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ponto
MARKETING
Contagem
regressiva com
CLOTAIRE
RAPAILLE
real em sua vida, de uma identidade real,
e isso elas encontram em seu código
cultural. Veja o que está acontecendo na
Bélgica, que busca a afirmação de suas
raízes. A internet não apagou as diferen-
ças, exacerbou-as. Sobre a globalização,
O polêmico antropólogo francês Clotaire Rapaille, chamo a atenção para o seguinte: o fato
que trabalhou com Claude Levi-Strauss no final da de as pessoas estarem interconectadas
década de 1960 em pesquisas na Amazônia brasileira não significa que se comuniquem. A glo-
e hoje é consultor de grande influência em várias balização não cria uma cultura global,
diferentemente do que se pensa. O que a
corporações multinacionais, revela quais são os tecnologia da globalização, como a inter-
diferenciais do código cultural brasileiro net, faz é permitir que pessoas da mesma
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cultura sintam e reforcem sua identidade
Do ponto de vista antropo- tropológico no Xingu, em 1969. Conheço comum, seu código comum. Todos os ar-
lógico, como se diferencia o código brasileiro e garanto que é muito mênios do mundo podem estar ligados
a visão de marketing e ges- singular, quase oposto ao vizinho argen- entre si, onde quer que estejam, e defen-
tão nos Estados Unidos e na tino, por exemplo. Há muitos detalhes, der seu código cultural.
Europa, na academia e nas mas posso compartilhar alguns teasers
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empresas, e como isso afeta sobre ele, que, aliás, é o que explica o O método ZMET difere de seu método?
o mundo globalizado dos negócios na atual sucesso do Brasil no mundo: Até onde sei, nossa metodo-
prática? • É um código feminino e, por isso, opos- logia é única, ainda que mui-
Os europeus enxergam marketing como to ao argentino, que é masculino. tas pessoas aleguem fazer
pesquisa, análise, pensamento; os norte- • O arquétipo da cultura brasileira é a algo similar.
-americanos, como vendas, ações com “mulher guerreira”.
vista às vendas, construção de identida- • O verbo é “dar um jeitinho”, o que deno- Seu último lançamento foi
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de da marca. Daí se explica por que os ta flexibilidade. O Código Cultural (ed. Cam-
norte-americanos tendem à ação e os • É muito interessante o fato de que dan- pus/Elsevier). O sr. pode nos
europeus continuam acreditando que o ça e música são a mesma coisa na cul- adiantar seu próximo livro?
dinheiro é ruim e que o Estado “baby sit- tura brasileira, simbolizando harmonia e Decifrará o código cultural
ter” deve cuidar deles. Os gestores euro- integração. da ascensão e do sucesso,
peus gastam mais tempo lidando com os que chamamos de código UP.
sindicatos do que gerenciando. O sr. acha que a internet, as redes so- Quais são as culturas que estimulam as
ciais online e a globalização podem pessoas a crescer, criar, ir para cima [daí
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E o que dizer sobre um país fora do subverter códigos culturais? o UP, do inglês go up]? Que culturas re-
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eixo, como o Brasil? Não ge- Ao contrário! A internet reforça os códi- primem as forças UP e mantêm as pes-
renciamos sindicatos, mas gos culturais. À medida que soas embaixo?
não agimos tanto quanto os maior número de pessoas
norte-americanos... passa mais tempo no mundo
Já fiz pesquisas no Brasil, a virtual, elas sentem maior HSM Management
começar por um trabalho an- necessidade da dimensão Entrevista de Jorge Carvalho
ponto
pessoas
Líderes de rh
de nível 3
Uma função de Recursos humanos sofrível impedirá que o resto da empresa
atinja alto desempenho. Segundo Douglas Ready, da London Business School,
ela só não será sofrível se conseguir desenvolver as pessoas que estão
encarregadas de desenvolver todas as outras
Veja os resultados de várias pesqui- ram às pesquisas estão comprometi- de liderança e gestão de talentos em
sas que fizemos com executivos de das com cortes orçamentários. suas empresas na última década pos-
empresas recentemente: • 51% planejam repensar suas es- sa se perder em decorrência do pen-
tratégias competitivas. samento excessivo no curto prazo e da
• 86% dos entrevistados acham que • 45% iniciaram um congelamento redução não estratégica de custos.
se pode encontrar uma oportunidade nas contratações em todos os níveis. • Cerca de 60% dos gestores de RH
em algum lugar nestes tempos, mas • 25% acham que sua organização reduziram os orçamentos de treina-
a maioria não tem certeza de como não possui líderes preparados para mento e desenvolvimento.
aproveitar isso. executar o grau de mudança exigido
• 70% afirmam que sua empresa no momento.
está envolvida em reduzir o número • Mais de sete de 20 gestores de RH Douglas Ready é professor de compor-
de funcionários. dizem preocupar-se que o progresso tamento organizacional da London Bu-
• 55% das empresas que responde- significativo feito no desenvolvimento siness School.
