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C o m o p o u p a r n o s i m p o s t o s ?
Q u a i s o s p r o d u t o s
c o m b e n e f í c i o s f i s c a i s ?
Q u e d e s p e s a s
p o s s o d e d u z i r ?
O q u e é o R e g i m e S i m p l i f i c a d o
e q u a i s a s a l t e r n a t i v a s ?
■ Rendimentos de capitais Pág. 26 III. Uma breve secção sobre as dúvidas mais comuns
· Depósitos bancários (questões 50 e 51) Pág. 26 relacionadas com os aspectos burocráticos
· Títulos da dívida pública (questão 52) Pág. 27 do preenchimento e entrega da declaração:
· Seguros (questões 53 e 54) Pág. 27 como apresentar, como pagar, em que prazo, etc.
· Participações em empresas e em fundos (questões 126 a 130) Pág. 59
de investimento (questões 55 e 56) Pág. 28
IV. Como calcular o IRS? Se utilizar o esquema
■ Imóveis Pág. 30 que publicamos, poderá calcular o seu IRS. Pág. 61
· Obrigações declarativas e acessórias
(questões 57 a 61) Pág. 30 V. Um Vocabulário, que o ajudará a compreender
· Deduções específicas (questões 62 a 64) Pág. 31 os principais conceitos utilizados no texto. Pág. 62
I. Introdução
• O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares Na altura, o grande objectivo foi passar de uma tributação
(IRS), tal como o nome indica, recai sobre os rendimen- fragmentada para uma forma de tributação única, em que
tos dos contribuintes residentes no território português e apenas um imposto incide sobre todos os rendimentos.
sobre os ganhos daqueles que, não vivendo em Portugal, • Desde a entrada em vigor, o IRS tem vindo a sofrer várias
aqui os obtenham. Este imposto que, em 1989, veio subs- alterações e actualizações. Este ano não foge à regra e
tituir, entre outros, o imposto profissional, imposto de ca- cá estamos nós para as divulgar.
pitais, contribuição industrial e predial, resultou de uma • Já lá vão dez anos consecutivos a fazer o Guia Fiscal.
completa reforma do sistema fiscal. Tudo para que os nossos leitores conheçam bem os seus
Façamos, agora, uma breve incursão pelas várias catego- Dentro de toda a legalidade, tentámos ajudá-lo
rias do IRS: a poupar dinheiro, ou seja, a pagar menos
A – rendimentos do trabalho dependente (todas as profis- imposto. Todas as questões em que tal é possível es-
sões exercidas por quem trabalha por conta de outrem); tão assinaladas com este símbolo.
B – rendimentos empresariais e profissionais (rendimentos
decorrentes do exercício de qualquer actividade comer- As questões sobre aspectos fiscais particu-
cial, industrial, silvícola ou agrícola, prestação de serviços, larmente importantes, bem como relativas à
"antigos" trabalhadores independentes, como advogados forma de preencher os diversos impressos da declara-
ou jornalistas, pequenos comerciantes, comissionistas e ção de rendimentos, estão marcadas com este símbolo.
revendedores, etc.);
E – rendimentos de capitais (juros de um depósito bancário As questões que abordam as grandes alte-
ou dividendos de acções, por exemplo); rações introduzidas em 2002 estão identifi-
F – rendimentos prediais (rendas recebidas por um senho- cadas por este símbolo.
rio, por exemplo);
G – incrementos patrimoniais (o ganho obtido com a venda No fim do guia, encontra um pequeno Vocabulário, que
de um apartamento, acções ou rendimentos de jogo atra- poderá esclarecê-lo sobre os termos mais complexos.
vés do totoloto, totobola ou concursos televisivos, por Esperamos, pois, que a introdução destes pequenos
exemplo); artifícios torne a leitura do guia mais clara, simples e
H – pensões (de velhice e de invalidez, por exemplo). agradável.
Como declarar
1 Rendimentos
Nunca preenchi uma declaração de IRS. não sujeitos a IRS
O que devo fazer? Por onde começar?
Embora o IRS incida sobre os rendimentos dos sujeitos
Não espere até ao último dia para pôr mãos à obra. Antes passivos residentes e dos não residentes (obtidos em
de mais, deverá munir-se de todo o material de que vai Portugal), a lei prevê, entre outras, algumas exclusões.
precisar:
– os impressos oficiais da declaração de IRS (caso não Estão isentas de tributação as indemnizações atribuí-
opte por fazer a apresentação pela Internet); das por danos não patrimoniais, como os morais (por
– os cartões de contribuinte dos sujeitos passivos e dos morte), e danos patrimonais devidamente comprovados
dependentes, sempre que estes também tenham auferi- (por exemplo, incapacidade temporária devido a aci-
do rendimentos; dente de viação).
– as cédulas pessoais ou os bilhetes de identidade dos
dependentes; Os prémios literários, artísticos ou científicos estão ex-
– as declarações de rendimentos e retenções na fonte cluídos de tributação, desde que:
emitidas pelas entidades pagadoras; – sejam atribuídos em concurso público, no qual se defi-
– os documentos comprovativos (recibos, facturas, de- nam as respectivas condições de atribuição;
clarações dos bancos e seguradoras, por exemplo) dos – a participação nesse concurso não esteja subordinada
encargos que teve ao longo do ano, tais como as des- a condições senão as que se relacionem com a natureza
pesas de saúde ou de educação; do próprio prémio (por exemplo, ajudas de custo ou gratifi-
– calculadora, lápis e caneta. cações);
Depois de reunido todo este material, leia com atenção – não envolvam a cedência, temporária ou definitiva, de
as notas explicativas no verso da declaração de rendi- direitos de autor.
mentos. Preencha, atentamente com uma caligrafia com-
preensível, a sua declaração (por precaução, preenche- Estão, também, isentos de imposto os prémios atribuí-
-a primeiro a lápis). dos aos praticantes de alta competição, bem como aos
Verifique se todas as operações de aritmética estão cor- respectivos treinadores, por classificações importantes
rectas e se os valores inscritos correspondem aos mon- em competições internacionais de elevado prestígio rea-
tantes dos documentos comprovativos. lizadas em Portugal ou no estrangeiro, como, por exem-
Se detectar um erro antes de entregar a declaração, não plo, os Jogos Olímpicos, os campeonatos mundiais ou
tente riscar ou rasurar o impresso. É preferível comprar da Europa.
outro e preenchê-lo correctamente de forma clara, para
que, nas finanças, quando tratarem a informação nele Os subsídios atribuídos a crianças e jovens (as
contida, o risco de erro seja menor. prestações que substituíram o abono de família) e o sub-
sídio de desemprego estão igualmente isentos de IRS.
Não se esqueça de, ao longo do ano, ir recolhendo
todas as facturas e recibos comprovativos das Por fim, os montantes necessários à cobertura de des-
suas despesas (separando-os por tipo de despesa, sem- pesas extraordinárias relativas à saúde e à educação,
pre que possível). Só assim poderá provar que as reali- pagos pelos centros regionais da Segurança Social e
zou, se for alvo alvo de uma inspecção por parte do fis- pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa também não
co. Quando chegar a altura de entregar a sua declaração, estão sujeitos a IRS.
aconselhamo-lo a fazê-lo tão cedo quanto possível, para
evitar os incómodos dos últimos dias, como, por exem- O mesmo acontece com os montantes pagos pelas ins-
plo, as longas filas de espera, isto claro para quem faz a tituições particulares de solidariedade social em articu-
entrega no serviço de finanças tradicional. As multas para lação com aquelas referidas no ponto anterior, no âm-
os atrasos são a doer (ver questão 128). bito da acção social de acolhimento familiar e de apoio
a idosos, pessoas com deficiências, crianças e jovens.
Para mais informações sobre a entrega da declaração
(datas, locais de entrega, etc.), leia o capítulo 3.
2
Casei-me em Outubro de 2002 e gostava de Esquema 1
saber se a minha esposa e eu temos de entregar Como declarar os meus rendimentos?
declarações separadas, em relação ao período
do ano em que estivemos solteiros? Qual é a minha situação em 31 de Dezembro de 2002?
Você e o seu
cônjuge/companheiro(a)
3 compõem um Se tem filhos
Vivo com a minha companheira em união de fac- agregado familiar. que ainda são considerados
Se tiver filhos que sejam como dependentes,
to há já alguns anos. Desta relação nasceu uma considerados como seus os mesmos só poderão entrar
filha que tem agora três anos. Será que podemos dependentes, estes também num agregado familiar
entregar apenas uma declaração de IRS? fazem parte
do seu agregado familiar
Para entregar a declaração conjunta, assinale União Independentemente de o óbito ocorrer ou não du-
de facto no campo 4, do quadro 7 do modelo 3 (ver rante o segundo semestre, para apurar o impos-
figura, da página anterior). to, aplica-se a forma de cálculo utilizada nos sujeitos pas-
sivos casados, sendo de realçar a aplicação do quociente
A partir deste ano, o regime das uniões de facto conjugal (ver Vocabulário).
pode ser aplicado independentemente do sexo dos
contribuintes. Da mesma forma e para efeitos fiscais, quem
viva em economia comum há mais de dois anos (entre dois
amigos, por exemplo) viu a sua situação equiparada à união 6
de facto. Embora ainda não nos tenhamos divorciado, es-
tou separada desde 1997. Há pouco tempo, fui
avisada pelas finanças de que tenho de pagar
4 uma dívida de IRS de 2000, respeitante aos
Separei-me da minha mulher. Apesar de ainda rendimentos declarados pelo meu ex-marido,
não nos termos divorciado, será que temos de falecido este ano. Dado que entregámos sem-
continuar a entregar uma única declaração de pre declarações de rendimentos separadas,
rendimentos? terei mesmo de pagar esta dívida?
Em situações de separação de facto (ver Vocabulário), No seu caso, não há motivos para preocupação. Dado que
cada um dos cônjuges poderá apresentar a declaração entregou a declaração separada, não terá de pagar o im-
dos seus próprios rendimentos e dos dependentes (ver posto devido pelo seu falecido marido. Regra geral, para o
Vocabulário) a seu cargo, se os houver. Também neste fisco, só a partir da data da sentença de divórcio é que o
caso os filhos dependentes só poderão ser incluídos numa contribuinte deixa de ser responsável pelas dívidas fiscais
das declarações. do ex-cônjuge.
Contudo, os cônjuges separados de facto poderão
preencher e entregar uma declaração conjunta, se isso Assim, se não tivessem sido entregues declarações
lhes for mais favorável e se, é claro, estiverem de acordo. separadas, relativamente a 2000, existiria uma respon-
Caso os residentes se ausentem de Portugal duran- Neste caso, os jovens menores de 25 anos e com rendi-
te mais de seis meses, são obrigados a nomear um mentos inferiores ao salário mínimo nacional anual que não
representante. tenham entrado para a universidade, devido aos limites
Quadros 4 e 5 do anexo J.
de acesso (numerus clausus), podem ser considerados, No anexo J, a sua esposa terá de indicar o valor
excepcionalmente nesse ano, como dependentes e, por- dos rendimentos de trabalho dependente que
tanto, devem ser mencionados como tal na declaração de obteve na Alemanha, bem como o imposto aí pago (ver
rendimentos dos seus pais. figura na página anterior). Na declaração modelo 3, tam-
bém deverão ser indicados esses rendimentos. No en-
tanto, o valor do imposto pago no estrangeiro não deverá
11 ser integrado nos campos relativos às retenções na fonte,
A minha esposa trabalhou na Alemanha durante mas sim no anexo J.
quase todo o ano de 2002. Dado que já pagou aí
impostos sobre os rendimentos de trabalho de- Dado que a esposa do nosso leitor é trabalhado-
pendente obtidos, gostaria de saber se é preciso ra dependente, também pode deduzir as contribui-
ou não declarar os mesmos em Portugal. ções obrigatórias para regimes de protecção social, bem
como as restantes deduções à colecta aplicadas aos re-
Estão sujeitos a imposto não só os rendimentos auferidos sidentes em Portugal.
em Portugal, mas também os obtidos no estrangeiro por
cidadãos considerados como residentes em Portugal (ver
Vocabulário). Neste caso, embora a sua esposa já tenha 12
pago impostos na Alemanha, terá de incluir os tais rendi- Em 1998, a empresa onde trabalhava despediu-
mentos na declaração de IRS que entregar em Portugal. -me. Depois de um moroso processo judicial, em
Outubro de 2002, recebi, por ordem do tribunal,
Nos países com os quais o Estado Português tenha uma indemnização de € 7 200, por ter ficado
celebrado acordos para evitar a dupla tributação provado que o despedimento foi ilegal. O referi-
(como é o caso da Alemanha), o imposto pago no estran- do valor reparte-se pelos seguintes anos:
geiro será deduzido à colecta, isto é, será descontado na € 1 500, em 1999; € 2 000, em 2000; € 2 200, em
liquidação de imposto feita em Portugal. 2001; e € 1 500 este ano. O que tenho de fazer
Se quiser saber que países são estes, pergunte no seu para declarar a indemnização?
serviço de finanças ou consulte o nosso serviço de infor-
mações (21 841 08 58). Sempre que houver rendimentos sujeitos a imposto
dependentes de uma decisão do tribunal, a sua
No caso dos rendimentos serem obtidos no es- declaração só será obrigatória quando a sentença se tornar
trangeiro, quando não há nenhum acordo para evi- definitiva, isto é, quando for impossível recorrer da mes-
tar a dupla tributação, existe um direito a crédito de im- ma. Assim, deverá apresentar, em 2003, a declaração,
posto, que corresponde à menor das seguintes importân- correspondente à globalidade dos rendimentos de 2002,
cias referidas: onde terá de incluir o valor de 7 200 euros como rendi-
– imposto sobre o rendimento pago no estrangeiro; mento de trabalho.
– parte da colecta (ver Vocabulário) do IRS, calculada O contribuinte é obrigado a inscrever a totalidade do va-
antes da dedução, correspondente aos rendimentos que lor recebido na declaração do ano em que a decisão ju-
no país em causa possam ser tributados. dicial se torna definitiva. Porém, quanto aos rendimen-
tos da categoria A e H, o leitor poderá imputar esses rendi-
Parece complicado, mas não se preocupe, já que só tem mentos aos anos a que dizem respeito até a um máximo
de indicar os rendimentos. O fisco faz as contas. de quatro. Desta forma, a taxa de imposto será menor de-
Se tais rendimentos forem obtidos fora da zona euro, a vido ao facto do seu rendimento bruto passar a ser mais
conversão deverá ser realizada com base no câmbio em reduzido.
