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DIVISÃO DE ENGENHARIA

ENGENHARIA DE PROCESSAMENTO MINERAL

Relatório de estágio III

ESTUDO PARA OPTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE GERENCIAMENTO E


RECUPERAÇÃO DA ÁGUA PROVENIENTE DA PLANTA DE BENICIAMENTO DO
OURO ALUVIONAR NA EMPRESA CLEAN TECH MINING LDA. – PENHALONGA,
MANICA - 2018

Tete, 2018
Guimss Alexandre

Estudo para optimização do processo de gerenciamento e recuperação da água proveniente


da planta de beniciamento do ouro aluvionar na empresa clean tech mining lda. –
penhalonga, manica - 2018

Trabalho a ser apresentada a Divisão de Engenharia,


curso de Engenharia de Processamento Mineral do
Instituto Superior Politécnico de Tete, para a sua
devida classificação.

Supervisor: MSc. Arsénio Paulo Changanane

Tete, 2018
AGRADECIMENTO

Allah (A Deus):

Por ser um ser supremo de amor, simplicidade, sabedoria, discernimento, força e direcção

Aos Pais e amigos:

Aos Pais que nos deram a vida e nos ensinaram a andar sem medo e cheio de esperança, não
bastaria um muito obrigado.

Aos amigos, colegas Tchemane Azil, Osório de Souda Damião, Gildo Sousa Fernando
,Narengue Chawal e Arsénio Estevão Chiposse pela ajuda e pela força e motivação na realização
deste trabalho.

Aos trabalhados e a empresa Clean Teach Mining

Lovemore, Abu, Felicia pelos ensinamentos dados e momentos que passamos juntos, pelo
espírito da moçambicanidade, por terem nos concebido o estágio.

Aos supervisores:

MSc. Arsénio Changanane por ter tido a paciência, e pela assistência de forma incansável para o
êxito deste trabalho.

Engs. Marquezino Costa Bzintonga e Macdonaldo Chimukoko, por se fazerem serem presentes
nos momentos cruciais, e também pela paciência, ensinamentos, criticas construtivas. Ai vai o
meu muito obrigado.

Em Especial:

A ISPT e ao corpo Docente pelo zelo e determinação na transmissão e consolidação das diversas
técnicas e habilidades acadêmicas para responder as exigências do mercado empresarial.

Meus profundos e sinceros agradecimentos ao Director Geral da empresa Clean Tech Mining,
Lda. Pela motivação e determinação pois sempre esteve presente, incentivando-nos a todo
momento e a todo custo, nos orientando. Os mais sinceros agradecimentos.

I
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de localização do distrito de Manica. .................................................................... 6


Figura 2: Balanço de água Macro . ............................................................................................... 16
Figura 3: Esquema de reaproveitamento de águas . ...................................................................... 20
Figura 4: Esquema de construção de barragem pelo método de montante e jusante .................... 22

II
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Orogenia do distrito de Manica..................................................................................... 11


Tabela 2: Principais impactos ambientais da mineração .............................................................. 14

III
LISTA DE ABREVIATURA

Au – Ouro;

EDM – Electricidade de Moçambique;

Engs – Engenheiros;

EN6 – Estrada Nacional Numero Seis;

ETE – Estacão de Tratamento de Efluentes;

HST – Higiene Segurança no Trabalho;

ha – Hectometro

ISPT – Instituto Superior politécnico de Tete;

Lda – Limitada;

Km – Quilometro;

Km2 – Quilometro quadrado;

m – Metro;

m.a. – Milioes de anos;

mm – milímetros;

No – Número;

NW – Noroeste;

TDM – Telecomunicações de Moçambique;

WE – Oeste;

Xo – Graus;

X´– Minuto;

X´´– Segundos.

IV
RESUMO

A preocupação crescente com o impactodas atividades de mineração sobre o meio ambiente tem
acarretado estudos visando tantoa utilização racional dos recursos hídricos,quanto o tratamento
das águas descartadasdurante o processo de beneficiamento mineral.O presente trabalho
apresenta alguns aspectos relacionados à política e ao gerenciamento dosrecursos hídricos,
abordando também alguns conceitos básicos de hidrogeologia. Processostradicionais e potenciais
para o tratamento daságuas deprocessamento mineral. Para escoamento da polpa com destino a
barragem passa por vários processos de separação e concentração do ouro e depois dessas etapas
a polpa é escoada para hidrociclone para a separação da argila e água, onde a maior parte da
argila é transportada para a pilha de rejeito e a água é bombeada para equipamento de decantação
e depois a água é transportada parabarragem de rejeito. Na barragem de rejeito é onde deposita-
se o material proveniente na planta de beneficiamento com objectivo a separar a água da argila
que escapou dos processos anteriores, para ocorrer esse processo de separação da polpa é
sedimentando as partículas da polpa pelas barragens e recuperando a água por meio de
espessadores artificiais de entulho de rochas com granulometrias variáveis em inúmeras bacias,
sendo as três últimas bacias encontra-se apenas águas estagnadas sem nenhum reaproveitamento,
uma vez que eles dizem que fazem o reuso.

Palavra-chave: Gerenciamento e recuperação da água.

V
ABSTRACT

The growing concern with the impact of the mining activities on the environment has been
carting studies seeking the rational use of the hydrics resources so much, as the treatment of the
discarded waters during the process of mineral improvement. The present work presents some
aspects related to the politics and to the administration of the hydrics resources, approaching also
some basic concepts of hidrogeologe. Traditional and potential processes for the treatment of the
waters of mineral processing. For drainage of the pulp bound for dam goes by several separation
processes and concentration of the gold and after those stages the pulp is drained for
hydrocyclone for the separation of the clay and water, where most of the clay is transported for
the pile of I reject and it longs for is her pumped for decantation equipment and later it longs for
is her transported for dam of tail. In the tailing dam is where the material from the beneficiation
plant is deposited with the purpose of separating the water from the clay that escaped from the
previous processes, to occur this process of separation of the pulp is sedimenting the particles of
the pulp through the dams and recovering the water by means of artificial thickeners of rocks
with variable granulometry in numerous basins, the last three basins being only stagnant waters
without any reuse, once they say they do the reuse.

Key-word: Water management and recovery.

