Вы находитесь на странице: 1из 21

2

Discipulado Cristão e o Desafio do Mundo Pós-moderno

Breno Donizeti Sofiatti 1

Resumo

Neste trabalho abordarei o que é o discipulado, quando ele começa e de que forma ele
acontece na vida dos cristãos. Será que todo cristão já participa de algum tipo de
discipulado? E quem pode participar deste discipulado? Porque muitas igrejas não
participam efetivamente na missão de discípulos fazedores de discípulo? Pois bem! É
com intuito de investigar essas interrogativas, que analisei as ideias de diversos autores
renomados. Apresentarei os obstáculos no desenvolvimento do relacionamento
discipulador, bem como, também a imaturidade cristã da igreja pós-moderna devido à
falta dele. E por fim apresentarei o que acredito ser a chave para o discipulado acontecer
na vida dos cristãos, mesmo diante das adversidades da igreja deste século.

Palavras-chave: Chamado; Mundo Pós-moderno; Crescimento Espiritual;


Relacionamento Discipulador.

Introdução

O discipulado é algo que tem faltado em nossas igrejas, e é devido à falta dele,
que muitas igrejas têm perdido o benefício deste agente transformador de vidas. O
discipulado acontece no primeiro momento da vida cristã, muitos estão participando dele
e mal sabem da sua existência. Já o “programa” discipulado, é algo que vai acontecer
depois da conversão daquele que aceita o chamado de Cristo. Os discípulos aceitam o
chamado de Jesus Cristo, e Ele dá as condições necessárias para que o cumprimento da
missão discipuladora. O discipulado sempre vai encontrar diversos desafios para ser
eficaz, visto que, falta conhecimento e comprometimento por parte dos discípulos de
Cristo. Os cristãos do mundo pós-moderno não querem ou desconhecem o discipulado,
isso também tem acontecido devido o distanciamento das verdades bíblicas, isso por que
as igrejas estão preocupadas com prosperidade individual, e descartam qualquer
possibilidade de crescimento espiritual por parte do relacionamento discipulador. Foi com
o objetivo de desvendar os paradigmas existenciais sobre discipulado, e pelo de fato dele

1
Graduando/o (Breno Donizeti Sofiatti), em Teologia pela Faculdade de Teologia da
Universidade Metodista de São Paulo, Polo Ribeirão Preto. Matrícula RA-265228. Trabalho de
Conclusão de Curso com vistas à obtenção de grau de Bacharel em Teologia, sob a orientação do
Prof. Claudio Augusto Kelly.

2
3

não fazer parte de alguns ministérios, que decidi buscar mais conhecimento sobre este
assunto. Haja visto, que a necessidade de discipulado na vida dos cristãos é primordial, e
conhecê-lo melhor irá quebrar as barreiras da obscuridade. Tal leitura possibilitará no
avanço da implantação de grupos de relacionamento discipulador. Este artigo foi
elaborado com vista nas opiniões dos autores: BAUMAN (2001), BONHOEFFER
(2016), CAMPANHÃ (2016), CARVALHO (2016), MARSHALL e PAYNE (2015),
MACDONALD (2009), GONÇALVES (2016) e STOTT (2011).

Na primeira seção, abordarei “O Chamado ao Discipulado”, onde deixarei claro,


em que momento ele acontece, e quem está apto à obedece-lo. Na segunda seção
“Discipulado: um desafio no mundo pós-moderno”, transmitirei um pouco sobre os
desafios do discipulado na vida dos discípulos, em contraposto com a sociedade sem Deus
e desprovida de amor. Já na terceira seção, “A mentalidade De Discipulado Que
Transforma Tudo”, trata de um incentivo aos cristãos na missão do relacionamento
discipulador. Ao final, compartilharei as “considerações finais”, onde defino alguns
pontos importantes alcançados através desta pesquisa sobre o discipulado.

O Chamado ao Discipulado

“Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-


lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu”. (Marcos 2.14)

O Alemão Dietrich Bonhoeffer nasceu em 4 de fevereiro de 1906, em Breslau na


Alemanha. Em um dos seus livros chamado “Discipulado”, Bonhoeffer (2016) descreve
que o discipulado é se entregar de corpo e alma a Jesus, é simplesmente ouvir sua voz e
segui-lo. Vivemos em tempos difíceis e ter tempo para Jesus em nossas vidas é algo que
têm se tornado retrógado. Cada vez mais pessoas estão em nossas igrejas, somente como
um número no meio da multidão. Talvez por receio com um compromisso mais sério com
Jesus ou por medo de alguma coisa, devido feridas produzidas pelo passado. Entretanto,
cremos assim que podem ser saradas através do discipulado com Jesus. Bonhoeffer afirma
no seu livro “Discipulado”, que se Cristo existe então há o compromisso do Discipulado
transformador, discipulado este que traz na pessoa que vive ao seu lado, uma imagem do
seu discipulador fiel Jesus Cristo. Diferente do que muitos pensam o compromisso com
a igreja nos traz plena comunhão com nosso Senhor Jesus, é na igreja que ele se apresenta

3
4

por inteiro aos seus seguidores, é ali que está o Cristo glorificado, vivo e vitorioso. No
entanto em primeiro momento focaremos melhor no Discipulado e seu chamado para ele.

O chamado de Jesus é um chamado para segui-lo, acompanhá-lo, para desfrutar


da presença de Deus. Levi era um homem pecador e publicano, não sabemos se ele já
tinha ouvido falar de Jesus, o que sabemos é que, quando Jesus o chama ele responde
prontamente ao seu chamado. Eles se tornaram amigos e companheiros de jornada. Levi
era um político corrupto que causava prejuízos aos bolsos judaicos e Jesus o convidou
para ser parte em seu ministério. Parece absurdo? Pois é, mas talvez também muitos não
nos observam com bons olhos e ainda assim, Jesus também nos chamou.

