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UFRGS FACED

EDH

Especialização em Ética e

Educação em Direitos Humanos

O perfil das mulheres que procuram a Defensoria Pública de Canoas

Aluna: Luci Mari Castro Leite Jorge

Professor Orientador: Dr. Fernando Seffner

Porto Alegre, junho de 2014.


UFRGS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

EDH/2013

O PERFIL DAS MULHERES QUE PROCURAM A DEFENSORIA PÚBLICA


DA CIDADE DE CANOAS.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM


EDUCAÇÃO E ÉTICA EM DIREITOS HUMANOS.

PROFESSOR ORIENTADOR: FERNANDO SEFFNER

PORTO ALEGRE, JULHO DE 2014.


DEDICATÓRIA

Dedico a todas as pessoas militantes dos Direitos


Humanos em especial as mulheres que precisam ser sujeitas
destes e não mero objeto.
Agradecimentos:

Agradeço em primeiro lugar a Universidade Federal do Rio Grande do Sul por


permitir e proporcionar a realização deste curso com a cadência de seus professores e
em especial o orientador.

Dr. Fernando Seffner especialista em gênero que teve a paciência e sabedoria de


me conduzir na pesquisa e orientar na escrita deste trabalho.

A colega e coordenadora deste curso Giancarla Brunetto que desbravou por


dentro e por fora desta universidade, trazendo apoios locais e internacionais para
ministrar aulas, suas experiências e vivências em Direitos Humanos.

A professora Maria Cristina Bortolini

Aos Professores:

Nilo Piana de Castro

Jose Otavio Catafesto

Felipe Kirchner por permitir que se publicassem os dados coletados da


Defensoria Pública da Cidade de Canoas.
Abstract

Relações de gênero – Direito – Educação Interdisciplinar – Políticas Públicas –


Liberdade e Igualdade.
Sumário

Introdução ............................................................................................................. 07

Objetivos e referências históricas das pessoas que procuram por


Direito...................................................................................................................09

Pesquisa na Defensoria de Canoas ..........................................................................12

Desafios.................................................................................................................13

Conclusão..............................................................................................................18

Bibliografia..........................................................................................................20

Anexos................................................................................................................21
Introdução

A cultura patriarcal como, por exemplo, na obra do autor Fustel de Coulanges,


Cidade Antiga na origem do Direito Romano1 a Mulher era subordinada a seu pai na
Idade Média e quando seu progenitor encontrava um pretendente a sua filha, desde que
pagasse um dote por ela a levaria e esta moça teria de esquecer sua cultura e passar a
crer nas divindades de seu marido e seguir toda suas tradições sem poder voltar para
suas próprias origens, ou seja seguir vida nova e enfrentar todos os desafios que viriam
a partir da vida de casada.

Essa diferenciação sexual do trabalho se dá quando o homem trás seus recursos


salariais e a mulher fica em casa “administrando esses e empregando no cuidado com a
família2’a verdadeira dona de casa é que sabe cuidar dos filhos mostrando os valores da
França antiga, a família operária se define por uma rigorosa divisão do trabalho de
papeis e de tarefas e dos espaços, mostrando que a mulher pertence ao privado ao
interior e ao homem um trabalho externo à rua, ao público.

Com o avanço do capitalismo as mulheres também foram para as fábricas e


disputavam espaço com os homens, mas seus salários eram menores devido às suas
fragilidades, essa era a desculpa atribuída pelo poder econômico.

Atualmente não estamos longe das mesmas desculpas, ou seja, nós mulheres
ainda ganhamos menores salários, a feminização da pobreza tornando as mulheres ainda
na maioria das vezes como “chefes de família”, pois ainda vivemos em luta de classes,

1
Coulanges, F. A Cidade Antiga – 1830- 1839 – Editora Martin Claret.
2
Perrot, M. As mulheres ou os silêncios da história – EDUSC – 2005.
dentro das classes oprimidas há desigualdade de condições de vida e a assimetria de
poder alicerçadas entre outras formas de dominação como a de gênero3.

As questões de gênero são tratadas dentro de um contexto histórico e político


marcando então as desigualdades sociais e que servem de instrumentos de estudos, mas
também de inspiração para instigar a mobilização para transformação de uma realidade
que é desigual entre homens e mulheres4, em pleno século XXI.

