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Daniele Corradetti
23 de Setembro de 2016
Conteúdo
1 Representações irredutíveis de SU (2) e SO (3) 1
1.1 Noções fundamentais dos grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Representações lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Representações do grupo de rotações em R2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.4 Grupo de rotações em R3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5 As harmónicas esféricas e as funções de Legendre . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6 Representações de SU (2) e representações de SO(3) . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
( FECHO ) g · h ∈ G, (1)
( ASSOCIATIVITADE ) ( g · h) · k = g · (h · k) ,
( NEUTRO ) ∃e ∈ G : e · g = g · e = g,
( INVERSO ) ∃ g−1 ∈ G : g−1 · g = g · g−1 = e.
Se o conjunto G for de cardinalidade finita então o grupo G diz-se finito. No caso em que a
cardinalidade de G seja continua, i.e. #G = ℵ0 , então o grupo diz-se grupo continuo.
Sendo G e H dois grupos, uma aplicação ρ de G em H diz-se um homomorfismo se para cada
g1 , g2 em G é
ρ ( g1 · g2 ) = ρ ( g1 ) ρ ( g1 ) . (2)
1
Ademais se o homomorfismo for injectivo e sobrejectivo, então os grupos G e H dizem-se iso-
morfos e indicam-se assim G ∼
= H.
Seja G um grupo. Se H for um subconjunto de G e também forma um grupo no respeito da
mesma operação de Gentão diz-se que H é um subgrupo de G e indica-se H < G.
Dado um subgrupo H indica-se com gH e Hg as classes laterais esquerda e direita de H, i.e.
gH = {k ∈ G | k = g · h, h ∈ H } , (3)
Hg = {k ∈ G | k = h · g, h ∈ H } .
g1 H · g2 H = ( g1 g2 ) H. (4)
é imediato verificar que o grupo não é abeliano sendo por exemplo σ1 ◦ σ3 6= σ3 ◦ σ1 . O conjunto
constituído pelos elementos {e, σ1 , σ2 } constitui um subgrupo normal de S3 que indicamos
por A3 . É interessante notar que A3 não contem nenhum subgrupo que não seja o grupo trivial
dado pela identidade e portanto diz-se simples. Ademais A3 é um subgrupo abeliano. Cálculos
diretos mostram que as classes laterais diferentes são duas, i.e.
2
A operação sobre as classes de equivalência resulta assim definida
O grupo quociente S3 /A3 é portanto o grupo cíclico de dois elementos Z2 . No final pode-
mos escrever cada elemento de S3 como produto de elementos de Z2 e A3 , i.e. o grupo das
permutações de três elementos é produto semidirecto de Z2 e A3 ou S3 ∼
= Z2 o A3 .
Observação 3. Em geral, indicamos com Sn o grupo simétrico ou grupo das permutações de n
elementos: O teorema de Cayley atesta que cada grupo G pode se escrito como um subgrupo
do grupo das permutações Sn por um n dado. Para cada permutação σ em Sn podemos definir
o sinal da permutação a função com valores em {1, −1} dada por
σ ( j ) − σ (i )
e (σ) =∏ , i, j ∈ {1, ..., n} . (12)
i< j
j−i
Para cada n o grupo das permutações de signal igual a 1 é um subgrupo normal Sn chamado
de grupo alternado de ordem n e indicado por An . Por n > 3 o grupo alternado não é abeli-
ano. Também em geral o grupo das permutações é produto semidirecto de Z2 com o grupo
alternado de ordem n, i.e Sn ∼
= Z2 o An .
ρ ( g · h) = ρ ( g) ◦ ρ (h) , (13)
ρW ( g) = ρ ( g) |W , ∀ g ∈ G. (15)
3
Definição 6. (REPRESENTAÇÃO IRREDUTÍVEL) Se não existir nenhum sub-espaço próprio inva-
riante, então a representação chama-se de irredutível.