VI
ÍNDICE

AGRADECIMENTO ....................................................................................................................... I

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................... II

LISTA DE ABREVIATURA ....................................................................................................... IV

RESUMO ....................................................................................................................................... V

ABSTRACT .................................................................................................................................. VI

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

1.1 Problematização .................................................................................................................... 2

1.2. Justificativa .......................................................................................................................... 3

1.3. Objectivo .............................................................................................................................. 4

1.3.1. Objectivo geral .............................................................................................................. 4

1.3.2. Objectivos específicos .................................................................................................. 4

1.4. Hipóteses .............................................................................................................................. 5

1.5. Características físico-geográficas da região......................................................................... 6

1.5.1. Localização Geográfica da área ........................................................................................ 6

1.5.2. Relevo ............................................................................................................................... 7

1.5.3. Clima ................................................................................................................................. 7

1.5.4. Flora .................................................................................................................................. 7

1.5.5. Fauna ................................................................................................................................. 8

1.5.6. Vias de Acesso e de Comunicação ................................................................................... 8

1.5.7. Geologia da região ............................................................................................................ 8

1.5.7.1. Enquadramento Geológico......................................................................................... 8

1.5.7.2. Estratigrafia ................................................................................................................ 9

1.5.7.3. Magmatismo .............................................................................................................. 9


1.5.7.4. Tectónica .................................................................................................................. 10

1.5.7.5. Geomorfologia ......................................................................................................... 10

1.5.7.6. Hidrogeologia .......................................................................................................... 11

1.5.7.7. Jazigos e Ocorrências Mineiras ............................................................................... 11

1.5.7.8. Situação Mineira ...................................................................................................... 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 12

2.1. Conceitos básicos ............................................................................................................... 12

2.2. Processos de Tratamento de Minérios ............................................................................... 12

2.3. Demanda de Água no Processamento de Minério ............................................................. 14

2.4. Efluentes na Mineração...................................................................................................... 17

2.5. Tipos de Tratamento de Água a Serem Utilizados ............................................................ 17

2.6. Mecanismos para reaproveitamento das águas no processamento Mineral ....................... 19

2.6.1. Barragem de Rejeitos .................................................................................................. 19

2.6.1.1. Método de Montante ................................................................................................ 21

2.6.1.2. Método de Jusante.................................................................................................... 22

2.6.1.3. Decantação ............................................................................................................... 22

3. METODOLOGIA ..................................................................................................................... 24

4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE DE DADOS E DISCUSÃO DOS RESULTADOS .............. 25

4.1. Apresentação ...................................................................................................................... 25

4.1.1. Descrição da planta de beneficiamento....................................................................... 25

4.1.2. Análise de dados e discusão dos resultados ................................................................ 26

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................................ 29

5.1. Conclusões ......................................................................................................................... 29

5.2. Recomendações.................................................................................................................. 30

7. APÊNDICE ............................................................................................................................... 32
1. INTRODUÇÃO

Tendo em vista a importância da conservação dos recursos hídricos para a vida do ser humano e
seu bem estar, este trabalho tem por finalidade apresentar de forma sucinta questões relacionadas
à gerenciamento dos recursos hídricos, conceitos básicos de barragem de rejeito e processos
tradicionais e promissores para o tratamento de águas, enfocando particularmente o sector do
processamento mineral de ouro.

Na barragem de rejeito é depositada a polpa que vem do beneficiamento ou da planta de


processamento por meio de bombeamento, onde em cada barragem ocorre uma separação da
polpa alimentada, isso é, Sólido separadamente da água.

1
1.1 Problematização

Durante os meus estudos detectei que há mau uso das águas porque a região tem um grande
potencial hídrico, isso é, apresenta rios e lagos na aproximação da empresa.

As bacias de decantação e sedimentação encontram-se no estado crítico de degradação, visto que


isso é punido pela legislação mineira. Essas anomalias observadas tem provocado um grande
constrangimento, visto que por vezes podem se encontrar vazões nas bacias que vão se juntar nos
lençóis freáticos consequentemente provocando poluição dos rios e dificultando gerenciamento
das águas. Estas tem-se agravando pela volta de medidas preventivas e preventivas para
resolução do problema, assim sendo, o problema que se levanta é como obter um bom
armazenamento e gerenciamento das águas proveniente nos processos mineiros.

2
1.2. Justificativa

Com vista as novas técnicas de mineração há uma grande necessidade dê-se reutilizar a água. Em
várias medidas de processamento de minérios no mundo, a água recuperada e reutilizada para
minimizar os custos operacionais, reduzir a quantidade de efluentes para o meio da água
reutilizada reduz de forma significativa, a necessidade de água nova na usina e minimiza seus
custos de captação.

Todos estes processos devem ser economicamente viáveis, simples e eficientes,considerando o


fato de que seu custo é sempre um dado extra na produção. Ainda,estes precisam ser específicos
devido à grande variação do fluxo nas diferentesindústrias, ao tipo, associação e concentração do
poluente e aos padrões de emissões,que variam inclusive dentro do mesmo país.

Ainda, estes processos são diferenciados em relação ao seu objetivo final, pois osefluentes
podem ser depositados (ou despejados) sem qualquer tipo de tratamento embacias de rejeitos ou
podem ser tratados visando, além da redução dos possíveisimpactos ambientais, a extração de
elementos de valor.

O tipo de processo mais comum e mais empregado no tratamento de águasefluentes dos setores
mineiro e metalúrgico ainda é a bacia de rejeitos. O objetivobásico destas bacias é a decantação
dos sólidos suspensos e, para tanto, esta deve tersuficiente área superficial, tempo elevado de
retenção e ausência de turbulência.

3
1.3. Objectivo

1.3.1. Objectivo geral

 Estudo com vista a propor novas técnicas de gerenciamento e armazenamento de água


proveniente da planta de processamento de Ouro.

1.3.2. Objectivos específicos

 Analisar os declives das bacias de rejeito de decantação e sedimentação;


 Verificar se há reuso das águas depositadas nas barragens de rejeito;
 Descrever as etapas da recuperação da água proveniente da planta de beneficiamento;
 Analisar a disposição das barragens de decantação e sedimentação em termo de
construções.

4
1.4. Hipóteses

Como possíveis soluções para o melhor gerenciamento e para aumentar a qualidade da água tem-
se as seguintes hipóteses:

 Limpeza programada das bacias culminará como bom armazenamento na bacia dois (2);
 Aumentar o declive da quarta (4) bacia ajudará a melhorar o índice de turbidez na última
bacia;
 Redimensionaras bacias de decantação e sedimentação;
 Aumento de mais uma bacia de decantação.

5
1.5. Características físico-geográficas da região

1.5.1. Localização Geográfica da área

A localidade de Penhalonga fica à 22 Km da cidade de Manica, província de Manica, em


direcção NW. A mina estende-se numa área de 1600 ha (16 Km2), no topo da serra Penhalonga,
no Distrito de Manica, Província de Manica. Esta encontra-se ao longo da bordadura E da
fronteira entre Moçambique e Zimbabwe, entre os paralelos 32o42´30´´, 32o47´30 E e
18o47´20´´, 18o50´00´´ S. (DNM/Cadastro Mineiro, 8C).

Figura 1: Mapa de localização do distrito de Manica.

Fonte: Ministério de Administração Estatal (2005).

