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METODOLOGIA DE PESQUISA NAS ARTES VISUAIS

Lucas Men Benatti (UEM)


lucas-benatti@outlook.com

Resumo
O presente desenvolvimento teórico exprime em sua temática, os termos conceituais
da metodologia de pesquisa e sua presença e funcionamento nas artes visuais,
buscando auxiliar artistas e estudantes de artes, dentro da pesquisa em seu campo
de atuação. A primeira seção procura explanar a respeito de conceitos da metodologia
de pesquisa científica em parâmetro gerais e em sua segunda seção, discorrer a
respeito das particularidades da pesquisa no campo das artes visuais, dando maior
destaque as especificidades da pesquisa em arte. Para tanto apresenta como base
norteadora os estudos de Hélio R. Silva Brantes, Maria C. de Souza Minayo, Sandra
Rey e Silvio Zamboni.

Palavras-chave: Metodologia. Pesquisa. Artes visuais.

Introdução
Diante da singularidade da arte contemporânea de extrapolar o belo, o comum
e os paradigmas sociais, as obras pós-modernas se instauram em um ambiente de
profunda complexidade, dado seu nível técnico e teórico. É impensável a arte
contemporânea sem reflexão, sem conceitualização da obra. Concebemos o trabalho
teórico do artista como a luz ao que não é claro na obra de arte, aquilo que não é ou
fica visível ou a ideia que nem sempre é perceptível aos olhos. Sabendo das
dificuldades perante a formulação teórica de ideias nas obras de arte, buscamos a
partir dos termos conceituais da metodologia de pesquisa inserida nas artes visuais,
principiar o artista e/ou estudante de artes dentro da pesquisa no seu campo de
atuação. Tendo como base estruturante os estudos de Hélio R. Silva Brantes, Maria
C. de Souza Minayo, Sandra Rey e Silvio Zamboni dentro da metodologia de pesquisa
científica e da metodologia de pesquisa em artes visuais, em nossa primeira seção,
delimitamos alguns conceitos pertinentes à metodologia de pesquisa científica e que
acreditamos ser essenciais ao conhecimento do futuro artista-pesquisador. Em nossa
segunda seção, intencionamos, sem o intuito de exaurir a temática, estabelecer
algumas características a respeito da metodologia de pesquisa notadamente dentro
das artes visuais, intuindo o auxílio ao artista-pesquisador.

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Metodologia e pesquisa científica
Dentro de um aparato geral, a ciência pode ser entendida como resultante da
busca do homem para compreender o mundo e a si mesmo através da sistematização,
da racionalidade, da experimentação etc. sempre visando alcançar respostas as suas
perguntas. Podemos inferir que a pesquisa é um meio utilizado pela ciência na busca
de alcançar tal objetivo, e, portanto, uma “[...] busca sistemática de soluções, com o
fim de descobrir ou estabelecer fatos ou princípios relativos a qualquer área do
conhecimento humano” (ZAMBONI, 2006, p. 51).
A pesquisa científica sempre visa uma finalidade através de um caminho
racional determinado. Zamboni (2006) aponta alguns passos essenciais a serem
seguidos dentro da metodologia de pesquisa científica. Para o autor, seria
fundamental, após o amadurecimento de ideias, explicitar na pesquisa, a metodologia
utilizada - ou seja, o percurso que o pensamento faz para a produção de
conhecimento. Outro aspecto a ser destacado é o método (conhecido como o fazer
da teoria, modo de fazer seguindo princípios determinados), de acordo com a proposta
da pesquisa e que melhor se adeque ao paradigma1 em que está atuando. É
imprescindível que o paradigma esteja diretamente ligado à teoria (um modo de ver
as realidades fundamentada em princípios, um “como ver”) e, se necessário, também
devem estar presentes na pesquisa, as técnicas, - isto é, um conjunto de processos
que colocam em prática o método – como, por exemplo, os testes, questionários,
formulários etc.
Dentro do contexto da pesquisa cientifica, destacamos aqui, alguns aspectos
das pesquisas abrangendo as ciências sociais – o que inclui as pesquisas nas artes
visuais. Minayo (2000) afirma que o objeto das Ciências Sociais é essencialmente
qualitativo, ou seja, ele lida com as realidades sociais, com sujeitos, culturas etc. e os
significados que se expandem nessas e a partir destas relações. A pesquisa
qualitativa se refere a cultura, os costumes, crenças e “difere, em princípio, do
quantitativo à medida que não emprega um instrumental estatístico como base do
processo de análise de um problema” (BRANTES, 2013, p. 603).
Dentro da pluralidade de perspectivas de estudos científicos, Zamboni (2006),
aponta que, de um modo geral, é comum adotar-se, nas pesquisas científicas, a