ρ 3 = ρ W1 ⊕ ρ W2 ⊕ ρ W3 . (22)
Exemplo 8. ( GRUPO SIMÉTRICO S3 ) Seja S3 o grupo simétrico gerado das permutações três
elementos. Seja V o espaço vectorial dado por GL (3, C) e seja a representação $ de S3 em
GL (3, C) obtida por
$ (σ) ei = eσ(i) , ∀σ ∈ S3 . (23)
Utilizando as notações em (8) e representação explicita é obtida pelo seguintes operadores li-
neares
1 0 0 0 0 1 0 1 0
$ (e) = 0 1 0 , $ (σ1 ) = 1 0 0 , $ (σ2 ) = 0 0 1 , (24)
0 0 1 0 1 0 1 0 0
0 1 0 0 0 1 1 0 0
$ (σ3 ) = 1 0 0 , $ (σ4 ) = 0 1 0 , $ (σ5 ) = 0 0 1 .
0 0 1 1 0 0 0 1 0
Representações similares podem ser encontradas para cada grupo simétrico definindo o homo-
morfismo de Sn em GL (n, C) como $ (σ) ei = eσ(i) . O vector v = e1 + e2 + e3 é um vector
4
próprio de cada endomorfismo $ (σi ) portanto a representação é reductível. Introduzimos o
operador Casimir dado por
0 1 1
C= 1 0 1 .
1 1 0
Notamos que para cada $ (σi ) da representação tem-se
C$ (σi ) = $ (σi ) C.
5
O conjunto das rotações R (ϑ ) com a composição forma um grupo que indicamos por SO (2).
A formula acima (28) torna evidente o grupo das rotações ser abeliano, sendo
Em particular notamos que R (0) é igual a identidade. Evidentemente as rotações (28) deixam
invariante o circulo unitário acima definido.
Começamos por considerar funções f ( x, y) definidas em R2 com valores em C que são
infinitamente deriváveis em ambas as variáveis. A restrição destes funções ao círculo unitário
1 ∞ 1
S define um espaço vectorial V = C S . Seja a representação de SO (2) tal que
ρ ( R (ϑ )) ( f ( ϕ)) = f R (ϑ )−1 ( ϕ) = f ( ϕ − ϑ ) , (30)
T ( f ) ( ϕ) = λ f ( ϕ) , (32)
ρ ( R (ϑ )) ( f m ) = f m ( ϕ − ϑ ) = Ae−ımϕ , (34)
são invariantes para todas as transformações ρ ( R (ϑ )). Pelo teorema de Fourier cada função
∞ 1
f ∈ C S pode ser escrita como combinação linear de equações da forma (34), i.e.
f ( ϕ) = ∑ am e−ımϕ , (36)
m ∈Z
Notamos que a soma acima obtida corresponde à decomposição do espaço V nas representa-
ções, uni-dimensionais, irredutíveis do grupo abeliano SO (2). Na próxima secção estudaremos
um problema análogo mas para um grupo não abeliano.
6
1.4 Grupo de rotações em R3
No nosso próximo exemplo focaremos num grupo continuo e não abeliano, mais concreta-
mente estudaremos o grupo das rotações em R3 . Seja a base ortonormada e x , ey , ez do
espaço R3 , seja v um vector neste espaço e seja v̂ = v/ kvk o vector unitário correspondente o
vector v, onde v̂ = θ1 e x + θ2 ey + θ3 ez . Pelo Teorema de Euler cada rotação pode ser representada
como uma rotação em torno do eixo definido pelo vector v por um ângulo ϑ na forma
0 − θ3 θ2
Rv (ϑ ) = exp ϑ θ3 0 − θ1 . (38)
− θ2 θ1 0
O conjunto de todas as rotações no espaço R3 forma o grupo SO (3). Evidentemente este grupo
tem uma
2 ação2 natural em R3 . Restringindo a ação do grupo SO (3) em R3 à esfera unitária
S = x + y + z = 1, x, y, z ∈ R verifica-se que S2 é invariante sobre esta ação. Ainda
2 2
mais, esta ação é transitiva. Assim S2 é um espaço homogéneo do grupo SO (3).
No espaço vectorial V = C ∞ S2 das funções suaves de S2 com valores em C a representa-
ção ρ do grupo SO (3) dada por
ρ ( Rv (ϑ )) ( f (x)) = f R−v
1
( ϑ ) x , (39)
onde R− 1
v ( ϑ ) é a rotação inversa da (38) e x é um vector unitário, é chamada representação regular
à esquerda.