É interessante observar que não houve um diálogo entre Jesus e Levi. Quando
Jesus chamou Pedro, por exemplo, houve um diálogo entre eles, Jesus prometeu que faria
dele um pescador de homens, já no caso de Levi não houve uma palavra sequer e, ainda
assim, Levi se levantou e o seguiu. Levi que mais tarde foi chamado de Mateus por Jesus,
imediatamente se levantou, deixou para trás o seu alto cargo no Império Romano e seguiu
Jesus. Viu por que Jesus o escolheu? Não é fácil deixar tudo para seguir Jesus, ainda mais
se esse tudo inclui alto cargo público, poder, status e dinheiro, porém Levi deixou sua
mesa de trabalho, abandonou seu emprego e seguiu a Jesus. Deste modo o que é mais
importante no relacionamento do Discipulado com Jesus é estarmos prontos em
obediência ao seu chamado.

Outro autor que nos ensina sobre o discipulado: William Macdonald (1917-2007),
viveu na Califórnia E.U.A., onde desenvolveu seu ministério. Sua ênfase era de ressaltar
com clareza e objetividade os ensinamentos bíblicos para a vida cristã, tanto nas suas
pregações como através dos mais de oitenta livros que escreveu. Neste artigo vamos
apresentar um de seus livros “Discipulado Verdadeiro”, para Macdonald (2003, p. 9) o
discipulado é estarmos aptos a atender a vontade do mestre, seu desejo é que possamos
nos relacionar em todo momento com ele. Homens e mulheres que dedicam mais que um
dia de folga ou anos de aposentadoria. O desejo do mestre é algo mais simultâneo com
ele no viver diário, de modo que dediquemos o primeiro lugar de nossas vidas em função
do relacionamento discipulador com Cristo. Precisamos compreender que Jesus não
deseja que venhamos deixar nosso trabalho profissional ou abandonar nossas famílias
para viver evangelizando pelo mundo, para esse chamado existem os missionários. Como

4
5

seria nossas vidas se fizéssemos tal coisa sem termos o chamado ministerial? Certamente
que estaríamos frustrados e acabaríamos por desistir deste objetivo.

Macdonald justifica que o mais importante na vida de um discípulo é ser


laborioso: Homens e mulheres de Deus que trabalham e que investem o seu ganho na obra
missionária, que otimizam seus ganhos sabiamente, para não terem gastos desnecessários.
Isso não quer dizer que devemos deixar de viajar ou ter momentos de lazer com a família,
isso nos deixaria estressados e depressivos em algumas vezes. O cristão deve evitar o
fanatismo, a cada um Deus usa de forma adequada para sua obra e isso através dons
espirituais. No entanto, o que discípulo precisa é prudência e maturidade em sua fé em
Jesus Cristo, pois o secularismo tem levado muitos a viverem de forma alienada e
consumista, a procura de prazeres deste mundo e longe do caminho com Deus. No
verdadeiro discipulado precisamos de renúncia e compromisso com aquele que nos
chamou. Macdonald (2009) exemplifica:

O caminho para o discipulado verdadeiro se inicia quando alguém nasce


de novo. Tudo se inicia quando essa pessoa:

• Reconhece que é pecadora, que está perdida, cega e nua diante


de Deus.
• Compreende que não pode salvar a si mesma por meio de boas
obras ou de um bom caráter.
• Crê que o Senhor Jesus Cristo morreu na cruz em seu lugar.
• Reconhece, por meio de uma clara decisão de fé, que Jesus
Cristo é seu único Senhor e Salvador. MACDONALD, 2009,
p. 9

Nesta citação de Macdonald, fica claro que o chamado para o discipulado começa
imediatamente no momento em que aceitamos Jesus e decidimos nos relacionar com ele.
Um número grande de novos convertidos ou os mais leigos acreditam que viver no
discipulado com Jesus, é estar isolado as outras coisas do mundo. Isso não significa que
devemos deixar de assistir televisão, deixar de sermos usuários de redes sociais e ficar o
tempo todo na igreja, entre outras pessoas da mesma fé. Essa questão sobre o isolamento
do cristão com o mundo secular e a evangelização enfraquecida trataremos na última
seção.

Nessa direção, o que podemos afirmar que é preciso para o amadurecimento do


novo convertido ou cooperadores da liturgia cristã? Os cristãos deste presente século
estão negligenciando o discipulado e seu chamado, não existe crescimento espiritual se
não houver comprometimento com a pessoa de Jesus. O verdadeiro discipulado com

5
6

Cristo nos trará o direcionamento nos transformando como a luz em meios as trevas, nos
preparando para o relacionamento discipulador particular com outros discípulos que
precisam de apoio. No livro de Atos dos Apóstolos, Paulo declara como ele dedicou
tempo na preparação dos novos discípulos de Cristo: “e jamais deixei de dizer a vocês o
que precisavam ouvir, seja publicamente, seja em seus lares”. (Atos 20:20)

O discipulado é obedecer a Jesus em todo lugar, em todas as áreas de nossas vidas.


É uma cumplicidade com Cristo no nosso dia a dia, de modo a entender que em todas as
escolhas é o nosso mestre e salvador que responde. Segundo Macdonald (2009):

“Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente


serão meus discípulos” (Jo 8:31). É preciso haver continuidade para que
o discipulado verdadeiro aconteça. É muito fácil começar bem,
explodindo em glória. Mas o discipulado verdadeiro é a perseverança
até o fim. Qualquer um que ponha a mão no arado e olhe para trás não
é apto para o Reino de Deus (Lc 9:62). MACDONALD, 2009, p. 15

O discipulado com Cristo é algo contínuo em nossas vidas. Precisamos entender


que não somos nós que vivemos, mas Cristo que vive em nós. Nossos relacionamentos
agora têm como mediador Jesus Cristo que deve estar no centro de nossas emoções.
Nossas escolhas neste momento precisam de uma pergunta: O que Jesus faria em meu
lugar? Citemos, como exemplo: Imagine que você sofra uma perseguição em seu
trabalho, um líder arrogante ou um colega que antes você vivia em harmonia e agora é
seu opositor. Você iria contestar ou oraria por seu opositor? Certamente que você oraria
e faria de tudo para ser cauteloso em seus comportamentos com ele, pois não é sua escolha
e sim a do seu mediador Jesus Cristo.

