Вы находитесь на странице: 1из 295

Bênção ou Maldição, A escolha é … Sua!

Libertação das pressões com que pensava ter que viver.

Título original: Blessing or Curse: You can choose.


Copyright©1990 by Derek Prince Ministries USA
Copyright©2016 tradução portuguesa, Derek Prince Portugal

Autor: Derek Prince


Tradução/correção: Conceição Cabral
Redação: Christina van Hamersveld
Design/paginação: Jaime Serra / Emanuel Rodrigues

Reeditado em português pela editora:


Um Êxodo Unipessoal Lda.
Caminho Novo Lote X,
9700-360 Feteira AGH
E-mail: umexodo@gmail.com

ISBN: 978-989-8501-13-4

D Prince Portugal
Caminho Novo Lote X,
9700-360 Feteira AGH
Telf.: (00351) 295 663738 / 927992157
E-mail: derekprinceportugal@gmail.com
Blog: derekprinceportugal.blogspot.pt
Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti,
que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição;
escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua semente…

Deuteronómio 30:19
Índice

Prefácio de Ruth Prince............................................................... 7


Introdução ao Curso de Estudos
Sobre Bênçãos ou Maldições............................................... 9

1ª Parte: Bênçãos e MaldiçõES

Lutando Contra Sombras................................................... 13


Barreiras Invisíveis............................................................ 21
Como Operam as Bênçãos e as Maldições........................ 31
Lista de Moisés de Bênçãos e Maldições.......................... 40
Sete Indícios de Uma Maldição......................................... 48

2ª Parte: Não Há Maldição Sem Causa

Deuses Falsos..................................................................... 67
Vários Pecados Morais e Éticos......................................... 82
Anti-Semitismo.................................................................. 89
Legalismo, Carnalidade, Apostasia.................................... 98
Furto, Perjúrio, Roubar a Deus........................................ 110
Figuras de Autoridade...................................................... 116
Maldições Auto-Impostas................................................ 134
Servos de Satanás............................................................. 149
Conversas Carnais............................................................ 162

5
Orações Carnais................................................................171
Resumo da 2ª Parte...........................................................182

3ª Parte: De Maldição a Bênção

A Troca Divina..................................................................187
Sete Passos para a Libertação ..........................................202
Da Sombra para a Luz do Sol ..........................................217
Os Valentes Apoderam-se ................................................230
Para Além da Confissão:
Proclamação, Acção de Graças, Louvor ..........................241
Proclamações para uma Vitória Contínua ........................251

Revisões importantes
Maldições que Ainda Não Foram Canceladas .................267
Abençoar ou Amaldiçoar? ................................................276

Sobre O Derek Prince (1915 - 2003) .......................................289


Derek Prince Ministries ...........................................................291
Outros livros por Derek Prince em .
.......................293

6
Prefácio

Em 1978, pouco antes do nosso casamento, Derek e eu


estávamos deitados na praia em Fort Lauderdale, Flórida. Eu disse
ao Derek: “Podes orar pelas minhas pernas? Doem-me tanto.”
Ele ajoelhou-se de imediato, colocou as mãos sobre as minhas
pernas e começou a falar-lhes: “Obrigado, pernas. Eu quero que
vocês saibam que eu vos estimo muito. Vocês levaram a Ruth em
segurança onde quer que ela tivesse de ir, e agora trouxeram-na
até mim. Obrigado, pernas!”
Achei uma forma esquisita para um ensinador da Bíblia orar
pela sua noiva, mas na realidade a dor desapareceu.
Mais tarde o Derek disse-me que achou que tinha “invertido”
algo que eu poderia ter dito acerca das minhas pernas. Lembrei-me
de um episódio que se tinha passado na casa de banho das raparigas
na escola que frequentei quando tinha quinze ou dezasseis anos.
Uma rapariga tinha entrado e estava a pentear o cabelo, olhei para
as suas pernas elegantes e depois para as minhas pernas pesadas e
disse: “Odeio as minhas pernas!” De facto, eu tinha colocado uma
maldição sobre as minhas pernas!
Em conjunto, o Derek e eu quebrámos a maldição que eu
tinha pronunciado sobre as minhas próprias pernas há mais de
trinta anos, e pensei que aquilo era o fim da história.
Passados nove anos fui levada de ambulância ao hospital
de Jerusalém com uma trombose (coágulos de sangue) nas duas
pernas. Uma embolia pulmonar (um coágulo de sangue que se
move para os pulmões) estava prestes a levar-me a vida. Parecia
que ainda havia uma maldição, ou maldições, sobre as minhas
pernas e, talvez não só, mas sobre mim na generalidade.
Desde então, passados quase três anos, tenho lutado pela
minha saúde e pela minha vida. Era dolorosamente óbvio para
nós os dois que havia forças sobrenaturais a operar no meu corpo.
Ao trabalharmos juntos neste livro, apercebemo-nos de que cada

7
indício de maldição referida no capitulo 5 se aplicava a mim e/ou
à minha família. Libertar-me da maldição auto-imposta tinha sido
apenas o princípio do processo. O Espírito Santo revelou maldições
ancestrais, maldições que eram o resultado de envolvimento no
oculto, de pecados específicos e muito mais.
Renunciar a qualquer e a todas as maldições tornou-se um
longo processo, mas o Espírito Santo tem sido maravilhosamente
paciente e cuidadoso. Ele tem-me dado muitas vezes direcção
sobrenatural através das palavras de conhecimento e palavras de
sabedoria. Nós temos sido incluídos na lista de oração de milhares
de cristãos em todo o mundo. A nossa forma de pensar sobre o
poder da Escritura, e sobre nós mesmos, mudou notavelmente.
Tenho colocado muitas vezes esta questão a Deus: “Porque
é que deste ao Derek Prince uma esposa com tantos problemas
físicos e tantas maldições sobre a sua vida?” (Aqueles que leram
o livro Deus é Um Casamenteiro lembrar-se-ão que Deus me
escolheu especificamente para ser esposa do Derek). Ainda não
recebi uma resposta directa à minha pergunta, mas estou tão grata
por Deus me ter escolhido, tal qual eu era, para que Ele possa
receber a glória enquanto me liberta e me cura.
Para além disso, o Derek e eu podemos afirmar: Provámos as
verdades contidas neste livro através da nossa própria experiência!
A minha saúde ainda não está perfeita, mas sei que, na realidade,
a bênção prometida a Abraão é minha. Tal como aconteceu com
Abraão, tem sido uma longa caminhada.
A nossa oração é que “Bênção ou Maldição: A Escolha é
Sua!” o conduza, a si e a outras pessoas que pretende ajudar, à
plena liberdade que é a sua herança em Jesus Cristo!

8
Introdução ao Curso de
Estudos Sobre Bênçãos ou Maldições

Sentimo-nos orgulhosos por incluirmos nesta nova edição


de Bênção ou Maldição: a Escolha é SUA!, um curso de estudos
para grupos ou para uso individual. Estas lições que aparecem
no fim de cada capítulo, incluem perguntas e respostas sobre os
mesmos; meditação ou discussão sobre a aplicação na vida diária;
um versículo para memorizar e uma proclamação de fé.
Com o objectivo de vos encorajar, adicionámos também
testemunhos no princípio de cada uma das três secções do livro.

Modo de Preparação
• Orem no princípio de cada capítulo, pedindo ao Espírito
Santo para vos ensinar.
• Leiam o capítulo.
• Terminada a leitura, iniciem o estudo. Registem as vossas
respostas numa folha de papel. (É importante que registem
as vossas respostas; irão usá-las em outros estudos, mais
tarde.)
• Leiam o versículo em voz alta e depois memorizem-no.
• Digam a proclamação de fé, em voz alta.
• Orem no final de cada estudo, pedindo ao Espírito Santo
a confirmação do que aprenderam e a aplicação dessa
aprendizagem na vossa vida.

Como memorizar um versículo?


• Memorizem uma frase de cada vez; leiam a frase muitas
vezes; só então tentem dizê-la de cor. Façam isto até terem
a frase memorizada, o mesmo procedimento se aplica nas
frases seguintes até ao final do versículo.
• Escrevam o versículo memorizado num cartão de índice 3x5.
Levem o cartão convosco ou coloquem-no num sítio em que
possam vê-lo todos os dias. Citem o versículo várias vezes ao
dia.
9
• Usem o versículo nas orações e na meditação.

10
1ª PARTE
BÊNÇÃOS E
E MALDIÇÕES
MALDIÇÕES
Introdução

Podia ser você e a sua família, os vizinhos que vivem na casa


ao lado ou a pessoa que trabalha consigo. Seja quem for, a sua
vida é uma história de desilusões, frustrações e mesmo tragédias.
De alguma forma, parece que a história não tem fim.
Do mesmo modo, todos nós conhecemos famílias que têm
mais ou menos o mesmo passado e posição social e, ainda assim,
parece que os problemas nunca lhes batem à porta. As suas vidas
parecem “demasiadamente boas para serem verdade”.
Em ambos os casos, existem forças invisíveis a operar que
determinam o destino de cada pessoa, seja para o melhor ou para
o pior. A Bíblia identifica estas forças como bênçãos e maldições,
respectivamente. Para além disso, ensina-nos ainda como nos
relacionarmos com estas forças de forma a podermos usufruir dos
efeitos benéficos das primeiras e nos proteger dos efeitos nocivos
das segundas.
Uma compreensão bíblica das bênçãos e das maldições, e
de como funcionam, dar-lhe-á uma perspectiva totalmente nova
da sua vida e uma resposta a problemas que até aqui o deixaram
perplexo e frustrado.
Este ensino mudou a minha vida. Olhando para o passado
percebo que não estaria vivo hoje se não tivesse dado ouvidos às
lições acerca das maldições auto impostas ou das maldiçoes que
se perpetuam sobre várias gerações.

C.  B.
1ª PaRTe – Bênçãos e Maldições

luTando conTRa soMBRas

Para o observador superficial, a vida humana apresenta uma


mistura confusa de luz e sombra, organizada sem qualquer padrão
perceptível, governada por leis que não são discerníveis. Dois
homens podem começar a atravessar lado a lado este quadro. O
seu passado e capacidade são semelhantes e caminham na mesma
direcção, no entanto um deles caminha quase sempre na luz do
sucesso e satisfação e o outro, que está junto a ele, raramente vê
a luz. Encontra-se continuamente obscurecido pelo insucesso e
frustração e a sua vida extingue-se precocemente.
Nenhum destes homens compreende as forças que estão a
operar nas suas vidas. As fontes de luz e sombra são desconheci-
das de ambos. Provavelmente nunca consideraram a possibilidade
de que tanto a luz como a sombra podem ter a sua origem em
gerações anteriores.
A Bíblia fala, de uma forma directa, acerca destas forças. De
facto, ela tem muito a dizer sobre elas: chama-lhes bênçãos e mal-
dições, respectivamente.
Vamos analisar mais detalhadamente o homem que está debai-
xo das sombras. Ele faz tudo bem: muda de emprego ou de casa;
adquire mais habilitações literárias; estuda toda a literatura mais
recente sobre pensamento positivo. É possível que ele até tire um
curso sobre como libertar qualquer “potencial” misterioso de dentro
de si.
No entanto, o sucesso passa-lhe sempre ao lado. Os seus fi-
lhos são rebeldes, o seu casamento está sob forte tensão, acidentes
e doenças são uma rotina. Os objectivos aos quais se propõe esca-
pam-lhe por entre os dedos, como a água se escapa pelos dedos
de um homem que se afoga. Ele está “assombrado” por um sen-

13
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

timento de insucesso que talvez possa adiar, mas não ultrapassar.


A sua vida está inerte, parece centrar-se à volta de um senti-
mento de lutar contra algo que não se consegue identificar – algo
amorfo e fugaz. Por mais que ele se debata, é incapaz de identifi-
car a causa do seu problema ou controlá-lo, e pensa muitas vezes
em desistir.
“Para quê?”, exclama. “Nada me corre bem! Já o meu pai
tinha os mesmos problemas; também era um falhado!”
É claro que a pessoa debaixo das sombras também poderia
ser uma mulher. Casou-se ainda nova e fez toda a espécie de pla-
nos para ter um casamento bem sucedido e uma família feliz. No
entanto, encontra-se num baloiço invisível – um dia “em cima”,
outro “em baixo”. Fisicamente, anda de problema em problema,
quase a alcançar a saúde, mas sem nunca a conseguir realmente.
O seu filho começa a usar drogas e depois o marido deixa-a. Um
dia desperta para a realidade chocante de que ela própria se tornou
alcoólica.
Tal como o homem nas sombras, esta mulher também fez
tudo certo. Estudou livros sobre nutrição e psicologia da criança.
Na sua busca por sucesso, é levada de esforço em esforço, cada
um exigindo dela toda a sua força. Contudo, viu outras mulheres,
com menos motivação ou qualificações, alcançarem os objectivos
que ela nunca foi capaz de alcançar.
Ao analisar esta situação da pessoa que está debaixo das som-
bras, talvez veja algo que o faz pensar em si mesmo. É como se
estivesse a olhar para a sua própria vida, mas como espectador.
Impressionado, começa a pensar se a causa dos seus problemas
não será a mesma: uma maldição que remonta a gerações ante-
riores.
Ou, é possível que não se veja retratado a si mesmo, mas a
alguém que lhe é chegado – esposa ou esposo, um membro da
família ou um amigo. Sofreu muitas vezes por essa pessoa e de-
sejou ver um raio de esperança, mas sempre em vão. Agora vê-se
confrontado com uma possível explicação para as sombras, que
é para si uma ideia totalmente nova. Será que a raiz do problema
14
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

poderá estar realmente numa maldição?


A sua mente reporta-o acontecimentos e situações na sua vida
ou na da sua família que nunca pareceram fazer sentido. Tentou
afastá-los várias vezes dos seus pensamentos, sem no entanto, o
conseguir por completo. Apercebe-se que precisa saber mais. “E se
eu for aquela pessoa que está debaixo da maldição?”, pergunta para
com os seus botões. “O que é que posso fazer?” “Qual será a sua
origem”?
Uma maldição também pode ser comparada a um longo braço
maligno que se estende desde o passado e que repousa sobre si
com uma força escura e opressiva que inibe a expressão total da
sua personalidade. Nunca se sente completamente à vontade para
ser você mesmo. Sente que há potencial dentro de si que nunca é
totalmente desenvolvido. Espera sempre mais de si próprio do que
aquilo que consegue alcançar.
Ou então, aquele longo braço maligno pode fazer com que
você tropece enquanto caminha. Parece não haver nada à sua fren-
te, mas de vez em quando tropeça. Contudo, não consegue ver
em que é que tropeçou. Por qualquer razão misteriosa, as alturas
em que tropeça são aquelas em que está prestes a alcançar um
objectivo há muito desejado.Todavia, esse objectivo não se chega
a concretizar.
Na verdade, a palavra misteriosa pode ser comparada a uma
luz vermelha de aviso. Por vezes, você passa por acontecimentos
ou situações para as quais não consegue achar qualquer razão ló-
gica. Parece que há uma força a operar que não está completamen-
te sujeita às leis normais da natureza ou das proporções.
Há uma palavra que resume os efeitos de uma maldição: frus-
tração. Você atinge um certo nível de realização na sua vida e tudo
parece estar preparado para um futuro brilhante. Tem todas as qua-
lificações necessárias e, no entanto, algo corre mal! E por isso co-
meça tudo de novo e atinge o mesmo nível que anteriormente, mas,
uma vez mais, as coisas correm mal. Depois de isto acontecer várias
vezes, apercebe-se que esse é o padrão que influência a sua vida.
Contudo, não consegue encontrar nenhuma razão óbvia para isso.
15
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Muitas pessoas têm partilhado comigo a história de uma vida


com um padrão semelhante. Os detalhes individuais podem variar,
mas o padrão está lá. Muitas vezes essas pessoas dizem coisas
como, “Com o meu pai acontecia sempre a mesma coisa. Sinto
que estou a reviver as frustrações dele”, ou “até posso ouvir o meu
avô a dizer, vez após vez, ‘Não há nada que me corra bem’”.
Este padrão pode-se encontrar em várias áreas da vida das
pessoas: nos negócios, na carreira, na saúde ou nas finanças, e pro-
voca quase sempre um efeito negativo nos relacionamentos pes-
soais, especialmente no casamento e na família. Frequentemente,
afecta não apenas o indivíduo isolado, mas um grupo social mais
vasto. Na maioria das vezes será uma família, mas pode esten-
der-se a um círculo mais amplo, como uma comunidade ou uma
nação.
No entanto, seria enganador sugerir que uma maldição faz
sempre com que a pessoa não seja bem sucedida. Uma pessoa
pode alcançar aquilo que aparenta ser um verdadeiro sucesso e,
no entanto, ser atormentada por frustrações, sem nunca usufruir
os frutos do sucesso.
Numa viagem que fiz ao sudeste asiático, conheci uma juíza
inteligente e bem formada, que era descendente da realeza. Ela co-
nhecia Jesus pessoalmente como seu Salvador e não estava cons-
ciente de que houvesse qualquer pecado por confessar na sua vida.
Contudo, ela disse-me que não se sentia totalmente satisfeita. A
sua carreira bem sucedida e a sua posição social elevada não lhe
tinham trazido realização pessoal.
Ao falar com ela, descobri que era descendente de muitas
gerações de idólatras. Expliquei-lhe que, de acordo com Êxodo
20:2-5, Deus tinha pronunciado uma maldição sobre os adorado-
res de ídolos até à terceira ou quarta geração. Depois ensinei-lhe
como ser liberta dessa maldição através de Jesus, seu Salvador.
Por vezes as maldições podem não ter a sua origem em ge-
rações anteriores. Elas podem ser o resultado de acções ou acon-
tecimentos durante a sua própria vida. Ou, pode suceder que uma
maldição de gerações anteriores tenha sido perpetrada por coisas
16
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

que você fez. No entanto, seja qual for a origem do seu problema,
uma coisa é certa: você está a debater-se com algo que não conse-
gue nem identificar, nem compreender.
Tal como aquela juíza, provavelmente você também conhece
o sabor do sucesso. Na verdade, até lhe conhece a doçura mas
ele nunca dura! De repente, sem uma razão que o possa explicar,
você sente-se insatisfeito. Então, a depressão instala-se sobre si
como uma nuvem. Tudo o que consegue realizar não o satisfaz
plenamente.
Você olha para outras pessoas que parecem satisfeitas e que
estão em circunstâncias semelhantes, e pergunta-se: “O que é que
se passa comigo? Por que é que nunca me sinto totalmente reali-
zado?”
Por esta altura, a sua reacção é talvez a seguinte: “algumas
destas descrições aplicam-se a mim. Será que isto significa que
não há esperança para mim? Vou ter de continuar assim para o
resto da minha vida?”
Não, há esperança para si! Não se sinta desencorajado. À me-
dida que avançar na sua leitura, irá descobrir que Deus providen-
ciou uma solução, e irá receber instruções simples e práticas sobre
como aplicar a solução à sua própria vida.
Entretanto, irá encontrar encorajamento nas seguintes cartas
que recebi de duas pessoas que ouviram o meu programa de rádio
de ensino bíblico sobre o tema “Da Maldição à Bênção”. A pri-
meira carta é de um homem e a segunda de uma mulher.
Ouvi as suas mensagens sobre maldições e descobri que há
anos que estava debaixo de uma sem o saber. Nunca fui bem su-
cedido na vida, e sofria constantemente tentações homossexuais,
apesar de nunca as ter posto em prática. Há dez anos que sou cris-
tão, mas por causa da maldição nunca me consegui aproximar de
Deus da forma que eu queria. Fiquei muito deprimido.
Desde que fui liberto desta maldição, tenho-me sentido livre
e vivo em Jesus. Nunca me senti tão perto de Deus!
* * *

17
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Obrigado pelos seus recentes programas sobre maldições e


pela brochura “Da Maldição à Bênção”. A minha vida foi bastante
modificada por eles.
Durante a maior parte da minha vida tenho sido atormentada
por uma depressão constante e há cinco anos que tenho andado a
consultar um psiquiatra.
Na primavera passada, uma senhora orou comigo e por mim
e eu renunciei a todo o envolvimento com o oculto, tais como
tarot e folhas de chás. Louvai ao Senhor, pois foi o princípio da
verdadeira liberdade!
Então, ouvi os seus programas sobre pessoas que estão debai-
xo de uma maldição sem o saberem e orei consigo à medida que
o Derek orava a oração de libertação de maldições. Agora estou
livre!
É como se uma barragem tivesse sido destruída e agora Deus
pode mover-se no meu espírito. A barreira já não existe e cresci
tanto espiritualmente em apenas algumas semanas que só posso
louvá-Lo pela Sua bênção. Por vezes choro quando penso em tudo
o que Ele fez e está a fazer por mim, e é um grande alívio poder
relaxar.
Verdadeiramente, adoramos um Deus maravilhoso!

Questionário

1. Quais são, segundo a Bíblia, as duas forças determinantes


para o resultado da caminhada de uma pessoa?
2. Poderá o sucesso fugir de alguém mesmo que trabalhe
muito, adquire escolaridade avançada ou pense positiva-
mente? Se sim, qual é a razão principal?
3. Poderão as maldições ser herdadas (passarem de geração
em geração)? Ler Deuteronómio 28:45-46 e Êxodo 20:3-5.
4. Qual a palavra que descreve bem os efeitos de uma maldi-
ção?
5. Será que uma maldição afecta apenas a pessoa que está sob
o seu efeito?
18
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

6. Poderá uma pessoa amaldiçoada ainda alcançar o sucesso?


7. Por vezes as maldições podem não ter a sua origem em
gerações prévias. Que mais poderá causá-las?
8. Se sentirem que estão sob uma maldição, quererá isso dizer
que não têm mais esperança?

Aplicação na vida

1. Reconhece-se, ou a alguém a viver sob as circunstâncias


descritas neste capítulo? Consegue identificar que está sob
maldição?
2. De que maneira isso afectou a vida dos que o rodeiam (ou
dos que rodeiam outro alguém)?
3. Consegue identificar como sendo uma maldição advinda
de gerações anteriores aquela que está operando na sua fa-
mília? Se sim, qual especificamente?
4. Há alguma área na sua vida em que a frustração seja uma
experiência recorrente? Se sim, qual ?
5. Há esperança no Senhor. Leia as duas cartas de encoraja-
mento nas páginas 17 e 18.

Versículo para memorizar

Vede que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldi-


ção: A bênção, se obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso
Deus, que eu hoje vos ordeno.
Deuteronómio 11:26-27

Proclamação de Fé

Senhor, porque desejo ser abençoado, escolho este dia para


obedecer à Vossa Palavra e para viver a minha vida seguindo o
exemplo que nos destes.

19
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Respostas

1. Bênçãos e maldições.
2. Sim, porque poderá haver uma maldição sobre essa pessoa.
3. Sim.
4. Frustração.
5. Não, pode afectar a família, a comunidade e a nação.
6. Sim, embora ela não consigam apreciá-la.
7. Acções ou acontecimento na vossa própria vida.
8. Não, porque Deus providencia o remédio.

20
1ª PaRTe – Bênçãos e Maldições

BaRReiRas invisÍveis

Em anos anteriores, passei muito tempo a aconselhar pessoas


como aquelas que descrevi no capítulo anterior. Mas muitas vezes
essa tarefa era frustrante. Certas pessoas progrediam espiritual-
mente até um certo ponto e depois pareciam encontrar uma barrei-
ra invisível. Não é que lhes faltasse sinceridade ou dedicação. Na
verdade, muitas vezes pareciam mais sinceros e dedicados do que
os outros que progrediam melhor. Aceitavam os meus conselhos e
tentavam pô-los em prática, mas os resultados eram, para dizer o
menos, uma desilusão, tanto para eles como para mim.
Depois de lidar com um caso deste tipo acabava por orar:
“Senhor, por que é que não posso ajudar melhor esta pessoa? Há
algo que eu não compreenda, algo mais que eu precise saber?”
Depois de algum tempo, apercebi-me que Deus estava a respon-
der à minha oração. Ele começou a retirar um véu e a revelar um
mundo de forças poderosas que não operam de acordo com leis
naturais.
A revelação não veio de uma só vez, mas passo a passo, à
medida que eu discernia um fio único que percorria uma série de
incidentes aparentamente sem ligação entre si.
Um incidente chave ocorreu quando fui convidado para pregar
numa igreja Presbiteriana. Tinha chegado ao fim da mensagem que
tinha preparado e não tinha a certeza de como prosseguir. Enquanto
estava de pé atrás do púlpito reparei numa família – pai, mãe e fi-
lha adolescente – que estava na fila da frente, à minha esquerda.
Ocorreu-me o seguinte pensamento: Há uma maldição sobre aque-
la família.
Finalmente, depois de alguns momentos de hesitação, saí de
detrás do púlpito e dirigi-me ao pai. Expliquei-lhe o que estava a

21
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

sentir e perguntei-lhe se gostaria que eu revogasse a maldição e li-


bertasse a família no nome de Jesus. Ele respondeu imediatamente
que sim. Era a primeira vez que eu estava a fazer algo do género
e fiquei bastante surpreendido pelo facto do homem ter aceite a
minha proposta tão prontamente. Só mais tarde percebi porquê.
Voltei para trás do púlpito e disse uma breve oração em voz
alta, quebrando a maldição sobre a família. Não toquei em ne-
nhum membro da família enquanto orei, mas quando concluí com
as palavras No nome de Jesus, houve uma reacção distinta, visível
e física por parte de toda a família: cada um deles pareceu estre-
mecer por um momento.
Nessa altura reparei que a rapariga, que tinha cerca de dezoito
anos, tinha a perna esquerda engessada, desde a parte superior da
anca até ao pé. Dirigi-me novamente ao pai e perguntei-lhe se esse
gostaria que eu orasse para que a perna da sua filha fosse curada.
O homem respondeu novamente de uma forma muito positiva e
acrescentou: “Mas precisa de saber que ela já partiu a mesma perna
três vezes em dezoito meses e os médicos dizem que ela já não vai
sarar”.
Se fosse hoje, tal afirmação que uma pessoa partiu a mes-
ma perna três vezes em dezoito meses, faria despertar um alarme
dentro de mim, avisando-me que havia uma maldição a operar.
Contudo, naquela altura não vi qualquer ligação entre uma maldi-
ção e uma série de incidentes tão fora do comum. Peguei na perna
engessada, segurei-a nas minhas mãos e orei uma simples oração
de cura.
Algumas semanas mais tarde recebi uma carta do pai agra-
decendo-me pelo que tinha acontecido. Ele disse que quando le-
varam a filha novamente à clínica, um novo raio-x mostrava que
a sua perna tinha sarado. O gesso foi-lhe retirado pouco tempo
depois.
Mencionou ainda rapidamente uma série de incidentes estra-
nhos e infelizes que tinham afectado a vida da sua família, o que
explicou a sua prontidão para reconhecer a necessidade de toda a
sua família ser liberta de uma maldição.
22
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Nos meses seguintes, continuava a vir à minha mente este


incidente. Senti que havia algo de significativo sobre a ordem pela
qual o Espírito Santo me havia conduzido. Primeiro, Ele tinha re-
velado a maldição que estava sobre a família e tinha-me impelido
a cancelá‑la. Só então é que Ele me libertara para orar pela cura da
perna da rapariga. Será que a perna teria sido curada se eu tivesse
orado por cura antes de cancelar a maldição?
Quanto mais ponderava sobre isto, mais convencido estava
de que a revogação da maldição tinha sido essencial para a cura
da perna da rapariga. Aquela era uma barreira invisível que teria
impedido a cura que Deus queria que ela recebesse.
Tudo isto se parecia encaixar com um incidente na minha
própria vida. Em 1904, o meu avô materno tinha comandado uma
força expedicionária Britânica com o propósito de suprimir a re-
belião Boxer na China. Ele tinha regressado com vários objectos
de arte Chinesa, os quais se tornaram parte do património da fa-
mília durante gerações. Em 1970, quando a minha mãe faleceu,
herdei alguns desses objectos.
Uma das peças mais interessantes era um conjunto de quatro
dragões finamente bordados, aos quais foi dado um lugar de honra
nas paredes da nossa sala. A combinação de cores, especialmente
carmesim e escarlate, era tipicamente oriental. Os dragões apre-
sentavam cinco garras em cada pata, o que, segundo a informação
de um perito, indicava que eram dragões “imperiais”. E, uma vez
que o meu avô e eu tínhamos sido muito chegados, traziam-me
memórias da minha infância na sua casa.
Por volta dessa altura, comecei a sentir uma espécie de oposi-
ção ao sucesso do meu ministério que eu não era capaz de definir
ou identificar. Essa oposição manifestava-se sob vários tipos de
frustrações, aparentemente sem ligação umas com as outras, mas
que produziam uma pressão acumulada contra mim. Encontrei
barreiras de comunicação que nunca tinham existido com pessoas
que me eram próximas. Outras pessoas com quem eu estava a
contar, não foram capazes de cumprir com os seus compromissos.
Um legado substancial da propriedade da minha mãe foi adiado
23
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

interminavelmente devido à falta de eficiência de um advogado.


Acabei por separar algum tempo para oração intensiva e je-
jum. Não demorou muito até que eu começasse a ter uma mu-
dança de atitude em relação aos dragões. De tempos a tempos, ao
olhar para eles, perguntava-me: Quem é que na Bíblia é represen-
tado por um dragão? Não tinha qualquer dúvida quanto à reposta:
Satanás. Apocalipse (12:1-12)
A esta questão seguia-se outra: Será apropriado para ti, en-
quanto servo de Cristo, exibires na tua casa objectos que simbo-
lizam o grande adversário de Cristo, Satanás? A resposta foi no-
vamente clara: Não! A minha luta interior prolongou-se por mais
algum tempo, mas, finalmente, acabei por me livrar dos dragões.
Fiz isso apenas como um acto de obediência, sem qualquer moti-
vo subjacente.
Naquela altura eu estava a servir na Igreja como ensinador
da Bíblia, falando a vários tipos de grupos por todo os Estados
Unidos. O meu salário, que provinha dos honorários que eu rece-
bia, era apenas o suficiente para cobrir as necessidades básicas da
minha família. Contudo, pouco tempo depois de me ter desfeito
dos dragões, a minha situação financeira sofreu um melhoramento
relevante. Sem qualquer planeamento especial da minha parte, ou
qualquer mudança significativa na natureza ou alcance do meu
ministério, o meu salário aumentou para mais do dobro. O meu
legado, há muito bloqueado, acabou também por me ser entregue.
Comecei a pensar se haveria algum princípio oculto que li-
gasse este melhoramento inesperado das minhas finanças pessoais
com a cura da rapariga que tinha a perna partida. No caso dela,
uma maldição sobre a família tinha funcionado como uma barreira
invisível que impedia a cura. Quando a barreira foi removida, ela
foi sarada. No meu caso, talvez também tivesse havido uma barreira
invisível impedindo não a cura física, mas a prosperidade financei-
ra, que provou ser um elemento importante no plano de Deus para
a minha vida.
Quanto mais ponderei sobre o assunto, mais seguro fiquei do
facto de que aqueles dragões bordados tinham trazido uma mal-
24
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

dição sobre a minha casa. Ao me desfazer deles, libertei-me da


maldição e abriu-se a porta para a bênção que Deus tinha planeado
para mim.
Estas mudanças permitiram-me comprar uma casa, a qual
desempenhou um papel importante no subsequente alargamento
do meu ministério. Nove anos mais tarde vendi aquela casa pelo
triplo do preço que tinha pago por ela. Essa quantia de dinheiro
veio numa altura em que Deus me estava a desafiar para novos e
importantes compromissos financeiros.
Aquela experiência com os dragões deu-me um novo discer-
nimento sobre a passagem em Deuteronómio 7:25-26, quando
Moisés avisou Israel contra qualquer associação com as nações
idólatras de Canaã:
As imagens de escultura de seus deuses queimarás a fogo;
a prata e o ouro que estão sobre elas não cobiçarás, nem os to-
marás para ti, para que não te enlaces neles; pois abominação
são ao SENHOR, teu Deus. Não meterás, pois, abominação em
tua casa, para que não sejas anátema, assim como ela; de todo a
detestarás e de todo a abominarás, porque anátema é.
Os meus dragões bordados não eram imagens de escultura,
mas eram de certeza imagens de um deus falso que há milhares
de anos era adorado na China. Ao trazê-los para minha casa, sem
saber, tinha-me exposto, a mim e à minha família a uma maldição.
Fiquei tão grato ao Espírito Santo por abrir os meus olhos para
aquilo que estava em causa!
Isto levou-me a fazer um estudo sistemático dos ensinamen-
tos da Bíblia sobre bênçãos e maldições. Fiquei surpreendido com
o quanto a Bíblia tem a dizer sobre ambas. As palavras para aben-
çoar ou bênção ocorrem cerca de 410 vezes – excluindo exemplos
onde a palavra no texto original tem apenas o significado “feliz”
ou “afortunado” (como, por exemplo, nas Bem Aventuranças). A
palavra maldição ocorre, sob várias formas, cerca de 230 vezes.
Isto fez com que eu reflectisse sobre quão poucos ensinamentos
eu tinha ouvido acerca deste tema em todos os anos da minha vida
cristã. De facto, não me lembrava de ter ouvido uma única mensa-
25
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

gem que lidasse sistematicamente com este assunto.


Como resultado do meu estudo, comecei a ensinar sobre mal-
dições no meu ministério público. Sempre que o fazia ficava sur-
preendido tanto com o poderoso impacto que este ensino produ-
zia, como com o número de pessoas que obviamente precisavam
de o ouvir. As gravações de algumas dessas reuniões circulavam
por outros grupos e eu recebia espantosos relatos. Muitas vezes
parecia que a mensagem havia transformado não apenas as vidas
de indivíduos, mas também congregações inteiras. Acabei então
por publicar três cassetes com o título “Maldições: Causa e Cura”.
Subsequentemente, durante uma viagem à África do Sul,
conheci uma senhora Judia que tinha aceitado Jesus como seu
Messias. Esta senhora, que irei chamar de Miriam, descreveu-nos
pessoalmente, a mim e à minha esposa, Ruth, o milagre que ela
tinha experimentado ao ouvir aquelas três cassetes.
Miriam trabalhava como secretária executiva de um homem
de negócios que era presidente da sua própria empresa. Ela tinha
descoberto que o seu patrão e todos os executivos da empresa fa-
ziam parte de uma estranha seita liderada por uma mulher “guru”.
Um dia, o patrão deu-lhe uma cassete e disse-lhe: “Estão aqui
algumas bênçãos que a nossa guru pronunciou sobre nós. Passe-
as à máquina, se faz favor.” Quando começou a dactilografá-las,
ela apercebeu-se que, na verdade, as “bênçãos” eram adivinhação
com fortes traços de ocultismo. Explicou ao seu patrão que tais
coisas eram contrárias à sua fé no Senhor Jesus e na Bíblia, e pe-
diu para ser dispensada daquela tarefa. O seu patrão foi atencioso
e pediu desculpa por lhe ter pedido para fazer algo que ia contra a
sua consciência.
Quase imediatamente depois daquele acontecimento, Miriam
começou a sentir dores agudas em ambas as mãos; os seus dedos
ficaram encarquilhados e completamente rígidos. Deixou de po-
der executar as suas tarefas de secretária. As dores eram tão in-
tensas que ela não era capaz de dormir na mesma cama que o seu
marido porque, sempre que ele se virava, o movimento da cama
causava-lhe uma agonia insuportável nos dedos. O diagnóstico da
26
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

radiografia revelou que o seu problema era artrite reumatóide.


Uma amiga cristã dela teve conhecimento da sua aflição e
deu-lhe uma das minhas cassetes sobre “Maldições” para ela ou-
vir. A Miriam era uma senhora muito sofisticada, céptica em rela-
ção a coisas como maldições, que ela associava à Idade Média. No
entanto, ela tinha-se interrogado sobre se haveria alguma relação
entre a sua recusa de dactilografar as “bênçãos” e o subsequente
problema com as suas mãos. Seria possível que a guru tivesse pro-
nunciado uma maldição sobre ela? Ela acabou por aceitar ouvir
as cassetes, a título de tábua de salvação (nada mais lhe faltava
experimentar).
Quando elas chegaram à terceira cassete, onde orientava as
pessoas numa oração de libertação de qualquer maldição que es-
tivesse sobre as suas vidas, a cassete encravou. Não andava, nem
para a frente nem para trás Nem sequer saía do gravador!
“É óbvio que assim não posso fazer a oração!”, respondeu a
Miriam.
No entanto, a amiga tinha dactilografado antecipadamente a
oração final de libertação e tinha uma cópia consigo. Ela insistiu
para que a Miriam lesse a oração em voz alta. Uma vez mais, o
cepticismo dela estava a afirmar-se. Não percebia como é que o
facto de ler palavras de uma folha dactilografada poderia ter al-
gum efeito na condição das suas mãos.
Contudo, ela acabou por ceder à insistência da sua amiga e
começou a ler a oração em voz alta. Ao fazê-lo, os seus dedos
ficaram livres e voltaram ao normal. A dor cessou, e quando aca-
bou de ler a oração, estava completamente curada. Toda aquela
experiência demorou apenas alguns minutos.
Mais tarde, voltou ao seu médico, que lhe tinha feito as pri-
meiras radiografias e o resultado das segundas radiografias não
revelou qualquer rasto de artrite.
Há um detalhe neste incidente que é particularmente signi-
ficativo. A oração de libertação que a Miriam leu não fazia qual-
quer referência a cura física. As suas mãos foram curadas somente
como resultado de oração para libertação de uma maldição.
27
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Aí estava mais uma prova dramática de que uma maldição


pode ser uma barreira que impede as pessoas de receberem cura.

Uma maldição pode ser uma barreira que impede as pessoas


de receberem cura.

O mesmo se tinha passado com a rapariga que tinha a per-


na partida. No meu caso, por outro lado, uma maldição ignorada
tinha-me impedido de atingir o nível de prosperidade que Deus
tinha planeado para mim.
Se uma maldição podia representar uma barreira para receber
bênçãos como cura ou prosperidade, não seria possível, ou mesmo
provável que muitos outros tipos de bênçãos estivessem, da mes-
ma forma, a serem retidas pela mesma razão? Foi nesta base que
me propus a procurar as respostas para três questões relacionadas:
Primeiro, como é que podemos reconhecer que há uma mal-
dição a operar nas nossas vidas?
Segundo, o que é que temos de fazer para cancelar uma mal-
dição e nos libertarmos das suas consequências?
Terceiro, como é que podemos entrar na bênção de Deus?
As páginas que se seguem apresentam os resultados da minha
pesquisa.

Questionário

1. Verdadeiro ou falso: Só aquelas pessoas com falta de sin-


ceridade e dedicação enfrentam uma barreira invisível do
progresso.
2. Forças espirituais poderosas não se sujeitam a que tipo de
leis?
3. Quando Derek estava orando por uma família amaldiçoa-
da, que palavras foram ditas e usadas causando uma reac-
ção física distinta, entre eles?
4. Verdadeiro ou falso: Reevocando a maldição sobre esta fa-
28
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

mília não foi essencial para a cura da perna da filha.


5. A própria vida de Derek foi vitima de maldição financeira
extensiva ao seu ministério. Que objectos no seu lar foram
os responsáveis por isto? Ler Deuteronómio 7:25-26.
6. Porque é que os dragões são uma abominação para o
Senhor?
7. Qual o detalhe significativo da oração de libertação que a
Miriam leu da qual resultou a sua cura.

Aplicação na vida

1. Já alguma vez teve a sensação de ter pela frente uma pare-
de invisível que o tenha impedido de receber as bênçãos do
Senhor? Depois de ler os capítulos 1 e 2, ficou com alguma
ideia do que é a parede invisível?
2. Reconhece alguns objectos na sua casa ou na sua própria
pessoa que possam ter trazido uma maldição para o seio da
sua família? Deseja removê-los? Se sim, porquê? Se não,
porque não?

Versículo para memorizar

Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem


que adquire conhecimento.
Provérbios 3:13

Proclamação de Fé

Senhor, o meu coração está pronto para caminhar na verda-


de. Dai-me a fé para aplicar o que aprendi.

Respostas

1. Falso. Muitas vezes é o mais sincero e dedicado que não


consegue progredir.
29
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

2. Leis naturais.
3. “Em nome de Jesus”
4. Falso. A maldição foi uma barreira invisível para a sua cura.
5. Quatro dragões bordados.
6. Porque eles eram uma imagem de um deus falso que era
adorado na China. Também, o dragão na Bíblia representa
Satanás.
7. Nenhuma referência foi feita para cura física, apenas a li-
bertação de uma maldição.

30
1ª PaRTe – Bênçãos e Maldições

coMo oPeRaM as Bênçãos e as Maldições

As forças que determinam a História inserem-se em duas ca-


tegorias: visíveis e invisíveis. É a interacção destes dois reinos
que determina o curso da História. Enquanto restringirmos a nossa
atenção às coisas que são visíveis e materiais, de tempos a tempos
seremos confrontados com acontecimentos e situações que não
podemos explicar ou controlar totalmente.
Todos os objectos e acontecimentos normais do universo
material pertencem ao reino visível. Todos nós estamos familia-
rizados com este reino e nele sentimo-nos em casa, mesmo que
muitas vezes os acontecimentos não tomem o rumo que nós dese-
jaríamos. Para muitas pessoas, os limites da consciência que têm
das coisas não vão mais além. No entanto, a Bíblia abre uma porta
para outro reino, invisível, que não é material, mas espiritual. As
forças que operam neste reino exercem uma influência contínua e
decisiva sobre acontecimentos do reino visível.
Em 2 Coríntios 4:17-18, Paulo delineia estes dois reinos:
Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para
nós um peso eterno de glória mui excelente, não atentando nós
nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que
se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.
As coisas que pertencem ao reino do que é visível são transi-
tórias e temporárias. Só no reino do que é invisível é que podemos
encontrar a realidade verdadeira e permanente. É também neste
reino que descobrimos que afinal são estas forças que irão moldar
o nosso destino, mesmo no reino do que é visível. Paulo deixa
bem claro que o sucesso na vida depende de sermos capazes de
captar e de nos relacionarmos com o que é invisível e espiritual.
Tanto as bênçãos como as maldições pertencem ao reino do

31
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

invisível e espiritual. Elas são veículos de poder sobrenatural e


espiritual. As bênçãos produzem resultados bons e benéficos; as
maldições produzem resultados maus e prejudiciais. Ambas são
temas principais nas Escrituras. Tal como referi anteriormente, as
duas palavras são mencionadas na Bíblia mais de 640 vezes.
Há duas importantes características comuns a ambas. Em pri-
meiro lugar, os seus efeitos raramente são limitados a um só indi-
víduo. Pode estender-se a famílias, tribos, comunidades ou nações
inteiras. Em segundo lugar, uma vez libertas, tendem a continuar
de geração em geração até que algo aconteça para cancelar os seus
efeitos. Há um determinado número de bênçãos e de maldições
mencionadas na Bíblia e relacionadas com os patriarcas que con-
tinuaram a operar durante quase quatro mil anos e continuam a
operar nos nossos dias.
Esta segunda característica de bênçãos e maldições tem im-
plicações práticas importantes. Poderão haver forças a operar nas
nossas vidas, que têm a sua origem em gerações anteriores. Como
consequência, podemos ser confrontados com situações recorren-
tes ou padrões de comportamento que não podem ser explicados
apenas em termos do que aconteceu nas nossas vidas ou experiên-
cias pessoais. A raiz do problema pode situar-se há muito tempo
atrás, mesmo há milhares de anos.
O principal veículo tanto de bênçãos como de maldições são
as palavras. Essas palavras podem ser pronunciadas, escritas, ou
meramente proferidas interiormente. A Escritura tem muito a di-
zer sobre o poder das palavras. O livro de Provérbios, em parti-
cular, contém muitos avisos sobre como é que as palavras podem
ser usadas tanto para o bem como para o mal. Eis apenas alguns
exemplos:

O hipócrita, com a boca, danifica o seu próximo, mas os jus-


tos são libertados pelo conhecimento.
Provérbios 11:9

32
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Há alguns cujas palavras são como pontas de espada, mas a


língua dos sábios é saúde.
Provérbios 12:18

Uma língua saudável é árvore de vida, mas a perversidade


nela quebranta o espírito.
Provérbios 15:4

A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a


ama comerá do seu fruto.
Provérbios 18:21

O apóstolo Tiago também tem muito a dizer sobre o uso das


palavras. Ele refere que a língua é um órgão pequeno do corpo,
mas o mais difícil de controlar:

Assim também a língua é um pequeno membro e gloria-se de


grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo in-
cendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade,
a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o
corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.
Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os
homens, feitos à semelhança de Deus: de uma mesma boca proce-
de bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça
assim.
Tiago 3:3-5, 9-10

Tiago usa um conjunto de imagens muito explícitas para real-


çar o tremendo poder que as palavras têm para afectar pessoas e
situações, tanto para o bem como para o mal. É significativo o fac-
to dele escolher bênçãos e maldições como palavras que podem
estar carregadas deste tipo de poder quase ilimitado.
No entanto, as palavras não são o único canal através do qual
o poder espiritual das bênçãos e das maldições pode ser transmi-
tido. Há várias formas através das quais, por vezes, os objectos
33
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

físicos se podem tornar veículos deste tipo de poder.


Em Êxodo 30:22-33, o Senhor deus instruções a Moisés para
fazer um óleo especial para ungir, que deveria ser usado apenas
e exclusivamente para ungir o Tabernáculo, os objectos que nele
havia e também os sacerdotes que ministrassem no Tabernáculo.
Em Levítico 8:1-12, lemos como esse óleo foi aplicado. Nos ver-
sículos 10-12, o relato conclui:
Então, Moisés tomou o azeite da unção, e ungiu o taberná-
culo e tudo o que havia nele, e o santificou; e dele espargiu sete
vezes sobre o altar e ungiu o altar e todos os seus casos, como
também a pia e a sua base, para santificá-los. Depois, derramou
do azeite da unção sobre a cabeça de Arão e ungiu-o, para san-
tificá-lo.
Nesta passagem, a palavra santificar significa “separar para
Deus, tornar santo”. Deste modo, o óleo de unção tornou-se num
veículo para transmitir a bênção de santidade tanto ao Tabernáculo
e ao que nele havia, como aos sacerdotes que ministravam naquele
lugar.
Mais tarde, na História de Israel, foi usado azeite para trans-
mitir a bênção apropriada aos reis que deveriam governar o povo
em nome de Deus. Em 1 Samuel 16:13, temos o registo de como o
profeta Samuel separou David como rei escolhido por Deus:
Então, Samuel tomou o vaso do azeite e ungiu-o no meio
dos seus irmãos; e, desde aquele dia em diante, o Espírito do
SENHOR se apoderou de Davi.
O óleo derramado por Samuel sobre a cabeça de David tor-
nou-se um canal através do qual a bênção do Espírito Santo foi
liberta na sua vida para o equipar para desempenhar o seu cargo
de rei.
No Novo Testamento, os elementos empregues na Ceia do
Senhor também se tornam canais da bênção de Deus para aqueles
que os tomam. Em 1 Coríntios 10:16, Paulo diz:
Porventura, o cálice de bênção que abençoamos não é a co-
munhão do sangue de Cristo?
Para aqueles que participam na Ceia do Senhor com a fé bí-
34
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

blica, estes elementos transmitem a bênção de Deus. Paulo fala


especificamente do “cálice de bênção”, ou seja, o cálice que trans-
mite as bênçãos da nova aliança àqueles que dele beberem.
Contudo, devemos realçar que em todas as ordenanças acima
descritas não há lugar para “magia”. As bênçãos não são alcança-
das através dos objectos físicos em si, elas são transmitidas so-
mente àqueles que obedecerem à vontade de Deus tal como ela é
revelada na Escritura e que, através da sua fé pessoal e obediência,
receberem o que lhes é oferecido através dos objectos físicos. Não
há bênção sem fé e obediência.

Não há bênção sem fé e obediência.

Pelo contrário, em 1 Coríntios 11:29, Paulo diz em relação


aos elementos da Ceia do Senhor:
Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para
sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.
As alternativas são, pois, as seguintes. A fé e a obediência
recebem a bênção de Deus através dos elementos; a incredulidade
e a desobediência provocam o julgamento de Deus.
Da mesma forma, em ambos os casos, é através dos objectos
físicos usados na Ceia do Senhor que o poder espiritual é transmi-
tido, seja para bênção ou para julgamento.
Números 5:11-31, descreve uma cerimónia usada para deter-
minar se a esposa de um homem lhe tinha sido infiel ou não. São
requeridas orações e sacrifícios apropriados, mas o centro do ceri-
monial está num copo de água; dentro deste o sacerdote mistura pó
do chão do tabernáculo com tinta, a qual foi raspada de uma maldi-
ção escrita. A mulher deverá então beber a água. Se ela for culpada,
o resultado da maldição escrita será manifestado no seu corpo físico:
“O seu ventre se inchará, e a sua coxa descairá; e aquela mulher
será por maldição no meio do seu povo.” Será esse o castigo pelo
seu pecado. Neste caso, o copo de água é o meio através do qual a
maldição é transmitida.
Por outro lado, se a mulher estiver inocente, a água não produ-
35
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

zirá qualquer efeito nocivo. Deus terá, desta forma, vingado a sua
justiça, e o seu marido deixará de ter liberdade para fazer qualquer
outra acusação contra ela. A sua inocência tê-la-á protegido da
maldição. Os vários exemplos acima referidos estabelecem uma
importante verdade bíblica: Em determinadas circunstâncias, tan-
to as bênçãos como as maldições podem ser transmitidas através
de objectos físicos. Por outro lado, se desviarmos a nossa atenção
das práticas bíblicas para todas as diferentes formas de religião
falsa e ocultismo, praticamente não haverá limite para as formas
em que os objectos físicos se podem tornar canais de maldições.
Em Êxodo 20:4-5, no segundo dos Dez Mandamentos, Deus
proíbe explicitamente que se faça qualquer tipo de ídolo ou ima-
gem com objectivos religiosos e Ele avisa que aqueles que que-
brarem este mandamento trarão julgamento não apenas sobre si
mesmos, mas também sobre, pelo menos, três gerações seguintes:
Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma seme-
lhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem
nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as ser-
virás; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que vi-
sito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração
daqueles que me aborrecem.
Há um variado leque de objectos que se inclui nesta proibi-
ção. No meu caso, que já descrevi, os dragões Chineses bordados
expuseram-me à influência invisível de uma maldição. É verdade
que eu não tinha qualquer intenção de os adorar. Ainda assim, eles
representavam algo que tinha sido um objecto de idolatria durante
muitos séculos. Eles abriram um canal dentro da minha casa para
o poder maligno da adoração pagã que era praticado há milhares
de anos.
Mais tarde, reflectindo sobre o passado, apercebi-me de um
efeito específico que aqueles dragões tinham tido sobre mim. Eles
não eram apenas uma barreira que me impedia de prosseguir para
a bênção da prosperidade, mas também me impediam de ver que
a bênção estava mesmo ali. Só depois de ter sido liberto da sua

36
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

influência é que consegui discernir pela fé o que Deus tinha pre-


parado para mim.
Desde essa altura, tenho observado o mesmo efeito na vida de
muitas pessoas que estão debaixo de uma maldição. A maldição
impediu-as não só de receberem a bênção que Deus lhes está a
oferecer, mas também as impede de se aperceberem que a bênção
está ali para a receberem. Só quando o Espírito Santo faz brilhar
a luz das Escrituras nas nossas vidas é que começamos a entender
que o diabo nos tem andado a aldrabar e enganar.

Questionário

1. Quais são os dois tipos de forças que determinam a histó-


ria?
2. Verdadeiro ou falso: As coisas que pertencem ao reino in-
visível são transitórias e não permanentes.
3. Quais são as duas características importantes e comuns
tanto para as bênçãos como para as maldições?
4. Qual o canal mais importante para bênçãos e maldições?
5. Verdadeiro ou falso: Só as palavras ditas é que têm algum
poder.
6. Qual o livro da Bíblia que contem muitos avisos respei-
tantes ao poder das palavras quer para o bem, quer para o
mal?
7. Para além das palavras, um objecto físico pode ser usado
em certas circunstâncias como canal para bênçãos. Dêem
um exemplo baseado na Bíblia.
8. Verdadeiro ou falso: Uma maldição mantém as pessoas não
só impossibilitadas de receberem a bênção de Deus como
também de perceberem que há uma bênção para receber.

37
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Aplicação na Vida

1. Bênçãos e maldições, uma vez instaladas, tendem a conti-


nuar de geração em geração até que alguma coisa aconteça
e cancele os seus efeitos. Peça ao Espírito Santo para lhe
revelar se há maldições vindas de outras gerações afectan-
do-o ou à sua família. Se há, quais são?
2. Recapitulando os versículos de Provérbios e Tiago nas pá-
ginas 37-38 acerca do uso de palavras para o bem ou para o
mal, acha que a sua vida tem sido afectada pelas palavras do
bem ou do mal? Especificamente o que causou mais impacto
em si?
3. Alguma vez pronunciou palavras que possam ter alterado o
percurso de vida de alguém em favor da morte em vez da
vida? (Exemplos: “Hás-de gastar esse dinheiro na farmá-
cia!”, “Nunca mais mudas, hás-de ser sempre assim!”). Se
sim, reflicta alguns momentos e peça ao Senhor para lhe
perdoar. Se está consciente de algumas situações específicas,
nomeie-as.
4. No oculto muitas vezes são usados objectos, para trans-
mitirem maldições. Ler Êxodos 20:4-5 referindo os avisos
do Senhor para nós, tendo em conta este tipo de desobe-
diência.

Versículo para memorizar

A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a


ama comerá do seu fruto.
Provérbios 18:21

Proclamação de Fé

Jesus, escolho este dia para ser um canal de bênçãos e não


de maldições. Ajude-me a falar as palavras da vida em vez das
palavras da morte.
38
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Respostas

1. Visível e invisível.
2. Falso. No reino invisível as coisas são duradouras e perma-
nentes. (eternas).
3. As características importantes e comuns a ambas são:
Primeiro, raramente são limitados a um indivíduo;
Segundo, têm implicações práticas importantes.
4. Palavras.
5. Falso. A palavra tem poder independentmente da forma
como é expressada: falada, escrita ou proferida interior-
mente.
6. Provérbios.
7. A Unção de óleos usados para santificar os elementos da
Ceia do Senhor.
8. Verdadeiro.

39
1ª PaRTe – Bênçãos e Maldições

lisTa de Moisés de Bênçãos e Maldições

Algumas pessoas gostam de aceitar a validade das bênçãos,


mas são cépticas em relação às maldições, as quais associam a
práticas supersticiosas da Idade das Trevas. Esse tipo de pensa-
mento é irrealista. Não podemos focar exclusivamente um aspecto
de opostos só porque o aceitamos, e simplesmente ignorar o outro
aspecto por o acharmos inaceitável. O oposto de quente é frio;
ambos são reais. O contrário do bem é o mal; ambos são reais. Da
mesma forma, as bênçãos são reais tal como as maldições o são.
Através do meu ministério, tenho contactado com cristãos de
muitas tradições e lugares diferentes. E penso que a maior parte
do povo de Deus não sabe discernir entre o que são bênçãos e
o que são maldições. Muitos cristãos que deviam estar a gozar
de bênçãos estão, na verdade, a suportar maldições. Há duas ra-
zões principais para esse facto: primeiro, simplesmente não sabem
como reconhecer o que é uma bênção e o que é uma maldição, ou
como discerni-las; segundo, se estão debaixo de uma maldição,
não compreendem a base sobre a qual podem ser libertos.
Deus é a única e suprema fonte de todas as bênçãos, ainda que
elas possam chegar até nós através de diferentes canais. Muitas
vezes, também as maldições procedem de Deus, mas Ele não é
a única fonte. Mais à frente iremos lidar com outras fontes de
maldições.
As maldições que procedem de Deus são uma das principais
formas que Ele usa para trazer julgamento sobre os rebeldes, os
descrentes e os ímpios. A história da raça humana dá-nos um lon-
go e triste registo do resultado das maldições de Deus pronuncia-
das sobre pessoas nessas condições.
Ao longo dos anos tem-se tornado moda sugerir que há uma

40
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

contradições entre o Antigo e o Novo Testamento. De acordo com


esta interpretação, o Antigo Testamento descreve Deus como um
Deus de ira e de julgamento; o Novo descreve-O como um Deus
de amor e de misericórdia. No entanto, os dois Testamentos são
consonantes um com o outro. Ambos descrevem Deus como sen-
do, ao mesmo tempo, um Deus de misericórdia e de julgamento.
A história de Jericó, relatada em Josué 6, combina estas duas
facetas do modo de agir de Deus tão vívida e dramaticamente
como qualquer passagem do Novo Testamento. Enquanto que a
cidade de Jericó pereceu debaixo de um julgamento abrangente
de Deus, a prostituta Raabe saiu ilesa juntamente com toda a sua
família. O registo indica também que mais tarde Raabe veio a ser
a mulher de Salomão, um dos príncipes de Judá, tomando o seu
lugar na linha genealógica da qual o Messias de Israel, Jesus, seria
descendente! (Ver Mateus 1:5).
Em Romanos 1:17-18, Paulo explica que o Evangelho con-
tém a revelação suprema destes dois aspectos de Deus, a Sua mi-
sericórdia e o Seu julgamento:
Porque nele (o Evangelho) se descobre a justiça de Deus de
fé em fé…
Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impie-
dade e injustiça dos homens…
Por um lado, a misericórdia de Deus oferece a Sua justiça, a
qual Ele transmite àqueles que recebem, pela fé, o sacrifício de
substituição de Jesus em seu favor. Contudo, este sacrifício é, ao
mesmo tempo, a derradeira revelação da ira de Deus, derramada
sobre Jesus quando Ele se identificou com o pecado do homem.
Os cristãos que questionam a realidade do julgamento de Deus
sobre o pecado devem ponderar novamente sobre o significado
da crucificação. Nem mesmo Jesus foi capaz de tornar o pecado
aceitável para Deus, mas teve de suportar o total derramamento
da Sua ira.

O sacrifício de Jesus é a derradeira revelação


da ira de Deus sobre o pecado do homem.
41
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Mais à frente, em Romanos 11:22, Paulo apresenta novamen-


te lado a lado estes dois aspectos da forma que Deus tem de proce-
der: “Considera, pois, a bondade (ou benevolência) e a severidade
de Deus”. Para obter uma descrição correcta de Deus, temos de
ter sempre presentes ambos os aspectos do Seu carácter. As Suas
bênçãos procedem da Sua bondade, mas os Seus julgamentos pro-
cedem da Sua severidade. Ambos são igualmente reais.
Em Provérbios 26:2, Salomão deixa claro que todas as maldi-
ções têm uma razão de ser:
Como o pássaro no seu vaguear, e como a andorinha no seu
voo, assim a maldição sem causa não virá.
Este princípio tem uma dupla aplicação. Por um lado, uma
maldição não pode existir se não houver uma causa para que ela
exista. Por outro lado, o contrário também é verdade. Sempre que
há uma maldição a operar, existe uma causa para isso.

Sempre que há uma maldição a operar,


existe uma causa para isso.

Ao tentar ajudar pessoas a serem libertas de uma maldição,


aprendi por experiência própria que muitas vezes é útil descobrir
primeiro qual é a causa.
Os 68 versículos de Deuteronómio 28, que são dedicados so-
mente ao tema de bênçãos e maldições, revelam a principal causa
de cada uma. Nos versículos 1 e 2, Moisés lida primeiro com as
causas das bênçãos:
E será que, se ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, tendo
cuidado de guardar todos os seus mandamentos… todas estas
bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do
SENHOR, teu Deus.
A primeira parte poderia ser traduzida mais literalmente da
seguinte forma: “Se ouvires ouvindo a voz do Senhor teu Deus…”
A repetição do verbo ouvir realça ainda mais o facto. De uma for-
ma mais simples, as condições para gozar as bênçãos são: primei-

42
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

ro, ouvir a voz de Deus; segundo, fazer o que Ele diz.


As condições para gozar as bênçãos são: ouvir a voz de Deus
e fazer o que Ele diz.
Ao longo de todos os tempos, estes têm sido os requisitos
imutáveis para viver um relacionamento de aliança com Deus. Em
Êxodo 19:5, quando se preparava para estabelecer a Sua primeira
aliança com Israel no monte Sinai, Ele disse:
Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guar-
dardes o meu concerto, então, sereis a minha propriedade pecu-
liar dentre todos os povos.

As condições básicas eram ouvir a voz de Deus


e obedecer aos termos da Sua aliança.

