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TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Prof. Lúcio Carlos Gonçalves


Prof. Iran Borges

Escola de Veterinária
Departamento de Zootecnia
Universidade Federal de Minas Gerais

Belo Horizonte
1997
2 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

SUMÁRIO

PRINCIPAIS ESTRUTURAS DOS VEGETAIS...............................................................


CARACTERIZAÇÃO DAS GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS...................................................................

ESTUDO DAS GRAMÍNEAS..........................................................................................


BRACHIARIA DECUMBENS...........................................................................................................................

BRACHIARIA HUMIDICOLA..........................................................................................................................

BRACHIARIA PLANTAGINEA.......................................................................................................................

BRACHIARIA RUZIZIENSIS...........................................................................................................................

BRACHIARIA BRIZANTHA.............................................................................................................................

BRACHIARIA RADICANS................................................................................................................................

CAPIM TANGOLA..............................................................................................................................................

CAPIM ANDROPOGON....................................................................................................................................

CAPIM GORDURA.............................................................................................................................................

CAPIM BUFFEL..................................................................................................................................................

CAPIM JARAGUÁ..............................................................................................................................................

SETÁRIAS............................................................................................................................................................

CAPIM ELEFANTE............................................................................................................................................

CAPIM ANGOLA................................................................................................................................................

CAPIM COLONIÃO...........................................................................................................................................

CAPIM KIKUIO..................................................................................................................................................

PASPALUM NOTATUM.....................................................................................................................................

PASPALUM PLICATULUM...............................................................................................................................

CAPIM DE RHODES..........................................................................................................................................

CANARANA ERETA LISA.................................................................................................................................

CANARANA VERDADEIRA.............................................................................................................................

CAPIM PANGOLA..............................................................................................................................................

ESTRELA AFRICANA........................................................................................................................................

ESTRELA AFRICANA ROXA...........................................................................................................................

COAST-CROSS....................................................................................................................................................
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 3

CAPIM GUATEMALA.......................................................................................................................................

CAPIM VENEZUELA.........................................................................................................................................

AVEIA FORRAGEIRA........................................................................................................................................

ESTUDO DAS LEGUMINOSAS.....................................................................................


GUANDU...............................................................................................................................................................

SOJA PERENE.....................................................................................................................................................

SIRATRO..............................................................................................................................................................

CENTROSEMA...................................................................................................................................................

LEUCENA.............................................................................................................................................................

DESMODUIM UNCINATUM............................................................................................................................

DESDMODIUM INTORTUM............................................................................................................................

DEMODIUM CANUN.........................................................................................................................................

ESTILOSANTES..................................................................................................................................................

ALFAFINHA DO NORDESTE...........................................................................................................................

KUDZU TROPICAL............................................................................................................................................

CALOPOGÔNIO.................................................................................................................................................

AMENDOIM DE VEADO..................................................................................................................................

LAB-LAB..............................................................................................................................................................

MUCUNA PRETA................................................................................................................................................

CUNHÃ.................................................................................................................................................................

SOJA ANUAL.......................................................................................................................................................

ALFAFA.................................................................................................................................................................

FORMAÇÃO E MANEJO DE PASTAGENS...................................................................

MANEJO DE PASTAGENS.............................................................................................

FENO E FENAÇÃO.........................................................................................................

SILAGEM E ENSILAGEM...............................................................................................

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.....................................................................................
4 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 5

PRINCIPAIS ESTRUTURAS DOS VEGETAIS

Neste tópico, apresentaremos as principais estruturas dos vegetais que serão importantes para
a compreensão e o entendimento das particularidades do manejo das principais plantas
forrageiras.

A - RAIZ

Função: Fixação, sustentação , absorção e distribuição dos nutrientes.

Características Não pussui nós e entrenós;


Não possui folhas e gemas;
Funciona também como órgão de reserva.
Há algumas que têm importância econômica - alimentar e medicinal.

FIG. 1

Categorias: a) Subterrânea: apresenta-se abaixo da superfície do solo.


b) Aquática: cresce dentro d’água.
c) Aérea: desenvolve-se sem contato com o solo.
d) Adventícia: cresce a partir dos primeiros nós do colmo e se dirige para o solo.
Ex: Milho
6 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Formas: 1) Axial ou Pivotante: a raiz principal é bem desenvolvida e possui a característica


das dicotiledôneas.
2) Fasciculada ou em Cabeleira: não ocorre distinção entre as raízes e possui a
característica das monocotiledôneas.
3) Tuberosa: acumulam material de reserva. Ex.: batata doce, mandioca e cenoura.

B- CAULE

Funções: Produção e suporte de ramos, flores e frutos.


Condução da seiva.
Crescimento e propagação vegetativa.
Os caules podem fazer fotossíntese e serem reserva de alimentos.

Tipos: Aéreos
Subterranêos
Aquáticos

FIG. 2

Os aéreos dividem-se em:

Tronco: lenhoso, resistente, cônico e cilíndrico. Ex: Árvores.

Haste: herbáceo ou fracamente lenhificado, pouco resistente. Ocorre em ervas e sub-


arbustos.

Estipe: lenhoso, longo, cilíndrico, em geral não ramificado terminando em folhas.


Raramente ocorre em dicotiledôneas. Ex: Mamão, embaúba e palmeira.

Colmo: caule cilíndrico, com nós e entrenós bem mais curtos, podem ser cheios ou
ocos (fistulados). Ex: caule de gramíneas.

Estolão: enraizamento de pontos em pontos. É um tipo de caule importante em


forragicultura e confere resistência ao pastejo.

Os subterrâneos se dividem em:


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 7

Rizoma: Em geral, cresce horizontalmente no solo, difere das raízes por


apresentar nós e entrenós bem definidos, emitindo brotações de espaço a
espaço. Confere, também, grande resistência à planta, além de ser material
vegetativo.
Ex: Algumas plantas do genero Cynodon (Coast-cross)

Tubérculo: possui gemas. Ex: batata inglesa e cará-do-ar.

Bulbo: formado por um eixo cônico que constitui o fruto e dotado de gemas
envoltas por catáfilos (folhas modificadas). Ex: Jacinto, trevo, lírio,cebola e
alho.

Quanto as formas de crescimento, os caules podem ser:

Rasteiro ou prostrado: cresce apoiado à superfície do solo.

Decumbente: uma parte possui crescimento prostrado, mas as pontas se elevam.

Ascendente: semelhante ao decumbente, com a maior parte do crescimento


prostrado.

Ereto ou Cespitoso: cresce mais ou menos perpendicular à superfície do solo. e


forma touceiras.

C - FOLHA

Possui a função de realizar fotossíntese (nutrição), respiração e transpiração além de conduzir


e distribuir a seiva.

É um órgão laminar, com simetria bilateral, geralmente de coloração verde e com gemas
axilares.

A folha completa contém: Pecíolo: haste sustentadora do limbo.


Limbo: parte laminar e bilateral.
Bainha: parte basilar, abraça o caule - nas monocotiledoneas a
presença da bainha é a regra, nas dicotedoneas é a excessão.
Estípulas: apêndices geralmente laminares e em número de 2 que se
formam de cada lado da base foliar.

A folha incompleta pode ser: Séssil ou apeciolada.


Peciolada mas sem bainha.
Folha invaginante: a bainha envolve o caule em grande extensão.
Típica das gramíneas.

Quanto à divisão do limbo, a folha pode ser: Simples: com um só limbo (gramíneas)
Composta: com dois ou mais limbos. A maioria
das leguminosas forrageiras, mais importantes,
são geralmente trifolioladas, já as outras podem
ter folhas contendo muitos foliolos.

Quanto à inserção no caule, as folhas podem ser: Alternada: uma por nó.
Oposta: duas por nó.
8 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Verticilada: três ou mais por nó.

Quanto à nervação (nervuras), as folhas podem ser:


a) Uninervias: uma só nervura.
b) Paralelinervias: com nervuras secundárias paralelas à principal.
c) Nervuras não paralelas: características das dicotiledôneas, em forma de rede
(reticulada).

D - FLOR

É o órgão reprodutor: são folhas modificadas.

Uma flor completa possui cálice, corola, androceu e gineceu.


Cálice e corola são verticílios de proteção, enquanto os outros dois são de reprodução.
Androceu é a parte masculina e gineceu é a feminina.

Tipos de flores: Masculinas: androceu, apenas.


Feminina: gineceu, apenas.
Hermafrodita: androceu e gineceu.

FIG. 3
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 9

Nota : O conjunto de estames forma o androceu: a bráctea é uma folha modificada, com
função de atrair, geralmente, os agentes polimizadores.

FLOR COMPLETA

Nota: As flores das gramíneas são geralmente incompletas.

De acordo com o tipo de flor as plantas são chamadas de:

a) Monóicas: Flores masculinas e femininas na mesma planta e em locais diferentes.


Ex: milho, (o pendão é a parte masculina e a espiga, a parte feminina)

b) Dióicas: Com flores de apenas um sexo

c) Hermafroditas: Com flores hermafroditas.

d) Polígama: Flores unissexuais e hermafrodita no mesmo indivíduo.

Inflorescências:

1) Cacho ou rácemo: Possui flores pedunculadas, inseridas no eixo principal (crescimento


indeterminado) de maneira que as flores mais velhas ficam mais afastadas do ápice.
2) Espiga: Flores sem pedúnculo inseridas no eixo principal. Ex: milho.
3) Panícula: Cacho de cachos. Ex: Capim Colonião.
10 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

4) Espadice: nome recebido pela inflorescência que possui eixo espessado onde estão inseridas
flores apedunculadas. Ex: Copo de leite.
5) Capítulo: as flores são dispostas numa estrutura plana.

CARACTERIZAÇÃO DAS GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS

GRAMÍNEAS LEGUMINOSAS
-Habitat diverso. -Idem.
-Capins, cereais, cana-de-açúcar, etc. -Soja perene, leucena, siratro, guandu,
etc.
-610 gêneros. -700 gêneros.
-10.000 espécies - das quais 50 espécies -14.000 espécies.
abrangem 99% das forrageiras utilizadas. --------
-Monocotiledôneas. -Dicotiledôneas.
-Ciclo anual ou perene. -Idem.
-Raízes fasciculadas e adventícias. -Raízes axiais ou pivotantes e também
adventícias.
-Caule aéreo ou subterrâneo. -Idem.
-Colmo e estolão. -Prostrado, trepadeiras, herbáceos.
-Algumas possuem rizoma. -Idem.
-Folhas simples geralmente sem -Folhas compostas pecioladas.
pecíolo (bainha invaginante).
-Inserção alternada. ---------
-Presença de lígula (estrutura delgada entre -Presença de pulvínulo (espessamento na
a bainha e o caule). inserção do pecíolo).
-Folhas lanceoladas com -Formas variadas, folhas com nervação
nervação paralelinervias. reticulada.
-Pêlos podem estar presentes -Idem.
em ambas as faces.
-Flor incompleta (glumas, lema e pálea) -Flor completa.
Lodículas, endroceu e gineceu.
- Androceu: basicamente três estames. -Androceu com dez estames.
-Gineceu: um ovário uniovular. -Gineceu: um ovário com vários óvulos.
-Fruto: cariópse - concresce com a semente. -Fruto: legume ou lomento (legume com
septos transversais).
-Inflorescência: espiga ou cacho. -Inflorescência: rácemos ou flores
isoladas.
-Reprodução: polinização cruzada. -Autofecundação, podendo ocorrer
cruzamento por ação de insetos.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 11

ESTUDO DAS GRAMÍNEAS

BRACHIARIA DECUMBENS

Nome científico: Brachiaria decumbens

Nomes comuns: Capim braquiária ou braquiária, braquiária de morro, braquiarinha,


decumbens.

Aspectos vegetativos: É uma gramínea perene.


Possui folhas pubescentes (folhas com pêlos nos dois lados).
Enraiza fortemente nos estolões.
Dá boa cobertura do solo.
Possui boa resistência ao pisoteio.
Seus nós são glabros.
Possui bainha coberta de pêlos.

Clima e solos: Indicada para regiões com mais de 1200 mm de precipitação pluviométrica por
ano.
Adapta-se em solos de boa, média e baixa fertilidade.
Possui alta tolerância ao alumínio.
Não é apropriada para terrenos encharcados
Adapta-se bem em clima tropical

Propagação e plantio: - Feita por sementes, mas também pode ser propagada por mudas.
- Semeio: a lanço e por plantadeiras.
- Dormência: apresenta 10 meses de dormência, portanto não deve ser
plantada logo após a colheita das sementes.

Resistência à geada: Possui boa resistência - queima a parte vegetativa com as geadas, mas não
morre.
Resitência à seca: Tem boa tolerância, porém se a estiagem for prolongada e por vários anos,
grande número de plantas pode morrer.
Resistência ao fogo: Rebrota muito bem após passagem de fogo.

Rendimento no corte: aproximadamente 18 t de MS/ha/ano (4 a 5 cortes).

Utilização: Para pastejo - resiste a lotações pesadas - mesmo assim deve-se ajustar a carga
animal à disponibilidade de forragem e à fertilidade do solo.
O pasto pode ser mantido em altura baixa (15 cm).
A ingestão das toxinas do fungo Phitomyces chartarum que se desenvolve na
Brachiaria decumbens, principalmente quando ela forma densos colchões, pode
levar os animais a desenvolver a fotossensibilização. Esta se manifesta porque a
esporodesmina (toxina fungo) provoca a perda de pigmentos, principalmente em
12 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

bovinos jovens entre 4 e 12 meses. A fotossensibilização pode ocorrer também em


outras espécies animais.
Embora existam poucos resultados de pesquisa, a Brachiaria decumbens,
baseando-se na sua boa resposta a adubação, vem sendo submetida com sucesso ao
pastejo rotacionado.

Resistência a pragas e doenças: Cochonilhas - causam pequenos danos.


Cigarrinhas - Possuem maior entrave à disseminação.

Manejo do pasto para evitar a praga:


a) Manejo integrado: Manter a planta aproximadamente a 30cm de
altura, para torná-la resistente ao ataque da praga, e para não permitir
que a radiação solar desidrate a “espuma” que protege a ninfa. Dessa
forma, os inimigos naturais da cigarrinha também ficam protegidos.
Portanto, é importante não permitir que o pastejo seja muito baixo,
mesmo sabendo-se que, por se tratar de planta de crescimento
estolonífero, ela pode rebrotar melhor quando submetida a pastejos de
até 15 cm de altura.
b) Controle químico: Possui custo elevado e é importante observar o
período de carência do produto utilizado.
c) Controle biológico: pode ser feito através do fungo Metarrhizium
anisopliae e da mosca Salpingogaster nigra.

Consorciação : É difícil porque fecha o terreno, porém é possível com siratro, soja perene e
centrosema.

Fotossenssibilização: Há maior problema para animais claros e jovens.


Retirar os animais do pasto e colocá-los em piquetes dotados de
sombra, são as soluções imediatas para o problema.

BRACHIARIA HUMIDICOLA

Nome científico: Brachiaria humidicola


Nomes comuns: Humidícola, quicuio do Amazonas.
Origem: Africana.

Aspectos vegetativos: Possui folhas estreitas (espetadinhas).


Não possui pêlos - folhas mais rijas.
Possui ápice em agulha.
É altamente estolonífera.

Clima e solos: Não é exigente - Pois vegeta em solos pobres, embora responda bem à
abubação.
Adeuqa-se bem em solos secos, mas comporta-se melhor, em locais úmidos e
quentes.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 13

Além de resistir bem à geada.

Propagação e plantio: 3 - 5 Kg sementes limpas/ha


Não raramente apresenta sementes com baixo poder germinativo,
portanto, especial atenção deve ser dada ao valor cultural das sementes.

Rendimento no corte: Produz, aproximadamente, 18 t de MS/ha/ano.

Utilização: Para pastejo.


Pode ser rebaixada até ± 10 cm.
Mais tolerante às cigarinhas, mas “sente” os ataques.
Dependendo do tipo de solo, pode apresentar altas concentrações de oxalato,
levando os animais a um desequilíbrio no metabolismo do cálcio.

BRACHIARIA PLANTAGINEA

Nome científico: Brachiaria plantaginea


Nomes comuns: Capim marmelada, milhã branca, grama Major Inácio, capim papuã.
Origem: Nativa.

Aspectos vegetativos: Gramínea anual, herbácea, subereta, tenra (dá bom feno);
Muito suculenta.

Clima e solos: Desenvolve-se em climas tropical e temperado;


Prefere solos férteis com boa umidade, mas cresce em solos de baixa fertilidade.

Propagação e Plantio: Propaga-se por mudas e sementes;


Praga de café e pastagens (ciclo anual).

Utilização: Pode ser utilizada para pastejo direto e para produção de feno, que é de excelente
qualidade. No Sul do país, esta vem sendo utilizada com sucesso para produção de
silagem pré-secada, que pode ser fornecida até mesmo para vacas em lactação, e
obtêm-se bons resultados.

BRACHIARIA RUZIZIENSIS

Nome científico: Brachiaria ruziziensis.


Nomes comuns: Ruziziensis, capim congo.
Origem: África.
14 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Aspectos vegetativos: É semelhante decumbens.


Possui folhas com pêlos.
Possui um verde mais claro.
Em geral, é mais ereta.
É perene e estolonífera.
Possui produtividade menor que a B. decumbens.
É mnos vigorosa para gramar.
Floresce “mais tarde” (maio-agosto).
É muito palatável e tem cheiro de milho (época de florescimento).
Possui rácemos de base larga, e as sementes, que possuem grande
presença de pêlos, são menores que as da B. decumbens.

Clima e solos: É mais exigente em solos que a decumbens; quanto à precipitação


pluviometrica, é muito semelhante a decumbens.

Propagação e Plantio: Também propaga-se por mudas, embora a maior propagação seja por
sementes. Além disso, produz grande quantidade de sementes com boa
viabilidade.

Utilização: - É ideal para vacas leiteiras e animais jovens.


- Pode ser usada para eqüinos.
- O manejo é semelhante à B. decumbens, ou seja, sem problemas de intoxicação.
- Seca rapidamente após o florescimento.
- Pode, também, ser usada no pastejo rotacionado.

Resistência a pragas e doenças: Grande sensibilidade às cigarrinhas (susceptível).

Consorciação: É difícil, mas consorcia-se com soja perene estilosantes, siratro e


calopogônio.

BRACHIARIA BRIZANTHA

Nome científico: Brachiaria brizantha.


Nomes comuns: Brizanta, Brizantinha.
Origem: África.

Aspectos vegetativos: É uma gramínea herbácea.


É perene.
Não apresenta perfilhamento intenso.
Dificilmente cobre bem o solo.
Atinge 0,70 a 0,80 m de altura.
Produz sementes durante todo o ano.
Possui folhas ligeiramente serrilhadas.
Os pêlos podem ser vistos somente com lupa.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 15

Inflorescência com uma fileira de sementes.


O rácemo apresenta-se com a base arroxeada.

Propagação e plantio: Feito por mudas e sementes.

Resistência a fogo, geada e seca: Possui boa tolerância ao fogo; já as geadas queimam a parte
vegetativa, mas a planta rebrota bem.

Rendimento: Aproximadamente, 10 toneladas/ha/ano.

Utilização: Para pastagens e feno.

Pragas: Não existem problemas com as cigarrinhas.

CV. BRIZANTÃO (BRAQUIARÃO)


Folhas largas com um verde escuro.
Pêlos na face superior (curtos).
Boa resistência às cigarrinhas.
Boa palatabilidade.
Inflorescências com rácemos bem desenvolvidos.
Sementes (frutos) grandes.

Clima: Semelhante às outras braquiárias

Solo: É exigente neste aspecto.

Rendimento: 18 a 20 toneladas de MS/ha/ano (podendo produzir mais dependendo do solo).

Manejo:Essa planta não pode formar grandes touceiras porque reduzirá, em muito, a
produtividade do pasto. Dentre as braquiárias, é a que menos tolera erros de manejo.
Quando passada, deve ser roçada e, em último caso, pode-se colocar fogo. Deve ser
mantida no pastejo contínuo entre 30 e 60cm de altura.
Mais recentemente, vem sendo utilizada no pastejo rotacionado com bons resultados,
com intervalo de pastejo entre 30 e 35 dias.

Formação: Fácil e rápida. Possuindo boas sementes no mercado (10 Kg sementes limpas/ha).

BRACHIARIA RADICANS
(B. arrecta)

Nome científico: Brachiaria radicans ( sinonímia: B. arrecta).


Nomes comuns: “Tanner grass”, Braquiária tóxica, Braquiária de brejo.

Aspectos vegetativos: Possui folhas verde escuras e reluzentes, sendo glabras, lisas e
brilhantes, além de serem curtas e largas.
Possui rizomas e estolões.
16 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Clima e solos: Desenvolve-se em clima tropical e subtropical úmido - ppt ³ a 1200 mm anuais.
Prefere solos férteis e úmidos, embora cresça bem em solos de boa drenagem e
de baixa fertilidade.

Propagação e Plantio: Feitos po mudas ou colmos (hastes).


Aproximadamente 2 toneladas/ha (esparramar e gradear).
Não produz sementes viáveis.

Utilização: Para pastagens.


A consorciação é difícil devido à forma de crescimento.
Pode-se tentar consorciá-la com siratro, centrosema, soja perene e Stylossanthes
guyanensis.

Toxidez: Nitrato 0,30 a 0,90%


Outras: 0,05% de nitrato
O animal apresenta: urina escura com sangue, desequilíbrio e prostração.
Alcalóides - Não está descartada a possibilidade de presença de alcalóides nessa
planta.

Plantio: Proibido pelo Ministério da Agricultura.


Hospedeiro do hemíptero Blissus leucopterus (Chinch bug).
O “Chinch bug” é uma praga perigosa para milho, arroz, trigo e cana-de-açúcar.

Manejo: A planta flutua sobre a água.


Há grande percentagem de caule em relação às folhas.
Pastejada por eqüinos, enquanto a B decumbens não o é.
Os eqüinos só comem as sementes da B. decumbens.
Pode intoxicar bovinos, caprinos, ovinos, búfalos e eqüinos.
Quando apresentar intoxicação: remover os animais.
Os pastos mistos geralmente não possuem problema de intoxicação.
Maior freqüência de intoxicação: na época das águas com a planta nova.

CAPIM TANGOLA
Híbrido de Brachiaria radicans x Brachiaria mutica

- Planta ainda muito pouco estudada.


- Potencial - Planta com bom potencial de produção.
- Adaptação - ideal para áreas úmidas, mas avança mais sob as áreas secas de meia encosta do
que o capim angola.
- Ganho de Peso - Tem apresentado bons ganho em peso e boas produções de leite.
- Características - Possui características intermediárias entre o Tanner grass e capim angola,
apresentando-se mais claro e com pouco florescimento
- Resistência às cigarrinhas: Boa.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 17

- Mais recentemente, tem ocorrido ataques de Chinch-bug trazendo grandes prejuízos para a
produtividade dos pastos.

CAPIM ANDROPOGON

Nome científico: Andropogon gayanus


Nomes comuns: Andropogon, capim gambá

Aspectos vegetativos: Apresenta crescimento cespitoso.


Há presença de pêlos na bainha e na lâmina foliar.
Atinge sem corte ou pastejo até 3,0 m de altura.
Possui sementes com longas aristas.

Andropogon gayanus Kunth, var. bisquamulatus cv planaltina.

1ª introdução - década de 40.

2ª introdução - grande interesse, início década 80.

Clima e solos: Bem adaptado às condições climáticas reinantes nos cerrados (400 a 3000 mm
ppt anual).
Altitudes < 2000 m.
Cresce bem em solos com alta saturação de alúminio.
Possui sistema radicular profundo e algumas raízes podem atingir até 1,20m.
Apresenta grande capacidade de extração de fósforo do solo.

Responde bem à adubação - fósforo, cálcio mais magnésio, enxofre e potássio.

Resposta ao Nitrogênio - Responde bem à adubação nitrogenada, mas só muda a composição


com adubação muito pesada.

Kg de N/ ha ano % de PB (média)
0 6,2
28 6,2
56 6,2
112 6,9
224 7,9 Níveis geralmente antieconômicos
448 9,6 desde que não sejam em pastejo
rotacionado.
896 10,4

Manejo:O capim andropogon não deve ser rebaixado a mais de 30cm.


18 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Em função das características de crescimento rápido e do ciclo do capim andropogon


uma propriedade de gado de corte não deve exceder a 25% da área plantada, com
essa forrageira.
Normalmente quando uma fazenda possui capim andropogon quase sempre aparecem
áreas subpastejadas, o que prejudica a capacidade de suporte da área. O
recomendável é variar a carga animal durante os meses de dezembro, janeiro e
fevereiro,para que o seu potencial de produção seja mais bem explorado.
Quando submetido a superpastejo por longos períodos, o pasto enfraquece o sistema
radicular, e muitas touceiras podem ser arrancadas.
Se o capim andropogon estiver com crescimento pleno, situação muito comum nos
casos de áreas recém-implantadas, deve ser roçado. Cuidados especiais devem ser
tomados porque a semente é muito leve e costuma acumular e comprometer o bom
funcionamento do trator, que estiver sendo usado na operação. O fogo também pode
ser usado, uma vez que o capim andropogon é muito tolerante; porém, para seu uso,
cuidados especiais precisam ser tomados, e é sempre bom levar em consideração os
efeitos negativos da destruição da matéria orgânica.

