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Objetivos
• Conhecer aspectos relevantes de contextualização do período de atuação
dos pedagogos musicais pertencentes à Primeira Geração.
• Aprofundar os conhecimentos referentes às pedagogias musicais propostas
por cada um dos pedagogos musicais da Primeira Geração dos métodos ativos.
Conteúdos
• Métodos ativos em educação musical.
• Pedagogos musicais da Primeira Geração.
2) Leia com atenção cada uma das biografias e observe a trajetória de vida de
cada pedagogo. Faça relações com a sua vida pessoal e com as reflexões
que você tem diariamente a respeito da sua prática profissional.
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3) Não se fixe em apenas um pedagogo: cada proposta tem suas qualidades
e você pode usá-las em suas reflexões e práticas.
1. INTRODUÇÃO
Nesta unidade, apresentaremos as biografias e os méto-
dos/metodologias de cada um dos pedagogos da primeira gera-
ção do século 20, que foi – e ainda é – importante referência e
fonte de pesquisa para a educação musical.
Em cada uma das apresentações, faremos uma breve introdu-
ção à biografia para que você conheça também os seres humanos
que estão por trás de cada pedagogo musical. É fundamental levar
em consideração o contexto histórico-cultural em que ele está inse-
rido para que a avaliação acerca dos métodos seja profunda e coe-
rente. Não queremos convencê-lo da maior importância de um ou
outro método, mas sim, mostrar as diversas qualidades pedagógico-
-musicais existentes em cada um deles. Vamos começar?
Problematização
Jaques-Dalcroze era austríaco,
mas mudou-se ainda criança para a
Suíça. Depois de toda a sua formação
musical, atuou como professor no Con-
Figura 1 Émile Jaques Dalcroze.
Princípios Pedagógicos
Jaques-Dalcroze é considerado um pioneiro no estabeleci-
mento dos princípios indicados a seguir:
Eurritmia
Eurritmia significa "bom ritmo" ou "fluxo", no sentido de
um envolvimento ativo do corpo em uma verdadeira ginástica
rítmica. O objetivo é que o estudo dos elementos da música
aconteça sempre a partir do movimento, ou seja, utilizando o
corpo como suporte para o entendimento dos conceitos teóricos
(MARIANI, 2011, p.41).
O trabalho com a eurritmia parte de uma educação muscu-
lar e respiratória, consideradas as fontes originais de ritmos em
nosso corpo.
Em seu livro Le rythme, la musique et l'éducation,
Jaques-Dalcroze afirma que "o estudo do movimento evoca o or-
ganismo como um todo" (1965, p.61); já o estudo do ritmo evoca
o sentido rítmico corporal e o sentido auditivo dos ritmos, como
continua o autor:
O senso rítmico corporal [é] desenvolvido a partir de uma edu-
cação especial do sistema muscular e dos centros nervosos às
qualidades de receptividade e de expressão nas nuances de força
e elasticidade no tempo e no espaço; de concentração na análise
e na espontaneidade de execução dos movimentos rítmicos. Isso
Solfejo
A partir de práticas de eurritmia durante um ano,
Jaques-Dalcroze indica o segundo momento de sua pedagogia
musical como o solfejo, que é a faculdade de reconhecimento
de timbres (identidade de cada som), do senso de grau e de
relação da altura dos sons (quanto são mais agudos ou graves
entre si, caracterizando cada tonalidade), e do entendimento e
representação mental de melodias (ou seja, conseguindo "ouvir"
um conjunto de notas musicais mesmo sem cantar ou tocar)
(MARIANI, 2011, p. 42 - 44).
Improvisação
A etapa final da pedagogia proposta por Jaques-Dalcro-
ze é a improvisação, considerada o tipo de fazer musical mais
complexo.
De forma geral, a improvisação pode ser entendida como:
A arte de criar algo no momento, portanto, em tempo limitado,
com um material também limitado. Esse processo implica a ne-
cessidade de tomar decisões certas para criar algo que funcione
naquele instante (COLLURA, 2008, p.12).