Debaixo da nova aliança, em João 10:27, Jesus descreveu de


igual modo aqueles que Ele reconheceu como “Suas ovelhas”, ou
seja, os Seus verdadeiros discípulos: “As minhas ovelhas ouvem
a minha voz… e me seguem”. Os requisitos básicos ainda são os
mesmos: ouvir a voz do Senhor e segui-Lo em obediência.
Ouvir a voz de Deus leva-nos para além da mera profissão re-
ligiosa ou observações formais. Não há nada mais único e distin-
tivo do que a voz de uma pessoa. Ouvir a voz do Senhor implica
um relacionamento com Ele, no qual Ele pode falar com cada
um de nós pessoalmente.
O Senhor não fala assim aos nossos ouvidos físicos ou às
nossas mentes naturais. A Sua comunicação é feita Espírito-a-
espírito, isto é, do Seu Espírito ao nosso espírito. Desta forma,
a Sua voz penetra nas profundezas mais recônditas do nosso ser,
e daí as suas vibrações são sentidas em todas as áreas da nossa
personalidade.
O Senhor pode falar desta maneira através da Bíblia ou pode
transmitir uma palavra de revelação directa. No entanto, a simples
leitura da Bíblia, só por si, não é suficiente, a menos que as pa-
lavras nas suas páginas sejam transformadas pelo Espírito Santo
numa voz viva. Só um relacionamento deste tipo com Deus é que
43
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

nos qualifica verdadeiramente para as bênçãos que Ele prometeu


àqueles que ouvirem e obedecerem à Sua voz.
Mais adiante, em Deuteronómio 28:15, Moisés expõe a causa
principal de todas as maldições:
Será, porém, que se não deres ouvidos à voz do SENHOR, teu
Deus, para não cuidares em fazer todos os seus mandamentos e os
seus estatutos, que hoje te ordeno, então, sobre ti virão todas estas
maldições e te alcançarão.
A causa das maldições é exactamente o oposto da causa das
bênçãos. As bênçãos resultam de ouvir a voz de Deus e fazer o que
Ele diz. As maldições resultam de não ouvir a voz de Deus e não
fazer o que Ele diz. Esta recusa de ouvir e obedecer à voz de Deus
pode ser resumida numa palavra: rebelião – não contra o homem,
mas contra Deus.

As maldições resultam de não ouvir a voz de Deus


e não fazer o que Ele diz.

Em Deuteronómio 28, Moisés também elabora listas abran-


gentes das várias formas que as bênçãos e as maldições podem
adquirir. As bênçãos estão registadas nos versículos 3 a 13 e as
maldições nos versículos 16 a 68. Quem quiser compreender isto
melhor deve estudar este capítulo na sua totalidade.
A partir dos meus estudos, tentei elaborar duas listas que su-
marizem as bênçãos e as maldições na ordem pela qual elas são
mencionadas. Esta é a minha sugestão para a lista das bênçãos:

Exaltação Vitória
Prosperidade Reprodutividade
Saúde Favor de Deus

Reprodutividade não é uma palavra muito comum, mas pre-


tende descrever uma condição na qual todas as áreas da vida de
uma pessoa são frutíferas e reprodutivas. Isto incluirá família,
gado, plantações, negócios e o exercício de talentos criativos.
44
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Todas estas áreas deverão reflectir a bênção de Deus de formas


apropriadas.
Na sua lista de maldições, nos versículos 16 a 68, Moisés dá
muitos mais detalhes do que nas bênçãos. Contudo, as maldições
são essencialmente o oposto das bênçãos. Eis o resumo que propo-
nho:

Humilhação
Esterilidade, improdutividade
Enfermidade mental e física
Dissolução da família
Pobreza
Derrota opressão
Falta de êxito
Desfavor de Deus

Anteriormente, no versículo 13, Moisés conclui a sua lista de


bênçãos com duas imagens verbais. Seria bom para cada um de
nós considerarmos como é que essas imagens se aplicam às nossas
próprias vidas.
Primeiro, Moisés afirma: “E o SENHOR te porá por cabeça e
não por cauda…” Uma vez pedi ao Senhor para me mostrar como
é que isso se aplicava à minha vida. Senti que Ele me tinha dado
a seguinte resposta: A cabeça toma as decisões e a cauda é apenas
arrastada para todo o lado.
Teria de ser eu a decidir qual o meu papel. Será que eu estava
a agir como uma cabeça, em controlo de cada situação, tomando
as decisões apropriadas e vendo-as serem cumpridas com suces-
so? Ou estava apenas a fazer de cauda, deixando-me arrastar por
forças e circunstâncias que não compreendia e não era capaz de
controlar?
Para que ficasse bem claro, Moisés usa uma segunda expres-
são: “Estarás em cima e não debaixo”. Isto pode ser ilustrado atra-
vés de um encontro entre dois amigos cristãos.
“Como estás?”, pergunta o primeiro.
45
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

“Tendo em conta as circunstâncias”, responde o segundo,


“não estou nada mal.”
“Fico contente por saber isso.”, responde o primeiro. “Mas o
que é que estás a fazer sob essas circunstâncias?”
Estas ilustrações de Moisés confrontam-nos com uma oportu-
nidade para nos auto-avaliarmos. Estou a viver como uma cabeça
ou como uma cauda? Estou a viver sob as circunstâncias ou acima
delas? As respostas que se seguem irão ajudar-nos a ver o quanto
estamos a desfrutar da bênção de Deus.

Questionário

1. Uma das razões porque muitos Cristãos aceitam maldições


em vez de bênçãos, é que eles não sabem como distingui
-las. Nomeia uma segunda razão.
2. Verdadeiro ou falso: Todas as bênçãos vêm de Deus, e al-
gumas maldições podem também vir de Deus.
3. Os Antigo e Novo Testamentos mostram-nos que Deus é
um Deus de ambos ______________ e______________.
Revejam Romanos 11:22.
4. Uma maldição não pode fazer efeito a não ser que haja uma
______________ para isso.
5. Qual é a causa primária de todas as maldições?
6. Liste as formas que as bênçãos podem tomar.
7. Liste as categorias em que as maldições caem.

Aplicação na Vida

1. 
Leia Deuteronómio 28:1-6 e Deuteronómio 28:15-19.
Olhando para a lista de bênçãos, qual delas vem evidencia-
da na sua vida?
2. Olhando para a lista de maldições, vê algumas delas ope-
rando na sua vida? Se sim, quais?

46
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

3. O que se atravessa na sua vida entre o ouvir e o obedecer


ao Senhor?
4. O que pode ser feito para destruir esses obstáculos?

Versículo para memorizar

O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de


que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição;
escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.
Deuteronómio 30:19

Proclamação de Fé

Hoje, Senhor, escolho a vida e não a morte, bênçãos e não mal-


dições. Escolho ouvir e obedecer à Vossa Palavra. Submeto-me a
Vós, Deus, e resisto ao demónio ____________________________
(ver Tiago 4:7).

Respostas

1. Eles não sabem os princípios de libertação das bênçãos.


2. Verdadeiro.
3. Misericórdia, julgamento.
4. Causa.
5. Não ouvir nem obedecer à voz de Deus— por outras pala-
vras, rebelião.
6. Exaltação, saúde, reprodutibilidade, prosperidade, vitória,
favores de Deus.
7. Humilhação, esterilidade, doença física e mental, desagre-
gação familiar, pobreza, derrota, opressão, falha, desfavor
de Deus.

47
1ª PaRTe – Bênçãos e Maldições

seTe indÍcios de uMa Maldição

Através da minha observação e experiência pessoal, elaborei


a seguinte lista de sete problemas que indicam que há uma maldi-
ção a operar. Quando comparei a minha lista com a de Moisés em
Deuteronómio 28, fiquei surpreendido com a estreita correspon-
dência que existe entre as duas.

1. Esgotamento mental e/ou emocional


2. Doença repetida ou crónica (especialmente se
hereditária)
3. Esterilidade, tendência para abortar ou problemas
femininos do género
4. Dissolução do casamento e alienação da família
5. Insuficiência financeira contínua
6. Ser “dado a acidentes”
7. Uma história de suicídios e de mortes anormais ou
prematuras

A presença de apenas um ou dois destes problemas não seria


necessariamente suficiente, por si só, para decidir se uma maldi-
ção está a operar. Mas quando verificamos a presença de vários
destes problemas, ou quando qualquer um deles tende a ocorrer
repetidas vezes, a probabilidade de uma maldição aumenta pro-
porcionalmente. Mas, em último recurso, só o Espírito Santo é
que pode providenciar um “diagnóstico” absolutamente rigoroso.

1. esgotamento mental e/ou emotional

As expressões correspondentes de Deuteronómio 28 são: lou-

48
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

cura, aterrado (28,34) 2; perturbação, perdição ou pasmos de co-


ração (20,28); coração tremente ou desmaio da alma (65).
As áreas afectadas são descritas como o coração, a alma ou
a mente. Por outras palavras, houve forças invasoras e hostis que
abriram brechas na cidadela interior da personalidade humana.
Estas pessoas deixam de ter o controlo total dos seus pensamen-
tos, emoções e reacções. Podem estar “assombradas” por um es-
pectro interior que escarnece delas continuamente: “Estás a perder
o controlo… Não há esperança para ti… A tua mãe foi parar a um
hospital para doentes mentais e tu vais a seguir!”
Fiquei espantado ao descobrir a quantidade de cristãos que
estão a passar por estas lutas interiores. Muitas vezes têm relutân-
cia em admitir o seu problema perante outras pessoas, ou mesmo
a si próprios, por recearem que isso seja uma negação da sua fé.
Confusão e depressão são duas palavras-chave. As suas raí-
zes encontram-se, quase invariavelmente, numa forma de envol-
vimento com o ocultismo. Não raramente, há uma actividade de-
moníaca por trás. Contudo, na maior parte dos casos é necessário
lidar com o envolvimento com o oculto e cancelar a maldição daí
resultante, antes dos demónios poderem ser expulsos.

2. Doença repetida ou crónica (especialmente se hereditá-


ria)

São muitas as expressões correspondentes de Deuteronómio


28: pestilência ou afligido por doenças (21); tuberculose ou tísica
(22); febre (22); ardor e secura (22); úlceras (27, 35); hemorrói-
das (27); sarna e coceira (27); cegueira (28); pragas grandes,
terríveis e duradouras (59); enfermidades más e duradouras (59);
todos os outros tipos de enfermidade e praga (61).
Esta lista não indica necessariamente, que todas as formas de
enfermidade ou doença, são o resultado directo de uma maldição.
No entanto, há certas palavras-chave que ocorrem: praga, incu-
rável, grande, terrível, prolongado, persistente. Estas funcionam
como sinais de aviso. Criam o que se pode chamar “a atmosfera de
49
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

uma maldição”. Elas sugerem que há forças malignas e malévolas


a operar.
Existe outro termo médico comum que não é explicitamen-
te empregue em Deuteronómio 28, mas que tem uma conotação
semelhante. É maligno ou malevolência. A primeira definição de
maligno no dicionário Collins, de Inglês, é “ter ou demonstrar de-
sejo de magoar outros”. É óbvio que isto descreve uma pessoa e
não apenas uma mera condição física. A definição sugere, ainda
mais do que as palavras do parágrafo anterior, que há uma inteli-
gência maligna e malévola a operar. O emprego que fazemos des-
te termo indica um reconhecimento inconsciente de que estamos a
lidar com factores que não são puramente físicos.
Outro termo muito significativo usado em referência a certos
tipos de enfermidade, é, hereditário. Ele descreve uma condição
que passa de geração em geração. Esta é uma das marcas mais
comuns e mais típicas de que há uma maldição a operar. Por essa
razão, sempre que me pedem para orar por alguém que tem um
problema físico hereditário, estou sempre aberto para a possibili-
dade de estar a confrontar os efeitos de uma maldição.
Quando tinha cerca de sessenta anos, um amigo meu, que é
pastor, desenvolveu algo diagnosticado como hemocromatose,
uma doença que faz com que o paciente produza demasiado ferro
no sangue, armazenando-o em especial nos órgãos vitais, nomea-
damente no fígado e no coração. O seu pai tinha morrido com a
mesma doença quando tinha 67 anos. O médico disse que a doen-
ça era hereditária, incurável e possivelmente letal. Ele tinha de fa-
zer uma flebotomia (antigamente, uma sangria) todas as semanas.
Depois de muita oração, especialmente da parte de um dos
grupos de oração, o meu amigo colocou-se perante a sua congre-
gação num culto de Domingo de manhã e fez uma simples afir-
mação pouco emotiva: “No nome de Jesus, liberto-me de toda a
herança maligna do meu pai”.
Ele ficou imediata e completamente curado. Já passaram cin-
co anos desde esse dia. Ele não foi sujeito a mais nenhum trata-
mento e o problema não reapareceu.
50
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Nos comentários anteriores, abstive-me deliberadamente de


sugerir que qualquer doença específica é sempre, ou necessaria-
mente, atribuível a uma maldição. Em muitas das enfermidades
mencionadas, seria altamente provável que uma maldição estives-
se a operar, mas, sem provas adicionais, seria errado afirmar que
isso é exactamente assim. Existe apenas um “perito” cujo diag-
nóstico é final, e esse é o Espírito Santo. Temos de estar sempre
conscientes de que estamos dependentes Dele.

2

Os números entre parêntesis indicam os versículos de Deuteronómio
28 que falam de condições semelhantes

3. Esterilidade, tendência para abortar ou problemas fe-


mininos do género

Neste caso, a expressão-chave de Deuteronómio 28 é:


“Maldito o fruto do teu ventre” ou do teu corpo (18). Esta mal-
dição pode afectar qualquer um dos vários órgãos envolvidos na
procriação. A Ruth e eu já ministrámos a centenas de mulheres
cujas enfermidades se inseriam na lista de “problemas femininos”.
Estes incluíam: incapacidade de conceber; tendência para abortar;
incapacidade para menstruar; menstruação irregular; dores mens-
truais debilitantes; frigidez; quistos, tumores ou outros defeitos
estruturais que afectam qualquer um dos vários órgãos relacio-
nados com o processo reprodutivo. Este tipo de maldição afecta
bastantes vezes famílias inteiras, com o resultado de que todas, ou
quase todas, as mulheres de uma família podem ser afectadas por
problemas deste tipo.
A Ruth e eu temos por princípio não ministrar a essas pes-
soas, sem primeiro as instruirmos sobre a natureza e causas das
maldições e depois orar com elas pela libertação. Em muitos casos
isto tem produzido cura e saúde nas áreas ou funções afectadas.
Por vezes, só é preciso cancelar a maldição, sem necessidade de
uma oração específica de cura.
A carta que se segue ilustra os resultados que podem advir
51
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

quando uma maldição de esterilidade é cancelada.

Passados doze anos de casamento, ainda não


tínhamos conseguido ter filhos. Os testes médicos
revelavam que connosco não havia nada de fisica-
mente errado.
No dia 7 de Julho de 1985, fomos a um culto
em Amsterdão, no qual você, Derek, era o prega-
dor. Você ensinou sobre cura e também sobre as
razões pelas quais há pessoas que não são curadas.
Assim que começou a falar de maldições que estão
sobre famílias, o Senhor falou ao meu coração que
esse era um problema que estava sobre a minha
família. Ao conduzir os presentes numa oração de
libertação de qualquer maldição, que estivesse so-
bre as suas vidas, senti que estava a ser liberta de
uma escravidão.
Quando fui até ao púlpito, o Derek disse-me
para ir buscar o meu marido para podermos orar.
Então, enquanto orava por nós, pronunciou que a
maldição que estava sobre a minha vida tinha sido
quebrada, e quando a Ruth impôs as mãos sobre o
meu ventre, ela disse que eu não seria “nem esté-
ril, nem infrutífera”. Pediram a toda a congrega-
ção para ficar de pé e juntar-se em oração por nós.
Depois desse culto, tanto eu como o meu marido
sentimos fortemente que o Senhor tinha ouvido as
nossas orações.

Cerca de dois anos e meio depois, este casal veio ter connos-
co noutro culto público em Inglaterra para nos mostrar o seu lindo
bebé, que era a manifestação da bênção que tinha substituído a
maldição da esterilidade nas suas vidas.
A relação entre problemas menstruais e uma maldição é ex-
posta noutra carta, datada de 22 de Dezembro de 1987, de uma
52
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

senhora cristã na casa dos trinta que estava a servir ao Senhor no


sudeste da Ásia:

Em 1985, emprestaram-me um conjunto de


cassetes que tinham sido gravadas em Singapura,
entre as quais estava a mensagem do Derek Prince
sobre “Bênçãos e Maldições”. Uma noite, depois
de ouvir a mensagem no meu quarto, permaneci
no escuro para dizer a oração que estava no fim da
cassete, embora não estivesse ciente de nada em
especial. Apenas pensei que, no caso de haver algo
na minha vida, eu queria ser liberta.
Não me apercebi de qualquer mudança ime-
diata, embora, algo tivesse acontecido, cujo sig-
nificado só mais tarde me apercebi. O Senhor im-
peliu-me, pouco depois, a assentar no meu diário
quando é que tinha sido o meu último período.
Isto foi algo que eu nunca tinha feito, uma vez
que, desde que tinha começado, aos treze anos, o
meu período nunca tinha sido regular. Daí que não
houvesse grande razão para manter um registo. De
facto, o meu período era tão irregular que até já se
tinham passado seis, oito ou dez meses sem que o
tivesse novamente.
Eu tinha consultado vários médicos por causa
deste assunto quando estava nos meus vinte anos,
e tinham-me dado medicação (sem resultado) e
muitos conselhos insensatos e ímpios.
Tinha orado sobre a minha condição, ainda
que não muito a sério – talvez por ser solteira –
mas haviam-me dito que eu iria passar por algum
desconforto e irregularidade no meu metabolismo
devido a um desequilíbrio hormonal, até que a si-
tuação fosse corrigida.
Alguns meses mais tarde, ao ouvir a cassete
53
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

novamente, fiquei impressionada com a afirmação


de Derek Prince de que “quase todos, se não todos,
os distúrbios menstruais são o resultado de uma
maldição”. Ao pegar no meu diário e verificar as
datas, apercebi-me que tinha sido perfeitamente
regular (ciclos de 28 dias) desde o dia em que fiz
aquela oração, em Agosto de 1985. Fiquei espan-
tada ao verificar que estava curada e que tinha sido
o Senhor que me havia impelido a escrever as da-
tas dos meus períodos.
Ao reflectir sobre a minha vida, perguntando-
me por onde é que a “maldição” poderia ter en-
trado, uma vez que nenhuma maldição sem causa
não tem efeito, lembrei-me de, como durante os
anos em que frequentei a escola secundária (dos
13 aos 17 anos), eu e as minhas colegas nos refe-
ríamos à menstruação como “a maldição”.
Isso confirma com toda a certeza que “a mor-
te e a vida estão no poder da língua” (Provérbios
18:21).
Desde Agosto de 1985 que tenho mantido um
registo e verifico que o meu ciclo é consistente-
mente de 27-29 dias. O meu peso, que antigamen-
te variava, também se tem mantido estável.

É importante reparar que, tal como a Miriam no capítulo 2,


esta senhora não orou por cura física. Ela apenas se libertou de
uma maldição e, como consequência, seguiu-se a cura.
Nesta área das funções reprodutivas, há um outro indício co-
mum de que há uma maldição a operar: um bebé que nasce com
o cordão umbilical enrolado ao pescoço – por vezes com mais do
que uma volta. Muitas vezes, é claro, isto pode fazer com que a
criança nasça já morta – trazendo morte onde deveria existir uma
nova vida.

54
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

4. Dissolução do casamento e alienação da família

Um dos efeitos da maldição nesta área é descrito em


Deuteronómio 28:41:
Filhos e filhas gerarás; porém não serão para ti, porque irão
em cativeiro.
Há inúmeros pais nesta geração que têm experimentado esta
maldição. Têm observado os seus filhos e filhas serem levados
cativos por uma sub-cultura rebelde devotada às drogas, sexo, mú-
sica satânica e toda a espécie de ocultismo.
Em Malaquias 4:5-6, o profeta dá-nos uma imagem sinistra
das condições no mundo exactamente antes do final desta era:
Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia
grande e terrível do SENHOR; e converterá o coração dos pais
aos filhos e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não ve-
nha e fira a terra com maldição.
Malaquias descreve uma força maligna a operar, que aliena
os pais dos seus filhos e que produz uma dissolução dos relaciona-
mentos familiares. A menos que Deus intervenha, avisa o profeta,
esta maldição que está a destruir a vida familiar irá propagar-se a
toda a terra, deixando um rasto de infortúnio/infelicidade atrás de
si.
Malaquias tocou com o dedo no problema social mais urgente
da nossa cultura contemporânea. Temos de perspectivá-lo como
o resultado de uma maldição que é responsável por lares desfei-
tos por conflitos, casamentos dissolvidos e famílias desintegradas.
Talvez a palavra mais precisa para descrever a força responsável
por estes resultados seja alienação. Ela coloca-se entre maridos
e esposas, pais e filhos, irmãos e irmãs, e entre todos aqueles que
deveriam estar unidos pelos laços familiares. O seu objectivo é a
destruição da família.
Apesar de tudo, para aqueles que aceitarem o conselho de
Deus, a situação não é irremediável: há uma solução. Primeiro,
temos de encarar o facto de que há uma maldição a operar; depois
temos de dar os passos indicados na Escritura para cancelar a mal-
55
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

dição e libertar os cativos. Já vi famílias serem transformadas e


restauradas desta forma.

5. Insuficiência financeira contínua

Duas expressões relacionadas de Deuteronómio 28 são:


“maldito o teu cesto e a tua amassadeira” ou gamela (17); “Não
prosperarás nos teus caminhos” ou não terás sucesso em nada do
que fizeres (29).
O resultado total desta maldição é, no entanto, mais grafica-
mente representado nos versículos 47-48:
Porquanto não haverás servido ao SENHOR, teu Deus, com
alegria e bondade de coração, pela abundância de tudo, assim
servirás aos teus inimigos, que o SENHOR enviará contra ti, com
fome, e com sede, e com nudez, e com falta de tudo…
Aqui, Moisés apresenta duas alternativas. O versículo 47 des-
creve a vontade de Deus para o Seu povo obediente: “servir o
Senhor, teu Deus, com alegria e bondade de coração, pela abun-
dância de tudo”. Outra tradução diz o seguinte: “servir ao Senhor
teu Deus com alegria e gozo no tempo da prosperidade”.
O versículo 48 descreve a maldição que cairá sobre o povo de
Deus se este for desobediente: “servirás os teus inimigos, que o
SENHOR enviará contra ti, com fome, e com sede, e com nudez,
e com falta de tudo”. Juntem os quatro elementos numa só situa-
ção e o resultado pode ser definido numa só expressão: pobreza
absoluta.
Quando considerados em conjunto, os versículos 47 e 48 in-
dicam uma simples conclusão: prosperidade é uma bênção e po-
breza é uma maldição.

Prosperidade é uma bênção e pobreza é uma maldição.

Contudo, ao longo dos séculos, tem-se desenvolvido uma tra-


dição na Igreja Cristã de que pobreza é uma bênção. É verdade
que Deus tem grande compaixão pelos pobres, e que os cristãos
56
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

devem ter a mesma atitude e devem estar dispostos a fazer gran-


des sacrifícios pessoais por eles. Mas a Escritura nunca sugere que
Deus inflige pobreza como uma bênção sobre o Seu povo que crê.
A este respeito, a revelação do Novo Testamento está em har-
monia com a do Antigo. Em 2 Coríntios 9:8, Paulo resume a abun-
dância da provisão de Deus para os cristãos:
E Deus é poderoso para tornar abundante em vós toda graça.
A fim de que, tendo sempre, em tudo, toda suficiência, superabun-
deis em toda boa obra.
Nesta frase tão sóbria e concisa, Paulo dobra e redobra as
suas palavras para realçar a generosidade da provisão de Deus
para o Seu povo. As palavras abundar ou abundância ocorrem
duas vezes. A palavra toda – ou o seu equivalente – ocorre cinco
vezes: toda graça… sempre… tudo… toda suficiência… toda boa
obra. É esta a medida da provisão de Deus. Ela vai para além do
que é apenas suficiente e eleva-nos a um nível de abundância onde
temos algo para além e acima das nossas necessidades, e podemos
ministrar às necessidades dos outros.
No entanto, não seria bíblico interpretar pobreza e abundân-
cia pelos padrões materialistas da civilização ocidental contem-
porânea. Em João 6:38, Jesus revelou a motivação da Sua vida na
terra:
Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas
a vontade daquele que me enviou.
A motivação do discípulo tem de ser a mesma do Mestre:
fazer a vontade de Deus.

A motivação do discípulo tem de ser a mesma do Mestre:


fazer a vontade de Deus.

É a partir desta perspectiva que podemos definir “pobreza” e


“abundância”. Quanto maior for o fosso entre o que precisamos e
o que temos, maior será o grau da nossa pobreza. Por outro lado,
é ter tudo o que é necessário para fazer a vontade de Deus – e
algo mais para dar aos outros. A abundância de Deus não nos é
57
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

providenciada para que a desperdicemos na satisfação dos nossos


excessos carnais, mas para toda a boa obra, ou seja, compartilhar
com outros as bênçãos da graça que enriqueceram as nossas pró-
prias vidas.
Quando a pobreza e a abundância são interpretadas desta for-
ma, o resultado é que não há qualquer padrão absoluto que possa
ser aplicado a todos os cristãos. O padrão para cada crente tem de
ser determinado em relação à vontade de Deus para a sua vida.
Estas conclusões sobre pobreza e abundância devem ser ain-
da qualificadas de duas formas. Primeiro, temos de reconhecer
que a fé para tomar posse da abundância de Deus, será testada.
Pode haver alturas em que teremos de nos contentar apenas com
o suficiente. Contudo, esses períodos deverão ser temporários.
Assim que as nossas motivações forem purificadas e a nossa fé
tiver passado o teste, Deus irá libertar a Sua abundância na medida
que Ele puder confiar em nós para usar isso para a Sua glória.
Segundo, também temos de reconhecer que há um nível mais
alto de riqueza do que apenas a que é material. Quando Moisés
virou costas à riqueza e luxúria do Egipto e foi viver para um
canto do deserto, o escritor de Hebreus diz que ele teve “por maio-
res riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egipto”
(Hebreus 11:26). Moisés não se contentou com a pobreza. Ele
trocou riquezas materiais por riquezas de um nível mais alto.
Da mesma forma, hoje em dia, existem cristãos que renun-
ciam à riqueza material deliberadamente para servirem a Deus,
numa situação onde a riqueza seria um embaraço. Este é, muitas
vezes, um pré-requisito para nos identificarmos com os pobres
e oprimidos do mundo. Em Provérbios 13:7, Salomão contrasta
uma pessoa como estas com outra cuja única riqueza é material:
Há quem se faça rico, não tendo coisa nenhuma, e quem se
faça pobre, tendo grande riqueza.
Nos nossos dias há também muitos cristãos que estão a supor-
tar aflições e perseguição por causa de Jesus. Podem ser privados
de tudo o que pode ser descrito como riqueza material, mas, no

58
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

lugar que ocupam, são herdeiros de uma riqueza de um nível mais


elevado.
Ainda assim, isto não altera a natureza básica da pobreza ma-
terial persistente. Quando ela não é o resultado directo do compro-
misso para com Cristo, é normalmente uma marca de uma maldi-
ção, quer afecte apenas um indivíduo, uma família ou um grupo
social mais vasto.

6. Ser “dado a acidentes”

Esta expressão descreve uma pessoa que é demasiado pro-


pensa a acidentes pessoais. Deuteronómio 28 não contém qual-
quer referência específica a isto, embora seja sugerido na expres-
são “Apalparás… como o cego apalpa na escuridade” (v. 29).
Uma consequência característica desta maldição pode ser
vista nos chamados acidentes “estranhos”. A rapariga descrita no
capítulo 2, que tinha partido a mesma perna três vezes em dezoito
meses, seria um exemplo óbvio.
Para dar outro exemplo, algumas pessoas são boas condutoras
e, no entanto, têm um elevado número de acidentes de automóvel
fora do comum. Talvez na maioria dos casos a culpa seja “do outro
condutor”. Ainda assim, os acidentes continuam a acontecer. O
comentário típico que identifica este tipo de pessoa seria: “Porque
é que isto me acontece sempre a mim?”
Eis mais alguns exemplos, escolhidos mais ou menos ao aca-
so, de tipos de acidentes que podem indicar que há uma maldição
a operar: partir o tornozelo por pisar a beira do passeio; partir um
dente numa peça de fruta macia; fechar a porta do carro nos dedos
(aqui também pode ser “a outra pessoa”); escorregar num degrau
e cair num lance de escadas de cabeça para baixo, com vários feri-
mentos; engolir uma espinha e engasgar-se; um insecto que entra
num olho, provocando uma infecção pouco comum; ser atingido
no rosto por uma pedra atirada por um carro que passava; o erro
de um cirurgião na mesa de operações, resultando numa incapaci-
dade permanente… a lista podia ser interminável.
59
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Até parece que há uma força malévola invisível a operar con-


tra estas pessoas. Em momentos críticos essa força passa-lhes uma
rasteira, ou faz com que tropecem, ou impele-os a fazer um mo-
vimento brusco e espontâneo. Tipicamente essa pessoa irá excla-
mar: “Não sei o que é que me levou a fazer aquilo!” Uma obser-
vação deste tipo é muito reveladora. Ela indica que a pessoa está
ciente de que as suas acções não estão totalmente sob controle,
mas que são afectadas por uma influência desconhecida que não
sabe identificar, e da qual não sabe como se proteger.
O reconhecimento deste tipo de problema não é puramen-
te subjectivo. Pode ser determinado por uma análise estatística.
Algumas companhias de seguros usam este tipo de análise para
identificar pessoas que possam significar grandes riscos fora do
normal para um seguro. É nessa base que depois estabelecem o
prémio do seguro.

7. Uma história de suicídios e de mortes anormais ou


prematuras

As referências a mortes anormais ou prematuras em


Deuteronómio 28 são demasiado numerosas para especificar.
Uma maldição que tenha esta forma afecta, não só um indivíduo,
mas também uma unidade social mais ampla, tal como uma famí-
lia ou uma tribo. Normalmente, ela continua também de geração
em geração. Muitas culturas diferentes têm reconhecido a exis-
tência de uma força a operar na história da humanidade, a qual
persegue os membros de uma família ou clã de forma implacável
até os conseguir destruir. Os antigos gregos deram-lhe o estatuto
de “deusa”, que passaram a chamar de Némesis. Outras culturas
usaram terminologias diferentes. Debaixo dos traços pagãos está
uma realidade objectiva.
É muito comum as pessoas que são afectadas por este tipo de
maldição sentirem maus presságios. Sentem que há algo escuro e
mau adiante delas, mas não sabem como evitá-lo. O comentário
típico pode ser: “Bem, isto já aconteceu ao meu pai e acho que
60
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

agora é a minha vez.”


Um sintoma comum de uma maldição deste tipo é que as pes-
soas estabelecem datas para o dia da sua morte. São capazes de
dizer: “Eu sei que não vou chegar aos quarenta e cinco.” Ou então:
“Todos os homens da minha família morrem jovens.” Com estas
observações querem dizer, se não acabarem por afirmar, que esse
será também o seu destino. Essas pessoas têm um tipo de fé nega-
tiva que abraça a morte, mas recusa a vida.
A lista aqui exposta de sete indícios de uma maldição não é,
de forma alguma, exaustiva, podíamos acrescentar tantos outros.
No entanto, provavelmente já leu o suficiente para poder analisar
cuidadosamente a sua situação.
Há várias reacções possíveis. Por exemplo, pode já não ter
qualquer dúvida acerca da natureza do seu problema. Identificou
claramente um ou mais indícios de uma maldição que se aplica à
sua vida ou à da sua família.
Em alternativa, pode ter uma sensação incómoda de que há
uma maldição a operar, mas não é capaz de identificar a forma
precisa que ela adquire. Sente-se como a pessoa descrita no capí-
tulo 1. Sente a sombra escura do passado, mas não sabe qual a sua
origem. Ou então já pôde observar aquele longo e maligno braço
a operar em várias situações, mas ele opera por detrás de um véu
que ainda não foi capaz de rasgar.
Seja qual for o caso, irá perguntar-se: Como é que isto me
poderia acontecer? Qual é a origem do meu problema?
Isto significa que é tempo de passar à 2ª Parte: “Não há mal-
dição sem causa”. Esta parte explica muitas das origens mais co-
muns de uma maldição. Se conseguir descobrir a causa do seu
problema específico, ficará numa posição muito melhor para lidar
com ele de uma forma eficaz.

61
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Questionário

1. Verdadeiro ou falso:A presença de um ou dois problemas


indicando uma maldição não significa necessariamente
que se está sob uma maldição.
2. Duas palavras-chave para colapso mental e/ou emocional
são ____________________ e ____________________.
Este tipo de maldição normalmente tem as suas raízes
no____________________.
No caso de doenças repetidas ou crónicas, quais são as
3. 
marcas mais típicas e comuns de uma maldição em ac-
ção?
4. Verdadeiro ou falso: a esterilidade normalmente afecta
apenas um pequeno número de mulheres numa família.
5. No caso de um colapso do casamento e alienação fami-
liar, qual a palavra mais correcta para descrever a força
para tais acontecimentos? O seu objectivo é __________
______________________________ da família.
6. No caso de continuada insuficiência financeira, desco-
brimos que ___________________________ é uma bên-
ção e ___________________________ é uma maldição.
Leiam Deuterónimo 28:47-48.
7. Verdadeiro ou falso: A pobreza e a abundância deveriam
ser julgadas pelos padrões da cultura contemporânea
Ocidental.
8. Uma característica de se ser propenso a acidentes é ter
acidentes____________________.
9. Verdadeiro ou falso: No caso da história de suicídios ou
mortes antinaturais ou prematuras, uma pessoa muitas ve-
zes experimenta um forte presentimento.
10. 
A maior parte das pessoas sob esta maldição
têm uma fé ____________________ que ____________
morte, mas ____________________________ vida.

62
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

Aplicação na Vida

1. Escreva nomes de membros da família conhecidos do


lado dos dois pais que tenham experimentado uma das
maldições aqui referidas.
2. Depois de completar essa lista, veja se há ocorrências de
geração em geração na sua família
3. Consegue reconhecer alguma dessas maldições influen-
ciando a sua vida? Como?
4. Peça ao Espírito Santo para lhe ajudar a descobrir a causa
desse problema, para que possa ser tratado de forma efi-
caz.

Versículo para memorizar

E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça,


a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis
em toda boa obra;
2 Coríntios 9:8

Proclamação de Fé

Senhor, quero manter-me livre de qualquer maldição durante


a minha vida. Farei o que for necessário para ser libertado delas
e caminhar na liberdade que me proporcionastes.

Respostas

1. Verdadeiro. Só o Espírito Santo pode fornecer um diag-


nóstico correcto.
2. Confusão, depressão; o oculto.
3. Problemas hereditários.
4. Falso. Geralmente afecta todas ou quase todas as
mulheres.
5. Alienação; destruição.
63
1ª Parte – BÊnçãos e Maldições

6. Prosperidade, pobreza.
7. Falso. O padrão é determinado de acordo com o desejo de
Deus para a vida de cada crente.
8. Estranhos/esquisitos
9. Verdadeiro.
10. Negativa, abraça, recusa.

64
2ª PARTE
NÃO HÁ
NÃO
MALDIÇÃO ÇÃO
SEM CAUSA
SEM CAUSA
Introdução

A operação de bênçãos e maldições nas nossas vidas não é


fortuita nem imprevisível. Pelo contrário, ambas operam de acor-
do com leis eternas e imutáveis. Uma vez mais, é na Bíblia que
temos de procurar a compreensão correcta destas leis.
Em provérbios 26:2, Salomão estabelece este princípio no
que respeita a maldições:
Como o pássaro no seu vaguear, e como a andorinha no seu
voo, assim a maldição sem causa não virá.
Há sempre uma causa por detrás de cada maldição que vem
sobre nós. Se nos parece estarmos debaixo de uma maldição, de-
vemos tentar determinar a sua causa. Desta forma, estaremos em
posição de agir correctamente contra ela. Isto irá ainda silenciar
aquela pergunta insistente: “Porque é que isto me acontece sempre
a mim?”
Esta parte expõe directamente as causas das principais maldi-
ções que normalmente afectam as nossas vidas. Depois de ler esta
parte irá compreender e aplicar melhor a solução de Deus que será
exposta na parte seguinte.
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

deuses falsos

Nos dois capítulos anteriores estabelecemos dois factos im-


portantes que dizem respeito a maldições que procedem de Deus.
Primeiro, elas são uma das formas principais que Deus usa para
trazer julgamento sobre os rebeldes e os ímpios. Segundo, a causa
básica dessas maldições é falhar em ouvir a voz de Deus e fazer o
que Ele diz – ou, numa simples palavra, desobediência.
A desobediência pode tomar várias formas. Daí que seja na-
tural perguntar: Quais são as principais formas de desobediência
que provocam, de uma forma particular, a maldição de Deus?
A Bíblia não deixa qualquer dúvida acerca da resposta. A
forma de desobediência que mais segura e inevitavelmente pro-
voca a maldição de Deus é quebrar os dois primeiros dos Dez
Mandamentos, que estão postulados em Êxodo 20:1-5:
Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o
SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, da casa da
servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para
ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em
cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo
da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o
SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos
pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me
aborrecem.
Quais são os dois pecados que são aqui especificados por
Deus? O primeiro é o reconhecimento de qualquer outro deus
diante, ou para além, do Senhor. Não é suficiente reconhecer o
Senhor como o primeiro ou o maior deus entre os deuses. Temos
de reconhecer que Ele é o único e o verdadeiro Deus. Não há mais
nenhum para além Dele.

67
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Em Isaías 45:21, o Senhor declara com grande ênfase:


E não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador, não há
fora de mim.
O segundo pecado, descrito no mandamento seguinte, é fa-
zer uma qualquer representação artificial de Deus e adorá-la. Em
Romanos 1:20-23, Paulo analisa o que é que a transgressão destes
dois mandamentos envolve:
Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo,
tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e
claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles
fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o
glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus
discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscure-
ceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória
do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem cor-
ruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.
Aqueles que reconhecem outros deuses e que praticam ido-
latria, rejeitaram deliberadamente a revelação clara de Deus, que
estava à sua disposição através da criação. Em vez disso, escolhe-
ram adorar ídolos que se rebaixam progressivamente: primeiro,
tomam a forma humana, mas a partir daí descem à condição de
aves, depois de animais e, finalmente, de répteis. Isto descreve
exactamente as práticas do antigo Egipto; três dos seus deuses
principais eram o abutre, o chacal e a cobra capelo.
As nossas mentes humanas demoram a compreender a horrí-
vel perversidade da idolatria. O verdadeiro Deus, revelado primei-
ro na criação e depois mais concretamente nas Escrituras, é santo,
temível, glorioso, omnipotente. Representá-Lo à imagem de qual-
quer ser criado, humano ou animal, é insultá-Lo deliberadamente.
É uma provocação calculada da Sua ira.
Vou ilustrar esta situação com um exemplo um pouco rude.
Vamos imaginar que alguém encontrava uma barata a passear
pelo chão, fotografava-a e depois expunha a fotografia sob o títu-
lo “Derek Prince”. De certeza que eu iria interpretá-la como um
insulto deliberadamente dirigido a mim. Quão imensuravelmente
68
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

pior é o insulto dirigido a Deus por aqueles que atribuem o Seu


nome, não apenas à mais nobre das Suas criaturas, mas também à
mais baixa!
O julgamento de Deus sobre a transgressão destes dois pri-
meiros mandamentos possui a marca característica de uma maldi-
ção: ele continua de geração em geração, pelo menos até à quarta.
Em algumas nações e culturas, a prática da adoração de falsos
deuses remonta a centenas de anos, mesmo a milhares, multipli-
cando os efeitos várias vezes.
Uma pessoa que tenha este tipo de passado remoto é herdeira
de uma maldição comparável a uma erva daninha plantada na sua
vida, ligando essa pessoa a forças satânicas que lhe são exteriores.
Esta erva daninha tem duas espécies de raízes: uma raiz longa e
funda que desce na vertical e outras raízes laterais menos podero-
sas que se estendem em várias direcções. A raiz longa e funda re-
presenta a influência de antepassados que adoravam falsos deuses.
As raízes laterais representam outras influências, às quais a pessoa
tem sido exposta na sua própria vida, tanto através de vários pe-
cados que tenha cometido como através da sua própria ligação a
deuses falsos ou de várias outras formas.
Antes da pessoa poder gozar de verdadeira liberdade e da ple-
nitude da nova criação em Cristo, aquela erva daninha tem de ser
totalmente arrancada, com todas as suas raízes. A raiz mais impor-
tante, e também a mais difícil de lidar, é a raiz funda que liga a
pessoa a muitas gerações que adoraram falsos deuses. Só a graça
e poder sobrenaturais de Deus poderão remover todas essas raízes
com eficácia. Mas, graças a Deus que há esperança na promessa
de Jesus em Mateus 15:13:
Ele, porém, respondendo, disse: Toda planta que meu Pai ce-
lestial não plantou será arrancada.
No entanto, os pecados que provocam esta maldição gera-
cional não se ficam pelas formas mais óbvias de idolatria. Eles
incluem um segundo e mais vasto leque de práticas que não são
abertamente idólatras, ou mesmo religiosas. Dado que a sua ver-
dadeira natureza está encoberta por uma terminologia enganado-
69
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

ra, essas práticas são apropriadamente descritas como ocultas (de-


rivado da palavra latina que significa “escondido” ou “coberto”).
Estas práticas ocultas sempre exerceram um poderoso fascínio3
pela humanidade separada de Deus, e nunca tanto como na gera-
ção actual.
Duas das maiores ânsias da natureza humana são o desejo de
conhecimento e de poder. Até um certo ponto, o homem é capaz
de satisfazer esses desejos ardentes a partir de fontes e de meios
naturais. Se não fica totalmente satisfeito com o que consegue
desta forma, volta-se inevitavelmente para fontes sobrenaturais. É
nesta altura que o homem cai facilmente no oculto.
A razão para isto é que só existem duas fontes de conhecimento
e poder sobrenatural disponíveis no universo: ou Deus, ou Satanás.
Deste modo, todas as formas de conhecimento e poder sobrenatural
que não procedem de Deus, procedem, necessariamente, de Satanás.
Se derivam de Deus são legítimas; se derivam de Satanás são ilegí-
timas.

Todas as formas de conhecimento e poder sobrenatural


que não procedem de Deus, procedem, de Satanás.

Como o Reino de Deus é o Reino da luz, os Seus servos sa-


bem quem estão a servir e o que estão a fazer. Por outro lado, uma
vez que o reino de Satanás é um reino de trevas, a maioria dos que
estão no seu reino não conhece a verdadeira identidade daquele a
quem estão a servir, ou a verdadeira natureza do que estão a fazer.
Foi esta ânsia de conhecimento ilegítimo que impulsionou a
primeira transgressão do homem no Jardim do Éden. Deus ha-
via estabelecido uma fronteira invisível entre o homem e a árvore
do conhecimento do bem e do mal. Quando o homem atravessou
aquela fronteira, encontrou-se no território de Satanás e tornou-se
seu prisioneiro. Desde então, a mesma ânsia de conhecimento e
poder ilegítimo tem atraído o homem para uma área onde Satanás
é capaz de o fazer prisioneiro da sua vontade (ver 2 Timóteo 2:26).

70
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Tal como referido anteriormente, o nome genérico para esta área,


é o oculto.
Aqueles que trespassam esta área procuram em Satanás o
conhecimento ou poder sobrenaturais que Deus não permite que
o homem procure, senão Nele. De facto, ao fazê-lo, reconhecem
Satanás como um deus para além do único e verdadeiro Deus e
quebram assim o primeiro dos Dez Mandamentos. Desta forma,
expõem-se à maldição que Deus pronunciou sobre todos os que
quebram este mandamento – uma maldição que se estende até à
quarta geração.
Esta conclusão é tão importante que deve ser realçada de
novo: todos os que se envolvem com o oculto ficam expostos
à maldição pronunciada sobre os que transgridem o primeiro
mandamento.
A Bíblia descreve em várias passagens o acto de alguém se
voltar para deuses falsos como “adultério espiritual”, e condena-o
como um pecado ainda maior do que o adultério físico.

O acto de alguém se voltar para deuses falsos


é “adultério espiritual”

Entendidos sob esta perspectiva, os avisos dados no livro


de Provérbios contra o envolvimento com uma “mulher imoral”
– ou uma adúltera – aplicam-se ao envolvimento no oculto. Em
Provérbios 5:3-6, esta mulher imoral é descrita como alguém que
atrai e fascina nas suas tentativas iniciais, mas que no fim traz a
ruína àqueles que seduz:
Porque os lábios da mulher estranha destilam favos de mel,
e o seu paladar é mais macio do que o azeite; mas o seu fim é
amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois fios. Os
seus pés descem à morte; os seus passos firmam-se no inferno. Ela
não pondera a vereda da vida; as suas carreiras são variáveis, e
não as conhece.
A afirmação final é particularmente elucidativa: “As suas car-

71
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

reiras são variáveis, e não as conhece.” Não há limites para as


formas de engano praticadas no oculto. Assim que uma é exposta,
há outra que emerge no seu lugar. Por isso, é impossível elaborar
uma lista completa ou definitiva dos vários tipos de práticas ocul-
tas. É, no entanto, possível identificar e descrever brevemente os
três seguintes ramos principais: feitiçaria, adivinhação e magia.
Feitiçaria é o ramo de poder do oculto. A sua raiz é exposta
através de uma breve afirmação em 1 Samuel 15:23:
Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar
é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra
do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.
A feitiçaria é uma expressão da rebelião do homem contra
Deus, sendo o seu propósito, alcançar os seus objectivos sem se
submeter à Lei de Deus. A força que o compele é um desejo de
controlar pessoas e circunstâncias. Para alcançar este fim, a feiti-
çaria pode usar pressões psicológicas, técnicas psíquicas ou uma
combinação de ambas.
Há três palavras-chave que expõem a actividade da feitiça-
ria: manipulação, intimidação, dominação. Dominar é o objectivo
último, a manipulação e a intimidação são formas alternativas de
alcançar esse objectivo. Sempre que alguém usar tácticas verbais
ou não verbais para manipular, intimidar e dominar os que estão à
sua volta, significa que a feitiçaria está a operar.
Na sua forma mais simples, a feitiçaria é uma mera expressão
da natureza corrupta e rebelde da humanidade caída. Em Gálatas
5:20, a feitiçaria aparece, juntamente com a idolatria, entre as
“obras da carne”. Provavelmente existem poucas pessoas que
nunca recorreram alguma vez a esta forma de feitiçaria.

Na sua forma mais simples, a feitiçaria


é uma mera expressão da natureza corrupta
e rebelde da humanidade caída.

Contudo, esta é apenas “a ponta do iceberg”. É característico


de Satanás explorar esta “obra da carne” como uma abertura para
72
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

o poder sobrenatural demoníaco que emana do reino das trevas.


Através dessa abertura, ele instala-se e controla homens e mulhe-
res, tornando-os instrumentos dos objectivos malignos e escravi-
zantes do seu reino. O resultado é feitiçaria praticada como uma
arte oculta, operando principalmente através de encantamentos e
maldições.
As outras duas formas do oculto, adivinhação e magia, são mo-
tivadas pelo mesmo desejo básico: controlar pessoas e circunstân-
cias.
A adivinhação é o ramo do conhecimento do oculto, ofe-
recendo muitas formas diferentes de conhecimento que não se
podem obter através de meios puramente naturais. Na sua forma
mais comum, tal como a cartomância, a adivinhação oferece co-
nhecimento sobrenatural do futuro. Ela inclui ainda todas as for-
mas falsas de revelação religiosa que dizem ter uma fonte sobre-
natural.
A magia opera através de objectos naturais ou através de
formas de criar impacto nos sentidos, tais como drogas ou mú-
sica. Em Apocalipse 9:21, a palavra para magias deriva directa-
mente da palavra grega para drogas. Em 2 Timóteo 3:13, Paulo
avisa que no fim dos tempos “os homens maus e enganadores irão
de mal para pior, enganando e sendo enganados”. A palavra tra-
duzida por enganadores significa literalmente “encantadores”. O
encantamento – ou feitiço – tem sido desde sempre uma técnica
de magia. A cultura de drogas contemporânea, com o acompanha-
mento da música rock “heavy metal”, é um exemplo claro de duas
formas de magia trabalhando em conjunto.
A breve lista que se segue expõe várias categorias sob as
quais se podem classificar as “ferramentas” da magia:
Quaisquer objectos associados com adoração idólatra, pagã
ou professando ser cristã.
Quaisquer objectos que representem qualquer tipo de religião
ou seita falsa ou prática satânica.
Quaisquer objectos sobre os quais um praticante do oculto
tenha invocado poder sobrenatural. (Mesmo que esse poder tenho
73
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

sido ostensivamente dirigido para um objectivo “bom”, tal como


cura, a sua fonte torna-o canal de uma maldição).
Quaisquer objectos que sejam a expressão de superstição, tais
como ferraduras, “moedas da sorte”, figuras de “santos” e por aí
fora.
Eis algumas formas específicas do oculto que prevalecem na
nossa cultura contemporânea:

1. O ramo de poder do oculto

Acupressão, acupunctura, projecção astral, hipnose, levita-


ção, artes marciais (as que invocam poder espiritual sobrenatu-
ral), controlo da mente, dinâmica da mente, paracinesia, sessões
da mesa pé-de-galo, telecinesia, cura por “toque”, bruxaria.

2. O ramo do conhecimento do oculto

Astrologia, escrita automática, “canalização”, clauriaudição


(ouvir “vozes”), clarividência, bolas de cristal, diagnóstico atra-
vés da terapia da cor ou de um pêndulo, adivinhação, SPE, análise
de ortografia, horóscopos, iridologia, cabala, médiuns, leitura da
mente, numerologia, presságios, leitura da palma da mão, freno-
logia, sessões espíritas, tarôt, leitura das folhas de chá, telepatia,
“bruxedo”. Também todos os livros que ensinam práticas ocultas.
Debaixo deste título estão também incluídas todas as falsas
religiões ou seitas que reclamam ter revelação sobrenatural, mas
que contradizem a Bíblia. Distinguir entre verdadeiro e falso nesta
esfera é como distinguir entre direito e torto no reino natural. Uma
vez estabelecido o padrão daquilo que é direito, sabemos que tudo
o que não corresponder a esse padrão, é torto. Não importa se a
diferença reside num grau ou em noventa graus. É torto.
No reino espiritual, a Bíblia é o padrão daquilo que é direito –
isto é, verdadeiro. Tudo o que se afasta da Bíblia é falso.
Não é muito importante se o afastatamento é pouco ou muito.
Alguns dos enganos mais subtis são os que parecem apenas um
74
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

pouco diferentes da Bíblia.

No reino espiritual, a Bíblia é o padrão daquilo que é direito


– isto é, verdadeiro. Tudo o que se afasta da Bíblia é falso.

As religiões que representam erradamente a Pessoa, a natu-


reza ou a obra redentora de Jesus Cristo são particularmente pe-
rigosas. O Novo Testamento, por exemplo, apresenta Jesus como
“Deus manifesto na carne”, mas as Testemunhas de Jeová ensi-
nam que Ele foi um ser criado. De novo, o Islão rejeita a afirmação
de que Jesus é o Filho de Deus, e nega que Ele tenha alguma vez
morrido na cruz. No entanto, a morte expiatória de Jesus é a única
base na qual o homem pode reclamar o perdão dos pecados.
Estas são algumas das muitas religiões falsas ou seitas que es-
tão activas nos nossos dias: Antroposofia, Missa Negra, Meninos
de Deus, Cristadélficos, Ciência Cristã, Maçonaria, Movimento
de Paz Interior, Testemunhas de Jeová (Estudantes da Bíblia
Dawn), Mormons (Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias), movimento Nova Era, Ciência religiosa, Rodicrucianismo,
Cientologia, Comunhão das Fronteiras Espirituais, Espiritualismo,
Teosofia, Igreja da Unificação (Moonies, Cruzada Um Mundo),
Igreja Unitária, Igreja Mundial de Deus (fundada por Herbert W.
Armstrong).
Também religiões ou seitas orientais como Bahai, Budismo,
Confucionismo, Missão Luz Divina, gurus, Hare Krishna,
Hinduísmo, Islão, Xintoísmo, Meditação Transcendental, yoga.

3. O ramo do oculto que opera através de objectos físicos,


etc.

Amuletos, cruzes ansadas (uma cruz ansada é uma cruz com


uma argola no cimo), pedras de aniversário, encantamentos (por
exemplo, para remover verrugas), cristais usados para curar, dro-
gas alucinogénicas, discos ou cassetes de “heavy metal”, símbolos

75
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

de feitiçaria, símbolos da “sorte” (por exemplo, ferraduras), mesas


de ouija, fetiches pagãos ou artefactos religiosos, prancheta usada
em sessões espíritas, talismãs, amuletos do Zodíaco.

A estima que Deus tem por aqueles que se envolvem no


tipo de práticas acima mencionadas é afirmada sem rodeios em
Deuteronómio 18:10-13:
Entre ti não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou
a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro,
nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem con-
sulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte
os mortos, pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao
SENHOR; e por estas abominações o SENHOR, teu Deus, as lan-
ça fora de diante de ti. Perfeito serás, como o SENHOR, teu Deus.
Devemos notar que aqueles que se entregam a estas práticas
ocultas são classificados na mesma categoria que aqueles que sa-
crificam os seus filhos no fogo a deuses pagãos. Debaixo da Lei de
Moisés, o castigo para esse tipo de práticas era a morte.
É importante reconhecer que os livros podem ser canais de
poder oculto. Quando os cristãos professos de Éfeso foram con-
frontados com a realidade do poder de Satanás através do ministé-
rio de Paulo, a sua reacção foi dramática:

Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando


publicamente as suas próprias obras.
Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reu-
nindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados
os seus preços, achou-se que montavam a cinqüenta mil denários.
Actos 19:18-19

A única forma apropriada de lidar com este tipo de material


oculto é destruí-lo completamente – pelo fogo ou por quaisquer
meios que se revelem apropriados – ainda que o valor do material
destruído possa ser muito elevado.
Já foi referido que o oculto, tal como a “mulher imoral”, está
76
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

constantemente a mudar de forma. Nunca se poderá elaborar uma


lista final ou exaustiva das práticas ocultas.
Durante muitos anos tentei ajudar pessoas com problemas
que não tinham sido resolvidos, pelo tipo de aconselhamento ou
ministério que é normalmente oferecido pela maioria das igrejas
de hoje. Tanto quanto me pude aperceber, os problemas dessas
pessoas não se deviam a uma falta de sinceridade ou seriedade. De
facto, muitas vezes pareciam mais sérias e sinceras do que muitos
frequentadores de igrejas que não manifestam problemas óbvios.
Nos casos em que consegui ajudar essas pessoas, descobri por
trás, quase invariavelmente, alguma raiz de envolvimento com o
oculto. Muitas vezes elas próprias não viram esse facto, como uma
potencial causa dos seus problemas. No entanto, uma vez exposta
a raiz oculta e tratado o caso, foi quase sempre comparativamente
fácil resolver os outros problemas mais óbvios.
Ocorre-me, a este respeito, um exemplo simples, mas claro.
Um dia, numa reunião de oração em casa, apercebi-me que estava
ao lado de um jovem com vinte e poucos anos. Não nos conhecía-
mos, mas senti que devia perguntar-lhe: “Já recebeste o Espírito
Santo?”
“Sim”, respondeu ele, acrescentado ansiosamente, “mas não
falo em línguas”. Era claro que ele sentia que algo faltava na sua
experiência.
Sem prolongar a discussão da questão de falar em línguas,
perguntei-lhe: “Alguma vez foste a uma cartomante?”
Ele reflectiu por um momento e depois disse: “Sim, uma vez,
quando tinha cerca de quinze anos, mas só o fiz por brincadeira.
Não acreditei em nada daquilo”.
“Mesmo assim”, insisti, “ela disse-te o futuro?”
“Sim”, o rapaz reconheceu, ainda que relutante, e acrescentou
defensivamente, “mas não significou nada para mim.”
“Estarias disposto a confessar isso como um pecado”, per-
guntei, “e pedir a Deus que te perdoe e te liberte das suas conse-
quências?”
Quando ele aceitou, conduzi-o numa simples oração, na qual
77
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

confessou a sua visita a uma cartomante como um pecado e pediu


a Deus para o perdoar e libertá-lo das suas consequências. Depois,
sem acrescentar qualquer outra explicação, coloquei a minha mão
sobre o seu ombro e pedi a Deus para libertar o Espírito Santo
nele. Instantaneamente, sem hesitação ou gaguejar, o rapaz come-
çou a falar clara e fluentemente numa língua desconhecida. Daí a
alguns instantes, ele estava perdido na presença de Deus, alheio
a tudo o que se estava a passar à sua volta. A barreira invisível na
sua vida tinha sido removida!
Desde então, tenho reflectido muitas vezes sobre o meu bre-
ve encontro com aquele jovem. O seu problema não era falta de
seriedade ou sinceridade, mas uma incapacidade de reconhecer a
natureza do seu acto ao visitar a cartomante. Ele não compreendia
que aos olhos de Deus tinha sido culpado de adultério espiritual.
Vamos supor que eu lhe tinha perguntado: “Já cometeste adultério
com uma mulher casada?” Ele nunca teria respondido: “Sim, mas
foi só por brincadeira… Não significou nada para mim.”
Hoje em dia há inúmeras pessoas que se encontram numa si-
tuação semelhante. Muitas delas são frequentadoras de igrejas. No
entanto, por causa da ignorância, trespassaram a área do oculto e
foram envolvidas num pecado que é pior do que o adultério físico.
Até reconhecerem a verdadeira natureza daquilo que fizeram, irão
permanecer debaixo da sombra da maldição que Deus pronunciou
sobre todos os que se afastam Dele e se voltam para falsos deuses.
Para além disso, essa mesma sombra poderá permanecer sobre as
vidas dos descendentes das quatro gerações seguintes.
Quando confrontados com estas questões, por vezes os cris-
tãos respondem: “Mas eu não sabia que estava a fazer algo erra-
do”. A minha resposta é referir que em 1 Timóteo 1:13-15, Paulo
descreve-se a si próprio como “o maior dos pecadores”, devido
a pecados que ele cometeu “ignorantemente, na incredulidade”.
A ignorância não nos absolve da culpa dos nossos pecados, mas
pode fazer com que Deus revele misericórdia se nos arrepender-
mos e nos voltarmos para Ele.
Todos nós, sem excepção, devemos considerar cuidadosa-
78
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

mente como é que estes princípios se aplicam às nossas vidas. Nos


primeiros dois dos Dez Mandamentos, Deus pronunciou o Seu
julgamento sobre dois pecados específicos: voltar-se para qual-
quer deus falso em vez do único e verdadeiro Deus e fazer, e ado-
rar qualquer representação artificial de Deus. Estes dois pecados
incluem toda a área do oculto. Tal como vimos, o julgamento de
Deus sobre aqueles que os cometem estende-se às quatro gerações
seguintes.
Da mesma forma, qualquer uma das quatro gerações anterio-
res a nós, ao cometer um desses pecados, pode ter sido a causa de
uma maldição sobre nós na nossa geração. Cada um de nós tem
um pai e uma mãe, quatro avós, oito bisavós e dezasseis trisavós.
Isto faz um total de trinta pessoas, qualquer uma das quais pode
ser a causa de uma maldição sobre as nossas vidas. Quantos de
nós se encontram em posição de garantir que nenhum dos nos-
sos trinta antepassados directos esteve alguma vez envolvido em
qualquer forma de idolatria ou de oculto?
Graças a Deus que Ele providenciou uma forma de nos li-
bertarmos de qualquer maldição que possa ter tido esta origem!
Graças a Deus por podermos usufruir da Sua provisão! No dia
do juízo final, Deus não usará contra nós o facto dos nossos
antepassados terem trazido sobre nós uma maldição, mas Ele
irá culpar-nos se nos recusarmos a usufruir da provisão que
Ele fez para nós, para que fôssemos libertos dessa maldição.

4

Uma peça de prata equivalia a um dia de salário. Segundo as taxas
actuais nos Estados Unidos, a quantia total poderia chegar a 200.000
dólares.