É nesse sentido, que o discipulado nos permite que vivamos a cada dia com
perseverança, confiando nas promessas de Deus e expressando testemunho de vida. Nossa
caminhada pode ser dura, no entanto isso não pode nos levar a uma vida desregrada sem
observação as Escrituras Sagradas. É importante compreender que é uma escolha
deliberada pela cruz, e isso exige sacrifício vivo. Como está escrito no livro de Paulo aos
Romanos: “Por causa de ti, enfrentamos a morte todos os dias; somos como ovelhas
levadas para o matadouro” (Romanos 8:36). Somos entregues a morte do nosso eu dia
após dia, tornando-nos a imagem e caráter de Jesus Cristo. Na nossa nova vida com Cristo
precisamos entender que o preço do discipulado é a Cruz. Bonhoeffer ressalta:

Portanto, o chamado ao discipulado é o compromisso exclusivo com a


pessoa de Jesus Cristo, a subversão de todo legalismo por meio da

6
7

Graça daquele que chama. É o chamado da Graça, e também o


mandamento da Graça. Vai além do antagonismo2 entre lei e evangelho.
Cristo chama, o discípulo simplesmente o segue. Isso é Graça e
mandamento unidos em uma coisa só. BONHOEFFER, 2016, p. 14

O Cristianismo sem submissão a Jesus Cristo permanece sem discipulado, é um


mito ou apenas uma ideia. Um conhecimento altivo das Escrituras de modo geral, não é
sinal de uma real certeza de comprometimento do discípulo com Jesus. Precisamos ir
além de nossos posicionamentos de filosofias de vida, sem nos colocarmos em resistência
aos ensinos do mestre Jesus Cristo. Os discípulos de Cristo seguem o mestre, mesmo que
nesta caminhada com Ele, venham enfrentar conflitos de personalidade, antes ficam
firmes sempre procurando corrigir erros do passado para uma novidade de vida. No
discipulado da Graça, os discípulos fiéis repudiam tudo aquilo que fere sua integridade
com Cristo, tornando-se modelos de vida que transformam o mundo por onde vão. Então
Jesus disse a seus discípulos: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome
sua cruz e siga-me. (Mt16:24).

No Livro “O Discipulado Radical” de uma maneira mais ampla Stott (2011)


declara: “ Discipulado é viver tanto de maneira individual como também de maneira
corporativa”. No discipulado com Jesus somos tanto discípulos dele e também membros
de uma igreja, somos adoradores e testemunhas ao mundo, também somos estrangeiros e
cidadãos. Há nas pessoas deste século um sincretismo religioso, e nesta mistura de
opiniões, um desastroso entendimento equivocado. Facilmente esquecemos de quem
somos, uma vez que o secularismo tem sido a forma mais traiçoeira de satanás contra a
formação do caráter de Cristo no discípulo. Diante disso, precisamos ter um
posicionamento radical, somos discípulos de Cristo e também luz deste mundo, é preciso
um equilíbrio físico unido com a espiritualidade do Espírito Santo. Nosso Pai Celestial
está constantemente nos dizendo o que o Rei George 5 sempre dizia ao Príncipe de Gales:
“Meu filho querido, você deve sempre se lembrar de quem você é, pois se você se lembrar
de sua identidade, se comportará de acordo com ela”. (STOTT, 2011, p. 84)

Na próxima etapa trataremos sobre o tema: “Discipulado pós-moderno”, como um


desafio para o mundo atual.

Discipulado: um desafio no mundo pós-moderno.

3
Oposição de ideias ou sistemas, rivalidade, incompatibilidade.

7
8

Não amem este mundo, nem as coisas que ele oferece, pois, quando amam o
mundo, o amor do Pai não está em vocês (1 Jo 2:15)

Nesta seção iremos abordar um pouco sobre a inconstância do mundo pós-


moderno, como a igreja se encontra neste período e o que é preciso para o bom
discipulador desenvolver o seu crescimento espiritual e de seus discípulos. Também
abordaremos a questão de tentar entender melhor quais os desafios que o discipulador
deste século enfrentará na missão do discipulado com seus discípulos.

Antes de começarmos, precisamos definir o que é Pós-modernidade. Este é um


conceito que representa toda a estrutura sociocultural desde o fim dos anos 80 até os dias
atuais (MIRIAM, 2019, p.186). Em suma, a pós-modernidade consiste no ambiente em
que a sociedade pós-moderna está inserida, caracterizada pela globalização e domínio do
sistema capitalista.

Mas será que estamos vivendo em um mundo pós-moderno ainda? Para Bauman
(2000) a pós-modernidade já se tornou em uma “Modernidade Líquida” isso devido à sua
inconstância acerca do tempo que vivemos. O líquido não possui uma forma definida, sua
forma é temporária, amolda-se facilmente ao recipiente em que é colocado e está sempre
em constante mudança e adaptação. A pós-modernidade de hoje se encaixa perfeitamente
na situação líquida. Não é verdade? Pois o líquido está sempre pronto a mudar, o tempo
se faz necessário para perceber o seu formato e mesmo assim tudo é temporário.

Nesse sentido, essa falta de forma que o mundo pós-moderno tem apresentado,
traz consigo a exigência de uma contemporaneidade por parte da igreja e também por
parte do projeto discipulador. Para um projeto discipulador ficar em pleno
desenvolvimento na igreja é preciso novidade e adaptação a todo momento. Os valores
das trevas têm sido colocados neste mundo pós-moderno, em uma disposição mental
individualizada na sociedade, como fruto disso as pessoas estão afastadas de Deus em
seus ideais, opiniões, esperanças e objetivos. Isso envolve as filosofias, a educação e a
economia deste mundo.

A igreja de Cristo tem um desafio de levar a Palavra de Deus em contraposto a


essa disposição mental, sabendo que os discípulos não podem banalizar a fé. Bonhoeffer
define: “A Graça Barata, em vez de justificar o pecador, justifica o pecado. Desse modo,
resolve tudo sozinha, nada precisa mudar e tudo pode permanecer como antes.

8
9

“Nossos esforços são vãos” O mundo continua mundo, e nós continuamos pecadores,
“mesmo na vida mais piedosa” (BONHOEFFER, 2016, p. 19). A Graça barata é tudo
aquilo que leva o cristão, a viver uma vida da mesma maneira que o curso deste mundo
pós-moderno. A igreja infelizmente está adormecida pelo pecado do comodismo e isso
tem levado muitos cristãos a viverem sem arrependimento, sem assumirem o preço pago
na cruz, sem se preocuparem com futuro.

