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Ao iniciarmos o estudo de uma nova disciplina, uma das questões que nos ocorre de imediato é
a sua definição.
A psicologia como ciência é uma conquista do início do séc. XIX. No entanto, como saber
constituído, ela é tão antiga quanto o próprio homem. Desde sempre se colocaram questões ao
homem sobre si próprio, e sobre o que vulgarmente se designava «alma». Daí a constituição
etimológica da palavra psicologia:
- psyquê - alma
- Logos - estudo, Tratado.
Todo o período anterior ao século XIX caracterizou-se por ser uma fase preponderantemente
especulativa, em que a psicologia era um campo acessível a filósofos, médicos e romancistas.
Daremos o nome de psicologia pré-científica a toda esta longa etapa, já que não dispôs nem de
instrumentos próprios nem de especialistas.
Numa primeira e breve abordagem, diremos que o objecto da psicologia é o estudo do homem
numa dupla perspectiva: o seu comportamento e as suas condutas, por um lado, e os
fenómenos psicológicos por outro lado, procurando formular as suas leis, explicando a sua
génese para poder agir sobre eles, modificando-os. A psicologia centra a sua atenção no
indivíduo, durante toda a sua vida, do nascimento até ao declínio.
Para atingir este objectivo, a Psicologia terá que utilizar métodos e uma linguagem científica.
Mas o que é o método?
Classicamente, o método é definido como o caminho para...
Este caminho para não é mais do que um esquema, um projecto de raciocínio, previamente
traçado para a abordagem de um conjunto de fenómenos. Será o rigor do método utilizado que
nos permitirá falar de conhecimento científico ou não. A psicologia, dada a complexidade do
seu objecto - o comportamento humano e animal e os fenómenos psíquicos, vai recorrer a
vários métodos e não a um só, como a complexidade do seu objecto lhe determina.
Por sua vez, o método implica que o implementem; daí a afirmação que transcrevemos e que
afirma a necessidade da demarcação entre ambos.
Comecemos por distinguir método e técnica, no sentido em que estes termos são usados na
metodologia científica. Entendemos por método os processos fundamentais mediante os quais a
ciência avança; o aspecto-chave do método científico é o controlo. Por técnica entendemos a
maneira particular segundo a qual o método geral é implementado; existem muitas técnicas,
que frequentemente diferem de um campo de estudo para o outro e são altamente complexas,
especializadas e exigentes.
Estas, bem como outras questões que se podem colocar, constituem o campo genericamente
designado por epistemologia.
O que se entende por epistemologia?
Etimologicamente, é uma palavra oriunda do grego: episteme — conhecimento científico, e
Logos — estudo.
Como foram elaboradas as afirmações citadas e que, durante milénios, pautaram a acção e o
pensamento humanos?
- No que se refere ao primeiro exemplo (a teoria geocêntrica), temos a considerar, como
fontes desse conhecimento, a percepção imediata e vulgar (o Sol «move-se», nasce a «este»
e põe-se a «oeste») e dados de ordem cultural (as fontes religiosas que referem a Terra
como um ponto central do Universo e o Sol deslocando-se em torno dela).
Este tipo de conhecimento não está nas origens da Ciência, como aparentemente podemos ser
levados a acreditar, mas funciona como obstáculo, como entrave, bloqueio. De referir, porém,
que é do senso comum que a ciência parte, já que ele constitui o primeiro nível de referência à
realidade de que o homem, (e o cientista não é mais do que um homem), dispõe.
Será na forma de organizar os conhecimentos que surgirão as diferentes alternativas de
interpretação.
Em síntese:
Subjectivo
Imediato/Directo
O Conhecimento do Senso Comum é
Diverso/Heterogéneo
Dogmático/Não Crítico
O conhecimento científico
Paralelamente ao conhecimento que acabamos de estudar, vai-se constituir um outro nível que
tem como exigência a necessidade de respostas exactas e rigorosas que permitam explicar os
fenómenos e agir sobre eles.
Este conhecimento vai prever a utilização de processos de abordagem (métodos e técnicas)
diferentes dos utilizados pelo homem do senso comum (que procede à sua elaboração com
base na sua observação, cultura e coerência lógica).
Esses processos assentarão na exactidão, medida e quantificação dos dados da experiência e
na utilização de uma linguagem unívoca, de preferência e sempre que possível, a linguagem
matemática.
A imagem do real fornecida pela ciência diverge da do senso comum. O real para a ciência
será, não o que o mundo nos parece ser, mas o que a investigação metódica permite
determinar.
A estruturação sistemática do método científico inicia-se na época moderna, dando origem à
ciência moderna. Este processo de pesquisa assenta fundamentalmente em processos
experimentais, em que a exactidão, medida e quantificação são exigidas. Os resultados obtidos
são submetidos a verificação, recorrendo-se, para tanto, novamente às provas experimentais;
daí a designação de método experimental.
As suas fases principais são, em síntese:
De salientar que a demarcação dos diferentes momentos do método que abordámos tem
fundamentalmente o objectivo de facilitar a sua compreensão. Não há uma divisão rígida entre
a hipótese e a experimentação, por exemplo. Da aplicação deste processo de investigação
resultará um conhecimento com características diferentes das do senso comum.