31 de Dezembro de 2002. Atenção: a declaração destes
rendimentos é obrigatória. Se não o fizer, poderá ter de Para que possa usufruir desta situação, terá de
pagar uma coima mínima de 25 euros (ver artigo da Di- preencher os campos do quadro 13 da declaração
nheiro & Direitos n.º 54, de Setembro de 2002). de IRS modelo 3 (ver figura no topo da página).
Quadro 2
Deduções específicas aos rendimentos da categoria A (trabalho por conta de outrem)
Deduções que dependem dos rendimentos Deduções sem limite
(1) Este limite é aumentado para € 3 132,09, se tiver despesas com formação profissional e/ou quotas de ordens e associações profissionais de inscrição obrigatória.
Ao montante das contribuições obrigatórias para a Segurança Social e até 5% destas, são somados 25% das entregas para planos de pensões.
Ajudas de custo
São importâncias destinadas a compensar o traba-
lhador por despesas efectuadas em deslocações ao
serviço da empresa (alimentação e alojamento).
Se estas ultrapassarem os limites referidos no
Quadro 12 do modelo 3. quadro 3, a parte excedente terá de ser incluída na
declaração de IRS.
e outros subsídios
Se o valor mensal deste abono for superior a € 52,50 Embora esta situação constitua um benefício para o tra-
(que é 5% de 1 050 euros), a parte excedente é consi- balhador, que vê o seu currículo melhorado, é também
derada como rendimento da categoria A. considerada, pela lei, como essencial para que aquele
possa exercer melhor a sua profissão.
Utilização ilimitada de veículos Estas despesas são, pois, aceites como um custo da
É um exemplo claro de remuneração em espécie, ou actividade da empresa e NÃO têm de ser declaradas
seja, o carro pertence à empresa, que o cede ao tra- pelo trabalhador.
balhador para uma utilização ilimitada (ou seja, o tra-
balhador também pode utilizá-lo na sua vida privada). Valores mobiliários
Da mesma forma, todas as despesas com o automóvel Quando celebrados pela entidade patronal, os ganhos
(combustível, revisões, etc.) são encargos da actividade resultantes de acordos sobre acções, obrigações ou
da empresa. Se utiliza um carro atribuído pela empresa quaisquer outros valores mobiliários ou direitos
e tal resulta de um contrato escrito, esse tipo de retri- equiparados também são considerados rendimentos
buição passa a ter o seguinte regime: da categoria A, tendo de ser declarados.
– quando se tratar da atribuição para uso pessoal do As entidades estabelecidas em Portugal são mesmo
carro, o rendimento anual corresponde ao resultado da obrigadas a ter um registo actualizado dos beneficiários
multiplicação de 0,75% do custo de aquisição, pelo destes planos de opções com o número de contribuinte,
número de meses de utilização. Assim, se utilizar um código da repartição de finanças, data de exercício e
carro cedido pela empresa durante um ano e este tiver subscrição, venda, renúncia, recompra, valores e
custado 20 mil euros, terá de englobar 1 800 euros preços, entre outros.
(20 000 x 0,75% x 12) aos seus rendimentos; Devem ainda entregar aos beneficiários uma decla-
– se o carro for adquirido por si ou por qualquer mem- ração com todos estes dados até ao dia 20 de Janeiro
bro do seu agregado familiar, no prazo de dois anos de cada ano e são obrigadas a reportar à Direcção-Ge-
desde que deixou de originar encargos para a empresa, ral dos Impostos os mesmos elementos até 30 de Ju-
o rendimento anual a englobar aos restantes será a nho de cada ano.
diferença entre o valor médio de mercado (considera- As remunerações em espécie sujeitas a imposto de-
do pelas associações do sector) e o montante que pagou vem ser mencionadas na declaração de rendimentos
na compra, juntamente com o rendimento sujeito a tri- auferidos. Trata-se da declaração que a sua entidade
butação acima referido. Por exemplo, se o valor médio patronal lhe deverá entregar até ao dia 20 de Janeiro
de mercado do automóvel for de 20 mil euros e lhe foi do ano 2003.
vendido por 15 mil, teria de declarar 5 mil euros. Porém,
como já teve 1 800 euros sujeitos a imposto, o valor a
declarar será 3 200 euros [20 000 – (15 000 + 1 800)]. Quadro 3
Subsídios e ajudas de custo
Empréstimos isentos de tributação (1)
Os empréstimos concedidos por uma empresa aos seus
Limite máximo
trabalhadores, sem juros ou com uma taxa de juro redu- Designação de isenção (euros)
zida, ficam sujeitos a IRS. Subsídio de refeição (por dia de trabalho)
Aqueles que se destinem à compra de habitação própria • Pago em dinheiro 5,24
e permanente de valor inferior a € 134 675,43 e cuja • Pago em senha de refeição 5,93
taxa de juro seja superior a 2,11% encontram-se isen- Ajudas de custo (por dia)
tos de IRS. • Deslocações no país 54,53
• Deslocações no estrangeiro 129,39
Pagamento de viagens Subsídios de viagem e de marcha (por km)
O pagamento, por parte da entidade patronal, de viagens • Transporte em veículo automóvel próprio 0,33
• Transporte em veículos que efectuam
e estadas de turismo não relacionadas com as funções carreiras de serviço público
exercidas pelo trabalhador ao serviço dessa empresa (na CP ou na Carris, por exemplo) 0,12
são considerados rendimentos da categoria A. • Transporte em automóveis de aluguer
(num táxi, por exemplo)
Assim, o valor total tem de ser incluído na declaração · um funcionário 0,31
como rendimento de trabalho dependente. · dois funcionários em conjunto 0,16 ⁄ cada
· três ou mais funcionários em conjunto 0,12 ⁄ cada
• Percurso a pé 0,15
Formação profissional
Por vezes, o pagamento destes cursos é outro benefí- (1) A parcela dos referidos subsídios que exceda os limites indicados é considerada
como rendimento da categoria A. Logo, tem de ser declarada pelo contribuinte.
cio concedido aos trabalhadores por conta de outrem.
19
Retenções na fonte Divorciei-me em Agosto de 2002, mas não pedi
à minha empresa que me rectificasse a taxa de
retenção aplicada aos meus rendimentos, pois,
18 dessa forma, iria descontar mais ao fim do mês.
Gostaria que me indicassem para que servem Poderei ser penalizado por esta conduta?
as retenções na fonte efectuadas sobre os meus
rendimentos de trabalho por conta de outrem? Sim. Sempre que, por motivo imputável ao trabalhador
Estas são obrigatórias ou opcionais? (como é o caso deste leitor), não entre nos cofres do Esta-
do o imposto devido relativo à retenção, o contribuinte
As retenções na fonte são pagamentos, regra geral, men- poderá ser penalizado, tendo de pagar, no ano seguinte,
sais por conta de imposto. Ou seja, as entidades que mais imposto ou recebendo um reembolso inferior.
pagam rendimentos da categoria A devem, sempre que Na verdade, quando o fisco proceder à sua liquidação de
os colocam à disposição do trabalhador, descontar uma IRS, facilmente poderá verificar, tendo em conta a com-
determinada importância, que será mais tarde entregue posição do agregado familiar, se foi efectuada a correc-
ao Estado. ta retenção na fonte.
As retenções na fonte sobre os rendimentos da catego- Mais: a redução indevida das retenções na fonte por ini-
ria A são obrigatórias. Quando, em 2003, o fisco apurar ciativa do contribuinte constitui uma contra-ordenação pe-
o imposto devido por si, as importâncias retidas ao lon- nalizada com uma coima que varia entre 10% e metade
go do ano serão descontadas à colecta (ver Vocabulário), do imposto em falta.
verificando-se assim se tem de pagar mais imposto ou se
deverá haver lugar a um reembolso.
A taxa de retenção na fonte a aplicar ao salário depende 20
do estado civil do contribuinte, da composição do agre- Sou deficiente motor. Poderei usufruir de algum
gado familiar, do ordenado mensal e do facto de o tra- benefício em relação aos rendimentos de tra-
balhador (ou algum elemento do seu agregado familiar) balho dependente?
possuir, ou não, um grau de invalidez permanente igual
ou superior a 60%. Os contribuintes com um grau de invalidez igual ou su-
Além disso, para os contribuintes residentes nos Açores perior a 60% têm tabelas de retenção na fonte próprias.
ou na Madeira aplicam-se tabelas específicas. Existem Estas são mais baixas do que aquelas que se aplicam aos
seis tabelas diferentes de taxas de retenção na fonte so- restantes contribuintes.
bre os rendimentos da categoria A. A avaliação do seu grau de invalidez terá de ser feita por
Se quiser descobrir a que se aplica ao seu caso, peça uma entidade competente, que, regra geral, é uma junta
uma fotocópia na sua empresa ou na sua repartição de médica. Se já tem um certificado comprovativo, deve en-
finanças. Se tem acesso à Net, também pode obtê-la no tregar uma cópia do mesmo no seu local de trabalho, de
sítio da Direcção-Geral dos Impostos (www.dgci.min-fi- forma a que lhe sejam aplicadas as taxas de retenção na
nancas.pt) ou através de uma ligação que fizemos no nos- fonte para indivíduos deficientes. Não se esqueça, pois,
so sítio (www.deco.proteste.pt). de guardar o original deste certificado.
Sempre que haja alguma alteração na composição Também terá direito a uma dedução específica su-
do agregado familiar (o nascimento de uma filha, perior à dos restantes trabalhadores (ver quadro
por exemplo), assim como no estado civil, no seu próprio 2, na página 9) e poderá deduzir 30% das suas despe-
interesse, deverá comunicar a mesma à sua entidade em- sas de educação e reabilitação, quando devidamente com-
pregadora, de forma a ser corrigida a taxa de retenção provadas, bem como 25% dos prémios de seguros de vi-
na fonte, se for esse o caso, que incide sobre o seu or- da. E tudo isto SEM qualquer limite, ou seja, sobre a to-
denado. talidade das despesas.
Metade dos rendimentos de trabalho dependente plo, ganhasse 1 500 euros brutos na média dos doze
obtidos por deficientes com um grau de invalidez meses anteriores à data da rescisão do contrato, o valor
entre 60 e 79% ficam ainda isentos de imposto, até ao isento da indemnização seria de 11 250 euros (que re-
limite de € 13 504,76 por cada titular deficiente. Se o seu sulta de 1 500 euros x 1,5 x 5).
grau for igual ou superior a 80%, este limite é aumenta- Assim, se a indemnização fosse, por exemplo, de 20 mil
do em 15%, ou seja, para € 15 530,47 (€ 13 504,76 + euros, ultrapassando em 8 750 euros o limite legal, de-
€ 2 025,71) ficando isentos de tributação 57,5% (50% x veria declarar esta diferença como um rendimento da ca-
15%) dos seus rendimentos. tegoria A.
Por exemplo: se tiver um rendimento anual de 20 mil eu-
ros e um grau de invalidez entre 60 e 79%, poderá bene- A parcela que não estiver isenta de tributação terá
ficiar de uma isenção de 10 mil euros, ou seja, 20 mil eu- de ser indicada, em conjunto com os restantes
ros x 50%. Se tiver um grau de invalidez igual ou supe- rendimentos brutos da categoria A no campo 201 do
rior a 80%, irá beneficiar de uma isenção de 11 500 eu- quadro 12 da declaração modelo 3.
ros, ou seja, 20 mil euros x 57,5%.
A parcela da indemnização que ultrapasse o limite atrás
Para beneficiar desta isenção, deverá indicar o referido deverá ser tributada na fonte pela empresa.
seu caso nos quadros 8 A e B do modelo 3 (ver A taxa de retenção a aplicar será aquela a que o mon-
figura), mencionando o seu rendimento total no quadro tante não isento corresponder, na respectiva tabela de
12 daquela declaração. retenção na fonte.
No caso de um contribuinte solteiro e sem dependentes,
aos 8 750 euros que ultrapassam o limite de isenção, será
21 aplicada a correspondente taxa constante na tabela I (tra-
Em Maio de 2002, saí da empresa onde traba- balhador dependente – não casado), tal como se tratasse
lhava desde Março de 1998. Como cheguei a de um salário.
acordo com a mesma, recebi uma indemniza-
ção. Terei de declarar este rendimento?
22
Segundo a lei, os montantes recebidos pelo tra- Sou empregado de balcão e, muitas vezes, re-
balhador, por extinção do vínculo laboral (seja qual cebo gorjetas dos clientes habituais. Sou obri-
for o tipo de contrato e a modalidade da extinção), estão gado a declarar estas quantias?
isentos de tributação, até ao valor correspondente a um
mês e meio da remuneração média regular dos últi- Sim. As gratificações não atribuídas pela entidade patro-
mos doze meses multiplicado pelo número de anos ou nal são tributadas como rendimentos da categoria A, a
respectiva fracção ao serviço da empresa. uma taxa autónoma de 10%.
Contudo, na prática, poucos declaram estes rendimen-
Neste caso, a reforma fiscal determinou que a remune- tos, dado que são difíceis de comprovar. excepção a is-
ração a ter em conta será a totalidade dos montantes com to são as gratificações dos funcionários dos casinos, sem-
carácter de retribuição e de natureza regular, ou seja, es- pre contabilizadas no momento em que são recebidas.
tão excluídos, por exemplo, os acréscimos pelo trabalho
prestado (prémios de produtividade, por exemplo). O valor deste rendimento deve ser declarado no
campo 202 do quadro 12 do modelo 3 em "Grati-
O valor da indemnização isenta de tributação será ficações a que se refere o art.° 2.° (…)" (ver a Dinheiro &
calculado pela seguinte fórmula: número de anos Direitos n.° 49, de Dezembro/Janeiro de 2002).
de trabalho x remuneração média regular dos últimos 12
meses x 1,5. Sempre que o período de trabalho seja uma
parte de um ano, para o cálculo, contará como um ano
inteiro.
Quadro 4 A e 4 B do anexo B.
valor dos recibos passados, depois de descontadas as despesas, que constituíam a dedução específica desta
despesas necessárias. categoria, deixarem de ser incluídas no IRS poderá vir a
influenciar o imposto a pagar. Com o novo regime,
Se o seu rendimento for considerado acessório, apenas a opção pela contabilidade organizada lhe per-
deverá preencher o quadro 4 B do anexo B (rendi- mite deduzir tais despesas quase nos mesmos moldes
mentos da categoria B). Caso contrário, o quadro a que anteriormente. Porém, os trabalhadores que tenham
preencher será o 4 A do mesmo anexo (ver figura, na contabilidade organizada são obrigados a entregar a
página ao lado). No quadro 1, não se esqueça de assi- declaração assinada por um Técnico Oficial de Contas,
nalar o campo 02 (profissionais, comerciais e industriais). devidamente inscrito na respectiva associação profis-
sional.