Essa falta de compromisso da igreja deve-se à sua fé na Graça Barata e ela tem
refletido um cristão que não se preocupa com confissão de pecados, pois acredita estar
imune a qualquer coisa devido a Graça de Deus. Os discípulos adeptos a esse “modismo”
dizem: A Graça de Deus pode manter nossos nomes no “Livro da Vida” mesmo que
sejamos imperfeitos e não há com que nos preocuparmos, já que o pecado já foi pago por
Jesus e somos justificados por Ele. No entanto, o apóstolo Paulo deixa claro: “Pois bem,
uma vez que a Graça nos libertou da lei, quer dizer que podemos continuar pecando?
Claro que não! (Rm 6:15) ”. O discípulo que foi alcançado pela Graça apresentará frutos
de um verdadeiro arrependimento, e antes, ele procurará viver em condições que agrade
o seu mestre Jesus Cristo. O mundanismo tem feito com que a igreja se torne secularizada
e improdutiva.

A Graça Barata é a alta justificação sem arrependimento e renovação da


mentalidade em novidade de vida. O apóstolo Paulo escreve aos Romanos: “Não imitem
o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por
meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus para vocês” (Rm. 12:2). Aqui está algo bem
diferente do viver sem renovação de pensamento e a não confissão de pecados. O apóstolo
Paulo apresenta uma “metanoia”3 que é mudança de caráter, uma nova vida.

Para o discípulo é preciso abnegação4 e renúncia. É preciso passar pela cruz e


viver de modo digno a ela, de modo que não ser atraído pela correnteza deste mundo pós-
moderno sem Cristo. Segundo Macdonald, não é esse tipo de renúncia: “A cruz não é um
tipo de enfermidade física ou alguma angústia mental; essas coisas são comuns a todos

3
Transformação fundamental de pensamento ou de caráter.
4
Sacrifício voluntário do que há egoístico no desejos e tendências naturais do homem, em
proveito de uma pessoa, causa ou ideia.

9
10

os homens. ” (MACDONALD, 2009, p. 14). Abnegar é renunciar as coisas deste mundo


e a cruz simboliza bem este aspecto na vida do discípulo. Macdonald vai dizer que o
discípulo pode estar inserido nas coisas deste mundo e isso não tem como ser evitado, a
não ser que venhamos morar distantes da sociedade urbana e morar em uma zona rural
sem vizinhos e ainda assim, inevitavelmente, iríamos acabar conseguindo ficar em uma
atividade secularizada. Estar e viver no mundo de modo a renunciar para o discípulo, é
sempre pensar nas coisas do alto em todo momento. Para o discípulo de Cristo, o pegar a
cruz e segui-lo não é martirizar-se ou fazer algo além das nossas limitações para fazer
valer a pena, mas, é simplesmente, viver a vida cotidiana neste mundo pós-moderno, mas
com um diferencial, viver de modo sábio remindo todo o tempo. Portanto, sejam
cuidadosos em seu modo de vida. Não vivam como insensatos, mas como sábios.
Aproveitem ao máximo todas as oportunidades nestes dias maus. (Efésios 5:15,16).

O apóstolo Paulo em todos os momentos de sua vida dedicou o seu tempo em prol
do crescimento do Evangelho de Cristo, se tornando um exemplo de discípulo, sempre
preocupado com seus novos discípulos, ele nunca deixou de dar orientações para a nova
vida que eles acabarão de aceitar. Segundo Carvalho (2016, p.77), o discipulado é
centrado no “Relacionamento Discipulador”, pois se atentarmos para o modelo de
Discipulado de Jesus, o encontraremos em um relacionamento profundo com seus
discípulos.

No que diz respeito aos dias de hoje, é comum em programas de discipulados nas
igrejas, a adoção de um material didático na instrução de novos convertidos ou
cooperadores antigos, que precisam de alimento espiritual e motivação para vida cristã.
Usar estes materiais didáticos é não ruim, no entanto, não pode ser a ferramenta
fundamental no relacionamento discipulador, o mais importante é a estreita ligação
pessoal que se constrói entre discipulador e discípulo. O Relacionamento através do
discipulado começa no amor por almas e continua com amor em cada cuidado que o
discípulo apresenta. O relacionamento do discipulador e discípulo deve ser um
investimento do que somos com a outra pessoa.

A igreja atual encontra desafios imensos diante da corrupção generalizada neste


mundo pós-moderno. Stott contrapõe: “ Não devemos preservar a nossa santidade fugindo
do mundo, nem sacrificá-la nos conformando a ele” (STOTT, 2011, p. 13). Nosso
sentimento necessita ser de inconformismo, de modo que sejamos diferentes de todos.

10
11

Necessitamos sermos discípulos que vivem como exemplo, isso de modo a testemunhar
transformação de Jesus através do comportamento diferenciado. O escapismo5 também é
algo proibido na vida cristã, visto que a Igreja de Cristo necessita se posicionar de modo
a repudiar as coisas más deste mundo - aquelas contrárias aos princípios da Palavra de
Deus - como algo essencial no viver Cristão. O que vemos popularmente, são cristãos
tachados como hipócritas, por acreditarem que sejam melhores do que aqueles que vivem
fora da comunidade evangélica de fé. Quanto a isso, o apóstolo Pedro escreve: ´Agora,
porém, sejam santos em tudo que fizerem, como é santo aquele que os chamou. Pois as
Escrituras dizem: “Sejam santos, porque eu sou santo”´ (1 Pe 1:15,16). O ideal para o
Cristão é desenvolver um estilo de vida como uma contracultura cristã, vivendo sem se
comprometer com o pecado neste mundo pós-moderno. Necessitamos estar aptos à
vivermos a evolução em relacionamentos onde quer que estejamos dentro da sociedade,
seja na escola ou no trabalho; quer seja na reunião entre amigos e em qualquer outro lugar;
que ali possa ser o momento de testemunharmos como é ser um Cristão, que reflete a
imagem de Jesus.

