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Jornalismo e suas novas faces: uma análise dos “Q&A” da BBC Internacional1

Felipe ZSCHABER Alves Passos2


Wedenclay Alves SANTANA3
Universidade de Federal de Juiz de Fora

RESUMO

No presente artigo pretende-se entender como o papel do jornalismo vem se


modificando nos tempos atuais. Para isso realiza-se uma contextualização histórico-
analítica sobre o momento social em que vivemos – a Sociedade em Rede, como define
Castells. Em um próximo momento é efetivado um estudo de caso dos “Q&A”
( Questions & Answers ) do site da BBC Internacional, uma espécie de material que
tem como objetivo contextualizar e explicar determinado assunto. Através do estudo do
discurso desse material se busca a compreensão dos padrões e das tendências da prática
jornalística realizada pelos mass media nesse momento que vive a sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Webjornalismo; Sociedade em Rede; BBC; Q&A

Introdução
A posição do jornalismo vem sendo revista na sociedade atual. A possibilidade
de uma comunicação aberta e horizontal é um dos principais fatores para apontar que
uma única voz – dos mass media - não mais é preponderante na veiculação de
informações e notícias. Essas possibilidades surgiram com o desenvolvimento e a
expansão da rede - a World Wide Web – principalmente com a utilização da tecnologia
da web 2.0. Essa tecnologia é um dos principais adventos da Era da Informação, época
que caracteriza a sociedade em que vivemos hoje.
Existem novas tendências e práticas jornalísticas que disputam o papel de
comunicador na rede com os mass media. O jornalismo praticado nos blogs e o
jornalismo colaborativo – uma espécie de jornalismo comunitário feito por um
determinado grupo de cidadãos – são algumas delas. De toda forma o jornalista
1
Trabalho apresentado no DT Jornalismo do VIII Encontro Regional de Comunicação
2
Graduando de Comunicação Social. Aluno do oitavo período (noturno) da Faculdade de Comuicação Social da
UFJF. E-mail: felrockit@gmail.com
3
Orientador do trabalho. E-mail: wedenn@yahoo.com.br
continua o seu trabalho, mesmo que voltado em outras frentes e desempenhando, em
alguns casos, outro papel. Segundo Ari Hainonem (1999, p. 48) o jornalista tende a se
deslocar do seu papel tradicional de mediador das informações, devido a própria
natureza colaborativa da Internet.
O jornalista não mais pode ser considerado como o “guardião do portão” – o
gatekeeper. Ele deixa de selecionar o que será publicado, simplesmente pela
possibilidade de que qualquer um pode publicar o que quiser, quando quiser, sem se
preocupar com limites de espaço na rede. Nesse contexto ele se adapta e toma outra
atitude. Ao invés de coletar e restringir a informação, ele passa a selecioná-la, atuando
como um bibliotecário - é o que a teoria do gatewatcher ( Bruns, 2003 ) presume.
A proposta do nosso estudo é estudar a prática jornalística e o discurso de um
desses mass media na Internet. Dessa forma pretende-se verificar o comportamento, a
tendência e o posicionamento do veículo diante da situação apresentada. Com efeito, a
intenção é estudar quatro “Q&A” ( Questions and Answers ) do site Intenacional da
BBC para realizar essa verificação.

