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2002 Guia Fiscal

EDIDECO – EDITORES PARA A DEFESA DO CONSUMIDOR, LDA.

C o m o p o u p a r n o s i m p o s t o s ?
Q u a i s o s p r o d u t o s
c o m b e n e f í c i o s f i s c a i s ?
Q u e d e s p e s a s
p o s s o d e d u z i r ?

O q u e é o R e g i m e S i m p l i f i c a d o
e q u a i s a s a l t e r n a t i v a s ?

SUPLEMENTO DA DINHEIRO & DIREITOS N.° 55 – DEZEMBRO DE 2002/JANEIRO DE 2003


Sumário
O presente guia divide-se em cinco capítulos.
■ Incrementos patrimoniais Pág. 32
I. Uma introdução, com algumas observações · Mais-valias de imóveis (questões 65 a 70) Pág. 32
e apontamentos, de modo a ajudá-lo · Mais-valias mobiliárias (questões 71 e 72) Pág. 36
a compreender melhor o imposto sobre · Mais-valias de profissionais independentes
o rendimento das pessoas singulares (IRS) Pág. 2 (questões 73 e 74) Pág. 38
· Manifestações de fortuna (questão 75) Pág. 38
II. Questões práticas referentes, sobretudo, ao IRS. · Rendimentos de jogo (questão 76) Pág. 39
Para uma maior facilidade de leitura do guia,
optámos pelo esquema de pergunta-resposta ■ Pensões Pág. 39
(tentando ser tão abrangentes quanto possível), · Obrigações declarativas (questões 77 a 81) Pág. 39
tendo numerado cada uma delas, a fim de que · Retenções na fonte (questão 82) Pág. 40
possa localizá-las rapidamente. Dentro de cada · Deduções específicas (questões 83 e 84) Pág. 41
subcapítulo, pode encontrar, ainda, pequenas
caixas onde resumimos os assuntos mais ■ Abatimentos (questão 85) Pág. 41
importantes. O guia está ilustrado com diversos
quadros, esquemas e figuras, que têm como ■ Taxas de imposto (questão 86) Pág. 42
objectivo ajudá-lo a entender os assuntos
abordados. Eis os temas que pode ver tratados
■ Deduções à colecta Pág. 43
nesta secção:
· Por composição do agregado familiar
(questão 87) Pág. 43
■ Como declarar (questões 1 a 12) Pág. 4
· Por despesas efectuadas
- Saúde (questões 88 a 96) Pág. 43
■ Trabalho por conta de outrem Pág. 9
- Educação (questões 97 a 101) Pág. 46
· Deduções específicas (questões 13 a 17) Pág. 9
- Habitação (questões 102 a 106) Pág. 47
· Retenções na fonte (questões 18 a 22) Pág. 12
- Seguros (questões 107 a 111) Pág. 49
■ Profissional independente e empresário Pág. 14
· Pelo investimento em produtos
· Regime simplificado (questões 23 a 30) Pág. 14
com benefícios fiscais (questões 112 a 119) Pág. 51
· Início de actividade (questões 31 a 33) Pág. 17 · Equipamento informático, energias renováveis
· Obrigações acessórias (questões 34 a 39) Pág. 20 e apoio jurídico (questões 120 a 122) Pág. 55
· Retenções na fonte (questões 40 a 42) Pág. 22 · Por dupla tributação (questão 123) Pág. 56
· Deduções específicas (questões 43 a 47) Pág. 24 · Por donativos (questão 124) Pág. 57
· Para os empresários (questões 48 e 49) Pág. 25 · Outros benefícios (questão 125) Pág. 58

■ Rendimentos de capitais Pág. 26 III. Uma breve secção sobre as dúvidas mais comuns
· Depósitos bancários (questões 50 e 51) Pág. 26 relacionadas com os aspectos burocráticos
· Títulos da dívida pública (questão 52) Pág. 27 do preenchimento e entrega da declaração:
· Seguros (questões 53 e 54) Pág. 27 como apresentar, como pagar, em que prazo, etc.
· Participações em empresas e em fundos (questões 126 a 130) Pág. 59
de investimento (questões 55 e 56) Pág. 28
IV. Como calcular o IRS? Se utilizar o esquema
■ Imóveis Pág. 30 que publicamos, poderá calcular o seu IRS. Pág. 61
· Obrigações declarativas e acessórias
(questões 57 a 61) Pág. 30 V. Um Vocabulário, que o ajudará a compreender
· Deduções específicas (questões 62 a 64) Pág. 31 os principais conceitos utilizados no texto. Pág. 62

I. Introdução

• O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares Na altura, o grande objectivo foi passar de uma tributação
(IRS), tal como o nome indica, recai sobre os rendimen- fragmentada para uma forma de tributação única, em que
tos dos contribuintes residentes no território português e apenas um imposto incide sobre todos os rendimentos.
sobre os ganhos daqueles que, não vivendo em Portugal, • Desde a entrada em vigor, o IRS tem vindo a sofrer várias
aqui os obtenham. Este imposto que, em 1989, veio subs- alterações e actualizações. Este ano não foge à regra e
tituir, entre outros, o imposto profissional, imposto de ca- cá estamos nós para as divulgar.
pitais, contribuição industrial e predial, resultou de uma • Já lá vão dez anos consecutivos a fazer o Guia Fiscal.
completa reforma do sistema fiscal. Tudo para que os nossos leitores conheçam bem os seus

2 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

direitos e deveres enquanto contribuintes. O principal


objectivo é ajudá-lo a poupar nos impostos.
• Este suplemento, que lhe oferecemos na qualidade de
Atenção às alterações
assinante da Dinheiro & Direitos, poderá ajudá-lo a desfa- A informação constante deste guia está de acor-
zer as suas dúvidas sobre o IRS. De facto, os impostos do com a legislação fiscal publicada até Setem-
são uma das áreas que mais pedidos de auxílio suscitam bro de 2002, data de fecho desta edição. Se, en-
da parte dos nossos associados ao longo do ano. tretanto, ocorrerem alterações importantes, delas
• Pretendemos, também, informá-lo dos benefícios e das lhe daremos conta na Dinheiro & Direitos e no
deduções fiscais de que poderá usufruir, para que, na al- nosso sítio na Net (www.deco.proteste.pt).
tura de preencher a declaração, possa, dentro de toda a Os documentos apresentados ao longo do guia
legalidade, reduzir a factura dos impostos. Por vezes, bas- têm por base as declarações de rendimentos de
ta mesmo indicar os encargos que tiver no sítio certo dos 2002, dado que os impressos para 2003 ainda
impressos. não estão disponíveis. Como todos os anos as
• Tanto quanto possível, procuramos simplificar os con- declarações são actualizadas, fruto das alterações
ceitos, através de exemplos imaginados para o efeito ou legislativas, quando for preencher a sua em 2003,
da exposição de questões colocadas pelos nossos leitores não se esqueça de ter em conta este aspecto.
ao longo do último ano, de forma a torná-los acessíveis a Contudo, e a julgar pelo que aconteceu em anos
todos. Lema que temos seguido em todas as nossas pu- anteriores, tais mudanças não afectam a maio-
blicações. ria das informações apresentadas neste guia.
• Assim, quer entregue a sua declaração de rendimentos Mesmo assim, antes de preencher os seus im-
directamente nos serviços das finanças (ou outros pos- pressos, não deixe de ler as instruções no verso
tos móveis), quer o faça pelos correios ou via Internet, a e verifique se houve alguma mudança.
informação contida neste guia ser-lhe-á igualmente útil Em caso de dúvida, não hesite em utilizar o nos-
(ver caixa Atenção às alterações). so serviço de informações, disponível de segun-
da a sexta-feira, das 9 às 13 horas e das 14 às
18 horas (telefone: 21 841 08 58; correio elec-
Montantes e contas em euros trónico: sinfo@edideco.pt). À sexta-feira, este
serviço encerra às 17 horas.
Desde 1 de Janeiro de 2002, os contribuintes começaram
a declarar os seus rendimentos em euros, uma vez que
os impressos (declaração modelo 3 e respectivos ane-
xos) só contemplavam a nova moeda (1 euro = 200,482 Como ler o Guia Fiscal?
escudos).
Quanto aos trabalhadores independentes, a partir de 1 Caso pretenda ir já ao assunto que mais lhe interessa
de Janeiro de 2002, também tiveram de começar a uti- ou só queira informações sobre alguns temas, pode
lizar "recibos verdes" (modelo 6) em euros. consultar o sumário que publicamos no início deste
guia. Assim, poderá localizar facilmente as questões
Categorias do IRS que mais lhe interessam.

Façamos, agora, uma breve incursão pelas várias catego- Dentro de toda a legalidade, tentámos ajudá-lo
rias do IRS: a poupar dinheiro, ou seja, a pagar menos
A – rendimentos do trabalho dependente (todas as profis- imposto. Todas as questões em que tal é possível es-
sões exercidas por quem trabalha por conta de outrem); tão assinaladas com este símbolo.
B – rendimentos empresariais e profissionais (rendimentos
decorrentes do exercício de qualquer actividade comer- As questões sobre aspectos fiscais particu-
cial, industrial, silvícola ou agrícola, prestação de serviços, larmente importantes, bem como relativas à
"antigos" trabalhadores independentes, como advogados forma de preencher os diversos impressos da declara-
ou jornalistas, pequenos comerciantes, comissionistas e ção de rendimentos, estão marcadas com este símbolo.
revendedores, etc.);
E – rendimentos de capitais (juros de um depósito bancário As questões que abordam as grandes alte-
ou dividendos de acções, por exemplo); rações introduzidas em 2002 estão identifi-
F – rendimentos prediais (rendas recebidas por um senho- cadas por este símbolo.
rio, por exemplo);
G – incrementos patrimoniais (o ganho obtido com a venda No fim do guia, encontra um pequeno Vocabulário, que
de um apartamento, acções ou rendimentos de jogo atra- poderá esclarecê-lo sobre os termos mais complexos.
vés do totoloto, totobola ou concursos televisivos, por Esperamos, pois, que a introdução destes pequenos
exemplo); artifícios torne a leitura do guia mais clara, simples e
H – pensões (de velhice e de invalidez, por exemplo). agradável.

DINHEIRO & DIREITOS 3


II. Imposto
sobre o Rendimento
das Pessoas Singulares (IRS)

Como declarar
1 Rendimentos
Nunca preenchi uma declaração de IRS. não sujeitos a IRS
O que devo fazer? Por onde começar?
Embora o IRS incida sobre os rendimentos dos sujeitos
Não espere até ao último dia para pôr mãos à obra. Antes passivos residentes e dos não residentes (obtidos em
de mais, deverá munir-se de todo o material de que vai Portugal), a lei prevê, entre outras, algumas exclusões.
precisar:
– os impressos oficiais da declaração de IRS (caso não Estão isentas de tributação as indemnizações atribuí-
opte por fazer a apresentação pela Internet); das por danos não patrimoniais, como os morais (por
– os cartões de contribuinte dos sujeitos passivos e dos morte), e danos patrimonais devidamente comprovados
dependentes, sempre que estes também tenham auferi- (por exemplo, incapacidade temporária devido a aci-
do rendimentos; dente de viação).
– as cédulas pessoais ou os bilhetes de identidade dos
dependentes; Os prémios literários, artísticos ou científicos estão ex-
– as declarações de rendimentos e retenções na fonte cluídos de tributação, desde que:
emitidas pelas entidades pagadoras; – sejam atribuídos em concurso público, no qual se defi-
– os documentos comprovativos (recibos, facturas, de- nam as respectivas condições de atribuição;
clarações dos bancos e seguradoras, por exemplo) dos – a participação nesse concurso não esteja subordinada
encargos que teve ao longo do ano, tais como as des- a condições senão as que se relacionem com a natureza
pesas de saúde ou de educação; do próprio prémio (por exemplo, ajudas de custo ou gratifi-
– calculadora, lápis e caneta. cações);
Depois de reunido todo este material, leia com atenção – não envolvam a cedência, temporária ou definitiva, de
as notas explicativas no verso da declaração de rendi- direitos de autor.
mentos. Preencha, atentamente com uma caligrafia com-
preensível, a sua declaração (por precaução, preenche- Estão, também, isentos de imposto os prémios atribuí-
-a primeiro a lápis). dos aos praticantes de alta competição, bem como aos
Verifique se todas as operações de aritmética estão cor- respectivos treinadores, por classificações importantes
rectas e se os valores inscritos correspondem aos mon- em competições internacionais de elevado prestígio rea-
tantes dos documentos comprovativos. lizadas em Portugal ou no estrangeiro, como, por exem-
Se detectar um erro antes de entregar a declaração, não plo, os Jogos Olímpicos, os campeonatos mundiais ou
tente riscar ou rasurar o impresso. É preferível comprar da Europa.
outro e preenchê-lo correctamente de forma clara, para
que, nas finanças, quando tratarem a informação nele Os subsídios atribuídos a crianças e jovens (as
contida, o risco de erro seja menor. prestações que substituíram o abono de família) e o sub-
sídio de desemprego estão igualmente isentos de IRS.
Não se esqueça de, ao longo do ano, ir recolhendo
todas as facturas e recibos comprovativos das Por fim, os montantes necessários à cobertura de des-
suas despesas (separando-os por tipo de despesa, sem- pesas extraordinárias relativas à saúde e à educação,
pre que possível). Só assim poderá provar que as reali- pagos pelos centros regionais da Segurança Social e
zou, se for alvo alvo de uma inspecção por parte do fis- pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa também não
co. Quando chegar a altura de entregar a sua declaração, estão sujeitos a IRS.
aconselhamo-lo a fazê-lo tão cedo quanto possível, para
evitar os incómodos dos últimos dias, como, por exem- O mesmo acontece com os montantes pagos pelas ins-
plo, as longas filas de espera, isto claro para quem faz a tituições particulares de solidariedade social em articu-
entrega no serviço de finanças tradicional. As multas para lação com aquelas referidas no ponto anterior, no âm-
os atrasos são a doer (ver questão 128). bito da acção social de acolhimento familiar e de apoio
a idosos, pessoas com deficiências, crianças e jovens.
Para mais informações sobre a entrega da declaração
(datas, locais de entrega, etc.), leia o capítulo 3.

4 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

2
Casei-me em Outubro de 2002 e gostava de Esquema 1
saber se a minha esposa e eu temos de entregar Como declarar os meus rendimentos?
declarações separadas, em relação ao período
do ano em que estivemos solteiros? Qual é a minha situação em 31 de Dezembro de 2002?

Não. O leitor e a sua esposa só terão de entregar uma de-


claração conjunta. De facto, o fisco terá em conta a situa-
ção familiar do contribuinte no dia 31 de Dezembro do ano
a que respeita a declaração (2002, neste caso).
Casado, união de facto Solteiro, separado judicialmente,
Nessa declaração, relativa aos rendimentos do seu agre- ou em economia comum divorciado ou viúvo
gado familiar (o leitor, a sua esposa e, eventualmente, al-
gum dependente), serão incluídos os rendimentos obtidos
por todos os elementos do agregado, em 2002, antes e
depois do casamento.

Você e o seu
cônjuge/companheiro(a)
3 compõem um Se tem filhos
Vivo com a minha companheira em união de fac- agregado familiar. que ainda são considerados
Se tiver filhos que sejam como dependentes,
to há já alguns anos. Desta relação nasceu uma considerados como seus os mesmos só poderão entrar
filha que tem agora três anos. Será que podemos dependentes, estes também num agregado familiar
entregar apenas uma declaração de IRS? fazem parte
do seu agregado familiar

Sim. Para efeitos fiscais, o regime de união de facto foi equipa-


rado ao casamento. Logo, se assim o desejar, pode entregar
uma declaração de rendimentos única.
Contudo, este regime só poderá ser aplicado, se os sujeitos
passivos tiverem vivido no mesmo domicílio durante, no míni- Apresente uma declaração Apresente uma declaração
de rendimentos conjunta (1) de rendimentos individual (2)
mo, dois anos e no período de tributação. A aplicação deste
regime também depende da assinatura por ambos da de- (1) Se viver em união de facto ou em economia comum, pode optar por entregar
claração de rendimentos. a declaração em separado.
(2) Se viver separado de facto, pode entregar uma declaração conjunta.
Se achar que entregar a declaração conjunta não é van-
tajoso para si, saiba que a filha de ambos deverá ser in-
cluída apenas numa das declarações. As despesas com quer imposto, ou por ter tantas deduções à colecta já não
ela efectuadas (relativas à educação, por exemplo) de- pode deduzir mais nenhum valor. Em caso de dúvida, in-
verão ser indicadas nessa mesma declaração. Deverão, clua o dependente na declaração de quem tiver um maior
portanto, decidir em que declaração incluir a vossa filha rendimento colectável (ver Vocabulário).
(dependente).
Antes de optar pela declaração conjunta, anali-
Se decidir entregar as declarações em separado, se bem se compensa. Para tal, utilize, por exem-
pode optar por incluir o dependente em qualquer plo, o simulador de cálculo de IRS da DGCI (www.dgci.min-
uma das declarações. Em termos fiscais, tal situação é -financas.pt) e não se esqueça de que se tiver um crédi-
irrelevante, excepto nos casos em que por um dos con- to à habitação num regime bonificado, em nome de um só
tribuintes ter um rendimento tão baixo, já não paga qual- titular, por exemplo, é bastante provável que, com a junção

Quadros 7 e 11 da declaração modelo 3.

DINHEIRO & DIREITOS 5


Quadro 1 Quando há uma separação, não precisa de comu-
Em que situações o meu filho, nicar esse facto ao fisco. Se for essa a sua von-
adoptado ou enteado é considerado tade, basta que, na primeira declaração de rendimentos,
como meu dependente? entregue após a separação, indique que se encontra
separado de facto, no quadro 7 do modelo 3.
Idade em 31
de Dezembro Situação
de 2002
Caso opte por entregar uma declaração em se-
Menos
de 16 anos
Sempre parado, os limites da generalidade dos abatimen-
Sempre que não aufira rendimentos ou, tos e das deduções à colecta (ver Vocabulário) que efec-
16 ou 17 anos
no caso de os auferir, desde que cumpra tuar serão idênticos aos valores para os indivíduos não
as condições a seguir indicadas para os casados.
restantes escalões de idade
Quando não aufira rendimentos
superiores ao salário mínimo nacional (1)
Entre 18
e desde que, no ano a que o imposto 5
respeita, tenha frequentado, pelo menos, A minha esposa faleceu no dia 12 de Maio de
e 25 anos
o 11.° ano de escolaridade ou cumprido
o serviço militar obrigatório 2002. Dado que ambos obtivemos rendimentos
ou o serviço cívico de trabalho dependente, como devo apresentar
Quando seja inapto para o trabalho, a declaração de rendimentos?
Mais para angariar meios de subsistência
de 18 anos e desde que não tenha rendimentos Ao contrário do que aconteceu até 2000, em que o côn-
superiores ao salário mínimo nacional (1)
juge vivo teria de entregar duas declarações modelo 3
(1) € 4 872,14 = 14 meses x € 348,01, em 2002. (uma até ao óbito e outra pelo período seguinte), a partir
de 2001, só passou a ser entregue uma declaração, isto
porque o regime de fraccionamento dos rendimentos foi
dos rendimentos dos dois titulares, venha a perder essa eliminado. Assim, a totalidade dos rendimentos obtidos
bonificação. Resultado: as suas prestações mensais do pelo agregado familiar é englobada em nome do cônjuge
crédito à habitação irão sofrer um aumento considerável. viúvo.

Para entregar a declaração conjunta, assinale União Independentemente de o óbito ocorrer ou não du-
de facto no campo 4, do quadro 7 do modelo 3 (ver rante o segundo semestre, para apurar o impos-
figura, da página anterior). to, aplica-se a forma de cálculo utilizada nos sujeitos pas-
sivos casados, sendo de realçar a aplicação do quociente
A partir deste ano, o regime das uniões de facto conjugal (ver Vocabulário).
pode ser aplicado independentemente do sexo dos
contribuintes. Da mesma forma e para efeitos fiscais, quem
viva em economia comum há mais de dois anos (entre dois
amigos, por exemplo) viu a sua situação equiparada à união 6
de facto. Embora ainda não nos tenhamos divorciado, es-
tou separada desde 1997. Há pouco tempo, fui
avisada pelas finanças de que tenho de pagar
4 uma dívida de IRS de 2000, respeitante aos
Separei-me da minha mulher. Apesar de ainda rendimentos declarados pelo meu ex-marido,
não nos termos divorciado, será que temos de falecido este ano. Dado que entregámos sem-
continuar a entregar uma única declaração de pre declarações de rendimentos separadas,
rendimentos? terei mesmo de pagar esta dívida?

Em situações de separação de facto (ver Vocabulário), No seu caso, não há motivos para preocupação. Dado que
cada um dos cônjuges poderá apresentar a declaração entregou a declaração separada, não terá de pagar o im-
dos seus próprios rendimentos e dos dependentes (ver posto devido pelo seu falecido marido. Regra geral, para o
Vocabulário) a seu cargo, se os houver. Também neste fisco, só a partir da data da sentença de divórcio é que o
caso os filhos dependentes só poderão ser incluídos numa contribuinte deixa de ser responsável pelas dívidas fiscais
das declarações. do ex-cônjuge.
Contudo, os cônjuges separados de facto poderão
preencher e entregar uma declaração conjunta, se isso Assim, se não tivessem sido entregues declarações
lhes for mais favorável e se, é claro, estiverem de acordo. separadas, relativamente a 2000, existiria uma respon-

6 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

sabilidade solidária pelo pagamento do imposto (qualquer que


fosse o regime de casamento). Na prática, as finanças tanto 9
poderiam exigir de um cônjuge como do outro (o vínculo conju- O meu filho, que fez 21 anos em Março de 2002,
gal ainda existia em 2000) o pagamento do IRS, o que não é o começou a trabalhar em part-time. Sendo os
caso desta leitora. seus rendimentos tão reduzidos, será que o fisco
ainda o considera como meu dependente?

7 Como pode verificar no quadro 1, embora o seu filho tenha


De Janeiro a Maio de 2002, frequentei um cur- menos de 25 anos, só será considerado como seu depen-
so de informática, subsidiado pela União Eu- dente se, em 31 de Dezembro, ainda estiver matriculado,
ropeia. Disseram-me que o dinheiro recebido pe- pelo menos, no 11.° ano de escolaridade ou tiver cumpri-
los formandos estava sujeito a IRS. É verdade? do, em 2002, o serviço militar obrigatório ou o serviço cívico.
Além disso, os rendimentos anuais do seu filho terão de
Não. Não é aplicada qualquer taxa de imposto sobre os referi- ser, em 2002, iguais ou inferiores a € 4 872,14, ou seja,
dos subsídios. Assim, além de não ser efectuada retenção € 348,01 por mês (que é o salário mínimo nacional para
na fonte, também não terá de declarar esses rendimentos. 2002) x 14.
O mesmo aplica-se aos rendimentos obtidos no âmbito de
estágios de formação. Sendo o seu filho considerado como seu depen-
dente, os rendimentos por ele obtidos deverão ser
indicados na declaração do agregado familiar.
8
Um contribuinte que, na data de entrega da Se o seu filho não respeitar estas condições, deixará
declaração de IRS, esteja fora do país é obriga- de ter o estatuto de dependente e terá de entregar
do a ter um procurador? uma declaração individual, com os seus rendimentos e as
suas despesas.
Não, mas também não poderá entregar a declaração por
correio ou pela Internet. No caso dos menores sob tutela (quando na ausên-
Terá de pedir a qualquer pessoa para entregá-la, como cia dos pais o poder paternal é confiado a outra
seu gestor de negócios. Essa pessoa deverá identificar- pessoa), estes só poderão ser considerados dependentes,
-se, no local previsto para isso, na declaração de rendi- se não auferirem rendimentos (ver a Dinheiro & Direitos
mentos. n.° 41, de Agosto/Setembro de 2000).
Pelo contrário, os sujeitos considerados como não residen-
tes (ver Vocabulário) que obtêm rendimentos no território
nacional são obrigados a nomear uma pessoa singular 10
(um cidadão) ou colectiva (uma instituição ou uma em- A minha filha tem 18 anos e terminou o 12.° ano
presa) com residência ou sede em Portugal para os repre- escolar em Julho de 2002. Como não conseguiu
sentar e garantir o cumprimento de todos os seus deve- uma boa média para entrar na universidade, será
res fiscais. que ainda é considerada como dependente?

Caso os residentes se ausentem de Portugal duran- Neste caso, os jovens menores de 25 anos e com rendi-
te mais de seis meses, são obrigados a nomear um mentos inferiores ao salário mínimo nacional anual que não
representante. tenham entrado para a universidade, devido aos limites

Quadros 4 e 5 do anexo J.

DINHEIRO & DIREITOS 7


Quadro 13 do modelo 3.

de acesso (numerus clausus), podem ser considerados, No anexo J, a sua esposa terá de indicar o valor
excepcionalmente nesse ano, como dependentes e, por- dos rendimentos de trabalho dependente que
tanto, devem ser mencionados como tal na declaração de obteve na Alemanha, bem como o imposto aí pago (ver
rendimentos dos seus pais. figura na página anterior). Na declaração modelo 3, tam-
bém deverão ser indicados esses rendimentos. No en-
tanto, o valor do imposto pago no estrangeiro não deverá
11 ser integrado nos campos relativos às retenções na fonte,
A minha esposa trabalhou na Alemanha durante mas sim no anexo J.
quase todo o ano de 2002. Dado que já pagou aí
impostos sobre os rendimentos de trabalho de- Dado que a esposa do nosso leitor é trabalhado-
pendente obtidos, gostaria de saber se é preciso ra dependente, também pode deduzir as contribui-
ou não declarar os mesmos em Portugal. ções obrigatórias para regimes de protecção social, bem
como as restantes deduções à colecta aplicadas aos re-
Estão sujeitos a imposto não só os rendimentos auferidos sidentes em Portugal.
em Portugal, mas também os obtidos no estrangeiro por
cidadãos considerados como residentes em Portugal (ver
Vocabulário). Neste caso, embora a sua esposa já tenha 12
pago impostos na Alemanha, terá de incluir os tais rendi- Em 1998, a empresa onde trabalhava despediu-
mentos na declaração de IRS que entregar em Portugal. -me. Depois de um moroso processo judicial, em
Outubro de 2002, recebi, por ordem do tribunal,
Nos países com os quais o Estado Português tenha uma indemnização de € 7 200, por ter ficado
celebrado acordos para evitar a dupla tributação provado que o despedimento foi ilegal. O referi-
(como é o caso da Alemanha), o imposto pago no estran- do valor reparte-se pelos seguintes anos:
geiro será deduzido à colecta, isto é, será descontado na € 1 500, em 1999; € 2 000, em 2000; € 2 200, em
liquidação de imposto feita em Portugal. 2001; e € 1 500 este ano. O que tenho de fazer
Se quiser saber que países são estes, pergunte no seu para declarar a indemnização?
serviço de finanças ou consulte o nosso serviço de infor-
mações (21 841 08 58). Sempre que houver rendimentos sujeitos a imposto
dependentes de uma decisão do tribunal, a sua
No caso dos rendimentos serem obtidos no es- declaração só será obrigatória quando a sentença se tornar
trangeiro, quando não há nenhum acordo para evi- definitiva, isto é, quando for impossível recorrer da mes-
tar a dupla tributação, existe um direito a crédito de im- ma. Assim, deverá apresentar, em 2003, a declaração,
posto, que corresponde à menor das seguintes importân- correspondente à globalidade dos rendimentos de 2002,
cias referidas: onde terá de incluir o valor de 7 200 euros como rendi-
– imposto sobre o rendimento pago no estrangeiro; mento de trabalho.
– parte da colecta (ver Vocabulário) do IRS, calculada O contribuinte é obrigado a inscrever a totalidade do va-
antes da dedução, correspondente aos rendimentos que lor recebido na declaração do ano em que a decisão ju-
no país em causa possam ser tributados. dicial se torna definitiva. Porém, quanto aos rendimen-
tos da categoria A e H, o leitor poderá imputar esses rendi-
Parece complicado, mas não se preocupe, já que só tem mentos aos anos a que dizem respeito até a um máximo
de indicar os rendimentos. O fisco faz as contas. de quatro. Desta forma, a taxa de imposto será menor de-
Se tais rendimentos forem obtidos fora da zona euro, a vido ao facto do seu rendimento bruto passar a ser mais
conversão deverá ser realizada com base no câmbio em reduzido.
31 de Dezembro de 2002. Atenção: a declaração destes
rendimentos é obrigatória. Se não o fizer, poderá ter de Para que possa usufruir desta situação, terá de
pagar uma coima mínima de 25 euros (ver artigo da Di- preencher os campos do quadro 13 da declaração
nheiro & Direitos n.º 54, de Setembro de 2002). de IRS modelo 3 (ver figura no topo da página).

8 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Trabalho por conta de outrem


Deduções específicas Ao montante das contribuições obrigatórias para
a Segurança Social e até 5% destas, são soma-
dos 25% das entregas para planos de pensões, que o
13 fisco inclui nas deduções específicas.
Qual é a dedução específica para os rendimen-
tos de trabalho dependente que obtive em 2002? O contribuinte também poderá deduzir aos rendi-
mentos brutos da categoria A, até ao seu limite,
O valor das deduções específicas aos rendimentos da as indemnizações pela rescisão unilateral do contrato
categoria A varia, em primeiro lugar, de acordo com o mon- de trabalho, de valor igual à remuneração de base corres-
tante dos mesmos. Dado que, em 2002, o salário mínimo pondente ao aviso prévio ou em resultado de sentença
nacional foi de € 348,01 por mês, estando tais deduções judicial ou acordo judicial homologado.
a ele indexadas, elaborámos o quadro 2, para que não Por fim, também pode deduzir as quotas pagas a sindi-
tenha de efectuar os cálculos. Vejamos alguns exemplos: catos, com o limite de 1% do rendimento bruto da cate-
goria A, acrescidas de 50%.
– se obteve rendimentos da categoria A no mon-
tante de 20 mil euros, a sua dedução específica
será de € 3 006,81 (72% de 12 x € 348,01); 14
Em 2002, recebi 20 mil euros de rendimentos.
– se o montante dos rendimentos for de 30 mil eu- Além disso, paguei 50 euros para o meu sindi-
ros, então, a dedução específica será igual ao va- cato e 500 euros por um curso de formação
lor das contribuições obrigatórias para a Segurança Social profissional em informática. Qual é o valor da
que realizou ao longo do ano (regra geral, 11% sobre o minha dedução específica?
rendimento bruto mensal).
À partida, tendo recebido 20 mil euros, a sua dedução
Caso o contribuinte tenha efectuado despesas com seria, de acordo com o quadro 2, de € 3 006,81. Porém,
formação profissional ou pago quotas a ordens ou este valor será aumentado para € 3 132,09, dado que
associações profissionais de inscrição obrigatória (à Or- gastou € 500 em formação profissional.
dem dos Advogados, por exemplo), o limite de € 3 006,81 Além disso, deverá ser acrescida a quotização paga para
será elevado para € 3 132,09. o seu sindicato. Como a quota de € 50 não ultrapassa
1% do rendimento bruto do nosso leitor, também poderá
Este ano, não existe qualquer limite para a soma ser deduzida na totalidade, sendo acrescida em 50% (€
do conjunto dos encargos com a formação profis- 75, ou seja, € 50 + 50%). Resultado: este ano, a sua
sional e as quotizações para ordens profissionais de ins- dedução específica será de € 3 207,09 (€ 3 132,09
crição obrigatória. + € 75,00).

Quadro 2
Deduções específicas aos rendimentos da categoria A (trabalho por conta de outrem)
Deduções que dependem dos rendimentos Deduções sem limite

Rendimentos anuais (por contribuinte) Valor da dedução específica


• Indemnizações pagas
Contribuintes em geral
pelo trabalhador por rescisão
do contrato de trabalho
Até € 27 334,68 € 3 006,81 (1)
• Quotizações sindicais,
Valor das contribuições obrigatórias até 1% do rendimento bruto,
Mais de € 27 334,68
para a Segurança Social acrescidas de 50%
Contribuintes deficientes (grau de invalidez igual ou superior a 60%, devidamente comprovado)
• Para desportistas profissionais,
mineiros e pescadores,
Até € 41 001,95 € 4 510,22 prémios de seguros
(doença, acidentes pessoais,
Valor das contribuições obrigatórias vida, reforma e invalidez)
Mais de € 41 001,95
para a Segurança Social

(1) Este limite é aumentado para € 3 132,09, se tiver despesas com formação profissional e/ou quotas de ordens e associações profissionais de inscrição obrigatória.
Ao montante das contribuições obrigatórias para a Segurança Social e até 5% destas, são somados 25% das entregas para planos de pensões.