6
1.5.2. Relevo

O relevo (em anexo figura 4) da região de Manica é basicamente montanhoso, que, segundo o
Plano de Gestão Ambiental da mina, do ano 2006, com as cotas a atingirem 2000 m. É nesta
região que se situam as serras Vumba, Vengo, Mangota, Isitaca, Moriangane e Penhalonga.
A serra Penhalonga situada na fronteira entre Zimbabwe e Moçambique, faz um declive a partir
da fronteira com o Zimbabwe com uma tendência decrescente W─E.

1.5.3. Clima

Na área de estudo predomina um clima tropical de altitude, caracterizdado por duas estações do
ano. Uma quente e húmida, que varia de 18 a 24 oC entre os meses de Outubro à Abril. A
precipitação neste período ultrapassa por vezes os 1000 mm por mês, com a máxima a ser
registada no mês de Fevereiro. A outra estação do ano é fria e seca, registando-se temperaturas
entre 8 a 16oC nos meses de Maio à Setembro, com o registo de fraca precipitação
pluviométrica. (PGA da MA, 2006)

1.5.4. Flora

A área de Penhalonga é caracterizada por uma vegetação verde até as montanhas, parte dela
como intervenção humana, através do projecto de mineração e reflorestamento da empresa Clean
Tech Lda, na serra Penhalonga, e, da empresa IFLOMA, mais abaixo da serra, cujo efeitos são
claramente visíveis pelas inúmeras plantações de eucaliptos e pinheiros, no sentido de reflorestar
as áreas exploradas assim como em défice, os quais em determinadas partes foram seriamente
comprometidas, que, segundo informações colhidas, é devido:
 Queimadas descontroladas produzidas por alguns caçadores locais;

 Pela empresa IFLOMA, que usa os eucalíptos para fabrico de postes e madeiras, e,
pinheiro para extrair madeira para venda.

Os eucalíptos chegam a atingir 25m de altura com uma espessura até 1 m.

7
1.5.5. Fauna

Regista-se uma fraca presença de animais bravios devido ao funcionamento da mina, e,


principalmente, as queimadas praticadas pelos caçadores locais (PGA da MA, 2006), pelo que
durante os trabalhos de estágio não foram encontradas espécies de animaisselvagens que estejam
protegidas a luz da legislação moçambicana, excepto pequenos macacos.

1.5.6. Vias de Acesso e de Comunicação

O distrito de Manica é atravessado pela estrada nacional no 6, que liga este distrito ao resto do
país e ao vizinho Zimbabwe pela fronteira de Machipanda. Existe uma via terraplanada que liga
a EN6 no distrito de Manica à localidade de Penhalonga, porém, não chega à mina, distando-se
cerca de 7 Km com um declive variando entre 25 á 45º aproximadamente.
O acesso (em anexo figura 5) pedestre à mina é bastante cansativo devido elevados declives,
perigosos, sob o risco de escorregar em determinados precipícios ao longo da via de atalho, e,
leva pouco mais de 3 horas de tempo numa caminhada a um rítimo normal.
A electricidade é fornecida pela empresa EDM (Electricidade de Moçambique), através de uma
linha de média tensão proveniente da vila de Manica. Existem também geradores eléctricos na
empresa que são usados em caso de falhas de fornecimento de energia da rede pública.
Dos serviços de telecomunicações existentes no país, até ao momento de abandono da área de
estudo, apenas funcionavam a Movitel na empresa, o mesmo que dá acesso a internet, que é
seriamente afectada nos períodos com muito nevoeiro.

1.5.7. Geologia da região

1.5.7.1. Enquadramento Geológico

A Região de Manica comporta as rochas geologicamente mais velhas de Moçambique, tendo


sido formadas no período compreendido entre 3800 e 2800 m.a., no pré-câmbrico.
Estes terrenos Arcáicos situam-se, essencialmente na província de Manica, como prolongamento
do Cratão Rodesiano, que em Moçambique recebe o nome de Mozambique belt.

8
1.5.7.2. Estratigrafia

O sistema de Manica é uma das formações do Mozambique belt e é caracterizado


litoestratigraficamente pelas unidades, das mais antigas para as mais novas: Formação de
Macequece e Formação de M´BezaVengo, sendo todas envolvidas por rochas Granito-
Gnáissicas.

A Formação de Macequece é constituída por uma sequência alternada de rochas ígneas


metamorfizadas e sedimentares, sendo as rochas mais velhas as lavas do tipo basáltica e
peridotítica representadas por komatiítos. Estas rochas, devido a acção do metamorfismo, passam
a talcoxistos, xistos tremilíticos, anfibolitos, epidioritos, serpentinitos, clorititos, e epidotitos.
Este conjunto litológico, por exibir cores dominantemente esverdeadas, é conhecido por
“greenstones” (rochas verdes).
A Formação de M´Beza Vengo assenta discordantemente sobre a Formação de Macequece,
tendo como base um conglomerado bastante grosseiro que se junta a grauvaques, arcoses, grés
conglomerático, filitos, siltitos, quartzitos ferruginosos, quartzitos sericitosos, calcários, xistos
negros, xistos argilosos e xistos glandulares.

1.5.7.3. Magmatismo

A actividade magmática é caracterizada por intrusões básicas constituindo diques doleríticos e


rochas gabróicas.
Os dolerites são rochas frequentes e apresentam-se em dois sistemas com direcção NW-S e NE-
SW abundando nos vales dos rios Zambúzi, Revue e Chua, sul do greenston belt de Manica e
extremo NW do cinturão (Araújo e Gouveia, 1996).
Os granitos e adamelitos são referidos como granitos tardios e são de idade pós-Shanvaiano.
Existe os felsitos e microgranitos de granometria muito fina onde nota-se intercrescimento
irregular de grão de quartzo e feldspato numa matriz sericítica e são também rochas tardias, que,
segundo Oberholzer, 1964 e Obretenov, 1977, é porque as fracturas que controlam a intrusão dos
doleritos eram profundas e deram carácter básico às rochas.
Nos cinclinários existentes ao longo das formações montanhosas do Gondwana é possível
encontrar stock de quartzo-dioritos entre as rochas verdes em Penhalonga e na velha missão de

9
Mutare, em Zimbabwe, cuja idade, segundo Chingiraiet al, 1993, GTK Consortium, 2006, são as
mais antigas nas rochas verdes, datados 2.641 á 3.000 m.a. (M.Roque e A. Paradzai/IMGM,
2006).