A Sociedade da Informação
Para podermos entender como o papel do jornalismo vem se modificando, temos
de entender primeiramente o momento em que vivemos. Atualmente uma nova
revolução se encontra em andamento. Ela modifica a humanidade, altera a ordem social
e a economia vigente. Estamos vivendo a revolução informacional que tem como base a
grande evolução tecnológica da humanidade. Existem várias definições para a sociedade
nessa nova Era da Informação (CASTELLS, 1999). Sociedade da informação,
sociedade comunicacional, sociedade em rede, sociedade do conhecimento. Um tema
complexo, pois cada uma dessas definições, apesar de se referirem ao mesmo momento
que vivemos, geralmente passam ideias e paradigmas diferentes. Essa questão vem
suscitando diversos estudos, mas não vamos nos aprofundar nela no presente artigo.
Como dito, a Era da Informação trouxe diversas transformações na economia, no
âmbito social e na tecnologia. A partir da revolução tecnológica – a evolução das
tecnologias da informação e comunicação – a economia mundial, bem como a local, se
viu obrigada a realizar uma reestruturação. Isso, consequentemente, modificou as
relações sociais e econômicas. Nesse novo tempo há uma redefinição de relações de
poder, de produção e de experiência. A forma de se trabalhar, o sistema político e os
mercados financeiros globais se vêem também modificados. A economia se torna
globalizada e interdependente. O próprio país e seus parceiros econômicos não mais
podem ser considerados os únicos elementos no fator de uma economia nacional como
antigamente. É uma relação complexa, um capitalismo globalizado e informacional.
Tadao Takahashi aponta um desses fatores. “Na nova economia, não basta dispor de
uma infra-estrutura moderna de comunicação; é preciso competência para transformar
informação em conhecimento” (TAKAHASHI, 2000, 7).
Segundo Manuel Castells (1999) a revolução informacional-tecnológica realiza a
aceleração dos processos de produção e a disseminação da informação e do
conhecimento. Nessa nova sociedade o conhecimento e a criatividade ganham ainda
mais importância
É nesse contexto que a informação no âmbito mundial se torna decisiva, devido
à capacidade de sua troca em um curtíssimo espaço de tempo. A informação sempre foi
consumida pelo ser humano, mas hoje é considerada um recurso econômico em
potencial. Ela também pode ser vista como recurso estratégico na área educacional.
Nesse contexto, Takahashi (2000) afirma que desafio é transformar a informação na
educação em recurso econômico estratégico, e transmiti-la como conhecimento pleno.
Esse momento em que a humanidade vive pode ser chamado de Sociedade em
Rede (CASTELLS, 1999). Essa sociedade é caracterizada por atividades produtivas,
econômicas e sociais que dependem de fluxos de informação, aliadas a um uso intenso,
e muitas vezes dependente, das novas tecnologias de informação e comunicação.
Há a predomina um novo modelo comunicacional que é caracterizado pela fusão
da comunicação inter(ativa)pessoal com a de massa. Fazendo com que receptor e
emissor não possam mais ser separados. Essa é a possibilidade que a World Wide Web
oferece. O modelo todos-todos possibilita que quem esteja conectado a rede possa
enviar tanto quanto receber informações. Esse é o modelo horizontal de comunicação
anunciado por Luiz Ramiro Beltrán em seu estudo “Adeus a Aristóteles: comunicação
horizontal”. Trigueiro o explica bem: “No modelo horizontal o acesso à comunicação e
à informação para todos é uma pré-condição. O diálogo é o eixo central da comunicação
horizontal possibilitando a interação democrática do emissor e receptor no processo de
produção / emissão / recepção da mensagem” (TRIGUEIRO, 2001 ).
Esse modelo trás uma grande vantagem que ao longo do tempo poderá ser
explorado de forma ampla: A interatividade. No entanto, ele também gera uma
quantidade excessiva de informação em todas os setores. O ser humano, apesar de todas
as tecnologias que pode usufruir, possui suas limitações, e aliado ao fato de que nessa
sociedade cada vez existe menos tempo disponível, esse quadro se complica. Dessa
forma, apreender a imensa quantidade de informações que estão a nossa disposição é
algo que vai além de nossas capacidades. Logo, se torna imprescindível filtrar as
informações relevantes e saber em que ou quem confiar.
Nesse ponto, o jornalismo não fica de fora. A constante produção e atualização
de notícias no webjornalismo podem retratar esse processo. Caso não se acompanhe
toda a produção noticiaria, existe o risco de ao invés de se fornecer informação, na
verdade se traga uma confusão e até um desentendimento para o navegador, que é, por
sua vez, bombardeado por um conteúdo multimídia na rede. Ocorre dessa forma
desinformação pelo excesso. Nesse âmbito, muitas notícias são transmitidas de forma
incompleta, enquanto em outras a descontextualização é o grande problema, impedindo
a compreensão do fato e do momento noticiado. Nesse caso existe uma desinformação
pela superficialidade. “Sofremos verdadeira avalanche informacional, que na maioria
das vezes, inclusive, nos leva ao conhecido processo de entropia, ou seja, um excesso de
informações, que, não trabalhadas devidamente pelo receptor, se perdem ou geram
situações inusitadas” ( HOHFELDT, 2001, 190 ).
Contudo, existem outras formas do fazer jornalístico nessa sociedade. Os blogs
são um exemplo literalmente vivo de se fazer jornalismo com compartilhamento e
participação aliados, algumas vezes, à interatividade. Mas essa questão se complica
quando falamos da credibilidade, filtragem de informações e ética – Jane B. Singer
possui um estudo que trata exclusivamente desse assunto: Online Journalism Ethics:
Traditions and Transitions, publicado em 2007. Os Blogs são pessoais, e certas vezes
realizam um trabalho completamente parcial, o que não passa a totalidade do fato. Então
o navegador-leitor tem de estar atento e ciente, para não tomar aquilo como verdade
única.