CAPIM GORDURA

Nome científico: Melinis minutiflora


Nomes comuns: Capim grodura, meloso, capim melado, capim catingueiro, capim Francano

Origem: - Cresce espontaneamente nos Estados do Brasil central (MG, RJ, ES, SP), sendo
também utilizado no Norte e Nordeste. Alguns acreditam tanha sido introduzido
juntamente com navios negreiros.

Variedades: São muitas. Existem mais de 40.

1. Catingueiro roxo: mais disseminado em Minas Gerais.


Inflorescência de coloração roxa.
Folhas de coloração verde-escura.
Abundante secreção pegajosa.

2. Cabelo de Negro
Porte menor.
Folhas menores e entrenós curtos.
Muito resistente ao pisoteio.
Mais viscoso de todos.
Inflorescência de cor marrom-escuro (quase negro).

3. Capim gordura branco


Folhas de coloração verde-claro.
Inflorescências mais claras.
Pêlos mais curtos nas regiões dos nós.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 19

Menos viscoso que outras variedades.

4. Capim gordura Francano


Mais vigoroso e mais desenvolvido.
Inflorescências maiores.
Mais recomendado para corte.
Menor resistência ao pisoteio.

Clima e solos: Prefere regiões de chuvas acima de 1200 mm/ano.


Vegeta bem em solos pobres, secos e sílico-argilosos, com alumínio alto.
O excesso de umidade prejudica o seu desenvolvimento.
Vegeta e desenvolve bem nos altos, e encostas de morro.
Apesar de desenvolver bem em solos pobres, responde pouco à adubação,
quando comparado com colonião, jaraquá e pangola.
Possui boa capacidade de extrair fósforo do solo.

Propagação e Plantio: - a lanço (20 a 25 Kg/ha), para facilitar a mistura com terra.
- em sulcos espaçados de 20 cm.

Resistência: ao fogo: é sensível, muitas plantas morrem.


à geada: rebrota, mas mata a parte vegetativa.
ao sombreamento: cresce bem em sombras de árvores, quando o sombreamento é
moderado.

Utilização: Pastagens (1,0 a 1,5 cab/ha/ano), dependendo da fertilidade do solo, a capacidade


de suporte pode ser mais baixa com 0,5 a 0,6 cab/ha/ano.
Na época da floração, é bastante sensível ao pastoreio.
Produz até 40 toneladas MV/ha/ano.
Feno: 12000 Kg/ha/ano (12 t), com 2,4 a 4,4%PB (podem ser melhorados se a
planta for colhida no momento certo.
Sementes: 200 Kg/ha/ano.

Manejo: Crescimento entoucerado e cespitoso.


Os pêlos secretam óleo volátil (não deixa cheiro no leite).
O superpatoreio deve ser evitado apesar da resistência ao pisoteio, porque eleva
rapidamente o ponto de crescimento.
Não deve ser rebaixado a menos de 15 centímetros.
Entrada (30 - 40 cm). Saída (15 - 20 cm)
Muitas touceiras morrem após o corte mecânico.
Deve-se evitar o corte rente ao solo.
Se for superpastejado ficará bastante prejudicado e será invadido por ervas.
O capim gordura apresenta o grande defeito de rebrote lento.

Resistência a pragas e doenças: Sofre ataque de lagartas que não chegam a comprometê-lo.
Excessão somente na região norte de Minas Gerais, onde isso
não ocorre.
Colchonilhas - Ataque (sem maior comprometimento).
Trips na inflorescência.

Consorciação: Centrosema, siratro, soja perene, estilosantes.


Em terras mais fracas: centrosema, estilosantes e siratro.
20 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Espontaneamente com carrapicho beiço-de-boi e estilosantes.

CAPIM BUFFEL

Nome científico: Cenchrus ciliaris


Nomes comuns: Capim bufalo, “buffel-grass”, búfalo grei.

Origem: África, Índia e Indonésia.

Variedades: Biloela - origem da Tanzânia.


Malopo e Lawes origem da África do Sul.
Boorara, Nunbank origem em Uganda.
Terewinnabar e Gayndah origem no Quênia.

Biloela: Tipo mais alto e vigoroso (1,5 m de altura).


Panícula com espiguetas imaturas avermelhadas, quando madura possui cor de palha.

Gayndah: De menor porte.


Folhas mais verdes e menores.
Caules mais finos.
Maior densidade de perfilhamento.
Muito precoce - vantajoso para regiões mais secas.

Descrição geral: São plantas perenes.


O crescimento é duplo, cespitoso e rastejante.
Produz grande quantidade de colmos.
Folhas abundantes, verdes e verdes-azuladas.
Sistema radicular capaz de penetrar muito no solo (± 1,20 m).
Produz sementes leves e cobertas de pêlos que podem ser transportadas pelo
vento.

Clima e solos: É indicado para regiões com baixa precipitação (350 a 400 mm anuais).
Regiões úmidas devem ser evitadas.
Oferece boa opção para áreas mais secas.
Adapta-se melhor em solos leves.
Adapta-se e desenvolve-se melhor em solos de pouca acidez.

Propagação e Plantio: Propaga-se facilmente através de sementes.


Sementes com dormência de 4 a 6 meses.
15 a 20 Kg sementes/ha (limpa 3-4 Kg/ha).
As sementes não devem ser muito enterradas (menos de 2,0 cm).
Pode ser plantado por mudas enraizadas.

Resistência : à seca: é boa.


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 21

ao fogo: persiste após passagem (Boa).


à geada: rebrota (Queima parte vegetativa).

Manejo: Manter o pasto baixo e sob pastejo contínuo, não rebaixar mais que 20 cm.
Capacidade de suporte: 1,0 a1,5 cab/ha.
Rotacionado: Entrada (0,60 - 0,80 m). Saída (0,20 - 0,30).

Pragas e doenças: - Cigarrinhas: provocam grandes danos no “stand”, maior entrave à


disseminação dessa forrageira. Atualmente, as pesquisas buscam
desenvolver cultivares com maior tolerância às cigarrinhas.
- Claviceps sp: ataca as espiguetas e compromete. em muito a produção de
sementes.

- Puccina cenchri e Helmentothospurium sp: possuem efeitos


insignificantes sobre a produção de forragem e sementes.

Consorciação: Consorcia bem com siratro, Stylosanthes gracilis, Stylosanthes humilis, soja
perene, centrosema.

CAPIM JARAGUÁ

Nome científico: Hiparrhenia rufa.


Nomes comuns: Capim jaraguá, capim provisório, sapé gigante, capim vermelho.
Origem: África, porém é considerado nativo do Brasil devido à grande adaptação.

Aspectos vegetativos: É uma planta perene.


Forma densas e vigorosas touceiras.
Atinge até 2,50 m com as inflorescências.
Quando utilizado corretamente, forma uma densa camada.
Na parte final do ciclo, tem muitos talos e poucas folhas.
Possui fruto cariopse com aristas características.

Clima e solos: Adapta-se melhor em região cuja precipitação é acima de 800 mm/ano.
Vegeta bem em solos sílico-argilosos de mediana fertilidade.
Possui crescimento limitado em solos excessivamente úmidos (cor roxa) e
ácidos.

Propagação e Plantio: Através de sementes e mudas.


A lanço 15-20 Kg/ha.
O solo deve ser compactado o solo (com rolo ou pneus).

Rendimento no corte: 90-120 toneladas de matéria verde por hectare ao ano.


Produz, aproximadamente 200 Kg de sementes/ha/ano.

Utilização: Para pasto .


Feno - Desidrata rapidamente se for cortado na idade correta; além disso, possui
bom valor nutritivo.
22 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Lotação: 1,0 - 1,5 cab/ha/ano.

Manejo: Resiste bem ao corte e ao pisoteio.


Não ultrapassar 0,60 - 0,70 m para ser cortado.
Entrada (0,40 - 0,50 m). Saída (0,15-0,20 m).
Proporciona 5 a 6 cortes por ano.
Quando mal manejado, o fogo é o único recurso que se adota no fim da época seca.

Características: Possui boa palatabilidade.


Possui boa resistência ao pisoteio.
Resiste bem à tosa pelo gado.
Resiste às geadas curtas e a temperaturas não muito baixas.
Possui boa resitência ao fogo.
Possui boa resposta à adubação.

Maiores defeitos: Curta duração do período de alto valor nutritivo.


Muito susceptível ao ataque de saúvas.
Em clima muito úmido, pode ter suas (inflorescências) atacadas pelo carvão.

Consorciação: Pode consorciar-se com siratro, soja perene, centrosema e kudzu tropical.

SETÁRIAS

Nome científico: Setaria sphacelata (sinonímia Setaria anceps).

Nomes comuns: Setária.

Cultivares: Nandi, Kazungula e Narok.

cv Nandi: Forma touceiras até 1,5 m de altura.


Possui inflorescência levemente amarronzada (20-25cm).
Possui intenso florescimento.
Adaptada a grandes variedades de solo.
Apresenta algum desenvolvimento invernal.
Floresce 1 a 2 meses após início das chuvas.
As geadas não causam grandes danos a ela.
O desenvolvimento lento permite boa consorciação inicial com leguminosas.
Sob condições de alta umidade e temperatura, tem sido atacada na Austrália por
Piricularia trisa.
A Tiletia echinosperma: prejudica a produção de sementes na região de origem.
Maior concentração de oxalatos leva ao aparecimento de “cara inchada” nos
animais.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 23

cv Kazungula: É mais grosseira e vigorosa.


Atinge até 2,0 m de altura.
Possui panículas com aproximadamente 38 cm.
Possui folhas mais longas com um verde mais azulado.
Floresce mais tardiamente que o cv Nandi.
Tolera áreas muito úmidas.
A consorciação é mais difícil, estabelece mais rapidamente.
Piricularia trisa: ataca mais raramente.

cv Narok: Possui boa tolerância ao frio.


Posui bom vigor.
Possui um verde mais intenso que Nandi e Kazungula.
O crescimento invernal é pequeno.
É atacada pela Piricularia trisa.

Origem: África

Aspectos vegetativos: É uma espécie perene.


Possui crescimento ereto.
Possui panícula como inflorescências.
Formam touceiras, e algumas podem apresentar crescimento
estolonífero.

Clima e solos: Solos de mediana fertilidade .


Arenosos até argilosos.
Suporta solos mal drenados e sujeitos a encharcamento.
Exige de 800 a 1200mm de precipitação por ano.

Propagação e Plantio: Sementes (3 - 4 Kg/ha com VC de 28,5%).

Resistência: à seca: (resiste razoavelmente bem).


ao fogo: rebrota bem.
à geada: Tolerante ao frio, mas seca-se após geada.

Rendimento: superior a 60 t MV/ha/ano.


cv Kazungula pode produzir até 40 t MV/ha em um só corte.

Utilização: Pastejo - Entrada (0,40 - 0,60 m). Saída (0,20 - 0,30 m).

Consorciação: Siratro, estilosantes e desmódio.

OXALATOS: Pode causar problemas em eqüinos e em vacas de alta produção. O uso de


leguminosas em consorciação pode reduzir ou eliminar o problema, porque as
leguminosas são ricas em cálcio. Um outra maneira de evitar o aparecimento da
“cara inchada” seria forçar a ingestão diária de mistura mineral.

CAPIM ELEFANTE
24 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Nome científico: Pennisetum purpureum.


Nomes comuns: Capim elefante, napiê, napier, etc... em geral, o nome comum corresponde à
variedade.

Origem: África - introduzido no Brasil por volta de 1920.

Variedades: oriundas da China: TAIWAN A-25, A-26, A-144, A-146, A-143 e A-148.
Colômbia: Gigante, Merkeron, Elefante de Pinda.
Índia: Napier-1, Napier-2.
Costa Rica: Turrialba.
Outras variedades: Mineirão, Porto Rico, Mole de Volta Grande, Vrukwona,
Untali, Niagara Falls, camerum, roxo, entre muitas outras.

Aspectos vegetativos: É uma gramínea perene.


O colmo e hastes são semelhantes à cana.
É rústica.
Atinge até 6 m de altura.
Possui colmos, cilíndricos, nós glabros.
Possui folhas com 1,25 a 4 cm de largura.
Possui inflorescência espiciforme.

Clima e solos: Adapta-se melhor em regiões de clima tropical com ppt ³ 1000 mm/ano.
Deve-se evitar terrenos com excesso de umidade.
Prefere solos de consistência mediana, ricos em matéria orgânica.
Produz pouco, em solos pobres.
Não tolera solos ácidos.

Multiplicação: Feita por plantio de mudas e sementes.


O plantio deve ser feito preferencialmente com mudas novas (90 a 120 dias de
idade). Devem ser plantadas em espaçamento variável de 0,50 a 1,0m de largura
e fazendo-se o transpasse de mudas (pé com pontas). Deve-se evitar a utilização
de mudas oriundas de plantas que já floresceram, porque apresentam baixa
porcentagem de pegamento.

Sementes - Não é uma boa maneira de multiplicação, porque poucos cultivares


produzem sementes viáveis no Brasil.

Rendimento no corte: Produz de 150 a 180 toneladas de matéria verde/ha/ano em 5 cortes. A


literatura cita produções de 250 toneladas em Pernambuco e 240
toneladas de matéria verde/ha/ano em Sete Lagoas, MG. Com adubação
adequada, pode-se chegar facilmente a 30 toneladas de matéria
seca/ha/ano.

Utilização: Verde: cortar com, aproximadamente, 1,80 m de altura, antes da saia começar a
amarelar
Pasto: Sob manejo rotacionado.
Silagem: Utilizar a planta ainda nova.

Uso sob pastejo: Adubar bem (N-P-K).


Formar com 50 cm de espaço entre linhas.
Descanso mínimo de 30 dias (entre 30 e 45 dias).
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 25

Só funciona em manejo rotacionado.


Entrar quando estiver cobrindo as vacas.
Retirar com 20% de lâminas foliares residuais, ou 40cm de altura.
Pode suportar 5-7 vacas/ha/ano - nas águas com 500 Kg N/ha/ano.
Manejo de Piracicaba: Entrada (0,60 - 0,80 m) Saída (0,30 - 0,40m).
É uma boa opção para produção de leite.
Quando utilizado sob pastejo rotacionado, é importante que o meristema
apical seja removido no 1º pastejo.
Fazer monitoração da fertilidade do solo anualmente, e não se esquecer de
aplicar o potássio juntamente com o nitrogênio.
É importante aplicar, pelo menos, 30kg de enxofre por hectare ao ano.
A aplicação de matéria orgânica potencializa a adubação química.
O uso de adubos, contendo micronutrientes, pode melhorar a produtividade
de algumas áreas utilizadas como pasto.
Não existem pesquisas comparando os diferentes cultivares, mas é provável
que particularidades de manejo sejam desenvolvidas, a partir de um maior
conhecimento científico a respeito dos cultivares.

Variação da altura da planta e produção de massa verde do capim


elefante em várias idades
Idade (dias) Altura (m) Rendimento (t/ha)
28 0,80 9
56 1,20 34
84 1,80 38
140 2,85 51
196 3,20 41
Fonte: ANDRADE e GOMIDE (1971)

Uso como Feno: É importante cortar a planta ainda tenra com 1,0 a 1,2m de altura, para
permitir a produção de um feno de melhor qualidade e ser passada em
picadeira e secada em terreiros. É importante que as camadas sejam finas (5
cm de altura), para permitir uma secagem rápida. O feno de capim elefante
pode, também, ser produzido com auxílio de calor artificial regulável (uso de
fornalhas).

Uso da capineira: O capim elefante pode ter a qualidade da forragem melhorada se a capineira
for submetida a corte no final do período chuvoso. Uma outra maneira de
explorar as áreas com capim elefante é utilizá-lo como pasto até o mês de
fevereiro, e a forragem produzida posteriormente deve ser cortada. É bom
lembrar que as capineiras devem receber adubações após cada corte, além
disso, quando as folhas da parte baixa começam a amarelar, isso significa
que a capineira já precisa ser substituída.

Uso como Silagem: Para a produção de silagem, o capim elefante deve ser cortado entre 1,50
e 2,00m de altura, sempre rente ao solo. Devido ao grande conteúdo de
água no capim elefante novo é importante submeter a forragem, depois de
cortado, a um pré-murchamento de 8 horas de exposição ao sol. Essa
prática melhora sensivelmente a qualidade da silagem obtida. Na
impossibilidade de execução dessa técnica, pode-se adotar a prática de se
26 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

adicionar material com alto conteúdo de matéria seca ao capim elefante,


visando elevar a matéria seca total da massa a ser ensilada, para valores
próximos a 30%. Pode ser adicionado feno de capim elefante, polpa de
citrus e milho desintegrado com palha e sabugo.

Resistência: ao fogo: rebrota mal.


à geada: embora queime suas folhas, não chega a morrer.
a pragas e doenças: O capim elefante pode ser atacado por cigarrinhas e
lagartas que causam grande dano às capineiras e às áreas
de pastejo rotacionado. Alguns fungos também podem
atacar as capineiras e as áreas de pastejo rotacionado.

CAPIM ANGOLA

Nome científico: Brachiaria mutica.


Anteriormente era classificado como: Panicum purpurascens ou Panicum
barbinoide.

Nomes comuns: Capim angola, bengo, capim de planta, capim fino, capim de corte, paragrass.

Origem: África Central.


Alguns autores consideram-no indígena.

Aspectos vegetativos: É uma gramínea perene.


Possui crecimento decumbente.
Produz estolões.

Clima e solos: Adapta-se bem desde o Rio Grande do Sul até o Amazonas.
Desenvolve-se melhor em regiões com mais de 1200 mm anuais de precipitação
pluviométrica.
Prefere solos de baixada, férteis e com bom teor de umidade.
Suporta bem as inundações, tem grande resistência à lâmina d’água permanente,
mas não pode ser totalmente coberto por longos períodos.
Não resiste bem à seca prolongada.

Propagação e Plantio: Por estacas (pedaços de colmos).


Produz sementes viáveis no Norte de Minas Gerais.

Resistência: à geada: apresenta tolerância moderada.


ao fogo: rebrota após sua passagem.
à seca: não tolera seca prolongada, pois muitas plantas podem morrer.
Resiste a inundações prolongadas.

Resistência a pragas e doenças: Quando atacado por colchonilhas que causam dano à
produção.

Utilização: Para pasto.


Corte - Para ser utilizado verde ou como feno.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 27

Rendimento: aproximadamente 70 t MV/ha/ano (em solos menos férteis há menor produção).

Taxa de lotação: 1,0 - 2,0 animais por hectare na época das águas (grande variação em função
do manejo).

Manejo: Não rebaixar a alturas menores que 15 centímentros.


Pisoteio: muito resistente.
Deve-se evitar macegas; os colmos ficam muito duros; lignificam rapidamente.
Entrada (0,60 - 0,80m). Saída (0,30 - 0,40 m).
Pode ser utilizado no pastejo rotacionado. Atenção especial deve ser dada à lâmina
d’água que pode dificultar as adubações. Em algumas regiões de Minas Gerais, o
capim angola pode levar categorias animais de grande exigência nutricional ao
desenvolvimento de “cara inchada” (vacas de leite, bezerros em crescimento e potros)
devido aos altos conteúdos de oxalato. Quando manejado inadequadamente, o capim
angola pode formar “macegas”e os caules muito lignificados podem provocar cortes
nos lábios dos eqüinos. Quando manejado para produção de feno, é importante que
esse tipo de capim seja cortado ainda novo, que é o momento em que ele está com o
valor nutritivo alto.

Consorciação: Recomenda-se soja perene, siratro e centrosema.

CAPIM COLONIÃO

Nome científico: Panicum maximum.


Nomes comuns: Capim colonião, colonhão, capim touceira, geralmente recebe o nome do
cultivar.

Origem: África - Adaptou-se muito bem no Brasil

Variedades: Murumbu ou colonião de grande porte

Sempre verde: adaptado a áreas de clima mais fresco, é menos persistente e


mantém-se mais verde na seca.

Guiné e Guinezinho: possuem porte menor, são tenros, e formam sementes


durante o período de crescimento.

Green panic (var. trichoglume): Adaptado a solos de menor fertilidade.


É mais resistente à seca e ao frio; exige entre 600-1200 mm anuais; oferece boas
perspectivas para consorciação; floresce de novembro a abril; possui touceira
aberta e pouco densa, e os nós apresentam-se com pêlos; possui um verde mais
claro.

Gatton panic: originário da Rodésia do Sul; possui um verde bem escuro; altura
de aproximadamente, 1,50 m; boa resistência à seca e é mais exigente que o
green panic.
28 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Makueni: é exigente e possui boa distribuição de produção de matéria seca.

Tobiatã: é verde-claro, possui boa produção de massa e folhas largas.

Centenário: Possui boa produtividade, adapta-se em solos de mediana fertilidade.


Precisa de mais estudos juntamente com o Tobiatã.

Tanzânia: Quando mais novo, apresenta excelente relação folha/haste e bom valor
nutritivo; possui baixa resistência à geada. Além disso, é uma planta
muito exigente em fertilidade do solo.

Aspectos vegetativos: As brotações têm os colmos chatos.


Forma touceira, mais ou menos abertas, dependendo da variedade.
Possui várias tonalidades de coloração.
A maioria apresenta desenvolvimento vigoroso, podendo atingir até 3,0
m de altura.

Clima e solos: Adapta-se a uma grande faixa de clima.


Precipitação de 800 - 1000 mm anuais (Green-panic 600 mm).
Prefere solos férteis (média a alta), argilo-arenosos e bem drenados.
Pode crescer em solos pobres e secos, embora não resista ao pisoteio.
A exigência em solos é variável de acordo com os cultivares.
Essa planta apresenta uma enorme diversidade entre os cultivares que são em
número muito grande.

Propagação e Plantio: Feitos por sementes ou mudas enraizadas.


Deve ter o valor cultural mínimo de 10%.
Recomenda-se utilizar sementes com espaçamento de 0,60 m entre
linhas.
Sementes em filete contínuo às vezes, usa-se espaçamento menor para
variedades de menor porte.
Mudas: - 0,50 m entre linhas.
- 0,50 m entre covas.
- 3 - 5 mudas/cova.
O plantio por mudas está fora de uso devido ao seu alto custo.

Resistência: à geada: possui baixa resistência.


ao fogo: rebrota facilmente após passagem de fogo, que pode ser o único recurso
para eliminação de macegas.
à seca: possui razoável resistência, apresentando diferenças entre cultivares.

Utilização: Para feno: Possui boa qualidade, embora tenha velocidade de secagem entre
hastes e folhas diferentes o que difuculta o processo
Para silagem: É pobre em carboidratos solúveis, não deve ser usado.
Para pasto: É um excelente e pode superar 100 t MV/ha/ano.
Entrada (0,60-0,80 m). Saída (0,30-0,40m) - alguns de porte menor
com o o gatton panic podem, eventualmente, ser rebaixados até
0,20m.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 29

Taxa de lotação: 1-3 cab/ha/ano na época das águas.


1-1,5 cab/ha/ano na época da seca.
Essas taxas de lotação são dependentes da fertilidade do
solo.

Deve ser manejado de preferência em rotação.


Possui excelente valor nutritivo, se manejado adequadamente.

Resistência a pragas e doenças: É atacado por Cigarrinhas, lagartas e gafanhotos.


Alguns fungos prejudicam a qualidade das sementes,
reduzindo a viabilidade dessas .

CAPIM KIKUIO

Nome científico: Pennisetum clandestinum.


Nomes comuns: Kikuiu e quicuio.
Origem: África (Quênia).

Cultivares: Comum - Multiplica-se através de mudas.

Whittet: Possui menor crescimento; apresenta folhas mais largas e talos mais
grossos; os entrenós são mais alongados, é mais produtivo, mas de formação mais
lenta; floresce bastante e produz sementes viáveis no Rio Grande do Sul e na
Austrália (400.000 sementes/ Kg), sistema radicular profundo.

Breakwell: cobre bem o solo, formando “colchão” bem denso


É mais resistente a invasoras.

Aspectos vegetativos: É uma espécie perene.


Estolonífera e rizomatosa.
Possui folhas estreitas, porte geralmente rasteiro.
Forma densos gramados.
Suporta bem ao sombreamento (característica importante).

Clima e solos: Exige solos férteis, e não se adequa a solos arenosos e pobres; além disso, não
suporta seca prolongada e nem excesso de água.
Prefere altitudes superiores a 800 m, e adapta-se melhor em precipitações acima
de 1.200 mm, indo bem até 2.000 mm/ano.
Exige precipitação acima de 750 mm anuais.

Propagação e Plantio: O cultivar comum não produz sementes viáveis.


A miplicação é feita com o uso de estacas.
Mudas como pedaços de colmo (30-40 cm).
Sulcos podem ser espaçados de 1 metro.
Colmos devem ser enterrados (3/4 dos colmos).
Whittet- multiplica-se por sementes que geralmente são importadas.

Resistência: ao fogo: rebrota bem após sua passagem.


à geada: apresenta boa resistência.
30 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

à seca: resiste bem, desde que não seja muito prolongada.

Utilização: Pode ser utilizado como pasto e como produção de feno; devido a suas
características morfofisilógicas, suporta muito bem ao corte baixo.
Para um melhor aproveitamento no pastejo contínuo, deve ser mantido entre 15 e
25 cm.
No pastejo rotacionado, as alturas de entrada devem estar 30 e 40cm e as de saída,
entre 15 e 20cm.
Pode perfeitamente ser utilizado como piquetes de bezerros e para criação desses
em gaiolas individuais.
Na realidade, o capim kikuio não favorece a infestação de bezerros por
endoparasitas, conforme é crença comum entre os produtores. Apenas ele se
desenvolve muito bem em locais úmidos e ricos em matéria orgânica (fezes de
bovinos adultos). Quando os bezerros são mantidos em pastos com essas
características, podem apresentar altas cargas parasitárias.