O nosso próximo passo é encontrar os geradores infinitesimais da acção acima definida. Por
isso definimos o operador L1 da seguinte forma
f R1−1 (ϑ ) x − f R1−1 (0) x
L1 ( f ) (x) =lim . (40)
ϑ →0 ϑ
Dado que
0 0 0
R1 (ϑ ) = exp ϑ 0 0 −1 , (41)
0 1 0
[ L1 , L2 ] = L3 , [ L2 , L3 ] = L1 , [ L3 , L1 ] = L2 . (45)
7
Aplicando as regras de comutação em (45) concluímos que o operador L2 comuta com todos os
geradores, i.e. 2
L , L1 = L2 , L2 = L2 , L3 = 0,
(47)
e por isso é chamado operador Casimir. Restringindo à esfera unitária, utilizando as coordena-
das esféricas
x = sin θ cos ϕ, y = sin θ sin ϕ, z = cos θ, (48)
e considerando a formula de Euler eıϕ = cos ϕ + ı sin ϕ, definimos os seguintes operadores L+ ,
L− e Lz
+ ıϕ ∂ ∂
L = L1 + ıL2 = e + + ı cot θ , (49)
∂θ ∂ϕ
∂ ∂
L− = L1 − ıL2 = e−ıϕ − + ı cot θ , (50)
∂θ ∂ϕ
∂
Lz = ıL3 = −ı . (51)
∂ϕ
Lz , L+ = L+ , Lz , L− = − L− , L+ , L− = 2Lz .
(52)
1 + −
L2 = L2z + L L + L− L+ .
(53)
2
Das relações de comutação (52) tem-se
L+ L− = 2Lz + L− L+ , (54)
e portanto
L2 = L2z + Lz + L− L+ . (55)
Evidentemente, tem-se
L2 , L+ = L2 , L− = L2 , Lz = 0.
(56)
Como próximo passo estudaremos o problema espectral dos operadores L2 e Lz simultane-
amente. Procuraremos os sub-espaços V(l ) , com respectivas bases, onde L2 actua como um
operador escalar e Lz seja diagonal. A nossa expectativa é de que os sub-espaços V(l ) sejam re-
presentações irredutíveis dá álgebra (52) e (56). Em outras palavras, os sub-espaços V(l ) serão
representações irredutíveis do grupo SO (3).
interno
ˆπ ˆ2π
h f , gi = f (θ, ϕ) g (θ, ϕ) sin θ dθdϕ, (57)
0 0
V(l ) .
M
V= (58)
l ∈N0
A base conveniente é constituída pelas harmónicas esféricas Yml (θ, ϕ) dados por
8
s
m (2l + 1) (l − m)! m
Yml (θ, ϕ) = (−1) P (cos θ )eımϕ , (59)
4π (l + m)! l
onde Plm ( x ) são as funções de Legendre explicitadas por
l +m
m 1 2 m/2 d l
x2 − 1 .
Pl ( x ) = l 1 − x (60)
2 l! dx
Em particular, as primeiras harmónicas esféricas são
r
1 1
l=0 Y00 (θ, ϕ) = , (61)
2 π
r
1 3
l=1 Y11 (θ, ϕ) = − sin θeıϕ ,
2 2π
r
1 1 3
Y0 (θ, ϕ) = cos θ,
2 π
r
1 3
1
Y−1 (θ, ϕ) = sin θe−ıϕ .
2 2π
Pode ser demonstrado que os operadores L+ e L− em (49-50) actuam nas funções Yml (θ, ϕ) de
seguinte forma
q
L± Yml (θ, ϕ) = l (l + 1) − m (m ± 1)Yml ±1 (θ, ϕ) . (62)
Em particular, dá equação (62) resulta que no caso m = l tem-se
L+ Yll (θ, ϕ) = 0. (63)
De outro lado, dà equação (51) se pode mostrar que
Lz Yml (θ, ϕ) = mYml (θ, ϕ) . (64)
Ainda mais da formula (55) evidentemente tem-se
L2 Yll (θ, ϕ) = l (l + 1) Yll (θ, ϕ) . (65)
Sendo que L− comuta com o Casimir L2 conclui-se que
L2 Yml = l (l + 1) Yml , m = −l, −l + 1, ..., l. (66)
Assim, para cada l ∈ N0 = {0, 1, 2, ...} as funções Yml (θ, ϕ) formam uma base ortonormada do
sub-espaço V(l ) de dimensão (2l + 1) onde o operador L2 é escalar e Lz é diagonal com espectro
simples. Desta forma demonstramos que os sub-espaços V(l ) são representações irredutíveis
da álgebra (52) que se podem estender naturalmente às rotações finitas.
