Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Ativismo
Quântico
Apostila
Amit Goswami, Ph.D.
o
Ativismo
Quântico
Apostila Amit Goswami, Ph.D.
Ilustrações de Ri Stewart
Esta apostila de exercícios foi preparada para auxiliar os entusiasmados espectadores do docu-
mentário O ativista quântico a se aprofundarem no estudo do ativismo quântico. É dedicada a
todos os ativistas quânticos presentes e futuros, um grupo especial de pessoas que se transforma-
rão e transformarão o mundo, usando com habilidade os princípios quânticos. Para oferecer seus
melhores resultados, esta apostila deve ser estudada em grupo sob a orientação de um líder que
coordene a dinâmica.
Assim, realize sessões de estudos durante, pelo menos, algumas semanas. Também incluímos refe-
rências para mais leituras e estudos individuais ou em grupo, além de alguns exercícios.
2
Física quântica e princípios quânticos
Qual é o veículo do ativista? É melhor que seja a física quântica, que oferece ao
ativista um poder causal: a causação descendente. Na física newtoniana, os objetos
são coisas determinadas, feitas de matéria; seus movimentos são determinados
por interações materiais entre objetos de nível básico, chamados partículas ele-
mentares, que constituem o mundo de baixo até em cima – a causação ascendente.
Mas, na física quântica, os objetos não são coisas determinadas: são possibilidades
quânticas dentre as quais a consciência faz a escolha. Essa escolha consciente é a
causação descendente.
Certo, estes são fragmentos sonoros importantes; há muito ainda que se exa-
minar em nossa busca da compreensão. Sendo assim, as primeiras perguntas são
as seguintes:
O que é o quantum?
O que é a possibilidade quântica?
O que é a consciência? ?
O que é o quantum?
3
O termo quantum concentra muito mais força desde que passou a ser usado
para denotar um movimento descontínuo. O físico Niels Bohr defendeu a tese de
que, quando um elétron salta de uma órbita atômica para outra, ele não atravessa
o espaço entre elas. O movimento do elétron é descontínuo, e Bohr denominou-o
“salto quântico”.
4
Probabilidade
Probabilidade
de probabilidade em forma de
sino. O poder preditivo da física
quântica decorre dessas curvas
em sino, que podemos calcular a
partir da física quântica em res-
posta à indagação de onde o elé-
tron estará em média, para um
grande número de mensurações. Posição no espaço
5
Corolários para discussão
Efeito do observador
O que é consciência?
6
O cérebro exige o colapso e o colapso exige o cérebro. Estamos aqui diante de
uma circularidade, de um paradoxo lógico, conhecido como o paradoxo da mensu-
ração quântica.
Em sua análise do paradoxo da mensuração quântica, a física quântica nos diz o
que a consciência deve ser a fim de evitar todos os paradoxos de pensar a respeito.
7
No filme, isso é discutido em partes, mas não tudo ao mesmo
tempo. Colocar todas elas juntas deve favorecer a discussão
sobre a natureza da consciência. Leia meu livro O universo au-
toconsciente se quiser saber mais sobre os paradoxos quânti-
cos e sua resolução, com base na filosofia do primado da
consciência. A causação descendente e seus três atributos –
não localidade, descontinuidade e hierarquia entrelaçada
– são os princípios da física quântica que podem nos transfor-
mar quando aprendemos a aplicá-los adequadamente em
nossas vidas. São essas as ferramentas com que trabalha o ativista quântico.
Mais para a frente, iremos tornar cada um desses atributos da causação des-
cendente um tópico de discussão, obedecendo à seguinte ordem:
8
O corpo denso e o corpo sutil
O que o corpo vital faz que o corpo físico não pode fazer? O que a mente faz
que o cérebro não pode fazer?
Dos nossos quatro corpos, o físico é público e vivenciado como externo; é o
chamado corpo denso. Os outros três – o vital, o mental e o supramental – são pri-
vados, internos e chamados de sutis. Isso levanta a seguinte questão:
9
Qual é a explicação para a dicotomia interno-externo?
Já mencionei anteriormente o conceito de ego. Com os corpos sutis em cena,
podemos indagar mais sobre o ego nos seguintes termos:
O que é o ego?
De onde vem a individualidade?
O que o corpo vital faz que o corpo físico não pode fazer?
Toda pessoa sensível sabe que, quando vivenciamos emoções, sentimos ener-
gias. Tradicionalmente, essa energia é chamada de prana (na Índia), chi (na China)
ou simplesmente energia vital (no Ocidente). O conceito de energia vital foi des-
cartado da biologia e da medicina devido ao dualismo implícito (se sentimos as
energias do movimento do corpo vital, como é que o corpo vital interage com o
corpo físico?), e devido ao advento da biologia molecular, por meio da qual pare-
ceu que poderíamos entender tudo sobre o corpo por meio da química do DNA etc.
Mas o DNA sozinho não pode explicar tudo sobre o nosso corpo como, por exemplo,
alguns aspectos do processo de cura. Como sabem todos os médicos e todos os
pacientes, frequentemente a cura precisa de vitalidade ou da energia vital. A ener-
gia vital não é produzida pela química do corpo. A química é local, mas a sensação
da energia vital, a sensação de estar vivo, é altamente não local. Mas, então, de
onde vem a energia vital se não do movimento de um corpo vital não material?
As moléculas obedecem a leis físicas, mas estas nada sabem dos contextos da
vida que tanto nos ocupam o tempo, como nossa manutenção e nossa sobrevivên-
cia, para nem mencionar o amor e o ciúme. O corpo vital pertence a um mundo
sutil separado e contém os moldes para a geração de formas, formas estas que
executam as funções vitais fundamentais – os contextos da vida. Em outras pala-
vras, o corpo vital fornece os projetos corporais para que os órgãos do corpo físico
executem as funções vitais no espaço-tempo.