DINHEIRO & DIREITOS 9


O contribuinte não terá de efectuar estas contas.
Esse trabalho fica para o fisco. O leitor só tem de
Remunerações em espécie
indicar os montantes gastos no quadro 12 do modelo 3.
Algumas empresas não se limitam a pagar aos seus
empregados só em dinheiro: subsídios de refeição,
15 utilização de casa da empresa ou abonos por falhas
Em 2002, comecei a descontar para a Segurança são apenas alguns exemplos das remunerações em
Social relativamente a anos anteriores. Estes espécie e subsídios complementares.
montantes serão tidos em conta no meu IRS? Tais rendimentos, consoante a sua natureza, terão
diferentes formas de tratamento fiscal: enquanto uns
As contribuições relativas a anos anteriores e que estão isentos de tributação, outros enquadram-se
tenham recaído sobre remunerações já pagas ou no âmbito dos rendimentos de trabalho dependente
colocadas à disposição, desde que obrigatórias, podem (categoria A).
ser deduzidas na totalidade ao rendimento da categoria
A no ano em que se verifica o pagamento. Subsídio de refeição
Trata-se de uma quantia que muitas empresas
As contribuições para a Segurança Social que não pagam aos trabalhadores, para os ajudar nos en-
estejam relacionadas com remunerações efecti- cargos com a alimentação nos dias de trabalho.
vamente pagas serão dedutíveis à colecta. É paga em dinheiro ou através de senhas de refeição.
Se a empresa pagar em dinheiro e o montante por
cada dia de trabalho for igual ou inferior a € 5,24, o
subsídio está isento de IRS.
Se o montante diário ultrapassar este valor, a parte
excedente terá de ser declarada como rendimento
da categoria A. No caso de a empresa pagar em
senhas de refeição, o limite de isenção de IRS sobe
para € 5,93.

Ajudas de custo
São importâncias destinadas a compensar o traba-
lhador por despesas efectuadas em deslocações ao
serviço da empresa (alimentação e alojamento).
Se estas ultrapassarem os limites referidos no
Quadro 12 do modelo 3. quadro 3, a parte excedente terá de ser incluída na
declaração de IRS.

Subsídios de viagem, marcha


16 e transporte
Qual é a dedução específica aos rendimentos Estes subsídios estão sujeitos a imposto na parte
de trabalho por conta de outrem obtidos por de- que exceda os limites referidos no quadro 3.
ficientes? Na maioria das empresas, os mais comuns são o
pagamento do passe social e o subsídio por trans-
Se o titular dos rendimentos da categoria A tiver um grau porte em automóvel próprio. Como o valor do passe
de deficiência permanente igual ou superior a 60%, devida- social não ultrapassa os limites fixados por lei, este
mente comprovado, o valor da dedução específica será subsídio não está sujeito a imposto.
acrescido em 50%. Como pode ver no quadro 2, o proces-
so de cálculo é semelhante ao explicado na questão 13. Abonos por falhas
São pagos, normalmente, a trabalhadores que têm
de lidar com dinheiro (empregados de balcão, ban-
17 cários, operadores de caixa registadora em hiper-
Qual o valor da dedução específica para os mercados, etc.).
rendimentos de trabalho dependente obtidos Os abonos por falhas que não excedam 5% da re-
por profissionais que têm uma actividade de muneração mensal fixa estão isentos de IRS. Por
desgaste rápido? exemplo, se um trabalhador tiver um ordenado de
900 euros por mês, ou seja, 12 600 euros por ano,
São consideradas como actividades de desgaste ganhará, em média (contando com os subsídios de
rápido as exercidas por mineiros, desportistas e férias e de Natal), 1 050 euros mensais.
pescadores.

10 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

e outros subsídios
Se o valor mensal deste abono for superior a € 52,50 Embora esta situação constitua um benefício para o tra-
(que é 5% de 1 050 euros), a parte excedente é consi- balhador, que vê o seu currículo melhorado, é também
derada como rendimento da categoria A. considerada, pela lei, como essencial para que aquele
possa exercer melhor a sua profissão.
Utilização ilimitada de veículos Estas despesas são, pois, aceites como um custo da
É um exemplo claro de remuneração em espécie, ou actividade da empresa e NÃO têm de ser declaradas
seja, o carro pertence à empresa, que o cede ao tra- pelo trabalhador.
balhador para uma utilização ilimitada (ou seja, o tra-
balhador também pode utilizá-lo na sua vida privada). Valores mobiliários
Da mesma forma, todas as despesas com o automóvel Quando celebrados pela entidade patronal, os ganhos
(combustível, revisões, etc.) são encargos da actividade resultantes de acordos sobre acções, obrigações ou
da empresa. Se utiliza um carro atribuído pela empresa quaisquer outros valores mobiliários ou direitos
e tal resulta de um contrato escrito, esse tipo de retri- equiparados também são considerados rendimentos
buição passa a ter o seguinte regime: da categoria A, tendo de ser declarados.
– quando se tratar da atribuição para uso pessoal do As entidades estabelecidas em Portugal são mesmo
carro, o rendimento anual corresponde ao resultado da obrigadas a ter um registo actualizado dos beneficiários
multiplicação de 0,75% do custo de aquisição, pelo destes planos de opções com o número de contribuinte,
número de meses de utilização. Assim, se utilizar um código da repartição de finanças, data de exercício e
carro cedido pela empresa durante um ano e este tiver subscrição, venda, renúncia, recompra, valores e
custado 20 mil euros, terá de englobar 1 800 euros preços, entre outros.
(20 000 x 0,75% x 12) aos seus rendimentos; Devem ainda entregar aos beneficiários uma decla-
– se o carro for adquirido por si ou por qualquer mem- ração com todos estes dados até ao dia 20 de Janeiro
bro do seu agregado familiar, no prazo de dois anos de cada ano e são obrigadas a reportar à Direcção-Ge-
desde que deixou de originar encargos para a empresa, ral dos Impostos os mesmos elementos até 30 de Ju-
o rendimento anual a englobar aos restantes será a nho de cada ano.
diferença entre o valor médio de mercado (considera- As remunerações em espécie sujeitas a imposto de-
do pelas associações do sector) e o montante que pagou vem ser mencionadas na declaração de rendimentos
na compra, juntamente com o rendimento sujeito a tri- auferidos. Trata-se da declaração que a sua entidade
butação acima referido. Por exemplo, se o valor médio patronal lhe deverá entregar até ao dia 20 de Janeiro
de mercado do automóvel for de 20 mil euros e lhe foi do ano 2003.
vendido por 15 mil, teria de declarar 5 mil euros. Porém,
como já teve 1 800 euros sujeitos a imposto, o valor a
declarar será 3 200 euros [20 000 – (15 000 + 1 800)]. Quadro 3
Subsídios e ajudas de custo
Empréstimos isentos de tributação (1)
Os empréstimos concedidos por uma empresa aos seus
Limite máximo
trabalhadores, sem juros ou com uma taxa de juro redu- Designação de isenção (euros)
zida, ficam sujeitos a IRS. Subsídio de refeição (por dia de trabalho)
Aqueles que se destinem à compra de habitação própria • Pago em dinheiro 5,24
e permanente de valor inferior a € 134 675,43 e cuja • Pago em senha de refeição 5,93
taxa de juro seja superior a 2,11% encontram-se isen- Ajudas de custo (por dia)
tos de IRS. • Deslocações no país 54,53
• Deslocações no estrangeiro 129,39
Pagamento de viagens Subsídios de viagem e de marcha (por km)
O pagamento, por parte da entidade patronal, de viagens • Transporte em veículo automóvel próprio 0,33
• Transporte em veículos que efectuam
e estadas de turismo não relacionadas com as funções carreiras de serviço público
exercidas pelo trabalhador ao serviço dessa empresa (na CP ou na Carris, por exemplo) 0,12
são considerados rendimentos da categoria A. • Transporte em automóveis de aluguer
(num táxi, por exemplo)
Assim, o valor total tem de ser incluído na declaração · um funcionário 0,31
como rendimento de trabalho dependente. · dois funcionários em conjunto 0,16 ⁄ cada
· três ou mais funcionários em conjunto 0,12 ⁄ cada
• Percurso a pé 0,15
Formação profissional
Por vezes, o pagamento destes cursos é outro benefí- (1) A parcela dos referidos subsídios que exceda os limites indicados é considerada
como rendimento da categoria A. Logo, tem de ser declarada pelo contribuinte.
cio concedido aos trabalhadores por conta de outrem.

DINHEIRO & DIREITOS 11


Além das deduções específicas referidas no Quando preencher a sua declaração, deverá in-
quadro 2, estes profissionais podem ainda deduzir, dicar, no campo respectivo do quadro 12 (declara-
na totalidade, os prémios de seguros de doença, de aci- ção modelo 3), o valor total das retenções na fonte que
dentes pessoais e de seguros de vida que não garantam lhe foram efectuadas ao longo do ano (sobre os rendi-
o pagamento de um capital em vida nos primeiros cinco mentos da categoria A).
anos de vigência do contrato e desde que o benefício só Para que possa saber o valor total das retenções que terá
seja garantido depois dos 55 anos. de indicar na declaração, a sua entidade patronal deverá
entregar-lhe, até ao dia 20 de Janeiro de 2003, um docu-
Este valor deve ser inscrito no quadro 12 do modelo mento comprovativo dessas retenções (a chamada de-
3, no campo relativo a Prémios de seguros no âm- claração de rendimentos auferidos).
bito de profissões de desgaste rápido – art.° 30.

19
Retenções na fonte Divorciei-me em Agosto de 2002, mas não pedi
à minha empresa que me rectificasse a taxa de
retenção aplicada aos meus rendimentos, pois,
18 dessa forma, iria descontar mais ao fim do mês.
Gostaria que me indicassem para que servem Poderei ser penalizado por esta conduta?
as retenções na fonte efectuadas sobre os meus
rendimentos de trabalho por conta de outrem? Sim. Sempre que, por motivo imputável ao trabalhador
Estas são obrigatórias ou opcionais? (como é o caso deste leitor), não entre nos cofres do Esta-
do o imposto devido relativo à retenção, o contribuinte
As retenções na fonte são pagamentos, regra geral, men- poderá ser penalizado, tendo de pagar, no ano seguinte,
sais por conta de imposto. Ou seja, as entidades que mais imposto ou recebendo um reembolso inferior.
pagam rendimentos da categoria A devem, sempre que Na verdade, quando o fisco proceder à sua liquidação de
os colocam à disposição do trabalhador, descontar uma IRS, facilmente poderá verificar, tendo em conta a com-
determinada importância, que será mais tarde entregue posição do agregado familiar, se foi efectuada a correc-
ao Estado. ta retenção na fonte.
As retenções na fonte sobre os rendimentos da catego- Mais: a redução indevida das retenções na fonte por ini-
ria A são obrigatórias. Quando, em 2003, o fisco apurar ciativa do contribuinte constitui uma contra-ordenação pe-
o imposto devido por si, as importâncias retidas ao lon- nalizada com uma coima que varia entre 10% e metade
go do ano serão descontadas à colecta (ver Vocabulário), do imposto em falta.
verificando-se assim se tem de pagar mais imposto ou se
deverá haver lugar a um reembolso.
A taxa de retenção na fonte a aplicar ao salário depende 20
do estado civil do contribuinte, da composição do agre- Sou deficiente motor. Poderei usufruir de algum
gado familiar, do ordenado mensal e do facto de o tra- benefício em relação aos rendimentos de tra-
balhador (ou algum elemento do seu agregado familiar) balho dependente?
possuir, ou não, um grau de invalidez permanente igual
ou superior a 60%. Os contribuintes com um grau de invalidez igual ou su-
Além disso, para os contribuintes residentes nos Açores perior a 60% têm tabelas de retenção na fonte próprias.
ou na Madeira aplicam-se tabelas específicas. Existem Estas são mais baixas do que aquelas que se aplicam aos
seis tabelas diferentes de taxas de retenção na fonte so- restantes contribuintes.
bre os rendimentos da categoria A. A avaliação do seu grau de invalidez terá de ser feita por
Se quiser descobrir a que se aplica ao seu caso, peça uma entidade competente, que, regra geral, é uma junta
uma fotocópia na sua empresa ou na sua repartição de médica. Se já tem um certificado comprovativo, deve en-
finanças. Se tem acesso à Net, também pode obtê-la no tregar uma cópia do mesmo no seu local de trabalho, de
sítio da Direcção-Geral dos Impostos (www.dgci.min-fi- forma a que lhe sejam aplicadas as taxas de retenção na
nancas.pt) ou através de uma ligação que fizemos no nos- fonte para indivíduos deficientes. Não se esqueça, pois,
so sítio (www.deco.proteste.pt). de guardar o original deste certificado.

Sempre que haja alguma alteração na composição Também terá direito a uma dedução específica su-
do agregado familiar (o nascimento de uma filha, perior à dos restantes trabalhadores (ver quadro
por exemplo), assim como no estado civil, no seu próprio 2, na página 9) e poderá deduzir 30% das suas despe-
interesse, deverá comunicar a mesma à sua entidade em- sas de educação e reabilitação, quando devidamente com-
pregadora, de forma a ser corrigida a taxa de retenção provadas, bem como 25% dos prémios de seguros de vi-
na fonte, se for esse o caso, que incide sobre o seu or- da. E tudo isto SEM qualquer limite, ou seja, sobre a to-
denado. talidade das despesas.

12 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Metade dos rendimentos de trabalho dependente plo, ganhasse 1 500 euros brutos na média dos doze
obtidos por deficientes com um grau de invalidez meses anteriores à data da rescisão do contrato, o valor
entre 60 e 79% ficam ainda isentos de imposto, até ao isento da indemnização seria de 11 250 euros (que re-
limite de € 13 504,76 por cada titular deficiente. Se o seu sulta de 1 500 euros x 1,5 x 5).
grau for igual ou superior a 80%, este limite é aumenta- Assim, se a indemnização fosse, por exemplo, de 20 mil
do em 15%, ou seja, para € 15 530,47 (€ 13 504,76 + euros, ultrapassando em 8 750 euros o limite legal, de-
€ 2 025,71) ficando isentos de tributação 57,5% (50% x veria declarar esta diferença como um rendimento da ca-
15%) dos seus rendimentos. tegoria A.
Por exemplo: se tiver um rendimento anual de 20 mil eu-
ros e um grau de invalidez entre 60 e 79%, poderá bene- A parcela que não estiver isenta de tributação terá
ficiar de uma isenção de 10 mil euros, ou seja, 20 mil eu- de ser indicada, em conjunto com os restantes
ros x 50%. Se tiver um grau de invalidez igual ou supe- rendimentos brutos da categoria A no campo 201 do
rior a 80%, irá beneficiar de uma isenção de 11 500 eu- quadro 12 da declaração modelo 3.
ros, ou seja, 20 mil euros x 57,5%.
A parcela da indemnização que ultrapasse o limite atrás
Para beneficiar desta isenção, deverá indicar o referido deverá ser tributada na fonte pela empresa.
seu caso nos quadros 8 A e B do modelo 3 (ver A taxa de retenção a aplicar será aquela a que o mon-
figura), mencionando o seu rendimento total no quadro tante não isento corresponder, na respectiva tabela de
12 daquela declaração. retenção na fonte.
No caso de um contribuinte solteiro e sem dependentes,
aos 8 750 euros que ultrapassam o limite de isenção, será
21 aplicada a correspondente taxa constante na tabela I (tra-
Em Maio de 2002, saí da empresa onde traba- balhador dependente – não casado), tal como se tratasse
lhava desde Março de 1998. Como cheguei a de um salário.
acordo com a mesma, recebi uma indemniza-
ção. Terei de declarar este rendimento?
22
Segundo a lei, os montantes recebidos pelo tra- Sou empregado de balcão e, muitas vezes, re-
balhador, por extinção do vínculo laboral (seja qual cebo gorjetas dos clientes habituais. Sou obri-
for o tipo de contrato e a modalidade da extinção), estão gado a declarar estas quantias?
isentos de tributação, até ao valor correspondente a um
mês e meio da remuneração média regular dos últi- Sim. As gratificações não atribuídas pela entidade patro-
mos doze meses multiplicado pelo número de anos ou nal são tributadas como rendimentos da categoria A, a
respectiva fracção ao serviço da empresa. uma taxa autónoma de 10%.
Contudo, na prática, poucos declaram estes rendimen-
Neste caso, a reforma fiscal determinou que a remune- tos, dado que são difíceis de comprovar. excepção a is-
ração a ter em conta será a totalidade dos montantes com to são as gratificações dos funcionários dos casinos, sem-
carácter de retribuição e de natureza regular, ou seja, es- pre contabilizadas no momento em que são recebidas.
tão excluídos, por exemplo, os acréscimos pelo trabalho
prestado (prémios de produtividade, por exemplo). O valor deste rendimento deve ser declarado no
campo 202 do quadro 12 do modelo 3 em "Grati-
O valor da indemnização isenta de tributação será ficações a que se refere o art.° 2.° (…)" (ver a Dinheiro &
calculado pela seguinte fórmula: número de anos Direitos n.° 49, de Dezembro/Janeiro de 2002).
de trabalho x remuneração média regular dos últimos 12
meses x 1,5. Sempre que o período de trabalho seja uma
parte de um ano, para o cálculo, contará como um ano
inteiro.

A isenção de tributação não será concedida ao


trabalhador, se este tiver, nos últimos cinco anos,
beneficiado de uma isenção total ou parcial semelhante.
O mesmo acontece se, nos 24 meses seguintes à
rescisão do contrato, estabelecer um novo vínculo com
a mesma empresa ou com outra que faça parte do mes-
mo grupo ou que com ela esteja em relação de domínio.

No seu caso, como trabalhou durante quatro anos e dois


meses, serão considerados cinco anos. Se, por exem- Quadro 8 do modelo 3.

DINHEIRO & DIREITOS 13


Profissional independente
e empresário
Regime simplificado para os anti-
gos "trabalhadores independentes" 24
Ouvi falar de uma "colecta mínima" que me
será aplicada independentemente do montante
23 que venha a ganhar por ano. É verdade?
O que é o regime simplificado? Como indepen-
dente, fiquei abrangido por esse regime? Existem duas situações distintas: de um lado,
encontram-se os que têm rendimentos obtidos
Todos os contribuintes que, até 2001, não tinham exclusivamente enquanto independentes e, do outro,
contabilidade organizada e contavam com um vo- quem, além da categoria B, tem ganhos de outras cate-
lume de vendas ou um valor de prestação de serviços gorias (trabalho por conta de outrem, etc.).
inferior a € 149 639,37 e € 99 759,58, respectivamente, Comecemos pelos primeiros, ou seja, aqueles que apenas
ficaram abrangidos pelo regime simplificado por um perío- têm rendimentos pela prestação. Se, em 2002, o traba-
do de três anos, se, até ao final de Junho de 2001, não se lhador ganhar até € 3 747,80, em princípio, não pagará
deslocaram ao serviço (antiga repartição) de finanças a imposto ou, se não apresentar despesas (educação,
dizer que optavam pela contabilidade organizada (ver saúde, etc.), terá de entregar ao fisco um máximo de
questão 25). No ano passado, este período era de cinco € 83,52. Este valor é encontrado depois de efectuado o
anos, mas o Orçamento de Estado para 2002 introduziu a seguinte cálculo: € 2 436,07 x 12% – € 208,81, em que os
alteração com efeitos retroactivos. 12% correspondem à taxa mínima de imposto e os
Com o novo regime, deixaram de ser aceites as despesas € 208,81 à dedução à colecta para contribuintes não
(com transportes, refeições e automóveis) que até 2000 casados.
estava habituado a deduzir aos rendimentos. Já quem também recebe rendimentos de outras cate-
O fisco passou a considerar que 65% dos rendimentos de gorias, em princípio, não terá de se preocupar: se os
cada trabalhador correspondem a rendimentos líquidos. rendimentos que obtém como independente são consi-
Na prática, considera que 35% dos rendimentos são des- derados acessórios (ou seja, desde que não ultrapasse os
pesas necessárias para prestar o serviço. Mas, para tal, é € 2 436,07 e não representem mais de metade dos
preciso que o trabalhador não preste a sua actividade no restantes ganhos englobados do contribuinte e do agre-
ramo hoteleiro, de restauração e bebidas nem os ganhos gado familiar), a colecta mínima de € 2 436,07 não será
resultem da venda de mercadorias e produtos. aplicada. Assim, estes rendimentos serão considerados
Se for este o seu caso, o fisco considera como rendimen- acessórios e aplicam-se as regras do chamado acto iso-
to sujeito a imposto 20% do total obtido. lado (ver questão 33), sendo cobrado o imposto sobre o

Quadro 4 A e 4 B do anexo B.

14 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Optar pela categoria A: solução vantajosa?


Desde 1999 que os trabalhadores independentes (ca- Segundo as regras do regime simplificado, o fisco con-
tegoria B), que prestem serviços a uma única entidade, sidera como rendimento sujeito a imposto 65% dos
podem optar pela tributação dos seus rendimentos de € 7 500, ou seja, € 4 875. A dedução específica da ca-
acordo com as regras da categoria A (ver questão 26). tegoria B a que o Sr. Semedo teve direito foi de € 2 625
Porém, no que se refere às retenções na fonte, a regra (7 500 – 4 875). Optando pelas regras da categoria A,
continua a ser a aplicação da taxa de 20% nos chama- a dedução específica seria de € 3 006,81 (ver quadro
dos "recibos verdes". 2). Assim, só ficariam sujeitos a imposto € 4 493,19
Esta opção, a ser tomada, deverá manter-se durante (€ 7 500,00 – € 3 006,81), logo, menos € 381,82 do
três anos, desde que os pressupostos se mantenham. que no caso anterior.
Ou seja, se passar a prestar serviços a mais do que Em suma, se tiver rendimentos anuais de independente
uma entidade, deixa de ter essa obrigação. até € 8 590,91 por serviços prestados a uma única en-
Perante a nova situação, esta opção poderá ser muito tidade e não optar pela contabilidade organizada, SERÁ
vantajosa, já que lhe permite usufruir da dedução es- SEMPRE MAIS VANTAJOSO seguir as regras da cat-
pecífica aplicada aos rendimentos da categoria A. egoria A. Para baixo deste valor, a dedução específica
Vejamos um exemplo. O Sr. Semedo obteve € 7 500 da categoria A será sempre superior ao rendimento não
em 2002, por serviços prestados apenas a uma entidade. considerado para efeitos fiscais no regime simplificado.

valor dos recibos passados, depois de descontadas as despesas, que constituíam a dedução específica desta
despesas necessárias. categoria, deixarem de ser incluídas no IRS poderá vir a
influenciar o imposto a pagar. Com o novo regime,
Se o seu rendimento for considerado acessório, apenas a opção pela contabilidade organizada lhe per-
deverá preencher o quadro 4 B do anexo B (rendi- mite deduzir tais despesas quase nos mesmos moldes
mentos da categoria B). Caso contrário, o quadro a que anteriormente. Porém, os trabalhadores que tenham
preencher será o 4 A do mesmo anexo (ver figura, na contabilidade organizada são obrigados a entregar a
página ao lado). No quadro 1, não se esqueça de assi- declaração assinada por um Técnico Oficial de Contas,
nalar o campo 02 (profissionais, comerciais e industriais). devidamente inscrito na respectiva associação profis-
sional.

25 Como dificilmente encontrará um técnico para


Até agora nunca tive contabilidade organiza- cuidar das contas que lhe cobre menos do que 115
da. Será que devo optar por esta última, para euros por mês, também terá de levar em conta este custo.
que não me seja aplicado o famoso regime Além disso, até ao último dia do mês de Junho deverá con-
simplificado? stituir um dossier com a documentação fiscal relativa a
cada ano, o qual terá de ser guardado no seu domicílio fis-
Antes de mais, se não optou pelo regime da cal durante 10 anos.
contabilidade organizada até ao dia 30 de Junho
de 2001, já vai atrasado, dado que nos próximos três
anos será aplicado aos seus rendimentos o regime 26
simplificado. Só depois deste período é que poderá Durante o ano de 2002, obtive como tradutor
mudar para a contabilidade organizada, excepto se ultra- apenas de uma empresa o rendimento bruto
passar os valores-limite a que está obrigado pelo regime anual de 3 500 euros. Como será tributado este
normal (ver questão 32). rendimento da categoria B?

Antigamente, não existia nenhuma vantagem em optar Tudo depende da opção tomada na declaração de
pela contabilidade organizada, quando a isso o con- 2002, a entregar até 30 de Abril de 2003. Se optar
tribuinte não estivesse obrigado. Com o regime simplifi- pela tributação de acordo com as regras da categoria A, o
cado, o cenário é bastante diferente, pois o facto de as fisco irá aplicar a dedução específica da mesma (ver

DINHEIRO & DIREITOS 15


Quadro 4
Deduções específicas para rendimentos de um acto isolado
Encargos dedutíveis Exemplos Limites
Bens de consumo utilizados no exercício No caso de um arquitecto,
da actividade profissional o papel e as canetas
Rendas e outras prestações
devidas pelo aluguer de instalações
Aluguer de equipamento
e de equipamentos, seguros, combustível,
ou de automóveis
manutenção, conservação e imposto
municipal
Sem limites
Refeições e cursos de formação
Valorização e representação profissional e valorização profissional dentro
e fora do país, etc.
Todas as despesas que não tenham
Outras despesas necessárias sido incluídas nas restantes rubricas
para realizar o acto isolado e que sejam necessárias para realizar
o acto isolado (por exemplo, selos fiscais)
Deslocações, viagens e estadas Deslocações em viatura própria, 10% do rendimento bruto
relacionadas com a actividade estadas em hotéis, bilhetes de comboio, etc. do acto isolado

questão 13). Se não optar, o rendimento líquido da cate-


goria B será de € 2 436,07. 29
Isto porque para um rendimento bruto inferior a € 3 747,80, Além do rendimento empresarial, em 2002,
o fisco presume que o rendimento líquido é sempre de consegui um rendimento bruto total de 3 500
€ 2 436,07. Caso apresentasse um rendimento superior a euros pelo meu trabalho como independente.
€ 3 747,80, contaria o resultado da multiplicação por De que forma será tributado?
0,65 (€ 4 000 x 0,65 = € 2 600).

Se também tiver rendimentos da categoria A, mas


Esquema 2
por serviços prestados a outra entidade, o fisco não Acto isolado ou início de actividade?
lhe permite optar pelas regras daquela categoria. Só o
poderá fazer se a entidade a quem passa os recibos for A prestação de serviços que vai realizar
aquela com a qual tem um contrato de trabalho. é um acto de carácter isolado?

27
Não, pretendo continuar
Como desenhador, obtive de diversas empre- a efectuar a prestação
sas um rendimento bruto total de 3 500 euros, de serviços
proveniente apenas do meu trabalho enquanto Sim, vai ser um acto único.
Já alguma vez realizou
independente. Como serei tributado?
um acto isolado de
prestação de serviços?
O rendimento líquido será de € 2 436,07. Para um
rendimento bruto inferior a € 3 747,80, o fisco pre-
sume que o líquido é sempre de € 2 436,07.
Sim Não
Caso o nosso leitor apresente um rendimento bruto supe-
rior a € 3 747,80, o líquido irá resultar da aplicação do
coeficiente de 0,65.
Esse acto era previsível
ou resulta de uma
28 prática habitual?

Além de rendimentos de outras categorias,


obtive na minha actividade independente
como solicitadora 3 500 euros. Como será trib- Sim Não
utado este último?

O rendimento líquido da categoria B resulta da


aplicação de 0,65 com o mínimo de € 2 436,07. Terá de declarar o início
É melhor optar pelo acto
No entanto, se o rendimento bruto da categoria B for de actividade e cumprir todas
isolado, em vez de declarar
as obrigações declarativas
inferior a € 2 436,07 e inferior a metade dos restantes e de registo (ver, na página 23,
o início de actividade
englobados, o rendimento líquido será encontrado como independente.
o quadro 6).
depois de retirados os custos necessários para o obter
(ver questão 33).

16 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Depende. Para quem obtém rendimentos profis-


sionais e empresariais ao mesmo tempo, a tribu-
tação poderá ser efectuada de duas formas: se da soma
da multiplicação de 0,65 pela prestação de serviços e da
multiplicação de 0,20 pelas vendas o resultado for supe-
rior a € 2 436,07, o rendimento líquido é o que resultar
desta operação. Caso contrário, o rendimento será sem-
pre de € 2 436,07.
Supondo que o Pedro teve um rendimento empresarial
de 5 000 euros e um rendimento profissional de 3 500
euros, o da categoria B é de 3 275 euros [(5 000 x 0,20)
+ (3 500 x 0,65)].
Contudo, imaginemos que o Pedro teve um rendimento
empresarial de 5 000 euros e um rendimento profissional
de 1 750 euros. Neste caso, o rendimento líquido da ca-
tegoria B é de € 2 436,07. Apesar de o resultado da ope-
ração ser € 2 137,50 [(5 000 x 0,20) + (1 750 x 0,65)], o
fisco presumirá sempre um rendimento líquido de
€ 2 436,07. Não precisa de se preocupar com as contas.
Neste caso, essa tarefa cabe ao fisco.

30
Além dos rendimentos provenientes da minha
actividade como empresário e independente,
obtive ganhos noutras categorias. Como será Declaração de acto isolado.
tributado o rendimento da categoria B? (a) Montante a entregar mediante guia no serviço de finanças
da área de residência até ao último dia do mês seguinte a contar da data
do pagamento.
Depende. Se cumprir todos os requisitos do esquema 3
(na página 19), o rendimento líquido da categoria B irá terá de adquirir um livro de recibos verdes (modelo 6, por
resultar da dedução dos encargos aos proveitos. € 2,75), onde irá discriminar todos os montantes obtidos
Se qualquer dos valores indicados for superior (vendas pelos serviços que vier a prestar. Por cada importância
superiores a € 4 872,14 ou prestação de serviço supe- recebida, terá de emitir um recibo.
rior a € 2 436,07), o rendimento líquido da categoria B
resulta da aplicação dos respectivos coeficientes, com o Em determinadas actividades (alguns antigos
mínimo de € 2 436,07. empresários em nome individual), independente-
mente de precisar ou não de contabilidade organizada, o
Início de actividade contribuinte é obrigado a emitir uma factura ou docu-
mento equivalente por cada transmissão de bem ou
serviço, bem como pelos adiantamentos. Como tal, não
31 terá de adquirir recibos verdes, mas deverá pedir para
Pretendo iniciar a minha actividade na catego- lhe fazerem facturas numa tipografia autorizada (ver
ria B. Que obrigações tenho de cumprir? caixa da página 26).