Os Question & Answer e Análise


Em meio a esse momento social, Ari Heinonem faz uma afirmação em seu
trabalho “Journalism in the Age of the Net – Changing Society, Chaging Profession”
que vai resumir a transição do papel do jornalista e do jornalismo. E, como
consequência, essa declaração também explicita a escolha de nosso objeto de estudo.

...a ênfase do jornalismo vai mudar do ‘conteúdo’ para o


‘contexto’. Isso implica em consideráveis mudanças no papel do
jornalista: ao invés de ser um transportador de pedaços individuais de
informação, os jornalistas deverão oferecer um material contextualizado
e explicativo. ( HEINONEM, 1999, 50 )4

São exatamente essas características que os “Q&A” (Questions and Answers)


possuem. Esse tipo de material encontrado no site da BBC Internacional é composto por
textos que fornecem uma explicação e buscam contextualizar um acontecimento que se
arrasta por um certo tempo. Além disso, eles também objetivam esclarecer assuntos que
podem soar como complexos.
É o caso dos “como funciona”, que explicam um tema, qual o meio de
comunicação julgue necessário, de forma didática. Este é um recurso geralmente
utilizado para se tratar de assuntos relacionado a temas científicos. É importante deixar
claro que existem outros “Q&A”. Por exemplo, as tradicionais entrevistas formadas por
perguntas e respostas que possuem a mesma denominação.
No entanto, dentre essas vários tipos vamos escolher os “Q&A” que abordam
questões acompanhadas por matérias em suíte e que possuem certa importância dentro
do site da BBC internacional.

