Вы находитесь на странице: 1из 2

Os recentes ataques ao multiculturalismo acusam a esquerda de ser conservadora.

Atrevem-se alguns a dizer que estamos do lado das tradições quando elas oprimem a
liberdade de muitos que partilham este espaço onde interagimos que é o Ocidente.
Afirmam que somos a favor do isolamento em comunidades de gente que os
nacionalistas apelidam de diferente, estranha, estrangeira.

Como podemos nós (aqueles que estamos sempre a fazer o balanço das injustiças desta
forma economicista,de lucro animalesco que alimenta e subjuga governos) sermos os
conservadores?

Nós que aceitamos procurar aprender com a diferença, maximizar a experiência que se
acumula quando se partilham valores, ideias, nós não nos movemos pela relação com o
outro quando é apenas lucrativa.Pelo contrário, temos um projecto que queremos que
seja concretizado, que se transforme de uma ideia para uma realidade e é a humanização
das relações entre Pessoas, Gente, Povos, Mulheres, Homens, Crianças … é este o
grande investimento que fazemos.

A forma como desenhamos o caminho para o futuro próspero , mas que queremos justo
e que não pode ser estranho a quem está ligado a uma cultura ibérica, mediterrânica; o
avivar desta consciência de que a mescla de ideias, hábitos, técnicas, aspirações, é algo
que proporciona historicamente avanços significativos na história universal. Negar este
facto, é negar a afirmação do mediterrâneo, da península e do país; desta criação dos
Homens que é um país, num território onde todos nós nos encontramos e para qual
todos trabalhamos.

É lógico, que somos sensíveis às dificuldades, aos efeitos da exclusão social, aos
diferentes pontos de partida de toda esta gente que está nesta corrida para a
sobrevivência que é de facto necessária em toda esta crise de vontade, crise de
altruísmo,neste momento carente de reflexão e nesta vivência distante da ideia de
solidariedade.

Muito fácil parece-me ser decretar o fim do multiculturalismo, enquanto se trabalha


para se chegar ao fim do estado social, e que coisa mais retrógada haverá para além do
mais declarado e absurdo retrocesso para um estado selvagem, um capitalismo brutal,
um retorno básico ao relacionamento primário, selvagem e animal do Homem com
Homem e o resto da natureza?

Muito fácil é defender o multiculturalismo quando a população envelhece, quando é


necessário alimentar sistemas de segurança social com contribuintes descartáveis… e de
facto querem mais gente descartável, agora querem deitar fora quem já serviu para
alimentar-nos a todos. E as diferenças culturais são um pobre argumento, centrado nos
novos bodes expiatórios, sejam eles ciganos, muculmanos ou imigrantes. É pobre e
flagrante pois todos sabemos que apela aos sentimentos baixos , à xenofobia pura à boca
da urna no mais puro desespero provocado pelas falhas sucessivas de uma escolha
simples: uma má forma de organizar a economia e a política, de socializar, ou seja, o
capitalismo canibal pós-moderno. Tanto esforço para escamotear o simples facto que
nunca existiu o sujeito culturalmente puro que serve de alicerce à ideia de nação. Este é
apenas a reserva de capital político a usar-se sempre que não se quer responder
concretamente por determindadas más decisões.
Daquilo que falhou, da incapacidade de chegar a soluções de integração eficazes, de
empreender humanamente na criação de uma nova forma de viver e de partilhar e de
trabalhar; tudo isto que implica mudança de facto e que ficou a meio da social
democracia ou da terceira via enquanto projectos alternativos ou pós modernos; nada se
quer discutir.
Daquilo que remonta à oposição, aos bloqueios, ao desprezo pela política da diversidade
e da multiculturalidade, de toda esta lógica de simplificação do social no discurso e
acção política; evita-se recordar na hora da crise. Querem muitos evitar que se aponte
para quem tem a culpa que é exactamente quem nos governa desta forma, nesta
competitividade individualista e antropófoga imposta a todos nós que vivemos e
construímos esta nova Europa.

Vivemos e construímos. É esta a nossa cultura global e pelos visto ela pode ser uma
apenas, aquela de quem vive e constrói estes pilares sobre os quais muitos estarão
confortavelmente instalados. Mas só o farão ( a instalação à qual se segue a crítica
retrógada que inspira o novo nacionalismo) quando já estão erguidos os pilares, quando
a pedra já está cortada, carregada, trabalhada; a partir daí, passam muitos para a precária
condição de serem gente descartável por assim se querer decidir na Europa em crise
(onde outros e muitos, pagarão por erros que não são da sua responsabilidade).

Existe quem se negue a aprender que não é com bairros titânicos, gigantes e erguidos
apressadamente que se avança, que se parte para o desconhecido com os desconhecidos
e se alcança o sucesso. Não são paredes que integram é a forma como são erguidas.
Não é nos limites dos mandatos eleitorais que se resolvem problemas que carecem de
um investimento real, sério, profundo, prudente, seguro, contante, humano que resulte
na partilha desta única cultura que realmente partilhamos que é a de viver e construir
estes bairros, cidades, países e continentes onde residimos.
O trabalho é uma ideia que atravessa todo o imaginário humano no tempo e no espaço.
Em qualquer parte do mundo sabemos identificar uma pessoa quando ela trabalha e em
qualquer língua haverá a tradução para este acto que nos une, que é trabalhar.

Nós trabalhamos todos juntos, com todas as nossas diferenças, e para ultrapassar as
nossas divergências, trabalhamos para provar que é possível fazer tudo melhor do que
tudo o que já foi feito, e sempre acreditamos que vale a aventura, vale a pena sermos
destemidos e audazes quando decidimos ,em conjunto e em cooperação, construir um
mundo melhor.

Вам также может понравиться