1.5.7.4. Tectónica

Uma vez que é na região de Manica que se localiza o Sistema de Manica, este é caracterizado
pela vasta influência dos mais variados fenómenos tectónicos. Assim, no caso da fracturação, a
que é mais evidente, segundo (Carvalho, 1943) é a falha da direcção-geral de NE-SW que rejeita
todas as formações da mancha de Manica nas zonas da parte oriental da serra Isitaca e do vale do
Zambúzi, na parte central do vale de Revuè e a W da serra Vengo. E a outra falha que merece
também importância é “Thrust fault” que ocasiona o cavalgamento da Série do Vengo por cima
dos greenstones e do granito na parte central do Chimedzi e a Sul do rio Chua. Vestígios daquele
tipo de falha são evidenciados na outra parte da mancha, assinalados por falhas cizalhadas e
granitos milonitizados.
No que diz respeito ao dobramento, além do sinclinal, constituído por sedimentos da Série do
M’Beza e pelos sedimentos da Série do Vengo, encontram-se na mancha de Manica dobras e
plicaturas á escala média e microscópica devido aos movimentos tectónicos de compressão que
reduzem a mancha de Manica a uma faixa relativamente extreita como hoje se apresenta.

1.5.7.5. Geomorfologia

Nesta região predomina cadeias montanhosas ocorrendo de Sul a Norte do distrito numa faixa
fronteiriça com o vizinho Zimbabwe onde o mesmo recebe o nome de Cratão zimbabweano.
As unidades orogénicas fundamentais constituem cadeias montanhosas chegando a atingir perto
2000 m de altitude, sendo as elevações mais importantes apresentadas na tabela abaixo.

UNIDADE ALTURA
OROGÊNICA
Serra Mangota 1160 m
Serra Vumba 1574 m
Serra Isitaca 1636 m
Serra Panhalonga 1649 m

10
Serra Vengo 1767 m
Serra Moriangane 1913 m

Tabela 1: Orogenia do distrito de Manica


Fonte: GTK Consortium

1.5.7.6. Hidrogeologia

A área de estudo é atravessada pelos rios Revuè, que conta como principal afluente na encosta da
serra Penhalonga do lado moçambicano os rios Munene, Chua e Mutambarico.
Existem numerosos cursos de água que escorrem da serra Penhalonga alimentando os rios
anteriormente citados. Esses rios correm sobre formações argilosas tanto nas partes altas da
serra, e em superfície bem como em estruturas disjuntivas em rochas com muito pouca
porosidade o que condiciona a presença de água naquela região.

1.5.7.7. Jazigos e Ocorrências Mineiras

Como foi o sistema de Manica, que comporta as formações de Macequesse e M´beza Vengo, é
sede de ocorrência de ouro, calcopirite, asbestos, talco e argilas bauxíticas.
Geralmente, o bauxite resulta da meteorização da rocha mãe (sienito), o mesmo se deu na serra
Penhalonga resultando na formação de gibsite e bauxite, tendo esta sequência na sua parte
superior uma camada de caolinite. Esta caulinite foi anteriormente minerada como um sub-
produto da extração do bauxite. A camada de caolino desenvolveu-se irregularmente em forma
de lentes e bolsas. Portanto, a rocha não meteorizada corresponde ao sienito, havendo ainda
ocorrência de rochas ultramáficas.

1.5.7.8. Situação Mineira

O distrito de Manica actualmente apresenta 50 empresas que se dedicam na exploracao de vários


recursos minerais, as empresas actuante naquela região estão abaixo citadas e todas as empresas
estão localizadas no distrito de Manica, podendo se notar que a maioria das empresas realiza uma
actividade em comum que é a extracção do Ouro.

11
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Conceitos básicos

Ouro (Au), muito conhecido por ser símbolo de riqueza, é um elemento químico metálico nobre,
ou seja, dificilmente sofre oxidação. Seu número e massa atômicos valem respectivamente 79 e
197 u (infoescola).
Barragem de rejeito é uma estrutura de terra construída para armazenar resíduos de mineração,
os quais são definidos como a fração estéril produzida pelo beneficiamento de minérios, em um
processo mecânico e/ou químico que divide o mineral bruto em concentrado e rejeito. O rejeito é
um material que não possui maior valor econômico, mas para salvaguardas ambientais deve ser
devidamente armazenado (Espósito, 2000).

2.2. Processos de Tratamento de Minérios

Actualmente a mineração é uma actividade indispensável para a sociedade moderna, dada a


importância que os bens minerais e derivados assumiram na economia mundial que, de uma
forma geral, vão desde as necessidades básicas como habitação, agricultura, transporte e
saneamento, às mais sofisticadas, como tecnologia de ponta nas áreas de comunicação e
informática. Os minérios são definidos como um conjunto de minerais, onde um ou mais
minerais são economicamente auto-sustentáveis no que concerne à sua utilização industrial.
A produção dos minerais de interesse acontece em um conjunto de etapas que serão descritas a
seguir:
 Pesquisa ou prospecção: envolve o conjunto de trabalhos geológicos dirigidos para a
descoberta de depósitos minerais úteis do ponto de vista económico.
 Exploração Mineral e Desenvolvimento: estudos multidisciplinares realizados por
geólogos, engenheiros, economistas; indicarão se o minério em questão pode ser
explorado;
 Mineração ou Exploração: extracção do minério do subsolo, seja em minas subterrâneas,
seja em minas a céu aberto;
 Beneficiamento ou Processamento de minério: conjunto de operações básicas com o
objectivo de se obter a adequação química e física do mineral economicamente viável
para uso na etapa seguinte da cadeia produtiva;

12
 Metalurgia ou Indústria Química: extracção do metal puro ou outro elemento de interesse
a partir do concentrado mineral;
 Transporte: carregamento do concentrado mineral até o mercado consumidor.
O conjunto de operações realizadas como o intuito de se adequar o minério bruto, às condições
físicas e químicas necessárias para a sua comercialização directa ou uso em outro processo de
transformação, geralmente é chamado de Beneficiamento, Tratamento ou Processamento de
minério. Dentre as operações no processamento de um minério podemos ser: a cominuição
(diminuição de tamanho de partículas), classificação (colocação dos materiais dentro de uma
faixa granulométrica), concentração (separação do mineral com valor econômico dos demais),
separação sólido-líquido (recuperação da água utilizada nas operações anteriores e adequação da
taxa de umidade do concentrado e rejeito), disposição de rejeitos, e algumas operações
auxiliares.
A água é utilizada em todas as etapas que empregam processos a úmido do ouro como a
classificação, concentração gravítica, concentração magnética, flotação e lixiviação. As vazões
mássicas necessárias para estas operações atingem valores elevados.
Como resultante do processo de extracção e processamento de minérios, dois tipos de resíduos
são gerados: os estéreis (fracção de material retirado durante a lavra e tem cerca de 8% de
umidade), que são dispostos em pilhas ou cavas já exauridas, e os rejeitos (fracção úmida – cerca
de 50% de umidade) que normalmente são destinados a barragens de contenção, de onde a água
incorporada pode ser captada e recirculada se tomados os devidos cuidados.
Os estéreis em geral não possuem características poluidoras, já os rejeitos podem ser altamente
tóxicos, podem possuir alto índice de sólidos em suspensão que eventualmente podem ser
solubilizados liberando elementos danosos ao meio ambiente, metais pesados e reagentes
utilizados no processo de beneficiamento. Por isso, as barragens de rejeitos têm que ser
dimensionadas e construídas levando-se em conta vários factores.