9
2 Geometria dos Grupos de Lie
Os aspectos geométricos são igualmente importantes no desenvolvimento da teoria dos gru-
pos de Lie. Nesta secção estudaremos algumas propriedades geométricas destes grupos. Neste
sentido isto pode ser também entendido como uma primeira abordagem à Geometria Diferen-
cial em geral.
são grupos de Lie, sendo sub-grupos fechados do grupo de Lie GL (2, R). Considerações simi-
lares podem ser desenvolvidas para os subgrupos SL(n, R), O(n, R) e SO(n, R) de GL (n, R).
Exemplo 12. O GRUPO DE HEISENBERG H (3).
Seja H o conjunto dos elementos de GL (3, R) tais que
1 a b
A = 0 1 c , (74)
0 0 1
onde a, b, c ∈ R. É imediato verificar que o produto de dois elementos de H pertence nova-
mente a H e que para cada A ∈ H a inversa é
1 − a ac − b
A −1 = 0 1 −c , (75)
0 0 1
10
e portanto H é um subgrupo de GL (3, R) chamado subgrupo de Heisenberg de dimensão 3 e
indicado por H (3). Sendo H um subgrupo fechado então H (3) é um grupo de Lie.
Então γ (0) é a identidade no enquanto γ (1) é R. Portanto SO (2, R) é conexo por arcos e
portanto conexo. Pelo contrario consideramos f a função de O(2, R) em {1, −1} dada por
f ( R) = det ( R) . (78)
Então os conjuntos de O(2, R) dados pelos conjuntos f −1 (1) e f −1 (−1) constituem duas com-
ponentes conexas de O(2, R) e portanto o grupo não é conexo. Similarmente demonstra-se que
GL(2, R) não é conexo. De facto a imagem de uma função continua de um conjunto conexo é
conexa, no enquanto o conjunto { x ∈ R | x 6= 0} que é a imagem de GL(2, R) através da fun-
ção continua do determinante não é um conjunto conexo. Os argumentos aqui desenvolvidos
generalizam-se para cada n ≥ 2 portanto para cada n ∈ N SO (n, R) é conexo e os grupos
GL(n, R) e O (n, R) não são conexo.
Seja A um elemento do grupo de Heisenberg H (3) definido em (74). A curva γ (t) do
intervalo [0, 1] em H definida por
1 ta tb
γ (t) = 0 1 tc , (79)
0 0 1
realiza uma conexão por arcos entre o elemento A e a identidade portanto o grupo de Heisen-
berg também é conexo.
Seja X um elemento de GL (n, R). Então definimos a norma X por
q
k X k = tr ( X t X ), (80)
que constitui a norma euclidiana do elemento X pensado como vector em Mnn (R). É imediato
mostrar que O(2, R) e SO (2, R) são limitados e portanto sendo também fechados são compac-
tos. Pelo contrario consideramos em SL (2, R) os elementos diagonais
a 0
A= , (81)
0 a −1
√
onde a ∈ R . A norma de A é dada por a2 + a−2 e portanto SL (2, R) não é limitado e
portanto não é√compacto. Similarmente se X pertence a H e é da forma (74) então a norma de
X é dada por 3 + a2 + b2 + c2 com a, b, c ∈ R e portanto também o grupo de Heisenberg não
é compacto.
11
2.3.1 Caso SO (2, R)
A noção de espaço tangente numa variedade será sistematizada rigorosamente nos outros
apontamentos de Geometria Diferencial, por enquanto consideramos o espaço tangente T1 SO (2)
como o espaço vectorial gerado dàs vetores tangentes às curvas θ (t) em SO (2, R) que passem
pela identidade.