Questionário

1. De acordo com o Provérbio 26:2, por de trás de cada maldi-
ção que vem sobre nós, está uma____________________.
2. Verdadeiro ou falso. Uma vez que sabemos a causa de
uma maldição, continuamos incapazes de a remover.
79
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

3.  A forma de desobediência que mais provavelmen-


te possa provocar uma maldição vinda de Deus, é a
quebra dos___________________________dos dez
Mandamentos.
4. Verdadeiro ou falso: É suficiente reconhecer o Senhor
como o primeiro e maior de todos os deuses.
5. O segundo pecado é fazer qualquer representação artificial
de Deus e oferecer-lhe ___________________________.
6. Ao quebrar estes mandamentos, a maldição continua por
quantas gerações?
7. A palavra oculto é derivada de uma palavra Latina
que quer dizer ___________________________ ou
___________________________.
8. Verdadeiro ou falso: Dois dos fortes desejos da natureza
humana são o do conhecimento e o do amor.
9.  A Bíblia descreve virando-se para os falsos deuses
com __________________ __________________
e descreve-os como um pecado ainda maior do que
__________________. __________________
10. Quais são os três principais ramos do oculto?
_______________________ é o ramo do conhecimento,
__________________ opera através de objectos mate-
riais e _____________________________ é o ramo do
poder.
11. Verdadeiro ou falso: Se alguém comete um pecado sem
saber que era pecado, Deus não vai manter essa pessoa
responsável.

Aplicação na Vida

1. Você ou alguém da sua família alguma vez adorou ídolos


ou falsos deuses? Se sim, liste o nome desses deuses fal-
sos.

80
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

2. Leia a lista com as diferentes formas do oculto nas pági-


nas 74 e 75. Já alguma vez participou em alguns deles?
Se sim, escreva com quais esteve envolvido.

Versículo para memorizar

Como o pássaro no seu vaguear, como a andorinha no


seu voar, assim a maldição sem causa não encontra pouso.
Provérbio 26:2

Proclamação de Fé

Senhor, declaro que sois o único Deus verdadeiro. Não há


mais nenhum deus para além de vós. Vós sois a fonte de sabedoria
e força.

Respostas

1. Causa.
2. Falso.
3. Primeiros dois.
4. Falso. Ele é o único verdadeiro Deus.
5. Adoração.
6. Quatro.
7. Escondido, coberto.
8. Falso. O do conhecimento e o do poder.
9. Adultério espiritual, adultério físico.
10. Adivinhação (conhecimento), feitiçaria (objectos mate-
riais), feitiçaria (poder).
11. Falso. Leiam 1 Timóteo 1:13-15.

81
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

váRios Pecados MoRais e éTicos

A principal forma de desobediência que provoca a maldição


de Deus está exposta em Êxodo 20:3-5: reconhecer e adorar fal-
sos deuses. Para além disso, o Antigo Testamento também revela
um grande número de formas secundárias de desobediência, so-
bre as quais Deus pronunciou uma maldição. Nesta categoria, em
Deuteronómio 27:15-26, Moisés elabora uma lista de doze peca-
dos morais e éticos, todos eles provocando a maldição de Deus.
Nesse mesmo capítulo, Moisés havia instruído Israel para
executar uma cerimónia solene depois de terem entrado na ter-
ra de Canaã. Nas duas montanhas adjacentes, Ebal e Gerizim, o
povo deveria oferecer sacrifícios e colocar grandes pedras com
todas as palavras da Lei nelas escritas. Com estas palavras bem
visíveis, metade das tribos tinha de invocar em primeiro lugar uma
bênção sobre todos os Israelitas que fossem obedientes. Depois,
as outras seis tribos tinham de invocar uma maldição sobre todos
os que eram desobedientes. Todas as pessoas tinham de responder
“Amém!”5, tanto à bênção como à maldição.
Desta forma, Deus ordenou que a ocupação por Israel da terra
de Canaã os confrontasse com duas alternativas diametralmente
opostas: uma bênção por obediência ou uma maldição por desobe-
diência. Não havia meio-termo. Não havia qualquer outra opção.
Daí para a frente, todos os Israelitas que entrassem em Canaã te-
riam ou de gozar da bênção de Deus, ou suportar a Sua maldição.
Estas duas alternativas são apresentadas com extrema clare-
za na história de Israel, e registos posteriores confirmam os seus
resultados. No entanto, estas alternativas não se limitam a Israel.
Elas aplicam-se igualmente a todos os que entram num relaciona-
mento de aliança com Deus. Debaixo da Nova Aliança, tal como

82
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

debaixo da Antiga, Deus oferece as mesmas duas alternativas: ou


bênção para obediência, ou maldição para desobediência.

Deus oferece duas alternativas: ou bênção para obediência,


ou maldição para desobediência.

Existe entre os cristãos um grande engano, o qual Satanás


promove cuidadosamente, de pensar que há uma terceira possibi-
lidade, que não é nem obediência, com as suas bênçãos, nem de-
sobediência, com as suas maldições. Nem o Antigo, nem o Novo
testamento, oferecem tal opção.
As doze maldições pronunciadas sobre os Israelitas a partir
do monte Gerizim eram detalhadas e específicas. Eis a sugestão
de resumo dos principais tipos de conduta cobertos por essas mal-
dições:
Reconhecer e adorar deuses falsos.
Desrespeitar os pais.
Todas as formas de opressão e injustiça, especialmente quan-
do dirigidas contra os fracos e desamparados.
Todas as formas de sexo ilícito ou anormal.
A maldição final cobria todas as formas de desobediência à
Lei.
Tal como sempre, a causa principal da maldição de Deus é
qualquer forma de envolvimento com deuses falsos. A esta segue-
se o desrespeito pelos pais. A exigência de respeito pelos nossos
pais é reafirmada e realçada no Novo Testamento. Em Efésios 6:1-
3, Paulo reafirma o quinto dos Dez Mandamentos:
Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque
isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro man-
damento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo
sobre a terra.
Há inúmeras pessoas hoje em dia, incluindo muitos cristãos,
que não se apercebem que o desrespeito pelos pais traz a maldi-
ção de Deus. Não consigo calcular com quantas pessoas já lidei

83
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

pessoalmente sobre este assunto. Graças a Deus porque vi uma


maravilhosa mudança, para melhor, na vida daqueles que reco-
nheceram este pecado, se arrependeram dele e mudaram de atitu-
de para com os seus pais!
A propósito deste assunto, é apropriado citar aqui uma passa-
gem do meu livro sobre o casamento, Deus é um Casamenteiro:

Paulo refere que os quatro mandamentos pre-


cedentes não tinham qualquer promessa a eles
associada quando cumpridos. Mas Deus associou
uma promessa especial a este quinto mandamento
que se refere aos pais: “Para que te vá bem.” Ao
mesmo tempo, a promessa implica uma condição:
se queres que te vá bem, tens de ter o cuidado de
honrar os teus pais. Pelo contrário, se não honrares
os teus pais, não podes esperar que te vá bem.
Temos de perceber que é possível honrar os
nossos pais sem concordarmos com eles em to-
das as coisas, ou aprovarmos tudo o que fazem.
Podemos discordar fortemente deles sobre alguns
assuntos, mantendo, no entanto, uma atitude de
respeito em relação a eles. Honrar os nossos pais
desta forma significa também honrar o próprio
Deus, o qual ordenou este mandamento.
Estou convencido de que uma atitude correcta
para com os pais é uma condição essencial para a
bênção de Deus sobre a vida de qualquer pessoa.
Durante todos os anos em que lidei com cristãos,
ensinando, pastoreando, aconselhando, e em ou-
tros relacionamentos, nunca conheci alguém que
tivesse uma atitude incorrecta para com os seus
pais e gozasse da bênção de Deus. Uma pessoa as-
sim pode ser zelosa em muitas áreas da vida cristã,
ser activa na igreja e enérgica no ministério. Até
pode ter um lugar no céu à espera. Contudo, há
84
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

sempre algo que falta na sua vida: a bênção e o


favor de Deus.
Por outro lado, já pude observar muitos cris-
tãos cujas vidas foram revolucionadas quando re-
conheceram a sua atitude incorrecta para com os
seus pais, se arrependeram e fizeram as mudanças
necessárias. Recordo-me de um homem que reco-
nheceu a vida de amargura e ódio que tinha levado
para com o seu pai. Embora o seu pai já estivesse
morto, este homem percorreu centenas de quiló-
metros até ao cemitério onde o seu pai tinha sido
sepultado. Ajoelhando-se junto à campa, derramou
o seu coração perante Deus em profunda contrição
e arrependimento. Ele só se levantou quanto teve
a certeza de que o seu pecado tinha sido perdoado
e que tinha sido liberto dos seus efeitos malignos.
Daí em diante, o rumo da sua vida mudou com-
pletamente, de frustração e derrota para vitória e
satisfação.

A segunda forma de conduta na lista de Deuteronómio 27 é


opressão e injustiça, especialmente contra os fracos e desampara-
dos. Sem dúvida que existem muitos exemplos deste tipo de com-
portamento na nossa cultura contemporânea, mas não há nenhum
que seja mais susceptível de provocar a maldição de Deus do que
abortar deliberadamente uma criança que está para nascer. Quem
será mais desprotegido e incapaz de se defender do que um bebé
no ventre da sua mãe, se os seus pais não o protegerem?
É tão estranho que pessoas que lutam activamente contra pre-
conceitos e injustiças raciais, e fazem bem, promovam e pactuem
com a prática do aborto! Também é estranho que pessoas que
nunca pensariam em levantar uma mão em violência contra uma
criança, não sintam qualquer compaixão para com uma criança
ainda mais pequena no ventre da sua mãe. A substituição da pa-
lavra criança por feto entorpece, de alguma forma, a consciência
85
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

das pessoas. No entanto, a mudança de terminologia não afecta


em nada a natureza real de tal acto.
Alguém perguntou um dia: “Que esperança há para uma so-
ciedade na qual as mães matam os seus próprios bebés?” A atitude
de Deus em relação ao aborto não é afectada por uma mudança na
terminologia. Ele classifica esse acto simplesmente como “homi-
cídio”, e é desse modo que lida com ele. No mundo de hoje, em
nação após nação, milhões de vidas, pela maldição que se segue a
este acto, são corroídas.
A última forma de conduta que provoca uma maldição, patente
na lista retirada de Deuteronómio, é o abuso e perversão da relação
sexual. Infelizmente, alguns cristãos têm uma ideia formada de que
o sexo é, de alguma forma, impuro, algo que não se pode evitar, mas
que, apesar de tudo, precisa de uma desculpa. No entanto, a imagem
bíblica é exactamente o oposto. O sexo faz parte do plano original
do Criador para o homem, algo sagrado e belo. Por essa razão é que
Deus estabeleceu limites rigorosos sobre o acto sexual, para prote-
gê-lo do abuso e da perversão. Estes limites são demarcados pelas
maldições pronunciadas nos versículos 20 a 23 de Deuteronómio
27.
Os actos proibidos aí registados cobrem sexo com várias pes-
soas aparentadas por sangue ou por casamento, qualquer forma de
sexo com animais. Os actos proibidos na Bíblia também incluem
todas as expressões de homossexualidade. Em Levítico 18:22,
Deus declara: “Com varão não te deitarás, como se fosse mulher:
abominação é”, também traduzido por “detestável”. Esta é a mes-
ma palavra usada em Deuteronómio 18:22 para descrever várias
formas de práticas ocultas.
Hoje em dia, muitos desses limites estabelecidos para pro-
teger a santidade do sexo estão a ser deliberadamente postos de
parte – por vezes até no nome do Cristianismo. No entanto, não há
argumentos baseados na “ética do momento” ou na “nova morali-
dade” (que não é, de forma alguma, nova) que possam afectar ou
alterar as leis de Deus que governam o comportamento humano.

86
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Todos os que se entregam à perversão sexual expõem-se à maldi-


ção de Deus.
É significativo que esta lista de actos que provocam a mal-
dição de Deus descrita em Deuteronómio 27 seja imediatamente
seguida, em Deuteronómio 28, pela lista completa de bênçãos por
obediência e de maldições por desobediência. É como se Deus
estivesse a dizer: “Antes de decidires se vais ou não obedecer,
é melhor considerares cuidadosamente as consequências. Então
aqui estão elas!

5

Josué 8:32-35 regista como é que esta cerimónia decorria depois de
Israel ter entrado na terra de Canaã.

Questionário

1. Em Deuteronómio 27:15-26, Moisés lista doze pecados


____________________ e ____________________ que
provocarão uma maldição de Deus.
2. Verdadeiro ou falso: A condição para bênçãos e maldições
é diferente sob o Novo Testamento do que sob o Antigo
Testamento.
3. “Honra a tua mãe e o teu pai” é o primeiro mandamento
com uma ____________________.
4. Verdadeiro ou falso: Podem ter uma atitude errada peran-
te os vossos pais e ainda assim receberem as bênçãos de
Deus.
5. Outra forma de má conduta é ____________________ e
____________________ , especialmente contra o fraco e
o indefeso.
6. Verdadeiro ou falso: Porque vivemos numa sociedade mo-
derna, já não estamos sob as leis que têm haver com a imo-
ralidade sexual.

87
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Aplicação na Vida

1. Alguma vez desrespeitou os seus pais? Se sim, dê conheci-


mento disso a Deus e peça-Lhe perdão.
2. Alguma vez se aproveitou dos fracos e indefesos? Se sim,
dê conhecimento disso perante Deus, peça-Lhe perdão e
então diga uma palavra de bênção sobre aquele de quem te
aproveitaste.
3. Já alguma vez participou nalguma relação sexual ilícita?
Se sim, arrependa-se dessa relação e peça a Deus para lhe
perdoar e limpar.
4. Já alguma vez sofreu opressão e injustiça ou desrespeito
pelos seus filhos ou outros?

Versículo para memorizar

Foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a


fé, o amor, a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.
2 Timóteo 2:22

Proclamação de Fé

Senhor, vou comprometer-me com o que a Tua palavra diz,


pois é verdade, e não justificarei o meu delito. Desejo caminhar
com rectidão.

Respostas

1. Moral e ético.
2. Falso; é a mesma coisa. Obediência traz bênçãos e desobe-
diência traz maldições.
3. Promessa.
4. Falso.
5. Opressão, injustiça.
6. Falso.
88
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

anTi-seMiTisMo

Há cerca de 4000 anos, Deus fez uma escolha que afectou


toda a História subsequente. Ele andava à procura de um homem
que correspondesse às Suas condições para que se pudesse tornar
num canal da bênção de Deus para todas as nações. O homem que
Ele escolheu chamava-se Abrão (mais tarde chamado Abraão).
O propósito de Deus ao escolher, Abraão, é revelado em
Génesis 12:2-3. Caracteristicamente a bênção e a maldição estão
intimamente relacionadas. Deus pronuncia quatro promessas de
bênção sobre Abraão:
Abençoar-te-ei.
Serás uma bênção.
Abençoarei os que te abençoarem.
Em ti serão benditas todas as nações da terra.
No entanto, surge no meio destas bênçãos uma maldição:
Amaldiçoarei os que te amaldiçoarem.6
A inclusão desta maldição serve um importante objectivo prá-
tico. Qualquer pessoa sobre quem Deus pronunciar a Sua bênção,
fica automaticamente exposta ao ódio e oposição do grande inimi-
go de Deus e do Seu povo: Satanás.

Qualquer pessoa sobre quem Deus pronunciar a Sua bênção,


fica automaticamente exposta ao ódio e oposição
do grande inimigo de Deus e do Seu povo: Satanás.

Embora possa parecer um paradoxo, a bênção de Deus pro-


voca a maldição de Satanás, canalizada pelos lábios daqueles que
Satanás controla. Por esta razão, quando Deus abençoou Abraão,
Ele adicionou a Sua maldição sobre os que amaldiçoassem

89
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Abraão. Isto significa que ninguém podia amaldiçoar Abraão sem


ficar sujeito à maldição de Deus.
Em Génesis 27:29, quando Isaque abençoou o seu filho Jacob,
ele também estendeu sobre ele a mesma protecção que Deus tinha
originalmente providenciado para Abraão: “Malditos sejam os
que te amaldiçoarem”. Mais tarde, debaixo da instigação divina,
Balaão pronunciou uma revelação profética do destino de Israel, a
qual era exactamente oposta à sua intenção original de amaldiçoar
Israel. Parte desta revelação, registada em Números 24:9, ecoa as
palavras anteriormente proferidas em relação a Abraão e Jacob:
...Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amal-
diçoarem.
No seu conjunto, estas Escrituras deixam claro que, tan-
to a bênção como a maldição originalmente pronunciadas sobre
Abraão, foram alargadas aos seus descendentes, Isaque e Jacob, e
depois às gerações seguintes, que hoje em dia são colectivamente
conhecidas como o povo Judeu.
Deus não fez com que fosse impossível os Seus inimigos
amaldiçoarem Abraão, Isaque, Jacob e os seus descendentes, mas
Ele assegurou-se que ninguém o poderia fazer sem sair impu-
ne. Daí em diante, não houve ninguém que amaldiçoasse o povo
Judeu sem trazer sobre si próprio uma maldição muito mais te-
mível: a do Deus Todo-Poderoso. De acordo com a linguagem
actual, a atitude que provoca esta maldição de Deus é resumida
numa simples palavra: anti-semitismo.
Seria preciso um livro inteiro para registar as consequências
desta maldição, na história de indivíduos e nações, desde o tempo
dos patriarcas até aos nossos dias. Basta dizer que, em pratica-
mente 4000 anos, não houve indivíduo ou nação que amaldiçoasse
o povo Judeu sem, em troca, trazer sobre si mesmo a maldição de
Deus.
A história de Nabil Haddad fornece uma ilustração con-
temporânea clara de ambos os aspectos da promessa de Deus a
Abraão: por um lado, a maldição sobre aqueles que insultam o
povo Judeu; e, por outro lado, a bênção como resultado de o aben-
90
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

çoarem. Nabil é um Árabe Palestiniano, nascido em Haifa, prove-


niente de uma família Árabe bem conhecida. Mais tarde, emigrou
para os Estados Unidos, onde se tornou um homem de negócios
bem sucedido. Também teve um poderoso encontro pessoal com o
Senhor Jesus Cristo. Eis a sua história, contada pelas suas próprias
palavras:

Chamo-me Nabil Haddad. Sou um árabe pa-


lestiniano, nascido em Haifa em 1938, de pais
cristãos.
Lembro-me que, desde cedo na minha infân-
cia, ia sempre para a cama deprimido. Determinei
que iria encontrar uma forma de ser feliz. Sabia
que os meus pais me amavam, mas isso não mu-
dava a minha infelicidade. Convenci-me de que se
me tornasse rico e bem sucedido iria ser feliz. Esse
tornou-se o meu alvo.
Em 1948 começou a luta entre árabes e judeus.
A nossa família mudou-se toda para o Líbano. No
fim dos anos 50, vim para os Estados Unidos para
ingressar na Universidade.
Assim, na América, deitei as mãos ao traba-
lho para alcançar o meu objectivo de me tornar
rico e bem sucedido, através da educação e dos
negócios. Nos anos que se seguiram casei, tornei-
me um cidadão americano, construí uma família e
tornei-me franchiser de restaurantes McDonald’s.
Aos trinta anos era um milionário. No entanto,
a depressão ainda persistia. Comecei a procurar
coisas materiais – carros, viagens, divertimentos,
tudo o que o dinheiro pode comprar – para me fa-
zerem feliz. Nada funcionou.
Finalmente, comecei a questionar-me: Quem
é este Homem Jesus? Quem é Este sobre quem as
pessoas ainda falam 2000 anos após a Sua morte?
91
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Quem é Este que algumas pessoas até adoram?


Abri a Bíblia, querendo saber o que aquele
Jesus tinha dito acerca de Si mesmo, e uma pre-
sença encheu o quarto. De alguma forma eu sabia
que Jesus era o filho de Deus. Passei a maior par-
te do ano seguinte a ler a Bíblia e a falar com os
meus amigos acerca de Jesus. Mas, ainda assim,
continuava deprimido. Durante esse tempo vendi
os meus nove restaurantes McDonald’s por alguns
milhões e comecei um novo negócio. As coisas
não estavam a correr lá muito bem e fiquei ainda
mais deprimido. Comecei novamente a questionar
Deus.
“Porquê, Senhor?” Antes de saber que Jesus é
Teu filho tudo estava a correr bem. Agora tudo vai
mal!”
Deus respondeu: O que é que fizeste com a
revelação de que Jesus é Meu Filho? Nada mu-
dou na tua vida. Até Satanás sabe que Jesus é Meu
Filho.
“O que é que queres que eu faça, Senhor?”
Arrepende-te e recebe-O na tua vida.
Encontrei uma pessoa que me podia mostrar
como orar. Arrependi-me e convidei Jesus a en-
trar no meu coração. Alguns meses mais tarde fui
baptizado no Espírito Santo. Agora tinha a respos-
ta. Nunca mais fui para a cama deprimido. Mas a
minha vida ainda não estava bem. O meu negócio
continuava a ir de mal a pior. Confrontei o Senhor
novamente.
“Senhor!”, disse eu. “Enganaste-me. Antes
de saber qualquer coisa acerca do Teu Filho Jesus,
as coisas estavam bem. Depois, mostraste-me que
Ele é Teu Filho e as coisas começaram a correr
mal. Depois, recebi-O na minha vida e agora estou
92
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

a perder tudo!”
Eu sou um Deus ciumento, respondeu Ele. O
teu negócio é o teu deus, o teu Rolls Royce é o teu
deus, a tua posição é o teu deus. Eu vou retirar-te
todos esses deuses falsos para te mostrar quem é o
verdadeiro Deus vivo. Mas, irei restaurar-te.
Dali a dez meses eu estava falido.
Algum tempo depois fui a Fort Lauderdale as-
sistir a um seminário intitulado “Maldições: Causa
e Cura”, ensinado pelo Derek Prince. Descobri
que havia muitas áreas da minha vida que estavam
debaixo de uma maldição: finanças, a minha con-
dição física, não me alegrar com os meus filhos,
etc. Lembrei-me que o mesmo tipo de problemas
afectava a vida do meu pai e a de outros membros
da família.
No terceiro dia, quando o Derek conduziu al-
gumas centenas de pessoas numa oração de liber-
tação de maldições, eu levantei-me. Havia pessoas
à minha frente, ao meu lado e atrás de mim com
manifestações físicas de libertação. Mas a minha
libertação não ocorreu durante o seminário. No dia
seguinte, passei oito horas seguidas a ser liberto
de maldições, a vomitar dolorosamente coisas que
estavam agarradas lá bem fundo no meu corpo.
Quando perguntei ao Senhor de que é que estava a
ser liberto, Ele mostrou-me feitiçaria e muitos ou-
tros problemas específicos.
O Senhor continuou a mostrar-me durante vá-
rios meses outras áreas de maldições. Sempre que
isso acontecia, eu arrependia-me e clamava pela
minha libertação na base de que Jesus se fez mal-
dição por mim.
Um dia, enquanto adorava, disse: “Quão
grande és Tu! Criaste o universo e tudo o que nele
93
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

existe!” O Senhor perguntou-me se eu acreditava


realmente nisso. Eu disse: “Sim, Senhor.”
Ele retorquiu: E o povo Judeu? Ainda guar-
das ressentimentos no teu coração contra eles?
Lembrei-me de como toda a minha família
sempre tinha amaldiçoado os judeus. Desde mui-
to novo que eu tinha sido treinado para os odiar.
Então, na presença do Senhor, eu disse: “Renuncio
a qualquer ressentimento no meu coração contra o
povo Judeu. Eu perdoo-os!” Algo mudou imedia-
tamente dentro de mim.
Pouco tempo depois disto, verifiquei que, na
Sua Palavra, Deus tinha dito a Abraão, o pai dos
judeus: “Abençoarei os que te abençoarem e amal-
diçoarei os que te amaldiçoarem” (Génesis 12:3).
Então, percebi que as minhas finanças não tinham
estado debaixo de uma bênção, mas debaixo de
uma maldição – uma maldição de insuficiência.
Eu nunca tinha sido capaz de ganhar dinheiro su-
ficiente para cobrir as minhas necessidades. Ainda
que eu ganhasse 250.000 dólares, precisava de
300.000! Depois, quando ganhava 300.000 dóla-
res, precisava de 700.000 para cobrir as minhas
despesas.
Desde 1982, quando fui liberto da maldição
de anti-semitismo e da maldição de insuficiência
que resultou da primeira, o meu salário tem ultra-
passado sempre as minhas despesas e necessida-
des. E posso dar livremente para a obra do Reino
de Deus.
Deus também curou o meu corpo e as minhas
emoções. Estou completamente livre da depres-
são. Posso dizer que estou, verdadeiramente, a ca-
minhar em vitória. O meu testemunho tem ajudado
muitas outras pessoas a serem libertas da maldição
94
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

e a viverem debaixo da bênção de Deus.

A lição retirada da vida de Nabil é clara: Ninguém se pode


dar ao luxo de odiar ou amaldiçoar o povo Judeu. Esta lição nun-
ca foi tão necessária como hoje, O anti-semitismo é, tanto social
como politicamente, uma das forças mais poderosas a operar no
nosso mundo contemporâneo. No entanto, o anti-semitismo acaba
por trazer alguma calamidade a todos os que se deixam controlar
por ele.
Infelizmente, ao longo de muitos séculos, a Igreja Cristã pro-
fessa tem sido muitas vezes culpada de propagar um escandaloso
anti-semitismo. Contudo, a Igreja deve todas as bênçãos espiri-
tuais que reclama para si àqueles que foram as suas vítimas: o
povo judeu. Sem os judeus, a Igreja não teria tido nem apóstolos,
nem Bíblia, nem Salvador.
Eis uma das razões principais para a actual condição de indi-
ferença de grande parte dos cristãos, especialmente na Europa e
no Médio Oriente, onde o anti-semitismo está mais profundamen-
te enraizado. A história de Nabil Haddad aponta para a solução:
reconhecimento aberto do anti-semitismo como pecado, seguido
de arrependimento e renúncia. Isto irá ter como resultado uma
profunda mudança de coração em relação ao povo judeu e um re-
conhecimento das imensas bênçãos espirituais que a Igreja Cristã
recebeu através deles.
É nesta base que podemos rogar a Deus que remova a som-
bra negra da maldição, a qual repousa actualmente sobre grandes
áreas da Igreja, e que a substitua pela Sua bênção.

6

Este segundo verbo, aqui traduzido por “amaldiçoar”, também significa
“ultrajar”, “falar mal de”.

Questionário

1. Em Génesis 12:2-3, quantas promessas de bênçãos pro-


95
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

nunciou Deus sobre Abraão?


2. Verdadeiro ou falso: Deus providenciou protecção para
Abraão contra Satanás interpondo uma maldição entre as
bênçãos.
3. As Escrituras tornam claro que as bênçãos e a maldição
originalmente pronunciadas sobre Abraão passaram para o
povo _______________________.
4. 
Verdadeiro ou falso: Ninguém alguma vez amaldiçoou
Abraão, Isaac, Jacob ou os seus descendentes sem que
trouxessem sobre si próprios uma maldição mais terrível.
5. Tanto socialmente como politicamente o _____________
___________________ é uma das forças mais poderosas
activa na nossa cultura contemporânea.
6. Verdadeiro ou falso: A Igreja Cristã através dos séculos
tem protegido o povo Judeu.
7. Para quebrar a maldição do anti-semitismo, alguém tem
de reconhece-lo como um _______________________ e
seguir isso com _______________________ e _________
_______________________.

Aplicação na Vida

1. O que aprendeu sobre anti-semitismo que não soubesse an-


tes?
2. Terá este capítulo mudado a sua forma de pensar acerca de
Israel e dos Judeus? De que forma?
3. Alguma vez amaldiçoou Israel ou os Judeus? Se sim, tire
uns momentos para se arrepender e pedir a Deus para lhe
perdoar.

Versículo para memorizar

Orai pela paz de Jerusalém;” prosperem aqueles que te am


am
Salmo 122:6
96
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Proclamação de Fé

Senhor, abençoo Israel em Teu nome e falo uma palavra de


paz para Jerusalém.

Respostas

1. Quatro.
2. Verdadeiro. “Amaldiçoarei quem te amaldiçoar.”
3. Judeu.
4. Verdadeiro.
5. Anti-Semitismo.
6. Falso. A Igreja muitas vezes tem propagado o anti-semitis-
mo.
7. Pecado, arrependimento, renúncia.

97
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

leGalisMo, caRnalidade, aPosTasia

Em, Jeremias 17:5, Deus pronuncia a Sua maldição sobre ou-


tro tipo de pecado, o qual, tal como o anti-semitismo, opera em
muitas áreas da Igreja:
Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem,
e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!
Neste contexto, tal como em muitas outras passagens das
Escrituras, a palavra carne não indica o corpo físico. Pelo contrá-
rio, ela indica a natureza que cada um de nós recebeu por herança
do nosso antepassado comum, Adão. Adão não teve filhos até ter
transgredido o mandamento de Deus. A motivação básica da sua
transgressão não foi tanto o desejo de fazer o mal, como o desejo
de ser independente de Deus.
Este desejo opera em cada um dos descendentes de Adão. É
a marca distintiva da “carne”. No campo da religião, este desejo
reflecte-se na tentativa de praticar actos de justiça sem depender
da graça sobrenatural de Deus. Por melhores que sejam as suas in-
tenções, o produto final será sempre um “Ismael” em vez de um
“Isaque”.
O adjectivo aplicado regularmente pelas Escrituras à carne é
corrupto. Embora possa produzir muitas coisas para impressio-
nar a mente e os sentidos, a carne está totalmente infectada pela
corrupção. O resultado de todos os seus esforços é descrito em
Hebreus 6:1 como “obras mortas”, das quais Deus quer que nos
arrependamos.
O tipo de pessoa descrita em Jeremias 17:5, não é alguém que
desconhece a graça de Deus. Isto é indicado pela expressão que
encerra a passagem: “aparta o seu coração do SENHOR”. Se essa
pessoa nunca tivesse conhecido o Senhor, não se poderia “afastar”

98
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Dele. Este tipo de pessoa é alguém que já experimentou a graça


e o poder sobrenaturais de Deus, mas que depois volta a confiar
nas suas capacidades naturais. A sua conduta revela que tem mais
confiança naquilo que pode fazer por si só, do que naquilo que
Deus pode fazer por ela. De facto, essa pessoa desvalorizou Deus.
É esta atitude que provoca a maldição de Deus.
O versículo seguinte descreve o resultado da maldição que
uma pessoa como a que foi acima referida traz sobre si própria:
Porque será como a tamargueira no deserto e não sentirá
quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto,
na terra salgada e inabitável.
Que imagem tão clara de uma pessoa que está debaixo da
maldição de Deus! Ela vive em “lugares secos” e numa “terra sal-
gada”. Tudo o que a rodeia é estéril e desolador. O refrigério pode
vir sobre os que estão à sua volta, mas por qualquer razão miste-
riosa ele passa-lhe sempre ao lado. Essa pessoa está destinada à
esterilidade e à frustração.
A maldição de Jeremias 17:5-6 está a operar na vida de mui-
tas pessoas, mas também se aplica a uma área muito mais vas-
ta. Ela é uma das causas reais mais invisíveis da esterilidade e
ineficácia de muitas áreas da Igreja Cristã contemporânea. Quase
todos os movimentos de algum significado no mundo cristão, po-
dem encontrar a sua origem numa obra poderosa e sobrenatural da
graça de Deus e do Seu Espírito. É, acima de tudo, a isto que esses
movimentos devem o impacto que tiveram na História.
Sim, hoje, muitos - talvez a maior parte – desses movimentos
deixaram de dar destaque à graça de Deus e ao poder do Espírito
Santo. Voltaram a confiar no melhor que podem fazer através
dos seus próprios esforços. Eles estão a “confiar no homem”, ou
seja, neles próprios, e a “fazer da carne o seu braço”. Embora
imperceptivelmente, de certo que “apartam o seu coração do
SENHOR”. Provavelmente alcançaram uma “respeitabilidade”
religiosa e intelectual, mas, ao fazê-lo, perderam o favor de Deus
e, no seu lugar, trouxeram sobre si mesmos a negra sombra da
maldição pronunciada em Jeremias 17:5. Colocar a capacidade
99
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

humana no lugar da graça divina é exaltar o que é carnal acima do


que é espiritual.

Colocar a capacidade humana no lugar da graça divina


é exaltar o que é carnal acima do que é espiritual.

Os efeitos irão manifestar-se em diversas áreas. Por exemplo:

A teologia será exaltada acima da revelação:


A educação intelectual acima da edificação do carácter;
A psicologia acima do discernimento;
O programa acima da direcção do Espírito Santo;
A eloquência acima do poder sobrenatural;
O raciocínio acima do andar na fé;
As leis acima do amor.

Todos estes erros, são diferentes manifestações de um consi-


derável erro básico: colocar o homem num lugar que Deus reser-
vou somente para o Senhor Jesus Cristo.
Este foi o tipo de situação com que Paulo tentou lidar nas
igrejas da Galácia. Em Gálatas 3:1-10, ele refere o problema des-
de a origem até ao seu clímax. Segue-se um breve resumo.
No versículo 1, Paulo identifica a origem como uma influên-
cia satânica enganadora, a qual ele chama de feitiçaria:
 Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obede-
cerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi
já representado como crucificado?
Uma versão alternativa coloca a questão de Paulo da seguinte
maneira, “quem é que vos colocou debaixo de um feitiço?”
Esta influência satânica obscureceu a única fonte da gra-
ça de Deus completamente suficiente: Jesus Cristo crucificado.
Afastado desta forma da graça de Deus, o Seu povo volta-se, ine-
vitavelmente, para a única alternativa: um sistema de leis religio-
sas. Isto leva-nos à pergunta seguinte de Paulo no versículo 2:  
Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas
100
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

obras da lei ou pela pregação da fé?

A palavra normalmente usada para descrever isto é “legalis-


mo”. Contudo, uma vez que esta palavra é muitas vezes empregue
de uma forma imprecisa, é importante defini-la com mais rigor.
Legalismo pode ser definido de duas maneiras que estão rela-
cionadas. Primeiro, é a tentativa de alcançar justiça perante Deus
através da observação de um conjunto de regras.
Em Romanos 3:20, Paulo exclui isso definitivamente:
Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas
obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.
A expressão “pela lei”, quer dizer, “pelas obras da lei”. A
referência principal é feita à Lei de Moisés, mas a afirmação apli-
ca-se, da mesma forma, a qualquer outro conjunto de regras re-
ligiosas. A Lei pode mostrar-nos que somos pecadores, mas não
tem o poder para nos modificar.

A Lei pode mostrar-nos que somos pecadores,


mas não tem o poder para nos modificar.

Em alternativa, legalismo pode ser definido como uma ten-


tativa de impor qualquer condição adicional para alcançar justiça
para além daquilo que o próprio Deus fez. A condição de Deus é
afirmada em Romanos 4:24-25:
[A justiça] há de ser imputado, a nós os que cremos naquele
que dos mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; o qual foi en-
tregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a
nossa justificação.
Este é o simples, mas em tudo suficiente, requisito de Deus
para alcançar a justiça: que nos entreguemos a Ele, crendo que
Ele fez duas coisas por nós. Primeiro, Ele entregou Jesus à morte
pelos nossos pecados. Segundo, Ele ressuscitou Jesus dos mortos
para nossa justificação.
Deus não pede mais do que isto, e nunca ninguém foi autori-
zado a adicionar nada aos requisitos de Deus.
101
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Deus entregou Jesus à morte pelos nossos pecados


e Ele ressuscitou Jesus dos mortos para nossa justificação.

Depois, ao termos recebido a justiça desta forma pela fé, os


actos de justiça apropriados irão fluir a partir da nossa fé. Mas, se
acrescentarmos qualquer outro requisito para alcançar a justiça,
Deus não virá ao nosso encontro nesta base, e os actos de justiça
não irão fluir. Nunca conseguiremos ir para além do melhor que
podemos alcançar através dos nossos esforços carnais.
Isto explica outra pergunta de Paulo em Gálatas 3:3: “…ten-
do começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?”
A palavra comum para este termo é carnalidade, isto é, confiar
na nossa natureza carnal. Mais à frente, em Gálatas 5:19-21,
Paulo elabora uma lista com pelo menos quinze “obras de carne”.
Nenhuma delas é boa ou aceitável para Deus, porque a carne não é
capaz de produzir nada que Deus aceite. Em Romanos 8:8, Paulo
resume isto: “e os que estão na carne não podem agradar a Deus.”

A carne não é capaz de produzir nada que Deus aceite:


“e os que estão na carne não podem agradar a Deus.”

Finalmente em Gálatas 3:10, Paulo expõe o culminar des-


te processo em sentido descendente: uma maldição. “Pois todos
quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição”.
Assim, pela lógica do Espírito Santo, Paulo analisa o proble-
ma das igrejas da Galácia, que é também o problema de muitas
igrejas contemporâneas. Esse problema provém de uma influência
satânica, que se infiltra na igreja, e desvia a atenção do povo de
Deus da única fonte da Sua graça: Jesus Cristo crucificado. Paulo
categoriza esta influência como feitiçaria ou um feitiço.
Afastados, desta forma, da fonte de graça, os cristãos dege-
neram, inevitavelmente, em carnalidade e legalismo. O resultado
final deste movimento descendente é uma maldição. Já foi referi-
do, no capítulo 6, que os feitiços e as maldições são as principais
ferramentas da feitiçaria.
102
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Deste modo, a verdade de Jeremias 17:5-6 é transportada para


o Novo Testamento, e encontra a sua expressão em Gálatas 3:1-
10.2 “Confiar nas obras da lei [legalismo]” e “fazer da carne a
nossa força [carnalidade]” culminam numa maldição. Como re-
sultado disso, o povo de Deus vive em “lugares secos” e numa
“terra salgada”.
A carnalidade pode adquirir muitas formas. Elas são muitas
vezes óbvias e pouco atraentes a pessoas que possuem uma pers-
pectiva religiosa. Alguns exemplos típicos seriam: impureza ou
imoralidade sexual; linguagem grosseira; excesso de comida ou
bebida; ser conduzido por ambição pessoal; ira incontrolável ou
outras paixões más. Aquilo que torna o legalismo especialmen-
te perigoso é o facto de que ele apela para homens e mulheres
sinceros e dedicados que não se deixariam envolver facilmente
naqueles pecados da carne mais óbvios. No entanto, nas suas con-
sequências finais, o legalismo é tão letal como qualquer outro pe-
cado menos “respeitável”.

O legalismo é tão letal


como qualquer outro pecado menos “respeitável”.

A ferramenta favorita de Satanás é distrair cristãos que, de


outra forma, se poderiam tornar uma perigosa ameaça ao seu rei-
no.
No meu caso pessoal, a análise do problema de Gálatas não
é um mero exercício de teologia abstrata. Pelo contrário, é muito
real, e também doloroso. Em 1970, em Fort Lauderdale, encon-
trei-me soberana e sobrenaturalmente “unido” a um pequeno gru-
po de ministros de várias proveniências. Nenhum de nós prevera
o que nos estava a acontecer, e nenhum de nós compreendia o que
Deus tinha reservado para nós. Não há dúvida de que, se tivésse-
mos continuado a confiar no Espírito Santo o qual tinha iniciado
o nosso relacionamento, Ele teria revelado gradualmente o Seu
propósito para nós. Mas esse não foi o caminho que nós seguimos.
De repente, e sem discernirmos o que se estava a passar, co-
103
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

meçaram-se a manifestar as várias características do “síndroma” de


Gálatas 3. As nossas decisões e acções deixaram de ser iniciadas
pelo Espírito Santo, e passaram a basear-se num elaborado sistema
de regras e conceitos que haviam sido inventados. Continuávamos
a reconhecer o Espírito Santo, mas da forma que os clientes de um
restaurante reconhecem a presença do empregado. Se sentíamos
que precisávamos de algo, convocávamo-lo rapidamente. Mas, na
maioria das ocasiões, confiávamos em métodos e planos inventados
por nós.
Ao olhar para trás, apercebo-me que o trabalho que o Espírito
Santo tinha iniciado entre nós, colocou uma séria ameaça a
Satanás. Como consequência, ele recorreu às táticas que haviam
resultado tão bem na Galácia e em inúmeras outras situações ao
longo da subsequente história da Igreja. Houve dois passos deci-
sivos. Primeiro, ele retirou a cruz do centro das nossas vidas e mi-
nistérios. Segundo, ele retirou Jesus da posição de “Cabeça sobre
todas as coisas” nas nossas práticas e relacionamentos. Através
de um processo inevitável, degenerámos no tipo de organização
religiosa normal, operando no plano da nossa razão e capacidade
naturais.
Paradoxalmente, uma das principais causas dos nossos pro-
blemas foi o facto de que tinhamos tido um começo sobrenatural.
Tal como os Gálatas, tinhamos “começado no Espírito”. Com um
começo assim, não havia um caminho fácil ou indolor pelo qual
nos pudéssemos simplesmente tornar apenas outra organização
religiosa, funcionando no plano natural e tomando o nosso lugar
ao lado de inúmeros grupos semelhantes a esse por todo mundo
Cristão. Tal como Paulo fez ver aos Gálatas, aquilo que é iniciado
pelo Espírito Santo não pode ser terminado pela carne humana.
Não demorou muito tempo até sermos confrontados com o
resultado da maldição que tinhamos trazido sobre nós próprios.
As suas manifestações eram características de outros desenvolvi-
mentos semelhantes que já tinham acontecido ao longo da história
da Igreja. Os relacionamentos pessoais entraram em ruptura; con-
gregações foram divididas e espalhadas; ministérios prometedo-
104
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

res acabaram ou foram desviados do propósito de Deus; cristãos


entusiasmados foram desmotivados pela frustração e desilusão.
Muitos abandonaram a sua fé. Se tivéssemos sido obrigados a dar
um nome a tudo o que se passou, teríamos de lhe chamar “Icabode,
dizendo ‘Foi-se a glória’” (1 Samuel 4:21).
O produto de toda a actividade religiosa que não é iniciada
nem conduzida pelo Espírito Santo é resumida, em Hebreus 6:1,
pela expressão obras mortas.

O produto de toda a actividade religiosa que não é iniciada


nem conduzida pelo Espírito Santo resume-se em: obras mortas.

A solução para isto, é revelada no mesmo versículo: arre-


pendimento. Isto tornou-se real para mim. Eu não podia culpar os
outros. Tinha de aceitar a responsabilidade por aquilo em que me
tinha envolvido. Mais do que tudo, apercebi-me que tinha entris-
tecido e desrespeitado o Espírito Santo.
Percebi que tinha de confessar os meus pecados a Deus, e
confiar que Ele me daria perdão e restauração. Esta foi uma deci-
são pessoal que só eu poderia tomar. Não podia tomá-la em nome
dos outros, mas se conseguisse encontrar um caminho que condu-
zisse à restauração, então os que reconhecessem a sua necessida-
de, poderiam seguir o mesmo caminho. Em 1983, arrependi-me e
fiz o corte.
Na Sua misericórdia, Deus mostrou-me, passo a passo, o ca-
minho que eu procurava. Descobri que há uma forma de sair de
debaixo da maldição, e entrar novamente na bênção. Se eu não ti-
vesse feito esta descoberta, este livro nunca teria sido escrito. Para
aqueles que se encontram numa situação semelhante, eu ofereço
uma explicação completa dos passos que precisam dar na 3ª Parte
deste livro.
Em Gálatas 1:6-9, Paulo expõe outra forma pela qual uma
maldição pode vir sobre o povo de Deus: apostasia.
Estou admirado de que tão depressa estejais desertando da-
quele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho,
105
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e


querem perverter o evangelho de Cristo.
Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse
outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema.
Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se
alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes,
seja anátema.
O tipo de pessoa aqui descrito é alguém que se apresenta
como ministro de Cristo, mas que perverte a verdade central do
Evangelho. Paulo declara que uma pessoa assim traz uma maldi-
ção sobre si própria. A palavra grega traduzida por “anátema” é
anathema. Ela denota algo que provoca a ira de Deus e que fica
sujeito à Sua condenação e rejeição irrevogáveis.
O Evangelho contém um núcleo central de verdade revelada
que tem sido aceite e confirmada pela Igreja em geral, ao longo de
todas as gerações. Ela pode ser resumida da seguinte forma:

Jesus Cristo é o divino e eterno Filho de Deus, que


se tornou membro da raça humana pelo nascimento de
uma virgem. Ele viveu uma vida sem pecado, morreu
na cruz como sacrifício propiciatório pelos pecados da
humanidade, foi sepultado e ressuscitou dos mortos em
corpo ao terceiro dia. Ascendeu ao céu, de onde voltará
à terra em pessoa para julgar os vivos e os mortos.
Todo aquele que se arrepender do pecado e confiar
no sacrifício de Jesus recebe o perdão dos pecados e o
dom da vida eterna.

É importante realçar que o Evangelho centra-se na morte e


ressurreição de Jesus. Em 1 Coríntios 15:3-4, Paulo resume a sua
mensagem em três factos históricos: “…Cristo morreu por nossos
pecados, segundo as Escrituras;… foi sepultado…foi ressuscitado
ao terceiro dia, segundo as Escrituras;”
A primeira autoridade citada por Paulo para confirmar estes
factos são as “Escrituras” que, naquele tempo, significavam as
106
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Escrituras do Antigo Testamento. Como confirmação suplemen-


tar da ressurreição, Paulo elabora uma lista de várias testemunhas
oculares, que viram Jesus depois de Ele ter ressuscitado dos mor-
tos. Contudo, o seu testemunho é secundário ao das Escrituras do
Antigo Testamento.
Em duas afirmações sucessivas, Paulo realça que a fé na res-
surreição do corpo de Jesus é essencial à salvação:
E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação,
e também é vã a vossa fé…. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã
a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados. 1 Coríntios 15:14,17
Em Tessalonicenses 2:3, Paulo avisa que no fim dos tempos
haverá, por toda a parte, apostasia da fé Cristã. Existem fortes ra-
zões para crer que estamos agora no período previsto de apostasia.
Em algumas das principais denominações cristãs, muitos líderes
conhecidos renunciaram publicamente a fé nas Escrituras e, em
particular, na ressurreição do corpo de Cristo. Provavelmente não
se apercebem que a sua declaração de incredulidade é, em si mes-
ma, o cumprimento das Escrituras que estão a rejeitar!
No entanto, há um facto que eles não podem mudar: a me-
nos que se arrependam, aqueles que desta forma pervertem o
Evangelho trazem sobre si mesmos a ira e a maldição de Deus.

Questionário

1. Qual é o adjectivo que a Escritura aplica regularmente para


a carne?
2. Verdadeiro ou falso: O tipo de pessoa descrito em Jeremias
17:5-6 é alguém que não conhece a Graça de Deus.
3. A pessoa sob o tipo de maldição citado em Jeremias
17:5-6 está sob ambas ____________________ e
____________________.
4. Para colocar a habilidade humana no lugar da graça di-
vina é exaltar o ____________________ acima do
____________________.
107
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

5. Verdadeiro ou falso: uma definição de legalismo é uma


tentativa de alcançar justiça com Deus observando um
conjunto de regras.
6. Quais são as duas coisas em que devemos acreditar a fim
de alcançar a justiça com Deus?
7. Fazendo da carne a nossa força é chamado como?
8. Em 2 Tessalonicenses 2:3 Paulo avisa que no fecho desta
época haverá generalizada ____________________ da fé
Cristã.

Aplicação na Vida

1. A carnalidade pode tomar muitas formas. Já experimen-


tou o homem carnal sobrepondo-se ao homem espiritual?
Como?
2. Em Gálatas 3:1-10 Paulo descreve as pessoas que come-
çam no Espírito mas acabam na carne. O que aprendeu
acerca de como isto acontece?
3. Alguma vez já se sentiu preso ao legalismo? Se sim, como?
4. Hebreu 6:1 chama a toda a actividade que não seja dirigida
pelo Espírito Santo, de “obras mortas”. Já alguma vez par-
ticipou em obras mortas? O remédio sugerido é o arrepen-
dimento. Passe alguns momentos com o Senhor e peça-Lhe
para revelar quaisquer obras mortas na sua vida, e então dê
voz a uma oração de arrependimento e peça o Seu perdão.

Versículo para memorizar

Cristo resgatou-nos da maldição da lei.


Gálatas 3:13

Proclamação de Fé

Jesus, o meu desejo é caminhar pelo Espírito e não pela car-


ne. Manterei os meus olhos em Si e na Sua graça.
108
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Respostas

1. Corrupto.
2. Falso. Esta pessoa já experimentou a graça e o poder de
Deus mas tem voltado as costas a Deus para confiar na sua
própria capacidade.
3. Esterilidade, frustração.
4. Carnal, espiritual.
5. Verdadeiro.
6. Que o Pai entregou Jesus à morte pelos nossos pecados e
que Jesus levantou-se dos mortos.
7. Carnalidade.
8. Apostasia

109
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

fuRTo, PeRJÚRio, RouBaR a deus

Os últimos três profetas do Antigo Testamento, Ageu,


Zacarias e Malaquias, abordam várias áreas nas quais Israel expe-
rimentou o resultado da maldição de Deus. É como se estes profe-
tas tivessem sido incumbidos de resumir a história dos Israelitas,
desde o tempo em que ficaram debaixo da Lei de Moisés, e de os
confrontar com as razões pelas quais maldições específicas da Lei
tinham vindo sobre eles.
Em Zacarias 5:1-4, o profeta descreve a visão que teve da
maldição de Deus a descer sobre as casas do Seu povo:
Tornei a levantar os meus olhos, e olhei, e eis um rolo voante.
Perguntou-me o anjo: Que vês?
Eu respondi: Vejo um rolo voante, que tem vinte côvados de
comprido e dez côvados de largo.
Então disse-me ele: Esta é a maldição que sairá pela face
de toda a terra: porque daqui, conforme a maldição, será desar-
raigado todo o que furtar; assim como daqui será desarraigado
conforme a maldição todo o que jurar falsamente Mandá-la-ei,
diz o Senhor dos exércitos, e a farei entrar na casa do ladrão, e na
casa do que jurar falsamente pelo meu nome; e permanecerá no
meio da sua casa, e a consumirá juntamente com a sua madeira e
com as suas pedras”
A maldição que Zacarias descreve, entra na casa de todos os
que cometeram dois pecados específicos: furtar e jurar falsamente.
(O termo actual para o último pecado é perjúrio). Tendo entrado,
a maldição permanece até ter destruído toda a casa - madeiras,
pedras e tudo o resto.
Esta é uma imagem clara do modo como uma maldição ope-
ra, se a tivermos deixado entrar nas nossas vidas. Não nos cabe a

110
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

nós limitar as áreas que serão afectadas por ela. A menos que nos
arrependamos e busquemos a misericórdia de Deus, ela acabará
por destruir toda a casa.
A preponderância destes dois pecados de furto e perjúrio na
nossa cultura contemporânea, pode ser medida por simples esta-
tísticas. Hoje em dia, o furto está tão disseminado nos Estados
Unidos que, praticamente dez por cento do preço dos bens expos-
tos nas lojas de venda a retalho, serve para cobrir os custos do se-
guro contra furto. Eis uma das causas da inflação que não é muito
falada! Por outro lado, o perjúrio defrauda os serviços financei-
ros dos Estados Unidos em bilhões de dólares por ano devido a
declarações de IRS desonestas. Provavelmente, se houvesse total
honestidade nesta área o défice no orçamento seria coberto na sua
totalidade!
De acordo com a visão de Zacarias, a maldição que provém
destes dois pecados de furto e perjúrio, não afecta apenas o indiví-
duo, mas também toda a sua casa. Em hebraico bíblico, a palavra
casa aplica-se, não apenas a uma estrutura física, mas também
às pessoas que vivem dentro dela, isto é, uma família. Estes dois
pecados, e a maldição que deles advém, têm contribuído, muito
mais do que possa à primeira vista parecer, para a dissolução da
vida familiar, e que é uma característica única dos tempos actuais.
Em última análise, o efeito desses dois pecados será semelhante
ao do rolo que Zacarias observou na sua visão: a erosão de nações
inteiras e mesmo de uma civilização inteira.
Antes de Zacarias, Ageu havia proporcionado uma imagem
igualmente clara, da influência maligna, que estava a afectar as
vidas do seu povo:
Acaso é tempo de habitardes nas vossas casas forradas, en-
quanto esta casa fica desolada?Ora pois, assim diz o Senhor dos
exércitos: Considerai os vossos caminhos. Tendes semeado muito,
e recolhido pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não
vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe
salário, recebe-o para o meter num saco furado.
Ageu 1:4-6
111
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

A maldição que Ageu descreve, pode ser resumida numa pa-


lavra: insuficiência. Aparentemente, os Israelitas tinham tudo o
que era necessário para satisfazer as suas principais necessidades
materiais. No entanto, por alguma razão que eles não conseguiam
compreender, havia sempre uma carência. Deus teve de lhes en-
viar um profeta para lhes mostrar que, a força invisível que estava
a corroer as suas provisões, era uma maldição que eles tinham tra-
zido sobre si mesmos ao colocarem as suas preocupações egoístas
à frente das necessidades da casa do Senhor.
Muitas das nações ricas do mundo de hoje enfrentam uma
situação semelhante. A maior parte das pessoas ganha muito mais
do que os seus pais ou avós alguma vez ganharam. Contudo, en-
quanto que as gerações anteriores gozaram de um sentimento de
contentamento e segurança, a geração actual vive atormentada por
uma ânsia inquietante que nunca é satisfeita. Em algumas destas
nações, o nível de dívida pessoal é mais alto do que nunca.
Malaquias, o último dos três profetas, combina as acusações
anteriormente feitas contra Israel pelos seus dois antecessores. Ele
acusa o seu povo, não apenas de ter uma atitude errada em relação
a Deus, mas também de furto na sua forma mais séria: roubando
não apenas os homens, mas também o próprio Deus.
Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis:
Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Vós sois
amaldiçoados com a maldição; porque a mim me roubais, sim,
vós, esta nação toda.
Malaquias 3:8-9

Esta passagem revela um princípio que regula a acção de


Deus em todas as eras e sistemas religiosos: Ele mantém um re-
gisto daquilo que o Seu povo Lhe oferece. Mais de mil anos antes,
Deus havia ordenado que Israel deveria separar para Ele a primei-
ra décima parte do total do seu salário, em dinheiro ou em bens.
Esta era uma marca importante do seu relacionamento de aliança
com Deus. A desobediência nesta área significou uma violação da
sua aliança.
112
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Agora, através de Malaquias, Deus apresenta os Seus cálcu-


los. Em relação a tudo o que o Seu povo tinha retido ilicitamente,
Ele acusa-os de “roubo”. Deus refere que isso trouxe uma mal-
dição enorme sobre toda a nação e sobre todas as áreas das suas
vidas.
Mas Deus não termina com este apontamento negativo. No
versículo seguinte, Ele instrui o Seu povo sobre como sair de de-
baixo da maldição e entrar na Sua bênção:
Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja
mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o
Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não
derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior
abastança.
Malaquias 3:10

Para passar da maldição à bênção, Deus requer duas coisas


do seu povo: arrependimento e restituição. Em todos os casos de
roubo, estes requisitos nunca variam, quer seja Deus ou o homem
que foram roubados.
No Novo Testamento, Deus nunca estabelece uma lei espe-
cífica, como no Antigo Testamento, que requeira que os cristãos
separem para Ele uma décima parte do seu salário total. A aliança
da graça não opera através de leis impostas do exterior, mas atra-
vés de leis escritas pelo Espírito Santo nos corações dos crentes.

A aliança da graça não opera através de leis impostas


do exterior, mas através de leis escritas
pelo Espírito Santo nos corações dos crentes.

Em 2 Coríntios 9:7, Paulo instrui os cristãos, “Cada um con-


tribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por
constrangimento”.
No entanto, uma coisa é certa: o Espírito Santo nunca fará
com que um crente seja avarento. No Salmo 51:12, David ora ao
Senhor, “sustém-me com um espírito voluntário”. Uma das carac-
113
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

terísticas distintivas do Espírito Santo é a generosidade. O próprio


Deus é o maior de todos os que ofertam. Quando o Seu Espírito se
move nos corações do Seu povo, Ele torna-os como Ele é: dadores
generosos.

Quando o Seu Espírito se move nos corações do Seu povo,


Ele torna-os como Ele é: dadores generosos.

Em Hebreus 8:6, o escritor contrasta a Antiga e a Nova


Aliança, e relembra os cristãos de que entraram numa “superior
aliança, que está firmada em melhores promessas”. É inconcebí-
vel que pessoas que usufruem desta superior aliança, sejam menos
generosas a dar a Deus, do que as que estavam debaixo de uma
inferior aliança. Se o povo de Deus, que andava debaixo da Lei,
Lhe dava os seus dízimos, e muito mais, como é que os cristãos,
que andam debaixo da graça, poderiam justificar fazer menos? Os
padrões da graça são mais altos, não inferiores, aos da lei.
Ao longo das várias épocas, há um princípio que continua
inalterável: a avareza para com Deus provoca a Sua maldição,
mas a liberalidade liberta a Sua bênção.

Questionário

1. Os três últimos profetas do Antigo Testamento, todos abor-


dam várias áreas nas quais Israel experimentou a conse-
quencia da maldição de Deus. Quem são estes profetas?
2. Em Zacarias 5:1-4 que dois pecados específicos causaram
a entrada da maldição em todas as casas de quem os come-
teu?
3. Malaquias 3:8-9 descreve qual o pecado que trouxe a mal-
dição?
4. Em Ageu 1:4-6 qual é a palavra que descreve esta maldi-
ção?
5. Para passar da maldição para a bênção, Deus requer
duas coisas do Seu povo: _______ e ___________ .
114
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

6. Avareza para com Deus provoca a Sua maldição enquanto


_____________________ liberta a Sua bênção.

Aplicação na Vida

1. Já cometeu algum destes três pecados falados neste capí-


tulo?
2. Já viu alguma evidência da maldição na sua vida?
3. Para passar da maldição para a bênção é necessário arre-
pendimento e restituição. Coloque-se diante do Senhor e arrepen-
da-se da sua participação nestes pecados e então pergunte a Deus
o que Ele quer que faça pela restituição.

Versículo para memorizar

Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com


tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá
com alegria
2 Coríntios 9:7

Proclamação de Fé

Senhor, tudo o que tenho é Vosso. Comprometo-me a “andar


pelo caminho dos bons, e guardar as veredas dos justos.”
(Provérbios 2:20)

Respostas

1. Ageu, Zacarias, Malaquias.


2. Roubo e perjúrio.
3. Roubar a Deus.
4. Insuficiência.
5. Arrependimento, restituição.
6. Liberalidade.
115
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

fiGuRas de auToRidade

Tanto as bênçãos como as maldições fazem parte de um vasto


e invisível reino espiritual, o qual afecta a vida de cada um de nós.
Um dos factores centrais e decisivos neste reino, é a autoridade.
Sem uma compreensão dos princípios da autoridade, é impossível
entender o reino do espírito ou funcionar nele com eficácia.
O século vinte tem testemunhado uma revolta quase mundial
contra formas de autoridade que, têm sido geralmente reconheci-
das pela raça humana durante milhares de anos. Algumas das prin-
cipais áreas da estrutura social que têm sido afectadas, incluem a
família, a igreja e os vários ramos do governo secular.
As pessoas assumem frequentemente que esta revolta alterou
ou aboliu estas formas de autoridade, mas isso não é verdade. Os
princípios que governam o exercício da autoridade são tão objec-
tivos e universais como a lei da gravidade.
Uma pessoa, numa atitude de revolta, pode decidir rejeitar
a lei da gravidade e saltar de uma janela do décimo andar. Mas a
rejeição daquela lei não a altera nem invalida. A pessoa que saltou
da janela vai encontrar a morte lá em baixo no passeio. O mesmo
se aplica às leis que governam o exercício da autoridade. As pes-
soas podem ignorá-las ou rejeitá-las, mas o rumo das suas vidas
continuará a ser determinado por elas, quer as reconheçam quer
não.
Em todo o universo existe uma, e apenas uma, fonte suprema
de autoridade: Deus o Criador. No entanto, normalmente Deus não
exerce a Sua autoridade directamente, mas delega-a a pessoas esco-
lhidas por Ele. Depois de Jesus ter ressuscitado dos mortos, disse aos
Seus discípulos, “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mateus
28:18). Desde essa altura, Deus colocou toda a autoridade nas mãos

116
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

de Jesus. Mas Jesus, por Sua vez, delega a outros a autoridade que
recebeu do Pai.
Assim, a autoridade no universo pode ser vista como uma
corda extremamente comprida que desce de Deus o Pai para Jesus.
Na mão de Jesus, a corda é separada em inúmeras cordas mais pe-
quenas que alcançam pessoas que Ele escolheu, tanto angélicas
como humanas, em várias partes do universo.
Um dos termos usados na Bíblia para indicar uma pessoa que
exerce autoridade é cabeça. Em 1 coríntios 11:3, por exemplo,
Paulo escreve:
Quero porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo ho-
mem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo.
Através desta analogia das posições de liderança, Paulo re-
presenta uma “corda” de autoridade que tem origem em Deus o
Pai, desce para Cristo e de Cristo para o homem, o qual desem-
penha o papel de marido e pai numa família. É por meio deste
relacionamento que o homem é nomeado a autoridade na sua casa.
Nas relações sociais humanas, o marido/pai é o exemplo
primordial de uma pessoa nomeada para exercer autoridade.
Contudo, há muitas outras figuras de autoridade comumente acei-
tes: um soberano sobre o seu povo; um dirigente militar sobre os
seus soldados; um professor sobre os seus alunos; um pastor sobre
os membros da sua congregação.
Só Deus possui autoridade absoluta. Todas as outras formas de
autoridade estão sujeitas a vários tipos de limitações. A autoridade
delegada só é válida dentro de uma determinada esfera. A autorida-
de de um soberano, por exemplo, está normalmente limitada pelas
leis da sua nação, e não se estende às áreas “privadas” das vidas dos
seus súbditos. A autoridade de um pai sobre a sua família não lhe
permite infringir as leis do governo secular. Um professor só tem
autoridade sobre os seus alunos dentro dos limites da vida escolar.
Um pastor só tem autoridade sobre a sua congregação em questões
que são governadas pela forma de religião, que a congregação acei-
tou.
Todos os exemplos anteriores são generalidades. Para ser to-
117
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

talmente exacto, seria necessário juntar muitas outras qualifica-


ções e restrições. Também pode haver casos em que duas formas
de autoridade se sobrepõem, dando origem a conflitos. No entan-
to, os exemplos referidos são suficientes para estabelecer os prin-
cípios básicos que governam o exercício da autoridade.
Normalmente, as pessoas assumem que sempre que há abuso
de autoridade, ela é automaticamente cancelada. Isso pode acon-
tecer em casos extremos, mas normalmente, não é assim que suce-
de. A autoridade é, de alguma forma, uma necessidade básica para
qualquer tipo de vida social. Quando alguém abusa da autoridade
pode causar muitas dificuldades, mas mesmo assim, é melhor do
que a alternativa, que é a anarquia.
Em muitos centros populacionais dos nossos dias, o ar que as
pessoas respiram é tão poluído que representa um perigo para a
saúde. No entanto, não é por isso que Deus vai remover todo o ar
dessa área da face da terra. É preferível ter ar poluído, do que não
ter nenhum. Da mesma forma, é melhor ter autoridade abusadora,
do que ter anarquia.
Uma das formas importantes através da qual uma pessoa
pode exercer autoridade, é abençoando os que estão debaixo da
sua autoridade.

