uma pesquisa via internet (em sites confiáveis), no laboratório de informá ca
da escola, sobre elementos que caracterizam uma no cia e elementos que caracterizam um
ar go de opinião.

· Solicite aos alunos que façam um registro dos elementos pesquisados. Logo após, peça-
lhes que relacionem no cia com ar go de opinião e diferenciem um do outro.

· Es mule os alunos a produzirem pequenas no cias e, em seguida, solicite que eles


evidenciem os elementos do texto que o caracteriza como um texto jornalís co.

PROPOSTA 7
A volta da esperança
Ao contrário do que se pensa nas grandes cidades, os índices de violência estão
caindo, graças à demografia e ao desenvolvimento do País.

Com a atuação da Seleção de Mano Menezes em sua estreia, você pode imaginar
que esta coluna se refere às nossas chances de ganhar a Copa de 2014. Não é o caso. O
assunto é bem mais sério: a criminalidade vem despencando em alguns locais do País.
Não, você não leu errado. Efe vamente, nos úl mos dez anos, em algumas cidades e
Estados importantes, a violência vem diminuindo, ao contrário de nossa percepção,
fortemente influenciada por algumas manchetes bombás cas, como a do caso do goleiro
Bruno.

41
Você deve estar pensando que apenas desis mos de dar queixa de roubos e furtos,
pois nossas esperanças de reaver o bem roubado são menores do que a popularidade do
Dunga. No entanto, nos úl mos anos, nenhum outro indicador de violência mostrou
queda mais marcante do que o número de assassinatos. A menos que não estejamos
registrando nem os mortos...
Talvez um dos locais onde este fenômeno – não me refiro ao craque gorducho do
Corinthians – seja mais marcante é a maior cidade do País, São Paulo. Em junho, a taxa de
homicídios por 100 mil habitantes caiu abaixo de nove, 18% menos do que um ano antes.
Em relação aos mais de 64 mortos em cada 100 mil paulistanos no ano de 1999, a queda
foi de mais de 85%. Há dez anos, um habitante de São Paulo nha 600% mais chance de
ser assassinado do que um de Nova York. Hoje, a probabilidade é menos de 50% superior
à americana.
Em todo o Estado de São Paulo, a taxa de assassinatos também ficou abaixo de nove
por 100 mil habitantes, 70% inferior aos níveis de 1999, poupando 48.674 vidas desde
então. No caso das mulheres, a violência caiu a níveis menores ainda. Em mais da metade
dos cerca de 2.400 municípios brasileiros nenhuma mulher foi assassinada nos úl mos
cinco anos.
Por que a redução dos homicídios? Há razões específicas, como a melhoria do
aparelhamento policial, o fechamento de bares e a proibição da venda de bebidas em
determinados horários. Há também razões econômicas e demográficas. O bom
desempenho e a forte geração de empregos têm reduzido a oferta de “mão de obra” para
a criminalidade. Nos úl mos dez anos, o número de empregos com carteira assinada no
Brasil aumentou em mais de 11 milhões. Mais trabalho, menos crime.
O Norte, o Nordeste, o Centro-Oeste e o interior vêm crescendo mais do que o
restante do País por causa dos programas de governo e do desempenho excepcional do
agronegócio. Com isso, o fluxo migratório inverteu-se. Os grandes centros urbanos do Sul
e do Sudeste começaram a desinchar e a violência a cair, ainda que às vezes sendo
exportada para outros lugares.
Finalmente, em virtude da queda da taxa de natalidade, a parcela da população
entre 15 e 25 anos – as maiores ví mas e algozes da violência – começou a se reduzir. Esta
foi a principal razão da queda dos assassinatos nos Estados Unidos e na Europa nas duas
úl mas décadas. No Brasil, onde a taxa de natalidade demorou mais a cair, o impacto
levou uma década a mais para chegar, mas chegou.
Com a demografia e a economia jogando a favor, é provável que a violência
con nue em queda. Pode respirar aliviado. A chance de, em 2014, você comemorar o
tulo do me de Neymar e companhia é bem maior do que de ser assassinado.

(Revista ISTOÉ, 25/8/2010)


(Ricardo Amorim é economista, apresentador do "Manha an Connec on" (GNT) e do
"Economia e Negócios" (Rede Eldorado) e presidente da Ricam Consultoria.)

Marcelo Jonathan
EM 03/09/2010 17:58:48 EM 28/08/2010 02:59:02
Abaixo de 10 por cem mil habitantes deixa Excelente ar go, direto, lúcido e bem
de ser violencia endemica e vira patamar de fundamentado. Parabéns! Enfim,
1o mundo. A queda da criminalidade eh jornalismo!
devido ao crescimento economico, sim, mas
muito em parte devido a mudanca da
estrategia da policia em eliminar focos de
concentracao de violencia (favelas) como
nos EUA.

42
Robson Rogerio Aro
EM 26/08/2010 18:18:13 EM 24/08/2010 21:36:19
é muiiiiiito fraco esse sujeito. todas as Acho que você não mora no Rio de
colunas que li ate agora foram péssimas. Janeiro!