O crescimento espiritual é algo que a igreja tem perdido, isso por conta das
diversas atrações que o mundo pós-moderno traz. “E o Senhor, que é o Espírito, nos
transforma gradativamente à sua imagem gloriosa, deixando-nos cada vez mais
parecidos com ele” (2 Co 3:18b). Seguindo neste objetivo, vou compartilhar um pouco
mais o motivo pelos quais à Igreja cresce através do discipulado, e como as igrejas tem
perdido este crescimento espiritual gradativo. Em busca do desenvolvimento do
Discipulado em nossas igrejas, Diogo Carvalho descreve em seu livro “Relacionamento
Discipulador” fazendo um alerta sobre o círculo vicioso, devido à falta de estratégica:

Nosso atual curso de ação de curto alcance na maioria das vezes gera
um senso de frustração e fadiga espiritual na vida dos obreiros cristãos
fiéis. Devido à falta de uma estratégica de longo-alcance, muitos
pastores e líderes se encontram totalmente absorvidos em uma multidão
de boas atividades que os afastam das melhores atividades. Nós não
achamos tempo para treinar os líderes leigos para obra do ministério.
Essa omissão deixa o pastor e seus líderes sem uma base forte de leigos
qualificados para trabalhar juntos com eles nos ministérios da igreja
local. Como resultado, a equipe ministerial renumerada conduz o
acompanhamento evangelístico, o aconselhamento, as visitas
hospitalares e os ministérios evangelísticos da igreja local praticamente
sozinha. Desde que muitos obreiros cristãos sentem que seu tempo é
5
Tendência para fugir ou escapar a qualquer coisa ou situação que seja ou pareça difícil,
desagradável, molesta.

11
12

muito valioso para envolvimento pessoal em equipar sua liderança


leiga, o círculo vicioso se repete de novo e de novo. Nós sempre
estamos muito ocupados para seguir o exemplo de Jesus. Nós
precisamos compreender o fato de que o Senhor revelou seu padrão
pessoal de ministério por meio de investir o máximo de seu tempo na
vida daqueles que se encarregariam da máxima responsabilidade no
futuro do ministério da igreja. apud HANKS JR, 1981, n.p.

O que podemos ver no texto acima compartilhado é que realmente precisamos de


estratégia, e este é o principal fator que tem faltado nos ministérios evangélicos. De fato,
precisamos de crescimento espiritual de líderes leigos através de treinamento,
proporcionando-os a oportunidade no engajamento do projeto de discipulado através de
relacionamentos, fazendo assim o mecanismo discipulador fluirá para o progresso. Nessa
direção, Bonhoeffer cita: “O crescimento diário da igreja comprova o poder do Senhor
que nela habita” (BONHOEFFER, 2016, p. 208).

No que se refere ao crescimento genuíno da igreja, é importante compreender que


o discipulado precisa estar alicerçado em verdades aprendidas no âmbito da igreja através
de treinamentos. Os líderes de nossas igrejas necessitam demonstrar mais vontade de
aprender através do estudo da palavra, a fim de que possam ensinar como é a nova vida
em Cristo Jesus para os novos convertidos. Os líderes mais atuantes também podem
investir tempo na vida daqueles membros menos envolvidos na obra cristã. Pessoas com
mais anos de membresia em nossas igrejas poderiam com suas experiências, ensinar
lições de vida aos novos cristãos. Infelizmente, no entanto, o que vemos é um entrelaçado
de pessoas novas em muitas Comunidades de Fé que, até as vezes, querem demonstrar a
nova realidade de Cristo em suas vidas, com desejo de anunciar as verdades do Evangelho
´até para os postes´; de outro lado há aqueles que têm sofrido pela opressão deste mundo
e o próprio desânimo ministerial, por não abraçarem a instrução de Jesus através do
Espírito Santo.

Os Cristãos que frequentam igrejas há mais tempo, sabem que, fazer novos
discípulos para Jesus não tem sido uma tarefa fácil e em função disso, optam por ficarem
na retaguarda, vivendo em uma religiosidade mórbida6; enquanto os novos cristãos, sem
experiência e amadurecimento, acabam por atropelarem o processo do novo viver em
Cristo, e com muita dificuldade, crescem lentamente e até desistem, por falta de
acompanhamento espiritual e emocional. Segundo Diogo Carvalho (2016) em uma

6
Enfermo, doente, relativo a doença.

12
13

pesquisa mais atual, ele faz uma crítica sobre a falta de discipulado em seu livro
“Relacionamento Discipulador”:

Entre os cultos, reuniões, escola bíblica, ensaios e outras programações,


chegamos à conclusão de que consumíamos em média 8 horas por
semana dentro das instalações físicas da igreja. Alguns relataram gastar
até 16 horas por semana dentro do templo! Não podemos dizer que
todas essas horas foram desperdiçadas nem que tais atividades estavam
completamente fora do campo de ação da Grande Comissão. Mas, com
base nesse levantamento a partir da nossa própria experiência, tomamos
uma atitude radical: vamos dedicar no mínimo 8 horas por semana para
fazermos discípulos: 4 horas em Pequenos Grupos Multiplicadores e na
Escola Bíblica Discipuladora, mais e 4 horas em relacionamentos
discipuladores. CARVALHO, 2016, p. 38

Diante do desafio da pós-modernidade que tem mudado nossas comunicações


interpessoais, isso não impede a igreja de inovar. Realmente o que vemos são igrejas
tendo que enfrentar uma mesmice em suas atividades que, na sua maioria, não dão frutos
para o Reino de Deus. Um discipulado sadio poderia mudar esse quadro, uma vez que, é
através do treinamento e dedicação nos relacionamentos discipuladores, que muitos
cristãos manterão a chama do Espírito Santo acesa em seus próprios corações.

As atividades de uma igreja local precisam estar voltadas para o discipulado. O


discipulado pode até ser colocado como programa na igreja, no entanto, toda igreja
precisa estar engajada nele de forma a ficar atenta à cada necessidade de acompanhamento
espiritual das pessoas que se aproximam de nós. De fato, o crescimento espiritual da igreja
deve acontecer gradualmente e isto de maneira espontânea, pois o discipulado é a
continuidade dos ensinamentos de Jesus para todo aquele que ouve a voz do seu mestre:
“Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10:27).