O ponto é este: objetos físicos obedecem
a leis causais, e isso é tudo que precisamos
saber para que possamos analisar o compor-
tamento deles. Podemos dizer que seu com-
portamento é como uma lei. Os sistemas
biológicos obedecem a leis da física, mas
10
também realizam algumas funções com propósito, como a autorreprodução, a
sobrevivência, a manutenção da integridade do self no ambiente, o amor, a auto-
expressão, a evolução e o autoconhecimento. Vocês irão perceber que algumas
dessas funções são comuns aos humanos e aos animais. Por exemplo, o medo é
um sentimento ligado ao nosso instinto de sobrevivência, mas será que você
pode imaginar um grupo de moléculas sentindo medo? O comportamento mole-
cular pode ser completamente explicado no âmbito das leis físicas, sem agregar-
-lhe o atributo do medo. O medo é um movimento corporal vital que sentimos e,
ao mesmo tempo, é um programa vital que ajuda a consciência a direcionar as
células de um órgão físico a executar as funções vitais apropriadas em resposta ao
estímulo que produz o medo.
O comportamento dos sistemas biológicos é interessante porque esses pro-
gramas que comandam suas funções não estão relacionados às leis físicas causais
que governam o movimento do substrato molecular. Vamos chamar esse compor-
tamento de programado.
A grande contribuição de Rupert Sheldrake para a
biologia (veja seu livro A ressonância mórfica e os hábi-
tos da natureza) foi ter reconhecido a fonte deste com-
portamento programado. Sheldrake introduziu os
campos morfogenéticos não locais e não físicos na
biologia a fim de explicar os programas que coman-
dam a morfogênese biológica, ou seja, a constituição
das formas físicas para os seres biológicos.
Isso quer dizer que todos nós nascemos como em-
briões unicelulares que depois se dividem e criam ré-
plicas idênticas, dotadas de DNA e genes igualmente idênticos. Mas o funcionamento
celular depende das proteínas feitas nas células. Potencialmente, todas as células
podem fazer todas as proteínas, mas não é assim. Em vez disso, as células se tor-
nam diferenciadas e, dependendo do órgão ao qual a célula pertence, somente
alguns genes são ativados para fabricar determinadas proteínas, associadas ao
funcionamento daquele órgão em particular. Se é assim, devem existir programas
que ativam os genes adequados.
Como é que a célula sabe onde está no corpo ou a que órgão pertence? Essa
resposta exsuda não localidade. Audaciosamente, Sheldrake sugeriu que os pro-
11
gramas de diferenciação do funcionamento dos órgãos exigem campos morfoge-
néticos não locais (portanto, não físicos).
Com isso, mais uma vez o corpo vital é o repositório dos campos morfogenéti-
cos, os moldes para a constituição da forma. Como dissemos no filme, a tarefa do
corpo físico é criar representações dos campos morfogenéticos do corpo vital. A
tarefa das representações é executar as funções de viver, manter a vida, reproduzi-
-la etc.; a tarefa dos moldes vitais é ajudar a programar o corpo físico para que
execute suas funções biológicas. Faz sentido. Se as formas vivas são comandadas
por programas de computador, então os programas devem ter sido gerados por
algum molde, em algum lugar, por algum programador. Como os moldes agora
estão embutidos no hardware como formas e o comportamento programado da
forma biológica é automático, é fácil esquecer a origem do comportamento pro-
gramado e o programador.
Assim, o corpo vital é necessário. Ele tem os moldes originais, os campos mor-
fogenéticos que os órgãos do corpo físico representam. Assim que as representa-
ções são feitas, os moldes ajudam a rodar os programas que executam as funções
das representações dos órgãos. Quem faz as representações, o programador, é a
consciência. A consciência usa os moldes vitais para fazer as representações físicas
de suas funções vitais, codificadas em seu corpo supramental: um corpo de leis e
arquétipos. Quando a consciência colapsa um órgão físico para que execute uma
função biológica, ela também colapsa o molde vital: é o movimento do molde vital
que sentimos como a energia vital de um sentimento.
12
Esse modo quântico de movi-
mento do molde do corpo vital é
prana, chi ou energia vital. Quando
estamos passando pela experiência
interna de ter uma emoção, existe
um pensamento, mas também exis-
te um movimento extra, sutil, vital
que a consciência colapsa na esfera
de sua percepção interior; este é o
prana manifesto. As emoções envol-
vem movimentos do corpo vital
além do movimento do corpo men-
tal. Apenas preste atenção no que
acontece em você na próxima vez
que sentir raiva. Surgem pensamen-
tos enraivecidos do tipo “Vou te
mostrar uma coisa”. Mas veja bem:
existe alguma outra coisa, mais sutil,
que você também registra interna-
mente. Isso é o prana, a energia vital.
13
tos dos sentimentos na mente. De acordo com os orientais, há sete centros
principais em nosso corpo – os chacras – por meio dos quais percebemos e viven-
ciamos nossos sentimentos. Mas, através dos séculos, embora a ideia dos chacras
tenha recebido ampla validação empírica pelas disciplinas espirituais, não se cons-
truiu um conhecimento teórico significativo a respeito. Agora, finalmente, com o
conceito de campo morfogenético de Sheldrake, podemos contar com uma expli-
cação dos chacras, onde se originam os sentimentos e por que eles acontecem.
Você pode descobrir por si mesmo o que um pouco de pensamento quântico nos
permite teorizar cientificamente. Em primeiro lugar, observe que os chacras princi-
pais estão situados perto dos órgãos mais importantes do nosso corpo, consi-
derando o funcionamento biológico. Depois, repare no sentimento que você
vivencia em cada um desses chacras;
você pode recorrer à lembrança de sen-
timentos passados. Em terceiro lugar,
perceba que os sentimentos são suas
experiências da energia vital – os mo-
vimentos de seus campos morfoge-
néticos, e que os mesmos campos
morfogenéticos estão correlacionados
com o órgão do qual são a fonte, o molde. Agora, podemos chegar à conclusão
inevitável: os chacras são os pontos do corpo físico em que a consciência simultanea-
mente colapsa os movimentos de importantes campos morfogenéticos, e os órgãos do
nosso corpo que representam esses campos morfogenéticos.
14
O filme dá grande atenção ao chacra cardíaco.
Ótimo. Mas, em nossas sessões de discussão, vo-
cês devem dar grande atenção a todos os cha-
cras. Usem meu livro O médico quântico, e
também o de Christine Page, Frontiers of health,
para se orientar.
15
Contudo, surgiu em cena o filósofo John Searle. Em seu livro
habilmente intitulado The rediscovery of the mind [A redesco-
berta da mente], ele salientou que o computador, sendo uma
máquina que processa símbolos, não consegue processar signi-
ficados. Você pode experimentar. Pode reservar alguns símbo-
los para que denotem significados; vamos chamá-los de
símbolos significantes. Mas, em seguida, você se dá conta de
que precisa de outros símbolos que lhe digam qual é o significado dos símbolos
significantes, e assim indefinidamente. Para processar significados, é preciso um nú-
mero infinito de símbolos e de máquinas que os processem. Tarefa impossível!