Exemplos de atividades
Duplas em movimento
1) O professor apresenta aos alunos um determinado
som (por exemplo: um toque em um triângulo), e se-
para a turma em grupo 1 e grupo 2, solicitando que
todos fiquem em pé em um espaço amplo.
2) Agora todos devem se misturar (sabendo a qual grupo
pertence 1 ou 2).
3) A partir daí, serão dadas informações de o que deve
ser feito no espaço: sempre o professor diz a nova re-
gra e, para indicar que todos devem segui-la, utiliza o
som do triângulo.
4) A cada toque do triângulo são dadas instruções como:
a) estudantes do grupo 1 caminham o mais rápido pos-
sível, e estudantes do grupo 2, o mais lento possível;
b) vice-versa; c) grupo 1 caminha para a frente, len-
tamente, e grupo 2 caminha para trás; d) vice-versa;
e) dois colegas do grupo 1 juntam-se, encostando um
ombro para andar lado a lado (repetindo-se as primei-
ras 4 instruções, agora em dupla).
O objetivo é perceber a consciência rítmica de cada um,
ocupando-se o espaço.
Dica
Na internet você encontra diversos vídeos que exemplificam
o uso do Método Dalcroze. A sugestão é buscar em sites de
reprodução de vídeos, como o You Tube por vídeos da "Dal-
croze Society of America" ou "FIER International Federation of
Eurhythmics Teachers". Apesar de muitos vídeos estarem em
outra língua (inglês ou francês) é muito fácil perceber a intenção
de cada atividade, uma vez que você já está familiarizado com
o método.
Problematização
Zoltán Kodály foi um educador musi-
cal nascido na Hungria, localizada na Europa
central. Sua nação fica no centro da Europa,
Figura 2 Zoltan Kodály
Princípios Pedagógicos
Para Kodály, era muito importante estabelecer uma ligação
da música folclórica a três fontes formativas: o pensamento, o
sentimento e a vontade.
O pensamento estaria no papel dos musicólogos, que
são aqueles que efetuam a análise e a organização do material
musical bruto; o sentimento seria o papel do compositor, trans-
formando o material inicial em arte. Já a vontade se situaria no
papel do professor e do aluno, nos processos de formação, edu-
cação (FONTERRADA, 2008, p.154).
Dessa forma, com sua metodologia buscava reconstruir a
identidade do povo húngaro, desenvolvendo a musicalidade in-
dividual da totalidade da nação, e mantendo a cultura musical
considerada "natural", a partir das fontes de transmissão da tra-
dição oral (FONTERRADA, 2008, p.154).
Para isso, propunha que era necessária a alfabetização
musical universal, construída a partir de uma grande reforma no
ensino, a partir do canto em grupo e da introdução de material
específico, composto por canções folclóricas e nacionalistas, no
currículo da formação escolar – o que de fato foi posto em práti-
ca, a partir da década de 1940, partindo de articulações políticas
de Kodály com o governo da Hungria. Esta alfabetização musical
incluía uma série de ferramentas como a leitura e a escrita musi-
cal, o treinamento auditivo, a rítmica, o canto e a percepção mu-
sical, a partir de movimento e jogos (FONTERRADA, 2008, p.155).
Para Jaques-Dalcroze, o ensino de música devia ser para
todos e desde cedo. Isso também era considerado fundamental
para Kodály, mas com a diferença de que o ponto inicial seria a
língua musical nativa, a partir do emprego da voz e do canto.
Ferramentas Pedagógicas
Kodály adaptou três estratégias pedagógicas de outros
educadores e músicos, a fim de constituir uma metodologia
completa.
Exemplos de atividades
Exemplo 1
• O professor deve ensinar aos seus alunos o manossolfa.
• Depois de aprendido, os alunos devem cantar as notas
que estão sendo indicadas com a mão pelo professor.
• Após isso, divide-se a turma em dois grupos e cada um
deve obedecer uma das mãos do professor. Os grupos
devem seguir cantando em duas ou mais vozes, sempre
seguindo seus "maestros".
