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PERSPECTIVA

Nº 1/2015

BRASIL
O Trabalho no Futuro

Reiner Hoffmann
OUTUBRO DE 2015

A experiência da crise financeira global mostrou que não estamos, de


modo nenhum, indo em direção a uma sociedade nova, baseada apenas
em serviços. Talvez isso nem seja desejável. Em 11 princípios, Reiner Hoff-
mann, presidente da Central Sindical Alemã (DGB) descreve como o tra-
balho decente e o trabalho do futuro devem ser moldados.

A digitalização afeta todas as áreas do trabalho e da vida. Os sindicatos


devem lutar por uma regulamentação inteligente do trabalho digital. Te-
mos que encontrar novas formas de seguridade social, de participação e de
codeterminação. O que o trabalho do futuro requer não é mais desregula-
mentação, mas legislação trabalhista moderna.

O tradicional “contrato padrão de emprego” baseado em um modelo de


emprego de tempo integral contínuo (para homens) não mais se encaixa no
modo como muitas pessoas planejam suas vidas. Atualmente, uma questão
importante para os empregados é ter mais soberania sobre o seu tempo. Se
levarmos em conta as melhores situações de vida dos indivíduos, termina-
remos por reconhecer o trabalho que as pessoas fazem ao cuidar dos outros.

Moldar o trabalho do futuro demandará uma soberania reforçada na


negociação salarial e um aumento da cobertura dos acordos coletivos. No
futuro, teremos que focar mais de perto nos diferenciais de renda entre
homens e mulheres. A educação é a base para o Trabalho Decente e para o
emprego do futuro, que precisa ser capaz de aguentar a pressão do aumen-
to da competição nos mercados globais.
Reiner Hoffmann | O TRABALHO NO FUTURO

Introdução Declaração de Filadélfia, que estabeleceu os


objetivos e propósitos da Organização Inter-
O debate acerca do futuro do trabalho certa- nacional do Trabalho (OIT). Pretendemos
mente não é novo e há muitas décadas vem usar as possibilidades e o potencial ofereci-
tendo papel de destaque no discurso socio- dos pelo trabalho do futuro para fazer exa-
político e sindical. Está claro que nunca foi tamente isso. Ao mesmo tempo, o trabalho
possível dizer com certeza como o trabalho deve ser direcionado para reduzir o estresse
do futuro se pareceria. Hoje em dia, muito psicológico e a pressão sobre o desempenho,
depende das ditas megatendências, tais como para fortalecer as qualificações e para tornar o
a globalização, a digitalização e a mudança horário de trabalho mais flexível em benefício
demográfica, todas de difícil previsão. do trabalhador.

Mas algumas coisas já estão claras: a experiên- Além de promover o desenvolvimento pro-
cia da crise financeira global mostrou que não fissional e pessoal, bem como aumentar a
estamos, de maneira nenhuma, indo em dire- qualidade do trabalho, esforços especiais são
ção a uma sociedade nova, baseada apenas em necessários para criar condições de trabalho
serviços. Talvez isso nem seja desejável. Sem saudáveis. As estatísticas médicas indicam
dúvida, a reestruturação econômica terá con- que os últimos anos testemunharam um au-
siderável impacto na composição setorial da mento brutal do estresse mental relacionado
economia e as estruturas setoriais tenderão a ao trabalho. Suas principais causas são o au-
se tornarem cada vez mais fluidas. Por outro mento da pressão e esforços inadequados na
lado, os serviços orientados pela produção de- correta estruturação das tarefas, na provisão
sempenharão um papel cada vez maior, com dos meios para realizá-las e na organização do
os elos entre a indústria e os serviços tornan- trabalho. Os aspectos sociais das condições de
do-se cada vez mais próximos. trabalho são outro fator de estresse.

Todavia, o emprego bem remunerado conti- Quando falamos de condições humanas


nuará a depender, em grande medida, do valor de trabalho, precisamos olhar para além da
gerado pela indústria. Na Alemanha, a parti- Alemanha e da Europa. A globalização das
cipação da indústria na criação de valor man- cadeias de valor também tem implicado, em
tém-se em 25% – extremamente alta se com- muitos casos, na exploração de funcionários
parada ao restante da Europa. Os empregos na em países em desenvolvimento – há pouco
indústria continuarão a desempenhar um pa- tempo a indústria têxtil forneceu exemplos
pel muito importante no trabalho do futuro. bastante drásticos disso. Moldar condições
de trabalho que assegurem Trabalho Decente
Os seguintes 11 princípios descrevem como o em outras regiões do mundo também é uma
Trabalho Decente e o trabalho do futuro de- questão que preocupa os sindicatos alemães.
vem ser moldados.
2. Trabalho Decente oferece oportunidades
1. Trabalho Decente é trabalho concebido para qualificação continuada e
para pessoas desenvolvimento profissional