O físico e matemático Roger Penrose ofereceu uma prova matemática de que
os computadores não podem processar significados.
Dando ao seu livro o provocativo título de The emperor’s
new mind [A nova mente de imperador], Penrose nos
alertou a respeito de que, apesar de toda a badalação em
torno da questão, a suposta “mente” dos computadores é
tão falsa quanto as novas roupas do imperador da fa-
mosa fábula.
Para corroborar sua afirmação, Penrose usou o impor-
tante teorema de Goedel, segundo o qual um elaborado
sistema matemático é inconsistente ou incompleto. Vale
notar que o teorema de Goedel é fundamental para se re-
conhecer a irrefutabilidade da hierarquia entrelaçada.
Os biólogos materialistas alegam que o significado pode realmente ser uma
qualidade adaptativa evolutiva da matéria. Os trabalhos de Searle e Penrose ex-
põem de modo convincente a natureza vazia dessa alegação. Se a matéria não pode
nem processar significados, como poderá ela alguma
vez apresentar a capacidade de processar significa-
dos para a natureza selecionar? Pelo bem da sobrevi-
vência ou não?
Decorre que a lição a tirarmos disso tudo é que,
embora a mente esteja claramente associada ao cé-
rebro, ela não pertence a ele, não é um epifenômeno do cérebro. Em vez disso, a
mente é independente do cérebro: ela é que dá significado a nossas experiências.
16
Os computadores não podem processar significa-
dos, mas podem fazer (em softwares) representa-
ções dos significados que lhes damos. Da mesma
maneira, a consciência usa o cérebro para criar re-
presentações de significados mentais.
Você ainda pode argumentar que tudo isso é
teoria. Onde estão os dados experimentais? O que
temos aqui é um teste experimental negativo; se
essa teoria está certa, então é impossível construir um
computador capaz de processar significados. É fato que
até o momento nenhum cientista da computação foi ca-
paz de construir um computador que processe significa-
dos para refutar nossa teoria. Em outras palavras, a teoria
está passando o teste.
A natureza da memória cerebral, a julgar por sua repetição, é uma denúncia
morta de que a mente é uma entidade dual diferente do cérebro. O neurofisiologista
Wilder Penfield foi o primeiro a observar – em seu trabalho com pacientes epilépticos
cujos “engramas” da memória ele estimulava com eletrodos – que essa estimulação
produzia um fluxo inteiro de lembranças mentais. O significado mental está repre-
sentado no cérebro, mas somente como gatilhos para que a mente correlata execute
o significado correlato. Isso também explica por que a memória é associativa.
Na realidade, há muitas evidências positivas a favor da dimensão causal da prá-
tica do processamento de significados, que é a tarefa da mente. O filme já discutiu
uma dessas questões práticas: a criatividade. Minha sugestão é que uma sessão de
discussão seja a respeito da criatividade. Leiam o livro de John Briggs, Fire in the
crucible [Fogo no cadinho], e também o capítulo 17 de Deus não está morto, que lhe
servirão de âncoras complementares para a discussão.
Mencionarei três exemplos adicionais da dimensão
prática causal do processamento de significados. Primeiro,
a sincronicidade, conceito introduzido por Carl Jung. A
sincronicidade refere-se a dois eventos correlacionados,
um no mundo físico e outro no mental, por meio do signi-
ficado que a mente percebe. Temos aqui um exemplo da
não localidade quântica. Eventos sincrônicos são balizas
17
úteis para a jornada criativa. Como vocês podem ver pelo filme, eu mesmo usei
essa orientação muitas vezes.
Depois, os sonhos. A explicação neurofisiológica dos sonhos – de que eles são
o resultado de colocar imagens perceptivas no som branco do cérebro – é somente
o início de uma explicação. A explicação completa é que
a mente injeta significado no “Rorschach” do som branco
do cérebro, criando, às vezes, audiovisuais bastante es-
petaculares. Então, os sonhos são o enredo contínuo de
nossa vida de significados, uma vez que nos ajudam a
enxergar como os significados se desdobram em nossas
vidas (Deus não está morto, capítulo 14). Isso explica por
que a análise de sonhos, segundo o referencial junguiano
– em que você supõe que todos os personagens do sonho têm o significado que
cada indivíduo atribui a essa imagem onírica –, é tão útil na psicoterapia. Um sonho
pode curar quando você trabalha com ele e assimila seu significado.
18
que tinham, senão... De algum modo, Howe perce-
beu que seus captores estavam carregando lanças
com furos perto das extremidades pontiagudas.
Quando acordou, Howe, no mesmo movimento,
entendeu que a chave para sua máquina estava
em usar uma agulha com um furo perto da ponta.
A descoberta do farmacologista Otto Loewi
da demonstração experimental da mediação quí-
mica dos impulsos neuronais deveria ser vene-
rada por todo neurocientista. Loewi tirou essa
ideia de um sonho, quer dizer, de dois, na reali-
dade. Na primeira vez, ele sonhou com a ideia e a
anotou no meio da noite, mas não conseguiu decifrar sua própria caligrafia no dia
seguinte. Felizmente, sua intenção lhe trouxe o sonho de volta na noite posterior
também. Dessa vez, Loewi tomou o cuidado de anotar os detalhes de maneira
bem legível.
Um terceiro exemplo é o importante cam-
po da doença psicossomática. Equívocos no
processamento de significados podem nos le-
var a doenças graves (O médico quântico). Vou
citar um exemplo disto: como a supressão das
emoções no chacra cardíaco pode nos provo-
car um câncer.
Os cânceres podem resultar de um mau
funcionamento do sistema imunológico. Sempre existem células funcionando mal
em nosso organismo, e elas se dividem de maneira incontrolável. Com um sistema
imunológico saudável, isso não causa proble-
mas, já que a glândula timo garante que essas
células anormais sejam regularmente abolidas.
