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— D E S E N H A N D O A BA C IA A M BIE N TA L —
S U BS ÍD IO S P A R A O P L A N E J A M E N TO D A S Á G U A S D O C E S
M E TR O P O L ITA N (IZ A D )A S
Em ilia Rutkowski
Tese apresentada à Faculdade de
A rquitetura e U rbanism o, da
U niversidade de S ão Paulo, com o
parte dos requisitos para a
obtenção do Título de D outor em
A rquitetura e U rbanism o.
O rientador:
Prof.D r.Celso M onteiro Lam parelli
São Paulo
Verão de 1999
1
Tese nova,sentim ento antigo:
“W hat a great title for m y new book ...
‘Things I’ve learned after it was too late’”
(Snoopy,1958)
2
A GRA D ECIM EN TO S
A o Professor Celso não só por ter aceito orientar alguém desorganizada e passional, duas características
incôm odas e negativas para um percurso acadêm ico, m as tam bém pela atenção e paciência, m inha eterna
gratidão.
À Roze, que se viu forçada a carregar parte das m inhas atividades acadêm icas, por m anter sem pre o bom
hum or à dem anda contínua de orientação inform al, por m e ensinar a adquirir algum senso prático e,
À Sim one e a Tina pela parceria constante, por estarem sem pre interessadas e dispostas a ouvir a m esm a
À am iga Tania,tão am iga,que se dispôs a ler,com cuidado,m ais de cem páginas em tem po recorde.
A os am igos e am igas, que m antiveram os ouvidos críticos nesse longo percurso em redem oinho, sem pre a
fornecer algum a inform ação prestim osa e a desem penhar algum a tarefa, aqui listados sem qualquer ordem :
M arcinho, TiH élio, Kika, A lm eidinha, M arcos, A ri, D ario, Júlio, Chica, Célio Vale, TiN ilo, D enise, Carlos
Gom es,H elenas (a m ineira e a paulista),Paulo,M iriam e Eustáquio,Z uffo,N ilson,M achado.
A os am igos das com panhias de saneam ento, participantes ativos deste percurso: D arcy, Tales, M arília e
Elias.
A os professores que m e indicaram o cam inho por áreas alheias a m inha form ação: Phil, Rebeca, Laym ert,
A rlete,Ricardo e Leila.
A os am igos do departam ento e da faculdade sem pre prontos a ajudar e pacientes com as m inhas m udanças
A os funcionários da FEC sem pre atenciosos,especialm ente N oem ia,e as turm as da Beth,Tania,e Evandro;e
as faxineiras,foram tantas,sem pre a esperar perm issão para desem penhar sua tarefa.
A o term inar este trabalho fico com a sensação de injustiça ao assiná-lo sozinha, m uitos ajudaram a
transform ar um a inquietação fluida em um a proposta m inim am ente consistente que parece se sustentar em
3
SU M Á RIO
LISTA S :
Tabelas,Q uadros e Figuras iv
Siglas v
Resum o viii
A bstract ix
Introdução 01
A nexo 158
4
TA BELA S,Q U A D RO S E FIGU RA S
5
SIGLA S
A BEA A ssociação Brasileira de Engenheiros A grônom os
A BEM A A ssociação Brasileira de Entidades de M eio A m biente
BID Banco Interam ericano de D esenvolvim ento
BN H Banco N acionalde H abitação
CBPU Com issão Interestadualda Bacia Paraná-U ruguai
CD M A A LC Com issão de D esenvolvim ento e M eio A m biente da A m érica
Latina e do Caribe
CECPA Conselho Estadualpara o Controle de Poluição das Á guas
CEEIBH Com itê Especialde Estudos Integrados das Bacias
H idrográficas
CEPA Com issão Especialpara o Planejam ento das O bras de
A bastecim ento e D istribuição de Á gua da Capital
CERH Conselhos Estaduais de Recursos H ídricos
CETESB (Com panhia Estadualde Tecnologia de Saneam ento Básico)
Com panhia de Tecnologia e Saneam ento Básico e de D efesa do
M eio A m biente do Estado de São Paulo
CM M A D Com issão M undialsobre M eio A m biente e D esenvolvim ento
CN A EE Conselho N acionalde Á guas e Energia Elétrica
CO M A G Com panhia M ineira de Á guas e Esgotos
CO M A SP Com panhia M etropolitana de Á gua de São Paulo
CO N A M A Conselho N acionalde M eio A m biente
CO N SEM A Conselho Estadualde M eio A m biente
CO PA M Com issão de Política A m biental
CO PA SA Com panhia de Saneam ento de M inas Gerais
DAE D epartam ento de Á guas e Energia
D A EE D epartam ento de Á gua e Energia Elétrica
D EM A E D epartam ento M unicipalde Á guas e Esgotos
D N A EE D epartam ento N acionalde Á guas e Energia
DN O S D epartam ento N acionalde O bras e Saneam ento
ELETRO BRÁ S Centrais Elétricas Brasileiras S/A
EM PLA SA Em presa M etropolitana de Planejam ento da Grande São Paulo
S.A
EPA Environm entalProtection A gency
6
FA E Fundos Estaduais de Á gua e Esgoto
FESB (Fundo Estadualde Saneam ento Básico)
Fom ento Estadualde Saneam ento Básico
FGTS Fundo de Garantia por Tem po de Serviço
FIPLA N Fundo de Financiam ento de Planejam ento Local
IBA M A Instituto Brasileiro do M eio A m biente de Recursos N aturais
Renováveis
IBD F Instituto Brasileiro de D esenvolvim ento Florestal
LIGH T São Paulo Railway,Light and Power Co Ltd
M DUM A M inistério de D esenvolvim ento U rbano e M eio A m biente
M EBA G Program a M etas e Bases para a A ção do Governo
M IN TER M inistério do Interior
MMA M inistério de M eio A m biente,Recursos H ídricos e A m azônia
Legal
ONU O rganização das N ações U nidas
PA C Program a de A ção integrada
PA CS Program a de A ção Com unitária e Saneam ento
PA E Planejam ento A m bientalEstratégico
PERH Política Estadualde Recursos H ídricos
PLA M BEL Superintendência do D esenvolvim ento da Região
M etropolitana de Belo H orizonte
PLA N A SA Plano N acionalde Saneam ento
PM D ES Plano M ineiro de D esenvolvim ento Econôm ico e Social
PM D I Plano M etropolitano de D esenvolvim ento Integrado
PN D Plano N acionalde D esenvolvim ento
PN M A Política N acionalde M eio A m biente
PN RH Política N acionalde Recursos H ídricos
PN U D Program a das N ações U nidas para o D esenvolvim ento BID
PRO D ECO M Program a de D esenvolvim ento de Com unidades
PRO SA M Program a de Saneam ento das Bacias dos ribeirões A rrudas e
O nça
RA E Repartição de Á gua e Esgotos
RM BH Região M etropolitana de Belo H orizonte
RM SP Região M etropolitana de São Paulo
7
SA BESP Com panhia de Saneam ento Básico do Estado de São Paulo
SA N EGRA N Program a de Saneam ento da Grande São Paulo
SA N ESP Com panhia M etropolitana de Saneam ento de São Paulo
SA N EVA LE Com panhia Regionalde Á guas e Esgotos do Vale do Ribeira
SBS Com panhia de Saneam ento da Baixada Santista
SEM A Secretaria Especialde M eio A m biente
SERFH A U Serviço Federalde H abitação e U rbanism o
SFS Sistem a Financeiro do Saneam ento
SISN A M A Sistem a N acionalde M eio A m biente
SN I Serviço N acionalde Inform ações
SPA M Sistem a de Planejam ento de A dm inistração M etropolitano
SRH Secretaria de Recursos H ídricos (M M A )
SU D EPE Superintendência do D esenvolvim ento da Pesca
SU D H EVEA Superintendência do D esenvolvim ento da Borracha
8
RESU M O
tendo com o áreas de atenção as Regiões M etropolitanas de Belo H orizonte e São Paulo.
am biental.U m a unidade de conform ação m orfológica dinâm ica definida pelos indicadores
9
A BSTRA CT
Brasil and proposes a new strategic environm ental planning unit — the
society.
10
IN TRO D U ÇÃ O
Faltar água potável e sobrar esgoto com põe o cotidiano das regiões urbanizadas
têm sido um a das questões centrais do debate sobre as transform ações sofridas
pelo m eio sob o im pacto do crescim ento das cidades e,m ais especificam ente,das
form ulação das políticas urbanas de desenvolvim ento. Tal quadro justifica o
presente trabalho.
A apropriação do bem natural água doce, principalm ente na sua fase bacia
ajuste aos m odelos de desenvolvim ento existentes, que têm o crescim ento
11
econôm ico com o parâm etro essencial(Redclift,1993),m as um a prática que busca
através de negociação entre os diversos segm entos sociais, tendo com o fator
adm inistrou seu recurso água de m aneira bastante descuidada, por ser um país
gestão das águas doces é entendida com o parte prim ordial do processo
O olhar de ação política: U m a análise da problem ática atual das águas doces
urbanas brasileiras rem ete ao entendim ento do contexto histórico em que cada
opção foi selecionada, com início na “criação” da República, através das ações de
recurso água no espaço urbano para efetivar suas ações. O Estado M ilitar, em
via de m ão dupla,a política das águas doces contribuipara o caos urbano e o caos
12
O olhar da função urbana: Q ualquer função urbana,seja residencial,com ercialou
diversas finalidades que variam no tem po e nas quantidades a serem dem andadas
hidrografia redesenhada.
D entre todas as funções urbanas das águas doces, o abastecim ento público de
vida. Para garantir o abastecim ento, m ananciais são, inclusive, preservados por
força de lei.
seu uso são devolvidas aos corpos d’água norm alm ente com qualidade inferior à
pelo território, gera conflitos, quer pelo uso da água por outras atividades, quer
de cim ento através do cam po para captar a água de rios e lagos distantes”.Esta
13
expansão contínua por sobre a paisagem m uda constantem ente a conform ação
física do espaço de gerenciam ento das águas doces, perm itindo um olhar da
Estes vários olhares sobre as águas doces na sua fase de bacia hidrográfica,
tratam ento de um bem natural que, apesar de renovável, é finito, prom ovendo
organizado em três blocos.O prim eiro problem atiza as águas doces no contexto
1 U m rapaz de 10 anos
14
Regiões M etropolitanas de Belo H orizonte e São Paulo com o áreas de foco. O
15
PA RTE I
U M R O T E IR O T E Ó R IC O
16
A S Á GU A S D O CES
m aléfica. Todavia se não for reconhecida nem com preendida pode m anter as
A pesar de ser um elem ento quím ico sim ples,a água é extraordinária — um líquido
ím par,sem ela,a vida com o a conhecem os,não seria possível.Está por toda parte
de vapor.
Com parada à m aioria dos outros líquidos com uns, a água tem um a grande
sim ples sais, com o cloreto de sódio, a m inerais, com o carbonato de cálcio. A lém
físicos e biológicos que envolvem a estocagem ou o m ovim ento das águas através
conteúdo de sólidos totais dissolvidos m enor que 1000 m g/l — as águas doces.
17
nas calotas polares e glaciais ou em depósitos subterrâneos profundos ou ainda,
na atm osfera.
qualquer célula. O rganism os m uito sim ples podem prescindir de ar, m as nenhum
consegue sobreviver sem água; um ser hum ano pode deixar de com er por várias
sem anas, m as não consegue passar m ais de 10 dias sem beber. Com o solvente
A com preensão da com plexidade do com portam ento das águas representa um
com preensão dos im pactos causados pelas funções urbanas na bacia hidrográfica.
enquanto a outra flui constantem ente através do planeta pelos processos físicos
18
com partim entos para arm azenagem de água ligados por transferência com o um
(a) evaporação da superfície dos corpos d’água e do solo para a atm osfera;
(b) transpiração das plantas para a atm osfera; transporte horizontal na
atm osfera em form a de vapor ou líquida e cristalpelas nuvens;
(c) precipitação da atm osfera para a superfície terrestre;
(d) escoam ento da água que caiu na parte continental do planeta para os
oceanos.
Três grandes com partim entos do ciclo hidrológico retêm as m oléculas de água
Q uadro 1.
