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Lê atentamente o texto.
“Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se
ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação”,
escreveu Vergílio Ferreira. Essa língua, portuguesa, nossa, teve sempre o gosto salgado e o cheiro
da maresia. Dos primórdios da portugalidade, com as costas voltadas para Castela, só havia um
5 caminho: o mar. E esse mar, vizinho, desconhecido, foi sendo um mar experimentado, de riquezas,
de desgraças e desilusões - mas sempre de presente.
“A representação do mar na literatura é tão antiga quanto a própria literatura” afirma ao Sol
José Cândido Martins, professor de Literatura no Centro Regional de Braga da Universidade
Católica. Já os poetas trovadorescos, dos séculos XII a XIV, se referiam a um mar “conotado com o
10 perigo ou a representação simbólica do homem amado ou distante”. Martim Codax, um dos
expoentes desta literatura galaico-portuguesa, compunha a canção de amigo “Ondas do Mar de
Vigo,/ se viste meu amigo! E ai Deus, se verrá cedo!/ Ondas do mar levado,/se viste meu amado!/E
ai Deus, se verrá cedo!”(…)
Avançando sempre mais, os portugueses redefinem o mundo, traçam-lhe rotas, agigantam-no
15 mas também o domam. E a literatura reflete isso, com Os Lusíadas como seu expoente máximo.
Porque a epopeia de Camões celebra uma viagem histórica, contra o tempo - a descoberta do
caminho marítimo para a Índia, com todos os perigos que houve que enfrentar, desde o medo do
desconhecido aos fenómenos naturais, da fome à doença, até à morte, nesse cemitério de
portugueses que era o mar. (…)
20 Na transição do século XIX para o XX, será a Mensagem, de Fernando Pessoa, a celebrar
novamente as aventuras marítimas, porque mar e Portugal não podem ser separados – Ó mar
salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!/ Por te cruzarmos, quantas mães
choraram,/Quantos filhos em vão rezaram!”. Segundo Cândido Martins, o poeta traçou “uma
imagem que sublinha os custos, as perdas. Mas, influenciado por Camões, fala do Mostrengo que
25 se verga à vontade do rei D. João II e do povo português”. Já Raul Brandão, n’Os Pescadores, retrata
um mar realista, de todos os dias “com pescadores que morrem no mar na luta pela sobrevivência
diária”, sem fins de riqueza ou fama, que nascem anónimos e esquecíveis.
in Tabu, nº 216, 22 de outubro de 2010
Cristina Câmara
1
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
Coluna A Coluna B
1. O mar representa o desconhecido os perigos e as doenças que os portugueses a. Camões
tiveram de enfrentar na descoberta do caminho marítimo para a Índia. b. D. João II
2. O mar é retratado com realismo, focando-se a vida quotidiana dos pescadores c. Fernando Pessoa
anónimos, a sua labuta e morte no mar. d. José Cândido Martins
3. O mar representa o perigo, a distância e a ausência do ser amado. e. Martin Codax
4.O mar representa o sacrifício da nação portuguesa e a sua temeridade. f. Raul Brandão
g. Vergílio Ferreira
2. Seleciona, em cada item (2.1 a 2.3), a opção que permite obter a afirmação adequada ao sentido do texto.
3. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto.
(A) Ao dizer “Da minha língua vê-se o mar.” (l. 1) Vergílio Ferreira utiliza uma antítese.
(B) No terceiro parágrafo (l.15) o pronome “isso” refere-se à relação dos portugueses com o mar.
(C) Na expressão “A representação do mar na literatura é tão antiga quanto a própria literatura” (l.7)
estabelece-se uma relação de comparação.
(D) Martim Codax foi um dos grandes poetas trovadorescos.
2
Texto B - Educação Literária
Lê atentamente o texto.
O JOVEM CARANGUEJO
Um jovem caranguejo pensou: "por que é que na minha família todos andam para trás? Quero
aprender a andar para a frente, e que a cauda me caia se eu não conseguir."
Começou a exercitar-se às escondidas, entre os seixos do ribeiro natal, e nos primeiros dias a tarefa
causou-lhe uma enorme estafa. Chocava contra tudo, machucava a carapaça e atropelava as pernas
5 uma na outra. Mas, a pouco e pouco, as coisas começaram a correr melhor, pois tudo se pode
aprender, quando se quer.