Exemplo 2
Os alunos devem fazer uma apreciação da peça Zangou-se o
cravo com a rosa, de H. Villa-Lobos. Sem que o professor diga o nome
da peça, os alunos devem indicar qual a forma da música e reconhecer
que o tema B é a música folclórica "O cravo brigou com a rosa". Pos-
teriormente, todo o grupo pode cantar a canção. O objetivo é desen-
volver o ouvido interno, ou seja, a memorização de forma que o estu-
dante consiga "ouvir a música" em sua cabeça, mesmo sem o estímulo
musical externo. Este exemplo musical foi escolhido porque, assim
como Kodály e Bartók na Hungria, Heitor Villa-Lobos no Brasil coletou
e arranjou músicas tradicionais, incorporando-as às suas composições.
Dica
Para encontrar a peça sugerida, faça uma busca pelo nome da
música na internet: Zangou-se o cravo com a rosa. Há diversas
versões interessantes. Escute-as e selecione a que melhor se
encaixa na sua proposta de atividade.
Problematização
Assim como Kodály, o educador
Edgar Willems tinha uma preocupação
com a preparação das faculdades audi-
Figura 6 Edgar Willems.
Princípios Pedagógicos
A pedagogia de Willems é, portanto, baseada na relação
que o autor estabeleceu com o caminho do nervo auditivo, que
cria uma relação entre o impacto fisiológico, a reação afetiva e a
cognição.
Por isso, o princípio fundamental de sua pedagogia é que
a escuta é a base da musicalidade. Além disso, a escuta diz res-
peito não apenas ao processo de reação aos sons, mas sim das
relações psicológicas entre a música e o ser humano (FONTERRA-
DA, 2008, p.140).
Ferramentas Pedagógicas
A partir de cada um desses aspectos, Willems fundamenta
sua pedagogia musical. Inicialmente, trabalha-se com elementos
ligados à sensorialidade auditiva, partindo dos parâmetros do
som: altura, intensidade, duração e timbre, dentro de suas va-
Exemplos de atividades
Exemplo 1
Escute com os alunos a peça Personagens de Orelhas Gran-
des, da suíte "O carnaval dos animais", de Saint Saens. Peça aos
alunos que identifique quantos sons tem no "berro" do burrinho.
Pergunte ainda: os sons são graves ou agudos? Os sons são ascen-
dentes ou descendentes? Quantos "berros" o burrinho dá na peça?
Exemplo 2
Faça uma audição com os alunos da peça O cuco no fundo
do bosque, também da suíte "O carnaval dos animais", de Saint
Saens. Sem que os alunos conheçam o nome/compositor da
peça, solicite que identifiquem o animal (cuco) e quantas vezes
ele 'canta' durante a música. Os alunos devem identificar tam-
bém o instrumento que reproduz o som do 'cuco' (clarinete).
Dica
A suíte O Carnaval dos animais, composta por Saint Saens, tem
14 pequenas peças e já foi gravada por diversos grupos instru-
mentais. Faça uma busca na internet pelas palavras "Carnaval
animaux" que você encontrará alguns vídeos com um áudio de
alta qualidade. As palavras-chave para as atividades sugeridas
anteriormente são "coucou" (cuco) e "oreilles" (personagens de
longas orelhas).
Problematização
Carl Orff foi um músico alemão que
teve a vida dedicada a duas importantes
carreiras na música; é mundialmente re-
conhecido não só pela sua pedagogia
musical, mas também como compositor.
Uma de suas obras mais famosas é Car- Figura 7 Carl Orff.
mina Burana, construída a partir de vinte e quatro poemas do
século 13, sendo alguns considerados as músicas eruditas mais
conhecidas no mundo.
Já os ideais pedagógicos de Orff remontam à década de
1920. Uma amiga de Orff, Dorothee Günther, desejava criar uma
escola de música diferenciada, cujo projeto integrasse linguagem
falada, ritmo, movimento, canção e dança, tendo como centro a
improvisação, explorando a imaginação. Em 1924, abriu a Gün-
therschule, em Munique, e Orff colaborou justamente com a
ideia de que o fazer musical é mais do que tocar um instrumento.