Luciane Lins Paulinho


EM 23/08/2010 11:48:28 EM 22/08/2010 15:52:11
Essa postura de não poder haver um Tá bom vai!! Agora manda a gente votar
elogio à economia do país por estarmos no Lula, ou melhor, na Dilma...
em época de eleição é um pouco
exagerada. Principalmente porque, caso o
elogio fosse centralizado ao estado de SP
haveria crí cas dos pe stas e os pró serra
estariam em pleno acordo com tais dados.

Marco Markus C.
EM 22/08/2010 14:04:14 EM 22/08/2010 02:14:31
Que bom que o colunista aparecesse aqui Acredito que poderia estar diminuindo
em Guaíra, Foz do Iguaçú, Londrina ou mais. Por exemplo, se o governo federal
Curi ba, cidades paranaenses. Vem passar impedisse entrada de armas e drogas em
uma temporada aqui para você ver como a nosso país e se discu ssemos a
criminalidade diminuiu. Esta matéria legalização das drogas. Pela forma que
parece mais aquela can lena pe sta de você escreve, parece que o governo
que todos os problemas neztepaís foram estadual de São Paulo quase nada fez
resolvidos! para contribuir com a diminuição.

Marcos Gomes Cecilia Kremer


EM 21/08/2010 12:15:44 EM 25/08/2010 17:06:43
Sou policial e com exceção de São Paulo, Parabéns Ricardo pela coragem de
digo que a violência explode Brasil afora: escrever com tom posi vo! Pelos
chamo isso de Geração Perdida do comentários, dá pra ver o quanto é di cil
Estatuto da Criança e do Adolescente, acreditar em coisas boas nesse país -
onde eles ficam até os 18 na impunidade, mesmo no cenário econômico atual.
depois viram adultos sem limites. O NE vai Precisamos de mais pessoas como você
terminar o ano com mais homicídios que o para enfrentar a fracassomania
Iraque!! imperante. Obrigada!

COMPONENTES DA ARGUMENTAÇÃO

POSIÇÃO: ideia (conteúdo proposicional) Expressa a opinião, tese ou ponto de vista


+ compromisso (alinhamento ou adesão) do enunciador, sendo composta por uma
ideia (informação, conteúdo
proposicional) e pelo compromisso
(a tudes que o enunciador pode assumir,
seu grau de alinhamento ou adesão com
aquela ‘ideia’.
SUSTENTAÇÃO Componente des nado a apoiar a
posição de um enunciador ou de dois
enunciadores em caso de DISPUTA,
quando se apresentam argumentos
baseados em jus fica vas e evidências
(exemplos, dados esta s cos ou
testemunhos).
DISPUTA: Refere-se a um desacordo em relação a
uma posição ou à sua sustentação.

43
ATIVIDADE
Leia os e-mails encaminhados ao site da Revista ISTOE. Iden fique aqueles que se
alinham com a posição do autor e aqueles que discordam dela. Em seguida, responda:
a) Quais apenas elogiam a posição do ar culista?
b) Entre os que se alinham, quais oferecem argumentos extras?
c) Analisando os e-mails sob o olhar da DISPUTA, quais leitores discordam do ar culista e
por quê? Levante os mo vos de cada um deles. Se possível, apresente a POSIÇÃO (tese)
contrária e os argumentos (SUSTENTAÇÃO).

Professor
Selecione no máximo dois ar gos de opinião para essa avaliação. Todos deverão
ler os dois textos e escolher aquele com o qual mais se iden ficarem.
A vidade
Leiam e discutam o ar go, posicionando-se contra ou a favor. Selecione alguns
argumentos para sustentar a sua posição. Em seguida, REDIJAM UM E-MAIL ao
ar culista. Todos os textos serão verificados pelo professor. Aqueles que, de fato,
quiserem poderão postá-los nos sites da revista (na página do autor).

1. A inferência mais adequada ao texto é:

a) Novas funções foram agregadas aos aparelhos de telefonia celular.


b) A violência co diana tornou-se um problema secundário para os cidadãos.
c) As distrações do mundo virtual superam os problemas do mundo real.
d) O assaltante também pretendia par cipar da caça aos Pokémons.

44
O passo a passo do processo

v Com base no enunciado, perceber que não se trata de descartar as alterna vas
erradas, mas sim de iden ficar aquela que é a mais adequada ao sen do global
do texto.

v Ser capaz de iden ficar os diferentes aspectos que compõem a situação que está
sendo representada: violência, dependência tecnológica, indiferença aos
problemas do mundo real.

v Conhecimento de mundo que permita iden ficar a ideia principal do texto


(dependência tecnológica), de modo que a hierarquização permita a inferência
mais adequada.

Sugestões de trabalho com o descritor


1. U lizar a linguagem cinematográfica (relação de suposição entre uma cena e a
seguinte). Ex: u lizar cenas do filme Meia- noite em Paris.

2. Trabalhar com aspectos relacionados às metáforas visuais com intuito de ampliar


o campo de conhecimento.

3. Trabalhar com textos humorís cos para realizar os processos inferenciais e


posteriormente explicitar os mecanismos necessários para a inferência.