águas doces para os ecossistem as é lim itado pelo padrão de precipitação que se
19
m ínim o de chuva que recebem ,posto que a atm osfera exerce função fundam ental
C O M P A R T I M E N T O TEM PO D E
RESID ÊN CIA
A T M O S F E R A 9 dias
é determ inada pelo com portam ento local do ciclo hidrológico. O escoam ento da
D esta form a, um a pequena parcela de água circula constantem ente pelo planeta
20
subterrâneo se configura pelas águas infiltrando no solo, percolando até os
na superfície com o m inas, fontes e/ou poços, de onde vão se reunir às águas
O ciclo hidrológico, na sua fase terrestre, tem com o elem ento fundam ental a
bacia hidrográfica, que com preende a área de captação natural das águas
exutório.O cam inho das águas nesta fase é sintetizado por Silveira (1993): “A
precipitação que caisobre as vertentes infiltra-se totalmente nos solos até haver saturação
superficialdestes, momento em que começam a decrescer as taxas de infiltração e a seguir
crescentes escoamentos superficiais, se a precipitação persistir. O escoamento superficial
gerado nas vertentes, no contexto da bacia hidrográfica, pode ser interpretado como uma
“produção” de água para escoamento rápido, e portanto as vertentes seriam vistas como as
fontes produtoras. S eguindo com este enfoque, a água produzida pelas vertentes tem como
destino imediato a rede de drenagem,que se encarrega de transportá-la à seção de saída da
bacia.N a zona de inundação doscursosde água (leito maior)há um comportamento ambíguo,
ora de produção,quando osriosestão inicialmente com níveisde água baixos,funcionando esta
zona comovertente,ora detransporte,quandoosriosestãoem cheia,com a zona deinundação
usada para escoamento”.
civilização hum ana (D rew, 1985). D evido à relativa facilidade com que se
2
D epósitos de água no subsolo
21
intervenção que aum enta proporcionalm ente ao aprim oram ento tecnológico.D este
elem ento água e seu entorno natural, provocando im pactos diretos ou indiretos
consum ptivas.
aum enta o fluxo de escoam ento superficial, pois não há percolação para os
toda sorte de resíduos sólidos.A lém disso,a dim inuição da recarga dos depósitos
O ciclo hidrológico pode agir com o um agente dissem inador de poluentes pela
óleos e graxas, por exem plo — lixiviam para os depósitos subterrâneos e/ou
com partim entos de superfície, com o tam bém ocorre com os resíduos sólidos
hidrográfica que ocorre a m aior incidência de interferências hum anas (Sim m ons,
1985; D rew, 1985). Contudo, as águas são “m ineradas” com o se não fizessem
interrelacionam .
22
a bacia hidrográfica com o ecossistem a
O olhar energético sobre o ecossistem a surge com o m odelo de dinâm ica trófica
tróficos e determ inou a biom assa das espécies nos diferentes grupos. Tendo
com o base as leis da term odinâm ica,o m odelo proposto identificava a quantidade
Golley (1993) avalia que, em bora Lindem an reconheça ser a energia o elo
integrador entre as diversas atividades ecossistêm icas, ele ainda a utiliza com o
consolidada por Eugene O dum (1988),que a partir das leis da term odinâm ica — a
23
alta utilidade (e.g., luz ou alimento) para dar energia de baixa utilidade (e.g., calor). N o
ecossistema,a “ordem”de uma estrutura complexa de biomassa é mantida pela respiração total
da comunidade,que “expulsa” continuamente a desordem.D essa forma,os ecossistemas e os
organismossão sistemastermodinamicamente abertos,fora do ponto de equilíbrio,que trocam
continuamente energia e matéria com o ambiente para diminuir a entropia interna,à medida
queaumenta a entropia externa (obedecendoassim àsleisda termodinâmica).”
N esta m esm a linha teórica,H oward O dum propõe a organização das inform ações
elétricos,pois “everythi
ng hassomeenergy.P athwaysmayindicatecausalinteractions,show
materialcyclesorcarryinformation,butalwayswithsomeenergy”(O dum ,1996)
(Figura 2). A energia flui das fontes externas para os com partim entos e pelas
Energia, a energia que adentra um sistem a não é criada nem destruída: ou fica
estocada nos com partim entos ou flui para o exterior. A pesar de a energia se
pelas laterais dos com partim entos. N a parte inferior de todas as figuras, a
24
energia e m ateriais e à m igração de organism os, cujas fronteiras, desde que
era tarefa fácil (Golley, 1993). Entretanto, Borm ann & Likens, trabalhando na
O m odelo conceitual de bacia hidrográfica apresentado por Borm ann & Likens
ciclo hidrológico (Figura 2a). Este sistem a de dinâm ica com plexa e delicada, a
3
Com unidade biótica,fluxo de energia e ciclagem de m ateriais
4
O s com partim entos identificados foram a atm osfera, o tanque de nutrientes disponíveis no solo, a
quantidade disponívelde m aterialorgânico vivo e não-vivo e os m inerais do solo e das rochas
25
(a) Bacia H idrográfica
26
A U RBA N IZA ÇÃ O D A S Á GU A S D O CES
palco das intervenções urbanas, ao ter sua dinâm ica alterada pela diversificação
de produtores e consum idores, pelo aum ento das relações intrínsecas à bacia e
dependências (Figura 2b) das águas, criada pelo urbano, torna um recurso
hídrico que afetam um a extensa região e ao, m odificar com pletam ente o
fenôm eno natural de inundação das várzeas é transform ado em problem a social
27
O estabelecim ento do m eio urbano ao reconstruir o espaço afeta os diversos
aum entar quanto dim inuir seus efeitos na bacia hidrográfica (Q uadro 2).
PROCESSOS HIDROLÓGICOS
PROCESSOS URBANOS
infiltração nível freático enchentes fluxos baixos sólidos na água
28
A s finalidades definidas para as águas variam no tem po e nas quantidades a
um a procura contínua por fontes hídricas, além de prom over a urbanificação dos
sede e carregar dejetos, Spirn (1995) considera as águas com o o sangue que dá
— tão perto que a sede destes passou a ser saciada com o indesejáveldaqueles.
diferenciadas.
de lazer/recreação dem andam águas que não contenham elem entos quím icos e
29
biológicos nocivos à saúde. Caudais com volum e adequado para com portar
atividades de navegação/transporte.
este um uso altam ente consum ptivo. A s águas para a indústria podem ser
hum ana e anim al,necessita-se de água potávelem quantidades que variam com os
hábitos sociais.
com patíveis com estes diversos usos, leva a intervenções no espaço bacia
cam inhos ao longo da m ata ciliar e m olhes/píeres, além de barram ento para
pesqueiro.
A irrigação do cinturão-verde e das áreas verdes tanto pode ser feito por
Barram entos são norm alm ente necessários para garantir a produção energética,
m argens dos corpos d’água, devendo-se tam bém evitar o carream ento de
A s obras de construção civil dem andam areia e cascalho retirados dos leitos e
quando prontas. Para o abastecim ento de água potável, as águas doces são
30
captadas e aduzidas para tratam ento, arm azenagem e distribuição, depois de
servidas são aduzidas novam ente para tratam ento e retorno aos corpos d’água,
em grau de qualidade nem sem pre com patível com a original e, na m aioria das
Todas estas ações sobre a bacia hidrográfica provocam im pactos tanto positivos
Vários são os exem plos de ecossistem as sob stress ou quase m ortos por causa de
hum anas.Esta é a situação da bacia do Rio Piracicaba (Estado de São Paulo) que
possui grande parte de suas nascentes revertidas para o abastecim ento de água
D entro da arena hum ana, há um constrangim ento crescente entre as dem andas
31
dos m otivos do conflito que se perpetua na região. Constrangim entos sim ilares
têm crescido entre regiões ricas e pobres em água dentro de um m esm o país.A
entorno. O utra situação grave é o núm ero considerável de regiões que vivem
atualm ente um a aparente abundância de água, sim plesm ente por utilizarem os
reposição, dim inuindo o suprim ento para o futuro.O m unicípio de Ribeirão Preto
(Estado de São Paulo) garante todo o seu abastecim ento a partir dos depósitos
subterrâneos e,segundo o Prof.D r.A ldo Rebouças,praticam ente 50% dos poços
Este tratam ento, que tem sido dado ao m eio natural, é resultado de um a
recursos inesgotáveis tendo seu uso am pliado pela capacidade hum ana em
econôm icas da sociedade com o m eio, tem um a resultante entrópica que coloca
de uso dos bens naturais, im postos pelas relações ecológicas e os valores dos
diversos segm entos sociais. D esenvolvim ento passa, então, a ser discutido pela
32
A SU STEN TA BILID A D E D O D ESEN VO LVIM EN TO
desenvolvim ento sua m ais perfeita tradução.À m edida que este estilo avança no
infinitas — não há lim ites nem lim itações intransponíveis. Pretes (1997) aponta
33
fixed or given,but subject to potentialredefinition.S uch a redefinition would involve changing
the fundamentalquestionsand beliefsof W estern society,in which case it would no longer be
W estern society”(Pretes,1997) .
com o um processo que traz todas as sociedades do m undo para o ponto de vista
do O cidente (Pretes,1997).
A ssim , tem -se a “globalização” de um padrão m undial de bem estar social com
contínuo de entrada financeira, o que, pelo m enos em teoria, é ilim itado (D aly &
para sua atuação e os objetivos-fim os quais ela alm eja,objetos interm ediários e
não finais (Figura 3). O s m eios de sustentação não são os bens prim ários
34
subordinados às relações ecológicas do m eio, m as bens interm ediários — objeto
atingem norm alm ente o patam ar “inferior” das relações éticas na sociedade por
econôm ica.
ÉTICA
! O BJET IVO S-M EIO
! (saúde, educação, conforto, etc)
POLÍTICA
ECONÔMICA
dos recursos e de espaço não se resolve plenam ente com a otim ização propiciada
35
suficiente para m inim izar o obstáculo. São deste grupo palavras de ordem com o
“lim ites do crescim ento”, “ética do bote salva-vidas”, “tragédia dos com uns” ou
“m anutenção da capacidade-suporte”.
36
qualidade talque lhe[s] permita[m] levar uma vida digna, gozar de bem estar e [serem]
portador[es] solene[s] da obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para asgerações
presentesefuturas”(artigo I).
adotado. Estes docum entos versam principalm ente sobre substâncias quím icas
5
A quecim ento da superfície terrestre (efeito estufa), am eaças à cam ada atm osférica de ozônio, dentre
outros
6
Prim eira-M inistra da N oruega, M em bro do Parlam ento pelo Partido Trabalhista (desde 1977, líder
partidária em 81/86),M inistra do M eio A m biente (1974-79) e Presidenta da Com issão M undialsobre o M eio
A m biente e D esenvolvim ento.
37
conduziu a A ssem bléia Geral da O N U à criação, em 1983, da Com issão M undial
Este crescim ento é entendido com o essencial para m inim izar a decadência, a
7
Foinom eada,com o presidenta da CM M A D ,a Prim eira-M inistra da N oruega,Gro H arlem Bruntland,e com o
vice-presidente o ex-M inistro das Relações Exteriores do Sudão,M ansour Khalid.À Presidência da CM M A D
coube escolher os dem ais m em bros da Com issão,sendo que m etade deveria provir dos países em
desenvolvim ento Para atuar com o órgão independente podendo “tratar de qualquer assunto,solicitar
pareceres,e form ular e apresentar quaisquer propostas e recom endações que considerasse pertinentes e
relevantes”,os vinte e três m em bros da CM M A D não representavam os governos de seus países,assim
puderam atuar com totalindependência.O s m em bros eram da A rábia S audita,A rgélia,Brasil,Canadá,China,
Colôm bia,Estados U nidos da A m érica,Guiana,H ungria,Índia,Indonésia,Itália,Iugoslávia,Japão,M éxico,
N igéria,N oruega,República Federalda A lem anha,Sudão,U nião das Repúblicas Socialistas Soviéticas e
Z im bábue.O s trabalhos da Com issão foram organizados através de audiências públicas em várias regiões do
m undo (Brasil,Canada,Indonésia,Japão,N oruega,Q uênia,U nião das Repúblicas Socialistas Soviéticas e
Z im bábue) seguidas de reuniões deliberativas.A CM M A D atuou em estreita colaboração com o Com itê
Preparatório Intergovernam entalIntersessionaldo Conselho D iretor do Program a das N ações U nidas para o
M eio A m biente (PN U M A ).foiexam inado pelo Conselho D iretor do PN U M A antes de ser subm etido à
apreciação da A ssem bléia Geralda O N U ,em 1987.
38
planeta e até um futuro longínquo” (Com issão M undial sobre M eio A m biente e
D esenvolvim ento, 1988). N este contexto, o N osso Futuro Com um adjetiva
Fica assim proposta um a nova era de crescim ento econôm ico na qual as
um conceito que não possuilim ites absolutos,m as lim itações im postas pelo estado
de avanço tecnológico, pela organização social face aos recursos naturais e pela
39
político. N ão se pretende, portanto, um a m udança paradigm ática de
década de 50, passam a ser tratados na sua relação com a problem ática
8
A Com issão foi presidida por Enrique V. Iglesias, presidente do BID , e por A ugusto Ram írez O cam po,
D iretor do Program a Regional para A m érica Latina e Caribe do PN U D , e integrada por 13 personalidades
latinoam ericanas, além de 23 peritos, divididos em 3 grupos de trabalho, que prepararam e analisaram o
conteúdo de cada capítulo do relatório. Foram recebidos com entários e contribuições escritas por 14
técnicos.H ouve 2 apresentações públicas,em W ashington (EU A ) e S antiago (Chile).A Com issão se reuniu em
N ova York (EU A ),W ashington (EU A ) e S antiago (Chile).
40
PRÓ PRIA A GEN D A considera “a pobreza causa e efei
to da deterioração ambientallocal.