4
Tradução nossa
Cada um desses assuntos abordados através do “Q&A” na BBC possuem um
cabeçalho diferenciado e em alguns casos, a sua própria página no site. Dentre os vários
existentes, escolhemos quatro “Q&A” que possuem esse critério estabelecido. Os títulos
de cada um de seus cabeçalhos são: Iran Crisis (1), Iran Nuclear Crisis (2), Taliban
Conflict (3) e Google in China (4).
Dentre os escolhidos, cada um possui um título específico no “Q&A”. São eles:
“Iran Protests” (1), “Iran and the Nuclear Issue” (2), “Foreign Forces in
Afghanisthan” (3) e “Google and China” (4)5.
Retornando ao cabeçalho, ele se subdivide em “Latest News” ou “Key Stories” e
“Analysis” ou/e “Background”. Iran Crisis (1) e Taliban Conflict (3) são os dois
assuntos que possuem uma página especial no site e contam com a chamada “Key
Stories”. Na seção “News/Stories”, encontram-se notícias mais recentes, ou as mais
relevantes que estão diretamente relacionadas ao tema.
Enquanto isso, o “Analysis and Background” contém o histórico e análises do
tema, além de materiais como mapas e elementos que servem para complementar e
contextualizar o assunto. É nessa seção que os “Q&A” a serem estudados se encontram.
Um outro detalhe que merece atenção é que a estrutura textual de três dos quatro objetos
analisados seguem um padrão: Antes que se comece a realizar o “jogo” de perguntas e
respostas existe uma chamada ou um pequeno texto introdutório, os quais se
assemelham com os tradicionais lead e sublead jornalísticos.
Explicadas as características e qual é a relação desse material no site, podemos
dar um passo além e passar para a descrição do corpo textual de cada um. Se olharmos
rapidamente perceberemos que os “Q&A” possuem um texto explicativo, o que pode
remeter a função pedagógica de contextualizar e explicar o assunto aos leitores. Porém a
sua estrutura e intenção não são assim tão simplistas. No corpo do texto também pode
se notar outros aspectos, a se iniciar pelo fato de que certas perguntas são respondidas
com narrativas calcadas numa perspectiva histórica.
É notável como as perguntas iniciais de todos esses “Q&A” incitam uma
contextualização da questão, que vai ser realizada através de um texto narrativo-
histórico em sua resposta. “How did the crisis in Iran begin?”, “President Obama
5
Parte dos Q&A (1) e (3) se encontram no Apêndice, ao final do presente artigo.
offered an "extended hand" to Iran. What happened to that?”, “Why did the US decide
to send more troops?”, “What has Google done?” são as questões iniciais de cada um
desses objetos. Elas retomam o dilema inicial, o ponto que gerou o problema – mas não
necessariamente o fato em si. Pode também ser o detalhe que a BBC considera como o
ponto de partida para iniciar o seu material explicativo, o que por si só pode ser
considerado uma forma de interpretação do caso. Em “How did the crisis in Iran
begin?” e “What has Google done?” são usados o fato que deu origem ao caso,
enquanto nos outros dois é perceptível a forma que a BBC enquadra um ponto inicial
que fora escolhido para remeter o seu trabalho.
Após esse primeiro momento de contextualização, que é resumido em apenas
uma pergunta no caso de “Iran Protests” (1) e “Foreign Forces in Afghanisthan” (3),
mas que se estende em duas perguntas nos outros, seguem-se perguntas que tentam
trazer uma possível previsão do que pode acontecer nas situações. Isso se dá uma vez
que a problemática inicial já foi apresentada.
Vamos focar nas perguntas: “What next for the protesters?” (1), ”What further
sanctions might be imposed on Iran?” (2), “What will they do?” (3) e “Will it work?”
(4). Ao analisarmo-as podemos perceber que todas clamam por um atestado de
previsão. Nesse passo a construção textual é baseada numa análise dos personagens e do
momento dos acontecimentos. Um detalhe é que apesar de a BBC fazer uma previsão,
ela nunca é dada como certeza. É tratada apenas como um panorama possível,
perceptível em trechos como “also suggests many are becoming fearless” (1), “This
has not been decided” (2), “would deploy to Helmand province” (3) e “It is too soon to
say” (4). Sendo que em (2) e (4) esses trechos são a resposta inicial ante as perguntas
realizadas. Com o trabalho realizado dessa forma, o órgão de comunicação tira de si
uma eventual caracterização de profetizador e passa a idéia de realizar somente uma
análise.
Logo após esses dois momentos pontuais, presentes em todos os “Q&A”
estudados, são realizadas perguntas que buscam contextualizar e explorar outros
detalhes diretamente ligados ao assunto. Existem perguntas meramente factuais, sem a
intenção histórica ou que culminam em uma análise. Exemplo de “Where does most
fighting occur?” (3), que simplesmente revela ao leitor onde os Talibãs são mais ativos,
fornecendo informação factual. Nesse caso o texto é objetivo, para tornar a informação
sucinta, e inclusive, se traz um exemplo ilustrativo de acontecimento.
Existem perguntas que parecem ser utilizadas para se exprimir à opinião de
determinado personagem que está envolvido na questão, ou mesmo da própria BBC.
São os casos de “What does the IAEA say about Iran?” (2), que é exclusivamente feita
para se apresentar e explicar o ponto de vista da Agência Internacional de Energia
Atômica. Essa que é uma visão que vai de encontro ao pensamento do Irã e é mantida
como consenso nos países ocidentais.
Em “Doesn't the Non-Aligned Movement support Iran?” (2) se apresenta à
declaração de apoio ao desenvolvimento nuclear do Irã de forma pacífica, feita pelos
países não alinhados. Porém a BBC é contudente ao afirmar “It also appeared to
accept that there are some problems remaining” quando se usou a diplomacia e o
diálogo para se achar uma solução na questão nuclear do Irã. Já em “Do Afghans
support the foreign presence?” (3) é perceptível como o órgão de comunicação utiliza
dados concretos para construir a resposta, mas não deixa de exprimir sua opinião de
forma clara.
Ela inicia a resposta apresentando os dados de uma pesquisa que revela que os
afegãos estavam otimistas com a presença estrangeira em seu país. Porém a pesquisa foi
realizada pelo próprio meio (BBC) em conjunto com outras partes interessadas, e por
ser inglesa e de certa forma estar envolvida no conflito, a BBC toma partido na questão.
Entretanto, ela conclui a resposta apresentando fatos que demonstram que os afegãos
estavam descontentes com a hostilização infringida à população civil por parte das
forças aliadas, atenuando esse fato.
Na análise, como um todo, não foram encontrados padrões que possam ser
levantados entre os “Q&A”, uma vez que cada assunto possui detalhes e momentos
próprios. No entanto, se considerarmos os padrões de perguntas que analisamos,
percebe-se que a estrutura da resposta é diretamente relacionada ao que foi apresentado
na pergunta. Em questões que contextualizam um fato histórico, há a predominância de
uma narrativa histórica e explicativa. Em perguntas que questionam fatos passiveis de
ocorrer, o recurso são as análises e a emissão de previsões. Já em perguntas factuais a
informação é clara e objetiva.
Em perguntas que suscitam um ponto de vista, há a utilização das declarações
feitas pelos personagens, sendo que esse é o momento no qual se atribui o ponto de vista
à ele ou à instituição e país que representa. Porém, esses padrões também se fundem,
como no caso: “Can Ayatollah Khamenei be challenged?” (1) que remete a um fato
histórico explicando a forma de governo Iraniano, mas ao mesmo tempo analisa a
situação do país e do Aiatolá. Assim, com essa através dessa análise, se realiza a
previsão de que é bem provável que um enfretamento político no país não aconteça,
devido ao fato do Aiatolá Khamenei nunca ter sido questionado.
É válido levantar o dado que a utilização de hiperlinks que remetem a outras
matérias ou materiais complementares dentro da estrutura textual do “Q&A” não é
muito recorrente. Só é encontrado em “Foreign Forces in Afghanisthan” (3), em
compensação de forma volumosa. São links que remetem somente a materiais
produzidos pelo próprio órgão de comunicação, construindo um efeito de arquivo. Mas
a utilização do próprio banco de dados é capaz de trazer no exato momento da leitura o
que foi veiculado na BBC sobre o que se lê, além de fornecem dados extras, como neste
caso um mapa e a pesquisa citada na resposta de forma integral.