É preciso muito esforço para tornar o emprego Educação e qualificação têm sido tópicos
em “emprego de feição humana” como rei- destacados de nosso debate público há mui-
vindicado muito tempo atrás, em 1994, pela tos anos. Há uma boa razão para isso: o nível

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Reiner Hoffmann | O TRABALHO NO FUTURO

educacional é fator chave na determinação do determinação fornece a base para equilibrar


lugar que ocupamos em nossa sociedade. A re- desejos individuais, interesses sociais e êxito
gra básica ainda é que níveis mais altos de de- econômico. Ninguém deve ser reduzido a
sempenho educacional estão correlacionados a um número no local de trabalho. A ativida-
melhores chances de participação no mercado de econômica não é um fim em si mesma.
de trabalho e de inclusão social. Enquanto a A codeterminação transforma empregados
taxa de desemprego para aqueles com educa- em cidadãos no local de trabalho e fortalece a
ção terciária está em 2,5%, os trabalhadores equidade social.
semiqualificados e sem qualificação têm uma
taxa de 20%. E essa tendência deve intensifi- Conselhos de empresa e representação de em-
car-se: novas tecnologias, o nivelamento das pregados em conselhos de administração fa-
hierarquias no local de trabalho e o desloca- zem a diferença. Sem essa transferência legal
mento das tarefas de coordenação para o ní- e politicamente motivada de responsabilidade
vel executivo – tudo isso demanda mais dos cívica a cargos eleitos e voluntários, as insti-
empregados. Portanto, formação educacional, tuições civis, inclusive os locais de trabalho e
qualificações e Trabalho Decente andam de as empresas, não poderiam funcionar. Esses
mãos dadas. Para que as pessoas vivam e tra- cargos prestam-se a múltiplas finalidades: eles
balhem com dignidade, uma boa educação e equilibram interesses distintos, conduzem
treinamento devem ser direitos básicos. os conflitos a soluções viáveis e determinam
como o trabalho e o ambiente das pessoas são
A educação é base do Trabalho Decente e do moldados na prática. Conselhos de empresas
emprego do futuro, que precisa ser capaz de e representação de empregados dão feições
aguentar a pressão do aumento da competi- democráticas à nossa coexistência com os em-
ção nos mercados globais. À medida que a pregadores. Essa é a realização civilizacional
vida das inovações tecnológicas vai se tornan- da codeterminação.
do mais curta, assim também nossas qualifi-
cações ficam desatualizadas mais rapidamen- No futuro, assegurar o status quo ocupacio-
te. Portanto, precisamos pressionar a fim de nal será menos importante. Em vez disso,
que haja uma expansão contínua dos progra- maior participação será crucial no apoio ao
mas de treinamento para que estes cubram indivíduo durante os processos de mudança
toda a vida laboral das pessoas – no marco no local de trabalho e na defesa de seu em-
dos acordos salariais e dos períodos de trei- prego no mercado de trabalho. Nesse mundo
namento estatutários. A educação e a política do trabalho em mudança, os instrumentos da
educacional, entretanto, não devem ser vistas Lei de Constituição dos Conselhos de Fábri-
apenas através da lente de seu valor econô- cas devem ser usados mais uma vez para dar
mico. Educação decente também possibilita um papel mais destacado a acordos salariais e
participação democrática e cultural em so- autonomia salarial.
ciedade, e sempre tem ainda uma dimensão
emancipatória. 4. Trabalho Decente é protegido e moldado
por acordos coletivos
3. Trabalho Decente significa
codeterminação Outro importante fator na configuração do
trabalho do futuro será reforçar a soberania
Em combinação com acordos salariais cole- na negociação salarial, além da maior cober-
tivos concluídos entre parceiros iguais, a co- tura do acordo coletivo. Precisamos pôr fim à