Antigamente, não existia nenhuma vantagem em optar Tudo depende da opção tomada na declaração de
pela contabilidade organizada, quando a isso o con- 2002, a entregar até 30 de Abril de 2003. Se optar
tribuinte não estivesse obrigado. Com o regime simplifi- pela tributação de acordo com as regras da categoria A, o
cado, o cenário é bastante diferente, pois o facto de as fisco irá aplicar a dedução específica da mesma (ver
27
Não, pretendo continuar
Como desenhador, obtive de diversas empre- a efectuar a prestação
sas um rendimento bruto total de 3 500 euros, de serviços
proveniente apenas do meu trabalho enquanto Sim, vai ser um acto único.
Já alguma vez realizou
independente. Como serei tributado?
um acto isolado de
prestação de serviços?
O rendimento líquido será de € 2 436,07. Para um
rendimento bruto inferior a € 3 747,80, o fisco pre-
sume que o líquido é sempre de € 2 436,07.
Sim Não
Caso o nosso leitor apresente um rendimento bruto supe-
rior a € 3 747,80, o líquido irá resultar da aplicação do
coeficiente de 0,65.
Esse acto era previsível
ou resulta de uma
28 prática habitual?
30
Além dos rendimentos provenientes da minha
actividade como empresário e independente,
obtive ganhos noutras categorias. Como será Declaração de acto isolado.
tributado o rendimento da categoria B? (a) Montante a entregar mediante guia no serviço de finanças
da área de residência até ao último dia do mês seguinte a contar da data
do pagamento.
Depende. Se cumprir todos os requisitos do esquema 3
(na página 19), o rendimento líquido da categoria B irá terá de adquirir um livro de recibos verdes (modelo 6, por
resultar da dedução dos encargos aos proveitos. € 2,75), onde irá discriminar todos os montantes obtidos
Se qualquer dos valores indicados for superior (vendas pelos serviços que vier a prestar. Por cada importância
superiores a € 4 872,14 ou prestação de serviço supe- recebida, terá de emitir um recibo.
rior a € 2 436,07), o rendimento líquido da categoria B
resulta da aplicação dos respectivos coeficientes, com o Em determinadas actividades (alguns antigos
mínimo de € 2 436,07. empresários em nome individual), independente-
mente de precisar ou não de contabilidade organizada, o
Início de actividade contribuinte é obrigado a emitir uma factura ou docu-
mento equivalente por cada transmissão de bem ou
serviço, bem como pelos adiantamentos. Como tal, não
31 terá de adquirir recibos verdes, mas deverá pedir para
Pretendo iniciar a minha actividade na catego- lhe fazerem facturas numa tipografia autorizada (ver
ria B. Que obrigações tenho de cumprir? caixa da página 26).
Antes de começar a exercer a actividade, o contribuinte Deve ainda saber, no seu serviço de finanças, se
tem de cumprir uma série de formalidades. está, ou não, obrigado a cobrar IVA e se tem de
entregar a declaração periódica (ver questão 37).
Em primeiro lugar, deve dirigir-se a qualquer Tem, ainda, de adquirir um livro de registo de serviços
serviço de finanças, onde entregará (em tripli- prestados (modelo 8), onde deverão ser mencionadas as
cado: € 0,20) uma declaração de início de actividade, receitas, o que entre os meses de Janeiro e Novembro,
devidamente preenchida. Nessa altura, terá de indicar deverá acontecer, no máximo, 30 dias após a recepção
se opta ou não pela contabilidade organizada. Se não do dinheiro e, em Dezembro, num prazo de 15 dias.
o fizer, poderá ficar sujeito ao regime simplificado Se não ficar isento de IVA, terá de comprar também o
durante três anos, sendo prorrogável por iguais perío- livro de registo das despesas (modelo 9). Depois de
dos. Se não quiser continuar neste regime e pretende cumprir todas as etapas, deve ir à delegação regional da
mudar para a contabilidade organizada, terá de entre- Segurança Social da sua área de residência, para
gar uma declaração de alterações até ao final do mês declarar o início de actividade. Após a declaração nas
de Março do ano seguinte ao período de três anos. finanças, tem 13 meses e 15 dias para cumprir esta obri-
De seguida, em qualquer tesouraria da fazenda pública, gação. Embora esteja prevista na lei a possibilidade de a
Esquema 3
Regime simplificado para rendimentos profissionais
Sim Não
Não Sim
Foi pago por uma única entidade? Foram prestados a uma única entidade?
Não se aplica o
O rendimento
regime simplificado O rendimento Aplicam-se O rendimento
líquido é igual
e o rendimento liquído resulta as deduções liquído é o que
aos proveitos O rendimento
líquido é igual aos da aplicação do específicas resultar
menos os custos, líquido a considerar
ganhos menos coeficiente de 0,65, da categoria A da aplicação
com base no é de € 2 436,07
os custos com o minímo (trabalho por conta do coeficiente
regime dos actos
(de acordo com de € 2 436,07 de outrem) de 0,65
isolados
os limites legais)
Por fim e no que se refere a ambas as situações: totais, não resultem de uma prática previsível ou rei-
– aos actos isolados, não se aplica o regime simplificado, terada;
podendo apenas ser deduzidas as despesas ne- – a retenção na fonte (regra geral, de 10%) terá de ser
cessárias para realizar o serviço, desde que devida- feita sobre os rendimentos de actos isolados prove-
mente comprovadas e até aos limites indicados no nientes de qualquer prestação de serviços. No caso de
quadro 4; rendimentos provenientes da propriedade intelectual,
– são considerados rendimentos de actos isolados os industrial ou da prestação de informações por experiên-
que, não representando mais de metade dos ganhos cia adquirida, a taxa é de 15%. Quanto a rendimentos de
34
Como tive de comprar bastante material para a
Sim Não Sim Não
minha actividade, vou ter prejuízo. Posso recu-
perar esta perda nos impostos?
– não forem obrigados a ter contabilidade organizada ou organizada, bem como quando são obrigados a apre-
não tiverem optado pela mesma; sentar qualquer dos anexos que dela fazem parte, sobre-
– não praticarem operações de importação ou expor- tudo o anexo L ou os anexos O e P. A declaração anual
tação; pode ser entregue em qualquer serviço de finanças, em
– e, no ano civil anterior, não tiverem obtido rendimentos papel, disquete ou banda magnética. Porém, sempre que
(brutos) superiores a € 9 975,96. o contribuinte pretenda ou os elementos a referir
Além destas isenções, encontra-se isento de cobrar IVA impliquem o preenchimento de mais do que uma folha,
quem exercer as seguintes actividades, qualquer que deve a mesma ser entregue em suporte magnético ou por
seja o volume de negócios: médicos, odontologistas, correio electrónico através da Net.
parteiras, enfermeiros e outras profissões paramédicas
(excepto se optarem pela contabilidade organizada).
Assim, os trabalhadores independentes que obtenham 38
(ou, no início da sua actividade, prevêem vir a ter) um vo- Ouvi falar de mapas recapitulativos de clientes
lume de negócios superior a € 9 975,96 têm de liquidar e de fornecedores. O que significam?
(cobrar) IVA nos recibos verdes por si emitidos, à taxa de
19% (13%, no caso de contribuintes residentes nos Os trabalhadores independentes também po-
Açores ou na Madeira). dem ter de preencher e entregar os mapas reca-
O valor do IVA cobrado tem de ser declarado e entregue pitulativos de clientes e fornecedores (os anexos O e P,
ao Estado. Para isso, é necessário preencher e enviar respectivamente). Estes anexos são listas onde devem
uma declaração periódica de IVA. constar todos os clientes e fornecedores do trabalhador
independente, apresentados pelo respectivo número de
Esta declaração será trimestral ou mensal, con-
soante tenha um volume de negócios, respectiva- Esquema 5
mente, inferior ou superior a € 498 797,89. Regime simplificado
para rendimentos empresariais
O imposto cobrado aos clientes será entregue ao
Estado, depois de deduzido do IVA que o Em 2002, apenas obteve rendimentos empresariais?
trabalhador independente pagou na aquisição dos pro-
dutos e serviços necessários à sua actividade.
Sim Não
37
Sou trabalhador independente e optei pela con-
tabilidade organizada. Tenho de entregar a de- O rendimento líquido
claração anual contabilística e fiscal? O rendimento líquido resulta da aplicação
é igual aos proveitos do coeficiente de
menos os custos 0,20, com o mínimo
Até ao final de Junho de 2003, esta declaração de € 2 436,07
deverá ser entregue por todos os trabalhadores
independentes que têm ou precisam de contabilidade
(1) Apesar destas despesas poderem ser apresentadas pelos contribuintes que tenham contabilidade organizada, sobre o seu montante incide a taxa de tributação autónoma indicada.
identificação fiscal, com os quais as operações, no ano sibilidade passa a ser obrigatória se, para referir todos os
anterior, tenham excedido os € 49 879,79. O anexo O elementos nos mapas recapitulativos, tiver de preencher
destina-se a enumerar os clientes e as transacções e o mais do que uma folha.
anexo P serve para enumerar os fornecedores nas
condições acima referidas. Ambos fazem parte da decla-
ração anual de informação contabilística e fiscal. 39
Vou deixar de exercer a minha actividade?
A entrega destes mapas deve ser efectuada até Tenho de avisar as finanças?
ao último dia útil do mês de Junho do ano seguinte
àquele a que se referem as operações, em qualquer Caso deseje encerrar a sua actividade, deve deslocar-se
repartição de finanças. Deverá fazê-lo em suporte de a qualquer serviço de finanças, para preencher uma
papel, magnético ou por transmissão electrónica de declaração de cessação de actividade. Atenção: tem 30
dados (correio electrónico, por exemplo). Esta última pos- dias para o fazer a contar da data em que deixou de
exercer a sua actividade, ou seja, deixou de prestar
serviços. Caso assim não tenha procedido, o fisco vai ter
Esquema 6 em conta a data de emissão do último recibo verde. Por
IVA: obrigações outro lado, esse facto também deve ser comunicado ao
do trabalhador independente fisco, na declaração de rendimentos a entregar no ano
seguinte.
Não se esqueça de entregar uma declaração de ces-
Exerce uma actividade isenta de IVA? (1) sação de actividade, até ao final do mês em que a encer-
rou, na delegação regional da Segurança Social, onde se
encontra, actualmente, inscrito, e informar os serviços do
IVA, se for caso disso.
Sim Não
Deve ainda entregar a declaração modelo 3 e
indicar, no quadro 11 do anexo B, a data em que
terminou a actividade. Sempre que se verifique alguma
O seu volume de negócios
é superior € 9 975,96? alteração na sua actividade (se deixar de exercer o seu
trabalho de desenhador para começar como arquitecto,
por exemplo), deve comunicá-la ao fisco. Para o efeito,
deve entregar na sua repartição de finanças, no prazo de
Não Sim 15 dias, a contar da ocorrência da mudança, uma decla-
ração de alteração de actividade.
Retenções na fonte
É obrigado a cobrar
Está isento de qualquer IVA, mas pode deduzir
obrigação o imposto pago
nas suas aquisições
40
Iniciei a minha actividade independente como
(1) Estão isentas de IVA as seguintes actividades: arquitecto. Apesar de já ter passado alguns
médicos, odontologistas, parteiras, enfermeiros e outras profissões paramédicas. recibos verdes, só agora me questiono se es-
tarei ou não sujeito a retenções na fonte?
Se prestar serviços a clientes com contabilidade organi- Se ultrapassar o referido limite de € 9 975,96, de-
zada, estes deverão fazer uma retenção na fonte de 20%, verá contactar o seu serviço de finanças, de forma
no acto de pagamento. A excepção vai para aqueles a alterar o regime de isenção de IVA, a que estava sujeito,
casos em que o trabalhador não prevê vir a ganhar mais para o regime normal. Na prática, terá de cobrar IVA à
de € 9 975,96 por ano (rendimento bruto). taxa de 19% (13%, no caso de contribuintes residentes
nos Açores ou na Madeira), nos recibos verdes que
Para tal, deverá manifestar a sua decisão, nos venha a emitir (ver questão 36).
recibos verdes, pondo uma cruz na linha Sem
retenção – art.° 9.°, n.° 1 do D.L. n.° 42/91, de 22/1. Não estão sujeitas a retenção na fonte as prestações de
Contudo, mesmo que não seja efectuada qualquer serviços decorrentes de actividades, como transportes,
retenção na fonte, deverá entregar sempre a declaração hotelaria, agências de viagens e turismo, restauração,
de rendimentos. bebidas e construção civil (neste último caso, desde que
possua um certificado válido emitido pelo Instituto do
Esta dispensa de retenção na fonte acaba sempre que: Mercado de Obras Públicas e Particulares e do Imobi-
– durante o ano anterior (neste caso, 2001) tenha ganho liário).
mais de € 9 975,96 na categoria B;
– no decurso de 2002, tenha ultrapassado ou prevê vir a Existem três tipos de taxas de retenção na fonte:
ultrapassar o limite de € 9 975,96. Neste caso, o próximo – 20%, quando estão em causa rendimentos de
recibo verde já deverá contemplar a retenção na fonte. profissionais, previstos na tabela de actividades. Para
Quadro 6
Obrigações dos prestadores de serviços e empresários
Documentos necessários e prazos
Obrigações
IVA IRS
Início
Declaração de início de actividade (entregue antes do início da actividade)
de actividade
Declaração Periódica de IVA
Entrega até ao dia 15 do mês seguinte ou dia 10 do segundo
Periódica mês seguinte àquele a que se referem as operações, Nada a assinalar
consoante se trate do regime trimestral ou mensal,
respectivamente (1)
Declaração de rendimentos (modelo 3)
Entrega entre o dia 16 de Março e 30 de Abril
do ano seguinte àquele a que dizem respeito
Declaração anual de informação contabilística e fiscal, os rendimentos
juntamente com anexo L
Anual Declaração anual de informação
Entrega até ao último dia do mês de Junho do ano seguinte
àquele a que se referem as operações (1) contabilística e fiscal
Entrega até ao último dia do mês de Junho
do ano seguinte àquele a que se referem
os rendimentos (2)
Declaração de alterações
Alterações Entregar no prazo de 15 dias a contar da data da alteração, excepto se a alteração no volume de negócios
na actividade implicar uma mudança no enquadramento no regime do IVA. Neste caso, deverá ser entregue até ao final do mês
em que foram ultrapassados € 9 975,96 de volume de negócios
Declaração de cessação de actividade
Encerramento
Entregar no prazo de 30 dias a contar da data de encerramento
Facturação Emissão de recibos verdes (modelo 6) por cada prestação de serviços ou de facturas (em determinados casos)
Registo dos rendimentos e das despesas para apuramento do imposto
Contabilização (modelos 8 e 9 ou sistema de contabilidade) (4)
e escrituração Constituição de um dossier fiscal até ao último dia do mês de Junho do ano seguinte
àquele a que se referem as operações (2)
(1) Apenas para os trabalhadores independentes enquadrados no regime normal do IVA.