Objetivos e referencias históricos das pessoas que procuram por Direito

O acesso à justiça ao longo da história se interligava com o divino o Direito e a


Teologia foram separados na Reforma Protestante que levava a separação entre o
Direito e Teologia e a busca de explicações fundamentadas para o Direito que fosse
válida independentemente da discussão sobre a existência de Deus 5. Aqui era para
mostrar que ninguém pode falar em nome de Deus representando um Estado e sim o
Estado se organizar e atender seus membros com ação dos homens e não no poder de
Deus.

O Estado é uma instituição social que mantém o monopólio sobre o uso da força
com essa o Estado é definido por sua autoridade para gerar e aplicar Poder Coletivo6, é
organizado em torno de um conjunto de funções sociais, incluindo manter a lei, a ordem
e a estabilidade. Resolver os litígios através do sistema judiciário.

3
Campos, C. S. S – A face feminina da pobreza em meio a riqueza do agronegócio Editora CLASCO
Conselho Latino Americano de Ciências Sociais.
4
Louro, Guacira Lopes; Neckel, Jane Felipe; Goellner, Silvana Vilodre (orgs) – Estudos Feministas,
Florianópolis, 13 (1): 179 – 199, janeiro – abril/2005.
5
Lafer, C. – A reconstrução dos Direitos Humanos. P. 38.
6
Johnson, Allan G; Dicionário de Sociologia – Conceito de Estado para Max Weber
O Estado foi se formando com doutrinas de Direito de Estado evoluíram
conforme a elaboração de várias doutrinas a partir de ideias individualistas da sociedade
e da história surgindo o aparecimento da modernidade7.

Petição de Direito (1628)

Em 1628, o Parlamento Inglês enviou esta declaração de liberdades civis do rei Carlos I.
O seguinte marco miliário registrado no desenvolvimento dos direitos humanos
foi a Petição de Direito, feita em 1628 pelo Parlamento Inglês e enviada a Carlos I como
uma declaração de liberdade civil. A rejeição pelo Parlamento de financiar a política
exterior impopular do rei tinha causado que o seu governo exigisse empréstimos
forçados e aquartelasse tropas nas casas dos súbditos como uma medida econômica.
Prisão arbitrária e aprisionamento por oposição a estas políticas produziram no
Parlamento uma hostilidade violenta a Carlos e a Jorge Villiers, o Duque de
Buckingham. A Petição de Direito, iniciada por Sir Edward Coke, baseou–se em
estatutos e cartas anteriores e afirmou quatro princípios: (1) Nenhum tributo pode ser
imposto sem o consentimento do Parlamento, (2) Nenhum súbdito pode ser encarcerado
sem motivo demonstrado (a reafirmação do direito de habeas corpus), (3) Nenhum
soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos, e (4) a Lei Marcial não pode ser
usada em tempo de paz8.

7
Este trabalho visa apresentar a eficácia dos Direitos Humanos com ênfase ao gênero feminino na
Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul na cidade de Canoas, que se localiza no Foro da
Comarca de Canoas/ RS, na Rua Lenine Nequetti, 60 no centro da cidade.

8
http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/brief-history/magna-carta.html
A noção de Direitos Humanos como palavra também poderá ser questionada
como a prevalência de um sistema já pronto e vindo da cultura europeísta, conforme a
Antropologia do Direito, o questionamento do direito, mas e porque não é o esquerdo?
Será que o esquerdo não é o feminino?9 Pergunta feito por um antropólogo e etnólogo
sistematizador da Teoria da Dádiva que resgata um modelo interpretativo da atualidade
e pensamento dos fundamentos da solidariedade e da aliança nas sociedades
contemporâneas.

No Brasil a temática específica de Direitos Humanos com políticas públicas


surgiu dentro do Ministério de Justiça com uma aprovação da Lei 9.140 e reconhecia a
responsabilidade do Estado Brasileiro pelos crimes do período ditatorial e a Lei
10559/2002 – Lei da Anistia (anistiado político) – Uma comissão que veio reparar as
vítimas da ditadura, Fernando Henrique Cardoso (FHC) – Presidente da República
reconhece em 1998 a competência da Corte Interamericana de Direitos Humanos da
Organização dos Estados Americanos (OEA), para examinar e decidir sobre episódios
de violação ocorridos no Brasil.