Antes de começar a exercer a actividade, o contribuinte Deve ainda saber, no seu serviço de finanças, se
tem de cumprir uma série de formalidades. está, ou não, obrigado a cobrar IVA e se tem de
entregar a declaração periódica (ver questão 37).
Em primeiro lugar, deve dirigir-se a qualquer Tem, ainda, de adquirir um livro de registo de serviços
serviço de finanças, onde entregará (em tripli- prestados (modelo 8), onde deverão ser mencionadas as
cado: € 0,20) uma declaração de início de actividade, receitas, o que entre os meses de Janeiro e Novembro,
devidamente preenchida. Nessa altura, terá de indicar deverá acontecer, no máximo, 30 dias após a recepção
se opta ou não pela contabilidade organizada. Se não do dinheiro e, em Dezembro, num prazo de 15 dias.
o fizer, poderá ficar sujeito ao regime simplificado Se não ficar isento de IVA, terá de comprar também o
durante três anos, sendo prorrogável por iguais perío- livro de registo das despesas (modelo 9). Depois de
dos. Se não quiser continuar neste regime e pretende cumprir todas as etapas, deve ir à delegação regional da
mudar para a contabilidade organizada, terá de entre- Segurança Social da sua área de residência, para
gar uma declaração de alterações até ao final do mês declarar o início de actividade. Após a declaração nas
de Março do ano seguinte ao período de três anos. finanças, tem 13 meses e 15 dias para cumprir esta obri-
De seguida, em qualquer tesouraria da fazenda pública, gação. Embora esteja prevista na lei a possibilidade de a

DINHEIRO & DIREITOS 17


inscrição na Segurança Social ser feita no serviço de fi- No caso de ficar abrangido pelo regime simplifi-
nanças, esta opção ainda não está a ser posta em prática. cado, este será aplicado durante três anos, sendo
prorrogável por iguais períodos. Se quiser mudar para a
Caso também seja trabalhador por conta de contabilidade organizada, basta entregar uma decla-
outrem, pode pedir, na sua delegação regional da ração de alterações até ao final do mês de Março do ano
Segurança Social, a isenção do pagamento de contribui- seguinte ao período de três anos. O regime simplificado
ções, uma vez que já desconta, todos os meses, 11% quanto a prestações de serviços termina quando:
aos rendimentos da categoria A. – tiver um rendimento superior a € 99 579,58 durante dois
períodos de tributação seguidos;
– num só período, o limite atrás referido for ultrapassado
32 num montante superior a 25%, ou seja, um total de rendi-
Se ficar abrangido pelo regime simplificado, mentos superior a € 124 699,47.
nunca mais posso optar pela contabilidade
organizada?
33
A opção pelo acto isolado pode ser vantajosa?
Livros de registo:
Há que distinguir duas situações: por um lado, quem
é obrigatório preencher ainda não está colectado como trabalhador independente
Os contribuintes que exerçam a sua actividade de prestação e quer efectuar prestações de serviços e, por outro,
de serviços e que NÃO são obrigados a possuir contabili- quem, além de ter rendimentos de outras categorias, se
dade organizada TÊM de adquirir: encontra colectado como independente.
– livro de registo de serviços prestados (modelo 8);
– apesar de o livro de registo de despesas não ser obriga- Para quem não se encontra colectado como inde-
tório para o profissional que fique no regime simplificado, pendente, a grande vantagem do acto isolado
pode suceder que venha a ficar no regime normal de IVA consiste na sua simplicidade, já que dispensa toda a
e, nesses casos, o livro modelo 9 é obrigatório. burocracia inerente ao início de actividade. Mas vejamos
mais em concreto quais são as diferenças entre quem
Adquirir e preencher efectua um acto isolado e quem se encontra colectado
Estes livros devem ser adquiridos na mesma altura em que como independente. Desde logo, os primeiros não pas-
declara o início da actividade, nas tesourarias da fazenda sam "recibos verdes". Em vez disso, o trabalhador deverá
pública ou em papelarias autorizadas para o efeito. emitir, após a conclusão do serviço, uma declaração em
Os livros, que custam € 3,69 e € 3,04 euros, respectiva- triplicado e elaborada de acordo com a minuta que apre-
mente, têm como prazo máximo para o preenchimento: sentamos na figura da página 17. Um dos exemplares
ficará em seu poder, outro deverá ser entregue à enti-
– de Janeiro a Novembro, 60 dias para o registo das dade pagadora e o terceiro terá de ser deixado no serviço
operações de cada mês; de finanças da sua área de residência, neste último caso,
– no mês de Dezembro, 15 dias (até ao dia 15 de até ao final do mês seguinte ao da conclusão do serviço.
Janeiro do ano seguinte, portanto). Também poderá encontrar a declaração no sítio da DGCI
Nestes livros, as receitas devem ser indicadas cronologi- (www.dgci.min-financas.pt). Basta visitar a secção do
camente. Na prática, no livro modelo 8 devem ser discri- sítio oficial e depois navegar pela Repartição virtual. Aí
minados todos os recibos verdes emitidos pelo contribuinte. deverá optar por Formulários.

Penalizações e conservação dos livros


Apesar de ser obrigatório, o preenchimento destes dois Um acto isolado pressupõe sempre a cobrança
livros é, muitas vezes, descurado pelos trabalhadores inde- de IVA, à taxa de 19%, desde que o serviço tenha
pendentes. Se for o seu caso, altere a situação, pois está sido prestado depois de 5 de Junho de 2002. Este valor
a cometer uma infracção que lhe poderá trazer problemas. deverá ser entregue nas finanças. Neste caso, não pre-
A inexistência destes livros de registo é punida, no mínimo, cisa de declarar o início de actividade, nem de subscre-
com uma coima (entre 150 e 7 500 euros). Estes dois livros, ver o seguro de acidentes de trabalho.
bem como os documentos que servem de base ao seu
preenchimento, devem ser conservados durante 10 anos. Para quem exerce a actividade, uma das formas
de evitar que a colecta mínima seja aplicada
Os contribuintes que NÃO sejam obrigados a pos- passa pela tributação especial dos rendimentos aces-
suir contabilidade organizada, mas que tenham um sórios. Desde que o rendimento de independente não
sistema de contabilidade que permita o correcto apuramento exceda os € 2 436,07 nem metade dos rendimentos bru-
do imposto, poderão, depois de avisarem à Direcção-Ge- tos de outras categorias, os mesmos ficarão abrangidos
ral dos Impostos, não utilizar os livros. pelo regime do acto isolado, embora as suas obrigações
sejam as da prestação de serviços.

18 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Esquema 3
Regime simplificado para rendimentos profissionais

Os rendimentos profissionais obtidos em 2002 resultaram de um acto isolado?

Sim Não

O rendimento é apenas profissional e não provém de outras categorias?

Não Sim

Foi pago por uma única entidade? Foram prestados a uma única entidade?

Não Sim Sim Não

Quer optar pela tributação Quer optar pela tributação con-


conforme as regras da categoria A? forme as regras da categoria A?

Não Sim Não

O rendimento bruto é inferior


O rendimento bruto é
a € 2 436,07 e a metade
inferior a € 3 747,80?
dos restantes rendimentos englobados?

Sim Não Sim Não

Não se aplica o
O rendimento
regime simplificado O rendimento Aplicam-se O rendimento
líquido é igual
e o rendimento liquído resulta as deduções liquído é o que
aos proveitos O rendimento
líquido é igual aos da aplicação do específicas resultar
menos os custos, líquido a considerar
ganhos menos coeficiente de 0,65, da categoria A da aplicação
com base no é de € 2 436,07
os custos com o minímo (trabalho por conta do coeficiente
regime dos actos
(de acordo com de € 2 436,07 de outrem) de 0,65
isolados
os limites legais)

Por fim e no que se refere a ambas as situações: totais, não resultem de uma prática previsível ou rei-
– aos actos isolados, não se aplica o regime simplificado, terada;
podendo apenas ser deduzidas as despesas ne- – a retenção na fonte (regra geral, de 10%) terá de ser
cessárias para realizar o serviço, desde que devida- feita sobre os rendimentos de actos isolados prove-
mente comprovadas e até aos limites indicados no nientes de qualquer prestação de serviços. No caso de
quadro 4; rendimentos provenientes da propriedade intelectual,
– são considerados rendimentos de actos isolados os industrial ou da prestação de informações por experiên-
que, não representando mais de metade dos ganhos cia adquirida, a taxa é de 15%. Quanto a rendimentos de

DINHEIRO & DIREITOS 19


actos isolados cuja natureza seja comercial, industrial,
Esquema 4
agrícola ou pecuária, não é obrigatório fazer retenção na Regime simplificado para rendimentos
fonte. Também pode ficar dispensado da retenção, se o profissionais e empresariais
acto for de valor inferior a € 9 959,17.
Se, em 2002, praticar um acto isolado, terá de entregar, Obteve apenas rendimentos profissionais
até ao final de Abril de 2003, a declaração de rendimen- e empresariais em 2002?
tos modelo 3 e o anexo B, onde colocará uma cruz na
quadrícula referente ao acto isolado.
Sim Não
Aos rendimentos obtidos através do acto isolado,
apenas poderá deduzir as despesas necessárias
para realizar o serviço. Estão excluídas, por exemplo, as
As vendas são inferiores a
amortizações de equipamentos, pois estas revelam a Ao aplicar os coeficientes € 4 872,14, as prestações
existência de uma actividade contínua. de 0,65 x prestação de de serviços são inferiores
serviços e de 0,20 x vendas, a € 2 436,07 e, no total, não
o resultado é inferior ultrapassam € 4 872,14
Obrigações acessórias a € 2 436,07? e são considerados
rendimentos acessórios?

34
Como tive de comprar bastante material para a
Sim Não Sim Não
minha actividade, vou ter prejuízo. Posso recu-
perar esta perda nos impostos?

Ao rendimento do contribuinte que não opte pela O rendimento


contabilidade organizada poderão ser deduzidos O rendimento líquido da
O rendimento
os prejuízos fiscais apurados somente nos anos ante- líquido da categoria B
O rendimento líquido
categoria B resulta da
riores àquele em que se iniciou a aplicação do regime líquido resulta
resulta aplicação dos
é de da aplicação
simplificado. No entanto, o rendimento tributável, isto é, € 2 436,07
da dedução respectivos
dos
sujeito a imposto, não pode ser inferior a metade do valor dos encargos coeficientes,
coeficientes
aos proveitos com o minímo
anual do salário mínimo nacional, ou seja, € 348,01 x 14 ÷ de € 2 436,07
2 = € 2 436,07. Quando entregar a sua declaração de
rendimentos referente a 2002, não precisa de indicar o
prejuízo que suportou no ano anterior (em 2001). O fisco
irá deduzir esse prejuízo. O valor destes pagamentos será indicado na nota
de apuramento de imposto do ano anterior àquele
Se optou ou está obrigado a ter contabilidade em que deverão ser pagos. Durante o mês de Maio do
organizada, os prejuízos poderão ser reportados ano a que respeitam, o fisco envia ao contribuinte o
nos seis anos seguintes. respectivo aviso de pagamento, que deverá ser efectua-
do em três prestações. Estas têm um valor igual e devem
ser pagas, respectivamente, até aos dias 20 de Julho, 20
35 de Setembro e 20 de Dezembro. Se forem inferiores a 50
Os trabalhadores independentes têm de efec- euros, o fisco não exige o pagamento.
tuar sempre pagamentos por conta?
Vejamos as situações que permitem aos con-
Depende. Os pagamentos por conta são uma espécie de tribuintes cessar os pagamentos por conta:
adiantamento sobre o imposto a pagar. Estes surgem – deixar de obter rendimentos da categoria B;
como um complemento ou substituem as retenções na – verificar através dos elementos de que dispõe que o va-
fonte. Visam aproximar os montantes que entram gra- lor destes pagamentos e das retenções efectuadas é
dualmente nos cofres do Estado ao valor total de imposto igual ou superior ao IRS devido no final;
que o independente deveria suportar no final do ano. – poderá limitar a prestação do pagamento à diferença
Quem inicia a sua actividade não terá de se preocupar de entre o imposto devido e os pagamentos efectuados.
imediato: só a partir do terceiro ano (inclusive) é que será
obrigado a realizar os pagamentos por conta.
O cálculo dos pagamentos será feito pelo fisco, com base 36
nos rendimentos obtidos no penúltimo ano. Por exemplo: Quais as obrigações dos trabalhadores inde-
se, em 2002, tiver efectuado pagamentos por conta, tal pendentes em relação ao IVA?
situação fica a dever-se aos rendimentos que obteve em
2000. O valor dos pagamentos por conta corresponde a Os trabalhadores independentes estão isentos de cobrar
85% do montante calculado. IVA nas suas operações, se:

20 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

– não forem obrigados a ter contabilidade organizada ou organizada, bem como quando são obrigados a apre-
não tiverem optado pela mesma; sentar qualquer dos anexos que dela fazem parte, sobre-
– não praticarem operações de importação ou expor- tudo o anexo L ou os anexos O e P. A declaração anual
tação; pode ser entregue em qualquer serviço de finanças, em
– e, no ano civil anterior, não tiverem obtido rendimentos papel, disquete ou banda magnética. Porém, sempre que
(brutos) superiores a € 9 975,96. o contribuinte pretenda ou os elementos a referir
Além destas isenções, encontra-se isento de cobrar IVA impliquem o preenchimento de mais do que uma folha,
quem exercer as seguintes actividades, qualquer que deve a mesma ser entregue em suporte magnético ou por
seja o volume de negócios: médicos, odontologistas, correio electrónico através da Net.
parteiras, enfermeiros e outras profissões paramédicas
(excepto se optarem pela contabilidade organizada).
Assim, os trabalhadores independentes que obtenham 38
(ou, no início da sua actividade, prevêem vir a ter) um vo- Ouvi falar de mapas recapitulativos de clientes
lume de negócios superior a € 9 975,96 têm de liquidar e de fornecedores. O que significam?
(cobrar) IVA nos recibos verdes por si emitidos, à taxa de
19% (13%, no caso de contribuintes residentes nos Os trabalhadores independentes também po-
Açores ou na Madeira). dem ter de preencher e entregar os mapas reca-
O valor do IVA cobrado tem de ser declarado e entregue pitulativos de clientes e fornecedores (os anexos O e P,
ao Estado. Para isso, é necessário preencher e enviar respectivamente). Estes anexos são listas onde devem
uma declaração periódica de IVA. constar todos os clientes e fornecedores do trabalhador
independente, apresentados pelo respectivo número de
Esta declaração será trimestral ou mensal, con-
soante tenha um volume de negócios, respectiva- Esquema 5
mente, inferior ou superior a € 498 797,89. Regime simplificado
para rendimentos empresariais
O imposto cobrado aos clientes será entregue ao
Estado, depois de deduzido do IVA que o Em 2002, apenas obteve rendimentos empresariais?
trabalhador independente pagou na aquisição dos pro-
dutos e serviços necessários à sua actividade.

Além da declaração periódica, os trabalhadores Sim Não


independentes terão de entregar o anexo L que
faz parte da declaração anual de informação contabilís-
tica e fiscal. Este anexo deve ser entregue até ao último O valor das vendas São rendimentos obtidos
dia útil de Junho, em qualquer serviço de finanças. de mercadorias é inferior em conjunto com
Além do suporte de papel, também poderá entregar este a € 12 180,35? os de outras categorias?
anexo juntamente com a declaração anual em suporte
magnético (disquete) ou por correio electrónico através
da Internet. Neste caso, tem de previamente pedir a Sim Não Sim Não
senha de acesso em qualquer caixa multibanco ou na
página da DGCI (www.dgci.min-financas.pt). Caso não
entregue estes documentos ou o faça fora do prazo, o
O rendimento As vendas são
contribuinte pode ser punido com uma coima que varia líquido resulta inferiores a
O rendimento
entre 100 e 2 500 euros. da aplicação € 4 872,14 Veja
líquido mínimo
do coeficiente e inferiores o esquema 4,
é de
de 0,20 sobre a 50% dos na página 20
Além do anexo L, existem ainda os anexos M (para ope- € 2 436,07
o total restantes
rações nas regiões autónomas) e N (para as operações de vendas rendimentos?
especiais de IVA, como, por exemplo, a venda de objec-
tos em segunda mão, objectos de arte ou de tabaco).

Sim Não
37
Sou trabalhador independente e optei pela con-
tabilidade organizada. Tenho de entregar a de- O rendimento líquido
claração anual contabilística e fiscal? O rendimento líquido resulta da aplicação
é igual aos proveitos do coeficiente de
menos os custos 0,20, com o mínimo
Até ao final de Junho de 2003, esta declaração de € 2 436,07
deverá ser entregue por todos os trabalhadores
independentes que têm ou precisam de contabilidade

DINHEIRO & DIREITOS 21


Quadro 5
Deduções no regime da contabilidade organizada
Encargos Limites
Remunerações, ajudas de custo, quilómetros, subsídio de refeição,
A generalidade das despesas relacionadas com o exercício
utilização de viatura própria atribuídos ao contribuinte ou a membros
da actividade, excepto os encargos indicados ao lado
do seu agregado familiar que lhe prestem serviço
Deslocações, viagens e estadas do contribuinte 10% do rendimento bruto
ou membros do seu agregado familiar da categoria B
Custos associados ao imóvel destinado Não podem exceder 25% do total das despesas
a habitação e parcialmente afecto à actividade devidamente comprovadas
Tributação autónoma
Encargos (1) Taxa de imposto aplicada
Despesas confidenciais ou não documentadas 50%
Despesas de representação dedutíveis e encargos com veículos
6%
ligeiros de passageiros ou mistos, motos e motociclos

(1) Apesar destas despesas poderem ser apresentadas pelos contribuintes que tenham contabilidade organizada, sobre o seu montante incide a taxa de tributação autónoma indicada.

identificação fiscal, com os quais as operações, no ano sibilidade passa a ser obrigatória se, para referir todos os
anterior, tenham excedido os € 49 879,79. O anexo O elementos nos mapas recapitulativos, tiver de preencher
destina-se a enumerar os clientes e as transacções e o mais do que uma folha.
anexo P serve para enumerar os fornecedores nas
condições acima referidas. Ambos fazem parte da decla-
ração anual de informação contabilística e fiscal. 39
Vou deixar de exercer a minha actividade?
A entrega destes mapas deve ser efectuada até Tenho de avisar as finanças?
ao último dia útil do mês de Junho do ano seguinte
àquele a que se referem as operações, em qualquer Caso deseje encerrar a sua actividade, deve deslocar-se
repartição de finanças. Deverá fazê-lo em suporte de a qualquer serviço de finanças, para preencher uma
papel, magnético ou por transmissão electrónica de declaração de cessação de actividade. Atenção: tem 30
dados (correio electrónico, por exemplo). Esta última pos- dias para o fazer a contar da data em que deixou de
exercer a sua actividade, ou seja, deixou de prestar
serviços. Caso assim não tenha procedido, o fisco vai ter
Esquema 6 em conta a data de emissão do último recibo verde. Por
IVA: obrigações outro lado, esse facto também deve ser comunicado ao
do trabalhador independente fisco, na declaração de rendimentos a entregar no ano
seguinte.
Não se esqueça de entregar uma declaração de ces-
Exerce uma actividade isenta de IVA? (1) sação de actividade, até ao final do mês em que a encer-
rou, na delegação regional da Segurança Social, onde se
encontra, actualmente, inscrito, e informar os serviços do
IVA, se for caso disso.
Sim Não
Deve ainda entregar a declaração modelo 3 e
indicar, no quadro 11 do anexo B, a data em que
terminou a actividade. Sempre que se verifique alguma
O seu volume de negócios
é superior € 9 975,96? alteração na sua actividade (se deixar de exercer o seu
trabalho de desenhador para começar como arquitecto,
por exemplo), deve comunicá-la ao fisco. Para o efeito,
deve entregar na sua repartição de finanças, no prazo de
Não Sim 15 dias, a contar da ocorrência da mudança, uma decla-
ração de alteração de actividade.

Retenções na fonte
É obrigado a cobrar
Está isento de qualquer IVA, mas pode deduzir
obrigação o imposto pago
nas suas aquisições
40
Iniciei a minha actividade independente como
(1) Estão isentas de IVA as seguintes actividades: arquitecto. Apesar de já ter passado alguns
médicos, odontologistas, parteiras, enfermeiros e outras profissões paramédicas. recibos verdes, só agora me questiono se es-
tarei ou não sujeito a retenções na fonte?

22 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Se prestar serviços a clientes com contabilidade organi- Se ultrapassar o referido limite de € 9 975,96, de-
zada, estes deverão fazer uma retenção na fonte de 20%, verá contactar o seu serviço de finanças, de forma
no acto de pagamento. A excepção vai para aqueles a alterar o regime de isenção de IVA, a que estava sujeito,
casos em que o trabalhador não prevê vir a ganhar mais para o regime normal. Na prática, terá de cobrar IVA à
de € 9 975,96 por ano (rendimento bruto). taxa de 19% (13%, no caso de contribuintes residentes
nos Açores ou na Madeira), nos recibos verdes que
Para tal, deverá manifestar a sua decisão, nos venha a emitir (ver questão 36).
recibos verdes, pondo uma cruz na linha Sem
retenção – art.° 9.°, n.° 1 do D.L. n.° 42/91, de 22/1. Não estão sujeitas a retenção na fonte as prestações de
Contudo, mesmo que não seja efectuada qualquer serviços decorrentes de actividades, como transportes,
retenção na fonte, deverá entregar sempre a declaração hotelaria, agências de viagens e turismo, restauração,
de rendimentos. bebidas e construção civil (neste último caso, desde que
possua um certificado válido emitido pelo Instituto do
Esta dispensa de retenção na fonte acaba sempre que: Mercado de Obras Públicas e Particulares e do Imobi-
– durante o ano anterior (neste caso, 2001) tenha ganho liário).
mais de € 9 975,96 na categoria B;
– no decurso de 2002, tenha ultrapassado ou prevê vir a Existem três tipos de taxas de retenção na fonte:
ultrapassar o limite de € 9 975,96. Neste caso, o próximo – 20%, quando estão em causa rendimentos de
recibo verde já deverá contemplar a retenção na fonte. profissionais, previstos na tabela de actividades. Para

Quadro 6
Obrigações dos prestadores de serviços e empresários
Documentos necessários e prazos
Obrigações
IVA IRS
Início
Declaração de início de actividade (entregue antes do início da actividade)
de actividade
Declaração Periódica de IVA
Entrega até ao dia 15 do mês seguinte ou dia 10 do segundo
Periódica mês seguinte àquele a que se referem as operações, Nada a assinalar
consoante se trate do regime trimestral ou mensal,
respectivamente (1)
Declaração de rendimentos (modelo 3)
Entrega entre o dia 16 de Março e 30 de Abril
do ano seguinte àquele a que dizem respeito
Declaração anual de informação contabilística e fiscal, os rendimentos
juntamente com anexo L
Anual Declaração anual de informação
Entrega até ao último dia do mês de Junho do ano seguinte
àquele a que se referem as operações (1) contabilística e fiscal
Entrega até ao último dia do mês de Junho
do ano seguinte àquele a que se referem
os rendimentos (2)

Mapas recapitulativos de clientes e de fornecedores (anexo O e anexo P)


Mapas
Entrega juntamente com a declaração anual até ao último dia do mês de Junho do ano seguinte
recapitulativos
àquele a que se referem as operações (1)

Declaração de alterações
Alterações Entregar no prazo de 15 dias a contar da data da alteração, excepto se a alteração no volume de negócios
na actividade implicar uma mudança no enquadramento no regime do IVA. Neste caso, deverá ser entregue até ao final do mês
em que foram ultrapassados € 9 975,96 de volume de negócios
Declaração de cessação de actividade
Encerramento
Entregar no prazo de 30 dias a contar da data de encerramento

Retenções na fonte sempre que auferir


rendimentos (3)
Pagamento do IVA relativo a cada período de tributação
Pagamento (mensal ou trimestral), nas mesmas datas da entrega da Pagamentos por conta até ao dia 20 de cada
declaração periódica do IVA (1) um dos meses de Julho, Setembro e Dezembro
Pagamento do IRS apurado

Facturação Emissão de recibos verdes (modelo 6) por cada prestação de serviços ou de facturas (em determinados casos)
Registo dos rendimentos e das despesas para apuramento do imposto
Contabilização (modelos 8 e 9 ou sistema de contabilidade) (4)
e escrituração Constituição de um dossier fiscal até ao último dia do mês de Junho do ano seguinte
àquele a que se referem as operações (2)
(1) Apenas para os trabalhadores independentes enquadrados no regime normal do IVA.
(2) Só para quem possui ou esteja obrigado a possuir contabilidade organizada, ou tenha de entregar qualquer dos anexos respeitantes ao IVA.
(3) As retenções na fonte só são obrigatórias para os trabalhadores com um volume de negócios superior a € 9 975,96.
(4) Em 2002, os trabalhadores com um volume de negócios superior a € 99 759,58 precisam de ter um registo contabilístico organizado.
saber se a sua actividade está incluída nesta tabela, do anexo B, enquanto que os restantes serão indicados
poderá contactar o serviço de finanças da sua área ou o no quadro 5 do anexo H.
nosso serviço de informações (telefone: 21 841 08 58;
correio electrónico: sinfo@edideco.pt); Neste caso, a taxa de retenção também passa a
– 10%, se se tratar de rendimentos profissionais não pre- recair sobre 50% dos rendimentos, o que, na
vistos naquela lista; prática, significa uma taxa de 7,5% (15% x 50%).
– 15%, quando estiverem em causa rendimentos prove- Ao preencher os recibos verdes, terá de respeitar as
nientes da propriedade intelectual (escritores, por exem- regras indicadas na questão anterior.
plo), industrial ou de prestação de informação sobre
experiência adquirida no sector comercial, industrial ou Deduções específicas
científico.

43
41 Disseram-me que as deduções específicas aos
O meu filho de 26 anos tem um grau de rendimentos de trabalho independente sofr-
invalidez superior a 60%. Porém, faz alguns eram limitações. É verdade?
trabalhos para uma empresa de informática.
Por cada importância que recebe, passa um As despesas que o trabalhador independente
recibo verde. Será que tem algum benefício tem de realizar para exercer a sua actividade SÓ
pelo facto de ser deficiente? podem ser deduzidas aos seus rendimentos, se tiver
optado pela contabilidade organizada ou se a isso
Metade (50%) dos rendimentos de trabalho indepen- estiver obrigado.
dente auferidos por sujeitos passivos com um grau de Assim e não se aplicando o regime simplificado, estas
invalidez permanente entre 60% e 79% inclusive estão despesas serão deduzidas das receitas, para se apurar
isentos de tributação, até ao limite de € 13 504,76. o rendimento líquido da categoria B.
Se o grau for igual ou superior a 80%, os limites são
aumentados em 15% (€ 13 504,76 x 15% = € 2 025,71). Quando preencher o anexo C, o trabalhador
Logo, o limite é aumentado para € 15 530,47, ficando independente deverá indicar sempre o total das
isentos de tributação 57,5% dos rendimentos. despesas realizadas ao longo do ano, tendo em atenção
os limites legais a seguir indicados.
Para beneficiar desta redução, tem de mencionar Dado que algumas limitações deixaram de ser conside-
o grau de deficiência nos quadros 8 A ou B da radas, vejamos quais as despesas que têm limites ou
declaração modelo 3 (ver figura da página 13). não são tidas em conta.

Estes contribuintes também podem beneficiar de uma As despesas com deslocações, viagens e es-
redução na taxa de retenção na fonte. Assim, a taxa de tadas do contribuinte ou do seu agregado fami-
retenção passará a incidir sobre apenas 50% dos rendi- liar que com ele trabalham só serão aceites como
mentos, o que, na prática, corresponde à aplicação de deduções até 10% do rendimento bruto do trabalhado
uma taxa de 10% (20% x 50%). independente. Não será dedutível a totalidade das
importâncias escrituradas a título de remuneração, aju-
Os contribuintes deficientes que pretendam das de custo, utilização de viatura do próprio, subsídios
aproveitar esta redução devem, nos recibos de refeição e outras prestações de natureza remune-
verdes, pôr uma cruz na linha Sobre 50% – art.° 10.°, n.° ratória do contribuinte ou de qualquer membro do seu
1 do D.L. n.° 42/91, de 22/1. agregado familiar que lhe preste serviço.

42 44
Participo como trabalhador independente na Utilizo a casa arrendada onde habito para a
elaboração de obras literárias. Ouvi dizer que minha actividade profissional independente.
existe um benefício fiscal relativo a esta acti- Será que posso deduzir aos meus rendimentos
vidade. Como posso usufruir de tal? da categoria B o que pago de renda, electrici-
dade, água e telefone?
Metade dos rendimentos provenientes da propriedade
literária, artística e científica (a realização de um livro Estas despesas só serão aceites pelo fisco, se ti-
escolar ou a publicação de um romance, por exemplo) ver contabilidade organizada. Assim, se a casa
estão isentos de pagar imposto. fosse utilizada apenas para a actividade como profis-
sional independente, os gastos com a renda, a electrici-
Para usufruir da isenção, terá de inscrever dade, a água e o telefone fixo poderiam ser deduzidos
metade dos rendimentos referidos no quadro 4 na totalidade. Nos casos em que a casa é utilizada, ao

24 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

mesmo tempo, para fins profissionais e habitacionais, Desde 2001 (a medida teve efeitos retroactivos), o fisco
como é o caso deste leitor, só poderá deduzir uma parte só permite afectar à actividade um veículo por titular de
dos referidos encargos. Assim e já que parte da casa rendimentos da categoria B, por sócio, no caso de
também se destina à habitação, o fisco só considera sociedades de profissionais, e por trabalhador ao serviço
25% das despesas acima referidas. dos referidos sujeitos passivos, desde que seja compro-
vada a necessidade do uso.

45
Para exercer a minha actividade, preciso de 47
um computador que custa 2 mil euros. Existe As rendas pagas através de um contrato de ALD
alguma forma de recuperar este montante? (aluguer de longa duração) podem ser deduzidas
aos meus rendimentos da categoria B?
Os trabalhadores independentes que comprem equi-
pamentos necessários para a sua actividade (por exemp- Sim, desde que possua contabilidade organiza-
lo, um computador e uma impressora) só poderão amor- da. Assim, se, em 2002, comprou um automóvel,
tizá-los e deduzi-los ao seu rendimento bruto da cate- o fisco só não aceita as amortizações da parte que
goria B se tiverem contabilidade organizada. As amorti- ultrapasse o valor de € 29 927,87. Em 2002, poderá
zações do equipamento informático são feitas por quotas deduzir a totalidade do valor das rendas pagas por ano.
constantes, à taxa máxima de 25%. A amortização anual
é, portanto, de 500 euros (2 000 euros x 25%), a realizar Regime simplificado
durante quatro anos. para os empresários
(das antigas categorias C e D)
Este é o valor que deverá inscrever no modelo
32.1 (mapa de amortização).
48
As amortizações dos equipamentos de que o trabalhador Fui informado de que os comissionistas já não
independente precise para a sua actividade são aceites, pertencem à categoria C. O que tenho de fazer
na totalidade, como deduções específicas, desde que para iniciar a actividade?
tenha contabilidade organizada.
A partir de 2001, os rendimentos obtidos pelo
comissionistas passaram a ser enquadrados na
46 categoria B, ou seja, estão sujeitos a IRS, na categoria
Posso amortizar o automóvel que adquiri por dos rendimentos empresariais e profissionais. Este tam-
20 mil euros? bém é o caso de quem preste serviços de publicidade,
segurança, administração de bens, de reparação de
Só se possuir contabilidade organizada é que máquinas, instrumentos e outros bens que não sejam
poderá efectuar amortizações, incluindo a de materiais de consumo relacionados com a prestação de
automóveis. Esta é efectuada por quotas constantes de serviços.
25%, com base no valor de compra do automóvel. Assim,
deverá amortizar o automóvel em quatro anos, período
considerado (em termos fiscais) como de vida útil dos
Contabilidade organizada
veículos ligeiros.
Ao optar pela contabilidade organizada, terá de recorrer a um
Em 2002, passou a ser aceite como dedução
técnico oficial de contas. Dada a exaustiva matéria que teria
específica a totalidade da amortização (anterior-
de ser abordada, sobretudo ao nível do IRC, optámos por,
mente só aceitavam metade). Por exemplo, para um
neste capítulo, dedicar a nossa atenção aos contribuintes
automóvel de 20 mil euros, a amortização anual será de
que ficaram abrangidos pelo regime simplificado.
5 mil euros (5 000 euros = 20 000 euros x 25%), valor que
Mesmo assim, não deixamos de prestar informação de
deverá constar do mapa de reintegrações e amortizações
grande utilidade, quer a uns, quer a outros.
(modelo 32.1).
Para saber quais as obrigações relativas ao IVA e ao IRS
Atenção: não é aceite como custo a amortização de veícu-
dos profissionais independentes e empresários, poderá
los ligeiros de passageiros ou mistos na parte que ultra-
consultar o quadro 6. Desde o início da actividade até ao
passe os € 29 927,87.
fecho, passando pela entrega de documentos e prazos, de
tudo poderá encontrar num quadro-mapa que lhe apresen-
Para beneficiar de outras deduções relacionadas
tamos. Por seu turno, no quadro 5, referimos as despesas
com automóveis (por exemplo, combustíveis ou
que são ou não aceites COM LIMITES e/ou sobre as quais
reparações), é preciso que o carro esteja ligado, de
incide uma taxa de tributação autónoma.
modo duradouro, ao exercício da sua actividade. Para
tal, deverá mencionar esse facto na declaração de IRS.