(2) Só para quem possui ou esteja obrigado a possuir contabilidade organizada, ou tenha de entregar qualquer dos anexos respeitantes ao IVA.
(3) As retenções na fonte só são obrigatórias para os trabalhadores com um volume de negócios superior a € 9 975,96.
(4) Em 2002, os trabalhadores com um volume de negócios superior a € 99 759,58 precisam de ter um registo contabilístico organizado.
saber se a sua actividade está incluída nesta tabela, do anexo B, enquanto que os restantes serão indicados
poderá contactar o serviço de finanças da sua área ou o no quadro 5 do anexo H.
nosso serviço de informações (telefone: 21 841 08 58;
correio electrónico: sinfo@edideco.pt); Neste caso, a taxa de retenção também passa a
– 10%, se se tratar de rendimentos profissionais não pre- recair sobre 50% dos rendimentos, o que, na
vistos naquela lista; prática, significa uma taxa de 7,5% (15% x 50%).
– 15%, quando estiverem em causa rendimentos prove- Ao preencher os recibos verdes, terá de respeitar as
nientes da propriedade intelectual (escritores, por exem- regras indicadas na questão anterior.
plo), industrial ou de prestação de informação sobre
experiência adquirida no sector comercial, industrial ou Deduções específicas
científico.
43
41 Disseram-me que as deduções específicas aos
O meu filho de 26 anos tem um grau de rendimentos de trabalho independente sofr-
invalidez superior a 60%. Porém, faz alguns eram limitações. É verdade?
trabalhos para uma empresa de informática.
Por cada importância que recebe, passa um As despesas que o trabalhador independente
recibo verde. Será que tem algum benefício tem de realizar para exercer a sua actividade SÓ
pelo facto de ser deficiente? podem ser deduzidas aos seus rendimentos, se tiver
optado pela contabilidade organizada ou se a isso
Metade (50%) dos rendimentos de trabalho indepen- estiver obrigado.
dente auferidos por sujeitos passivos com um grau de Assim e não se aplicando o regime simplificado, estas
invalidez permanente entre 60% e 79% inclusive estão despesas serão deduzidas das receitas, para se apurar
isentos de tributação, até ao limite de € 13 504,76. o rendimento líquido da categoria B.
Se o grau for igual ou superior a 80%, os limites são
aumentados em 15% (€ 13 504,76 x 15% = € 2 025,71). Quando preencher o anexo C, o trabalhador
Logo, o limite é aumentado para € 15 530,47, ficando independente deverá indicar sempre o total das
isentos de tributação 57,5% dos rendimentos. despesas realizadas ao longo do ano, tendo em atenção
os limites legais a seguir indicados.
Para beneficiar desta redução, tem de mencionar Dado que algumas limitações deixaram de ser conside-
o grau de deficiência nos quadros 8 A ou B da radas, vejamos quais as despesas que têm limites ou
declaração modelo 3 (ver figura da página 13). não são tidas em conta.
Estes contribuintes também podem beneficiar de uma As despesas com deslocações, viagens e es-
redução na taxa de retenção na fonte. Assim, a taxa de tadas do contribuinte ou do seu agregado fami-
retenção passará a incidir sobre apenas 50% dos rendi- liar que com ele trabalham só serão aceites como
mentos, o que, na prática, corresponde à aplicação de deduções até 10% do rendimento bruto do trabalhado
uma taxa de 10% (20% x 50%). independente. Não será dedutível a totalidade das
importâncias escrituradas a título de remuneração, aju-
Os contribuintes deficientes que pretendam das de custo, utilização de viatura do próprio, subsídios
aproveitar esta redução devem, nos recibos de refeição e outras prestações de natureza remune-
verdes, pôr uma cruz na linha Sobre 50% – art.° 10.°, n.° ratória do contribuinte ou de qualquer membro do seu
1 do D.L. n.° 42/91, de 22/1. agregado familiar que lhe preste serviço.
42 44
Participo como trabalhador independente na Utilizo a casa arrendada onde habito para a
elaboração de obras literárias. Ouvi dizer que minha actividade profissional independente.
existe um benefício fiscal relativo a esta acti- Será que posso deduzir aos meus rendimentos
vidade. Como posso usufruir de tal? da categoria B o que pago de renda, electrici-
dade, água e telefone?
Metade dos rendimentos provenientes da propriedade
literária, artística e científica (a realização de um livro Estas despesas só serão aceites pelo fisco, se ti-
escolar ou a publicação de um romance, por exemplo) ver contabilidade organizada. Assim, se a casa
estão isentos de pagar imposto. fosse utilizada apenas para a actividade como profis-
sional independente, os gastos com a renda, a electrici-
Para usufruir da isenção, terá de inscrever dade, a água e o telefone fixo poderiam ser deduzidos
metade dos rendimentos referidos no quadro 4 na totalidade. Nos casos em que a casa é utilizada, ao
mesmo tempo, para fins profissionais e habitacionais, Desde 2001 (a medida teve efeitos retroactivos), o fisco
como é o caso deste leitor, só poderá deduzir uma parte só permite afectar à actividade um veículo por titular de
dos referidos encargos. Assim e já que parte da casa rendimentos da categoria B, por sócio, no caso de
também se destina à habitação, o fisco só considera sociedades de profissionais, e por trabalhador ao serviço
25% das despesas acima referidas. dos referidos sujeitos passivos, desde que seja compro-
vada a necessidade do uso.
45
Para exercer a minha actividade, preciso de 47
um computador que custa 2 mil euros. Existe As rendas pagas através de um contrato de ALD
alguma forma de recuperar este montante? (aluguer de longa duração) podem ser deduzidas
aos meus rendimentos da categoria B?
Os trabalhadores independentes que comprem equi-
pamentos necessários para a sua actividade (por exemp- Sim, desde que possua contabilidade organiza-
lo, um computador e uma impressora) só poderão amor- da. Assim, se, em 2002, comprou um automóvel,
tizá-los e deduzi-los ao seu rendimento bruto da cate- o fisco só não aceita as amortizações da parte que
goria B se tiverem contabilidade organizada. As amorti- ultrapasse o valor de € 29 927,87. Em 2002, poderá
zações do equipamento informático são feitas por quotas deduzir a totalidade do valor das rendas pagas por ano.
constantes, à taxa máxima de 25%. A amortização anual
é, portanto, de 500 euros (2 000 euros x 25%), a realizar Regime simplificado
durante quatro anos. para os empresários
(das antigas categorias C e D)
Este é o valor que deverá inscrever no modelo
32.1 (mapa de amortização).
48
As amortizações dos equipamentos de que o trabalhador Fui informado de que os comissionistas já não
independente precise para a sua actividade são aceites, pertencem à categoria C. O que tenho de fazer
na totalidade, como deduções específicas, desde que para iniciar a actividade?
tenha contabilidade organizada.
A partir de 2001, os rendimentos obtidos pelo
comissionistas passaram a ser enquadrados na
46 categoria B, ou seja, estão sujeitos a IRS, na categoria
Posso amortizar o automóvel que adquiri por dos rendimentos empresariais e profissionais. Este tam-
20 mil euros? bém é o caso de quem preste serviços de publicidade,
segurança, administração de bens, de reparação de
Só se possuir contabilidade organizada é que máquinas, instrumentos e outros bens que não sejam
poderá efectuar amortizações, incluindo a de materiais de consumo relacionados com a prestação de
automóveis. Esta é efectuada por quotas constantes de serviços.
25%, com base no valor de compra do automóvel. Assim,
deverá amortizar o automóvel em quatro anos, período
considerado (em termos fiscais) como de vida útil dos
Contabilidade organizada
veículos ligeiros.
Ao optar pela contabilidade organizada, terá de recorrer a um
Em 2002, passou a ser aceite como dedução
técnico oficial de contas. Dada a exaustiva matéria que teria
específica a totalidade da amortização (anterior-
de ser abordada, sobretudo ao nível do IRC, optámos por,
mente só aceitavam metade). Por exemplo, para um
neste capítulo, dedicar a nossa atenção aos contribuintes
automóvel de 20 mil euros, a amortização anual será de
que ficaram abrangidos pelo regime simplificado.
5 mil euros (5 000 euros = 20 000 euros x 25%), valor que
Mesmo assim, não deixamos de prestar informação de
deverá constar do mapa de reintegrações e amortizações
grande utilidade, quer a uns, quer a outros.
(modelo 32.1).
Para saber quais as obrigações relativas ao IVA e ao IRS
Atenção: não é aceite como custo a amortização de veícu-
dos profissionais independentes e empresários, poderá
los ligeiros de passageiros ou mistos na parte que ultra-
consultar o quadro 6. Desde o início da actividade até ao
passe os € 29 927,87.
fecho, passando pela entrega de documentos e prazos, de
tudo poderá encontrar num quadro-mapa que lhe apresen-
Para beneficiar de outras deduções relacionadas
tamos. Por seu turno, no quadro 5, referimos as despesas
com automóveis (por exemplo, combustíveis ou
que são ou não aceites COM LIMITES e/ou sobre as quais
reparações), é preciso que o carro esteja ligado, de
incide uma taxa de tributação autónoma.
modo duradouro, ao exercício da sua actividade. Para
tal, deverá mencionar esse facto na declaração de IRS.
não é vantajosa.
imposto é retido na fonte, não precisa (nem tem interes-
Títulos da dívida pública se) de englobar os ganhos obtidos, na sua declaração de
rendimentos.
Suponhamos que durante os cinco anos investe 25 mil eu-
52 ros no seu PPR e que, no final desse período, receberá 35
Há pouco tempo, adquiri algumas obrigações. mil euros, antes de impostos. A retenção na fonte incidirá
Tenho de mencionar os juros recebidos na decla- apenas sobre o rendimento, ou seja, 10 mil euros (35 000
ração? Em caso afirmativo, de que forma? – 25 000). Assim, a retenção na fonte será de 400 euros
(10 000 x 4%), recebendo, portanto, 34 600 euros.
Estes títulos representam um empréstimo efectuado a uma
empresa ou ao próprio Estado. Estas entidades ficam Como já é tributado no momento do resgate, não
obrigadas, por um lado, ao pagamento de juros e, por tem qualquer interesse em englobar esse rendi-
outro, ao reembolso ou amortização numa data pré-esta- mento na sua declaração de IRS.
belecida.
Como sobre os juros destes títulos já é aplicada uma taxa Se optar pelo reembolso através de uma renda vi-
liberatória de 20%, não precisa de incluí-los na sua decla- talícia, não receberá o dinheiro todo de uma vez,
ração de rendimentos (ver quadro 7), sejam do Estado ou mas transformará o capital numa renda periódica até mor-
de empresas. rer. Neste caso, a renda paga imposto como se fosse uma
pensão normal (categoria H), pelo que a lei obriga-o a
Seguros englobar as rendas obtidas aos restantes rendimentos,
sendo a taxa de imposto calculada em função do rendi-
mento colectável.
53
Subscrevi um plano de poupança-reforma por Tanto em termos financeiros como em termos
um prazo de cinco anos. Na altura, disseram-me fiscais, o reembolso total é mais vantajoso para
que existem duas formas para receber o dinheiro o contribuinte.
acumulado. Como é feita a sua tributação?
Dos lucros que algumas sociedades geram, uma – o englobamento passa a ser obrigatório e é efectuado so-
parte é distribuída aos accionistas: são os chama- bre 50% dos dividendos ou lucros distribuídos.
dos dividendos. A partir deste ano, tais rendimentos pas-
sam a estar sujeitos a uma taxa de retenção na fonte de Um exemplo
15% (ao contrário dos 25% até 2001). Vejamos o exemplo do Sr. Diogo, accionista da empresa
X (cotada na Bolsa de Lisboa, mas não privatizada), que
O mecanismo do crédito de imposto deixou de ser aplica- recebeu, no dia 10 de Agosto de 2002, dividendos de
do. Para 2002, os rendimentos de acções passam a ter o € 0,50 por acção.
seguinte regime: Porém, este accionista só meteu ao bolso € 0,40 de divi-
– estão sujeitos a uma taxa de retenção na fonte de 15% por dendo líquido por acção, já que teve de pagar:
parte da entidade pagadora; – € 0,075 de retenção de imposto na fonte (0,50 x 15%), por
– os dividendos de acções adquiridas no âmbito das pri- cada acção;
vatizações, nos cinco primeiros anos após a data de fina- – € 0,025 (0,50 x 5%) de imposto sobre sucessões e
lização deste processo, ou os dividendos de acções resul- doações, por cada acção.
tantes de aumentos de capital por incorporação de reser-
vas, só serão tributados em 50% do seu valor, em termos Como declarar os dividendos
de IRS. Na prática, os dividendos estarão, também, sujeitos Para englobar este rendimento, o contribuinte terá de
a uma taxa de retenção na fonte de 7,5% (15% x 50%); preencher e entregar o anexo E.
– além da retenção na fonte, os rendimentos distribuídos
terão de pagar imposto sobre sucessões e doações por No quadro 5 do anexo E, terá de indicar somente
avença: 5% dos dividendos brutos; 50% dos dividendos recebidos.
anos, os rendimentos que receber na altura do resgate Os rendimentos obtidos através do resgate de um
estão sujeitos a uma retenção na fonte de 20%; plano de poupança em acções são considerados
– se o prazo de aplicação do dinheiro for superior a dois pelo fisco como rendimentos da categoria E (rendimentos
anos mas inferior a cinco, os rendimentos estão sujeitos a de capitais).
uma retenção na fonte de 18%; Assim, os mesmos estão sujeitos a uma taxa de retenção
– caso o prazo de aplicação seja de cinco a oito anos, a na fonte, na altura em que são colocados à disposição do
taxa de retenção sobre os rendimentos será de 20% sobre seu titular:
4/5 do rendimento, o que equivale, na prática, a 16%; – se o prazo de aplicação do dinheiro for inferior a dois
– para as aplicações de prazo superior a oito anos, a taxa anos, os montantes obtidos estão sujeitos a uma retenção
de retenção será de 20% sobre 2/5 do rendimento, o que na fonte de 20%;
significa 8%. – se o prazo for de dois a cinco anos, os montantes que
Porém, se o valor dos prémios pagos durante a primeira receber estão sujeitos a uma retenção na fonte de 18%.
metade do prazo do seguro for inferior a 35% do total, o Aliás, se NÃO for respeitado o prazo mínimo de aplicação,
rendimento será sempre tributado na fonte à taxa de 20%. que é de seis anos, terá de devolver ao fisco os benefí-
cios fiscais entretanto usufruídos, acrescidos de uma pe-
Regra geral, não terá grande interesse em optar pelo nalização adicional de 10% ao ano (ver, na página 53,
englobamento destes rendimentos aos das restantes caixa Benefícios fiscais: atenção às regras do jogo!);
categorias. – caso o prazo de aplicação seja de seis a oito anos, a
taxa de retenção sobre os rendimentos será de 20% sobre
Participações em empresas 4/5 do rendimento, o que equivale a uma taxa de 16%;
e em fundos de investimento – para as aplicações de prazos superiores a oito anos, a
taxa de retenção será de 20% sobre 2/5 do rendimento, o
que significa 8%.