Um elemento R (θ ) de SO (2, R), i.e. uma rotação de um ângulo θ no plano R2 , pode ser
escrito na forma
cos θ − sin θ
R (θ ) = . (82)
sin θ cos θ
No caso de ângulo nulo, i.e. θ = 0, a rotação R (θ ) é a identidade, i.e. R (θ ) = 1. Consideramos
as curvas regulares θ (t) com θ (0) = 0. Neste caso os vectores tangentes X às curvas θ (t) são
obtidos com
d ∂
R (θ (t)) = R (θ ) · θ̇ (t) ,
dt ∂θ θ =θ (t)
isto é
d − sin θ (t) − cos θ (t)
R (θ (t)) = θ̇ (t) , (83)
dt cos θ (t) sin θ (t) θ =θ (t)
tal que
X = ϑm. (89)
Pelo teorema de Euler podemos escrever cada rotação Rv em R3 de um ângulo ϑ = |v| de volta
do eixo indicado pelo vector v na forma
12
m3 = −m, (91)
4 2
m = −m ,
m5 = m,
..
.
e portanto substituindo a (??) na formula (90) obtemos que
" # " #
∞
(ϑm)n ∞
ϑ2n+1 ∞
n ϑ
2n
∑ n! = 1 + ∑ (−1) (2n + 1)! m − ∑ (−1) (2n)! m2 ,
n
(92)
n =0 n =0 n =1
isto quer dizer que uma genérica rotação Rv (ϑ ) pode ser escrita na forma
sin ϑ (1 − cos ϑ) 2
Rv (ϑ ) = 1 + X+ X , (93)
ϑ ϑ2
onde X e ϑ são definidos em (86) e em (87). Ou se quisermos escrever a formula pelos coefici-
entes da matriz Rv podemos escrever
3
∑ eijk θk
Rij = cos ϑ δij − θi θ j + θi θ j + sin ϑ (94)
k =1
13
2.4 A aplicação exponencial
Seja t um parâmetro real com norma menor de 1 e X um elemento de Mnn (R). Evidentemente
temos
d
(exp (tX )) = X exp (tX ) . (100)
dt
Portanto se consideramos uma curva γ (t) dada por γ (t) = exp (tX ), temos evidentemente
que γ (0) é a identidade e γ̇ (0) é o elemento X, sendo
d
(exp (tX ))t=0 = X. (101)
dt
Pode-se demonstrar que a aplicação exponencial permite de identificar localmente os elemen-
tos da componente conexas da identidade do grupo de Lie G a partir das álgebras de Lie g.
Pelo contrario o commutador [ X, Y ] = XY − YX definido na álgebra de Lie g permite de ob-
ter a regra de multiplicação do grupo G numa vizinhança da identidade através da Formula de
Baker-Campbell-Hausdorff, i.e.
1 1
exp ( X ) exp (Y ) = exp X + Y + [ X, Y ] + ([ X, [ X, Y ]] + [Y, [Y, X ]]) ... . (102)
2 12
que simplifica-se em
cos a − sin a
R= . (107)
sin a cos a
Que a forma geral dos elementos de SO (2, R) definidos em (28).Sendo SO (2) conexo por arcos
todos os elementos do grupo podem ser escritos como exponencial de elementos de so (2).
Resultados similares são validos no caso n > 2.
14
e que X 3 é nula, obtemos que os elementos A = exp ( X ) são da forma
X2
A = 1+X+ , (110)
2
i.e.