A questão principal para Orff era de que música deveria ser uma
reunião de expressão musical, expressão corporal e expressão
verbal (BONA, 2011, 138-139).
Princípios Pedagógicos
Orff partiu do pressuposto de que o aprendizado de músi-
ca deveria ser lúdico, envolvendo os estudantes em atividades de
canto, dança, percussão instrumental, corporal etc. Esse estudo
deveria começar desde cedo, na infância. A ideia de ludicidade
está apoiada na noção de que, assim como no pensamento de
outros pedagogos, o aprendizado acontece inicialmente a partir
da prática do fazer musical, e depois lendo e escrevendo (assim
como acontece no aprendizado da língua). Portanto, a experiên-
cia musical imediata é a base do processo no qual se procura va-
lorizar a expressão individual da criança ou, antes, seu "instinto
natural" (BONA, 2011, 140-141).
Orff baseou suas ideias pedagógicas naquilo que chamou
de "música elementar". Em suas palavras, a definição de música
elementar é a de que:
A música não deve ser tida como abstrata, mas como uma
integração de elementos da linguagem falada, do ritmo, do
movimento, da canção e da dança, numa experiência coletiva
(BONA, 2011, p.128).
Ferramentas pedagógicas
Um dos pontos chave é o trabalho com o ritmo. A partir
da definição de música elementar, Orff entende que linguagem,
música e movimento estão originalmente ligadas pelo fenômeno
rítmico – o ritmo provém do movimento, e é a base da melodia,
que por sua vez vem do ritmo da fala. Por isso, o repertório reú-
ne poemas, rimas, provérbios, jogos, ostinatos (padrões rítmicos
repetitivos), canções e danças, de fonte tradicional, folclórica ou
original, executados de forma falada, cantada ou acompanhada.
A partir do trabalho rítmico, inclui-se o movimento e a improvi-
sação (BONA, 2011, 140-141).
Neste ponto, cabe um destaque sobre uma importan-
te criação de Orff. O compositor procurou fazer com que fosse
possível dispor em uma sala de aula de música uma pequena
orquestra com riqueza sonora que estimulasse as criações das
crianças. Selecionou as marimbas e vibrafones da orquestra sin-
fônica – que são instrumentos de percussão, tocados com ba-
quetas, formados de uma série de lâminas de madeira ou metal,
respectivamente –, adaptando-os para a anatomia infantil. Com
isso, surgiram os xilofones, metalofones e jogos de sinos
Exemplos de atividades
Exemplo 1
1) Escolha com os alunos uma parlenda. Repita diversas vezes
até que todos decorem e então divida a turma em grupos:
a) um grupo deve recitar a parlenda alternando entre
lento/rápido;
b) outro grupo deve recitar a parlenda alternando
entre forte/fraco.
Exemplo 2
1) Entregue aos alunos uma latinha de refrigerante limpa
e vazia. Ensine-os a executar um padrão rítmico sim-
ples: bater palma, levantar a latinha e abaixá-la fazen-
do som na mesa/chão.
2) Execute esse movimento de maneira ritmada e repita
diversas vezes, executando o ostinato rítmico.
3) Peça que os alunos pensem em uma canção que posa
ser encaixada nesse ostinato e executem o ritmo en-
quanto cantam.
O objetivo dessa atividade é a prática do ostinato rítmico.
Problematização
Os questionamentos que levaram
o francês Maurice Martenot a formu-
lar sua metodologia partem de um em-
preendimento familiar. Em 1912, sua
irmã Madeleine desenvolve um curso de
piano com ideias pedagógicas originais,
e que culminaram na criação de L'École
d'Art Martenot, em 1920. Esta escola ti-
nha um programa coordenado por três Figura 9 Maurice Martenot.
irmãos: Madeleine, Ginette e Maurice, além de sua esposa, Ren-
née, e baseado em uma proposta de "educação musical, técni-
ca instrumental e artes plásticas, unidas à consciência corporal
através do relaxamento ativo" (FIALHO; ARALDI, 2011, p.165).