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Reiner Hoffmann | O TRABALHO NO FUTURO

situação em que, todos os dias, os emprega- turo que sejam compartilhados por grandes
dores abandonam um acordo salarial. Muitos parcelas de nossas sociedades.
deles não estão mais organizados em associa-
ções patronais ou então pleiteiam um status O setor de baixos salários da Alemanha é um
de membro especial que os libera de respeitar dos maiores da Europa. O desemprego, que
acordos coletivos. A opção de ser membro es- ainda afeta quase três milhões de pessoas (um
pecial tem que ser impedida. milhão delas desempregados de longo prazo),
precisa ser enfrentado também. Se formos
Reformular a política de negociação tam- bem-sucedidos em enraizar o valor do trabalho
bém é crucial para adaptar as condições de em nossos debates sociopolíticos, estaremos
trabalho a diferentes faixas etárias, em parti- bem equipados para responder a esses desafios.
cular a empregados mais antigos. O número
crescente de acordos coletivos com base em 6. O Trabalho do Futuro precisa regular o
questões demográficas, de saúde e de qualifi- trabalho digital, não combatê-lo
cações ilustra a importância da questão. Esses
acordos tratam das questões da customização A digitalização afeta todas as áreas do traba-
do trabalho a empregados de diferentes gru- lho e da vida. Ela não se limita aos empregos
pos etários – inclusive aqueles próximos da tradicionais da indústria, mas cobre quase to-
aposentadoria – e da estruturação do trabalho dos os serviços, conquanto ainda em graus va-
das pessoas tendo por base as diferentes fases riados. Não há dúvida de que os vetores mais
da vida. fortes da mudança econômica fundamental
e da mudança no local de trabalho ensejam
5. O valor do trabalho deve estar no centro enorme potencial de abuso e de desdobra-
do debate sociopolítico mentos indesejáveis com sérias consequên-
cias. Na interface entre as pessoas e as máqui-
Queremos uma política de emprego que seja nas, a mudança tecnológica e a digitalização
viável para o futuro e que reflita as profundas do trabalho irão, cada vez mais, reduzir os
mudanças estruturais que estão ocorrendo no empregados a executores de tarefas menores
mundo do trabalho: mudança demográfica, no processo de trabalho e gerar desemprego
rápido desenvolvimento tecnológico refletido em massa em setores envolvendo tarefas ro-
nos conceitos de “Indústria 4.0” e de “Ser- tineiras de alta automação, isto é, as tarefas
viços Inteligentes”, bem como de mudanças executadas principalmente por trabalhadores
fundamentais nas cadeias de valor e na di- de baixa ou média qualificação. Ao mesmo
visão do trabalho a reboque de globalização tempo, a força de trabalho “digitalmente pre-
crescente. cária” – autônomos (freelancers) trabalhando
sem seguridade social – continuará a crescer
Dados esses desafios, a política de emprego rapidamente.
precisa estar firmemente ancorada na socie-
dade se queremos reter as ferramentas para Um bom exemplo de digitalização avançada
forjar o local de trabalho do futuro. Para esse é o crowdsourcing, que essencialmente é um
propósito, os formuladores de políticas devem novo tipo de terceirização de serviços de vá-
discutir sobre o valor do trabalho, da partici- rias áreas do conhecimento a um grupo de
pação e de um bom equilíbrio entre trabalho pessoas (crowd, em tradução livre do inglês,
e vida. Eles também precisam desenvolver multidão) conectadas através da internet. Pla-
modelos sustentáveis para o trabalho do fu- taformas (intermediários) de crowdsourcing

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Reiner Hoffmann | O TRABALHO NO FUTURO

requisitam serviços de freelancers de qualquer mudança estrutural na região do Ruhr, por