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Normas, regras orientadoras, modelo seguido em determinada situação.

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seguinte estrutura: definição do objeto; colocação de um problema; introdução do
problema em um campo teórico; levantamento de hipóteses; observação; processo
de trabalho; interpretação e resultados e/ou conclusões. Isso, porém, não deve ser
considerado como uma estrutura fixa e única. Temos, como exemplo, a pesquisa em
artes, perspectiva que traça caminhos particulares do proposto e sobre a qual
discorremos a seguir.

Pesquisa e metodologia no campo das artes visuais


A princípio, podemos distinguir dois tipos de pesquisa no campo das artes
visuais, a pesquisa sobre arte e a pesquisa em arte. Quanto à primeira, entendemos
como a pesquisa elaborada a partir da obra de arte pronta, já acabada, pautada, por
exemplo, em análises históricas e críticas do produto final, seguindo as mesmas
metodologias das ciências humanas. Já a pesquisa em arte, é aquela que se faz
durante o fazer da obra, ou seja, aquela que se dá durante o processo de instauração
da obra feita pelo artista-pesquisador, perspectiva de pesquisa sobre a qual nos
aprofundaremos.
O processo metodológico da pesquisa em arte, apresenta algumas
particularidades dentro da pesquisa científica. Zamboni (2006) salienta, por exemplo,
que o problema na pesquisa em arte apresenta um nível de abstração e um grau de
complexidade muito maior que os colocados pela pesquisa em ciência. Os problemas
em arte fogem do senso comum e “suas soluções não preenchem necessidades
imediatas de ordem material” (ZAMBONI, 2006, p. 60). Os problemas em arte muitas
vezes encontram dificuldades em serem verbalizados e exigem um grau intuitivo maior
em seu tratamento.
Seguindo o pensamento de Zamboni (2006), no que concerne o referencial
teórico, a maior distinção entre a demais pesquisas em ciência e a pesquisa em arte,
está no fato de que, em arte não é tão relevante a formulação escrita do objeto de
pesquisa, ao contrário do que ocorre em outras ciências, onde o objeto de pesquisa é
expresso verbalmente dentro das implicações teóricas. A hipótese para o artista-
pesquisador “não assume forma tão rigorosa, sendo mais um desejo e uma
expectativa do que poderá ocorrer em termos de resultado final” (ZAMBONI, 2006, p
63).