E ste vínculo entre pobreza e exploração dos recursos ajuda a colocar em destaque outra
conexão:a relaçãoentredívida externa eosproblemasambientaisregionais.A saltassomasde
juros da dívida externa determinaram uma transferência líquida de capital, [obrigando] a
super-exploração dos recursos naturais, como meio de atender as necessidades prementes de
curto prazo e promover um acelerado aumento das exportações. [...] N este contexto, a
recuperação do crescimento e do desenvolvimento são uma condição necessária que deve ser
atendida para fazer frente a problemas sociais e ambientais prementes” (Com issão de
D esenvolvim ento e M eio A m biente da A m érica Latina e do Caribe,1990).
degradação am biental, a N O SSA PRÓ PRIA A GEN D A sugere que se deve atuar
abundância de recursos naturais e um rico patrim ônio cultural que podem ser
usados para alterar a sua capacidade de negociação, desde que os term os sejam
regional. U m dos principais acordos, que deveria ser alm ejado, é sobre a
41
[atualizadas] em conformidade com a ciência e tecnologia modernas [...] a participação
ativa da capacidade científico-tecnológica endógena”. (Com issão de D esenvolvim ento e
M eio A m biente da A m érica Latina e do Caribe,1990).
42
y se esta dando, y las que afectarían a la región de continuar la actualdeterminación (en
esencia exógena)dela incorporación delcambiotecnológico.”
desenvolvim ento está na com preensão, de form a m enos lim itada pelas
autoridades, “dosví
nculosentre asaçõespor parte de outrossetores[da gestão pública],o
impacto ambiental e as ameaças à saúde das comunidades e indivíduos” (Com issão de
D esenvolvim ento e M eio A m biente da A m érica Latina e do Caribe, 1990). A
reversão deste quadro atual requer, segundo a Com issão latino-am ericana e
caribenha, “mai
s do que conhecimento científico, capacidade institucional ou especialistas
habilidosos. R equer vontade política”. Em penho político tam bém é apontado com o
fundam ental pelo N osso Futuro Com um . “E m suma, a deteri
oração ambiental, as
condiçõesde saúde e o desenvolvimento estão inextrincavelmente entrelaçados.[...] É preciso
uma integração daspreocupaçõessanitáriascom asambientais,como parte de um novo modelo
de desenvolvimento sustentável” (Com issão de D esenvolvim ento e M eio A m biente da
A m érica Latina e do Caribe,1990).
ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ
tam bém à questão a autonom ia das com unidades no que diz respeito à degradação
do m eio, seja pela apropriação de seus recursos naturais, seja pela produção de
9
N ão pretendendo nenhum a discussão etim ológica,m as ilustrar o am plo espectro de significados dos term os
em discussão. É interessante notar que desenvolvim ento com o o ato de se desenvolver possui significados
vários.O prefixo des significa separação,negação e privação, m as pode tam bém significar transform ação e
intensidade, assum indo inclusive o caráter de reforçar ou reiterar um a ação (A urélio Buarque de H olanda,
1986). O vocábulo envolver, por sua vez, significa confundir, introm eter-se, ocultar-se, cobrir e enredar,
44
D este m odo, um a variável fundam ental para um a agenda am biental latino-
prática que busca a qualidade do desenvolvim ento que se sustenta nas relações
m as tam bém abranger, conter, im portar, seduzir, cercar, encantar, cativar e atrair (A urélio Buarque de
H olanda,1986).
45
apropriação predatória das águas acarreta um processo de degradação am biental
Reconhecer estes im pactos e sua dim ensão é m ister para a prom oção do
planejam ento das águas doces, enquanto recurso natural estratégico para a
im pacto provocado pelas intervenções dem andadas pelas funções urbanas sobre
10
Providos som ente de infraestrutura
46
N A VEGA ÇÃ O /
A BA ST ECIM EN T O PÚ BLICO CO N ST RU ÇÃ O EN ERGIA CIN T U RÃ O -VERD E LA ZER RECREA ÇÃ O
T RA N SPO RT E
molhes/píeres - construção
areia/cascalho - mineração
captação tratamento tratamento gotejamento desvio construção pesqueiro
píeres/docas - construção
água tratada - distribuiçãi
solo - impermeabilização
A M BIEN T A IS
sedimento - controle
sedimento controle
fonte/espelho d’água
res. sol. - disposição
sedimento - controle
sedimento - controle
res.sol. - disposição
tratamento terciário
trincheira infiltrante
barramento
barramento
ETE - construção
caminhos ciliares
terraço inundável
ETA -construção
com reservação
filtro - lavagem
adução
adução
bombeamento
manutenção
reservação
ampliação
direta
relevo
quím icos
físico-
solo
parâmetros
hidrológicos
bióticos
saúde pública
saneam. básico
antrópicos
habitação
proc. produtivos
conserv.
ambiental
Tabela 1 - M atriz de interação crom ática de im pactos entre as ações que as funções urbanas dem andam na bacia
hidrográfica e os fatores am bientais.
im pacto positivo, situação de indiferença, situação de alerta, im pacto negativo.
47
A o analisar as regiões m etropolitanas para o planejam ento de suas águas doces,
m ínim o de fatores am bientais para o m eio hídrico é com posto por relevo, solo,
através dos indicadores estrutura (tipo),declividade e com prim ento de ram pa.O
solo, por apresentar a qualidade da ocupação das terras da bacia através dos
hum anas no espaço urbano. Estes fatores am bientais são tam bém agentes que
ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ
proposta de desenvolvim ento que apreenda as águas nas dim ensões definidas por
48
deve estar sustentado pela prudência ecológica, eficiência econôm ica e justiça
não das lim itações,im postos pela qualidade am bientaldo m eio é um condicionante
sine qua non para a definição de um a política de “transform ação do envolvim ento”
relação de “apropriação” do bem água capaz de prom over um a nova dinâm ica nas
A questão am bientaldeve ser apreendida com o um a dem anda social,que pelo seu
caráter com plexo e integrador requer a dissem inação da inform ação com o form a
com preensão das funções das águas doces no m eio ecológico e para o m eio social
participação ativa dos atores representantes dos diversos segm entos sociais nas
recursos.
A gestão das águas doces urbanas não pode ser definida nem pelo uso
predom inante nem com o resultado de escolhas de âm bito predom inantem ente
49
técnico, dado os conflitos de uso. D irim ir estes significa reconhecer com o a
dela para que se possa buscar o consenso entre eles. A otim ização do recurso
grupos sociais, que direta ou indiretam ente interferem na região, tendo com o
fator lim itante a qualidade am biental do m eio. A viabilização dos usos m últiplos
com preensão das necessidades e funções das águas doces no m eio ecológico e
São m uitos os olhares sobre as águas doces na sua fase de bacia hidrográfica
quando palco das funções urbanas, que devem ser apreendidos estrategicam ente
conflitos. Esta crise crescente e constante que apresenta a água doce com o um
50
PA RTE II
U M R O T E IR O H 1 S T Ó R I C O
51
A PRO BLEM Á TICA D A S Á GU A S D O CES U RBA N (IZA D )A S:U M
PERCU RSO
A adm inistração dos bens naturais no Brasil reflete o caráter intrinsecam ente
tornam -se tem a da agenda política im perial, quando em 1861, D .Pedro II ordena
partir de m eados do século X IX .Com efeito,as aglom erações urbanas são focos
pública.
form ulação de norm as destinadas à gestão das águas.Essa questão - a das águas
sob m edida ao ideário republicano,e São Paulo – a cidade que alavanca o processo
52
têm o seu percurso traçado pelos docum entos legais produzidos nos vários
m oderno, industrializado e urbano nos m oldes do que vinha ocorrendo tanto nos
equipam entos necessários para um a vida saudável — cidades que planejam sua
não possuía um a cidade com desem penho de capital econôm ica.Sendo um Estado
m ontanhoso, funciona com o dispersor das águas que vão form ar as principais
bacias do País: a oeste, os rios São Francisco e Paraopeba, ao norte, os rios das
adm inistrativa provincial no Im pério, por estar distante das áreas de m aior
53
de com unicação11 gerada pela sua geografia, dificultar a im plantação de infra-
M inas para um lugar m ais central, de m aior facilidade de com unicação com os
Constituinte de 1890.
Por outro lado, a m odernidade na ótica republicana está vinculada tam bém à
industrialização, que por sua vez necessita do gerenciam ento das águas, já que,
geográfica é considerada ím par por perm itir com unicação fácil com o Triângulo
11
A Estrada de Ferro Pedro II penetra em M inas em 1869 m as só atinge O uro Preto em 1888
54
centro de talimportância econômica. E ssas condições residem de modo particular nos seus
serviçosdeutilidadepública,edentreestesressaltam osdeabastecimentodeágua,saneamento,
energia elétrica e transporte urbano.S e não se desenvolverem constituirão os'freios'que irão
afetarocrescimentoda cidade” (W hitaker,1946).
Sendo banhada pelo curso superior do Tietê, a cidade de São Paulo não possui
prioridades. Por outro lado, vão surgindo tecnologias de tratam ento quím ico da
água, que perm item a captação de corpos d’água não “protegidos” para o
abastecim ento público. Represas, que antes eram construídas para regularizar
caso de Guarapiranga em São Paulo, agora são usadas para dim inuir o déficit de
dem anda para abastecim ento.Belo H orizonte,constrói,nos anos 40,sua prim eira
represa para abastecim ento público — a represa da Pam pulha. O aum ento da
oferta de água é acom panhado do controle m ais efetivo por parte do poder
do uso. Enquanto o uso da água para produção energética é regulam entado pelo
55
governo estadual,o abastecim ento público era objeto exclusivo de adm inistração
a região.
de alcançar rapidam ente desenvolvim ento econôm ico com “ordem e progresso”.A
instrum entos legais visando à regulam entação e controle dos efeitos deste
econôm ico, agora discutido não m ais exclusivam ente no âm bito da saúde pública
PLA N A SA .
de M inas Gerais é criada, com resistência do setor, a Com panhia de Saneam ento
12
Santo A ndré,São Bernardo do Cam po e S ão Caetano do Sul.
56
público de grande parte do estado incluindo toda a Região M etropolitana de Belo
perm itiu às com panhias de saneam ento estaduais aum entarem a oferta de água,
principalm ente nos grandes centros, com m aior eficiência que os órgãos
Grande São Paulo com a criação, em 1968, da Cia M etropolitana de Á gua de São
Paulo, para abastecim ento de água potável e a Cia M etropolitana de Saneam ento
adequação do tratam ento, quer pelo aum ento dos esgotos dom ésticos, quer pela
com panhias de saneam ento para atender a crescente dem anda por água potável
quando de m á. Bacias hidrográficas são cada vez m ais revertidas, nas regiões
esgotam ento sanitário.N o caso do m unicípio de Belo H orizonte, que se situa nas
terras da Bacia do Rio das Velhas, as águas são m ineradas para abastecim ento
público na bacia do Rio Paraopeba, através das bacias dos ribeirões Vargem das
a ser lançados no Rio das Velhas,pelas águas dos ribeirões A rrudas e O nça.Para
57
O PLA N A SA expandiu e ao m esm o tem po endividou-se.Com as sucessivas crises
econôm icas, o sistem a entra em colapso sem atingir suas m etas a contento por
poder m unicipal e os atores sociais diretam ente envolvidos. Por outro lado, as
O caos instalado no país em relação à gestão das águas doces leva as associações
Consum idor da Câm ara, traz a discussão da gestão das águas para um fórum
as reversões existentes,com o por exem plo,o Consórcio das bacias paulistas dos
rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí: algum as localidades que captam água na bacia
lançam no Jundiaí.
58
A trajetória da adm inistração da gestão das águas doces reflete o próprio
dom inado pela discussão sobre salubridade urbana, no qual as ações sobre as
a quantidade. O Estado liberal atua pontualm ente para dirim ir conflitos pois as
devido à expansão urbana leva as questões quanto à qualidade das águas a serem
IV. A m biental (a partir de 1980) - período que com eça a se esboçar com a
59
hidrográfica.O país define, finalm ente, sua Política N acional de M eio A m biente,
garantia form alde participação de segm entos sociais regionais.O Estado passa a
crescim ento populacional superava qualquer aum ento da oferta de m oradias, que
Cada vez m ais pessoas trabalhavam nas fábricas e tinham que viver nas suas
13
de 958 m il(1801) para 1948 m il(1841).
60
privadas.E sse estado de coisasnão se restringia aoslaresdasclassestrabalhadoras,mas se
agravava ali.N a P equena Irlanda,em M anchester,havia duasprivadaspara 250 pessoas.
E m outro distrito,trinta e trêsurinóisserviam a sete milpessoas! N a maioria doscasos,não
havia como chegar ao quintalsenão passando por dentro da casa,e assim todasasimundícies
eram carregadasatravésde quartos,corredores,entradase outrospisosque ficavam poluídos”
(Rosen, 1994). Tam anha aglom eração urbana desordenada produziu cidades
14
Coordenadas por Parent D uchatelet em Paris e Edwin Chadwick em Londres.