Ex: “– Como se escrevia farmácia an gamente:


– Com ph. – E hoje? – Com f. – Não, hoje se escreve com h.”
Extraído de Possen (1998, p. 31):

O rapaz vai passar por uma delicada cirurgia e o médico tenta tranquilizá-lo:
— Não tenha medo, companheiro. Sou muito experiente nessa área. Olhe bem para a
minha longa barba e tenha confiança. Quando você voltar da anestesia, conversaremos.
— Após a cirurgia, o rapaz abre os olhos e depara com uma enorme barba.
Não se contendo de alegria, ele exclama:
— Obrigado, doutor! Eu sabia que podia confiar no senhor!
— Que doutor que nada, homem! Eu sou São Pedro! (Agosto 2000, p. 57)

A inferenciação neste texto é de fundamental importância para a compreensão da


piada, já que explicitamente nela não há nada que caracterize esse texto como
humorís co. O texto passa a ser uma piada somente a par r do momento em que o leitor
percebe que o médico não conseguiu cumprir o que prometera ao paciente, e que este
morreu. Esse entendimento se torna possível somente com a expressão “sou São Pedro”.
Para comprovar a afirmação, pode-se, por exemplo, trocar “sou São Pedro” por
outra que faça parte do contexto de um hospital. Quando o rapaz volta da anestesia e
agradece ao doutor com a enorme barba, este diz: Que doutor que nada, homem! Eu sou
o enfermeiro! Dessa forma, a piada se perde, pois não há mudança no foco e, a
expecta va criada não é quebrada.
[...]
Vamos ser sinceros aqui. A gente sabe que quase todo mundo prefere comer lasanha em
vez de arroz cateto com amoras silvestres, mesmo se levar um choque cada vez que optar
pelo prato gordo. Então, se é para comer coisas gostosas e dopaminérgicas, que seja de
um jeito mais saudável. E a ciência tem dicas bacanas para isso. Por exemplo: 300

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estudantes americanos par ciparam de um estudo em que foram separados em dois
grupos. Os integrantes de um receberam uma rosquinha de pão inteira. Os do outro, a
mesma rosquinha cortada em quatro partes. O pessoal da segunda turma se sa sfez com
menos. Vinte minutos depois, todos eles foram liberados para comer outro prato, desta
vez à vontade. Quem nha recebido a rosquinha em pedaços ficou sa sfeito de novo com
menos quan dade, um sinal de que o ape te já estava controlado. Os cien stas
acreditam que dividir a comida em pequenas porções pode causar uma ilusão de ó ca no
cérebro: a quan dade parece maior e, por isso, a sensação de saciedade é maior. Além
disso, quando os alimentos estão cortados em porções menores, a tendência é comer
mais devagar, dando tempo para o cérebro entender que a quan dade de energia que
você colocou para dentro já está adequada.
[...]
FONTE: h p://super.abril.com.br/saude/a-dieta-da-ciencia/ Acessado em: 31-03-2017

É possível inferir do texto acima que


A) as pessoas que são sinceras confessam que gostam mais de lasanha do que de arroz.
B) o sabor dos alimentos é mais atraente do que o caráter saudável que eles possam ter.
C) um choque aplicado em uma pessoa muda a forma como ela percebe o sabor da
comida
D) os 300 estudantes americanos citados preferem rosquinhas a massas como bolachas.

4 ANEXOS
4.1 Sugestão de textos para serem trabalhados em situações de ensino
As formigas (Lygia Fagundes Telles)

Quando minha prima e eu descemos do táxi, já era quase noite. Ficamos imóveis diante do
velho sobrado de janelas ovaladas, iguais a dois olhos tristes, um deles vazado por uma pedrada.
Descansei a mala no chão e apertei o braço da prima.
– É sinistro.
Ela me impeliu na direção da porta. Tínhamos outra escolha? Nenhuma pensão nas
redondezas oferecia um preço melhor a duas pobres estudantes com liberdade de usar o
fogareiro no quarto, a dona nos avisara por telefone que podíamos fazer refeições ligeiras com a
condição de não provocar incêndio. Subimos a escada velhíssima, cheirando a creolina.
– Pelo menos não vi sinal de barata – disse minha prima.
A dona era uma velha balofa, de peruca mais negra do que a asa da graúna. Ves a um
desbotado pijama de seda japonesa e nha as unhas aduncas recobertas por uma crosta de
esmalte vermelho-escuro, descascado nas pontas encardidas. Acendeu um charu nho.
– É você que estuda medicina? – perguntou soprando a fumaça na minha direção.
– Estudo direito. Medicina é ela.
A mulher nos examinou com indiferença. Devia estar pensando em outra coisa quando
soltou uma baforada tão densa que precisei desviar a cara. A saleta era escura, atulhada de
móveis velhos, desparelhados. No sofá de palhinha furada no assento, duas almofadas que
pareciam ter sido feitas com os restos de um an go ves do, os bordados salpicados de vidrilho.
Vou mostrar o quarto, fica no sótão – disse ela em meio a um acesso de tosse. Fez um sinal
para que a seguíssemos. – O inquilino antes de vocês também estudava medicina, nha um
caixo nho de ossos que esqueceu aqui, estava sempre mexendo neles.
Minha prima voltou-se:
– Um caixote de ossos?
A mulher não respondeu, concentrada no esforço de subir a estreita escada de caracol que
ia dar no quarto. Acendeu a luz. O quarto não podia ser menor, com o teto em declive tão