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Segundo Rey (2002), dentro da metodologia de pesquisa em artes visuais, não
é aplicável um método a priori, uma vez que o artista pesquisador constrói seu objeto
de estudo ao mesmo tempo que desenvolve sua pesquisa. O modo de ver do artista-
pesquisador na pesquisa em arte, de acordo com Zamboni (2006), é muito mais
amplo, uma vez que compreende o objeto em suas relações com os símbolos que lhe
conferem significados. O paradigma do artista-pesquisador também se relaciona com
sua maneira de ver o objeto, assim como sua vivência influência o modo como esse
o colocará em discussão.
O processo de trabalho em artes não se apresenta de forma linear como no
processo de pesquisa em ciência. A intuição e a racionalidade estão em jogo e se
relacionam constantemente durante todo o processo. O caminho é permeado pelo
racional e o intuitivo, pela razão e pela sensibilidade, em uma constância de ajustes
entre os dois polos. A apresentação dos resultados geralmente não se dá de forma
verbalizada, mas pela própria finalização da obra. A conclusão é subjetiva e varia com
o espectador, sendo as conclusões do autor apenas mais uma entre tantas verdades.
A pesquisa em artes visuais, na perspectiva de Rey (2002), pressupõe a
competência do artista-pesquisador, em um primeiro nível, para transformar seus
pensamentos, ainda que nebulosos, em ideias, em rascunhos colocados no papel,
para, em uma segunda dimensão, o artista-pesquisador dar corpo às suas ideias
através de procedimentos práticos e técnicos e, em seu último estágio, conseguir
articular conceitos à sua obra em seu processo de criação.
Rey (2002) ainda aponta os caminhos que podem elucidar o processo da
pesquisa em artes. Segundo a autora, é importante, durante o processo, verbalizar
aquilo que se faz para as pessoas, mesmo que esta seja uma tarefa difícil a muitos
artistas, ela é essencial para a construção de um pensamento mais claro e coeso.
Existem, ainda, estratégias que auxiliam o desenvolvimento da pesquisa como, por
exemplo, manter um diário de artista que contenha todos os pensamentos, ideias e
percursos do artista-pesquisador. Também é fundamental estar atento às
ambiguidades que podem se apresentar, por exemplo, na interpretação entre os
escritos de um artista e escritos de terceiros sobre sua obra, para não cair no risco de
análises equivocadas como o endeusamento de certas coisas “banais” e vice-versa.
Rey (2006) também recomenda coletar os dados teóricos de fontes originais para a

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pesquisa, evitando ocasionais erros de interpretação. Acentua a imprescindibilidade
de conceitualizar o trabalho munido de ferramentas teóricas que são, muitas vezes
interdisciplinares, assim como, de fazer análises comparativas, ou seja, aproximar o
que parece diferente e diferenciar o que se assemelha, exercitar a redação, buscar
sempre a clareza na apresentação das ideias, expressar-se com propriedade e por
fim, apresentar os resultados de forma criativa.

Considerações Finais
Dada a importância da metodologia de pesquisa nas artes visuais para a
produção artística, em especial, a metodologia que se insere na dimensão da
pesquisa em arte, visto que ainda é um caminho enevoado dentro de muitos cursos
de licenciatura em artes visuais “onde muitas vezes pelo fato dos professores não
terem formação na área de artes visuais, não vislumbram especificidades da pesquisa
no universo das artes visuais [...]” (BRANTES, 2013, p. 603), o artista, de forma
recorrente, não possui o conhecimento dos caminhos ou vias para a produção teórica
de sua obra e se vê sem alternativas perante o nosso atual contexto histórico-cultural,
onde críticos, artistas-pesquisadores, entendedores de artes de modo geral,
compreendem que, apenas técnicas bem desenvolvidas em uma obra, não são
suficientes para o enquadramento dentro de determinadas galarias, exposições,
centros culturais etc. não estabelecendo “prestígio”, a esse tipo de trabalho artístico.
Referências
BRANTES, Hélio Renato Silva. Por uma metodologia de pesquisa em poéticas
visuais. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA EM ARTE E CULTURA
VISUAL, 6., 2013, Goiânia. Anais... Goiânia: UFG-FAV, 2013. p. 602-611.
Disponível em: http://www.fav.ufg.br/seminariodeculturavisual/Arquivos/2013/077-
eixo2.pdf. Acesso em: 14 jul. 2014.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa


social. In: ______ (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 16. ed.
Petrópolis: Vozes, 2000. p. 9-28.

REY, Sandra. Por uma abordagem metodológica da pesquisa em artes. In: BRITES,
Blanca; TESSLER, Elida (Org.). O meio como ponto zero: metodologia da pesquisa
em artes plásticas. Porto Alegre: UFRGS, 2002. p. 123-140.

ZAMBONI, Silvio. Metodologia da pesquisa em artes visuais. In: ______. A pesquisa


em arte: um paralelo entre arte e ciência. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2006.
p. 51-71.

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