No Ocidente, as pessoas – os homens em
especial – são culturalmente condicionadas a
suprimir suas emoções. Por exemplo, um ho-
mem pode achar desvantajoso para ele abrir
seu chacra cardíaco na presença de uma mulher
19
de quem gosta porque o coração aberto torna-o vul-
nerável. Ela, de repente, pode pedir um BMW e ele
concordar em lhe dar, quem sabe? Naturalmente, ele
adquire o hábito de suprimir a energia vital no cora-
ção, o que causa um bloqueio energético. Um blo-
queio prolongado como esse provoca a supressão
da atividade do sistema imunológico da glândula
timo, e isso pode levar à supressão da capacidade
que o corpo tem de abolir células com crescimento
anormal; estas, então, tornam-se cancerosas. Aliás,
certos tipos de câncer têm sido associados ao fato de
pessoas suprimirem suas emoções, em particular a
energia do amor no chacra cardíaco. É importante mencionar que, quando as emo-
ções se desanuviam mediante um salto quântico nos significados mentais, desblo-
queando a energia vital no chacra apropriado, existem agora evidências muito
boas de pacientes passando por curas espontâneas – dando um salto quântico da
doença para a cura, ao usarem a escolha criativa.
Então, meu ponto é este: se o processamento desequilibrado de significados
pode produzir uma doença séria como o câncer e se, além disso, um significado
correto recupera a saúde, é melhor levarmos a mente e os significados bem a sério.
Esses não são meros epifenômenos!
20
cias interiores. Os objetos quânticos são Distribuição da probabilidade quântica
Probabilidade
um significado em particular e nasce um
pensamento. Mas, assim que eu não es-
teja pensando, a onda de possibilidade
começa novamente a se expandir. Logo,
entre o meu pensamento e o seu pensa-
mento, a onda de significado se expande
tanto, tornando-se tantas possibilida- Posição no espaço
21
também vem olhar. Entre o seu colapso e o de seu amigo, a onda de possibilidade
da cadeira sem dúvida se expande, mas bem pouco. Antes de mais nada, as molé-
culas da cadeira estão aglutinadas por forças coesivas; sendo assim, a “cadeiridade”
da cadeira permanece até como possibilidade. Somente o centro de massa da ca-
deira pode se mover devido à expansão da onda de possibilidade da cadeira, mas
esse movimento é minúsculo. Como resultado, quando seu amigo a colapsa, a
nova posição da cadeira só é diferente daquela que você observou num teor dimi-
nuto, imperceptível sem a ajuda de um aparelho de laser. Naturalmente, vocês dois
acham que estão olhando para a mesma cadeira, no mesmo lugar. Vocês têm uma
experiência compartilhada, de modo que a cadeira deve estar fora de ambos.
O mundo macromaterial é constituído desse modo. E isso é bom porque, de ou-
tro modo, não poderíamos usá-lo como ponto de referência. Se seu corpo físico esti-
vesse sempre retratando as incertezas do movimento quântico, quem você seria?
Além disso, se a natureza quântica da macromatéria não fosse subjugada, como
poderíamos usar a matéria para criar representações do sutil? Imagine anotar seus
pensamentos num quadro branco, com um pincel, e logo em seguida enxergar os
sinais sendo modificados por eventos seguintes que os colapsam. Para apreciar devi-
damente esse processo, considere que, desde que René Descartes reconfigurou a
realidade como um dualismo interior/exterior, mente/corpo, a filosofia ocidental
tem-se visto dominada por ele. Mesmo grandes pensadores, como Immanuel Kant e
Ken Wilber, pareceram incapazes de sair desse quadrado filosófico.
Ken Wilber (leia seu livro Psicologia integral)
exerce hoje em dia uma grande influência em ter-
mos de moldar o futuro dos estudos sobre a cons-
ciência. Por isso, vamos analisar seu trabalho mais
detalhadamente. A carreira filosófica de Wilber
começou bem. Ele defendeu a filosofia perene
(que é outro nome para a metafísica do primado
da consciência) e a traduziu com muita habilidade,
esclarecendo a mensagem dessa filosofia para
desenvolver uma psicologia transpessoal para os
nossos tempos. As primeiras apresentações de
suas ideias foram tão impressionantes que alguns o chamaram de “Einstein da
psicologia moderna”.
22
Não obstante, quando Wilber direcionou suas pesquisas para o desenvolvi-
mento de uma psicologia integral, assumiu como ponto de partida a dicotomia
cartesiana entre interior e exterior. A abordagem materialista da psicologia – na
psicologia cognitiva, no behaviorismo e na neurofisiologia – é uma abordagem
objetiva, um estudo da consciência na terceira pessoa, como algo “exterior” com
determinados atributos. A abordagem transpessoal baseada na filosofia perene
volta-se para descobrir a natureza do self/eu e, nessa medida, é um estudo da cons-
ciência primariamente na primeira pessoa e, secundariamente, na segunda pessoa
quando a não localidade da consciência é reconhecida. O estudo objetivo da cons-
ciência como algo “exterior” com determinados atributos é feito na consciência
externa. A consciência na primeira e na segunda pessoas (eu/você, nós) só pode
ser estudada de um ponto de vista interior. Disso decorreu o famoso modelo de
quadrantes de Wilber para os estudos da consciência:
holístico 6 alterados 6
rte
có
verde:
eo
,n
sensitivo 5 5
co
1a
bi
ca
ím
laranja: m
al
ad
4
m
realizador 4 a
te
sis
s,
âmbar:
co
3
ni
mítico 3
gâ
or
vermelho:
os
tad
egocêntrico 2 2
es
magenta: mágico
1 1
infravermelho: instintivo
ltu ag
e
od
ra rá
l rio 4
é-m
4
científico/racional
pr
Estados corporativos
5 in 5
pluralista no du Comunidades de valor
er str
6 od ial
m 6
holístico Comunas
in
7 o
fo
rm 7 holísticas
n
integral er ac Redes
od io
n
8 s-m al
8 integrais
pó NÓS ELES
cultura e visão ambiente e
do mundo sistema social
Figura 1. Alguns aspectos dos quatro quadrantes como aparecem nos humanos
23
Mas ainda não há integração. Há a mente e há o corpo em nosso estudo da
consciência, do ponto de vista da interioridade; mas o corpo agora está relegado a
epifenômeno da mente. No mesmo sentido, existem mente e corpo do ponto de
vista da exterioridade. Só que, agora, a mente é considerada epifenômeno do
corpo. Não parece que nenhum desses pontos de vista venha a ser algum dia ca-
paz de fazer justiça igualmente ao corpo e à mente.