Quando o discípulo decide seguir a Jesus ou despertar-se para ouvi-lo, ele segue
o seu mestre fielmente e igualmente, transfere o que tem aprendido para outros leigos na
fé Cristã. Jesus evidencia: “Vocês são a luz do mundo. É impossível esconder uma cidade
construída no alto de um monte. Não faz sentido acender uma lâmpada e depois colocá-
la sob um cesto. Pelo contrário, ela é colocada num pedestal, de onde ilumina todos que
estão na casa” (Mateus 5:14,15). O discípulo verdadeiro discerne que necessita ser luz
no mundo e que o crescimento espiritual acontece em uma via de mão dupla ou seja: --
Uma vez que ele aprende de Cristo e ele também ensina aos seus discípulos!

13
14

Outro desafio que encontramos no mundo pós-moderno é o mal-uso do tempo. O


discípulo de Cristo precisa ser um bom mordomo de sua rotina diária, a começar pelo uso
sábio do tempo. Carvalho (2016) em sua pesquisa descreve alguns números importantes:

Num recente levantamento sobre os hábitos de informações dos


brasileiros, a Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) chegou à
conclusão de que os 48% dos brasileiros usam a Internet, 26% dos quais
todos os dias. Esses usuários ficam conectados, em média, 4h59 por dia
durante a semana e 4h24 nos fins de semana. Entre aqueles que se
graduaram no Ensino Superior, a média diária sobe para 5h41, de
segunda a sexta-feira. Segundo a pesquisa, 92% dos internautas estão
conectados por meio de redes sociais, sendo as mais utilizadas o
Facebook (83%); Whatsapp (58%) e o Youtube (17%).

O mesmo estudo também indica que 95% dos entrevistados


assistem TV, semanalmente e que 73% dos quais têm o hábito de fazê-
lo diariamente. O tempo médio dos brasileiros que ficam expostos ao
televisor é de 4h31 por dia durante a semana e 4h14 por dia, nos fins de
semana. Outra pesquisa, desta vez realizada pelo Ibope em 2014,
verificou que cada telespectador brasileiro assistiu TV em média
durante 5 horas, 52 minutos e 39 segundos por dia, o que significa que
os brasileiros passam três meses inteiros do ano vendo televisão!

De acordo com outra pesquisa divulgada em 2011 pela


Companhia Internacional de estudo de mercado Newzoo, o brasileiro
gasta em média três horas por dia com jogos eletrônicos. Sendo que,
mais de um terço desse tempo (38%) é usado em jogos hospedados em
sites e redes sociais. No ano da pesquisa, o país tinha 35 milhões de
usuários de jogos digitais. CARVALHO, 2016, p. 37

Na lógica, para que se garanta um bom relacionamento entre discipulador e


discípulo, é necessário que o discipulador esteja disposto a investir tempo no cuidado de
pessoas e ensinar a Palavra de Deus para leigos na fé e em contraposto, o discípulo
também precisa desejar aprender mais das escrituras para se obter o crescimento
espiritual. No começo a missão de discipular outras pessoas, pode se transformar numa
tarefa árdua, no entanto, gratificante quando feito com prazer e direcionamento de Deus.

Quando o discipulador compreende que seu estilo de vida com a direção de Cristo
deve estar no centro de suas emoções, automaticamente, transmitirá bem o evangelho aos
necessitados, e possivelmente, poderá realizar transformações na vida de seus discípulos.
No mundo pós-moderno muitas são as distrações que roubam o tempo do discipulador e
discípulo, no que refere ao tempo de qualidade. O bom discipulador, por exemplo, precisa
estar atento no melhor aproveitamento de suas horas e enxergar o quão valioso é o
investimento no Reino dos Céus. O apóstolo Paulo escreve aos Filipenses: “Nossa

14
15

cidadania, no entanto, vem do céu, e de lá aguardamos ansiosamente a volta do Salvador,


o Senhor Jesus Cristo” (Fl. 3:20). Tudo o que o bom discipulador necessita para seu
próprio crescimento espiritual, bem como no crescimento de seus discípulos é
simplesmente pensar na sua vida futura nos céus e se afastar de todas distrações
secularizadas.

Existem vários desafios no relacionamento entre discipulador e discípulo, porém,


cremos que o desafio maior deles é a demonstração de amor do discipulador para com
seus discípulos, como ressalta outro autor mais recente Campanhã (2012):

A pessoa que ensina ou discipula faz toda diferença. Um dos grandes


desafios da igreja é transformar os professores em discipuladores.
Quando essas pessoas não desejarem apenas dar sua aula semanal, mas
tiverem compaixão dos seus alunos e começarem a desenvolver um
relacionamento pessoal com eles, muita coisa mudará. CAMPANHÃ,
2012, n.p

Conforme Josué Campanhã (2012), precisamos criar laços com nossos discípulos.
Na prática da igreja atual, os professores e líderes estão mais preocupados em passar algo
que aprenderam, e falam com orgulho no intento de alcançar somente um público alvo.
Esse mesmo autor também prossegue enfatizando algumas ideias necessárias para ser um
bom discipulador:

• Amar os discípulos e sentir compaixão por seus ouvintes;


• Chorar pelos discípulos;
• Ensinar com mais amor e menos tecnologia;
• Manter um relacionamento pessoal com Deus e receber a
ministração do Espírito Santo em sua vida;
• Relacionar-se com os discípulos; orar por aqueles que discipula;
• Tornar a sua vida um exemplo. CAMPANHÃ, 2012, n.p

O bom discipulador precisa estar atento às reais necessidades deu seus discípulos,
a tecnologia e modos diferentes de abordar o discipulado são importantes, no entanto é
muito mais saudável o bom relacionamento. Na nossa próxima etapa deste artigo,
compartilho um pouco do que acredito ser a mentalidade ideal para o discipulado
acontecer em minha visão de pesquisa nas comunidades evangélicas.

A Mentalidade De Discipulado Que Transforma Tudo

Sabemos o que é o amor porque Jesus deu sua vida por nós. Portanto, também
devemos dar nossa vida por nossos irmãos. (1Jo 3:16)

15
16

A mentalidade do discipulado que muda tudo. Existem hoje dentro de nossas


igrejas vários ministérios estruturais, e em cada um destes a sua devida função, por
exemplo: O ministério de jovens tem a função de programar a igreja no objetivo de
rebanhar jovens cristãos e os instruí-lo ; O ministério de mulheres tem o objetivo de trazer
crescimento espiritual as mulheres da igreja local e sua sociedade; O ministério de
homens tem o dever de instruir homens na Palavra para serem como pilares de fé em suas
famílias e assim sucessivamente que o crescimento espiritual acontece na igreja. Mas se
invés de vermos nossos ministérios como estruturas congressionais, poderíamos ver
nossos ministérios como ferramentas para o mover do discipulado. Desperdiçamos tempo
demais em programas e projetos que não produzem o crescimento espiritual e o que
precisamos é uma mudança de mentalidade. Essa mudança de mentalidade fará uma
transição em nossos ministérios discipuladores, abrindo novas perspectivas para o
ministério e para o treinamento ministerial.