Considerações Finais
Após a análise do material podemos afirmar que a prática jornalística realizada
nesses “Q&A” se enquadra na perspectiva de contextualização e explicação dos
acontecimentos. Tarefas que Ari Hainonem aponta como sendo o novo viés de trabalho
do jornalismo nesse momento. Porém não se pode ignorar o fato de existir uma empresa
por trás desse processo.
A BBC explicita as suas intenções e seu posicionamento de forma recorrente ao
longo do material, porém esse aspecto não é simples de ser percebido sem que se realize
um estudo crítico mais a fundo. Ela emite suas opiniões e intenções de forma sutil: na
angulação do material, na escolha e na ordem das perguntas e dentro do próprio texto,
valendo-se da forma que se redige, além de afirmações e questões com a pretensão de
análise ou de reflexão.
Não existe uma atividade isenta de ideias e ideais, principalmente quando o ator
do processo é uma empresa, e é necessário conscientizar o webleitor disso. Esse é
somente um passo para a contextualização sobre o assunto, e não a única verdade
existente, tendo em vista que o mesmo caso pode ser visto a partir de diversos outros
pontos – o lado dos Iranianos nos impasses que estão relacionadas ao Oriente Médio,
por exemplo.
A questão da credibilidade e a validação das fontes geram uma grande polêmica
no mundo da web. A facilidade de se encontrar informação na Internet é notável, mas o
problema passa da “disponibilidade” para a “qualidade” das informações. Esse é o
diferencial que um trabalho realizado por um veículo de comunicação tradicional e que
é reconhecido por produzir um jornalismo sólido é capaz de oferecer. Ele consegue,
através desses “Q&A”, condensar informação - que é veiculada em diferentes notícias e
em diferentes momentos – explicando e contextualizando o leitor sobre um assunto
complexo em um único material de fácil acesso e compreensão.
Nessa sociedade qual a informação se tornou recurso econômico estratégico, os
mass media não abdicarão do poder que sempre tiveram em mãos. Pelo contrário, eles
podem utilizar a sua estrutura e seu nome para se estabelecerem de forma definitiva no
contexto comunicacional da rede, mesmo que não sejam como os únicos
disseminadores de informação.