Além disso, o papel da ludicidade no aprendizado da músi-
ca foi discutido por Maurice Martenot no livro Jeux musicaux. A
partir desses ideais, funciona até os dias de hoje a escola Union
des Enseignements Martenot.
Princípios pedagógicos
O pensamento de Martenot é baseado em um princípio
de "pedagogia saudável", ou seja, leva em consideração as dife-
renças fisiológicas e psicológicas entre a criança e o adulto, res-
peitando o tempo natural de aprendizagem da criança (FIALHO;
ARALDI, 2011, p.170). Em outras palavras, Martenot preocupa-
-se com a maneira como o professor conduz o ensino da música
para as crianças.
Dessa forma, enfatiza uma diferença fundamental entre o
que chama de "professor de arte" e "professor para a arte". Se-
gundo Martenot, o professor "de" arte tem o mero objetivo de
cumprir metas de curto prazo, simplesmente repassando con-
teúdos. Já o professor "para a" arte conduz o ensino de forma a
valorizar questões fundamentais como a sensibilização dos estu-
dantes, a importância da estabilidade física e psíquica, a imagi-
nação criativa etc., considerados muito mais importantes do que
uma formação técnica em história da música, teoria ou habilida-
de instrumental (FIALHO; ARALDI, 2011, p.160). Neste aspecto, o
professor e o ambiente musical têm influência decisiva no favo-
recimento de conhecimentos aos estudantes (FIALHO; ARALDI,
2011, p.160).
Para dar conta dessa formação diferenciada, a iniciação
musical se dá pelo despertar da musicalidade, com liberdade de
expressão e a partir de jogos e propostas lúdicas (FIALHO; ARAL-
DI, 2011, p.160). Mais uma vez, portanto, se trata de uma peda-
gogia que insiste na importância do aprendizado musical desde
cedo e a partir da prática, que se torna responsável pela forma-
ção global do estudante.
Ferramentas pedagógicas
1) Desenvolvimento rítmico: experiências musicais ba-
seadas na alternância de relaxamento (thesis) e ativi-
dade (arsis), que é considerada uma das características
básicas da música da nossa cultura. Além disso, parte-
-se de um princípio da progressão, em que o desen-
volvimento rítmico inicia-se com a vivência da pulsa-
ção (que deve ser percebida de forma precisa), para
só depois ser possível expressar simultaneamente
diferentes ritmos e pulsação (FIALHO; ARALDI, 2011,
p.170-171).
2) Desenvolvimento da audição: percebe-se as estrutu-
ras musicais sempre a partir do caráter imaterial da
música, e não de partituras; além disso, antecipa-se
os momentos de audição com relaxamentos (FIALHO;
ARALDI, 2011, p.163).
3) Desenvolvimento melódico (entonação): a partir do
uso de repertório de canções infantis, propõe estimular
a memória musical melódica, verbal, gráfica e gestual.
Parte-se da correta audição para a correta emissão (daí
a importância da ferramenta anterior), procurando ex-
pressar diferentes estados de ânimo (FIALHO; ARALDI,
2011, p.171-173).
Por fim, cabe um destaque a mais duas obras de Marte-
not: o livro "Principes fondamentaux de formation musicale et
leur application" (publicado na década de 1960), e o instrumento
Ondas Martenot (criado em 1928) – trata-se de um instrumen-
to musical eletrônico, que possui diferentes teclados e controles
que, manuseados com os dedos do executante, produzem sons
que podem ser alterados em sua altura (teclado central), inten-
Ondas Martenot
Para conhecer o instrumento Ondas Martenot e vê-lo em fun-
cionamento, acesse o link indicado a seguir:
PHILHARMONIA ORCHESTRA (LONDON, UK). A guide to the
Ondes Martenot. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=ZdnQtOrivV8>. Acesso em: 02 fev. 2016.