Diante do quadro atual, há uma exigência de apresentarmos algo inovador, algo


que nossos líderes congregacionais necessitam para mudarem em seus ministérios,
principalmente, diante do quadro de pastores desanimados pelo fracasso de suas igrejas
sem o devido crescimento – tanto numérico como qualitativo. Necessitamos de algo que
mude a triste realidade alarmante dos cristãos infrutíferos, algo que transforme pastores
e líderes em condições depressivas e até cometem o suicídio diante das adversidades.

Agora vou citar um livro interessante da minha pesquisa, chamado: “ A Treliça e


a Videira” dos autores Colin Marshall e Tony Payne. Este é o tipo de livro que nos dá a
percepção de que nossas igrejas estão no caminho errado, pois estão mais preocupadas
com as estruturas (a treliça) em lugar de darem mais ênfase as vidas espirituais (a videira).
Marshal e Payne enfatizam a importância das estruturas e ao mesmo tempo afirmam que
a prioridade da igreja é cuidar das pessoas e promover seu crescimento espiritual.

O que Marshall e Payne (2015, p.23) sugerem é uma mudança consciente do


estabelecimento e manutenção das estruturas das igrejas, para o crescimento espiritual de
pessoas que são discípulos fazedores de discípulos de Cristo. Na mentalidade de
discipulado, a visão sobre igreja passa por mudanças. À cada reunião da igreja há
oportunidade de ensinar às pessoas; oportunidades de treinamento da membresia que
gerem crescimento espiritual tanto em cristãos que estão há muito tempo na igreja, como
também em novos convertidos.

16
17

Marshall e Payne (2015, p.24) citam várias mudanças na mentalidade como igreja.
Vamos conhecer algumas delas com intuito enxergarmos o que o relacionamento
discipulador, pode fazer no crescimento espiritual de pessoas:

Do realizar de programas para edificar pessoas. As pessoas são mais


importantes do que programas na igreja que não crescem. É difícil as vezes dar fim à um
ministério infrutífero, contudo, será bem mais proveitoso poupar a membresia de cargas
desnecessárias. Novos ministérios surgem à medida que treinamos os membros de nossas
igrejas, e este treinamento se torna mais eficaz na medida que essas pessoas são
envolvidas em um discipulado mutuo. As pessoas terão o seu crescimento espiritual e
assim poderão ser até manejadas naquilo que são mais proveitosas.

Do realizar eventos para o treinar pessoas. Alguns eventos estão falhando na


igreja, tais como: jantar de mulheres; reuniões de missões; café de homens e muitos outros
ajuntamentos criativos. Todavia se quisermos uma estratégia voltada em prol das pessoas,
necessitamos a devida concentração em treinamentos, aumentando assim o número de
comunicadores do evangelho. Os eventos até podem ser realizados, mas sempre com a
visão do relacionamento discipulador no acolhimento de vidas.

Do usar pessoas para o promover o crescimento espiritual de pessoas. Na


liderança dos ministérios discipuladores de nossas igrejas existem pessoas que precisam
de ajuda e cuidado, e simplesmente é o que precisam para terem o devido crescimento
espiritual. Necessitamos olharmos a liderança com o amor de compressão e entendê-las
como estão para realizar as devidas funções, talvez precisem de um tempo para
recarregarem as baterias, longe do cargo de liderança. O crescimento espiritual acontece
naturalmente em cada líder no momento em que eles se sentem amados e acolhidos,
através de um refrigério daquilo que desempenham em vez serem esgotados por tantas
obrigações.

Do preencher lacunas para o treinar novos obreiros. Obreiros estão desanimados


de seus ministérios discipuladores ou até mesmo de suas igrejas por fazerem parte de um
ministério ao qual não foram chamadas por Deus. Nossas igrejas precisam começar com
os obreiros que têm e não os ministérios discipuladores começarem com obreiros
despreparados e sem chamado, é preciso um teste de dons para saber em qual ministério
cada obreiro tem potencial.

17
18

Do resolver problemas para o ajudar as pessoas a progredirem. Todos nós temos


problemas e passamos por eles a cada dia. Os ministérios discipuladores em nossas igrejas
precisam estar focados em dar o suporte espiritual para todos, independentemente de suas
insuficiências. O alvo é levar as pessoas ao crescimento espiritual, a fim de que possam
enfrentar seus problemas sozinhas com sabedoria.

Do depender do treinamento de instituições para o estabelecer o treinamento


local. Nossas igrejas precisam de treinamento para os seus discipuladores, no entanto a
formação de líderes não se deve esperar somente em faculdades. Os desenvolvimentos de
treinamentos podem ser estabelecidos na própria igreja, ou também à distância em
instituições conceituadas. O importante é desenvolver como se fosse um programa de
formação de caráter cristão, em simultâneo com trabalho na obra cristã. Dentro destas
mudanças de mentalidade na igreja há esperança para o seu crescimento espiritual, no
entanto, é através de relacionamentos discipuladores que coisas acontecem, visto que o
encorajamento a cada um dos membros é feito por discípulos fazedores de discípulos.
Outro escritor que traz uma boa contribuição neste artigo é o Pastor de jovens Douglas
Gonçalves. Goncalves (2016) cita:

Porém, não podemos confundir: discipular não é ensinar os


mandamentos a alguém; é muito mais que isso. Jesus não nos manda
ensinar os mandamentos às pessoas; ele nos ordena a ensiná-las a
obedecer aos seus mandamentos. Portanto, esse processo consiste não
apenas em dar aula teórica sobre as palavras de Cristo, mas demonstrar
ao aluno como obedecer a essas teorias. É por isso que discipulado não
pode se prender a um livro, a uma apostila ou a um programa. Na
verdade, é uma transferência de vida. GONÇALVES, 2016, p.113