15
A insalubridade urbana foi analisada, num a perspectiva organicista, a partir do m odelo da circulação
sangüínea de H arvey que induz, ao im perativo do m ovim ento do ar, da água, dos produtos.Tal fato m odelou
um a estratégia sanitária que atribuiu grande im portância à circulação das m assas — m ovim entar
61
nascem os princípios que vão nortear a reform a sanitária, pois o relatório não
perm ite dúvidas quanto ao fato das doenças, principalm ente as “contagiosas”,
D este m odo, a saúde, problem atizada com o saúde pública, passa a estar
da água é am bíguo: enquanto fluido é vista, de um lado, com o o veículo prom otor
construção dos novos sistem as de salubridade.O m anejo das águas passou a ser
traçado pela adm inistração pública. D e sim ples elem ento consum ido para suprir
passaram a levar para dentro dos lares burgueses e dos trabalhadores, m uito
62
com portam entos, passaram a ser dissem inados a partir do acesso facilitado à
água.A idéia de civilização burguesa está intim am ente ligada à questão sanitária
com portam ento dito civilizado dos habitantes das cidades adotando um a postura
A arão Reis, no relatório final, expõe sua concepção sobre saneam ento urbano —
cidades.
63
indispensávelum abastecimento abundante de água,por outro era preciso garantir que todo
esse volume, depois de servido, encontrasse fácile pronta evacuação para fora da cidade.
P orém, não bastava que toda essa “massa de imundície produzidas pela vida diária” fosse
transportada para além do núcleo urbano,poiso saneamento interno dascidadesprecisava ser
complementadopelosaneamentoexterno”(Santa Rosa & A zevedo Jr.1,1996).
Para A arão Reis,a opção m ais vantajosa era o sistem a unitário (tout à l’égout) —
todos os despejos, dom ésticos, das ruas e as águas pluviais, seriam coletados
A decisão final do Congresso M ineiro pelo sítio de Curral d´El Rey teve, na
que um a cidade m oderna, planejada, deve prever seu crescim ento futuro,
16
U m engenheiro de form ação enciclopedista graduado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro
64
públicos e chácaras particulares e dizem até que para beber!”(Barreto, 1995). A Planta
Geral da N ova Capital estabeleceu critérios de zoneam ento que definiu a
localização dos equipam entos coletivos de m odo a atender aos m ais m odernos
pretensão do urbanism o de dom inar o espaço e o universo hum ano (Julião, 1996).
A rigidez geom étrica do traçado urbano foi considerada inadequada pelo Eng.
e econôm icas (Santa Rosa & A zevedo Jr.2, 1996). A proposta não foi aceita,
efluentes, antes do seu lançam ento nas águas do ribeirão A rrudas. Com a
extinção da Com issão Construtora, no ano seguinte, o rigor de seu planejam ento
65
foi definitivam ente abandonado e ao ribeirão A rrudas coube o papel de veículo
crescim ento vertiginoso17 de São Paulo não é acom panhado eficientem ente pela
lugar ao capital público, sob a argum entação de que som ente o Estado teria a
forçar a população a consum ir esta água dem olindo, com ajuda de força policial,
17
A cidade passa de 50 m ilhabitantes,em 1877,para 65 m il,em 1887 e 70 m il,em 1890.
66
do Rio Tietê.Todavia,o acelerado crescim ento da cidade18 acentua os problem as
tam bém se iniciam os estudos para aproveitam ento das bacias dos Rios Claro e
Cotia.
virada do século, dem anda uso intensivo de energia, concorrendo com o setor de
saneam ento no aproveitam ento dos corpos d’água locais. N o início, o serviço de
energia elétrica era fornecido pela Com panhia Á gua e Luz, em presa de capital
1986).N este período tam bém surge a São Paulo Railway,Light and Power Co Ltd
que são trazidos para o Brasil dois m erecem destaque, A sa W . Billings e F.S.
propõe que, ao invés de se perm itir que as águas do Rio Tietê cam inhem para o
interior que se dirijam direto ao m ar pelo cam inho m ais curto e m ais “produtivo”
um canalde escoam ento.A aprovação deste projeto pelo poder público garante a
18
231.820 habitantes em 1900.
19
A tualSistem a Billings
67
P inheiros e os afluentes G rande e G uarapiranga, drenando, beneficiando e saneando os
terrenoslocalizadosnasrespectivaszonasinundáveis20”.
conduziu a um redesenho das bacias hidrográficas não só da região com o tam bém
do entorno.
sanitaristas.A água passa a ser tratada com o elem ento essencial para a geração
N as prim eiras décadas da República, a gestão das águas foi fragm entada, não
água e os esgotos levados para fora das cidades, iniciando a transform ação dos
20
D ecreto estadual4487 de 09.11.1928
68
as águas doces foram m ineradas continuam ente.Legalm ente eram vistas com o um
abastecim ento público de água potável a solicitar aos proprietários deste bem a
energia hidráulica.
pesca, florestas e água. O aproveitam ento industrial das m inas e das jazidas
A im portância dada à energia hidráulica é de tal ordem que o Código das Á guas
21
A única m enção às águas é feita no Código Civilquanto ao direito de vizinhança.
69
fonte de energia hidráulica seja registrado junto ao Serviço de Á guas
enfocar as águas com o recursos dotados de valor econôm ico para a coletividade.
autorização adm inistrativa, as águas poderão ser inquinadas26, adverte tam bém
22
D ecreto Federal24.643 de 10.07.34
23
artigo 200
24
artigo 109
25
artigo 98
26
artigo 111
27
artigo 111
70
agricultores ou industriais, favorecidos com essa outorga, sujeitos a indenizar a
lesados28.
A noção das águas com o bem de interesse público, sujeita, portanto, ao controle
regim e de inspeção e autorização adm inistrativa das águas com uns e particulares
28
artigo 112
29
artigo 68
30
artigo 110
31
artigo 143
32
artigo 51,alínea a
71
o abastecimento das populações” 34. Q uanto à navegação, ela é privilegiada para uso
com ercialnas águas públicas 35.
periodicam ente assoladas pela seca, públicas de uso com um 37. Ficou ainda
O Código das Á guas estava, segundo Silva (1996), alinhado com as tendências
falta de regulam entação de vários dos dispositivos propostos não perm itiu aos
m unicípios usufruir dos benefícios definidos pelo Código das Á guas. Com o
33
artigo 48
34
artigo 36,§ 1°
35
artigo 37 e 48 parágrafo único
36
artigo 176
37
artigo 5
38
artigos 32 e 33
39
Em águas públicas (de uso com um e dom iniais),águas com uns e águas particulares
40
artigo 36,§ 2.°
72
passa a constituir um subproduto essencial para a industrialização do Brasil. O
gerenciam ento das águas, para fins hidrelétricos, foi rapidam ente centralizado
Belo H orizonte, cuja escolha do sítio havia sido pautada pela água disponível não
só para abastecim ento, m as tam bém para tratam ento dos efluentes, não
tam bém a um a redução das obras propostas, projetando-se não m ais para 300
aberto para distribuição de água e escoam ento de esgotos — com prom etendo a
salubridade da cidade oficial (Santa Rosa & A zevedo Jr.1, 1996). A lém disso, o
custo elevado de vida na área projetada induziu ao crescim ento desordenado dos
um planejam ento urbano global com o prem issa básica para o saneam ento das
41
O s estados de São Paulo e M inas Gerais perdem as atribuições que possuíam com relação a energia
hidráulica ,através dos decretos-lei852/38 e 2059/40,respectivam ente.
73
cidades.O plano de urbanização esboçado concebia:“a abertura de di
versasavenidas
radiais e avenidas sanitárias no fundo de vales; a criação de “cidades-jardins”, com grandes
áreas verdes, playgrounds, e, na medida do possível, independentes do centro urbano; novo
zoneamento; novos regulamentos de construções, com base em exigências da higiene e do
conforto; criação de novos parques; centro cívico, centralizando as três esferas de governo;
centro universitário; criação de cidades-satélite” (Santa Rosa & A zevedo Jr.3, 1996).
A pesar de não ter sido adotada prontam ente, a proposta de Continentino
sanitarista. A lguns docentes, com o Lúcio José dos Santos, publicaram livros
“aliando explanações teóricas a desenvolvim ento práticos” com dados e elem entos
colhidos no país a fim de dar ao trabalho “um caráter m ais nacional” (Santa Rosa
& A zevedo Jr.3,1996).O utros exerceram cargos públicos, com o Lourenço Baeta
Form ado pela Escola Livre, O ctacílio N egrão de Lim a, adm inistra a cidade de
cloração das águas de abastecim ento, que haviam sido contam inadas por
42
Engenheiro civil form ado pela Escola Livre de Engenharia de Belo H orizonte, onde foi catedrático de
“H igiene,Saneam ento e U rbanism o” e prim eiro diretor do Instituto de Engenharia Sanitária.
43
D ivergente da tradição enciclopedista da Escola de Engenharia do Rio de Janeiro
74
m anobras m ilitares,produzindo um surto de tifo em 1936.Im plantou um a fábrica
nunca foram tratados. Este tem a, que sem pre constou das agenda políticas de
esgotos, uniform izou o serviço de fornecim ento hídrico com a substituição das
ligações de pena de água por hidrôm etros.A ligação das instalações sanitárias ao
Pam pulha46.
do ribeirão Pam pulha constituiria “de par com uma notávelreserva d’água para usos
44
Program a de Saneam ento, parceria entre os governos estadual e m unicipal sob a responsabilidade da
CO PA S A – Com panhia de S aneam ento de M inas Gerais.
45
D ecreto-Lei83 de 21.12.40 (Regulam ento dos Serviços D om iciliares de Á gua e Esgoto)
46
Relatório Exercício 1940-41 apresentado ao Governador Benedito Valadares pelo Prefeito Juscelino
Kubitschek de O liveira em 1942.
75
Sendo decidida a construção do reservatório da Pam pulha, um program a de
A lém do com plexo de lazer da Pam pulha, foi construída, no m esm o período, a
criando um novo eixo de desenvolvim ento da cidade para oeste. Para atrair
elétrica de Gafanhoto,m as não teve o m esm o cuidado com o destino dos esgotos
47
Relatório Exercício 1940-14,op.cit.
48 ibidem
76
industrial,no município de S anta L uzia,[situada a jusante da bacia de drenagem de Belo
Elétrica — D A EE51, para adm inistrar seus corpos d’água, com o objetivo de
capacitá-lo na produção de energia. N o m esm o ano, é criada tam bém , junto com
os estados de M ato Grosso, Goiás, M inas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, a Com issão Interestadual da Bacia Paraná-U ruguai — CBPU 52.N a
49
D ecreto-leiestadual778 de 19.06.41
50
Lei 2597 de 12.09.1955 (Governo Juscelino Kubistchek), regulam entada pelo D ecreto 39605-B de
16.07.56
51
LeiEstadual1350 de 1951.
52
Reunião dos governadores dos respectivos estados ocorreu entre 06 e 08 de setem bro de 1951
77
exige o desenvolvimento não só do Brasil, mas do P araguai, da Bolívia, do P eru e da
C olômbia. [...] J á não basta, com efeito, planejar o desenvolvimento de um E stado. [...]
Indispensávelésimultaneamenteintensificarasatividadesda Bacia P araná-U ruguaiedetodo
oO este,aproximandoospaíseslimítrofes,na integraçãodeum grandemercadosulamericano.”
O CBPU idealiza a Bacia Paraná-U ruguai com o corredor integrador do
classificação das águas segundo seus usos preponderantes. É criado tam bém o
Conselho Estadual para o Controle de Poluição das Á guas — CECPA , com o órgão
53
CBPU (1954) Problem as de D esenvolvim ento: N ecessidades e Possibilidades do Estado de S ão Paulo
(relatório elaborado pela S A GM A CS )
54
Lei2182 de 23.07.53
78
com poder adm inistrativo sobre os m unicípios de São Paulo, Guarulhos, São
descom passo entre os estudos dem ográficos utilizados para os planos de água e
Guarapiranga em m ais 5,5 m 3/s, as águas das Bacias dos Rios Capivari e M onos
prim eiro corpo d’água com destinação exclusiva - proibindo o lançam ento de
industriais. Enquanto a cidade de São Paulo ordena que novos loteam entos só
ocorram em áreas que possuam serviço público de água potável57 e cujos córregos
55
Reportagem da FO LH A D A M A N H Ã de 15.12.54 incorporada aos A utos 43 do D A E sobre ‘M edidas de
proteção das águas da represa do Guarapiranga”
56
D ecreto n.° 24806 de 25.07.55
57
LeiM unicipal4965 de 20.04.56
58
D ecreto M unicipal4146/59
79
indústrias não vivem só de energia, m as tam bém de água de qualidade e em
gestão das águas — os m unicípios brasileiros que m ais atraíram indústrias por
Belo H orizonte que, desde a sua fundação, se esforçava para atrair indústrias,
indústrias da região, que tem iam ver sua produção am eaçada em função da m á
para a criação da Com issão Interm unicipalde Controle da Poluição das Á guas e do
A r, que atua até 1971, com apoio da O rganização Panam ericana da Saúde e
São Paulo, com o sugere M elo Bueno (1994), tem um a especificidade que m arca a
sua política de saneam ento - conciliam o aproveitam ento hidráulico da LIGH T com
80
vertente m arítim a da Serra do M ar:rios Capivari- M onos - M andaú e A lto Juquiá
para a represa de Guarapiranga; Rio Tapanhaú para o Sistem a Rio Claro; e, rios
ser barrados. A lém disso, propõe o barram ento do Rio Juqueri para receber as
águas revertidas dos rios A tibainha, M uquém e A lto Jaguari e a utilização das
governam entais até a década de 40, com eça um a aceleração no crescim ento
déficit de 50 m ilhões de litros/dia foi “caçar” novos m ananciais fora dos lim ites
Bonito e Rio das Pedras — m ereceriam estudos m ais acurados por já estarem
optou-se pela captação no Rio das Velhas. O investim ento necessário exigia um
negociações com o Governo Federal, a construção do Sistem a Rio das Velhas foi
59
Rio Paraopeba, Rio das Velhas, Rio do Peixe, Rio das Pedras, M anancial da Serra do Cipó, Ribeirão Bonito
(Caeté),Lagoas Grande e Codorna (N ova Lim a)
60
Situadas em propriedade da St John delReiM ining Co Ltda
81
shaft em parceria com a PETRO BRÁ S, que perm itiu a chegada de novas águas a
Belo H orizonte.
criar um a bacia hídrica - bacia do alto Tietê - foi o sistem a Grande da LIGH T,
Interam ericano de D esenvolvim ento (BID ) tendo o governo estadual com o co-
responsável(CO PA SA ,1982).