A maioridade
das transnacionais do Brasil
Apesar de o mercado doméstico mostrar-se mais ter se dado tanto pela venda de ativos,
atraente para nossas empresas, estudo FDC 2010 pela diminuição nas participações e pelo
revela que a internacionalização veio para ficar fechamento das subsidiárias que mais
sofreram com a turbulência financeira
como pela desvalorização do dólar e do
No estudo de 2009, não faltavam motivos setores em 2009, 15 empresas (38% da euro, pela queda dos preços dos produ-
para euforia. As transnacionais brasilei- amostra) aumentaram seu índice de in- tos brasileiros em razão da competiti-
ras avançaram muito em direção à inter- ternacionalização em relação a 2008. E vidade e pela diminuição do volume de
nacionalização e o ano fechou com saldo a expectativa é melhor para 2010-2011, unidades vendidas.
de US$ 20 bilhões de remessas ao exte- apesar da tendência de o mercado inter-
rior, mesmo após a eclosão da crise eco- no continuar melhor do que o externo. Menos EUA e Europa, mais o restante
nômica mundial no quarto trimestre. No do mundo. O que as empresas brasi-
estudo de 2010, contudo, o fluxo de ca- Aumentou o número de funcionários leiras fizeram foi reduzir sua exposição
pital do Brasil para o exterior teve saldo internacionais. Nas 23 empresas que ao caráter volúvel dos mercados norte-
negativo de US$ 10 bilhões, o que signi- apresentaram índice de transnacionali- -americano e europeu, intensificando
fica que a venda de ativos e a diminuição dade superior a 10%, houve redução nas os investimentos na América Latina, na
de operações das empresas brasileiras receitas (15,7% em relação a 2009, para África e na Ásia. Por exemplo, a Ci&T
superaram as aquisições lá fora. R$ 488,04 bilhões) e nos ativos (12,4%, Softwares iniciou operações no Japão e
Esse é o resultado que primeiro salta para R$ 781,57 bilhões) no exterior. No na China. Emergindo como nova potência
aos olhos na pesquisa 2010 de transna- entanto, aumentou seu número de funcio- mundial, a China já era explorada pela
cionais brasileiras realizada pela Funda- nários lá fora (13,66%), mais até do que no Embraer, pela Randon e pela Votorantim,
ção Dom Cabral, de Minas Gerais, o que Brasil (7,63%). Houve aproximadamente e ainda foi alvo de novos investimentos da
leva a uma pergunta incômoda: 45 mil contratações de 2008 para 2009 en- Marfrig e da Sabó, que não só conside-
O ranking de 2011 registrará nova- tre as 23 empresas, somando 638,28 mil, ra promissor o mercado chinês, como já
mente recuos? E isso significará que a o que corresponde a 31,44% do total. pensa no próximo passo –a Índia.
internacionalização corporativa brasilei- A África desponta como continente-
ra se dá mais por circunstâncias do que Externalidades também explicam re- -alvo dos investimentos brasileiros. Des-
por uma decisão estratégica? cuo. A redução de receitas e ativos pode taca-se a entrada da Votorantim em cinco
HSM Management procurou respostas
no próprio estudo FDC e fez descobertas Localização das Transnacionais Brasileiras
interessantes, destacadas a seguir. Oceania
A empresa familiar
do Brasil e a
globalizaçAo
Pesquisa de John Davis mostra que as companhias
familiares brasileiras também se internacionalizam,
porém mais com alianças de distribuição
Não há dúvida de que a globalização • expectativas de retorno sobre os in- serviços e mais diferenciação de pro-
tem exercido forte influência sobre vestimentos; dutos, da mesma forma que as não
empresas familiares e não familiares • estratégia de negócios; familiares.
no Brasil, uma vez que elas vêm ven- • percepções e preferências em rela- As empresas familiares aparente-
dendo, produzindo, entregando ser- ção aos riscos. mente desfrutam tantas vantagens de
viços e comprando mais no mercado atuar fora do país como as não fami-
internacional do que há dez anos. O A maioria das empresas participantes liares. Muitas das que participaram do
principal impacto da globalização é acredita que essas questões serão re- estudo relataram que cresceram e se
observado no aumento da importação solvidas sem nenhum impacto negati- tornaram mais competitivas ao ofere-
de matéria-prima para a produção e vo duradouro nas relações familiares. cer novas habilidades a seus funcioná-
no crescimento da concorrência es- Em outras palavras, tudo indica que as rios, por exemplo.
trangeira no mercado brasileiro. empresas familiares estão se tornando Outras diferenças dignas de nota são:
No entanto, há uma diferença entre mais transnacionais e adaptando-se
a internacionalização de empresas fa- bem ao mercado cada vez mais globa- • As empresas familiares parecem re-
miliares e a de não familiares. Como lizado, já que, no que diz respeito à glo- correr a alianças de distribuição mais
mostra a tabela 1, na página ao lado, balização, a pesquisa comprovou que frequentemente do que as não familia-
empresas não familiares ainda tendem elas possuem mais semelhanças do res, como retratado na tabela 6.