13
A Tabela 1 apresenta uma síntese dos principais impactos ambientais na produção da seguinte
substância mineral ouro.

Substância Mineral Estado Principais problemas Ações Preventivas e ou


Corretivos
PA Utilização de mercúrio na Cadastramento das
concentração do ouro de principais barragens de
forma inadequada; aumento da decantação em atividade e
turbidez, principalmente na as abandonadas;
região de tapajós. Caracterização das
barragens quanto a
estabilidade;
OURO Preparação de estudo para
estabilização.
MG Rejeitos ricos em arsênio; Divulgação de técnicas
Aumento da turbidez. menos impactantes;
monitoramento de rios onde
houve maior uso de
mercúrio.
MT Emissão de mercúrio na Mapeamento e contenção
queima de amalgma. dos rejeitos abandonados.

Tabela 2: Principais impactos ambientais da mineração


Fonte: FARIA (2002)

2.3. Demanda de Água no Processamento de Minério

A demanda de água constitui um dos maiores desafios a serem enfrentados pela humanidade,
uma vez que a degradação do meio ambiente escassea e contamina as reservas superficiais e
subterrâneas de recursos hídricos (SILVA, 2004).

A preocupação da indústria mineral com a preservação do meio ambiente deriva do fato de que
as actividades de lavra e processamento mineral, são compostas por diversas etapas, às quais
14
estão associadas algumas possibilidades de contaminação. Um exemplo disso é o volume
significativo de água utilizado, que se torna responsável pelo transporte de diversos
contaminantes, dentre estes reagentes químicos, óleos e material particulado.

Com o objectivo de reduzir o impacto das actividades de mineração sobre o meio ambiente, foi
estabelecida uma política nacional que estabelece à reutilização de água, nas industrias
incentivando o desenvolvimento e aplicação de processos de tratamento e recuperação de
efluentes que atendam às novas exigências ambientais de qualidade de água.

As indústrias de beneficiamento mineral são altamente dependentes do suprimento de água para


a operação de suas etapas de processo. O atual quadro é caracterizado por um volume crescente
de atividades deste tipo, com ênfase na otimização dos processos existentes e a busca de novas
tecnologias para o controle dos impactos ambientais (RUBIO E TESSELE, 2002).

O que acontece no caso da mineração é que padrões diferentes de qualidade da água podem ser
necessários para uma mesma usina. Por exemplo, a água utilizada para preparação de reagentes
deve ter uma melhor qualidade do que a água que será adicionada no processo de separador
trommel a umido. Por isso deverão ser identificados claramente, as qualidades e os volumes
necessários para cada tipo de utilização dentro das usinas.

A partir destas informações, deverá ser elaborado um balanço de água da usina identificando
vazões de captação de água bruta, vazões e pontos de geração de efluentes e volumes de água a
serem recuperados em dispositivos pertinentes.

O intuito deste balanço de água será identificar o volume de água perdido por evaporação,
infiltração, ou que foi incorporado no concentrado (produto final) e a quantidade de produtos
químicos adicionados a água durante o processo de beneficiamento, caso a usina seja existente.
Caso a usina seja nova, deverão ser utilizados como referência, projetos de instalações similares
realizados anteriormente.

15
A figura abaixo representa o balanço de água macro, referente a uma usina de beneficiamento de
ouro.

Figura 2: Balanço de água Macro


Fonte: ECM SA – Projetos Industriais, 2008.

O volume de água gerado na usina está diretamente relacionado aos seguintes fatores:

 Minério a ser tratado: há diferenciação de consumos para os vários tipos de minérios que
uma usina de beneficiamento pode produzir. Usinas de beneficiamento de minério de
ferro, por exemplo, utilizam de 10 a 15 vezes mais água do que usinas de beneficiamento
de ouro, considerando produções equivalentes;
 Capacidade de produção: o consumo de água está obrigatoriamente atrelado à capacidade
de produção da usina;
 Condições climáticas da região: caso a região seja quente, o consumo de água aumentará
devido à maior taxa de perdas por evaporação;
 Disponibilidade: se não houver disponibilidade e mesmo assim o empreendimento tornar-
se viável, os equipamentos e métodos a serem utilizados deverão empregar menos água;
 Idade da instalação: instalações industriais mais recentes possuem equipamentos mais
modernos que demandam menor quantidade de água. Além disso, as tubulações de água e
de polpa de minério apresentam menor vulnerabilidade em relação a perdas por
vazamentos;

16
 Cultura da empresa: empresas “politicamente correctas” tendem a instalar equipamentos
mais eficientes e com menores demandas de água, mesmo que o investimento de
instalação seja mais alto.

2.4. Efluentes na Mineração

A caracterização dos efluentes gerados na unidade de beneficiamento deve ser realizada através
da colecta de amostras para análise de diversos parâmetros físicos, químicos e biológicos que
nortearão o início de qualquer projecto de engenharia que envolva tratamento e recirculação de
água.

Durante a caracterização dos efluentes gerados e a quantificação dos mesmos, deve-se qualificar
o uso da água a ser tratada e posteriormente reutilizada na usina de beneficiamento. Sabe-se que
para cada uso, a qualidade da água tratada pode ser diferente, interferindo assim na escolha do
processo de tratamento a ser utilizado. Por exemplo: se a água a ser recirculada servirá apenas
como reposição em caixas de bombas, lavagem de pisos e máquinas, aspersão de transportadores
de correia ou vias de acesso, dentre outros, provavelmente o tratamento do tipo preliminar
atenderá ao padrão de qualidade requerido. O tratamento preliminar visa o mínimo de adequação
da água no que diz respeito ao tratamento físico, químico ou biológico, agindo somente na
retirada de sólidos muito grosseiros, flutuantes e de matéria mineral sedimentável.

Normalmente, os efluentes originados em usinas de tratamento de minérios, têm o aspecto turvo


e estão associados a altos índices de sólidos suspensos de pequenas dimensões, o que dificulta o
processo de sedimentação. Além disso, tais efluentes podem conter sais e compostos orgânicos
sintéticos, geralmente reagentes de flotação, potenciais causadores de danos à flora e à fauna. Por
esse motivo, esses fluxos são tratados antes do descarte, com o objectivo de atingir a qualidade
exigida pela legislação ambiental.

2.5. Tipos de Tratamento de Água a Serem Utilizados

O procedimento operacional mais utilizado é de captação e adução da água bruta e posterior


tratamento adequando a água aos padrões de qualidade necessários. Como o presente trabalho
discorre sobre a recuperação e reutilização de águas já usadas no processo, este procedimento

17
acontecerá apenas para reposição de água potável e pela fracção água de processo perdida por
evaporação ou infiltração.