Referências Bibliográficas
TAKAHASHI, T. (Org.)., 2000, Sociedade da informação no Brasil: Livro Verde. Brasília:
Ministério da Ciência e Tecnologia.

TRIGUEIRO, Osvaldo Meira, 2001. O Estudo Científico da Comunicação: Avanços


Teóricos e Metodológicos ensejados pela escola latino-americana. Disponível em:
http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista6/artigo%206-3.htm. Acessado no dia 2 de julho
de 2010.
HOHLFELDT, Antônio, 2001. Teorias da Comunicação: Conceitos, escolas e tendências.
Editora Vozes, 6° Edição.

CASTELLS, Manuel, 1999. Sociedade em Rede. A Era da Informação: economia, sociedade e


cultura, vol. 3, São Paulo: Paz e terra.

HEINONEM, Ari. Jounalism in The Age of the Net – Changing Society, Changing
Profession. Disponível em: http://acta.uta.fi/pdf/951-44-5349-2.pdf

BRUNS, Axel, 2003. Gatewatching, Not Gatekeeping: Collaborative Online News.


Disponível em: http://eprints.qut.edu.au/189/1/Bruns_Gatewatching.PDF

Matérias ( Q&A ) utilizadas no estudo; Disponíveis no site da BBC Internacional, em:


http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/8343494.stm
http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/4031603.stm,
http://news.bbc.co.uk/2/hi/south_asia/8388711.stm,
http://news.bbc.co.uk/2/hi/technology/8582928.stm, acessadas no dia 6 de setembro de 2010.

Apêndice

Figura 1. Página da BBC com o Q&A Iran Protests (1) que possui o cabeçalho Key
Stories. Esse é o único dos Q&A estudados que não possui o texto introdutório.

Figura 2. Página da BBC com o Q&A Foreign Forces in Afghanisthan (3) que consta o
cabeçalho Latest News. Percebe-se o texto introdutório antes de se iniciarem as
perguntas.
Figura 1
Figura 2

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