DINHEIRO & DIREITOS 25


Para estes rendimentos, o contribuinte tem de passar
recibo ou factura. Porém, pode ser dispensado de passar
Rendimentos
recibo quem tiver uma média diária muito elevada de
prestação de serviços e emitir um talão. Em qualquer dos
de capitais
casos, terá sempre de fazer retenção na fonte (20%).
Depósitos bancários
49 50
Os empresários são obrigados a ter contabili- Dado que só tenho rendimentos provenientes
dade organizada? de contas bancárias, terei de os mencionar na
declaração de IRS?
Existe um limite legal a partir do qual os em-
presários são obrigados a possuir contabilidade Não. Tanto os juros dos depósitos à ordem como dos depó-
organizada, ou seja, aqueles que, no período de tribu- sitos a prazo são tributados na fonte pelo banco, na data
tação anterior, tenham realizado um volume de vendas de vencimento dos juros, à taxa liberatória de 20% (ver
superior a € 149 639,37. Caso contrário, ficará sempre no quadro 7). Logo, não têm de ser mencionados na sua de-
regime simplificado, a não ser que opte pela contabili- claração de rendimentos. Assim, quando receber os ju-
dade organizada. ros dos seus depósitos, estes serão líquidos, dado que o
banco já reteve 20% de IRS. O mesmo sucede para os
Independentemente da necessidade de ter ou não con- certificados de aforro onde possa ter eventualmente in-
tabilidade organizada e se a sua actividade não se vestido. Contudo, se assim entender, poderá optar pelo
enquadrar na prestação de serviços, terá de emitir uma englobamento dos juros dos seus depósitos bancários.
factura ou um documento equivalente.
Como tal, não terá de adquirir recibos verdes, mas pre- O englobamento dos juros aos rendimentos das
cisa de mandar fazer facturas numa tipografia autorizada outras categorias SÓ compensa se o seu rendimen-
(ver caixa de baixo). to colectável (incluindo os juros brutos) for inferior a
€ 6 201,42 e, por isso, estiver sujeito a uma taxa máxima
de imposto de 14%. Neste caso, terá vantagem em efec-
tuar o englobamento dos juros recebidos, pois a taxa de
Requisitos de uma factura
imposto retida pelo banco (20%) é superior à taxa do IRS
(14%). A diferença de 6% (20% – 14%) poderá ser recu-
• Para que sejam legais, as facturas ou os documentos equiva- perada no reembolso do IRS ou pagando menos impos-
lentes devem ser processadas em duplicado, ter numeração se- to, caso opte pelo englobamento.
quencial e conter os seguintes elementos:
– nome, morada e identificação fiscal dos intervenientes nas opera- Sempre que a taxa de imposto a que estiver su-
ções (vendedor e comprador, por exemplo); jeito for superior a 14%, não terá nenhuma van-
– as quantidades e denominação dos bens transmitidos ou dos tagem em englobar os juros dos depósitos bancários, tal
serviços prestados, bem como os elementos necessários para como pode constatar no quadro 8, na página 29.
determinar a taxa de IVA a aplicar;
– o preço antes da aplicação do imposto (preço ou custo do
serviço) e outros elementos incluídos no valor tributável; 51
– as taxas aplicáveis e o imposto devido; Um amigo disse-me que, optando pelo en-
– a data em que a operação foi efectuada. globamento dos juros dos depósitos bancários,
• Para obter as facturas, pode recorrer aos serviços de uma ti- tenho de o fazer para todos os meus depósitos.
pografia autorizada pelo Ministério das Finanças. Tal autorização Também me contou que terei de autorizar a Di-
está assinalada nas facturas. Se assim o entender, também pode recção-Geral dos Impostos a verificar os ele-
recorrer a sistemas informáticos para imprimir as facturas, des- mentos que quiser junto da entidade que me
de que utilize um programa específico de facturação e que as fac- pagou os juros. Este procedimento é correcto?
turas impressas contenham a expressão "processada por com-
putador". Sim. A partir de 2002, o contribuinte não só é obri-
• A partir de 2000, a factura electrónica (enviada por correio electró- gado a englobar todos rendimentos do mesmo
nico) passou a estar equiparada à factura emitida em papel, género que decidiu englobar, mas também outros,
devendo conter os elementos referidos e uma assinatura digital, nomeadamente:
reconhecida por uma entidade certificadora. E, já agora, quando – rendimentos de títulos da dívida, nominativos ou ao por-
receber uma factura, verifique se esta contém todos os requisi- tador, bem como os rendimentos de operações de reporte,
tos que a tornam fiscalmente válida. Desta forma, evitará proble- cessões de crédito, contas de títulos com garantias de
mas com o fisco. preço ou de outras operações semelhantes e afins;
– rendimentos de valores mobiliários pagos ou colocados
à disposição por entidades sem domicílio em Portugal;

26 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

– juros de depósitos à ordem ou a prazo, de certificados


de depósito, bem como os ganhos resultantes de swaps
Esquema 7
Retenção na fonte pelo resgate
(trocas) cambiais, de taxa de juro e divisas e de operações de um seguro de capitalização
cambiais a prazo;
– rendimentos de seguros do “ramo vida” (por exemplo, O seguro resgatado tem um prazo de aplicação…
seguros de capitalização e seguros mistos).

Ao optar pelo englobamento, tem de autorizar a Di-


recção-Geral dos Impostos a averiguar, junto das
...inferior …entre dois ...entre cinco ...superior
respectivas entidades pagadoras desses rendimentos, se, a dois anos e cinco anos e oito anos a oito anos
em seu nome ou no de membros do seu agregado fami-
liar, existem no mesmo ano quaisquer outros rendimentos
da mesma natureza.
Tributação de 4/5 Tributação de 2/5
Tributação Tributação do rendimento do rendimento
No caso de não apresentar a autorização em con- do rendimento do rendimento à taxa à taxa
junto com a declaração de IRS, a opção pelo en- à taxa à taxa liberatória liberatória de liberatória de
liberatória de 18% (1) 20% (na 20% (na prática,
globamento poderá não ser considerada pelo fisco. de 20% prática, 16%) (1) 8%) (1)
Na maioria dos casos, a opção pelo englobamento dos ju- (1) Desde que nos três primeiros anos do seguro o montante dos prémios
ros dos depósitos bancários, além de ser pouco prática, represente, pelo menos, 35% da sua totalidade.

não é vantajosa.
imposto é retido na fonte, não precisa (nem tem interes-
Títulos da dívida pública se) de englobar os ganhos obtidos, na sua declaração de
rendimentos.
Suponhamos que durante os cinco anos investe 25 mil eu-
52 ros no seu PPR e que, no final desse período, receberá 35
Há pouco tempo, adquiri algumas obrigações. mil euros, antes de impostos. A retenção na fonte incidirá
Tenho de mencionar os juros recebidos na decla- apenas sobre o rendimento, ou seja, 10 mil euros (35 000
ração? Em caso afirmativo, de que forma? – 25 000). Assim, a retenção na fonte será de 400 euros
(10 000 x 4%), recebendo, portanto, 34 600 euros.
Estes títulos representam um empréstimo efectuado a uma
empresa ou ao próprio Estado. Estas entidades ficam Como já é tributado no momento do resgate, não
obrigadas, por um lado, ao pagamento de juros e, por tem qualquer interesse em englobar esse rendi-
outro, ao reembolso ou amortização numa data pré-esta- mento na sua declaração de IRS.
belecida.
Como sobre os juros destes títulos já é aplicada uma taxa Se optar pelo reembolso através de uma renda vi-
liberatória de 20%, não precisa de incluí-los na sua decla- talícia, não receberá o dinheiro todo de uma vez,
ração de rendimentos (ver quadro 7), sejam do Estado ou mas transformará o capital numa renda periódica até mor-
de empresas. rer. Neste caso, a renda paga imposto como se fosse uma
pensão normal (categoria H), pelo que a lei obriga-o a
Seguros englobar as rendas obtidas aos restantes rendimentos,
sendo a taxa de imposto calculada em função do rendi-
mento colectável.
53
Subscrevi um plano de poupança-reforma por Tanto em termos financeiros como em termos
um prazo de cinco anos. Na altura, disseram-me fiscais, o reembolso total é mais vantajoso para
que existem duas formas para receber o dinheiro o contribuinte.
acumulado. Como é feita a sua tributação?

Quando tiverem passado cinco anos (prazo míni- 54


mo de aplicação num plano de poupança-reforma) Quanto terei de pagar de imposto pelo rendi-
e desde que tenha, pelo menos, 60 anos, poderá recu- mento de um seguro de capitalização?
perar o dinheiro que investiu de duas formas: receber o
dinheiro todo de uma vez (reembolso total) ou ir receben- Os rendimentos obtidos através do resgate de segu-
do um pouco todos os meses, até ao fim da vida (renda ros de capitalização são considerados como rendi-
vitalícia). mentos da categoria E. Como tal, estão sujeitos a uma taxa
de retenção na fonte, na altura em que são colocados à
Caso opte pelo reembolso total do dinheiro, terá de disposição do seu titular:
pagar 4% sobre o rendimento obtido. Como este – se o prazo de aplicação do dinheiro for inferior a dois

DINHEIRO & DIREITOS 27


Dividendos de acções: fim do crédito de imposto

Dos lucros que algumas sociedades geram, uma – o englobamento passa a ser obrigatório e é efectuado so-
parte é distribuída aos accionistas: são os chama- bre 50% dos dividendos ou lucros distribuídos.
dos dividendos. A partir deste ano, tais rendimentos pas-
sam a estar sujeitos a uma taxa de retenção na fonte de Um exemplo
15% (ao contrário dos 25% até 2001). Vejamos o exemplo do Sr. Diogo, accionista da empresa
X (cotada na Bolsa de Lisboa, mas não privatizada), que
O mecanismo do crédito de imposto deixou de ser aplica- recebeu, no dia 10 de Agosto de 2002, dividendos de
do. Para 2002, os rendimentos de acções passam a ter o € 0,50 por acção.
seguinte regime: Porém, este accionista só meteu ao bolso € 0,40 de divi-
– estão sujeitos a uma taxa de retenção na fonte de 15% por dendo líquido por acção, já que teve de pagar:
parte da entidade pagadora; – € 0,075 de retenção de imposto na fonte (0,50 x 15%), por
– os dividendos de acções adquiridas no âmbito das pri- cada acção;
vatizações, nos cinco primeiros anos após a data de fina- – € 0,025 (0,50 x 5%) de imposto sobre sucessões e
lização deste processo, ou os dividendos de acções resul- doações, por cada acção.
tantes de aumentos de capital por incorporação de reser-
vas, só serão tributados em 50% do seu valor, em termos Como declarar os dividendos
de IRS. Na prática, os dividendos estarão, também, sujeitos Para englobar este rendimento, o contribuinte terá de
a uma taxa de retenção na fonte de 7,5% (15% x 50%); preencher e entregar o anexo E.
– além da retenção na fonte, os rendimentos distribuídos
terão de pagar imposto sobre sucessões e doações por No quadro 5 do anexo E, terá de indicar somente
avença: 5% dos dividendos brutos; 50% dos dividendos recebidos.

anos, os rendimentos que receber na altura do resgate Os rendimentos obtidos através do resgate de um
estão sujeitos a uma retenção na fonte de 20%; plano de poupança em acções são considerados
– se o prazo de aplicação do dinheiro for superior a dois pelo fisco como rendimentos da categoria E (rendimentos
anos mas inferior a cinco, os rendimentos estão sujeitos a de capitais).
uma retenção na fonte de 18%; Assim, os mesmos estão sujeitos a uma taxa de retenção
– caso o prazo de aplicação seja de cinco a oito anos, a na fonte, na altura em que são colocados à disposição do
taxa de retenção sobre os rendimentos será de 20% sobre seu titular:
4/5 do rendimento, o que equivale, na prática, a 16%; – se o prazo de aplicação do dinheiro for inferior a dois
– para as aplicações de prazo superior a oito anos, a taxa anos, os montantes obtidos estão sujeitos a uma retenção
de retenção será de 20% sobre 2/5 do rendimento, o que na fonte de 20%;
significa 8%. – se o prazo for de dois a cinco anos, os montantes que
Porém, se o valor dos prémios pagos durante a primeira receber estão sujeitos a uma retenção na fonte de 18%.
metade do prazo do seguro for inferior a 35% do total, o Aliás, se NÃO for respeitado o prazo mínimo de aplicação,
rendimento será sempre tributado na fonte à taxa de 20%. que é de seis anos, terá de devolver ao fisco os benefí-
cios fiscais entretanto usufruídos, acrescidos de uma pe-
Regra geral, não terá grande interesse em optar pelo nalização adicional de 10% ao ano (ver, na página 53,
englobamento destes rendimentos aos das restantes caixa Benefícios fiscais: atenção às regras do jogo!);
categorias. – caso o prazo de aplicação seja de seis a oito anos, a
taxa de retenção sobre os rendimentos será de 20% sobre
Participações em empresas 4/5 do rendimento, o que equivale a uma taxa de 16%;
e em fundos de investimento – para as aplicações de prazos superiores a oito anos, a
taxa de retenção será de 20% sobre 2/5 do rendimento, o
que significa 8%.
55 Nos dois últimos casos, as entregas realizadas nos três
Quais os impostos que terei de pagar, quando primeiros anos têm de ser superiores a 35% do dinheiro
levantar o dinheiro acumulado num plano de investido. Caso contrário, a taxa de retenção será sempre
poupança em acções que subscrevi? de 20%.

28 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Antes de serem por si recebidos, os rendimentos


56 obtidos pelos fundos de investimento (qualquer que
Tenho algumas unidades de participação de um seja a sua natureza) já pagaram imposto. Desta forma, os
fundo de investimento mobiliário. É necessário ganhos recebidos pelos investidores já são líquidos, não
declarar os rendimentos recebidos? tendo o leitor de os incluir na declaração de IRS.

Quadro 7
Retenção na fonte
Taxa liberatória Rendimentos

Juros de depósitos à ordem ou a prazo


Rendimentos de títulos da dívida pública (certificados de aforro, por exemplo)
e de operações ligadas à compra e venda dos mesmos
Rendimentos correspondentes à diferença entre os montantes pagos pelo resgate,
vencimento ou adiantamento de apólices de seguros de vida e os respectivos prémios
20%
de seguros ou regimes complementares de Segurança Social
Rendimentos referentes a títulos nominativos e ao portador (excepto acções):
obrigações de uma empresa, por exemplo
Rendimentos de valores mobiliários (excepto acções) devidos por entidades que não tenham domicílio
em Portugal e pagos por entidades residentes
Taxas de retenção com englobamento obrigatório
Dividendos de acções nominativas e ao portador pagos por sociedades anónimas e lucros pagos
15%
por sociedades de quotas (1)

7,5% Os dividendos de acções adquiridas no âmbito das privatizações (até cinco anos após o final do processo
de privatização da empresa) serão tributados em 50%. Na prática, a taxa será de 7,5%
(1) Até 2001, inclusive, só era obrigatório englobar os lucros distribuídos pelas sociedades por quotas.

Quadro 8
Exemplo de cálculo de IRS com e sem englobamento de juros (1)
SEM COM
englobamento englobamento
euros (€)
(1) Rendimento líquido (categoria A) 12 500,00 12 500,00
(2) Rendimento líquido (categoria E, juros brutos) 0,00 500,00
(3) Rendimento líquido total (1) + (2) 12 500,00 13 000,00
(4) Abatimentos 0,00 0,00
(5) Rendimento colectável (3) – (4) 12 500,00 13 000,00
(6) Rendimento colectável ÷ quociente conjugal (5) ÷ 1,00 12 500,00 13 000,00
(7) Taxa 24% 24%
(8) Aplicação da taxa (6) x (7) 3 000,00 3 120,00
(9) Parcela a abater 702,14 702,14
(10) Apuramento (8) – (9) 2 297,86 2 417,86
(11) Colecta (10) x 1,00 2 297,86 2 417,86
(12) Deduções à colecta 1 246,99 1 246,99
(13) IRS liquidado (11) – (12) 1 050,87 1 170,87
(14) Retenções na fonte
2 226,82 2 226,82
(sobre os rendimentos da categoria A)
(15) Retenções na fonte sobre os juros
0,00 100,00
(20% x € 500)
(16) IRS a receber (2) (13) – (14) – (15) 1 175,95 1 155,95
(1) Para um contribuinte solteiro, sem dependentes, que obteve, em 2002, juros (brutos) no valor de 500 euros.
(2) A diferença de 20 euros (€ 1 175,95 – € 1 155,95) deve-se ao englobamento dos juros brutos aos restantes rendimentos.

DINHEIRO & DIREITOS 29


Imóveis 59
No início de 2002, arrendei um armazém a uma
empresa. Dado que as rendas são elevadas, a
Obrigações declarativas empresa passou a fazer retenção na fonte, à
e acessórias taxa de 15%. Disseram-me, há ainda pouco tem-
po, que a empresa deveria entregar-me uma
declaração dos rendimentos pagos e das im-
portâncias retidas. Para que serve esta decla-
57 ração?
Estou a pensar em arrendar um andar a um ami-
go, por uma quantia simbólica. Gostaria de Tal como acontece noutras categorias, as enti-
saber se os rendimentos que vier a obter têm dades pagadoras de rendimentos prediais que
de ser declarados. possuem contabilidade organizada e, ao mesmo tempo,
efectuam retenções na fonte têm de entregar uma decla-
Os rendimentos prediais (provenientes de ren- ração aos senhorios (ou proprietários, que é o caso do
das), qualquer que seja o seu montante, têm de leitor) dos imóveis arrendados.
ser declarados, através do anexo F, e englobados aos
rendimentos de outras categorias (ver, na página 32, a Nesta declaração, a entregar até ao dia 20 de
caixa Rendimentos prediais: que encargos deduzir?). Janeiro de 2003, a entidade pagadora deverá in-
dicar os montantes das rendas e as respectivas retenções.
Portanto, os rendimentos prediais que vier a receber em Para o proprietário (neste caso, o nosso leitor), este docu-
2002 terão de ser declarados. mento serve de comprovativo dos rendimentos auferidos
e das retenções efectuadas, perante a administração tri-
Os rendimentos prediais de montante anual igual butária.
ou inferior a € 9 975,96 estão dispensados de
retenção na fonte. Ou seja, só se torna obrigatória a
retenção à taxa de 15% a partir do momento em que os 60
rendimentos da categoria F ultrapassem os € 9 975,96. Uma empresa de publicidade paga-me todos os
meses para ter afixado um anúncio luminoso
Além disso, para haver lugar à realização de retenção na parede da minha nova casa. Podem-me di-
na fonte, também é necessário que a entidade pagado- zer se tenho mesmo de declarar estes mon-
ra desses mesmos rendimentos possua contabilidade tantes?
organizada. Independentemente de se praticar ou não a
retenção, a declaração dos rendimentos prediais é sem- Sim, dado que são considerados como rendimento pre-
pre obrigatória. dial, estando, por isso, sujeitos a imposto. Se o total dos
seus rendimentos prediais naquele ano ultrapassar os
€ 9 975,96, aquela empresa terá de reter na fonte à taxa
58 de 15% sobre os montantes recebidos.
Arrendei uma casa para minha habitação. Dis-
seram-me que tenho de apresentar o contrato Os montantes recebidos, bem como as retenções
no serviço de finanças. É mesmo verdade? efectuadas deverão ser indicados no anexo F.

Sim. Os contratos de arrendamento devem ser celebrados


pelo senhorio e pelo inquilino em triplicado e os três exem- 61
plares têm de ser apresentados no serviço (antiga repar- Tenho um terreno agrícola, que é explorado por
tição) de finanças da área onde se situa a casa. outra pessoa, a qual me paga, todos os meses,
uma renda. Em que categoria se integra esta
Um exemplar ficará no serviço de finanças, outro actividade?
com o proprietário e o terceiro na posse do in-
quilino. Aliás, as deduções específicas aos rendimentos Uma vez que, actualmente, o nosso leitor não ex-
prediais, referidas nas questões seguintes, bem como plora o terreno, mas, ainda assim, tem ganhos
os abatimentos, só serão aceites de acordo com a lei, se com o arrendamento do mesmo, esse rendimento é tri-
este contrato tiver sido apresentado nas finanças. butado na categoria F (rendimentos prediais).
A iniciativa de levar o contrato às finanças, tanto poderá Logo, o contribuinte terá de declarar os montantes re-
ficar a cargo do proprietário como do inquilino. cebidos no anexo F.

30 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Deduções específicas gativo da categoria F tiver sido causado pelas obras de


conservação ou pelas despesas de manutenção, não
poderá deduzir esse prejuízo, no próprio ano, aos
restantes rendimentos.
62 O prejuízo só poderá ser deduzido nos cinco anos seguin-
Tenho um apartamento arrendado. Quais as tes e apenas aos rendimentos da categoria F (rendimentos
despesas que posso deduzir às rendas rece- prediais).
bidas?
Como em 2001 obteve um prejuízo, certamente
Aos rendimentos brutos provenientes de rendas é possí- que na liquidação de imposto que recebeu esta-
vel deduzir as despesas de manutenção e de conserva- va indicado, no quadro "A título informativo", o montante
ção da responsabilidade do sujeito passivo (neste caso, do prejuízo que poderá reportar, no máximo, nos cinco
o proprietário), por ele suportadas e que se encontrem anos seguintes.
documentalmente provadas.
Para saber quais são os encargos aceites como deduções Quando preencher o anexo F, deverá indicar os ren-
específicas, consulte a caixa Rendimentos prediais: que dimentos prediais e respectivos encargos suportados em
encargos deduzir?, na página seguinte. 2002, mas não terá de inscrever o prejuízo do ano ante-
Se, por exemplo, em 2002, recebeu 15 mil euros de ren- rior. O fisco é que irá deduzir aos seus rendimentos o
das e teve de gastar 2 mil euros em obras de conser- prejuízo suportado no ano anterior. Não se preocupe com
vação do apartamento arrendado, o seu rendimento líqui- as contas.
do da categoria F será de 13 mil euros (15 000 – 2 000).

Para declarar estes rendimentos, deve preencher 64


os quadros 4 e 5 do anexo F, bem como o cam- Em 2002, paguei 350 euros de contribuição
po 7 do mesmo anexo, se tiver efectuado retenções na autárquica referente a um apartamento que te-
fonte ou a isso estiver obrigado (ver figura em baixo). nho arrendado, cujo valor total das rendas foi
de 3 500 euros. Posso deduzir esse encargo?

63 Sim. O leitor poderá deduzir ao rendimento bru-


Em 2001, os meus rendimentos prediais foram to das rendas (3 500 euros) o valor relativo à con-
inferiores aos encargos de manutenção que tive tribuição autárquica (350 euros). Deste modo, ficará com
com o andar. De que forma poderei recuperar um rendimento líquido de 3 150 euros na categoria F
este prejuízo? (3500 – 350).
Se eventualmente teve despesas de conservação e
Os rendimentos da categoria F (prediais) são tratados de manutenção com o apartamento, saiba também que
maneira autónoma. Ou seja, se o resultado líquido ne- poderá deduzir os montantes pagos.

Quadros 4, 5 e 7 do anexo F.

DINHEIRO & DIREITOS 31


Rendimentos prediais:
Incrementos
que encargos deduzir? patrimoniais
• Como deduções específicas aos rendimentos da
Mais-valias de imóveis
categoria F, podem ser considerados os seguintes
encargos com a manutenção e conservação dos
imóveis:
– pinturas interiores e exteriores;
65
– reparação ou substituição dos sistemas de ca- Em 2002, vendi, por 40 mil euros, um terreno
nalização ou eléctrico; agrícola que tinha comprado, em 1993, por 10
– a energia e a manutenção dos elevadores; mil euros. Será que este ganho está sujeito a
– a energia para a iluminação, aquecimento ou imposto?
climatização central;
– os gastos com porteiros e limpezas; Caso tivesse adquirido o terreno antes de 1 de Janeiro
– os prémios de seguro de prédios e taxas autár- de 1989, data de entrada em vigor do Código do IRS,
quicas; apesar da obrigatoriedade de mencionar o negócio no
– segurança do imóvel. anexo G, a mais-valia resultante da venda não estaria su-
jeita a imposto. Porém, não é esse o caso, já que adqui-
No caso de arrendamento de fracções autónomas riu o terreno em 1993.
de um prédio em regime de propriedade horizon- A importância proveniente da venda do terreno é conside-
tal (apartamentos, por exemplo), podem ser dedu- rada como um rendimento da categoria G e a mais-valia
zidos todos os encargos que, segundo a legisla- (ganho) resultante é calculada de acordo com a seguinte
ção, o condómino deva suportar e se encontrem fórmula (ver quadro 9, na página ao lado):
comprovados por documentos. Referimo-nos, por Mais-valia = valor de venda – (valor de compra x coefi-
exemplo, ao seguro de incêndio e às quotas ciente de desvalorização) – encargos com a compra dos
anuais para o condomínio. bens – encargos necessários à venda – encargos com a
valorização dos bens, realizados nos últimos cinco anos
• Pelo contrário, o fisco NÃO lhe permite deduzir – amortização de empréstimo (no caso de reinvestir).
aos rendimentos da categoria F:
– obras de construção que alterem a estrutura do Em 2002, o fisco passou a incluir na fórmula a amor-
imóvel (a construção de mais uma divisão, por tização do empréstimo relativo à primeira aquisição
exemplo); no caso de reinvestimento (ver o exemplo apresentado
– a compra de mobiliário para o imóvel arrendado; na caixa da página 34).
– a instalação de equipamentos de ar condicio-
nado; Sempre que se efectue a venda de um bem imóvel
– obras de valorização do imóvel (por exemplo, a quando já tiverem passado mais de 24 meses após
instalação de um sistema de rega automática num a data da sua compra, será aplicado o coeficiente de
terreno). desvalorização da moeda (ver quadro 10) ao valor de
Vejamos o exemplo da D. Madalena, que obteve, compra, de forma a corrigir (anulando o efeito da inflação)
em 2002, 15 mil euros de rendimentos prediais a mais-valia obtida.
pelo arrendamento de um andar a uma colega de O contribuinte também poderá deduzir ao cálculo da mais-
trabalho. -valia os encargos necessários para a venda (a comis-
Durante o ano inteiro, a D. Madalena teve de são paga a uma mediadora imobiliária, por exemplo) e as
pagar 150 euros pelo seguro de incêndio e 250 despesas de valorização do imóvel (a instalação de um
euros pelas quotas do condomínio. sistema de ar condicionado, por exemplo) dos últimos
Assim, o rendimento líquido da categoria F da D. cinco anos.
Madalena, em 2002, será de 14 600 euros (15 000 Se tiver de amortizar o empréstimo que tinha pedido para
euros – 150 euros – 250 euros). Feitas as contas, comprar a casa, esse montante também pode ser de-
este será o montante a englobar aos rendimentos duzido, mas só se houver reinvestimento.
líquidos das outras categorias. O contribuinte também poderá deduzir os encargos com
a aquisição dos bens imóveis (sisa, escritura, registos)
Este rendimento deve ser declarado no qua- no cálculo da mais-valia.
dro 5 do anexo F.
Desta forma, o valor da mais-valia obtida com a venda do
terreno é de 27 mil euros, calculado do modo que a seguir
apresentamos:

32 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Quadro 9
Cálculo das mais-valias ou menos-valias
Tipo de alienação Fórmula (1) Forma de tributação
Valor da venda – (valor da compra
x coeficiente de desvalorização) – encargos
Venda de imóveis Englobamento de metade da mais-valia
necessários à venda e compra – encargos com a
(uma casa, por exemplo) aos restantes rendimentos
valorização (nos últimos cinco anos) - amortização
de empréstimo (só no caso de reinvestimento).
Valor da venda – valor da compra – Englobamento da totalidade
Venda de valores mobiliários
despesas e encargos necessários à venda da mais-valia ou tributação autónoma
(acções e obrigações, por exemplo)
dos títulos (comissões, por exemplo) da mais-valia à taxa de 10%
Venda de uma posição contratual
Valor recebido pelo cedente – preço pago pela Englobamento de metade da mais-valia
ou de outros direitos relativos
aquisição de direitos aos restantes rendimentos
a bens imóveis
(1) Se o resultado da fórmula for positivo, estamos perante uma mais-valia, que está sujeita a tributação. Se o resultado for negativo, existe uma menos-valia.
Logo, não há qualquer rendimento sujeito a tributação.

Mais-valia = 40 000 – (10 000 x 1,30) = 27 000 euros. de 124 700 euros é inferior a 99 760 euros (€ 149 600 –
No entanto, o fisco só irá tributar metade (50%) da mais- € 49 880). Logo, o Rui não fez o reinvestimento total, mas
-valia obtida. Logo, o valor da mais-valia a englobar aos antes:
restantes rendimentos é de 13 500 euros (27 000 x 50%). – proporção reinvestida = € 99 760 ÷ € 124 700 = 0,8;
– proporção da mais-valia reinvestida = € 124 700 x 0,8
Tem de declarar esta mais-valia através do = € 99 760;
preenchimento e entrega do anexo G. Aí, o con- – mais-valia sujeita a imposto = € 124 700 – € 99 760 =
tribuinte terá de indicar os valores de compra e venda do € 24 940.
imóvel, bem como as respectivas despesas (caso exis- Como para calcular o imposto, o fisco considera metade
tam). O cálculo da mais-valia tributável será efectuado do ganho, ou seja, 12 470 euros (€ 24 940 x 50%), este
pelo fisco. seria o montante englobado aos restantes rendimentos.

