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Psicologia e Psicologia Espontânea/Popular

- A existência de uma Psicologia espontânea está implícita em todo o modo de organização e


interpretação da conduta humana
- O homem é um ser que permanentemente expõe nos mais pequenos gestos o seu estado psicológico
e a sua personalidade
- Características e limites duma Psicologia fundada na experiência imediata
- Crítica da imagem vulgar da Psicologia e do trabalho do psicólogo
- Os diferentes ramos da Psicologia

O estudo de uma disciplina como a Psicologia reveste-se de um interesse tanto maior quanto o que está
em jogo é a determinação de como é que o homem age e o porquê dessa sua conduta numa situação
determinada.

Em comparação com as outras ciências, a Psicologia ocupa um lugar muito singular e original. De facto,
supondo que o homem possa ter acesso directo aos seus estados de consciência e aos motivos que
determinaram a sua conduta, poderia parecer, à primeira vista, que a Psicologia tinha a sua tarefa
facilitada no que se refere à determinação dos processos de investigação do seu âmbito específico. E,
contudo, o que é surpreendente é a constituição recente desta ciência. Na expressão feliz do historiador
Goring «a Psicologia tem um longo passado mas uma curta história». Um longo passado, visto que a
Psicologia é tão antiga quanto a própria aventura da humanidade na busca de um sentido para aquilo
que nos rodeia, e uma curta história, pois essa Psicologia que emerge com o próprio homo sapiens é
uma psicologia espontânea, sem as exigências e as características próprias de um conhecimento de tipo
científico.

No entanto, essa psicologia espontânea, fundada essencialmente na intuição, é muito rica de indicações
e previsões úteis, que cada um ainda hoje utiliza como instrumento básico de descodificação das
mensagens que a cada momento lhe chegam. Com efeito, a significação é um dado omnipresente. A
palavra não é a única nem talvez a mais genuína forma de comunicação. A gestualidade, que abarca
praticamente todo o domínio da acção humana com sentido - desde o andar ao modo de olhar,
expressão facial, postura corporal, movimentos das mãos, etc. - tem uma função comunicativa tão ou
mais significativa nas relações interpessoais que a palavra articulada. O que conta muitas vezes não é o
discurso expresso, mas o modo como ele é enunciado, por exemplo ao nível da entoação ou o jogo
corporal que o acompanha. E quantas vezes não é o silêncio uma forma muito eloquente de
comunicação!

De facto, cumpre realçar que o homem é um ser eminentemente expressivo. Em frente de alguém,
qualquer que seja a nossa disposição para comunicar ou não e mesmo que disso não tenhamos
consciência, a comunicação acontece inevitavelmente. É-nos impossível não comunicar.

Texto Complementar
«Do que atrás referi, facilmente se pode concluir que comunicar não implica estar consciente de o fazer,
e que podem transmitir-se mensagens que se não queria revelar. Se todo o comportamento de um
sujeito pode ter uma significação para aquele que observa, independentemente de falarem um com o
outro; se qualquer gesto, qualquer postura, qualquer som emitido, têm um sentido para os outros, e
estes reagem a esses sinais, será decididamente muito difícil conseguir não comunicar.»
A. Caetano — Sobre a Comunicação Interpessoal, Ulmeiro, Lisboa, p. 39

A Psicologia, na sua forma espontânea e imediata, é, pois, algo que transportamos connosco e faz parte
do dispositivo com o qual codificamos a diversidade de mensagens com que diariamente somos
confrontados.