Uma das formas importantes através da qual uma pessoa


pode exercer autoridade, é abençoando os que estão
debaixo da sua autoridade.

Génesis 27 regista a tremenda importância que tanto Jacob


como Esaú atribuíram à bênção do seu pai, Isaque. E tinham boas
razões para isso, uma vez que a história dos seus descendentes tem
sido determinada, desde então, pelas palavras que Isaque proferiu
sobre cada um dos seus filhos, naquela altura. Mas Isaque não é
uma excepção isolada. Pelo contrário, em toda a Bíblia, a bênção
de um pai segue-se, em importância, à do próprio Deus.
Contudo, na autoridade para abençoar está implícita a auto-
ridade para amaldiçoar. Abençoar e amaldiçoar nunca se podem
118
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

separar, tal como o calor do frio ou o dia da noite. Isto signifi-


ca que, as pessoas que têm autoridade, podem exercê-la numa de
duas maneiras: abençoar ou amaldiçoar. A mesma autoridade tem
o poder para efectivar uma bênção ou uma maldição.
Um exemplo dramático é o da vida familiar de Jacob. Génesis
31 regista como Jacob, juntamente com as suas duas esposas, duas
concubinas e onze filhos, partiu em segredo de ao pé do seu tio
Labão na Mesopotânia, e se dirigiu de regresso à terra de Canaã.
No entanto, Labão, juntamente com alguns dos seus parentes, pôs-
se a caminho em perseguição de Jacob e alcançou-o nas mon-
tanhas de Guileade. Seguiu-se um confronto entre eles no qual
Labão acusou Jacob de ter roubado os seus teraphim (imagens ou
“deuses” do lar usadas para adivinhação, que supostamente “pro-
tegem” a casa de forças malignas).
O que Jacob não sabia era que Raquel, a esposa que ele mais
amava, tinha retirado as imagens secretamente. Por conseguinte,
Jacob ficou indignado com a acusação de Labão. Ele dasafiou
Labão a inspeccionar os bens da sua família, e então, como prova
da sua inocência, acrescentou o que, na verdade, era uma maldi-
ção: “Com quem achares os teus deuses, porém, esse não viverá”
(Génesis 31:32).
Labão procurou entre as coisas que pertenciam à família de
Jacob, mas Raquel conseguiu manter os teraphim escondidos.
Todavia, as palavras da maldição de Jacob estavam carregadas
de autoridade de um marido. Elas equivaliam a uma sentença de
morte para a pessoa que tinha roubado as imagens. O facto de
Jacob não se ter apercebido, que as suas palavras se dirigiam a
Raquel, não impediu que a maldição tivesse efeito. Pouco tempo
depois, ao dar à luz o seu segundo filho, Raquel morreu durante o
parto. (ver Génesis 35:16-19). Esta é a autoridade de um marido,
tanto para abençoar como para amaldiçoar!
Devo acrescentar que, ao tomar posse de “deuses” falsos,
Raquel tinha trespassado a área da idolatria e do culto. Assim,
através da sua acção, ela já tinha perdido o direito à protecção de
Deus e tinha-se exposto à maldição que procede, inevitavelmente,
119
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

do envolvimento com o oculto. Eis um exemplo claro de como as


leis que governam as bênçãos e as maldições, são, na sua própria
esfera, tão reais e objectivas como a lei da gravidade. Elas ope-
ram, quer as reconheçamos quer não.

As leis que governam as bênçãos e as maldições, são, na sua


própria esfera, tão reais e objectivas como a lei da gravidade.
Elas operam, quer as reconheçamos quer não.

No plano de Deus para o casamento, o marido e a mulher tor-


nam-se “uma só carne”, fundindo desta forma as suas identidades
separadas numa nova unidade. Nesta base, um marido inclui natu-
ralmente a sua esposa na autoridade que partilham, conjuntamen-
te, sobre os seus filhos. Se não fizer isso, o marido pode tornar-se
arbitrário ou despótico.
No entanto, hoje em dia, é mais comum encontrar um marido
que vai ao extremo oposto, ao negar as suas responsabilidades
para com a sua esposa e filhos, ou que as abandona completamen-
te. Em tais circunstâncias, a esposa é obrigada a carregar sòzinha
um fardo que, deveria ter sido partilhado por ambos. O resultado é
frequentemente a dissolução completa da estrutura familiar. Todas
as esposas cristãs que se encontram nesta situação deveriam ser
reconhecidas, pois só pela fé, oração e graça de Deus é que conse-
guem carregar com sucesso este fardo extra que foi lançado sobre
elas.
No caso de Jacob, ele não se tinha apercebido que as palavras
que tinha proferido eram dirigidas contra Raquel. No entanto, na
nossa cultura contemporânea, acontece frequentemente um mari-
do dirigir, consciente e deliberadamente, palavras amargas e es-
magadoras contra a sua esposa. Eis um exemplo típico:
Mary, que nunca recebeu qualquer ensinamento da sua mãe
sobre a vida doméstica, casa com o Jack, um homem de negó-
cios com um temperamento delicado. A Mary nunca é capaz de
preparar refeições saborosas ou atraentes. Durante algum tempo,
o Jack exercita o seu auto-controlo e contém a sua impaciência.
120
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Finalmente, acaba por explodir de frustração: “Estou farto da for-


ma como preparas as nossas refeições. Nunca vais aprender a co-
zinhar!” Ele repete o mesmo—com algumas variantes—em várias
ocasiões posteriores.
Daí em diante, as mãos de Mary tremem sempre que ela leva
a comida para a mesa. As refeições tornam-se uma tortura da qual
ela se quer ver livre. Depois de alguns anos, o casamento dissolve-
se. Mas a maldição pronunciada pelo Jack persegue a Mary até ao
fim da sua vida. Embora talentosa e bem sucedida noutras áreas,
ela nunca aprende a cozinhar. Sempre que se encontra na cozinha,
há algo escuro que a cobre e inibe a sua capacidade natural. Só
há uma solução para ela: reconhecer o facto de que o seu marido
colocou uma maldição sobre si, e buscar a libertação que Deus
providenciou.
Contudo, acontece que, sem se aperceber, o Jack também
pronunciou uma maldição sobre si mesmo. A partir do momento
em que ele diz, “Estou farto da forma como preparas as nossas
refeições”, começa a desenvolver uma indigestão crónica, para a
qual os médicos não encontram qualquer causa ou cura naturais.
Tal como a incapacidade da Mary para cozinhar, a indigestão do
Jack persegue-o até ao fim dos seus dias.
(O capítulo 12 irá lidar com esta importante área das maldi-
ções auto-impostas)
É óbvio que poderia haver muitas variações para a história do
Jack e da Mary. O problema da Mary podia ser excesso de peso. O
comentário do Jack seria: “Tu não tens a vontade necessária para
perder peso. Vais ser gorda até ao fim da vida”.
Ou então, a Mary podia ser uma dessas mulheres que não
sabem ter mão no dinheiro. A quantia orçada acaba-se antes do
fim do mês. Ela nunca é capaz de manter o seu livro de cheques
em dia. O Jack acaba por dar voz à sua frustração dizendo: “Uma
criança com a quarta classe era capaz de ter mão no dinheiro me-
lhor do que tu. Não mereces prosperar. Vais continuar a debater-te
com este problema para o resto da tua vida”.
Pensemos agora noutro casal: Jim e Jane. A linguagem do
121
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Jim é mais ríspida do que a do Jack. Muitas vezes, ele acaba dis-
cussões amargas dizendo, “Odeio as tuas tripas!” Nos anos que se
seguem ao inevitável divórcio, a Jane é submetida a uma cirurgia
na zona do abdómen devido a três problemas sucessivos, nenhum
deles relacionado com os outros.
O diagnóstico correcto para os três problemas da Jane é afir-
mado em Provérbios 12:18: “Há palrador cujas palavras ferem
como espada “. Foi necessária a intervenção do bisturi do cirur-
gião para lidar com as feridas invisíveis que o Jim havia criado
através das suas palavras amargas.
Palavras como as que o Jack usa contra a Mary, ou o Jim con-
tra a Jane, procedem de disposições que podem ir da impaciência
à ira, e à raiva. Normalmente há uma pressão demoníaca por de
trás delas. São como flechas farpadas. Assim que penetram na car-
ne, as farpas tornam difícil a tentativa de puxar a seta para fora.
Mas, se a deixarmos na carne o veneno espalha-se pelo corpo.
Ainda maior do que a autoridade de um marido sobre a sua
esposa, é a autoridade de um pai sobre os seus filhos. Este é o mais
básico de entre todos os relacionamentos de autoridade. Na ver-
dade, é um prolongamento do relacionamento eterno de Pai para
Filho no contexto da divindade.
Assim, como a bênção de um pai tem um incomensurável
potencial para o bem, a sua maldição tem também um potencial
correspondente para o mal.

Assim, como a bênção de um pai tem um incomensurável


potencial para o bem, a sua maldição tem também
um potencial correspondente para o mal.

Por vezes, essa maldição pode ser proferida deliberadamente.


Mas, provavelmente o mais comum é, tal como no relacionamento
entre marido e mulher, um pai dirigir palavras ao seu filho cuja in-
tenção não é amaldiçoar deliberadamente, mas que, não obstante,
produzem exactamente o mesmo efeito. Cada um dos exemplos que

122
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

se seguem é uma junção de elementos que encontrei em situações


da vida real.
Um pai tem três filhos. O primogénito é bem vindo apenas
por ser o que é - o primogénito. O mais novo tem um talento fora
do comum, e uma personalidade extrovertida. Mas o filho do meio
não tem nenhum destes factores a seu favor. Ele fica a matutar
sobre mal entendidos, mas tende a guardar os seus sentimentos
para si próprio. Para além disso, o pai vê no seu filho do meio,
aspectos do seu próprio carácter, de que ele não gosta, mas com os
quais nunca se prontificou a lidar na sua vida. Parece-lhe menos
doloroso condenar esses aspectos no seu filho do que nele próprio.
Como resultado, o filho do meio nunca sente que tem a apro-
vação do seu pai, e acaba por deixar de tentar conquistá-la. O seu
pai interpreta essa reacção como teimosia. Cada vez mais, ele sol-
ta um desabafo de desaprovação em palavras como: “Nem sequer
tentas! És preguiçoso! Nunca irás tornar as coisas melhores!” Ele
nem se apercebe que está a pronunciar um mau destino que poderá
facilmente perseguir o seu filho para o resto da sua vida.
Nem sou capaz de contabilizar a quantidade de homens que
conheci e cujas vidas foram afectadas por palavras negativas, de
crítica e destrutivas pronunciadas por um pai. A partir das histó-
rias desses homens aprendi que essas palavras são, na realidade,
uma maldição. A passagem do tempo não diminui o seu efeito. Há
homens de meia-idade, que podem sentir que as suas vidas ainda
são afectadas por palavras que o seu pai lhes dirigiu, quando eram
crianças. A única solução eficaz é lidar com essas palavras especi-
ficamente como uma maldição, e aplicar-lhes o remédio que Deus
providenciou.
Tal como nos casos do Jack e da Mary, ou do Jim e da Jane,
há muitas outros diferentes, para a mesma situação. Um pai que
é habilidoso de mãos, por exemplo, pode ter um filho que revela
um atraso invulgar no desenvolvimento da sua destreza manual.
Depois do filho se ter atrapalhado com várias tarefas práticas que
lhe foram atribuídas, o pai exclama, “Só tens polegares!” ou “Tens
duas mãos esquerdas!”
123
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

O pai pode dizer estas palavras na brincadeira, sem estar zan-


gado. Todavia, elas têm um impacto permanente sobre o filho.
Trinta anos mais tarde ele continua envergonhado ou hesitante
sempre que é confrontado, mesmo com uma simples e pequena
tarefa para desempenhar. Esta continua a ser uma área da sua vida
na qual ele nunca é bem sucedido. No entanto, a raiz do seu pro-
blema pode não ser tanto falta de habilidade, mas falta de confian-
ça. Ele nunca foi capaz de reedificar a confiança que, ainda que
sem intenção, o seu pai destruiu na sua infância.
As filhas, tal como os filhos, podem sofrer dos efeitos das pa-
lavras negativas de um pai. Uma filha adolescente, por exemplo,
extremamente consciente do seu problema de acne, passa várias
horas todas as manhãs em frente do espelho, tentando disfarçar as
pústulas com vários tipos de creme para o rosto. O pai, enquanto
espera para ir levá-la à escola, vai ficando cada vez mais irritado
por ela levar tanto tempo a arranjar-se. Um dia, quando a filha
se atrasa mais do que o costume, a sua irritação explode. “Estás
a desperdiçar o teu tempo em frente a esse espelho”, refila ele.
“Nunca te vais conseguir livrar das tuas borbulhas!” Vinte anos
mais tarde, a filha, agora casada e com filhos, continua a tentar
cobrir a sua acne, mas em vão.
As palavras amargas e rancorosas - quer sejam proferidas por
um marido para a sua esposa, ou por um pai para o seu filho - são
normalmente fruto de um período de crescente tensão interior. É
como uma chaleira que se coloca ao lume à espera que ferva. Ao
princípio, a tensão acumula-se no interior sem que haja qualquer
indicação exterior. Mas quando a água que está lá dentro começa
a ferver, o vapor é expelido e a chaleira começa a assobiar. Depois
disso, não há maneira de fazer parar aquele assobio. A única solu-
ção é retirar a chaleira do lume e deixar a água arrefecer.
Para um cristão, isto significa voltar-se para Deus com uma
oração interior urgente: “Senhor, estou a começar a perder o con-
trolo, mas eu entrego-Te o meu espírito. Podes ser Tu a ficar no
controlo?”
De outra forma, quando a irritação e a cólera se acumulam
124
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

continuamente dentro de uma pessoa, acabarão por ser expelidas


como o vapor, através de palavras dolorosas e que magoam. A
maldição que as acompanha é como o assobio. Uma vez pronun-
ciada, não há forma de a revogar. Nesse caso, a única solução é
reconhecer que foi pronunciada uma maldição, e buscar a ajuda de
Deus para a cancelar.
Uma mãe tem autoridade sobre os seus filhos, a qual é ou
partilhada com o seu marido, ou delegada por ele. No entanto, por
vezes uma mãe não está satisfeita com o exercício da sua autorida-
de legítima. Em vez disso, ela explora as emoções e a lealdade dos
seus filhos, de forma a obter um controlo ilegítimo sobre eles e di-
rigir o rumo das suas vidas. Eis outro exemplo de “feitiçaria!” Isto
torna-se particularmente evidente quando os seus filhos começam
a escolher os seus amigos. Se a mãe concorda com a escolha dos
filhos, ela derrete-se em gentilezas. Mas se não concorda, emerge
um lado completamente diferente do seu carácter.
Nos parágrafos que se seguem, um marido e a sua esposa
contam as suas experiências que resultaram de uma maldição pro-
nunciada pela mãe da esposa, quando eles casaram. Em primeiro
lugar, eles descrevem os efeitos que a maldição teve sobre cada
um deles; depois, como se aperceberam da maldição e deram os
passos bíblicos para serem libertos dela.

Marido
Viver debaixo de uma maldição é como viver numa névoa:
os efeitos podem ser vistos, no entanto não têm nem forma nem
substância clara. Embora se possa experimentar o sucesso, só se
sente frustração e desespero.
Quanto a mim, as bênçãos de Deus pareciam sempre um tanto
remotas e inatingíveis. Sentia muitas vezes a presença de Deus e
movia-me nos dons espirituais, no entanto a satisfação no minis-
tério e na vida pareciam estar fora de alcance. A minha esposa e
filhos tinham problemas de saúde persistentes, e as finanças eram
sempre curtas (apesar de darmos o dízimo, ofertarmos regular-
mente e vivermos de uma forma frugal).
125
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Embora soubesse claramente o ministério para o qual Deus


me tinha chamado, não me conseguia mover nessa direcção. A
maioria do meu trabalho parecia terminar apenas com uma me-
dida de produtividade. Era capaz de dar início a algo, mas não
conseguia completá-lo. Parecia estar a enfrentar uma espécie de
resistência invisível.
Esta luta durou anos. Até que um dia, me encontrei a explicar
a situação a um grupo de ministros, incluindo o Derek Prince. Eles
discerniram que havia uma maldição sobre a minha família, pro-
veniente da minha sogra. Vou deixar que a minha esposa explique:

Esposa
No princípio do meu casamento passei dois dias em jejum
e oração. Senti que o Senhor me tinha mostrado que havia uma
maldição na minha família. Eu e o meu marido, tínhamos sido re-
centemente baptizados no Espírito Santo e nunca tínhamos ouvido
falar de maldições. A nossa experiência, ao tentarmos ser libertos,
poderia ser comparada com retirar os vários véus de uma cebola.
Esta maldição reflecte um espírito de feitiçaria que tem opera-
do através das mulheres da minha família, especialmente através
da minha mãe. A minha família frequentava a igreja, era moral e
bastante “normal”, mas a feitiçaria trabalhava de uma forma subtil
para destruir, gradualmente, a autoridade dos homens da nossa
família, ao mesmo tempo que manipulava os outros membros da
família.
Eu não tinha percepção do controlo que a minha mãe exercia,
até me ter tornado noiva. À medida que comecei a colocar a minha
lealdade no meu futuro marido, comecei a sentir o ressentimento
crescente da minha mãe. E foi então que ela disse, “Ele nunca
irá ganhar dinheiro suficiente, e tu terás de trabalhar o resto da
tua vida”. Ao longo do nosso casamento tenho lutado contra essa
“maldição”. Eu estava determinada a “mostrar-lhe” o contrário
não trabalhando fora de casa, mas, na verdade, eu estava a ser con-
trolada por ela porque não estava livre para arranjar um emprego!
Da mesma forma, o meu marido e eu nunca nos conseguíamos
126
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

visualizar como pessoas prósperas, e temos tido problemas finan-


ceiros contínuos.
Mais tarde, pouco tempo depois de ter casado, a minha mãe
disse, “Sabes que fisicamente não és uma pessoa forte”. Foi como
se alguém me tivesse dado uma pancada na cabeça! Fiquei chocada
com as palavras dela porque nunca tinha pensado em mim mes-
ma como uma pessoa fraca ou doente. Pelo contrário, eu tinha sido
sempre saudável e atlética. Então, comecei a pensar que provavel-
mente me tinha enganado, e que não era fisicamente forte…Depois
disso, tenho-me debatido muito contra dores físicas, algumas de
longa duração.
Também me debati com o facto de que estava a começar
a responder ao meu marido e filhos da mesma forma que a mi-
nha mãe respondia. Isto deixou-me um sentimento de desespero.
Como é que poderia ver-me totalmente livre desta maldição? A
feitiçaria tinha tido controlo sobre várias gerações da minha fa-
mília. Parecia que o espírito, a ela associado, acreditava verdadei-
ramente que tinha direito de me dominar e, de facto, acreditava
mesmo que me possuía!
Sempre que me ministravam para eu receber libertação, este
espírito sussurrava dizendo que eu não poderia ser completamen-
te liberta. Comecei a culpar a minha mãe…Através de um lento
processo de revelação e libertação, como que “de camada em ca-
mada”, pude compreender que o meu inimigo não é a minha mãe.
Perdoei-lhe, e reconheci a maldição de feitiçaria que tinha andado
a influenciar-nos a ambas.
Desde que oraram, especificamente por mim, visando a li-
bertação de maldições, tive de aprender a batalhar contra padrões
de pensamentos e hábitos antigos. Agora, confesso diariamente
com confiança: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-
se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que
for pendurado no madeiro; para que aos gentios viesse a bênção
de Abraão em Jesus Cristo, a fim de que nós recebêssemos pela
fé a promessa do Espírito.” (Gálatas 3:13-14). Cristo redimiu-me
da maldição!
127
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Marido
Depois de orarmos para quebrar as maldições, houve uma
clara “purificação do ar”. As mudanças não têm sido nem dra-
máticas, nem imediatas, mas têm sido reais. Há um sentido de
direcção na minha vida.
Há progresso. Sinto que tenho um nível bíblico de controlo
sobre a minha vida, e que posso tomar a posição que me pertence,
por direito, na minha família. Também posso ver produtividade e
fruto como resultado do meu trabalho.
O mais importante para mim é que há esperança. A escuridão
nebulosa do futuro foi substituída pelo entusiasmo e gozo com o
que Deus está a fazer. O “nevoeiro” está a levantar!
É importante verificar que a mãe da esposa não tinha cons-
ciência de todos os efeitos que as suas palavras tiveram sobre a
sua filha e genro. Ela própria, estava prisioneira de uma força es-
piritual, que vinha dos seus antepassados familiares. É muito pos-
sível que aquilo tivesse afectado a família por muitas gerações. A
misericórdia de Deus providenciou uma forma de libertação do
seu controlo.
A vida escolar é outra das áreas na qual as relações de autori-
dade são importantes, embora a autoridade de um professor sobre
os seus alunos não seja tão bem delimitada como a de um pai. As
palavras negativas proferidas por um professor em relação a um
aluno, podem ter o mesmo efeito destruidor como se tivessem sido
pronunciadas por um pai. Por exemplo, um professor pode ficar
irritado com um aluno que é desatento e lento na aprendizagem, e
desabafar com palavras como: “Nunca vais ser capaz de ler con-
venientemente!” ou “Fazes sempre tudo ao contrário; nunca serás
bem sucedido!”
É muito improvável que o professor não se aperceba do peri-
go de palavras como aquelas, e nunca irá ver o resultado que elas
produzem sobre a vida futura dos alunos. Contudo, conheci vários
homens e mulheres adultos que se têm debatido contra o efeito de
palavras proferidas por um professor na escola primária. Lembro-
me de uma senhora cristã dedicada, que tinha estado assombrada
128
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

por um sentimento de inferioridade durante quarenta anos, o qual


se reportava a um comentário de um professor que lhe tinha dito,
“Tens uma cabeça oca!” Na verdade, teria sido difícil encontrar
alguém a quem estas palavras se aplicassem menos.
Isto são exemplos do potencial efeito destruidor de palavras
proferidas por pessoas que têm autoridade através de um rela-
cionamento que temos com elas. Os relacionamentos específicos
- escolhidos apenas como exemplos - foram os de marido, pai,
mãe e professor. Há um traço característico que percorre toda a
variedade de formas pelas quais, estas figuras de autoridade se
exprimem. Esse traço pode ser resumido numa breve expressão:
“Nunca prosperarás - nem serás bem sucedido!”
É concerteza significativo o facto de Moisés, ao descrever
a Israel o resultado da “maldição da lei”, ter usado precisamen-
te as mesmas palavras: “Não prosperarás nos teus caminhos”
(Deuteronómio 28:29). Pela minha parte, sempre que ouço al-
guém usar essas palavras, fico sempre alerta pela possibilidade de
uma maldição estar a ser proferida.
A religião é outra das áreas principais na qual a autoridade se
apresenta em pessoas que detêm certos cargos. Consequentemente,
as suas palavras têm o potencial para o bem ou para o mal, que
corresponde à autoridade do seu cargo. Durante muitos séculos
na Europa, uma das principais armas usadas pelos papas da Igreja
Católica Romana era a “excomunhão” papal (ou seja, maldição),
que proclamavam sobre todos aqueles que eles consideravam he-
réticos. Seria impossível escrever uma história fiel da Europa sem
ter em consideração os efeitos desta excomunhão papal. Havia
mesmo soberanos de algumas nações que a temiam mais do que
uma declaração de guerra.
No lado protestante da Igreja, não há ninguém que tenha al-
guma vez atingido uma autoridade igual à do papa. Ainda assim,
onde quer que haja uma autoridade eclesiástica há sempre a possi-
bilidade de ela ser abusada. Mesmo o pastor de uma pequena igre-
ja “independente”, com apenas um punhado de membros, pode
proferir palavras que são, de facto, uma maldição.
129
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Lembro-me de um homem com excelentes habilitações para


o negócio - vamos chamar-lhe Frank - que veio em busca de acon-
selhamento. Ele tinha passado dez anos em que nada lhe tinha
corrido bem, e só com muito esforço é que estava a conseguir
sustentar a sua esposa e família. Perguntei ao Frank se tinha acon-
tecido alguma coisa na sua vida por volta da altura em que as
coisas tinham começado a correr mal. Na sua mente ele voltou ao
período em que ele e a sua família tinham frequentado uma igreja
independente. Após vários desentendimentos com o pastor, acaba-
ram por anular a sua adesão.
Como a sua família era uma das principais fontes de rendi-
mento da igreja, o pastor reagiu com medo e insegurança. A últi-
ma troca de palavras entre o Frank e o pastor tinha sido amarga,
de ambas as partes. O pastor acabou por concluir dizendo: “Deus
colocou-vos nesta igreja. Se saírem ficarão longe da Sua vontade.
Nada vos irá correr bem!”
De facto, daí em diante, nada correu bem ao Frank. Felizmente,
quando ele compreendeu a causa das suas frustrações, pôde liber-
tar-se daquela maldição pastoral. Mas, primeiro ele teve de pedir
perdão ao pastor e clarificar as coisas entre eles. Depois disso, o
rumo da vida do Frank mudou para melhor.
O caso do Frank não é uma excepção. Conheci um número
impressionante de pessoas que passaram por situações semelhan-
tes. Quase invariavelmente, o pastor disse a mesma coisa: “Deus
colocou-te nesta congregação. Se saíres nunca irás prosperar!”
(Reparem nestas palavras tão comuns!) Mas, graças a Deus que
Ele providenciou uma solução - para ambas as partes envolvidas
na disputa.
Em 1985, enquanto ministrava na Austrália, fui confrontado
com os efeitos de uma maldição eclesiástica que tinha persistido
durante mais de três séculos. Uma senhora—a quem iremos cha-
mar Margaret—ouviu o meu ensino sobre bênçãos e maldições.
No final da minha mensagem, reconhecendo evidências claras de
uma maldição a operar na sua família, a Margaret pôs-se de pé,
com muitas outras pessoas, e repetiu a oração da libertação. Mais
130
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

tarde, ela enviou-me uma carta dando mais detalhes sobre o seu
caso.
Os seus antepassados vinham da Escócia, de um clã que se
chamava nyxon. No século XVII, este clã havia-se envolvido em
várias guerras fronteiriças entre escoceses e ingleses. Como re-
sultado, o Bispo da Escócia (escolhido pelos ingleses) tinha pro-
nunciado uma maldição sobre todo o clã Nyxon. A Margaret en-
viou-me em anexo uma cópia da maldição, a qual decretava, entre
outras coisas, que os membros do clã deveriam ser enforcados,
afogados e esquartejados”, e as suas entranhas dadas aos cães e
aos porcos. Depois do clã ter sido derrotado numa batalha, esta
sentença foi devidamente executada nos membros que foram cap-
turados vivos.
Dois anos mais tarde, ao regressar à Austrália, encontrei-me
brevemente com a Margaret. Mais tarde ela escreveu a seguinte
carta:

Muito obrigada por ter orado por mim e pela


minha família, e por nos entregar a palavra pro-
fética de Deus enquanto esteve em Melbourne.
Perguntou se a nossa família tinha mudado desde
que fomos libertos da maldição. Não tive
tempo para lhe contar quando nos encontrámos,
mas, sim, toda a minha família - o meu marido,
as minhas filhas, de 23 e 24, e o meu filho, de 21
anos - vieram a conhecer o Senhor pessoalmente
durante os dois últimos anos, e agora juntámo-
nos a uma igreja do Evangelho Pleno aqui em
Melbourne.

Que testemunho impressionante sobre o poder de uma mal-


dição! Ela tinha perseguido o clã da Margaret ao longo de três sé-
culos atravessando o mundo, de Inglaterra à Austrália. Assim que
a maldição foi identificada e cancelada, a barreira invisível que
impedia que a bênção de Deus caísse sobre a família da Margaret,
131
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

foi removida, e toda a sua família entrou na salvação.


Isto levanta, naturalmente, a questão, Quantas outras famí-
lias é que estão sendo impedidas de chegar à salvação por causa
de uma maldição desconhecida?

Questionário

1. 
É impossível compreender o reino do espíri-
to ou funcionar nele sem uma compreensão dos
_______________________.
2. Apenas Deus tem _______________________ autoridade.
3. Através de toda a Bíblia a bênção do _______________
_________________ é considerada em segundo lugar na
importância a seguir da do Próprio Deus.
4. Verdadeiro ou falso: A mesma autoridade que lança uma
bênção efectiva, lança igualmente uma maldição efectiva.
5. Qual é o mais básico de todos os relacionamentos da auto-
ridade humana?
6. Verdadeiro ou falso: uma vez que uma maldição tenha sido
pronunciada, existem várias maneiras de recuperá-la.
7. A ameaça característica vinda de uma maldição de uma figu-
ra da autoridade é a que uma pessoa nunca será___________
_________________ ou __________________________.

Aplicação na Vida

1. Já teve numa situaçaõ de ter autoridade sobre certas pes-


soas? Se sim, recorda-se de falar mal ou dizer palavras
negativas? Tira alguns momentos e peça a Deus para lhe
perdoar e então fale uma palavra de bênção sobre as vidas
destas pessoas.
2. Identifica-se com alguma das histórias deste capítulo? Em
que sentido?
3. Vê algumas situações ou condições na sua vida que pos-
132
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

sam ser resultado de alguém com autoridade sobre a sua


vida que tenha proferido uma maldição? Especificamente
qual?

Versículo para memorizar

Sim, o meu ser íntimo rejubila quando os teus lábios lison-


jeiam com suas palavras.
Provérbios 2:16

Proclamação de Fé

Pai dos Céus, eu esforçar-me-ei sempre para falar com gra-


ça, dizer palavras de vida e não de morte, bênçãos e não maldi-
ções.

Respostas

1. Princípios de autoridade.
2. Absoluto.
3. Pai.
4. Verdadeiro.
5. A do pai sobre os seus filhos.
6. Falso. Não há nenhuma maneira de recuperá-la. Tem de se
pedir a ajuda de Deus para revogá-la.
7. Próspera, bem sucedida.

133
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

Maldições auTo-iMPosTas

Num dos exemplos do capítulo anterior, o Jack disse à sua


esposa, “Estou farto da maneira como preparas as refeições”.
Através destas palavras ele colocou sobre si mesmo, ainda que
involuntariamente, uma maldição de indigestão que continuou a
afligi-lo para o resto da vida.
Tendo em vista este exemplo, é agora tempo de examinar
mais cuidadosamente toda esta área de maldições auto-impostas.
É de uma importância vital para todos aqueles que estão preo-
cupados com o seu bem estar pessoal. Isto expõe de uma forma
única o poder assustador das palavras que falamos acerca de nós
próprios. Elas são frequentemente como bumerangues que voltam
para trás para atingir aqueles que as pronunciaram.
Em Mateus 12:36-37, Jesus faz um aviso solene sobre o peri-
go de palavras proferidas descuidadamente:
Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens dis-
serem, hão de dar conta no dia do juízo.
Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas pa-
lavras serás condenado.
Aqui Jesus concentra-se em “palavras vãs”—isto é, palavras
proferidas descuidadamente, sem serem premeditadas. Muitas ve-
zes, quando alguém diz algum disparate ou algo negativo sobre si
mesmo, acaba por se desculpar dizendo, “Mas não foi essa a mi-
nha intenção”. No entanto, é precisamente contra palavras deste
género, que as pessoas “não têm intenção”, que Jesus lança o seu
aviso. O facto da pessoa que as profere “não ter intenção de” não
minimiza nem cancela de forma alguma, o efeito das suas pala-
vras, nem sequer liberta a pessoa do facto de que tem de prestar
contas.

134
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Em Provérbios 6:2 Salomão avisa uma pessoa que, impru-


dentemente, ficou por fiador do seu companheiro: “Enredaste-te
com as palavras dos teus lábios, prendeste-te com as palavras da
tua boca”. Esta é apenas uma de inúmeras formas pelas quais as
pessoas são “presas com as palavras da sua boca”. Podemos ser
facilmente apanhados numa armadilha deste tipo sem nos aperce-
bermos, mas para nos libertarmos, necessitamos de aplicar cons-
cientemente princípios bíblicos. Temos de nos lembrar que Deus
leva as nossas palavras a sério, mesmo quando nós não o fazemos.

Temos de nos lembrar que Deus leva as nossas palavras a sério,


mesmo quando nós não o fazemos.

Marcos 14:66-72 regista como, nos átrios do sumo sacerdote,


Pedro negou três vezes que era um discípulo de Jesus. Para realçar
a sua terceira negação, ele “começou a praguejar e a jurar”. Por
outras palavras, ele invocou uma maldição sobre si mesmo.
Pedro ficou rapidamente cheio de remorsos, mas, apesar de
tudo, ele não terá compreendido as implicações totais das suas pró-
prias palavras. Três dias depois, junto ao sepulcro vazio, os anjos
disseram à mulher, “Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro,
que ele vai adiante de vós para a Galileia”(Marcos 16:7). Pedro já
não era contado entre os Seus discípulos. Através das suas próprias
palavras ele tinha perdido o direito a permanecer como discípulo
de Jesus.
Mais tarde, João 21:15-17 regista como, junto ao mar da
Galileia, Jesus abriu graciosamente o caminho para Pedro retomar
a sua posição como discípulo. Ele perguntou a Pedro três vezes,
“Amas-me?” Pedro respondeu sempre afirmativamente, mas en-
tristeceu-se por Jesus lhe ter colocado a questão três vezes. Ele
não compreendeu que Jesus o estava a conduzir desta forma para
cancelar as suas anteriores negações. Por cada vez que ele tinha
feito a confissão errada, ele estava agora a fazer a confissão certa.
Foi nesta base que ele foi restaurado como discípulo.
A forma como Jesus lidou com Pedro, estabelece um padrão
135
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

para todos os que precisam de ser libertados do laço de uma má


confissão. Há três passos sucessivos: Arrepender - Cancelar -
Substituir. Primeiro, temos de reconhecer que fizémos uma con-
fissão errada e arrependermo-nos dela. Segundo, temos de cance-
lá-la, isto é, temos de desdizer, ou cancelar, tudo o que dissémos
que estivesse errado. Terceiro, temos de substituir a nossa anterior
confissão errada pela certa. Ao darmos estes três passos podemos
ser libertos desse laço.
Génesis 27:12-13 providencia outro exemplo de uma maldi-
ção colocada sobre si mesmo. Rebeca estava tentando persuadir o
seu filho Jacob a enganar Isaque, seu pai, então cego, para obter
a sua bênção (que Isaque pretendia pronunciar sobre o seu outro
filho, Esaú). Jacob estava ansioso para obter a bênção, embora
receando as conseqüências, se Isaque descobrisse que tinha sido
enganado.
“Por ventura meu pai me apalpará”, disse ele, “e serei a seus
olhos um enganador; assim trarei sobre mim uma maldição, e não
uma bênção”.
Rebeca respondeu imediatamente, “Meu filho, sobre mim
caia a tua maldição”.
O plano de Rebeca, para obter a bênção para Jacob, foi bem
sucedido, mas as suas próprias palavras expuseram-na a uma mal-
dição que a impediu de gozar os frutos do seu sucesso. Ela tornou-
se rapidamente pessimista e cínica. Pouco tempo depois encon-
tramo-la a dizer para Isaque, “Enfadada estou da minha vida por
causa das filhas de Hete. Se Jacob tomar mulher dentre as filhas de
Hete… de que me servirá a vida?” (Génesis 27:46).
Jacob teve de deixar a sua casa quase imediatamente para es-
capar à vingança do seu irmão, Esaú, e ficou longe durante cerca
de vinte anos. A Bíblia não nos diz nada sobre o resto da vida de
Rebeca ou sobre a altura e causa da sua morte. No entanto, parece
que ela nunca teve a satisfação de ver Jacob usufruir da bênção
que o seu esquema enganador lhe tinha permitido obter.
Ao longo dos anos, tenho ouvido muitas pessoas falar sobre
si próprias da mesma forma que Rebeca o fez: “Estou cansado de
136
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

viver… Não há nada que corra bem… Para quê?...Desisto!...Era


melhor que tivesse morrido…” Aprendi pela experiência que ex-
pressões como estas indicam, quase sempre, que há uma maldição
auto-imposta na vida da pessoa que a pronunciou.
Mateus 27:20-26 descreve um exemplo muito mais trágico e
abrangente de uma maldição auto-imposta. O governador romano,
Pilatos, consentiu, contra a sua vontade e a pedido da multidão,
libertar um criminoso chamado Barrabás, e impôr, em vez disso, a
sentença de morte sobre Jesus. No entanto, para não ficar associa-
do àquele acto, Pilatos lava as mãos em frente da multidão e diz,
“Estou inocente do sangue deste homem”.
Ao que a multidão responde, “O seu sangue caia sobre nós a
sobre nossos filhos”.
Estas palavras combinaram duas formas de maldição: uma
maldição auto imposta; uma maldição correspondente sobre os
seus descendentes. O registo objectivo da história confirma o re-
sultado de ambas. Daí a uma geração, os exércitos romanos ti-
nham destruído Jerusalém, e ou mataram ou venderam todo o
povo para a escravidão.
Desde esse tempo, durante dezanove séculos, houve uma nu-
vem escura de derramamento de sangue e tragédia que tem estado
interligada com o destino do povo Judeu. Vez após vez, de perse-
guição em perseguição, soberanos gentios têm-se voltado contra
judeus desprotegidos, homens violentos e depravados, do calibre
de Barrabás - aquele que eles haviam escolhido.
Mas, graças a Deus que aquilo não é o fim! Deus providen-
ciou uma via de reconciliação e restauração. Através da Sua ines-
crutável sabedoria e da Sua maravilhosa misericórdia, a morte
Daquele que foi executado como criminoso providenciou uma
forma de escapar às consequências dessa maldição. O Capítulo 17
irá explicar isto em pormenor.
Anteriormente, no capítulo 8, verificámos que, quando Deus
chamou Abraão pela primeira vez e o abençoou, Ele também pro-
nunciou uma maldição sobre todos os que o amaldiçoassem. Mais
tarde, esta maldição foi reafirmada quando Isaque abençoou Jacob,
137
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

e ainda outra vez quando Balaão pronunciou uma bênção profética


sobre Israel enquanto nação. Desta forma, Deus providenciou pro-
tecção para Jacob e os seus descendentes, o povo Judeu, de todos
os que tentassem amaldiçoá-los. Contudo, a história acabou por re-
velar que havia um tipo de maldição da qual, nem mesmo Deus,
poderia proteger o Seu povo: a maldição que eles pronunciaram
sobre si mesmos.
O mesmo se passa com os cristãos gentios, que se tornaram
herdeiros da promessa feita a Abraão, através da Nova Aliança
iniciada por Jesus. Incluído nas provisões da Aliança, está o direi-
to de invocar a protecção de Deus contra maldições que procedem
de uma fonte externa. Mas há um tipo de maldição contra a qual
nem mesmo Deus pode providenciar protecção: as maldições que
os cristãos proferem sobre si mesmos.
Esta é uma das formas pelas quais os cristãos trazem frequen-
temente vários tipos de problemas, sobre si mesmos, sem saberem
qual a sua origem. Ao falarem palavras negativas sobre si mesmos
fecham as portas a bênçãos e expõem-se a maldições.
Uma vez mais, a história de Israel providencia um exemplo
claro. Os capítulos 13 e 14 de Números registam a forma como
Moisés enviou doze líderes das tribos para expiarem a terra de
Canaã, a qual Deus havia prometido a Israel por herança. Dois
deles, Josué e Calebe, regressaram com um relatório positivo:
“Subamos animosamente e possuamo-la em herança, pois certa-
mente prevaleceremos contra ela”. Os outros dez deram um re-
latório negativo focado em gigantes e cidades muralhadas. A sua
conclusão foi a seguinte: “Não poderemos atacar aquele povo; é
mais forte do que nós”.
No tempo devido, Deus proclamou o seu julgamento. A todos
os israelitas que deram crédito ao relatório negativo, Deus disse:
“Tão certo como falastes aos meus ouvidos, assim farei a vós.
Neste deserto cairão os cadáveres daqueles que murmuraram con-
tra mim”. Os cadáveres dos espias incrédulos foram os primeiros
a cair. Por outro lado, o Senhor prometeu a Josué e a Calebe que
iriam tomar posse da terra acerca da qual, tinham dado um rela-
138
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

tório positivo.
Todos aqueles espias, tanto os crentes como os incrédulos,
determinaram o seu destino através das palavras que proferiram
acerca de si mesmos. Aqueles que disseram, “Seremos capazes de
tomar aquela terra”, possuiram-na. Aqueles que disseram, “Não
seremos capazes”, não entraram nela. Deus fez de acordo com as
palavras por eles pronunciadas. Ele não mudou! Deus ainda diz
aos Cristãos, da mesma forma que aos Israelitas, “Tão certo como
falastes aos meus ouvidos, assim farei a vós”.
Anteriormente, no Capítulo 4, apontamos uma lista de sete
características, que podem ser marcas de uma maldição. Muitas
vezes, é a forma como as pessoas falam de si próprias que as ex-
põe a estas condições. Sem se aperceberem, essas pessoas estão a
pronunciar maldições sobre si mesmas. Para se guardarem de tal
situação, precisam de reconhecer as formas erradas de linguagem
que usam e cultivar padrões de linguagem novos e positivos em
vez dos outros.
A lista que se segue repete as sete características, que podem
indicar que há uma maldição, mas acrescenta debaixo de cada
título formas típicas de linguagem que, normalmente, expõem
as pessoas à condição descrita. Estes breves exemplos deverão
ser suficientes para indicar os tipos de expressões perigosas, e as
áreas em que pode ser necessário mudar. Pela parte que nos toca,
a Ruth e eu aprendemos a exercitar uma vigilância e domínio pró-
prio contínuos na forma como falamos acerca de nós mesmos.

1 - Esgotamento mental e/ou emocional


“Isto está a por-me doido!”
“Já não consigo aguentar”
“Fico chateado só de pensar que…”

2 - Doença repetida ou crónica (especialmente se


hereditária)
“Onde quer que haja um virus, eu apanho-o”
“Estou farto e cansado…”
139
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

“Isto está na família, por isso acho que vou ser o próximo”.

3 - Esterilidade,tendência para abortar ou problemas fe-


mininos do género
“Acho que nunca irei engravidar!”
“Estou outra vez com a “maldição”.
“Eu sei que vou perdê-lo, perco sempre!”

4 - Dissolução do casamento e alienação da família


“A mulher que me leu a sina disse que o meu marido me ia
deixar”
“Eu sempre soube que o meu marido iria encontrar outra
mulher”.
“Na nossa família sempre andámos às turras como cães e
gatos”

5 - Insuficiência financeira e contínua


“Nunca tenho dinheiro que chegue; o meu pai era a mesma
coisa”.
“Não posso dar o dízimo”.
“Odeio aqueles “gordalhufos” que conseguem tudo o que
querem. Só a mim é que isso não acontece”.

6 - Ser “dado a acidentes”


“Acontece-me sempre isto”.
“Já sabia que íamos ter problemas…”
“Sou uma pessoa desajeitada”.

7 - Uma história de suicídios e de mortes anormais ou pre-


maturas
“Qual é o propósito de estar vivo?”
“Só por cima do meu cadáver!”
“Preferia morrer do que ir por onde tenho andado”.

As pessoas que usam este tipo de linguagem estão, incons-


140
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

cientemente, a convidar espíritos malignos para se apoderarem


delas. O tipo de espírito maligno, que responde, é determinado
pela linguagem usada. Existem classes de espíritos que correspon-
dem a cada uma das sete categorias acima referidas.
Um dos tipos de espírito que é particularmente comum é o es-
pírito de “morte”. Ele responde ao tipo de linguagem referida sob
a categoria “Suicídios e mortes anormais ou prematuras”. Produz
um sentimento de que a vida não tem significado nem perspecti-
vas futuras, e uma tendência mórbida para se concentrar em pen-
samentos de morte. Também se manifesta frequentemente numa
série interminável de enfermidades físicas, para muitas das quais
parece não haver qualquer causa médica óbvia. Finalmente, este
espírito de morte irá levar a pessoa ao suicídio ou causar uma
morte prematura de qualquer outra forma. Em João 8:44, Jesus
avisou-nos que Satanás é um homicida. Um dos agentes que ele
usa para matar pessoas é o espírito da morte, o qual faz com que
elas morram antes de tempo. Quando compartilhei isso com um
amigo meu que é médico, ele confirmou que viu várias vezes pes-
soas morrerem quando não havia causas médicas suficientes que
explicassem a sua morte.
É possível que tenha reconhecido numa ou mais das catego-
rias que foram acima referidas, coisas que você próprio já disse.
Se assim for, não fique desencorajado! Existe uma saída! No iní-
cio deste capítulo, o apóstolo Pedro foi dado como exemplo dos
três passos que são necessários para sair de uma maldição auto
-imposta: Arrepender-se - Cancelar - Substituir.

Os três passos necessários para sair de uma maldição


auto-imposta são: Arrepender-se - Cancelar - Substituir.

Primeiro temos de reconhecer que fizémos uma confissão


errada sobre nós próprios, e arrependermo-nos dela. Segundo,
temos de cancelá-la, ou seja, desdizê-la. Terceiro, temos de subs-
tituir a nossa anterior confissão errada pela confissão certa. Tudo
isto será explicado com maior detalhe no capítulo 21.
141
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Outra das formas, através da qual as pessoas podem trazer


uma maldição sobre si mesmas, são promessas ou juramentos que
são requeridos para admissão a uma fraternidade ou irmandade
fechada, ou a uma sociedade secreta. Lembro-me de uma situação
em que a minha primeira esposa, Lydia, e eu, estávamos a tentar
ajudar uma rapariga cristã a ser liberta da escravidão demoníaca.
Apesar de muitas orações e lutas, não houve libertação. De re-
pente, a Lydia sentiu-se impelida a dizer à rapariga para tirar o
anel que tinha no dedo. Assim que o retirou, ela foi liberta sem
quaisquer outras lutas.
A Lydia agiu somente segundo o que o Espírito Santo estava
a incentivá-la. Ela não sabia nada acerca daquele anel, que era,
na verdade, um anel de uma irmandade universitária. Para poder
fazer parte da irmandade, a rapariga teve de fazer certas promes-
sas que eram inconsistentes com a fé cristã. Ao renunciar ao anel,
ela cancelou efectivamente aquelas promessas e recuperou a sua
liberdade como filha de Deus.
Numa outra ocasião, a Lydia e eu fizemos parte de um grupo
que estava a ministrar a uma jovem, que confessou ter sido uma
sacerdotisa de Satanás. Ela tinha no dedo um anel que simboli-
zava o seu “casamento” com Satanás. Quando lhe dissémos que
ela teria de tirar o anel, ela tirou-o, mas, de repente, debaixo do
impulso de Satanás, engoliu-o. Um jovem que estava presente re-
cebeu uma unção especial de fé, e ordenou à jovem que vomitasse
o anel, o que ela fez prontamente! Então, atirámos o anel para um
lago nas redondezas. O passo final da libertação daquela jovem
seguiu-se quando ela queimou publicamente todas as roupas que
tinha vestido enquanto adorara a Satanás.
Incidentes como estes tornaram bem real para mim as direc-
ções dadas em Judas 23: “salvai-os, arrebatando-os do fogo; e de
outros tende misericórdia com temor, abominação até a túnica
manchada pela carne.”.
Em ambos os exemplos acima expostos, a escravidão satânica
estava associada a um anel. O significado de um anel é que, mui-
tas vezes, ele simboliza uma relação de aliança. Na nossa cultura
142
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

ocidental, por exemplo, é normal para um marido e a sua esposa


usarem, cada um, um anel, simbolizando a relação de aliança do
casamento. Segundo os padrões bíblicos, uma aliança é a forma de
relacionamento mais solene e poderosa que uma pessoa pode esta-
belecer, quer a aliança seja entre Deus e homem, ou entre homem
e o seu companheiro. Satanás tem conhecimento deste facto e por
isso, explora relações de aliança feitas por si próprio para obter o
maior controlo possível sobre as pessoas.
Por essa razão, em Êxodo 23:32, Deus deu instruções aos
Israelitas em relação às nações idólatras de Canaã: “Não farás
aliança alguma com eles, nem com os seus deuses”. Deus estava
a avisar o Seu povo de que se estabelecessem uma aliança com os
Cananeus, que adoravam falsos deuses, essa aliança iria ligá-los
não apenas aos Cananeus, mas também aos seus deuses. Dessa
forma estariam a entrar em escravidão debaixo desses deuses.
Uma das áreas da sociedade contemporânea à qual este avi-
so se aplica particularmente é a Maçonaria. Os maçónicos afir-
mam que a natureza da sua associação é secreta, mas isso não
está correcto. Todos os principais rituais e fórmulas da Maçonaria
foram tornados públicos em diferentes alturas, tanto por pessoas
que eram formalmente maçónicas (incluindo algumas que tinham
atingido o nível mais alto), quer por pessoas que examinaram
cuidadosamente os materiais disponíveis a qualquer investigador
competente.
Para os objectivos deste livro, será suficiente referir dois fac-
tos sobre a Maçonaria. Primeiro, para se ser iniciado, uma pessoa
tem de fazer os juramentos mais cruéis e bárbaros para nunca re-
velar nenhum dos segredos da Maçonaria. Seria impossível en-
contrar um exemplo mais arrepiante de maldições auto-impostas
do que estes juramentos.
Segundo, a Maçonaria é uma religião falsa. Alguns maçóni-
cos negam que ela seja uma religião, mas eis algumas das princi-
pais características que a marcam como tal: a Maçonaria tem a sua
revelação própria; os seus templos; os seus altares; os seus símbo-
los e emblemas religiosos (que incluem um anel); a sua confissão
143
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

de fé; os seus sacerdotes; os seus rituais. Finalmente tem a sua


própria divindade, um deus falso, a quem chamam um “Princípio
Criador” ou “o Grande Arquitecto do Universo”.
A Maçonaria é uma religião falsa porque reconhece um
deus falso. Muitos dos objectos e símbolos associados com o
Cristianismo, incluindo a Bíblia, são usados na Maçonaria, mas
este é um engano deliberado. O deus que a Maçonaria reconhece
não é o Deus da Bíblia. Embora o nome sagrado e bíblico de qua-
tro letras- JHVH (normalmente soletrado “Jeová”)—seja usado na
literatura Maçónica, ele é interpretado como referindo-se a uma
entidade divina que combina em si mesma princípios masculinos
e femininos. Do mesmo modo, o grau de Arco Real usa uma for-
ma abreviada do nome Jeová em combinação com formas abre-
viadas de duas divindades pagãs, Baal e Osiris, e reconhece este
ser “combinado” como deus. Isto não fica longe de um insulto
deliberado ao único e verdadeiro Deus revelado na Bíblia como
Jeová.
Eu nunca tive qualquer interesse pela Maçonaria até que co-
mecei a descobrir os efeitos nocivos que ela havia produzido nas
vidas de pessoas que vinham em busca de oração. Alguns dos
exemplos mais assustadores que encontrei, sobre maldições, a
operar na vida das pessoas estavam associados à Maçonaria. Os
efeitos eram manifestos na segunda e terceira gerações das pes-
soas que tinham tido um maçónico entre os seus antepassados.
Houve um caso que me impressionou bastante. Perto do fim
de um culto de Domingo de manhã na Austrália, a Ruth e eu está-
vamos a orar por pessoas que precisavam de cura. Uma das pes-
soas que veio à frente era uma jovem cujo olhar parado, cabelo
desalinhado e voz indistinta sugeriam uma ligação numa subcul-
tura. Ela tinha um pequeno bebé nos braços.
“Ela não come nada”, a mãe murmurou desviando o olhar.
“Só umas gramas de cada vez”.
“Que idade tem ela?”, perguntámos
“Seis semanas”, respondeu a mãe, mas a bebé parecia mais
ter dias do que seis semanas.
144
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Quando a Ruth e eu imposémos as mãos na mãe para orarmos


por ela, ela caíu para trás no poder do Espírito Santo. Ao cair, a
Ruth apanhou a bebé e segurou-a nos seus braços. Dois dos obrei-
ros da igreja começaram a orar pela mãe que estava no chão.
Então, a Ruth recebeu uma palvra de conhecimento do
Espírito Santo. “O pai dela é maçónico”, disse a Ruth aos dois
obreiros. “Digam-lhe para renunciar a esse espírito”.
A mãe, estendida no chão, tentava articular as palavras,
“Renuncio…a esse…espírito…de Maçonaria”. Assim que ela
pronunciou estas palavras, o espírito maligno saiu dela com um
grito prolongado. Ao mesmo tempo, a bébé, que estava nos braços
da Ruth, emitiu um grito precisamente semelhante, e depois ficou
mole. Os obreiros ajudaram a mãe a levantar-se e a Ruth colocou
a bébé de novo nos seus braços.
Cerca de seis horas mais tarde, estávamos de regresso àquela
igreja para um culto à noite. No final, a mesma jovem voltou à
frente com a sua bébé.
“Como é que ela está?”, perguntámos-lhe.
“Ela está completamente diferente”, respondeu a mãe. “Já
bebeu três biberons desde a manhã!” Eu não conseguia deixar de
pensar que a mãe também tinha sofrido uma mudança dramática,
que brilhava nos seus olhos e soava na transparência da sua voz.
Mais tarde reflecti sobre este breve encontro em que tinhamos
visto evidências claras de uma maldição causada pela Maçonaria,
que tinha passado pelo menos para duas gerações: do pai que era
maçónico, para a sua filha, e depois para a sua neta, uma bébé
de apenas seis semanas. Determinei que daí em diante seria di-
ligente em avisar as pessoas do mal que os maçónicos trazem,
não só sobre si mesmos, mas também sobre os membros das suas
famílias, mesmo aqueles que não estão directamente envolvidos
na Maçonaria.
Para todos aqueles que fizeram uma promessa ou um voto
que os ligou a uma associação maligna como as que foram acima
mencionadas, Salomão oferece uma palvra urgente de aconselha-
mento em Provérbios 6:4-5:
145
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Não dês sono aos teus olhos, nem adormecimento às tuas pál-
pebras; Livra-te como a gazela da mão do caçador e como a ave
da mão do passarinheiro.
Há dois requisitos mínimos para libertação. Primeiro, tem de
renunciar verbalmente à sua associação. Aquilo que proferiu com
os seus lábios só você pode desdizer. É melhor fazer isso na pre-
sença de testemunhas adequadas que o apoiarão com a sua fé.
Segundo, tem de desfazer, e destruir, todos os emblemas, li-
vros e outros materiais que eram marcas da sua associação. Em
todos os três tipos de situação acima mencionados, um anel ti-
nha um significado especial. No caso da maçonaria, existem ainda
vários outros objectos, particularmente o avental. Lembre-se das
palavras de Judas 23: “abominação até a túnica manchada pela
carne”.

Questionário

1. Verdadeiro ou falso: as palavras negativas ou insensatas


que dizem acerca de vós próprios não contam se na reali-
dade não as quer dizer.
2. Quais são os três passos sucessivos para vos libertar do
laço de uma má confissão?
3. Qual é a única maldição da qual Deus não pode proteger o
Seu povo?
4. Verdadeiro ou falso: Quando as pessoas usam linguagem
negativa sobre eles próprios, estão inconscientemente a
convidar os espíritos demoníacos a domina-los.
5. Outro meio de invocar uma maldição auto imposta é fa-
zendo uma ___________________________ ou um
___________________________ a uma irmandade, fra-
ternidade ou sociedade secreta.
6. O que, pelos padrões bíblicos, é a mais solene e poderosa
forma de relacionamento na qual a pessoa pode entrar.

146
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

7. Verdadeiro ou falso: Maçonaria não é uma religião.


8. Há dois requisitos mínimos para a libertação da associação
com sociedades secretas. Quais são?

Aplicação na Vida

1. Há áreas na sua vida nas quais está experimentando maldi-


ções auto impostas? Se sim, quais especificamente?
2. Arrependa-se de dizer palavras negativas sobre a sua vida.
Revogue a maldição e diga uma palavra de bênção que é o
oposto à maldição.
3. V ocê ou alguém na sua família já tomaram parte numa so-
ciedade ou culto secreto? Qual ou quais?
4. Tem em sua posse alguns artigos associados a sociedades
ou cultos secretos? Consegue livrar-se deles? Se não, por-
quê?

Versículo para memorizar

Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável e mara-


vilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha
alma o sabe muito bem.
Salmo 139:14

Proclamação de Fé

Obrigado, Senhor, que os Vossos pensamentos sobre mim são


preciosos e que a totalidade deles é enorme” Sou feitura Sua (ver
Salmo 139:17; Efésios 2:10).

147
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Respostas

1. Falso. Isto não cancela o efeito das palavras, nem vos


liberta da prestação de contas.
2. Arrependimento, revogar, substituir.
3. A maldição que pronunciamos sobre nós mesmos.
4. Verdadeiro.
5. Promessa, juramento.
6. Aliança.
7. Falso. Tem templos, altares, padres e rituais.
8. Renúncia
 verbal e destruição de todos os emblemas, livros
e outros materiais envolvidos.