O segundo período das gestão das águas urbanizadas foi m arcado pela
nota só, as obras para geração e transm issão de energia foram objeto de
O aum ento do fornecim ento energético que ocorreu com o Plano N acional de
82
potávelnas áreas urbanas entram em colapso.Por um lado,dada a sua gestão ser
fragm entada por localidades, por outro lado, por privilegiar o tratam ento de
águas lim pas para potabilidade em detrim ento do tratam ento dos efluentes cujos
arruam entos. A ssim , o esgotam ento das reservas hídricas potáveis nas
projeto de desenvolvim ento que será viabilizado pelas políticas econôm ico-
61
Engenheiro consultor das Centrais Elétricas de M inas Gerais (CEM IG)
83
estespressupostos da economia política tinham totalressonância no contexto político-econômico
internacional, onde, tanto no modelo do socialismo real soviético, quanto no capitalismo
americano pós-new deal,o E stado planificado, o E stado interventor, tinham plena vigência.
N oBrasilistoseimplantou sob a perversidadeda ditadura militar”.
econôm ica estruturada pelos civis aliados ao novo regim e (A quino, 1990). N o
H abitação] e de sua rede de captação de recursos que o governo tentou criar uma área
dinâmica da economia com participação aberta ao capitalnacional” (Caserio de A lm eida,
1986).
62
D ecretos-lei9216/46 e 9777/46 (Governo Eurico D utra)
63
D ecreto 50488 de 25.04.61
84
urbanização,o Serviço Federalde H abitação e U rbanism o — SERFH A U 64.U m dos
investim entos criados foi o Fundo de Financiam ento de Planejam ento Local —
desenvolvim ento local.A ssim , o SERFH A U , por um lado, era um órgão norm ativo
face à dim ensão dos problem as encontrados,não perm itiu o atendim ento nem de
urbano e regional, a “i
ntegração e coordenação dos programas setoriais -abastecimento
d’água,energia elétrica,saneamento básico,habitação,transporte e abastecimento nosplanos
de urbanização” (A quino, 1990). Tal “integração e coordenação” resultou em um a
m aior centralização do governo federal nas questões concernentes, com o por
exem plo em relação à com petência das Centrais Elétricas Brasileiras S/A —
64
D ecreto 59917 de 30.12.66
85
regional,decentraiselétricasdeinteressesupra-estadualedesistemasdetransmissãoem alta e
extra-alta tensões,que visem a integração interestadualdos sistemas elétricos,bem como dos
sistemasdetransmissãodestinadosaotransporteda energia elétrica[...]”65.
águas são tornadas escassas para o abastecim ento público pela produção
Integrada pela SA N ESP. O s dois prim eiros privilegiam o aum ento de vazão da
Billings para produção de energia pela LIGH T,através do carream ento de todo o
bacia do Rio Piracicaba, se viabiliza com o projeto em 1967 e suas obras são
65
Lei5899 de 05.07.73 (artigo 1.°)
66
Elaborado pelo Grupo Executivo da Grande São Paulo (Gegran) em 1969 - Gov.A breu S odré
86
mista com o objetivo de captar,tratar e vender água potávelno atacado aos37 municípiosda
então chamada G rande S ão P aulo,inclusive ao D A E ” (SA BESP, 1988).A s obras do
Sistem a Cantareira, iniciadas pelo D A E, passam para a responsabilidade da
a Com panhia de Saneam ento da Baixada Santista — SBS e a Com panhia Regional
caráter supram unicipal, são o em brião da futura Com panhia de Saneam ento
67
D ecreto-lein.° 195-A de 19.02.70
68
D ecreto n.° 52490/70
69
D ecreto Estadualn.° 52706 de 11.03.71
87
ações de caráter institucional im plem entadas em São Paulo com a m ultiplicação
70
D ecreto-Lei200/67
88
G arantia porTempodeS erviço— F G TS — eem empréstimosexternos.A partirdessa
fase inicial, em que se formavam os F undos E staduais de Á gua e E sgoto — F A E ,
esperava-se que pouco a pouco esses fundos fossem realimentados com a receita operacional
positiva dosserviçose que,então,passassem a trabalhar como fundo rotativo” (Silva, 1996).
Esta concepção se assem elha ao que já havia sido proposto pelos técnicos da
tam bém um a ausência de program as que contem plassem problem as com uns
sistem a (Santa Rosa & A zevedo4, 1996). A pesar de o PLA N A SA ter m obilizado
recursos para a execução de obras de saneam ento num m ontante jam ais visto
priorizando intervenções para abastecim ento de água potávelem detrim ento dos
esgotos sanitários. Essa estratégia, que visava a um retorno m ais rápido dos
investim entos, produziu condições altam ente danosas para o m eio ao aum entar
71
LeiFederal6529 de 05.78
89
significativam ente o volum e de água a ser distribuído sem os serviços de coleta
de esgotos necessários.
no futuro (Santa Rosa & A zevedo4, 1996). Em 1974, é criada a Com panhia de
Enquanto a Região M etropolitana de São Paulo detinha 46% dos investim entos do
M undial em 1979 (Santa Rosa & A zevedo4, 1996), entrando em um a nova fase:
Sistem a Pam pulha quanto no Sistem a Vargem das Flores. A m bos receberam
avenidas panorâm icas no seu entorno e loteam entos form ais e inform ais nas suas
72
Lei6084 de 15.05.73 regulam entada pelo decreto 15512 de 30.05.73
73
D ecreto 15881 de 12.12.73
74
LeiEstadual6475 de 14.11.74
75
D ecreto Estadual20792 de 08.09.80 com base na LeiFederal6766 de 19.12.79 (LeiLehm ann)
90
de vegetação natural existentes na área foram declaradas de preservação
para fins urbanos deveriam , para serem aprovados pelo m unicípio contar com a
anuência do Estado.
A CO PA SA , ao definir com o prem issa para a sua política para proteção de seus
prim eira vez que o Banco M undial financiou a desapropriação de um a área para
guardiã de áreas de interesse social, tende a fazer uso privado de parte destes
76
Responsável,na S A BESP,pelo Program a Integrado de Conservação dos M ananciais da RM SP
91
vezhabitados,edificadossobre terra de subsolo nua e estéril,[propiciam]gravesocorrênciasde
erosões, comprometimento dos mananciais próximos [e] supressão da vegetação originalque
conseguiu legitim idade política para intervir nas questões ligadas à poluição. Em
fecham ento da planta da Com panhia de Cim ento Portland ITA Ú , o então
77
Exposição de m otivos 100/71
78
Exposição de m otivos 1119 de 17.10.73 dos M inistérios do Interior e do Planejam ento e Coordenação Geral
79
D ecreto 73030 de 30.10.73
A rt.4.° - À SEM A com pete: c) prom over a elaboração e o estabelecim ento de norm as e padrões relativos à
preservação do m eio am biente, em especial dos recursos hídricos, que assegurem o bem estar das
populações e o seu desenvolvim ento econôm ico e social.
A rtigo 13 - N o âm bito de suas atribuições, a SEM A dará prioridade, nos exercícios de 1973 a 1974, aos
estudos,proposições e ações relacionadas com a poluição hídrica.
92
Federal determ inar ou cancelar a suspensão do funcionam ento de
Poluição das Á guas — CETESB 81, com objetivos sem elhantes ao da SEM A no
âm bito estadual, assum indo tam bém as atribuições e prerrogativas do Fom ento
Estadualde Saneam ento Básico — FESB 82; e a Com panhia de Saneam ento Básico
do Estado de São Paulo — SA BESP83 para dar cum prim ento ao PLA N A SA , tendo
U m olhar às políticas oficiais dos anos 70 perm ite esclarecer as relações entre a
80
D ecreto Federal81107/77 - artigo 2.°
81
Leiestadual118 de 29.06.1973
82
Criado para levantar fontes internas e externas de recursos necessários para a execução de program as
de saneam ento e responsávelpelo controle da poluição (decreto-leino 195-A de 19.02.70)
83
Leiestadualn.° 119 de 29.06.73
93
Guim arães (1986) é reservado, no processo, um papel passivo para o am biente —
que o investim ento dos países subdesenvolvidos deve ser para o desenvolvim ento
econôm ico, fundam ental na elim inação da pobreza. A este argum ento, os países
com partilham ento tam bém das riquezas financeiras,com erciais e tecnológicas.O
reverter a contam inação am biental,o desenvolvim ento econôm ico com o o cam inho
84
O petroleiro Torrey Canyon, em 1967, despeja toneladas de petróleo na costa britânica infligindo sérias
perdas a produção pesqueira e a indústria turística norte-européia. O despejo de m ercúrio na baía de
M inam ata,no Japão,que vinha ocorrendo desde 1953,ganha repercussão internacionalcom a constatação de
um quadro clínico local crítico, após 234 m ortes e m ais de 1000 casos de doenças neurológicas. O livro
PRIM A VERA SILEN CIO SA da eng. agrônom a Rachel Carlson, publicado na década de 60, já vinha
provocando debates acalorados nos Estados U nidos da A m érica quanto a política agrícola de dependência de
agrotóxicos.
94
para os países subdesenvolvidos superarem a pobreza e, finalm ente, o uso da
1986).
docum ento86, que analisa o tratam ento dado à questão am biental pelo Governo
da adm inistração pública. O órgão criado, a SEM A , não tem um quadro técnico
diversificado87 nem respaldo político, tam pouco dotação orçam entária para
N acionalde H abitação instituio PLA N A SA ,que objetiva levar água lim pa para as
85
Representantes de Burundi,Cuba,Chile,China,Egito,India,Iraque,Rum ênia e Paquistão concordaram com
as propostas do Itam araty
86
Exposição de M otivos Federal100/71
87
Com posto de um quadro de funcionários de form ação técnica em ciências naturais
95
perfazendo um total de 17 órgãos da adm inistração federal segundo Costa
(1996).
A apropriação dos corpos d’água para atender a estes Planos é definida pela
Rio Paraíba do Sul88) ou eixos de desenvolvim ento (Bacia do Rio São Francisco89),
Em 1973 são instituídas oito regiões m etropolitanas no país90 — São Paulo, Belo
com o os serviços urbanos de interesse com um , que passariam a ser tratados por
destacam -se o aproveitam ento dos recursos hídricos e saneam ento básico, que
88
Situada ao longo da Rodovia Presidente D utra do eixo São Paulo-Rio de Janeiro
89
Considerado rio de integração nacionalpor cruzar a região centraldo Brasilno sentido sudeste-nordeste,
atravessando seis estados.
90
LeiCom plem entar Federal14 de 08.06.73 que regulam enta o artigo 164 da Constituição Federalde 1969.
91
LeiCom plem entar Estadualn.° 94 de 29.05.74
96
saneam ento básico com o de interesse m etropolitano, além da Em presa
ressaltar,com o lem bra M ello Bueno (1994) em crítica à atuação da CETESB, que
92
D ecreto-lein.° 1413 de 14.08.75 regulam entada pelo decreto n.° 76389 de 03.10.75
93
D ecreto federal81107/77
97
D esde o inicio a CO PA M contou com a participação de representantes de
CO PA M com suas câm aras técnicas serve de m odelo para o Conselho N acionalde
94
Leiestadual997 de 31.05.76 que estabelece um a classificação dos corpos d’água do Estado de S ão Paulo,
segundo padrões desejáveis de qualidade da água.