Qual foi a solução de Wilber, então? Ele disse que, para podermos resolver o
dualismo mente-corpo, temos de desenvolver nossa consciência a fim de adquirir-
mos a capacidade de vivenciar estados não ordinários, “se você quiser desenvolver
ainda mais a sua consciência, se quiser conhecer todas as suas dimensões”. So-
mente do ponto de vista não racional dos estados “superiores” de consciência não
ordinários é que, de acordo com Wilber, o dualismo mente-corpo pode ser solucio-
nado. Wilber afirmou com todas as letras que não existe uma solução racional para
o problema mente-corpo.
Menciono a teoria de Wilber apenas para salientar como é extraordinário o fato
de que a abordagem quântica de fato proporciona uma solução racional ao pro-
blema mente-corpo e à dicotomia interioridade/exterioridade que o perpetua. A
física quântica nos permite ver que, assim como a fixidez newtoniana da realidade
macrofísica e a natureza comportamental do ego condicionado, a dicotomia inte-
rioridade/exterioridade também não passa de camuflagem. Conforme atravessa-
mos a camuflagem, estendemos a ciência até o mundo das experiências subjetivas,
interiores. Estava na hora.
24
observação implica uma cisão entre sujeito e objeto, uma cisão entre o self e o
mundo. Entretanto, antes do condicionamento, o sujeito ou o self que vivencia o
mundo é unitário e cósmico. Quando a consciência escolhe sua resposta ao estí-
mulo em meio às possibilidades quânticas oferecidas a ela pelo estímulo, com total
liberdade criativa (sujeita apenas às limitações das leis da dinâmica quântica da
situação. Deus é objetivo e regido por leis; são as leis Dele, afinal de
contas!), o resultado é o que pode ser chamado de experi-
xperi-
ência primária do estímulo em sua natureza (tal como é
vivenciado num estado de superconsciência que oss
orientais chamam de samadhi). Quando a consciênciaa
se identifica com o estado superconsciente, cha--
mamo-lo de self quântico (o Espírito Santo, no cristia-
a-
nismo). Com mais experiências do mesmo estímulo levando
vando
a um aprendizado, as respostas ficam enviesadas a favor
avor das
respostas passadas ao estímulo. É isso que os psicólogos
ogos cha-
mam de condicionamento. Identificando-se com o padrão
drão con-
dicionado de respostas a estímulos (hábitos de caráter)
er) e com a
história das lembranças de respostas passadas, o sujeito/self
ito/selff tem
uma aparente individualidade local que chamamos de ego (para
maiores detalhes, leia meu livro A física da alma). Quando estamos funcionando
com base no ego, nossos padrões individuais de condicionamento, nossas experi-
ências, sendo previsíveis, adquirem uma continuidade causal aparente. Sentimo-
-nos separados de nosso self quântico unitário e inteiro e de Deus.
25
vez disso, nos identificamos com um conjunto condicionado de padrões com os
quais exploramos os mundos vital e mental. Esses padrões funcionais individuais
são os que chamamos, respectivamente, de nosso corpo vital e nosso corpo men-
tal. A identidade consciente que vivemos com nossos corpos físico, vital e mental
mais o conteúdo de suas lembranças correlatas é o nosso ego.
Mas nunca tema. Em momento algum chegamos tão longe no auge do condi-
cionamento. Não vivemos tanto. Mesmo no nosso ego, conservamos uma relativa
liberdade. Um aspecto muito importante da liberdade que preservamos é a possi-
bilidade de dizer “não” ao condi-
cionamento, e isso nos permite ser
criativos de vez em quando.
Existem dados experimentais
corroborando o que estou dizendo.
Nos anos 1960, os neurofisiologis-
tas descobriram o assim denomi-
nado P300 (um evento com potencial relacionado), que sugere nossa natureza
condicionada. Vamos supor, como demonstração de seu livre-arbítrio, que você
declara sua liberdade de erguer o braço direito e o faz em seguida. Quer saber?
Olhando para o maquinário ligado ao seu cérebro, um neurofisiologista pode facil-
mente predizer, com base na aparência da onda P300, que você está prestes a er-
guer o braço. Os atos de “livre-arbítrio” que podem ser previstos não são exemplos
de uma verdadeira liberdade.
Então, o behaviorista está correto ao afirmar que não existe livre-arbítrio para
o ego? Talvez os místicos tenham razão quando dizem que o único livre-arbítrio
é a vontade de Deus, à qual devemos nos submeter. Mas, então, temos um
paradoxo: como nos rendemos à
vontade de Deus se não tivermos li-
berdade para isso?
Mais uma vez, não tema. O neu-
rofisiologista Benjamin Libet realizou
um experimento que resgata um
montante de livre-arbítrio, inclusive
para o nosso ego. Libet pediu aos
26
seus sujeitos experimentais que erguessem o braço assim
que se tornassem cientes do uso de seu livre-arbítrio er-
guendo o braço, aproveitando uma vantagem de 200 mi-
lissegundos entre os dois eventos. Os neurofisiologistas
ainda foram capazes de predizer, com base na P300, que os
braços seriam erguidos, mas, na maior parte das vezes, os
sujeitos de Libet conseguiram resistir à sua vontade e não
ergueram o braço, demonstrando que tinham conservado seu livre-arbítrio para
dizer “não” ao ato condicionado de erguer o braço.
Nosso objetivo deve estar claro. Queremos acessar a consciência não local para
podermos usar a causação descendente a fim de criar nossa realidade sempre em
harmonia com o movimento evolutivo da consciência. Os ativistas quânticos con-
tam com três ferramentas: a não localidade, a descontinuidade e a hierarquia en-
trelaçada. O uso habilidoso dessas ferramentas levará ao fim desejado, que é a
inteligência supramental – a capacidade de o indivíduo acessar o supramental,
quando necessário, para a solução dos seus problemas.
27
somente sujeitas a um limite de velocidade, a velocidade da luz (300 mil quilôme-
tros/seg). Entretanto, isso também faz parte do princípio da localidade.