55 Nos dois últimos casos, as entregas realizadas nos três
Quais os impostos que terei de pagar, quando primeiros anos têm de ser superiores a 35% do dinheiro
levantar o dinheiro acumulado num plano de investido. Caso contrário, a taxa de retenção será sempre
poupança em acções que subscrevi? de 20%.
Quadro 7
Retenção na fonte
Taxa liberatória Rendimentos
7,5% Os dividendos de acções adquiridas no âmbito das privatizações (até cinco anos após o final do processo
de privatização da empresa) serão tributados em 50%. Na prática, a taxa será de 7,5%
(1) Até 2001, inclusive, só era obrigatório englobar os lucros distribuídos pelas sociedades por quotas.
Quadro 8
Exemplo de cálculo de IRS com e sem englobamento de juros (1)
SEM COM
englobamento englobamento
euros (€)
(1) Rendimento líquido (categoria A) 12 500,00 12 500,00
(2) Rendimento líquido (categoria E, juros brutos) 0,00 500,00
(3) Rendimento líquido total (1) + (2) 12 500,00 13 000,00
(4) Abatimentos 0,00 0,00
(5) Rendimento colectável (3) – (4) 12 500,00 13 000,00
(6) Rendimento colectável ÷ quociente conjugal (5) ÷ 1,00 12 500,00 13 000,00
(7) Taxa 24% 24%
(8) Aplicação da taxa (6) x (7) 3 000,00 3 120,00
(9) Parcela a abater 702,14 702,14
(10) Apuramento (8) – (9) 2 297,86 2 417,86
(11) Colecta (10) x 1,00 2 297,86 2 417,86
(12) Deduções à colecta 1 246,99 1 246,99
(13) IRS liquidado (11) – (12) 1 050,87 1 170,87
(14) Retenções na fonte
2 226,82 2 226,82
(sobre os rendimentos da categoria A)
(15) Retenções na fonte sobre os juros
0,00 100,00
(20% x € 500)
(16) IRS a receber (2) (13) – (14) – (15) 1 175,95 1 155,95
(1) Para um contribuinte solteiro, sem dependentes, que obteve, em 2002, juros (brutos) no valor de 500 euros.
(2) A diferença de 20 euros (€ 1 175,95 – € 1 155,95) deve-se ao englobamento dos juros brutos aos restantes rendimentos.
Quadros 4, 5 e 7 do anexo F.
Quadro 9
Cálculo das mais-valias ou menos-valias
Tipo de alienação Fórmula (1) Forma de tributação
Valor da venda – (valor da compra
x coeficiente de desvalorização) – encargos
Venda de imóveis Englobamento de metade da mais-valia
necessários à venda e compra – encargos com a
(uma casa, por exemplo) aos restantes rendimentos
valorização (nos últimos cinco anos) - amortização
de empréstimo (só no caso de reinvestimento).
Valor da venda – valor da compra – Englobamento da totalidade
Venda de valores mobiliários
despesas e encargos necessários à venda da mais-valia ou tributação autónoma
(acções e obrigações, por exemplo)
dos títulos (comissões, por exemplo) da mais-valia à taxa de 10%
Venda de uma posição contratual
Valor recebido pelo cedente – preço pago pela Englobamento de metade da mais-valia
ou de outros direitos relativos
aquisição de direitos aos restantes rendimentos
a bens imóveis
(1) Se o resultado da fórmula for positivo, estamos perante uma mais-valia, que está sujeita a tributação. Se o resultado for negativo, existe uma menos-valia.
Logo, não há qualquer rendimento sujeito a tributação.
Mais-valia = 40 000 – (10 000 x 1,30) = 27 000 euros. de 124 700 euros é inferior a 99 760 euros (€ 149 600 –
No entanto, o fisco só irá tributar metade (50%) da mais- € 49 880). Logo, o Rui não fez o reinvestimento total, mas
-valia obtida. Logo, o valor da mais-valia a englobar aos antes:
restantes rendimentos é de 13 500 euros (27 000 x 50%). – proporção reinvestida = € 99 760 ÷ € 124 700 = 0,8;
– proporção da mais-valia reinvestida = € 124 700 x 0,8
Tem de declarar esta mais-valia através do = € 99 760;
preenchimento e entrega do anexo G. Aí, o con- – mais-valia sujeita a imposto = € 124 700 – € 99 760 =
tribuinte terá de indicar os valores de compra e venda do € 24 940.
imóvel, bem como as respectivas despesas (caso exis- Como para calcular o imposto, o fisco considera metade
tam). O cálculo da mais-valia tributável será efectuado do ganho, ou seja, 12 470 euros (€ 24 940 x 50%), este
pelo fisco. seria o montante englobado aos restantes rendimentos.
ar isento?
Reinvestimento total meses), deveria indicar tal intenção nas declarações de
Se o contribuinte realizar o reinvestimento total, respeitando rendimentos de 2002 e 2003. Para tal, teria de preencher
as condições e os prazos indicados, não terá de pagar qual- o quadro 5 do anexo G, indicando o ano em que iria efec-
quer imposto. tuar o reinvestimento.
Vejamos o seguinte exemplo: a Carla, em Julho de 2002,
vendeu, por 175 mil euros, a casa onde habitava desde Não realização de reinvestimento
1999, que lhe havia custado 125 mil euros. Em Setembro Caso o contribuinte opte por não reinvestir a mais-valia,
de 2002, voltou a adquirir outro imóvel para habitação, no metade (50%) do seu valor será englobada aos restantes
valor de 200 mil euros, reinvestindo totalmente o valor da rendimentos.
venda. Dado que a Carla reinvestiu na aquisição de um ou-
tro imóvel para habitação própria e permanente (no prazo Neste caso, não se esqueça de entregar o anexo
de 24 meses) um valor superior ao obtido com a venda, G. A declaração da mais-valia (ou da eventual
considera-se como concretizado o reinvestimento. Resul- menos-valia) é obrigatória.
tado: sobre a mais-valia não incidirá imposto. Tenha em
atenção que o fisco não considera como reinvestido o mon-
Esquema 8
tante obtido com recurso ao crédito. Vendeu um imóvel para habitação
em 2002?
No entanto, a Carla terá de preencher os quadros
4 e 5 do anexo G.
Adquiriu esse imóvel antes de 1989?
Reinvestimento parcial
Se o contribuinte decidir reinvestir apenas uma parte do
ganho, a tributação será proporcional ao reinvestimento Não
Sim
realizado.
Vejamos o exemplo do Sr. Carvalho, que, em Maio de 2002,
vendeu, por 125 mil euros, um apartamento comprado, em
1999, por 100 mil euros. No final de 2002, o Sr. Carvalho Pretende reinvestir o ganho obtido na aquisição
de outro imóvel para habitação própria
voltou a comprar uma outra casa, no valor de 100 mil eu- e permanente, no prazo de 24 meses? (1)
ros. Dado que decidiu reinvestir uma parte do valor obtido
com a venda, a tributação será efectuada da seguinte for-
ma:
Sim Não
• Mais-valia = € 125 000 – (€ 100 000 x 1,03) = € 22 000;
• Proporção reinvestida = € 100 000 ÷ € 125 000 = 0,8;
• Proporção da mais-valia reinvestida = € 22 000 x 0,8 =
€ 17 600; Pretende reinvestir a totalidade
• Mais-valia sujeita a imposto = € 22 000 – € 17 600 = do ganho obtido ou apenas
uma parcela?
€ 4 400.
Para calcular o imposto, o fisco considera apenas metade
(50%) do ganho, ou seja, 2 200 euros (€ 4 400 x 50%),
montante que será englobado aos restantes rendimentos. Apenas
Sim,
uma parcela
todo o ganho
do ganho
Todos estas contas serão feitas pelo fisco. Contu-
do, para beneficiar desta isenção parcial de tribu-
tação, deverá indicar, no quadro 4 do anexo G, o valor pe-
lo qual comprou a casa e o valor de venda. No quadro 5 A mais-valia Terá de pagar
A mais-valia será tributada imposto
do mesmo anexo, indique o valor a reinvestir na compra de está isenta proporcionalmente sobre metade
outra habitação. de tributação ao valor da mais-valia
reinvestido obtida
Caso o Sr. Carvalho pretendesse reinvestir a mais-valia (1) Se a venda do imóvel tiver lugar até 12 meses depois da compra de outra
habitação, considera-se que o ganho foi reinvestido nessa compra, desde que
apenas em 2003 (antes de decorrido o prazo mínimo de 24 sejam respeitadas as restantes condições referidas nesta caixa.
Como é tributada?
70 Caso opte pela tributação autónoma, o saldo entre as mais-
Estava a pensar em comprar uma casa nova e -valias e as menos-valias realizadas será tributado à taxa de
cheguei a dar o sinal. Entretanto recebi uma 10%. Se optar pelo englobamento, a taxa de imposto será a
proposta de compra desse imóvel e cedi a mi- taxa de IRS a aplicar à totalidade dos rendimentos.
nha posição a troco de uma quantia. Será que Para exercer esta opção, terá de assinalar o campo “Sim” do
esta está sujeita a tributação? quadro 8 do anexo G (ver figura).
Na maioria dos casos, se optar pela tributação autónoma, pagará
Qualquer venda de uma posição contratual ou de menos imposto. A razão é simples: a taxa de 10%, aplicada
outros direitos relativos a bens imóveis, desde que na tributação autónoma, é inferior à taxa de IRS (a mais baixa
excluídos da sua actividade profissional, passou a ser é de 12%) que seria aplicada no caso do englobamento.
considerada como mais-valia. Como tal, será tributada so-
bre a diferença entre o valor que recebeu e o preço que
teve de pagar pela aquisição de direitos.
A forma de tributação das mais-valias provenientes tributação da mais-valia: através de uma tributação autóno-
da venda de acções, obrigações e warrants, en- ma de 10% sobre o seu valor ou por meio do seu en-
tre outros, sofreu alterações. As acções detidas em seu globamento aos restantes rendimentos (ver caixa em baixo).
poder durante mais de 12 meses continuam isentas de No caso de acções adquiridas e vendidas em 12 meses,
tributação, devendo ser indicadas no anexo G1. seja qual for a forma de tributação escolhida, terá de de-
Se manteve acções durante mais de 12 meses, não pa- clarar o ganho (ou perda) no quadro 8 do anexo G.
gará imposto sobre as mais-valias. Mas terá de as de-
clarar no anexo G1. Pelo contrário, caso tivesse vendido Além disso, o fisco concede uma benesse: se o
com ganho as acções, antes de completar 12 meses após saldo apurado da mais-valia for inferior a 2 500
a compra, teria de pagar imposto. O cálculo da mais-valia euros, o titular das acções não pagará imposto sobre es-
é efectuado de acordo com a fórmula do quadro 9. sa mais-valia. O fisco é que faz as contas, atribuindo este
Quanto a estas acções, poderá optar por duas formas de benefício automaticamente.
rias
Mas se a tributação autónoma das mais-valias parece ser mais – teve um saldo positivo e perdas dos dois últimos anos que
vantajosa, porquê colocar a opção pelo englobamento? Esta possam ser reportadas.
opção só é aconselhável quando se verificar um saldo negati-
vo (um prejuízo) entre as mais-valias e as menos-valias obti- Como declarar a mais-valia?
das. Ou seja, se a diferença entre o valor de venda e o valor Se, em 2002, vendeu títulos mobiliários, terá de entregar o
de compra for negativa, caso o contribuinte opte pelo en- anexo G (menos de doze meses) ou G1 (mais de doze
globamento, poderá reportar, nos dois anos seguintes, esse meses).
saldo negativo aos rendimentos da categoria G.
Se, em 2002, vendeu títulos mobiliários e teve um saldo negativo Se tiver vendido acções detidas em seu poder durante
de 100 euros, por exemplo, terá todo o interesse em optar pe- menos de doze meses, deverá preencher o quadro 8
lo englobamento, visto que em 2003 (ou ainda em 2004) poderá do anexo G, onde terá de identificar os títulos vendidos, bem
deduzir essa perda aos rendimentos da mesma categoria desse como o seu valor de compra e venda. Nas despesas e en-
ano. Se, em 2002, obtiver uma mais-valia de 150 euros, de- cargos com a venda, poderão ser incluídas as comissões, as
verá optar pelo englobamento, de forma a deduzir a perda do taxas de bolsa e de corretagem. Não se esqueça de indicar
ano anterior. se opta pelo englobamento ou pela tributação autónoma.
Assim, o valor que terá de englobar, na declaração a entregar
em 2003, é de 150 euros. No entanto, o fisco fará, automati- No caso de vender acções detidas por si há mais de doze
camente, uma dedução de 100 euros relativa à menos-valia do meses, deverá preencher o anexo G1, identificando, no quadro
ano anterior. 3, o bem, a data de compra, de venda e os valores pelos quais
as transacções foram efectuadas.
Qual a melhor opção?
Regra geral, a melhor opção é a tributação autónoma. Porém, Se tiver uma menos-valia dos dois últimos anos que
deverá optar pelo englobamento, se no ano a que respeita a queira reportar, para que possa ser deduzida à mais-
declaração de rendimentos: -valia agora realizada, não precisa de indicar nada na sua de-
– teve um saldo negativo entre as mais-valias e as menos- claração de IRS. Desde que opte pelo englobamento, será a
-valias; própria Direcção-Geral dos Impostos a deduzir o prejuízo.
Quadro 8 do anexo G.
Manifestações de fortuna
Pensões
75 Obrigações declarativas
Este ano recebi uma herança. Com uma parte,
comprei uma propriedade de 350 mil euros. Como
estou desempregado, devo declará-la ao fisco? 77
Eu e a minha esposa estamos reformados e ape-
Sempre que o contribuinte manifeste traços de riqueza (co- nas recebemos uma pequena pensão, no valor
mo os do quadro 11) ou declare rendimentos que ficam de 300 euros por mês cada um. Nunca en-
muito aquém do seu padrão de vida, o Director-Geral dos tregámos a declaração de IRS, porque disse-
Impostos pode sujeitá-lo a uma avaliação indirecta dos ram-me que não é preciso. Será que continua-
seus rendimentos. mos dispensados de entregar a declaração?