Rendimento: 60 t MV (6 cortes), vai de 30 a 90 t MV/ha, dependendo da variedade do tipo de


solo e da altitude.
lotação: 1 - 2 cab/ha (dependendo do local).
A sua produção é melhor em solos férteis, ricos em matéria orgânica.

Pragas e doenças: As cigarrinhas podem causar grandes danos.


Os fungos causam danos menores.
Bactéria: Myrothycium cincum: pode ter efeito tóxico em pastagens
irrigadas.
Lagartas: Pseudaletia separata.
Pseudaletia convicta.

Consorciação: Desmódio, Lotononis, Soja Perene, Siratro e Trevo Branco

PASPALUM NOTATUM
(grama batatais)

Nome científico: Paspalum notatum.


Nomes comuns: Grama batatais, Grama Rio Grande, Grama Forquilha, Gramão.

Origem: América do Sul.

Cultivares: Comum.
Pensacola ou Bahia grass: muito usada no RS, bom pasto para eqüinos.
Alguns autores classificam esse cultivar como Paspalum saurae.

Aspectos vegetativos: É uma espécies perene.


Possui crescimento rústico.
Possui estolões e rizomas.
Apresenta grande capacidade invasora.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 31

Clima e solos: Apresenta grande número de ecotipos em função dos diferentes clima e solos.
Adapta-se bem em solos pobres.
É considerada invasora, cresce muito bem em solos com boa umidade.
Necessita, acima de 700 mm, de precipitação anual.

Propagação e Plantio: Feito por estolões ou rizomas: plantados em placas.


Feito por sementes - Alguns cultivares não produzem sementes viáveis.

Resistência: ao fogo: rebrota bem após sua passagem.


à geada: é relativamente resistente.
à seca: resiste bem.

Utilização: Resiste bem ao pisoteio, deve ser mantido baixo para melhor aproveitamento.
Boa palatabilidade - Tem baixa produção de matéria seca. Excelente pasto para
eqüinos.

Resistência a pragas e doenças: No Brasil não há problemas relatados.


Na Argentina, os fungos presentes nas sementes ocasionam
pertubação aos animais.

Consorciação: Estilosantes e todas as leguminosas nativas, carrapicho beiço-de-boi.

Outros usos: Usada em parques e jardins.


Usada para contenção de encostas.
Pode ser usada em canteiros entre os tanques de piscicultura.

PASPALUM PLICATULUM

Nome científico: Paspalum plicatulum.

Nomes comuns: Pasto negro, plicatulum, capim colchão.

Origem: Brasil (Américas).

Cultivares: Hartlhey - Brasil.


Rodd’s bay - Guatemala.

Aspectos vegetativos: É uma espécie perene.


É cespitosa e rizomatosa.
Possui touceiras com até 1,2 metros de altura.
Possui folhas com até 40 cm de comprimento.

Clima e solos: Vegeta bem em solos pobres.


Necessita, acima de 760 mm, de precipitação por ano.
32 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Adapta-se bem em solos argilosos e arenosos.


Suporta bem (razoavelmente) condições de encharcamento.

Resistência: à seca: posui boa resistência.


ao pisoteio: excelente resistência.
à geada: queima com geadas, mas rebrota após primeiras chuvas.
ao fogo: resiste após sua passagem.

Utilização: Para pasto: pode ser mantido baixo, os animais devem sair com 0,20 m de altura.
Possui a vantagem de florescer no final do verão.
Produz de 30 a 40 t MV/ha/ano.
A palatabilidade é apenas razoável.
O valor nutritivo é de razoável a baixo.
Se for mal manejado, permitindo-se muita sobra de capim, essa forrageira lignifica-
se e torna-se de valor nutritivo muito baixo, comprometendo o desempenho dos
animais.

Consorciação: estilosantes e desmódios.

Outras forrageiras do gênero Paspalum: Capim rimarez (Paspalum guenoarum).


Capim comprido (Paspalum dilatatum).
Capim gengibre (Paspalum maritimum).
Grama tio Pedro (Paspalum spp).
Capim gana (Paspalum scrobiculatum).

CAPIM DE RHODES

Nome científico: Chloris gayana.


Nomes comuns: Capim de Rhodes.

Origem: África.

Variedades: CV Gigante ou Collidiço Alego, CV Zaia, CV Sanford, CV Katambara.

Aspectos vegetativos: É uma espécie perene.


É cespitosa e estolonífera.
Atinge até 1,5 m.

Clima e solos: Ocorre em todos os tipos de solos, exceto nos muito argilosos e ácidos.
Adapta-se melhor em solos de fertilidade mediana com boa percentagem de
matéria orgânica.
Responde bem à adubação.
Exige precipitação entre 650 - 1150 mm anuais.
Tolera elevadas temperaturas.

Propagação e Plantio: Sementes (8-10 Kg/ha) em linhas espaçadas de 0,50 m.


No passado, muitas implantações de áreas de capim Rhodes ficaram
prejudicadas devido a má qualidade das sementes existentes no mercado.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 33

Hoje, já existem sementes de melhor qualidade. De qualquer forma é


bom estar atento à qualidade das sementes no momento da aquisição das
mesmas.
Atenção especial deve ser dada ao tipo de solo, uma vez que esta
forrageira não tolera solos ácidos.

Resistência: à seca: possui boa resistência.


à geada: apresenta boa ressitência.
ao fogo: rebrota após queimado, mas existem poucas informações no Brasil.

Manejo: Resiste bem ao pisoteio.


Entrada (0,30m). Saída (0,15m).
Feno de boa qualidade: talos finos, pouco fibrosos e bem macios.
Rendimento: 60 t MV/ha/ano.
Possui bom rendimento de feno.
Corte aproximadamente a 10 cm do solo.

É uma boa opção para eqüinos, tanto no pastejo, como para produção de feno.

CANARANA ERETA LISA

Nome científico: Echinochloa pyramidales.


Nomes comuns: Canarana ereta, “Antelope grass”.

Origem: Nativa.

Aspectos vegetativos: É uma espécie perene.


Vegeta bem em locais baixos sujeitos a inundações.
É ereta.
Possui folhas finas.
Atinge até 3,0 m de altura.
Produz grande percentagem de sementes cheias, porém de baixa
germinação.
Grande exigência de fertilidade.

Resistência: ao fogo: rebrota bem após sua passagem.


ao pisoteio: apresnta boa resisência.
à geada: esta planta é cultivada em locais úmidos e que, normalmente, não estão
sujeitos às geadas.

Utilização: Para pastejo pode-se usar até 2,0 cab/ha/ano.


Corte - pode ser utilizado verde.

Resistência a pragas e doenças: sem informações.

Rendimento: 30 - 40 t MV/ha ano.


34 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Consorciação: Sem informações.

CANARANA VERDADEIRA

Nome científico: Echinochloa polystachya.


Nomes comuns: Canarana verdadeira.

Origem: Nativa.

Aspectos vegetativos: É uma espécie perene.


É estolonífera.
possui folhas glabras com 2,0 cm de largura.
Suas bainhas são pilosas.
Atinge até 2,0 metros de altura.

Clima e solos: Larga faixa de adaptação.


Sensível a seca e ao frio.
Muito exigente em umidade, mais que em fertilidade.

Propagação e Plantio: Feito por mudas.

Fora da Amazônia esta planta tem-se mostrado com baixa resistência ao pisoteio.

CAPIM PANGOLA

Nome científico: Digitaria decumbens.


Nomes comuns: Pangola ou pangolinha.
Origem: África do Sul.

Aspectos vegetativos: Trata-se de espécie perene.


É prostrada e estolonífera.
Cobre bem o solo.
Apresnta boa resistência ao pisoteio.
Geralmente, atinge 0,60m podendo chegar até 1,20 m.

Clima e solos: Desenvolve-se melhor em regiões com precipitação superior a 1200 mm/ano.
Cresce desde o nível do mar até 1800 m.
Prefere solos férteis e úmidos e adapta-se aos argilosos e arenosos.
Responde bem à adubação.
É adaptado à grande variedade de climas, embora prefira altas precipitações e
clima quente.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 35

Propagação e Plantio: Feito por mudas, pois não produz sementes viáveis.
Recomenda-se utilizar 1 t/ha com espaçamento de 1,0 m entre linhas e
0,40 m entre covas.
Em sulcos, deixar um terço da muda para fora.
Espalhar e gradear com solo úmido; neste caso, gasta-se 3 a 4 toneladas
de mudas por hectare.

Resistência: ao fogo: rebrota bem após sua passagem.


à geada: é boa.
à seca: é baixa, não tolera seca prolongada.

Rendimento: 45 t MV/ha/ano (15 t MS/ha/ano).

Taxa de Lotação: 1,5 - 2,0 cab/ha/ano.

Manejo: Suporta cortes baixos até 5cm do solo.


Permanece verde por mais tempo que algumas gramíneas.
Pasto: Entrada (25 - 30 cm). Saída (5 - 10 cm).
Feno: Seus talos macios conferem-lhe uma boa qualidade.

Resistência a pragas e doenças: Sensível ao ataque de cigarrinhas (Tomospis flavopicta e


Tomospis humeralis) e colchonilhas.
Vírus: Pangola stunt vírus causa a “stunt virus desease” que
provoca uma multiplicação exagerada da planta,
apresentando-se com folhas novas retorcidas, deformadas e
morte das extremidades das folhas mais velhas. Conhecido
como vírus do enfezamento, reduz muito a produção da
planta.

Consorciação: Estilosantes, soja perene, siratro, centrosema.

TRANSVALA

Digitaria decumbens Stent, cv transvala.


Conhecido como transvala ou capim transvala.
Prefere solos de boa fertilidade.
Mais tolerante à seca que o pangola comum.
Resistente ao “nematóide picador” Belonolaimus caudatus e ao “pangola stunt virus”.
Pode ser identificado pela presença de pêlos basais na superfície da lâmina foliar adjacente ao
colar.
Desenvolve-se bem no Triângulo Mineiro.
Possui uma desidratação muito rápida na confecção de feno.
Parece desenvolver-se bem em solos de fertilidade mediana.
A sua resistência ao vírus do enfezamento é muito importante.

ESTRELA AFRICANA
36 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Nome científico: Cynodon plectostachyus.


Nomes comuns: Capim estrela gigante, estrela, estrela africana, estrela branca.

Origem: África.

Aspectos vegetativos: É uma espécie perene.


Apresenta crescimento rústico.
Possui estolões fortes.
Possui sistema radicular forte
Possui folhas largas (para o genêro).
Forma denso colchão.

Clima e solos: A precipitação deve ser acima de 600 mm anuais, prefere 1.000 a 1.200
mm/ano.
Prefere solos arenosos de boa fertilidade.
Em terra roxa consegue uma boa produção.

Propagação e Plantio: Feito com parte vegetativa: estolões e ramos.


Plantar em solo úmido.
Pode ser plantada com grade, esparramar as mudas no terreno e passar a
grade por cima.

Resistência: ao fogo: rebrota bem após uma queimada .


à seca: É boa, desde que não muito prolongada.
à geada: rebrota, apesar da morte da parte vegetativa.

Rendimento: Produz 13 -15 t feno/ha em solos de boa fertilidade.

Utilização: Não há problemas de intoxicação no Brasil.


Na África do Sul, há ocorrência de ácido prússico (HCN -envenamento).
Responde bem à adubação.
Pode ser rebaixado até 5 ou 10 cm.
Entrada (0,30 - 0,40 m). Saída (0,15m).
Produz feno de boa qualidade quando manejada adequadamente.
Como toda planta do gênero Cynodon, deve se manejada com cuidado e atenção,
porque a relação haste/folha desequilibra-se facilmente em relação a haste se não
for cortada ou pastejada no momento certo, ocasionando perda no valor nutritivo
e, conseqüentemente, reduções nos índices de produção animal.

ESTRELA AFRICANA ROXA

Nome científico: Cynodon nlenfuensis.


Nomes comuns: Estrela africana roxa, estrela roxa, capim estrela roxa.

É muito semelhante à estrela africana.


Não produz sementes viáveis no Brasil.
Possui plantas com talos arroxeados.
Sua inflorescência é roxa.
Possui folhas mais largas que a estrela comum.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 37

Lignifica-se rapidamente.
Apresenta baixa palatabilidade para eqüinos em algumas épocas do ano.
É muito produtiva em terras boas e pode atingir até 20 t de feno/ha/ano.
Parece menos exigente em solos, pois adaptou-se bem em solos de mediana fertilidade no
Triângulo Mineiro.

COAST-CROSS

Nome científico: Cynodon dactylon x Cynodon nlenfuensis.

Origem: Obtidas de cruzamentos entre plantas do gênero Cynodon, nos Estados Unidos da
América do Norte.
Existem várias plantas que recebem números, por exemplo coast-cross nº 1, nº 2, nº 3
etc.
Essas plantas diferem-se, basicamente, por aspectos morfológicos e pela adaptação a
clima e solos.

Aspectos vegetativos: São plantas perenes.


São rústicas.
Crescem por estolões.
Alguns possuem rizoma, outros não.
Atingem, aproximadamente 0,60 m de altura.

Clima e solos: Adaptam-se à grande variedade de solos, desde os leves até pesados.
Toleram inundações por longos períodos, mas crescem pouco em solos
encharcados.
Respondem muito bem à adubação.
Precipitação entre 600 - 1600 mm/ano.

Propagação e Plantio: Estolões e rizomas.


Espaçamento de 1,0 m x 1,0 m.
No Brasil, não produzem sementes viáveis.

Resistência: ao fogo: resiste bem, pois seus rizomas auxiliam bastante na rebrota.
à geada: resiste bem.
à seca: Resiste bem, porém não tolera seca muito prolongadada.

Rendimento: O Coast-cross supera 15 t feno/ha/ano, podendo chegar a produções mais altas


se bem adubado.

Utilização: Em pastejo com altura de entrada (0,30 - 0,40 m) e de saída (0,10 m).
Em áreas de pastejo rotacionado pode ser rebaixado até cinco centímetros, desde
que as adubações sejam bem balanceadas, e o tempo de descanso seja observado
corretamente.
Em função de sua boa resposta à adubação, pode perfeitamente ser utilizado para
produção de feno e em pastejo rotacionado. Geralmente, são boas opções para
formação de piquetes para bezerros e eqüinos de várias idades.
38 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Quanto ao manejo, é importante estar atento para as alturas ideais de utilização,


uma vez que as hastes lignificam rapidamente e perdem o valor nutritivo. Essas
plantas necessitam de solos com bons teores de matéria orgânica, e o uso de
esterco, preferencialmente curtido, potencializa em muito as adubações químicas
em campos de feno ou em áreas de pastejo rotacionado.

Consorciação: É difícil, devido ao tipo de crescimento, cobre muito bem o solo.

Campos de Feno: Forma com 60 - 80 dias (30 - 35 cm).


As adubações de reposição devem ser feitas com nitrogênio e potássio. É
importante fazer um acompanhamento anual da fertilidade do campo de
feno.
O primeiro corte deve ser, preferencialmente, mecânico.
Adubar o mais rápido possível (após o corte).
Permite cortes a cada 30 dias.
Observar as inter-relações entre os minerais, principalmente quando se usa
esterco de suínos.

CAPIM GUATEMALA

Nome científico: Tripsacum fasciculatum (Sinonímia Tripsacum laxum).


Nomes comuns: Capim Guatemala.

Origem: América Central.

Aspectos vegetativos: A gramínea é perene.


Posui grande porte.
Apresenta folhas abundantes, semelhantes às do milho.
Possui colmo semelhante ao do milho.
Possui glabra, abraçando fortemente o colmo
Apresenta florescimento raro fora do País de origem.
Sua flores são unissexuadas.

Clima e solos: Desenvolve-se melhor em áreas de altas precipitações.


Exige solos de boa fertilidade.
Não tolera excesso de umidade.
As capineiras têm de receber adubação de manutenção (esterco mais adubo
químico).

Propagação e Plantio: Pedaços de colmos com 20 - 30 cm de comprimento.


Estacas com 3 - 5 gemas.
Sulcos com 10 cm de profundidade.
- Sendo: 0,80 - 1,0 m entre sulcos.
0,80 - 1,0 m entre estacas.
As mudas devem ser colocadas inclinadas na cova, com um terço
descobertas.
A germinação ocorre em 15 ou 20 dias.

Resistência: ao fogo: Parece ser muito baixa


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 39

à seca: é considerada boa.


à geada: é muito susceptível, pois queima bastante a parte vegetativa.

Rendimento: 100 - 120 t MV/ha/ano.

Utilização: Capineira (quase exclusivamente).


Silagem: Não é muito recomendável, porque essa planta popssui baixos conteúdos
de carboidratos solúveís, portanto não fermenta bem e não dá silagem de muito
boa qualidade.
Essa planta não aceita pastejo direto.

Pragas e doenças: Broca do colmo (Diatreia sacharalis): danos sérios.


Lagarta das folhas (Laphigma frugiperda).

Manejo: Cortar quando as plantas atingirem 1,50 m (dá até 3 cortes por ano).
Cortar a 15 cm do solo.
O corte rente causa seca da touceira e também apodrecimento.
Não resiste ao pisoteio.
Permanece mais verde e suculento, durante todo o ano, que o capim elefante.
Dá cortes a cada 70 - 80 dias na época das águas.

CAPIM VENEZUELA

Nome científico: Axonopus scoparius.


Nomes comuns: Capim Venezuela, capim-de- teso, capim colombiano, capim imperial.

Origem: Desde o México até à Argentina.

Aspectos vegetativos: Trata-se de uma planta perene.


É cespitosa, com colmos sem ramificações.
Possui folhas 15 a 25 cm de comprimento (bainha) e 40 a 60 cm, de
limbo com largura de três a quatro centímetros.
É macia e tenra, conservando-se macia na frutificação.
No Brasil, não produz sementes viáveis.

Clima e solos: Vegeta na zona equatorial e temperada com precipitação superior 1000 mm.
Prefere solos argilo-sílico-humíferos.

Propagação e Plantio: Deve ser usado o espaçamento de 60cm entre sulcos. Pode-se utilizar
pedaços de colmos ou mudas enraizadas.

Resistência: à geada: baixa resistência.


à seca: tem-se mostrado boa.
ao fogo: não resiste.

Rendimento: 60 -70 t MV/ha/ano em 3 ou 4 cortes.


40 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Manejo: Não resiste ao pisoteio.


Cortar quando atingir 0,80 a 1,00 m, sempre a 15 cm do solo.
Possui palatabilidade muito boa.

Resistência a pragas e doenças: É atacado por Helmintosporium na inflorescência.


Pode ser atacado por gomose (virose), sendo que os
cultivares Etoclon 60 e Etoclon 72 são mais resistentes.

AVEIA FORRAGEIRA

Nome científico: Avena Sativa, Avena bizantina e Avena strigosa.

Nome comum: Aveia forrageira.

Origem: Europa.

Forrageiras: Avena bizantina - sementes amarelas.


Avena strigosa - sementes pretas.
Avena sativa - produção de grãos.

Variedades: Bagé, Marion, IAS-49, IAS-50, LB-Argentina (Avena bizantina).


Aveia preta (Avena strigosa).

Aspectos vegetativos: É uma gramínea de ciclo anual.


Apresenta porte ereto.
Possui folhas largas, compridas e verde escuras.
Seus colmos são macios e bastante suculentos.
É muito palatável.

Clima e solos: Planta de clima temperado (forrageira de inverno).


Adapta-se em clima tropical e subtropical quando plantada no inverno.
Não é muito exigente em fertilidade, mas não tolera pH abaixo de 5,0.
Pode-se usar várzeas onde foram feitas culturas de arroz.
Necessita de adubação balanceada.
É necessário que se faça cobertura com nitrogênio e potássio após cada corte.

Propagação e Plantio: A época de plantio é de abril-maio (algumas regiões em março).


Sementes (60 a 80 Kg/ha).
Profundidade de 1 cm.
Sulcos espaçados de 50 cm - usar filete contínuo.
Não suporta lâmina d’água permanente (diferente do arroz).
Agregar bastante matéria orgânica ao solo antes do plantio.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 41

Rendimento: É muito variável, dependendo do manejo da cultura, se irrigada poderá produzir


muito, acima de 50 toneladas de matéria verde por hectare.
Em Uberaba-MG PRINGOLAT0 et al (1981) conseguiram produção de até 7810
Kg MS/ha, quando adubaram com esterco de galinha mais superfosfato simples
(SPS), PB = 20,7% na MS, Ca = 0,78% na MS, P = 0,18% na MS.

Utilização: Verde: deixar murchar por algumas horas.


Feno: produz feno de boa qualidade.
Silagem: atualmente, tem sido muito utilizada para produção de silagem pré-secada
(haylage).

Manejo: Após 40-50 dias (pós-plantio) cortar ou pisotear, nessa idade a planta deve ter 0,30-
0,50 m.
Cortar rente ao solo.
As vacas consomem aproximadamente 40 Kg de matéria verde por dia.

Doenças: Fungos (Ferrugem) - prejudicam a produção.


Nematóides - reduzem a produção da cultura.
42 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

ESTUDO DAS LEGUMINOSAS

GUANDU

Nome científico: Cajanus cajan.


Nomes comuns: Guando, guandu, feijão andu.

Origem: África equatorial.

Variedades: Grande número.


Sementes de várias cores - cruzamento fácil por ação de insetos.

Aspectos vegetativos: O arbusto cresce até 2 a 3 m de altura, dependendo do cultivar.


É uma espécie perene (5 anos) e semi-perene (bi-anual).
Possui folhas geralmente pequenas.
É trifoliolada.
Produz grande quantidade de sementes.
As vagens com 5 a 6 cm contem 4 a 6 sementes; possuindo cores
variadas.

Clima e solos: Vegeta bem em solos pobres, sem excesso de umidade.


Exige precipitação acima de 760 mm/ano.

Propagação e Plantio: Através de sementes.


Profundidade: enterrar a 5 cm.
Utiliza-se 20 a 30 Kg/ha (3 a 4 sementes/cova).
No semeio a lanço tem-se maior gasto de sementes.
Espaçamento: 0,20m entre covas e 0,50m entre linhas.
Promíscua - Nodula com vários tipos de Rhizobium.

Resistência: à seca: é bem resistente .


à geada: mata somente a parte vegetativa
ao fogo: mata grande parte do stand, podendo ser considerado intolerante.

Rendimento: Variável com a densidade de plantio, com a época, com o cultivar e com a
fertilidade do solo.
Chega a altas produções de matéria seca por hectare.

Utilização: Verde: cortar a 10 cm do solo; entretanto, na época da seca, deve ser


cortada a 30 cm do solo, para reduzir a mortalidade.

Feno: Deve ser picado para completar a secagem em galpão, para se


evitar que as folhas sejam perdidas .

Misturado com gramíneas para silagem.


Para pasto: pastejo direto.
Resistência a pragas e doenças: As folhas são atacadas por Coletotrichum cajani e uromyces.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 43

As sementes sofrem ataque de Curculionidae (besouros) e a


Icervya purchasi ataca as folhas.

SOJA PERENE

Nome científico: Neonotonia wightii (sinonímia Glycine wightii).


Nomes comuns: Soja perene.

Origem: África.

Cultivares: CV Tiranoo - Tardia.


CV Cooper - Média.
CV Clarence - Precoce.
CV Cianova (adaptada para áreas de cerrado), IRI Nº 2, etc

CV tiranoo: Apresenta florescimento tardio (junho/julho) com maturação das sementes em


agosto/setembro.
Indicada para solos férteis.
Os caules são mais estoloníferos e finos, com mais ramificação.

CV cooper: Floresce mais cedo que o cv Tinaroo e a maturação das sementes ocorre de 4 a 6
semanas após o florescimento.
É o cultivar mais resistente à seca, supera Tinaroo e Clarence.
A coloração cinza prateada.
Forma assimétrica do folíolo: um lado mais longo.
Possui constrição na vagem.
Possui ramificação pronunciada.

CV clarence: É a variedade que apresenta florescimento mais precoce.


É recomendada para regiões mais frias, sujeitas a geadas mais cedo.
É menos estolonífera que outras variedades.

Aspectos vegetativos: Possui hastes longas e flexíveis.


Alastra-se bastante pelo terreno.
Possui raiz pivotante, sistema radicular muito profundo.
“Sobe” nas plantas de porte ereto.
Possui flores brancas.

Clima e solos: A precipitação deve situar-se entre 800 a 1500 mm anuais.


É sensível ao alumínio trocável (Al+++), deve-se corrigir a acidez.
É exigente em cálcio e magnésio (Ca++ e Mg++) .
Prefere solos férteis, embora o CV Cianova seja adaptado a solos mais pobres
pH maior ou igual a 5,5 (pH ³ 5,5).

Propagação e Plantio: Sementes 3-6 Kg/ha.


Promíscua, mas deve ser inoculada.
Escarificar as sementes.
44 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Plantar em covas com 3 a 5 sementes espaçadas 25 a 30 cm.

Resistência: ao fogo: rebrota bem após a passagem.


à seca: tolera bem.
à geada: tolera bem, mas a parte vegetativa morre.

Rendimento no corte: 30 a 40 t MV/ha/ano aproximadamente 10t de matéria seca/ha/ano.