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acentuado que nesse trecho teríamos que entrar de ga nhas. Duas camas, dois armários e uma
cadeira de palhinha pintada de dourado. No ângulo onde o teto quase se encontrava com o
assoalho, estava um caixo nho coberto com um pedaço de plás co. Minha prima largou a mala e,
pondo-se de joelhos, puxou o caixo nho pela alça de corda. Levantou o plás co. Parecia
fascinada.
– Mas que ossos tão miudinhos! São de criança?
– Ele disse que eram de adulto. De um anão.
– De um anão? é mesmo, a gente vê que já estão formados… Mas que maravilha, é raro a
beça esqueleto de anão. E tão limpo, olha aí – admirou-se ela. Trouxe na ponta dos dedos um
pequeno crânio de uma brancura de cal. – Tão perfeito, todos os den nhos!
– Eu ia jogar tudo no lixo, mas se você se interessa pode ficar com ele. O banheiro é aqui ao
lado, só vocês é que vão usar, tenho o meu lá embaixo. Banho quente extra. Telefone também.
Café das sete às nove, deixo a mesa posta na cozinha com a garrafa térmica, fechem bem a garrafa
recomendou coçando a cabeça. A peruca se deslocou ligeiramente. Soltou uma baforada final: –
Não deixem a porta aberta senão meu gato foge.
Ficamos nos olhando e rindo enquanto ouvíamos o barulho dos seus chinelos de salto na
escada. E a tosse encatarrada.
Esvaziei a mala, dependurei a blusa amarrotada num cabide que enfiei num vão da
veneziana, prendi na parede, com durex, uma gravura de Grassman e sentei meu urso de pelúcia
em cima do travesseiro. Fiquei vendo minha prima subir na cadeira, desatarraxar a lâmpada
fraquíssima que pendia de um fio solitário no meio do teto e no lugar atarraxar uma lâmpada de
duzentas velas que rou da sacola. O quarto ficou mais alegre. Em compensação, agora a gente
podia ver que a roupa de cama não era tão alva assim, alva era a pequena bia que ela rou de
dentro do caixo nho. Examinou- a. Tirou uma vértebra e olhou pelo buraco tão reduzido como o
aro de um anel. Guardou-as com a delicadeza com que se amontoam ovos numa caixa.
– Um anão. Raríssimo, entende? E acho que não falta nenhum ossinho, vou trazer as
ligaduras, quero ver se no fim da semana começo a montar ele.
Abrimos uma lata de sardinha que comemos com pão, minha prima nha sempre alguma
lata escondida, costumava estudar até de madrugada e depois fazia sua ceia. Quando acabou o
pão, abriu um pacote de bolacha Maria.
– De onde vem esse cheiro? – perguntei farejando. Fui até o caixo nho, voltei, cheirei o
assoalho. – Você não está sen ndo um cheiro meio ardido?
– É de bolor. A casa inteira cheira assim – ela disse. E puxou o caixo nho para debaixo da
cama.
No sonho, um anão louro de colete xadrez e cabelo repar do no meio entrou no quarto
fumando charuto. Sentou-se na cama da minha prima, cruzou as perninhas e ali ficou muito sério,
vendo-a dormir. Eu quis gritar, tem um anão no quarto! mas acordei antes. A luz estava acesa.
Ajoelhada no chão, ainda ves da, minha prima olhava fixamente algum ponto do assoalho.
– Que é que você está fazendo aí? – perguntei.
– Essas formigas. Apareceram de repente, já enturmadas. Tão decididas, está vendo?
Levantei e dei com as formigas pequenas e ruivas que entravam em trilha espessa pela
fresta debaixo da porta, atravessavam o quarto, subiam pela parede do caixo nho de ossos e
desembocavam lá dentro, disciplinadas como um exército em marcha exemplar.
– São milhares, nunca vi tanta formiga assim. E não tem trilha de volta, só de ida – estranhei.
– Só de ida.
Contei-lhe meu pesadelo com o anão sentado em sua cama.
– Está debaixo dela – disse minha prima e puxou para fora o caixo nho. Levantou o plás co.
– Preto de formiga. Me dá o vidro de álcool.
– Deve ter sobrado alguma coisa aí nesses ossos e elas descobriram, formiga descobre tudo.
Se eu fosse você, levava isso lá pra fora.
– Mas os ossos estão completamente limpos, eu já disse. Não ficou nem um fiapo de
car lagem, limpíssimos. Queria saber o que essas bandidas vem fuçar aqui.
Respingou fartamente o álcool em todo o caixote. Em seguida, calçou os sapatos e como
uma equilibrista andando no fio de arame, foi pisando firme, um pé diante do outro na trilha de