b + ac
1 a 2
A= 0 1 c , (111)
0 0 1
que é a forma geral de um elemento do grupo de Heisenberg H (3) introduzido em (74). Agora
sejam X e Y dois elementos da álgebra de Lie do grupo de Heisenberg com forma
0 a1 b1 0 a2 b2
X = 0 0 c1 , Y = 0 0 c2 . (112)
0 0 0 0 0 0
1 ( a1 + a2 ) b1 + b2 + a1 c2 + a22c2 + a12c1
L g ( A) = g · A, (115)
R g ( A) = A · g, (116)
para qualquer A ∈ G, são chamadas ação a esquerda e ação a direita, respectivamente. As aplica-
ções L g , R g também são difeomorfismos, com as inversas
−1
Lg = L g −1 , (117)
−1
Rg = R g −1 . (118)
Mais ainda, para cada elemento g em G, seja a aplicação adjunta Ad g : G −→ G dada por
15
2.6 Grupos de Lie como variedades paralelizáveis
A aplicação L g : G −→ G induz uma aplicação linear dL g : TA ( G ) −→ TgA ( G ), ∀ A ∈ G. Em
particular quando A for a identidade do grupo G então tem-se dL g : T1 ( G ) −→ Tg ( G ). Por-
tanto para cada vector X de T1 ( G ) resulta definida globalmente sobre G um campo vectorial,
não nulo, que para cada ponto g em G associa o respetivo vector Xg no espaço tangente Tg ( G )
dado por
Xg = dL g ( X ) . (120)
{( E1 )1 , ..., ( En )1 }ouma base do espaço tangente na identidade T1 ( G ) resulta
Se indicarmos com n
definida uma base ( E1 ) g , ..., ( En ) g do espaço tangente Tg ( G ) dada por
( Ei ) g = dL g (( Ei )1 ) , ∀ g ∈ G, ∀i = 1, ..., n. (121)
Exemplo 15. ( CASO DE SO (3, R)) Seja R ∈ SO (3, R) uma matriz de rotação, de coeficientes Rij
com i, j = 1, 2, 3. Então a ação a esquerda L R é dada por
0 θ1 θ3 (1 − cos ϑ ) − sin ϑθ2 −θ1 θ2 (1 − cos ϑ ) − θ3 sin ϑ
( E1 ) R = R ( E1 )1 = 0 θ2 θ3 (1 − cos ϑ) + θ1 sin ϑ −θ2 θ2 (1 − cos ϑ) + cos ϑ , (123)
0 θ3 θ3 (1 − cos ϑ ) + cos ϑ −θ3 θ2 (1 − cos ϑ ) + θ1 sin ϑ
−θ1 θ3 (1 − cos ϑ) + sin ϑθ2 0 θ1 θ1 (1 − cos ϑ ) + cos ϑ
( E2 ) R = R ( E2 )1 = −θ2 θ3 (1 − cos ϑ) − θ1 sin ϑ 0 θ2 θ1 (1 − cos ϑ) − sin ϑθ3 , (124)
−θ3 θ3 (1 − cos ϑ) − cos ϑ 0 θ3 θ1 (1 − cos ϑ ) + sin ϑθ2
θ1 θ2 (1 − cos ϑ ) + θ3 sin ϑ −θ1 θ1 (1 − cos ϑ) − cos ϑ 0
( E3 ) R = R ( E3 )1 = θ2 θ2 (1 − cos ϑ) + cos ϑ −θ2 θ1 (1 − cos ϑ) + sin ϑθ3 0 . (125)
θ3 θ2 (1 − cos ϑ ) − θ1 sin ϑ −θ3 θ1 (1 − cos ϑ ) − sin ϑθ2 0
Em particular, seja
1 0 0
R = 0 cos θ − sin θ . (126)
0 sin θ cos θ
Então obtemos que os vectores
0 0 0
( E1 ) R = 0 − sin θ − cos θ ,
0 cos θ − sin θ
0 0 1
( E2 ) R = sin θ 0 0 , (127)
− cos θ 0 0
0 −1 0
( E3 ) R = cos θ 0 0 ,
sin θ 0 0
16
Enfim destacamos que os campos vectoriais ( ER )i são invariantes pela ação a esquerda.
Sejam Q e R dois elementos de SO (3, R) e LQ a ação esquerda relacionada com o elemento Q.
Então resulta que
dLQ (( ER )i ) = dLQ ◦ dL R (( Ei )1 ) = dLQR (( Ei )1 ) (128)
e portanto que o campo vectorial é invariante pela ação LQ .
Também destacaremos algumas propriedades da ação adjunta. Seja
Então
d d
Adγ(t) (Y ) t=0 = γ ( t ) Y γ ( t ) −1 t =0 . (130)
dt dt
Por calculo direto obtemos
d
Adγ(t) (Y ) t=0 = XY − YX = [ X, Y ] . (131)
dt
Indicamos com ad a representação linear resultante de g em gl (g) dada por
ad X (Y ) = [ X, Y ] . (132)
Exemplo 16. Seja G o grupo SO (3, R). Seja X o elemento E1 de so (3) definido em (95). Seja a
curva γ (t) dada por
1 0 0
γ (t) = exp (tE1 ) = 0 cos (t) − sin (t) , t ∈ [0, 1] . (133)
0 sin (t) cos (t)
Então considerando que Adγ(t) (Y ) = exp (tE1 ) · Y · exp (−tE1 ) obtemos para cada t ∈ [0, 1]
0 −y1 cos (t) − y2 sin (t) y2 cos (t) − y1 sin (t)
Adγ(t) (Y ) = y1 cos (t) + y2 sin (t) 0 − y3 .