A produção pode ser maior, dependendo da adubação.

Utilização: Para pasto: consorciado ou não.


Para feno: corte freqüentes - mensais, os cortes podem ser rentes ao solo.
Para silagem: em mistura com gramíneas, nunca deverá ser utilizada sozinha.

Resistência: Às pragas e doenças:


Apresenta boa resistência ao ataque de lagarta e besouros. Não apresenta problema
sérios.

Manejo: Deve ser cuidadoso no primeiro ano, pois não se deve deixar a gramínea abafar a
leguminosa ( no caso de consórcio).
O campo de leguminosa solteira pode ser rebaixado ao nível do solo.
Não deixar que a leguminosa domine a gramínea.
Lembrar que a secagem do feno deve começar no campo e terminar no galpão, para
evitar que as folhas sejam perdidas.

SIRATRO

Nome científico: Macroptilium atropurpureum.


Nomes comuns: Siratro.

Origem: América do Sul e Central (Planta obtida do cruzamento de dois ecotipos de


Phaseolus levadas do México para a Austrália).

Aspectos vegetativos: É uma leguminosa perene.


Trifoliolada e com dois folíolos laterais assimétricos bastante
característicos.
A folhagem é volumosa.
Possui boa qualidade de fixação de nitrogênio.
Enraiza-se nos nós, em solos úmidos.
Produz flor roxa.

Clima e solos: Não tolera solos ácidos (deve-se fazer correção da acidez).
Necessita de precipitação entre 750 a 1500 mm/ano.
Exige solos de mediana fertilidade.
Exige FÓSFORO para a fixação do NITROGÊNIO.
Responde bem à adubação.

Propagação e Plantio: Utilizar 4 a 8 Kg de sementes/ha (2 vezes mais).


Inocular com Rhizobium do grupo “Cow-pea”.
Fixa em torno de 100 Kg de N/ha/ano.
Produz em torno de 150 a 200 Kg de sementes/ano.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 45

Floresce mais em agosto/setembro.


Possui, aproximadamente, 8000 sementes/Kg.

Rendimento: No corte, pode atingir até 5 toneladas de MS (em 2 cortes).

Pragas e doenças: Fungos (Oidium) são comuns em condições de alta umidade e temperatura.
Nematóides.
Insetos.

Manejo: Não resiste ao pisoteio contínuo (pouco resistente).


Não fazer cortes rentes ao solo (10 cm).

Resistência: à geada: é baixa. Perde as folhas em temperatura inferiores a 0º C.


à seca: é pouco resistente.
Fogo: Não há informações.

Consorciação: Adapta-se melhor com plantas de grande porte e dotadas de crescimento


cespitoso, como o Capim Colonião, Guiné, Green-panic, Gordura e Napier.

CENTROSEMA

Nome científico: Centrosema pubescens.


Nomes comuns: Jetirana, centrosema, jitirana.

Origem: Nativa (ocorre espontaneamente no Centro e Norte do Brasil).

Aspectos vegetativos: É um planta perene.


É de crescimento rasteiro.
É volúvel e trepadeira.
É herbácea - hastes finas, verdes e flexíveis.
É Trifoliolada.
O Crescimento inicial é lento.
Forma colchão de 0,30 - 0,40m (até 0,60 m).
Possui flor vistosa, roxa.

Clima e solos: Desenvolve-se melhor em regiões quentes e úmidas, embora produza bem em
áreas com precipitação menor que 1200 mm anuais.
Vegeta bem em solos férteis, permeáveis e não tolera solos ácidos (é
necessário fazer calagem).

Propagação e Plantio: Sementes 6-7 Kg/ha.


1,50 m entre linhas, covas espaçadas de 0,50 m.
Em consórcio usar, aproximadamente, 5,0 Kg/ha.

Resistência: ao fogo: rebrota bem após a queimada.


ao frio: apresnta boa resistência .
Seca: possui boa resistência.
46 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Rendimento: Aproximadamente, 40 t MV/ha/ano.


Aproximadamente, 100 Kg de sementes/ha/ano.

Manejo: Pastejo: Possui baixa resistência ao pisoteio, boa aceitabilidade e boa digestibilidade.
Feno: cortar a 10 cm do solo, quando atingir 0,40 - 0,50 m.

Resistência a pragas e doenças: Sem problemas relevantes, pois apresenta apenas ataques de
vaquinhas (coleopteros) sem grandes danos.

Consorciação: Colonião (green panic), jaraguá, braquiária e capim gordura.

LEUCENA

Nome científico: Leucaena leucocephala.


Nomes comuns: Leucena, Caola.

Origem: América (nativa do México).

Cultivares: CV Peru.
CV El Salvador.
Vários outros.

Aspectos vegetativos: É uma espécia perene.


Possui porte ereto.
É arbustiva com tronco e galhos lenhosos.
Possui raízes profundas (2 - 10 m de profundidade).
Possui folhas bipinadas.
Suas flores são branco-amareladas.

Clima e solos: Prefere áreas tropicais úmidas.


Necessita de precipitação acima de 800 mm anuais.
É sensível à pH baixo e prefere solos de melhor fertilidade, mas pode ser
cultivada em terrenos mais pobres.

Propagação e Plantio: É necessário escarificar ou submeter a 80º C por quatro minutos.


Utiliza-se entre 16 a 36 Kg sementes/ha.
Fazer muda no saquinho melhora a eficiência, embora possa ser plantada
direto no campo.
Combater as formigas.
Para corte: 10 a 20 plantas/m linear; sulcos espaçados em 0,80 a 1,0 m.
Para consorciação usar sulcos com 2 a 3 m entre fileiras (1 planta/m).

Resistência: à seca: é boa.


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 47

ao fogo: é boa.
à geada: é boa.

Rendimento: 10 a 20 t MS/ha/ano.

Utilização: Banco de proteína, pastejo direto com altura menor ou igual 2,0 m.
Folhas com 20 % proteína bruta.
Na formação, iniciar pastejo leve a 0,60 m de altura.

MIMOSINA: A leucena contém um princípio tóxico que é a Mimosina que causa


queda de pêlos em eqüinos e pode causar problemas hepáticos
(câncer). Pode provocar também, a queda de lã em ovinos, que não
possuem no rúmen, as bactérias capazes de destruí-la, até a 3,4
diidroxipirina. Os australianos já desenvolveram alguns cultivares de
leucena com baixa mimosina.

Resistência à pragas e doenças: Sem muitos problemas sérios, embora as formigas (saúvas)
causem grande prejuízo à cultura.

Consorciação: É possível com qualquer planta, o problema da manutenção é a sua alta


palatabilidade.

DESMODUIM UNCINATUM

Nome científico: Desmodium uncinatum.


Nomes comuns: Desmódio, desmódio prateado.
Origem: Brasil e Índias Ocidentais.

Aspectos vegetativos: Trata-se de espécie perene.


É rasteira, trepadeira.
Enraíza-se nos nós, em solos férteis.
Os caules estendem-se por até cinco metros.
O estabelecimento é lento.

Clima e solos: Larga variação de solos.


Tolera acidez e baixa fertilidade.
Responde a (P) fósforo e ao potássio (K), sendo eficiente na extração de cobre
(Cu) do solo.
É melhor adaptado para regiões com ppt acima 890 mm anuais.
Parece muito promissor, para áreas úmidas.

Propagação e Plantio: Dois a cinco quilogramas de sementes por hectare.


Geralmente recomenda-se 0,5 a 1,0 m entre linhas.
Necessita Rhizobium específico para nodular.
48 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Resistência: à seca: é baixa (menor que o Desmodium intortum).


à geada: é tolerante.
ao fogo: não há informação.

Rendimento: Variável com as condições. Existem poucas informações no Brasil.

Utilização: Bom para pastejo, no entanto possui palatabilidade baixa, porque tem alta
concentração de fenóis.
Não suporta altas taxas de lotação.

Resistência a pragas e doenças: Atacado por gorgulho (Ammenus quadrituberculatus).


Susceptível a nematóides: Meloidogyne.
Muito susceptível ao vírus do enfezamento (little leaf).

Consorciação: Setária (Kazungula ou Nandi), Panicum maximum, espécies de Paspalum.

DESDMODIUM INTORTUM

Nome científico: Desmodium intortum (Mill.) Urb.


Nomes comuns: Desmódio, green leaf.

Origem: Brasil Central.

Aspectos vegetativos: É uma espécie perene e rasteira.


Enraíza-se nos nós.
O desenvolvimento é lento no primeiro ano.

Clima e solos: Adaptado à grande variedade de solos desde os ácidos e mal drenados.
Adapta-se melhor em solos de média a elevada fertilidade.
É tolerante à acidez.
Apresenta pequena resposta ao calcário.
Responde bem a fósforo, potássio e molibidênio.
Necessita de precipitações acima de 900 mm anuais.

Propagação e Plantio: Dois a quatro quilogramas de sementes/ha.


O espaçamento recomendado é, geralmente de 0,5 - 1,0 entre sulcos.

Resistência: à seca: Possui boa tolerância.


à geada: tolera bem ao frio
ao fogo: não há informação.

Rendimento: Depende do local. Não há muitas informações no Brasil.


Produz de 90-120 Kg de sementes/ha.

Resistência a pragas e doenças: Rhizoctonia oidio (fungo) causa danos.


Vírus do Little leaf, embora ocorra em menor escala que no
Desmodium uncinatum.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 49

Consorciação: Kikuio, colonião, rhodes e buffel.

Utilização: Embora tenha boa resistência ao pastejo, apresenta baixa palatabilidade. Pode ser
utilizada para produção de feno.

Palatabilidade: baixa (parece ser).

DEMODIUM CANUN

Nome científico: Desmodium canun.


Nomes comuns: Carrapicho beiço-de-boi, pega-pega, amores do campo, etc.
Origem: Nativo.

Aspectos vegetativos: É uma espécie perene.


É semi-rasteira.
Possui crescimento rápido.
Possui folhas pequenas.
Possui vagens com pêlos abundantes.

Clima e solos: Precipitação acima de 900 mm anuais.


Cresce em solos pobres.
Cresce em solos úmidos.

Propagação e Plantio: Um a três quilogramas de sementes/ha.

Resistência: ao fogo: é boa.


à seca: é boa.
ao frio: é boa - As geadas queimam a parte vegetativa, mas a planta não morre.

Rendimento: 2 a 4 t MS/ha/ano.

Utilização: Consórcio de pastos.


Possui boa resistência ao pisoteio.

Manejo: Consorcia bem com gramíneas estoloníferas - permite o corte baixo.


Possui grande resistência ao pisoteio.

Pragas e doenças: Embora não haja descrição acurada na literatura, sofre ataque de fungos.

OUTROS DESMÓDIOS:

Desmodium aperidium: Cresce até 3 m de altura.


Amor de vaqueiro - flores roxas e pequenas.
Engorda magro.
Deve ser cortada antes da floração (0,70 m de altura).
50 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Desmodium barbatum: Barbadinho.


Cortar a 0,10 m do solo quando tiver 0,65 m.

Desmodium pabulare: Feijão de boi.


Cresce até 2,0 m de altura.

ESTILOSANTES

Nome científico: Stylosanthes guyanensis (Gracilis) .


Nomes comuns: estilosantes, alfafa brasileira, Stylo, meladinho, vassourinha, manjericão,
manjericão do campo, etc.
Origem: Brasil.

Cultivares: cv Schofield, Oxley, IRI 102, Bandeirante e muitos outros.

Aspectos vegetativos: É um espécie perene.


Possui ramos finos e flexíveis (prostrados).
Seus ramos caem sobre si, formando tapete de caules que originam
novos caules.
Touceiras de até 1,50 m.
Após 1,50 m de altura, possui elevado teor de fibra bruta (FB).

Clima e solos: Necessita, acima de 900 mm, de precipitação anuais.


Adapta-se a grande faixa de solos pobres e de baixa fertilidade.

Propagação e Plantio: Estabelecimento por sementes.


Não cobri-las muito; a profundidade máxima é de 0,5 cm.
Sulcos com 40 - 60 cm de espaçamento.
Emprega-se, geralmente, 3 - 4 Kg de sementes/ha.
Necessita Rhizobium específico.
Também se estabelece por mudas (embora não seja prático).

Resistência: à seca: é boa.


ao fogo: geralmente morre, mas nascem outras plantas a partir das sementes que
estavam no solo.
à geada: embora a parte vegetativa queima, essa planta rebrota.

Rendimento: No corte, pode dar até 30t/MV/ha.ano.

Utilização: Não deve sofrer pastejo excessivo.


Resiste bem ao pastejo moderado.

Pragas e doenças: Cigarrinhas - sem maiores problemas.


Antracnose (fungo): pode ser problema, causando grande dano à cultura.

Consorciação: Consorcia-se bem com gramíneas de porte baixo e de touceira mais aberta
como o jaraguá, pangola, Paspalum e buffel.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 51

ALFAFINHA DO NORDESTE

Nome científico: Stylosanthes humilis.


Nomes comuns: alfafinha do nordeste, erva de ovelha.

Origem: Brasil.

Cultivares: Austrália: Patterson (600 - 1000 mm anuais).


Lawson (800 - 1100 mm anuais).
Gordon (acima de 1100 mm anuais).

Aspectos vegetativos: Seu ciclo produtivo é anual.


É herbácea, rasteira.
Possui hastes finas, verdes e tenras.
No inverno, forma feno natural.
Possui flores amarelas.

Clima e solos: Exige de 600 a 1800 mm anuais de precipitação, dependendo do cultivar.


É necessáio um boa reserva de forragem para a seca, por ser pouco exigente em
fertilidade (para áreas de solos pobres).

Propagação e Plantio: Sementes - Aproximadamente 5 kg sementes/ha.


Necessita semeio superficial.
Não tolera sombreamento (crescimento limitado).
Nodula bem, mesmo sem inoculação.
Produz 800 a 1000 Kg de sementes/ha.

Resistência a Fogo, Geada e Seca: resiste a todos, após completar o seu ciclo.

Rendimento: Aproximadamente, 5 t feno/ha.

Utilização: Feno com 13% PB.


Manter o pasto baixo.
É sensível ao sombreamento.
O crescimento inicialmente é lento.
É pouco palatável, quando nova.

Consorciação: Colonião, Buffel, pastagens nativas (gramíneas).

KUDZU TROPICAL

Nome científico: Pueraria phaseoloides cv. Javanica.


Nomes comuns: Puerária, kudzu, kudzu tropical.
52 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Origem: Ásia.

Aspectos vegetativos: É uma espécie perene.


Posuui caule volúvel, longo e flexível.
Apresenta hábito trepador.
Dotada de flores azuladas ou violáceas.
Possui sementes reniformes ou elípticas.

Clima e solos: Prefere solos de textura média.


Não se adapta bem em solos com muita areia e excesso de umidade.
Precipitação acima de 1250 mm anuais.
Vegeta bem em larga faixa de solos de mediana fertilidade, até solos férteis.

Propagação e Plantio: Sementes escarificadas (3 a 4 Kg/ha).


Estabelecimento lento (pouco desenvolvimento inicial).
É de erradicação difícil, devido à grande produção de sementes.

Resistência: ao fogo: é boa.


à seca: é boa.
à geada: é boa, rebrotando após sua passagem.

Rendimento: 15 a 18 t MV/ha/ano (depende do local). Proporciona, no mínimo, 2 cortes/ano.

Utilização: Para pasto.


Para feno.
Para pasto consorciado (gordura, colonião).
Contenção de encostas, proteção contra erosão.

Manejo: Possui baixa resistência ao pisoteio no primeiro ano.


Baixa palatabilidade durante as águas em algumas regiões, mas durante a época seca,
sua palatabilidade melhora.
Com amadurecimento de sementes desuniformes a colheita é dificultada.

Consorciação: Na Amazônia com Panicum maximum.


Com capim gordura pode funcionar bem.
Jaraguá com menor intensidade.

CALOPOGÔNIO

Nome científico: Calopogonium mucunoides.


Nomes comuns: Calopogônio, feijão soja, sojinha.

Aspectos vegetativos É trifoliolada.


Possui flores azuladas.
Sua vagens pussem pelos curtos e ferruginosos.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 53

Possui hastes, folhas, ramos florais também cobertos por pêlos curtos e
ferruginosos.
Atinge 0,50 m, quando cresce isolada.

Clima e solos: Desenvolve-se melhor em áreas com precipitação acima de 1200 mm anuais.
Vegeta bem em solos relativamente pobres e secos.
Não suporta solo com excesso de umidade.

Propagação e Plantio: É feito por sementes (5 a 9 Kg/ha).


Usa-se covas espaçadas em 0,90 a 1,50 m entre linhas.

Resistência: à seca: suas folhas caem, conforme avança a estação seca.


ao fogo: possui boa resistência.
à geada : Não resiste.

Rendimento no corte: aproximadamente, 30 t MV/ha/ano.

Utilização: Apresenta boa resistência, quando pastejada.


Possui baixa palatabilidade, mas o gado aceita bem o seu feno.

Pragas e doenças: Sem registro de danos sérios.

Consorciação: Capim de rhodes, capim gordura, colonião.


É uma boa fixadora de nitrogênio.

AMENDOIM DE VEADO

Nome científico: Teramnus uncinatum.


Nomes comuns: Amendoim de veado, favinha de capoeira, alfafa paulista.

Origem: Brasil (Norte e Centro)

Aspectos vegetativos: É uma espécie trepadeira.


Suas hastes são finas.
É trifoliadas.
Possui folíolos glabros na face superior e pilosos na inferior.
Suas flores são pequenas e azuladas.
Prefere locais sombreados.
Seu fruto é uma vagem estreita, comprida, pubescente e de ápice
ligeiramente curvo.
Possui sementes amarelas, cilíndricas e lustrosas.

Clima e solos: A precipitação deve superar 1000 mm anuais, sendo o ideal de 1500 mm
anuais.
Vegeta bem em temperatura média de 25ºC.
Solos devem ser de mediana fertilidade.
54 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Propagação e Plantio: Sementes; 6 Kg/ha.


Apresenta grande percentagem de sementes duras (± 65%).

Resistência: à seca: é razoável.


ao frio: é razoável.
ao fogo: Não há informações.

Pragas e doenças: Há insetos que se desenvolvem no interior das sementes ainda verdes.

Consorciação: Razoavelmente bem com gramíneas de porte ereto.


Tolera bem o sombreamento.

LAB-LAB

Nome científico: Dolichos lab-lab (sinonímia Lab-lab purpureum).


Nomes comuns: Cumandiatá, cabo curso, mangalô, feijão de frade, feijão de orelha.

Origem: África.
Variedades: Aproximadamente 70 -Sementes grandes e rajadas.
Sementes amarelas e marrons,
Rongai - Australiana.
IAC - L 697.

Aspectos vegetativos: Trata-se de uma espécie herbácea.


É rasteira.
É anual nos trópicos e nas altitudes maiores é bianual.
É trifoliolada.
Possui flores brancas.

Clima e solos: Vegeta em ampla faixa de solos em clima tropical e subtropical com precipitação
acima de 500 mm anuais.
Deve-se evitar locais sujeitos a encharcamento.

Propagação e Plantio: Feito por sementes - 20-30 Kg/ha.


O espaçamento entre linhas de 1,0 m e 0,50 entre covas.

Rendimento: 20 - 30 t MV/ha/ano em 2 cortes.

Utilização: Para pastejo (plantar junto com milho).


Para silagem.
Para feno.
Como adubo verde.

Manejo: Cortar a 20 cm do solo (1º corte).


Segundo corte, rente ao solo.

Consorciação: Com milho ou sorgo.


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 55

Resistência a pragas e doenças: Xantomona phaseoli (bactéria) provoca grande desfoliação


Cigarrinhas e vaquinhas: alguns prejuízos

MUCUNA PRETA

Nome científico: Stizolobium atterrinum.


Nomes comuns: Mucuna preta, feijão veludo.
Origem: Índia.

Aspectos vegetativos: É uma espécie anual: cujo ciclo vegetativo é de 5 meses.


Possui caules finos e flexíveis, volúvel e trepadeira.
Suas vagens são cilíndricas.
Suas flores são púrpuras.
Possui sementes grandes, achatadas e pretas, com hilo branco e linear.
Apresenta-se mais tardia que a mucuna rajada (Stizolobium
deeringianum ).

Clima e solos: Vegeta bem em climas tropicais e subtropicais.


Não vegeta bem em solos com excesso de umidade.

Propagação e Plantio: Sementes (40-60 kg/ha).

Em covas 0,60 x 0,60 2 sementes/cova 43 Kg/ha.


0,70 x 0,70 5 sementes/cova 60 Kg/ha.
0,80 x 0,80 2 sementes/cova 28 Kg/ha.
1,00 x 1,00 2 sementes/cova 20 Kg/ha.
1,20 x 1,20 2 sementes/cova 12 Kg/ha.

Resistência: à seca: é resistente.


à geada: é sensível.
ao fogo: é sensível.

Rendimento: 20 a 30 t MV/ha em 2 cortes.


10 t feno/ha (não caem muitas folhas).
Produz 2400 Kg de sementes/ha.

Utilização: Pastejo: A palatabilidade é baixa na forma verde.

Manejo: Corte: cortada com 2 - 3 meses rebrota vigorosamente.


Adubo verde: incorporar antes do amadurecimento das vagens .

CUNHÃ
(CLITÓRIA)
56 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Nome científico: Clitoria ternatea.


Nomes comuns: Cunhã, periquita, blue pea.
Origem: África.

Aspectos vegetativos: É uma planta perene.


Possui flores solitárias, azuis ou brancas.

Clima e solos: Adapta-se ao clima tropical e subtropical.


Adapta-se melhor em solos de mediana fertilidade.
Prefere solos bem drenados e soltos.
Adapta-se desde o nível do mar até 1600 mm de altitude.
Adapta-se bem aos climas quentes.

Propagação e Plantio: Sementes (10 Kg/ha).


0,50 m entre linhas e 0,20 m entre covas.
Apresenta algum problema de baixa germinação de sementes.

Resistência: ao fogo: pode rebrotar.


à seca: é boa.
à geada: é baixa (muito baixa).

Rendimento: 18 a 20 t MV/ha/ano (4-5 cortes).

Utilização: Verde.
Para feno: Cortar a 10 cm do solo com a planta com 50 cm.
Não resiste ao pisoteio contínuo.

Consorciação: Guiné e Jaraguá.

SOJA ANUAL

Nome científico: Glycine max.


Nomes comuns: Soja.

Origem: Ásia (China).

Variedades: grande número (mais de 300) e apresenta plantas com sementes, ciclos e portes
diferentes.
Para forragem: Biloxi.
Viçoja.
Arlington.
Soja Santa Maria (Sementes pretas).
Soja Santa Rosa.

Aspectos vegetativos: É uma espécie anual.


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 57

Possui porte ereto.


À proporção que as vagens amadurecem, as folhas secam e caem.

Clima e solos: Grande adaptação.


Climas tropicais e subtropicais.
No Brasil, maior adaptação é no Centro Sul.
É necessário calagem e não tolera solos ácidos.
Produz 2500 a 3000 Kg sementes/ha.
Saturação de Bases de 60% .
Adubar com micronutrientes.

Propagação e Plantio: Sulcos: espaçamento de 0,50 m.


Filete contínuo no sulco, contendo 30 plantas/m (30-40 Kg/ha).

Utilização: Para feno: cortar na época da floração (12 t MS/ha).


Rolão: Planta inteira, ciclo completo.
Boa opção para suplementação em áreas de cerrado.
Silagem mista: 20 Kg de milho e 10 kg de soja.
Produção total de 30 t MV/ha e 10% de PB na mistura final.
É necessário adaptar as plantadeiras.

Pragas e Doenças: Lagartas - - Várias (Elasmo).


Percevejos - Nesara virida: Barriga verde.
- Percevejo marrom.

Utilizar controle de população das pragas: “método do pano”.

Necessário inocular com Rhizobium específico (Rhizobium japonicum).

ALFAFA

Nome científico: Medicago sativa.


Nomes comuns: Alfafa, lucerne.

Origem: Oriente médio (Irã).

Variedades: Muitas: Hairy Peruvian.


Moapa.
Hunter River.
Crioula.

Aspectos vegetativos: É herbácea.


É uma espécie perene.
Possui raízes profundas.
É trifoliolada e seus pecíolos são pubescentes.
Possui flores púrpuras ou azuis (brancas, amarelas).
Seu fruto é indeiscente.
58 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Clima e solos: Exigente em fertilidade.


Não se desenvolve em solos pobres, arenosos ou compostos, prefere os
porosos, profundos e férteis.
Desenvolve-se desde a calota polar do ártico até nos trópicos (cosmopolita).
Precipitação mínima de 500 mm anuais.

Propagação e Plantio: Fora do verão e inverno.


Plantas jovens são muito sensíveis a temperaturas altas (acima de 28ºC)
e baixas como geadas.
A planta torna-se mais resistente, quando atingir 6 folhas com 10 cm de
sistema radicular.
Sementes com 80-90% de valor cultural (mínimo).
Sem pragas.
Utiliza-se 30 Kg sementes/ha com 35 a 40 cm entre linhas, numa
profundidade de semeadura de 1 a 2 cm.
pH do solo entre 6,5 a 7,8.
Necessário calagem a camadas mais profundas. Pode-se fazer uma
combinação de gesso agrícola mais calcário.

Resistência: ao fogo: não tolera


à seca: é boa.
a geada: entra em latência no inverno.