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formigas. Foi e voltou duas vezes. Apagou o cigarro. Puxou a cadeira. E ficou olhando dentro do
caixo nho.
– Esquisito. Muito esquisito.
– O quê?
– Me lembro que botei o crânio em cima da pilha, me lembro que até calcei ele com as
omoplatas para não rolar. E agora ele está aí no chão do caixote, com uma omoplata de cada lado.
Por acaso você mexeu aqui?
– Deus me livre, tenho nojo de osso. Ainda mais de anão.
Ela cobriu o caixo nho com o plás co, empurrou-o com o pé e levou o fogareiro para a
mesa, era a hora do seu chá. No chão, a trilha de formigas mortas era agora uma fita escura que
encolheu. Uma formiguinha que escapou da matança passou perto do meu pé, já ia esmagá-la
quando vi que levava as mãos a cabeça, como uma pessoa desesperada. Deixei-a sumir numa
fresta do assoalho.Voltei a sonhar afli vamente mas dessa vez foi o an go pesadelo em torno dos
exames, o professor fazendo uma pergunta atrás da outra e eu muda diante do único ponto que
não nha estudado. Às seis horas o despertador disparou veementemente. Travei a campainha.
Minha prima dormia com a cabeça coberta. No banheiro, olhei com atenção para as paredes,
para o chão de cimento, a procura delas.
Não vi nenhuma. Voltei pisando na ponta dos pés e então entreabri as folhas da veneziana.
O cheiro suspeito da noite nha desaparecido. Olhei para o chão: desaparecera também a trilha
do exército massacrado. Espiei debaixo da cama e não vi o menor movimento de formigas no
caixo nho coberto.
Quando cheguei por volta das sete da noite, minha prima já estava no quarto. Achei-a tão
aba da que carreguei no sal da omelete, nha a pressão baixa. Comemos num silêncio voraz.
Então me lembrei:
– E as formigas?
– Até agora, nenhuma.
– Você varreu as mortas?
Ela ficou me olhando.
– Não varri nada, estava exausta. Não foi você que varreu?
– Eu?! Quando acordei, não nha nem sinal de formiga nesse chão, estava certa que antes
de deitar você juntou tudo… Mas então quem?!
Ela apertou os olhos estrábicos, ficava estrábica quando se preocupava.
– Muito esquisito mesmo. Esquisi ssimo.
Fui buscar o tablete de chocolate e perto da porta sen de novo o cheiro, mas seria bolor?
Não me parecia um cheiro assim inocente, quis chamar a atenção da minha prima para esse
aspecto mas estava tão deprimida que achei melhor ficar quieta. Espargi água-de-colônia flor de
maçã por todo o quarto (e se ele cheirasse como um pomar?) e fui deitar cedo. Tive o segundo
po de sonho que compe a nas repe ções com o sonho da prova oral: nele, eu marcava encontro
com dois namorados ao mesmo tempo. E no mesmo lugar.
Chegava o primeiro e minha aflição era levá-lo embora dali antes que chegasse o segundo.
O segundo, desta vez, era o anão. Quando só restou o oco de silêncio e sombra, a voz da minha
prima me fisgou e me trouxe para a super cie. Abri os olhos com esforço. Ela estava sentada na
beira da minha cama, de pijama e completamente estrábica.
– Elas voltaram.
– Quem?
– As formigas. Só atacam de noite, antes da madrugada. Estão todas aí de novo.
A trilha da véspera, intensa, fechada, seguia o an go percurso da porta até o caixo nho de
ossos por onde subia na mesma formação até desformigar lá dentro. Sem caminho de volta.
– E os ossos?
Ela se enrolou no cobertor, estava tremendo.
Aí é que está o mistério. Aconteceu uma coisa, não entendo mais nada! Acordei pra fazer
pipi, devia ser umas três horas. Na volta sen que no quarto nha algo mais, está me
entendendo? Olhei pro chão e vi a fila dura de formiga, você lembra? não nha nenhuma quando
chegamos. Fui ver o caixo nho, todas trançando lá dentro, lógico, mas não foi isso o que quase