Em sequencia às políticas públicas entre os dois governos, surge uma Comissão


Especial sobre mortos e desaparecidos políticos que ainda se discutem sobre
responsabilizar os autores das violações de direito contra a vida das pessoas que
ousaram a enfrentar um regime totalitário de estado10.

Atualmente existe a Comissão Nacional da Verdade instalada pela Secretaria de


Direitos Humanos com o status de Ministério que está apurando e investigando os
autores responsáveis por crimes políticos cometidos com muita violência e torturas
contra as pessoas e militantes que se opunham ao regime empregado entre os anos de
1970 a 198511.

9
Mauss, Marcel – Dádiva, simbolismo e associação Revista Crítica de Ciências Sociais, 73,
Dezembro
10
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10559.htm
11
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nilm%C3%A1rio_Miranda
Dentro dos avanços de legislação específica para mulheres foi criada a Lei Maria
da Penha Lei 11240/2006 que trata da violência doméstica retratando uma triste história
de uma professora que foi vitimizada por vinte e três anos e denunciou seu caso na
Corte Interamericana porque o Brasil nada fez para que seu agressor fosse punido.
Então a Corte estabeleceu ima punição ao Brasil para que esse pagasse uma multa a
vítima que ficou paraplégica devido a sucessão de violações causadas por seu
companheiro. Hoje se tem uma alteração no Código Penal Brasileiro, artigo 129 foi
acrescido o parágrafo 9º que trata exclusivamente da Violência Doméstica12, trata aqui
em primeiro lugar de medidas protetivas à mulher como por exemplo do autor da ação
que vitimizou sua companheira não poderá se aproximar até cem (100) metros da
vítima, por medida de segurança, caso contrário ele será levado ao cárcere porque
desobedeceu um preceito legal.

Pesquisa de campo feita para colher amostras de dados na Defensoria de


Canoas13

12
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Maria_da_Penha
13
Apresenta-se uma pesquisa com a entrevista de usuárias que procuram o serviço e traça-se
um perfil das demandantes, perguntando-se qual sua necessidade, onde mora, idade, pretensões com
serviços oferecidos e se estão satisfeitas com o atendimento oferecido pela Defensoria.

A sistemática da Defensoria é de que nas terças e quintas são distribuídas dez (10) fichas para a
comunidade levar suas demandas até aos defensores resolverem seus problemas e encaminhar para
justiça para deferir ou não seus pedidos.

A Defensoria conta atualmente com nove advogados que se distribuem em quatro profissionais
para Direito Penal, dois para Direito de Família e três para questões ou causas Cíveis e cada defensor
conta com um estagiário que auxilia nas operações processuais, além de ter mais um estudante para o
atendimento do público prestando informações gerias ou específicas da Defensoria.

Na pesquisa de campo observou-se que o trabalho é intenso e de toda a ordem, pois as pessoas
muitas vezes quando procuram a justiça estão descontroladas emocionalmente e passam suas aflições
aos estagiários que estão trabalhando internamente nas demandas dos próprios usuários e também não
possuem um preparo, capacitação oi uma integração de profissionais de outras áreas que se
integrassem para prestar um atendimento psicológico ou do serviço social.
Também as mulheres que procuram a justiça já neste patamar de problemas
chegam desacreditadas das instituições públicas e dos profissionais que não lhes
prestaram á devida atenção desde o início de suas querelas14.

Estudar um pouco sobre os paradigmas que a sociedade segue com os velhos


modelos patriarcais em que os homens podem tudo e as mulheres ainda precisam de
uma permissão para adentrar nos lugares de maior poder ou os lugares ditos masculinos
como o do campo político partidário são públicos ao contrário do espaço privado que é
destinado às mulheres que quando solteiras no desenvolvimento industrial ocorreu uma
ênfase no caminho da produção da mulher no espaço do lar para a fábrica, sem que
houvesse possibilidades de combinar trabalho produtivo e reprodutivo, ou seja, as
mulheres se planejarem primeiramente e depois se inserirem com mais segurança no
mundo do trabalho e enfim um lugar público que as respeitassem como sujeitas de
direitos e oportunidades15.