A água potável não deve ser originada de fontes de reutilização, não por exigências da lei, mas
objetivando-se diminuir o potencial contaminantes caso algo dê errado no processo de
tratamento. Com isso, a água a ser potabilizada neste tipo de empreendimento deverá ser
obrigatoriamente originária de cursos de águas naturais, não devendo ser captada em barragens
de rejeitos, ou qualquer tipo de fonte de água recirculada.

Geralmente as estações de tratamento de efluente baseiam-se em várias etapas. De acordo com


NUNES (2004), podemos classificar o tratamento de águas residuárias nos seguintes níveis ou
fases:

 Tratamento preliminar

Remove apenas sólidos muito grosseiros, flutuantes e matéria mineral sedimentável. Os


processos de tratamento preliminar são os seguintes: gradeamentos; desareiadores (caixas de
areias); caixas de retenção de óleos e gorduras; peneiras.

 Tratamento primário

Remove matéria orgânica em suspensão e a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) diminui


parcialmente. Os processos de tratamento primários são os seguintes: decantação primária ou
simples; precipitação química com baixa eficiência; flotação; neutralização.

 Tratamento secundário

Remove matéria orgânica dissolvida e em suspensão. A DBO decresce quase que totalmente.
Dependendo do sistema adotado, as eficiências de remoção são altas. Os processos de tratamento
secundários são os seguintes: processos de lodos ativados; lagoas de estabilização; sistemas
anaeróbicos com alta eficiência; lagoas aeradas; filtros biológicos; precipitação química com alta
eficiência.

 Tratamento terciário ou avançado

Quando se pretende obter um efluente de alta qualidade, ou a remoção de outras substâncias


contidas nas águas residuárias. Os processos de tratamento terciário são os seguintes: adsorção

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em carvão ativado; osmose reversa; eletrodiálise; troca iônica; filtros de areia; remoção de
nutrientes; oxidação química; remoção de organismos patogênicos.

Usualmente para a utilização em usinas de beneficiamento mineral, a água a ser recirculada não
necessita de tratamentos muito elaborados. Um dos motivos é que nenhum dos usos dentro das
usinas é muito exigente no que diz respeito à qualidade da água. A utilização identificada como
mais exigente, seria a de água para resfriamento, excluindo-se logicamente, a água que será
potabilizada e destinada a escritórios, refeitórios e instalações administrativas.

2.6. Mecanismos para reaproveitamento das águas no processamento Mineral

2.6.1. Barragem de Rejeitos

A utilização de barragem de rejeitos é muito comum em unidades de tratamento de minérios,


sejam elas de pequeno ou grande porte. O objectivo principal da utilização deste dispositivo de
engenharia é evitar à contaminação ou o assoreamento de corpos de água a jusante da barragem,
provocados por materiais oriundos do beneficiamento realizado nas usinas.

Como objectivo secundário, estas unidades de contenção de rejeitos, são utilizadas como
enormes unidades de decantação e adequação das águas usadas no processamento dos minérios,
que posteriormente retornarão para a usina como água recirculada. Desta forma, as empresas
mineradoras conseguem obter algum retorno econômico e ambiental de dispositivos que
teoricamente só serviriam para dispor rejeitos.

Nas usinas de tratamento de minério utilizam água recirculada de barragem de rejeito, caso não
tenha outros métodos de recirculação de água, como espessadores, ciclones ou filtros.

No exemplo da figura 3 cerca de 10% do total consumido pela usina é oriundo de recirculação da
barragem de rejeitos. Neste caso, a baixa porcentagem relativa à recirculação da barragem de
rejeitos deve-se ao fato de que esta usina possui outros mecanismos de recirculação interna de
água. Isso possibilita maior eficiência e menor custo operacional, se comparado à construção e
operação de grandes diques de contenção de rejeito.

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Figura 3: Esquema de reaproveitamento de águas .
Fonte: ECM (2008)

Para assegurar a construção adequada de uma barragem de rejeitos activa, que receberá material
proveniente da usina de beneficiamento e cederá água para a recirculação, deverão ser levados
em contas inúmeros factores:

 Escolha da área a ser instalada: o objetivo aqui será de identificar uma áreaque atenda a
necessidade para reservação do volume de rejeito produzido;
 Tempo de detenção hidráulica: como o intuito secundário das barragens é adequar a água
para reuso, a água deverá ser mantida no reservatório até alcançar qualidade necessária de
clarificação;
 Necessidade de impermeabilização: de acordo com a toxicidade dos rejeitos produzidos
na planta de beneficiamento, deverá ser analisada a necessidade de impermeabilização do
perímetro da barragem a ser projectada.

20
Segundo (ALBUQUERQUE E FILHO, 2006) a estrutura de barramento deve ser construída com
a utilização de material de áreas de empréstimo, e inicialmente, ter capacidade para absorver os
rejeitos gerados por dois ou três anos de operação da usina de beneficiamento. Após esse
período, deverão ser realizados alteamentos que também podem utilizar materiais de áreas de
empréstimo, estéreis, ou até mesmo o próprio rejeito produzido pela usina depois de adensado
em ciclones. Exemplo de balanço de massa do rejeito em 20 anos:

Quantidade de rejeitos gerada em 20 anos = 75.000.000 t = 50.000.000 mᵌ.


Os métodos de alteamento são geralmente classificados como a seguir:

 Método de montante;
 Método de jusante.

O tipo de baragem usada na Clean Tech Mining, Lda é método à montante.

2.6.1.1. Método de Montante

Por ser econômico e de fácil construção esse método é o mais utilizado pelas mineradoras para a
construção de diques de barramento de rejeitos. A etapa inicial nesse método consiste na
construção de um dique de partida, normalmente utilizando-se material argiloso ou enrocamento
compactado. Como mopstra a figura abaixo.

O rejeito é descarregado ao longo do perímetro do dique por ciclones ou por pequenas


tubulações chamadas de “spigots, formando assim a praia de deposição.

Nas etapas seguintes são construídos diques em todo o perímetro da bacia de acordo com a
necessidade operacional da usina. Caso estes alteamentos utilizem rejeitos, é importante ressaltar
que o material a ser utilizado deverá conter altos índices de areia e alta porcentagem de sólidos
para que ocorra a segregação granulométrica, possibilitando maior segurança na construção.
21
Figura 4: Esquema de construção de barragem pelo método de montante e jusante
Fonte: Arthur Pinto Chaves, Notas de Aulas 2013

2.6.1.2. Método de Jusante

Neste método, é construído um dique inicial normalmente de solo ou enrocamento compactado.


Esse dique deverá ser impermeabilizado, possuindo drenagem interna composta por filtro
inclinado e tapete drenante. O talude de montante, quando for realizado o alteamento, deverá
também ser impermeabilizado. A impermeabilização do talude de montante e a drenagem interna
são opcionais, tornando-se desnecessárias caso os rejeitos possuam características de alta
permeabilidade e ângulo de atrito elevado.