Vejamos outra hipótese. Para comprar a casa, o


66 Rui pediu um empréstimo. Por isso, quando a
Vendi a minha casa e comprei outra com a aju- vendeu teve de amortizar junto do banco 49 880 euros.
da do crédito. Pensava que tinha reinvestido os
montantes na totalidade, mas nas finanças dis- Assim e utilizando a nova fórmula, o Rui deverá deduzir,
seram-me que o fisco não considera como rein- aos 124 700 euros, a amortização para efeitos de cálcu-
vestidos os montantes sobre os quais tenha lo da mais-valia.
recorrido ao crédito. É mesmo assim? Ou seja, o novo valor da realização será de 74 820 euros
o que faz com que o Rui efectue um reinvestimento total
De facto, está correcto. Se, por exemplo, a sua no- na sua nova casa (ver quadro 9).
va casa custou 150 mil euros e pediu um emprés- Resultado: o contribuinte não terá de pagar imposto so-
timo no valor de 120 mil, o fisco só considera como rein- bre esta operação.
vestido o montante até 30 mil euros (150 000 – 120 000).
Supondo que do cálculo da mais-valia resultou um valor
de 50 mil euros, a diferença entre este valor e os 30 mil Quadro 10
euros, ou seja, 20 mil euros será tributada segundo as re- Coeficientes
gras da categoria G (ver caixa Mais-valias de imóveis: co- de desvalorização da moeda
mo ficar isento?).
Ano Coeficiente Ano Coeficiente
1982 5,50 1992 1,41
Quando calcula a mais-valia, o fisco não aceita co- 1983 4,38 1993 1,30
mo reinvestidos os montantes que venham do re- 1984 3,41 1994 1,24
curso ao crédito. 1985 2,84 1995 1,19
Vejamos um exemplo. Em 2002, o Rui obteve 124 700 eu- 1986 2,58 1996 1,15
ros da venda da sua casa anterior e decidiu comprar ou- 1987 2,36 1997 1,13
tra no valor de 149 640 euros, tendo pedido ao banco 1988 2,15 1998 1,10
49 880 euros. Neste caso, o fisco só aceita como rein- 1989 1,90 1999 1,07
vestido totalmente o valor de venda se o valor da nova, 1990 1,71 2000 1,04
deduzido do montante do crédito, for superior ao valor da
venda. Neste caso, tal não acontece, ou seja, o montante

DINHEIRO & DIREITOS 33


67
Vendi, em 2002, um terreno destinado à cons- Mais-valias de imóveis: como fic
trução, que comprei em 1987, em Portalegre.
Terei de declarar o rendimento obtido? Os ganhos obtidos com a venda de imóveis destinados
à habitação própria e permanente do contribuinte ou do
De facto, terá. No seu caso, e ao contrário do que acon- seu agregado familiar poderão vir a não ser tributados.
tece com os rendimentos obtidos pela venda de terrenos Esta exclusão de tributação só se realizará caso rein-
ou prédios urbanos comprados antes de 1989, que não vista o valor obtido com a venda da casa anterior.
estão sujeitos a imposto, as mais-valias provenientes da
venda de terrenos PARA CONSTRUÇÃO, mesmo adquiri- Poderá beneficiar desta isenção, se o valor pelo
dos antes desta data, terão sempre de pagar imposto. qual vendeu o imóvel for reinvestido, no prazo de
24 meses, na compra de outro imóvel ou de um terreno
Só as mais-valias relativas aos terrenos para cons- para construção ou na construção, ampliação ou mel-
trução adquiridos antes de 9 de Junho de 1965 horamento de um imóvel com o mesmo destino, desde
estão isentas de imposto. que se situe em território nacional. Considera-se ainda
concretizado o reinvestimento, se um valor igual ao da
No seu caso, terá de pagar imposto sobre a mais-valia venda tiver sido utilizado na compra de outro imó-vel,
realizada. O ganho que será englobado aos seus restantes com as mesmas características, efectuada nos 12 meses
rendimentos corresponderá a metade (50%) da mais-valia anteriores.
(ver fórmula de cálculo no quadro 9).
Ou seja, para beneficiar da isenção, o contribuinte pode
Para declarar este rendimento, terá de preencher fazer primeiro a escritura da compra de uma casa para
e entregar o anexo G, indicando o montante pe- habitação própria e permanente, desde que a escritu-
lo qual comprou o terreno e o montante pelo qual o vendeu. ra da venda da sua actual casa seja efectuada no pra-
zo de 12 meses a contar da data da compra e o pro-
duto dessa venda seja utilizado no pagamento da no-
68 va casa. Além do prazo para realizar o reinvestimento,
Em 1999, recebi como herança da minha avó o fisco impõe ainda outras condições:
uma casa situada em Vila Real. Como vivo em – no caso de o reinvestimento ser efectuado na com-
Lisboa, vendi aquela casa por 100 mil euros. pra de outro imóvel, este deverá ser afecto à habitação
Dado que não conheço o preço de aquisição, do contribuinte, ou do seu agregado familiar, até seis
como será tributada esta venda? meses após o fim do prazo em que o reinvestimento
deva ser efectuado (na prática, dois anos e meio);
De acordo com a lei, tratando-se de bens ou direitos – no caso de o reinvestimento ser efectuado por via da
adquiridos a título gratuito, o valor de aquisição será o compra de um terreno para construção ou na construção,
que serviu de base ao cálculo do imposto sucessório, ou ampliação ou melhoramento de um imóvel para ha-
que lhe serviria de base, caso fosse devido. Este valor bitação, as obras ou a construção devem ser iniciadas
será: até seis meses após o fim do prazo em que o reinves-
– o valor da avaliação efectuada; timento deve ser efectuado (na prática, dois anos e
– o valor patrimonial na matriz à data da herança; meio); a inscrição do imóvel na matriz predial tem de
– o valor do inventário judicial, se superior àqueles. ser requerida até 24 meses após o início das obras; e
Vamos supor que, para efeitos de imposto sucessório, a o prédio construído deve ser afecto à habitação até ao
casa herdada tinha sido avaliada em 25 mil euros. Visto fim do quinto ano seguinte ao da realização da venda.
que já decorreram mais de 24 meses entre a data em que
recebeu, por herança, a referida casa e a data da ven- Se quiser reinvestir a mais-valia, deverá mencionar
da, terá direito à chamada "correcção monetária", através o facto na declaração de rendimentos do ano em
da aplicação dos coeficientes de actualização ao valor que é feita a venda, comprovando nessa e nas declar-
de compra da casa (ver quadro 10). ações dos dois anos seguintes (se necessário) os rein-
A mais-valia obtida é, portanto, de 73 250 euros [100 000 vestimentos efectuados.
– (25 000 x 1,07)]. Contudo, só pagará imposto sobre Se tiver reinvestido um montante diferente daquele que
metade deste rendimento, ou seja, 36 625 euros. vai declarar, tem de entregar uma declaração de sub-
stituição com os valores realmente reinvestidos dentro
A declaração deste rendimento deve ser feita através do do prazo normal após o referido período de 24 meses.
anexo G. Não se esqueça de referir os valores de ven-
da, bem como os encargos referidos no quadro 9.

34 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

ar isento?
Reinvestimento total meses), deveria indicar tal intenção nas declarações de
Se o contribuinte realizar o reinvestimento total, respeitando rendimentos de 2002 e 2003. Para tal, teria de preencher
as condições e os prazos indicados, não terá de pagar qual- o quadro 5 do anexo G, indicando o ano em que iria efec-
quer imposto. tuar o reinvestimento.
Vejamos o seguinte exemplo: a Carla, em Julho de 2002,
vendeu, por 175 mil euros, a casa onde habitava desde Não realização de reinvestimento
1999, que lhe havia custado 125 mil euros. Em Setembro Caso o contribuinte opte por não reinvestir a mais-valia,
de 2002, voltou a adquirir outro imóvel para habitação, no metade (50%) do seu valor será englobada aos restantes
valor de 200 mil euros, reinvestindo totalmente o valor da rendimentos.
venda. Dado que a Carla reinvestiu na aquisição de um ou-
tro imóvel para habitação própria e permanente (no prazo Neste caso, não se esqueça de entregar o anexo
de 24 meses) um valor superior ao obtido com a venda, G. A declaração da mais-valia (ou da eventual
considera-se como concretizado o reinvestimento. Resul- menos-valia) é obrigatória.
tado: sobre a mais-valia não incidirá imposto. Tenha em
atenção que o fisco não considera como reinvestido o mon-
Esquema 8
tante obtido com recurso ao crédito. Vendeu um imóvel para habitação
em 2002?
No entanto, a Carla terá de preencher os quadros
4 e 5 do anexo G.
Adquiriu esse imóvel antes de 1989?

Reinvestimento parcial
Se o contribuinte decidir reinvestir apenas uma parte do
ganho, a tributação será proporcional ao reinvestimento Não
Sim
realizado.
Vejamos o exemplo do Sr. Carvalho, que, em Maio de 2002,
vendeu, por 125 mil euros, um apartamento comprado, em
1999, por 100 mil euros. No final de 2002, o Sr. Carvalho Pretende reinvestir o ganho obtido na aquisição
de outro imóvel para habitação própria
voltou a comprar uma outra casa, no valor de 100 mil eu- e permanente, no prazo de 24 meses? (1)
ros. Dado que decidiu reinvestir uma parte do valor obtido
com a venda, a tributação será efectuada da seguinte for-
ma:
Sim Não
• Mais-valia = € 125 000 – (€ 100 000 x 1,03) = € 22 000;
• Proporção reinvestida = € 100 000 ÷ € 125 000 = 0,8;
• Proporção da mais-valia reinvestida = € 22 000 x 0,8 =
€ 17 600; Pretende reinvestir a totalidade
• Mais-valia sujeita a imposto = € 22 000 – € 17 600 = do ganho obtido ou apenas
uma parcela?
€ 4 400.
Para calcular o imposto, o fisco considera apenas metade
(50%) do ganho, ou seja, 2 200 euros (€ 4 400 x 50%),
montante que será englobado aos restantes rendimentos. Apenas
Sim,
uma parcela
todo o ganho
do ganho
Todos estas contas serão feitas pelo fisco. Contu-
do, para beneficiar desta isenção parcial de tribu-
tação, deverá indicar, no quadro 4 do anexo G, o valor pe-
lo qual comprou a casa e o valor de venda. No quadro 5 A mais-valia Terá de pagar
A mais-valia será tributada imposto
do mesmo anexo, indique o valor a reinvestir na compra de está isenta proporcionalmente sobre metade
outra habitação. de tributação ao valor da mais-valia
reinvestido obtida
Caso o Sr. Carvalho pretendesse reinvestir a mais-valia (1) Se a venda do imóvel tiver lugar até 12 meses depois da compra de outra
habitação, considera-se que o ganho foi reinvestido nessa compra, desde que
apenas em 2003 (antes de decorrido o prazo mínimo de 24 sejam respeitadas as restantes condições referidas nesta caixa.

DINHEIRO & DIREITOS 35


No quadro 7 do anexo G, só tem de declarar o
69 rendimento obtido e o valor que desembolsou para
Em 2002, realizei a permuta do andar em que adquirir os bens ou o direito em causa.
vivo por um maior. Quais as implicações fiscais
desta operação?
Mais-valias mobiliárias
A permuta consiste em trocar um bem por outro (por exem-
plo, uma casa). Assim, o seu tratamento fiscal é idêntico
ao processo de tributação das mais-valias imobiliárias. 71
Se os imóveis permutados se destinarem a habitação Depois de pensar sobre o assunto, decidi vender
própria e permanente do contribuinte, também se apli- algumas acções que já tinha há algum tempo.
cam os regimes de isenção descritos na caixa da página Como será tributada esta venda?
anterior. Vejamos o seguinte exemplo: a Joana comprou
a sua casa, em 1998, por 100 mil euros. Agora que a quer
permutar, atribuiu-lhe um valor de 135 mil euros. Logo, à
partida, obterá uma mais-valia de 35 mil euros.
Tributação das mais-valias mobiliá
Se a casa dada em troca tiver um valor igual ou superior
a 135 mil euros, é óbvio que será feito um reinvestimento A declaração das mais-valias (ou menos-valias) mobiliárias é
da totalidade, pelo que não haverá lugar a tributação. obrigatória. Contudo, apenas pagam imposto as mais-valias
Ainda assim, a Joana terá de preencher os quadros 4 e resultantes da venda de acções (ou outros títulos) que tenham
5 do anexo G. sido detidas pelo contribuinte durante menos de 12 meses.
Suponhamos, agora, que a casa que a Joana vai receber
na permuta tem um valor de 100 mil euros. Neste caso, Um exemplo
apenas uma parte seria reinvestida, restando 35 mil eu- Um investidor comprou 200 acções da empresa Y, pelo valor
ros, que constituem um ganho tributável. Ou seja, neste unitário de 5 euros, o que dá um valor de compra de 1 000 eu-
caso haveria um reinvestimento parcial. A tributação será ros. Passados alguns dias, voltou a comprar 100 acções da
proporcional ao reinvestimento não realizado, segundo o mesma empresa, por 7,50 euros. Finalmente, daí a sete meses,
cálculo que se segue: vendeu 200 acções, pelo preço unitário de 10 euros, obtendo,
• Mais-valia: 135 000 – 100 000 = 35 000 euros; assim, um valor de venda de 2 mil euros.
• Proporção reinvestida: 100 000 ÷ 135 000 = 0,74;
• Proporção da mais-valia reinvestida: 35 000 x 0,74 = Como calcular a mais-valia?
25 900 euros); Como pode verificar no quadro 9, o valor da mais-valia é deter-
• Mais-valia sujeita a imposto: (35 000 – 25 900) x 50% = minado de acordo com a seguinte fórmula:
4 550 euros. • Valor de venda – valor de compra – despesas com a venda
O valor a englobar aos restantes rendimentos da Joana (em média, é aplicada uma taxa de 0,5%, a título de despesas
será, portanto, de 4 550 euros. com a venda ou uma comissão fixa de 7 euros, que varia con-
soante o caso) = mais-valia;
Todos estes cálculos serão efectuados pelo fisco. • Valor de aquisição a considerar = (200 acções x € 5) = € 1 000;
A Joana deve indicar, no quadro 4 do anexo G, o • Mais-valia = € 1 990 (€ 2 000 – 0,5%) – € 1 000.
valor pelo qual comprou a casa e o valor atribuído na per- Neste caso, a mais-valia obtida é de € 990. Este ganho poderá
muta. No quadro 5 do mesmo anexo, deve indicar o va- ser tributado de duas formas: através da tributação autónoma
lor reinvestido. ou através do englobamento aos restantes rendimentos.

Como é tributada?
70 Caso opte pela tributação autónoma, o saldo entre as mais-
Estava a pensar em comprar uma casa nova e -valias e as menos-valias realizadas será tributado à taxa de
cheguei a dar o sinal. Entretanto recebi uma 10%. Se optar pelo englobamento, a taxa de imposto será a
proposta de compra desse imóvel e cedi a mi- taxa de IRS a aplicar à totalidade dos rendimentos.
nha posição a troco de uma quantia. Será que Para exercer esta opção, terá de assinalar o campo “Sim” do
esta está sujeita a tributação? quadro 8 do anexo G (ver figura).
Na maioria dos casos, se optar pela tributação autónoma, pagará
Qualquer venda de uma posição contratual ou de menos imposto. A razão é simples: a taxa de 10%, aplicada
outros direitos relativos a bens imóveis, desde que na tributação autónoma, é inferior à taxa de IRS (a mais baixa
excluídos da sua actividade profissional, passou a ser é de 12%) que seria aplicada no caso do englobamento.
considerada como mais-valia. Como tal, será tributada so-
bre a diferença entre o valor que recebeu e o preço que
teve de pagar pela aquisição de direitos.

36 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

A forma de tributação das mais-valias provenientes tributação da mais-valia: através de uma tributação autóno-
da venda de acções, obrigações e warrants, en- ma de 10% sobre o seu valor ou por meio do seu en-
tre outros, sofreu alterações. As acções detidas em seu globamento aos restantes rendimentos (ver caixa em baixo).
poder durante mais de 12 meses continuam isentas de No caso de acções adquiridas e vendidas em 12 meses,
tributação, devendo ser indicadas no anexo G1. seja qual for a forma de tributação escolhida, terá de de-
Se manteve acções durante mais de 12 meses, não pa- clarar o ganho (ou perda) no quadro 8 do anexo G.
gará imposto sobre as mais-valias. Mas terá de as de-
clarar no anexo G1. Pelo contrário, caso tivesse vendido Além disso, o fisco concede uma benesse: se o
com ganho as acções, antes de completar 12 meses após saldo apurado da mais-valia for inferior a 2 500
a compra, teria de pagar imposto. O cálculo da mais-valia euros, o titular das acções não pagará imposto sobre es-
é efectuado de acordo com a fórmula do quadro 9. sa mais-valia. O fisco é que faz as contas, atribuindo este
Quanto a estas acções, poderá optar por duas formas de benefício automaticamente.

rias

Mas se a tributação autónoma das mais-valias parece ser mais – teve um saldo positivo e perdas dos dois últimos anos que
vantajosa, porquê colocar a opção pelo englobamento? Esta possam ser reportadas.
opção só é aconselhável quando se verificar um saldo negati-
vo (um prejuízo) entre as mais-valias e as menos-valias obti- Como declarar a mais-valia?
das. Ou seja, se a diferença entre o valor de venda e o valor Se, em 2002, vendeu títulos mobiliários, terá de entregar o
de compra for negativa, caso o contribuinte opte pelo en- anexo G (menos de doze meses) ou G1 (mais de doze
globamento, poderá reportar, nos dois anos seguintes, esse meses).
saldo negativo aos rendimentos da categoria G.
Se, em 2002, vendeu títulos mobiliários e teve um saldo negativo Se tiver vendido acções detidas em seu poder durante
de 100 euros, por exemplo, terá todo o interesse em optar pe- menos de doze meses, deverá preencher o quadro 8
lo englobamento, visto que em 2003 (ou ainda em 2004) poderá do anexo G, onde terá de identificar os títulos vendidos, bem
deduzir essa perda aos rendimentos da mesma categoria desse como o seu valor de compra e venda. Nas despesas e en-
ano. Se, em 2002, obtiver uma mais-valia de 150 euros, de- cargos com a venda, poderão ser incluídas as comissões, as
verá optar pelo englobamento, de forma a deduzir a perda do taxas de bolsa e de corretagem. Não se esqueça de indicar
ano anterior. se opta pelo englobamento ou pela tributação autónoma.
Assim, o valor que terá de englobar, na declaração a entregar
em 2003, é de 150 euros. No entanto, o fisco fará, automati- No caso de vender acções detidas por si há mais de doze
camente, uma dedução de 100 euros relativa à menos-valia do meses, deverá preencher o anexo G1, identificando, no quadro
ano anterior. 3, o bem, a data de compra, de venda e os valores pelos quais
as transacções foram efectuadas.
Qual a melhor opção?
Regra geral, a melhor opção é a tributação autónoma. Porém, Se tiver uma menos-valia dos dois últimos anos que
deverá optar pelo englobamento, se no ano a que respeita a queira reportar, para que possa ser deduzida à mais-
declaração de rendimentos: -valia agora realizada, não precisa de indicar nada na sua de-
– teve um saldo negativo entre as mais-valias e as menos- claração de IRS. Desde que opte pelo englobamento, será a
-valias; própria Direcção-Geral dos Impostos a deduzir o prejuízo.

Quadro 8 do anexo G.

DINHEIRO & DIREITOS 37


Quadro 11
Manifestações de fortuna: como são tributadas?
Tipo de bem (1) Rendimento presumível Exemplo
Se comprar uma casa no valor de
Residência principal ou secundária
€ 249 398,95, o fisco parte do princípio
de valor de aquisição igual ou superior 20% do valor de aquisição
que o contribuinte ganha € 49 879,79
a € 249 398,95
por ano (€ 249 398,95 x 20%)
Automóveis ligeiros de passageiros
50% do valor no ano de matrícula, Se comprar um carro novo no valor de
de valor igual ou superior a € 49 879,79
com o abatimento de 10% € 49 879,79, o fisco parte do princípio
e motociclos de valor igual ou superior
por cada ano de antiguidade que ganha € 24 939,89 por ano
a € 9 975,96
(€ 49 879,79 x 50%); se o carro for
Barcos de recreio de valor igual 100% no ano de registo, com o abatimento usado, do mesmo valor, mas tiver
ou superior a € 24 939,89 de 20% por cada ano de antiguidade matrícula do ano passado, parte-se do
princípio que ganha € 19 951,92 por ano
100% no ano de registo, com o abatimento [€ 49 879,79 x (50% – 10%)]
Aeronaves de turismo
de 20% por cada ano de antiguidade
(1) Quando existe recurso ao crédito, aos valores de aquisição são abatidos os montantes obtidos através do empréstimo.

A possibilidade de reportar as menos-valias man- Mais-valias de profissionais


tém-se. Se tiver um prejuízo, o mesmo poderá ser independentes e empresários
reportado aos dois anos seguintes àquele a que res-
peitam, sendo deduzido ao saldo positivo das mais-valias
que venha a obter nos dois anos posteriores. 73
Desde que opte pelo englobamento no quadro 8 do anexo Em 1998, comprei um carro para utilizar na mi-
G, não precisa de indicar o prejuízo na declaração de nha actividade profissional. Agora, quero vendê-
rendimentos. -lo e comprar outro. Estará o "rendimento" obti-
Uma questão muitas vezes feita pelos nossos leitores tem do sujeito a imposto?
a ver com a data que deve ser considerada quando
querem vender lotes de acções de uma instituição adquiri- Depende. Se tiver contabilidade organizada, em 2002, os
dos em momentos diferentes. Se quiser vender acções ganhos obtidos com a venda de bens afectos à actividade
da mesma empresa, passa a contar a data dos títulos do profissional liberal ou empresário são tributados na cate-
adquiridos há mais tempo. Imagine, por exemplo, que, goria B. A partir de 2001, estas mais-valias deixaram de
em Janeiro de 2002, o Sr. Ribeiro comprou um lote de ser tributadas segundo as regras existentes para a cate-
100 acções da empresa W através do banco Y a 10 eu- goria G. Por isso, é obrigatório declarar a venda destes
ros cada. bens no anexo C.
Em Agosto desse ano, adquiriu mais 100 acções da mes- Os valores das mais-valias são acrescidos ao rendimen-
ma empresa, através da mesma instituição, pelo valor de to da actividade profissional ou empresarial.
8 euros. Em Março de 2003, se quiser vender um dos
lotes, o valor e a data a ter em conta será aquele pelo Apenas há sujeição a IRS e obrigação de declarar
qual comprou as acções em Janeiro de 2002, ou seja, o relativamente à venda de bens ou direitos
de 10 euros. adquiridos após 1 de Janeiro de 1989. Se estiver no regime
simplificado e no regime de isenção de IVA, as mais-valias
deste tipo não serão tributadas em IRS.
72
Em Abril de 2002, vendi a minha parte numa
sociedade por quotas. Terei mesmo de pagar 74
impostos? Sou um pequeno comerciante, inscrito como em-
presário em nome individual. Em Janeiro de
O rendimento obtido com a venda de quotas não é tri- 2002, vendi o carro que utilizava todos os dias.
butado, se a sua aquisição tiver ocorrido antes de 1 de Terei de pagar imposto sobre o ganho obtido?
Janeiro de 1989 (data de entrada em vigor do Código do
IRS). Se as quotas tivessem sido adquiridas após esta Caso o veículo não se encontre ligado à sua actividade,
data, o rendimento obtido teria de ser tributado com base mas faça parte do seu património familiar, os ganhos
no englobamento obrigatório. obtidos com a venda não estão sujeitos a IRS. Logo, não
terá de mencionar a venda desse carro, nem pagar im-
Se a quota tivesse sido adquirida por si depois posto. O mesmo não sucede se o carro pertencer ao ac-
de 1 de Janeiro de 1989, com a consequente ven- tivo imobilizado da sua empresa. Se, nessa venda, obti-
da, teria de preencher o anexo G, onde deveria identi- ver um ganho, tal rendimento irá reflectir-se positivamente
ficar o bem (uma quota, neste caso), tal como o mês e o no lucro da categoria B (mais-valia), ou negativamente, se
ano de venda e de compra do mesmo. obtiver um prejuízo (menos-valia).

38 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Manifestações de fortuna
Pensões
75 Obrigações declarativas
Este ano recebi uma herança. Com uma parte,
comprei uma propriedade de 350 mil euros. Como
estou desempregado, devo declará-la ao fisco? 77
Eu e a minha esposa estamos reformados e ape-
Sempre que o contribuinte manifeste traços de riqueza (co- nas recebemos uma pequena pensão, no valor
mo os do quadro 11) ou declare rendimentos que ficam de 300 euros por mês cada um. Nunca en-
muito aquém do seu padrão de vida, o Director-Geral dos tregámos a declaração de IRS, porque disse-
Impostos pode sujeitá-lo a uma avaliação indirecta dos ram-me que não é preciso. Será que continua-
seus rendimentos. mos dispensados de entregar a declaração?

A prova em como os rendimentos declarados cor- No seu caso, sim. Os contribuintes que durante
respondem à realidade é da responsabilidade do 2002 APENAS tenham recebido pensões (rendi-
contribuinte, que terá de demonstrar que a sua fortuna tem mentos da categoria H) de montante inferior a € 4 872,14,
outra origem: por exemplo, herança ou doação ou rendi- quando solteiros, e a € 9 744,28, quando casados, estão
mentos que não esteja obrigado a declarar (como os de- dispensados de entregar a declaração de IRS.
pósitos bancários) e recurso ao crédito, entre outros.
Se esta prova não for apresentada, o rendimento determinado
pelo fisco será tributado por inclusão na categoria G. 78
Por decisão do tribunal, o meu ex-marido paga-
No caso de ser sujeito a uma inspecção e se não provar -me, todos os meses, uma pensão de alimentos.
que o rendimento que permitiu a obtenção dessa pro- Serei obrigada a declará-la?
priedade veio de uma herança, o fisco irá efectuar as
seguintes contas: As pensões de alimentos, quando decretadas por um tribu-
– valor de aquisição do imóvel = 350 mil euros; nal ou resultantes de um acordo homologado judicialmente,
– rendimento padrão = 20% de 350 mil euros. Assim, o va- têm de ser declaradas.
lor sujeito a tributação seria de 70 mil euros.
O valor total da pensão de alimentos recebida,
Se não concordar com o valor encontrado, poderá juntamente com os restantes rendimentos da ca-
recorrer para o tribunal tributário. Assim, o paga- tegoria H (caso existam), deve ser declarado no campo
mento do imposto fica suspenso até nova decisão. Este re- 211 do quadro 12 (ver figura da página seguinte).
curso deverá ser apresentado no prazo de 10 dias, a con-
tar da data de notificação. Não precisa de um advogado, Se a pensão de alimentos for paga voluntariamente
mas tem de indicar as razões pelas quais discorda da apli- (um filho que dá todos os meses uma pequena
cação deste método, além de apresentar documentos para quantia monetária à sua mãe idosa idosa, por exemplo),
provar que tem razão. quem a recebe não tem de declará-la, pois a sua atribuição
não decorre de uma decisão do tribunal.
Por outro lado, quem a paga também não pode abatê-la
Rendimentos de jogo aos seus rendimentos.

76 79
Ganhei dois mil euros num concurso televisivo. Gostaria de saber se tenho de incluir na minha
Um amigo disse-me que tenho de declarar este declaração a pensão de alimentos que o meu
rendimento? É mesmo verdade? ex-marido paga para o nosso filho menor, a meu
cargo, por decisão do tribunal. Na prática, este
A partir de 2001, os prémios de lotarias, rifas, apos- rendimento não me é destinado, mas ao meu fi-
tas mútuas, totobola, loto, bingo, sorteios e con- lho, de modo a pagar a escola que frequenta.
cursos passaram a integrar a categoria G de rendimentos.
Como já referimos, os contribuintes que recebem uma pen-
Este rendimento não tem de ser declarado. Na altura em são de alimentos decretada por tribunal são obrigados a
que os coloca à disposição, a entidade devedora é obri- declará-la.
gada a deduzir uma taxa liberatória de 35% nos prémios de Neste caso, embora a pensão não esteja a ser paga direc-
rifas, totoloto, jogo de loto, sorteios e concursos e 25% nos tamente ao contribuinte, destina-se a um dos membros do
prémios de lotarias, apostas mútuas desportivas e bingo. seu agregado familiar.

DINHEIRO & DIREITOS 39


Ou seja, o seu filho menor é considerado como seu depen- regras da categoria A, independentemente da idade e
dente. Logo, deve ser incluído na sua declaração. do facto de ter havido cessação, redução ou suspensão
do trabalho. Logo, os trabalhadores não podem benefi-
Assim, se a pensão de alimentos que o seu filho ciar da dedução específica no valor de € 7 805,60, que
recebe tiver de ser declarada, deverá indicar o va- se aplica às pensões, mas sim da aplicada na categoria
lor recebido no campo 211 do quadro 12 (modelo 3). A, que será de € 3 006,82 para a maioria dos casos.

Embora as declarações de IRS tenham campos para os Ora vejamos um exemplo: em 2002, o Sr. Filipe obtém
rendimentos dos dependentes, o valor da pensão deve rendimentos da pré-reforma acordada há dois anos no va-
ser incluído na coluna dos rendimentos do sujeito passi- lor de 10 mil euros. Assim, somente € 2 194,40 (€ 10 000,00
vo A ou B relativos a pensões (categoria H). Os campos – € 7 805,60) estarão sujeitos a imposto. Já a D. Otília que,
para os rendimentos dos dependentes só devem ser uti- em 2002, obtém o mesmo rendimento, mas só, em 2001,
lizados quando estes já têm um número de contribuinte. conseguiu o acordo com a sua empresa, será tributada
sobre € 6 993,19 (€ 10 000,00 – € 3 006,81).

80 Portanto, deve verificar qual a sua situação e


Como queria antecipar a minha reforma, assinei preencher o quadro 12 da declaração modelo 3.
um acordo de pré-reforma com a empresa onde
trabalhava. Como declarar este rendimento?
81
As situações de pré-reforma negociadas e em pagamen- Há alguns anos emigrei para França. Entretan-
to até 31 de Dezembro de 2000 poderão ser tributadas de to, voltei para Portugal. Dado que tenho uma
diversas maneiras, que lhe apresentamos de seguida. pensão de reforma por ter trabalhado naquele
país, não sei se a devo colocar na declaração.
Independentemente da sua idade, se a prestação
do trabalho cessar, o rendimento é tributado co- Se obtém uma pensão oriunda de um país com o qual Por-
mo sendo da categoria A. tugal não tenha celebrado um acordo de dupla tributação,
a mesma deve ser mencionada no quadro 4 (alínea 16) do
Se ocorrer uma suspensão ou uma redução da anexo J. Este acordo serve para evitar que um contribuinte
prestação de trabalho e o leitor tiver menos de 55 seja tributado duas vezes sobre o mesmo rendimento.
anos de idade, o rendimento também é tributado na cate- Neste caso, como existe um acordo, o montante deverá
goria A. ser inscrito no mesmo quadro, mas na alínea 19 do anexo
J. No quadro 5, terá de indicar a entidade que pagou a
Se a prestação de trabalho for suspensa ou redu- pensão, o código do país (está no anexo), a sua natureza,
zida e tiver 55 anos de idade ou mais, o seu rendi- o montante e o imposto já pago no estrangeiro. Em qual-
mento será sempre tributado na categoria H. quer dos casos, também deverá incluir o montante total
na declaração como rendimento de pensões.
Para os acordos de pré-reforma estabelecidos a partir de
1 de Janeiro de 2001, o fisco terá sempre em conta as
Retenções na fonte

82
A retenção na fonte também é feita sobre os
rendimentos da categoria H?

De acordo com a lei, as entidades que pagam rendimen-


tos da categoria H (excepto pensões de alimentos) são
obrigadas a reter imposto na fonte. Para este efeito, exis-
tem três tabelas de retenção. A aplicação das taxas so-
bre as pensões depende do estado civil e da composição
do agregado familiar do contribuinte, do montante mensal
da pensão e do facto de o pensionista (ou algum elemento
do seu agregado) possuir, ou não, um grau de deficiên-
cia permanente igual ou superior a 60%. Se quiser con-
sultar as tabelas, peça-as no seu serviço de finanças ou
à sua entidade patronal. Pode consultá-las no sítio da Di-
recção-Geral dos Impostos (www.dgci.min-financas.pt) ou
Quadro 12 do modelo 3. através do nosso sítio (www.deco.proteste.pt).

40 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Deduções específicas
Abatimentos
83
Como sou pensionista, terei direito a alguma
dedução específica? 85
Quando me divorciei, o tribunal decretou que
Os titulares de rendimentos da categoria H beneficiam eu ficasse a pagar uma pensão de alimentos à
de uma dedução específica, no valor de € 7 805,60. Se minha filha, no valor de 200 euros. Porém,
o rendimento de pensões for inferior a este montante, a desde há alguns meses, tenho estado a pagar
dedução específica será igual à totalidade desse rendi- mais do que aquilo a que sou obrigado. Já ou-
mento. vi dizer que somente poderei deduzir o mon-
Por outro lado, o limite será elevado em 30% (€ 10 147,28), tante decidido pelo tribunal e nada mais. O que
no caso de um titular cujo grau de invalidez permanente, posso fazer para que a administração fiscal re-
devidamente comprovado, seja igual ou superior a 60%. conheça, como abatimento, a totalidade do va-
Tomemos como exemplo o Sr. Mário, que, em 2002, lor que pago?
recebeu 12 500 euros referentes a pensões (não obteve
mais rendimentos). Apenas o valor decidido pelo tribunal pode ser deduzi-
do aos seus rendimentos, como abatimento referente a
O Sr. Mário deve preencher a declaração mode- pensão de alimentos. Ou seja, os montantes que ultra-
lo 3. O fisco fará os seguintes cálculos: passam o valor fixado pelo tribunal não serão aceites pe-
Pensão – dedução específica = rendimento líquido da ca- lo fisco.
tegoria H: € 12 500,00 – € 7 805,60 = € 4 694,40. O rendi- Trata-se de uma despesa que poderá ser deduzida, is-
mento líquido da categoria H do Sr. Mário é de € 4 694,40. to é, “descontada” ao rendimento líquido sujeito a im-
posto. Na prática, se guardar o recibo dessa despesa,
Dado que o fisco calcula automaticamente o valor desta pagará menos imposto.
dedução específica, o leitor não precisa de indicar o va-
lor da mesma. Deverá indicar os montantes pagos que estejam
dentro dos limites fixados pelo tribunal no campo
As quotizações sindicais podem ser deduzidas 229 do quadro 15 do modelo 3.
pelos reformados da mesma forma e com os mes-
mos limites aplicados aos trabalhadores dependentes. Embora, na maioria dos casos, a sentença judi-
cial já preveja a actualização anual da pensão de
alimentos (de acordo com a taxa de inflação publicada
84 pelo Instituto Nacional de Estatística ou por indexação
Tenho um grau de invalidez igual a 75%. Ten- ao aumento de quem fica a pagá-la), o contribuinte poderá
do como único rendimento a pensão de refor- optar por pagar mais do que estava legalmente estipu-
ma, posso beneficiar de alguma redução no lado.
IRS?
Para que este aumento voluntário do valor da pen-
30% dos rendimentos da categoria H auferidos por su- são seja reconhecido pelo fisco, é preciso que o
jeitos passivos com uma deficiência de grau igual a 60% tribunal o homologue através de uma nova sentença.
e até 79% estão isentos de tributação, até ao limite de Esta deverá reconhecer um novo valor para a pensão de
€ 7 626,22 ou € 10 137,54, para os deficientes das Forças alimentos.
Armadas.
Para os sujeitos passivos com um grau de invalidez igual Assim, as partes interessadas deverão chegar a
ou superior a 80%, os limites acima referidos aumentam acordo em relação ao novo valor da pensão, in-
para € 8 770,15 e € 11 658,17, respectivamente. dicar os motivos que levam à decisão, demonstrar a
Assim, supondo que, em 2002, recebeu 20 mil euros de proporcionalidade entre o que quem paga aufere e o que
pensão de reforma, o seu rendimento líquido da catego- o beneficiário receberá e, em requerimento dirigido ao
ria H será calculado da seguinte forma: Rendimento bru- juiz do tribunal da área da residência do requerente (que
to – (rendimento bruto x 30%) – dedução específica para será o beneficiado), pedir a homologação daquele.
deficientes = rendimento líquido: 20 mil euros – (20 mil
euros x 30%) – € 7 626,22 = € 6 373,78. A homologação do acordo por parte do tribunal
corresponderá à nova sentença. Por sua vez, es-
Para usufruir deste benefício, terá de mencionar o ta servirá para confirmar o novo valor da pensão de ali-
grau de invalidez, no quadro 8 A ou 8 B do mo- mentos, o qual, para a administração fiscal, só terá efeito
delo 3 e colocar o rendimento total no quadro 12 da a partir da data da sentença de actualização (não tem
declaração. efeitos retroactivos).