Rendimento: Até 30 t feno/ha/ano - em áreas manejadas com adubação bem balanceadas.


Geralmente é de aproximadamente 15 t feno/ha/ano (no Paraná)
Produz 300 a 400 Kg de sementes/ha.

Utilização: Para feno: No 1º corte, 50 - 70% das plantas devem estar floridas.
Noutros cortes, com 10% de plantas floridas.

Para pastejo: sempre rotacionado, na Argentina, em 1948 já havia mais de 7


milhões de hectares plantados.
Deve-seusar 2 semanas de uso e 6 de descanso.
No Brasil, vem sendo mais utilizada como forrageira de corte.

Inoculação: com Rizobium específico: Rhizobium meliloti.

Pragas e Doenças: Várias doenças: Ataque de fungos.


Ataque de bactérias.
Insetos: Hypera postica.
Theriophis maculata.

Adubação: A alfafa exige adubação balanceada em cálcio, fósforo, potássio, enxofre,


molibidênio, boro, zinco, ferro, cobre e manganês. A adubação orgânica aumenta
muito a produção.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 59

FORMAÇÃO E MANEJO DE PASTAGENS

1. ÁREAS DE MATAS VIRGENS:

- Normalmente constituída por grandes áreas.


- O tipo de exploração animal é, predominantemente, para Bovinocultura de Corte.

ETAPAS:
- Derrubada.
- Queima: Branca: destrói a matéria orgânica transformando-a em cinzas. Embora
destrua a matéria orgânica, a queima branca é desejável em
relação à escura, porque favorece o manejo futuro da área.
Escura: sobra parte de árvores (troncos e tocos).

- Plantio: O plantio das forrageiras pode ser feito a lanço, ou utilizando-se


ferramentas especiais pode-se plantá-las em covas. Normalmente, esse
tipo de plantio garante melhor estabelecimento que o plantio a lanço,
porque permite um ambiente mais favorável à semente. Além disso,
assegura melhor a retenção da umidade, caso as chuvas venham a faltar
por 4 ou 5 dias consecutivos.
O plantio feito por avião também pode permitir uma boa formação da
área, desde que sejam observados itens tais como: velocidade do
vento, tamanho das sementes que estão sendo lançadas e presença de
árvores remanescentes de tal maneira que não atrapalhem as operações
de manobra da aeronave.

2. SUBSTITUIÇÃO DE PASTOS NATIVOS:

- Para áreas de cerrado ou reforma de pastagens.

FASES DA FORMAÇÃO DE PASTAGENS

I - ESCOLHA DO LOCAL:

De um modo geral, está limitado à disponibilidade da propriedade.

Sempre deve-se verificar:


- O grupo de solo a que a área pertence, através de análises de fertilidade e análise
granulométrica.
- A disponibilidade de água (localização das aguadas), pois a necessidade mínima de 50 litros
por cabeça por dia.
60 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

- Declividade: É importante verificar também a declividade da área para a tomada de decisão


de práticas coservacionistas. Com declividade até 5%, trabalha-se o solo sem
práticas adicionais..Para declividades entre 5 e 18% usa-se curvas em nível e
para declividades superiores, além da escolha correta de forrageiras, que
cubram bem o solo sempre que possível utilizar outras práticas
conservacionistas, tais como contruções de terraços de base larga.
- drenagem: Deve-se verificar as condições de drenagem da área para se decidir sobre práticas
de preparo do solo, bem como para orientar a escolha da forrageira, por exemplo
se são plantas capazes ou não de tolerar inundações periódicas.

II - ESCOLHA DA FORRAGEIRA

Deve-se escolher espécies bem adaptadas à região e que atendam ao objeto da formação, ou
seja, se é para pastagem, para produção de feno, capineiras ou para serem ensiladas.

INFORMAÇÕES SOBRE ADAPTAÇÃO AGRONÔMICA DE GRAMÍNEAS TROPICAIS


TOLERÂNCIA À ________ PRECIPITAÇÃO
ESPÉCIE SECA GEADA INUNDAÇÃO MÍNIMA
PERIÓDICA (mm)
Andropogon gayanus B R F 400
Brachiaria decumbens R F R 1.000
Brachiaria humidicola B R R 1.000
Brachiaria ruziziensis F F F 1.200
Brachiaria mutica R F MB 1.200
Cenchrus ciliares MB R F 350
Chloris gayana B R R 650
Cynodon nlemfluensis R - MB -----
Melinis minutiflora R F F 1.000
P. maximum - Colonião R F F 1.000
P. maximum - Makueni B F F 750
P. maximum - Green Panic B B F 600
Paaspalum plicatulum B R RB 750
Pennisetum clandestinum R B R 850
Pennisetum purpureum F F F 1.000
Setaria sphacelata B B B 750
F= fraca; R= razoável; B= boa; MB= muito boa
FONTES: BOGDAN (1977), WHITTEMAN (1980), BROTEL (comunicação pessoal) e
experiências pessoais dos autores.

INFORMAÇÕES SOBRE ADAPTAÇÃO AGRONÔMICA DE LEGUMINOSAS


TROPICAIS
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 61

TOLERÂNCIA À _________ PRECIPITAÇÃO


ESPÉCIE SECA GEADA INUNDAÇÃO MÍNIMA
PERIÓDICA (mm)
Calopogonium mucunoides F F R 1.200
Centrosema pubescens R F R 1.200
Desmodium intortum R R B 900
Desmodium uncinatum R R F 900
Galactia striata B B R 800
Leucaena leucocephala B R F 750
Lotononis bainesii R B MB 900
Macroptilium
atropurpureum B F R 600
Neonotonia wightii R R R 750
Pueraria phaseoloides R F B 1.250
Stylosanthes guianensis B F R 850
Stylosanthes humilis B F F 600
Stylosanthes hamata B F F 600
F= fraca; R= razoável; B= boa; MB= muito boa
FONTES: MATTOS & ALCÂNTARA (1976), BOGDAN (1977), WHITTEMAN (1980) e
experiências pessoais dos autores.

COMPARAÇÃO ENTRE NOVE GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS TROPICAIS QUANTO À


TOLERÂNCIA A ALUMÍNIO E EXIGÊNCIAS DE FÓSFORO E CÁLCIO, PARA A FASE
DE ESTABELECIMENTO

Tolerância a Ala Exigência de Pb Exigência de Cab


Espécie Alta Média Baixa Baixa Média Alta Baixa Média Alta
Brachiaria humidicola X X X
Andropogon gayanus X X X
Melinis minutiflora X X X
Brachiaria decumbens X X X
Brachiaria brizantha X X
Panicum maximum X X
Hyparrhenia rufa X X
Pennisetum purpureum X X
Chencrhus ciliaris X
a - Tolerânica a Al: baseada nos dados de SALINAS & (1970), SPAIN & ANDREW (1975 e
1976)
b - Exigência em P e Ca: baseados em CIAT (1977 e 1982) e SIQUEIRA (1982)
62 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

COMPARAÇÃO ENTRE TREZE LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS TROPICAIS


QUANTO À TOLERÂNCIA A ALUMÍNIO E MANGANÊS E EXIGÊNCIAS A FÓSFORO
E CÁLCIO, PARA A FASE DE ESTABELECIMENTOA
Tolerância a Al e Mn Exigência de P Exigência de Ca
Espécie Alta Média Baixa Alta Média Baixa Baixa Média Alta
Stylosanthes capitata X X X
Lotononis bainesii X X X
Stylosanthes guianensis X X X
Centrosema pubescens X X X
Galactia striata X X X
Desmodioum
ovalifolium X X X
Calopogonium
mucunoides X X X
Pueraria phaseoloides X X X
Macroptilium
atropurpureum X X X
Desmodium uncinatum X X X
Desmodium intortum X X X
Leucaena leucocephala X X X
Neonotonia wightii X X X
a - Baseados em CIAT (1977 e 1982), ANDREW (1978), EMBRAPA (1981)

GRAU DE TOLERÂNCIA DE GRAMÍNEAS ÀS CIGARRINHAS DAS PASTAGENS

TOLERÂNCIA _
ESPÉCIE Resistente Moderadamente Moderadamente Susceptível
resistente susceptível
Andropogon gayanus X
Setaria sphacelata X
Panicum maximum (Makueni) X
Melinis minutiflora X
Brachiaria brizantha X
Brachiaria humidicola X
Panicum maximum X
Panicum maximum (Green panic) X
Panicum maximum (Guinezinho) X
Brachiaria decumbens X
Brachiaria ruziziensis X
Fonte: Adaptado de COSENZA (1981)

Muitas vezes, a possibilidade de ocorrência de pragas e doenças bem como a susceptibilidade


das plantas às mesmas, determinam a possibilidade de utilização da área com determinada
forrageira.

III - PREPARO DO SOLO

a) Verificação da fertilidade e da granulometria do solo.


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 63

1. AMOSTRAGEM DO SOLO:

Finalidade de avaliar a fertilidade (potencial do solo).


Por mais cuidadosa que seja a análise, não corrigirá erros cometidos durante a amostragem.
A amostragem é a fase crítica, devendo ser feita com todo cuidado para evitar erros de
interpretação com prejuízos que podem e geralmente são irreparáveis.

2. OBJETIVOS DA ANÁLISE DO SOLO:

Avaliar o nível de fertilidade do solo.


Evitar o emprego anti-econômico de calcário e adubos.
Sugerir uma adubação mais balanceada, de acordo com as características do solo e da
planta.
Orientar o produtor para o melhor aproveitamento e produtividade dos solos de sua
propriedade.

3. SELEÇÃO DA ÁREA PARA CADA AMOSTRAGEM:

Deve-se amostrar áreas com características bastante uniformes:


- Cor do solo.
- Posição na encosta.
- Cobertura vegetal ou cultura.
- Textura.
- Drenagem.
- Histórico da área.

4. ÉPOCA DE AMOSTRAGEM:

Qualquer época do ano.


O ideal é, no mínimo, 60 dias antes da adubação.

5. NÚMERO DE AMOSTRAS SIMPLES:

Deve-se coletar 20 amostras simples para formar uma composta.


Não amostrar áreas superiores a 10 ha.
Se a área for muito grande, deve-se retirar amostras das glebas que representem situações
diferentes.

As áreas podem ser dividida, conforme exemplo a seguir:


64 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

A1 A2 B1 A1: Milho com calagem


A2: Milho sem calegem
A3 B2 A3: Mancha
B1: Encosta
C1 B 2: Área a ser implantada
C1: Pastagem
D1: Várzea com sistematização
D2 (arroz)
D1 D 2: Várzea sem drenagem
(natural)

FONTE: Comissão de fertilidade de solo do estado de Minas Gerais - Quarta aproximação.

6. PROFUNDIDADE DE RETIRADA DE AMOSTRAS:

6.1. Retirar amostras entre 0 a 20 cm de profundidade para plantio de gramíneas forrageiras.

6.2. Retirar amostras nas profundidades de (0 a 20); (20 a 40) e (40 a 60cm) para acompanhar
a evolução da fertilidade do solo, levando a um conhecimento mais detalhado dos
“desbalanços” nutricionais, e para plantio de forrageiras de raízes mais profundas, por
exemplo,as leguminosas.

7. MATERIAL NECESSÁRIO PARA AMOSTRAGEM DO SOLO:

Um balde limpo e seco para cada camada.


Lápis.
Sacos plásticos.
Etiquetas de identificação.
Um plástico resistente para retirada das amostras (1 m2).
Trado.
Pá de corte (terra úmida e fofa).
Enxadão (solo seco e compactado).

8. INSTRUÇÕES PARA RETIRADA DA AMOSTRA DE SOLO:

Limitar a gleba de tal forma que seja o mais uniforme possível.


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 65

Limpar o local em cada ponto a ser amostrado, não deixando restos de plantas, folhas e
galhos.
Não revirar o solo nessa limpeza.
Retirar a amostra a 20 cm de profundidade.
Caminhar em zigue-zague na gleba.
As amostras devem ser desterroadas manualmente em recipiente limpo (em cima do plástico
ou dentro do balde).

9. REMESSA DE AMOSTRAS DE SOLO:

Cada amostra deve ser acompanhada de etiqueta de identificação.


Preencher o formulário para cada amostra.
Remeter, aproximadamente, 300 g de material para o laboratório.

MUNICÍPIO _______________
PROPRIETÁRIO ___________
PROPRIEDADE ___________
IDENTIFICAÇÃO __________
CULTURA ________________

10. OBSERVAÇÕES:

a) Não retirar amostras simples próximas às casas, brejos, vossorocas, árvores, sulcos de
erosão, formigueiros, caminhos de pedestres, etc.
b) Nunca colocar as amostras compostas em recipientes usados ou sujos (lata de soda,
sacos de leite, adubo, calcário, cimento ou defensivos).
c) Enviar as amostras o mais cedo possível, no início do período seco.
d) As análises devem ser repetidas numa mesma gleba entre 1 e 4 anos.
Depende da intensidade de uso da cultura.
66 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

FORMULÁRIO DE INFORMAÇÕES PARA AVALIAÇÃO DA


FERTILIDADE DO SOLO (Modelo)
· IDENTIFICAÇÃO DA PROPRIEDADE:
Nome: ................................................................................................
Proprietário: .......................................................................................
Município:..................................................................CEP: ...............
Endereço: ...........................................................................................
..................................................................................Estado...............
Remetente: .........................................................................................
Endereço:............................................................................................
Município:..........................................CEP....................Estado: ..........
· IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA: ...................................................
............................................................................................................
............................................................................................................
Cultura da ser adubada: .............................................................. ........
Cultura atual:.........................................Última produção...........Kg/ha
Foi adubada: SIM ( ) NÃO ( )
Foi feita calagem: SIM ( ) NÃO ( )
Usou fosfato natural: SIM ( ) DOSE ( ) QUANDO ( ) NÃO ( )
· CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA AMOSTRADA:
a) Vegetação Natural: Campo ( ) Cerrado ( ) Mata ( )
b) Localização: Baixada ( ) Meia encosta ( ) Parte alta ( )
c) Drenagem: Bem drenado ( ) Mal drenado ( )
Fonte: COMISSÃO DE FERTILIDADE DE SOLO DO ESTADO DE
MINAS GERAIS - QUARTA APROXIMAÇÃO

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA ANÁLISE DE SOLO

O material quando chega ao laboratório é colocado para secar ao ar, na sombra, e peneirado
com malha de 2 mm.
Os resultados são expressos em volume de terra “TERRA FINA SECA AO AR - TFSA”.
Nos laboratórios integrados ao PROFERT/MG, da Comissão de Fertilidade do Solo do
Estado de Minas Gerais (CFSEMG), são as seguintes análises executadas:
· pH em água.
· Ca+2 : Cálcio trocável (meq/100 cm3 de solo).
· Mg+2 : Magnésio trocável (meq/100 cm3 de solo).
· Al+3 : Alumínio trocável (meq/100 cm3 de solo).
· H + Al : Hidrogênio mais alumínio ou acidez potencial (meq/100 cm3 de solo).
· K+ : Potássio disponível (ppm).
· P : Fósforo disponível (ppm).
· SB : Soma de bases: Ca+2 + Mg+2 + K+ (meq/100 cm3 de solo).
· t = Capacidade relativa de troca de cátions (CTC efetiva).
t = SB + AL+3 ou (Ca+2 + Mg +2 + K+) + Al+3 (meq/100 cm3 de solo).
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 67

· m = saturação de alumínio na CTC efetiva (%):

m = 100 x Al+3 ou 100 x Al+3_____ = %


t Ca +Mg+2+K++Al+3
+2

· T = Capacidade de troca de cátions

· T = SB + (H+Al+3) ou [ Ca+2 + Mg+2 + K+ +(H+ + Al+3)] meq/100 cm3

· Percentagem de saturação de bases:

V = 100 X SB ou __100 x (Ca+2+ Mg+2+ K+) = %


T (Ca+2+ Mg+2 + K+) + (H+ + Al+3)

OBSERVAÇÕES:

1. Para transformar ppm de K+ em meq de K+/100 cm3 de solo, basta dividir o valor em ppm
por 390.
2. Alguns laboratórios já executam análises de N, S e micronutrientes.
3. Determina-se o teor de matéria orgânica (M.O.), que é dada em percentagem.
4. Alguns laboratórios fazem também análise granulométrica.

Interpretação dos resultados de análise de solos para fósforo e potássio disponíveis

100 -

80 -

60 -
40 -
20 -
BAIXO MÉDIO ALTO

10 -
TEXTURA

0 5 10 ppm P - argilosa
68 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

0 10 20 ppm P - média
0 20 30 ppm P - arenosa
0 45 80 ppm K - - - - -

Teores de P e K no solo

VERSÃO SIMPLIFICADA DAS CLASSES TEXTURAIS PARA SOLOS


100 0

90 10

80 20

70 MUITO 30
ARGILOSA
60 40

50 ARGILOSA 50

40 60

30 70

20 80
MÉDIA SILTOSA
10 90
ARENOSA
0 100
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

PORCENTAGEM DE AREIA

COMPATIBILIDADE ENTRE VÁRIOS FERTILIZANTES MINERAIS SIMPLES,


ADUBOS ORGÂNICOS E CORRETIVOS
ADUBOS
C COMPATÍVEIS: podem ser misturados.
ORGÂNICOS
C NITRATO
SÓDIO
DE
CL COMPATIBILIDADE LIMITADA: devem ser
C C NITRATO DE K misturados pouco antes da aplicação.
C C C NITROCÁLCIO

C C C C NITRATO AMôNIO I INCOMPATÍVEIS: não podem ser misturados.


C C C C C SULFATO AMÔNIO

C C C I I C URÉIA
C C C C C C C FARINHA OSSO

C C C C C C C C FOSFATOS
NATURAIS
C C C C C C CL C C SUPERFOSFATO
SIMPLES
C C C C C C CL C C C SUPERFOSFATO
TRIPLO
C C C C C C C C C C C MAP
C C C C C C C C C CL CL C DAP
I C CL I I I I I I I I I I ESCÓRIAS
I C CL I I I I I I I I I I C TERMOFOSFATO
C C C C C C C C C C C C C CL CL CLORETO DE K
C C C C C C C C C C C C C CL CL C SULFATO DE K
C C C C C C C C C C C C C I I C C SULFATO K e Mg
I C CL I I I I I I I I I I C C CL CL I CAL VIRGEM E
CaCO CALCINADO 3

I C CL I I I I I I I I I I C C CL CL C C CALCÁRIOS
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 69

INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES DE SOLO

Resultados Gerais:

Princípio de recomendação da adubação fosfatada e potássica:


· solo na faixa baixa: dose total.
· solo na faixa média: 2/3 da adubação básica.
· solo na faixa alta: 1/3 da adubação básica.

Níveis utilizados para interpretação de fertilidade do solo pelos laboratórios integrados ao


PROFERT-MG, da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais
classificação _
Características Unidades Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto
Cálcio trocável (Ca) meq/100cm3 - 0,0 a1,5 1,6 a 4,0 > 4,0 -
3
Magnésio trocável (Mg) meq/100cm - 0,0 a 0,5 0,6 a 1,0 > 1,0 -
3
Alumínio trocável (Al) meq/100cm - 0,0 a 0,3 0,4 a 1,0 > 1,0 -
Potássio trocável (K) ppm - 0 a 45 46 a 80 > 80 -
Fósforo disponível (P):
- Solo textura argilosa: ppm - 0a5 6 a 10 > 10 -
- Solo textura média: ppm - 0 a 10 11 a 20 > 20 -
- Solo textura arenosa: ppm - 0 a 20 21 a 30 > 30 -
Acidez potencial (H+Al) meq/100cm3 - 0,0 a 2,5 2,6 a 5,0 > 5,0 -
Soma de bases (SB)
(Ca + Mg + K) meq/100cm3 - 0,0 a 2,0 2,1 a 5,0 > 5,0 -
CTC efetiva (t)
(Ca + Mg + K + Al) meq/100cm3 - 0,0 a 2,5 2,6 a 6,0 > 6,0 -
Saturação de Al (m)
(100 x Al / Al + SB) meq/100cm3 - 0 a 20 21 a 40 41 a 60 > 60
CTC a pH 7,0 (T)
(Ca+Mg+K+H+Al) meq/100cm3 - 0,0 a 4,5 4,6 a 10,0 > 10,0 -
Saturação de bases (V)
(100 x SB / T) % 0 a 25 26 a 50 51 a 70 71 a 90 > 90
%
Matéria Orgânica (M.O.) - 0,0 a 1,5 1,6 a 3,0 > 3,0 -
pH em Água Acidez elevada Acidez média Acidez fraca Neutro Alcalin. fraca Alc. elev.
(1:2,5) < 5,0 5,0 a 5,9 6,0 a 6,9 7,0 7,1 a 7,8 > 7,8

RELAÇÕES BÁSICAS ENTRE NUTRIENTES:

NPK N (N) P (P2O5) K (K2O)


ß
N:P:K 20:80:40 Necessidade da cultura
70 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

1. Adquirir fertilizantes minerais simples para fazer a mistura:


Utilizar: - uréia 44% de N.
- superfosfato simples - SS (18% de P2O5).
- Cloreto de Potássio - KCl (58% de K2O).

100 Kg de uréia ® 44 Kg de N
x ® 20 Kg de N x = 45,5 Kg de uréia

100 Kg de SS ® 18 kg de P2O5
y ® 80 Kg de P2O5 y = 444 Kg de super fosfato simples

100 Kg de KCl ® 58 Kg de K2O


z ® 40 Kg de K2O z = 69 Kg de KCl

* Verificar tabela de compatibilidade.

2. Adquirir fórmulas prontas Fórmulas encontradas Relação


20:80:40 17:17:17 1:1:1
1:4:2 10:30:20 1:3:2
10:10:20 1:1:2
Þ 4:16:8 1:4:2
24:8:12 3:1:1,5
27:5:21 9:1:7
4: 16: 8 ¸ 4 = 1:4:2

Para achar a quantidade a ser aplicada, basta dividir qualquer dos elementos necessários/ha,
pelo elemento equivalente da fórmula comercial, multiplicando-se o resultado por 100.

Ex: 20:80:40 / 4:16:8

Para o nitrogênio: 20 ¸ 4 = 5 x 100 = 500 Kg de 4:16:8/ha

Se desejarmos utilizar o fósforo: 20:80:40 é o que deve ser aplicado de cada elemento
mineral, então:

80 ¸ 16 = 5 x 100 = 500 Kg de 4:16:8/ha

Calculando a partir do potássio:

40 ¸ 8 = 5 x 100 = 500 Kg de 4:16:8/ha

b) Derrubada e destoca: Normalmente, as operações de derruba e destoca são realizadas em


conjunto, utilizando-se tratores de esteira. O planejamento de limpeza
da área deve ser minucioso. A obtenção de licença do Instituto
Estadual de Florestas é obrigatória, bem como a delimitação de áreas
de reserva e de manejo sustentado; além de ser também obrigatória a
proteção de mananciais de água.

c) Aração: depende do tipo de solo (arenoso e/ou argiloso).


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 71

Objetivos: - combate e arranquio de invasoras.


- enterrio de sementes.
- revirar o solo.

Profundidade: - de 15 a 20 cm.
Época: de maio a junho.

d) Gradagem: - Quebrar leivas do solo.


- Uniformizar e nivelar o solo.
- Preparar o leito para receber as sementes.

e) adubação:

CALAGEM: tem a função de neutralizar a acidez do solo (H+ + Al+3) e fornecer


cálcio (Ca+2) mais magnésio (Mg+2).

Os solos de Minas Gerais geralmente têm toxidez de Al+3 e baixos níveis de Ca+2 e/ou Mg+2.

PRNT: Poder Relativo de Neutralização Total do corretivo.

PRNT é a percentagem do calcário que reagirá para neutralizar a acidez do solo.

É dependente da granulometria (grau de moagem) do calcário, bem como de sua composição


(poder de neutralização).

Os calcários podem ser classificados:

A- Quanto à concentração de MgO:

a. Calcítico: Menos de 5% de MgO.


b. Magnesiano: de 5 a 12% de MgO.
c. Dolomítico: Mais de 12% de MgO.

B- Quanto ao PRNT:

a. Grupo A: PRNT entre 45 e 60%.


b. Grupo B: PRNT entre 60,1 e 75%.
b. Grupo C: PRNT entre 75,1 e 90%.
d. Grupo D: PRNT superior a 90%.

Para a tomada de decisão sobre o corretivo a ser usado em cada região devem ser,
OBRIGATORIAMENTE, considerados os seguintes aspectos:

a) percentagem de Ca+2 + Mg+2.


b) granulometria.
c) PRNT.
d) Preço por tonelada efetiva colocada na propriedade.

ESTIMATIVA DA QUANTIDADE DE CORRETIVO A SER APLICADA:


72 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Pode ser feita por dois métodos:

1) Método do Al+3, Ca+2 + Mg+2 trocáveis.


2) Método da Saturação de Bases.

1) Método do Al+3, Ca+2 + Mg+2 trocáveis.

NC = Y x Al + [X - (Ca + Mg)]
NC = Necessidade de calcário (0 - 20 cm).

Y= Variável em função da textura do solo:


Y = 1,0 para solos arenosos (< 15% de argila).
Y = 2,0 para solos de textura média (15 a 35% de argila).
Y = 3,0 para solos de argilosos (> 35% de argila).

X= Variável em função da exigência da cultura: (2 para a maioria das


culturas; 1 para o eucalipto; 3 para culturas de café)

“PARA FUNCIONAR, É NECESSÁRIO TERMOS A ANÁLISE GRANULOMÉTRICA


(ANÁLISE TEXTURAL) DO SOLO”.