A prova em como os rendimentos declarados cor- No seu caso, sim. Os contribuintes que durante
respondem à realidade é da responsabilidade do 2002 APENAS tenham recebido pensões (rendi-
contribuinte, que terá de demonstrar que a sua fortuna tem mentos da categoria H) de montante inferior a € 4 872,14,
outra origem: por exemplo, herança ou doação ou rendi- quando solteiros, e a € 9 744,28, quando casados, estão
mentos que não esteja obrigado a declarar (como os de- dispensados de entregar a declaração de IRS.
pósitos bancários) e recurso ao crédito, entre outros.
Se esta prova não for apresentada, o rendimento determinado
pelo fisco será tributado por inclusão na categoria G. 78
Por decisão do tribunal, o meu ex-marido paga-
No caso de ser sujeito a uma inspecção e se não provar -me, todos os meses, uma pensão de alimentos.
que o rendimento que permitiu a obtenção dessa pro- Serei obrigada a declará-la?
priedade veio de uma herança, o fisco irá efectuar as
seguintes contas: As pensões de alimentos, quando decretadas por um tribu-
– valor de aquisição do imóvel = 350 mil euros; nal ou resultantes de um acordo homologado judicialmente,
– rendimento padrão = 20% de 350 mil euros. Assim, o va- têm de ser declaradas.
lor sujeito a tributação seria de 70 mil euros.
O valor total da pensão de alimentos recebida,
Se não concordar com o valor encontrado, poderá juntamente com os restantes rendimentos da ca-
recorrer para o tribunal tributário. Assim, o paga- tegoria H (caso existam), deve ser declarado no campo
mento do imposto fica suspenso até nova decisão. Este re- 211 do quadro 12 (ver figura da página seguinte).
curso deverá ser apresentado no prazo de 10 dias, a con-
tar da data de notificação. Não precisa de um advogado, Se a pensão de alimentos for paga voluntariamente
mas tem de indicar as razões pelas quais discorda da apli- (um filho que dá todos os meses uma pequena
cação deste método, além de apresentar documentos para quantia monetária à sua mãe idosa idosa, por exemplo),
provar que tem razão. quem a recebe não tem de declará-la, pois a sua atribuição
não decorre de uma decisão do tribunal.
Por outro lado, quem a paga também não pode abatê-la
Rendimentos de jogo aos seus rendimentos.
76 79
Ganhei dois mil euros num concurso televisivo. Gostaria de saber se tenho de incluir na minha
Um amigo disse-me que tenho de declarar este declaração a pensão de alimentos que o meu
rendimento? É mesmo verdade? ex-marido paga para o nosso filho menor, a meu
cargo, por decisão do tribunal. Na prática, este
A partir de 2001, os prémios de lotarias, rifas, apos- rendimento não me é destinado, mas ao meu fi-
tas mútuas, totobola, loto, bingo, sorteios e con- lho, de modo a pagar a escola que frequenta.
cursos passaram a integrar a categoria G de rendimentos.
Como já referimos, os contribuintes que recebem uma pen-
Este rendimento não tem de ser declarado. Na altura em são de alimentos decretada por tribunal são obrigados a
que os coloca à disposição, a entidade devedora é obri- declará-la.
gada a deduzir uma taxa liberatória de 35% nos prémios de Neste caso, embora a pensão não esteja a ser paga direc-
rifas, totoloto, jogo de loto, sorteios e concursos e 25% nos tamente ao contribuinte, destina-se a um dos membros do
prémios de lotarias, apostas mútuas desportivas e bingo. seu agregado familiar.
Embora as declarações de IRS tenham campos para os Ora vejamos um exemplo: em 2002, o Sr. Filipe obtém
rendimentos dos dependentes, o valor da pensão deve rendimentos da pré-reforma acordada há dois anos no va-
ser incluído na coluna dos rendimentos do sujeito passi- lor de 10 mil euros. Assim, somente € 2 194,40 (€ 10 000,00
vo A ou B relativos a pensões (categoria H). Os campos – € 7 805,60) estarão sujeitos a imposto. Já a D. Otília que,
para os rendimentos dos dependentes só devem ser uti- em 2002, obtém o mesmo rendimento, mas só, em 2001,
lizados quando estes já têm um número de contribuinte. conseguiu o acordo com a sua empresa, será tributada
sobre € 6 993,19 (€ 10 000,00 – € 3 006,81).
82
A retenção na fonte também é feita sobre os
rendimentos da categoria H?
Deduções específicas
Abatimentos
83
Como sou pensionista, terei direito a alguma
dedução específica? 85
Quando me divorciei, o tribunal decretou que
Os titulares de rendimentos da categoria H beneficiam eu ficasse a pagar uma pensão de alimentos à
de uma dedução específica, no valor de € 7 805,60. Se minha filha, no valor de 200 euros. Porém,
o rendimento de pensões for inferior a este montante, a desde há alguns meses, tenho estado a pagar
dedução específica será igual à totalidade desse rendi- mais do que aquilo a que sou obrigado. Já ou-
mento. vi dizer que somente poderei deduzir o mon-
Por outro lado, o limite será elevado em 30% (€ 10 147,28), tante decidido pelo tribunal e nada mais. O que
no caso de um titular cujo grau de invalidez permanente, posso fazer para que a administração fiscal re-
devidamente comprovado, seja igual ou superior a 60%. conheça, como abatimento, a totalidade do va-
Tomemos como exemplo o Sr. Mário, que, em 2002, lor que pago?
recebeu 12 500 euros referentes a pensões (não obteve
mais rendimentos). Apenas o valor decidido pelo tribunal pode ser deduzi-
do aos seus rendimentos, como abatimento referente a
O Sr. Mário deve preencher a declaração mode- pensão de alimentos. Ou seja, os montantes que ultra-
lo 3. O fisco fará os seguintes cálculos: passam o valor fixado pelo tribunal não serão aceites pe-
Pensão – dedução específica = rendimento líquido da ca- lo fisco.
tegoria H: € 12 500,00 – € 7 805,60 = € 4 694,40. O rendi- Trata-se de uma despesa que poderá ser deduzida, is-
mento líquido da categoria H do Sr. Mário é de € 4 694,40. to é, “descontada” ao rendimento líquido sujeito a im-
posto. Na prática, se guardar o recibo dessa despesa,
Dado que o fisco calcula automaticamente o valor desta pagará menos imposto.
dedução específica, o leitor não precisa de indicar o va-
lor da mesma. Deverá indicar os montantes pagos que estejam
dentro dos limites fixados pelo tribunal no campo
As quotizações sindicais podem ser deduzidas 229 do quadro 15 do modelo 3.
pelos reformados da mesma forma e com os mes-
mos limites aplicados aos trabalhadores dependentes. Embora, na maioria dos casos, a sentença judi-
cial já preveja a actualização anual da pensão de
alimentos (de acordo com a taxa de inflação publicada
84 pelo Instituto Nacional de Estatística ou por indexação
Tenho um grau de invalidez igual a 75%. Ten- ao aumento de quem fica a pagá-la), o contribuinte poderá
do como único rendimento a pensão de refor- optar por pagar mais do que estava legalmente estipu-
ma, posso beneficiar de alguma redução no lado.
IRS?
Para que este aumento voluntário do valor da pen-
30% dos rendimentos da categoria H auferidos por su- são seja reconhecido pelo fisco, é preciso que o
jeitos passivos com uma deficiência de grau igual a 60% tribunal o homologue através de uma nova sentença.
e até 79% estão isentos de tributação, até ao limite de Esta deverá reconhecer um novo valor para a pensão de
€ 7 626,22 ou € 10 137,54, para os deficientes das Forças alimentos.
Armadas.
Para os sujeitos passivos com um grau de invalidez igual Assim, as partes interessadas deverão chegar a
ou superior a 80%, os limites acima referidos aumentam acordo em relação ao novo valor da pensão, in-
para € 8 770,15 e € 11 658,17, respectivamente. dicar os motivos que levam à decisão, demonstrar a
Assim, supondo que, em 2002, recebeu 20 mil euros de proporcionalidade entre o que quem paga aufere e o que
pensão de reforma, o seu rendimento líquido da catego- o beneficiário receberá e, em requerimento dirigido ao
ria H será calculado da seguinte forma: Rendimento bru- juiz do tribunal da área da residência do requerente (que
to – (rendimento bruto x 30%) – dedução específica para será o beneficiado), pedir a homologação daquele.
deficientes = rendimento líquido: 20 mil euros – (20 mil
euros x 30%) – € 7 626,22 = € 6 373,78. A homologação do acordo por parte do tribunal
corresponderá à nova sentença. Por sua vez, es-
Para usufruir deste benefício, terá de mencionar o ta servirá para confirmar o novo valor da pensão de ali-
grau de invalidez, no quadro 8 A ou 8 B do mo- mentos, o qual, para a administração fiscal, só terá efeito
delo 3 e colocar o rendimento total no quadro 12 da a partir da data da sentença de actualização (não tem
declaração. efeitos retroactivos).
Quadro 12
Tabela prática de cálculo do IRS
Rendimento colectável (1) Taxa (%) Parcela a abater (€)
euros (€) Continente Madeira Açores Continente Madeira Açores
Menos de 4 100,12 12 10 9,6 0,00 0,00 0,00
Entre 4 100,13 e 6 201,42 14 12 11,2 82,00 82,00 65,60
Entre 6 201,43 e 15 375,45 24 23 19,2 702,14 764,16 561,72
Entre 15 375,46 e 35 363,52 34 33 27,2 2 239,69 2 301,70 1 791,75
Entre 35 363,53 e 51 251,48 38 37 30,4 3 654,23 3 716,24 2 923,38
Mais de 51 251,48 40 39 32 4 679,26 4 741,27 3 743,41
(1) Depois de dividido pelo quociente conjugal. A divisão por 2 é efectuada no caso de casados, unidos de facto ou a viver em economia comum.
Quadro 13
Exemplo de cálculo de IRS
Casal sem dependentes que aufere rendimentos da categoria A. Para se aplicar a taxa
de imposto, o rendimento colectável será dividido pelo quociente conjugal
euros (€)
(1) Rendimento bruto 40 000,00
(2) Deduções específicas 6 013,64
(3) Rendimento líquido (1) – (2) 33 986,36
(4) Abatimentos 0,00
(5) Rendimento colectável (3) – (4) 33 986,36
(6) Rendimento colectável ÷ quociente conjugal (5) ÷ 2,00 16 993,18
(7) Taxa 34%
(8) Aplicação da taxa (6) x (7) 5 777,68
(9) Parcela a abater 2 239,69
(10) Apuramento (8) – (9) 3 537,99
(11) Colecta (10) x 2 7 075,98
(12) Deduções à colecta 348,02
(13) IRS liquidado (11) – (12) 6 727,96
(14) Retenções na fonte 7 382,21
(15) IRS a receber (13) – (14) 654,25
Deduções à colecta
Tal como no ano passado e partindo do princípio que este – € 174,01 por cada sujeito passivo, casado, unido ou se-
capítulo é o que mais interessa à maioria dos leitores, volta- parado de facto;
mos a dar-lhe o destaque merecido. Para o ajudar a com- – € 278,41 por cada sujeito passivo nas famílias só com
preender melhor as deduções à colecta, dividimos este um progenitor (pai ou mãe);
capítulo em sete partes: – € 139,20 por cada filho;
• Deduções à colecta relacionadas com a composição do – € 174,01 por cada ascendente a viver em economia co-
agregado familiar; mum com o sujeito passivo, desde que não aufira um rendi-
• Deduções à colecta por despesas efectuadas, por exem- mento superior à pensão social mínima do regime geral
plo, com a saúde ou a educação; (€ 189,54, ou seja, € 2 653,56 por ano).
• Deduções à colecta pelo investimento em produtos com
benefícios fiscais; Os limites acima indicados (excepto os relativos
• Despesas com equipamento informático, energias reno- aos ascendentes) são elevados em 50%, quando
váveis e aconselhamento jurídico; os contribuintes ou os seus dependentes tiverem um grau
• Deduções à colecta por dupla tributação; de invalidez permanente igual ou superior a 60%.
• Deduções à colecta por donativos;
• Outros benefícios fiscais. Cada ascendente não pode ser incluído em mais
do que um agregado familiar.
89 92
Tive em 2002 algumas despesas de saúde. Caso tenha o respectivo recibo, poderei deduzir
Porém, como estiveram sujeitas a uma taxa de no IRS as importâncias gastas com fraldas
IVA de 19%, julgo que o fisco não as aceita. descartáveis compradas em farmácias?
Não é bem assim. As despesas de saúde sobre as quais Não podem ser deduzidas no IRS as despesas com
tenha incidido uma taxa de IVA superior a 5% (alguns produtos sem propriedades exclusivamente preventivas,
medicamentos, por exemplo) serão geralmente aceites pe- curativas ou de reabilitação, tais como cosméticos ou ou-
lo fisco, desde que sejam justificadas através de receita tros produtos, ditos de higiene, excepto quando receita-
médica. dos por um médico (ver caixa Quais as despesas de
Se for esse o caso do leitor, 30% das referidas despesas saúde que posso deduzir?). Assim, as fraldas (mesmo
poderão ser deduzidas à colecta, até ao limite de € 53,81 compradas na farmácia) não são aceites pelo fisco.
ou de 2,5% do valor total correspondente aos encargos Porém, se o uso e consumo de tais produtos forem recei-
de saúde isentos de IVA ou sujeitos a uma taxa de 5%. tados por um médico, poderá deduzir à colecta 30% do
seu valor (até ao limite de € 53,81, pois estão sujeitas a
Deverá indicar a totalidade destas despesas no 19% de IVA, como vimos na questão 89), se tiver os res-
campo 231 do quadro 15 (modelo 3). pectivos recibos ou facturas.
90 93
Devido à sua idade avançada e em consequência Uma vez que sofro da coluna, comprei um col-
de uma queda, o meu pai está internado num lar chão ortopédico. Será que posso inscrever a
de idosos a fim de recuperar. Posso deduzir as quantia despendida como despesa de saúde na
despesas efectuadas com o lar? minha declaração de IRS?
Sim, desde que o rendimento do seu pai seja Se o colchão tiver sido receitado por um médico, o dinhei-
inferior ao salário mínimo nacional mais elevado ro que gastou será aceite, pelo fisco, como despesa de
(€ 348,01). O contribuinte pode, então, deduzir à colec- saúde. Mesmo assim, saiba que, em caso de uma inspec-
ta 25% das importâncias despendidas com lares e insti- ção tributária, o fisco irá averiguar se o colchão ortopédico
tuições de apoio à terceira idade, relativas a si ou ao seu é mesmo um bem necessário para o seu problema de
cônjuge, aos seus ascendentes (pais, avós) ou aos co- saúde. Para outro tipo de bens, como, por exemplo,
laterais até ao terceiro grau (irmãos, sobrinhos, tios), até cadeiras, almofadas, desumidificadores, aspiradores,
ao limite de € 303,41. aparelhos de ar condicionado, de musculação e ba-
nheiras de hidromassagem, também se aplica esta situa-
A dedução relativa a encargos com lares, em con- ção (ver, a propósito, a Dinheiro & Direitos n.° 38, de
junto com as deduções à colecta relativas à educa- Fevereiro/Março de 2000).