DINHEIRO & DIREITOS 41


Taxas de imposto
de aplicado o quociente conjugal. Isto é, tratando-se de
86 contribuintes casados, a taxa de imposto será aplicada ao
Quero calcular o IRS que vou pagar no final do rendimento colectável dividido por 2.
ano. Podem-me dizer qual é a taxa de imposto Vejamos o exemplo de um casal, a viver no Continente, que
a aplicar aos meus rendimentos. aufere rendimentos da categoria A (20 mil euros, o sujeito
passivo A, e 20 mil euros, o sujeito passivo B) e que não
Como poderá verificar no quadro 12, as taxas (ditas mar- efectua qualquer abatimento, nem dedução à colecta por
ginais) de imposto, a aplicar aos rendimentos sujeitos a despesas.
IRS, variam entre os 12 e os 40%, para os contribuintes que Como poderá ver no quadro 13, como o rendimento colec-
vivem no Continente; entre os 10 e 39%, para os que resi- tável (no valor de € 33 986,36) corresponde a sujeitos pas-
dam na Madeira e entre 9,6 e 32% para os que vivam nos sivos casados, é dividido por 2, para que se possa en-
Açores. contrar a taxa de imposto a aplicar.
Para saber qual a taxa a aplicar aos seus rendimentos, de Depois de aplicada a taxa de imposto ao rendimento colec-
forma a determinar o valor do imposto a pagar, terá de cal- tável, o valor apurado será multiplicado por 2, para que se
cular o seu rendimento colectável. Este obtém-se pelo possa determinar a colecta (ver quadro 13).
englobamento dos rendimentos líquidos das várias catego-
rias, depois de efectuadas as deduções específicas e re- Se o apuramento do imposto disser respeito a um
tirados os respectivos abatimentos. sujeito passivo não casado, a taxa de imposto (ver
A taxa de imposto será aplicada ao rendimento colectável quadro 12) será aplicada directamente ao rendimento
do sujeito passivo não casado. É que para casados ou colectável do contribuinte. Na prática, nestas situações, o
unidos de facto, a taxa de imposto só será utilizada depois quociente conjugal não se aplica, uma vez que é igual a 1.

Quadro 12
Tabela prática de cálculo do IRS
Rendimento colectável (1) Taxa (%) Parcela a abater (€)
euros (€) Continente Madeira Açores Continente Madeira Açores
Menos de 4 100,12 12 10 9,6 0,00 0,00 0,00
Entre 4 100,13 e 6 201,42 14 12 11,2 82,00 82,00 65,60
Entre 6 201,43 e 15 375,45 24 23 19,2 702,14 764,16 561,72
Entre 15 375,46 e 35 363,52 34 33 27,2 2 239,69 2 301,70 1 791,75
Entre 35 363,53 e 51 251,48 38 37 30,4 3 654,23 3 716,24 2 923,38
Mais de 51 251,48 40 39 32 4 679,26 4 741,27 3 743,41
(1) Depois de dividido pelo quociente conjugal. A divisão por 2 é efectuada no caso de casados, unidos de facto ou a viver em economia comum.

Quadro 13
Exemplo de cálculo de IRS

Casal sem dependentes que aufere rendimentos da categoria A. Para se aplicar a taxa
de imposto, o rendimento colectável será dividido pelo quociente conjugal
euros (€)
(1) Rendimento bruto 40 000,00
(2) Deduções específicas 6 013,64
(3) Rendimento líquido (1) – (2) 33 986,36
(4) Abatimentos 0,00
(5) Rendimento colectável (3) – (4) 33 986,36
(6) Rendimento colectável ÷ quociente conjugal (5) ÷ 2,00 16 993,18
(7) Taxa 34%
(8) Aplicação da taxa (6) x (7) 5 777,68
(9) Parcela a abater 2 239,69
(10) Apuramento (8) – (9) 3 537,99
(11) Colecta (10) x 2 7 075,98
(12) Deduções à colecta 348,02
(13) IRS liquidado (11) – (12) 6 727,96
(14) Retenções na fonte 7 382,21
(15) IRS a receber (13) – (14) 654,25

42 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Deduções à colecta
Tal como no ano passado e partindo do princípio que este – € 174,01 por cada sujeito passivo, casado, unido ou se-
capítulo é o que mais interessa à maioria dos leitores, volta- parado de facto;
mos a dar-lhe o destaque merecido. Para o ajudar a com- – € 278,41 por cada sujeito passivo nas famílias só com
preender melhor as deduções à colecta, dividimos este um progenitor (pai ou mãe);
capítulo em sete partes: – € 139,20 por cada filho;
• Deduções à colecta relacionadas com a composição do – € 174,01 por cada ascendente a viver em economia co-
agregado familiar; mum com o sujeito passivo, desde que não aufira um rendi-
• Deduções à colecta por despesas efectuadas, por exem- mento superior à pensão social mínima do regime geral
plo, com a saúde ou a educação; (€ 189,54, ou seja, € 2 653,56 por ano).
• Deduções à colecta pelo investimento em produtos com
benefícios fiscais; Os limites acima indicados (excepto os relativos
• Despesas com equipamento informático, energias reno- aos ascendentes) são elevados em 50%, quando
váveis e aconselhamento jurídico; os contribuintes ou os seus dependentes tiverem um grau
• Deduções à colecta por dupla tributação; de invalidez permanente igual ou superior a 60%.
• Deduções à colecta por donativos;
• Outros benefícios fiscais. Cada ascendente não pode ser incluído em mais
do que um agregado familiar.

Deduções à colecta por composição


do agregado familiar Deduções à colecta
por despesas efectuadas
87 Despesas de saúde
A composição do agregado familiar poderá
influenciar de alguma forma o meu IRS? De seguida, iremos responder às questões dos nossos
leitores relativas às despesas de saúde, assim como aos
Sim, porque consoante os elementos que constituem o seu seus limites ao nível das deduções. O contribuinte não terá
agregado familiar o fisco irá proceder a certas deduções. de efectuar quaisquer cálculos. Será o fisco a realizá-los,
No entanto, não se preocupe, pois, só terá de mencionar ficando o contribuinte apenas com o dever de inscrever
no quadro 3 do modelo 3 a composição do seu agregado. na declaração de rendimentos o montante total gasto.
O fisco calculará, automaticamente, as deduções à colecta
(pessoalizantes).
88
Esta dedução passou a estar indexada ao salário Como deduzir no IRS as minhas despesas de
mínimo nacional mais elevado, ou seja, € 348,01 saúde?
em 2002. Como pode ver no quadro 14, as deduções à
colecta variam consoante a composição do seu agrega- Podem ser deduzidos à colecta 30% das despesas de
do familiar e a situação do sujeito passivo: saúde isentas de IVA ou sujeitas à taxa de 5%, bem como
– € 208,81 por cada sujeito passivo não casado ou se- os juros de dívidas contraídas para o pagamento das mes-
parado judicialmente de pessoas e bens; mas, desde que relativas ao contribuinte e aos restantes
membros do seu agregado familiar. Para aqui também
poderão entrar as despesas do mesmo tipo dos ascen-
Quadro 14 dentes ou colaterais até ao terceiro grau (por exemplo,
Deduções à colecta pela composição sobrinhos e tios) que não tenham rendimentos superiores
do agregado familiar ao salário mínimo nacional mais elevado e que vivam com
Valor (1) o contribuinte em economia comum.
Dedução por cada... Não deficientes Deficientes
euros (€) Para usufruir desta dedução, durante o ano, sem-
sujeito passivo não casado
208,81 313,21
pre que efectuar despesas de saúde susceptíveis
ou separado judicialmente de serem deduzidas, terá de pedir e guardar o respectivo
sujeito passivo casado, unido recibo ou factura.
174,01 261,01
ou separado de facto
membro do agregado em Estas despesas devem ser indicadas no campo 230 do
278,41 417,61
famílias com um dos pais
quadro 15 (ver figura da página 57).
dependente 139,20 208,81
Se tiver necessidade de contrair dívidas para fazer face
ascendente a viver em economia
comum com o sujeito passivo (2)
174,01 às despesas médicas do seu agregado familiar ou dos

(1) Indexado ao salário mínimo nacional, ou seja, € 348,01 em 2002.


(2) Desde que o ascendente não tenha um rendimento superior à pensão social mínima 43
do regime geral da Segurança Social (€ 189,54, por mês) e viva em casa do contribuinte.
seus ascendentes e colaterais (desde que vivam consigo Depende. Só terá direito à respectiva dedução se a
e não tenham rendimentos superiores ao salário mínimo pessoa que o auxilia for, realmente, um profissional de
nacional), poderá deduzir os juros das dívidas em causa saúde (médico, enfermeiro, etc.) e lhe passar recibos dos
na mesma proporção acima referida. montantes recebidos.

89 92
Tive em 2002 algumas despesas de saúde. Caso tenha o respectivo recibo, poderei deduzir
Porém, como estiveram sujeitas a uma taxa de no IRS as importâncias gastas com fraldas
IVA de 19%, julgo que o fisco não as aceita. descartáveis compradas em farmácias?

Não é bem assim. As despesas de saúde sobre as quais Não podem ser deduzidas no IRS as despesas com
tenha incidido uma taxa de IVA superior a 5% (alguns produtos sem propriedades exclusivamente preventivas,
medicamentos, por exemplo) serão geralmente aceites pe- curativas ou de reabilitação, tais como cosméticos ou ou-
lo fisco, desde que sejam justificadas através de receita tros produtos, ditos de higiene, excepto quando receita-
médica. dos por um médico (ver caixa Quais as despesas de
Se for esse o caso do leitor, 30% das referidas despesas saúde que posso deduzir?). Assim, as fraldas (mesmo
poderão ser deduzidas à colecta, até ao limite de € 53,81 compradas na farmácia) não são aceites pelo fisco.
ou de 2,5% do valor total correspondente aos encargos Porém, se o uso e consumo de tais produtos forem recei-
de saúde isentos de IVA ou sujeitos a uma taxa de 5%. tados por um médico, poderá deduzir à colecta 30% do
seu valor (até ao limite de € 53,81, pois estão sujeitas a
Deverá indicar a totalidade destas despesas no 19% de IVA, como vimos na questão 89), se tiver os res-
campo 231 do quadro 15 (modelo 3). pectivos recibos ou facturas.

90 93
Devido à sua idade avançada e em consequência Uma vez que sofro da coluna, comprei um col-
de uma queda, o meu pai está internado num lar chão ortopédico. Será que posso inscrever a
de idosos a fim de recuperar. Posso deduzir as quantia despendida como despesa de saúde na
despesas efectuadas com o lar? minha declaração de IRS?

Sim, desde que o rendimento do seu pai seja Se o colchão tiver sido receitado por um médico, o dinhei-
inferior ao salário mínimo nacional mais elevado ro que gastou será aceite, pelo fisco, como despesa de
(€ 348,01). O contribuinte pode, então, deduzir à colec- saúde. Mesmo assim, saiba que, em caso de uma inspec-
ta 25% das importâncias despendidas com lares e insti- ção tributária, o fisco irá averiguar se o colchão ortopédico
tuições de apoio à terceira idade, relativas a si ou ao seu é mesmo um bem necessário para o seu problema de
cônjuge, aos seus ascendentes (pais, avós) ou aos co- saúde. Para outro tipo de bens, como, por exemplo,
laterais até ao terceiro grau (irmãos, sobrinhos, tios), até cadeiras, almofadas, desumidificadores, aspiradores,
ao limite de € 303,41. aparelhos de ar condicionado, de musculação e ba-
nheiras de hidromassagem, também se aplica esta situa-
A dedução relativa a encargos com lares, em con- ção (ver, a propósito, a Dinheiro & Direitos n.° 38, de
junto com as deduções à colecta relativas à educa- Fevereiro/Março de 2000).
ção (que veremos mais à frente), não pode ultrapassar
os € 697,03, acrescida, no caso de três ou mais depen- Se a compra respeitar as condições acima referi-
dentes, de € 104,40 por cada, relativamente aos quais das e estiver sujeita a uma taxa de IVA superior a
tenha havido despesas de educação (ver questão 97). 5%, deverá indicar a quantia despendida no campo 231
do quadro 15 (modelo 3).
Para reduzir a factura, indique a totalidade destas
despesas no campo 233 do quadro 15 do mode- Se a taxa de IVA for de 5% ou estiver isento, faça
lo 3 (ver figura da página 57). o mesmo, mas no campo 230 do quadro 15.
Neste caso, não precisa de receita médica.

91
Devido ao meu grau de invalidez, não me con- 94
sigo deslocar sozinho. Na ausência do meu fi- Ainda há pouco tempo, tive de começar a usar
lho, há uma pessoa que me ajuda, a quem pa- óculos. Os encargos com esta compra são
go 250 euros por mês. Posso deduzir este mon- considerados pelo fisco como despesas de
tante? saúde?

44 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

O contribuinte pode deduzir à colecta 30% dos encar- Não pode, dado que as quotas dos serviços privados de
gos com meios de correcção visual (óculos e lentes de médicos ao domicílio não são consideradas, pelo fisco,
contacto), desde que comprovados pelo original da pres- como despesas de saúde, nem como contribuições para
crição médica, datado e assinado por um optometrista sistemas facultativos da Segurança Social.
legalmente habilitado a exercer a sua profissão, e pela
factura-recibo onde esteja discriminado o meio de cor-
recção adquirido. O mesmo se aplica aos óculos de sol, 96
quando receitados por um médico. Se tiver um seguro Actualmente, o meu filho está a frequentar uma
de saúde, a parte desta despesa não comparticipada pe- clínica de recuperação para toxicodependen-
lo mesmo pode ser incluída no IRS. tes. Posso deduzir este encargo no meu IRS
deste ano?

95 Se o internamento na referida instituição, ou em institui-


Muitas vezes, o meu marido precisa de assis- ções semelhantes, tiver sido prescrito por um médico, o
tência médica. Por isso, sou sócia de um ser- leitor pode deduzir à colecta 30% da despesa.
viço privado de médicos ao domicílio e dos Além disso, só terá direito a essa dedução se o seu filho
serviços de saúde da Cruz Vermelha. Como de- ainda for considerado seu dependente e fizer parte do
duzir o pagamento das quotas? seu agregado familiar.

Quais as despesas de saúde que posso deduzir?


• SÃO GENERICAMENTE ACEITES, como despesas de – aquisição de produtos alimentares, excepto quando desti-
saúde, os encargos resultantes das seguintes prestações nados apenas a garantir a vida biológica;
de serviços ou compras de produtos: – despesas com a prática de desportos;
– serviços prestados por profissionais de saúde, tais como – aquisição de artefactos ou produtos artificiais, como
médicos, enfermeiros, analistas, dentistas, fisioterapeutas colchões ortopédicos.
e parteiras; • Para comprovar as despesas de saúde, os contribuintes
– intervenções cirúrgicas e internamento em hospitais, devem guardar:
clínicas ou casas de saúde; – tratando-se de medicamentos ou de serviços médicos, a
– aparelhos de prótese e ortótese (muletas ou óculos, por respectiva factura-recibo da farmácia ou da entidade em
exemplo); causa, a qual deve indicar o nome e a quantidade dos mes-
– tratamentos termais ou de natureza idêntica (tratamento mos. Também são aceites a fotocópia ou o original da recei-
com águas minerais, por exemplo), prescritos por um mé- ta ou da prescrição médica, acompanhadas pelo recibo da
dico; farmácia;
– aquisição de medicamentos de venda livre ou que, não o – tratando-se de internamentos em hospitais ou casas de
sendo, tenham sido receitados por um médico; saúde oficiais (ou particulares licenciadas para o efeito), a
– despesas de deslocação e estada, efectuadas pelo sujeito factura ou o documento equivalente, devidamente emitido;
passivo e pelo seu acompanhante, consideradas essenciais – nos casos de comparticipação nos encargos de saúde
ao tratamento em questão. Exemplos disto são as despesas por entidades oficiais (ADSE e SAMS, por exemplo) ou parti-
efectuadas com ambulâncias ou outros veículos especial- culares (companhias de seguros, por exemplo), o documento
mente adaptados ao transporte de doentes, bem como as por estas emitido, que deverá ser entregue aos beneficiários
despesas de deslocação e estada originadas pela necessi- até 20 de Janeiro de 2003;
dade comprovada de o tratamento em questão ter de ser – em caso de consultas nos Centros Regionais de Saúde
feito fora do país. ou nos postos de atendimento permanente da Direcção-
• NÃO SÃO ACEITES os encargos a seguir referidos, EX- -Geral dos Cuidados de Saúde Primários, as senhas de
CEPTO quando prescritos por um médico, com finalidades consulta comprovativas do pagamento das taxas modera-
preventivas, curativas ou de reabilitação: doras devidas pela prestação de cuidados de saúde.
– despesas de deslocação e estada, tanto do próprio como Nota final: em situações de carácter duvidoso, poderá estar
de acompanhantes que não sejam essenciais para o trata- sujeito a uma inspecção tributária. Por isso, em caso de
mento em questão; dúvida, o melhor será colocar a questão à Direcção-Geral
– compra de produtos sem propriedades exclusivamente dos Impostos. Algumas despesas não consideradas gene-
preventivas, curativas ou de reabilitação, tais como cosmé- ricamente como de saúde poderão em certos casos ser
ticos ou outros produtos, ditos de higiene; aceites, desde que o fisco entenda que aqueles encar-
– aquisição de produtos naturais, como chás ou ervas medi- gos foram essenciais para a reabilitação ou cura do contri-
cinais; buinte.

DINHEIRO & DIREITOS 45


Despesas de educação O mesmo aplica-se às despesas relativas a jardins-de-in-
fância, encargos com a formação artística (teatro, canto
Mais uma vez chamamos a sua atenção para o facto de não ou dança, por exemplo) e educação física e informática,
ter de efectuar quaisquer cálculos. Será o fisco a realizá- devidamente comprovadas.
-los, ficando o contribuinte apenas com o dever de inscre-
ver nos campos respectivos da declaração o montante to-
tal gasto. 99
O meu filho, que vivia comigo em Lisboa, conse-
guiu entrar para a faculdade. Dado que esta se
97 situa na Covilhã, os encargos com alojamento,
Qual é o limite para as despesas de educação, alimentação e deslocação que ele tem de efec-
em 2002? tuar podem ser consideradas como despesas de
educação?
30% das despesas de educação e de formação profis-
sional realizadas pelo sujeito passivo e pelos seus de- Se o seu filho ainda for seu dependente e, portanto, mem-
pendentes podem ser deduzidas à colecta, até ao limite bro do seu agregado familiar, as despesas de alimentação,
de € 556,82, ou seja, 160% do salário mínimo nacional. alojamento e deslocação, por motivo de frequência do en-
sino superior, podem ser consideradas como despesas de
Nos agregados familiares com três ou mais dependentes, o educação.
limite referido pode ser elevado em € 104,40 por cada um
dos dependentes (desde que sejam estudantes e que te- Porém, estas despesas só serão consideradas co-
nham despesas de educação ou formação). Assim, numa mo deduções à colecta se os referidos serviços forem
família que seja constituída, por exemplo, pelo marido, pela prestados por terceiros (por exemplo, se o transporte for reali-
mulher e por três filhos estudantes, o limite máximo para a zado pela CP). Se o seu filho apresentar, por exemplo, as
dedução referente a despesas de educação é acrescido despesas com combustíveis efectuadas em carro próprio
em € 313,20 (3 x € 104,40), passando, portanto, para nas deslocações entre a casa e a universidade, o fisco já não
€ 870,02. as aceitará, uma vez que o transporte não é prestado por ter-
ceiros.
Contudo, a dedução relativa a encargos com a
educação, em conjunto com as deduções à colec- Além disso, é necessário que a realização de tais despe-
ta relativas a lares (que vimos atrás), não poderá ultra- sas se deva à deslocação do estudante da sua área de
passar os € 697,03. Nas famílias com três ou mais depen- residência normal para o local onde está a estudar. Ou se-
dentes, este valor será elevado em € 104,40 por cada um ja, o fisco só aceita, como despesas de educação, os en-
deles. cargos com alimentação, alojamento e deslocações que
resultam da deslocação necessária do estudante da sua
As despesas de formação profissional serão aceites, residência normal (a casa dos seus pais, neste caso) para
desde que sejam prestadas por entidades oficial- o local onde vai realizar os seus estudos.
mente reconhecidas (através de um certificado do Instituto Neste sentido, serão considerados como deduções:
de Emprego e Formação Profissional) e na parte em que não – as despesas com alojamento e alimentação devidamente
tenham sido consideradas como dedução específica da ca- comprovadas (numa instalação da própria faculdade ou
tegoria A. numa residencial para estudantes, por exemplo);
– os encargos com o arrendamento de um quarto e a
No grupo das despesas de educação, incluem-se alimentação em restaurantes, se forem realizados na área
também as referentes ao pagamento de propinas em que se encontra a estudar e esta não for a sua área de
no ensino superior. O conjunto das despesas deve ser ins- residência normal;
crito no campo 232 do quadro 15 (modelo 3). – as despesas de deslocação para o local onde se en-
contra a estudar (bilhetes de autocarro ou comboio, por
exemplo).
98
Os meus filhos frequentam, desde o início do
ano, respectivamente, uma creche e uma es- 100
cola de ensino básico privados. Posso deduzir Dado que gosta muito de cantar e tocar guitar-
os gastos que tenho com estas instituições? ra, o meu filho frequenta uma escola de músi-
ca. Será que o fisco aceita os encargos ine-
As importâncias que paga todos os meses à creche e à rentes a esta actividade como despesa de edu-
escola são consideradas como despesas de educação, cação?
se os estabelecimentos em causa estiverem incluídos no
Sistema Nacional de Educação (ver questão 100). Só as- As despesas inerentes a actividades extracurriculares, co-
sim poderão ser deduzidas, dentro dos limites já referidos. mo música, teatro, línguas e canto, por exemplo, só serão

46 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

aceites, pelo fisco, como despesas de educação se as es- Se tiver alguma dúvida em relação a um estabelecimen-
colas ou os institutos que as ensinem estiverem integra- to, consulte o organismo pertencente ao Ministério da Edu-
dos no Sistema Nacional de Educação ou forem reco- cação referido na questão 100.
nhecidos, pelos ministérios competentes, como tendo fins
semelhantes aos das escolas que pertencem ao referido Despesas com a habitação
sistema. A integração destes estabelecimentos no Sistema
Nacional de Educação ou o seu reconhecimento como Sempre que houver limites para determinadas despesas,
tendo fins análogos aos restantes deve constar de uma o fisco irá efectuar todos os cálculos. O contribuinte só tem
certificação expressa. de indicar o montante total despendido.

Para saber se o estabelecimento em causa está


integrado no Sistema Nacional de Educação, pode 102
informar-se junto do Ministério da Educação, através do Em 2002, recorri ao crédito para comprar casa.
Departamento de Avaliação Prospectiva e de Planeamento Até que limite posso deduzir as importâncias
(Avenida 24 de Julho, n.º 134, 1399-054 Lisboa; telefone: que pago para amortizar o empréstimo?
21 394 92 00). Também pode consultar o sítio na Internet
(www.dapp.min-edu.pt/geral/redeescolar/html), o qual in- Poderá deduzir à colecta 30% dos juros e das amor-
clui uma lista de todos os estabelecimentos pertencentes tizações dos empréstimos contraídos para a com-
ao Sistema Nacional de Educação. pra de uma casa destinada a habitação própria e perma-
nente, quando situada no território nacional, até ao limite
máximo de € 517,64.
101
Como estou a pensar em ir estudar para fora do Deverá indicar o montante total despendido no
país, gostaria que me informassem se posso de- campo 234 do quadro 15 (modelo 3).
duzir, no IRS, as despesas com a educação rea-
lizadas numa universidade estrangeira?
103
Não. O fisco não aceita as despesas de educação efec- Há dois anos atrás contratei um empréstimo para
tuadas com um curso universitário no estrangeiro. comprar uma casa que tenho, agora, arrendada.
Poderão os juros e as amortizações do emprésti-
Mesmo em Portugal, os encargos suportados com mo ser deduzidos aos meus rendimentos?
a frequência de instituições, ditas de ensino su-
perior, não reconhecidas oficialmente pelo Ministério da Pode deduzir, dentro dos limites já referidos, os juros e
Educação não são aceites como despesas de educação. as amortizações relativos à liquidação de empréstimos

Despesas de educação: deduzir, deduzir


• O fisco considera como despesas de educação os • NÃO são aceites como despesas de educação e,
seguintes encargos: portanto, não podem ser deduzidos aos seus rendi-
– taxas de inscrição, propinas e mensalidades devi- mentos os seguintes encargos:
das pela frequência de jardins-de-infância ou estabe- – despesas com amas, excepto se estas estiverem
lecimentos equiparados e escolas do ensino básico, devidamente legalizadas ou ao serviço de jardins-
secundário ou superior (incluindo mestrados e -de-infância ou instituições equiparadas;
doutoramentos), públicas ou privadas, desde que – despesas com estágios e participação em con-
integradas no Sistema Nacional de Educação; gressos;
– livros escolares e material necessário à realização – despesas relativas à aquisição de computadores,
da actividade escolar (cadernos, canetas, lápis, etc.); material informático, enciclopédias, instrumentos
– transporte, alimentação e alojamento prestados por musicais, calçado e vestuário, ainda que utilizados
terceiros, quando o contribuinte ou um seu dependente no âmbito da actividade escolar.
se desloque da sua área de residência normal para • As despesas que podem ser deduzidas devem
outro local, de forma a poder realizar os seus estudos; ser comprovadas por facturas ou recibos. Não se
– despesas com o ensino de línguas, música, canto esqueça também de que, em situações de carácter
ou teatro, mesmo que realizadas fora do âmbito do duvidoso, poderá estar sujeito a uma inspecção
programa escolar normal, desde que o estabeleci- tributária. Por isso, em caso de dúvida, o melhor
mento em questão esteja reconhecido e integrado será colocar a questão por escrito à Direcção-Ge-
no Sistema Nacional de Educação. ral dos Impostos.

DINHEIRO & DIREITOS 47


Quadro 15
Deduções à colecta por despesas efectuadas

Limite máximo
Dedução
Não casados Casados

30% das despesas de saúde, isentas de IVA ou sujeitas à taxa de 5%,


pagas e não reembolsadas, do sujeito passivo e dos seus dependentes

30% das despesas de saúde, isentas de IVA ou sujeitas à taxa de 5%,


pagas e não reembolsadas, de ascendentes e colaterais (até ao terceiro grau) do sujeito passivo,
desde que não aufiram rendimentos superiores ao salário mínimo nacional mais elevado
(€ 348,01 por mês) e que vivam em economia comum com o contribuinte
Sem limite
30% dos juros de empréstimos contraídos para o pagamento
das despesas de saúde acima referidas

30% das despesas de educação e reabilitação de sujeitos passivos dependentes


e/ou dependentes deficientes

25% dos prémios de seguros em que o primeiro beneficiário


seja o sujeito passivo deficiente ou um dependente deficiente

30% das despesas de saúde, sujeitas a taxas de IVA superiores a 5%, do sujeito passivo,
do seu agregado familiar ou de ascendentes e colaterais (até ao terceiro grau), € 53,81 (1)
desde que justificadas por prescrição médica

25% dos encargos com lares e instituições de apoio à terceira idade, relativos
aos sujeitos passivos, ascendentes e colaterais (até ao terceiro grau) com rendimentos € 303,41 (2)
inferiores ao salário mínimo

30% das despesas de educação do sujeito passivo e dos seus dependentes € 556,82 (2) (3)

30% dos juros e amortizações de dívidas contraídas com aquisição, construção


ou beneficiação de imóveis para habitação própria e permanente ou de imóveis
para arrendamento que sirvam de habitação permanente do arrendatário (4)
+
30% das prestações pagas em resultado de contratos celebrados com cooperativas de habitação
ou no âmbito do regime de compras em grupo, para a aquisição de imóveis destinados
à habitação própria e permanente ou a arrendamento € 517,64
+

30% das importâncias suportadas a título de renda de imóveis para habitação permanente,
no âmbito de contratos celebrados ao abrigo do Regime do Arrendamento Urbano ou a título
de renda de contratos de locação financeira (leasing) de imóveis para habitação permanente
que não constituam amortizações de capitais

25% dos prémios de seguros de vida e de acidentes pessoais do sujeito passivo


e dos seus dependentes não deficientes, bem como das contribuições para fundos € 53,81 € 107,63
de pensões e outros regimes complementares da Segurança Social

25% dos prémios de seguros que cubram apenas riscos de saúde


€ 71,75 (5) € 143,50 (5)
do sujeito passivo ou dos seus dependentes

25% das despesas com a aquisição de equipamento informático para uso pessoal e ligação à Net € 179,38
30% das despesas com a compra de equipamento novo para utilizar energias renováveis
€ 700,00
e aparelhos que produzam energia eléctrica ou térmica que funcionem a gás natural

20% das despesas com aconselhamento jurídico € 134,28

25% dos donativos ao Estado, às regiões autónomas e às autarquias locais Sem limite

25% dos donativos a outras entidades 15% da colecta

(1) O limite de € 53,81 poderá ser elevado para 2,5% das despesas referidas nos três primeiros pontos, se este valor for superior.
(2) O conjunto das deduções à colecta relativas a lares e despesas de educação não poderá ultrapassar os € 697,03, acrescida
da dedução referida na nota seguinte, se for caso disso.
(3) Nos agregados familiares com três ou mais dependentes, o limite referido é elevado em € 104,40 por cada um dos dependentes,
casos os mesmos sejam estudantes e tenham despesas de educação.
(4) Exceptuam-se deste abatimento as amortizações realizadas com dinheiro depositado em contas poupança-habitação.
(5) Este valor poderá ser aumentado em € 35,88 por cada dependente.

48 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

contraídos para a aquisição de imóveis destinados a ar- jovens) até ao limite de € 517,64. Para beneficiar desta
rendamento (situados no território nacional), desde que dedução à colecta, é necessário que a casa esteja situ-
sirvam de habitação permanente ao inquilino. ada em território nacional e que sirva de habitação per-
manente.
Para deduzir os referidos montantes, basta indicá- Esta despesa não é cumulativa com a da questão ante-
los no campo 234 do quadro 15 da declaração rior. Se a meio do ano passar de uma casa arrendada
modelo 3 (ver figura da página 57). para uma sua (ou vice-versa), o fisco irá ter em conta a
situação em 31 de Dezembro de 2002, beneficiando da
dedução respectiva.
104
Comprei uma casa através de uma cooperati- O contribuinte deverá indicar o montante gasto no
va de habitação. Poderão as prestações que campo 235 do quadro 15 do modelo 3 (ver figura
pago todos os meses ser consideradas no IRS? da página 57).