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me fez cair pra trás, tem uma coisa mais grave: é que os ossos estão mesmo mudando de posição,
eu já desconfiava mas agora estou certa, pouco a pouco eles estão… estão se organizando.
– Como, organizando?
Ela ficou pensa va. Comecei a tremer de frio, peguei uma ponta do seu cobertor. Cobri meu
urso com o lençol.
– Você lembra, o crânio entre as omoplatas, não deixei ele assim. Agora é a coluna vertebral
que já está quase formada, uma vértebra atrás da outra, cada ossinho tomando seu lugar, alguém
do ramo está montando o esqueleto, mais um pouco e… Venha ver!
– Credo, não quero ver nada. Estão colando o anão, é isso?
Ficamos olhando a trilha rapidíssima, tão apertada que nela não caberia sequer um grão de
poeira. Pulei-a com o maior cuidado quando fui esquentar o chá. Uma formiguinha desgarrada (a
mesma daquela noite?) sacudia a cabeça entre as mãos. Comecei a rir e tanto que se o chão não
es vesse ocupado, rolaria por ali de tanto rir. Dormimos juntas na minha cama. Ela dormia ainda
quando saí para a primeira aula. No chão, nem sombra de formiga, mortas e vivas, desapareciam
com a luz do dia.
Voltei tarde essa noite, um colega nha se casado e teve festa. Vim animada, com vontade
de cantar, passei da conta. Só na escada é que me lembrei: o anão. Minha prima arrastara a mesa
para a porta e estudava com o bule fumegando no fogareiro.
– Hoje não vou dormir, quero ficar de vigia – ela avisou.
O assoalho ainda estava limpo. Me abracei ao urso.
– Estou com medo.
Ela foi buscar uma pílula para atenuar minha ressaca, me fez engolir a pílula com um gole de
chá e ajudou a me despir.
– Fico vigiando, pode dormir sossegada. Por enquanto não apareceu nenhuma, não está na
hora delas, é daqui a pouco que começa. Examinei com a lupa debaixo da porta, sabe que não
consigo descobrir de onde brotam?
Tombei na cama, acho que nem respondi. No topo da escada o anão me agarrou pelos
pulsos e rodopiou comigo até o quarto, acorda, acorda! Demorei para reconhecer minha prima
que me segurava pelos cotovelos. Estava lívida. E vesga.
– Voltaram – ela disse.
Apertei entre as mãos a cabeça dolorida.
– Estão aí?
Ela falava num tom miúdo como se uma formiguinha falasse com sua voz.
– Acabei dormindo em cima da mesa, estava exausta. Quando acordei, a trilha já estava em
plena. Então fui ver o caixo nho, aconteceu o que eu esperava…
– Que foi? Fala depressa, o que foi?
Ela firmou o olhar oblíquo no caixo nho debaixo da cama.
– Estão mesmo montando ele. E rapidamente, entende? O esqueleto está inteiro, só falta o
fêmur. E os ossinhos da mão esquerda, fazem isso num instante. Vamos embora daqui.
– Você está falando sério?
– Vamos embora, já arrumei as malas.
A mesa estava limpa e vazios os armários escancarados.
– Mas sair assim, de madrugada? Podemos sair assim?
– Imediatamente, melhor não esperar que a bruxa acorde. Vamos, levanta.
– E para onde a gente vai?
– Não interessa, depois a gente vê. Vamos, vista isto, temos que sair antes que o anão fique
pronto.
Olhei de longe a trilha: nunca elas me pareceram tão rápidas. Calcei os sapatos, descolei a
gravura da parede, enfiei o urso no bolso da japona e fomos arrastando as malas pelas escadas,
mais intenso o cheiro que vinha do quarto, deixamos a porta aberta. Foi o gato que miou
comprido ou foi um grito?
No céu, as úl mas estrelas já empalideciam. Quando encarei a casa, só a janela vazada nos
via, o outro olho era penumbra.
DISPONÍVEL: h p://contobrasileiro.com.br/as-formigas-conto-de-lygia-fagundes-telles/

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Flor, Telefone, Moça (Carlos Drummond de Andrade)

Não, não é conto. Sou apenas um sujeito que escuta algumas vezes, que outras não
escuta, e vai passando. Naquele dia escutei, certamente porque era a amiga quem falava. É doce
ouvir os amigos, ainda quando não falem, porque amigo tem o dom de se fazer compreender até
sem sinais. Até sem olhos. Falava-se de cemitérios? De telefones? Não me lembro. De qualquer
modo, a amiga – bom, agora me recordo que a conversa era sobre flores – ficou subitamente
grave, sua voz murchou um pouquinho.
– Sei de um caso de flor que é tão triste!
E sorrindo:
– Mas você não vai acreditar, juro.
Quem sabe? Tudo depende da pessoa que conta, como do jeito de contar. Há dias em que
não depende nem disso:
estamos possuídos de universal credulidade. E daí, argumento máximo, a amiga asseverou que a
história era verdadeira.
– Era uma moça que morava na Rua Gerenal Polidoro, começou ela. Perto do Cemitério
São João Ba sta. Você sabe, quem mora por ali, queira ou não queira, tem de tomar
conhecimento da morte. Toda hora está passando enterro, e a gente acaba por se interessar. Não
é tão empolgante como navios ou casamentos, ou carruagem de rei, mas sempre merece ser
olhado. A moça, naturalmente, gostava mais de ver passar enterro do que não ver nada. E se fosse
ficar triste diante de tanto corpo desfilando, havia de estar bem arranjada.
Se o enterro era mesmo muito importante, desses de bispo ou de general, a moça
costumava ficar no portão do cemitério, para dar uma espiada. Você já notou como coroa
impressiona a gente? Demais. E há a curiosidade de ler o que está escrito nelas. Morto que dá
pena é aquele que chega desacompanhado de flores – por disposição de família ou falta de
recursos, tanto faz. As coroas não pres giam apenas o defundo, mas até o embalam. Às vezes ela
chegava a entrar no cemitério e a acompanhar o prés mo até o lugar do sepultamento. Deve ter
sido assim que adquiriu o costume de passear lá por dentro. Meu Deus, com tanto lugar pra
passear no Rio! E no caso da moça, quando es vesse mais amolada, bastava tomar um bonde em
direção à praia, descer no Mourisco, debruçar-se na amurada. Tinha o mar à sua disposição, a
cinco minutos de casa. O mar, as viagens, as ilhas de coral, tudo grá s. Mas por preguiça pela
curiosidade dos enterros, sei lá por quê, deu para andar em São João Ba sta, contemplando
túmulo. Coitada!
– No interior isso não é raro…
– Mas a moça era de Botafogo.
– Ela trabalhava?
– Em casa. Não me interrompa. Você não vai me pedir cer dão de idade da moça, nem
sua descrição sica. Para o caso que estou contando, isso não interessa. O certo é que de tarde
costumava passear – ou melhor, “deslizar” pelas ruinhas brancas do cemitério, mergulhada em
cisma… Olhava uma inscrição, ou não olhava, descobria uma figura de anjinho, uma coluna
par da, uma águia, comparava as covas ricas às covas pobres, fazia cálculos de idade dos
defuntos, considerava retratos em medalhões – sim, há de ser isso que ela fazia por lá, pois que
mais poderia fazer? Talvez mesmo subisse ao morro, onde está a parte nova do cemitério, e as
covas mais modestas. E deve ter sido lá que, uma tarde, ela apanhou a flor.
– Que flor?
– Uma flor qualquer. Margarida, por exemplo. Ou cravo. Para mim foi margarida, mas é
puro palpite, nunca apurei. Apanhou com esse gesto vago e maquinal que a gente tem diante de
um pé de flor. Apanha, leva ao nariz – não tem cheiro, como inconscientemente já esperava –,
depois amassa a flor, joga para um canto. Não se pensa mais nisso.
Se a moça jogou a margarida no chão do cemitério ou no chão da rua, quando voltou para
casa, também ignoro. Ela mesma se esforçou mais tarde por esclarecer esse ponto, mas foi
incapaz. O certo é que já nha voltado, estava em casa bem quie nha havia poucos minutos,
quando o telefone tocou, ela atendeu.
– Aloooô…