O que ainda esses espaços públicos não se têm mulheres como na política, como
por exemplo, as parlamentares possuem um número irrisório em muitos municípios do
Brasil e mesmo com legislação aprovada com resoluções do TSE – 12034/0916. Essas
medidas vieram como forma compensatória para contemplar as mulheres e as fazê-las
mais participativas nos setores de poder, mas, ainda falta articulação política e abertura
de incentivo financeiro para as campanhas políticas eficazes para que realmente as

14
Diniz, Maria H. Dicionário Jurídico – Querela: direito Penal e Processual em Sentido estrito designa:
queixa ou acusação ou sentido amplo é a denúncia em juízo.

15
Nogueira, Claúdia. M – O trabalho duplicado – A divisão sexual do trabalho e na reprodução: um
estudo das trabalhadoras do telemarketing – Ed. Expressão Popular . P. 22.

16
www.tre.gov.br – estabelece que 30% da chamada cota de gênero, ou seja, mulheres ocupem vagas
nas eleições artigo 10 parágrafo 3 da lei das Eleições determina que cada partido político ou coligação
preencherá no mínimo 30% e ao máximo 70% para candidatura de cada sexo.
mulheres se elejam nesse sistema capitalista perverso que não investe nas propostas de
gênero e só usam os nomes femininos como meras “laranjas” para cumprir um rito de
pro forma e não de mérito ou eficaz que contemple as mulheres em suas demandas, pois
já que nas camadas sociais de mais baixa renda são elas as chefas de família e precisam
educar e formar seus filhos.

Mesmo nessa contradição entre valores ético-políticos é preciso vencer nessa


diversidade de culturas e se ter compromisso social ou ainda as transformações sociais
virão através do conhecimento com as universidades que enquanto instituição tem que
contribuir para essas reformas institucionais, inclusive no atendimento de demandas
coletivas1718 ou individuais que respeitem a individualidade de cada cidadão.

Desafios

As dificuldades vistas aqui são de acessar as informações de que os serviços


públicos são gratuitos e que o acesso a justiça ou ao Poder Judiciário não precisa ser
somente por via da Defensoria Pública e sim procurar qualquer advogado em seu
escritório, levar sua demanda, solicitar uma AJG (acessória jurídica gratuita) para este
profissional cuidar da causa em que a solicitante demanda na Justiça, seja na Estadual
ou Federal.

Percebe-se aqui o desconhecimento em que as pessoas de baixa instrução escolar


não possuem e não procuram profissionais que podem atendê-las em seus escritórios e
negociar com esses o pagamento ou não de seus honorários, deixando apenas para o
Estado pagá-los através de AJG – Lei 1060 de fevereiro de 195019, estabelece normas

17
Cardoso, C. M. – Direitos Humanos na Universidade.
18
Diniz, Maria H. – Dicionário Jurídico volume II – Ed.Saraiva
19
Lei que assegura uma Assistência ou Assessora Jurídica Gratuita para pessoas que não condições
financeiras de custear um processo judicial.
para a concessão de Assistência Judiciária aos necessitados ou também na sucumbência
da ação, é a perda da causa o demandante (o que entrou com a ação) não pagará as
custas judiciais ou ainda se a demandante obtiver ganho de sua causa não será
descontado nenhum valor econômico referente ao seu pedido.

É claro que as pessoas desconhecem também os jargões jurídicos empregados


pelos profissionais do direito e isso muitas vezes se torna um entrave para que os
cidadãos que não são dessa área profissional não entendam uma linguagem puramente
técnica e que também seria necessário uma educação voltada para os Direitos Humanos
ou garantias fundamentais expressas na nossa Constituição Federal de 1988 elencadas
em seu artigo 5º CF/88. Aos cidadãos e cidadãs na escola, na educação regular e enfim
também em cursos de capacitação ou formação de pessoas adultas para que enfim as
pessoas em geral tivessem um conhecimento médio das coisas que se falam no Poder
Judiciário e que não as excluíssem de mundo que parece as vezes para poucos ou para
quem já tem um “bom” poder aquisitivo e que na verdade nem precisaria ser
contemplado com a celeridade ou atendimento do Judiciário20.