Com efeito, cada um de nós é portador de uma psicologia implícita no senso comum de que, por
condição, todos somos em maior ou menor grau tributários. Por senso comum entendemos o conjunto
de opiniões geralmente aceites pelos membros de um grupo social numa determinada época. É aquela
forma de saber vulgar, própria do comum das pessoas, que se adquire de modo espontâneo, sem
esforço e não intencionalmente, na experiência do dia a dia. Assim, o próprio estudante, ao iniciar o
estudo da Psicologia, tem, com certeza, alguma ideia mais ou menos vaga e preconcebida acerca de
muitas das matérias que nele serão tratadas, bem como, provavelmente, algum juízo pré-estabelecido e
expectativas, fundadas ou infundadas, acerca da natureza e das potencialidades de aplicação desta
disciplina. De igual modo, cada um de nós se sente em condições, mesmo sem um estudo específico da
Psicologia, de sustentar opiniões a respeito de temas psicológicos vários, como o melhor método de
estudar e adquirir conhecimentos, a melhor maneira de educar, de fazer amigos, de ser bem sucedido
no amor ou nos negócios, etc. Muito desse saber do senso comum encontrou expressão em provérbios
respeitáveis: «de pequenino se torce o pepino»; «quem torto nasce, tarde ou nunca se endireita»; «diz-
me com quem andas, dir-te-ei quem és»; «quem muito dorme, pouco aprende»; e muitos outros.

Mas qual o valor das interpretações «psicológicas» que «espontaneamente» formulamos no dia a dia a
propósito das condutas próprias e alheias? O tipo de «psicologia» que se adquire informalmente na
prática da vida é um saber inexacto, sem a solidez de uma bem organizada construção científica. Com
efeito, o senso comum não fornece orientações metodológicas para avaliar criticamente as suas
concepções nem os critérios exigidos para decidir da sua aceitação ou refutação. O senso comum confia
na intuição, na experiência pessoal ou na palavra de uma qualquer autoridade. Ora, a moderna
epistemologia ensina a desconfiar das intuições primeiras e da experiência pessoal, como fontes de
deformação e de erro, e rejeita a autoridade como critério de verdade. As pessoas não avaliam
sistematicamente as suas crenças, que se lhes apresentam como óbvias e de todos consabidas. Por isso,
tendem a resistir à crítica e à inovação. Há provas de que os humanos têm tendência a aceitar aquilo
que reforça as suas convicções e a tudo interpretar em função delas, distorcendo ou ignorando as
informações que se lhes parecem opor.

E serão exactas as nossas ideias antecipadas acerca do que é a Psicologia hoje? Serão realistas as
nossas expectativas a respeito dos resultados a obter do seu estudo?
A maioria das pessoas concebe a Psicologia como o «estudo da mente do homem» e considera que o
papel do psicólogo consiste em ajudar os indivíduos a resolver os seus próprios problemas. Ora, a
Psicologia tem evoluído no sentido de alargar o seu campo de investigação e de acção, diversificando-se
num número considerável de áreas, tais como: Psicologia Organizacional, Psicologia Económica,
Psicologia do Ambiente, Psicologia da Criança, Psicologia Genética, Psicologia do Desenvolvimento,
Psicologia Educacional, Psicologia Patológica, Psicologia Diferencial, Psicologia Social e Psicologia
Industrial.

Quanto ao papel do psicólogo, deve referir-se que, além da tarefa de ajudar, os psicólogos poderão
também dedicar-se à investigação, exercer funções de planificação e organização em diferentes áreas,
tanto empresariais como educacionais.

Não se espere que, pelo simples estudo, se fique munido da solução para todos os nossos problemas e
da chave para decifrar o sentido e as motivações das condutas alheias. A Psicologia, apesar das
inúmeras pesquisas e da quantidade de conhecimentos que não cessam de crescer, está, como aliás
acontece em todas as ciências, muito longe, e provavelmente sempre estará, de responder de um modo
satisfatório a todas as questões. No entanto, o estudante poderá legitimamente esperar, nesta iniciação,
aprender muitas coisas úteis, se fizer um esforço por aplicar à compreensão de si próprio e dos outros
os resultados desta aprendizagem e se projectar esta tomada de consciência numa orientação mais
consciente e crítica do seu agir.

QUESTIONÁRIO
1. Da leitura feita, que interesse lhe parece existir no estudo da Psicologia?
2. Existe uma Psicologia espontânea. Que entende por uma tal psicologia? Qual a sua importância na
vida prática? Qual a sua validade científica?
3. Refira algumas das especializações da Psicologia Contemporânea.

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