2) Método da saturação de bases:

Nesse método, a calagem é calculada para elevar a saturação de bases a valores desejados.

NC = T (V2 - V1)
100
Onde:

NC = necessidade de calcário em toneladas/ha, considerando-se a camada de incorporação de


0 - 20 cm com calcário de PRNT = 100%.
T = capacidade de troca de cátions em pH=7,0 (meq Ca+Mg+K+H+Al)/100 cm3 de solo.
V2= % de saturação de bases desejada para a cultura em questão (obtida pela pesquisa).
V1= % de saturação de bases do solo: V1= 100 x SB (em %).
T
Exemplo: T = 10 meq/100 cm3 de solo
V2 = 60%
V1 = 20%

NC = 10 (60 - 20 ) = 400 = 4 t de calcário/ha


100 100

Resposta: 4 toneladas de calcário com PRNT igual 100%.

PREÇO DA TONELADA EFETIVA : Preço por tonelada na propriedade


PRNT (%)
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 73

Há necessidade de incorporação do calcário, para que se obtenha boa reação de neutralização.

ADUBAÇÃO ORGÂNICA

Compreende o uso de resíduos orgânicos de origem animal, vegetal, agro-industrial, etc, com a
finalidade de aumentar a produtividade das culturas.

VANTAGENS:

1. Efeitos condicionadores:

1.1. Eleva a capacidade de troca de cátions nos solos (CTC) altamente intemperizados e
arenosos.

1.2. Contribui para maior agregação das partículas do solo, reduzindo a susceptibilidade à
erosão.

1.3. Reduz a plasticidade e a coesão do solo, favorecendo as operações de preparo.

1.4. Aumenta a capacidade de retenção de água.

1.5. Concorre para a maior estabilidade da temperatura do solo.

2. Efeitos sobre os nutrientes:

2.1. Aumenta a disponibilidade dos nutrientes, através do processo de mineralização.

2.2. Contribui para a diminuição da fixação do fósforo no solo.

2.3. Ácidos orgânicos, resultantes da decomposição da matéria orgânica, aceleram a


solubilização de minerais do solo, aumentando a disponibilidade de nutrientes para as
plantas.

3. Efeitos sobre os microrganismos do solo:


Principal fonte de nutrientes e energia para os microrganismos do solo.

ADUBAÇÃO VERDE E MANEJO DE RESTOS DE CULTURA

Ajuda a manter a Matéria Orgânica do solo.

Produção de Massa Verde de Algumas Leguminosas


Usadas Para Adubação Verde
Leguminosa Produção (t/ha)
Mucuna Preta 29,9
74 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Feijão de Porco 23,3


Crotalaria juncea 15,9
Crotalaria paulinea 42,1
Tephrosia candida 14,7
Guandu 26,9
Lab-lab 31,7
Fonte: Comissão de Fertilidade de Solo do Estado de
Minas Gerais- Quarta aproximação.

Além do efeito de concorrer para a manutenção da matéria orgânica no solo, a rotação de


culturas e a adubação verde apresentam as seguintes vantagens:

a) Concorrem para melhorar a fertilidade do solo.


b) Auxiliam no controle de pragas, doenças e ervas daninhas.
c) Trazem a diversificação de culturas na propriedade.
d) Contribuem para melhor aeração, estabilidade da temperatura e retenção de umidade no
solo.
e) O uso de espécies de raízes profundas permite melhor reciclagem de nutrientes para as
camadas superficiais.

TRATAMENTO DA MATÉRIA ORGÂNICA

1. Uso de camas: evita perdas.


2. Material fermentado: sem cheiro, sem sementes de pragas, livres de doenças, com boa
relação C/N (carbono : nitrogênio), fermentação que se completa entre 60-90 dias sob
condições controladas de umedecimento e aeração.
3. O tratamento de resíduos animais com superfosfato simples (SS) tem efeito desinfetante,
desodorizante, reduz perdas de N e enriquece com P:
Esterco de curral com cama - 500 g de SS/animal/dia.
Estábulo de engorda e aviário - 30 g de SS/m2 duas vezes por semana.
Pocilgas - 100 a 150 g de SS/m2 duas vezes por semana.

SUGESTÕES DE ADUBAÇÃO PARA PASTAGENS E CAPINEIRAS

Os solos de Minas Gerais têm como características:


· São ácidos (geralmente).
· Têm baixa fertilidade.
· Geralmente são deficientes em P.
· Possuem altas concentrações de Al+3.

PASTAGENS EXCLUSIVAS DE GRAMÍNEAS:

Adubação de Formação:
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 75

Calagem:
a) Gramíneas tolerantes à acidez do solo:
Aplicar ¼ da dose indicada pelo método Al+3 e Ca+2 + Mg+2 .
Corrigir o PRNT para calcários com índice < 100.
Sempre considerar o valor de Y.

NC = Y x Al+3 + [ 2,0 - (Ca + Mg)]

b) Para gramíneas sensíveis ou de tolerância moderada:


Aplicar ½ dose recomendada (dose de calcário).
Se estas pastagens forem receber adubação nitrogenada anualmente, aplicar a
dose total de calcário.

ADUBAÇÃO MINERAL (Kg/ha)


________P2O5________ _______K2O________ N (cobertura)
Textura Teor de K no solo
Arenosa Média Argilosa Baixo Médio Alto
50 75 100 30-60 - 0-40
CFSEMG (1989)

OBSERVAÇÕES:

1. Quando a quantidade de calcário não exceder a ½ da recomendação, usar fosfato natural.

2. Após a aplicação do Fosfato de Rocha (FR), fazer aração e gradagem.

Normalmente as pastagens que forem receber calagem apresentam 2 alternativas:

a) 2/3 da dose de P2O5 (Fosfato de Rocha) a lanço e incorporado com grade e


1/3 no plantio, juntamente com a calagem, usando Fosfato Solúvel (FS).

b) Fazer calagem normalmente, e usar fonte de fósforo mais solúvel.


- A cobertura com nitrogênio deve ser entre 30 - 60 dias pós-plantio.
- Recomenda-se aplicar 20 - 40 Kg de S/ha, no estabelecimento de pastagens, quando os
fertilizantes não fornecem esta quantidade.

“A adubação fosfatada é importante não só para garantir o estabelecimento, mas também para
facilitar a resposta ao nitrogênio”.

Resposta do capim colonião e do capim elefante ao nitrogênio e ao fósforo


(MS em gramas/vaso)
TRATAMENTO COLONIÃO ELEFANTE
Testemunha 122,0 45,0
N 155,0 48,7
P 204,0 43,0
NP 301,0 65,8
76 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Fonte: Gardner e Alvim (1985)


RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE FÓSFORO E PRODUÇÃO FORRAGEIRA

Produção Ponto a partir do qual a adição de fósforo não


de Forragem alterará o crescimento da forrageira

Quantidade de P aplicada

É importante lembrar que não adianta adubar durante o período seco

ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO

P2O5 K2O Nitrogênio


Teor de P no solo Teor de K no solo (cobertura)
Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto
60 30 0 60 30 0 50 - 100
CFSEMG (1989)

OBSERVAÇÕES:

1. Nitrogênio: em sistema intensivo, dever-se usar quantidades maiores que 100 Kg de


N/ha/ano.
2. Na adubação fosfatada, usar formas mais solúveis.
3. Para o enxofre, deve-se considerar as mesmas doses empregadas para a formação.
4. Sementes de gramíneas podem ser misturadas com Super Fosfato Simples (SS).
5. Sementes de leguminosas não devem ser misturadas com SS.
6. A mistura com adubo supersimples e com sementes deve ser empregada no máximo 2-3
dias, antes do plantio.
Misturas prévias por mais tempo podem danificar as sementes (o adubo serve como
escarificador dos cariópses).

PASTAGENS DE GRAMÍNEAS CONSORCIADAS COM LEGUMINOSAS

CALAGEM: a) Quando a leguminosa for tolerante a acidez do solo:


Aplicar ½ da dose recomendada.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 77

Usar calcário com PRNT = 100 ou corrigir a dose.


Considerar o valor de Y.

b) Leguminosas sensíveis a acidez:


Aplicar a dose total de calcário ® (Al+3 e Ca+2 + Mg+2).
O calcário sempre tem de ser incorporado.

ADUBAÇÃO MINERAL (Kg/ha)


________P2O5________ _______K2O________ N (cobertura)
Textura Teor de K no solo
Arenosa Média Argilosa Baixo Médio Alto
50 75 100 30-60 - -
CFSEMG (1989)

1. As doses acima de P2O5 são recomendadas para solos de textura arenosa, com até 5 ppm de
P, e para solos de textura média e argilosa com até 3 ppm de P.
2. Para leguminosas tolerantes à acidez, usar até a metade do P como fosfato de rocha (FR), o
restante, como fonte mais solúvel.
3. Para leguminosas não tolerantes à acidez, usar apenas fonte mais solúvel.
4. Solos com potássio £ 80 ppm de K aplicar 30 - 60 ppm de K2O.
5. Recomenda-se a aplicação de 20 - 40 Kg de S/ha, se os adubos utilizados não os
contiverem, ou não fornecerem esta quantidade.
6. Para a formação de pastagens consorciadas ou exclusivamente de leguminosas, recomenda-
se a aplicação de Zn (3 - 5 Kg/ha), de B (2 Kg/ha) e de Mo (200g/ha).

ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO

P2O5 K2O
Teor de P no solo Teor de K no solo N .
Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto
60 30 0 60 30 0 -
CFSEMG (1989)
- Usar fonte de fósforo solúvel.
- Usar enxofre na mesma proporção da formação.

CAPINEIRAS:

Calagem: I) Aplicar metade da dose.


II) Se for receber adubação com N, aplicar dose total.

Adubação orgânica:

Geralmente, utiliza-se entre 30 e 40 toneladas de esterco de curral/ha após a calagem e aração,


incorporar com gradagem.
78 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Após o período de corte proceder a aplicação diária, na área que foi cortada, de esterco verde
disponível no estábulo.

ADUBAÇÃO MINERAL (Kg/ha)


________P2O5________ N e K2O
Textura (em cobertura)
Arenosa Média Argilosa
50 75 100 100
CFSEMG (1989)

· Quando for receber ½ da calagem pode-se usar fosfato natural, incorporado entre 60 - 90
dias antes da calagem.
· Se for receber calagem total, usar 2/3 da dose de P 2O5 com fosfato natural 60 - 90 dias do
plantio.
· O fosfato de rocha deve ser espalhado e incorporado.
Recomenda-se usar 1/3 de P2O5 na forma de fosfato solúvel no fundo do sulco.
O fosfato de rocha deve ser espalhado a lanço e incorporado.
· As doses de 100 Kg de N/ha e 100 Kg de K 2O/ha devem ser parceladas em 2 aplicações,
sendo 45 dias após a brotação e no terço final do período chuvoso.
Nos anos seguintes deve ser dividida em 03 aplicações, sendo no início, meio e final do
período chuvoso;
· Recomenda-se a aplicação de 20 - 40 Kg de S/ha/ano, quando os fertilizantes usados não
fornecerem esta quantidade.

ADUBAÇÃO DE REPOSIÇÃO EM ÁREAS DESTINADAS À FENAÇÃO


OU DE CAPINEIRAS

I - CAPINEIRAS QUE RECEBEM MATÉRIA ORGÂNICA

Supondo haver 2% de N no feno ® calcula-se a produção de MS e, daí, a adubação.

Ex: 3 toneladas de feno/ha ® 60 Kg de N/ha ® 300 Kg de Sulfato de Amônia.

II - CAPINEIRAS QUE NÃO RECEBEM MATÉRIA ORGÂNICA

Deve-se usar entre 3 e 4 Kg de N por tonelada de material removido (WERNER, 1896).

PRINCIPAIS ADUBOS

FONTES DE FÓSFORO % DE NUTRIENTES


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 79

Super fosfato simples: 20% de P2O5, 12% de S e 28% de CaO


Super fosfato triplo: 46% de P 2O5, 14% de CaO
Super fosfato 30: 30% de P 2O5, 8% de S e 28% de CaO
Fosfato diamônio (DAP): 46% de P 2O5, 18% de N
Hiperfosfato (FN): 32% de P 2O5, 45% de CaO
Fosfato de Araxá (FN): 28% de P 2O5 , 28% de CaO
Fosfato Alvorada: 28% de P 2O5 , 45% de CaO
Fosfato de Patos de Minas: fosfato natural
Fosfato de Araxá parcialmente Acidulado (FAPS)

ADUBOS NITROGENADOS % DE NUTRIENTE


Sulfato de amônio: 20% de N e 23% de S
Nitrocálcio Concentrado: 27% de N, 4 a 5% de CaO e 2 a 5% MgO
Uréia1: 45% de N
Fosfato Diamônio (DAP): 18% de N e 46% de P 2O5
1-
Menores perdas quando incorporada.

OUTROS ADUBOS:

KCl - cloreto de potássio - 58% de K2O.


GESSO AGRÍCOLA - 15% de enxofre (150 - 300 Kg/ha):
Há necessidade de fósforo para o estabelecimento da planta.
Proporciona rapidez de formação e maior tempo de utilizaçào do pasto.

PLANTIO

Plantio - O plantio deve ser feito imediatamente após a gradagem com grade niveladora ou
“Tipo Rome”. Essa operação contínua visa favorecer a aderência e nidação da
semente no solo, garantindo, assim, uma melhor germinação e sobrevivência das
plantulas. O plantio pode ser feito a lanço ou utiizando-se plantadeiras em linha, nesse
caso, há melhor aproveitamento dos nutrientes do adubo.

Aspectos das sementes:

VALOR CULTURAL (VC)

VC = %PUREZA x % GERMINAÇÃO
100

No momento de aquisição das sementes, é importante considerar o valor cultural. Muitas


sementes têm bom poder de germinação, mas contêm grande quantidades de impurezas. As
chamadas sementes limpas são mais recomendáveis porque não trazem contaminações para a
área a ser implantada (pragas e invasoras). Na hora da compra, deve-se sempre comprar as
sementes por unidade de valor cultural; quase sempre as sementes sujas têm o preço por
unidade de valor cultural mais elevado.
80 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Densidade de semeadura recomendada de acordo com o valor cultural das sementes e número
de sementes por Kilograma (Kg)

Recomendações mínimas _ Nº de sementes Densidade semeadura


Gramíneas % germinação % pureza por Kg x 1.000 (Kg/ha)
Buffel 30 80 331-551 1,5-4,0
Colonião 35 60 2425 2,0-6,0
Makarikari 30 80 1598 1,5-3,0
Capim gordura 30 80 13000-16100 1,0-4,0
Green panic 35 60 1940 1,5-6,0
P. plicatulum 40 60 749-948 2,0-4,0
Rhodes 30 80 3307-4409 1,5-6,0
Setaria, Nandi 25 60 - 2,0-2,5

COMPACTAÇÃO DAS SEMENTES: As sementes de forrageiras devem sofrer algum tipo de


compactação, para favorecer a aderência ao solo e a absorção de água. Essa compactação
pode ser feita com rolos próprios, com pneus velhos, correntes ou até mesmo arrastando-se
um galho de árvore na área.

MANEJO DE PASTAGENS

Pastejo racional: É o equilíbrio entre a produção de forragem e o número de animais


pastoreando a área.

Capacidade suporte: É a taxa de lotação no ponto ótimo da pressão de pastoreio.

Efeito da pressão de pastejo sobre o ganho de peso vivo/ha


cab/ha Ganho/dia Ganho/área Ganho/estação
(g/dia) (g/ha/dia) (Kg)
0,5 700 350 63A
1,0 700 700 126A
1,5 650 945 170B
2,0 600 1200 216B
2,5 400 1000 180C
3,0 200 600 108C
A- subpastejo; B- pastejo ótimo; C- superpastejo
DADOS SIMULADOS

Menores taxas de lotação permitem um maior ganho por animal e um menor ganho por
área. Normalmente, nessa condição, aparecem na pastagem áreas subpastejadas (macegas).
No pastejo ótimo, tem-se um equilibrio entre a remoção e a quantidade de forragem
produzida. Nesse caso, ainda podem ser obtidos bons ganhos por animal por dia e ganhos
ótimos por área por estação de pastejo.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 81

Na condição de superpastejo, “pasto rapado”, o ganho diário por animal é baixo e


ocorre redução do ganho por área. Nessa condição, geralmente começam a aparecer invasores,
e as plantas forrageiras começam a perder o volume do sistema radicular.

ALTURA DE REBAIXAMENTO

Depende da altura média dos meristemas apicais em relação ao solo.

Alturas médias do meristema apical de três gramíneas em diferentes idades (em cm)
Gamínea .
Idade Jaraguá Colonião Gordura
21 0,9 2,4 24,0
35 2,3 8,8 37,4
49 4,8 20,6 50,9
Esses dados ajudam a explicar a resistência ao pisoteio.

Quando a planta possui o meristema apical removido em pastejos sucessivos, ocorre


perda de produtividade da área porque ela é obrigada a emitir novos afilhos a cada pastejo e
não consegue manter e recompor as perdas do sistema radicular.
Geralmente, as plantas de crescimento estolonífero resistem mais ao pastejo porque
muitas gemas escapam do corte pela boca do animal no ato do pastejo. Além disso, as plantas
estoloníferas cobrem melhor o solo e podem ser mais rebaixadas do que as de crescimento
cespitoso.

RESERVAS ORGÂNICAS (São açúcares que se localizam na base do caule).

Funções:

a) Iniciar a rebrota.
b) Garantir a sobrevivência do sistema radicular.
c) Manter o sistema radicular respirando.
d) Ajudar na reprodução.

Variação dos teores de açúcares totais (% na MS) com a sucessão de crescimentos durante a
estação de pastejo

Idade (dias) .
14 28 48 56 70 84 94
Capim colonião a I 6,7 8,0 6,3 4,9 4,4 4,4 5,0
II 6,9 5,6 3,2 4,6 4,2 4,7 5,4
III 6,6 6,7 5,1 7,6 6,6 7,8 8,7
IV 6,6 8,1 4,6 6,8 7,6 8,8 -
Capim gordura b I 7,5 4,7 2,5 2,1 2,4 1,6 -
II 3,6 2,2 2,6 1,6 1,6 0,8 1,2
III - 4,4 3,6 3,0 3,2 4,0 3,7
82 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

IV 3,0 3,5 2,1 3,7 2,6 5,2 4,1


a - ARRUDA (Tese de MS - UFV/1977); b- MORAES (Tese MS - UFV/1977)

Conforme pode ser visto na tabela acima, as reservas orgânicas flutuam na planta ao longo da
estação de crescimento. O ideal é a planta ser pastejada quando as reservas orgânicas, na base
do caule, estiverem passando por um máximo. Felizmente, existe uma alta correlação entre
altura da planta e acúmulo de reservas na base do caule. As alturas de entrada das forrageiras
recomendadas, na tabela a seguir, coincidem com uma quantidade de reservas na base do caule
suficientes para garantir uma boa rebrota.

Alturas de corte recomendadas para algumas plantas forrageiras


Espécie Altura entrada (cm) Altura retirada (cm)
Capim colonião 60-80 30-40
Capim jaraguá 30-40 15-20
Capim andropogon 40-60 20-30
Braquiária 30-40 15-20 (10)
Capim gordura 30-40 15-20
Capim pangola 30-40 15-20 (10)
Soja perene 30-40 15 (10)
Centrosema 30-40 15

Conforme mostra a tabela a seguir, as plantas forrageiras apresentam um melhor valor nutritivo
quando mais novas. Se a planta não for pastejada entre 30 e 35 dias, para gramíneas
forrageiras, ocorrerá perda acentuada do valor nutritivo, porque as plantas acumulam grande
quantidade de carboidratos estruturais e de lignina. As leguminosas, conforme mostra a tabela,
tem perda de valor nutritivo menos acentuada que a das gramíneas. Isso permite um manejo
diferenciado para as áreas plantadas com leguminosas tanto para pastejo, como para produção
de feno.

Valor nutritivo de forrageiras tropicais


Forrageira PB P Ca DMS NDT CMS
(% MS) (% MS) (% MS) (%) (% MS) g/dia Referência
Colonião 28 dias 15,0 0,14 0,40 66,1* - - GOMIDE et al,
42 dias 10,4 0,11 0,30 55,8* - - 1979
Jaraguá 21 dias 15,5 0,24 0,41 60,8 - 76,6 ARRUDA, 1979
81 dias 7,9 0,11 0,43 55,0 - 61,0 idem
Gordura 21 dias 15,0 0,30 0,24 60,1 - 66,2 ARRUDA, 1979
81 dias 10,0 0,16 0,25 50,6 - 80,2 idem
Rhodes 28 dias 9,2 - - 61,3 - 55,0 MINSON , 1972
70 dias - - - 61,9 - 46,8 idem
Kikuo 28 dias 11,7 - - 62,0 - 48,0 idem
70 dias - - - 47,0 - 42,5 idem
Pangola 28 dias 10,8 - - 67,2 - 63,1 idem
70 dias - - - 56,9 - 54,6 idem
Angola 3,6 - - 54,8 - - LIMA et al, 1976
B. brizantha 5,2 - - 58,2 - - idem
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 83

Soja perene 19,6 - - 55,2 61,7 - LIMA e SANTOS


(vegetativa) 11,2 - - 69,4 68,1 - (1972)

(vagens)
Siratro 17,4 - - 42,0 44,4 - LIMA et al, 1972
(floração) 18,0 - - 51,6 47,8 - idem

(vagens)
Soja perene 90 dias 12,8 0,23 0,88 62,9 62,9 - PEIXOTO, 1987
Soja perene 60 dias 16,4 0,22 1,00 56,9 - - RENNO, 1989
157 dias 14,1 0,19 0,97 50,9 - - idem
* VALORES IN VITRO . PB (proteína bruta); P (fósforo); Ca (cálcio); DMS (digestibilidade in vitro da MS);
NDT (nutrientes digestíveis totais); CMS (consumo de MS expressa po Kg 0.75)

EFEITO DO PASTEJO SOBRE O SISTEMA RADICULAR

O Pastejo intenso reduz o peso do sistema radicular, proporcionando:

1. Sistema radicular superficial.


2. Menor competição com invasoras.
3. Rebrote mais lento.
4. Pequeno rebrote.

Quando submetidas ao superpastejo por períodos prolongados, as plantas forrageiras


enfraquecem o sistema radicular . Dependendo do tipo de solo e do tempo de exposição ao
superpastejo, muitas plantas forrageiras diminuem a produção de matéria seca e ficam com as
touceiras enfraquecidas que, muitas vezes, podem ser arracandas durante o pastejo. Isso
acontece, por exemplo, com o capim adropogon, quando plantado em solos arenosos.

EFEITO DO PASTEJO SOBRE A PRODUÇÃO DE SEMENTES:

O pastejo afeta negativamente a produção de sementes. Para tanto, deve-se considerar dois
aspectos:

- Remoção de inflorescências.
- Pastejo alterando a fisiologia das plantas.
A remoção de inflorescências tem efeito direto sobre a produção de sementes. Quando
pastejadas, as plantas forrageiras alteram as taxas de crescimento de acordo com a
intensidade de pastejo e com as características morfofisiológicas.

PASTEJO COMPARADO AO CORTE

· O pastejo danifica mais a pastagem ( para um mesmo grau de remoção de folhas).


· O corte não considera a preferência (seletividade) dos animais.
· No corte, não há efeito do pisoteio.
· Sob pastejo tem-se uma acumulação de matéria seca diferente.

ADUBAÇÃO COMO ARMA DE MANEJO


84 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

As pastagens adubadas periodicamente, de acordo com a análise de solo, têm maior sobrevida,
porque são áreas que não perdem produtividade ao longo dos anos. No entanto, em condições
normais, a adubação não melhora o valor nutritivo da planta forrageira, mas cria condições
para emissão de maior número de afilhos e de folhas novas que serão pastejadas seletivamente,
permitindo, assim, melhores desempenhos animais.
É importante lembrar que os adubos aplicados durante o período seco, não trazem benefícios
para a planta forrageira, nessa época do ano.
EFEITO DA ADUBAÇÃO SOBRE A CAPACIDADE SUPORTE DAS PASTAGENS E NA
PRODUTIVIDADE ANIMAL POR ÁREA

Capim + Ganho diário Suporte Peso vivo


Tratamento (g/novilho) (nov./ha) (Kg/ha)
Colonião sem adubo 716 2,3 323
Colonião com adubo 716 2,5 356
Jaraguá sem adubo 678 1,5 212
Jaraguá com adubo 678 1,8 247
SIMULAÇÃO DE RESULTADOS

Efeito da adubação sobre o capim andropogon (dados do CIAT - Colômbia)


Kg de N/ha % de PB
0 6,2
28 6,4
56 6,2
112 6,9
224 7,9
448 9,6
896 10,4
Níveis acima de 50kg/N/ha/ano podem ser anti-econômicos, dependendo da
exploração pecuária existente na propriedade.