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– Quede a flor que você rou de minha sepultura?
A voz era longínqua, pausada, surda. Mas a moça riu. E, meio sem compreender:
– O quê?
Desligou. Voltou para o quarto, para as suas obrigações. Cinco minutos depois, o telefone
chamava de novo.
– Alô.
– Quede a flor que você rou de minha sepultura?
Cinco minutos dão para a pessoa mais sem imaginação sustentar um trote. A moça riu de
novo, mas preparada.
– Está aqui comigo, vem buscar.
No mesmo tom lento, severo, triste, a voz respondeu:
– Quero a flor que você me furtou. Me dá minha florzinha.
Era homem, era mulher? Tão distante, a voz fazia-se entender, mas não se iden ficava. A
moça topou a conversa:
– Vem buscar, estou te dizendo.
– Você bem sabe que eu não posso buscar coisa nenhuma, minha filha. Quero minha flor,
você tem obrigação de devolver.
– Mas quem está falando aí?
– Me dá minha flor, eu estou te suplicando.
– Diga o nome, senão eu não dou.
– Me dá minha flor, você não precisa dela e eu preciso. Quero minha flor, que nasceu na
minha sepultura.
O trote era estúpido, não variava, e moça, enjoando logo, desligou. Naquele dia não
h o u v e m a i s n a d a .
Mas no outro dia houve. À mesma hora o telefone tocou. A moça, inocente, foi atender.
– Alô!
– Quede a flor…
Não ouviu mais. Jogou o fone no gancho, irritada. Mas que brincadeira é essa! Irritada
voltou à costura. Não demorou muito, a campainha nia outra vez. E antes que a voz lamentosa
recomeçasse:
– Olhe, vire a chapa, já está pau.
– Você tem que dar conta de minha flor, retrucou a voz de queixa. Pra que foi mexer logo
na minha cova? Você tem tudo no mundo, eu, pobre de mim, já acabei. Me faz muita falta aquela
flor.
– Essa é fraquinha. Não sabe de outra?
E desligou. Mas, voltando ao quarto, já não ia só. Levava consigo a idéia daquela flor, ou
antes, a idéia daquela pessoa idiota que a vira arrancar uma flor no cemitério, e agora a aborrecia
pelo telefone. Quem poderia ser? Não se lembrava de ter visto nenhum conhecido, era distraída
por natureza. Pela voz não seria fácil acertar. Certamente se tratava de voz disfarçada, mas tão
bem que não se podia saber ao certo se de homem ou de mulher. Esquisito, uma voz fria. E vinha
de longe, como de interurbano. Parecia vir de mais longe ainda… Você está vendo que a moça
começou a ter medo.
– E eu também.
– Não seja bobo. O fato é que aquela noite ela custou a dormir. E daí por diante é que não
dormiu mesmo nada. A perseguição telefônica não parava. Sempre à mesma hora, no mesmo
tom. A voz não ameaçava, não crescia de volume: implorava. Parecia que o diabo da flor
cons tuía para ela a coisa mais preciosa do mundo, e que seu sossego eterno – admi ndo que se
tratasse de pessoa morta – ficara dependendo da res tuição de uma simples flor. Mas seria
absurdo admi r tal coisa, e a moça, além do mais, não queria se amofinar. No quinto ou sexto dia,
ouviu firme a can lena da voz e depois passou-lhe uma bruta descompostura. Fosse amolar o boi.
Deixasse de ser imbecil (palavra boa, porque convinha a ambos os sexos). E se a voz não se
calasse, ela tomaria providências.
A providência consis u em avisar o irmão e depois o pai. (A intervenção da mãe não
abalara a voz.) Pelo telefone, pai e irmão disseram as úl mas à voz suplicante. Estavam