98
requisitos básicos de saneam ento e controle biológico;e,que regiões urbanizadas
U m a Com issão Especialfoi criada pelo Governo de M inas Gerais96 para levantar a
e para alguns tiveram que ser coletados. O diagnóstico dos cursos d’água da
aproveitam ento m últiplo dos recursos hídricos, e pela dissem inação da idéia de
para a região de São Paulo, os principais problem as que fogem do controle dos
95
D ecreto 76389 que regulam enta o decreto-lei1413 de 14.08.75
96
D ecreto 17263 de 14.07.75
99
em 197797.O saneam ento foium dos setores identificados com o de ação regional
São Paulo (M ello Bueno, 1994). Esta questão tem sido objeto de acaloradas
discussões sobre o destino das águas da região desde então. A s duas propostas
de saneam ento destas águas que estão em debate até hoje — Solução Integrada
dos M ananciais98, que delim ita as bacias hidrográficas dos m ananciais existentes
97
LeiCom plem entar 94 de 29.05.74
98
Lei898 de 18.12.75
100
recursoshídricosda metrópole,é que ela não podia ser questionada frontalmente pelosoutros
interessados, pois defendida aparentemente por todos — garantia a preservação dos
reservatóriosreceptoresde águasde outrasbacias,plano articulado pelo setor de saneamento
desde a década de 60. [...] A o incluir o reservatório Billings nas áreas protegidas,
indiretamente ameaçava o S istema L ight,que utilizava aságuasservidasde S ão P aulo em
C ubatão, através da Billings. M as era um ataque indireto” (M ello Bueno, 1994). Por
outro lado,com a am pliação da capacidade instalada e a integração do sistem a de
O utro aspecto desta lei que m erece destaque, é a prom oção da desvalorização
encarece sua apropriação pelo m ercado im obiliário form al, com o ilustra Rolnik
(1995 ):“...há i
ma interaçãoentreestesmercados.O mercadoformal,queaprova planta na
prefeitura,segue a lei,etc,é apenasum dosmercados.E quando a leidiz,o mercado formal
não pode lotear até a beira do córrego,tem que deixar uma faixa non aedificandiperto do
córrego,porque primeiro,o córrego costuma subir em épocaschuvosas,e quando sobe invade as
casas. O que ocorre, a beira do córrego perde valor para o mercado imobiliário formal,
99
Portaria M M E 270/75
101
virando, automaticamente, reserva de terra do mercado clandestino. O nde estão todas as
favelas? N a beira doscórregos,ou nasáreasdemaiordeclividade”.
baixa renda. O s únicos dois m ananciais que não possuem sérios problem as de
ocupação, em suas vertentes diretas, são o A lto Cotia e Sistem a Rio Claro, por
100
Resolução CO N D EPH A A T SC-21 de 20.06.81
101
CO BRA M A B (U N ESCO ) em 20.01.92
102
o maior centro industrialda capital.C onseqüentemente,temosum milhão de pessoasmorando
irregularmente na área da represa,e como a área é de preservação,não se pode asredesde
água edeesgoto.A ssim,oesgotoproduzidoem todoobairro édespejadona represa,poluindo-
a.V eja-se então,trabalhar com a lógica da legislação urbanística,sem considerar o processo
realdeproduçãoda cidadeé reforçar a lógica deste processo”.Entretanto,devem os levar
em consideração que apesar de ter escolhido os caudais que deveriam tornar-se
desenvolvim ento para o m esm o local sem im plem entar quer os m ecanism os de
m onitoram ento de qualidade das águas.A com ponente am biental da nova política
102
Portaria GM /M IN TER 13 de 15.01.1976
103
de São Paulo para instalação de um com itê para elaboração de estudos e gestões
das bacias do A lto Tietê e Baixada Santista.O Com itê,presidido pelo Secretário
participação dos dirigentes da ELETRO BRÁ S,D N A EE,D A EE, CETESB,SA BESP,
— CEEIBH .
criados dez Com itês Executivos nas bacias hidrográficas de rios federais. Para
avaliadas e reavaliadas por um a década sem que tenha ocorrido nenhum a proposta
energia.
104
a utilização irracional dos recursos naturais já não se dá em nom e do
subordina ao pagam ento da dívida externa (Com issão de D esenvolvim ento e M eio
disponível “pri
orizou o abastecimento de água ignorando a importância do tratamento de
esgotos, da limpeza urbana, e nem arranhou a questão do ambiente e suas relações com o
planejamento urbano e suas interfaces com a saúde,entendida como drenagem e controle de
vetores” (Batista e D uarte, 1992). Entretanto, “a aglutinação de serviços em escala
estadualassociada a uma contabilização mais uniforme do desempenho, trouxe benefícios que
dificilmente teriam sido conseguidos em um modelo atomizado,dado o estágio de capacitação
técnica da maioria dos municípios.” (Silva, 1996). A lém do m érito de fazer frente à
hegem onia energética na obtenção de recursos e definição de prioridades, o
falou m ais alto, pois ao desaparecer sem atingir plenam ente suas m etas, em
urbanizadas, pode ser considerado um m arco para a gestão das águas doces
105
análises técnicas integradas apreendendo, assim , a problem ática das regiões
Prefeitura M unicipal de São Paulo (M ello Bueno, 1994). Belo H orizonte não
tendo em vista que a dem anda social por cidades não-poluídas poderia gerar,
103
Lei6938 de 31.08.81
104
D ecreto n.° 73030,de 30 de outubro de 1973
106
A estrutura adm inistrativa para gerir a PN M A , o Sistem a N acional de M eio
plenam ente sua função norm ativa, a partir de 1986, com a resolução que
econôm ica em detrim ento do ecossistem a bacia hidrográfica. Com o com ponente
do patrim ônio am biental, o recurso água deve ser protegido e assegurado, tendo
105
Ó rgãos ou entidades estaduais e m unicipais responsáveis pela execução da política am bientalnos estados,
territórios e m unicípios
106
Resolução CO N A M A 001/86
107
Resolução CO N A M A 20/86
108
artigo 4.°:III- o estabelecim ento de critérios e padrões da qualidade am bientale de norm as de m anejo e
uso dos recursos am bientais; VI- a preservação e restauração dos recursos am bientais com vistas à sua
utilização racionale disponibilidade perm anente;VII- im posição,ao poluidor e ao predador,da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos
am bientais com fins econôm icos
109
artigo 3.°,V
107
em vista o uso coletivo110, reforçando a noção de privilegiar o uso público já
instrum ento exige o estudo prévio de im pacto am biental para instalação de obra
brasileiros115, enquanto a SEM A vem tratando a questão pontualm ente pela ótica
do controle da poluição, inclusive por não possuir um a política que lhe definisse
110
artigo 2.°,I
111
artigos 34,35 e 36
112
artigo 9.°,IV
113
artigo 9.°,III
114
inciso IV do parágrafo l.° do art.225
115
Portaria n.º 234,de 17 de fevereiro de 1977,do M inistro das M inas e Energia (art.1.°)
108
m eio am biente, transform ando a discussão sobre o reservatório Billings em um a
França, A lem anha, Estados U nidos da A m érica e Portugal. Este sem inário
116
D ecreto 99.400/90
109
O s resultados desse Grupo de Trabalho deram origem a um projeto de lei117,que,
processo de discussão, sendo considerada, por alguns, com o a prim eira lei
brasileira negociada am plam ente com todos os segm entos sociais interessados na
avaliação dos m éritos do projeto original. A ssim , am bos adm item que o projeto,
objetivos e instrum entos para sua im plem entação; cria um sistem a hierarquizado
perm aneceram . Em prim eiro lugar, com relação à estrutura do Sistem a N acional
117
PL 2249/91
118
Lei9433 de 08.01.97
110
deputado A roldo Cedraz previa oito regiões hidrográficas: A m azonas, Tocantins,
lim ites territoriais dos Estados e que não justificam a intervenção de um foro
N o que diz respeito à sua im plem entação, o texto de lei sancionado requer
111
bacias hidrográficas com águas de domínio federal e estadual”. N a m edida em que a
própria Constituição estabelece a necessidade dessa articulação para o
pretendia com o texto vetado era que articulação sem elhante viesse a ser feita
O utro veto a ser destacado é o do art. 17 e seu parágrafo único, que legisla
sobre a outorga de direitos de uso dos recursos hídricos, dispondo que a m esm a
não confere delegação do poder público ao seu titular,bem com o não desobriga o
não se com patibilizam com o ordenam ento jurídico nacional sobre a m atéria, que
outra para a utilização dos recursos hídricos.N ovam ente o setorial se sobrepõe
listados no Q uadro 3.
ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ
119
M inistro D eni. L. Schwartz, PO LÍTICA N A CIO N A L D O D ESEN VO LVIM EN TO U RBA N O E M EIO
A M BIEN TE.discurso proferido na Escola Superior de Guerra em 26.06.87
112
políticas m acroeconôm icas e sociais no espaço urbano e no m eio am biente. O s
120
Lein.º 7.735 de 22 de fevereiro de 1989
113
superposição de função e com petência entre as diversas entidades.O IBA M A é
para a nova Constituição Federal, entretanto pouca ênfase é dada às águas, cuja
O liveira (1997).M antida com um bem de dom ínio público123,as águas são tratadas
M esm o sob um a ótica exclusivam ente econôm ica, os órgãos gestores já vinham
121
Lei8028 de 12.04.90
122
M P 150 de 15.03.90 regulam entada no decreto 99180 de 15.03.90 e transform ada na lei8028/90
123
Pertencentes à U nião (art.20,III) ou aos Estados (art.26,I) dependendo dos lim ites dos corpos d’água.
124
artigo 22,IV
125
artigo 21,X II,b
126
artigo 176
127
artigo 176,§ 1.°
128
artigo 174,§ 4.°
114
proposta de gestão integrada é incorporada na nova Constituição129: “compete a
hídricos. Têm o com bate à poluição com o um a m eta: enquanto São Paulo veda “o
129
artigo 21,X IX
130
capítulo IV,seção II
131
subseção única
132
seção VI
133
artigo 208
134
artigo 250,§ 2.°
115
D urante o processo constituinte (1985-1988), a necessidade de reform ulação da
política de gestão das águas no Brasilé fruto de debates que giram em torno da
que não contem plam a questão: sua constituição não prevê a participação, com
135
D ecreto 27576 de 11.11.87
136
D ecreto 26961 de 28.04.87
137
Presidente do Conselho Estadualde Recursos H ídricos - SP
138
PL 39/91
139
Lei7663 de 30.12.91
116
M inas Gerais, por outro lado, opta por definir prim eiro sua Política Estadual de
Gerais com a prom oção do sem inário Á guas de M inas que contou com a
M inas Gerais. O plano m ineiro é proposto pelo novo CERH , m as ainda hoje
D os dois novos CERH s instituídos a partir das PERH s, m erece destaque duas
sem direito a voto. D esta form a, ao não participarem diretam ente do processo
criação de Com itês de Bacia H idrográfica, esta prerrogativa não está restrita
aos órgãos técnicos. Entre 1992 e 1994, tam bém são discutidas e aprovadas as
quando a C O P A S A começa a perceber que teria de operar com competência para não
perder o que já tinha” analisa o eng. A laor de A lm eida Castro141 (Santa Rosa &
A zevedo Jr4, 1996). A revisão do papel social da em presa, principalm ente na
140
Lei11504 de 20.06.94
141
Responsávelno inicio da década de 80 pela área de esgotam ento sanitário e saneam ento ruralda CO PA S A
117
CO PA SA , fez com que se colocassem à disposição de prefeituras, que estavam
SA N EGRA N que com prom ete definitivam ente as águas da represa Billings. O
& Tanaka,1985).
142
Presidente da CO PA S A à época
118
O governo M ontoro se com prom ete durante a cam panha eleitoral a despoluir a
Rio Tietê passam a correr no seu curso norm al.A represa Billings agradece m as
“operação balanceada”: 50% de esgotos para cada lado (Sócrates, Grostein &
am biental (M ello Bueno, 1994). O SA N EGRA N é redim ensionado para dem andas
(M ello Bueno, 1994). Finalm ente, o Estado de São Paulo tem instituído o seu
política am bientalestadual.
ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ
m undial prom ovida pela O N U sobre m eio am biente — Conferência das N ações
143
D ecreto 24932 de 24.03.86
119
U nidas sobre M eio A m biente e D esenvolvim ento — CN U M A D , que se realiza no
Rio de Janeiro.Esta conferência havia sido proposta pela Com issão Bruntland no
para os docum entos que subsidiam a participação quer do Governo, quer das
O N Gs e m ovim entos sociais brasileiros, tanto nos com itês preparatórios, quanto
nos eventos da RIO 92.A RIO 92 abriga,em junho de 1992,três grandes eventos
conduta), econôm icos (de dívida externa a estratégias econôm icas alternativas),
sobre o m eio (de clim a a biodiversidade) e sobre m ovim entos sociais (de jovens a
do respeito às diferenças que poder-se-á alm ejar qualidade de vida para todos.