Quando se sentia bem seguro de si, apresentou-se à família e disse:
- Vejam isto.
E deu uma magnífica corridinha em frente.
10 - Meu filho, - desatou a chorar a mãe - deram-te a volta ao miolo? Reconsidera, anda como o teu
pai e a tua mãe te ensinaram, anda como os teus irmãos, que te querem tanto.
Os seus irmãos, porém não faziam outra coisa senão troçar.
O pai, depois de ter estado a observá-lo severamente por um bocado, disse:
- Basta. Se queres continuar connosco, anda como os outros caranguejos. Se queres fazer as coisas à
15 tua maneira, o ribeiro é grande: vai-te e nunca mais voltes.
O bravo caranguejinho estimava os seus, mas estava demasiado seguro da sua justiça para ter
dúvidas: abraçou a mãe, despediu-se do pai e dos irmãos e partiu ao encontro do mundo.
A sua passagem logo despertou a surpresa de um grupo de rãs que, como boas comadres, se haviam
reunido para dar dois dedos de conversa em volta de uma folha de nenúfar branco.
20 - O mundo anda às avessas - disse uma rã. - Olhem-me para aquele caranguejo e digam lá se não
tenho razão.
- Já não há respeito - disse uma outra rã.
- Arre! - disse uma terceira.
25
Mas o caranguejo seguiu em frente, é mesmo caso para dizê-lo, no seu caminho. A certa altura,
ouviu chamar por ele: era um velho caranguejo solitário, de expressão melancólica, que se encontrava
encostado a um seixo.
- Bom dia - disse o jovem caranguejo.
O velho observou-o prolongadamente, depois disse:
30 - Onde pensas tu que vais chegar com isso? Também eu, quando era jovem, pensava ensinar os
caranguejos a andar para frente. E eis o que recebi em troca: vivo completamente só, as pessoas
preferiram cortar a língua a dirigir-me a palavra. Presta atenção ao que te digo, enquanto é tempo:
resigna-te a fazer como os outros e um dia agradecer-me-ás o conselho.
O jovem caranguejo não sabia o que responder e ficou calado. Mas dentro de si pensava: "Eu tenho
35 razão".
E despedindo-se do velho com gentileza, retomou orgulhosamente o seu caminho.
Irá longe? Fará fortuna? Endireitará todas as coisas tortas deste mundo? Não sabemos, porque ele
ainda não parou de caminhar com a coragem e a firmeza do primeiro dia. Apenas lhe podemos desejar
de todo o coração:
40 - Boa viagem!
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Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
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4.2. Qual o significado dessa decisão?
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4.3. O protagonista prepara-se para concretizar esse desejo. Como?
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5. A família reage mal à demonstração do jovem.
5.1. Quem foi mais intolerante com o filho ao ver a novidade: o pai ou a mãe? Justifica a tua resposta.
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6. O jovem iniciou a sua viagem. Como reagiram as rãs à sua passagem?
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6.1. O que representam essas rãs?
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7. O diálogo com o velho caranguejo é muito sugestivo. Por que razão aconselha o jovem a desistir?
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Grupo II - Gramática
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1.3. Reescreve a frase b., substituindo a palavra destacada por uma locução equivalente.
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«Por isso a (1) voz do mar foi a (2) da nossa inquietação», começaram a (3) repetir muitos escritores.
O caranguejo achou que (1.) tinha razão. A injustiça que (2.) pairava sobre ele não o demoviam do seu
propósito.
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3.2. Indica a função sintática exercida por cada uma delas.
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5. Completa as frases abaixo com o presente do indicativo dos verbos entre parênteses.
b. Eu _______________ (competir) com o meu irmão, todavia ___________ (perder) quase sempre.
c. Quando _______________ (medir) a distância entre a minha casa e a praia, ______________ (frear)
a vontade de lá ir.
III – Escrita
Escreve um texto que tenha entre 160 e 260 palavras, no qual recordes um acontecimento que tenha
marcado positivamente a tua infância/ adolescência por ter exigido de ti empenho e determinação.
Narra o acontecimento e explica por que motivo (ou motivos) o consideras uma boa recordação.