Na física quântica, o princípio da localidade não se sustenta e cede lugar à não
localidade. Ironicamente, o próprio Einstein, cuja teoria da relatividade foi indis-
pensável para consolidar o princípio da localidade, juntamente com outros dois
colaboradores, Nathan Rosen e Boris Podolsky, foi o primeiro a perceber a viabili-
dade da não localidade quântica. Se dois objetos quânticos interagem, eles se tor-
nam tão correlacionados que sua influência mútua persiste com igual potência
ainda que a distância, mesmo quando não estão interagindo por meio de nenhuma
força local, nem trocando sinais locais. Mais tarde, os físicos John Bell e David Bohm
desenvolveram alguns conceitos que tornaram a não localidade quântica experi-
mentalmente verificável. A comprovação experi-
mental dessas ideias veio por meio do trabalho do
físico Alain Aspect e de seus colaboradores. Eles ob-
servaram dois fótons emitidos com correlação quân-
tica pelo mesmo átomo de cálcio, continuando sua
dança correlacionada apesar de, posteriormente,
estarem distantes e sem nenhuma troca discernível
de sinais entre eles.
Como discutimos no filme, a não localidade quântica agora tem sido direta-
mente verificada inclusive para sujeitos humanos, demonstrando a correlação en-
tre cérebros, o que não deixa nenhuma dúvida de que a física quântica certamente
se aplica a nós e ao macromundo em geral, sob situações sutis adequadas.
Sabe-se, há milênios, que existem conexões não locais entre seres humanos
em fenômenos tais como a telepatia mental. Deus não está morto (capítulo 16) faz
uma análise de alguns experimentos de telepatia mental. Naturalmente, o que é
especial a respeito dos novos experimentos, que tiveram em Jacobo Grinberg seu
pioneiro, é o fato de serem objetivos e de os papéis da meditação e da intenção
estarem claramente definidos no desenho experimental.
Nossa consciência trabalha normalmente com estímulos locais, tanto oriundos
do ambiente físico como da memória; esse é o modo do ego. Na comunicação não
local, transcendemos a mente-ego local e, momentaneamente, usamos a consci-
ência quântica. Como os criativos que (de modo até parcialmente inconsciente)
recorrem a incursões momentâneas na consciência quântica para processar novas
28
ideias em sua atuação profissional, os paranormais são pessoas
que têm acesso (novamente de modo, em parte, inconsciente) à
consciência quântica na área da comunicação não local.
A física quântica torna cientificamente viável o conceito da
comunicação não local de informações. Seguem-se dois exercí-
cios para você acessar a consciência quântica por meio de uma
experiência de não localidade quântica. Eles devem abrir ainda mais sua porta para
processar a causação descendente.
Uma palavra de cautela. A comunicação não local é o ponto de entrada mais
fácil ao âmbito da consciência não local. Pode ser usada para acessar Deus, mas
também pode ser – e é – frequentemente utilizada para os que buscam o poder. O
sábio Patanjali nos alertou quanto a esse perigo, e o ativista quântico fará bem em
não se deixar seduzir por essa tendência.
Exercícios
Exercício de visualização a distância
29
meditação é mais profunda. Repita por alguns dias. Se um grupo de medi-
tação for consistentemente melhor para você do que meditar individual-
mente, então você está “pegando o jeito” da não localidade quântica. Sua
inteligência supramental está sendo aprimorada. A propósito, esse apri-
moramento da qualidade da meditação é o que Jesus queria dizer quando
declarou: “Quando dois ou mais se reunirem em meu nome, então estarei
entre eles”.
30
muitas teorias podem ser processadas Elétron
31
Ele escreve E=ma2 e risca. Depois,
tenta E=mb2 e risca também. A le-
genda diz “O momento criativo”.
Por que você ri quando vê esse dese-
nho? Porque, intuitivamente, você
sabe que as descobertas criativas não
implicam a continuidade passo a
passo. Em vez disso, são produtos de
insights descontínuos.
A verdade é que, quando criança,
você costumava dar saltos quânticos
descontínuos no pensamento com
The creative moment bastante regularidade. É assim que
aprendemos coisas que exigem novos
contextos de pensamento, como um
novo conceito matemático, por exemplo, ou a identificar o significado de uma his-
tória, a reconhecer pela primeira vez o pensamento abstrato etc.
E, se a infância está longe demais, pense naqueles momentos em que você in-
tui alguma coisa. O que acontece? O que é a intuição? Por que você chama de in-
tuição determinados pensamentos? Porque não existe uma explicação contínua e
racional para esses pensamentos; não existe um precedente contextual para eles.
Uma intuição é um vislumbre que você tem de um futuro salto quântico.
Atualmente, você também pode seguir por outro rumo. Você pode ir assistir ao
filme O segredo e se sentir inspirado por sua mensagem a ponto de achar que pode
manifestar alguma coisa. Quando não o consegue, após algumas tentativas, faria
bem lembrar-se de uma lição da física quântica: a intenção de uma manifestação
deve se sintonizar com a consciência não local. Tendo essa revelação em mente, pas-
semos aos próximos exercícios.
32
Exercício
Intenção criativa e transformadora
Sente-se confortavelmente, em silêncio. A intenção deve começar no
ego, pois é aí que você está. Assim, no primeiro estágio, a intenção é
sobre você mesmo. Seja insistente. Tente manifestar sua intenção. No
segundo estágio, reconheça que você pode ter o que quer de duas ma-
neiras: conseguindo apenas por si mesmo, ou porque todos (inclusive
você) conseguem. Então, agora, sua intenção deve ser por todos, pelo
bem geral. Comece expandindo sua consciência para incluir todas as
pessoas ao seu redor; depois, inclua em sua consciência todas as pes-
soas de sua cidade, de seu Estado, de seu país e, por fim, do mundo in-
teiro. No terceiro estágio, sua intenção deve começar como uma prece;
se a minha intenção ecoar com o movimento que está na intenção do
todo, então que ela possa vir a ser. No quarto estágio, a prece deve se
transformar em silêncio, deve se tornar uma meditação. Permaneça
nessa meditação por alguns minutos.
Naturalmente, com este exercício, no começo, você talvez tente mani-
festar coisas físicas: um helicóptero seria ótimo! Você quer voar. Se conti-
nuar com isso, poderá vir uma fase em que você tem muitos sonhos com
voos, e essa experiência torna-se frustrante. No sonho, você voa tão bem!