2.6.1.3. Decantação

Segundo (GUIMARÃES, 2007) no floculador, mecânica ou hidraulicamente a água é agitada em


velocidade controlada para aumentar o tamanho dos flocos para, em seguida, a água passar para
os decantadores, onde os flocos maiores e mais pesados possam se depositar. Essas águas, ditas
floculadas, são encaminhadas para os decantadores, onde após processada a sedimentação, a
água já decantada (o sobrenadante) é coletada por calhas superficiais separando-se do material

22
sedimentado junto ao fundo das unidades constituindo o lodo, onde predominam impurezas
coloidais, matéria orgânica e impurezas diversas.

Esses lodos são mais ou menos instáveis, dependendo principalmente da fração de matéria
orgânica de que ele seja composto, e precisam ser retirados, em geral por gravidade por meio de
adufas de fundo, e dispostos adequada e periodicamente. Quando se trata de água bruta de má-
qualidade, especialmente por excesso de matéria orgânica, o lodo deve ser retirado antes que
entre em processo de fermentação. Os processos de retirada de lodo dos decantadores podem ser
mecanizados ou não. No caso de instalações de grande capacidade e que produzem grandes
quantidades de lodo, ou em casos em que se deseja economizar água com o descarte do lodo,
prevalecem os mecanizados. Em pequenas instalações ou onde a perda de água não é tão
importante costuma-se usar o esgotamento automático pelas adufas de fundo. A saída de água
pela adufa arrasta o lodo depositado.

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3. METODOLOGIA

Para elaboração deste relatório, tornou-se necessário delinear a pesquisa; partindo dos objectivos
específicos e chegando às fontes: livros, artigos, em meio escrito ou digital e sites; das quais
foram extraídas as informações necessárias à elaboração deste relatório de estágio
supervisionado. A seguir, serão descritas as etapas das quais consiste esta metodologia:

Etapa 1– Levantamento físico: esta etapa consiste nas observações e extracção dos dados de
fontes directas, obtidas no campo em estudo, nela foi realizado o acompanhamento das
actividades executadas pelos operários da empresa Cleann Tech Mining na mina e na planta de
beneficiamento de ouro, bem como a recolha de dados.

Etapa 2 – Levantamento bibliográfico: nessa etapa foram extraídas informações específicas,


referentes a extracção e beneficiamento de ouro, a fim de obter o embasamento teórico para
elaboração deste relatório e a digitalização.

Etapa 3 – Analise, comparação de dados e Redacção final: realizados todos os procedimentos


necessários à elaboração do presente relatório de estágio, foi formalizado mediante sua redacção
final.

24
4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE DE DADOS E DISCUSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Apresentação

A empresa Clean Tech Mine Lda, é uma empresa sedeada na província de Manica, distrito do
mesmo nome, empresa esta que se dedica a exploração e beneficiamento do Ouro aluvionar,
onde para a extracção do Ouro aluvionar usa o método de lavra denominado desmonte mecânico
com recurso a retroescavadoras e o seu transporte por camiões basculantes ate a pilha pulmão
próxima a planta de beneficiamento próxima a lavra.

Na planta de beneficiamento é crucial o uso do precioso liquido ou seja o uso da agua, a agua é
bombeada com recurso a bombas hidráulicas instaladas nas margens do rio Revué que se localiza
a escassos metros da mineradora e esta àgua é depositada tanque de armazenamento (tanque de
succão) com uma capacidade de 400m3. Após ser usada na planta de beneficiamento a àgua é
transportada por meio de associação de tubos plásticos ate ao sistema deretenção de agua com
vista a clarifica-la para a posterior recirculação e reaproveitamento na planta de beneficiamento.

4.1.1. Descrição da planta de beneficiamento

Após a exploração do minério na lavra a planta de beneficiamento recebe a alimentação de ROM


de cerca de 150 t/h. o objectivo principal da planta de beneficiamento é de realizar a separação
do concentrado e o rejeito, isto é o ouro e as demais matérias, por fim adequar o ouro segundo as
exigências do mercado de venda.

O processo de beneficiamento começa na alimentação que é feita com uso duma pá carregadeira
num alimentador acoplado no tambor do tipo trommel, onde faz separação granulometrica, o
material acima de 70 mm é considerado rejeito a abaixo 70 vai aos processos subsequentes, onde
é feito o primeiro processo de separação gravimetrica usando calha regulares denominada nugget
trap 1 onde retêm se o mineral grosseiro, seguidamente vai a um deslamagem do tipo scruber,
seguido a segunda calha reguladora (Nugget trap 2) para a retenção do mineral médio,
posteriormente o material vai a uma peneira vibratória de duplo deque, onde o material acima de
17 mm vai a uma nova pilha de rejeito por meio de bandas transportadora e abaixo de 17 mm
passa pelo primeiro deque, a fracção de 13 mm passa pelo segundo deque ,sendo este mantido
num tanque polpa onde e bombeado para o concentrador do tipo falcon e na calha onde são

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concentrados os finos, o material descartado vai a um segundo tanque onde é bombeado a um
hidrociclone onde é feita a separação sólido-liquido, onde o sólido e separado na segunda peneira
vibratória, o liquido é bombeado a barragem de rejeito e o sólido é transportado uma pilha de
rejeito.

4.1.2. Análise de dados e discusão dos resultados

Apresentados referente a plante de beneficiamento e o sistema de retenção é feita a seguinte


analise:

Na planta de planta de beneficiamente não existe a fase de saparação solido-liquido liquido


especificamente a filtragem, facto este que possibilita maior percentagem de solidos polpa no
sistema de retenção da agua que se acumula e se solidifica nas bacias de sedimentacao e
decantacao causando assim a diminuição das capacidades volumetricas das bacias
consequentimente afecta o processo de clarificação da agua.

A manutenção preventiva e corretiva nos sistemas de retenção nas bacias causam a diminuição
da capacidade volumetricas das mesmas e igualmente devido a ma implementação do metodo de
filtração nas primeiras bacias. A existencia de lamas em todas bacias de sedimentação torna lento
a claricação nas ultimas bacias ou seja aumenta o indice de turbidez.

A falta de resolucção destes problemas existestes na empresa em causa podem levar as seguintes
consequencias:

 Aumento dos custos de captção da nova agua nos rios;

 Poluição dos rios e lencoes freaticos proximos;

 A não clarificação da agua

 Rompimetos das bacias

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Proposta e estrategias para melhoramento do sistema de gerenciamento e o seu reuso.

 Existencia de filtragem na planta de beneficiamento

Filtrador é um equipamento mecânicos utilizados pela indústria mineradora para recuperar água
através de filtros que formem tortas desaguadas, sejam elas de concentrado ou de rejeitos.