As prestações resultantes de acordos celebrados entre


os contribuintes e as cooperativas podem ser deduzidas Despesas com seguros
à colecta, dentro dos limites referidos na questão 102.
Sempre que houver limites para determinadas despesas,
No entanto, para esta dedução ser aceite, é neces- o fisco faz todas as contas necessárias. O contribuinte
sário que as prestações resultem de um contrato só tem de indicar as importâncias despendidas.
celebrado com uma cooperativa de habitação, devida-
mente comprovado, ou seja, assinado pelas duas partes
e registado no notário. 107
O montante a abater é o correspondente à parte que res- Estou a pensar em efectuar um seguro de vida
peita a juros e amortizações das dívidas. Excluem-se, e ouvi falar que se o fizer tenho direito a uma
portanto, as quotas pagas pelo facto de se ser sócio da "vantagem" fiscal. É verdade?
cooperativa. Veja também a questão 116 sobre as en-
tregas efectuadas para a cooperativa antes da assinatu- A vantagem fiscal de um seguro de vida consiste
ra da escritura. na possibilidade de deduzir à colecta, dentro dos
limites indicados no quadro 15, o respectivo prémio (o
O nosso leitor deverá inscrever o montante despen- que se paga anualmente pelo seguro).
dido no campo 234 do quadro 15.
Contudo, é necessário que o seguro, quer seja de aci-
dentes pessoais ou de vida, preencha, ao mesmo tem-
105 po, os seguintes requisitos:
A casa onde vivo está a precisar de algumas – garanta exclusivamente os riscos de morte, invalidez
obras de conservação (canalização e pintura). ou reforma por velhice e, neste último caso (seguros de
Posso deduzir as despesas que vier a efectuar capitalização), apenas se o benefício for garantido após
na minha declaração? os 55 anos de idade e 5 anos de duração do seguro;
– seja relativo ao sujeito passivo ou aos seus depen-
As despesas efectuadas para manutenção e conservação dentes;
do imóvel só podem ser deduzidas, se para o efeito ti- – não tenha sido objecto de dedução específica em qual-
ver recorrido ao crédito e se for o proprietário do imóvel. quer categoria de rendimentos.
Assim, poderá deduzir à colecta 30% dos encargos com
juros e amortizações até ao limite de € 517,64. Assim, se o seguro que contratou obedecer a todos
estes requisitos, poderá deduzir 25% dos prémios
Deverá indicar o montante despendido no campo pagos, até ao limite de € 53,81, se não for casado, e de
234 do quadro 15 (modelo 3). € 107,63, se o for, desde que cada cônjuge tenha o seu
seguro.

106 Uma excepção: os pescadores, os desportistas


Vivo num andar arrendado. Será que posso profissionais e os mineiros que aufiram rendi-
deduzir no IRS a renda paga todos os meses? mentos destas profissões, seja como trabalhadores de-
pendentes ou independentes, podem deduzir a totali-
Se o seu contrato de arrendamento foi celebrado ao abri- dade dos custos suportados com este tipo de seguros.
go do Regime do Arrendamento Urbano, em vigor des-
de 1990, poderá deduzir 30% das rendas pagas, de- Não se esqueça de indicar o montante gasto com
duzidas de eventuais subsídios ou comparticipações estes seguros no campo 236 do quadro 15 do mo-
oficiais (por exemplo, o subsídio de arrendamento a delo 3 (ver figura da página 57).

DINHEIRO & DIREITOS 49


mentos do sujeito passivo, podem ser deduzidos à colec-
ta nas mesmas condições referidas na questão anterior.
Esquema 9
Posso deduzir as importâncias Os contribuintes deverão apenas indicar o mon-
que paguei para o meu seguro de vida? tante despendido no campo 236 do quadro 15 (de-
claração modelo 3).

O seguro de vida tem como beneficiário o sujeito passivo


ou algum membro do seu agregado familiar?
109
Em 2002, fiz um seguro de saúde para me pre-
caver de qualquer situação futura. Poderei tirar
Sim Não
algum benefício?

De facto, 25% dos prémios de seguros de saúde,


Os montantes que pagou para o seu seguro relativos aos sujeitos passivos ou aos seus de-
de vida são considerados como deduções pendentes, podem ser deduzidos à colecta até ao limite
específicas em qualquer categoria de rendimentos? de € 143,50, para casados, e € 71,75, para não casados.

Por cada dependente a seu cargo os limites acima referi-


dos são aumentados em € 35,88.
Não Sim
Ou seja, se um casal ti-ver contratado um seguro nestas
condições e tiver dois filhos, o valor da dedução será de
25% do prémio de seguro com o limite de € 215,26
O seu seguro de vida garante [€ 143,50 + (€ 35,88 x 2)].
exclusivamente os riscos de morte,
invalidez ou reforma por velhice Os pescadores, desportistas profissionais e mineiros que
e, neste último caso, o benefício
é garantido após os 55 anos de idade aufiram rendimentos destas profissões, dependentes ou
e cinco anos de duração do contrato independentes, podem deduzir na totalidade os custos
de seguro? suportados com este tipo de seguros.

No caso de alguns planos de seguros (mistos e de


capitalização), esta dedução só abrange a parte
Sim Não
do prémio no que toca à componente da saúde. Na de-
claração que as seguradoras enviam aos clientes, deverá
estar discriminado o valor que pode ser deduzido.
Se respeitar todas
estas condições, Não poderá deduzir Neste caso, indique o montante despendido no
poderá deduzir aos seus rendimentos campo 237 do quadro 15 (modelo 3).
os montantes os montantes que aplicou
aplicados no seu no seu seguro de vida
seguro de vida
110
Devido a uma deficiência mental, a minha filha
frequenta uma escola de educação especial.
Será que as mensalidades que pago podem ser
deduzidas? Tenho também um seguro de vida
em que ela está como primeira beneficiária.
Existe alguma vantagem?
108
Trabalho num banco e, além dos descontos para Quanto à primeira questão, pode deduzir, sem qual-
a Segurança Social, desconto para um fundo de quer limite, 30% das despesas de educação e rea-
pensões. Será que posso inscrever este encar- bilitação de deficientes, quer se trate do contribuinte ou
go na minha declaração de IRS? algum dos seus dependentes (como é o caso do leitor).
Para tal, mencione as despesas no quadro 7 do anexo H,
As contribuições para fundos de pensões ou outros regimes inscrevendo do lado esquerdo o código 706 (ver figura da
complementares da Segurança Social relativos ao con- página 57).
tribuinte ou aos seus dependentes, pagos por si ou por
terceiros (entidade patronal, por exemplo), desde que, No que se refere à sua segunda pergunta, tanto o con-
neste último caso, tenham sido tributados como rendi- tribuinte como os seus dependentes, se tiverem um grau

50 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

de invalidez permanente igual ou superior a 60% e forem As despesas, comissões e outros encargos relacionados
os primeiros beneficiários do seguro, têm direito a de- com a subscrição de um plano de poupança-reforma não
duzir 25% dos prémios de seguro, sem qualquer limite. estão incluídos no valor que pode ser deduzido no IRS.
Basta-lhe referir os montantes no quadro 7 do anexo H, Assim, para efeitos de IRS, só é considerado o montante
indicando o código 707. realmente investido. As importâncias aplicadas num PPR
devem ser indicadas, na totalidade, no quadro 7 do anexo
H (benefícios fiscais), com o código 701.
111
Posso deduzir no IRS os prémios de seguros de
"ocupantes de viaturas" ou "pessoas trans- 113
portadas"? Como tenho um filho a andar na escola, subs-
crever um plano de poupança-educação será
Sim. Por serem seguros de acidentes pessoais e desde uma solução vantajosa?
que os segurados sejam os sujeitos passivos ou os seus
dependentes, podem ser deduzidos à colecta dentro do O benefício fiscal usufruído por esta aplicação é
limite referido na questão 107. Na declaração que as se- idêntico aos dos planos de poupança-reforma,
guradoras enviam, é discriminado o valor a deduzir. aplicando-se o mesmo limite referido na questão anterior.

A sua principal novidade consiste no facto de os montan-


Deduções à colecta tes investidos poderem ser utilizados pelo contribuinte ou
pelo investimento em produtos pelos seus dependentes em despesas do ensino univer-
com benefícios fiscais sitário ou profissional. O montante a levantar por ano varia
consoante a zona onde se situar a residência do estudante:
Aplicações com benefícios fiscais entre € 2 493,99 e € 4 987,98.
Porém, só cinco anos após cada entrega é que poderá
Sempre que houver limites para as despesas, não se efectuar o resgate pretendido.
preo-cupe com os cálculos. O fisco faz todas as contas. Para compreender melhor esta situação, vejamos o seguinte
A si cabe-lhe apenas indicar os valores investidos. exemplo: o Sr. Figueira tem um filho com 13 anos e outro
com 17. Dado que o João (de 17 anos) está prestes a en-
trar para a faculdade, o Sr. Figueira subscreveu um PPE, en-
112 tregando € 2 493,99. Contudo, quando se preparava para
Pretendo subscrever um plano de poupança-re- levantar a importância em questão, informaram-no de que
forma. Qual é o benefício fiscal inerente? não o poderia fazer. Na verdade, ainda não tinham passa-
do cinco anos desde a primeira entrega e se o fizesse es-
Poderá deduzir à colecta 25% do montante apli- taria sujeito a uma penalização (ver caixa Benefícios fiscais:
cado num plano de poupança-reforma, até ao atenção às regras do jogo!, na página 53). Aquele montante
menor dos seguintes valores: poderá, isso sim, ser utilizado na educação do seu filho
– 5% do rendimento total bruto englobado; mais novo, agora com 13 anos. Daqui a cinco anos terá
– € 648,44, se não for casado; 18 e poderá entrar para a universidade.
– € 1 296,88, se for casado. Neste caso, é obrigatório
que ambos os cônjuges sejam subscritores do plano de Depois de decorridos cinco anos após a data da
poupança-reforma. primeira entrega, o participante pode exigir o reem-
As percentagens e os limites referidos são majorados em bolso da totalidade do valor do PPR/E, se o montante das
função da idade do subscritor em 1 de Janeiro do ano entregas efectuadas na primeira metade do período re-
em que fez a aplicação. Assim, quem tiver entre os 35 e presentar, pelo menos, 35% da totalidade.
os 50 anos, pode deduzir 26,25% dos montantes in-
vestidos até ao menor limite: Atenção: se já tem um investimento em PPR e aí colocar
– 5,25% do rendimento total englobado; todos os anos o montante máximo dedutível para o IRS
– € 680,86, para não casados; (€ 2 593,76, por cada sujeito passivo), não terá nenhu-
– € 1 361,72, para casados. ma vantagem fiscal em subscrever um plano de poupança-
Quem tiver menos de 35 anos, pode deduzir 27,5% das educação. Isto porque o limite é aplicado a ambos os pro-
entregas até ao seguinte valor: dutos.
– 5,5% do rendimento bruto total englobado;
– € 713,28, para não casados; Além disso, se pretender resgatar montantes de
– € 1 426,56, para casados. um PPE, não poderá apresentar despesas de edu-
cação até esse valor, para o mesmo sujeito passivo. Por
Assim, para beneficiar desta dedução na sua totali- exemplo, se resgatar 1 000 euros em PPE e tiver 1 250 eu-
dade, em 2002, terá de aplicar € 2 593,76, por ca- ros de despesas de educação, só poderá indicar no cam-
da sujeito passivo. po 232 do quadro 15 (modelo 3) 250 euros (1 250 – 1 000).

DINHEIRO & DIREITOS 51


Os montantes aplicados num plano de poupança- As importâncias aplicadas em contas devem ser
-educação devem ser indicados no quadro 7 do indicadas, na totalidade, no quadro 7 do anexo H,
anexo H (benefícios fiscais) com o código 711. com o código 702.

114 115
Estou a pensar em subscrever uma conta pou- Moro num andar e quero comprar uma garagem
pança-habitação. Qual o benefício fiscal atribuí- situada na cave do meu prédio. Para tal, será
do este ano pelo fisco? que posso utilizar o saldo da minha conta
poupança-habitação?
O leitor poderá deduzir à colecta 25% dos de-
pósitos feitos em cada ano nesta conta, até ao li- Não. O dinheiro da conta poupança-habitação só pode
mite de € 564,28. Para beneficiar desta dedução na sua ser utilizado em despesas de construção de garagens,
totalidade, este nosso leitor terá de investir, pelo menos, despensas e arrumos destinados ao uso exclusivo do con-
€ 2 257,12. tribuinte e do seu agregado familiar e que, simultanea-
mente, façam parte do mesmo registo na matriz predial.
Na declaração modelo 3, deve indicar o valor total das No entanto, se, por exemplo, morasse numa vivenda e
entregas efectuadas. Por exemplo, se aplicou 2 750 eu- decidisse construir uma garagem anexa à casa, já poderia
ros, esse será o valor a indicar. Contudo, apenas 25% de utilizar o saldo da referida conta.
€ 2 257,12 serão deduzidos, pelo fisco, ao seu rendi-
mento (os tais € 564,28).
116
Os montantes aplicados nestas contas, em nome de qual- Como quero comprar uma casa nova, celebrei
quer membro do agregado familiar, também poderão ser com uma cooperativa de habitação um contrato
deduzidos à colecta do contribuinte, dentro do mesmo para a aquisição de uma que só estará pronta
limite referido. daqui a dois anos. Posso usufruir de algum bene-
fício fiscal?
Assim, se abrir uma conta poupança-habitação em nome
de um dos seus filhos que ainda seja considerado como Sim. De facto, se tem efectuado entregas para a
dependente, os montantes aí aplicados poderão ser de- cooperativa de habitação (ou construção) com vista
duzidos ao seu rendimento colectável. à aquisição de uma casa (construção, recuperação ou

Quadro 16
Deduções à colecta por benefícios fiscais

Para ter direito à dedução


Limite (2) máxima, quanto é preciso investir?
Produtos Dedução
não casado casado (3) não casado casado
Contas poupança-habitação 25% do montante
€ 564,28 € 2 257,12
Montante pagos a cooperativas (1) aplicado
25% do montante
€ 1 296,88
aplicado, se tiver € 648,44 (4)
(4)
mais de 50 anos
Planos de poupança-reforma,
26,25%, se tiver € 2 593,76 (4) € 5 187,52 (4)
educação e reforma/educação € 680,86 € 1 361,72
entre 35 e 50 anos
27,5%, se tiver
€ 713,28 € 1 426,56
menos de 35 anos
Planos de poupança em acções 7,5% do montante aplicado € 498,80 € 997,60 € 6 650,67 € 13 301,34

Acções adquiridas 5% do montante aplicado € 170,09 € 340,18 € 3 401,80 € 6 803,60


em privatizações (até a data de 7,5% do montante
fecho deste guia, Setembro de aplicado pelos trabalhadores € 256,38 € 512,76 € 3 418,43 € 6 836,85
2002, não ocorreu nenhuma) da empresa privatizada
Seguros de capitalização 25% do montante aplicado € 53,81 € 107,63 € 215,24 € 430,52
(1) Entregas feitas a cooperativas de habitação (antes da escritura e ocupação da casa) em resultado de contratos para a compra, construção, recuperação
ou beneficiação de imóveis para habitação própria.
(2) O contribuinte só terá de indicar os valores investidos. O fisco faz todas as contas.
(3) Estes limites só se aplicam se cada membro do casal for subscritor de um produto.
(4) Se o limite de 5% do rendimento bruto anual for inferior a este valor, será esse o aplicado.

52 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Benefícios fiscais: atenção às regras do jogo!

Existem vários produtos financeiros com vantagens e bene- Isto dá um total de 2 500 euros, valor que o Sr. Álvaro terá
fícios fiscais (ver quadro 16). Uma característica comum a de declarar como rendimento de capitais.
todos estes produtos é a possibilidade de deduzir os mon- Porém, o montante relativo a 1998 terá de ser indicado no
tantes aplicados à colecta do IRS. campo 05 do quadro 11 do anexo H (benefícios fiscais),
Contudo, para usufruir destes benefícios, o contribuinte tem na alínea “ao rendimento”, enquanto que os montantes
de respeitar as condições a que a sua concessão está su- referentes aos restantes três anos serão incluídos no mes-
jeita. Ou seja, não basta investir para poupar nos impos- mo campo, mas na alínea “à colecta”. Isto porque, a par-
tos. A concessão dos benefícios fiscais está condicionada tir de 1999, estes montantes passaram a ser deduzidos à
ao respeito de um conjunto de pressupostos (ver quadro colecta, em vez de abatidos ao rendimento (ver figura).
18, na página 56). Por exemplo, o dinheiro aplicado numa Também pode utilizar o quadro 17 para calcular a pena-
conta poupança-habitação só deverá ser utilizado na com- lização fiscal por reembolso antecipado de todos os pro-
pra, construção, beneficiação ou ampliação de imóveis para dutos que permitem obter benefícios fiscais.
habitação própria e permanente ou para arrendamento (ou
ainda para a amortização de empréstimos contraídos para O valor da penalização fiscal, calculado pelo contri-
as mesmas finalidades). buinte, deve ser indicado no quadro 11 do anexo H.

Se não respeitar as regras do jogo, terá de declarar, Os contribuintes que, em 2002, tenham resgatado antecipa-
como rendimento de capitais, o valor dos montantes damente aplicações com benefícios fiscais têm de entre-
deduzidos, nos anos anteriores, acrescidos de 10%. Esta gar o anexo H, acrescentando estas importâncias ao rendi-
percentagem será multiplicada pelo número de anos em mento ou à colecta, consoante a forma como foram ini-
que o benefício fiscal foi usufruído (ver quadro 17). cialmente deduzidas (antes ou depois de 1999).

Imaginemos o seguinte exemplo: em 2002, o Sr. Álvaro mo- Na altura do fecho desta edição, o fisco preparava-se para
bilizou, para uma finalidade que não a prevista (comprar impedir que quem não tenha cumprido as suas obrigações
um carro), o saldo da conta poupança-habitação que tinha perante o fisco e a Segurança Social não possa usufruir de
há quatro anos. benefícios fiscais.
Durante cada um destes anos, o Sr. Álvaro aplicou e, por-
tanto, deduziu ao seu IRS 500 euros por ano. Quadro 17
Como utilizou irregularmente o saldo daquela conta, na sua Resgate antecipado
declaração de rendimentos de 2002 (entregue em 2003), de produtos com benefícios fiscais:
terá de incluir os montantes deduzidos nos anos anteriores, factores de penalização (1)
acrescidos de 10% por cada ano. Ano Factor Ano Factor
de aplicação de penalização de aplicação de penalização
Para calcular o valor a declarar, poderá utilizar o quadro
17. Basta multiplicar o valor de cada uma das suas de- 1993 1,9 1998 1,4
duções fiscais, nos respectivos anos, pelo factor de pe- 1994 1,8 1999 1,3
nalização. Vejamos novamente o exemplo do Sr. Álvaro: 1995 1,7 2000 1,2
1996 1,6 2001 1,1
– 1998: 500 euros x 1,4 = 700 euros;
1997 1,5 2002 -
– 1999: 500 euros x 1,3 = 650 euros;
– 2000: 500 euros x 1,2 = 600 euros; (1) Para calcular o valor que terá de declarar ao fisco (deduções + penalizações),
basta multiplicar o factor de penalização pelos montantes deduzidos em cada
– 2001: 500 euros x 1,1 = 550 euros. ano e somá-los.

Quadro 11 do anexo H.

DINHEIRO & DIREITOS 53


Contas poupança-habitação: boa ideia para poupar
As contas poupança-habitação são semelhantes aos de- – na construção, beneficiação, conservação e ampliação
pósitos a prazo. São constituídas pelo prazo mínimo de de imóveis para habitação própria e permanente;
um ano e renováveis por iguais períodos de tempo. – na construção de garagens, despensas e arrumos, des-
A partir de 1 de Janeiro de 2001, quem quiser usufruir dos de que destinados à utilização exclusiva do sujeito pas-
benefícios fiscais associados a estas contas terá de deixar sivo e do seu agregado familiar e que, simultaneamente,
as entregas depositadas, pelo menos, durante um ano, integrem a mesma unidade matricial da casa de habitação;
antes de as utilizar na amortização do empréstimo, por – na abertura de um furo de água, desde que este se des-
exemplo. Assim, se tiver efectuado uma entrega no dia 1 tine, principal ou exclusivamente, ao abastecimento de
de Março de 2002, só em 2 de Março de 2003, poderá uma casa de habitação que dele manifestamente careça
levantar esse montante para os fins previstos. Estas con- e caso o terreno onde este se efectue integre a mesma
tas visam a poupança com o fim de comprar, construir, unidade matricial.
beneficiar ou ampliar imóveis para habitação própria e • NÃO PODERÁ utilizar o saldo da conta em:
permanente e para arrendamento. – despesas de salários e seguros com o pessoal, em ca-
Desde 1996 que se tornou também possível utilizar o sal- so de construção por administração directa do titular;
do das contas poupança-habitação para amortizar em- – despesas com projectos de arquitectura anteriores ao
préstimos contraídos para a aquisição, construção ou be- licenciamento, dado que constituem factos meramente
neficiação de imóveis para habitação própria e perma- preparatórios. Excluem-se desta regra as despesas com
nente ou para arrendamento. serviços de arquitectura suportadas posteriormente ao li-
Além disso, 25% dos montantes aplicados nestas contas cenciamento;
podem ser deduzidos à colecta do contribuinte, até ao lim- – aquisição de uma casa de férias (habitação secundária);
ite de € 564,28. No entanto, sob pena de ter de repor to- – despesas com instalação de equipamentos de ar condi-
dos os benefícios fiscais já usufruídos, o saldo desta con- cionado e outros aparelhos que não alterem a estrutura
ta só pode ser utilizado para os fins previstos na lei. física do imóvel.
• Assim, o saldo da conta PODE ser utilizado: Se utilizar o saldo da conta para fins que não os referi-
– na compra de imóveis para habitação própria e perma- dos, ou antes de decorrido o prazo de um ano, terá de
nente ou para arrendamento; devolver os benefícios: os montantes anuais deduzidos
– na aquisição de terrenos para construção de habitação (acrescidos de 10% ao ano) serão adicionados ao rendi-
própria e permanente; mento do ano em que o dinheiro for utilizado.

beneficiação), pode deduzir à colecta 25% das entregas


realizadas anualmente, com o limite de € 564,28, o mes- 117
mo da conta poupança-habitação. Quais são as condições para abrir uma conta
Porém, se já tiver uma conta-poupança-habitação com o poupança-reformado? E, já agora, qual é o bene-
investimento máximo aconselhado € 2 257,12, não terá fício fiscal inerente?
qualquer benefício adicional em apresentar também esta
despesa. Isto porque o benefício referido não é cumulati- A conta poupança-reformado poderá ser aberta por quem
vo com o benefício das contas poupança-habitação. seja reformado e tenha, em 2002, um rendimento mensal
inferior a € 1 044,03, o equivalente a três salários mínimos
A importância entregue deve ser indicada no campo nacionais (€ 348,01 x 3).
7 do anexo H, inscrevendo o código 709.
O grande benefício destas contas é o facto de os
Também pode deduzir à colecta 5% das importâncias en- juros relativos à parte do saldo até € 9 968,41
tregues para a realização do capital social da cooperativa estarem isentos de IRS. Outra grande vantagem (para os
(na parte que ultrapasse o capital legal ou obrigatório) e herdeiros): em caso de morte do titular, o dinheiro está
para a subscrição de títulos de investimento com o limite isento de imposto sucessório.
de € 124,70, desde que não reembolsados durante três
anos. Para usufruir do benefício máximo, terá de efectuar Os deficientes com um grau de invalidez perma-
entregas no valor de € 2 493,99. Estes valores devem de- nente igual ou superior a 60% beneficiam do mesmo
clarados no campo 7 do anexo H, indicando o código 710 regime jurídico e fiscal das contas poupança-reformado,
(ver figura da página ao lado). numa das contas de que sejam titulares.

54 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

Estas contas poderão ser constituídas em contas dos à colecta 7,5% dos montantes aplicados, com o lim-
conjuntas, desde que o primeiro titular seja refor- ite de € 256,38, para não casados, ou de € 512,76, para
mado e os restantes titulares sejam os filhos ou o côn- casados.
juge. No entanto, ninguém pode ser titular de mais de Para ter direito à dedução máxima, terá de investir
uma conta poupança-reformado. € 3 418,43, se não for casado, ou € 6 836,85, se o for.

Acções e planos de poupança em acções O montante total investido deve ser indicado no
quadro 7 do anexo H, com o código 704.

118 Os trabalhadores das empresas privatizadas po-


Qual o benefício fiscal inerente ao investimento dem ainda acumular ambos os benefícios referi-
em planos de poupança em acções? dos, se comprarem lotes de acções como trabalhadores
das empresas e como investidores normais.
Este ano, cada contribuinte poderá deduzir à colec-
ta 7,5% dos montantes aplicados num plano de
poupança em acções, com o limite de € 498,80. Ou se- Despesas com equipamento
ja, para beneficiar desta dedução na sua totalidade, em informático, energias renováveis
2002, terá de aplicar € 6 650,64. e apoio jurídico
O total das importâncias aplicadas deve ser indica-
da no quadro 7 do anexo H, com o código 705. 120
Posso deduzir à colecta o montante que gastei
na compra de um computador?
119
Se adquirir acções numa Oferta Pública de Ven- Se comprou um computador, em 2002, para uti-
da (OPV) realizada pelo Estado, que montante lização pessoal, poderá deduzir à colecta 25%
posso deduzir à colecta? dos montantes despendidos, até ao limite máximo de
€ 179,38.
Até à data de fecho deste guia (Setembro de 2002),
não ocorreu nenhuma privatização. De qualquer Para obter a dedução máxima, deverá ter gasto € 717,52.
forma, caso venha a suceder até ao final de 2002, aqui
fica a resposta. Podem ser deduzidos à colecta 5% dos Para beneficiar desta dedução à colecta, é necessário
montantes aplicados na compra de acções no âmbito de adquirir equipamento novo (computadores de uso pes-
uma privatização, com o limite de € 170,09, para não soal, programas, modems, placas RDIS, aparelhos de
casados, ou de € 340,18, para casados. Para ter direito terminal ou set top box). A factura comprovativa da
à dedução máxima, terá de investir € 3 401,80, se não aquisição deve conter o número de identificação fiscal
for casado, ou € 6 803,60, se o for. do contribuinte e a menção "para uso pessoal".

O montante total investido nesta situação deve ser Este ano, os custos de ligação à Internet passaram
indicado no quadro 7 do anexo H, com o código a ser incluídos nesta dedução.
703 (ver figura em baixo).
Não se esqueça de inscrever a quantia que de-
Caso as acções sejam adquiridas por traba- sembolsou no quadro 7 do anexo H, indicando o
lhadores da empresa privatizada, serão deduzi- respectivo código 708.

Quadro 7 do anexo H.

DINHEIRO & DIREITOS 55


Logo, se recorrer aos serviços de um advogado, não se
121 esqueça de pedir o chamado "recibo verde", que com-
Estou a pensar em instalar na minha vivenda um prova o pagamento. Mais tarde, na declaração, deve ins-
conjunto de painéis solares para aquecer a água. crever a quantia gasta na alínea 240 do quadro 15 do mo-
Posso deduzir esta despesa no IRS? delo 3.

Podem ser deduzidos à colecta 30% dos montantes


gastos na compra de equipamentos novos para uti- Deduções à colecta
lizar energias renováveis, em conjunto com equipamen- por dupla tributação
tos para a produzir energia eléctrica ou térmica, que con-
sumam gás natural, até ao limite máximo de 700 euros
(ver caixa da página ao lado). Estão excluídos os equipa- 123
mentos cujo funcionamento dependa de outros com- Existe alguma forma de os trabalhadores inde-
bustíveis, tais como as caldeiras para aquecimento cen- pendentes e os empresários recuperarem os
tral, abastecidas por gasóleo. pagamentos por conta que efectuaram em 2002?
Além disso, em 2002, esta dedução é autónoma, poden- E, já agora, como são calculados?
do ser usufruída, independentemente da existência ou não
dos encargos com imóveis (juros, rendas, prestações para Tal como as retenções na fonte, os pagamentos
cooperativas). por conta efectuados pelos contribuintes podem
ser deduzidos à colecta do IRS.
Deve inscrever a quantia efectivamente despendi-
da no campo 238 do quadro 15 do modelo 3. Vejamos como se efectuam os cálculos através de um
exemplo:
– em primeiro lugar, verifique na nota de liquidação de
122 2001 qual o montante da colecta total. Imaginemos que
As despesas com advogados podem ser de- foi de 1 000 euros;
duzidas no IRS? – de seguida, é necessário saber qual o rendimento líquido
da actividade. Neste caso, partimos do princípio que o
Podem ser deduzidos á colecta 20% das despesas com rendimento é da categoria B, no valor de 12 500 euros.
aconselhamento jurídico e patrocínio judiciário, devida- Como não tem rendimentos de outra categoria, o valor
mente comprovadas, até € 134,28. Poderá obter a de- acima referido é equivalente ao rendimento líquido total.
dução máxima, se tiver gasto € 671,40. Se, por exemplo, tivesse rendimentos da categoria A, teria

Quadro 18
Condições para o resgate das aplicações com benefícios fiscais (1)
Prazo mínimo Condições para movimentar o dinheiro
Tipo de aplicação de aplicação depois de terminado o prazo mínimo de aplicação

• Compra, construção, beneficiação ou ampliação


de imóveis para habitação própria permanente
Conta poupança-habitação 1 ano e para arrendamento
• Amortização de empréstimos contraídos
para as mesmas finalidades

• A partir dos 60 anos de idade do subscritor


• Reforma por velhice
Plano de poupança-reforma (PPR) 5 anos
• Desemprego de longa duração (mais de 12 meses) (2)
• Doença grave ou incapacidade para o trabalho (2)

• Despesas do ensino universitário ou profissional


Plano de poupança-educação (PPE) 5 anos • Doença grave ou incapacidade para o trabalho (2)
• Desemprego de longa duração (mais de 12 meses) (2)
Plano de poupança Todas as condições para movimentar o dinheiro
5 anos
reforma/educação (PPR/E) aplicadas aos PPR em conjunto com os PPE
Plano de poupança em acções (PPA) 6 anos Sem restrições de qualquer ordem

Período de indisponibilidade
Acções adquiridas
(3 meses, normalmente), Sem restrições de qualquer ordem
numa Oferta Pública de Venda
se existir

(1) Se não respeitar estas condições, terá de declarar, como rendimentos, os montantes dos benefícios fiscais usufruídos, acrescidos de 10% por cada ano em que deles usufruiu.
(2) Verificando-se esta condição, o prazo mínimo da aplicação não tem de ser cumprido.

56 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

de subtrair ao rendimento global o valor das deduções es-


pecíficas da mesma categoria A; Proteja o ambiente
– imaginemos ainda que efectuou retenções na fonte no e poupe nos impostos!
valor de 250 euros.
Assim, temos: 1 000 x (12 500 ÷ 12 500) – 250 = 750 eu- De acordo com o fisco, os tipos de energia renováveis que contam
ros. Como o montante de cada pagamento por conta para o IRS são:
corresponde a 85% do valor encontrado, temos de multi- – a radiação solar directa ou difusa;
plicar € 750 por 85%, o que dá € 637,50 (valor de cada – a energia contida nos resíduos florestais ou agrícolas;
uma das três prestações). – a energia eólica.
Se à medida que ia obtendo receitas, tivesse efectuado Alguns exemplos dos equipamentos que podem ser abrangidos
as retenções na fonte (à taxa de 20%), o valor aproximar- por esta dedução são:
-se-ia bastante do imposto a pagar, não ficando assim – instalações solares térmicas;
sujeito aos pagamentos por conta. – painéis fotovoltaicos destinados ao abastecimento de energia
eléctrica a habitações;
– bombas de calor destinadas ao aquecimento de águas sanitárias;
Deduções à colecta por donativos – equipamentos de queima de resíduos florestais (fogões, caldeiras,
salamandras, recuperadores de calor de lareiras, etc.).