Ainda assim percebe-se que o sistema da Defensoria Pública, no caso


apresentado na cidade de Canoas, não atende aos mais carentes porque se as fichas são
distribuídas às 08h00 da manhã e as pessoas precisam chegar às 04: 00 conclui-se que
somente chegarão as que moram mais perto do fórum de Canoas e as que moram na
Cidade de Nova Santa que também são atendidas por essa comarca, não serão
contempladas devido a grande distancia que será percorrida pelas pessoas que também
precisariam de atendimento nessa instituição pública, mas devido a limitação de entrega

20

O que ainda falta é uma política pública efetiva que atinja realmente essas usuárias, no caso as mulheres
que ainda são o ”esteio” da família, que garantem a manutenção e a sobrevivência desta, em uma
sociedade que ainda é patriarcal e deixa para as mulheres essas “tarefas” de cuidado com o outro e ir
buscar atendimento para seus filhos, maridos ou pais, sem terem uma proteção efetiva de um estado que
seja o garantidor dessas políticas públicas, tornando-as vítimas de um ciclo vicioso de ir “mendigar” um
serviço que não as atenda dignamente.
de fichas não serão contempladas porque chegarão mias tarde na sede da comarca onde
está localizada a Defensoria que também tem limitações e distribuirá suas senhas dentro
de sua sistemática e provavelmente deixará de atender essas pessoas que virão de
grande distancia e não sobrarão as senhas para que também sejam contempladas.

O conflito e o monopólio estatal da jurisdição dos Direitos Humanos ainda são


tidos como questão de justiça administrado pelo Poder Judiciário e assim as demandas
se instauram e as ações são tratadas como remédios e não como profilaxia no caso o
ideal seria de resolver os conflitos amistosamente e não no sistema litigioso que é muito
mais demorado devido aos excessos de demandas processuais abarrotando os cartórios
do Judiciário que ficam lá os resumos das histórias de vidas que almejam por solução
que vira uma justiça injusta21 porque não atende com presteza e celeridade os pedidos
das pessoas que se acharam injustiçadas ou violadas em seus direitos mais básicos e
querem uma solução ou reparação específica para suas demandas e que não vieram
conforme a expectativa dos autores que entraram para pedir alguma reparação.

As expectativas com a Educação em Ética e Direitos Humanos são muito


maiores do que o mero acesso a justiça formal, todos somos intérpretes jurídicos do
Direito, esse que precisa nos contemplar dentro de nossas necessidades mais básicas,
sem que ao ter que supri-las precisemos acionar uma autoridade estatal para vir nos
dizer o que já é nosso por legitimidade, enfim há projetos de mediações e aplicados em
lugares como por exemplo, no Projeto Viva Rio22 - Promotoras Legais Populares23 que
media os conflitos em comunidades violentas, democratiza o conhecimento do direito,
os seja um problema complexo é multidimensional com os saberes se complementando.

21
Quando a ordem é injusta, a desordem é o princípio da desobediência – Romain Rolland -
https://www.google.com.br/search?q=justiça+injusta&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=ze6-
U4nGJ8ivyATcwoD4DA&sqi=2&ved=0CBsQsAQ&biw

22
http://pt.wikipedia.org/wiki/Viva Rio

23
http://www.spm.gov.br/subsecretaria-de-enfrentamento-a-violencia-contra-as-mulheres/lei-maria-
da-penha/9-2-promotoras-legais-populares
Os agentes de cidadania que são os próprios moradores da comunidade são
capacitados para atuar nesta, pois, já tem o domínio do fato e com isso se legitimam
para atuar e mediar os conflitos ou prevenir os novos que por ventura surjam.

Mas para que tudo ocorra de maneira positiva é necessário apoio estatal através
de distribuição de material, financeiro e capacitação para os membros das comunidades.
O negativo ainda as vezes são as barreiras que as pessoas criam quando a sistemática
ainda não foi bem discutida com a comunidade e está se sente invadida ou
desrespeitada por ter sido violada na sua cultura ou outra dimensão diversa que não foi
bem trabalhada.

Por outro lado quando as propostas são bem elaboradas ou construídas


coletivamente pela comunidade haverá um crescimento pessoal e de solidariedade entre
as pessoas que são membras daquele lugar e constroem sua identidade de
pertencimento.

