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EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1. Lê o poema.
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
20 Ele é que já não serve.
2. Com base nas três estrofes iniciais, indica seis características da figura representada.
4. Interpreta, no seu contexto, os seguintes versos: “Tão jovem! Que jovem era! / (Agora que
idade tem?)” (vv. 11-12).
5. Refere dois dos valores simbólicos do par de objetos formado pela “cigarreira” e pelo
“lenço” (vv. 17 e 24).
Nota: As questões 2. a 6. foram retiradas da Prova Escrita de Português B, 2006 (1.ª Fase).
ESCRITA A P R E C I A Ç ÃO C R Í T I C A
EDUCAÇÃO LITERÁRIA|GRAMÁTICA
A Guerra
VIEIRA, António (2014). Sermões de Incidência Política, Obra Completa de Padre António Vieira,
Tomo II, Vol. XIII. Lisboa: Círculo de Leitores, p. 162.
Coluna A Coluna B
a. “que se sustenta das fazendas, do sangue” (l. 1) 1. Sujeito
b. “os campos, as casas, as Vilas, os Castelos, as 2. Predicado
Cidades” (ll. 3-4) 3. Complemento direto
c. “segura” (l. 8) 4. Complemento indireto
d. “a fazenda” (l. 8) 5. Complemento oblíquo
e. “seguro” (l. 11) 6. Modificador do grupo verbal
7. Predicativo do sujeito
8. Predicativo do complemento direto
9. Modificador do nome
10. Complemento do nome
“É a Guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum, que ou não se
padeça, ou não se tema; nem bem, que seja próprio, e seguro.” (ll. 5-7)
SOLUÇÕES|SUGESTÕESMETODOLÓGICAS
“O menino de sua mãe” (p. 8)
Educação Literária
Sugestão geral
A abordagem deste poema poderá ser feita no âmbito da Unidade 3 – Poetas Contemporâneos, aquando do estudo de
“Como se faz um poema”, de Manuel Alegre (Manual, p. 225).
1. Sugestão
A leitura do poema poderá ser complementada com a escuta ativa de uma versão musicada do mesmo (ex.: Mafalda Veiga,
Luís Cília)
2. Características da figura representada: é um “jovem” (v. 11) soldado morto (v. 6); encontra-se abandonado, em campo
aberto (v. 1); tem o corpo “trespassado” por duas balas (vv. 3-4); apresenta a farda ensanguentada (v. 6), está de braços
abertos, “estendidos” sobre a terra (v. 7), é louro, de tez muito clara (“alvo”, v. 8); evidencia uma lividez cadavérica
(“exangue”, v. 8), mostra um olhar fixo e vazio (vv. 9-10), perdeu, prematuramente, o futuro e os sonhos (v. 10), é “Filho
único”, muito amado (“O menino da sua mãe”, conforme esta o tratava, vv. 13-15).
3. Antítese presente em “Que a morna brisa aquece” (v. 2) / “Jaz morto, e arrefece” (v. 5); oposição entre o calor da vida e o
frio da morte (o sopro do vento suave e tépido, simbolizando a vida, contrasta com a fria rigidez do soldado “trespassado”
por duas balas); oposição entre o movimento da “brisa” e a imobilidade do jovem (“Jaz”).
4. Por um lado, estes versos exprimem o lamento do sujeito poético pela morte do jovem (veja-se a repetição da palavra
“jovem”, cujo sentido é intensificado pelos vocábulos “Tão” e “Que”, introduzindo frases exclamativas); por outro lado
salientam quer a extrema juventude do soldado no momento em que morre, quer a perplexidade provocada pela nova
temporalidade (ou ausência dela), instaurada pela morte: o soldado passa a ter uma idade indefinida “(Agora que idade
tem?)”.
5. Representação das figuras femininas protetoras (a “mãe” e a “criada / Velha”); a presentificarão do mundo distante da
casa e da infância: ineficácia das preces da “mãe” e da “criada / Velha”, mediada pela inutilidade dos objetos que as
representam; brevidade da vida, sugerida (por hipálage) pela expressão “cigarreira breve”; pureza (da infância perdida),
expressa pela “brancura” do lenço; paz evocada pela “brancura” “alada” do lenço; contraste entre o aspeto dos objetos
materiais e do cadáver do jovem que os possuiu.
6. Estrofe particularmente relevante na medida em que: institui uma quase circularidade no poema, ao articular a primeira e
a última quintilhas por meio da recuperação e da transformação do quinto verso da primeira estrofe no quarto verso da
sexta; apresenta e realça, através desta reiteração e transformação, a progressiva e inevitável degradação física do
cadáver do jovem; evidencia a incomunicabilidade instaurada pela guerra e pela distância entre o “menino” e as figuras
maternas, bem como a impotência destas perante a ameaça consumada da morte; ex pressa uma posição crítica de
denúncia do poder político (“o Império”), que envia para a guerra os jovens e assim tece as “Ma lhas” da sua morte,
absurda aos olhos de todos, sobretudo da queles que mais os amam; intensifica o tom disfórico do poema, sublinhando os
sentimentos de pertença e de perda.
Nota: Os cenários de resposta (questões 2. a 6.) foram retirados dos Critérios de Classificação da Prova Escrita de Português B, 2006 (1.ª
Fase).
4. “em que” – antecedente: “aquela calamidade composta de todas as calamidades”; “que” – antecedente: “mal algum”;
“que” – antecedente: “bem”.