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Poesia do ortónimo Fernando Pessoa

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

1. Lê o poema.

O menino da sua mãe


No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado –
Duas, de lado a lado –,
5 Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.


De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
10
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! que jovem era!


(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
15 “O menino da sua mãe”.

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
20 Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada


Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… Deu-lho a criada
25 Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:


“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
30 O menino da sua mãe.

PESSOA, Fernando (2005). Op. cit., pp. 252-253.

ENC12COP © Porto Editora


Poesia do ortónimo Fernando Pessoa

2. Com base nas três estrofes iniciais, indica seis características da figura representada.

3. Explicita um dos efeitos de sentido resultantes da antítese que se estabelece, na primeira


quintilha, entre os versos 2 e 5.

4. Interpreta, no seu contexto, os seguintes versos: “Tão jovem! Que jovem era! / (Agora que
idade tem?)” (vv. 11-12).

5. Refere dois dos valores simbólicos do par de objetos formado pela “cigarreira” e pelo
“lenço” (vv. 17 e 24).

6. Comenta a importância da última estrofe na construção do sentido geral do poema,


apoiando-te em quatro aspetos significativos.

Nota: As questões 2. a 6. foram retiradas da Prova Escrita de Português B, 2006 (1.ª Fase).

ESCRITA A P R E C I A Ç ÃO C R Í T I C A

1. Redige uma apreciação crítica da pintura de Frederick Varley.

A tua apreciação deverá:


• conter uma descrição sucinta da pintura, acompanhada de comentários críticos;
• integrar vocabulário variado e pertinente, adequado à área cultural em questão (artes
plásticas/pintura);
• incluir recursos linguísticos que atestem o ponto de vista adotado – apreciativo ou depreciativo (ex.:
recursos expressivos, pontuação, uso expressivo do vocabulário);
• ser apresentada num registo de língua adequado.

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Poesia do ortónimo Fernando Pessoa

EDUCAÇÃO LITERÁRIA|GRAMÁTICA

1. Lê um excerto do Sermão Histórico e Panegírico, escrito por Padre António Vieira

A Guerra

É a Guerra aquele monstro, que se sustenta das fazendas, do sangue,


das vidas, e quanto mais come, e consome, tanto menos se farta. É a Guerra
aquela tempestade terrestre, que leva os campos, as casas, as Vilas, os
Castelos, as Cidades; e talvez em um momento sorve os Reinos, e Monar-
5 quias inteiras. É a Guerra aquela calamidade composta de todas as ca-
lamidades, em que não há mal algum, que ou não se padeça, ou não se
tema; nem bem, que seja próprio, e seguro. O pai não tem seguro o filho, o
rico não tem segura a fazenda, o pobre não tem seguro o seu suor, o nobre
não tem segura a honra, o Eclesiástico não tem segura a imunidade, o
10
Religioso não tem segura a sua cela; e até Deus nos Templos, e nos Sacrá-
rios não está seguro.

VIEIRA, António (2014). Sermões de Incidência Política, Obra Completa de Padre António Vieira,
Tomo II, Vol. XIII. Lisboa: Círculo de Leitores, p. 162.

2. Explicita a intenção comunicativa de António Vieira.


2.1. Identifica os recursos expressivos que se encontram ao serviço da intenção comunicativa do
autor.

3. Associa a cada constituinte frásico (coluna A) a respetiva função sintática (coluna


B).

Coluna A Coluna B
a. “que se sustenta das fazendas, do sangue” (l. 1) 1. Sujeito
b. “os campos, as casas, as Vilas, os Castelos, as 2. Predicado
Cidades” (ll. 3-4) 3. Complemento direto
c. “segura” (l. 8) 4. Complemento indireto
d. “a fazenda” (l. 8) 5. Complemento oblíquo
e. “seguro” (l. 11) 6. Modificador do grupo verbal
7. Predicativo do sujeito
8. Predicativo do complemento direto
9. Modificador do nome
10. Complemento do nome

4. Identifica os referentes dos pronomes sublinhados no excerto seguinte:

“É a Guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum, que ou não se
padeça, ou não se tema; nem bem, que seja próprio, e seguro.” (ll. 5-7)

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Poesia do ortónimo Fernando Pessoa

SOLUÇÕES|SUGESTÕESMETODOLÓGICAS
“O menino de sua mãe” (p. 8)

Educação Literária

Sugestão geral

A abordagem deste poema poderá ser feita no âmbito da Unidade 3 – Poetas Contemporâneos, aquando do estudo de
“Como se faz um poema”, de Manuel Alegre (Manual, p. 225).