parte do mundo que estão fora do alcance de exemplo, significou o fim da mineração de
qualquer acordo coletivo ou de proteção pre- carvão – também apoiada pelos sindicatos.
videnciária. Hoje as indústrias do carvão e do aço foram
completamente reorganizadas. Mesmo os se-
Os sindicatos enfrentam o desafio de que os tores industriais tradicionais são muito mais
direitos existentes relativamente às proteções eficientes em recursos do que eram alguns
ocupacional e de saúde, às práticas de paga- anos atrás e são chamados, justificadamente,
mentos imorais ou a direitos autorais são de de indústrias facilitadoras essenciais. As ino-
difícil asserção em uma multidão (crowd). vações de produtos e processos nos setores in-
No entanto, o emprego dos trabalhadores tensivos em energia estão dando uma grande
do crowdsourcing também tem que ser regu- contribuição para a redução das emissões de
lamentado. Os sindicatos não devem sim- carbono.
plesmente rejeitar o crowdsourcing per se ou
tentar opor-se a ele. “Ludistas” modernos não Mas isso tudo não quer dizer que não haja
ajudam ninguém. Em vez disso, os sindicatos conflitos entre os objetivos das políticas eco-
devem lutar por uma regulamentação inteli- lógica e sindical. Esses conflitos devem ser
gente do trabalho digital. Precisamos encon- resolvidos proativamente. Precisamos de es-
trar novas formas de seguridade social, de tratégias de conversão e modernização que
participação e de codeterminação. Em sendo contribuam para assegurar o sucesso da mu-
bem-sucedidos em moldar esses processos, os dança estrutural ecológica e que abram novas
sindicatos também decidem o papel que terão perspectivas de emprego.
como representantes dos interesses coletivos
no trabalho do futuro. 8. O Trabalho no Futuro necessita um
marco europeu
7. O Trabalho no Futuro dependerá do
sucesso da mudança ecológica Garantir altos padrões ocupacionais e sociais é
uma tarefa que não pode mais ser empreendida
A proteção ambiental e climática não são fun- por Estados-nações isolados. A livre circulação
ções básicas dos sindicatos quando represen- do trabalho estendida aos cidadãos da UE –
tando os interesses de seus afiliados. Não obs- em outras palavras, o direito de morar e traba-
tante, o trabalho do futuro também depende lhar em qualquer Estado-membro da UE – é
da modernização ecológica das sociedades apenas uma precondição para um mercado de
industriais. O caminho para uma sociedade trabalho europeu. A outra é a regulamentação
do conhecimento e de baixo carbono ofere- dos mercados de trabalho de modo a garantir
ce enorme potencial para a inovação. Mas, o emprego e qualificar as pessoas para que
em geral, os empregos criados no campo das possam assumir novos empregos. O que o tra-
energias renováveis não são cobertos por acor- balho do futuro requer não é mais desregula-
dos coletivos de trabalho. Isso quer dizer que mentação, mas uma nova legislação trabalhista
aí também reside uma grande oportunidade em nível europeu. Isso inclui transferências
para os sindicatos. sociais que apoiem o investimento e não o
consumo, governos trabalhistas eficazes nos
Temos que ser honestos sobre o fato de que Estados-membros, a expansão dos serviços de
a mudança estrutural ecologicamente mo- emprego em nível europeu e a promoção siste-
tivada traz o risco da perda de empregos. A mática da mobilidade.

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Reiner Hoffmann | O TRABALHO NO FUTURO

Os padrões europeus de emprego e saúde não do emprego feminino permite-nos falar em


são obstáculos burocráticos e, portanto, não são “feminização” do trabalho, enquanto novos
parte da agenda da UE para a redução da bu- modelos de família têm contribuído para essa
rocracia. Esses padrões são, de fato, a base para mudança. Alguns aspectos chave neste caso
condições de trabalho saudáveis e precisam ser são a expansão das escolas em tempo integral,
atualizados à medida que o mundo do trabalho o direito legal a creches, a assim chamada
muda. Ao mesmo tempo, precisamos fortalecer “bolsa-pais” e contratos coletivos de trabalho
os direitos de codeterminação europeus. que facilitaram o equilíbrio trabalho/vida.