120
quadro de referência técnico-político sobre m eio am biente e desenvolvim ento,
dinâm ico que deve ser levada a cabo pelos diversos atores políticos segundo as
governos.
das Á guas D oces. O reconhecim ento da água com o um dos elem entos m ais
entendim ento das conexões entre desenvolvim ento,m anejo, uso e tratam ento das
águas e dos ecossistem as aquáticos, perm eiam am bos os docum entos. A m bos
concluem que os problem as m ais graves que afetam a qualidade da água de rios e
sem controle e práticas agrícolas deficientes.Tudo isto som ado a políticas públicas
que atendem prioritariam ente a interesses privados que visam à exploração dos
121
O s princípios gerais aplicáveis ao aproveitam ento das águas doces são consensuais,
(a) o equilíbrio nos diversos usos, explicitando-se que o uso m últiplo deve incluir
as necessidades de todos os usuários, garantindo-se o acesso à água de boa
qualidade a todos os habitantes do planeta com o direito básico de todos os seres
vivos, deve inserir as preocupações com a prevenção e atenuação de perigos
relacionados com a água,e deve tam bém constituir parte integrante do processo
de planejam ento do desenvolvim ento;
(b) o planejam ento e o m anejo integrados das águas doces deve cobrir todos os
tipos de m assas inter-relacionadas — as de superfície e as subterrâneas,
considerando os aspectos quantitativos e qualitativos;
(c) a satisfação das necessidades básicas e a proteção dos ecossistem as devem ser
priorizadas ao se desenvolver e usar as águas;
(d) as águas doces devem ser com preendidas concom itantem ente com o elem ento
vitalpara a sobrevivência da biodiversidade e das sociedades,com o recurso vital
para o desenvolvim ento de diversas atividades econôm icas,com o recurso natural,
que por seu caráter lim itado adquire valor econôm ico, e com o recurso am biental,
patrim ônio com um que a sociedade deve usar,preservar e conservar;
(e) a indicação da adoção das bacias hidrográficas com o unidades de
planejam ento e gestão am biental em m odelos de desenvolvim ento ecológica e
socialm ente sustentável;
(f) a incorporação de considerações ecológicas, econôm icas e sociais, baseadas no
princípio da sustentabilidade,no desenvolvim ento e m anejo das águas doces;
(g) a participação em todos os níveis — local, nacional, regional e internacional —
dos cidadãos, com unidades locais, organizações não-governam entais e grupos de
usuários no gerenciam ento das águas e dos recursos aquáticos, devendo ser
assegurado ao público o acesso às inform ações e a participação na elaboração de
projetos,bem com o em sua im plem entação e gerenciam ento;
(h) a dem ocratização e a descentralização do planejam ento e m anejo das águas
doces, a fim de que o processo de tom ada de decisões dos program as de
ordenam ento territoriale m anejo sejam conduzidos por segm entos da sociedade
que são diretam ente afetados;
(i) o estím ulo ao uso de incentivos econôm icos, m ecanism os tarifários, im postos,
taxas aos usuários, m ultas e outros m ecanism os que sinalizem o valor das águas
doces e desencorajem práticas de desperdício,poluição e contam inação;
(j) o reconhecim ento da com petência do poder público na gestão técnica, política
e financeira das águas doces e das ações de saneam ento básico;
122
(k) o controle de qualquer atividade que im plique em desm atam ento que gere
prejuízo aos sistem as hídricos e obrigação de reflorestam ento com espécies
nativas das áreas degradadas;
(l) a garantia de que todo em preendim ento que altere a bacia hidrográfica em
qualquer aspecto, seja precedido de estudos de avaliação de im pacto am biental,
com audiências públicas em tem po hábilde form a a garantir a inform ação a todos
os setores da sociedade interessados.
D iversas instâncias de governo no Brasil, dentro do espírito da RIO 92, lançam
o Banco M undial o Program a de Saneam ento das Bacias dos ribeirões A rrudas e
esgoto produzido — função esta sem pre reclam ada pela população. O PRO SA M
123
Já o Governo de São Paulo lança,em 1992,o Plano de D espoluição do Rio Tietê —
longo das m argens dos corpos d’água e am pliação das alternativas de vias de
possível gestão nacional integrada das águas ocorre, desde 1993, com a
144
Lei n.º 8.490, de 19 de novem bro de 1992 dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos
M inistérios, transform ando, no art. 21, a Secretaria de M eio A m biente da Presidência da República em
M inistério do M eio A m biente(M M A ); Lei nº 8.746, de 09 de dezem bro de 1993 cria, m ediante
transform ação, o M inistério do M eio A m biente e da A m azônia Legal, altera a redação de dispositivo da Lei
nº 8.490/92
124
M inistério do M eio A m biente, dos Recursos H ídricos e da A m azônia Legal145. A o
com o: as águas serem de dom ínio público, a gestão sem pre proporcionar o uso
145
O M inistério existe desde então pela reedição m ensal de m edida provisória (cf.art.62 da Constituição
Federal)
146
artigo 45 da lei9433/97
147
artigo 17,inciso II
148
artigo 17, inciso VIII: “exercer a outorga de direitos de uso de recursos hídricos de dom ínio da U nião
exceto a outorga para aproveitam ento de potenciais hidráulicos,e em conform idade com os critérios gerais
estabelecidos pelo Conselho N acional de Recursos H ídricos” § 1º A s outorgas relativas ao abastecim ento
público,ao abastecim ento dom éstico e ao lançam ento de efluentes deverão ser transferidas até 30 de julho
de 1998,nos rios de dom ínio da U nião,para a Secretaria de Recursos H ídricos.§ 2º A s ações e atribuições
da Secretaria de Recursos H ídricos se desenvolverão nos rios de dom ínio da U nião,não se incluindo entre as
m esm as,o aproveitam ento energético dos cursos d’água” (grifos m eus)
125
m últiplo das águas e priorizar o uso para consum o hum ano e dessedentação anim al
em caso de escassez.A presenta tam bém avanços significativos com o:ter a bacia
hidrográfica com o unidade territorial para sua im plem entação, propor gestão
uso das águas e do solo, integrar a gestão das águas à am biental, adequar a
gestão das águas às diversidades físicas, bióticas, dem ográficas, econôm icas,
usuários, e articular o planejam ento das águas com os planejam entos regional,
estaduale nacional.
Paulo e Belo H orizonte, que para evitar a escassez hídrica provocada pela sua
dificuldades de gerenciar suas águas por esta proposta, que privilegia com o
a bacia hidrográfica. Para tentar m inim izar o problem a, com itês de bacia têm
sido criados unindo integralm ente diversas bacias hidrográficas, com o é o caso
do Com itê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, ou dividindo um a
m esm a bacia em trechos, com o é o caso do Rio Tietê. A ssim , o Com itê do A lto
Tietê , que corresponde a RM SP, reúne não só as nascentes do Rio Tietê com o
— a do Rio das Velhas, não incluindo as águas do Rio Paraopeba, que hoje tem o
papel de nascente da bacia do Rio das Velhas, já que fornece grande parte das
águas brutas da RM BH , que deságua seus esgotos nos afluentes O nça e A rrudas
126
DISPOSITIVO DESCRIÇÃO
água é bem de domínio público;
água é recurso limitado e dotado de valor econômico;
uso prioritário para abastecimento e dessedentação de animais em situações de escassez;
Fundamentos (art. 10) uso múltiplo na gestão;
bacia hidrográfica é a unidade territorial para implantação do PNRH;
gestão descentralizada e democrática.
assegurar disponibilidade com padrões de qualidade;
Objetivos (art. 20) prevenção e defesa contra eventos naturais ou decorrentes de uso inadequado;
utilização racional e integrada.
Planos de Recursos Hídricos;
Enquadramento dos corpos d’água;
Instrumentos (art. 50) outorga dos direitos de uso;
cobrança pelo uso (aqueles sujeitos a outorga);
sistema de informações.
Os Planos de Recursos Hídricos devem ter horizonte de planejamento de longo prazo e serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País, com o seguinte
conteúdo mínimo:
diagnóstico da situação atual;
análise das alternativas de crescimento demográfico, evolução da atividade produtiva e modificação dos padrões de ocupação do solo;
Dos Planos de Recursos balanço entre disponibilidades e demandas futuras, com identificação de conflitos potenciais;
Hídricos metas de racionalização do uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade;
medidas, programas e projetos para atingir as metas;
prioridades para outorga de direitos de uso;
diretrizes e critérios para cobrança;
propostas para criação de áreas sujeitas a restrição de uso
Usos que não uso para necessidades de pequenos núcleos populacionais rurais;
derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
necessitam de outorga
acumulações de volumes consideradas insignificantes.
(art. 12, § 10)
Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
Sistema Nacional de Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;
Gerenciamento dos Comitês de Bacia Hidrográfica;
Recursos Hídricos órgãos dos poderes públicos federais, estaduais e municipais cujas competências se relacionem com a gestão dos recursos hídricos;
Agências de Água.
consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas;
associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;
Organizações Civis de organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos;
Recursos Hídricos organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade;
outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos.
127
PRECEITO S D O S ISTEM A IN TEGRA D O D E SP MG
aquáticos
dem ocratização
circunscrições hidrográficas:instituição — x
rateio de custos x —
128
PA RTE III
U M A PR O PO S T A
129
PLA N EJA M EN TO A M BIEN TA L ESTRA TÉGICO
viável,e se legalm ente perm itida.A s decisões baseadas nestas respostas sem pre
130
Q uatro são as questões que surgem :
dim ensão das m últiplas relações da região em foco e do seu entorno, m ais e/ou
001/86 que trata dos estudos e relatórios de im pacto am biental.Ela define com o
Sem dúvida, esta unidade espacial é um m arco inicial para um plano de trabalho.
territorial é entendida com o um a caixa preta, onde fenôm enos e interações são
131
A dinâm ica sócio-econôm ica produz unidades hom ogêneas em um determ inado
identificadas, nem sem pre coincidem com os lim ites do m eio natural bacia
estatísticos, são norm alm ente organizados tendo com o unidade o m unicípio, cuja
área freqüentem ente não obedece aos lim ites da bacia hidrográfica.
apesar de definir, através de instrum entos legais150, que o m eio natural bacia
ainda hoje, sido segm entada para m elhor atender às necessidades dos vários
m enos em tese, as nascentes seriam m ais facilm ente protegidas (Rutkowski &
Santos,1995).
149
artigo 5.°,inciso III.
132
princípio, parece otim izar a gestão do recurso água por ser um a área facilm ente
delim itada no espaço,tem sido ineficiente tanto para a definição da área realde
questão.
A ssim , a gestão das águas urbanas não pode ser nem a gestão pelo uso
predom inante nem pelos usos m últiplos com o um elenco de atividades técnicas
necessita com preender o espaço não só com o o m eio ecológico m as tam bém com o
o locus onde ocorrem as relações sociais de ordem cultural, política e econôm ica.
lim ites, as drenagens naturais e/ou antropizadas pelas ações, neste caso, do
saneam ento.É um espaço territorial de conform ação dinâm ica, cujos lim ites são
150
Constituições Estaduais (1989):M inas Gerais - art.250 inciso I;S ão Paulo - art.205,inciso VI e art.211,
reforçado nas PERH s e na PN RH .
151A palavra am biental é entendida com o englobando as questões ecológicas e sociais, pois, na virada da
década de 80, o m ovim ento conservacionista-preservacionista no Brasil, em inentem ente ecólogico, ao
incorporar as questões sociais adota o term o am bientalista.
152
A globalização das ações hum anas elim ina a existência do m eio am biente em seu estado natural — a
existência da natureza “natural” intocada. A am plitude destas ações perm ite distinguir dois m eios — o
antrópico e o antropizado. O m eio antrópico é entendido com o o m eio que sofre interferências do ser
hum ano, enquanto o m eio antropizado é entendido com o aquele que é totalm ente reconstruído pelo ser
hum ano com o o espaço urbanizado (Rutkowski& Santos,1997).
133
estabelecidos pelas relações am bientais de sustentabilidade de ordens ecológica
e social.
153 O u com o coloca Genro (1997) para dem ocratização da dem ocracia.
134
m ecanism os pelos quais vários conjuntos de valores são integrados. Contínuo e
A bacia am biental, com o instrum ento para o ordenam ento territorial, tem com o
diversos segm entos sociais que habitam suas terras.Q ualidade de vida,enquanto
um indicador proposto pela N O SSA PRÓ PRIA A GEN D A , é aqui entendido com o:
“um conceito em crescimento, com pretensões muito além de somente maximizar a taxa de
crescimento econômico. P ortanto, supera o simples cálculo da capacidade de consumo dos
indivíduos.N ele,estão inclusas questões ligadas ao bem-estar e à felicidade dos indivíduos,à
sanidade física e psicológica, à ética e ao respeito a cada ser humano. S ão exemplos as
preocupaçõescom habitaçõesem locaismaissaudáveis,o direito de lazer,o contato com áreas
verdes,ocontroledeagentespoluidores,odireitosobreoespaço”(Santos2,1998).
Este objetivo de longo prazo orienta para um a estratégia de gestão que seja
ciclos de três fases que interagem — análise, planejam ento e gerenciam ento
propostas negociadas.
135
conhecim ento da
realidade e sua
propostas de m odificação da aplicação das propostas
evolução realidade e sua evolução
para dim ensionar o prim eiro quadro espacial e tem poral dos conflitos existentes
e futuro.