O que fica então são a autonomia e autodeterminação dos povos conforme o


educador Paulo Freire que trás o pensar certo é estar cansado de saber que as palavras
a que falta corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer
o certo24. O professor ou educador precisa alinhar seu discurso com a prática, é essa a
necessidade da luta pela autonomia das classes populares para um discurso coerente ou
programático tem que ser progressista que liberte as pessoas dessa opressão e que as
façam pensar, sair dessa condição de subalternidade e venham para uma condição de se
sentir igual ao outro sem ter que ficar oprimido, ou submetido a hierarquias impostas
por elites que não querem perder sua posição social, ou status quo por se acharem
superiores aos outros cidadãos.

Mesmo com as dificuldades e obstáculos enfrentados pelas mulheres,


principalmente as afrodescendentes que ainda são discriminadas no mercado de trabalho
e recebem salários inferiores os fatores começam a melhorar devido às políticas
públicas de compensação trás um ganho social para as famílias que ainda são dirigidas
por essas mulheres chefes de família que são as mantenedoras do sustento da casa.

24
Friere, Paulo – Pedagogia da Autonomia – Ed. Paz e Terra. P. 34
Percebe-se que há uma ascensão social das pessoas que agora lhes é ofertada
uma vaga para estudos, capacitação e enfim as coisas estão avançando
homeopaticamente em direitos com a questão das cotas sociais e étnicas que agora são
aceitas nas universidades e estimuladas nas empresas públicas através de concursos e
nas privadas através de incentivos fiscais para que contratem pessoas de etnias negras,
em nome de compensações equitativas para restabelecer uma igualdade ou o próprio
país se redimir dos trezentos anos que impôs uma escravidão ao povo negro e o esbulho
(esbulho é perda da coisa, possuidor se vê despojado da posse, injustamente, por
violência, por clandestinidade ou por abuso de confiança)25 as terras quilombolas ou
indígenas.

A proposta da Educação e Ética em Direitos Humanos e desconcentrar, tirar o


monopólio da justiça estatal a justiça litigiosa que é ministrada pelo estado e sim
trabalhar de forma não conflituosa para haver um equilíbrio e até na distribuição
equitativa de recursos entre a sociedade e suas diferentes organizações sociais e essas se
arbitrem valores, princípios éticos sem litigar, mas fazendo uma justiça retributiva que
aplique na prevenção dos conflitos e não apenas nos remédios para curar a doença
instalada26.

25
Diniz, Maria H. – Dicionário Jurídico volume II – Ed.Saraiva

26
Spengler, Fabiana M. & Lucas, Doglas C. – Conflito, Jurisdição e Direitos Humanos – Ed. 2008 P. 13
Unijui –
Conclusão

É necessária a mobilização de educadores conscientes com a transformação


social e política e engajados com os movimentos sociais e institucionais como
universidades, sindicatos, associações de corporações como do Ministério Público,
magistrados, ONG\(s), enfim que esses movimentos não sejam um meio ou instrumento
pessoal para contemplar algumas pessoas ao poder político, mas tenha uma finalidade
de trabalhar com a coletividade e se coloquem também como mais um em uma
dimensão, ou como por analogia se construir ou tecer uma rede (na rede não se tem alto
e nem baixo) e sim nós (somos cada indivíduo), no momento de nossa ausência como
nó, a rede continua.

Pensar na rede é ser esperançoso porque é a lógica do bem-viver em que todos


têm seu espaço e se cria uma pluralidade, se aceita a diversidade porque aceita-se a
alteridade o outro como nossa referencia social e não um estranho disputando o mesmo
espaço conosco.

Também aparar as arestas das concepções patriarcais e empoderar27 as mulheres


para se reorganizar e adentrar no mundo do trabalho, na educação e enfim ser sujeito
como mesmo valor masculino, nem que para isso tenha que se trabalhar o lado
emocional dos sentimentos e que as questões de gênero sejam contemplativas nas
políticas públicas desde tratamento psicológico até o auxílio para ingressar as mulheres
na política e em todas as instâncias de poder e estas não sejam meras reprodutoras de

27
Johnson. Allan G - Dicionário de Sociologia Ed. Jorge Zahar RJ. Poder-de: Capacidade de fazer coisas,
de atingir metas, especialmente em colaboração com outras pessoas. Contrariamente de Poder sobre a
competição pelo poder e dominação.
ideias arcaicas, mas sim tragam um olhar inovador e democrático para sues ambientes
de atuação profissional e social.