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convencidos de que se tratava de algum engraçado absolutamente sem graça, mas o curioso é
que, quando se referiam a ele, diziam “a voz”.
– A voz chamou hoje? Indagava o pai, chegando da cidade.
– Ora. É infalível, suspirava a mãe, desalentada.
Descomposturas não adiantavam, pois, ao caso. Era preciso usar o cérebro. Indagar,
apurar na vizinhança, vigiar os telefones públicos. Pai e filho dividiram entre si as tarefas.
Passaram a freqüentar as casas de comércio, os cafés mais próximos, as lojas de flores, os
marmoristas. Se alguém entrava e pedia licença para usar o telefone, o ouvido do espião se
afiava. Mas qual. Ninguém reclamava flor de jazigo. E restava a rede dos telefones par culares.
Um em cada apartamento, dez, doze no mesmo edi cio. Como descobrir?
O rapaz começou a tocar para todos os telefones da Rua General Polidoro, depois para
todos os telefones das ruas transversais, depois para todos os telefones da linha dois-meia…
Discava, ouvia o alô, conferia a voz – não era –, desligava.
Trabalho inú l, pois a pessoa da voz devia estar ali por perto – o tempo de sair do
cemitério e tocar para a moça – e bem escondida estava ela, que só se fazia ouvir quando queria,
isto é, a uma certa hora da tarde. Essa questão de hora também inspirou à família algumas
diligências. Mas infru feras.
Claro que a moça deixou de atender telefone. Não falava mais nem com as amigas. Então
a “voz”, que não deixava de pedir, se outra pessoa estava no aparelho, não dizia mais “você me dá
minha flor”, mas “quero minha flor”, “quem furtou minha flor tem que res tuir”, etc. Diálogo com
essas pessoas a “voz” não man nha. Sua conversa era com a moça. E a “voz” não dava
explicações.
Isso durante quinze dias, um mês, acaba por desesperar um santo. A família não queria
escândalos, mas teve de queixar-se à polícia. Ou a polícia estava muito ocupada em prender
comunista, ou inves gações telefônicas não eram sua especialidade – o fato é que não se apurou
nada. Então o pai correu à Companhia Telefônica. Foi recebido por um cavalheiro amabilíssimo,
que coçou o queixo, aludiu a fatores de ordem técnica…
– Mas é a tranquilidade de um lar que eu venho pedir ao senhor! É o sossego de minha
filha, de minha casa. Serei obrigado a me privar de telefone?
– Não faça isso, meu caro senhor. Seria uma loucura. Aí é que não se apurava mesmo
nada. Hoje em dia é impossível viver sem telefone, rádio e refrigerador. Dou-lhe um conselho de
amigo. Volte para sua casa, tranqüilize a família e aguarde os acontecimentos. Vamos fazer o
possível.
Bem, você já está percebendo que não adiantou. A voz sempre mendigando a flor. A
moça perdendo o ape te e a coragem. Andava pálida, sem ânimo para sair à rua ou para
trabalhar. Quem disse que ela queria mais ver enterro passando?
Sen a-se miserável, escravizada a uma voz, a uma flor, a um vago defunto que nem
sequer conhecia. Porque – já disse que era distraída – nem mesmo se lembrava da cova de onde
arrancara aquela maldita flor. Se ao menos soubesse…
O irmão voltou do São João Ba sta dizendo que, do lado por onde a moça passeara
aquela tarde, havia cinco sepulturas plantadas. A mãe não disse coisa alguma, desceu, entrou
numa casa de flores da vizinhança, comprou cinco ramalhetes colossais, atravessou a rua como
um jardim vivo e foi derramá-los vo vamente sobre os cinco carneiros. Voltou para casa e ficou à
espera da hora insuportável. Seu coração lhe dizia que aquele gesto propiciatório havia de
aplacar a mágoa do enterrado – se é que os mortos sofrem, e aos vivos é dado consolá-los, depois
de os haver afligido.
Mas a “voz” não se deixou consolar ou subornar. Nenhuma outra flor lhe convinha senão
aquela, miúda, amarrotada, esquecida, que ficara rolando no pó e já não exis a mais. As outras
vinham de outra terra, não brotavam de seu estrume – isso não dizia a voz, era como se dissesse. E
a mãe desis u de novas oferendas, que já estavam no seu propósito. Flores, missas, que
adiantava?
O pai jogou a úl ma cartada: espiri smo. Descobriu um médium for ssimo, a quem
expôs longamente o caso, e pediu-lhe que estabelecesse contato com a alma despojada de sua
flor. Compareceu a inúmeras sessões, e grande era sua fé de emergência, mas os poderes

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sobrenaturais se recusaram a cooperar, ou eles mesmos são impotentes, quando alguém quer
alguma coisa até sua úl ma fibra, e a voz con nuou, surda, infeliz, metódica. Se era mesmo de
vivo (como às vezes a família ainda conjeturava, embora se apegasse cada dia mais a uma
explicação desanimadora, que era a falta de qualquer explicação lógica para aquilo), seria de
alguém que houvesse perdido toda noção de misericórdia; e se era de morto, como julgar, como
vencer os mortos? De qualquer modo, havia no apelo uma tristeza úmida, uma infelicidade
tamanha que fazia esquecer o seu sen do cruel, e refle r: até a maldade pode ser triste. Não era
possível compreender mais do que isso. Alguém pede con nuamente uma certa flor, e esta flor
não existe mais para lhe ser dada. Você não acha inteiramente sem esperança?
– Mas, e a moça?
– Carlos, eu preveni que meu caso de flor era muito triste. A moça morreu no fim de
alguns meses, exausta. Mas sossegue, para tudo há esperança: a voz nunca mais pediu.
DISPONÍVEL: h p://www.riesemberg.com/2009/08/flor-telefone-moca-carlos-drummond-
de.html

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