PASTO CONSORCIADO

Um pasto consorciado é aquele que possui mais de uma forrageira e a consorciação


propriamente dita é feita entre gramíneas e leguminosas. Um consórcio, para ser considerado
eficiente, deve ter 30% de leguminosas, para que a composição química da dieta seja
efetivamente modificada e para que a quantidade de nitrogênio fixado pelas bactérias, que
vivem em simbiose com as leguminosas, seja realmente significativa e possa modificar o padrão
de produção de matéria seca da gramínea.
As leguminosas podem ser plantadas em faixas na pastagem. Nesse caso, aumenta-se a
chance de sucesso do consórcio, porque evita que uma planta seja sombreada pela outra e
tenha seu crescimento reduzido. As influências, de duração do ciclo, as diferenças
morfológicas e fisiológicas entre as plantas ficam diminuídas, no plantio por faixas.
Em alguns casos, a implantação das leguminosas solteiras pode facilitar o
estabelecimento do consórcio de tal maneira que as gramíneas sejam plantadas depois.
Devem ser observadas as exigências de cálcio, fósforo e micronutrientes de ambas as plantas,
já que esses elementos aumentam as possibilidades de sucesso.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 85

Algumas leguminosas necessitam de Rizhobuim específico, ou seja, não conseguem


nodular com qualquer um. Essas leguminosas precisam ser inoculadas antes do plantio.
Cuidados especiais devem ser tomados principalmente no que se refere à conservação do
inoculante; pois, muitas vezes as leguminosas mesmo inoculadas não nodulam devido a falhas
no processo de inoculação.
Muitas sementes de leguminosas têm o tegumento muito duro e têm dificuldade para
absorver água para iniciar o processo de germinação, devendo portanto, serem escarificadas.
Essa escarificação pode ser feita por métodos físicos, químicos ou biológicos. Os mais usados
são os físicos, tais como uso de água quente ou desempenadeira de pedreiro. As sementes
podem ser escarificadas, através de aplicação de substâncias químicas, que irão atacar o
tegumento. O uso de métodos biológicos, tais como misturar as sementes no sal mineral, são
eficientes do ponto de vista da escarificação, mas não são práticos, porque não garatem uma
boa distribuição das leguminosas nas pastagens.
Além do benefício da melhora do valor nutritivo da dieta selecionada, as leguminosas
também agem em simbiose com as bactérias do gênero Rizhobuim e fixam consideráveis
quantidades de nitrogênio ao solo, substituindo as adubações nitrogenadas e melhorando a
produtividade das pastagens.

CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PASTEJO

Pastejo Contínuo: - Trabalha-se com a mesma lotação nos períodos seco e chuvoso.
- Formação de áreas subpastejadas junto com áreas superpastejadas.
- Nesse sistema, é comum a formação de áreas subpastejadas juntamente
com áreas superpastejadas, quando a pastagem não é bem dividida ou
quando não há um ajuste adequado da carga animal.
Quando ocorre formação de macega, deve-se utilizar roçadeiras para
uniformizar o pasto e melhorar a produção de matéria seca da forrageira.
O fogo deve sempre ser evitado.

Pastejo Diferido: - Consiste na divisão da área em pelo menos duas partes, sendo que uma
delas fica reservada para a época da seca. Esse tipo de pastejo geralmente
não permite bons desempenhos animais, porque as forrageiras, no período
seco, apresentam-se com valor nutritivo baixo. Os ganhos de peso, nessas
áreas, podem ser melhorados através do uso de misturas minerais, contendo
nitrogênio não protéico, principalmente uréia.

Pastejo Rotacionado: número de piquetes (N) depende:

O pastejo rotacionado consiste no estabelecimento de período de


descanso fixo e na rotação dos animais na pastagem. É o sistema de
pastejo que permite maiores taxas de lotação desde que sejam adotadas
práticas de manejo adequadas. A adubação corretamente balanceada e
freqüente são pontos que determinam o sucesso desse sistema, ela deve
ser realizada imediatamente após a saída dos animais. É importante, nesse
caso, respeitar a fisiologia da planta, observando-se as alturas de
rebaixamento e adequando-se os intervalos de pastejo.

O número de piquetes depende:


86 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

a) da época do ano.
b) da espécie forrageira.
c) do tipo de animal.

N = PD + 1 onde,
PP
N = Número de piquetes
PD = O período de descanso sempre é calculado para a época das chuvas,
porque o crescimento das forrageiras é limitado pela disponibilidade
de água no solo, além da temperatura e luminosidade, que são os
outros fatores que determinam o crescimento das plantas
forrageiras.

PP = período de permanência dos animais no piquete. Quanto ao período


de permanência, é importante que não seja superior a cinco dias,
para não permitir que a forrageira seja cortada duas vezes
consecutivas durante um mesmo intervalo de pastejo.

- Tamanho do piquete deve ser de acordo com:


a) o tamanho do rebanho.
b) a intensidade de uso.
c) a capacidade de suporte.

- O período de uso depende:


a) da taxa de lotação.
b) do tamanho do piquete.
c) da espécie forrageira.
d) do período do ano.

COMBATE ÀS INVASORAS

O combate às invasoras é importante para permitir um adequado desenvolvimento das


forrageiras e também para aumentar a área útil das pastagens.

Época:

a) Antes da floração para evitar espalhar as sementes.

b) No início do desenvolvimento das plantas para esgotar-lhes as reservas.


Nesse caso fica mais fácil para a forrageira crescer e abafar a invasora.

Processos: a) Manual: pode ser feito com foice, enxada e enxadão. É um processo caro e
problemático para regiões que não possuem mão-de-obra disponível. No entanto,
esse tipo de limpeza das pastagens é o mais recomendável para áreas recém-
implantadas. Mesmo considerando o custo mais alto do primeiro ano, a roçada de
enxadão tende a reduzir a população de plantas no ano seguinte, ao contrário dos
processos mecânicos onde se usa roçadeiras.

b) Mecânico: sempre que possível deve-se roçar mais de uma vez.


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 87

c) Químico (herbicidas): - é mais complexo.


- pode ser mais barato.
- é mais rápido.
- é importante observar: a dosagem, a toxidez e o período
de carência do produto, além da
adequada regulagem dos bicos.

- Aplicar em dias com menor evaporação.

USO DO FOGO

- Propósitos: - Aumentar a palatabilidade.


- Melhorar a distribuição de animais na pastagem.
- Adiantar a rebrota das espécies.

- Cuidados: - Queimar após as primeiras chuvas.


- Localizar limites da área.
- Construir aceiros.

- Prejuízos: - Destruição de sementes.


- Destruição de matéria orgânica.
- Exposição do solo à erosão.

- Aspectos benéficos: - Reposição imediata de K, Ca, Mg, P, NO3, NH4.


- Combate a insetos: Berne.
- Combate a carrapatos.
- Eliminação de macegas.

CAPINEIRAS

- São áreas destinadas para corte.


- Aproveitamento da MS é de, aproximadamente 95%, versus 65-70% no pasto.

FORMAÇÃO DE CAPINEIRAS

- Escolha da forrageira: Capim Elefante.


Capim Guatemala.
Cana-de-açúcar - “silo vivo”.

- Área a ser plantada: 1 ha para 10 cabeças como média.

- Localização: a) Mais perto do local de distribuição para os animais.


88 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

b) Terreno fértil.
c) Terreno bem drenado.
d) Terreno com pouca inclinação.
e) Fácil acesso.

- Preparo do solo: - Aração a 20 ou 30 cm.


- Calagem e adubação, de acordo com a análise do solo.
- Gradagem: uma ou duas, depende da textura do solo.
- Sulcamento: 0,5 - 1,0 entre linhas.

- Plantio: - No início das chuvas.


- Capim elefante - As mudas com 120 dias de idade tem apresentado melhores
resultados.
- Aproximadamente 4 t de mudas por hectare.
- Plantar o colmo inteiro.

- Capim Guatemala: - Não cobrir totalmente as mudas.


- Covas espaçadas entre 0,80 -1,00 m.
- Capim elefante - mudas com inclinação de 45º.
- Brotação entre 15-20 dias.
- Mudas com 3-4 gemas.

- Cana-de-açúcar:- Usar as mesmas variedades usadas pelas usinas de açúcar, pois


têm maior resistência a pragas e doenças.
- Melhor produtividade.
- Cana inteira no sulco.
- Sulcos com aproximadamente 30 cm de profundidade.
espaçados de 1,5m.

- Manejo:

- Capim Elefante: deve ser cortado sempre, rente ao solo. Quando a capineira for
utilizada para fornecimento no período seco, é recomendável fazer um corte de uniformização,
no final do período chuvoso, visando a melhoria da qualidade da forragem a ser fornecida.

- Mesmo as áreas destinadas ao corte, podem ser pastejadas até o mês de fevereiro,
quando então sofrerão um corte de uniformização e serão adubadas e reservadas para o corte
na época da seca.

- Fazer adubação de reposição.

- Guatemala:
(80-120 t MV/ha/ano): - Corte a 15 cm do solo.
- Suporta dois cortes / ano.
- Menor conteúdo de fibra.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 89

- Adubação semelhante.
- Baixa tolerância às geadas.

Efeito da maturidade do capim Napier sobre o valor nutritivo


Datas do Idade Altura Matéria PB FB Celulose Cinzas Digest. Digest.
corte (dias) (m) Seca (%) (% (% (% MS) (% MS) MS Cel (%)
MS) MS) (%)
Janeiro 45 0,40 17,05 14,95 23,52 25,59 15,79 71,64 78,10
Fevereiro 75 1,00 20,15 6,95 28,64 30,86 13,36 68,53 71,23
Março 105 2,00 19,20 5,85 34,67 335,63 12,33 39,25 63,83
Abril 135 2,20 25,53 3,97 36,82 36,96 7,84 34,09 54,01
Maio 165 2,30 26,03 3,36 37,00 36,95 8,69 33,47 51,65
Junho 195 2,20 34,08 2,76 33,52 37,93 7,10 48,23 45,35
Julho 225 2,20 36,03 2,86 38,72 37,24 7,33 47,35 43,28
Agosto 255 2,30 32,05 2,31 38,35 37,88 8,33 46,38 42,17
Setembro 285 2,00 36,37 1,95 38,38 37,88 7,78 45,05 32,02
Outubro 315 2,40 36,39 2,04 33,40 37,19 7,10 43,69 35,47

Composição química percentual do capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum), em


termos de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), nutrientes digestíveis totais (NDT), cálcio
(Ca) e fósforo (P), independente da cultivar, idade da planta, níveis de adubação e/ou
irrigação, época, altura e intervalo de corte e tipo de solo1
Parâmetro Número de observações Amplitude Média
MS 21 12,4 a 38,3 22,9
PB 40 2,3 a 18,1 9,4
NDT 7 52,1 a 64,9 59,8
Ca 27 0,12 a 0,39 0,24
P 26 0,06 a 0,35 0,15
1. Dados expressos na base de matéria seca
Fonte: Carvalho et al (prelo) - Adaptado

Produção anual de massa verde (t/ha) de variedades de capim elefante em quatro localidades
da Zona da Mata de Minas Gerais no período de maio/82 a junho/831
Variedades CNPGL1 Barbacena Sarandira Rio Pomba2 Média anual Média verão Média inverno
Taiwan A-146 113,9 99,3 85,3 162,5 115,3 85,8 29,4
Taiwan A-148 101,9 91,3 82,3 231,5 126,8 102,2 31,9
Mineiro 122,3 89,1 76,5 188,0 119,0 96,2 28,9
90 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Napier SEA 112,6 88,0 63,2 145,0 102,2 84,2 23,3


Napier CNPGL 92,8 98,0 76,0 134,6 100,4 82,6 28,4
Cameron CNPGL 94,8 88,6 81,0 146,3 102,7 79,2 30,4
Cameron R. Pomba 108,0 ----- ----- 164,0 136,0 98,6 41,4
“Cana Africana” 149,7 ----- ----- 248,0 199,0 148,5 50,6
Cameron Sarandira 126,8 ----- 75,3 ------ 101,1 73,9 27,9
Napier Sarandira ------ ----- 91,5 ------ 91,5 65,9 25,6
Cameron Bicas 165,8 ----- ----- ------ 165,8 132,4 33,4
Cameron Lima Duarte 91,7 ----- ----- ------ 91,7 70,3 21,4
Cameron Barbacena 117,2 103,0 ----- ------ 110,1 72,2 30,8
Napier Barbacena ------ 100,2 ----- ------ 100,2 81,0 19,2
Vruckwona 60,2 ----- ----- ------ 60,2 45,7 14,5
Hb MVGx 239 DA-2 50,0 ----- ----- ----- 50,0 38,2 11,8
Média do local 107,7 94,7 78,9 177,5 110,8 84,4 28,1
1. Soma de seis cortes; 2. Soma de cinco cortes; 3. Soma de três cortes
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 91

FENO E FENAÇÃO

Fenação: É um processo de desidratação da forragem pelo sol e vento.


Reduz o teor de água para 15 ou 20%.
Tem-se que conservar o valor nutritivo, o aroma, a cor e a maciez do material.

Feno: Forragem que foi desidratada e conservada no seu estado seco.

Vantagens:

1. Preservar o excesso de forragem para a época das secas (guardar matéria seca sob forma
palatável para o período seco).
2. Fácil de ser feito e de fácil manuseio.
3. Boa fonte de carboidratos, proteínas, minerais, vitaminas A e D quando curado
devidamente.
4. Independe de qualquer processo fermentativo.

Fontes de material:

Deve ser utilizado material que tenha secagem rápida, tanto de hastes como de folhas.
Forrageiras que possuem talos muito grossos não são adequadas.

1. Excesso de pastos e capineiras.

2. Prados especiais, gramíneas, leguminosas e mistos.

2.1. Gramíneas: Jaraguá, transvala, Cynodon dactilon, angola, brachiárias, colonião, capim
elefante, coast-cross, tifton 85, estrêla africana, etc.

2.2. Leguminosas: Alfafa, estilosantes, soja perene, centrosema, desmódio, Kdzu tropical,
lab-lab, siratro, mucuna.

Características de um bom feno:

1. Alto valor forrageiro: é em função da espécie, idade, fertilidade do solo, técnica e clima.

2. “Folhudo” e verde (alta relação folha/haste).

3. Coloração: natural da folha.

4. Livre de material estranho (ervas daninhas).

5. Cheiro: característico.

6. Isento de microrganismos.

Etapas da fenação: 1) Corte.


92 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

2) Secagem.
3) Armazenamento.

1. Corte : 1.1. Manual.


1.2. Mecânico.

1.1. Manual: cutelo, alfange, foice, ou qualquer outra ferramenta cortante.

1.2. Mecânico: a) Motor costal: segadeira de motor costal pode ser utilizada para áreas
pequenas.

b)Segadeira ou ceifadeira:
Ceifam a 3 - 5 cm do solo.
Largura de 1,5 - 1,9 m.
Rendimento médio: 2 ha/h.

c)Segadeira condicionadora: corta e esmaga a forragem para facilitar a


secagem.
Acionadas pela tomada de força do trator.
Cortam a 3 - 10 cm do solo.
Largura de corte: 2 m ou mais.
Rendimento médio: 2 hectares/hora.
Condicionador: rolos de borracha. ou martelos.

d) Colhedeira de forragem - implementos mais apropriadas para ensilagem.


Colhem e picam o material.
Secagem em galpões.
Altura de corte de 5 a 10 cm.
Rendimento médio: 0,5 ha/h.
Problema: Rachaduras de talos.
Soluções: - afiar as facas.
- elevar a altura de corte.

e) Roçadeiras:
Pica e macera (não deve ser usada).
As perdas podem ser de até 55%.
Os fardos são pouco firmes - dificuldade no enfardamento.

Hora do corte: pela manhã, após a saída do orvalho.

VELOCIDADE DIFERENCIAL DE SECAGEM DE FOLHA, HASTE E PLANTA INTEIRA


EM Canavalia gladiata
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 93

FONTE: Pizarro (1979)

Esse gráfico, ilustra o problema de tempo de secagens diferentes entre hastes e folhas. Plantas
com estas características não produzem bons fenos.
94 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Estádio da planta: Quanto mais cedo o corte, melhor a qualidade do feno produzido. As
gramíneas não devem ser colhidas na época de floração, porque, nessa fase, já estão com valor
nutritivo muito baixo. Quando se produz feno, deve-se pensar sempre em obter uma forragem
de melhor qualidade.

Quanto maior o número de cortes, menor a produção de MS e maior valor nutritivo


O gráfico abaixo ilustra o momento em que a maioria das forrageiras devem ser
colhidas.

Valor Produção
nutritivo de Matéria
Seca

Idade da planta

* Ponto de corte associando valor nutritivo com produção de matéria seca


(varia com a espécie)

2. Secagem

Fatores que a afetam:

· Sol: evapora a água da planta.


· Vento: leva a umidade retirada da planta.
· Umidade Relativa do Ar (URA): se for alta, dificultará a perda de água.
· Chuva: Causa grande perda e arraste do material (carboidratos solúveis, vitaminas).
· Sereno: Quando a secagem perdurar por mais de um dia.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 95

2.1. Secagem a campo


a - Há necessidade de revirar o material com ancinho.

b - Se não der ponto de feno, deve-se enleirar o material à noite. As leiras devem ser
desfeitas após a saída do orvalho.

2.2. Secagem em galpões: normalmente, esse tipo deve ser utilizado para completar a secagem
de forrageiras que perdem muitas folhas (leguminosas).

Equilíbrio entre a umidade do feno e a umidade relativa do ar:

Umidade do feno Umidade relativa do ar


30 - 35 % 90 - 95% não pode fenar
16 - 21,5% 70 - 80% bom para fenar
12,5 % 60% ótimo para fenar

CONTEÚDO DE UMIDADE PARA COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE


FORRAGENS

% H20

100 _

75 - 85 Forragens Verdes

75 --

60 -75 Silagem

40 - 60 Silagem pré-secada (haylage), Silagem com baixa umidade

24 - 40 Feno desidratado em galpão

18 - 25 Feno enfardado, picado (sem secagem adicional)

14 - 18 Feno picado e prensado

0 --

FONTE: Pizarro (1980)

Ponto de feno:
Deve-se retirar a umidade até 15 - 20% (ideal 15%).

Para conhecermos a umidade do feno:


96 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

1 - Usar aparelhos medidores.

2 - Torcer as hastes e folhas do material ceifado: o ponto de feno acontece quando ao


torcer um molho de folhas e hastes, apenas algumas se rompem.

3 - Usar frascos de boca larga com sal de cozinha (recuperação do sal sem grânulos):
a) Picar a forragem.
b) Encher um vidro de boca larga.
c) Colocar uma colher de sal (em dias normais, sem chuvas).
d) Tampar.
e) Balançar o vidro.
f) Virá-lo de boca para baixo.
g) Se recuperar o sal, o material está no ponto de ser enfardado.

4 -Secadores artificiais: promovem secagem mais rápida e produz feno de melhor


qualidade.

Redução da digestibilidade pelo processo de fenação e armazenamento


Teores de Redução Redução
Umidade no (unidades digestíveis) Total .
Enfardamento (%) No campo No armazém (Unidades digestíveis)
25,8 0,25 2,73 2,98 NS
33,4 2,25 9,98 11,83 **
45,0 5,80 17,40 21,20 **
Pizarro (1972)

Armazenamento:

1. Medas: Não superar 10 a 12 toneladas (60 Kg/m3).

2. Em fardos: retangulares pesam entre 15 - 20 Kg.


redondos pesam até 600 Kg.
Podem ser armazenados no campo ou em galpões.

2.1. No campo: Diretamente no chão (redondos).


Soltos: em região de pouca chuva.
Sobre tábuas, estrados e cobertos com lâmina de polietileno sem
cobertura lateral para facilitar trocar de calor.

2.2. Em galpões: Usando depósitos.


Observar a circulação de ar e as normas de empilhamento.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 97
98 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Perdas na fenação:

1. Chuvas: a) Quanto mais seco o material, maiores serão as perdas.


b) Chuvas prolongadas podem ocasionar até 100% de perdas.

2. Perdas no armazenamento:

Material com 30% de água proporciona intensa respiração, a temperatura eleva-se até 45º
C (quando pára a respiração). Inicia-se a fermentação, elevando-se a temperatura até 70º
C, ocasionando a redução do valor nutritivo e podendo até chegar à combustão
espontânea.
Existe a possibilidade de ocorrência de Aspergillus spp em fenos mal conservados.

3. Perdas de folhas.

4. Perdas na distribuição: pisoteio, fezes, urina, administração excessiva.

Cubos de fenos: Proporcionam maior redução do volume.


As máquinas condicionam 5 a 6 toneladas por hora.
Dimensões dos cubos: 3,5 x 3,5 x 6,0 cm.
Podem ser abocanhados inteiros por bezerros desmamados.

Medas: contém entre 10 - 12 toneladas.


cada 1 m3 pesa, aproximadamente, 60 Kg.

Construção das medas:

a. Limpa-se o terreno.
b. Faz-se um sulco para drenagem.
c. Fixa-se uma vara no centro (mastro).
d. Fixa-se 2 bambus amarrados no mastro para se ter idéia do diâmetro maior e
do diâmetro menor.
e. Traz-se o feno que será distribuído em volta do mastro;
f. Dimensões: a altura deve ser igual ao diâmetro maior e uma vez e meia o
diâmetro menor.

USO DE FENIS:

Feno inteiro distribuído em locais apropriados é que são denominados fenis. Um fenil pode ser
construído até com ajuda de bambus.

Não se esquecer de retirar as amarras: Pois o sisal é tóxico.


O arame pode provocar perfurações no rume.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E VALOR NUTRITIVO DE ALGUNS FENOS


PB FB ENN EE MM Ca P EB DMS NDT
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 99

Fenos % MS % na MS cal/g % %
Aveia forrageira 69,8 11,0 31,8 - - - 0,47 0,28 4,7 63,31 50,7
Soja Santa Rosa88,2 13,4 39,7 35,5 2,1 9,3 1,30 0,31 4,7 56,5 53,6
Soja Perene 89,3 13,3 42,3 33,3 7,2 3,9 - - 5,4 54,0 53,4
Siratro 87,8 16,0 37,2 34,0 2,4 9,4 - - - 55,1 54,5
Capim gordura 91,5 5,0 36,4 48,6 3,4 6,2 0,35 0,09 4,9 51,3 53,4
Swannee-bermuda88,7 4,1 35,3 49,8 3,6 7,2 - - 4,7 36,9 39,7
Palha de arroz 92,7 6,9 30,9 44,6 3,5 7,5 0,49 0,57 - - 42,0
Palha soja grão 92,2 4,4 49,9 32,8 1,4 3,8 0,79 0,06 - - 39,0
Brachiaria sp 83,6 3,4 23,0 43,1 1,7 5,5 - - - 54,4 32,8
1
Dados de Digestibilidade in vitro

CUSTO POR HECTARE

Aração: 2 horas de trator de pneus.


Gradagem: 2 horas de trator de pneus.
Distribuição de calcário: 1 hora de trator de pneus.
Distribuição de adubos: 1 hora de trator de pneus.
Colheita de mudas, preparo e plantio: 5 pessoas por um dia.
Adubo: P e K no plantio de acordo com análise de solo.
Adubo: N e K por cobertura de acordo com as necessidades da culltura.
Para ceifar 1ha, gasta-se 2 horas (ceifadeira tem vida útil de 2.000 a 3.000 horas).
Para enleirar: 1 ha/hora (vida útil do ancinho 10 anos ou 2000 horas).
Para enfardar: 1 ha/hora (vida útil 10 anos ou 2500 horas).
Corda sisal: 3,7 Kg/ha.
Tempo da carreta para carga, descarga e transporte: 2 horas/ha.

Ministração de feno:

Gado de leite: - Em muitos rebanhos o feno é fornecido durante todo o ano, mas, em outros, é
de aproximadamente 210 dias, em locais onde a suplementação é só no período seco.

- As perdas no fornecimento estão em torno de 10%.

- Às vezes, o feno pode ser fornecido apenas como parte do volumoso 2 a 3


kg por vaca por dia.

- Em rebanhos de animais puro sangue europeu, o feno deve fornecido do


nascimento até à cobertura para garantir um rápido e perfeito
desenvolvimento das novilhas.
100 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

SILAGEM E ENSILAGEM

Silagem: É a forragem verde e suculenta armazenada na ausência de ar, em depósitos próprios


chamados de silos.

É bom lembrar que o processo de fermentação não melhora o valor nutritivo do alimento.
Quando bem elaborada, a silagem pode no máximo, aproximar-se da forrageira que lhe deu
origem.

Vantagens:

1. Aproveitamento de excessos produzidos durante a estação chuvosa.


2. Fonte segura de volumosos (economia de concentrados).
3. Possibilidade de rotação de culturas (feijão, aveia, safrinha de sorgo).
4. As operações podem ser totalmente mecanizadas.
5. O alimento pode conservar por vários anos.
6. Permite aumentar o número de animais por unidade de área.
7. Menor custo de maquinário que um conjunto de fenação.

Grupo de forrageiras adequadas para ensilar:

1. Gramíneas com alto teor de carboidratos solúveis (milho e sorgo).


2. Capineiras ou pasto consorciado.
3. Outras forrageiras (maçã, rama de mandioca, aveia...).
4. Outros alimentos (cama de frango, espigas de milho, polpa cítrica, silagem de peixe, etc.

Milho

Escolha da variedade:

Embora existam muitos cultivares desenvolvidos para produção de forragem, sempre que
possível, deve-se dar preferência para cultivares graníferos que produzam boa quantidade de
massa. A silagem obtida a partir de cultivares graníferos tem melhor valor nutritivo, porque
contém maior quantidade de grãos e tornam a silagem mais energética e pode resultar em
economia de concentrados.
Um outro problema dos cultivares forrageiros é a possibilidade de acamamento, porque esses
geralmente são de porte alto. O acamamento dificulta e encarece a colheita.