−y2 cos (t) + y1 sin (t) y3 0
(135)
Então
0 − y2 − y1
d
Adγ(t) (Y ) t=0 = y2 0 0 = [ E1 , Y ] . (136)
dt
y1 0 0
17
onde δji é o símbolo de Kroenecker. Portanto, sendo definidos por (121) uma base por cada
ponto g em G dos espaços tangentes Tg G dada dos valores dos campos vectoriais invariantes
a esquerda { E1 , ..., En }, podemos também definir as formas diferenciais ω 1 , ..., ω n definidas
para cada ponto g em G pelas
ω k ( Ei ) = δik . (139)
Sejam X, Y campos vectoriais e ω uma 1-forma diferencial, então definimos a derivada externa
de ω como
dω ( X, Y ) = X (ω (Y )) − Y (ω ( X )) − ω ([ X, Y ]) . (140)
Aplicando a (140) às 1-formas ω , ..., ω n e considerando que para cada i, j, k os termos
1
dω k Ei , Ej = −ω k Ei , Ej = −cijk .
(141)
n
1
dω k = −
2 ∑ cijk ωi ∧ ω j . (142)
i,j=1
onde g é um elemento genérico do grupo matricial G, e dg representa uma matriz cujos coefi-
cientes são consistidos dos diferenciais dos singulos coeficientes matriciais do elemento g. De
facto diferenciando o lado esquerdo e o lado direito da equação
g · g−1 = 1, (144)
obtemos
d g−1 = − g−1 · dg · g−1 , (145)
18
Exemplo 18. ( EQUAÇÕES DE MAURER CARTAN NO CASO DO GRUPO DE H EISENBERG H (3))
Seja A um elemento do Grupo de Heisenberg H (3) dado por
1 x z
A = 0 1 y . (150)
0 0 1
Então o elemento inverso é obtido por
1 − x −z + xy
A −1 = 0 1 −y , (151)
0 0 1
no enquanto
0 1 0 0 0 0 0 0 1
dA = 0 0 0 dx + 0 0 1 dy + 0 0 0 dz. (152)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
Portanto
0 1 0 0 0 0 0 0 1
A−1 dA = 0 0 0 dx + 0 0 1 dy + 0 0 0 (dz − xdy) (153)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
dω 1 = 0,
dω 2 = 0,
dω 3 = −dx ∧ dy = −ω 1 ∧ ω 2 , (154)
[ E1 , E3 ] = [ E2 , E3 ] = 0, [ E1 , E2 ] = E3 . (156)
19
Portanto
0 −1 0 0 0 cos φ 0 0 sin φ
A−1 dA = 1 0 0 dφ + 0 0 − sin φ dx + 0 0 cos φ dy, (160)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
e portanto identificamos as formas por ω 1 = dφ, ω 2 = cos φdx + sin φdy, ω 3 = cos φdy −
sin φdx. Aplicando as derivada externas obtemos
dω 1 = 0,
dω 2 = − sin φdφ ∧ dx + cos φdφ ∧ dy = ω 1 ∧ ω 3 ,
dω 3 = − sin φdφ ∧ dy − cos φdφ ∧ dx = −ω 1 ∧ ω 2 . (161)
[ E1 , E2 ] = − E3 , [ E1 , E3 ] = E2 , [ E2 , E3 ] = 0. (163)
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Lista dos símbolos e notações
K corpo dos números reais R ou dos números complexos C,
G grupo,
C subgrupo normal,
o produto semidirecto,
N0 números naturais com zero, i.e. {0, 1, 2, ...},
1 a matriz identidade,
ı unidade imaginaria,
V espaço vectorial,
⊕ soma directa,
O (n) grupo ortogonal de dimensão n, i.e. R ∈ GL (V) | R T R = 1 ,
ρ representação de G em V,
dL diferencial da aplicação L,
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