148
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

seRvos de saTanás

Neste capítulo iremos descobrir uma fonte de maldições com-


pletamente diferente: servos de Satanás.
As atitudes dos Cristãos em relação a Satanás variam entre
dois extremos. Alguns ignoram Satanás totalmente e tentam agir
como se ele não fosse real. Outros têm medo dele e dão-lhe muito
mais atenção do que ele merece. Existe um equilíbrio bíblico que
se situa entre estes dois extremos.
Satanás é um ser criado, um anjo rebelde, que foi expulso
do céu de Deus. Ele governa sobre um reino espiritual de anjos
maus e rebeldes, juntamente com espíritos malignos mais baixos,
chamados “demónios”.
O nome Satanás significa “adversário” ou “Opositor”. Ele é
o inimigo implacável e imutável do Próprio Deus e do povo e
propósitos de Deus. O seu objectivo é colocar toda a raça huma-
na debaixo do seu controlo. A sua táctica principal é o engano,
no qual ele é mestre. Em Apocalipse 12:9 ele é descrito como “o
grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás,
que engana a todo o mundo.”
Satanás já exerce domínio sobre a grande maioria da huma-
nidade: sobre todos aqueles que estão numa atitude de rebelião
contra Deus. Em Efésios 2:2, ele é descrito como “o espírito que
agora opera nos filhos da desobediência.” A maioria deles não tem
uma imagem clara da sua condição real. São simplesmente leva-
dos de um lado para o outro por forças que não compreendem nem
podem controlar.
No entanto, há aqueles que se abriram deliberadamente para
Satanás, ainda que possam não estar cientes da sua verdadeira
identidade. Cultivam sistematicamente o exercício das forças so-

149
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

brenaturais que Satanás libertou sobre eles para alcançarem poder


e ganhos materiais. Estes servos de Satanás são reconhecidos em
quase todas as culturas e são-lhes atribuídos uma variedade de
títulos diferentes: feiticeiro, curandeiro, mchaui, xamane, tohaga,
mago, bruxo, sacerdote ou sacerdotisa de Satanás e por aí fora.
Em quase todas as culturas tribais do mundo inteiro existe um
nome especial para este tipo de pessoa.
O próprio Jesus é a nossa principal fonte de informação sobre
Satanás. Quando Ele enviou setenta discípulos para prepararem o
caminho adiante Dele, eles voltaram alegres, dizendo: “Senhor,
pelo teu nome, até os demónios se nos submetem.” Ao que Jesus
respondeu: “Eu vos dei autoridade para pisar serpentes e escor-
piões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum.”
(Lucas 10:17-19).
Jesus não negou que Satanás era real ou que tinha poder. Mas
Ele prometeu aos discípulos que a autoridade que Ele lhes, havia
dado, lhes daria a vitória sobre o poder de Satanás e que os iria
proteger de todas as suas tentativas para lhes fazer mal. É impor-
tante que todos os servos do Senhor reconheçam a autoridade que
Ele lhes deu e que aprendam a exercê-la com eficácia.

É importante que todos os servos do Senhor


reconheçam a autoridade que Ele lhes deu
e que aprendam a exercê-la com eficácia.

As maldições são uma das principais armas usadas pelos ser-


vos de Satanás contra o povo de Deus. Isto é ilustrado de uma
forma clara pela história de Balaque e Balaão, em Números 22-24.
Balaque era rei do território de Moabe, na margem leste do
Jordão. Na sua viagem do Egipto para Canaã, Israel tinha acam-
pado na fronteira de Moabe. Balaque sentiu que o seu reino estava
a ser ameaçado, mas faltava-lhe a força ou a coragem para lan-
çar um ataque directo contra Israel. Em vez disso, ele contratou
Balaão para pronunciar maldições sobre eles, na esperança de que,
dessa forma, Israel ficaria enfraquecido ao ponto de Moabe poder
150
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

derrotá-los. Balaão era um “feiticeiro” famoso em toda a região,


que cobrava um preço alto pelos seus serviços.
Muitos Cristãos hoje em dia rejeitariam tudo isto como
uma “tolice” supersticiosa, desprovida de qualquer poder real.
Contudo, a reacção de Deus foi completamente diferente. Ele
encarou as maldições que Balaão poderia pronunciar, como uma
verdadeira ameaça para Israel. Consequentemente, Ele interveio
sobrenaturalmente e avisou Balaão para não aceitar a proposta.
Mas Balaão estava ansioso por receber as riquezas que Balaque
lhe havia prometido e, por isso, prosseguiu tencionando fazer o
que Balaque lhe pedira. Todavia, na altura certa, de cada vez que
Balaão tentou pronunciar maldições sobre Israel, Deus interveio e
trocou as intencionadas maldições por bênçãos!
Posteriormente, em Deuteronómio 23:5, Moisés relembrou
este incidente a Israel como prova do amor de Deus por eles:
“Porém o Senhor teu Deus não quis ouvir a Balaão, antes trocou
em bênçãos a maldição, porque o Senhor teu Deus te ama.”
Há um aspecto importante que necessita de ser realçado: Deus
não encarou a proposta de maldições de Balaão contra Israel como
palavras vazias, que não tinham qualquer poder. Ele perspectivou
-as como uma séria ameaça para Israel e, por essa razão, interveio
pessoalmente para frustrar a intenção de Balaão.
O tempo não alterou o ponto de vista de Deus. Ele não igno-
ra nem menospreza maldições dirigidas contra o Seu povo pelos
servos de Satanás. Pelo contrário, e tal como Jesus disse, Deus
reconhece o poder de Satanás, mas equipa os Seu próprios servos
com um poder superior.

Deus reconhece o poder de Satanás, mas equipa


os Seu próprios servos com um poder superior.

A Bíblia apresenta várias descrições de actividades de servos


de Satanás. Estas servem para avisar os servos de Deus, contra os
quais, estas actividades satânicas são muitas vezes dirigidas. Em
Ezequiel 13:17-20, por exemplo, Deus condena certas profetisas
151
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

falsas ou bruxas:
E tu, ó filho do homem, dirige o teu rosto contra as filhas do
teu povo que profetizam de seu coração, e profetiza contra elas,
e dize: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Ai das que cosem almofadas
para todos os sovacos e que fazem travesseiros para cabeça de
toda estátua, para caçarem almas! Porventura, caçareis as almas
do meu povo e guardareis vivas as almas para vós? Vós me profa-
nastes entre o meu povo, por punhados de cevada e por pedaços
de pão, para matardes as almas que não haviam de morrer e para
guardardes vivas as almas que não haviam de viver, mentindo,
assim, ao meu povo que escuta a mentira. Portanto, assim diz o
Senhor JEOVÁ: Eis aí vou eu contra as vossas almofadas, com
que vós ali caçais as almas como aves, e as arrancarei de vossos
braços; e soltarei as almas que vós caçais como aves.
Alguns dos pormenores não são claros, mas parece que es-
tas mulheres desempenhavam o típico papel de um feiticeiro.
Qualquer pessoa que tivesse uma zanga com outra pessoa contra-
tava-as para usarem as suas artes mágicas contra essa pessoa. Um
dos métodos usados era prender encantamentos mágicos à roupa
das pessoas. Desta forma, elas “caçavam as almas”, matando, na
verdade, pessoas inocentes. Em troca davam-lhes punhados de ce-
vada ou pedaços de pão.
Esta não é uma acusação improvável remanescente da ida-
de Média. É uma acusação feita pelo próprio Deus contra estas
mulheres. Para além disso, os servos de Satanás usaram métodos
semelhantes para atingir alvos durante séculos, e hoje ainda os
usam.
Em 1979-80, na cidade de Bath, na costa oeste da Inglaterra,
arqueólogos descobriram as ruínas de um templo do período roma-
no dedicado à deusa Minerva. Os sacerdotes deste templo tinham
um ministério semelhante ao das bruxas do tempo de Ezequiel. As
pessoas que andavam à procura de vingança, contratavam estes
sacerdotes para escreverem uma maldição apropriada contra essa
pessoa. Para escrever a maldição eram necessárias capacidades
especiais que só os sacerdotes possuíam. Uma vez escrita a mal-
152
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

dição, realizava-se uma cerimónia mágica para dirigi-la contra a


pessoa que era o seu alvo. Como é óbvio, os sacerdotes recebiam
o pagamento apropriado. Os adoradores também lançavam as suas
ofertas para a deusa numa nascente associada com o templo, em
cumprimento de um voto.
Esta forma de usar maldições e artes mágicas ainda é comum
no dia-a-dia da maioria dos povos do mundo, particularmente na
Ásia, África, Oceânia e América Central e do Sul. O relato que se
segue é de um missionário meu amigo que viveu toda a sua vida
na Zâmbia, na África Central, e conhece intimamente as línguas e
os costumes daqueles povos.

Numa conferência geral de Cristãos no nos-


so distrito rural da Zâmbia, o Espírito Santo tinha
falado uma forte palavra profética, clamando por
santidade, na Igreja. Muitos Cristãos foram con-
vencidos do pecado nas suas vidas e arrepende-
ram-se verdadeiramente, confessando os seus pe-
cados e clamando pelo perdão de Deus.
Depois do culto, um ancião de uma das nossas
igrejas numa aldeia remota dirigiu-se em lágrimas
ao pregador, tremendo por todo o lado, confessan-
do o terrível pecado de homicídio através de fei-
tiçaria.
O ancião contou-lhe que durante alguns anos
tinha andado em disputas com outro ancião na
igreja que estava acima dele. A situação tinha-se
tornado tão má que ele decidiu castigá-lo indo a
um feiticeiro local e pagando-lhe para amaldiçoar
aquele outro ancião. O feiticeiro tinha ficado con-
tente por poder fazer isso, especialmente por sa-
ber que aqueles dois homens eram supostamente
Cristãos. Ele pediu uma grande quantia de dinhei-
ro como depósito e depois disse ao homem para
voltar no dia seguinte.
153
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Quando regressou, o ancião encontrou o fei-


ticeiro sentado debaixo de uma árvore com um
espelho na mão e uma taça no chão à sua frente
com uma poção. O feiticeiro começou então por
espalhar a poção por todo o espelho e pediu ao
ancião para olhar cuidadosamente para o mesmo e
lhe dizer o que conseguia ver.
Assustado, o homem viu o rosto do outro an-
cião bastante nítido. Após o que o feiticeiro pegou
na lâmina de uma gillete e cortou a garganta do
rosto reflectido no espelho. Este ficou imediata-
mente coberto de sangue.
O ancião gritou: “Você matou-o! Só lhe pedi
para o amaldiçoar!” O feiticeiro respondeu, sol-
tando um riso entre dentes: “Pensei que deveria
fazer bem o trabalho enquanto estava com as mãos
na massa!”
O ancião apressou-se até casa. Para seu hor-
ror ficou a saber que o outro ancião estava de fac-
to morto, tendo falecido misteriosamente de uma
hemorragia repentina. O homem ficou aterroriza-
do com as consequências do que tinha feito e, por
isso, não disse nada a ninguém. Mas, naquele dia, o
Espírito Santo tinha-o convencido poderosamente
do seu pecado.
Felizmente para ele, “onde o pecado abundou,
superabundou a graça”. Através da confissão, arre-
pendimento e fé em Jesus Cristo, o homem foi não
só levado ao perdão e paz com Deus, mas também
à realidade do novo nascimento.

Alguns leitores ocidentais podem sentir-se inclinados para


rejeitar tudo isto como sendo práticas primitivas e supersticiosas,
provenientes “das trevas mais profundas de África”. Mas a ver-
dade é que, mesmo nas (proclamadas) nações mais civilizadas,
154
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

as práticas ocultas, que estiveram em declínio, estão novamente a


invadir tremendamente o território. Na Alemanha Ocidental, por
exemplo, muitos homens de negócios, os quais nunca procurariam
um ministro Cristão em busca de aconselhamento, consultam re-
gularmente uma cartomante no que diz respeito aos seus negócios.
Em meados da década de 80, um líder da Igreja Satânica na
América foi entrevistado na televisão. Perguntaram-lhe se é verda-
de que os satânicos praticam sacrifícios humanos, ao que respon-
deu: “Digamos que fazemos sacrifícios humanos por representa-
ção, a destruição de seres humanos que, digamos, poderiam criar
uma situação antagónica em relação a nós, na forma de maldições
e feitiços.”11 Esta não foi uma acusação feita contra ele por um
qualquer crítico hostil; foi algo que ele admitiu de livre vontade.
Em Israel, debaixo da lei de Moisés, isto teria sido punido
com a morte. No entanto, na nossa cultura contemporânea as prá-
ticas ocultas não são um crime e não existe qualquer castigo para
elas, mesmo que sejam usadas para matar pessoas.
A afirmação do satânico acima citado revela o uso que fazem
de maldições e feitiços para matar pessoas, mas não os absolve de
modo algum da acusação de praticarem sacrifícios humanos. O
seguinte relato retirado do New York Times, publicado no dia 12
de Abril de 1989, referente a um acontecimento que teve lugar em
Matamoros, México, contém provas macabras do contrário:

Na terça-feira,… a polícia (Mexicana e


Americana) encontrou os corpos de 12 pessoas,
incluindo um aluno de 21 anos, da Universidade
do Texas, que tinha desaparecido há um mês, em
oito rudes sepulturas num rancho remoto perto da
fronteira Americana. Hoje, em conferências de
imprensa aqui e em Brownsville, Texas, a polícia
disse que o gang de droga, entendendo os sacrifí-
cios humanos como um “escudo mágico”, que os
poderia proteger da polícia, foi responsável pelos
homicídios…
155
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Entre os suspeitos, ainda a monte, encontra-


se um traficante de droga com cadastro identifi-
cado como Adolfo de Jesus Constanzo, natural de
Cuba, a quem os outros chamam El Padrino – o
padrinho. A polícia disse que ele encomendou os
assassínios rituais, indicando aos seus seguidores
para raptarem, matarem e depois mutilarem, na-
quele rancho, rapazes que ele escolhia ao acaso
nas ruas da cidade.
A polícia descreveu os homicídios como uma
mistura distorcida de práticas sacrificiais e magia
negra do Haiti, Cuba e Jamaica…

Também houve relatos de sacrifícios de adolescentes e crian-


ças em várias localidades dos Estados Unidos, levados a cabo por
satânicos, como parte dos seus rituais.
Os alvos principais das maldições satânicas e de outras armas
ocultas são os servos de Deus e Jesus Cristo. Os satânicos sabem
reconhecer quem são os seus maiores inimigos e dirigir os seus
ataques contra eles. Isto pode ser ilustrado de uma forma clara por
um incidente que me foi contado por um pastor meu amigo.
Uma senhora Cristã, que o meu amigo conhecia, estava a co-
mer com a sua família num restaurante em New Orleans – cidade
que é conhecida como o centro espiritual da feitiçaria nos Estados
Unidos. Enquanto estavam à mesa foram abordados por satânicos
que tinham entrado no restaurante para “testemunhar” na mesma
forma que alguns Cristãos fazem, indo de mesa em mesa. Eles
estavam a recrutar pessoas para o satanismo de forma activa e
mostraram à senhora um folheto impresso para o ano de 1988 que
continha um plano geral com os seguintes seis pontos do seu pro-
grama mundial, que deveria ser acompanhado com jejum e oração
(!):

1. Que o Anticristo se manifestasse em breve.


2. Que ministros, líderes e missionários caíssem.
156
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

3. Que ministérios e obras de Deus fossem destruídas.


4. Que os cristãos se sentissem satisfeitos; que quisessem paz
acima de tudo; e que buscassem igrejas que não pregam o
evangelho pleno, com pastores que mantenham a paz ape-
sar do pecado.
5. Que os Cristãos cessassem de jejuar e orar.
6. Que os dons do Espírito Santo fossem ignorados.

Esta é apenas uma das muitas provas que a Igreja de Jesus


Cristo está actualmente debaixo de um intenso e sistemático ata-
que das forças de Satanás. O que é que a igreja pode fazer? Cristo
derrotou Satanás na cruz. Em primeiro lugar, como é que nos po-
demos defender; e, em segundo lugar, como é que podemos fazer
da vitória de Cristo uma realidade diária nas nossas vidas pessoais
e nas nossas igrejas?
A história da tentativa de Balaão de colocar uma maldição
sobre Israel dá-nos algumas respostas esclarecedoras. Deus inter-
veio em nome de Israel e transformou a maldição proposta em
bênção. O que é que Deus viu na conduta de Israel naquela altura
que O moveu a tomar a Sua posição contra Satanás por causa de-
les?
Eis alguns factores importantes que se combinaram para tra-
zer o favor de Deus sobre o Seu povo:

1. O povo de Israel estava-se a mover no cumprimento do


plano de Deus para eles.
2. Eles eram guiados de dia e de noite por uma nuvem e uma
coluna de fogo. Isto corresponde à direcção do Espírito
Santo para os crentes no Novo Testamento (ver Romanos
8:14).
3. Eles eram uma nação sob disciplina, com líderes nomeados
por Deus e leis dadas por Deus.
4. Os seus relacionamentos eram cuidadosamente organiza-
dos de acordo com um padrão divino. Este padrão harmo-
nioso de relacionamentos foi descrito de uma forma muito
157
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

bela pela própria descrição visionária de Balaão sobre eles,


em Números 24:5-6:

Que boas são as tuas tendas, ó Jacó! Que boas as tuas mo-
radas, ó Israel! Como ribeiros se estendem, como jardins ao pé
dos rios; como árvores de sândalo o SENHOR as plantou, como
cedros junto às águas.
Obviamente, esta não era uma imagem literal de Israel, uma
vez que nessa altura eles estavam acampados numa área deserta.

5. Muito do que foi referido acima deveu-se ao facto de que


toda uma geração de Israelitas descrentes e desobedientes
tinha sido expulsa de entre eles
(ver Números 26:63-65).

Que lições devemos retirar desta imagem de Israel? As suas


principais características podem ser resumidas da seguinte forma:
Israel era uma comunidade divinamente ordenada, disciplinada e
guiada, vivendo em harmonia uns com os outros. Por outras pala-
vras, Israel não era apenas uma assembleia de indivíduos, cada um
“fazendo o que lhe apetecesse”.
Deus não mudou aquilo que ele espera do Seu povo; e Satanás
também não alterou as suas tácticas contra o povo de Deus. Se nes-
tes tempos a Igreja não está a cumprir os requisitos para obter o
favor e a protecção de Deus, só há uma solução: a Igreja tem de
mudar.

Se nestes tempos a Igreja não está a cumprir os requisitos


para obter o favor e a protecção de Deus,
só há uma solução: a Igreja tem de mudar.

Contudo, infelizmente, o registo da estratégia de Balaão con-


tra Israel não acaba com a vitória total de Israel. Tendo falhado na
sua tentativa de trazer uma maldição sobre Israel, Balaão recorreu
a uma segunda táctica. Ele aconselhou Balaque a usar as mulheres
158
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Moabitas, como isco, para atrair os homens de Israel, primeiro à


imoralidade sexual e, segundo, à idolatria. Enquanto a primeira
táctica de Balaão falhou, a segunda foi bem sucedida.
Depois disso ele não tinha mais necessidade de pronunciar
uma maldição sobre os Israelitas. Ao quebrar o primeiro man-
damento de Deus, eles tinham trazido a maldição de Deus sobre
si mesmos e 24.000 pessoas pereceram (ver Números 25). Em
Números 31:16, Moisés afirma especificamente que o sucedido
foi consequência do conselho de Balaão.
Em 1 Coríntios 10:8, Paulo refere este incidente como um
aviso para os crentes no Novo Testamento. As tácticas enganado-
ras de Balaão são ainda mencionadas em outras três passagens do
Novo Testamento: 2 Pedro 2:15-16, Judas 11 e Apocalipse 2:14.
A estratégia de Balaão, contra Israel, contém obviamente avisos
importantes também para os crentes na Nova Aliança.

A lição central é simples: os Cristãos que vivem em obe-


diência disciplinada para com Deus e em harmonia uns com os
outros, podem buscar a Deus pela Sua protecção contra Satanás.
Mas os Cristãos indisciplinados, desobedientes e sem harmonia
perdem o seu direito à protecção de Deus.

11
Citado de America: The Sorcerer’s New Apprentice, de Dave Hunt e T.A.
McMahon (Harvest House Publishers, 1988).

Questionário

1. As duas atitudes extremas,dos Cristãos, perante


Satanás são, quer ___________________________ ou
___________________________ .
2. Qual é a táctica principal de Satanás?
3. Verdadeiro ou falso: As maldições são das principais armas
usadas pelos servos de Satanás contra o povo de Deus.
4. Qual foi a segunda táctica de Balaão para pôr Israel sob
159
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

uma maldição?
5. Deus reconhece o poder de Satanás, mas Ele equipou os
Seus próprios servos com ____________________ poder.
6. 
Os Cristãos que estão vivendo em disciplina-
da ____________________ com Deus e em
____________________ uns com os outros, podem contar
com a protecção de Deus contra Satanás.

Aplicação na Vida

1. Acredita que há pessoas que são servos de Satanás que po-


dem proferir maldições sobre as pessoas? Porquê ou por-
que não?
2. Que lições apreendeu da história de Balaão e Israel? Como
pode usar essas lições na sua vida?
3. Que áreas da sua vida necessitam mudar para que possa
desfrutar da protecção de Deus em maior dimensão?

Versículo para memorizar

A ninguém devais coisa alguma, senão o amor recíproco;


pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei.
Romanos 13:8

Proclamação de Fé

Senhor Jesus, desejo ser obediente à Vossa Palavra e cami-


nhar em unidade e amor com a família de Deus.
(ver 1 Pedro 3:8-12).

160
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Respostas
1. Ignorando, temendo.
2. Engano.
3. Verdadeiro.
4. Para seduzi-los ao pecado e idolatria, fazendo com que tra-
gam uma maldição sobre eles mesmos.
5. Superior ou maior.
6. Obediência, harmonia.

161
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

conveRsas caRnais

Não é difícil para os cristãos compreenderem que as forças


espirituais dirigidas contra si, pelos servos de Satanás, podem
ser perigosas e prejudiciais. No entanto, muitos cristãos ficariam
surpreendidos ao tomarem conhecimento de que há situações nas
quais, as forças espirituais que emanam de outros crentes, também
podem ser prejudiciais. Todavia, em Tiago 3:14-15, o apóstolo es-
creve tanto para os cristãos como acerca deles, quando lança o
aviso:
Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso
coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não
é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.
Para descrever um determinado tipo de “sabedoria”, Tiago
usa adjectivos em três níveis descendentes: primeiro, “terreno”;
abaixo deste, “animal”; e, no fim, “diabólico”. A chave para com-
preendermos este processo descendente reside no segundo adjecti-
vo, aqui traduzido por “animal”. Outras versões dizem “sensual”.
A palavra grega é psuchikos, formada directamente a partir da
palavra psuche, que significa “alma”. A palavra Portuguesa cor-
respondente seria “carnal”. Traduzida desta forma, ela encaixa-se
naturalmente com a imagem bíblica da personalidade humana.
Em 1 Tessalonicenses 5:23, Paulo ora: “E o mesmo Deus de
paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e cor-
po sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo.” Aqui, Paulo junta os três elementos
que compõem uma personalidade humana completa, nomeando
-os por ordem decrescente, do maior para o mais pequeno: o espí-
rito, a alma e, por último, o corpo.
O espírito é aquela parte da personalidade humana que foi

162
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

directamente insuflada por Deus no momento da criação. Ele é,


por isso, capaz de uma união e comunhão directa com o Criador.
Em 1 Coríntios 6:17, Paulo afirma: “Mas o que se ajunta com o
Senhor é um mesmo Espírito.”
Não seria correcto dizer “uma alma com ele”. Só o espírito de
homem é que é capaz de se unir directamente com Deus.
No padrão original da criação, o espírito do homem relacio-
nava-se para cima com Deus e para baixo com a sua alma. Deus
comunicava directamente com o espírito do homem e através do
espírito do homem com a sua alma. Em conjunto, o espírito e a
alma do homem expressavam-se através do corpo.
Na queda, como resultado da desobediência do homem, o
seu espírito foi separado de Deus e, ao mesmo tempo, a sua alma
começou a expressar-se independentemente do seu espírito. Este
novo relacionamento “desarticulado” foi tanto a consequência
como a expressão de rebelião do homem contra Deus.
Noutra passagem do Novo Testamento, a palavra carnal de-
nota a actividade da alma do homem quando não tem o relacio-
namento adequado com o seu espírito. Assim, ela descreve uma
condição que é contrária à perfeita vontade de Deus. Isto pode ser
estabelecido ao considerarmos brevemente outras duas passagens
do Novo Testamento, onde a palavra psuchikos, ou seja, “carnal”,
ocorre. Em 1 Coríntios 2:14-15, Paulo diz que “o homem natural
(carnal) não compreende as coisas do Espírito de Deus (…) e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” Por
outro lado, “o que é espiritual discerne bem a tudo”. É óbvio que
“carnal” e “espiritual” se opõem. A pessoa “espiritual” funciona
de acordo com a vontade de Deus; a pessoa “carnal” não está em
harmonia com Deus.
A pessoa “espiritual” funciona de acordo com a vontade de
Deus; a pessoa “carnal” não está em harmonia com Deus.
A pessoa “carnal” tenta apreender a verdade espiritual na es-
fera da sua alma, mas é incapaz de fazê-lo. A pessoa “espiritual”
está unida a Deus através do seu espírito e é, por isso, capaz de
receber revelação espiritual directamente de Deus.
163
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Em Judas 16-19, o apóstolo descreve uma classe de pessoas


que estão associadas à igreja, mas que, no entanto, são “murmu-
radores, queixosos, andando segundo as suas concupiscências”. E
conclui dizendo o seguinte acerca das pessoas: “São estes os que
causam divisões; são sensuais (carnais), e não têm o Espírito (ou
seja, o Espírito Santo).”
Quando tomadas em conjunto, estas passagens em 1 Coríntios
e em Judas apresentam uma imagem consistente de uma pessoa
descrita como “carnal”. Aparentemente, essa pessoa, associa-se
com a igreja e usa uma capa de espiritualidade. Ao mesmo tempo,
a sua alma não se relaciona correctamente com Deus através do
seu espírito. Apesar da fé que professa, na realidade é uma pes-
soa rebelde, sem harmonia com Deus e com o povo de Deus. É
incapaz de apreender a verdade espiritual. A sua atitude e conduta
rebelde entristecem o Espírito de Deus e provocam ofensas no
Corpo de Cristo.
Esta análise explica os níveis decrescentes da sabedoria cor-
rupta descrita em Tiago 3:15: terrena, animal (carnal) e diabólica.
A raiz do problema é a rebelião – alguma forma de desobediência
a Deus -, alguma forma de rejeição da autoridade de Deus. Esta re-
belião afasta o espírito de uma pessoa de Deus e das coisas do céu.
Encontra-se confinada ao plano dos valores e motivações terrenas.
Ao mesmo tempo, a sua alma, sem harmonia com Deus, fica
exposta, devido à sua rebelião, à influência de demónios, que os
seus sentidos espirituais, pouco apurados, não conseguem iden-
tificar. O resultado é uma forma de sabedoria que aparenta ser
“espiritual”, mas que é, na verdade, “demoníaca”.
O terceiro capítulo de Tiago concentra-se por inteiro num
problema específico: o mau uso da língua. Para além disso, toda a
epístola é dirigida especialmente, se não exclusivamente, àqueles
que professam a fé em Cristo. Fica por isso claro que esta sabedo-
ria corrupta, falsa e demoníaca sobre a qual Tiago fala, expressa-
se em palavras usadas por cristãos. Como surge essa situação?
Há duas áreas principais nas quais os cristãos são muitas ve-
zes culpados, devido às palavras que proferem. A primeira área
164
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

inclui palavras que os cristãos pronunciam entre si; a segunda in-


clui palavras que proferem para Deus, especialmente em oração.
O Novo Testamento dá avisos muito claros aos cristãos sobre
como devem falar acerca de outras pessoas - e especialmente acer-
ca dos outros crentes. Em Tito 3:2, Paulo afirma que não devemos
“infamar ninguém”. A expressão ninguém aplica-se a todas as ou-
tras pessoas, sejam crentes ou não.
O verbo grego traduzido por “infamar” é blasphemo – do qual
a palavra blasfemar é derivada. É importante compreender que o
pecado de “blasfémia” inclui, não apenas as infâmias pronuncia-
das contra Deus, mas também infâmias pronunciadas contra os
outros seres humanos. Quer sejam dirigidas a Deus ou a outras
pessoas, esse tipo de linguagem é interdito aos cristãos.
Em Tiago 4:11, Tiago lida mais especificamente com palavras
que os cristãos falam uns sobre os outros: “Irmãos, não faleis mal
uns dos outros.” A palavra que é aqui traduzida por “falar mal” é
katalo, que significa simplesmente “falar contra”. Muitos cristãos
afirmam que Tiago queria dizer, que não devemos dizer nada de
falso contra os outros crentes. No entanto, aquilo que ele real-
mente diz é que não devemos falar, de todo, contra outros crentes,
mesmo se aquilo que dissermos sobre eles for verdade. O pecado
com que Tiago está a lidar não é falar com falsidade, mas falar
contra.
Um dos pecados em que os cristãos caem mais facilmente é a
murmuração. Em certas congregações Cristãs, se excluíssemos a
murmuração, pouco mais haveria para dizer!
O dicionário Collins, de Inglês, oferece as duas definições
seguintes para “murmuração”:

1. Conversa vã e banal
1. Conversa que envolve tagarelice maliciosa ou rumores so-
bre outras pessoas

Dois dos adjectivos aqui aplicados à murmuração são vão e


malicioso. Os cristãos precisam somente de evitar a malícia nas
165
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

suas conversas. Em Mateus 12:36, o próprio Jesus avisa-nos con-


tra as palavras vãs: “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa
que os homens disserem hão-de dar conta no Dia do Juízo.”
Embora o Novo Testamento proíba explicitamente a murmu-
ração, muitos cristãos vêem-na como um pecado “inofensivo”.
Contudo, esta não é de certeza a forma como Deus vê as coisas.
Em Romanos 1:29-30, Paulo expõe algumas das consequências
do homem voltar as costas a Deus. Eis parte dessa lista: “estando
cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, malda-
de, cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade;
sendo murmuradores, detractores, aborrecedores de Deus, injuria-
dores, soberbos, presunçosos…”
A posição de murmuradores nesta lista é significativa.
Algumas das atitudes do coração directamente associadas com a
murmuração são a contenda, o engano e a malícia. Os próprios
murmuradores são classificados juntamente com detractores,
aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos e presunçosos. Os
cristãos que se entregam à murmuração podem achar que são “ex-
cepções”, mas não é assim que Deus os vê.
O perigo desse tipo de conversa é demonstrado pela ordem
decrescente de adjectivos em Tiago 3:15: “terrena, animal e dia-
bólica.” Os cristãos que murmuram das outras pessoas – especial-
mente dos outros crentes – estão a desobedecer directamente à
Palavra de Deus. Como consequência, encontram-se numa encos-
ta escorregadia. Antes de se poderem aperceber do que se está a
passar, já escorregaram do “terreno” para o “animal” (ou sensual),
e deste para o “diabólico”.
Normalmente, as palavras que estas pessoas proferem acer-
ca dos outros não seriam descritas como “maldições”, mas o seu
efeito é o mesmo. De facto, essas palavras são canais através dos
quais são dirigidas forças demoníacas, contra outros membros do
Corpo de Cristo. Para além disso, não são só os indivíduos de
quem se fala que são afectados. Em Tiago 3:6, o apóstolo diz: “A
língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua
está posta entre os nossos membros…” O crente que é culpado
166
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

deste tipo de linguagem contamina-se a si próprio e aquela parte


do Corpo de Cristo à qual está relacionado.
Há alguns anos atrás, enquanto estava na Europa numa via-
gem de ministério, encontrei-me numa situação que me deu uma
nova e clara visão sobre os perigos das conversas carnais. Eu es-
tava a preparar-me para falar num encontro muito significativo,
quando fui atacado por uma dor que se alastrava no meu abdómen.
Temendo ter de cancelar o meu compromisso para falar naquela
noite, clamei a Deus por ajuda.
Tive de imediato uma visão de dois amigos meus, cristãos,
que estavam a cerca de 9000 km, nos Estados Unidos, a falarem
de mim. Tínhamos um relacionamento muito pessoal e chegado,
mas, recentemente, os meus dois amigos tinham discordado vee-
mentemente com uma atitude que eu tinha tomado. Senti que me
estavam a criticar pelo que eu tinha feito e que as suas palavras
negativas sobre mim estavam a produzir sintomas físicos com os
quais eu me estava a debater. Para além do mais, aquela era uma
estratégia de Satanás para me impedir de ministrar naquela noite.
Percebi que tinha de fazer duas coisas. Primeiro, através de
uma decisão da minha vontade, perdoei os meus amigos pelas pa-
lavras que estavam a falar contra mim. Depois, agi segundo a pro-
messa de Jesus em Mateus 18:18: “Em verdade vos digo que tudo
o que ligardes na terra será ligado no céu”. Com a autoridade que
me é concedida no nome de Jesus, liguei as forças satânicas que
estavam a operar contra mim e libertei-me do efeito das palavras
que os meus amigos haviam proferido sobre mim. Daí a cinco
minutos a dor no meu abdómen parou por completo (e nunca mais
voltou!). Algumas horas mais tarde pude ministrar com eficácia
no encontro e senti que o propósito de Deus havia sido cumprido.
Mais tarde, ao regressar aos Estados Unidos, encontrei-me
com os meus dois amigos e a tensão entre nós foi resolvida. Hoje
somos mais chegados do que nunca.
Em Mateus 7:1-2, Jesus diz:
Não julgueis, para que não sejais julgados, porque o juízo
com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiver-
167
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

des medido vos hão-de medir a vós.


As palavras crítica e criticar derivam directamente do verbo
aqui traduzido por “julgar”. Quando criticamos outras pessoas,
em especial outros crentes, pronunciando um julgamento sobre
elas, estamos a desobedecer às Escrituras e somos por isso culpa-
dos de uma atitude rebelde em relação a Deus. Isto expõe-nos ao
“sindroma” de Tiago 3:15: “terreno, animal, diabólico”.
Se discordarmos da conduta de outro crente, é-nos permiti-
do, e por vezes necessário, seguir o padrão de Paulo, quando dis-
cordou de Pedro no que dizia respeito às práticas judaicas. Em
Gálatas 2:11, Paulo afirma: “Resisti-lhe (a Pedro) na cara”.
Paulo não criticou a conduta de Pedro aos seus co-obreiros,
Barnabé e Tito. Pelo contrário, ele dirigiu-se directamente a Pedro
e expôs as diferenças com ele, em pessoa. Se Paulo tivesse sido
culpado de criticar Pedro pelas costas, o relacionamento entre eles
poderia ter sido permanentemente destruído. No entanto, em 2
Pedro 3:15, escrito próximo do fim da vida de Pedro, ele falou
com calorosa aprovação da “sabedoria que foi dada ao nosso ama-
do irmão Paulo”.
Em Provérbios 27:5, Salomão afirma o seguinte como um
princípio de conduta:
Melhor é a repreensão aberta do que o amor encoberto.
Um tipo de situação diferente, na qual teremos possivelmente
de falar sobre as infracções de outra pessoa surge quando somos
legalmente obrigados a servir de testemunhas. Neste caso, é o nos-
so dever falarmos “a verdade, toda a verdade, e apenas a verdade”.
Contudo, ninguém pode ser, ao mesmo tempo, testemunha e juiz.
Numa situação dessas não desempenhamos o papel de juiz, mas
de testemunha. Deixamos a responsabilidade de pronunciar um
julgamento para outra pessoa.
O pecado específico contra o qual somos avisados por Jesus
é o de tomarmos a posição de juiz quando Deus não nos nomeou
para tal. Ele também nos avisa que, se dermos lugar a criticar as
pessoas, a seu tempo, partindo de uma fonte ou de outra, o mesmo
tipo de crítica que falámos contra os outros, ser-nos-á retribuído.
168
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

A pungente análise bíblica sobre os danos causados pelo mau


uso da língua, provavelmente deixa a maior parte de nós sem pos-
sibilidade de dizer “inocente”. Se reconhecermos que fomos de
facto culpados de ferir outras pessoas com a nossa língua, cons-
purcando-nos dessa forma a nós e ao Corpo de Cristo, temos de
nos arrepender e buscar o perdão e a purificação de Deus. Também
podemos precisar de pedir perdão àqueles que ofendemos.
Para além disso, temos de aprender a proteger-nos das pala-
vras ofensivas e nocivas que outros possam falar contra nós. Na
terceira parte iremos lidar com este assunto de protecção.

Questionário

1. Quais são os três elementos, em que consiste a personali-


dade humana?
2. Que parte foi soprada directamente por Deus na criação?
3. Quais as duas características, baseadas em duas das três
partes, que estão em oposição uma com a outra?
4. Verdadeiro ou falso: O pecado da blasfémia tem lugar só
quando falamos mal contra Deus.
5. Quais os dois adjectivos que são aplicados à palavra mexe-
rico?
6. Criticar crentes de tal forma a pronunciarem-se em jul-
gamento sobre eles, faz-nos culpados de uma atitude
_____________________________ para com Deus.
7. Verdadeiro ou falso: O mesmo tipo de crítica que fazemos
contra outros será usada contra nós.

Aplicação na Vida

1. Descreva pelas suas próprias palavras o “carnal”


2. Quais são alguns dos abusos da língua?
3. Já alguma vez participou em carnais ou em abusos da lín-
gua? Como?
169
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

4. Considere pedir perdão àqueles que ofendeu.

Versículo para memorizar

O homem alegra-se em dar uma resposta adequada; e a


palavra a seu tempo quão boa é!
Provérbios 15:23

Proclamação de Fé

Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a medita-


ção do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e
Redentor meu!
(Salmo 19:14)

Respostas

1. Espírito, alma, corpo.


2. Espírito.
3. Carnal e espiritual.
4. Falso. Blasfémia também se refere a palavras más ditas
contra os nossos irmãos, seres humanos.
5. ouco, malicioso.
6. Rebelião.
7. Verdadeiro.

170
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

oRações caRnais

Muitos cristãos ficam chocados quando confrontados com os


danos que provocam ao falarem mal entre si, sobre outras pessoas.
No entanto, ficam ainda mais chocados quando confrontados com
os danos ainda maiores que podem provocar quando falam mal de
outras pessoas nas suas orações a Deus. Assumem que a oração é
algo que é sempre aceitável e que os seus efeitos são sempre bons.
Contudo, esta visão não é apoiada pela Bíblia.
Em Provérbios 28:9, por exemplo, somos avisados de que:
O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração
será abominável.
Deus colocou na Bíblia os princípios de oração que são acei-
táveis para Ele.

Deus colocou na Bíblia os princípios de oração


que são aceitáveis para Ele.

Qualquer pessoa, que ignore estes princípios e ofereça uma


oração que lhes é contrária, incorre no descontentamento de Deus
e na rejeição da sua oração. Ao descrever a estima que Deus tem
por este tipo de oração, Salomão usa um dos termos de desapro-
vação mais fortes da Bíblia: abominável.
Uma vez que é tão importante dizermos as orações certas, não
ousamos depender da nossa própria sabedoria. Na sua misericór-
dia, Deus não nos deixou entregues a nós próprios. Ele colocou
um Ajudador divino à nossa disposição: o Espírito Santo. Ele
capacita-nos para exprimirmos orações que são aceitáveis para
Deus. Todavia, sem o Espírito Santo somos incapazes de orar de
uma forma que agrade a Deus ou cumpra os Seus propósitos.
Em Romanos 8:26-27, Paulo expõe estas questões de uma

171
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

forma clara:
E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas
fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como
convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos
inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a
intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos
santos.
Na nossa natureza carnal, todos nós temos determinadas fra-
quezas. São fraquezas, não do corpo, mas do entendimento. Elas
manifestam-se de duas formas que se relacionam entre si. Primeiro,
muitas vezes não sabemos o que devemos orar. Segundo, mesmo
quando sabemos o que devemos orar, não sabemos como orar so-
bre isso. Estamos por isso destinados a depender totalmente do
Espírito Santo. Só Ele é que nos pode mostrar o quê e o como da
oração.
Em duas passagens em Efésios, Paulo enfatiza ainda mais
a nossa dependência do Espírito Santo para nos dar orações que
são aceitáveis para Deus. Em Efésios 2:18, ele realça que só o
Espírito Santo é que nos pode dar acesso a Deus: “Porq ue, por
ele (Jesus), ambos (Judeus e Gentios) temos acesso ao Pai em
um mesmo Espírito.” Aqui estão combinadas duas condições para
uma oração aceitável: através de Jesus e no Espírito Santo. Ambas
são essenciais.
Não há nenhuma força natural que possa levar débeis vozes
humanas da terra aos ouvidos de Deus, que está sentado no Seu
trono no céu. Só o poder sobrenatural do Espírito Santo é que
pode fazer isso. Sem Ele não temos acesso a Deus.

Só através do poder sobrenatural do Espírito Santo


é que podemos ter acesso a Deus.

Mais à frente, em Efésios 6:18, Paulo realça novamente a


nossa necessidade de termos a ajuda do Espírito Santo, particu-
larmente quando oramos por outros crentes. Ele diz que devemos

172
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

“orar em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito (o


Espírito Santo)… por todos os santos.” Só as orações projectadas
no Espírito Santo poderão fazer recair a ajuda e o encorajamento
necessário sobre aqueles por quem oramos.
Como é que podemos usufruir da ajuda do Espírito Santo?
Dois requisitos principais são humildade e pureza de motivos. Em
primeiro lugar, temos de ser humildes perante o Espírito Santo e
reconhecermos que precisamos Dele. Depois, temos de permitir
que Ele nos purifique de toda a motivação errada e de atitudes
egoístas, e que nos inspire com amor e preocupação sinceras por
aqueles por quem queremos orar.
As orações inspiradas pelo Espírito Santo não são neces-
sariamente longas ou eloquentes. Deus não se deixa impressio-
nar com expressões elegantes ou com um tom de voz solene.
Algumas das orações mais eficazes na Bíblia foram incrivelmente
simples. Quando Moisés orou pela sua irmã, Miriam, que tinha
sido atingida com lepra, ele apenas disse: “Ó Deus, rogo-te que a
cures.” (Números 12:13). Quando o cobrador de impostos orou no
Templo, ele proferiu apenas uma breve frase: “Ó Deus, tem mise-
ricórdia de mim, pecador!” (Lucas 18:13). No entanto, sabemos
que Deus ouviu e respondeu a ambas as orações.
Se sente necessidade de orar, mas não sabe como começar,
peça ajuda a Deus. Eis algumas palavras simples que poderá usar:
Senhor, preciso de orar, mas não sei como. Por favor ajuda-
me, pelo Teu Espírito Santo, a orar o tipo de oração que Tu irás
ouvir e responder.
Depois disso, aceite a resposta de Deus pela fé e ore aquilo
que vier do seu coração. Jesus assegurou-nos que se pedirmos pão
a Deus, Ele nunca nos dará uma pedra (Mateus 7:9).
Contudo, vamos supor que não nos submetemos ao Espírito
Santo e não buscamos a Sua direcção. Em vez disso, as nossas
orações são motivadas pela inveja e sentimentos facciosos (men-
cionado em Tiago 3;14), ou por outras atitudes carnais, tais como
ressentimentos, cólera, criticismo ou auto-justiça. O Espírito
Santo não irá aprovar orações que procedam desse tipo de atitu-
173
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

des, nem irá apresentá-las diante de Deus, o Pai.


Por isso, a nossa oração irá degenerar inevitavelmente no
“sindroma” de Tiago 3:15: terreno, sensual, diabólico. O efeito
deste tipo de orações carnais é o mesmo que o das conversas car-
nais: negativo, não positivo. Ele liberta, contra aqueles por quem
estamos a orar, pressões invisíveis e indefiníveis, as quais não ali-
viam os seus fardos, mas aumentam-nos.
Em especial, quando oramos por outros crentes, temos de nos
guardar de duas atitudes carnais: não devemos acusar, nem deve-
mos buscar controlo.
É demasiado fácil ver os erros dos outros cristãos. De facto,
isso é muitas vezes o que nos motiva a orar por eles. É bom orar,
mas temos de tomar cuidado com a forma como o fazemos. Não
temos liberdade para virmos perante Deus com um catálogo dos
seus erros.
Quando começamos a desempenhar o papel de acusadores es-
tamos a seguir o padrão de Satanás e não o de Cristo. O título prin-
cipal de Satanás – diabo - significa “difamador” ou “acusador”. Em
Apocalipse 12:10, ele é descrito como aquele que acusa cristãos, de
dia e de noite, diante de Deus. Ele tem desempenhado essa tarefa
desde tempos imemoriais e é perito nisso! Ele não precisa da ajuda
dos cristãos!
Tenho observado que, em quase todas as orações de Paulo por
outros cristãos – indivíduos ou congregações -, ele começa por
agradecer a Deus por eles. Temos um exemplo notável no início
de 1 Coríntios. De acordo com o que Paulo escreve mais à frente
na mesma carta, havia muitos tipos de pecado naquela congrega-
ção: disputas entre os membros, carnalidade, bebedeiras à Mesa
do Senhor. No entanto, Paulo abre a sua carta com uma eloquente
acção de graças:
Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus
que vos foi dada em Jesus Cristo. Porque em tudo fostes enrique-
cidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento (como
foi mesmo o testemunho de Cristo confirmado entre vós). …o qual
vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no
174
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Dia de nosso Senhor Jesus Cristo.


1 Coríntios 1:4-6, 8

Dar graças no início de uma oração tem um efeito psicológico


importante: cria uma atitude positiva na pessoa que está a orar. A
partir desse começo, torna-se muito mais fácil continuar a orar
com fé positiva, embora não estejamos alheios a sérios problemas
e faltas naqueles por quem estamos a orar. Eu estabeleci um prin-
cípio de nunca orar por outros crentes sem primeiro dar graças a
Deus por eles. Se não for capaz de o fazer, então sinto que é me-
lhor não orar de todo!
Um missionário que foi para a Índia noutra geração, desen-
volveu um ministério de oração tão eficaz que ficou conhecido
como “Hyde, o Orador”. Numa ocasião, ele estava a orar por um
evangelista Indiano, cujo ministério carecia de fogo e fruto, e esta-
va prestes a dizer: “Senhor, Tu sabes quão frio este irmão é”, mas
só foi capaz de pronunciar as palavras “Senhor, Tu sabes…”, pois
o Espírito Santo não lhe permitiu completar a frase.
De repente, Hyde apercebeu-se que não lhe cabia a ele acusar
aquele homem. Em vez de se concentrar nos seus erros, começou
a agradecer a Deus por tudo de bom que podia encontrar nele.
Dentro de meses, o irmão Indiano estava radicalmente transfor-
mado e ficou conhecido na região como um ganhador de almas
dedicado e eficaz.
Este é o poder da oração que se baseia numa apreciação e
gratidão positivas por tudo o que há de bom numa pessoa. Mas,
suponhamos que Hyde não tinha sido sensível ao Espírito Santo
e que tinha continuado a orar num espírito negativo e condenató-
rio. Será que a sua oração não teria sido eficaz, mas na direcção
oposta? Será que ele teria levado sobre o seu irmão um fardo de
condenação tão pesado que ele nunca teria sido capaz de superar?
Tal como a maioria dos cristãos, de vez em quando passo
por períodos de “abatimento” espiritual. De uma forma inexpli-
cável começo a sentir-me culpado, ou inadequado, ou indigno.
No entanto, posso não encontrar algo específico na minha vida ou
175
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

conduta que possa explicar esses sentimentos.


Aprendi por experiência própria que, numa situação destas, a
causa pode não se encontrar em mim. O meu “abatimento” pode
ser devido a outro cristão – bem intencionado, mas mal orientado
- que me está a acusar perante Deus. Em particular, o sentimento
de culpa é, muitas vezes, um sinal de aviso. Afinal, a culpa é o re-
sultado lógico da acusação. Uma vez diagnosticado o meu proble-
ma correctamente, posso voltar-me para o meu Sumo-Sacerdote,
o qual conhece todas as minhas faltas e, ainda assim, intercede
continuamente por mim diante do Pai.
A oração não eficaz praticamente não existe. A questão não é
o facto de as nossas orações serem ou não eficazes. A questão é se
o seu efeito é positivo ou negativo e isso é determinado pelo poder
que opera através delas. Será que essas orações provêm mesmo do
Espírito Santo? Ou serão apenas uma imitação carnal?
A intercessão verdadeira baseia-se no padrão de Jesus, tal
como é descrito em Romanos 8:33-34:
Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É
Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem
morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está
à direita de Deus, e também intercede por nós.
De certeza que Cristo vê as nossas faltas enquanto crentes
com mais clareza do que nós vemos as faltas uns dos outros. No
entanto, a Sua intercessão por nós não resulta na nossa condena-
ção, mas na nossa justificação. Ele não estabelece a nossa culpa,
mas a nossa justiça.
A nossa intercessão pelos outros crentes deve seguir o mesmo
padrão. Atreveremo-nos a fazer uma acusação contra aqueles que
Deus escolheu? Ou a condenar aqueles que Deus justificou? Isso
seria presunção ao mais alto nível!
A mensagem das Escrituras é inequívoca. Ela não deixa lu-
gar nas nossas orações para que acusemos outros crentes. Existe,
contudo, uma segunda tentação para usar de uma forma errada o
poder da oração, a qual é mais subtil e mais difícil de detectar. Ela
adquire a forma de usar a oração para controlar aqueles por quem
176
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

oramos.
Há algo na nossa natureza adãmica, caída, que nos faz desejar
controlar as outras pessoas e impor a nossa vontade sobre a delas.
No capítulo 6 foi referido que este desejo de controlar outras pes-
soas é a raiz que produz a feitiçaria, primeiro como obra da carne
e, depois, como prática oculta.
Uma das palavras-chave que indica a operação desta força é
manipulação. Há inúmeras áreas em que as pessoas podem recor-
rer à manipulação para obterem dos outros aquilo que pretendem.
Os maridos manipulam as suas esposas e as esposas os maridos;
os filhos os seus pais; os pregadores as suas congregações; e a pu-
blicidade dos média o público em geral! É uma prática tão comum
que normalmente as pessoas não a reconhecem, em si mesmas ou
noutras pessoas.
Todavia, a manipulação não é a vontade de Deus. Deus nunca
nos manipula e Ele nunca nos dá permissão para manipularmos os
outros. Sempre que recorremos à manipulação, passámos do reino
espiritual para o reino do que é carnal. Operamos segundo uma
forma de sabedoria que não vem do alto.
Uma vez que normalmente pensamos em oração como algo
bom e espiritual, presumimos que todos os resultados, que alcan-
çamos através da oração, são sempre legítimos e representam a
vontade de Deus. Isto é verdade se, o poder que operar através das
nossas orações, for o Espírito Santo. Mas, se as nossas orações
forem motivadas pela nossa própria determinação carnal, o seu
efeito será prejudicial e não benéfico.
Por detrás deste tipo de oração carnal encontra-se frequente-
mente uma pretensão arrogante de que temos o direito de “fazer
de Deus” nas vidas dos outros. Contudo, na realidade, qualquer
influência que procure colocar de lado a soberania que Deus tem
na vida de um indivíduo, não provém do Espírito Santo.
Há muitas situações diferentes nas quais os cristãos se podem
sentir tentados a orar de uma forma que parece espiritual, mas que
é, na verdade, carnal. Eis dois exemplos típicos:

177
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

1. Orações Acusadoras e Condenatórias


Uma “divisão” na igreja trará, por certo, ao de cima o ele-
mento carnal em todas as partes envolvidas. Neste caso, o Pastor
Jones, da Primeira Igreja do Evangelho Pleno, descobre que a sua
esposa tem um caso com o irmão Williams, líder de louvor. Ele
divorcia-se da sua esposa e destitui o irmão.
No entanto, o irmão Williams recusa-se a admitir a acusação
de adultério. Queixa-se de “injustiça”, consegue que metade da
congregação fique do seu lado e começa a construir uma nova
igreja. Segue-se uma longa disputa entre os dois grupos no que diz
respeito à divisão dos fundos para a construção do edifício.
Um ano mais tarde o Pastor Jones casa de novo. O irmão
Williams e o seu grupo acusam-no de que não é bíblico um minis-
tro divorciado voltar a casar. Iniciam um culto especial de oração
clamando por “julgamento” sobre ele.
Nos dois anos seguintes, a nova esposa do Pastor Jones en-
gravida duas vezes, mas, de ambas as vezes, a sua gravidez acaba
com um aborto espontâneo. O ginecologista não consegue encon-
trar qualquer razão clínica para esses abortos. Williams e o seu
grupo aclamam o sucedido como a resposta às suas orações e a
justificação divina da sua justa causa.
Terei de concordar com a sua primeira conclusão. As suas ora-
ções foram responsáveis pelos dois abortos. Mas, qual foi o poder
que operou através dessas orações? Uma vez que, nas Escrituras,
o Espírito Santo nos admoesta claramente a não julgarmos outros
crentes, Ele nunca poderia outorgar a Sua autoridade a orações
com tal motivação. O único diagnóstico credível que permanece é
o de Tiago 3:15. O poder que opera através desse tipo de orações
é “terreno, animal, diabólico.”

2. Orações Dominadoras e Manipuladoras


O Pastor Strong está habituado a dominar os que se encon-
tram à sua volta. Ele é viúvo e tem dois filhos e uma filha. Tinha
esperança que ambos os seus filhos se tornassem ministros, mas
acabaram por escolher profissões seculares. Mary, a filha, fica em
178
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

casa. Ela é devota do seu pai e ajuda activamente na congregação.


Numa campanha de evangelismo, Mary conhece Bob, um
obreiro cristão de outra denominação e começam a namorar. No
entanto, o Pastor Strong está em desacordo com a igreja a que o
Bob pertence e opõe-se ao seu relacionamento desde o princípio.
Ele também receia perder a ajuda de Mary, em casa e na igreja.
A Mary acaba por sair de casa do pai para partilhar um aparta-
mento com uma amiga. O Pastor Strong apelida a sua atitude de
“rebelião”. Quando Mary lhe diz que está noiva ele começa a orar
contra a realização do casamento.
O Bob e Mary avançam com os seus planos, mas quanto mais
se conhecem mais tenso se torna o seu relacionamento. Nenhum
deles parece ser capaz de relaxar na presença do outro. Por qual-
quer razão, pequenos desentendimentos evoluem para dolorosos
confrontos. Todas as actividades que planeiam em conjunto acabam
numa frustração inexplicável. A Mary acaba por dizer: “Bob, esta
não pode ser a vontade de Deus para nós!”, e devolve-lhe o anel de
noivado.
Ela conclui que a saída para a sua frustração é evitar todo o
contacto com cristãos professos. Separada do seu pai e da igreja,
ela segue os seus irmãos com um emprego secular. Mais tarde
conhece um homem agnóstico com quem acaba por casar.
Como é que devemos avaliar as orações do Pastor Strong? De
facto, elas foram eficazes, mas o seu efeito foi prejudicial. Elas
foram a expressão do seu desejo de dominar aqueles que se en-
contravam próximo dele. Elas foram suficientemente poderosas
para acabar com um relacionamento que poderia ter dado alegria
e satisfação à sua filha. Contudo, não foram capazes de trazê-la de
regresso à sua fé ou de a guardar de uma casamento não bíblico. O
poder da oração que provoca resultados negativos como estes não
procede do Espírito Santo.
Os princípios ilustrados por estes dois exemplos aplicam-se
a muitos tipos diferentes de situações na vida da igreja contem-
porânea. A lição que ambos fazem sobressair é extremamente re-
levante: o poder da oração carnal é tanto real como poderoso. O
179
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

resultado que ela produz não é uma bênção, mas uma maldição.

O poder da oração carnal é tanto real como poderoso.


O resultado que ela produz não é uma bênção,
mas uma maldição.

A forma de lidar com o pecado da oração carnal é a mesma


que para lidar com o pecado das conversas carnais, descrita no
capítulo anterior. Se formos culpados desse pecado temos de nos
arrepender e buscar o perdão de Deus. Também podemos ter de
pedir perdão a pessoas que foram afectadas pela influência nega-
tiva das nossas orações.
Finalmente, pensando no futuro, temos de renunciar com fir-
meza qualquer tentativa de acusar outras pessoas ou de controlá
-las através das palavras que proferimos em oração.

Questionário

1. Só o Espírito Santo pode mostrar-nos _____________ e


_____________ orar por uma situação.
2. Verdadeiro ou falso: Sem o Espírito Santo não temos aces-
so a Deus.
3. Quando oramos pelos nossos irmãos crentes, devemos pre-
caver-nos contra que duas atitudes da alma?
4. Sempre que recorremos à manipulação, passámos do reino
____________________ para o _____________ _______.
5. O resultado das orações carnais é que produz
___________________ em vez de bênçãos.

180
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

Aplicação na vida

1. Há duas condições para uma oração aceitável: através de


Jesus e pelo Espírito Santo. O que signifca isto para si?
Sabe quais são?
2. Já alguma vez usou a oração para acusar ou controlar
alguém, como descrito neste capítulo? Se sim, peça ao
Senhor que lhe perdoe.

versículo para memorizar

[Eu] não cesso de dar graças por vós, lembrando-me de vós


nas minhas orações
Efésios 1:16

Proclamação de Fé

Pai, eu confio no Espírito Santo para me guiar nas minhas


orações. Ajuda-me quando me desviar da oração pelo Espírito.

Respostas

1. O quê, como.
2. Verdadeiro.
3. Acusação e controlo.
4. Espiritual, carnal
5. Maldições.

181
2ª PaRTe – não há Maldição seM causa

ResuMo da 2ª PaRTe

Os dez capítulos anteriores trataram de muitas das causas


mais importantes das maldições, tal como são reveladas na Bíblia.
Para concluir esta parte, será útil fazer um resumo destas causas.

- Reconhecer e/ou adorar falsos deuses


- Todo o envolvimento com o oculto
- Desrespeito pelos pais
- Todas as formas de opressão ou injustiça, especialmente
quando dirigidas contra os fracos e os desprotegidos
- Todas as formas de sexo ilícito ou não-natural
- Anti-Semitismo
- Legalismo, carnalidade, apostasia
- Roubo ou perjúrio
- Reter dinheiros ou outros recursos materiais de Deus aos
quais Ele tem direito
- Palavras proferidas por pessoas com autoridade de paren-
tesco como, por exemplo, pai, mãe, marido, esposa, pro-
fessor, padre ou pastor
- Maldições auto-impostas
- Promessas ou juramentos que ligam pessoas a associações
ímpias
- Maldições que procedem de servos de Satanás
- Conversas carnais dirigidas contra outras pessoas
- Orações carnais que acusam ou procuram controlar outras
pessoas.

Para além destas, existem maldições provenientes de outras


causas ou de outras fontes, mencionadas nas Escrituras, que não

182
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

estão incluídas na lista acima elaborada. As mais significativas


encontram-se referidas na lista que se segue pela ordem em que
ocorrem na Bíblia. As várias passagens que apenas reafirmam
maldições pronunciadas em Deuteronómio 27 e 28 não estão in-
cluídas.
É de notar que a categoria mais vasta de pessoas que incorrem
na maldição de Deus consiste em profetas, sacerdotes e ensinado-
res infiéis e enganadores. Estes são indicados por um *.

- Uma maldição sobre o povo de Meroz por não se terem


juntado a Baraque enquanto líder do exército de Deus con-
tra Sísera (Juízes 5:23).

- Uma maldição de Jotão sobre os que haviam morto os fi-


lhos de Gideão (Juízes 9:57).

- Uma maldição sobre Jezebel por feitiçaria e imoralidade (2


Reis 9:34 – comparar com 2 Reis 9:22).

- Uma maldição sobre os que rejeitarem os mandamentos de


Deus por causa do orgulho (Salmos 19:21).

- Uma maldição sobre a casa do ímpio (Provérbios 3:33).

- Uma maldição sobre a terra porque os habitantes a conta-


minaram, mudando e transgredindo as leis e a aliança de
Deus (Isaías 24:6).

- Uma maldição sobre o povo de Edom por persistirem na


inimizade e traição contra Israel (Isaías 34:5).

* Uma maldição sobre os profetas falsos que prometeram paz


a um povo que andava em desobediência a Deus (Jeremias
29:18).

183
2ª Parte – Não há Maldição sem causa

* Uma maldição sobre os profetas falsos que cometem imora-


lidades (Jeremias 29:22).

- Uma maldição sobre os Israelitas que entraram no Egipto


desafiando o aviso de Deus (Jeremias 42:18 – comparar
com Jeremias 44:8, 12).

- Uma maldição sobre todo o homem que falhar a execução


do julgamento do Senhor sobre os Seus inimigos (Jeremias
48:10).

* Uma maldição sobre as bênçãos dos sacerdotes que rejeita-


rem a disciplina de Deus (Malaquias 2:2).

- Uma maldição sobre as nações “bode” que não demons-


trarem misericórdia para com os irmãos de Jesus (Mateus
25:41).

- Uma maldição sobre as pessoas a que é regularmente en-


sinada a verdade de Deus, mas que não produzem o fruto
apropriado (Hebreus 6:8).

* Uma maldição sobre os ensinadores falsos que são culpa-


dos de cobiça, engano e imoralidade (2 Pedro 2:14).

