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estudo da neuroestética
Juliana Domingos de Lima10 de out de 2017(atualizado 10/10/2017 às 21h55)
Pesquisas têm usado a neurociência para investigar o que acontece,
do ponto de vista neurológico, quando se vivencia uma experiência
estética
Campo de estudo recente, a neuroestética ganhou em 2002 uma definição formal: trata-se
do estudo dos fundamentos neurológicos da contemplação e criação artística. Ela busca, por
meio da neurociência, explicar como as experiências estéticas são processadas no cérebro
dos espectadores e, também, o que ocorre na cabeça do artista quando ele cria uma
obra.Em setembro, o jornal “Washington Post” publicou a reportagem especial “This is your
brain on art” (Este é o seu cérebro sob efeito da arte, em tradução livre). Lançando mão de
estudos da neuroestética e tomando como exemplo uma apresentação do balé “O Lago dos
Cisnes”, o material expõe algumas descobertas relativas aos aspectos que “ativam” o
cérebro durante um espetáculo de dança, por exemplo.
O todo da experiência
“Quando você vai a um balé — ou qualquer outro espetáculo — está adentrando uma
experiência altamente controlada. Se tudo funcionar como planejado, todos os elementos
contribuem para uma espécie de consciência compartilhada. Suas bilhões de células
cerebrais estão interagindo com outras bilhões de células cerebrais, fazendo as conexões
microscópicas que congregam o cérebro dos presentes com uma força quase inescapável”,
diz a reportagem especial.
A narrativa que se desenrola nos faz nos conectar com os atores ou dançarinos, atribuímos
significado à sequência de ações, respondendo aos estímulos visuais, sentindo emoções
conforme a música e o movimento se combinam e até nos conectando com os demais
presentes. O poder da arte de fazer transcender o local, o momento e a realidade na qual
nos encontramos, no entanto, ainda não foi desvendado.
Além de estudar o cérebro dos artistas enquanto trabalham, o projeto captou sinais elétricos
emitidos pelo cérebro de centenas de indivíduos ao interagirem com as obras.
A técnica de brain imaging, que mostra a atividade do cérebro enquanto se realiza uma
ação, se pensa ou se emociona, é usada nesse tipo de estudo para mostrar padrões de
ativação das diferentes regiões cerebrais.
Evidências experimentais recentes esclarecem que, embora no plano das experiências
estéticas – que implicam sentimentos, recordações, emoções e outras coisas mais – os
seres humanos mostrem um forte caráter individual (porque ligados a componentes
genéticos e culturais), diante de uma obra de arte eles compartilham as mesmas percepções
elementares. Nesse sentido, perceber o mesmo objeto ou experimentar as mesmas
emoções provocam a ativação das mesmas áreas cerebrais em todos os seres humanos.
Mauro Maldonato, Silvia Dell’Orco e Ilaria Anzoise