136
m etas são redefinidos, e as alternativas de ação são selecionadas e
hierarquizadas.N a fase de gerenciam ento, para cada ação definida pelo cenário
acordado são form uladas diretrizes que apontem seqüência, tem poralidade,
os atores sociais
Sendo a questão am biental um a dem anda social, o poder público tem papel
aliada à das inform ações sobre as questões públicas. D este m odo, “as pessoas
154
Experiências neste sentido estão sendo desenvolvidas através do m ecanism o do O rçam ento Participativo
em cidades com o Belo H orizonte (A zevedo, 1997; Som arriba & D ulci, 1997) e Porto A legre (Genro & de
Souza,1997).
137
diferencia do cidadão tradicional,o qualse afirma mediante demandasisoladasou que apenas
exerce a sua cidadania por meio de revoltasisoladase impotentes” (Genro,1997).A ssim ,as
decisões sobre o futuro são decisões com partilhadas através da criação de
D ada a área urbanizada,que terá suas águas com o objeto de foco,o processo de
requisitos:
✓ “sua açãoécriativa,nãosegueleis,ésingulareúnicocomoentecom
sentidos,cognição,memória,motivaçõese força;é produtor e produto
dosistema social;
✓ tem um projeto que orienta sua ação, mesmo que seja incoerente,
erráticoou parcial;
✓ controla uma parterelevantedovetorrecursoscríticosdojogo,tem
força e capacidade para acumular ou desacumular força e,portanto,
tem capacidadepara produzirfatosnojogosocial;
138
✓ participa de algum jogo parcialou do grande jogo social,não é um
analista ou simplesobservador;
✓ tem organização estável,que lhe permite atuar com o peso de um
coletivo razoavelmente coerente;ou tratando-se da exceção aplicávela
uma personalidade,tem presença forte e estávelno sistema,o que lhe
permiteatrair,com suasidéias,uma coletividadesocial;
✓ pode ser um ator-pessoa ou um ator-grupo,no caso de que se trate
de um líder ou da direção de uma organização.É um jogador realque
acumula perícia e emite julgamentos,não uma ficção analítica.É um
produtordeatosdefala edejogadas”(M atus2,1996).
cruzam ento das inform ações, além da produção do m aterial de divulgação a ser
tornado disponível aos outros atores sociais, sendo o grupo de referência que
M esm o que todos os atores sociais concordem quanto ao objetivo prom oção de
qualidade de vida com o prem issa para a sustentabilidade do desenvolvim ento da
139
norm alm ente, identificadas. A vertente técnico-científica identifica a qualidade
que perm ita buscar sua eficiência/eficácia na dem ocratização do poder através
da eqüidade e fortalecim ento dos diversos segm entos de atores sociais, que se
indicadores do m eio
duas vias de enfoque.A prim eira considera a representação que os atores sociais
am bos enfoques perm item um a seleção m ais adequada e precisa dos indicadores.
A ssim ,a vertente com unitária interfere ativam ente no processo decisório desde
155
Esta m etodologia de definição e tratam ento de indicadores foi desenvolvida na Prefeitura M unicipal de
Belo H orizonte, produzindo o Índice de Q ualidade de Vida U rbano — IQ VU , tornado o instrum ento de
m onitoram ento dos im pactos das ações e intervenções públicas em acordo com o Plano D iretor do m unicípio.
140
tam bém sobre a definição da escala e da precisão quali-quantitativa dos
de indicadores: ”a necessi
dade de se re-arranjar grupos de indicadores de acordo com o
propósito da medida ou observação do meio,[o reconhecimento do indicador idealcomo] aquele
querepresenta com fidelidadeascondiçõesdomeio,édefácilinterpretaçãoecapazdemostrar
tendênciastemporais[e],a coerência entre osdadose aspremissasdo planejamento e gestão,
como escala,sensibilidade a mudançasdo meio,aplicabilidade ao plano e referência àspropostas
do planejamento”. A literatura sobre indicadores am bientais é vasta (Form an &
Godron, 1986; Gonzalez-Bernaldez, 1981; González & Valdez, 1994; Graham
Sm ith, 1993; Grigg, 1985; H erculano, 1998; Jüchen, 1993; N ahas, 1996; O ECD ,
156
constituído pelos signos (fenôm enos objetivos) e sintom as (dados subjetivos) que se apresentam
sim ultaneam ente.
141
índices que nos permitem suponer o conocer el estado y evolución del geosistema157 (menos
accesiblea la observación)”(Gonzalez-Bernaldez,1981).
relação aos propósitos da gestão das águas doces da bacia am biental, além de
serem analisados em relação aos lim ites im postos pelas relações ecológicas.
A resposta às quatro questões form uladas dem ostra que o processo de gestão
am biental tem início pelo jogo social, porém a m aneira com o os indicadores
diversos de núm eros, dados e inform ações que conduzem a cam inhos/cenários
o técnico.
157
Gonzalez-Bernaldez prefere usar o term o geosistem a por considerá-lo m ais abrangente do que
ecossistem a. Geosistem a é um “sistem a de relaciones geográficas. [...], en su uso posterior, parece
corresponder a un m ejor equilibrio entre los com ponentes geológicos e históricos. Por ello, puede tener
interés com o un térm ino m ás general, en el que no se subraya especialm ente la participación de los
com ponentes biológicos del sistem a.” A Profa D ra Rozely F. dos Santos (com . pes) sugere o term o
sociosistem a.
142
paradigm áticos por preconizar a sustentabilidade do desenvolvim ento é proposto
definir com precisão não só o espaço a ser objeto de estudos para intervenção
com o tam bém os indicadores am bientais e as escalas nas quais serão avaliados
planejam ento bacia am biental é consolidada ao final deste m om ento com o fruto
seguir.
143
PLA N EJA M EN TO A M BIEN TA L ESTRA TÉGICO
BU SCA D O CO N SEN SO EN TRE O S A TO RES SO CIA IS CO M PREEN SÃ O D A S FU N ÇÕ ES D A S Á GU A S D O CES N O M EIO ECO LÓ GICO E PA RA O
M EIO SO CIA L D A PA IS A GEM U RBA N A
consideração das expectativas com partilham ento das necessidades indicadores de sustentabilidade construção tem poraldo quadro de conflitos
social ecológica
Escala
BA CIA A M BIEN TA L Indicadores A m bientais
passo 1:reconhecim ento da paisagem natural
áreas de drenagem das águas urbanizadas para o abastecim ento,que com preende
drenagem das águas arm azenadas e servidas e a rede hídrica das águas em uso
(Figuras 4 e 5).
principalm ente para as ações de saneam ento consideradas com o uso prim ordial158.
O s atores dos diversos segm entos sociais são identificados por vertente —
público que deve definir o organism o com am plas condições de governança para
com o Belo H orizonte, onde a adm inistração pública tem a prática de prom over
assem bléias populares em sub-regiões em cada região adm inistrativa (Som arriba
& D ulci, 1997) poder-se-ia usar este novo centro decisório para divulgar os
questão.
O s atores dos diversos segm entos sociais agrupados por vertente e por
questão hídrica, sua percepção do m eio que os cerca e com o o usam , para
158
N a Tabela 1 foiapresentado um exem plo deste tipo de m atriz
143
144
145
m aterial já produzido sobre o tem a pelas entidades/associações cadastradas
fragilidade.
146
A sobreposição destes diversos m apas apresentam as áreas de m aior fragilidade
Levar em consideração estes princípios para a gestão das águas im plica em ter
com o prem issa básica planejar pelo ciclo hidrológico e não só por um a de suas
N este contexto, os princípios são traduzidos para o PA E que tem nas águas seu
foco de m ira:
147
148
149
O s indicadores de sustentabilidade ecológica ao serem sobrepostos ao cenário
ou sua fragilidade.
ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ
interpretar os eventos na sua dinâm ica de três form as diferenciadas. Prim eiro
150
conhecim ento da
realidade e sua
propostas de m odificação da aplicação das propostas
evolução realidade e sua evolução
alguns instrum entos de planejam ento são definidos ao longo deste processo:
para a gestão são obtidos pelo cruzam ento do cenário futuro possível com as
151
incom patibilidades dos anseios e desejos dos diversos grupos em relação a
152
CO N SID ERA ÇÕ ES FIN A IS
atividades e populações que transitam entre os espaços urbanos constituindo com plexos
suficientem ente com plexas para que recebam tratam ento diferenciado. A pesar das
regiões m etropolitanizadas serem desenhadas com as ferram entas das relações sociais,
Pelo seu caráter fundam entale lim itante,as relações ecológicas do m eio necessitam ser
com preendidas. A avaliação dos im pactos fruto das ações sociais no sistem a ecológico
podem perm itir o estabelecim ento de prem issas para a gestão do espaço que alm eje a
doces têm papel relevante, pois as funções sociais urbanas — residencial, com ercial ou
produzindo seu próprio desenho hidrográfico que, em bora diferentes entre si são
se faz das águas urbanizadas,o abastecim ento de água potávelé considerado um uso de
Este quadro norteou o presente trabalho que se propôs a analisar o conceito de bacia
hidrográfica com o instrum ento de planejam ento para regiões urbanizadas. Tal conceito
de 40, foi instrum ento de políticas públicas com o N ew D eal, que prom oveu o
hidrográfica do rio Tennesse.D esde então bacia hidrográfica é um conceito chave para
153
N o presente trabalho procurou-se, na discussão do tem a, um a redefinição dentro do
próprio cam po do planejam ento na sua interface com a questão am biental sob a
im portantes com o o papeldo poder público na garantia do envolvim ento ativo de todos os
segm entos sociais na gestão de um bem natural público.É analisada tam bém a dim ensão
indicadores am bientais que perm itam a definição de instrum entos de planejam ento. A
pretendem contribuir para a discussão em torno da nova proposta de gestão das águas
regiões m etropolitanizadas.
154
BIBLIO GRA FIA
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Belo H orizonte: Trajetória em 100 anos - O s Serviços de Á gua e Esgoto.
Tom o III: A CO M ISSÃ O CO N STRU TO RA E O SA N EA M EN TO D A N O VA
161
CA PITA L. Belo H orizonte: Fundação João Pinheiro/CO PA SA /Governo de
M inas Gerais.
✓ Santa Rosa,E.& A zevedo Jr, M .T.2 (eds) (1996) Saneam ento Básico em
Belo H orizonte: Trajetória em 100 anos - O s Serviços de Á gua e Esgoto.
Tom o V:SA N EA M EN TO E PA ISA GEM U RBA N A .Belo H orizonte:Fundação
João Pinheiro/CO PA SA /Governo de M inas Gerais.
✓ Santa Rosa, E. & A zevedo Jr, M .T.3 (eds)(1996) Saneam ento Básico em
Belo H orizonte: Trajetória em 100 anos - O s Serviços de Á gua e Esgoto.
Tom o IV: O S SA N ITA RISTA S E BELO H O RIZO N TE: PERCU RSO S N A
EN GEN H A RIA SA N ITÁ RIA . Belo H orizonte: Fundação João
Pinheiro/CO PA SA /Governo de M inas Gerais
✓ Santa Rosa, E. & A zevedo Jr, M .T.4 (eds)(1996) Saneam ento Básico em
Belo H orizonte: Trajetória em 100 anos - O s Serviços de Á gua e Esgoto.
Tom o I: CO PA SA : O S CA M IN H O S D E U M A EM PRESA D E
SA N EA M EN TO .Belo H orizonte:Fundação João Pinheiro/CO PA SA /Governo
de M inas Gerais
162
✓ Segundo Encontro N acional de Trabalhadores em Saneam ento e M eio
A m biente (1992) Retrospectiva: A Evolução H istórica D o Setor N o Brasil.
Caderno de Saneam ento 1:17-20.
163
controle. Porto A legre: Ed. U niversidade/U FRGS/A ssociação Brasileira de
Recursos H ídricos.27-37p.
164
A N EX O
Circuito de Energia: O cam inho no qualo fluxo é proporcionalà quantidade que está
em arm azenam ento ou na fonte à jusante.
165
Fonte: Fonte externa de energia que conduz forças de acordo com um program a de
controle externo:um a função de força.
Tanque: U m com partim ento de arm azenam ento de energia dentro do sistem a cuja
quantidade é um balanço entre os fluxos de entrada e saída:um estado variável.
Sum idouro de calor: D ispersão da energia potencialdo calor que acom panha todos os
processos e arm azenam ento reais de transform ação: perda de energia potencial para
uso futuro do sistem a.
Interação: Interseção interativa de dois cam inhos acoplados para produzir um fluxo
de saída proporcional a função de am bos: um a ação de controle de um fluxo sobre o
outro/ ação do fator lim itante/ portão de trabalho.
Produtor: U nidade que coleta a transform a energia de baixa qualidade sob interações
controladas de fluxos de alta qualidade.
Receptor auto-lim itante de energia: U m a unidade que tem um a saída auto-lim itante
quando a energia de entrada é m uito alta porque tem um a qualidade constante de
lim itação do m aterialreagindo num cam inho circular interno.
Caixa: Sím bolo m iscelâneo utilizado para qualquer unidade ou função etiquetado.
166