ção (que veremos mais à frente), não pode ultrapassar
os € 697,03, acrescida, no caso de três ou mais depen- Se a compra respeitar as condições acima referi-
dentes, de € 104,40 por cada, relativamente aos quais das e estiver sujeita a uma taxa de IVA superior a
tenha havido despesas de educação (ver questão 97). 5%, deverá indicar a quantia despendida no campo 231
do quadro 15 (modelo 3).
Para reduzir a factura, indique a totalidade destas
despesas no campo 233 do quadro 15 do mode- Se a taxa de IVA for de 5% ou estiver isento, faça
lo 3 (ver figura da página 57). o mesmo, mas no campo 230 do quadro 15.
Neste caso, não precisa de receita médica.
91
Devido ao meu grau de invalidez, não me con- 94
sigo deslocar sozinho. Na ausência do meu fi- Ainda há pouco tempo, tive de começar a usar
lho, há uma pessoa que me ajuda, a quem pa- óculos. Os encargos com esta compra são
go 250 euros por mês. Posso deduzir este mon- considerados pelo fisco como despesas de
tante? saúde?
O contribuinte pode deduzir à colecta 30% dos encar- Não pode, dado que as quotas dos serviços privados de
gos com meios de correcção visual (óculos e lentes de médicos ao domicílio não são consideradas, pelo fisco,
contacto), desde que comprovados pelo original da pres- como despesas de saúde, nem como contribuições para
crição médica, datado e assinado por um optometrista sistemas facultativos da Segurança Social.
legalmente habilitado a exercer a sua profissão, e pela
factura-recibo onde esteja discriminado o meio de cor-
recção adquirido. O mesmo se aplica aos óculos de sol, 96
quando receitados por um médico. Se tiver um seguro Actualmente, o meu filho está a frequentar uma
de saúde, a parte desta despesa não comparticipada pe- clínica de recuperação para toxicodependen-
lo mesmo pode ser incluída no IRS. tes. Posso deduzir este encargo no meu IRS
deste ano?
aceites, pelo fisco, como despesas de educação se as es- Se tiver alguma dúvida em relação a um estabelecimen-
colas ou os institutos que as ensinem estiverem integra- to, consulte o organismo pertencente ao Ministério da Edu-
dos no Sistema Nacional de Educação ou forem reco- cação referido na questão 100.
nhecidos, pelos ministérios competentes, como tendo fins
semelhantes aos das escolas que pertencem ao referido Despesas com a habitação
sistema. A integração destes estabelecimentos no Sistema
Nacional de Educação ou o seu reconhecimento como Sempre que houver limites para determinadas despesas,
tendo fins análogos aos restantes deve constar de uma o fisco irá efectuar todos os cálculos. O contribuinte só tem
certificação expressa. de indicar o montante total despendido.
Limite máximo
Dedução
Não casados Casados
30% das despesas de saúde, sujeitas a taxas de IVA superiores a 5%, do sujeito passivo,
do seu agregado familiar ou de ascendentes e colaterais (até ao terceiro grau), € 53,81 (1)
desde que justificadas por prescrição médica
25% dos encargos com lares e instituições de apoio à terceira idade, relativos
aos sujeitos passivos, ascendentes e colaterais (até ao terceiro grau) com rendimentos € 303,41 (2)
inferiores ao salário mínimo
30% das despesas de educação do sujeito passivo e dos seus dependentes € 556,82 (2) (3)
30% das importâncias suportadas a título de renda de imóveis para habitação permanente,
no âmbito de contratos celebrados ao abrigo do Regime do Arrendamento Urbano ou a título
de renda de contratos de locação financeira (leasing) de imóveis para habitação permanente
que não constituam amortizações de capitais
25% das despesas com a aquisição de equipamento informático para uso pessoal e ligação à Net € 179,38
30% das despesas com a compra de equipamento novo para utilizar energias renováveis
€ 700,00
e aparelhos que produzam energia eléctrica ou térmica que funcionem a gás natural
25% dos donativos ao Estado, às regiões autónomas e às autarquias locais Sem limite
(1) O limite de € 53,81 poderá ser elevado para 2,5% das despesas referidas nos três primeiros pontos, se este valor for superior.
(2) O conjunto das deduções à colecta relativas a lares e despesas de educação não poderá ultrapassar os € 697,03, acrescida
da dedução referida na nota seguinte, se for caso disso.
(3) Nos agregados familiares com três ou mais dependentes, o limite referido é elevado em € 104,40 por cada um dos dependentes,
casos os mesmos sejam estudantes e tenham despesas de educação.
(4) Exceptuam-se deste abatimento as amortizações realizadas com dinheiro depositado em contas poupança-habitação.
(5) Este valor poderá ser aumentado em € 35,88 por cada dependente.
contraídos para a aquisição de imóveis destinados a ar- jovens) até ao limite de € 517,64. Para beneficiar desta
rendamento (situados no território nacional), desde que dedução à colecta, é necessário que a casa esteja situ-
sirvam de habitação permanente ao inquilino. ada em território nacional e que sirva de habitação per-
manente.
Para deduzir os referidos montantes, basta indicá- Esta despesa não é cumulativa com a da questão ante-
los no campo 234 do quadro 15 da declaração rior. Se a meio do ano passar de uma casa arrendada
modelo 3 (ver figura da página 57). para uma sua (ou vice-versa), o fisco irá ter em conta a
situação em 31 de Dezembro de 2002, beneficiando da
dedução respectiva.
104
Comprei uma casa através de uma cooperati- O contribuinte deverá indicar o montante gasto no
va de habitação. Poderão as prestações que campo 235 do quadro 15 do modelo 3 (ver figura
pago todos os meses ser consideradas no IRS? da página 57).
de invalidez permanente igual ou superior a 60% e forem As despesas, comissões e outros encargos relacionados
os primeiros beneficiários do seguro, têm direito a de- com a subscrição de um plano de poupança-reforma não
duzir 25% dos prémios de seguro, sem qualquer limite. estão incluídos no valor que pode ser deduzido no IRS.
Basta-lhe referir os montantes no quadro 7 do anexo H, Assim, para efeitos de IRS, só é considerado o montante
indicando o código 707. realmente investido. As importâncias aplicadas num PPR
devem ser indicadas, na totalidade, no quadro 7 do anexo
H (benefícios fiscais), com o código 701.
111
Posso deduzir no IRS os prémios de seguros de
"ocupantes de viaturas" ou "pessoas trans- 113
portadas"? Como tenho um filho a andar na escola, subs-
crever um plano de poupança-educação será
Sim. Por serem seguros de acidentes pessoais e desde uma solução vantajosa?
que os segurados sejam os sujeitos passivos ou os seus
dependentes, podem ser deduzidos à colecta dentro do O benefício fiscal usufruído por esta aplicação é
limite referido na questão 107. Na declaração que as se- idêntico aos dos planos de poupança-reforma,
guradoras enviam, é discriminado o valor a deduzir. aplicando-se o mesmo limite referido na questão anterior.
114 115
Estou a pensar em subscrever uma conta pou- Moro num andar e quero comprar uma garagem
pança-habitação. Qual o benefício fiscal atribuí- situada na cave do meu prédio. Para tal, será
do este ano pelo fisco? que posso utilizar o saldo da minha conta
poupança-habitação?
O leitor poderá deduzir à colecta 25% dos de-
pósitos feitos em cada ano nesta conta, até ao li- Não. O dinheiro da conta poupança-habitação só pode
mite de € 564,28. Para beneficiar desta dedução na sua ser utilizado em despesas de construção de garagens,
totalidade, este nosso leitor terá de investir, pelo menos, despensas e arrumos destinados ao uso exclusivo do con-
€ 2 257,12. tribuinte e do seu agregado familiar e que, simultanea-
mente, façam parte do mesmo registo na matriz predial.
Na declaração modelo 3, deve indicar o valor total das No entanto, se, por exemplo, morasse numa vivenda e
entregas efectuadas. Por exemplo, se aplicou 2 750 eu- decidisse construir uma garagem anexa à casa, já poderia
ros, esse será o valor a indicar. Contudo, apenas 25% de utilizar o saldo da referida conta.
€ 2 257,12 serão deduzidos, pelo fisco, ao seu rendi-
mento (os tais € 564,28).
116
Os montantes aplicados nestas contas, em nome de qual- Como quero comprar uma casa nova, celebrei
quer membro do agregado familiar, também poderão ser com uma cooperativa de habitação um contrato
deduzidos à colecta do contribuinte, dentro do mesmo para a aquisição de uma que só estará pronta
limite referido. daqui a dois anos. Posso usufruir de algum bene-
fício fiscal?
Assim, se abrir uma conta poupança-habitação em nome
de um dos seus filhos que ainda seja considerado como Sim. De facto, se tem efectuado entregas para a
dependente, os montantes aí aplicados poderão ser de- cooperativa de habitação (ou construção) com vista
duzidos ao seu rendimento colectável. à aquisição de uma casa (construção, recuperação ou
Quadro 16
Deduções à colecta por benefícios fiscais
Existem vários produtos financeiros com vantagens e bene- Isto dá um total de 2 500 euros, valor que o Sr. Álvaro terá
fícios fiscais (ver quadro 16). Uma característica comum a de declarar como rendimento de capitais.
todos estes produtos é a possibilidade de deduzir os mon- Porém, o montante relativo a 1998 terá de ser indicado no
tantes aplicados à colecta do IRS. campo 05 do quadro 11 do anexo H (benefícios fiscais),
Contudo, para usufruir destes benefícios, o contribuinte tem na alínea “ao rendimento”, enquanto que os montantes
de respeitar as condições a que a sua concessão está su- referentes aos restantes três anos serão incluídos no mes-
jeita. Ou seja, não basta investir para poupar nos impos- mo campo, mas na alínea “à colecta”. Isto porque, a par-
tos. A concessão dos benefícios fiscais está condicionada tir de 1999, estes montantes passaram a ser deduzidos à
ao respeito de um conjunto de pressupostos (ver quadro colecta, em vez de abatidos ao rendimento (ver figura).
18, na página 56). Por exemplo, o dinheiro aplicado numa Também pode utilizar o quadro 17 para calcular a pena-
conta poupança-habitação só deverá ser utilizado na com- lização fiscal por reembolso antecipado de todos os pro-
pra, construção, beneficiação ou ampliação de imóveis para dutos que permitem obter benefícios fiscais.
habitação própria e permanente ou para arrendamento (ou
ainda para a amortização de empréstimos contraídos para O valor da penalização fiscal, calculado pelo contri-
as mesmas finalidades). buinte, deve ser indicado no quadro 11 do anexo H.
Se não respeitar as regras do jogo, terá de declarar, Os contribuintes que, em 2002, tenham resgatado antecipa-
como rendimento de capitais, o valor dos montantes damente aplicações com benefícios fiscais têm de entre-
deduzidos, nos anos anteriores, acrescidos de 10%. Esta gar o anexo H, acrescentando estas importâncias ao rendi-
percentagem será multiplicada pelo número de anos em mento ou à colecta, consoante a forma como foram ini-
que o benefício fiscal foi usufruído (ver quadro 17). cialmente deduzidas (antes ou depois de 1999).
Imaginemos o seguinte exemplo: em 2002, o Sr. Álvaro mo- Na altura do fecho desta edição, o fisco preparava-se para
bilizou, para uma finalidade que não a prevista (comprar impedir que quem não tenha cumprido as suas obrigações
um carro), o saldo da conta poupança-habitação que tinha perante o fisco e a Segurança Social não possa usufruir de
há quatro anos. benefícios fiscais.
Durante cada um destes anos, o Sr. Álvaro aplicou e, por-
tanto, deduziu ao seu IRS 500 euros por ano. Quadro 17
Como utilizou irregularmente o saldo daquela conta, na sua Resgate antecipado
declaração de rendimentos de 2002 (entregue em 2003), de produtos com benefícios fiscais:
terá de incluir os montantes deduzidos nos anos anteriores, factores de penalização (1)
acrescidos de 10% por cada ano. Ano Factor Ano Factor
de aplicação de penalização de aplicação de penalização
Para calcular o valor a declarar, poderá utilizar o quadro
17. Basta multiplicar o valor de cada uma das suas de- 1993 1,9 1998 1,4
duções fiscais, nos respectivos anos, pelo factor de pe- 1994 1,8 1999 1,3
nalização. Vejamos novamente o exemplo do Sr. Álvaro: 1995 1,7 2000 1,2
1996 1,6 2001 1,1
– 1998: 500 euros x 1,4 = 700 euros;
1997 1,5 2002 -
– 1999: 500 euros x 1,3 = 650 euros;
– 2000: 500 euros x 1,2 = 600 euros; (1) Para calcular o valor que terá de declarar ao fisco (deduções + penalizações),
basta multiplicar o factor de penalização pelos montantes deduzidos em cada
– 2001: 500 euros x 1,1 = 550 euros. ano e somá-los.
Quadro 11 do anexo H.
Estas contas poderão ser constituídas em contas dos à colecta 7,5% dos montantes aplicados, com o lim-
conjuntas, desde que o primeiro titular seja refor- ite de € 256,38, para não casados, ou de € 512,76, para
mado e os restantes titulares sejam os filhos ou o côn- casados.
juge. No entanto, ninguém pode ser titular de mais de Para ter direito à dedução máxima, terá de investir
uma conta poupança-reformado. € 3 418,43, se não for casado, ou € 6 836,85, se o for.
Acções e planos de poupança em acções O montante total investido deve ser indicado no
quadro 7 do anexo H, com o código 704.
O montante total investido nesta situação deve ser Este ano, os custos de ligação à Internet passaram
indicado no quadro 7 do anexo H, com o código a ser incluídos nesta dedução.
703 (ver figura em baixo).
Não se esqueça de inscrever a quantia que de-
Caso as acções sejam adquiridas por traba- sembolsou no quadro 7 do anexo H, indicando o
lhadores da empresa privatizada, serão deduzi- respectivo código 708.
Quadro 7 do anexo H.