1. Sugestão
A leitura do poema poderá ser complementada com a escuta ativa de uma versão musicada do mesmo (ex.: Mafalda Veiga,
Luís Cília)

2. Características da figura representada: é um “jovem” (v. 11) soldado morto (v. 6); encontra-se abandonado, em campo
aberto (v. 1); tem o corpo “trespassado” por duas balas (vv. 3-4); apresenta a farda ensanguentada (v. 6), está de braços
abertos, “estendidos” sobre a terra (v. 7), é louro, de tez muito clara (“alvo”, v. 8); evidencia uma lividez cadavérica
(“exangue”, v. 8), mostra um olhar fixo e vazio (vv. 9-10), perdeu, prematuramente, o futuro e os sonhos (v. 10), é “Filho
único”, muito amado (“O menino da sua mãe”, conforme esta o tratava, vv. 13-15).

3. Antítese presente em “Que a morna brisa aquece” (v. 2) / “Jaz morto, e arrefece” (v. 5); oposição entre o calor da vida e o
frio da morte (o sopro do vento suave e tépido, simbolizando a vida, contrasta com a fria rigidez do soldado “trespassado”
por duas balas); oposição entre o movimento da “brisa” e a imobilidade do jovem (“Jaz”).

4. Por um lado, estes versos exprimem o lamento do sujeito poético pela morte do jovem (veja-se a repetição da palavra
“jovem”, cujo sentido é intensificado pelos vocábulos “Tão” e “Que”, introduzindo frases exclamativas); por outro lado
salientam quer a extrema juventude do soldado no momento em que morre, quer a perplexidade provocada pela nova
temporalidade (ou ausência dela), instaurada pela morte: o soldado passa a ter uma idade indefinida “(Agora que idade
tem?)”.

5. Representação das figuras femininas protetoras (a “mãe” e a “criada / Velha”); a presentificarão do mundo distante da
casa e da infância: ineficácia das preces da “mãe” e da “criada / Velha”, mediada pela inutilidade dos objetos que as
representam; brevidade da vida, sugerida (por hipálage) pela expressão “cigarreira breve”; pureza (da infância perdida),
expressa pela “brancura” do lenço; paz evocada pela “brancura” “alada” do lenço; contraste entre o aspeto dos objetos
materiais e do cadáver do jovem que os possuiu.

6. Estrofe particularmente relevante na medida em que: institui uma quase circularidade no poema, ao articular a primeira e
a última quintilhas por meio da recuperação e da transformação do quinto verso da primeira estrofe no quarto verso da
sexta; apresenta e realça, através desta reiteração e transformação, a progressiva e inevitável degradação física do
cadáver do jovem; evidencia a incomunicabilidade instaurada pela guerra e pela distância entre o “menino” e as figuras
maternas, bem como a impotência destas perante a ameaça consumada da morte; ex pressa uma posição crítica de
denúncia do poder político (“o Império”), que envia para a guerra os jovens e assim tece as “Ma lhas” da sua morte,
absurda aos olhos de todos, sobretudo da queles que mais os amam; intensifica o tom disfórico do poema, sublinhando os
sentimentos de pertença e de perda.
Nota: Os cenários de resposta (questões 2. a 6.) foram retirados dos Critérios de Classificação da Prova Escrita de Português B, 2006 (1.ª
Fase).

Educação Literária | Gramática


2. Crítica/denúncia dos horrores da guerra, ao nível económico, familiar e religioso.
2.1. Paralelismo estrutural, concretizado através da anáfora (“É a Guerra aquele(a)”), da repetição do léxico e do emprego
de estruturas sintáticas semelhantes (ex.: “O pai não tem seguro o filho […] o Religioso não tem segura a sua cela”, ll. 7-
10); metáfora (ex.: “aquele monstro, que se sustenta das fazendas, do sangue”, l. 1), enumeração, por vezes articulada com
a gradação (“os campos, as casas, as Vilas, os Castelos, as Cidades”, ll. 3-4), antítese (“rico”/”pobre”, ll. 8-9).

3. a. 9.; b. 3.; c. 8.; d. 3.; e. 7.

4. “em que” – antecedente: “aquela calamidade composta de todas as calamidades”; “que” – antecedente: “mal algum”;
“que” – antecedente: “bem”.

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