Produtividade por área:

Sempre que possível deve-se usar cultivares bem adaptados e já testados na região. Quanto
maior a produtividade por área, menor o custo por tonelada de silagem. O acompanhamento
agronômico é sempre desejável visando utilizar de práticas adequadas de preparo de solo e
adubações bem balanceadas, levando à substancial economia no custo de produção. Associa-se
a isso o fato de que lavouras bem produtivas favorecem a produção de silagens com maior
proporção de grãos e, portanto, de mais alto valor nutritivo.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 101

Aração: 20 - 25 cm (após colheita).

Gradagem: Faz-se uma ou duas gradagens, dependendo do tipo de solo.

Sementes : Usar peneira 20 a 24.


Profundidade de plantio: máximo de 3 cm.
Espaçamento: 1,0 m entre fileiras (linhas).
Densidade: 60.000 plantas/ha (ideal).
6 - 7 sementes/metro linear (dependendo do VC).
Verificar periodicamente, a regulagem da plantadeira.

Adubação: De acordo com a análise de solo, aplicar nitrogênio, fósforo e potássio mais
zinco.

Observações:

1. Fazer calagem de acordo com análise de solos.


2. Para altas produtividades deve-se aumentar as dosagens de N e K.
3.Atenção especial deve ser dada ao preparo do solo.
4. Manter a cultura no limpo:1ª capina aos 15 dias, 2ª capina aos 30 dias e a
3ª capina aos 45 dias.
5. Não plantar sem fazer análise granulométrica do solo.
6. A cobertura deve ser fracionada em solo arenoso.
7. Aplicar Zn .

Sorgo:

- Escolha da variedade:
O sorgo também apresenta cultivares graníferos, forrageiros e de duplo propósito. Os
cultivares de duplo propósito são mais adequados para produção de silagem, porque resultam
em silagens de melhor valor nutritivo que dos forrageiros. Os sorgos graníferos não são
adequados porque produzem pequenas quantidades de massa verde.
Existem um grande número de cultivares de sorgo e a EMBRAPA/CNPMS tem
informações sobre a produtividade da maioria deles em quase todo o território brasileiro.

- Mais resistente à seca.


- Alguns cultivares possuem colomos com pouca umidade.
- 0,70 m entre fileiras.
- 15 sementes/metro linear.
- 150.000 plantas/ha.
- Toxicidade na rebrota (HCN).
A maioria dos cultivares de sorgo possuem rebrota com altas concentrações de ácido
cianídrico (HCN). Portanto, deve-se esperar 45 dias para permitir que os animais possam
pastejar a rebrota. As brotações novas possuem maiores concentrações de ácido cianidrico,
portanto, são necessários cuidados especiais para áreas submetidas à seca e às geadas.
102 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Capim elefante: - O capim elefante deve ser colhido entre 1,50 e 2,0m de altura. Nesse
ponto, ele possui muita água (80-85%) e deve ser submetido a pré-
murchamento de 8 a 10 horas de sol. Essa prática de manejo melhora em
muito a qualidade da silagem produzida, porque diminui a produção de
ácido butírico dentro silo e resulta em silagens que são mais consumidas.
No entanto, submeter grandes áreas destinadas à produção de silagem ao
pré-murchamento dificulta e encarece o processo de ensilagem; o que torna
esta prática aplicável apenas para áreas mais reduzidas. Quando cortado
com 2,20 a 2,50m, o capim elefante tem menos água (70-75%), mas nesse
ponto, já apresenta valor nutritivo muito baixo. Em muitos casos a solução
prática é ensilar o capim, nessa fase.

Outros:

- Capim Guatemala - pouco utilizado porque tem baixos teores de carboidratos solúveis.

- Aveia - mais utilizada como silagem pré-secada.

- Capim Colonião e Jaraguá - Normalmente, não são utilizados porque possuem baixos
conteúdos de carboidratos solúveis; no entanto, existe e possibilidade de serem utilizados,
quando bem tenros, como silagem pré-secada.

Preparo da silagem:

Momento da colheita: Milho: As melhores silagens são obtidas quando o milho possui,
aproximadamente, 35% de matéria seca. Deve estar em
ponto de pamonha duro e não simplemente em ponto de
pamonha, como acreditam a maioria dos produtores.

Sorgo: O momento ideal de colheita do sorgo é variável de acordo


com as características dos cultivares. Existem cultivares com
e sem água no colmo. Quanto mais cedo o cultivar puder ser
colhido, menor será a perda de grãos nas fezes.

Tamanho das partículas:

- Devem ser uniformes.

- Cortadas a 2,5 - 3,0 cm.

- Pedaços pequenos: - facilitam a eliminação do ar.


- transporte de maior quantidade de material (maior densidade).
- favorece maior consumo nos casos de autoalimentação.
- quanto maior a % de MS, menor deve ser a partícula.

Enchimento: se possível deve ser feito em apenas um dia.

Silo cisterna: - cobrir para não entrar água.


- compactação: - com pé de homem mais soquete ou com cavalo.
- baixa percentagem de perdas.

Silo trincheira: - colocar lâmina de plástico nas paredes laterais (pode ser dispensável).
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 103

- encher 1 metro/dia.

- encher em forma de cunha.


- compactar com trator.
- colocar peso por cima (pneus velhos).
- cobrir com lona plástica tão logo descarregar a última
camada e colocar pneus velhos por cima.

- Quanto menor a exposição do material a ser ensilado


ao ar, melhor a qualidade da silagem obtida. Assim, o
enchimento do silo deve ser o mais rápido possível.
Um silo trincheira deve ser enchido em dois dias e
meio a três dias.

Silo de superfície:

Por apresentar maior dificuldade de compactação, o silo de superfície deve ser enchido
em apenas um dia. É preferível fazer uma bateria de silos pequenos, a encher um único silo que
demore vários dias.

Contaminações:

Regulando bem a altura de corte, reduz-se a contaminação por terra que contém
microrganismos os quais alteram a fermentação.

Fechamento: lâmina de polietileno (“lona plastica”).


Colocar 10 cm de terra por cima da lona. Não há necessidade de camada muito
espessa de terra, apenas o suficiente para proteger o polietileno da exposição ao
sol. Camadas muito grossas geralmente favorecem o rompimento do polietileno e
quebra a condição de anaerobiose do solo, bem como facilitam a entrada de água
dentro do silo.
Cercar o silo.

GASES NO SILO: esses gases são tóxicos e podem matar. Constitui


uma boa medida jogar uma carreta de material dentro do silo, antes de
iniciar as ações de pisoteamento do material. Caso aconteça acidentes, o
socorro deve ser prestado por pessoas amarradas em uma corda, para
que possa ser içada em situação de emergência. O problema é maior nos
silos aéreos ou silos cisterna de grande profundidade.

Fermentação: - O pH inicial estará próximo a 6,5.


- 30 dias depois estará entre 3,6 e 4,0.
- entre 6,5 e 5,0 agem os Streptococcus fecalis e Leuconostocs.
- entre 3,5 e 5,0 agem os Lactobacillus plantarum e Pediococcus.

Lactobacilus
104 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

AÇÚCAR ® ÁCIDO LÁTICO

Streptococcus
AÇÚCAR ® ÁCIDO ACÉTICO

Respiração : C6H12O6 + O2 ® 6 CO2 + 6 H20 + 677 Kcal (calor)


¬

- Inconvenientes: - Consumo de carboidratos solúveis.


- Formação de calor que poderá afetar a digestibilidade (perda na qualidade).
- A água produzida afeta o valor nutricional de minerais, carboidratos e
aminoácidos.

Fator tampão da forragem:

Refere-se à resistência das forrageiras às variações de pH.

· Milho e sorgo têm baixo poder tampão.


· Leguminosas: - mais alto.
- alta concentração de Ca++ que age mantendo o pH alcalino.
- tem baixa concentração de carboidratos solúveis.

Classificação das fermentações:

1. Fermentação butírica: material novo, úmido e rico em proteína, pode ser evitada expondo a
planta ao sol (pré-murchamento).

2. Fermentação lática: obtida com matéria seca entre 30 - 35%.

3. Fermentação doce: Ocorre quando a forragem está com altos conteúdos de matéria seca
(40-45%). Pode ser evitada colhendo-se a planta no momento certo. Por exemplo, milho
com 35% de matéria seca.

Classificação das silagens:

1. Silagem excelente: pH entre 3,5 e 4,2.


Nitrogênio amoniacal baixo: menos de 10% do nitrogênio total.
Gosto e cheiro ácidos.
Sem mofo.

2. Silagem boa: pH entre 4,2 e 4,5.


Nitrogênio amoniacal entre 10 e 15% do nitrogênio total.
Sem mofo.
Gosto e cheiro de ácido.
Presença de ácido butírico.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 105

3. Silagem regular: pH entre 4,5 e 4,8.


Presença de ácido butírico.
Pequena presença de mofo.
Nitrogênio amoniacal entre 15 a 20%.

4. Silagem ruim: Alto teor de ácido butírico.


Presença de mofo.
Nitrogênio amoniacal acima de 20%.
Silagem escura.

SISTEMA UTILIZADO NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SILAGENS


Qualidade da silagem
Parâmetro Muito boa Boa Mediana Ruim
pH £ 3,8 3,8 a 4,2 4,2 a 4,6 > 4,6
Ácido butírico (%) £ 0,1 0,1 a 0,2 0,2 a 0,4 > 0,4
Ácido lático (%) > 5,0 5,0 a 3,0 3,0 a 2,0 < 2,0
Matéria seca (%) 35 a 30 30 a 25 25 a 20 < 20
DIVMO* (%) > 65 65 a 55 55 a 40 < 40
* Digestiblidade in vitro da matéria orgânica
FONTE: PAIVA (1976)

Vários sistemas e métodos podem ser propostos para classificar as silagens. Pode-se
criar um sistema próprio com inclusão ou combinação de outros parametros.

Perdas na ensilagem:

A. Perdas no campo: As perdas no campo referem-se à quebra de espigas, quebra de hastes e


folhas, ataque de pássaros (principalmente psitacídeos) e ataque de insetos. Se o material
secar, aumentará muito o ataque de roedores.

Podem também ocorrer perdas no campo por acamamento da forragem (a máquina não
consegue colher). Nesse caso, deve-se procurar materiais genéticos das forrageiras que sejam
resistentes ao acamamento.

B. Perdas por respiração:

C6H12O6 + O2 ® 6 CO2 + 6 H20 + 677 Kcal

A quantidade de oxigênio depende da quantidade de ar presente no silo.

Entre 0 e 30º C a respiração aumenta, a partir de 30º esta diminui até cessar.

C. Perdas por fermentação:


106 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Até a fermentação láctea apresenta perda, porque o valor energético de 1 mol de glicose é
maior que 2 moles de ácido lático (677 Kcal vs. 652 Kcal).

Essas perdas são governadas pelo teor de matéria seca da forragem.

D. Perdas por lixiviação:

A água promove o arraste de nutrientes solúveis (efluentes).

Ocorre lixiviação quando: a forragem tem umidade excessiva ou o material sofreu grande
compactação.

Podem ser evitadas cortando a forragem com teor de MS ideal ou fazer pré-secagem e/ou
adição de material seco. Por exemplo: feno de capim elefante cortado quando novo.

E. Perdas por apodrecimento: São evitadas pelo fechamento hermético do silo.

USO DE ADITIVOS PODEM EVITAR PERDAS E/OU MELHORAR A QUALIDADE DA


SILAGEM OBTIDA

Aditivos que estimulam a fermentação:


a. Nutritivos: grãos secos, melaço, carbonato de cálcio, NNP.

b. Não nutritivos: culturas de bactérias, levedos, enzimas.

Aditivos que inibem a fermentação:


a. Nutritivos: sal comum, ácido propiônico.

b. Não nutritivos: minerais, ácidos, sais orgânicos, antibióticos e inibidores de mofos.


Pizarro (1978)

Nitrogênio e Proteína Bruta Equivalente de Vários Produtos


Nitrogenados Não Protéicos
Produto % Nitrogênio Proteína Bruta
Equivalente (%)
Uréia 42 262
Uréia 45 281
Biureto 37 231
Polifosfato de amônio 10 62
Fosfato de amônio 18 112
Suplementos líquidos 5,1 32
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 107

EFEITO DA ADIÇÃO DE URÉIA, MAIS CARBONATO DE CÁLCIO SOBRE A MATÉRIA


SECA, PROTEÍNA BRUTA, ENERGIA BRUTA E pH DA SILAGEM DE MILHO

____________tratamentos_____________ CV dms
Parâmetros I II III (%)
Matéria seca (%) 29,49a 27,41b 28,29ab 4,14 1,32
PB (% na MS) 11,30a 10,81a 5,34b 11,82 1,48
a a
EB (Kcal/g) 4,30 4,30 4,30a - -
pH 5,03a 4,76b 3,83c 7,78 0,10
Gonçalves (1978)
I - silagem com 0,5% de uréia mais 0,5% de carbonato.
II - silagem com 0,5% de uréia.
III - silagem pura.

CONSUMOS DIÁRIOS DE MATÉRIA SECA E MATÉRIA SECA


DIGESTÍVEL E COEFICIENTE DE DIGESTIBILIADE DA MATÉRIA SECA
EM OVINOS

_______________tratamentos___________________
PARÂMETROS I II III IV
Consumo MS (g/Kg0,75) 64,52a 54,72b 39,88c 43,92c

Digestibilidade da MS (%) 56,64a 55,19ab 50,68b 51,78b

Consumo de MSD (g/Kg0,75)35,64a 28,77b 21,40c 20,44c


Gonçalves (1978)

I - silagem com 0,5% de uréia mais 0,5% de carbonato de cálcio.


II - silagem com 0,5% de uréia.
III - silagem pura.
IV - rolão de milho.

A uréia não deve ser adicionada em níveis superiores a 0,5%. Mais de 0,5% deixa a silagem
com cheiro de amônia, e as vacas rejeitam.

TIPOS DE SILOS: 1. Aéreos.


2. Encosta.
3. Cisterna (Poço).
4. Trincheira.
5. Superfície.

1. SILOS AÉREOS:

Vantagens: - Perdas mínimas.


- Facilidade de descarga.
108 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

- Compactação fácil.
- Possibilidade de construção em baixadas com lençol d’água superficial.
- Pode ser de grande capacidade.
- Pode ser construído em ligação ao estábulo ou local de tratamento.

Desvantagens: - Requer maior custo inicial.


- A mão-de-obra tem de ser mais eficiente.
- As máquinas para elevar a forragem picada até ao silo são caras.
- Acima de 12 metros de altura, exige cálculo estrutural.

2. SILOS DE ENCOSTA:

Vantagens: - As mesmas dos silos aéreos.


- Dispensa máquinas com elevadores de forragem.

Desvantagens: - Necessita de um barranco elevado para ser construído.

3. SILO CISTERNA:

Vantagens: - Facilidade no carregamento e compactação.


- São mais baratos que os anteriores.
- Podem ser construídos próximo ao local de tratamento dos animais.
- Utilizam máquinas mais simples para ensilar.

Desvantagens: - A descarga é mais difícil.


- Não pode ser de grande capacidade (não deve ultrapassar 7 m).
- Não pode ser construído em baixadas com lençol freático superficial.
- O revestimento é quase que obrigatório (indispensável).

4. SILO TRINCHEIRA:

Vantagens: - A construção é mais simples e barata.


- Possibilidade de uso de máquinas na abertura (descarga).
- Possibilidade de uso de máquinas para compactação.
- Pode-se usar máquinas simples para compactação.
- Facilidade de carga e descarga.

Devantagens: - Grande superfície exposta, favorecendo perdas.


- Compactação mais difícil (apesar de boa).
- Necessita de mais terra para cobertura.
- Cerca em volta para proteção.

5. SILO DE SUPERFÍCIE:

VANTAGENS: - Pode ser construído em qualquer local.


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 109

- Custo baixo.
- Auto-alimentação.
DESVANTAGENS: - A compactação é difícil.
- O enchimento tem de ser muito rápido.
- A silagem possui valor nutritivo mais baixo.
- Exige cerca em volta para proteção.
DIMENSIONAMENTO DE SILOS: 1. Usando tabelas.
2. A partir de fórmulas.

TABELAS PARA CÁLCULOS DE SILOS


“SILO TRINCHEIRA”
Extensão do período de alimentação 1

Nº de Base Base Altura 100 dias . 200 dias .


Animais Inferior (b) Superior (B) (H) Comprim. Capacidd 2 Comprim. Capacidd 2
(metro) (metro) (metro) (m) (t) (m) (t)
15 2,30 3,00 1,50 15 29 (23) 22 45 (35)
23 2,0 3,60 1,80 15 42 (33) 22 65 (51)
34 3,50 4,60 2,20 15 65 (51) 22 100 (79)
46 4,00 5,20 2,50 15 85 (67) 22 130 (103)
56 4,50 5,90 2,80 15 107 (84) 22 164 (129)
66 4,80 6,30 3,00 15 122 (96) 22 188 (148)
1- Considerou-se o consumo diário de silagem de 15 Kg/animal
2- Os dados entre parênteses referem-se à quantidade de silagem disponível para alimentar os
animais, considerando-se perdas no armazenamento de 21%.

“SILO CILÍNDRICO”
Nº de Diâmetro Altura Capacidade1 Área cultivada considerando-se as produções 2
Animais (m) (m) (t) 25 t/ha 35 t/ha
9 3,00 7,00 24 (20) 0,98 0,70
13 3,30 8,00 34 (30) 1,40 1,00
18 3,60 9,50 47 (41) 1,92 1,37
23 3,90 10,00 58 (51) 2,36 1,68
32 4,50 10,50 82 (72) 3,35 2,40
44 5,00 11,70 113 (99) 4,60 3,28
50 5,00 13,20 129 (113) 5,28 3,77
1 - Capacidade de armazenamento considerando-se período de alimentação de 150 dias e
consumo diário de 15 Kg/animal.
* Os dados entre parênteses referem-se à quantidade de silagem disponível para alimentar
os animais, considerando-se perdas de armazenamento de 12%.
2- Para cálculos das áreas cultivadas considerou-se a capacidade de armazenagem do silo,
computadas as perdas de campo.

“SILO DE SUPERFÍCIE”
110 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Altura Largura (m) . Comprimento Dimensão da lona Capacidade 1 (t) .


(m) Base (B) Topo (T) ( m) plástica superior (m) Capim Milho ou Sorgo
1,40 - 1,60 5 4 6 8x9 21 17
1,40 - 1,60 5 4 7 8 x 10 25 20
1,40 - 1,60 5 4 8 8 x 11 29 23
1,40 - 1,60 5 4 9 8 x 12 32 26
1,40 - 1,60 5 4 10 8 x 13 36 29
1,40 - 1,60 5 4 12 8 x 15 43 35
1,40 - 1,60 5 4 13 8 x 16 47 38
1,40 - 1,60 5 4 14 8 x 17 50 41
1- Capim com aproximadamente 20 - 30% de matéria seca e o milho ou sorgo com 30 a 35%,
e tomando as densidades de 498 e 403 Kg/m3, respectivamente.

Dados complementares (valores médios)

a) Densidade da silagem

Tipo de silo Densidade (Kg/m3)


Silo Superfície ....................... 450
Silo Trincheira ....................... 500
Silo Cisterna .......................... 600
Silo Aéreo .............................. 650

b) Quantidade de silagem por cabeça/dia: entre 10 - 45 kg (depende do tipo do animal e do


sistema de arraçoamento.

c) Espessura mínima para a camada de corte diário da massa ensilada (para o trato)

Silos aéreos - 7,5 cm.


Silos cisternas - 10 cm.
Silos trincheiras - 15 cm.

d) Período de trato: de acordo com o sistema de produção.

e) Detalhes construtivos:
- Silos cilíndricos aéreos: para cada metro de diâmetro usar 2 a 2,5m de profundidade.
- Silos cisternas: usar 1 metro de diâmetro para cada 1,5 a 2,0 m de profundidade.
- Silos trincheiras não devem ter altura superior a 2,5 m (ideal = 2,0 m) para descarga
manual.
- Silos trincheiras devem ter base menor (b) de no máximo 4,0 m.
- Silos aéreos ou de encosta não devem ter mais de 12 m de altura, devido a problemas de
enchimento e estabilidade estrutural.

CALCULAR UM SILO TRINCHEIRA PARA:

1. Rebanho: a) 80 vacas leiteiras (40 Kg/cab/dia).


b) 21 novilhas (24 Kg/cab/dia).
c) 01 touro (50 Kg/cab/dia).
d) 15 bezerros (16 Kg/cab/dia).
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 111

2. Espessura de corte de 0,30 metros.

3. Período de alimentação dos animais de 120 dias.

4. Densidade da silagem = 500 Kg/m3.

5. Profundidade do silo = 2 metros (altura h=2,0m).

Quantidade necessária para atender os animais por dia:


80 x 40 = 3200 Kg
21 x 24 = 504 Kg
1 x 50 = 50 Kg
15 x 16 = 240 Kg
total = 3994 Kg @ 4000 Kg

1 m3 ® 500 Kg de silagem
x ¬ 4000 Kg de silagem x = 8,0 m3/dia devem ser retirados

V=S x e (volume = superfície x espessura de corte)

S = V/e S= 8,0 / 0,30 S = 26,6 m2


S=B + b x h sendo h = 2,0 m ¼h b ¼h

h h

b
2

S=b+b+¼h+¼h

S = b + b + 0,5 + 0,5

S=2b+1 Þ então substitui-se S por 26,6 m2 , tendo-se:


26,6 = 2 b + 1 ; b = 26,6 - 1 b = 12,8 m
2
B = b + 1 , assim tem-se que B = 13,8 m

Comprimento do silo = 120 dias x 0,30 m Þ 36 metros (como foi maior que 20 m, dividir
por 2)

V = 26,6 x 18 V = 478,8 m3

1,0 m3 ® 500 Kg
478,8 m3 ® x x = 239,4 toneladas de silagem aproximadamente
240 t
Cálculo da área a ser plantada:
112 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

1 ha ® 30 toneladas
x ¬ 240 toneladas x = 8 ha para encher o silo

Obs: Como a base menor superou 4,0 metros, deve-se redimencionar o silo; para tanto,
divide-se a area por 4.

S = 26,6 a nova área será de S = 8,87 m2


4

S= b+b+1 Þ 8,87 = 2 b + 1 Þ b = 8,87 -1


2

b = 3,94

B = b +1 Þ B = 4,94 m

Deve-se lembrar de que dividindo a base menor por 4, ou qualquer outro número, torna-se
necessário multiplicar-se o comprimento pelo mesmo fator; caso contrário, tem-se volume e
quantidade de silagem subestimada para alimentar os animais, durante o período pré-
determinado.
Assim, para o exemplo serão necessários 4 silos com 18 m de comprimento (total
de72 M), pois o comprimento não deve ultrapassar 20 m.

Outra forma de fazer o cálculo para o silo trincheira

- Partir de base menor e altura fixas: Ex: b = 4 m e h = 2 m.


- Usando-se os mesmos dados do exemplo anterior.
- serão necessários 2.000 Kg silagem/dia:
Volume Peso
1m ®3
500 Kg
x ¬ 2000 Kg x = 4,0 m 3/dia
Calcula-se então a área, que nesse caso, será fixa:

S = (b + b) h
2

B = B + 1, conforme demonstrado no exemplo anterior.

Substituindo-se o valor de h.

S=b+b+1 x2 S = 2b + 1
2
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 113

S = 9 m2

V=Sx e Þ espessura corte = V/S = 0,44m/dia

Aqui, deve-se observar se a espessura diária de corte é maior do que a mínima exigida
para cada tipo de silo. No exemplo atual, o mínimo para retirar é de 0,15 m/dia.

COMPRIMENTO DO SILO = período x espessura

Comp = 120 x 0,44 Þ Comprimento = 52,8


* Como é maior que 20 metros deve-se dividi-lo:
Fazendo-se 3 silos de 17,8 m
Ou dois de 20 metros e outro de 12,8 metros

Cálculo de um silo cisterna

- Usar os dados do primeiro exemplo.


- Considerar uma espessura de 0,30 m.

Volume Peso
1 m3 ® 600 Kg
x ¬ 2000 kg x = 3,33 m3/dia

V=Sxe Þ 3,33 = S x 0,30 Þ S = 11,1 m2

S = P d2 Þ 11,1 = 3,14 x d2 Þ d2 = 11,1 x 4 Þ d = 3,76 m


4 4 3,14

h = 120 x 0,3 Þ h = 36 m

“Serão feitos SEIS silos com 6 m de profundidade e 3,76 m de diâmetro”.

CONSUMO E VALOR NUTRITIVO DE SILAGENS PARA RUMINANTES

Fatores que afetam o consumo de silagens:

1. Teor de matéria seca:

Efeito sobre a qualidade da silagem.


Efeito sobre os mecanismos de regulação física da ingestão dos ruminantes.
114 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

2. Teor de proteína buta: deve superar 7% de proteína bruta na matéria seca.

Silagens com menos de 7% de proteína bruta tem o consumo diminuído, porque tem
baixa digestibilidade.

3. pH: confere sabor ácido à silagem.

Silagens com pH muito baixo (pH < 3,6) são pouco consumidas, os ruminantes
rejeitam o sabor ácido.

4. Tamanho da partícula:

Para silagens de má qualidade, o tamanho da partícula tem influência sobre a seleção.


Silagem picada muita fina, o animal não consegue selecionar
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 115

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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