Quadro 18
Condições para o resgate das aplicações com benefícios fiscais (1)
Prazo mínimo Condições para movimentar o dinheiro
Tipo de aplicação de aplicação depois de terminado o prazo mínimo de aplicação
Período de indisponibilidade
Acções adquiridas
(3 meses, normalmente), Sem restrições de qualquer ordem
numa Oferta Pública de Venda
se existir
(1) Se não respeitar estas condições, terá de declarar, como rendimentos, os montantes dos benefícios fiscais usufruídos, acrescidos de 10% por cada ano em que deles usufruiu.
(2) Verificando-se esta condição, o prazo mínimo da aplicação não tem de ser cumprido.
124
Decidi contribuir com uma ajuda de 250 euros lares de solidariedade social, bem como nas organizações
para uma instituição privada de solidariedade legalmente equiparadas". Assim, e como o montante doa-
que actua em Moçambique. Este donativo pode do tem nesta situação um acréscimo de 30%, o valor que
ser deduzido no IRS? deverá inscrever será de € 325, que resultam da seguinte
fórmula: € 250 x 130% = € 325. Destes, o fisco só irá con-
Sim, desde que tenha um recibo com o montante da oferta siderar € 81,25 (€ 325 x 25% = € 81,25).
e a menção "a título de donativo". Se utilizou as caixas multi- E, já agora, saiba que os donativos concedidos a organis-
banco, guarde o talão, já que este será o comprovativo mos religiosos, museus, bibliotecas, escolas, creches,
para efeitos fiscais. Além disso, o fisco só aceita os do- jardins-de-infância e entidades que desenvolvam acções
nativos entregues às entidades públicas ou privadas, cu- no âmbito da produção literária, teatro, bailado e música
ja actividade consista na realização de iniciativas nas áreas também podem ser deduzidos, acrescidos de 30%, até
social, cultural, ambiental, científica ou tecnológica, des- ao limite máximo de 15% da colecta do contribuinte.
portiva e educacional.
Se o donativo for efectuado ao Estado, às regiões autóno-
25% dos donativos podem ser deduzidos, até ao mas, às autarquias locais, associações de municípios e
limite máximo de 15% da colecta. Para tal, terá de de freguesias ou a fundações, não se aplica o referido li-
indicar o montante doado acrescido da percentagem cor- mite de 15% da colecta. O fisco irá considerar 25% do
respondente no campo 04 do quadro 8 do anexo H. montante doado.
Neste caso, o contribuinte não tem de adicionar a percenta-
No seu caso, a organização para a qual ofereceu gem correspondente, consoante a instituição a que é feita
o dinheiro enquadra-se nas "instituições particu- a dedução.
Quadro 15 do modelo 3.
Que entidades são consideradas pelo fisco como tendo desenvolvam acções no âmbito do teatro, da dança, da músi-
interesse social, ambiental, cultural, científico ou tecnológico ca, da organização de festivais e outras manifestações artís-
e desportivo? ticas e da produção cinematográfica, audiovisual e literária;
• SEM NECESSIDADE de reconhecimento prévio: – museus, bibliotecas e arquivos históricos e documentais;
– o Estado, as regiões autónomas, as autarquias locais e – organizações ambientais não governamentais;
qualquer dos seus serviços, estabelecimentos e organismos; – instituições que se dediquem à actividade científica ou
– associações de municípios e de freguesias; tecnológica;
– fundações em que o Estado, as regiões autónomas ou – o Comité Olímpico de Portugal, as organizações com es-
as autarquias locais participem no património inicial; tatuto de utilidade pública desportiva, as associações pro-
– fundações de iniciativa exclusivamente privada que prossigam motoras do desporto e as associações dotadas do estatuto
fins de natureza predominantemente social ou cultural. de utilidade pública que tenham como objecto o fomento
Nesta situação, se as instituições tiverem fins sociais, o e a prática de actividades desportivas, com excepção das
fisco considera 140% do donativo. Se tiverem fins culturais, secções participantes em competições desportivas de na-
ambientais, científicos, tecnológicos, desportivos ou educa- tureza profissional;
tivos, o fisco tomará em conta 120% do valor em causa. – estabelecimentos de ensino onde se ministrem cursos
• Os donativos concedidos às seguintes instituições são legalmente reconhecidos pelo Ministério da Educação;
considerados em 130% do seu valor: – instituições responsáveis pela organização de feiras uni-
– instituições particulares de solidariedade social, bem como versais ou mundiais, nos termos a definir por resolução do
as organizações legalmente equiparadas; Conselho de Ministros.
– organizações de utilidade pública que prossigam fins de • Por sua vez, se o donativo for concedido às instituições
caridade, assistência, beneficência e solidariedade social que se seguem, o fisco terá em conta 140% do seu valor:
e cooperativas de solidariedade social; – entidades que desenvolvam actividades de apoio à in-
COM NECESSIDADE de reconhecimento prévio (só se o fância ou à terceira idade;
valor do donativo for superior a € 498,80): – entidades que levem a cabo actividades de apoio e trata-
– centros de cultura e desporto organizados nos termos dos mento de toxicodependentes ou de doentes com sida, com
estatutos do INATEL; cancro ou diabetes;
– igrejas, instituições religiosas ou organizações sem fins – entidades que promovam iniciativas dirigidas à criação
lucrativos, pertencentes a confissões religiosas. de oportunidades de trabalho e de reinserção social de
• Para donativos atribuídos às seguintes instituições, o fisco pessoas, famílias ou grupos em situações de exclusão ou
considera 120% do montante em causa: risco de exclusão social, no âmbito do rendimento mínimo
– cooperativas culturais, institutos, fundações e associações garantido, de programas de luta contra a pobreza ou de
que prossigam actividades de investigação, de cultura e de programas e medidas adoptadas no contexto do mercado
defesa do património histórico-cultural e outras entidades que social de emprego.
Para saber quais as entidades que o fisco considera de As remunerações recebidas no âmbito de acordos
interesse social, ambiental, cultural, científico ou tec- celebrados com a intervenção do Estado Português es-
nológico e desportivo, consulte a caixa de cima. tão isentas de IRS. Porém, é obrigatório englobar a to-
talidade das remunerações, para calcular a taxa de
Se o valor do seu donativo for superior a € 498,80, imposto.
para que este seja considerado pelo fisco, é pre-
ciso um reconhecimento prévio da instituição em causa Assim, estes rendimentos devem ser declarados
por despacho do Ministério das Finanças e da tutela. no quadro 4 do anexo H. Não se esqueça de
inscrever o código 6.
Outros benefícios fiscais
Se não houver acordo de cooperação e o contribuinte es-
tiver deslocado no estrangeiro ao serviço de empresas
125 que tenham celebrado contratos de interesse nacional
Em 2002, estive em Timor como cooperante, com entidades estrangeiras, a referida isenção terá de
onde recebi 25 mil euros. Tenho de declarar ser pedida através de um requerimento a enviar à repar-
este rendimento? tição de finanças.
Esquema 10
Detectou o erro
Verificou o erro Detectou o erro até 30 dias
mais de 30 dias
antes do final do prazo após o final do prazo
após o final do prazo para
para entregar a declaração para a entrega da declaração
a entrega da declaração
Poderá rectificar
Poderá rectificar o erro Poderá entregar uma o erro através
através da entrega de uma declaração de uma declaração
Poderá entregar uma declaração
declaração de substituição, de substituição, até de substituição
de substituição, durante os primeiros
ainda durante este 60 dias antes do fim até 90 dias, depois
30 dias de atraso (1)
prazo, sem qualquer do prazo de caducidade de receber a nota
penalização (ver questão 128) (1) de liquidação
do IRS (1)
............................................................................................................................................................
O esquema simplificado que apresentamos a seguir RENDIMENTOS BRUTOS DE CADA CATEGORIA -------------------
• Quociente conjugal = =
No cálculo do quociente conjugal, deverá aplicar 2, se for
casado ou unido de facto, e 1, se não o for. APURAMENTO -------------------
• Taxas de imposto
x x
Aqui, deverá indicar a taxa de imposto a aplicar ao seu rendi-
mento colectável. Veja o quadro 14. QUOCIENTE CONJUGAL 1 ou 2
= =
• Deduções à colecta
Neste campo, deverá indicar as deduções à colecta, bem
como os pagamentos por conta e o crédito de imposto, sem- COLECTA TOTAL -------------------
pre que se tenham realizado. – –
• Imposto liquidado
DEDUÇÕES À COLECTA -------------------
O valor apurado representa o imposto que tem de pagar,
relativamente ao ano fiscal de 2002, se não existissem reten- = =
ção na fonte e pagamentos por conta.
IMPOSTO LIQUIDADO -------------------
• Retenções na fonte
Indique, aqui, o valor das retenções na fonte que suportou ao – –
longo do ano, relativas às várias categorias de rendimentos.
RETENÇÕES NA FONTE -------------------
• Valor apurado = =
Se o valor apurado nesta operação for negativo, vai receber
um reembolso de IRS. Se o valor apurado for positivo, terá,
ainda, de pagar esse montante ao fisco. VALOR APURADO -------------------
NÃO RECEBE,
A RECEBER A PAGAR
NEM PAGA (1)
rias numa mesma declaração. Assim, os rendimentos são – ou que desempenhem, no estrangeiro, funções ou comis-
sujeitos a uma única tabela de taxas de imposto. sões ao serviço do Estado Português (embaixadores, por
Existem, no entanto, algumas excepções: os rendimentos exemplo).
de jogos e de contribuintes não residentes nunca podem São ainda consideradas como residentes todas as pessoas
ser englobados, excepto, neste último caso, os rendimentos que constituem o agregado familiar, desde que, pelo
das categorias F (rendimentos prediais) e G (incrementos menos, um dos cônjuges viva em território nacional.
patrimoniais). Da mesma forma, as pessoas que mudem de residência
Liquidação de IRS. É o cálculo do imposto devido pelo para países, territórios ou regiões com um regime fiscal
contribuinte, realizado pelo fisco. mais favorável (os famosos paraísos fiscais) serão con-
Mais-valias. São quaisquer ganhos que resultem da siderados como residentes em Portugal no ano da mu-
venda de um bem ou de um direito, desde que não com- dança e nos quatro seguintes. Se o interessado provar que
preendidos na actividade profissional do contribuinte (uma a mudança se deve ao exercício de uma actividade tem-
casa ou acções, por exemplo). Às perdas, chama-se porária naquele território ou se estiver ao serviço da enti-
menos-valias. dade patronal com residência em Portugal, esta situação
Não residentes. São as pessoas que não estão nas não se aplica.
condições referidas em "Residentes" (ver mais à frente). Retenção na fonte. Os rendimentos das categorias A
Nestes casos, o IRS incide apenas sobre os rendimentos e H, por um lado, e das categorias B, E, F e G, por outro,
obtidos em território português. Os não residentes que estão sujeitos a retenção na fonte. Ou seja, a entidade que
aufiram rendimentos em Portugal são obrigados a nomear paga ou distribui os rendimentos aplica uma taxa de im-
um representante legal que resida em território nacional. posto, que deverá chegar aos cofres do Estado. Nas ca-
Este deve cumprir, perante o fisco, todas as obrigações tegorias A e H, as taxas variam consoante o montante do
relativas ao IRS (por exemplo, entregar a declaração). rendimento. Nas restantes, o valor é, geralmente, de 20%.
Pagamentos por conta. São pagamentos periódicos A expressão "na fonte" resulta do facto de quem paga os
de IRS, efectuados três vezes por ano (em Julho, Setem- rendimentos estar obrigado, no acto do pagamento, a reter
bro e Dezembro), correspondentes ao montante que o fis- uma determinada parcela a título de imposto, de acordo
co pressupõe que determinado contribuinte deverá pagar com as tabelas definidas. Pode pedir à sua entidade pa-
nesse ano. Devem efectuar esses pagamentos os contri- tronal ou à sua repartição de finanças que lhe forneça uma
buintes que tenham rendimentos da categoria B. fotocópia da tabela de retenção na fonte que se aplica ao
Quociente conjugal. Consiste na divisão do rendi- seu caso. Também poderá consultá-las na secção Infote-
mento colectável de um casal (casados, unidos de facto ca do nosso sítio na Internet (www.deco.proteste.pt).
ou a viver em economia comum) por 2, para determinar Separação de facto. Uma pessoa é considerada sepa-
as taxas de imposto a aplicar. No caso de se tratar de um rada de facto se ainda não estiver separada judicialmente
sujeito passivo não casado, divide-se o rendimento colec- (ou seja, se ainda não houver uma decisão do tribunal
tável por 1. nesse sentido) ou se não se tiver divorciado por mútuo
Rendimento bruto. É todo o dinheiro que receberia, se consentimento numa conservatória do registo civil. No que
não pagasse impostos e não descontasse para a Segu- respeita aos abatimentos, deduções à colecta e à não apli-
rança Social. cação do quociente conjugal (ver mais atrás), a entidade
Rendimento colectável. É o montante que resulta de- pagadora equipara o separado de facto a não casado.
pois de feitas as deduções específicas ao rendimento bruto Sujeito passivo. Estão sujeitos a IRS todos os cidadãos
e os abatimentos respectivos à soma dos rendimentos (pessoas singulares) que residam em território português
líquidos das várias categorias. e os não-residentes que nele obtenham rendimentos.
Rendimento líquido. É o montante que se obtém de- Taxa liberatória. Sobre alguns rendimentos, como, por
pois de efectuadas as deduções específicas ao rendi- exemplo, os juros de depósitos a prazo, incidem taxas de
mento bruto. A soma dos rendimentos líquidos das várias imposto, ditas liberatórias. Uma vez aplicadas, o contribuin-
categorias corresponde ao rendimento líquido total. A este te já não precisa de englobar esses rendimentos: o fisco
processo, atribui-se o nome de englobamento dos rendi- retira o dinheiro automaticamente na fonte.
mentos. União de facto. Duas pessoas vivem em união de facto
Residentes. São as pessoas que, em 2002: quando, não sendo casadas, vivem em condições idênticas
– tenham permanecido em Portugal mais de 183 dias, às pessoas que o são. Desde 1999 que, para o fisco, es-
seguidos ou não; tas passaram a ser equiparadas aos casados. Logo, po-
– ou que, tendo permanecido no nosso país por menos dem entregar declarações de IRS conjuntas. Caso não o
tempo, disponham, em 31 de Dezembro de 2002, de habita- façam e tenham dependentes, poderão incluí-los numa
ção em condições que façam supor a intenção de a manter das declarações (é mais vantajoso fazê-lo na declaração
e ocupar como residência habitual; da pessoa com maiores rendimentos). Desde 2001 que
– ou que, em 31 de Dezembro de 2002, sejam tripulantes passou a ser irrelevante o sexo de cada uma das pessoas.
de navios ou aviões ao serviço de entidades com residên- O mesmo acontece para a economia comum, que foi
cia ou sede em território português; equiparada à união de facto.