Gonçalves (2016) descreve que os discipulados duradouros são possíveis através


de relacionamentos profundos. Muitas igrejas têm perdido pessoas que frequentavam suas
reuniões pelo simples fato de, desejarem ensinar os mandamentos antes mesmo de terem
um relacionamento com elas. Há todo um processo no relacionamento discipulador,
dentro dele está o relacionamento em amor com as pessoas, que tornará possível a
compreensão de pecados sem mesmo serem citados ou confrontados. Gonçalves cita em
seu livro que devemos sair da nossa “bolha cristã”. Precisamos deixar o conforto de
conviver sempre com pessoas que concordam com o que cremos. O isolamento do cristão
com o mundo secular, torna a evangelização enfraquecida. Somos luz e essa só terá efeito
em meio as trevas, onde poderemos através de nossas vidas sermos testemunho da
verdade que está em nós. A luz brilha na escuridão, e a escuridão nunca conseguiu

18
19

apagá-la. (Jo 1:5). A luz que recebemos de Cristo é fonte de vida, e o mundo não tem
poder de apagar a glória de Deus em nós, quando saímos deste isolamento a possibilidade
de encontrarmos discípulos se torna maior.

Outra mentalidade de discipulado que muda nossa forma de agir é o julgamento


desnecessário. Bonhoeffer (2016) descreve (conf. Mt 7:1-5) que:

Os discípulos estão proibidos de julgar. Se o fizerem, eles


próprios serão julgados por Deus. A espada com que condenam
seu irmão recairá sobre eles mesmos. O golpe com que se separam do
outro, como que separando os justos dos injustos, separa-os de Jesus.
BONHOEFFER, 2016, p. 144

Seremos melhores discipuladores se deixarmos de julgar as pessoas. Nosso senso


de justiça deve permanecer oculto na comunhão com Jesus. As pessoas não precisam de
mais opressores, e sim de testemunhas de Cristo que as amem incondicionalmente,
independentemente de suas ações no passado. Todos nós podemos discipular e ninguém
fica excluído da missão da Grande Comissão.

Segundo Carvalho (2016, p.95) “precisamos ver nosso tempo a sós com Deus
como parte do relacionamento discipulador”. A santidade e a comunhão com Jesus, nos
leva a ter uma vida de oração por nossos discípulos. Macdonald (2009, p.91) afirma: “Ser
um discípulo verdadeiro é ser escravo de Jesus Cristo e considerar que o trabalho dele é
a perfeita liberdade”. Então o que presumimos é que o discipulado pode ser algo
satisfatório, desde que não haja empecilhos na sua missão. Stott (2011, p.113) conclui:
“O fundamental em todo discipulado é a decisão de não somente tratar Jesus com títulos
honrosos, mais seguir seu ensino e obedecer aos seus mandamentos”. Certamente o
discípulo que tem sua vida guiada pelo mestre Jesus Cristo, como resultado terá
discípulos com a mesma reverência e respeito.

Considerações Finais

Durante a realização desta pesquisa, o desafio foi entender o que é o Discipulado


e como ele se torna possível mesmo diante das inúmeras controvérsias deste mundo pós-
moderno. O que descobri foi que o discipulado começa primeiro através de uma resposta
ao chamado, de uma vida direcionada por Jesus Cristo através do Espírito Santo no
momento da conversão, e que muitos cristãos negligenciam por falta de comunhão com
Deus. Na sequência, o discípulo que responde ao chamado, vive de forma digna ao seu
19
20

mestre, crescendo espiritualmente e tornando possível através de sua vida o discipulado


de outras pessoas.

Através desta pesquisa, muitos fatores importantes foram descobertos no


desempenho do discipulado para cristãos na igreja deste século. No entanto, existe ainda
muito a ser investigado na missão do relacionamento discipulador.

Outra descoberta importante foi que, os diversos escritores citados neste artigo
reforçaram que não há caminho fácil na missão do discipulado, haja visto que seu
cumprimento exige renúncia ao mundo pós-moderno, entretanto gratificante, quando
feito com submissão ao mestre Jesus Cristo. O fato evidente, é que só o discípulo fiel a
Jesus pode transferir sentimentos de sua vida, e que ele não conseguirá tal objetivo sem
ter um relacionamento profundo com seus discípulos. Os cristãos da Igreja Atual
precisam desejar o cuidado de vidas, haja visto a real necessidade, e repudiar tal tarefa,
pode nos colocar em desvantagens diante de Deus.

Referências Bibliográficas

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001


Disponível em:https://farofafilosofica.files.wordpress.com/2016/10/modernidade-
liquida-zygmunt-bauman.pdf. Acesso em: 1 out. 2019.

Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora 1. ed. - São Paulo : Mundo Cristão,
2016. Formato: epub Disponível em https://pt.scribd.com/read/405838280/Biblia-Sagrada-
NVT-Nova-Versao-Transformadora#r_search-menu_665492. Acesso em 20 set. 2019.

BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. São Paulo: Mundo Cristão, 2016

CARVALHO, Diogo. Relacionamento Discipulador. Rio de Janeiro: JMN, 2016

CAMPANHÃ, Josué. Discipulado que transforma. São Paulo: Hagnos, 2015.


Disponível em: https://pt.scribd.com/read/405665951/Discipulado-que-transforma
GONÇALVES, Douglas. Jesus Copy: A Revolução das cópias de Jesus. São Paulo:
Mundo Cristão, 2016.
MACDONALD, William. O Discipulado Verdadeiro. São Paulo: Mundo Cristão, 2009.

20
21

MARSHALL, Colin; PAYNE, Tony. A Treliça e a Videira. São José dos Campos: Fiel,
2015.
MIRIAM, Adelman. Visões da Pós-modernidade: discursos e perspectivas
teóricas. Sociologias, Porto Alegre, ano 11, nº 21, p.184-217, 22 nov. 2019. Disponível
em: http://www.ufjf.br/labesc/files/2012/03/Sociologias_2009_Vis%C3%B5es-da-
p%C3%B3s-modernidade-discursos-e-perspectivas-te%C3%B3ricas.pdf. Acesso em: 6
nov. 2019.
STOTT, John. O Discípulo Radical. Viçosa, MG: Ultimato, 2011

21

Вам также может понравиться