9. O Trabalho no Futuro precisa de Algumas das realidades do emprego feminino


políticas de imigração bem-sucedidas são, contudo, que as mulheres na Alemanha
ainda ganham 20% menos do que seus co-
A Alemanha já é um país de imigração, mes- legas homens, que elas são desproporcional-
mo que a sociedade alemã por muito tempo mente representadas no emprego de meio
tenha se recusado a aceitar esse fato. Os deba- período e que enfrentam maiores obstáculos
tes atuais sobre a xenofobia, o populismo de para seu crescimento. A atual discussão sobre
extrema direita e a hostilidade contra a Euro- as mulheres em cargos gerenciais – em par-
pa demonstram que nós precisamos ser proa- ticular, nos conselhos de administração das
tivos ao professar nosso apoio a uma Europa principais empresas listadas no Índice da Bol-
aberta – uma Europa de migração. sa de Valores Alemã – emite, portanto, um
importante sinal acerca do tratamento das
Na discussão sobre a imigração, é comum mulheres com igualdade no emprego.
deixarmos de levar em conta o fato de que
a imigração também traz benefícios para a Até hoje, os sindicatos vêm dedicando seus
força de trabalho alemã. Em média, os imi- maiores esforços à redução da diferença sala-
grantes são bem qualificados e nós os neces- rial entre homens e mulheres. No futuro eles
sitamos para mitigar uma possível escassez de deverão focar mais de perto na questão das di-
mão de obra qualificada. Em uma economia ferenças de renda. Mais mulheres – em geral
como a alemã, uma escassez de mão de obra por razões familiares – trabalham em cargos
qualificada reduz as possibilidades de parti- de meio período. E porque elas interrompem
cipação no mercado de trabalho e a imple- seus empregos com maior frequência e por
mentação do Trabalho Decente para todos e períodos mais longos do que os homens, em
todas. Essa é apenas uma razão por que a polí- média elas ganham menos no curso de suas
tica de imigração não é direcionada a “grupos vidas profissionais. Assim sendo, qualquer
marginais”, mas é um pilar central em nossas dispositivo legal ou acordo coletivo que torne
reflexões sobre o trabalho do futuro. mais fácil a conciliação entre a vida familiar e
a manutenção de um emprego bem remune-
10. O Trabalho no Futuro apresenta rado fortalecerá as mulheres.
equilíbrio de gênero
11. O Trabalho no Futuro dá aos
O “contrato padrão de emprego” tradicional trabalhadores mais soberania sobre
baseado em um modelo de emprego de tem- seu tempo
po integral contínuo (para homens) não mais
se encaixa no modo como muitas pessoas na O poder que os sindicatos têm de forjar po-
Alemanha planejam suas vidas. O aumento líticas sobre a duração da jornada de traba-

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Reiner Hoffmann | O TRABALHO NO FUTURO

lho mudou radicalmente no curso da histó-


ria. E as próprias conquistas do sindicalismo
tiveram importante papel nisso. Hoje, uma
questão importante para os trabalhadores é a
de ter mais soberania sobre seu tempo. Eles
querem ter mais liberdade para determinar
quando trabalham no curso de suas vidas la-
borais para acomodar necessidades pessoais,
seja perseguir projetos próprios, cuidar de
filhos ou pais idosos, atuar politicamente ou
tirar um ano sabático. Essa abordagem está
baseada na ideia de “ter espaço para respirar”
em nossa própria vida laboral, que é impor-
tante para determinar a qualidade de vida. A
flexibilidade que os empregados têm para es-
tabelecer seus horários de trabalho e de folga
é vista como um indicador disso.

Uma política inteligente de vida laboral e


mais flexibilidade para os funcionários deci-
direm seus próprios horários fornecem uma
oportunidade para melhor adaptar o trabalho
aos desejos e necessidades das pessoas. Os em-
pregados não devem continuar a ser punidos
por decidirem não trabalhar em tempo inte-
gral por razões familiares ou por razões de de-
senvolvimento pessoal. Interrupções e pausas
na carreira não podem continuar a atribuir
status “de segunda classe” aos empregados.
Se levarmos melhor em conta as situações de
vida dos indivíduos, terminaremos por re-
conhecer o trabalho que as pessoas fazem ao
cuidar dos outros. Isso também nos ajudará a
derrubar a tradicional divisão entre trabalho
doméstico remunerado e trabalho doméstico
realizado no interior da família. Em outras
palavras, o mundo do trabalho tem que estar
mais sintonizado com nossas vidas.

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Sobre o autor Responsável

Reiner Hoffmann é presidente da Central Sindical Friedrich-Ebert-Stiftung (FES) Brasil


Alemã (DGB). Av. Paulista, 2001 - 13° andar, conj. 1313
01311-931  I  São Paulo  I  SP  I  Brasil
Este artigo é um sumário da contribuição de Reiner www.fes.org.br
Hoffmann ao livro Arbeit der Zukunft: Möglichkeiten
nutzen – Grenzen setzen, Frankfurt/Main, Campus,
520 pp.

Friedrich-Ebert-Stiftung (FES)
A Fundação Friedrich Ebert é uma instituição alemã sem fins lucrativos, fundada em 1925. Leva
o nome de Friedrich Ebert, primeiro presidente democraticamente eleito da Alemanha, e está
comprometida com o ideário da Democracia Social. Realiza atividades na Alemanha e no exte-
rior, através de programas de formação política e de cooperação internacional. A FES conta com
18 escritórios na América Latina e organiza atividades em Cuba, Haiti e Paraguai, implementa-
das pelos escritórios dos países vizinhos.

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não necessariamente refletem as da
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