Contudo, toda vez que acorda, percebe que está preso ao chão, não con-
segue voar, seu helicóptero não se manifestou. Daí, um dia você acorda e
lhe ocorre uma ideia diferente. Vamos supor que o sonho esteja tentando
chamar sua atenção para o fato de que você pode voar no sonho embora
não possa fazê-lo na realidade física. Em outras palavras, você pode ser
criativo no âmbito sutil e é nele que aperfeiçoa seus poderes de criação e
manifestação.
A transformação envolve o mesmo tipo de saltos quânticos descontí-
nuos no movimento da consciência que os atos de criatividade na ciência,
na matemática, na arte, na música. Chamo estes de atos de criatividade
externa e os primeiros, de exercícios de salto quântico.
33
Primeiro exercício:
Segundo exercício:
34
Se você quiser mais exercícios assim, com o mesmo objetivo de reali-
zar um salto quântico, leia o apêndice do livro de Paul Reps sobre o zen,
Zen flesh, zen bones; são as chamadas 112 técnicas de meditação de Shiva.
Essa é a tendência do nosso ego no nível do ser: estar no nível causal de uma hie-
rarquia simples.
O relacionamento é uma hierarquia entrelaçada
quando a causalidade flutua, indo e vindo infinita-
mente entre os níveis. E, sobretudo, a eficácia causal
dos níveis de uma hierarquia entrelaçada é apenas apa-
rente. A verdadeira eficácia causal reside num domínio
que transcende todos os níveis.
35
Como exemplo, analise o desenho de Escher intitulado Desenhando. Parece
que a mão esquerda está desenhando a direita e que esta desenha a esquerda,
mas, na realidade, Escher está desenhando as duas, de um nível transcendente.
A hierarquia entrelaçada entre os componentes do cérebro nos proporciona a
autorreferência. Ela nos confere nossa cisão sujeito-objeto e nossa capacidade de
experimentar como sujeito o mundo dos objetos. Para perceber isso, examinemos
a seguinte sentença:
36
(para usar palavras de Carol Gilligan em seu livro In a different voice). Com base
nessa descoberta, podemos amar o “outro” incondicionalmente, podemos criar cir-
cuitos emocionais positivos no cérebro, tantas vezes citados no filme.
Reencarnação e evolução
Nossa tendência é dizer “sim” quando ouvimos a primeira pergunta, mas evi-
dentemente deve existir mais sutileza aqui. Em toda iniciativa, o sucesso depende
da nossa motivação e da força da nossa intenção. Seremos mais ou menos criativos
em nossa jornada de transformação, dependendo do quanto estivermos motiva-
dos por nossa criatividade para encontrar respostas às indagações que satisfaçam
nossa alma, nossa sede de saber. E a força da nossa motivação depende de nossa
história de reencarnações.
Agora, vejamos a questão da evolução. Não pelas
lentes de Darwin, porém. Vocês ficarão perdidos em
meio à névoa e ao espelho de ideias inúteis, como o
acaso e a necessidade, que não oferecem nenhuma no-
ção nem da natureza proposital da evolução, nem da
criatividade nela envolvida. Dois filósofos, Sri Auro-
bindo (leiam o livro dele The life divine) e Teilhard de
Chardin (leiam seu livro O fenômeno humano), nos ensi-
naram como apreciar a evolução como evolução da
consciência. As teorias desses dois pensadores, quando
37
interpretadas e ampliadas pelo uso das noções quânticas,
permitem-nos formular a questão sobre o estágio seguinte
da nossa evolução. Leiam os dois livros acima quando fo-
rem discutir este tópico, incluindo o livro de Wilber, Up from
Eden, e o meu, Evolução criativa das espécies.
38
uma boa e minuciosa teoria que explica todos os dados
(A física da alma). A teoria e os dados sobre a reencarnação
sugerem que esse é o fator primordial para determinar nosso
lugar no espectro da criatividade.
As evidências empíricas para a reencarnação podem ser
vistas nos dados de um bom punhado de gênios. O matemá-
tico indiano Ramanujan e o músico virtuoso alemão Wolf-
gang Amadeus Mozart são dois exemplos notáveis. Ambos
nasceram em famílias sem talentos observáveis e exibiram
sinais de criatividade desde a mais tenra idade.
Sem sombra de dúvida, esses gênios desafiaram todas as
explicações em termos de condicionamentos genéticos ou
ambientais. O fato é que Ramanujan nasceu numa família in-
teiramente avessa à matemática. Entretanto, ele era capaz de
realizar somas de séries matemáticas infinitas com a mesma
facilidade com que bebemos água. E, embora a família de Mozart fosse relativa-
mente musical, isso não consegue de fato explicar como uma criança de três anos
seria capaz de escrever partituras originais. Assim, esses tipos de fatos devem ser
considerados evidências de que, às vezes, os gênios nascem com uma criatividade
inata, que lhes foi transmitida por suas encarnações anteriores.
39
Nossa teoria das reencarnações sugere que as propensões mentais que nos
acompanham desde nossas encarnações passadas incluem as três propensões de
sattva, rajas e tamas. Agora, lembremos que o condicionamento sempre está pre-
sente; este é o preço que pagamos por crescer e atulhar nosso cérebro com recor-
dações. Sendo assim, tamas domina quando começamos nossa jornada
encarnacional e só aos poucos, e com muitas encarnações, é que ela cede espaço
para as tendências criativas de rajas e sattva.
Sem dúvida, nossa posição no espectro de
criatividade depende de quanta sattva traze-
mos conosco a cada encarnação. O teor de sat-
tva influi em nossa capacidade para fazer
descobertas, que é o ato mais transformador
de criatividade. Quanto mais sattva tivermos,
maior será nossa tendência para mergulhar-
mos na criatividade fundamental. Do mesmo
modo, a herança encarnacional de rajas deter-
mina nossa medida de sucesso no tipo de cria-
tividade envolvido na construção de um império – a criatividade situacional.
Acontece que o propósito de nossa jornada encarnacional é descobrir os ar-
quétipos, tarefa que leva muitas vidas para ser realizada. O montante de sattva que
trazemos nos dota com a motivação pessoal necessária para explorar criativa-
mente os arquétipos. No filme O feitiço do
tempo, o protagonista (Bill Murray) é domi-
nado pelo arquétipo do amor, uma vida após
a outra, até que aprende a essência de desa-
pego do amor. Todos estamos fazendo a
mesma espécie de coisa, enquanto persegui-
mos um arquétipo ou outro. Assim como
nosso herói, nos mantemos inconscientes do
que estamos fazendo quando começamos
nossa jornada pelas encarnações, e somente quando amadurecemos é que passa-
mos a perceber melhor esse jogo.