Exemplos de atividades
Exemplo 1
• Cante uma canção já conhecida pelos alunos utilizando
a técnica boca chiusa (boca fechada) ou usando um ins-
trumento melódico e peça que eles identifiquem qual
música está sendo cantada/executada.
O objetivo dessa atividade é estimular a memória musical.
Exemplo 2
• Proponha aos alunos a audição da peça Galop Marquis,
de F. Chopin. Peça que todos identifiquem de quantas
partes é formada a música e quais são as características
de cada parte: se são lentas ou rápidas, iguais ou dife-
rentes, mais agudas ou graves. Apresente aos alunos a
peça e sua forma musical. (A-B-A).
O objetivo dessa atividade é perceber a estrutura da
música.
Dica
Busque na internet pelas palavras Galop Marquis e você facil-
mente encontrará a canção sugerida. Essa peça foi escrita em
1846 por F. Chopin e foi pensada para seus dois cachorros: Dib
e Marquis.
Problematização
Nascido em Nagoya, no Japão, Suzuki
passou a infância trabalhando na fábrica
de violinos do pai. Não teve instruções
formais de música na infância. Já aos 22
anos foi estudar na Alemanha. Quando
voltou para o Japão, enfrentou a segunda
Guerra Mundial com a família e viu a fábrica
de violinos do pai ser bombardeada. Figura 10 Shinichi Suzuki.
Princípios Pedagógicos
Baseando-se na premissa de que todas as crianças apren-
dem a falar suas línguas maternas sem qualquer instrução téc-
nica ou formal, apenas por imitação, ele desenvolve a ideia de
que todo indivíduo possui talentos que podem ser desenvolvidos
pela educação. Segundo Goulart (2000, p. 4), o método Suzuki se
baseia:
[...] na sua observação do modo rápido e natural como as crian-
ças pequenas aprendem a língua materna. Sua primeira escola,
fundada em 1950 em Nagano, viu surgirem em curto prazo vá-
rios violinistas famosos .
Ferramentas Pedagógicas
Finalmente, é interessante registrar as considerações de
dois educadores musicais brasileiros que fazem comentários
críticos a respeito da metodologia Suzuki e de sua aplicação no
Brasil.
Marisa Fonterrada
A autora argumenta que há uma contradição entre o que
Suzuki chama de "meio" e o verdadeiro meio ambiente musical
do Japão: demonstrando que o meio é fundamental no processo
de aprendizagem da língua, o objetivo seria potencializar a mes-
ma lógica no aprendizado da música.
Contudo, segundo Fonterrada, este meio não é natural,
pois é criado pelos pais da criança de forma artificial, muito mais
em consonância com os padrões da cultura ocidental do que
com o da cultura japonesa.
Nesse sentido, o caminho de Suzuki pode ser considerado
oposto ao de Kodály, pois este último busca nas raízes tradicio-
nais a cultura nacional, enquanto Suzuki "desconhece a tradição
de seu país e cria um meio asséptico, de caráter laboratorial,
em que insere a música clássica europeia" (FONTERRADA, 2008,
p.174).
Fredi Gerling
De modo contrário a Fonterrada, Gerling propõe uma bre-
ve explanação dos princípios pedagógicos da metodologia Suzu-
ki, para então responder o que ele afirma serem "algumas das
críticas mais difundidas do método" (GERLING, 1989, p.51).
A primeira é a ideia justamente de que "o método Suzuki é
massificado e mecânico, as crianças tocam todas igualmente", a
que o autor responde demonstrando que o aprendizado em gru-
po, e o hábito de tocar em conjunto uniformemente, é uma das
Exemplos de atividades
Exemplo 1
• Escolha uma música conhecida dos alunos e proponha
que todos cantem a peça com a sílaba "ta", para treinar
a memória.