184
3ª PARTE
DE
D
MALDIÇÃO
A BÊNÇÃO
A BÊNÇÃO
Introdução

Verificou que a sua vida tem, de alguma forma, permanecido


debaixo de uma maldição? Questiona-se se existe alguma forma
de sair de debaixo da sombra negra que encobre a luz solar da
bênção de Deus?
Sim, há uma saída! Mas apenas uma: através da morte sacri-
ficial de Jesus na cruz.
Esta parte irá explicar de uma forma simples e prática como
poderá encontrar e seguir o caminho de Deus – da sombra para a
luz do sol, da maldição à bênção.
Para mais encorajamento, irá ler, no capítulo 20, a história de
um homem que encontrou o caminho da frustração e do desespero
para a satisfação e produtividade. Você pode fazer o mesmo!
Este assunto era um pouco pesado para mim no princípio,
mas então o poder de Deus veio sobre mim e a mensagem co-
meçou a fazer sentido. Pouco depois, senti suor a correr na testa
porque este ensinamento descrevia exactamente aquilo por que
eu tinha passado. Antes do fim começei a ter uma sensação de
liberdade em mim. No minuto em que disse Amen! ao fim da ora-
ção para quebrar maldições, senti-me como se me tivessem sido
retiradas toneladas de peso. Graças a Deus!
Agora sou um ministro a tempo inteiro e Deus levou-me a
todo o mundo. Para todo lado que viajei, fui capaz de ajudar a
trazer libertação de maldições a inúmeras pessoas que caminham
agora na Graça de Deus.

S.B.
3ª PaRTe – de Maldição a Bênção

a TRoca divina

Toda a mensagem do Evangelho gira em torno de um aconte-


cimento histórico único: a morte sacrificial de Jesus na cruz. Em
relação a isto, o escritor de Hebreus afirma: “Porque, com uma só
oblação (sacrifício) (Jesus) aperfeiçoou para sempre os que são
santificados.” (Hebreus 10:14). Aqui são combinadas duas ex-
pressões poderosas: “aperfeiçoou” e “para sempre”. Em conjunto,
elas espelham um sacrifício que engloba todas as necessidades da
raça humana. Para além disso, os seus efeitos estendem-se através
dos tempos até à eternidade.
É na base deste sacrifício que Paulo escreve em Filipenses
4:19: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as
vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.” “Todas as vos-
sas necessidades” inclui, especificamente, a libertação que você
procura da maldição. Mas primeiro necessita de ver isto como
parte de um todo muito maior: um acto único e soberano de Deus
que juntou toda a culpa e sofrimento da humanidade num momen-
to de clímax.
Deus não providenciou uma série de soluções diferentes para
a enorme quantidade de problemas da humanidade. Em vez dis-
so, ele oferece-nos uma solução em tudo suficiente, que é a Sua
resposta a todos os problemas. Podemos ter passados muito dife-
rentes, cada um de nós carregando uma necessidade especial, mas
para recebermos a solução de Deus, todos nós temos de nos dirigir
ao mesmo lugar: a Cruz de Jesus.
O relato mais completo daquilo que foi alcançado na Cruz foi
dado pelo profeta Isaías, setecentos anos antes desse acontecimen-
to ter tido lugar. Em Isaías 53:10, o profeta descreve um “servo
do Senhor” cuja alma deveria ser oferecida a Deus como oferta
pelo pecado. Os escritores do Novo Testamento são unânimes em

187
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

identificar este servo anónimo, como Jesus. O propósito divino


cumprido através do Seu sacrifício é resumido em Isaías 53:6:
Todos nós andámos desgarrados como ovelhas; cada um se
desviava pelo seu caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a
iniquidade de nós todos.
Eis o problema básico e universal de toda a humanidade: cada
um de nós se desviou pelo seu próprio caminho.

O problema básico e universal de toda a humanidade:


cada um de nós se desviou pelo seu próprio caminho.

Há vários pecados específicos que muitos de nós nunca co-


meteram, tais como homicídio, adultério, furto e por aí fora. Mas
há algo que todos nós temos em comum: desviámo-nos pelo nosso
próprio caminho. Ao fazermos isso, voltámos as costas a Deus. A
palavra Hebraica que resume esta atitude é avon, aqui traduzida
por “iniquidade”. Talvez o equivalente mais próximo actualmente
seja “rebelião” – não contra o homem, mas contra Deus. No ca-
pítulo 4, verificámos que essa é a causa principal das maldições
registadas em Deuteronómio 28.
No entanto, não há nenhuma palavra em Português, seja ini-
quidade ou rebelião, que traduza o significado total de avon. No
seu uso bíblico, avon descreve não apenas a iniquidade, mas tam-
bém o castigo ou as consequências malignas que a iniquidade ar-
rasta consigo.
Em Génesis 4:13, por exemplo, depois de Deus ter pronuncia-
do o julgamento sobre Caim pelo assassínio do seu irmão, Caim
disse: “O meu castigo é maior do que posso suportar!” A palavra
aqui traduzida por “castigo” é, avon. Ela cobria não apenas a
“iniquidade” de Caim, mas também o “castigo” que foi infligido
sobre ele.
Em Levítico 16:22, o Senhor disse em relação ao bode que
era solto no Dia da Expiação: “Assim, aquele bode levará sobre si
todas as iniquidades deles à terra solitária.” Neste simbolismo, o
bode levava sobre si não apenas as iniquidades dos Israelitas, mas
188
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

também todas as consequências das mesmas.


Em Lamentações 4, avon aparece duas vezes com o mesmo
significado. No versículo 6 é traduzida por: “Porque maior é a
maldade da filha do meu povo…”. Uma vez mais, no versículo 22,
a tradução é: “O castigo da tua maldade está consumado, ó filha
de Sião”. Em qualquer um dos casos, a palavra avon é traduzida
por “maldade”. Por outras palavras, no seu sentido mais pleno,
avon significa não apenas “iniquidade”, mas inclui também todas
as consequências malignas que o julgamento de Deus traz sobre
ela.
Isto aplica-se ao sacrifício de Jesus na cruz. Jesus não era cul-
pado de qualquer pecado. Em Isaías 53:9, o profeta diz: “…nunca
fez injustiça, nem houve engano na sua boca.” Mas no versículo
6, ele afirma: “…mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade
de todos nós.” Jesus foi não só identificado com a nossa iniquida-
de, como também suportou todas as consequências malignas des-
sa iniquidade. Tal como o bode que era solto, que O prefigurou,
Ele levou-as para longe para que nunca pudessem voltar a cair
sobre nós.
Eis então o verdadeiro significado e propósito da cruz.
Houve uma troca divinamente ordenada que teve lugar na
cruz. Primeiro, Jesus suportou, em nosso lugar, todas as conse-
quências malignas que eram, pela justiça divina, resultado da nos-
sa iniquidade. Em troca, Deus oferece-nos todo o bem inerente à
obediência sem pecado de Jesus.
De uma forma mais breve, o mal que nos cabia recaiu sobre
Jesus para que, em troca, o bem que Lhe era devido nos pudesse
ser oferecido.

O mal que nos cabia recaiu sobre Jesus para que, em troca,
o bem que Lhe era devido nos pudesse ser oferecido.

Deus é capaz de nos oferecer isto sem comprometer a Sua


própria justiça eterna, pois Jesus já suportou, em nosso lugar, todo
o castigo merecido pelas nossas iniquidades.
189
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Tudo isto procede somente da incomensurável graça de Deus


e é recebido somente pela fé. Não existe qualquer explicação ló-
gica em termos de causa e efeito. Não há ninguém que alguma
vez tenha feito algo, que mereça uma tal oferta, e nunca ninguém
poderá fazer algo para a ganhar.
A Escritura revela muitos aspectos diferentes da troca e mui-
tas áreas diferentes em que ela se aplica. No entanto, o mesmo
princípio é válido para todos os casos: O mal veio sobre Jesus
para que o bem correspondente nos pudesse ser oferecido.
Os dois primeiros aspectos da troca são revelados em Isaías
53:4-5:
Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades
(literalmente, doenças) e as nossas dores levou sobre si; e nós o
reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido
pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisadu-
ras, fomos sarados.
Há duas verdades aqui interligadas. A aplicação de uma é es-
piritual e a da outra, física. No plano espiritual, Jesus recebeu o
castigo das nossas transgressões e iniquidades para que, em troca,
pudéssemos ser perdoados e, dessa forma, termos paz com Deus
(ver Romanos 5:1). No plano físico, Jesus levou sobre si as nossas
enfermidades e dores para que, pelas Suas pisaduras, fôssemos
sarados.
A aplicação física da troca é confirmada em duas passagens
do Novo Testamento. Mateus 8:16-17 refere-se a Isaías 53:4 e re-
lata que Jesus “curou todos os que estavam enfermos, para que se
cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz:
Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas
doenças.
De novo, em 1 Pedro 2:24, o apóstolo refere-se a Isaías 53:5-
6 e diz de Jesus:
…levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre
o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver
para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.
190
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

A troca dupla descrita nos versículos acima citados pode ser


resumida da seguinte forma:

Jesus foi castigado para que pudéssemos ser perdoados.


Jesus foi ferido para que pudéssemos ser sarados.

Um terceiro aspecto da troca é revelado em Isaías 53:10, o


qual afirma que o Senhor pôs a alma de Jesus “por expiação do
pecado”. Este facto tem de ser entendido à luz das determinações
mosaicas no que diz respeito às várias formas de ofertas pelo pe-
cado. A pessoa que pecava deveria levar a sua oferta sacrificial
– uma ovelha, uma cabra, um boi ou qualquer outro animal – ao
sacerdote. Depois, confessava o seu pecado sobre a oferta e o sa-
cerdote transferia simbolicamente o pecado confessado da pessoa
para o animal. Então, o animal era morto, pagando desse modo o
castigo pelo pecado que havia sido transferido para ele.
Na preciência de Deus, tudo isto foi concebido para prefi-
gurar aquilo que viria a ser alcançado pelo único e em tudo sufi-
ciente sacrifício de Jesus. Na Cruz, o pecado de todo o mundo, foi
transferido para a alma de Jesus. O resultado é descrito em Isaías
53:12: “(Ele) derramou a sua alma na morte…” Através da sua
morte sacrificial e substitutiva, Jesus fez expiação pelo pecado de
toda a raça humana.
Em 2 Coríntios 5:21, Paulo refere Isaías 53:10 e, ao mesmo
tempo, apresenta também um aspecto positivo da troca:
Àquele (Jesus) que não conheceu pecado, (Deus) o fez peca-
do por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.
Nesta passagem, Paulo não fala de um tipo de justiça que
possamos alcançar através dos nossos esforços, mas acerca da jus-
tiça do próprio Deus – uma justiça que nunca conheceu o pecado.
Nenhum de nós poderá jamais conquistá-la. Ela fica tão acima da
nossa própria justiça como o céu está acima da terra. Só pode ser
recebida pela fé.
Este terceiro aspecto da troca divina pode ser resumido da
seguinte forma:
191
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Jesus foi feito pecado com a nossa pecaminosidade para


que pudéssemos ser justos com a Sua justiça.

O próximo aspecto da troca é um resultado lógico do ante-


rior. Toda a Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento,
realça que o resultado final do pecado é a morte. Em Ezequiel
18:4, o Senhor afirma: “A alma que pecar, essa morrerá.” Em
Tiago 1:15, o apóstolo diz: “E o pecado, sendo consumado, gera
a morte.” Quando Jesus se identificou com o nosso pecado, era
inevitável que Ele também experimentasse a morte que é o resul-
tado do mesmo.
Para confirmar este facto, em Hebreus 2:9, o escritor diz que
“Jesus… fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da
paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte
por todos.” A Sua morte foi o resultado inevitável do pecado hu-
mano que Ele havia levado sobre Si mesmo. Ele levou sobre Si o
pecado do homem e, por isso, sofreu a morte que estava destinada
a todos os homens.
Em troca, para todos aqueles que aceitarem o Seu sacrifício
substitutivo, Jesus oferece o dom da vida eterna. Em Romanos
6:23, Paulo coloca as duas alternativas lado a lado: “Porque o
salário (a recompensa justa) do pecado é a morte, mas o dom
gratuito (imerecido) de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus,
nosso Senhor.”
Deste modo, o quarto aspecto da troca pode ser resumido da
forma que se segue:

Jesus morreu a nossa morte para que pudéssemos parti-


lhar da Sua vida.

Um outro aspecto da troca é afirmado por Paulo em 2 Coríntios


8:9: “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que,
sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua po-
breza, enriquecêsseis.” A troca é clara: da pobreza para a riqueza.
Jesus fez-se pobre para que pudéssemos ser ricos.
192
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Quando é que Jesus se fez pobre? Algumas pessoas O ima-


ginam pobre ao longo do Seu ministério terreno, mas isso não é
inteiramente certo. Ele não levava consigo muito dinheiro, mas
nunca Lhe faltou nada que precisasse. Quando enviou os Seus dis-
cípulos por sua própria conta, também nada lhes faltou (ver Lucas
22:35). Longe de serem pobres, Ele e os Seus discípulos davam
aos pobres regularmente (ver João 12:4-8; 13:29).
É verdade que, por vezes, os métodos de Jesus para obter
dinheiro eram pouco convencionais, mas o dinheiro tem o mesmo
valor, quer tenha sido retirado do banco ou da boca de um pei-
xe (ver Marcos 17:27)! Os Seus métodos de providenciar comida
eram também, por vezes, pouco convencionais, mas um homem
que é capaz de providenciar uma refeição substancial para cinco
mil homens, para além de mulheres e crianças, certamente que
não seria considerado pobre segundo os padrões normais (ver
Mateus 14:15-21)!
Na verdade, ao longo do Seu ministério na terra, Jesus exem-
plificou com exactidão o que é “abundância”, tal como ela é des-
crita no capítulo 5. Ele tinha sempre o que necessitava para fazer
a vontade de Deus na Sua própria vida. Para além e acima disto,
Ele dava constantemente aos outros e as Suas provisões nunca se
esgotavam.
Então, quando é que Jesus se fez pobre por nós? A resposta é:
na Cruz. Em Deuteronómio 28:48, Moisés resumiu a pobreza to-
tal em quatro expressões: fome, sede, nudez e falta de tudo. Jesus
experimentou todas essas coisas na sua plenitude, na Cruz.
Ele teve fome. Há quase 24 horas que não comia.
Ele teve sede. Uma das últimas coisas que disse foi: “Tenho
sede!” (João 19:28).
Ele estava nu. Os soldados tinham-Lhe tirado as vestes (João
19:23).
Ele teve falta de tudo. Já não possuía nada. Depois da Sua
morte foi sepultado num lençol e numa sepultura emprestada
(Lucas 23:50-53). Assim, Jesus passou, exacta e completamente,
pela pobreza absoluta por nossa causa.
193
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Em 2 Coríntios 9:8, Paulo apresenta de uma forma mais com-


pleta o lado positivo da troca: “E Deus é poderoso para tornar
abundante em vós toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo,
toda suficiência, superabundeis em toda boa obra.”12 Paulo tem
o cuidado de realçar que a única base para esta troca é a graça de
Deus. Ela nunca poderá ser conquistada. Só pode ser recebida pela
fé.
Muitas vezes a nossa “abundância” vai ser como a de Jesus
quando Ele estava na terra. Não iremos ter grandes quantias de
dinheiro, ou grandes depósitos no banco, mas dia após dia teremos
o suficiente para as nossas necessidades e mais algum para suprir
as necessidades de outras pessoas.
Uma razão importante para este nível de provisão é indicada
pelas palavras de Jesus, citadas em Actos 20:35: “Mais bem aven-
turada coisa é dar do que receber.” O propósito de Deus é que to-
dos os Seus filhos possam usufruir de uma bênção maior. Por isso,
Ele providencia o suficiente para cobrir as nossas necessidades e
também para darmos aos outros.
Este quinto aspecto da troca pode ser resumido do seguinte
modo:

Jesus fez-se pobre com a nossa pobreza para que pudésse-


mos ser ricos com as Suas riquezas.

A troca na Cruz também cobre as formas emocionais do sofri-


mento que é produto da iniquidade do homem. Novamente, Jesus
suportou o mal para que, em troca, pudéssemos usufruir do bem.
Duas das feridas mais cruéis trazidas sobre nós por causa da nossa
iniquidade são a vergonha e a rejeição. Ambas caíram sobre Jesus
na Cruz.
A vergonha pode variar de intensidade, de um agudo emba-
raço a um sentimento servil de indignidade, que afasta a pessoa
de uma comunhão significativa, ou com Deus, ou com o homem.
Uma das causas mais comuns, que se tem tornado cada vez mais
predominante na nossa sociedade contemporânea, é qualquer for-
194
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

ma de abuso sexual ou molestação na infância. Muitas vezes isso


deixa cicatrizes que só podem ser saradas pela graça de Deus.
Falando de Jesus na Cruz, o escritor de Hebreus diz que Ele
“suportou a cruz, desprezando a afronta (ou vergonha)” (Hebreus
12:2). A execução de uma pessoa na cruz era a mais vergonhosa
de todas as formas de morte, reservada para a classe mais baixa
de criminosos. A pessoa que deveria ser executada era despojada
de todas as suas roupas e exposta nua aos olhares dos presentes,
que escarneciam e zombavam dela. Este foi o grau de vergonha
que Jesus suportou enquanto esteve pendurado na Cruz (Mateus
27:35-44).
Em vez da vergonha que Jesus levou sobre Si, o propósito de
Deus é levar aqueles que confiam Nele a partilhar da Sua eterna gló-
ria. Em Hebreus 2:10, o escritor diz: “Porque convinha que aquele
(Deus)… trazendo muitos filhos à glória, consagrasse, pelas afli-
ções, o príncipe da salvação deles (ou seja, Jesus).” A vergonha por
que Jesus passou na Cruz abriu o caminho para que, todos os que
confiam Nele, sejam libertos da sua própria vergonha. E não somen-
te isto, mas Ele compartilha connosco a glória que Lhe pertence por
direito eterno!
Há uma outra ferida que, muitas vezes, ainda é mais agoni-
zante do que a vergonha. É a rejeição. Normalmente, esta surge a
partir de uma qualquer forma de relacionamento desfeito. Na sua
forma mais primordial, é causada por pais que rejeitam os seus
próprios filhos. A rejeição pode ser activa, expressa de uma for-
ma áspera e negativa, ou pode ser apenas uma incapacidade para
demonstrar amor e aceitação. Se uma mulher grávida alimentar
sentimentos negativos em relação à criança que está no seu ventre,
provavelmente ela irá nascer com um sentimento de rejeição, que
a poderá seguir até à idade adulta e até mesmo à sepultura.
O desmembrar de um casamento é outra das causas frequen-
tes da rejeição. Isto é descrito claramente nas palavras do Senhor,
em Isaías 54:6:
Porque o Senhor te chamou como a uma mulher desampa-
rada e triste de espírito; como a uma mulher da mocidade, que é
195
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

desprezada, diz o teu Deus.


A provisão de Deus para sarar a ferida da rejeição está regis-
tada em Mateus 27:46, 50, que descreve o culminar da agonia de
Jesus:
E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo:
Eli, Eli, lema sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste? E Jesus, clamando outra vez com grande voz, en-
tregou o espírito.
Pela primeira vez na história do universo, o Filho de Deus
clamou ao Seu Pai e não recebeu qualquer resposta. Jesus iden-
tificou-se tão completamente com a iniquidade do homem, que
a santidade inflexível de Deus fez com que Ele rejeitasse o Seu
próprio Filho. Assim, Jesus suportou a rejeição na sua forma mais
dolorosa: a rejeição de um pai. Quase imediatamente depois dis-
so, Ele morreu, não das feridas da crucificação, mas de um cora-
ção quebrado. Desta forma, Ele cumpriu a imagem profética do
Messias presente no Salmo 69:20: “Afrontas me quebrantaram o
coração…”
O registo de Mateus continua de imediato: “E eis que o véu do
templo se rasgou em dois, de alto a baixo.” Isto demonstrou, sim-
bolicamente, que o caminho tinha sido aberto para que o homem
pecador pudesse entrar em comunhão directa com um Deus santo.
A rejeição de Jesus tinha aberto o caminho para sermos aceites por
Deus como Seus filhos. Isto é resumido por Paulo em Efésios 1:5-
6: “…e nos predestinou para filhos de adopção por Jesus Cristo,
para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para lou-
vor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no
Amado.” A rejeição de Jesus resultou na nossa aceitação.
A solução de Deus para a vergonha e a rejeição nunca foi tão
desesperadamente necessária como o é hoje. Segundo os meus
cálculos, penso que pelo menos um quarto dos adultos na América
sofre hoje de feridas de vergonha ou de rejeição. Tenho tido uma
alegria incomensurável ao conduzir pessoas como essas para a
cura que flui da Cruz de Jesus.
Os dois aspectos emocionais da troca na Cruz que foram aci-
196
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

ma analisados podem ser resumidos como se segue:

Jesus levou sobre si a nossa vergonha para que pudésse-


mos partilhar da Sua glória.
Jesus suportou a nossa rejeição para que pudéssemos ter
a Sua aceitação como filhos de Deus.

Os aspectos da troca, anteriormente analisados, cobrem algu-


mas das necessidades básicas e urgentes da humanidade, mas não
são de todo exaustivos. De facto, não existe nenhuma necessidade
que tenha resultado da rebelião do homem que não esteja coberta
pelo mesmo princípio da troca: O mal veio sobre Jesus para que
o bem nos pudesse ser oferecido. Assim que tivermos aprendido
a aplicar este princípio nas nossas vidas, a provisão de Deus será
liberta para suprir cada necessidade.
Agora tem de agarrar este princípio para poder satisfazer
aquela necessidade especial na sua vida: libertação da maldição.
Paulo descreve o aspecto relevante da troca em Gálatas 3:13-14:
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição
por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pen-
durado no madeiro; para que a bênção de Abraão chegasse aos
gentios por Jesus Cristo e para que, pela fé, nós recebamos a
promessa do Espírito.
Paulo aplica a Jesus na Cruz um decreto da Lei de Moisés,
afirmado em Deuteronómio 21:23, segundo o qual uma pessoa
que era executada, sendo pendurada num “madeiro”, ficava de-
baixo da maldição de Deus. Depois, ele aponta para o resultado
oposto: a bênção.
Não é necessário ser-se teólogo para analisar este aspecto da
troca:

Jesus fez-se maldição para que recebêssemos a bênção.

A maldição que veio sobre Jesus é definida como “a maldição


da Lei”. Ela inclui todas as maldições referidas por Moisés em
197
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Deuteronómio 28, que examinámos no capítulo 4. Cada uma des-


sas maldições veio sobre Jesus na sua plenitude. Assim, Ele abriu
o caminho para obtermos, da mesma forma, uma total libertação
e entrarmos nas bênçãos correspondentes.
Tente, por um momento, imaginar Jesus pendurado na Cruz.
Então, poderá começar a apreciar a totalidade do horror da mal-
dição.
Jesus tinha sido rejeitado pelos seus compatriotas, traído por
um dos Seus discípulos e abandonado pelos outros (embora mais
tarde alguns tivessem regressado para seguir a Sua última ago-
nia). Ele estava suspenso, nu, entre a terra e o céu. O Seu corpo
foi moído pelas dores de inúmeras feridas, a sua alma vergou-se
com a culpa de toda a humanidade. A terra tinha-O rejeitado, e o
céu não respondia ao Seu clamor. À medida que a luz do sol se
retirava e as trevas O cobriam, o Seu sangue vital jorrou caindo
nas pedras empoeiradas. No entanto, de dentro das trevas, mesmo
antes de Ele expirar, emergiu um grito final e triunfante: “Está
consumado!”
No texto Grego, esta expressão, “Está consumado!”, consiste
numa só palavra. É o passado de um verbo que significa “comple-
tar algo ou torná-lo perfeito”. Em Português, poderia ser exprimi-
do como “Está completamente completo” ou “Está perfeitamente
perfeito”.
Jesus tinha levado sobre Si todas as consequências malignas
que a rebelião havia trazido sobre a humanidade.

Jesus tinha levado sobre Si todas as consequências


malignas que a rebelião havia trazido sobre a humanidade.

Ele tinha esgotado todas as maldições da Lei de Deus que


tinham sido infringidas. Tudo isso para que, em troca, pudéssemos
receber todas as bênçãos que cabiam à Sua obediência. Um tal
sacrifício é assombroso na sua extensão, embora maravilhoso na
sua simplicidade.

198
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Foi capaz de aceitar com fé este relato do sacrifício de Jesus


e de tudo aquilo que Ele alcançou para si? Em particular, se está a
viver debaixo da sombra de uma maldição, começou a aperceber-
se de que Jesus, a um custo infinito para Si, fez provisão plena
para que você seja liberto?
Se sim, há uma resposta imediata que precisa de dar, uma
resposta que é a expressão mais simples e pura da verdadeira fé.
É dizer: “Obrigado!”
Faça isso agora mesmo! Diga: “Obrigado! Obrigado Senhor
Jesus, por tudo o que fizeste por mim! Não compreendo na totali-
dade, mas creio e estou grato.”
Agora, continue a agradecer-Lhe nas suas próprias palavras.
Quanto mais Lhe agradecer, mais irá crer naquilo que Ele fez por
si. E, quanto mais crer, mais Lhe quererá agradecer.
Dar graças é o primeiro passo para a libertação.

12
Outras implicações deste versículo foram discutidas no capítulo5, na
página 40.

Questionário

1. Qual é o único evento histórico em torno do qual gira toda


a mensagem da Bíblia?
2. Verdadeiro ou falso: Deus dá muitas soluções diferentes
para os problemas da humanidade.
3. Em Deuteronómio 28:48 Moisés junta quatro expressões
de absoluta pobreza. Quais são?
4. Duas das feridas mais cruéis trazidas a nós pe-
las nossas iniquidades são __________________ e
__________________.
5. Faz uma lista das oito trocas na Cruz, mencionadas neste
capítulo.

199
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

6. Como resultado da troca na Cruz, Jesus tornou-se uma


_____________________ pelo que tínhamos de receber
uma___________________.
7. Qual o primeiro passo para a libertação?

Aplicação na Vida

1. Acredita que Jesus esteve na Cruz pelos seus pecados?


2. Como, pessoalmente, experimentou o Seu sacrifício na sua
vida?
3. Das oito mudanças mencionadas, há alguma que não tenha
vivido? Se sim, quais, e porque pensa que isso foi assim?

Versículo para memorizar:

Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as


suas riquezas na glória em Cristo Jesus.
Filipenses 4:19

Proclamação de Fé

Jesus, eu aceito tudo o que fez por mim na Cruz. Acredito que
todas as minhas necessidades se foram saciadas por Vós.

Respostas

1. A morte sacrificial de Jesus Cristo na Cruz.


2. Falso. Ele oferece-nos apenas uma que é um todo suficien-
te: a Cruz de Jesus.
3. Fome, sede, nudez e necessidade de todas as coisas.
4. Vergonha, rejeição.
5. (1) Jesus foi castigado para que pudéssemos ser perdoados.

200
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

(2) Jesus foi ferido para que nós pudéssemos ser curados.
(3) Jesus foi feito pecado com os nossos pecados para que
pudéssemos tornar-nos justos com a Sua justiça. (4) Jesus
morreu a nossa morte para que pudéssemos compartilhar a
Sua vida. (5) Jesus tornou-se pobre com a nossa pobreza
para que pudéssemos tornar-nos ricos com a Sua riqueza.
(6) Jesus suportou a nossa vergonha para que pudéssemos
partilhar a Sua glória. (7) Jesus suportou a nossa rejeição
para que pudéssemos ter a Sua aceitação como filhos de
Deus. (8) Jesus tornou-se uma maldição para que pudésse-
mos receber uma bênção.
6. Maldição, bênção.
7. Dando graças.

201
3ª PaRTe – de Maldição a Bênção

seTe Passos PaRa a liBeRTação

Existe uma base, e apenas uma, completamente suficiente


para toda a provisão da misericórdia de Deus: a troca que ocor-
reu na Cruz. No capítulo anterior foram resumidos oito aspectos
principais:

Jesus foi castigado para que pudéssemos ser perdoados.


Jesus foi ferido para que pudéssemos ser curados.
Jesus foi feito pecado com a nossa pecaminosidade para que
pudéssemos ser feitos justos na Sua justiça.
Jesus morreu a nossa morte para que pudéssemos partilhar da
Sua vida.
Jesus fez-se pobre com a nossa pobreza para que pudéssemos
ser ricos com as Suas riquezas.
Jesus levou sobre Si a nossa vergonha para que pudéssemos
partilhar da Sua glória.
Jesus suportou a nossa rejeição para que pudéssemos ter a
Sua aceitação como filhos de Deus.
Jesus fez-se uma maldição para que pudéssemos receber uma
bênção.

Esta lista não está completa. Há outros aspectos da troca que


poderiam ser acrescentados. Mas todos eles são facetas diferentes
da provisão que Deus fez através do sacrifício de Jesus. A Bíblia
resume todos esses aspectos numa palavra grandiosa que tudo in-
clui: SALVAÇÃO. Muitas vezes, os cristãos limitam a salvação à
experiência de terem os pecados perdoados e terem nascido de
novo. No entanto, embora isto seja maravilhoso, é apenas a pri-
meira parte da salvação total revelada no Novo testamento.
O alcance total da salvação é obscurecido, pelo menos em par-

202
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

te, pelos problemas de tradução. No texto Grego original do Novo


Testamento, o verbo sozo, normalmente traduzido por “salvar”,
também é usado numa variedade de formas que vão para além
do perdão dos pecados. Aquele verbo, por exemplo, é usado em
muitos casos de pessoas que são curadas fisicamente.13 Também
é usado no caso de uma pessoa que é liberta de demónios14, e de
uma pessoa que estava morta e que é trazida de regresso à vida15.
No caso de Lázaro, é usado com recuperação de uma doença fa-
tal16. Em 2 Timóteo 4:18, Paulo usa o mesmo verbo para descrever
a preservação e protecção contínuas que lhe são dadas por Deus
contra o mal, e que se estendem por toda a sua vida.
O resultado final da salvação inclui todas as partes do ser
humano. Ela é lindamente resumida na oração de Paulo em 1
Tessalonicenses 5:23: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em
tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo.” A salvação inclui a totalidade da personalidade humana
– espírito, alma e corpo – e só é consumada pela ressurreição do
corpo na vinda de Cristo.
Contudo, ninguém pode entrar em toda a variedade de provi-
sões de salvação simultaneamente, ou através de uma única opera-
ção. É normal progredir por níveis, de uma provisão para a outra.
Muitos cristãos nunca vão para além de receber o perdão pelos
seus pecados. Não se apercebem das muitas outras provisões gra-
tuitas que estão à sua disposição.
A ordem pela qual uma pessoa recebe as várias provisões é
determinada pela soberania de Deus, que lida com todos nós en-
quanto indivíduos. Normalmente, o ponto de partida é o perdão
dos pecados, mas nem sempre. No ministério terreno de Jesus,
muitas vezes as pessoas recebiam primeiro a cura física e depois o
perdão dos seus pecados.
Isto também pode acontecer hoje em dia. Em 1968, a minha
própria esposa Ruth, enquanto ainda era solteira e vivia como ju-
dia praticante, tinha estado de cama durante várias semanas. Foi
então que recebeu uma visitação milagrosa de Jesus no seu quarto
203
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

e foi total e instantaneamente curada. Mas só dois anos mais tarde


é que reconheceu a necessidade de ter os seus pecados perdoados.
Só então é que ela nasceu de novo.
Quando viermos perante Deus, tomando por base o sacrifí-
cio que Jesus fez por nós, temos de ser sensíveis à direcção do
Espírito Santo. Não podemos impor as nossas prioridades a Deus,
mas temos de deixá-Lo trabalhar connosco pela ordem que Ele
escolher. Por exemplo, uma pessoa pode estar determinada a pro-
curar prosperidade financeira, enquanto a Sua primeira prioridade
pode ser a rectidão. Se a pessoa insistir teimosamente em procurar
prosperidade antes da rectidão, pode acabar por não receber ne-
nhuma!
Uma vez mais, uma pessoa pode necessitar de cura física sem
saber que a raiz da sua doença física é um problema emocional in-
terior – tal como rejeição, sofrimento ou insegurança. Em resposta
a isso, Deus irá mover-se para trazer a cura emocional que é ne-
cessária. No entanto, se a pessoa não estiver aberta a este proces-
so, mas continuar apenas a implorar por cura física, poderá acabar
por não receber nem cura física, nem cura emocional.
Por vezes Deus procura revelar-nos uma provisão de salvação
que é a nossa necessidade mais urgente e ainda assim não nos
apercebemos disso. Isto aplica-se em particular à provisão para
libertação de uma maldição. Muitas vezes, uma maldição que está
sobre a vida de uma pessoa é a barreira insuspeitável que a detém
de receber as outras provisões de salvação. Normalmente, é neces-
sário lidar com esta barreira antes que outras necessidades possam
ser satisfeitas.
De seguida iremos concentrar-nos na seguinte provisão: a tro-
ca de maldição para bênção. Neste ponto, confrontamo-nos pre-
cisamente com os mesmos assuntos que Moisés colocou perante
os Israelitas enquanto se preparavam para entrar na terra de Canã:
“Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te
tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe,
pois, a vida, para que vivas, tu e a tua semente.” (Deuteronómio
30:19). Os assuntos eram tão solenes e as suas consequências de
204
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

tão grande alcance, que Moisés tomou os céus e a terra para teste-
munharem a resposta de Israel.
As alternativas eram claras: vida e bênçãos, por um lado;
morte e maldições, por outro. Deus quis que os Israelitas esco-
lhessem e encorajou-os a tomarem a decisão certa: vida e bênçãos.
Mas Ele não iria escolher por eles. Ele também os relembrou que a
escolha que eles fizessem iria afectar não apenas as suas próprias
vidas, mas também as vidas dos seus descendentes. Novamente,
este ponto emerge como uma das características tanto das bênçãos
como das maldições: elas passam de geração em geração.
A escolha que Israel fez nesse tempo determinou o seu des-
tino e o mesmo é válido para os nossos dias. Deus coloca perante
nós exactamente as mesmas alternativas: vida e bênçãos ou morte
e maldições, e deixa que a escolha seja nossa. Tal como Israel, nós
determinamos o nosso destino através da escolha que fazemos, a
qual também pode afectar o destino dos nossos descendentes.
Lembro-me da primeira vez que fui confrontado com aquelas
palavras de Moisés. Fiquei aterrado quando percebi que Deus re-
queria uma resposta da minha parte. Deus estava à espera que eu
escolhesse! Eu não podia fugir à questão. De facto, não escolher
seria fazer a escolha errada.
Agradeço a Deus por Ele me ter dado a graça para fazer a
escolha certa. Desde então, nunca me arrependi da escolha que
fiz. Contudo, Deus começou logo a mostrar as implicações da mi-
nha escolha: eu tinha passado por uma porta que conduzia a uma
caminhada de fé e obediência para toda a vida, da qual não havia
retorno.
Todos aqueles que desejam passar da maldição à bênção têm
de passar pela mesma porta. Em primeiro lugar tem de haver um
reconhecimento claro das questões que Deus coloca perante nós.
Depois tem de haver uma resposta simples e positiva: “Senhor, eu
respondo tomando por base a Tua Palavra. Recuso a morte e as
maldições, e escolho a vida e as bênçãos.”
Quando tivermos feito esta escolha, então poderemos cla-
mar pela libertação de quaisquer maldições que estejam sobre as
205
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

nossas vidas. Quais são os passos que temos que dar para que
isso aconteça? Não existe qualquer padrão que todas as pessoas
tenham de seguir. No entanto, ao levar pessoas à libertação, aper-
cebi-me da utilidade de conduzi-las ao longo dos sete passos des-
critos mais abaixo.
Pode estar a abordar este assunto na perspectiva de alguém
que quer ajudar ou aconselhar outras pessoas. Todavia, para poder
receber o benefício total desta instrução, recomendo que se colo-
que mentalmente no lugar da pessoa que necessita de libertação.
Ao fazê-lo, poderá descobrir que esse é o lugar onde você está!

1. Confesse a sua fé em Cristo e no Seu sacrifício por si.


Em Romanos 10:9-10, Paulo explica que há duas condições
essenciais para receber os benefícios do sacrifício de Cristo: crer,
com o coração, que Deus ressuscitou Jesus de entre os mortos
e confessar, com a boca, que Ele é Senhor. A fé no coração só é
totalmente eficaz quando completada pela confissão com a boca.
Literalmente, a palavra confessar significa “dizer o mesmo
que”. No contexto da fé bíblica, confissão significa dizer com a
nossa boca aquilo que Deus já disse na Sua Palavra. Em Hebreus
3:1, Jesus é chamado “o Sumo Sacerdote da nossa confissão”.
Quando fazemos a confissão bíblica certa, no que respeita a Jesus,
ela liberta o Seu ministério sacerdotal em nosso favor.
Para recebermos os benefícios do sacrifício de Cristo, a nossa
confissão deve ser específica e pessoal. Por exemplo:
Senhor Jesus Cristo, creio que Tu és o Filho de Deus e o
único caminho para Deus; que morreste na Cruz pelos meus pe-
cados, e ressuscitaste de entre os mortos.

2. Arrependa-se de toda a sua rebelião e dos seus pecados.


Pode ter havido muitos factores externos que podem mesmo
remontar a gerações anteriores e que contribuíram para a maldição
que está sobre a sua vida. Ainda assim, a raiz de todos os seus pro-
blemas encontra-se em si mesmo. Ela é resumida naquela palavra
avon (iniquidade): a sua atitude rebelde em relação a Deus e os
206
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

pecados que resultaram dessa rebelião. Tem de aceitar responsa-


bilidade pessoal por este facto.
Por isso, antes de poder receber a misericórdia de Deus, Ele
requer que você se arrependa. Esta pode ser uma decisão deli-
berada da sua parte: deponha a sua rebelião e submeta-se, sem
reservas, a tudo aquilo que Deus requer de si. Uma pessoa que se
arrependeu verdadeiramente já não discute com Deus!
Uma pessoa que se arrependeu verdadeiramente já não dis-
cute com Deus!
O Novo Testamento não dá lugar à fé que passa ao lado
do arrependimento. Quando João Baptista veio para preparar o
caminho para Jesus, a primeira palavra na sua mensagem foi:
“Arrependei-vos…!” (Mateus 3:2). Mais tarde, quando Jesus
iniciou o Seu ministério público, Ele começou onde João tinha
ficado: “Arrependei-vos e crede no evangelho.” (Marcos 1:15).
Sem arrependimento não é possível haver fé eficaz. Muitos
cristãos professos debatem-se continuamente em busca de fé por
nunca terem cumprido a condição primordial de arrependimento.
Consequentemente, nunca recebem a totalidade dos benefícios do
sacrifício de Cristo.
Eis uma sugestão para uma confissão que expressa o arrepen-
dimento exigido por Deus:
Desisto de toda a minha rebelião e de todo o meu pecado e
submeto-me a Ti como meu Senhor.

3. Clame pelo perdão de todos os pecados.


A grande barreira que retém a bênção de Deus para as nossas
vidas é o pecado imperdoado. Deus já fez provisão para o perdão
dos nossos pecados, mas Ele não o irá fazer até que nós os con-
fessemos. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”
(1 João 1:9). Deus é fiel para fazer isto porque Ele nos deu a Sua
promessa e Ele cumpre sempre as Suas promessas. Ele também
é justo porque o castigo total dos nossos pecados já foi pago por
Jesus.
207
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Provavelmente, Deus mostrou-lhe certos pecados que o expu-


seram a uma maldição. Se assim for, faça uma confissão específica
desses pecados.
Também é possível que uma maldição tenha vindo sobre si
devido aos pecados cometidos pelos seus antepassados (especial-
mente idolatria ou o oculto). Você não carrega a culpa dos pecados
cometidos pelos seus antepassados, mas pode ser afectado de vá-
rias formas pelas consequências dos seus pecados. Se tiver conhe-
cimento de que é este o seu caso, peça também a Deus libertação
dessas consequências.
Eis uma oração possível que cobre este assunto:
Confesso todos os meus pecados perante Ti e peço-Te perdão,
especialmente por quaisquer pecados que me expuseram a uma
maldição. Liberta-me também das consequências dos pecados
dos meus antepassados.

4. Perdoe todas as pessoas que alguma vez o magoaram


ou enganaram.
Outro dos grandes obstáculos que pode impedir que a bênção
de Deus seja derramada nas nossas vidas é a falta de perdão nos
nossos corações em relação a outras pessoas. Em Marcos 11:25,
Jesus colocou o dedo sobre isto como um assunto, com que nós te-
mos de lidar, se esperamos que Deus responda às nossas orações:
E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coi-
sa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos per-
doe as vossas ofensas.
Este mesmo princípio perpassa todo o Novo Testamento: se
queremos que Deus nos perdoe, temos de estar preparados para
perdoar os outros.
Se queremos que Deus nos perdoe, temos de estar preparados
para perdoar os outros.
Perdoar uma pessoa não é primordialmente uma emoção; é
uma decisão. Por vezes, ilustro este facto com uma pequena “pará-
bola”. Você tem em seu poder uma série de notas de dívida de outra
pessoa no valor total de 1.500 euros. No entanto, no céu, Deus tem
208
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

na Sua mão notas de dívida de algo que você Lhe deve no valor de
15.000.000 euros. Deus faz-lhe uma oferta: “Tu rasgas as notas de
dívida que tens na mão e eu rasgo as que tenho na Minha mão. Por
outro lado, se ficares com as tuas notas de dívida, eu ficarei com as
Minhas!”
Visto segundo esta perspectiva, perdoar outra pessoa não
é um sacrifício tremendo. É apenas auto-interesse iluminado.
Qualquer pessoa que não esteja disposta a cancelar uma dívida
de 1.500 euros de forma a que a sua própria dívida de 15.000.000
seja cancelada, tem pouco sentido para o negócio!
Deus pode estar a trazer agora à sua mente alguém ou al-
gumas pessoas a quem precisa perdoar. Se for esse o caso, pode
pedir ajuda ao Espírito Santo. Ele irá impeli-lo a tomar a decisão
correcta, mas Ele não o fará no seu lugar. Responda quando sentir
o Seu encorajamento. Tome uma decisão clara no sentido de per-
doar. Depois, verbalize a sua decisão. Diga em voz alta, “Senhor,
eu perdoo…” e nomeie o nome da pessoa ou pessoas envolvidas.
Aquelas pessoas cujo nome tem mais dificuldade em pronunciar
são as que mais precisa de perdoar! Eis algumas palavras simples
que pode usar:
Através de uma decisão da minha vontade, perdoo a todos
quantos me magoaram ou enganaram, da mesma forma que quero
que Deus me perdoe. Perdoo, em particular,… (nome, i.e. a pes-
soa ou pessoas).

5. Renuncie a todo o contacto com qualquer coisa oculta


ou satânica.
Antes de chegar à oração de libertação propriamente dita, há
uma outra área importante com a qual tem de lidar: todo o contac-
to com tudo o que for oculto ou satânico. Isto inclui uma grande
variedade de actividades e práticas. Neste momento, pode precisar
de voltar às páginas 63-66 no capitulo 6, onde encontrará uma lis-
ta que cobre algumas das formas, mas não todas, que essas activi-
dades e práticas podem tomar. Se tem dúvidas acerca de uma área
que não é mencionada na lista, peça a Deus para lhe esclarecer.
209
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Se já alguma vez esteve envolvido em tais actividades e prá-


ticas, atravessou uma fronteira para o reino de Satanás. Desde en-
tão, quer saiba quer não, Satanás tem olhado para si como um
dos seus súbditos. Ele considera que tem um direito legal sobre
si. Uma vez que o reino de Deus e o reino de Satanás se opõem
totalmente, não poderá usufruir da totalidade dos direitos e bene-
fícios de um cidadão no Reino de Deus até ter cortado, finalmente
e para sempre, com toda a ligação com Satanás, e ter cancelado
totalmente qualquer direito que ele possa ter contra si.
Em 2 Coríntios 6:14b-15, Paulo realça a necessidade de um
corte total com o reino de Satanás: “E que comunhão tem a luz
com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial (isto é,
Satanás)?” No versículo 17, conclui com uma acusação directa da
parte do próprio Deus:
Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não
toqueis nada imundo, e eu vos receberei.
Para realizar este corte, também é necessário lidar com quais-
quer “objectos de contacto” – ou seja, objectos que ainda o pos-
sam ligar a Satanás. Isto pode incluir muitos itens diferentes. No
meu caso, tal como relatei no capítulo 2, foram os dragões chine-
ses que tinha herdado. Se tem algumas dúvidas sobre como isto se
pode aplicar à sua situação, peça a Deus que coloque o Seu dedo
em qualquer coisa que O ofende. Depois, desfaça-se desse objecto
da forma mais eficaz: queime-o, desfaça-o, atire-o para águas pro-
fundas – ou qualquer coisa do género!
Se está pronto a fazer este corte total com Satanás e o seu
reino, eis uma forma apropriada para o afirmar:
Renuncio a todo o contacto com qualquer coisa oculta ou sa-
tânica; se tiver quaisquer “objectos de contacto”, comprometo-me
a destruí-los. Cancelo todas as reivindicações de Satanás contra
mim.

6. Agora você está preparado para orar a oração de liber-


tação de qualquer maldição.
Se se disponibilizou para se comprometer perante cada um
210
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

dos cinco passos anteriores, está agora em posição de fazer a ora-


ção de libertação de qualquer maldição que possa estar sobre a
sua vida. Mas lembre-se, há apenas uma base sobre a qual Deus
oferece a Sua misericórdia: a troca que ocorreu quando Jesus mor-
reu na Cruz.

Há apenas uma base sobre a qual Deus oferece a Sua


misericórdia: a troca que ocorreu quando Jesus morreu na Cruz.

Incluída nessa troca estava a provisão para a libertação de


todas as maldições. Ao ser pendurado numa cruz, Jesus fez-se
maldição com todas as maldições que alguma vez poderiam vir
sobre si, para que você pudesse ser liberto de toda a maldição e
recebesse a bênção de Deus no seu lugar.
É importante que a sua fé seja exclusivamente baseada naqui-
lo que Jesus alcançou para si através do Seu sacrifício na Cruz.
Você não tem de “ganhar” a sua libertação. Você não tem de “me-
recê-la”. Se vier perante Deus com esse tipo de pensamentos, não
terá qualquer base sólida para a sua fé. Deus responde-nos toman-
do por base somente aquilo que Jesus fez por nós, e não qualquer
mérito que nós possamos achar que temos.

Deus responde-nos tomando por base somente


aquilo que Jesus fez por nós, e não qualquer mérito
que nós possamos achar que temos.

Se orar com fé nesta base, a sua oração deverá terminar não


apenas pedindo, mas recebendo. Em Marcos 11:24, Jesus esta-
beleceu isto como princípio: “Por isso, vos digo que tudo o que
pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis.”
Neste tipo de oração há dois níveis distintos, registados como
causa e efeito: receber e possuir. Receber é a causa, a partir da
qual se segue possuir, como efeito. Receber acontece quando nós
oramos. Possuir segue-se na forma e tempo determinados pela

211
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

soberania de Deus. Mas o princípio realçado por Jesus é este: se


não recebermos na altura em que oramos, não temos qualquer se-
gurança de que alguma vez iremos possuir.

Se não recebermos na altura em que oramos, não temos


qualquer segurança de que alguma vez iremos possuir.

Eis uma oração que seria apropriada. Poderá lê-la primeiro e


depois continuar a leitura para mais instruções.
Senhor Jesus, creio que na Cruz levaste sobre Ti todas as
maldições que alguma vez poderiam vir sobre mim. Por isso, pe-
ço-Te agora que me libertes de toda a maldição que estiver sobre
a minha vida, no Teu nome, Senhor Jesus!
Pela fé, recebo agora a minha libertação e agradeço-Te por
ela.
Agora pare por um momento! Antes de fazer esta oração de
libertação, seria sensato reafirmar cada uma das cinco confissões
anteriores que já fez. Para tornar isto mais fácil para si, elas estão
repetidas em baixo, embora sem quaisquer outros comentários ou
explicações.
Leia-as em voz alta, devagar e deliberadamente, sem desviar
a sua atenção. Se sentir alguma dúvida sobre qualquer área, volte
atrás e leia a explicação novamente. Identifique-se com as palavras
que pronunciar. Quando as tiver lido até ao fim, deverá sentir que
veio perante Deus através das palavras que proferiu. Depois, passe
directamente à oração de libertação, que se encontra repetida no
final.
Eis, então, a oração completa:
Senhor Jesus Cristo, creio que Tu és o Filho de Deus e o úni-
co caminho para Deus; que morreste na Cruz pelos meus pecados
e ressuscitaste de entre os mortos.
Desisto de toda a minha rebelião e de todo o meu pecado, e
submeto-me a Ti como meu Senhor.

212
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Confesso todos os meus pecados perante Ti e peço-Te perdão,


especialmente por quaisquer pecados que me expuseram a uma
maldição. Liberta-me também das consequências dos pecados
dos meus antepassados.
Através de uma decisão da minha vontade, perdoo a todos
quantos me magoaram ou enganaram, da mesma forma que quero
que Deus me perdoe. Perdoo, em particular, …
Renuncio a todo o contacto com qualquer coisa oculta ou
satânica, se tiver quaisquer “objectos de contacto”, comprome-
to-me a destruí-los. Cancelo todas as reivindicações de Satanás
contra mim.
Senhor Jesus, creio que na Cruz levaste sobre Ti todas as
maldições que alguma vez poderiam vir sobre mim. Por isso, pe-
ço-Te agora que me libertes de toda a maldição que estiver sobre
a minha vida, no Teu nome, Senhor Jesus Cristo!
Pela fé, recebo agora a minha libertação e agradeço-Te por
ela.
Agora, não se fique apenas por dizer “Agradeço-Te” uma ou
duas vezes. A sua mente não consegue captar uma fracção daquilo
que pediu a Deus para fazer por si, mas responda a Deus com o
seu coração! Este pode ser o momento para libertar mágoas, pres-
sões ou inibições que se têm acumulado dentro de si ao longo dos
anos. Se uma barragem derrocar dentro de si, não tente suster as
lágrimas que são o desabafo do seu coração.
Não se deixe deter pelo constrangimento ou pelo embaraço!
Deus sempre soube todas as coisas que você tem mantido tranca-
das dentro de si e Ele não se sente constrangido por elas. Então,
porque é que você se deveria sentir assim? Diga a Deus o quanto
verdadeiramente O ama. Quanto mais expressar o seu amor, mais
real ele será para si.
Por outro lado, não existe qualquer padrão que toda a gente
deva seguir para responder a Deus. A chave para a libertação não
é um tipo particular de resposta. A fé pode ser expressa de muitas
e variadas formas. Seja apenas você mesmo com Deus. Abra todo
o seu ser para o amor de Deus, tal como uma flor abre as suas
213
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

pétalas para o sol.

7. Agora creia que recebeu e prossiga com a bênção de


Deus!
Não tente analisar, por agora, a forma que a bênção irá tomar
ou como é que Deus lha irá transmitir. Deixe isso nas mãos de
Deus. Deixe que Ele o faça como e quando Ele quiser. Você não
tem de se preocupar com isso. A sua parte é apenas abrir-se, sem
reservas, a tudo aquilo que Deus quer fazer em si e através da Sua
bênção.
Lembre-se que Deus “é poderoso para fazer tudo muito
mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos”
(Efésios 3:20). Por isso, não limite Deus a fazer apenas aquilo que
você pensa. Eis algumas palavras simples que pode usar:
Senhor, disponibilizo-me agora para receber a Tua bênção de
todas as formas que Tu ma queres transmitir.
Será empolgante para si verificar a forma como Deus irá res-
ponder!

13 
Mateus 9:21-22; 14:36; Marcos 5:23, 28, 34; 6:56; 10:52; Lucas 8:48;
Actos 4:9; 14:9; Tiago 5:15
14
Lucas 8:36
15
Lucas 8:50
16
João 11:12

Questionário

1. Que partes da personalidade humana se incluem na


Salvação?
2. No ministério terrestre de Jesus as pessoas muitas vezes
receberam _____________________ primeiro e então o
perdão dos seus _____________________.
3. Muitas vezes uma maldição sobre a vida de uma pessoa
é uma _____________________ que o impede receber as
214
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

das outras provisões da salvação.


4. Verdadeiro ou falso: Fé no coração não é totalmente eficaz
até que tenha sido completado com a confissão com a boca.
5. Sem _____________________ a fé efectiva não é
possível.
6. Quais são as três grandes barreiras que mantém as bênçãos
de Deus fora das nossas vidas?
7. Perdoando outra pessoa não é primariamente uma emoção;
é uma _____________________.
8. Verdadeiro ou falso: Todo o contacto com algo oculto ou
satânico deve ser eliminado antes de poder fazer a oração
verdadeira de libertação.
9. Listem as sete etapas para a libertação.

Aplicação na Vida

1. Está pronto a seguir os sete passos para ser libertado de


maldições sobre a sua vida? Se não, porquê?
2. 
Siga os sete passos. Não se apresse;tire o seu tempo
para cada etapa. Reveja as suas respostas nas secções da
Aplicação da Vida neste curso de auto estudo (no fim de
cada capítulo), e use a oração das páginas 212 e 213 como
exemplo de como orar. (1) Confesse a sua fé em Cristo. (2)
Arrependa-se. (3) Peça perdão de acordo com 1 João 1:9.
(4) Perdoe aos outros (incluindo alguém que tenha men-
cionado nas secções de Aplicação na Vida do capítulo 7 ao
11 e que lhe tenha ofendido). (5) Renuncie o contacto por
si ou membros da sua família de gerações passadas com o
oculto, falsas religiões, sociedades secretas ou ídolos. (6)
faça a oração da libertação. (7) Receba na fé.

Versículo para memorizar

Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.


João 8:36
215
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Proclamação de Fé

Jesus, estarei firme na liberdade com que vós me fizestes li-


vre. Nunca mais ficarei preso à escravidão.
(ver Gálatas 5:1)

Respostas

1. Espírito, alma, corpo


2. Cura física, pecados.
3. Barreira insuspeita.
4. Verdadeiro.
5. Arrependimento.
6. Pecado não perdoado (passo 3), Incapacidade de perdoar
(passo 4) e contacto com o oculto (passo 5).
7. Decisão.
8. Verdadeiro.
9. (1) Confesse a sua fé em Cristo e no Seu sacrifício em seu
lugar. (2) Arrependa-se de toda a sua rebelião e seus peca-
dos. (3) Peça perdão. (4) Perdoe a todos os que lhe possam
ter prejudicado ou ofendido. (5) Renuncie a qualquer con-
tacto com algo do oculto ou satânico. (6) Faça a oração da
libertação de qualquer maldição. (7) Acredite que recebeu
e avança na bênção de Deus.

216
3ª PaRTe – de Maldição a Bênção

da soMBRa PaRa a luZ do sol

Se seguiu as instruções do capítulo anterior, atravessou uma


fronteira invisível. Atrás de si ficou um território ensombrado por
maldições de muitos tipos e de muitas origens diferentes. À sua
frente está um território iluminado pela luz solar das bênçãos de
Deus. Antes de avançar, lembre-se novamente do resumo da lista
que Moisés deu em Deuteronómio 28:2-13:

Exaltação Prosperidade
Saúde Vitória
Reprodutividade Favor de Deus

Isto são tudo partes da sua herança em Cristo que esperam ser
exploradas e reclamadas por si.
A repetição destas palavras-chave para si próprio várias ve-
zes, de preferência em alta voz, poderá ajudá-lo. Por vezes, viver
debaixo de uma maldição faz com que seja difícil para uma pes-
soa, imaginar como seria gozar a bênção correspondente. Peça a
Deus que torne a sua nova herança algo real e clara para si. Pode
ter de repetir estas palavras frequentemente, mesmo várias vezes
por dia, até saber, de facto, que elas são suas!
Ao repeti-las, faça uma pausa e agradeça a Deus pelo facto
de que cada uma delas faz agora parte da sua herança. Lembre-
se que dar graças é a expressão de fé mais pura e simples. Se há
muito tempo que se debate com uma maldição sobre a sua vida,
pode haver áreas da sua mente das quais as trevas não se dissipam
de imediato. Repetir estas palavras positivas que descrevem as
bênçãos será como ver os primeiros raios de sol a brilhar num
vale escuro, e que depois se espalham até iluminarem todo o vale.

217
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

A transição do território em trevas para o território ilumina-


do pela luz do sol, pode tomar muitas formas diferentes. Não há
um único padrão igual para todas as pessoas. Algumas pessoas
experimentam uma libertação quase instantânea e parecem entrar
imediatamente nas bênçãos que a Escritura promete. Para outras,
igualmente sinceras, pode haver uma luta longa e dura. Quanto
mais as pessoas estiveram envolvidas no oculto, mais difícil pode
ser a sua luta para escapar. Satanás vê-as como suas presas le-
gítimas e está determinado a não abrir mão delas. Estas pessoas
têm de estar ainda mais determinadas a reivindicar o seu direito
à liberdade, que foi comprado para elas, pelo sacrifício de Jesus.
Satanás tem também, pelo menos, algum conhecimento pré-
vio daquilo que Deus preparou para aqueles que escapam da sua
opressão. Quanto maiores forem as bênçãos que aguardam uma
pessoa, mais determinada será a tentativa de Satanás para não a lar-
gar. Vistas à luz do que acima foi dito, como reflexos das bênçãos
que estão adiante, as nossas lutas poderão tornar-se uma fonte de
encorajamento.
Para além e acima destes factores, somos confrontados com
a soberania de Deus. A perspectiva de Deus é diferente da nossa.
Ela toma em conta factores numa situação, sobre a qual nada sa-
bemos. Ele cumpre sempre as Suas promessas, mas na maior parte
dos casos há duas coisas que Ele não revela antecipadamente: a
forma exacta de como Ele irá trabalhar em cada vida e o tem-
po exacto que isso irá levar. Ninguém pode dizer a Deus como
Ele deve cumprir as Suas promessas. Aquilo que devemos fazer é
manter uma atitude de confiança firm e inabalável de que Deus se
irá mover quando e como Ele achar melhor.
Temos de olhar novamente para o lado positivo da troca des-
crita por Paulo em Gálatas 3:13-14:
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição
por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pen-
durado no madeiro; para que a bênção de Abraão chegasse aos
gentios por Jesus Cristo e para que, pela fé, nós recebamos a
promessa do Espírito.
218
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Paulo refere três factos importantes no que diz respeito à bên-


ção prometida:
Primeiro, a bênção não é algo vago e indefinido. Ela é bas-
tante específica: a bênção de Abraão. Em Génesis 24:1, é definida
a sua extensão: “…e o SENHOR havia abençoado a Abraão em
tudo.” A bênção de Deus cobria todas as áreas da vida de Abraão.
Ele tem uma bênção correspondente preparada para cada pessoa
que cumprir as Suas condições.
Segundo, a bênção vem apenas em Cristo Jesus. Ela não pode
ser conquistada através dos nossos próprios méritos. Ela é ofereci-
da unicamente na base do nosso relacionamento com Deus através
de Jesus Cristo. Não há qualquer outro canal, através do qual, a
bênção possa fluir para as nossas vidas. Se o relacionamento com
Cristo sofrer uma ruptura devido à incredulidade ou desobediên-
cia, a bênção irá parar de fluir. Mas, graças a Deus, ela pode ser
restaurada de imediato mediante arrependimento sincero!
Terceiro, a bênção é ainda definida como “a promessa do
Espírito (Santo)”. Em relação a isto, Jesus diz-nos, em João 16:13-
15:
Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará
em toda a verdade… Ele me glorificará, porque há de receber do
que é meu e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu;
por isso, vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de
anunciar.
Que palavras maravilhosas de encorajamento! As três Pessoas
da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, estão unidas no Seu pro-
pósito para partilharem connosco tudo o que foi comprado para
nós pelo sacrifício de Jesus. Uma vez que isto é muito maior do
que a nossa mente natural é capaz de entender, temos de depender
do Espírito Santo para nos guiar à plenitude da nossa herança, e
para nos mostrar como podemos tomar posse daquilo que Deus
providenciou para nós.
Em Romanos 8:14, Paulo realça novamente o papel único do
Espírito Santo: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito
Santo de Deus, esses são filhos de Deus.” Paulo tem o cuidado
219
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

de empregar nesta passagem um tempo verbal progressivo: “to-


dos os que são continuamente guiados pelo Espírito Santo de
Deus”. Ser “guiado pelo Espírito Santo” não é uma experiência de
um momento. É algo do qual devemos depender de segundo em
segundo. É o único caminho pelo qual chegaremos à maturidade
espiritual. Através disso passamos de criancinhas a filhos maduros
de Deus.
Infelizmente, muitos cristãos nunca usufruem plenamente
da direcção e presença do Espírito Santo por uma simples razão:
eles não se apercebem que Ele é uma Pessoa. “Ora, o Senhor é
Espírito” (2 Coríntios 3:17). Da mesma forma que Deus, o Pai, é
Senhor, e Deus o Filho é Senhor, assim também Deus o Espírito,
é Senhor. Ele não é apenas uma abstracção teológica, nem um
conjunto de regras, nem metade de uma frase no final do Credo
dos Apóstolos. Ele é uma Pessoa e quer que cultivemos um rela-
cionamento pessoal e íntimo com Ele.
O Espírito Santo tem as Suas próprias características distin-
tas. Ele não é agressivo, não força as coisas, nem grita connosco.
Normalmente, Ele fala em tons suaves e dirige-nos através de im-
pulsos gentis. Para receber a Sua direcção, temos de permanecer
atentos à Sua voz e sensíveis aos Seus impulsos.
Para além do mais, o Espírito Santo lida com cada um de nós
como indivíduos. Não existe um conjunto de regras estabelecidas
que toda a gente tem de seguir para poder entrar nas bênçãos de
Deus. Cada um de nós tem uma personalidade especial e distinta,
com necessidades e aspirações únicas, com pontos fortes e fra-
quezas únicos. O Espírito Santo respeita a nossa singularidade.
Alguém disse que Deus nunca faz de um crente uma cópia de
outro crente, nem produz cristãos numa fábrica com linha de mon-
tagem.
Só o Espírito Santo é que conhece os perigos especiais que
nos ameaçam em qualquer situação ou as bênçãos específicas que
irão de encontro às nossas necessidades individuais. Ele guia-nos
com fidelidade através dos perigos e expõe-nos às bênçãos. Se co-
meçarmos a seguir um qualquer sistema religioso ou se nos mol-
220
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

darmos a nós próprios segundo outro cristão, iremos perder algu-


mas das melhores bênçãos que Deus tinha demarcado para nós.
Por isso, seria sensato parar agora por alguns instantes e ofe-
recer uma breve oração:
Espírito Santo, eu abro o meu coração e mente para Ti.
Revela-me as bênçãos que Jesus alcançou para mim e como é que
eu posso recebê-las.
Em Hebreus 10:14, anteriormente citado no capítulo 17, o
escritor usa dois tempos verbais em contraste para descrever dois
lados opostos da troca que ocorreu na Cruz. Para descrever aqui-
lo que Jesus alcançou na Cruz, ele usa o tempo perfeito do ver-
bo: “Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre...”
Aquilo que Jesus fez está absoluta e eternamente completo. Não
há nada que precise ser acrescentado e nada lhe poderá ser reti-
rado.