A descoberta dos arquétipos exige a criatividade fundamental. A criatividade
situacional então nos permite muitos atos secundários de elaboração, baseados
40
em nossas descobertas. Quando mais
sattva tivermos numa determinada vida,
mais poderemos nos envolver com a des-
coberta direta dos arquétipos. Então, es-
tamos usando a criatividade “em busca
da alma”. Se nosso sattva for contami-
nado por rajas, nossa busca da alma será
prejudicada pela construção do império
e por trocarmos por dinheiro a nossa
busca da alma.
Como podemos aumentar nossa motivação para nos tornarmos criativos? Pu-
rificando nosso sattva. Mas este também é um objetivo limitado. Em última análise,
o que estamos buscando é o equilíbrio entre as três propensões: sattva, rajas e ta-
mas.
É um fato que, independentemente de nossa criatividade pessoal, as socieda-
des também progridem, tornando-se cada vez mais criativas num processo que
chamamos de construção da civilização. Sem a civilização, ainda estaríamos “inven-
tando a roda”, uma vez atrás da outra. E, para construir a civilização, é preciso rajas.
41
para o próximo estágio da nossa evolução, nada me-
nos do que isso. Qual é o próximo estágio? Como
chegamos ao próximo salto quântico da evolução?
Como posso ajudar pessoalmente o processo evolu-
tivo? Atualmente, essas são as perguntas mais im-
portantes.
A verdade é que, no curso da evolução de nossa
consciência, ficamos empacados. Vivemos numa era
em que ainda predomina a ciência materialista, em
que forças de separação e mentalidades mecânicas
têm supremacia. Essa mentalidade é a mãe da me-
diocridade e do consumismo, mesmo no âmbito da criatividade tradicional. O tre-
cho seguinte é o excerto de um diálogo do trabalho de George Bernard Shaw,
Heartbreak house, mas poderia muito bem ter ocorrido no século XXI:
Ellie: A alma é uma coisa muito cara de se manter. Muito mais do que um automóvel.
Shotover: É? Quanto a sua alma come?
Ellie: Ah, um monte. Ela come música e telas e livros e montanhas e lagos e coisas
lindas de vestir e boas pessoas com quem estar. Neste país, não se pode ter nada disso
sem muito dinheiro; por isso, nossas almas estão tão terrivelmente mortas de fome.
Mas, como Ellie, o que a maioria não percebe é que aquilo que mata nossa alma
de fome não é a falta de dinheiro para consumir alimento para a alma, mas a falta
de criatividade para produzir alimentos para a alma. E quando a mediocridade e o
42
consumismo produzem fome para a alma em massa, as pessoas criativas em nossa
sociedade, em vez de serem os heróis que seguiríamos rumo à evolução da consci-
ência, passam a ser os “forasteiros” de quem desconfiamos por serem “muito peri-
gosos” como exemplos a serem seguidos.
Não podemos respeitar as pessoas criativas a menos que nós mesmos dermos
à criatividade valor suficiente para, então, nos tornarmos produtores tanto quanto
consumidores de alimentos para a alma.
Não importa, porém. No meu modo de ver, o movimento evolutivo da cons-
ciência está em andamento, e muitos de nós já ouviram seu chamado. Sua disponi-
bilidade e sua prontidão estão em sua história de encarnações. Se você está lendo
isto, então já começou a compreender os componentes essenciais de sua jornada
criativa, e esta apostila de exercícios e seu grupo de estudos estão funcionando
como guias para aprofundar sua viagem.
Estamos na idade mental da evolução da consciência; a tarefa consiste em criar
melhores representações dos significados mentais. O exame de dados antropoló-
gicos nos diz que, quando éramos caçadores e coletores, usávamos nossas mentes
para dar sentido ao mundo físico à nossa volta. Desenvolvemos a mente física. Al-
gumas pessoas, os materialistas entre nós, por exemplo, ainda são dominadas pela
mente física. Na era horticultural seguinte, marcada pela agricultura de pequeno
porte (por exemplo, baseada no uso da enxada), fixamo-nos à terra; os homens e
as mulheres trabalhavam juntos e aprendemos a dar sentido a nossos sentimentos.
Isso nos deu a mente vital. Criamos alguns circuitos dominantes de emoções nega-
tivas, mas nunca terminamos a tarefa, nunca criamos boas representações do sen-
tido de sentimentos positivos como o amor. Em seguida, veio (prematuramente) o
estágio da mente racional com a descoberta do pesado maquinário agrícola. Este
é o nosso atual estágio.
43
E qual é o próximo estágio da evolução mental?
44
Bibliografia
Aurobindo, S. (1996). The Life Divine. Pondicherry, India: Sri Aurobindo Ashram.
Briggs, J. (1990). Fire in the Crucible. L.A.: Tarcher/Penguine.
Chopra, D. (2010). A cura quântica. São Paulo: Best Seller.
Goswami, A. (2008). Criatividade quântica. São Paulo: Aleph.
Goswami, A. (2008). O universo autoconsciente. São Paulo: Aleph.
Goswami, A. (2006). A janela visionária: São Paulo: Cultrix.
Goswami, A. (2008). A física da alma. São Paulo: Aleph.
Goswami, A. (2006). O médico quântico. São Paulo: Cultrix.
Goswami, A. (2008). Deus não está morto, São Paulo: Aleph.
Goswami, A. (2009). Evolução criativa das espécies. São Paulo: Aleph..
Penrose, R. (1991). The Emperor’s New Mind. N.Y.: Penguine.
Searle, J. (1994). The Rediscovery of the Mind. Cambridge, MA: MIT Press.
Sheldrake, R. (1981). A New Science of Life. L.A.: Tarcher.
Teilhard de Chardin, P. (1995). O fenômeno humano. São Paulo: Cultrix.
Wilber, K. (1981). Up from Eden. Garden City, NY: Anchor/Doubleday.
Wilber, K. (2002). Psicologia integral. São Paulo: Cultrix.
Assistentes de edição: Ted Golder, Harvery the Rabbit, Mr. Hobbs e Michael D. Austin.
As imagens do filme são cortesia da Blue Dot Productions.
Para o uso deste material além do escopo desta licença, entrar em contato com:
info@amitgoswami.com.br
45