Questionar o positivismo jurídico ideológico que são empregados por juristas


travestidos com o Poder Estatal28e que não pode ser confundida a justiça e moral e
Direito da moral, pois o aplicador do direito precisa estar conexo com a realidade e
retirar de uma ordem jurídica o aparato normativo necessário e buscar neutralizar ou
amenizar efeitos de uma norma injusta.

O que existe ainda são as diferenças culturais e de realidades e o Estado não


consegue administrar todos esses conflitos, pois, o que se nota ainda é uma disputa de
espaços e de poder em que muitos operadores do Direito (advogados liberais) não
concordam em trabalhar ou popularizar a Ciência Jurídica com temor de perder espaço e
renda ou prestígio, por isso militam em instituições corporativas como (OAB- Ordem
dos Advogados do Brasil) que é uma autarquia que se mantém por poder legal e tem
acento nas cadeiras dos Tribunais e nos Tribunais Superiores como e até ao STF29,
devido a Constituição Federal que consta em seu artigo 94 que estabelece que um
quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais será composto pelos membros do
Ministério Público e advogados de notório saber jurídico.

Percebe-se então as dificuldades de se romper com questões legais e morais que


vivemos em dualidade de pensamentos, estes compõem o Estado Brasileiro e que
precisa harmonizar as demandas e conflitos de seus membros infelizmente os que
ascendem em carreiras de alta hierarquia estatal não procedem de um berço popular e
sim de famílias tradicionais que perduram e mantêm essas sistemáticas de não
aprofundar um debate democrático e nem de reformas profundas para facilitar o acesso
de outras visões no interior das decisões estatais que contemplasse mais as classes

28

http://ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10466&revista_caderno=1
3

29
http://www.oabdf.org.br/noticias/tjdft-pleno-indica-lista-triplice-para-vaga-de-
desembargador/#.U76Zq5RdW6w
populares com saberes universais de seus direitos e acessos iguais, sem jargões jurídicos
de difícil interpretação.

Por isso o importante seria adequar uma linguagem para que as pessoas
interagissem socialmente e em Educação em Direitos Humanos e popularizassem os
saberes e os acessos à Justiça e a Cidadania Integral sem ter que judicializar seus
conflitos em sociedade.
Bibliografia

Cardoso, C. M. – Direitos Humanos na Universidade.

Campos, C. S. S – A face feminina da pobreza em meio a riqueza do


agronegócio Editora CLASCO Conselho Latino Americano de Ciências Sociais.

Coulanges, F. A Cidade Antiga – 1830- 1839 – Editora Martin Claret.

Diniz, Maria H. Dicionário Jurídico – Querela: direito Penal e Processual em


Sentido estrito designa: queixa ou acusação ou sentido amplo é a denúncia em juízo.

Friere, Paulo – Pedagogia da Autonomia – Ed. Paz e Terra. P. 34

Ihering, Rudolf Von – A Luta pelo Direito – Ed. Martin Claret -2003

Lafer, C. – A reconstrução dos Direitos Humanos. P. 38.

Louro, Guacira Lopes; Neckel, Jane Felipe; Goellner, Silvana Vilodre (orgs) –
Estudos Feministas, Florianópolis, 13 (1): 179 – 199, janeiro – abril/2005.

Mauss, Marcel – Dádiva, simbolismo e associação Revista Crítica de Ciências


Sociais, 73, Dezembro.

Nogueira, Claúdia. M – O trabalho duplicado – A divisão sexual do trabalho e na


reprodução: um estudo das trabalhadoras do telemarketing – Ed. Expressão Popular . P.
22

Spengler, Fabiana M. & Lucas, Doglas C. – Conflito, Jurisdição e Direitos


Humanos – Ed. 2008 P. 13 Unijui –

Anexos

Autorização da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul

Fotos das filas em frente ao foro da cidade de Canoas.

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