124
Decidi contribuir com uma ajuda de 250 euros lares de solidariedade social, bem como nas organizações
para uma instituição privada de solidariedade legalmente equiparadas". Assim, e como o montante doa-
que actua em Moçambique. Este donativo pode do tem nesta situação um acréscimo de 30%, o valor que
ser deduzido no IRS? deverá inscrever será de € 325, que resultam da seguinte
fórmula: € 250 x 130% = € 325. Destes, o fisco só irá con-
Sim, desde que tenha um recibo com o montante da oferta siderar € 81,25 (€ 325 x 25% = € 81,25).
e a menção "a título de donativo". Se utilizou as caixas multi- E, já agora, saiba que os donativos concedidos a organis-
banco, guarde o talão, já que este será o comprovativo mos religiosos, museus, bibliotecas, escolas, creches,
para efeitos fiscais. Além disso, o fisco só aceita os do- jardins-de-infância e entidades que desenvolvam acções
nativos entregues às entidades públicas ou privadas, cu- no âmbito da produção literária, teatro, bailado e música
ja actividade consista na realização de iniciativas nas áreas também podem ser deduzidos, acrescidos de 30%, até
social, cultural, ambiental, científica ou tecnológica, des- ao limite máximo de 15% da colecta do contribuinte.
portiva e educacional.
Se o donativo for efectuado ao Estado, às regiões autóno-
25% dos donativos podem ser deduzidos, até ao mas, às autarquias locais, associações de municípios e
limite máximo de 15% da colecta. Para tal, terá de de freguesias ou a fundações, não se aplica o referido li-
indicar o montante doado acrescido da percentagem cor- mite de 15% da colecta. O fisco irá considerar 25% do
respondente no campo 04 do quadro 8 do anexo H. montante doado.
Neste caso, o contribuinte não tem de adicionar a percenta-
No seu caso, a organização para a qual ofereceu gem correspondente, consoante a instituição a que é feita
o dinheiro enquadra-se nas "instituições particu- a dedução.

Quadro 15 do modelo 3.

DINHEIRO & DIREITOS 57


A quem fazer um donativo?

Que entidades são consideradas pelo fisco como tendo desenvolvam acções no âmbito do teatro, da dança, da músi-
interesse social, ambiental, cultural, científico ou tecnológico ca, da organização de festivais e outras manifestações artís-
e desportivo? ticas e da produção cinematográfica, audiovisual e literária;
• SEM NECESSIDADE de reconhecimento prévio: – museus, bibliotecas e arquivos históricos e documentais;
– o Estado, as regiões autónomas, as autarquias locais e – organizações ambientais não governamentais;
qualquer dos seus serviços, estabelecimentos e organismos; – instituições que se dediquem à actividade científica ou
– associações de municípios e de freguesias; tecnológica;
– fundações em que o Estado, as regiões autónomas ou – o Comité Olímpico de Portugal, as organizações com es-
as autarquias locais participem no património inicial; tatuto de utilidade pública desportiva, as associações pro-
– fundações de iniciativa exclusivamente privada que prossigam motoras do desporto e as associações dotadas do estatuto
fins de natureza predominantemente social ou cultural. de utilidade pública que tenham como objecto o fomento
Nesta situação, se as instituições tiverem fins sociais, o e a prática de actividades desportivas, com excepção das
fisco considera 140% do donativo. Se tiverem fins culturais, secções participantes em competições desportivas de na-
ambientais, científicos, tecnológicos, desportivos ou educa- tureza profissional;
tivos, o fisco tomará em conta 120% do valor em causa. – estabelecimentos de ensino onde se ministrem cursos
• Os donativos concedidos às seguintes instituições são legalmente reconhecidos pelo Ministério da Educação;
considerados em 130% do seu valor: – instituições responsáveis pela organização de feiras uni-
– instituições particulares de solidariedade social, bem como versais ou mundiais, nos termos a definir por resolução do
as organizações legalmente equiparadas; Conselho de Ministros.
– organizações de utilidade pública que prossigam fins de • Por sua vez, se o donativo for concedido às instituições
caridade, assistência, beneficência e solidariedade social que se seguem, o fisco terá em conta 140% do seu valor:
e cooperativas de solidariedade social; – entidades que desenvolvam actividades de apoio à in-
COM NECESSIDADE de reconhecimento prévio (só se o fância ou à terceira idade;
valor do donativo for superior a € 498,80): – entidades que levem a cabo actividades de apoio e trata-
– centros de cultura e desporto organizados nos termos dos mento de toxicodependentes ou de doentes com sida, com
estatutos do INATEL; cancro ou diabetes;
– igrejas, instituições religiosas ou organizações sem fins – entidades que promovam iniciativas dirigidas à criação
lucrativos, pertencentes a confissões religiosas. de oportunidades de trabalho e de reinserção social de
• Para donativos atribuídos às seguintes instituições, o fisco pessoas, famílias ou grupos em situações de exclusão ou
considera 120% do montante em causa: risco de exclusão social, no âmbito do rendimento mínimo
– cooperativas culturais, institutos, fundações e associações garantido, de programas de luta contra a pobreza ou de
que prossigam actividades de investigação, de cultura e de programas e medidas adoptadas no contexto do mercado
defesa do património histórico-cultural e outras entidades que social de emprego.

Para saber quais as entidades que o fisco considera de As remunerações recebidas no âmbito de acordos
interesse social, ambiental, cultural, científico ou tec- celebrados com a intervenção do Estado Português es-
nológico e desportivo, consulte a caixa de cima. tão isentas de IRS. Porém, é obrigatório englobar a to-
talidade das remunerações, para calcular a taxa de
Se o valor do seu donativo for superior a € 498,80, imposto.
para que este seja considerado pelo fisco, é pre-
ciso um reconhecimento prévio da instituição em causa Assim, estes rendimentos devem ser declarados
por despacho do Ministério das Finanças e da tutela. no quadro 4 do anexo H. Não se esqueça de
inscrever o código 6.
Outros benefícios fiscais
Se não houver acordo de cooperação e o contribuinte es-
tiver deslocado no estrangeiro ao serviço de empresas
125 que tenham celebrado contratos de interesse nacional
Em 2002, estive em Timor como cooperante, com entidades estrangeiras, a referida isenção terá de
onde recebi 25 mil euros. Tenho de declarar ser pedida através de um requerimento a enviar à repar-
este rendimento? tição de finanças.

58 DINHEIRO & DIREITOS


III. Aspectos burocráticos
126 (caravanas) da Direcção-Geral dos Impostos. Além da
Até quando devo entregar a declaração de rendi- própria declaração de rendimentos e dos respectivos ane-
mentos? xos, devidamente preenchidos, não se esqueça do seu
cartão de contribuinte e do cartão do seu cônjuge, bem
O prazo de entrega da declaração de rendimentos, para como dos bilhetes de identidade ou cédulas pessoais dos
os contribuintes que tenham obtido apenas rendimentos seus dependentes ou dos ascendentes que consigo vi-
das categorias A e/ou H, começa no dia 1 de Fevereiro vam em economia comum.
e termina no dia 15 de Março do ano 2003. Apesar de não ter de apresentar os documentos compro-
As declarações referentes às restantes categorias de rendi- vativos de eventuais despesas no acto de entrega da decla-
mentos devem ser entregues entre o dia 16 de Março e o ração, é, no entanto, obrigatório guardá-los durante quatro
dia 30 de Abril de 2003. anos.
Tenha em conta, ainda, que é obrigatória a assinatura de
Se obteve rendimentos de outras categorias que um técnico oficial de contas, nas declarações dos sujeitos
não a A (conta de outrem) ou H (pensões), cumu- passivos das categorias B com contabilidade organizada
lativamente, terá sempre de entregar a declaração até 30 por opção ou por obrigação.
de Abril de 2003. Também poderá enviar a declaração pelo correio, de pre-
ferência através de carta registada e com aviso de recep-
ção, para a direcção distrital de finanças ou para o serviço
127 de finanças da sua área de residência. Neste caso, en-
Onde e como deve ser entregue a declaração vie também fotocópias dos cartões de contribuinte dos
de IRS? membros do seu agregado familiar, assim como um enve-
lope selado com a sua morada (para posterior devolução
A declaração de rendimentos (modelo 3) pode ser en- do duplicado da declaração). Estes documentos devem
tregue em qualquer serviço de finanças ou nos locais que ser enviados até ao último dia do prazo fixado na lei,
vierem a ser fixados, como, por exemplo, os postos móveis contando para o efeito a data do carimbo dos CTT.

Esquema 10

Quando preencheu a sua declaração de rendimentos, cometeu um erro?

Detectou o erro
Verificou o erro Detectou o erro até 30 dias
mais de 30 dias
antes do final do prazo após o final do prazo
após o final do prazo para
para entregar a declaração para a entrega da declaração
a entrega da declaração

O erro prejudica O erro prejudica


o fisco o contribuinte

Poderá rectificar
Poderá rectificar o erro Poderá entregar uma o erro através
através da entrega de uma declaração de uma declaração
Poderá entregar uma declaração
declaração de substituição, de substituição, até de substituição
de substituição, durante os primeiros
ainda durante este 60 dias antes do fim até 90 dias, depois
30 dias de atraso (1)
prazo, sem qualquer do prazo de caducidade de receber a nota
penalização (ver questão 128) (1) de liquidação
do IRS (1)

(1) Fica sujeito ao pagamento de uma coima mínima de 50 euros.

DINHEIRO & DIREITOS 59


A declaração pode, ainda, ser enviada pela Internet, através 2002, imputável ao contribuinte, poderá entregar uma
da nova secção da página virtual (sítio) da Direcção-Ger- declaração de substituição até 31 de Outubro de 2006.
al dos Impostos: www.dgci.gov.pt. Esta página foi total- Como esta declaração já vai ser enviada fora do prazo de
mente renovada e destina-se à entrega das declarações entrega, terá de pagar uma coima, no mínimo, de 50 euros.
electrónicas e utilização do simulador. Se tiver oportu-
nidade, não deixe de a consultar. Se optar por não corrigir os erros da sua decla-
ração (independentemente de estar a prejudicar o
fisco ou não), as omissões ou inexactidões constantes da
128 mesma podem ser punidas com uma coima de valor entre
Como posso corrigir os erros da minha decla- 250 e 15 000 euros.
ração de rendimentos?

Se só depois da entrega da sua declaração se apercebeu 129


de que cometeu um erro, tem diferentes formas de o corri- Mudei de casa há pouco tempo. Disseram-me
gir, de acordo com o momento em que se apercebe de tal que sou obrigado a actualizar a morada nas fi-
situação. nanças. Existe algum prazo para o fazer?
• Se o descobriu antes do final do prazo para a entrega
da declaração, poderá corrigi-lo entregando uma declara- A alteração do domicílio fiscal deve ser comunicada nos
ção de substituição. A primeira declaração será pura e 30 dias seguintes à sua ocorrência. Para tal, basta-lhe
simplesmente anulada, sem qualquer tipo de penalização entregar, em qualquer serviço de finanças, a ficha modelo
para o contribuinte. 2, cujo duplicado, devidamente autenticado, prova o
• Se detectou o erro dentro do prazo de 30 dias após a cumprimento dessa obrigação.
data-limite para a entrega da declaração de rendimentos, Além disso, deverá entregar uma declaração de alterações,
deverá, também, entregar uma declaração de substitui- para efeitos de IVA, se for sujeito passivo deste imposto
ção. No entanto, como esta declaração já vai ser entregue (se tiver rendimentos da categoria B do IRS).
fora do prazo, terá de pagar uma coima, no mínimo, de 50
euros. Nalgumas repartições de finanças e serviços de
• Se a descoberta do erro só se verificar passados 30 dias apoio ao contribuinte, já é possível actualizar a mora-
do fim do prazo de entrega da declaração de rendimen- da no momento do pedido, desde que essas instalações
tos, terá duas formas para o corrigir: estejam devidamente informatizadas.
– se o erro o prejudica a si (esqueceu-se de indicar a totali-
dade das despesas de saúde, por exemplo), deverá entre- Se não comunicar a alteração de domicílio fiscal, será res-
gar uma declaração de substituição até ao prazo legal da ponsável pelo não recebimento de qualquer notificação
reclamação graciosa (ou seja, após ser notificado da enviada pelo fisco para a sua antiga morada. Por um lado,
primeira liquidação de IRS, tem 90 dias para regularizar a pode não receber atempadamente os reembolsos de IRS.
situação), ficando sujeito a pagar a coima acima referida; Por outro, pode ficar sujeito ao pagamento de juros de
– se, pelo contrário, o erro prejudica o fisco (por exemplo, mora e custas, no caso de existirem dívidas.
declarou rendimentos a menos ou indicou deduções a que
não tinha direito), deverá entregar até 60 dias antes do fim
do prazo de caducidade uma declaração de substituição. 130
Por exemplo, se existir um erro na declaração de IRS de Quando devo pagar o IRS indicado na nota de
liquidação que recebi?

Deverá respeitar a data-limite para o pagamento do impos-


to, que consta da nota de liquidação emitida pela Direcção-
-Geral dos Impostos, que irá receber em sua casa. O pra-
zo previsto na lei é de 30 dias. Se não respeitar este pra-
zo, arrisca-se a ter de pagar juros de mora, à taxa de 1%
ao mês.
Caso decida não pagar o imposto indicado na nota de
liquidação de IRS, sem que para isso dê qualquer tipo de
justificação, arrisca-se a ser alvo de uma cobrança coer-
civa. Ou seja, o fisco utilizará todos os meios disponíveis
para confiscar os bens que fazem parte do seu património,
até que, nos cofres do Estado, entrem as importâncias
Secção do sítio da DGCI na Net para entregar a declaração (www.dgci.gov.pt). necessárias ao pagamento do imposto.

60 DINHEIRO & DIREITOS


IV. Como calcular o IRS?
Quer calcular o seu próprio imposto? Experimente utili- Esquema 11
zar o esquema que publicamos ao lado. Cálculo do IRS
Ao preencher o esquema deverá ter em atenção a
TRIBUTAÇÃO PASSO A PASSO CÁLCULO EM EUROS
informação publicada ao longo deste guia.

............................................................................................................................................................
O esquema simplificado que apresentamos a seguir RENDIMENTOS BRUTOS DE CADA CATEGORIA -------------------

abrange a grande maioria das situações concretas que – –


se colocam aos contribuintes. Porém, em casos mais
complexos, terá de recorrer a cálculos adicionais (o DEDUÇÕES ESPECÍFICAS DE CADA CATEGORIA -------------------
cálculo das mais-valias, por exemplo), apesar de o pre- = =
enchimento do esquema permanecer válido.
Se, por acaso, tiver acesso à Net, também poderá uti- RENDIMENTO GLOBAL LÍQUIDO -------------------
lizar o simulador na página virtual da Direcção-Geral – –
dos Impostos (www.dgci.gov.pt). Basta seguir as ins-
truções indicadas no sítio.
ABATIMENTOS -------------------
= =
No preenchimento do esquema, o leitor deverá efectuar
as operações passo a passo. Por exemplo: a seguir a RENDIMENTO COLECTÁVEL -------------------
uma operação de subtracção, deverá indicar o resulta- ÷ ÷
do no quadro seguinte.
O valor encontrado servirá de base à operação seguin-
te, e assim sucessivamente. QUOCIENTE CONJUGAL 1 ou 2
= =
• Rendimentos brutos de cada categoria
Indique o somatório do rendimento bruto das várias categorias
de rendimentos. RENDIMENTO COLECTÁVEL CORRIGIDO -------------------
x x
• Deduções específicas de cada categoria
Aqui, indique apenas as deduções específicas aceites pelo %
TAXA DE IMPOSTO -------------------
fisco para cada categoria de rendimentos.
– –
• Abatimentos
Indique o valor aceite pelo fisco para os abatimentos.
PARCELA A ABATER -------------------

• Quociente conjugal = =
No cálculo do quociente conjugal, deverá aplicar 2, se for
casado ou unido de facto, e 1, se não o for. APURAMENTO -------------------

• Taxas de imposto
x x
Aqui, deverá indicar a taxa de imposto a aplicar ao seu rendi-
mento colectável. Veja o quadro 14. QUOCIENTE CONJUGAL 1 ou 2
= =
• Deduções à colecta
Neste campo, deverá indicar as deduções à colecta, bem
como os pagamentos por conta e o crédito de imposto, sem- COLECTA TOTAL -------------------
pre que se tenham realizado. – –
• Imposto liquidado
DEDUÇÕES À COLECTA -------------------
O valor apurado representa o imposto que tem de pagar,
relativamente ao ano fiscal de 2002, se não existissem reten- = =
ção na fonte e pagamentos por conta.
IMPOSTO LIQUIDADO -------------------
• Retenções na fonte
Indique, aqui, o valor das retenções na fonte que suportou ao – –
longo do ano, relativas às várias categorias de rendimentos.
RETENÇÕES NA FONTE -------------------
• Valor apurado = =
Se o valor apurado nesta operação for negativo, vai receber
um reembolso de IRS. Se o valor apurado for positivo, terá,
ainda, de pagar esse montante ao fisco. VALOR APURADO -------------------

NÃO RECEBE,
A RECEBER A PAGAR
NEM PAGA (1)

(1) O fisco não exige o pagamento de importâncias inferiores a € 24,94,


nem reembolsa valores inferiores a € 9,98.
V. Vocabulário
Abatimentos. Conjunto de despesas que poderão ser tribuintes (qualquer que seja o tipo de rendimentos), des-
deduzidas, isto é, "descontadas" ao rendimento líquido de que acompanhada, é claro, pelos respectivos anexos
sujeito a imposto. Na prática, se o contribuinte guardar os (que variam consoante o tipo de rendimentos de cada um).
comprovativos (facturas, recibos) dessas despesas, pa- Deduções à colecta. Valores que se deduzem depois
gará menos imposto. do apuramento da colecta, isto é, após a aplicação da taxa
Acto isolado (categoria B). Os contribuintes que, de imposto ao rendimento colectável (ver mais à frente),
não exercendo qualquer actividade profissional por con- de forma a calcular o imposto a pagar. Estas deduções
ta própria ou empresarial, pratiquem um único acto iso- podem ser de natureza pessoal (de acordo com a compo-
lado sem carácter de continuidade (participar, durante sição dos agregados familiares, como no quadro 14) ou
uma semana ou um mês, numa campanha publicitária, de qualquer outro tipo (por despesas efectuadas ou pelo
por exemplo) são dispensados de apresentar as de- investimento em produtos com benefícios fiscais, como
clarações de início e de cessação de actividade, por se pode ver nos quadros 15 e 16, respectivamente).
tratar de um acto meramente ocasional. Porém, será sem- Deduções específicas. O fisco permite aos contribuin-
pre obrigatória a entrega da declaração de rendimentos tes que obtenham rendimentos e possuam contabilidade
modelo 3 (acompanhada do anexo B), onde deve ser in- organizada ou pratiquem actos isolados deduzir, dentro
dicada a realização do acto isolado. Contudo, a lei im- de certos limites, as despesas efectuadas com a sua
põe um limite percentual, ou seja, só são considerados actividade. Por exemplo, um arquitecto que seja trabalha-
actos isolados os que não representem mais de metade dor independente com contabilidade organizada (catego-
(50%) dos restantes rendimentos do contribuinte. ria B) pode deduzir os gastos com a renda de um atelier,
Agregado familiar. É formado por: pois este é essencial para a sua actividade. Também exis-
– cônjuges e dependentes (ver à frente); tem deduções específicas para os rendimentos das cate-
– o pai e/ou a mãe solteiro(a) e os dependentes a seu cargo; gorias A e H, cujo valor depende do montante dos rendi-
– cada um dos cônjuges ou ex-cônjuges (conforme haja mentos, e para a categoria F. Depois de feitas as deduções
separação de facto ou divórcio) e os seus dependentes. específicas, obtém-se o rendimento líquido (ver mais à
Amortização. Representa o desgaste que um bem (co- frente).
mo um carro) sofre, todos os anos, devido ao seu uso ou Deficientes. Em termos fiscais, são considerados como
a inovações tecnológicas (caso dos computadores). deficientes os contribuintes que tenham um grau de invali-
Expressa-se mediante uma percentagem, definida na lei, dez permanente igual ou superior a 60%, devidamente
sobre o valor de aquisição do bem em questão e de acor- comprovado por uma junta médica.
do com o período de vida útil considerado para o mesmo Dependentes. São considerados dependentes:
(quatro anos, no caso dos automóveis, por exemplo). – os filhos, adoptados e enteados menores não emancipa-
A amortização constitui um encargo da actividade económi- dos;
ca e, como tal, apenas pode ser deduzida ao rendimento – os menores sob tutela não referidos anteriormente, desde
bruto da categoria B (rendimentos empresariais e profis- que não aufiram quaisquer rendimentos (por exemplo, um
sionais), desde que o contribuinte tenha contabilidade or- jovem órfão que ficou sob a tutela de um tio);
ganizada. – os filhos, adoptados e enteados maiores, inaptos para o
Categorias de rendimentos. Para efeitos de IRS, os trabalho ou para angariar meios de subsistência, que não
rendimentos obtidos pelo contribuinte são classificados tenham rendimentos superiores ao salário mínimo nacional
numa ou em várias categorias, consoante a sua natureza anual mais elevado, ou seja, 4 872,14 euros = 14 x 348,01
e proveniência (os rendimentos de trabalho dependente euros;
são incluídos na categoria A, as pensões são incluídas na – os filhos, adoptados e enteados maiores que, em 31 de
categoria H, etc.). Dezembro de 2002, não tendo mais de 25 anos, nem rendi-
Colecta. Montante que resulta da aplicação da taxa de mentos superiores ao salário mínimo nacional mais eleva-
imposto (12, 14, 24, 34, 38 ou 40%) ao rendimento colectá- do, tenham frequentado, pelo menos, o 11.° ano de esco-
vel, isto é, depois de se efectuarem as deduções especí- laridade ou cumprido o serviço militar obrigatório ou o
ficas e os abatimentos ao total do rendimento bruto. serviço cívico (por exemplo, nos bombeiros e nas institui-
Crédito de imposto. É uma dedução à colecta (ver ções de solidariedade social).
mais à frente) que visa atenuar ou eliminar o facto de um Economia comum. É a situação dos contribuintes que
mesmo rendimento pagar imposto duas vezes. Podem vivem em comunhão de mesa e habitação há mais de dois
beneficiar os titulares de rendimentos obtidos no es- anos e estabeleceram uma vivência em comum com parti-
trangeiro, mesmo em países que não tenham celebrado lha de recursos. Para efeitos fiscais, a economia comum
com Portugal um acordo de dupla tributação. foi equiparada à união de facto. Como tal, quem optou por
Declaração de rendimentos. Impressos oficiais, onde entregar a declaração utilizando o regime da economia
os contribuintes deverão indicar o valor dos seus rendi- comum verá o seu imposto calculado segundo as regras
mentos e os seus encargos, para comunicá-los ao fisco. aplicadas aos contribuintes casados.
Desde 1999 que passou a existir apenas uma declaração Englobamento. Trata-se da obrigatoriedade do contri-
de rendimentos, o modelo 3, que serve para todos os con- buinte juntar todos os rendimentos das diversas catego-

62 DINHEIRO & DIREITOS


D&D – GUIA FISCAL 2002

rias numa mesma declaração. Assim, os rendimentos são – ou que desempenhem, no estrangeiro, funções ou comis-
sujeitos a uma única tabela de taxas de imposto. sões ao serviço do Estado Português (embaixadores, por
Existem, no entanto, algumas excepções: os rendimentos exemplo).
de jogos e de contribuintes não residentes nunca podem São ainda consideradas como residentes todas as pessoas
ser englobados, excepto, neste último caso, os rendimentos que constituem o agregado familiar, desde que, pelo
das categorias F (rendimentos prediais) e G (incrementos menos, um dos cônjuges viva em território nacional.
patrimoniais). Da mesma forma, as pessoas que mudem de residência
Liquidação de IRS. É o cálculo do imposto devido pelo para países, territórios ou regiões com um regime fiscal
contribuinte, realizado pelo fisco. mais favorável (os famosos paraísos fiscais) serão con-
Mais-valias. São quaisquer ganhos que resultem da siderados como residentes em Portugal no ano da mu-
venda de um bem ou de um direito, desde que não com- dança e nos quatro seguintes. Se o interessado provar que
preendidos na actividade profissional do contribuinte (uma a mudança se deve ao exercício de uma actividade tem-
casa ou acções, por exemplo). Às perdas, chama-se porária naquele território ou se estiver ao serviço da enti-
menos-valias. dade patronal com residência em Portugal, esta situação
Não residentes. São as pessoas que não estão nas não se aplica.
condições referidas em "Residentes" (ver mais à frente). Retenção na fonte. Os rendimentos das categorias A
Nestes casos, o IRS incide apenas sobre os rendimentos e H, por um lado, e das categorias B, E, F e G, por outro,
obtidos em território português. Os não residentes que estão sujeitos a retenção na fonte. Ou seja, a entidade que
aufiram rendimentos em Portugal são obrigados a nomear paga ou distribui os rendimentos aplica uma taxa de im-
um representante legal que resida em território nacional. posto, que deverá chegar aos cofres do Estado. Nas ca-
Este deve cumprir, perante o fisco, todas as obrigações tegorias A e H, as taxas variam consoante o montante do
relativas ao IRS (por exemplo, entregar a declaração). rendimento. Nas restantes, o valor é, geralmente, de 20%.
Pagamentos por conta. São pagamentos periódicos A expressão "na fonte" resulta do facto de quem paga os
de IRS, efectuados três vezes por ano (em Julho, Setem- rendimentos estar obrigado, no acto do pagamento, a reter
bro e Dezembro), correspondentes ao montante que o fis- uma determinada parcela a título de imposto, de acordo
co pressupõe que determinado contribuinte deverá pagar com as tabelas definidas. Pode pedir à sua entidade pa-
nesse ano. Devem efectuar esses pagamentos os contri- tronal ou à sua repartição de finanças que lhe forneça uma
buintes que tenham rendimentos da categoria B. fotocópia da tabela de retenção na fonte que se aplica ao
Quociente conjugal. Consiste na divisão do rendi- seu caso. Também poderá consultá-las na secção Infote-
mento colectável de um casal (casados, unidos de facto ca do nosso sítio na Internet (www.deco.proteste.pt).
ou a viver em economia comum) por 2, para determinar Separação de facto. Uma pessoa é considerada sepa-
as taxas de imposto a aplicar. No caso de se tratar de um rada de facto se ainda não estiver separada judicialmente
sujeito passivo não casado, divide-se o rendimento colec- (ou seja, se ainda não houver uma decisão do tribunal
tável por 1. nesse sentido) ou se não se tiver divorciado por mútuo
Rendimento bruto. É todo o dinheiro que receberia, se consentimento numa conservatória do registo civil. No que
não pagasse impostos e não descontasse para a Segu- respeita aos abatimentos, deduções à colecta e à não apli-
rança Social. cação do quociente conjugal (ver mais atrás), a entidade
Rendimento colectável. É o montante que resulta de- pagadora equipara o separado de facto a não casado.
pois de feitas as deduções específicas ao rendimento bruto Sujeito passivo. Estão sujeitos a IRS todos os cidadãos
e os abatimentos respectivos à soma dos rendimentos (pessoas singulares) que residam em território português
líquidos das várias categorias. e os não-residentes que nele obtenham rendimentos.
Rendimento líquido. É o montante que se obtém de- Taxa liberatória. Sobre alguns rendimentos, como, por
pois de efectuadas as deduções específicas ao rendi- exemplo, os juros de depósitos a prazo, incidem taxas de
mento bruto. A soma dos rendimentos líquidos das várias imposto, ditas liberatórias. Uma vez aplicadas, o contribuin-
categorias corresponde ao rendimento líquido total. A este te já não precisa de englobar esses rendimentos: o fisco
processo, atribui-se o nome de englobamento dos rendi- retira o dinheiro automaticamente na fonte.
mentos. União de facto. Duas pessoas vivem em união de facto
Residentes. São as pessoas que, em 2002: quando, não sendo casadas, vivem em condições idênticas
– tenham permanecido em Portugal mais de 183 dias, às pessoas que o são. Desde 1999 que, para o fisco, es-
seguidos ou não; tas passaram a ser equiparadas aos casados. Logo, po-
– ou que, tendo permanecido no nosso país por menos dem entregar declarações de IRS conjuntas. Caso não o
tempo, disponham, em 31 de Dezembro de 2002, de habita- façam e tenham dependentes, poderão incluí-los numa
ção em condições que façam supor a intenção de a manter das declarações (é mais vantajoso fazê-lo na declaração
e ocupar como residência habitual; da pessoa com maiores rendimentos). Desde 2001 que
– ou que, em 31 de Dezembro de 2002, sejam tripulantes passou a ser irrelevante o sexo de cada uma das pessoas.
de navios ou aviões ao serviço de entidades com residên- O mesmo acontece para a economia comum, que foi
cia ou sede em território português; equiparada à união de facto.

DINHEIRO & DIREITOS 63


Declaração de rendimentos
e respectivos anexos

Percorrido um longo caminho, chegou o momento de lhe


indicar os anexos que poderá ter de entregar, consoante
o tipo de rendimentos que obtiver em 2002.

Modelo 3: trabalho dependente e pensões de capitais (dividendos de acções, por exemplo) e


A declaração modelo 3 deve ser utilizada para declarar optarem pelo seu englobamento.
os rendimentos de trabalho dependente e/ou de pensões
(categorias A e H). Este modelo, agora único, deve ser Anexo F: rendimentos prediais
acompanhado pelos respectivos anexos, se for neces- O anexo F deverá ser utilizado quando os contribuintes
sário declarar rendimentos de outras categorias. tiverem rendimentos prediais (categoria F), como, por
exemplo, rendas recebidas.
Anexo B: categoria B ou acto isolado
(sem contabilidade organizada) Anexo G: incrementos patrimoniais
O anexo B destina-se aos contribuintes que tenham aufe- O anexo G deverá ser apresentado quando os con-
rido rendimentos da categoria B (trabalho independente) tribuintes tiverem obtido rendimentos de mais-valias (ou
ou que tenham praticado um acto isolado e não dis- menos-valias) através da venda de acções ou de imóveis.
ponham de contabilidade organizada.
O anexo B é individual e em cada exemplar apenas podem Anexo G1:
constar os elementos respeitantes a um titular de acções detidas durante mais de 12 meses
rendimentos. Ou seja: se, por exemplo, tivermos um casal O anexo G1 deverá ser utilizado pelos contribuintes que,
em que ambos os cônjuges são trabalhadores indepen- em 2002, tenham vendido acções detidas durante mais
dentes, os mesmos deverão apresentar dois anexos B, de 12 meses (apesar de não serem incluídas no cálculo
em função dos respectivos rendimentos. do imposto, a declaração é obrigatória).

Anexo C: categoria B Anexo H: benefícios fiscais


(com contabilidade organizada) e manifestações de fortuna
O anexo C deverá ser apresentado pelos contribuintes O anexo H deve ser apresentado quando os contribuintes
que disponham de contabilidade organizada e que te- tiverem usufruído de benefícios fiscais.
nham rendimentos de algumas das categorias B. Este
impresso deverá ser assinado por um técnico oficial de Anexo I: herança indivisa
contas devidamente habilitado. O anexo I é apresentado pelo administrador da herança
indivisa, desde que esta origine rendimentos comerciais,
Anexo D: transparência fiscal industriais ou agrícolas, aquando da distribuição das
O anexo D deverá ser apresentado apenas quando os diversas partes aos herdeiros.
contribuintes pretendam declarar rendimentos prove- Este anexo é de apresentação obrigatória, sempre que
nientes de sociedades sob o regime de transparência fis- uma declaração de rendimentos integre o anexo C.
cal ou de heranças indivisas.
Anexo J: rendimentos obtidos no estrangeiro
Anexo E: rendimentos de capitais O anexo J deve ser apresentado pelos contribuintes que
O anexo E deverá ser apresentado quando os con- tenham obtido, no estrangeiro, rendimentos cuja declara-
tribuintes tiverem rendimentos provenientes da aplicação ção seja obrigatória em Portugal.

O QUE PENSA DO GUIA FISCAL 2002?


Que questões gostaria de ver tratadas ou mais desenvolvidas?
Tem sugestões para melhorá-lo?
Não hesite e faça-nos chegar a sua opinião por carta
(Revista Dinheiro & Direitos, Redacção,
Av. Eng.° Arantes e Oliveira, n.° 13, 1.° B, 1900-221 Lisboa)
ou por correio electrónico (correioleitores@edideco.pt).

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