Aquilo que Jesus fez está absoluta e eternamente completo.


Não há nada que precise ser acrescentado
e nada lhe poderá ser retirado.

Por outro lado, noutra tradução, de forma a descrever o resul-


tado do sacrifício, naqueles que o aceitaram, o texto aparece num
presente contínuo: “os que estão sendo santificados”. A apropria-
ção que fazemos do sacrifício não fica imediatamente completa:
ela é progressiva. O processo pelo qual tomamos posse dele é
descrito como “sendo santificado”, ou seja, sendo separados para
Deus em santidade. Ao alinharmos progressivamente as nossas
vidas com os requisitos de santidade de Deus, somos capazes de
entrar nas Suas bênçãos de uma forma mais plena.
Quando confrontados com este desafio, por vezes os cris-
tãos respondem: “Mas eu pensei que tinha tudo quando nasci de
novo!” A resposta é sim…, e não. Esta questão tem duas faces:
a legal e a experimental. A resposta irá divergir de acordo com a
perspectiva que tomamos.
Legalmente, de facto “adquirimos tudo” quando nascemos
221
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

de novo. De acordo com Romanos 8:17, quando nos tornámos


filhos de Deus fomos feitos “herdeiros de Deus e co-herdeiros de
Cristo”. Legalmente, a partir daquele momento, foi-nos dado o
direito de partilharmos de toda a herança de Cristo com Ele.
No entanto, ao nível da experiência ficámos apenas no princí-
pio de um processo que leva uma vida inteira a completar. A vida
cristã poderia ser descrita como uma progressão do legal para o
experimental. Passo a passo, em fé, temos de tomar posse, pela
experiência, de tudo o que já é nosso por direito legal através da
nossa fé em Cristo. É a isto que o escritor de Hebreus chama de
“sendo santificado”.
Em João 1:12-13, o apóstolo diz, em relação àqueles que nas-
ceram de novo ao receberem Jesus, que Deus lhes deu “o poder
de serem feitos filhos de Deus”. A palavra grega aqui traduzida
por “poder” é exousia, normalmente traduzida por “autoridade”.
É isto que a pessoa recebe, de facto, ao nascer de novo: autoridade
para ser feito filho de Deus.

Ao nascer de novo a pessoa recebe autoridade


para ser feito filho de Deus.

Contudo, a autoridade só é efectiva quando é exercida. O po-


tencial do novo nascimento é ilimitado, mas os resultados palpá-
veis dependem do exercício da autoridade que lhe está adjacente.
Aquilo que uma pessoa será através do novo nascimento é deter-
minado pela extensão do exercício da autoridade dada por Deus.
Há um íntimo paralelo entre a experiência de crentes ao en-
trarem nas bênçãos de Deus na Nova Aliança e a dos Israelitas
ao entrarem em Canã sob a Antiga Aliança. Na primeira aliança,
Deus conduziu o Seu povo a uma terra prometida, sob um líder
chamado Josué. Na segunda aliança, Deus conduz o Seu povo a
uma terra de promessas, sob um líder chamado Jesus (que é uma
outra forma de Josué). Assim como a terra de Canã era a herança
física indicada para Israel, da mesma forma as promessas de Deus,

222
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

oferecidas através de Jesus, são a herança espiritual indicada para


os cristãos nestes tempos. Os mesmos princípios que se aplicaram
aos israelitas, aplicam-se assim aos cristãos de hoje.
Em Josué 1:2-3, Deus deu instruções a Josué sobre como os
Israelitas deveriam tomar posse da sua herança:
Moisés, meu servo, é morto: levanta-te, pois, agora, passa
este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu estou dando aos
filhos de Israel. Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo
tenho dado, como prometi a Moisés.
Nesta passagem está patente, precisamente, o mesmo con-
traste de tempos verbais que em Hebreus 10:14. No versículo 2, o
Senhor usa um presente contínuo: “Eu estou dando (a terra)”. Mas
no versículo 3, Ele usa o tempo perfeito do verbo: “tenho dado (a
terra)”. A partir do versículo 3, a posse legal de Canã ficou estabe-
lecida: Ela pertencia a Israel. No entanto, o nível da experiência,
nada havia mudado. Os Cananeus ainda estavam a ocupar a terra.
O desafio colocado a Josué e ao seu povo era o de passarem
do legal ao experimental, dando um passo de cada vez. À medida
que colocavam os seus pés num lugar, ele tornava-se seu, não ape-
nas legalmente, mas também ao nível da experiência.
Se os Israelitas tivessem respondido a promessa de Deus da
mesma forma que alguns cristãos gostariam de responder, a histó-
ria teria sido muito diferente. Eles ter-se-iam alinhado na margem
Este do Jordão, cruzado os braços, olhando para Oeste e dito: “É
toda nossa!” Mas os Cananeus ter-se-iam rido deles. Eles sabiam
quem é que ainda possuía a terra.
Mas, na verdade, Josué e o seu povo agiram de forma muito
diferente. Primeiro, atravessaram o Jordão através de um mila-
gre que Deus fez em resposta à sua obediência. Depois, cercaram
e capturaram Jericó, novamente por milagre. Mas depois disso,
foram progredindo, especialmente através de batalhas e não por
causa de milagres. Eles prosseguiram em todas as direcções na
terra de Canã e lutaram uma longa série de batalhas contra os vá-
rios habitantes da terra. Mesmo depois de muita guerra árdua, a
sua tarefa ainda não tinha sido cumprida. Muito tempo depois,
223
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Deus disse a Josué: “Ainda muitíssima terra ficou por possuir”


(Josué 13:1).
É precisamente com este desafio que nós, crentes no Novo
Testamento, nos confrontamos: passarmos do legal ao experimen-
tal. Tal como Israel, também nós iremos enfrentar oposição. O nos-
so progresso irá ser continuamente contestado por forças satâni-
cas, e temos de aprender a ultrapassá-las com as armas espirituais
que Deus nos providenciou. Em última instância, as promessas de
Cristo no Novo testamento são dadas apenas a um tipo de pessoa:
“ao que vencer”. (ver Apocalipse 2 e 3). O direito à herança encon-
tra-se resumido em Apocalipse 21:7: “Quem vencer herdará todas
as coisas”.
Com o intuito de nos fortalecer e encorajar ainda mais, Deus
colocou perante nós o exemplo de Abraão, que é chamado “o pai
de todos nós”. Através de Abraão, Deus não estabeleceu apenas a
medida da bênção que preparou para cada um de nós, que está “em
todas as coisas”, mas também indicou-nos o caminho que conduz
a essa bênção. A vida de Abraão é um exemplo e um desafio em
três áreas principais: a sua obediência imediata, a sua completa
confiança na palavra de Deus e a sua inabalável perseverança.
Em Hebreus 11:8, o escritor realça a obediência imediata e
inquestionável de Abraão: “Pela fé, Abraão, sendo chamado, obe-
deceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e
saiu, sem saber para onde ia.”
Abraão não pediu qualquer explicação sobre a razão pela qual
devia partir, nem qualquer descrição do lugar para onde ia. Ele fez
apenas aquilo que Deus lhe tinha dito para fazer, imediatamente e
sem questionar. Foi esse mesmo tipo de obediência que caracteri-
zou toda a sua vida: por exemplo, quando Deus ordenou que ele
e toda a sua casa fossem circuncidados (Génesis 17:9-14, 23-27);
e mesmo quando Deus lhe disse para oferecer o seu filho, Isaque,
como sacrifício (Génesis 22:1-14). Abraão nunca hesitou na sua
obediência nem questionou Deus em relação ao que lhe foi dito
para fazer.
Em Romanos 4:16-21, Paulo refere que quando Deus chamou
224
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Abraão de “pai de muitas nações”, ele só tinha um filho de Hagar,


uma escrava, enquanto que Sara, a sua esposa, há muitos anos que
estava estéril. No entanto, ele entendeu a descrição que Deus fez
dele, como sendo verdade desde o momento em que ela foi profe-
rida. Uma vez que ele aceitou a palavra de Deus sem a questionar,
mesmo contra a evidência palpável, houve um cumprimento físico
que foi confirmado pelos seus sentidos.
De facto, passaram cerca de 25 anos desde o momento em que
Deus prometeu pela primeira vez a Abraão que os seus descenden-
tes iriam ser tão numerosos como as estrelas até ao nascimento
do filho que era o herdeiro prometido. Ao longo de todos aqueles
anos ele não teve nada a que se agarrar senão à promessa de Deus.
Ele deve ter enfrentado inúmeras tentações para o desencorajar;
contudo, nunca desistiu nem abandonou a sua fé. Finalmente, a re-
compensa da sua firmeza é resumida em Hebreus 6:15: “E assim,
esperando com paciência, alcançou a promessa.”
Em Romanos 4:11-12, Paulo diz-nos que somos filhos de
Abraão “se seguirmos as pisadas da fé de Abraão”. Este é o re-
quisito bíblico para entrarmos na “bênção de Abraão”, prometida
em Gálatas 3:14. Tal como Abraão, temos de aceitar a Palavra
de Deus como o elemento certo e imutável da nossa experiência.
Todas as opiniões variáveis dos homens e todas as impressões flu-
tuantes dos nossos sentidos são apenas “erva que seca”. “Mas a
palavra de nosso Deus subsiste eternamente.” (Isaías 40:8).
Todavia, a nossa aceitação da palavra de Deus não pode ser
puramente intelectual ou teórica. Temos de demonstrá-la nas nos-
sas acções, tal como Abraão: através de uma obediência imediata
e inquestionável e de uma firme perseverança perante todo o de-
sencorajamento. Desta forma iremos testemunhar que a Palavra
de Deus será provada verdadeira na nossa experiência. Iremos co-
nhecer a bênção de Deus, tal como Abraão conheceu, “em todas
as coisas”.
Satanás irá opor-se a nós continuamente com pressões men-
tais e emocionais: dúvidas, medo, culpa, confusão e por aí fora.
Ele também poderá assediar os nossos corpos com várias formas
225
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

de enfermidade física. Mas Deus providenciou para nós uma arma


extremamente eficaz contra tudo isso: a Sua Palavra. Em Efésios
6:17, Paulo dirige-nos: “Tomai… a espada do Espírito, que é a
palavra de Deus.”
Isto requer a acção conjunta do humano e do divino. A espada
é a espada do Espírito Santo, mas é nossa responsabilidade “tomá
-la”. Se nós a tomarmos, o Espírito Santo irá usa-la. Mas se não a
tomarmos, o Espírito Santo nada tem para usar.
A palavra usada aqui por Paulo para descrever a Palavra de
Deus é rhema, que é principalmente uma palavra falada. Ela só
é eficaz quando proferida por lábios que crêem. Paulo não está
a falar da Bíblia nas nossas prateleiras ou nas nossas mesas-de-
cabeceira. Ele está a falar da Bíblia quando é usada pelos nossos
lábios e proferida com uma fé ousada.
O nosso grande padrão no uso desta espada é o próprio
Senhor Jesus, tal como Ele demonstrou ao ser tentado por Satanás
no deserto (ver Mateus 4:1-11). Cada uma das três tentações de
Satanás continha a palavra se. Por outras palavras, o seu objectivo
era produzir dúvida.
As duas primeiras tentações começam com a expressão “Se tu
és o Filho de Deus…” Pouco tempo antes disso, quando Jesus foi
baptizado por João no rio Jordão, Deus o Pai tinha declarado pu-
blicamente: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”
(Mateus 3:17). Agora, Satanás estava a tentar Jesus para duvidar
daquilo que o Pai havia dito acerca Dele.
A terceira tentação também começou com um se, mas já não
era uma tentação apenas para duvidar, mas também para O levar à
desobediência: “Se te prostrares e me adorares…” Satanás estava
a desafiar Jesus a cometer o maior de todos os pecados: quebrar o
primeiro mandamento.
As tentações que Satanás traz contra nós, enquanto discípu-
los de Jesus, irão seguir um padrão semelhante. Primeiro, ele irá
tentar-nos a duvidar daquilo que Deus disse sobre nós; duvidar
que os nossos pecados foram perdoados, que Deus nos ama de
verdade, que fomos aceites na família de Deus como Seus filhos,
226
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

que fomos libertos da maldição e que entrámos na bênção. Mas a


sua última tentativa para nos tentar será sempre para nos dirigir à
desobediência.
Jesus usou apenas uma arma para derrotar Satanás: a rhema
– a palavra de Deus proferida. Ele contrapôs cada tentação com
a mesma expressão: “Está escrito”. Cada uma delas era uma ci-
tação directa das Escrituras do Antigo Testamento. Satanás não
tem qualquer defesa contra a Palavra de Deus citada directamente
contra ele. Ele tem de se retirar, derrotado.
Em tudo isto, Jesus é o nosso exemplo perfeito. Ele não con-
fiou em qualquer sabedoria ou argumentos Seus, mas usou preci-
samente a mesma arma que Deus nos deu: a Palavra de Deus. A
nossa segurança depende de seguirmos o exemplo de Jesus. Seria
com certeza uma tolice confiarmos na nossa própria sabedoria,
força ou justiça. Satanás é mil vezes mais esperto e forte do que
nós. Ele é capaz de apontar mil defeitos na nossa justiça. Mas há
uma arma contra a qual ele não se pode defender: a palavra de
Deus proferida em fé.

Há uma arma contra a qual Satanás não se pode defender:


a palavra de Deus proferida em fé.

É este, pois, o caminho que nos conduz para fora do território


ensombrado por maldições ao território banhado pela luz solar das
bênçãos de Deus. O seu primeiro requisito é uma fé determinada
e inabalável, baseada na troca que ocorreu na Cruz. Uma fé assim
considera as promessas de Deus eficazes a partir do momento em
que são apreendidas. Não esperamos pela confirmação dos sen-
tidos. Através de uma obediência imediata e inquestionável e de
uma persistência paciente, passamos dos nossos direitos legais em
Cristo para o seu usufruto pleno da experiência. Enfrentamos toda
a oposição satânica com “a espada do Espírito”: a Palavra de Deus
proclamada.

227
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Questionário

1. Qual é a mais simples e pura manifestação de fé?


2. Nomeiem duas coisas que Deus não revela com antecedên-
cia no manter das Suas promessas.
3. Quais são os três factos importantes acerca da bênção pro-
metida, de acordo com Gálatas 3:13-14?
4. Muito Cristãos não gozam completamente a orientação e o
companheirismo do Espírito Santo porque não conseguem
perceber que Ele é uma ___________________________.
5. Quais são as três principais áreas nas quais a vida de
Abraão representa tanto um exemplo quanto um desafio?
6. Qual foi a única arma que Jesus usou para derrotar Satanás?

Aplicação na Vida

1. O que pode fazer para cultivar um relacionamento pessoal


com o Espírito Santo?
2. Já alguma vez usou a Palavra de Deus para derrotar
Satanás?

Versículo para memorizar

Ele nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o


reino do seu Filho amado.
Colossenses 1:13

Proclamação de Fé

Pai, agradeço-Te e louvo-Te por me teres qualificado para


participar na herança dos santos.
(ver Colossenses 1:12).

228
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Respostas

1. Dando graças.
2. A forma como Ele irá actuar e o tempo que irá levar.
3. É específico—“A bênção de Abraão.” Ele vem somen-
te em Jesus Cristo. E é definido como “a promessa do
Espírito Santo.”
4. Pessoa.
5. A sua pronta obediência, completa confiança na Palavra de
Deus e a sua resistência inabalável.
6. O rhema ou a palavra falada de Deus.

229
3ª PaRTe – de Maldição a Bênção

os valenTes aPodeRaM-se

Quando Josué foi investido como o líder que iria levar Israel à
herança em Canã, ele foi admoestado da mesma forma três vezes:
“Esforça-te e tem bom ânimo” (Josué 1:6, 9, 18). As primeiras
duas admoestações vieram do próprio Deus; a terceira veio dos
seus companheiros Israelitas. Ao fim da terceira admoestação,
Josué deve ter entendido uma coisa: não iria ser fácil entrar na
Terra Prometida!
O mesmo se aplica aos cristãos de hoje que se preparam para
tomar posse das bênçãos prometidas na Nova Aliança. Deus as-
segura-nos de que estará ao nosso lado e que irá cumprir todas as
Suas promessas para connosco. Ao mesmo tempo, Ele avisa-nos
que iremos encontrar várias formas de oposição, as quais irão pôr
à prova a nossa fé e o nosso compromisso.
Em Mateus 11:12, Jesus falou dos tempos do Evangelho que
Ele tinha vindo a iniciar: “E, desde os dias de João Batista até
agora, se faz violência ao Reino dos céus, e pela força se apode-
ram dele.” Em Lucas 16:16, Jesus realçou o mesmo ponto: “A Lei
e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o Reino
de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele.”
Claramente, a promessa do reino não é para aqueles que ape-
nas alimentam esperanças ou conversa religiosa. Ela exige “for-
ça”, uma atitude de firma determinação que avança sem ligar a
qualquer tipo de dificuldade ou desencorajamento.
Em Actos 14:22, Paulo e Barnabé deram um aviso semelhan-
te a um grupo de novos convertidos: “…por muitas tribulações
nos importa entrar no Reino de Deus.” Qualquer estrada que pas-
se ao lado das tribulações não nos conduzirá ao Reino. Quando
tivermos encaixado este assunto nas nossas mentes, então as tri-

230
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

bulações não nos irão deter.


Otto Aguiar é um homem que se preparou para se apoderar
das promessas de Deus com firme determinação. Otto é um bra-
sileiro que nasceu com maldições sobre a sua vida que remonta-
vam a muitas gerações anteriores. Ele também havia trazido mais
maldições sobre si mesmo, devido à sua insensatez. Todavia, con-
seguiu finalmente atravessar o território escuro das maldições e
entrou na terra banhada pela luz do sol das bênçãos de Deus, que
é o lugar onde ele agora habita.

Otto Aguiar conta a sua história:


Nasci há cinquenta anos no Rio de Janeiro,
Brasil. O meu pai era um general bem conhecido,
com antepassados europeus e indianos; a minha mãe
era de uma família de governadores e chefes de esta-
do. Ambos os lados da minha família tinham estado
envolvidos em espiritismo por muitas gerações.
Eu fui o sétimo de dez filhos – pesava cerca
de 6 quilos e meio e nasci de rabo. Durante vários
anos fui acusado de quase ter morto a minha mãe.
Eu tinha um sentimento de culpa e era acanhado.
Sentava-me escondendo a cabeça entre os braços,
revivendo a terrível experiência de ter nascido a fer-
ros e de não estar preparado para enfrentar. Repeti a
primeira classe quatro vezes. Quando passei para a
segunda classe era quase da altura do meu professor.
Maldições ancestrais começaram a afectar os
membros mais velhos da minha família, enquanto eu
ainda era criança. A minha irmã mais velha, enquan-
to andava numa rigorosa escola católica, foi levada
a um centro espírita e começou a “receber espíritos
de santos”, como se diz no Brasil. Ela tem passado
a maior parte da sua vida em instituições mentais.
O segundo filho, o meu irmão mais velho,
um aluno brilhante, caiu de cabeça quando tinha
231
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

dez anos e tornou-se epiléptico. Naquela altura, no


Brasil, acreditava-se que a epilepsia era altamente
contagiosa e, por isso, mudaram-no, juntamente
com todos os seus pertences para a residência dos
criados. Quando ele tinha um ataque, a minha mãe
ficava totalmente perturbada e gritava: “Deus não
existe!” Ele tem vivido estes últimos quinze anos
numa instituição de saúde.
Quando tinha dezasseis anos comecei a ter to-
dos os sintomas da epilepsia: espumava da boca,
desmaiava, vomitava, uma confusão total. No en-
tanto, os electro-encefalogramas não revelavam
nada.
O meu pai, um excelente líder de homens, era
extremamente passivo com os seus sete filhos ra-
pazes e não exercia uma verdadeira autoridade.
Nem sequer me lembro de ele falar comigo, se-
não quando me tornei um homem – ainda assim
eu adorava-o. Ele frequentava um centro espírita.
Nunca me senti bem com o espiritismo, mas por
vezes também ia.
Não compreendo bem como é que aquilo
aconteceu. Mas fui aceite para estudar numa es-
cola de belas artes, onde obtive um mestrado, com
honra em artes gráficas! Mas nunca enveredei por
essa carreira. Escolhi tornar-me modelo e viajei do
Brasil a Paris, como modelo.
Estava muito envolvido com drogas e tinha
um estilo de vida acelerado. Por vezes, passava
algum tempo sozinho na casa de praia da minha
família. Olhava para o céu e pensava Naquele que
colocou as estrelas no céu e que fez o sol nascer.
Queria saber quem Ele era, mas não sabia onde
procurar.
Então conheci a Ellen, uma judia dos Estados
232
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Unidos, que também era modelo. Quando a co-


nheci decidi mudar o meu estilo de vida, mas não
era capaz. Ela esteve fora durante cinco dias em
trabalho e eu fui para casa da praia com os meus
amigos. Estávamos pedrados com a droga e, quan-
do entrei na água, fui imediatamente arrastado por
uma onda forte. Fui arrebatado onda após onda
e não conseguia respirar. Pensei: “Oh Deus, será
que vou morrer agora que conheci a Ellen e quero
mudar?” Aquela foi a primeira vez, nos meus 37
anos de vida, que clamei a Deus, mas Ele ouviu-
me; e, de repente, estava na areia, a tremer e todo
dorido, completamente em pânico, mas espantado
por estar vivo.
Daí a onze meses, tinha não apenas uma es-
posa, mas também um bebé – e não conseguia
ajustar-me à ideia. Em vez de esconder a cabeça
nos braços como fazia quando era criança, “des-
ligava-me” e olhava para o tecto em transe… eu
ainda era modelo e todas as outras coisas que tinha
tentado tinham falhado… por isso decido levar a
minha esposa e o meu filho para Fort Laudardale,
na Flórida.
No meu primeiro emprego trabalhei em part-
time numa loja de roupa para homem, na conhe-
cida Las Olas Boulevard. Estava aterrorizado: não
conseguia falar bem Inglês, e por isso também
cavei valas, fiz buracos em cimento, limpei casas
de banho e lavei carros. Tinha um problema sério
com pornografia e andava numa depressão total.
Não me conseguia ajustar à cultura americana e a
maioria das pessoas para quem trabalhava engana-
va-me ou nem sequer me pagava.
Então fomos convidados a ir à Igreja da Boa
Nova; a Ellen caiu de joelhos e recebeu o Senhor
233
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

sem compreensão intelectual, apenas por temor e


tremor! Eu fui à frente na semana seguinte para
receber a salvação, mas nada parecia ter aconteci-
do. Os transes pioraram; não era capaz de manter
um emprego por mais de uma semana; a minha
depressão estava pior; a Ellen e eu discutíamos
constantemente porque não tínhamos dinheiro.
Uma vez que a Ellen tinha estado envolvida
no oculto, ela sabia que precisava de libertação, e
ela foi liberta quando renunciou a tudo o que era
oculto. Eu não conseguia acreditar que precisava
de ser liberto de espíritos malignos e também não
acreditava que Deus me quisesse abençoar da for-
ma que eu O via abençoar outras pessoas.
Por esta altura, eu já tinha feito todo o tipo
de tarefas servis que um filho de um general nun-
ca faria! As pessoas diziam: “Porque é que não
usas as tuas capacidades criativas?” Mas eu tinha
medo: tudo o que era bom parecia inatingível.
Assisti ao seminário de Derek Prince sobre
“Maldições: Causa e Cura”, mas nada aconte-
ceu. Comprei as cassetes e ouvi-as vez após vez.
Conseguia ver a minha necessidade e queria ser
liberto desesperadamente, mas parecia que aquilo
não funcionava comigo.
Fui sendo liberto gradualmente. Depois de
dois anos e meio enquanto cristão, sem quaisquer
progressos, decidi jejuar durante dez dias e, quan-
do alguns amigos cristãos oraram por mim, recebi
uma libertação parcial.
Pela primeira vez na minha vida tive alguma
ALEGRIA… mas ela não durou muito. Tivemos
uma série de acidentes de automóvel; eu nunca era
capaz de sustentar a minha família; estava preocu-
pado com o meu pai que estava no Brasil, quase a
234
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

morrer, mas não tínhamos dinheiro para o poder-


mos ir visitar.
As pessoas que me tentavam ajudar pensa-
vam que a minha situação era impossível – eu era
tão passivo. Sentia-me muito desconfortável com
homens cristãos…
A Ellen e duas amigas começaram a encon-
trar-se para orarem pelos seus maridos às 6 horas
da manhã na casa de oração. Ela dizia: “Vou orar
para que sejas bem sucedido em tudo aquilo que
fizeres e que o Senhor te dê um emprego que gos-
tes e onde possas usar os talentos que Ele te deu.”
Eu não conseguia acreditar que Deus respondesse
a tal oração; como é que ela conseguia? (Desde
então, as três mulheres viram as suas orações se-
rem respondidas: um dos maridos está agora no
ministério a tempo inteiro, o outro foi liberto do
alcoolismo, e eu recebia exactamente aquilo pelo
qual a minha esposa tinha orado.)
Finalmente, depois de seis anos como cris-
tão, fui ter com o pastor para receber libertação
de espíritos malignos (depois de muitos anos a ser
demasiado orgulhoso para admitir que precisava
de ser liberto). Depois fui para o treino “Explosão
Evangelística”. Quando descobri aquilo que Jesus
Cristo tinha feito por mim, fiquei totalmente es-
pantado. Tinha tanta ALEGRIA – eu estava apai-
xonado por Deus – que os meus colegas e clientes
na loja começaram a vir à igreja para descobrirem
o que é que tinha acontecido comigo!
De novo, depois de algum tempo, a minha ale-
gria vacilou: o meu emprego, as minhas finanças,
a minha preocupação com o meu pai que estava a
morrer… ainda tinha uma atitude passiva, ainda me
sentia frustrado. Comecei a sentir um grande desejo
235
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

de pintar – mas tinha muito medo, receio de falhar.


Finalmente tentei, e fiz um trabalho tão básico que
as pessoas pensaram que o meu filho, que tinha oito
anos, é que tinha pintado! Mas Deus estava a des-
pertar as minhas ideias: comecei a criar na minha
mente…
Decidi entrar num jejum de quarenta dias.
Senti que Deus queria que eu deixasse o meu em-
prego na loja de roupa, mas eu queria ter a certeza.
Eu disse que não iria comer até que Ele falasse
comigo. Depois de quarenta dias ainda não tinha
ouvido nada. Então, comi durante duas semanas
e jejuei durante outras duas, seguindo sempre
esta rotina durante todo o verão. Aquele foi o ve-
rão mais difícil da minha vida. Foi tão difícil que
aprendi a clamar a Deus pela Sua misericórdia.
Implorei-Lhe para falar comigo. Eu precisava de
saber a Sua vontade. A minha esposa e os meus fi-
lhos impunham as mãos sobre mim e oravam para
que Deus fizesse um milagre na minha vida.
Então, um amigo que também era artista deu-
me algumas telas esticadas em tábuas. Um certo
Domingo, mandei a minha família para a igreja e
fiz a minha primeira pintura.
Dois dias mais tarde, enquanto estava senta-
do na loja de roupa, o Senhor falou comigo: Otto,
acreditas que Eu te quero mesmo abençoar?
Eu respondi: “Sim, Senhor…”
Então porque é que estás aqui sentado? Estás
aqui porque não queres ser abençoado. A escolha
é tua. Nunca confiaste verdadeiramente em Mim
para controlar completamente a tua vida.
Eu respondi: “Toma-a! A minha vida é Tua.”
Ele disse: Pega no teu saco e vai para casa.
(Para mim, foi como se Ele tivesse dito: “Pega na
236
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

paleta e anda.”).
Levantei-me, saí e não olhei para trás.
Aquele primeiro quadro foi vendido daí a
uma semana por 80 dólares. Daí a duas semanas
pagaram-me 900 dólares por seis quadros. Depois
de dois meses os meus quadros foram vendidos
por 600 dólares cada; dentro de um ano, por 1.800
dólares; e, antes de dois anos até 6.500 cada.
Tenho vendido tudo aquilo que alguma vez
pintei e não consigo fazer face à procura – e adoro
o meu trabalho!
Depois de nove meses a pintar, estava em
condições, não apenas de sustentar a minha famí-
lia, mas também de ir ao Brasil. O meu pai nun-
ca tinha ouvido o Evangelho, mas quando ouviu,
creu! Eu tive a alegria de ver o meu pai, com 89
anos, reunir todas as forças que tinha para fazer a
oração do pecador, e também conduzi vários dos
meus irmãos e irmãs, enfermeiras e estranhos, ao
Senhor. Duas semanas depois de regressarmos aos
Estados Unidos o meu pai faleceu com alegria
estampada no rosto! Que privilégio que Deus me
deu. As principais mudanças na minha vida pare-
cem ser obviamente financeiras – mas, muito mais
importante do que isso, Deus completou a revela-
ção daquilo que Jesus fez por mim na cruz. Agora,
creio plenamente que Ele nos liberta das maldi-
ções e que o Seu desejo é nos abençoar, e que Ele
quer que nós Lhe demos total controlo sobre tudo
aquilo que nos preocupa. Sem o Seu poder, a Sua
graça, nada posso fazer – muito menos criar. Estou
totalmente dependente da Sua unção. Eu sei que
Ele me ama!
Agora Deus fala comigo em sonhos e de uma
forma muito clara… estou confiante de que se Ele
237
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

quer que eu pare de pintar, será para fazer algo


melhor. Vou continuar a louvá-Lo e a confiar.
Neste momento tenho três preciosos e sau-
dáveis filhos, um casamento feliz, amigos mara-
vilhosos e considero-me abençoado entre os ho-
mens. Vi o inimigo completamente derrotado na
minha vida, e Deus deu-me um testemunho que
tem encorajado multidões de cristãos e desconcer-
tado os que não são salvos.

A história de Otto contém uma série de traços que são típi-


cos de pessoas cujas vidas estão ensombradas por maldições. Ela
também pode encorajar aqueles que estão a tentar ajudar pessoas
queridas que se encontram numa situação semelhante. Eis algu-
mas das principais lições a aprender.
A raiz das maldições que estavam sobre a vida do Otto en-
contrava-se no profundo envolvimento dos seus antepassados, em
espiritismo, durante muitas gerações. De acordo com o que tenho
observado, as maldições seguem este tipo de envolvimento tão
certo como a noite se segue ao dia.
As maldições subsequentes não afectaram apenas o Otto en-
quanto indivíduo, mas também quase todos os seus irmãos e ir-
mãs, embora de diferentes formas. Ele afirma que dois deles têm
passado longos períodos em instituições psiquiátricas.
Um dos primeiros passos na libertação do Otto foi um diag-
nóstico correcto da sua condição. Quando ele compreendeu clara-
mente que a sua vida estava sob uma maldição, sentiu-se motiva-
do para procurar a libertação que Jesus havia adquirido para ele,
através da troca que ocorreu na Cruz.
Todavia, tal como muitas outras pessoas, O Otto tinha vivido
tanto tempo debaixo de uma maldição que não conseguia antever
a bênção de Deus como uma realidade na sua própria vida. Se esti-
vesse por sua própria conta, provavelmente nunca teria sido capaz
de entrar na bênção. Ele era demasiado tímido e acanhado; não
tinha aquela “força” necessária para entrar no reino de Deus. Mas
238
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

a intercessão persistente da esposa e dos seus filhos, bem como a


de outras pessoas, libertou-o da sua timidez e edificou nele a fé
determinada que lhe permitiu passar da maldição à bênção.
Isto deveria encorajar outros cristãos que estão preocupados
com familiares ou com outras pessoas queridas, que se encontram
debaixo de uma maldição. A intercessão paciente e persistente,
motivada pelo amor, pode libertar aqueles que não são capazes de
exercer fé por si próprios.

A intercessão paciente e persistente,


motivada pelo amor, pode libertar aqueles
que não são capazes de exercer fé por si próprios.

Talvez haja pais que estão a ler isto e que se apercebem, com
uma profunda angústia, que o seu envolvimento com o oculto
trouxe maldições sobre os seus filhos, fazendo com que eles se
tornem prisioneiros de Satanás. Para esses pais que estão arrepen-
didos e que buscam a Deus de todo o seu coração, Ele tem uma
promessa especial em Isaías 49:24-25:
Tirar-se-ia a presa ao valente? Ou os presos justamente es-
capariam? Mas assim diz o SENHOR: Por certo que os presos se
tirarão ao valente, e a presa do tirano escapará; porque eu con-
tenderei com os que contendem contigo e os teus filhos remirei.
Finalmente, é encorajador olhar para a extensão das bênçãos
que o Otto está a gozar neste momento. Deus abençoou-o, tal
como abençoou Abraão, “em todas as coisas”.

Questionário

1. Qual foi a admoestação que Josué recebeu três vezes


quando estava para ser contratado para ser o novo líder de
Israel?
2. Verdadeiro ou falso: Se caminharem com o Senhor, não
terão tribulações.
3. Qual era um dos primeiros passos para a libertação de Otto
239
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

respeitante às condições da sua vida?


4. Verdadeiro ou falso: Para muitos que tenham vivido longo
tempo sob uma maldição, é difícil vislumbrar a bênção de
Deus como uma realidade nas suas vidas.
5. 
Intercessão _________________________ e ________
________________________ que é motivada pelo amor
pode ajudar os membros da família a encontrar a libertação
das maldições.

Aplicação na Vida
1. Como é que a história de Otto o encoraja a ter perseveran-
ça?
2. Acredita que Deus quer abençoá-lo? Se não, porquê?

Versículo para memorizar

Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não te ate-


morizes, nem te espantes…
Josué 1:9

Proclamação de Fé

Senhor, proseguirei para alcançar aquilo pelo que Cristo me


alcançou.
(ver Filipenses 3:12)

Respostas

1. Esforça-te, e tem bom ânimo.


2. Falso. Em Actos 14:22 diz, “Temos de passar por muitas
tribulações para entrar no reino de Deus.”
3. O diagnóstico correcto da maldição
4. Verdadeiro.
5. Paciente, persistente.

240
3ª PaRTe – de Maldição a Bênção

PaRa aléM da confissão:


PRoclaMação, acção de GRaças, louvoR

Na oração de libertação, no capítulo 18, o foco inicial era a


verdade revelada em Hebreus 3:1: Jesus é “o Sumo-Sacerdote da
nossa confissão”. Este princípio também deve governar o nosso
relacionamento contínuo com o Senhor. Em cada situação com
que nos deparamos, temos de responder com uma confissão bí-
blica apropriada para invocarmos, em nosso favor, o ministério
contínuo de Jesus, enquanto nosso Sumo Sacerdote.
Na maioria das situações, temos três possibilidades: fazer
uma confissão positiva e bíblica; não fazer qualquer confissão;
fazer uma confissão negativa e não bíblica. Se fizermos uma con-
fissão bíblica, libertamos o ministério de Jesus para nos ajudar, e
ir ao encontro das nossas necessidades. Se não fizermos qualquer
confissão, somos deixados à mercê das nossas circunstâncias. Se
fizermos uma confissão negativa, expomo-nos a forças malignas e
demoníacas. No capítulo 12, no tema “Maldições Auto-Impostas”,
foram dados vários exemplos, mostrando como as palavras nega-
tivas libertam forças malignas e negativas, nas vidas das pessoas.
É importante distinguir entre a confissão bíblica de fé genuína
e coisas como pensamentos esperançosos ou presunção irreveren-
te, ou um qualquer tipo de filosofia do “controlo da mente sobre a
matéria”.
Existem três diferenças principais. Primeiro que tudo, a “con-
fissão” no sentido bíblico está limitada às afirmações e promessas
da Bíblia. Ela consiste em dizermos, com a nossa boca, aquilo que
Deus já disse na Sua Palavra. A confissão não pode ira para além
disso.
Em segundo lugar, a confissão também é limitada pelas con-

241
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

dições que estão ligadas a uma qualquer promessa particular. A


grande maioria das promessas na Bíblia é condicional. Deus diz,
com efeito, “Se fizerdes isto, então Eu farei aquilo.” Se não tiver-
mos feito o “isto” apropriado, então não temos o direito de esperar
que Deus faça o correspondente “aquilo”. A confissão só é válida,
se as condições apropriadas tiverem sido cumpridas. Ela nunca é
um substituto para a obediência.
Terceiro, a confissão não pode ser reduzida a um “sistema”
conveniente, operado pela vontade humana. De acordo com
Romanos 10:10, a confissão, só é eficaz, quando procede da fé
no coração. Há uma diferença radical entre a fé no coração e a
fé na mente. A fé na mente, é produzida pelos nossos processos
mentais; tudo o que ela pode produzir são palavras desprovidas de
poder. Por outro lado, a fé no coração, só é produzida pelo Espírito
Santo, e produz palavras carregadas de poder para alcançarem
aquilo que é confessado. Aquilo que Deus prometeu à fé no cora-
ção está fora do alcance da mera fé mental.

Aquilo que Deus prometeu à fé no coração


está fora do alcance da mera fé mental.

Ao transmitir fé ao coração, o Espírito Santo guarda a Sua


soberania com ciúme. Ele não é submisso para com a “feitiça-
ria”. Ninguém pode manipulá-Lo ou intimidá-Lo ou induzi-Lo a
que faça algo contra a Sua vontade. Em relação a este tipo de fé,
Paulo diz-nos, em Efésios 2:8-9, que ela “não vem de vós; é dom
de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” A fé
mental, tende muitas vezes a vangloriar-se e a ser arrogante. Por
outro lado, a fé genuína, no coração, reconhece humildemente a
sua total dependência de Deus.
No entanto, com estas qualificações, a confissão compreendi-
da e praticada de uma forma correcta, pode ser um factor decisivo
na vida cristã. Em Tiago 3:4-5, o apóstolo compara a língua, ao
leme de um navio. Embora minúsculo quando comparado com
toda a estrutura do navio, o leme determina o rumo que o navio
242
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

irá seguir. Usado correctamente, ele irá conduzir o navio, em se-


gurança, até ao porto desejado. Usado incorrectamente, irá causar
um naufrágio.
Isto aplica-se à forma como expressamos a nossa fé. A confis-
são correcta pode conduzir-nos a todas as bênçãos que Deus prome-
teu. A confissão errada pode afastar-nos cada vez mais, levando-nos
a mares perigosos e desconhecidos, onde um naufrágio espera por
nós.
Muitas vezes, as pessoas não estão dispostas a aceitar a res-
ponsabilidade pelas palavras que proferem. Contudo, de acordo
com Jesus, não há forma de escapar a esse assunto: “Porque por
tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás conde-
nado.” (Mateus 12:37). As nossas palavras irão confirmar a nos-
sa justiça perante Deus, ou colocar-nos sob condenação. Não há
meio-termo.
De acordo com Romanos 10:10, a fé no coração torna-se ple-
namente eficaz, quando é confessada com a boca. Isto também se
aplica à incredulidade. Quando expressamos a nossa incredulida-
de através de palavras, libertamos o seu poder negativo para ope-
rar contra nós e para reter de nós as bênçãos que Deus prometeu
à resposta à fé.
O escritor de Hebreus oferece dois outros avisos relacionados
com a importância da confissão correcta. Hebreus 4:14 diz:
Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de
Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa con-
fissão.
Novamente, em Hebreus 10:21, 23:
…e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus… re-
tenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o
que prometeu.
Em cada uma destas passagens há uma ligação directa en-
tre a nossa confissão e o ministério de Jesus, enquanto nosso
Sumo Sacerdote. O mesmo princípio é válido ao longo do Novo
Testamento: é a nossa confissão que nos une a Jesus, como Sumo
Sacerdote, e que liberta o Seu ministério em nosso favor.
243
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

O outro foco principal destas passagens, centra-se nas pala-


vras reter firmes. É importante fazer a confissão correcta inicial,
mas por si só, isso não é suficiente. Em todas as situações subse-
quentes, em que as mesmas questões se aplicam, temos de reafir-
mar consistentemente a nossa primeira confissão.
Em Hebreus 10:23, o escritor desafia-nos a não apenas guar-
darmos firme a nossa confissão, mas a guardá-la firme sem va-
cilar. De uma forma clara, ele antevê várias situações possíveis,
que podem fazer com que vacilemos. “Vacilar” pode ser expresso
na incapacidade de manter a correcta confissão inicial ou mesmo,
passando de uma confissão positiva para uma confissão negativa.
O conceito de confissão certa parece muito simples, talvez até
simplista: dizer apenas, em relação a cada problema ou cada teste,
exactamente, e apenas aquilo que a Bíblia diz sobre o assunto,
e continuar a dizê-lo. Sim, é simples, mas não é fácil! De facto,
concluí, tanto a partir da minha própria experiência como a partir
da observação das vidas de outras pessoas, que este é talvez o teste
mais rigoroso ao carácter e compromisso cristão.
Este é o teste que confrontou cada mártir. Perante acusações,
ameaças, tortura, ele tem um compromisso supremo: manter a sua
confissão de verdade até ao fim.
Quando as acusações provêm de inimigos visíveis e huma-
nos, pelo menos os assuntos são claros. Mas há um outro tipo de
teste, menos fácil de discernir, no qual, as acusações se encontram
no interior, dirigidas contra a mente por poderes demoníacos invi-
síveis. Todavia, a questão é a mesma: manter a confissão da verda-
de com uma determinação resoluta até que essas forças invisíveis
sejam silenciadas e destroçadas.
Qualquer cristão que passe este teste com sucesso, pode ter
a certeza que será um vencedor e que, enquanto tal, irá herdar as
bênçãos que Deus prometeu àqueles que vencem.
No entanto, de forma a dar uma expressão plena e vitoriosa à
fé, há outro conceito bíblico que nos leva para lá da confissão. É
a “proclamação”. Deriva de um verbo latino que significa “gritar”
ou “gritar bem alto”, a proclamação sugere uma afirmação de fé
244
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

forte e confiante, que não pode ser silenciada por qualquer forma
de oposição ou desencorajamento. Ela implica uma transição de
uma postura defensiva para uma postura de ataque.
No Salmo 118:11-17, o salmista descreve uma experiência do
género. Os seus inimigos haviam-no rodeado de todos os lados e
estavam prestes a destruí-lo, mas o Senhor interveio e deu-lhe a
vitória. A sua transição da defesa ao ataque é descrita nos versículos
15 e 17:
Nas tendas dos justos há voz de júbilo e de salvação; a destra
do SENHOR faz proezas. Não morrerei, mas viverei; e contarei as
obras do SENHOR.
Foi a proclamação alegre e confiante do salmista, sobre aqui-
lo, que o Senhor tinha feito por ele, que selou a sua vitória. Quando
praticada correctamente, ela irá fazer o mesmo por nós.
À medida que praticamos a proclamação confiante de tudo
aquilo que Deus providenciou para nós, através do sacrifício de
Jesus, seremos naturalmente conduzidos a duas outras formas de
expressão: acção de graças e louvor. Se acreditarmos verdadeira-
mente naquilo que proclamamos, esta é a única resposta apropria-
da! Onde quer que haja fé genuína, a proclamação será sempre
seguida de acção de graças e louvor.
Embora a acção de graças e o louvor estejam intimamente
ligados, há uma distinção entre eles. De uma forma simples, agra-
decemos a Deus por aquilo que Ele faz e louvamo-Lo por aquilo
que Ele é. Em conjunto, a acção de graças e o louvor dão-nos
acesso directo à presença de Deus.
Isto é descrito de uma forma clara na imagética do salmo
100:4:
Entrai pelas portas dele com louvor e em seus átrios, com
hinos; louvai-o e bendizei o seu nome.
O salmista descreve dois níveis para nos aproximarmos de
Deus. Primeiro, entramos pelas Suas portas com hinos ou acções
de graças; depois, em Seus átrios, com louvor. Isto leva-nos à pre-
sença imediata de deus. Se não preenchermos estes requisitos para
ter acesso, ainda podemos clamar a Deus, mas apenas à distância.
245
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Na Sua misericórdia, Ele irá responder ao nosso clamor, mas não


temos acesso directo à Sua presença.
Acção de graças e louvor, são as duas formas mais imediatas
através das quais a nossa fé pode responder a Deus. Sempre que
Deus nos der uma promessa de bênção ou revelar uma provisão
que Ele fez para nós, temos de responder como Abraão e aceitar
a palavra de Deus para nós, como sendo verdadeira, a partir do
momento em que é proferida. Logicamente, por isso, começamos
a agradecer e a louvá-Lo imediatamente. Não esperamos até ter-
mos experimentado, de facto, o cumprimento da promessa ou da
provisão.
Em 2 Crónicas 20, este princípio é ilustrado por um aconte-
cimento no reinado de Jeosafá, rei de Judá. Tinha chegado ao co-
nhecimento do rei que um vasto exército invasor estava a avançar
contra ele, vindo do sul. Jeosafá sabia que não possuía os recursos
militares para se opor a este exército. Consequentemente, ele reu-
niu todo o seu povo para buscarem a ajuda de Deus, através de fé e
jejum, em conjunto.
Deus respondeu à sua oração através de uma palavra proféti-
ca, dada por um levita, que dirigiu Jeosafá para liderar o seu povo
contra o inimigo, por uma determinada via. Aquela palavra tam-
bém lhes trouxe confirmação e encorajamento: “Não temais, nem
vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não
é vossa, senão de Deus. (…) Nesta peleja, não tereis de pelejar;
parai, estai em pé e vede a salvação do SENHOR para convos-
co…” (v. 15, 17).
Naquele momento ainda nada tinha mudado na situação mili-
tar, mas Jeosafá recebeu a promessa de Deus pela fé, sem requerer
outras provas. No dia seguinte ordenou cantores para o SENHOR,
que louvassem a majestade santa, saindo diante dos armados e
dizendo:
Louvai o SENHOR, porque a sua benignidade dura para
sempre.
Esta não era de certo a maneira convencional de um exérci-
to ir para a batalha – mas funcionou! Assim que o Senhor ouviu
246
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

os louvores do Seu povo, Ele interveio soberana e sobrenatural-


mente, enviando um espírito de divisão entre os vários grupos na-
cionais, que compunham o exército invasor. De repente, e sem
qualquer razão aparente, começaram a lutar uns contra os outros,
até que todos foram completamente destruídos. O povo de Judá
não precisou de lutar, mas apenas de juntar o saque dos seus ini-
migos derrotados! Deus interveio desta forma, porque o Seu povo
respondeu à Sua promessa pela fé, sem esperarem por outra con-
firmação.
Dois princípios importantes são ilustrados através deste re-
lato. Primeiro, Deus espera que nós O louvemos pelas promes-
sas que Ele nos dá, sem esperarmos para as vermos cumpridas.
Segundo, o louvor oferecido em fé, liberta a intervenção sobrena-
tural de Deus por nós. Por outras palavras, a fé começa a louvar a
Deus antes da prometida vitória, não apenas depois.
No Novo testamento, em Actos 16, a experiência de Paulo
e Silas, em Filipos, ilustra de uma forma dramática os mesmos
princípios. Em consequência de expulsarem um demónio de uma
rapariga que era escrava, foram injustamente presos, abusaram
deles e bateram-lhes de uma forma selvática, e depois foram ati-
rados para a secção de maior segurança da prisão, com os pés
agrilhoados. Não havia um raio de luz na sua escuridão, nenhuma
fonte de conforto ou encorajamento na sua situação física, nenhu-
ma segurança em relação ao que os esperava no futuro.
No entanto, nos seus espíritos, eles sabiam que nada poderia
mudar a eterna fidelidade de Deus e nada poderia retirar-lhes a
vitória, que Cristo havia ganho por eles. A lógica da sua fé triun-
fou sobre a lógica das circunstâncias. À meia-noite, a hora mais
escura, eles estavam a cantar hinos de louvor a Deus!
Os seus louvores fizeram o mesmo por eles que pelo exército
de Jeosafá: libertaram a intervenção sobrenatural de Deus em seu
favor. “E, de repente, sobreveio um tão grande terramoto, que os
alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as por-
tas, e foram soltas as prisões de todos.” (Actos 16:26).
A lição do exército de Jeosafá e de Paulo e Silas, na cadeia, é
247
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

resumida pelo próprio Deus, no Salmo 50:23:


Aquele que oferece sacrifício de louvor me glorificará; e
àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação
de Deus.
A salvação de Deus já está completa através do sacrifício de
Jesus na Cruz. Nada daquilo que dizemos ou fazemos poderá alte-
rar esse facto. Mas, quando respondemos com sacrifícios de acção
de graças e louvor, abrimos o caminho para que os benefícios da
salvação sejam manifestados nas nossas vidas. Tal como Jeosafá,
e como Paulo e Silas, temos de aprender a ofertar estes sacrifícios
em fé, antes de termos experimentado, de facto, os seus benefí-
cios.
No Salmo 20:5, David disse: “…em nome do nosso Deus,
arvoraremos pendões.” De novo, no Cântico dos Cânticos 6:10, a
Noiva de Cristo é descrita como “…,formidável como um exército
com bandeiras”. Três das “bandeiras” mais eficazes que Deus nos
deu são a proclamação, a acção de graças e o louvor.
Primeiro, temos de levantar a bandeira da proclamação.
Falamos com ousadia, em fé, a promessa ou a provisão da palavra
de Deus que se aplica à nossa situação particular ou que vai de en-
contro à nossa necessidade específica. Depois, prosseguimos para
agradecer a Deus, ainda em fé, pela verdade que proclamámos.
Finalmente, passamos da acção de graças ao louvor de júbilo.
Fazemos tudo isto em pura fé, sem esperar por qualquer mudança
visível na nossa situação.
No Seu tempo e forma, Deus responde à nossa fé, tal como
fez em relação à fé de Abraão. A verdade, que proclamámos e pela
qual demos graças e O louvámos, torna-se uma realidade na nossa
experiência.
Ao levantarmos estas três bandeiras de proclamação, acção
de graças e louvor, alcançamos dois objectivos de uma só vez.
Primeiro, asseguramos para nós próprios as bênçãos prometidas
de Deus, que proclamámos. Segundo, bloqueamos a entrada de
forças satânicas que quereriam resistir-nos e tentar impedir que
recebêssemos as bênçãos. Desta forma, marchando juntamente
248
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

em direcção à nossa herança, cumprimos a imagem profética de


Salomão, de um exército com imponentes bandeiras.

Questionário

1. Qual o princípio que deve reger o nosso relacionamento


com o Senhor?
2. Quais são as três possibilidades, que temos, relativas à
nossa confissão?
3. A confissão no sentido bíblico é limitada a
____________________ e _________________ da Bíblia.
4. Verdadeiro ou Falso: A grande maioria de promessas na
Bíblia são condicionais.
5. De acordo com Romanos 10:10, a fé no coração torna-se real-
mente efectiva só quando é _________________________
pela boca.
6. Onde há fé genuína, a proclamação será sem-
pre seguida por ________________________ e
______________________.
7. Quais os dois princípios que são ilustrados com a história
dos adoradores que precederam a armada de Josefá?

Aplicação na Vida

1. São as acções de graça, a proclamação e o louvor uma par-


te diária da vossa vida espiritual? Se não, porquê?
2. O que pode fazer para tornar estas actividades mais presen-
tes na sua vida?

Versículo para memorizar

Aquele que oferece por sacrifício acções de graças me glo-


rifica; e àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a
salvação de Deus.
Salmo 50:23
249
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Proclamação de Fé

Deus Todo Poderoso, tal como o Rei David declaro que: “Eu
te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; contarei todas as tuas
maravilhas.”
(Salmo 9:1)

Respostas

1. Que Jesus é o “Sumo Sacerdote da nossa confissão”


(Hebreus 3:1).
2. Para fazer uma confissão positiva e segundo as escrituras;
não fazer confissão; e fazer uma confissão negativa e fora
das escrituras.
3. Declarações, promessas.
4. Verdadeiro.
5. Confessada.
6. Acção de Graças, louvor.
7. A fé louva a Deus antes da vitória prometida; e o louvor
oferecido na fé libera a vitória de Deus.

250
3ª PaRTe – de Maldição a Bênção

PRoclaMações PaRa uMa viTÓRia conTÍnua

As verdades que tenho vindo a compartilhar neste livro são,


muito mais do que o resultado de uma busca intelectual de co-
nhecimento, no plano abstracto. Pelo contrário, eu “extraí-as” de
um intenso e persistente conflito espiritual e oração, nos quais a
Ruth e eu tomámos parte durante, pelo menos, três anos. Todas as
principais verdades reveladas neste livro foram, primeiro, sujeitas
ao teste da nossa própria experiência. Não me senti à vontade para
passar, a outras pessoas, teorias que não funcionaram connosco.
No capítulo anterior expliquei como a proclamação, a acção
de graças e o louvor, operando em conjunto, podem libertar as
prometidas bênçãos de Deus nas nossas vidas. Neste capítulo, irei
partilhar brevemente como é que a Ruth e eu temos aprendido a
aplicar este princípio nas nossas vidas. A prática regular de pro-
clamar a Palavra de Deus e depois agradecer e louvá-Lo por isso,
tem-se tornado uma parte integrante da nossa disciplina espiritual
pessoal. Para nós, esta é uma das verdades mais valiosas que Deus
mostrou nas Escrituras.
Deus levou-nos a estabelecer um “banco” central de Escrituras
que temos memorizado e às quais temos recorrido nos nossos tem-
pos de oração, ou sempre que nos envolvemos em conflito espiri-
tual. Proclamar essas passagens em fé liberta, invariavelmente, as
expressões correspondentes de acção de graças e louvor.
Normalmente, proferimo-las em alta voz, sozinhos ou em
conjunto. No entanto, não estamos a falar um com o outro, nem
para as paredes ou para o tecto do nosso quarto. Estamos a falar
para um vasto e invisível mundo de seres espirituais: primeiro que
tudo, para Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo; depois para to-
dos os seres celestiais que adoram e servem a Deus e que foram

251
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

nomeados “espíritos ministradores, enviados para servir a favor


dos que hão-de herdar a salvação” (Hebreus 1:14). Também es-
tamos conscientes de que estamos rodeados de uma “grande nu-
vem de testemunhas”, composta pelos santos de todos os tempos
que completaram vitoriosamente a sua peregrinação aqui na terra
(Hebreus 12:1).
Cremos que esta é uma aplicação legítima de Hebreus 12:22-
24:
Mas chegastes ao Monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à
Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos, à universal
assembleia e igreja dos primogénitos, que estão inscritos nos
céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfei-
çoados; e a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue
da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.
Contudo, incluídos no nosso público, estão também Satanás
e todos os anjos malignos e outros seres demoníacos, que estão
debaixo do seu controlo. Estes operam de uma forma exactamente
oposta aos anjos ministradores de Deus. O seu objectivo, é infligir
todas as formas de danos e males em toda a raça humana, mas pri-
meiro, e acima de tudo, naqueles que estão servindo o verdadeiro
Deus.
Neste contexto, a nossa proclamação tem dois efeitos. Por
um lado, ela evoca, em nosso nome, a ajuda de Deus e dos Seus
anjos. Por outro lado, ela protege-nos dos esquemas e assaltos de
Satanás e das suas forças demoníacas.
Esta forma de proclamação edifica continuamente a nossa fé.
De acordo com Romanos 10:17: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e
o ouvir pela palavra (rhema, a palavra proferida) de Deus.” Ouvir
os outros proferirem a Palavra de Deus é útil, mas ouvir-nos a nós
próprios proferi-la é ainda mais eficaz. Quando ambos falamos e
ouvimos, ambos os gumes da espada da Palavra de Deus, operam
em nós simultaneamente. (Ver Hebreus 4:12).
Finalmente, quando fazemos a mesma proclamação em con-
junto, em harmonia, há poder sobrenatural que é liberto. Jesus diz:
“…se dois de vós concordarem (harmonizarem) na terra acerca
252
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai,
que está nos céus.” (Mateus 18:19).
O poder de um crente, fazendo uma proclamação sozinho, é
tremendo, mas o poder de dois ou mais, fazendo a mesma procla-
mação juntos e em harmonia, aumenta numa proporção geomé-
trica.
É óbvio que há muitas alturas e situações em que seria inade-
quado fazer uma proclamação em voz alta. A alternativa é fazer a
mesma proclamação, de uma forma inaudível, na nossa mente. As
palavras inaudíveis também podem causar um impacto poderoso
no reino espiritual.
Esta é, provavelmente, a forma mais eficaz de lidar com men-
tiras e acusações com as quais o inimigo bombardeia as nossas
mentes. A mente é o principal campo de batalha em todos os con-
flitos deste tipo. Quando as nossas mentes respondem activamente
à Palavra, estamos a proclamar interiormente, não deixando espa-
ço para os pensamentos e insinuações negativas do inimigo.
Todavia, em tudo isto, temos de ter cuidado para reconhe-
cermos a nossa contínua dependência do Espírito Santo. De outra
forma, a mente carnal pode reduzir estes princípios a um “siste-
ma”, no qual Deus desempenha o papel de uma “máquina de ven-
das celestial”. Basta-nos inserir a proclamação correcta e do outro
lado sai uma marca de gratificação carnal que seleccionámos! Esta
é, obviamente, uma caricatura do relacionamento de um crente
com Deus.
Pode haver um largo fosso entre a forma como nos vemos a
nós próprios e a forma como o Espírito Santo nos vê. Podemos
estar conscientes daquilo que queremos, enquanto que o Espírito
Santo vê o que nós precisamos.

Podemos estar conscientes daquilo que queremos,


enquanto que o Espírito Santo vê o que nós precisamos.

Só podemos confiar Nele para dirigir, cada um de nós, ao tipo


de proclamação que se aplica à nossa situação individual e ao nos-
253
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

so nível de fé. Desta forma, Deus pode cumprir o Seu propósito


nas nossas vidas.
Tendo em conta esta precaução, penso que seria útil fazer
uma lista, apenas como padrão, de algumas das proclamações
que a Ruth e eu fazemos regularmente, juntamente com as situa-
ções nas quais elas seriam apropriadas. Nós “personalizamos”
as Escrituras que citamos tanto quanto possível. Por exemplo, se
uma afirmação é dirigida a crentes e apresentada com o pronome
“vós”, normalmente mudamo-lo para “eu” ou “nós”, e também
fazemos quaisquer outras alterações gramaticais adequadas.
A minha lista começa com escrituras que estão directamen-
te relacionadas com o tema deste livro, mas continua com outras
que têm uma aplicação mais geral. Introduzi alguns comentários
ou palavras explicativas. Em todos os casos, a referência bíblica
relevante é indicada.