a ser mais internacionais, na média, que diferenças com as não familiares. • As empresas familiares se concen-
do que as familiares, levando em conta As multinacionais geralmente com- tram no reinvestimento de lucros como
todos os parâmetros do estudo. O que petem com base em preços menores, fonte de capital para a expansão inter-
está por trás desse retrato? oferecendo maior gama de produtos nacional, enquanto as não familiares
Foi investigado como a família in- e sendo mais agressivas quanto à tendem a recorrer também a inves-
fluencia o processo de internacionali- marca. As empresas familiares locais tidores externos e a abrir seu capital
zação e como é impactada por ela. As tendem a responder com melhores para isso (veja tabela 7).
famílias empresárias das companhias
pesquisadas têm dado muito apoio à
expansão internacional, o que, porém, Saiba mais
sobre a amostra
vem gerando algumas tensões internas
sob três aspectos principalmente:
A amostragem foi de 1,1 mil empresas, a maioria aproveitável do ponto de vis-
ta metodológico, entre as quais 59% familiares e 41% não familiares. Enquanto
A pesquisa foi conduzida por John A. 60% das empresas familiares tinham vendas abaixo de US$ 50 milhões em 2009,
Davis, professor da Harvard Business somente 4% das não familiares se encaixavam nesse grupo. No outro extremo,
School, Jon I. Martínez, da Harvard apenas 7% das empresas familiares registravam vendas acima de US$ 1 bilhão,
University, e Florence Tsai, do Cam- ante 23% das não familiares. As empresas que participaram da pesquisa fazem
bridge Institute for Family Enterprise, parte de uma gama diversa de setores de atividade.
em parceria com a HSM do Brasil.
HSM Management
Revolução
TEndências
digital parte 2
Os especialistas em
estratégia Jamie
Anderson e Gianvito
Lanzolla discutem
a nova realidade de
empresas que oferecem
O leitor certamente já sentiu na pele escapa ao fenômeno, mas como isso vem para a cultura tradicional brasileira.
paradoxos da gestão como a avalia- ocorrendo no Brasil especificamente?
ção de desempenho do indivíduo vis- Se a cultura brasileira matizou com governança =
à-vis à da equipe. Ou a força versus a cores ainda mais intensas o modelo hie- Equipe + indivíduo
fraqueza da coesão organizacional. A rárquico ao estabelecer suas relações de As empresas já percebidas como vence-
intensidade de tais paradoxos, assim poder –ainda altamente verticais, mesmo doras, em qualquer parte do planeta e no
como sua inter-relação, varia confor- que disfarçadas pela proximidade pes- Brasil também, revelam significativa con-
me a cultura da empresa, mas eles es- soal e pela flexibilidade, que, a sua manei- sistência entre elementos fundamentais
tão presentes no ambiente de negócios ra, amenizam a rigidez no cumprimento para seu equilíbrio e desenvolvimento.
como um todo, em constante mutação. das regras–, é indiscutível que esse mo- Elas vão além de estratégia, estrutura e
Disso emergem contradições, com delo hierárquico de governança está em processos organizacionais, combinando-
implicações profundas para a gestão xeque também aqui. Seja pelas recentes -os com cultura, liderança e pessoas,
e o desempenho das empresas. Em mudanças sociais, que levam as pessoas tudo isso magnetizado pelo que denomi-
outras palavras, a competência para a buscar maior autonomia profissional e namos “visão de futuro”.
administrar os paradoxos é o que pode a priorizar seu desenvolvimento indivi- A interação entre essas dimensões,
construir o futuro da organização. dual em detrimento da lealdade à orga- que são cada vez mais horizontalmente
Nenhum lugar do mundo ocidental nização, seja pela forte demanda de de- coordenadas, têm de ser revisitada à luz
(além de partes significativas do oriental) sempenho, o questionamento é evidente. de uma importante tendência atual: va-
Hoje está em construção um modelo lorizar a coesão e a descentralização, o
que aumenta a complexidade das rela- indivíduo e a equipe –características an-
Betania Tanure é professora de pós- ções organizacionais e requer processos tagônicas que precisam coexistir.
-graduação em administração da PUC horizontais de coordenação no trato com O investimento mais clássico, e mais
Minas/FDC e professora convidada do parceiros, tanto internos como externos. O crítico, nessa horizontalidade é o reali-
francês Insead e da London Business líder deixa de ser controlador para se tor- zado no desenvolvimento de equipes. E
School, além de consultora de empre- nar orientador estratégico. Passa de es- isso nos remete ao tema desempenho,
sas e autora de vários livros, como Es- pecialista funcional a facilitador da rede. A que nos leva de volta aos traços da cul-
tratégia e Gestão Empresarial, escrito gestão é aprimorada pela mensuração e tura brasileira: concentração de poder,
com Sumantra Ghoshal, e Gestão de pela mobilização, não mais pelo controle. relações e flexibilidade. Durante muitos
Pessoas, com Paul Evans e Vlado Pucik O resultado de tanto debate e transfor- anos esses traços favoreceram mais a
(ed. Campus/Elsevier). Paul Evans é mação é uma nova lógica de gestão or- “harmonia” e a lealdade entre as pessoas
professor do Insead e consultor. ganizacional, especialmente desafiadora do que seu desempenho.
E a cultura fraca
aprende procedimentos e regras e inter-
naliza a cultura da empresa, é produto