A filtragem de suspensões sólido-líquido pode ocorrer basicamente de duas formas distintas: na


primeira, a colmatação, a suspensão percola uma matriz porosa rígida que retém as partículas
sólidas e, na segunda, estas partículas se acumulam no exterior do meio filtrante, resultando na
formação da torta.

Em relação à qualidade da água recuperada pelos tipos de filtros que serão descritos a seguir
podemos afirmar, em decorrência do observado em práticas industriais, que mecanismos de pós-
tratamento deverão ser utilizados objectivando uma melhora nos parâmetros físico-químicos e
biológicos. É fato dentro da indústria mineral que a água oriunda desses tipos de filtro não
apresenta remoção de sólidos suspensos adequados, produzindo assim uma água usualmente
turva e inadequada para certas utilidades (Silva, 2014).

 Adição de floculantes e coagulantes

Totalmente relacionada com a coagulação, à floculação é a etapa onde condições adequadas


fomentam a formação dos flocos que serão sedimentados em etapas subsequentes. A floculação é
importante para não aumentar a afluência de partículas suspensas nas unidades filtrantes,
provocando assim a diminuição de sua eficiência e da sua carreira de filtração.

Segundo OLIVEIRA e LUZ (2001) na floculação, o peso molecular dos polímeros (floculantes)
governa o desempenho do processo, principalmente no que se refere à aparência do floco e à taxa
de sedimentação. Para que a floculação seja eficiente, sugere-se que o tamanho do polímero seja
superior à espessura da dupla camada elétrica, o que é mais comum para polímeros de alto peso
molecular. Cabe ressaltar que polímeros com peso molecular acima de 107 tornam o processo de
preparação de solução muito difícil e, portanto, sua seleção deve ser evitada. Tendo em vista que
o mecanismo associado à floculação refere-se à formação de pontes entre as partículas, os
floculantes podem ser catiônicos, aniônicos ou neutros.

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 Instalação de um Espessador

O espessador é um equipamento mecânico criado exclusivamente para recuperar água e adensar


produtos, lamas e rejeitos para serem vendidos ou dispostos em barragens respectivamente.
Tendo como principal fator de funcionamento, a velocidade de sedimentação das partículas, o
espessador consiste em um tanque de grande diâmetro e fundo cônico, com um sistema mecânico
rotativo de raspagem desse fundo. A polpa é alimentada no centro do espessador através de
tubulação, quando então se inicia o processo de sedimentação do material sólido, enquanto a fase
líquida (água) se mantém na superfície. Deste modo, na região superficial predomina a solução
clarificada (água), enquanto nas regiões profundas aumenta a concentração de sólidos. A água
clarificada sai do espessador pelo vertedouro, na borda ao longo do transbordo do espessador. À
medida que gira, o braço raspador promove o direcionamento do material sólido decantado para
o centro e para o fundo do espessador, onde existe a saída da polpa contendo o material sólido
adensado, isto é, com elevada percentagem de sólidos.

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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

Na planta de processamento há grandes volumes de água que são utilizados nos processos de
beneficiamento do ouro. Com o objectivo de reduzir os impactos das actividades de mineração
sobre o meio ambiente, estabeleceu-se uma política de reutilização da água, uma vez que a água
utilizada é composta por partículas que podem possuir uma percentagem de sais e também óleo
proveniente do processo de transporte do material e também dos equipamentos de tratamento do
mesmo mineral. Micro partículas sólidas suspensas, que necessitam ser removidas para permitir
a sua reutilização nas etapas de processamento ou para ser descartada sem prejuízos maior ao
meio ambiente. A utilização correcta da água entra definitivamente na pauta de discussão a nível
global, evidenciando cada vez mais a necessidade da implantação de projectos ambientais que
atendam além das indústrias as comunidades locais, assim objectivando as sustentabilidade dos
recursos hídricos.

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5.2. Recomendações

Como forma de melhor os processe de gerenciamento e recuperação da água recomendo o


seguinte:

 Aquisição de pequenas dragas para a sucção da lama ou polpa nas barragem e bacias;
 Colocação de uma nova operação de filtragem na planta de beneficiamento;
 Implementação de um plano de manutenção preventiva das bacias e barragem;
 Redução dos declives das primeiras bacias de decantação e sedimentação;
 Redimensionar e fortificar as laterais das bacias de decantação e sedimentação;
 Usar o espessador e os floculantes ou coagulantes para a rápida sedimentação e
clarificação da água.

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6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

1. ALBUQUERQUE FILHO, L.H. (2004), Análise do comportamento geotécnico de


barragens de rejeitos de minério de ferro através de ensaios de piezocone, Tese de
Mestrado, Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Ouro Preto,\ Ouro
Preto, MG, 191 p;
2. ASSIS A., ESPÓSITO, T. Construção de Barragens de Rejeito Sob uma Visão;
3. ECM SA – Projetos Industriais, Belo Horizonte 2008;
4. FARIA, C. E. G. A Mineração e o Meio Ambiente no Brasil. CGEE, 2002. 14 p.
Disponível;
5. Geotécnica. Anais III Simpósio Sobre Barragens de Rejeitos e Disposição de Resíduos –
REGEO, pp. 240-273. 1995;
6. GTK Consortium (2006). Notícia Explicativa da Carta Geológica 1:250.000. Direcção
Nacional de Geologia, Volume 2, Maputo;
7. GUIMARÃES, Carvalho e Silva. Saneamento Básico, Cap 4 parte 2, pag 121 a 123,
Agosto de 2007;
8. OLIVEIRA, A. P, LUZ A.B, Recurso Hídricos e Tratamentos de Águas na Mineração –
Série Tecnologia Ambiental – Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2001;
9. PERFIS DISTRITAIS (2005), Perfil do Distrito de Manica Província de Manica.
Moçambique;
10. RUBIO, J. F. TESSELE, P. A. Processos para o tratamento de efluentes na mineração.
Em: Capítulo 16 do livro “Tratamento de Minérios 3ª Edição”; A.B. da Luz, J. A.
Sampaio, M. B de M. Monte e S. L. de Almeida (Eds), CETEM-CNPq. 2002;
11. SAMPAIO, C.H. et. al (2004). Beneficiamento gravimétrico: Cap.10: Concentração
centrífuga;
12. SILVA, F.A.N.G Processo de Flotação por Ar Dissolvido no Tratamento de Efluente da
Indústria Mineral. Artigo 2004 JIC, p. 1-2;

31
7. APÊNDICE

Imagem 1: Bacia de decantação carecendo de limpessa com excesso de polpa viscosa.

Imagem 2:Bacia de decantacao com má execussa dos algulos de taludes.

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Imagem 3: Vias de acesso feitas na ligação entre as bacias que podem causar o rompimento das
mesma.

Imagem 4: Bacia de decantação abandonada crescendo arbustro.

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Fluxugrama da planta de beneficiamento do Ouro aluvionar da Clean Teac Mining Lda.

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