Exemplo 2
Na prática Suzuki, a ideia de incentivar o aluno à prática
diária é bastante pertinente e discutida. A atividade aqui descrita
foi retirada do livro Pedagogias em Educação Musical, de Ilari
(2011). Confira:
"Na fase preparatória, que antecede as aulas de música, alguns
professores sugerem que os pais introduzam o instrumento de
forma lúdica, como, por exemplo, através da construção conjun-
ta de um instrumento de papelão. A criança participa da criação
à manutenção do instrumento, o que pode ser muito útil quan-
do ela tiver um instrumento 'de verdade'."(ILARI, 2011, p. 208).
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Segundo Jaques Dalcroze, a improvisação é:
a) a expressão musical individual do estudante.
b) a expressão musical de um talento.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) a.
2) b.
3) d.
4) a.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da Unidade 2, na qual você teve a chan-
ce de conhecer os principais pedagogos musicais da Primeira
Geração do século 20. Todos esses pedagogos contribuíram, de
uma forma ou de outra, para que a educação musical como co-
nhecemos hoje fosse reflexiva.
Lembre-se de que o Conteúdo Digital Integrador amplia-
rá seu conhecimento sobre o assunto, portanto, faça as leituras
nele indicadas.
Na próxima unidade, você conhecerá um pouco dos peda-
gogos musicais da Segunda Geração do século 20.
6. E-REFERÊNCIAS
GOULART, Diana. Dalcroze, Orff, Suzuki e Kodály: semelhanças, diferenças,
especificidades. Disponível em: <http://www.dianagoulart.com/Canto_Popular/
Educadores_files/COMPARACAOMETODOSDOKS.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2016.
Lista de figuras
Figura 1 Émile Jaques Dalcroze. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/thumb/1/19/Emile_Jaques_Dalcroze.jpg/220px-Emile_Jaques_
Dalcroze.jpg>. Acesso em: 29 jan. 2016
Figura 2 Zoltán Kodály. Disponível em: < http://ichef.bbci.co.uk/images/ic/960x540/
p01bqt81.jpg>. Acesso em: 29 jan. 2016.
Figura 6 Edgar Willems. Disponível em: <http://pedagogiasmusicais.blogspot.com.
br/>. Acesso em: 02 fev. 2016.
Figura 7 Carl Orff. Disponível em: <http://www.orff.de/en/life/musical-works/
language.html >. Acesso em: 02 fev. 2016 .
Figura 9 Maurice Martenot. Disponível em: <http://www.danacountryman.com/
martenot_project/martenot.html>. Acesso em: 02 fev. 2016.
Sites pesquisados
INTERNATIONAL SUZUKI ASSOCIATION. Home page. Disponível em: <http://www.
internationalsuzuki.org/>. Acesso em: 02 fev. 2016.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(orgs.). Pedagogias em Educação Musical. Curitiba: IBPEX, 2011. p.126-156.
BOURSCHEIDT, Luís. Música elementar para crianças: arranjos de canções infantis
brasileiras para instrumentos Orff. Curitiba: DeArtes-UFPR, 2007.
COLLURA, Turi. Improvisação: práticas criativas para a composição melódica na música
popular. Rio de Janeiro: Vitale, 2008.
FIALHO, Vania M.; ARALDI, Juciane. Maurice Martenot: educando com e para a música.
In: MATEIRO, Teresa; ILARI, Beatriz (orgs.). Pedagogias em Educação Musical. Curitiba:
IBPEX, 2011. p.158-184.
FONTERRADA, Marisa T. O. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. 2.ed.
São Paulo: Unesp, 2008.
GERLING, Fredi. Suzuki: o "método" e o "mito". Em pauta, Porto Alegre, n.1, v.1,
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JAQUES-DALCROZE, Émile. Le rythme, la musique el l'éducation. Paris: Faetisch 1558, 1965.
MARIANI, Silvana. Émile Jaques-Dalcroze: a música e o movimento. In: MATEIRO,
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PAREJO, Eny. Edgar Willems: um pioneiro da educação musical. In: MATEIRO, Teresa;
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WOODWARD, Betty; BROYLES, Julia. Using Kodály and Orff in the Church. Nashville:
Genevox, 1988.