1. Como resultado de orar uma oração de libertação de


maldições (ver capítulo18).
Através do sacrifício de Jesus na cruz, saí debaixo da maldição
e entrei na bênção de Abraão, a qual Deus abençoou em todas as
coisas.
Baseado em Gálatas 3:13-14

A Ruth recebeu libertação de muitas maldições que estavam


sobre a sua vida, mas ela tem passado por uma batalha contínua,
saindo dela pela experiência. Esta proclamação tornou-se, por
isso, especialmente significativa para nós. Muitas vezes, procla-
mamo-la várias vezes num dia. Nos últimos dois ou três anos já
repetimos estas palavras várias centenas de vezes. Cada vez que
o fazemos, afastamo-nos mais de efeitos de maldições e entramos
na bênção que é a nossa herança.

2. Quando nos apercebemos das forças negativas dirigi-


das contra nós, quer seja da parte de servos de Satanás
ou de palavras carnais de Cristãos (Ver capítulos 13,14
e 15)
254
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Ferramenta alguma preparada contra mim prosperará, e


toda a língua que se levantar contra mim em juízo, eu a condeno.
Esta é a minha herança como servo do Senhor, e a minha justiça
vem de Ti, ó Senhor.
Baseado em Isaías 54:17

Há dois pontos importantes a reter em relação a esta procla-


mação. Primeiro, não somos dirigidos a pedir a Deus para conde-
nar toda a língua que falar contra nós. Deus deu-nos a autoridade
de fazermos isto por nós próprios, e Ele espera que nós a exerça-
mos.
Segundo, o nosso direito de exercermos esta autoridade, de-
pende do facto de que não estamos a agir baseados na nossa pró-
pria justiça, mas porque a justiça de Deus nos é imputada na base
da nossa fé. Isto procede claramente da troca pela qual Jesus, na
Cruz, foi feito pecado com os nossos pecados, para que pudésse-
mos ser justos com a Sua justiça. Os vários benefícios dessa troca
estão todos interrelacionados, e não devem ser separados uns dos
outros.
Mas Deus requer algo mais de nós do que apenas rejeitar as
palavras malignas, proferidas contra nós. Depois disso, Ele ins-
trui-nos a perdoar aqueles que nos procuram magoar. Por último,
Ele espera que nós nos movamos do negativo para o positivo: res-
ponder a uma maldição com uma bênção.
Abençoar aqueles que nos amaldiçoam, tal como perdoar
aqueles que nos magoam, não depende das nossas emoções. Isso
provém de uma decisão firme da nossa vontade tomada em obe-
diência à Palavra de Deus. Eis uma forma de palavras adequada
que cobre, tanto o perdão, como a bênção:
Senhor, eu perdoo todos aqueles que falaram mal acerca de
mim, e tendo-os perdoado, abençoo-os no Teu nome.
Na totalidade, temos de seguir três passos sucessivos em res-
posta àqueles que nos amaldiçoam. Primeiro, condenamos a lín-
gua que proferiu a maldição. Segundo, perdoamos a pessoa de
onde proveio a maldição. Terceiro, pedimos a Deus que abençoe a
255
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

pessoa. Ao executarmos estes três passos, podemos dissipar qual-


quer escuridão ou peso espiritual que uma maldição trouxe sobre
nós.

3. Quando pressões de pecado, culpa ou indignidade do


nosso passado nos perseguem
Eu estou em Cristo e por isso sou uma nova criatura. Todas
as coisas velhas já passaram. Tudo na minha vida se fez novo, e
tudo provém de Deus.
(Baseado em 2 Coríntios 5:17-18)

Deus aceita responsabilidade total pela nova criação. Tudo


é obra Sua. Nada é usado que pertença à velha criação, que foi
arruinada e corrompida pelo pecado.
Quando o passado reafirma as suas reivindicações sobre nós,
temos de meditar no registo que João nos dá em Apocalipse 21:5
E o que estava assentado no trono disse: “Faço novas todas
as coisas”. E disse-me: “Escreve, pois estas palavras são verda-
deiras e fiéis”.
Estas palavras provêm Daquele que está sentado no trono,
Aquele que tem todo o universo debaixo do Seu controlo, e tudo
o que nele existe. Isso inclui todos os detalhes da nossa vida. Ele
reafirma que faz novas, todas as coisas.
Parece que João ter-se-á questionado se esta não seria uma
afirmação demasiado magnífica, mesmo para Deus. Mas Deus as-
segura-o: “Escreve, pois estas palavras são verdadeiras e fiéis”. É
como se Ele dissesse: “Sim, João, podes assegurar o Meu povo:
Eu faço exactamente aquilo que digo”.

4. Quando oprimidos por desespero e previsões sombrias


da morte
Não morrerei, mas viverei, e contarei as obras do Senhor.
Salmo 118:17

É óbvio que isto não significa “Nunca morrerei”, mas apenas


256
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

“Não morrerei antes do tempo estabelecido pelo Senhor; não per-


mitirei que Satanás me mate”. Quando proclamado com fé e en-
tendimento, este versículo pode libertar e proteger aqueles que são
atacados por um espírito de morte. Pode ser usado, para cancelar
as palavras negativas, através das quais as pessoas se expõem a
esse espírito. (Ver capítulo 12 para encontrar exemplos).
Para algumas pessoas poderá ser necessário repetir esta pro-
clamação muitas vezes até que ela se torne mais real do que to-
dos os padrões de pensamento negativo anteriores. Lembre-se que
Jesus fez com que Pedro reafirmasse o seu amor por Ele, tantas
vezes quantas O tinha negado anteriormente.

5. Quando atacados por doença física ou enfermidade


O próprio Jesus levou em seu corpo os meus pecados na cruz,
para que eu, morto para o pecado, pudesse viver para a justiça—
pelas suas feridas fui sarado.
(Baseado em 1 Pedro 2:24)

Também preparei a proclamação especial que se segue, que


combina verdades de muitas passagens diferentes da Escritura, e
que tem ajudado cristãos em muitas áreas do mundo:
O meu corpo é um templo do Espírito Santo, redimido, puri-
ficado e santificado pelo sangue de Jesus. Os meus membros, as
partes do meu corpo, são instrumentos de justiça, apresentados a
Deus para Seu serviço e para Sua glória. O diabo não tem lugar
em mim, nem poder sobre mim, nem reclamações contra mim por
resolver. Tudo foi resolvido pelo sangue de Jesus.
Eu venço Satanás pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do
meu testemunho, e não amo a minha vida até à morte. O meu cor-
po é para o Senhor, e o Senhor é para o meu corpo.(Baseado em 1
Coríntios 6:19; Efésios 1:7; 1João 1:7; Hebreus 13:12; Romanos
6:13 e 8:33-34; Apocalipse 12:11;1 Coríntios 6:13)
Alguém pode perguntar se é honesto, para mim, fazer procla-
mações como estas, quando vejo no meu corpo as provas físicas
da doença, ou quanto sinto na minha alma as oposições do pecado.
257
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

A resposta depende do seu ponto de vista. Se está a olhar para si


mesmo na sua condição natural, então não é honesto. Mas se olhar
para si mesmo, da forma como Deus o vê em Cristo, então tem o
direito de fazer esta proclamação.
A partir do momento em que nos arrependemos dos nossos
pecados e nos entregamos a Cristo, Deus já não olha para nós
da forma como somos, no nosso estado natural. Pelo contrá-
rio, Ele olha-nos na perspectiva da troca que ocorreu na Cruz.
Espiritualmente, Ele vê-nos como justos; fisicamente, Ele vê-nos
como na plenitude.
É significativo que, nas Escrituras, a cura providenciada atra-
vés do sacrifício de Jesus, não seja mencionada no tempo futuro
do verbo. Em Isaías 53:5, escrito mais de setecentos anos antes
da morte de Jesus, a cura já é apresentada, como um facto que
foi cumprido: “Pelas suas pisaduras somos sarados”. No Novo
Testamento, em 1 Pedro 2:24 (acima citado), o apóstolo refere-se
a Isaías 53:5, mas usa o passado do verbo: “Pelas suas feridas
fostes sarados”.
Quando as palavras que proferimos sobre nós próprios con-
cordam com aquilo que Deus diz sobre nós em Cristo, então abri-
mos o caminho para Ele nos fazer, de uma forma prática, tudo
o que Ele diz que nós somos. Mas se não conseguirmos fazer a
confissão apropriada, ou proclamação, sobre nós mesmos, fica-
mos confinados à prisão do nosso estado natural: excluímo-nos da
sobrenatural e transformadora graça de Deus, que só opera através
da fé.
Uma vez mais, alguém pode perguntar, “E uma pessoa que
diz e faz todas as coisas bem, e ainda assim não vê os resultados
prometidos?” Podemos encontrar uma resposta nas palavras de
Moisés em Deuteronómio 29:29:
As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, po-
rém as reveladas pertencem a nós e a nossos filhos para sempre,
para que cumpramos todas as palavras desta lei.
A razão pela qual algumas pessoas não recebem alguma parte
das bênçãos prometidas, pertence frequentemente à categoria das
258
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

“coisas encobertas”. Para além de ser inútil tentar saber os segre-


dos de Deus, também é irreverente. Se Deus retém uma resposta,
é mais importante confiar do que compreender.
Por outro lado, as palavras de Moisés relembram-nos a nossa
responsabilidade, enquanto povo de Deus, de proclamar e agir se-
gundo aquelas coisas que Ele revelou, de uma forma clara, na Sua
Palavra. No centro destas questões está a provisão que Deus fez
para nós através do sacrifício de Jesus. Não podemos deixar que
a nossa preocupação acerca das coisas encobertas nos impeça de
crer e obedecer às coisas que são reveladas.

6. Quando Satanás ataca uma área pela qual Deus nos


responsabiliza - a nossa casa, a nossa família, o nosso
negócio, o nosso ministério, etc.
De ferro e bronze serão os ferrolhos dos nossos portões, e a
nossa força durará como os nossos dias.
Não há outro semelhante ao Deus de Jesurum, que cavalga
sobre os céus para nossa ajuda, e com a sua alteza sobre as mais
altas nuvens.
O Deus eterno é a nossa habitação, e o nosso apoio são os
braços eternos. Ele expulsará o inimigo de diante de nós, e diz:
“Destruam-no!”
(baseado em Deuteronómio 33:25-27)

Através desta proclamação somos capazes de passar da defe-


sa ao ataque. Em primeiro lugar, “os nossos portões” representam
o nosso sistema de defesa. Deus promete que eles serão suficien-
temente fortes para impedir o ataque do inimigo. Depois, há uma
imagem maravilhosa de Deus intervindo sobrenaturalmente em
nosso favor: “Ele cavalga sobre os céus para nossa ajuda”. A nossa
proclamação é uma das formas para invocarmos a Sua interven-
ção.
Finalmente, temos a certeza da derrota do nosso inimigo:
“Ele [Deus] expulsará o inimigo de diante de nós”. Deus requer
que nós desempenhemos o nosso papel neste passo final; por isso,
259
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Ele diz, “Destruam-no!” Ele equipou-nos com as armas espirituais


que precisamos para o fazer.

7. Quando compreendemos que a mente é um campo de


batalha, no qual as mentiras de Satanás estão em guer-
ra com as verdades da Palavra de Deus
As armas da minha milícia são poderosas em Deus. Com elas
destruo as fortalezas que Satanás edificou na minha mente. Levo
cativos todos os meus pensamentos à obediência de Cristo. Três das
armas mais poderosas são a proclamação, a acção de graças e o
louvor.
(Baseado em 2 Coríntios 10:3-5)

No entanto, é importante lembrar que os nossos “inimigos”


na vida cristã não são os outros seres humanos. Os nossos inimi-
gos são as forças espirituais malignas dirigidas contra nós, a partir
do reino de Satanás. Paulo torna isto claro em Efésios 6:12: “Pois
não temos de lutar contra pessoas feitas de carne e sangue, mas
contra pessoas sem corpo - os governadores malignos do mundo
invisível…e contra muitos espíritos ímpios no mundo espiritual”
(adaptado).
Neste estranho tipo de guerra, para o qual Deus nos chamou,
os padrões de avaliação são diferentes daqueles que usamos no
mundo dos sentidos. Segundo a medida da escala espiritual, per-
doar é mais forte do que ficar ressentido; abençoar é mais forte
do que amaldiçoar; dar graças é mais forte do que queixar; lou-
var é mais forte do que acusar; e amar é mais forte do que odiar.
Com base neste paradoxo, eis duas proclamações que libertam
a força e a possibilidade de Deus quando os nossos próprios recursos
falham.

8. Quando confrontado com uma tarefa demasiado gran-


de para mim
Posso fazer todas as coisas naquele que me fortalece.
(Baseado em Filipenses 4:13)
260
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

9. Quando a minha força falha ou é insuficiente


O poder de Deus se aperfeiçoa na minha fraqueza, e quando
estou fraco, então é que sou forte.
(Baseado em 2 Coríntios 12:9-10)

Para finalizar, eis duas proclamações que cobrem necessida-


des que surgem em certas alturas nas vidas da maioria de nós.

10. Quando exercemos fé por necessidades financeiras


Deus é poderoso para fazer abundar em nós toda a graça, a
fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, possamos ter
abundância para toda a obra.
(Baseado em 2 Coríntios 9:8)

O nível da provisão de Deus para o Seu povo é revelado


como abundância, não como mera suficiência. A Ruth e eu faze-
mos esta proclamação regularmente, como base financeira, para
os Ministérios Derek Prince.

11. Quando atacado pelo medo


Deus não me deu um espírito de medo, mas de poder, de amor
e de uma mente sã.
(Baseado em 2 Timóteo 1:7)

No nome de Jesus submeto-me a Deus e resisto ao espírito de


medo. Por isso, ele tem de fugir de mim.
(Baseado em Tiago 4:7)

As Escrituras assim expostas são apenas alguns exemplos.


Não há limite para o número de proclamações bíblicas que po-
demos fazer. Cada um de nós tem de confiar no Espírito Santo
para nos guiar àquelas que melhor se adaptam à nossa situação
particular.
Escolher e fazer as proclamações apropriadas baseadas na
Escritura, tem um resultado muito importante. Recebemos e apli-
261
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

camos a Palavra de Deus numa forma activa, não de uma forma


passiva. Não lemos apenas a Escritura e depois avançamos. Pelo
contrário, passamos por três níveis sucessivos. Primeiro, pedimos
ao Espírito Santo para nos dirigir as Escrituras, que são especial-
mente apropriadas para nós. Segundo, fixamo-las bem na nossa
mente. Terceiro, ao proclamá-las, libertamos o seu poder para as
áreas da nossa vida, que necessitam delas.
Talvez você seja um dos muitos cristãos de hoje que sentem
a necessidade de “tomar a espada do Espírito”, à qual me referi
no capítulo 19, mas que não conhecem uma forma simples e prá-
tica de o fazer. Se for esse o caso, a Ruth e eu gostaríamos de lhe
recomendar este método de proclamação selectiva das Escrituras.
Temo-lo praticado nas nossas vidas e podemos dizer, Funciona!
Mas deixe-me acrescentar uma última palavra de aviso! Não
coloque a sua fé na sua proclamação, ou em qualquer outro mé-
todo ou procedimento. A nossa fé tem de estar apenas em Deus,
não em alguém ou em alguma outra coisa. A nossa proclamação
é apenas uma forma eficaz de expressar a fé que temos em Deus.
Por isso, agora, ao voltar o seu rosto na direcção da terra das
bênçãos de Deus, receba a admoestação dada três vezes a Josué:
“Sê forte e tem bom ânimo!”

Questionário

1. A proclamação tem dois efeitos; digam quais.


2. Verdadeiro ou falso: Fazendo uma proclamação em voz
baixa, não vos ajudará.
3. Quais são os três passos sucessivos necessários quando se
responde aos que nos amaldiçoaram?
4. No tipo de guerra para a qual Deus chamou os seus filhos,
o que é mais forte do que o ressentimento?
5. Fazer proclamações apropriadas indica que recebemos e
aplicamos a Palavra de Deus no ____________________,
não no modo passivo.
262
3ª Parte – DE MALDIÇÃO A BÊNÇÃO

Aplicação na Vida

1. Porque é que o envolvimento do Espírito Santo é importan-


te quando proclamamos as Escrituras?
2. Será importante memorizar as Escrituras? Porquê ou por-
que não?
3. Tira tempo para proclamar cada uma das onze proclama-
ções que as Escrituras listaram nas páginas 254-261.

Versículo para memorizar

Escolha um dos versículos deste capítulo para ser memori-


zado.

Proclamação de Fé

Senhor, agradeço-Vos pela vitória que me destes através de


Jesus Cristo. É pela fé que eu supero tudo (ver Coríntios 15:57; 1
João 5:4).

Respostas

1. Invoca a ajuda de Deus e protege-nos dos esquemas e as-


saltos de Satanás.
2. Falso. Palavras que não se ouvem podem ter um impacto
poderoso no reino espiritual.
3. Nós devemos (1) condenar a língua, (2) perdoar a pessoa e
(3) pedir a Deus que abençoe essa pessoa.
4. O perdão.
5. Activo.

263
REVISÕES
REVISÕES
IMPORTANTES
IMPORTANTES
Introdução

As Bênçãos e maldições é o tema central na relação de Deus


para com o ser humano. Pode ser comparado ao tronco de uma
árvore cujos ramos se estendem em muitas direcções. Um estudo
sistemático levanta questões importantes e práticas sobre várias
outras áreas principais da verdade bíblica.

Esta secção do livro lida com duas destas questões:

1. Presentemente, será possível, através da fé, experimentar


libertação de todas as maldições que o pecado trouxe sobre
a raça humana? Se não, quando e como é que isso será
finalmente alcançado?

2. O Antigo testamento contém muitos exemplos de servos de


Deus que pronunciaram maldições sobre os Seus inimigos.
Qual deverá ser a resposta cristã quando sofremos oposi-
ção e somos maltratados?
Revisões iMPoRTanTes

Maldições Que ainda não foRaM canceladas

Na Cruz, Jesus levou sobre si todas as consequências malig-


nas que a desobediência a Deus trouxe sobre a raça humana. Estas
consequências integram-se em duas categorias principais: as que
vieram sobre o homem devido à sua desobediência original no
Jardim, e as que foram pronunciadas mais tarde relacionadas com
a Lei dada através de Moisés.
Em Gálatas 3:13, Paulo refere esta última categoria. Ele afir-
ma especificamente que “Cristo nos resgatou da maldição da
lei”. Ele relaciona isto com o facto de que a lei havia declarado
que todo aquele que fosse executado sendo pendurado num ma-
deiro, por causa desse mesmo facto, se tornava uma maldição. A
mesma Lei que pronunciou a maldição abriu o caminho para a
libertação da mesma, através do sacrifício substitutivo de Cristo.
No capítulo 4 resumimos “a maldição da Lei” da seguinte
forma: humilhação; esterilidade; improdutividade; enfermidade
mental e física; dissolução da família; pobreza; derrota; opressão;
falhanço; desfavor de Deus.
De acordo com a afirmação clara de Paulo em Gálatas 3:13,
a morte de Cristo na Cruz oferece libertação de todas estas con-
sequências da quebra da Lei. No entanto, aqui, Paulo não inclui
as várias formas da maldição original que Deus pronunciou sobre
Adão e Eva, depois da sua desobediência no Jardim. Esta maldi-
ção, registada em Génesis 3:16-19, integra-se em duas secções
principais: a primeira proferida para Eva e a segunda para Adão.
A maldição proferida a Eva relaciona-se com a sua função
singular enquanto mulher e, de novo, subdivide-se em duas partes:

1. Dar à luz seria uma tarefa árdua e dolorosa.


2. Ela ficaria sujeita à autoridade do seu marido e dependente

267
REVISÕES IMPORTANTES

dele para o cumprimento do seu desejo feminino básico de


ter filhos.

A maldição proferida a Adão relaciona-se sobretudo com a ta-


refa original que lhe fora atribuída por Deus em Génesis 2:15 para
“lavrar e guardar o jardim”, ou seja, cultivar a terra. Esta maldição
pode ser dividida em três grupos principais:

1. A natureza do solo iria sofrer uma mudança. Daí em diante,


ele só daria fruto após trabalho árduo e muito suor.
2. A prova da mudança no solo seria vista numa mudança da
vegetação produzida, especificamente no crescimento de
duas formas de vegetação improdutivas: espinhos e cardos.
3. O próprio homem ficaria sujeito à degradação e à morte,
destinado por fim a regressar ao po de onde fora retirado.
Embora dirigida a Adão, na verdade, esta última parte tam-
bém afectou Eva, juntamente com os seus descendentes.

É claro que as maldições pronunciadas nesta altura também


afectaram a própria terra. Isto sucedeu devido à estreita ligação
entre Adão e o seu ambiente, que é indicada pela palavra hebraica
para terra: adamah. O próprio Adão foi feito a partir da terra. Deus
também lhe deu a responsabilidade de cuidar dela.
Para além disso, houve uma maldição especial que foi colo-
cada sobre a serpente que, a partir de então, se passou a distinguir
de todos os outros membros do reino animal.
Em Eclesiastes 1:2 e Romanos 8:20, a condição da terra e dos
seus habitantes, produzida por estas maldições, é descrita por uma
palavra: vaidade. Outras versões dizem futilidade.
A redenção da “maldição da lei”, à qual Paulo se refere em
Gálatas 3:13, não inclui as maldições acima descritas. Estas resul-
taram da desobediência de Adão e Eva no Jardim. Naquele tempo,
não havia sistema de lei dado por Deus e, consequentemente, não
havia maldição para quem o quebrasse.
Em Romanos 5:13-14, Paulo diz: Porque até à lei estava o
268
REVISÕES IMPORTANTES

pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei.


No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aque-
les que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão…”
Durante este período “de Adão a Moisés”, a humanidade não
tinha qualquer sistema de lei dado por Deus. Contudo, todos os
homens sofreram os efeitos da maldição pronunciada original-
mente sobre Adão e Eva, e cada pessoa pagou o castigo pelo seu
pecado individual: a morte.
O início do período da Lei é indicado em João 1:17: “Porque
a lei foi dada por Moisés…” Relacionado com a dádiva da lei, foi
pronunciada uma longa série de maldições sobre aqueles que se
colocaram debaixo da Lei, mas que não conseguiam guardá-la.
Estas são as maldições que se encontram registadas primeiramen-
te em Deuteronómio 28:15-68. Colectivamente, são chamadas
de “maldições da lei”. Quando Paulo diz em Gálatas 3:13 que
“Cristo nos resgatou da maldição da lei”, é a estas maldições que
ele se refere.
E as maldições que foram originalmente pronunciadas sobre
Adão e Eva? Será que Deus também providenciou redenção para
elas? Se sim, com que base é que Ele o fez?
Para responder a estas questões, temos de reconhecer duas
formas diferentes através das quais Jesus, quando veio à terra, foi
identificado com aqueles a quem veio redimir. O Novo Testamento
descreve dois aspectos diferentes da Sua identificação com a hu-
manidade, que são indicados por duas genealogias diferentes que
Lhe são atribuídas.
Em Mateus, a Sua genealogia faz-se remontar até Abraão.
Enquanto “semente de Abraão” prometida, Ele identificou-se com
os descendentes de Abraão, a nação de Israel, que estavam debai-
xo da Lei. Em Gálatas 4:4-5, Paulo diz que Jesus “nasceu sob a
lei, para remir os que estavam debaixo da lei”.

Todavia, em Lucas a genealogia de Jesus remonta a Adão e


Ele é identificado com toda a raça descendente de Adão. Durante
a Sua vida na terra, o título que Ele aplicou a Si mesmo, mais do
269
REVISÕES IMPORTANTES

qualquer outro, foi o de “Filho do homem”. Em hebraico, o nome


Adão é também a palavra para homem. Assim, “Filho do homem”
é também “Filho de Adão”. Por isso, ao utilizar este título, Jesus
realçou continuamente a Sua identificação com todos os descen-
dentes de Adão: toda a raça humana.
Devido a esta identificação, o sacrifício substitutivo de Jesus
na Cruz não providenciou apenas a redenção da maldição da Lei
que fora quebrada. Ele também providenciou libertação de todas
as consequências malignas, que o pecado original de Adão havia
trazido, sobre os seus descendentes, quer estivessem debaixo da
Lei, quer não.
Isto é apresentado por dois títulos diferentes que Paulo dá a
Jesus em 1 Coríntios 15. No versículo 45 ele chama-O “o último
Adão”, e no versículo 47 “o segundo homem”. Estes dois títulos
referem-se respectivamente à morte e à ressurreição de Jesus. Na
Cruz, Jesus morreu enquanto “último Adão”. Ele levou sobre Si
todas as consequências malignas que a desobediência de Adão ha-
via trazido sobre toda a raça humana. Quando Ele morreu, elas
foram exterminadas. Quando Ele foi sepultado, elas foram postas
de lado para sempre.
Então, no terceiro dia Jesus ressuscitou de novo dos mor-
tos enquanto “segundo homem”. Ele tornou-se, desta forma, o
Cabeça de uma raça inteiramente nova, a raça de Emanuel, a raça
Deus-homem, a raça na qual a natureza de Deus e do homem estão
misturadas numa nova criação.
Todos aqueles, que pela fé e compromisso, são identificados
com Jesus na Sua morte, na Sua sepultura e na Sua ressurreição,
tornam-se membros desta nova raça. Em 1 Pedro 1:3-4, o após-
tolo diz sobre estes: “...Deus… nos gerou de novo para uma viva
esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não
pode murchar…”
Houve, pois, dois aspectos complementares desta redenção
da maldição, providenciada pela morte de Jesus. Enquanto “se-
mente de Abraão”, nascido sob a Lei, Ele levou sobre Si todas as
270
REVISÕES IMPORTANTES

maldições da Lei que fora quebrada, resumidas em Deuteronómio


28:15-68. Enquanto “último Adão”, Ele também levou sobre Si
as maldições pronunciadas sobre Adão e Eva por causa do seu
acto original de desobediência. Tal como vimos, isto também se
estendeu ao solo da terra e à sua vegetação, sendo especificamente
manifesto em duas formas de vegetação improdutivas: espinhos e
cardos.
O Novo testamento usa uma imagética muito bela para reve-
lar como Jesus levou sobre Si mesmo, não apenas as maldições
que estavam sobre Adão e Eva, mas também a maldição que esta-
va sobre a terra. Em João 19:5, o apóstolo regista a cena em que
Pilatos levou Jesus perante os Seus acusadores:
Saiu, pois, Jesus, levando a coroa de espinhos e a veste de
púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem.
A expressão o Homem indicou Jesus como um descendente
de Adão, único na Sua perfeição e, ainda assim, representante de
toda a raça. Ao mesmo tempo, o vestuário de Jesus representou a
maldição dupla que Adão havia trazido sobre a terra. A coroa na
Sua cabeça representou a maldição dos espinhos; a cor púrpura do
Seu manto representou a maldição dos cardos.
Esta cena breve mas vívida revelou Jesus como “o último
Adão”, o qual levou sobre Si tanto a maldição que tinha recaído
sobre Adão e Eva, como a maldição que o seu pecado havia colo-
cado sobre a terra.
Por isso, seja qual for o ponto de vista, a redenção da maldi-
ção providenciada pela morte de Jesus foi completa. Ela cobriu
todas as maldições que alguma vez haviam recaído sobre a huma-
nidade. Ela cobriu a maldição pronunciada sobre Adão e Eva por
causa da sua desobediência; ela cobriu todas as maldições pro-
nunciadas subsequentemente, relacionadas com a Lei de Moisés.
Contudo, um estudo mais aprofundado das Escrituras, indica
que a redenção plena da maldição será executada em várias fases.
A redenção da “maldição da lei” é oferecida, neste tempo presen-
te, àqueles que conseguirem tomar posse dela pela fé. Ela só será
manifesta na sua plenitude quando Cristo voltar. Também nessa
271
REVISÕES IMPORTANTES

altura, aqueles que tiverem sido alcançados para ir ao encontro


Dele, serão finalmente libertos da maldição adâmica para sempre.
Em Filipenses 3:20-21, Paulo descreve a mudança que nesse
tempo irá ter lugar no corpo de cada crente redimido:
Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos
o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso cor-
po abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o
seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.
Aqui Paulo contrasta dois tipos de corpos: “o nosso corpo
abatido” e “o seu (de Cristo) corpo glorioso”. Mais literalmen-
te, esta última expressão poderia ser traduzida por “o corpo da
Sua glória”. A maldição pronunciada sobre Adão confinou-o, e
aos seus descendentes, a um “corpo abatido”. Outra versão diz
“corpo de humilhação”. Como tal, ele lembra-nos continuamente
da nossa condição imposta pela queda.
A partir do momento em que nascemos, este corpo fica con-
tinuamente sujeito à decadência, dependendo de muitos factores
externos para vida e bem estar. Através do luxo e do comodismo
podemos tentar esquecer brevemente as nossas fraquezas ineren-
tes. Todavia, daí a breves momentos, somos inevitavelmente con-
frontados de novo com as limitações humilhantes do nosso corpo.
Podemos vestir as roupas mais elegantes e caras, mas assim
que nos tornamos fisicamente activos, o cheiro do nosso suor re-
lembra-nos que estamos confinados a “um corpo de humilhação”.
Ou podemos encher os nossos estômagos com o que há de melhor
para comer e beber. No entanto, daí a algumas horas seremos for-
çados a esvaziar as nossas bexigas e os nossos intestinos – acções
que não dão lugar a qualquer pompa ou arrogância.
Para aqueles que aceitarem a redenção providenciada por
Cristo, todas estas características humilhantes do nosso corpo pre-
sente serão transformadas, não gradual ou progressivamente, mas
num único e glorioso momento. Em 1 Coríntios 15:51-53, Paulo
descreve esta transformação sobrenatural:
Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormire-
mos (na morte), mas todos seremos transformados, num momento,
272
REVISÕES IMPORTANTES

num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trom-


beta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista
de incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista de imorta-
lidade.
No seu conjunto, em 1 Coríntios 15, Paulo resume as cinco
mudanças seguintes, que irão ter lugar no corpo de cada crente
quando Cristo regressar:

1. De corruptível a incorruptível
2. De mortal a imortal
3. De desonra a glória
4. De fraqueza a poder
5. Do natural – literalmente, “carnal” – ao espiritual

As cinco características negativas da lista acima transcrita são


os efeitos da maldição original que caiu sobre Adão. A libertação
total de todas elas virá primeiro aos crentes, que forem alcançados,
para se encontrarem com Jesus, quando ele regressar. Em Tiago
1:18, estes são descritos “como primícias das suas criaturas”. A
transformação pela qual eles irão passar servirá como garantia da
redenção que virá depois para toda a criação.
No período que se seguirá para os restantes habitantes da ter-
ra, a rectidão e a justiça do reinado Milenar de Cristo, irá mini-
mizar, mas não abolir, a maldição da Lei. A vida humana será
grandemente prolongada, mas a maldição adâmica também irá
prevalecer. A terra e a criação animal também irão experimentar
um período frutífero e de abundância sem paralelo desde a queda
– mas a “vaidade” ou “futilidade” ainda não terá fim. A abolição
total e final de todas as maldições terá de esperar até ao período
dos “novos céus e nova terra” (2 Pedro 3:13).
Tudo isto será o resultado da troca pela qual Jesus foi feito
maldição na Cruz, para cancelar todas as maldições que a desobe-
diência do homem havia trazido sobre si mesmo e sobre a criação.
Em Apocalipse 22:3, a sua consumação é resumida numa afirma-
273
REVISÕES IMPORTANTES

ção breve, mas abrangente: “E ali nunca mais haverá maldição


contra alguém.”

Questionário

1. Diz o nome das duas principais maldições de que Jesus nos


redimiu.
2. A maldição original pronunciada sobre Adão foi primeira-
mente relatada a que tarefa atribuída?
3. Verdadeiro ou falso: A redenção que Jesus trouxe pelo
Seu sacrifício na Cruz, abrangeu tanto a maldição pela Lei
como as consequências demoníacas do pecado original de
Adão.
4. Quando Jesus se levantou dos mortos no terceiro dia como
“o segundo Homem”, Ele tornou-se o líder de que nova
raça?
5. Quando Pilatos trouxe Jesus à presença dos Seus acusa-
dores, a coroa de Jesus e a Sua veste representaram dois
aspectos da maldição original. Quais foram?
6. Verdadeiro ou falso: A abolição completa e final de todas
as maldições ocorrerá durante o Reino milenar de Jesus.

Aplicação na Vida

1. Como é que o saber acerca das maldições que ainda não


foram revogadas o ajuda no vosso caminho Cristão?
2. Em Coríntios 15 Paulo fala-nos acerca das mudanças que
ocorrerão quando Cristo voltar. O Conhecimento disto que
impacto tem na sua fé e vida em Cristo, agora?

274
REVISÕES IMPORTANTES

Versículo para memorizar

Escolham outro versículo do capítulo 22 para ser memoriza-


do.

Proclamação de Fé

Muito obrigado, Jesus, pela minha cidadania no céu estar


segura. Espero ansiosamente o Vosso regresso!

Respostas

1. A maldição da Lei e a de Adão e Eva.


2. O cultivo do solo.
3. Verdadeiro, porque Jesus foi identificado não só como a
semente de Abraão mas também como do Filho de Adão.
4. A raça de Emanuel, a raça do Homem-Deus.
5. A coroa representava a maldição dos espinhos e as vestes
de cor púrpura representavam a maldição dos cardos - a
maldição dupla sobre a terra.
6. Falso: Acontecerá no período de “novos céus e uma nova
terra”

275
Revisões iMPoRTanTes

aBençoaR ou aMaldiçoaR?

Suponhamos que as pessoas nos insultam, nos amaldiçoam,


opõem-se a nós e nos perseguem pela nossa fé em Cristo. Vamos
supor que essas pessoas espalharam mentiras malignas acerca de
nós e que usam todos os meios, desonestos e ilegais, para nos atin-
girem. Seremos nós livres para retaliar, pronunciando uma maldi-
ção sobre elas? A resposta do Novo testamento a esta questão é
um claro e enfático NÃO!
Em Romanos 12:9-21, Paulo faz uma lista de vários princí-
pios que devem governar o comportamento cristão. No versícu-
lo 9 ele começa com a motivação supremamente importante: “O
amor seja não fingido”. Todas as outras indicações que se seguem
são apenas formas diferentes através das quais o amor cristão é
expressado.
No versículo 14 ele instrui os cristãos sobre como responder
àqueles que procuram causar-lhes danos: “Abençoai aos que vos
perseguem; abençoai e não amaldiçoeis.”
No versículo 21, ele termina com uma aplicação mais geral
do mesmo princípio: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o
mal com o bem”. Há apenas um poder suficientemente forte para
vencer o mal, o bem.

Há apenas um poder suficientemente forte


para vencer o mal, o bem.

Seja qual for a forma de mal que nos confronta, temos de res-
ponder sempre com a forma de bem correspondente. Se agirmos
de outra forma iremos aperceber-nos que o mal é demasiado forte
para nós.

276
REVISÕES IMPORTANTES

Em 1 Pedro 3:8-9, Pedro faz um aviso semelhante contra a


forma errada de agir perante o mal:
E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compas-
sivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e
afáveis, não tornando mal por mal ou injúria por injúria; antes,
pelo contrário, bendizendo, sabendo que para isto fostes chama-
dos, para que, por herança, alcanceis a bênção.
Ao vencermos desta forma o mal com o bem, partilhamos do
próprio triunfo de Cristo sobre o mal, tal como ele é descrito em
2 Coríntios 2:14-15:
E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo e, por
meio de nós, manifesta em todo lugar o cheiro do seu conheci-
mento. Porque para Deus somos o bom cheiro de Cristo, nos que
se salvam e nos que se perdem.
Tal como Maria de Betânia, que derramou um precioso un-
guento sobre a cabeça de Jesus, nós enchemos a área ao nosso redor
com uma suave fragrância. Mesmo aqueles que se opõem a nós
e nos criticam são, no entanto, abençoados com a fragrância (ver
Marcos 14:3-9).
Isto revela uma diferença básica entre a Antiga e a Nova
Aliança. No Antigo Testamento, deus usou frequentemente o Seu
povo como instrumento de julgamento, contra outros povos. Ao
levar Israel para a terra de Canaâ, por exemplo, Deus usou Josué
e o seu exército como instrumentos do Seu julgamento sobre os
Cananeus que tinham ocupado anteriormente a terra. Também há
muitos outros exemplos no Novo Testamento nos quais os servos
de Deus pronunciaram maldições sobre pessoas que se opuseram
ou Lhe desobedeceram, e o efeito foi o mesmo do que se tivesse
sido o próprio Deus a pronunciá-las.
Em Josué 6:26, por exemplo, depois de os Israelitas terem
capturado e destruído Jericó, Josué pronunciou a seguinte maldi-
ção sobre qualquer pessoa que mais tarde reconstruísse uma cida-
de no mesmo local:
Maldito diante do SENHOR seja o homem que se levantar e
reedificar esta cidade de Jericó! Perdendo o seu primogénito, a
277
REVISÕES IMPORTANTES

fundará e sobre o seu filho mais novo lhe porá as portas.


Cerca de quinhentos anos depois, durante o reinado de Acabe,
rei de Israel, esta maldição foi cumprida, tal como é registada em
1 Reis 16:34:
Em seus dias (de Acabe), Hiel, o betelita, edificou a Jericó;
morrendo Abirão, seu primogénito, a fundou; e, morrendo Segube,
seu último, pôs as suas portas; conforme a palavra do SENHOR,
que falara pelo ministério de Josué, filho de Num.
Na margem de uma outra versão, a expressão “morrendo”
é exprimida por “pelo preço da vida de…”. Outra versão tradu
-la “com a perda de…”. E numa outra ainda pode ler-se “à custa
de…”.
Este é um exemplo claro das forças invisíveis que estão
continuamente a operar na história da humanidade e que são, no
entanto, tantas vezes ignoradas. Quantos historiadores seculares
dos nossos dias, ao descreverem este incidente, fariam remontar
a morte destes dois jovens a palavras proferidas por um servo de
Deus quinhentos anos antes?
É importante notar, em 1 Reis 16:34, que o escritor realça que
a maldição foi cumprida “conforme a palavra do SENHOR, que
falara pelo ministério de Josué, filho de Num”. Josué foi o canal
através do qual a maldição recaiu sobre eles, mas Deus foi a fonte.
É isto, e apenas isto, que explica o seu resultado.
David foi outro servo de Deus que pronunciou maldições que
tiveram efeitos muitas gerações mais tarde. No Salmo 69:22-25
e também no Salmo 109:13, ele pronunciou uma longa série de
maldições sobre uma pessoa, ou pessoas, anónimas por causa de
traição e deslealdade para com um homem justo que tinha sido
injustamente acusado e condenado. Cerca de mil anos mais tarde,
depois da morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos reconhe-
ceram que estas maldições de David tinham sido cumpridas em
Judas Iscariotes, que tinha sido o traidor de Jesus (ver Actos 1:15-
20).
Alguns dos profetas que se seguiram a David também pro-
nunciaram maldições que libertaram os julgamentos de Deus de
278
REVISÕES IMPORTANTES

várias formas. Em 2 Reis 1:9-12, por exemplo, Elias mandou des-


cer fogo do céu que destruiu dois grupos de soldados, que tinham
sido enviados para o prender. Em 2 Reis 2:23-24, o seu sucessor,
Eliseu, amaldiçoou um grupo de rapazes que tinham zombado
dele, resultando daí que 42 deles foram despedaçados por ursos.
Subsequentemente, Deus usou Eliseu para levar uma cura mi-
lagrosa de lepra ao general Sírio, Naamã, o qual lhe ofereceu em
troca uma variedade de sumptuosos presentes. Contudo, Eliseu re-
cusou aceitar qualquer um deles, mostrando dessa forma a Naamã
que não havia forma de ele lhe “pagar” pela cura que tinha rece-
bido de Deus. Mais tarde, o servo de Eliseu, Geazi, motivado pela
cobiça, correu atrás de Naamã e, com falsas pretensas, persuadiu
Naamã a dar-lhe um presente substancial de prata e roupas (2 Reis
5:1-27).
Quando Geazi regressou, Eliseu, através de revelação sobre-
natural, confrontou-o com a sua cobiça e desonestidade. Depois,
pronunciou o julgamento de Deus sobre ele:
Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua semente
para sempre. Então, saiu de diante dele leproso, branco como a
neve.
O efeito da maldição de Eliseu foi visível e instantâneo. Geazi
encontrou-se atingido pela lepra no mesmo estado avançado do
qual Naamã tinha acabado de ser curado. Para além disso, a mes-
ma doença iria continuar a afligir os descendentes de Geazi desde
que houvesse um deles na terra.
Há uma característica importante comum a todas as maldi-
ções acima referidas, quer tenham sido pronunciadas por Josué,
David, Elias ou Eliseu. Cada uma delas expressou um julgamento
soberano do Deus Todo-Poderoso. Elas não procederam da mente
ou vontade do homem que as proferiu. Elas não foram a expressão
da mera raiva ou vingança humana. Deus escolheu soberanamente
canais humanos para administrar a Sua justiça através deles. Não
há qualquer sugestão nas Escrituras de que Deus tenha alguma vez
renunciado o Seu direito de proceder assim.
Todavia, no Novo testamento Deus escolheu usar os Seus
279
REVISÕES IMPORTANTES

servos primeiramente como instrumentos de misericórdia e não


de julgamento. O contraste entre as duas alianças é apresentado
num incidente em Lucas 9:51-56. Jesus tinha enviado mensagei-
ros adiante Dele para prepararem a Sua recepção numa aldeia
Samaritana pela qual Ele tencionava passar, mas os Samaritanos
recusaram-se a recebê-Lo. Em resposta a isto, Tiago e João per-
guntaram: “Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e
os consuma, como Elias também fez?”
Então, Jesus repreendeu-os pela sua atitude, dizendo: “Vós
não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do Homem não
veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.”
Jesus não negou que Elias tinha mandado descer fogo para
destruir os seus inimigos, nem pôs em questão se Tiago e João
teriam sido capazes de fazer o mesmo. Em vez disso, Ele relem-
brou-lhes que eles estavam num período em que Deus estava a
usar os Seus servos de uma forma diferente. Eles tinham sido cha-
mados para serem instrumentos da misericórdia de Deus e não do
Seu julgamento.
No entanto, há alguns exemplos no Novo Testamento de mal-
dições pronunciadas pelos servos de Deus. O próprio Jesus provi-
denciou um dos exemplos mais dramáticos. No Seu caminho para
Jerusalém, tendo fome dirigiu-se a uma figueira para apanhar al-
guns dos primeiros frutos que estariam maduros naquela estação.
Descobrindo que a figueira estava coberta de folhas, mas que não
tinha produzido qualquer fruto, Ele disse-lhe: “Nunca mais nasça
fruto de ti” (Mateus 21:19).
No dia seguinte, quando Ele e os Seus discípulos passaram por
ali, a figueira tinha secado pela raiz. Pedro comentou: “Mestre, eis
que a figueira que tu amaldiçoaste secou.” (Marcos 11:21). Em
resposta, Jesus delegou aos Seus discípulos a mesma autoridade
que Ele havia demonstrado ao amaldiçoar a figueira: “Em verdade
vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que
foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e
precipita-te no mar, assim será feito.” (Mateus 21:21). Por outras
palavras, Ele deu-lhes autoridade para pronunciarem maldições
280
REVISÕES IMPORTANTES

semelhantes àquela que Ele tinha pronunciado sobre a figueira.


Muitos comentadores vêem nesta figueira um tipo de forma
de religião na qual a prática da Lei de Moisés tinha degenerado.
Ela estava cheia de “folhas”, ou seja, das formas exteriores de
religião, mas não deu o fruto da Lei que Jesus resumiu como “jus-
tiça, misericórdia e fé” (Mateus 23:23). Como resultado, pessoas
que buscavam com sinceridade e que olharam para aquela forma
de religião para satisfazer a sua fome espiritual foram desviadas,
permanecendo vazias e desiludidas. Na geração seguinte,, debai-
xo do julgamento de Deus, todo o sistema ficou destinado a “secar
pela raiz”.
Aparentemente os discípulos não viram qualquer significado
na figueira sem fruto, e teriam passado por ela. Foi Jesus que agiu
contra ela e que depois comissionou os Seus discípulos a toma-
rem uma atitude semelhante. Nas gerações que se seguiram, esta
lição parece ter-se perdido para a maioria dos cristãos. De certo
que há alturas em que encontramos “figueiras sem fruto” como
aquela, ou seja, sistemas religiosos enganadores que desiludem
pessoas sedentas que buscam a realidade do Evangelho. Será que
nós passamos apenas ao lado destas “figueiras” sem nos preocu-
parmos? Ou tomamos o mesmo tipo de acção agressiva que Jesus
demonstrou?
Em Mateus 10:14-15, quando Jesus enviou os primeiros
apóstolos para pregarem o Evangelho, Ele deu-lhes uma autori-
dade semelhante para lidarem com aqueles que os rejeitassem e à
sua mensagem:
E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras,
saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em
verdade vos digo que, no Dia do Juízo, haverá menos rigor para o
país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.
Através deste acto de sacudirem o pó dos seus pés, os apósto-
los estariam, de facto, a entregar aqueles que os tinham rejeitado
ao julgamento de Deus, o qual iria ser mais severo do que o julga-
mento dos habitantes de Sodoma e Gomorra.
Os apóstolos do Novo Testamento tomaram este mandamento
281
REVISÕES IMPORTANTES

de Jesus literalmente. Em Antioquia da Pisídia, depois de Paulo e


Barnabé terem ministrado algum tempo, com grande eficácia, os
seus adversários acabaram por expulsá-los da cidade. Actos 13:51
regista a resposta dos apóstolos:
Sacudindo, porém, contra eles o pó dos pés, partiram para
Icónio.
Incidentes como estes confirmam um princípio já estabeleci-
do no Antigo testamento: as bênçãos e as maldições nunca andam
muito longe uma da outra. Quando as bênçãos são oferecidas, mas
rejeitadas, seguem-se, quase inevitavelmente, maldições em seu
lugar. Quando Israel entrou em Canaã sob a Lei de Moisés, Deus
quis que eles invocassem sobre si ou as bênçãos prometidas pela
obediência ou as maldições que resultavam da desobediência. Não
havia uma terceira opção. O mesmo aplica-se àqueles a quem o
Evangelho é pregado juntamente com as suas bênçãos, mas que
deliberada e conscientemente o rejeitam. Essas pessoas expõem-
se, quase inevitavelmente, às maldições correpondentes.
Anteriormente, na ilha de Chipre, Deus tinha aberto o ca-
minho para Paulo e Barnabé levarem o Evangelho ao procônsul
Romano, Sérgio Paulo. Contudo, um bruxo, ou seja, um praticante
do oculto, chamado Elimas, tentou impedi-los de falarem com o
procônsul.18 A resposta de Paulo a este desafio de Satanás é des-
crita em Actos 13:9-12:
Todavia, Saulo, que também se chama Paulo, cheio do
Espírito Santo e fixando os olhos nele, disse: Ó filho do diabo,
cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a
justiça, não cessarás de perturbar os rectos caminhos do Senhor?
Eis aí, pois, agora, contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem
ver o sol por algum tempo. No mesmo instante, a escuridão e as
trevas caíram sobre ele, e, andando à roda, buscava a quem o
guiasse pela mão. Então, o procônsul, vendo o que havia aconte-
cido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor.
O efeito das palavras de Paulo sobre Elimas foi tão imediato e
dramático como a maldição da lepra que Eliseu pronunciou sobre
Geazi. O escritor de Actos realça que, naquele momento, Paulo foi
282
REVISÕES IMPORTANTES

“cheio do Espírito Santo”. Assim, as sus palavras não foram pro-


duto da sua reacção carnal à oposição, mas representaram o julga-
mento soberano de Deus sobre o bruxo, proferidas pelo Espírito
Santo. O procônsul ficou tão impressionado com esta demonstra-
ção da supremacia de Jesus sobre Satanás, que se tornou crente.
Este incidente revela a questão decisiva para determinar se há
ou não situações nas quais, é acertado que os cristãos pronunciem
uma maldição. Se a motivação é uma reacção da nossa natureza
carnal, tal como o ressentimento ou a raiva, ou o desejo de vin-
gança, auto-justificação, ou auto-glorificação, então proferir uma
maldição numa situação dessas, seria pecado. Para além disso, iria
causar muitos mais danos à pessoa que a proferisse do que à pes-
soa que fosse amaldiçoada.
Em Romanos 6:16, Paulo faz sobressair o perigo de ceder a
este tipo de motivação satânica:
Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para
lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado
para a morte, ou da obediência para a justiça?
Pode ser tentador procurar gratificação momentânea de um
qualquer impulso mau, ao deixarmos que uma maldição atraves-
se os nossos lábios, mas, ao fazê-lo, oferecemo-nos como escra-
vos ao autor da tentação: Satanás. Ele não se contenta com uma
mera influência temporária sobre nós. Ele usa a tentação como
uma abertura através da qual ele poderá entrar e tomar controlo
permanente das nossas vidas. Desta forma, aquele que usa uma
maldição para trazer o mal sobre os outros, traz um mal muito
maior e mais persistente sobre si mesmo.
Por outro lado, o Novo Testamento dá exemplos claros de
situações nas quais o Espírito Santo escolheu, soberanamente,
pronunciar uma maldição através de um servo de Deus. Se nos
recusarmos a reconhecer esta possibilidade, excluímo-nos de uma
das formas pelas quais Deus poderá querer usar-nos. A nossa
única salvaguarda é cultivar um relacionamento com o Espírito
Santo, no qual somos sensíveis, tanto ao seu incentivo, como ao
Seu restringimento. Se tivermos alguma dúvida em relação à pu-
283
REVISÕES IMPORTANTES

reza da nossa motivação ou à direcção do Espírito Santo, devemos


permanecer em silêncio.
A possibilidade do Espírito Santo poder, em certas circunstân-
cias, impelir-nos a proferir uma maldição, tornou-se muito clara
para mim através de um incidente que ocorreu no meu ministério,
a meio da década de 1960. Naquela altura eu fazia parte do grupo
que ministrava numa igreja local no centro da cidade de Chicago.
O edifício, que pegava com a igreja, era um pub. Este tinha-se
tornado num centro de várias formas de vício, que incluíam tráfi-
co de droga, lutas com facas e prostituição, tanto feminina como
masculina.
Uma noite, estava eu no palco da igreja, liderando uma reu-
nião de pessoas que se tinham juntado para orarem pela cidade de
Chicago quando, no meio da oração, sem qualquer premeditação
da minha parte, me ouvi a fazer uma declaração em voz alta: “Eu
coloco a maldição do Senhor sobre aquele pub!” Depois disso, a
reunião prosseguiu normalmente. Pessoalmente, não pensei mais
no que tinha dito.
Cerca de dois meses depois, fui acordado às três da manhã
por um telefonema urgente que me informou que a igreja estava
a arder. Vesti-me e corri para o local para descobrir que não era a
igreja, mas o pub ao lado, que estava em chamas. No entanto, o
vento que soprava do Lago Michigan estava a empurrar as chamas
para a igreja. Quando parecia inevitável que a igreja ia ser destruí-
da, juntamente com o pub, o vento mudou de direcção repentina-
mente a 180º e empurrou as chamas para longe da igreja.
No fim, o pub estava completamente destruído e a igreja tinha
sofrido apenas danos causados pelo fumo, que foram totalmen-
te cobertos pelo seguro. Não se perderam vidas e ninguém ficou
ferido. Depois de inspeccionar o local e o que se tinha passado,
o chefe dos bombeiros comentou com um dos anciãos da igreja:
“Vocês devem ter um relacionamento especial com o Homem lá
de cima!”
A minha reacção foi de espanto, misturado com medo. Não
tinha qualquer dúvida de que aquilo que eu tinha testemunhado,
284
REVISÕES IMPORTANTES

era o resultado da maldição que eu tinha pronunciado sobre o pub,


dois meses antes. Não me arrependi do que tinha feito. Senti que
Deus tinha intervindo com um julgamento justo, temperado com
misericórdia. Ao mesmo tempo, apercebi-me, de uma forma nova,
do espantoso poder que pode ser libertado através de palavras pro-
feridas por um servo de Deus. Resolvi que, pela minha parte, iria
buscar a graça de Deus para nunca fazer mau uso desse poder.
A uma escala pequena, a destruição daquele pub pelo fogo
reforça a verdade das Escrituras, que é central a todo este tema das
bênçãos e maldições: O poder da língua é incomensurável, tanto
para o bem como para o mal. Com a nossa língua podemos aben-
çoar e amaldiçoar; podemos edificar e destruir; podemos ferir e
curar; podemos causar um grande bem e também um grande mal.
O poder da língua também é assustador porque nós não a con-
seguimos controlar. Vez após vez, a nossa experiência compele-
nos a reconhecer a verdade de Tiago 3:8: “Mas nenhum homem
pode domar a língua.” Por isso, há apenas um caminho seguro:
ceder a língua a Deus através do Espírito Santo e pedir-Lhe que a
controle por nós. Para nos ajudar a fazer isto, eis duas orações de
David que são padrões para seguirmos:
Põe, ó SENHOR, uma guarda à minha boca; guarda a porta
dos meus lábios.
Salmos 141:3

Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação


do meu coração perante a tua face, SENHOR, rocha minha e li-
bertador meu!
Salmos 19:14

18
Um oficial Romano de categoria superior.

285
REVISÕES IMPORTANTES

Questionário

1. De acordo com Romanos 12:14, como deveríamos respon-


der aos que estão tentando perseguir-nos?
2. Qual o único poder suficientemente forte para destruir
Satanás?
3. No Novo Testamento Deus chamou o seu povo para ser
os instrumentos do Seu ____________________ e não do
Seu ____________________.
4. Verdadeiro ou falso: Bênçãos e maldições nunca andam
muito separadas umas das outras.
5. Aquele que usar uma maldição para trazer o mal sobre os
outros traz uma de longe ____________________ e mais
____________________ diabo sobre si próprio.
6. De acordo com o Salmo 141:3, o que deveríamos fazer
para ajudar a controlar o uso da nossa língua?

Aplicação na Vida

1. Como acha que abençoar a pessoa que está a amaldiçoar-


vos afecta ele ou ela, e o que faz acontecer na sua vida?
2. Como pode ser instrumento de misericórdia?
3. Já tem agora uma melhor compreensão do poder da língua?
De que forma?

Versículo para memorizar

Abençoai aos que vos perseguem; abençoai, e não amaldiço


eis.
Romanos 12:14

Proclamação de Fé

Deus, eu escolho ser um instrumento de misericórdia pela


bênção, encorajando e demonstrando amor aos que me rodeiam.
286
REVISÕES IMPORTANTES

Respostas

1. Deveríamos responder abençoando-os e não amaldiçoando


-os.
2. O poder do bem.
3. Misericórdia, julgamento.
4. Verdadeiro. Se as bênçãos forem rejeitadas, as maldições
inevitavelmente tomam o seu lugar.
5. Maior, duradoura
6. Deveríamos pedir ao Senhor para pôr uma guarda à nossa
boca.

287
SOBRE O DEREK PRINCE (1915 – 2003)

Derek Prince nasceu na Índia, filho de pais britânicos. Teve forma-


ção escolar em Grego e Latim no Colégio de Eton e na universida-
de de Cambridge, na Inglaterra. Com 24 anos ele foi professor na
Universidade Kings, em Cambridge, onde ensinou filosofia mo-
derna e clássica. Na segunda guerra mundial foi obrigado a entrar
no exército Britânico e foi colocado no norte de África. Levou
consigo a Bíblia como material de estudo filosófico, a qual leu
em alguns meses. Numa noite quando estava sozinho numa bar-
raca foi confrontado pela Palavra com a realidade de Jesus Cristo.

Com este encontro com Jesus Cristo ele chegou a duas conclu-
sões:

• Primeiro: Jesus Cristo está vivo


• Segundo: a Bíblia é um livro que traz a verdade, que é relevante
e sempre atual.

Estas conclusões alteraram totalmente o curso da sua vida.

Desde esta data dedicou a sua vida a estudar e ensinar a Palavra de


Deus. Entretanto adquiriu reconhecimento internacional como um
dos ensinadores da Bíblia mais importantes desta época. O que faz
o seu ministério ser único não é a sua educação de alto nível nem
a sua inteligência mas o seu ensino directo, actual e simples. O
Programa de rádio “Hoje com Derek Prince” é transmitido diaria-
mente em vários países (por exemplo em Chinês, Espanhol, Russo,
Mongoliano, Arábico e mais). Os estudos dele, mais de 40 livros
em mais de 100 línguas, 400 CD´s e 150 DVD´s, tiveram grande
influência nas vidas de muitos líderes cristãos sobre todo mundo.
Em Setembro de 2003 depois duma vida longa e frutífera, Derek
Prince faleceu com a idade de 88 anos. Derek Prince Ministries,
continuará a distribuir por todo o mundo o ensino dele através dos

289
diversos meios que dispõe, entre os quais: livros, cartas de ensino,
cartões de proclamação, áudio, vídeo, e conferências.

Existem no entanto, objectivos bem definidos no DPM:

- Fazer chegar estes meios a locais onde ainda não conhecem a


Palavra de Deus
- Contribuir para o fortalecimento da fé dos cristãos que vivem
em comunidades cujo poder politico não permite a liberdade de
expressão e circulação da Palavra Divina.

290
Derek Prince Ministries

“Se não conseguires explicar um princípio duma maneira sim-


ples e em poucas palavras, então tu próprio ainda não o per-
cebes suficientemente.”

Esta frase de Derek Prince caracteriza o seu ensino bíblico.


Estudos simples e claros que pretendem, direccionar o leitor para
os princípios de Deus, tornando assim possível uma maior abertu-
ra para reflexão e tomada de posição perante a sua escolha.

Os estudos de Derek Prince têm ajudado milhões de cristãos em


todo mundo, a conhecerem intimamente Deus e a porem em práti-
ca os princípios da Bíblia no dia-a-dia das suas vidas.

D Prince Portugal deseja cooperar nesta edificação do


corpo de Cristo:
...com o fim de preparar os santos para o serviço da comunidade,
para a edificação do corpo de Cristo até que todos cheguem à uni-
dade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, ao homem
adulto, à medida completa da estatura de Cristo. (Efésios 4: 12 e
13)

O nosso alvo é fortalecer a fé dos cristãos no Senhor Jesus Cristo,


através do ensino bíblico de Derek Prince, com material (livros,
cartas de ensino, cartões de proclamação e mais tarde cd’s e dvd’s)
na sua própria língua!

Em mais de 100 países o DPM está activo, dando a conhecer o


maravilhoso e libertador evangelho de Jesus Cristo. Esperamos
também que se sinta envolvido e encorajado na sua fé através do
material por nós (Derek Prince Portugal) fornecido.

291
A nossa principal actividade neste momento é traduzir e disponi-
bilizar trabalhos do Derek Prince em Português. Como por exem-
plo:

Cartas de ensino: Distribuição gratuita quatro vezes por ano de


cartas de ensino orientadoras e edificadores sobre temas diversos
da Bíblia.

Deseja saber mais sobre os materiais disponíveis e/ou receber as


cartas de ensino gratuitas? Informe-nos! Ficamos à espera do seu
contacto através de:

D Prince Portugal:
Caminho Novo lote X,

9700-360 Feteira AGH
Terceira, Açores.

Telf.: (00351) 295 663738 / 927992157

Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt
-mail: derekprinceportugal@gmail.com
E

292
Outros livros por Derek Prince (em Português):

. Como passar da maldição para Bênção


. O Plano de Deus para o seu dinheiro
. Protecção contra o engano
. O Remédio de Deus para a rejeição
. Expulsarão demónios
. Maridos e pais
. A Troca Divina
. O Poder da Proclamação
. Quem é o Espírito Santo?
. A Chave para um casamento duradouro.
. Graça ou Nada.
. O Fim da Vida terrena… e AGORA?
. Os Dons do Espírito.
. Guerra Espíritual
. Orando pelo Governo
. O Plano de Deus para o seu Dinheiro
. A Redescoberta da Igreja de Deus
. O Destino de Israel e da Igreja
. Arrependimento e Novo Nascimento
. A Cruz é Crucial

Cartões de proclamação:
. A Troca Divina
. Digam-no os remidos
. Somente o Sangue
. O Poder da Palavra de Deus
. O meu Deus proverá
. O Espíríto Santo em mim
. Eu obedeço à Palavra
. Emanuel, Deus Connosco
. Graça, a Imerecída Prenda

293
SÉRIE: Os Alicerces da Fé Cristã

Volume I: Os alicerces da fé +
Arrependimento e fé

Volume II: Do Jordão ao Pentecostes +


O Propósito do Pentecostes

Volume III: Imposição de Mãos +


Ressurreição dos Mortos +
Julgamento Eterno

294
978-989-8501-13-4

Вам также может понравиться