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Cesário Verde

O seu nome completo é José Joaquim Cesário Verde, nasceu a 25 de Fevereiro de


1855 em Lisboa e morreu aos 31 anos, a 19 de Julho de 1886 em Lisboa, foi vítima de
tuberculose que era a “doença do século”.
As suas obras tiveram um valor criativo com consequências incalculáveis para a
poesia portuguesa posterior. Poetas como Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa ,
reconheram Cesário Verde como seu mestre.
Desde muito a sua vivência da vida citadina de Lisboa fosse complementada pela sua
vivência campestre dos arredores da cidade.
Em 1872 Cesário Verde inicia a sua carreira comercial na loja do seu pai.Pouco tempo
depois inscreve-se num curso de letras que poucos meses depois viria a abandonar,
que frequentou entre 1873 e 1874, e onde travou conhecimento com figuras da vida
literária, como Silva Pinto, que se tornou seu grande amigo e, após a sua morte,
compilador da sua obra.
Em 1873 os seus primeiros textos são publicados.
A partir de 1874 , Cesário continua e intensifica a publicação de vários poemas seus
em diferentes jornais e revistas literárias de Lisboa e do Porto.Os poemas são
publicados e mal recebidos pelos seus contemporâneos e críticos literários. Ninguém
estava preparado para aquela poesia, tão diferente da que se fazia na altura, da
corrente melodramática e romântica que a todos estavam habituados.
Em 1883, Cesário faz ainda uma grande viagem a Bordéus e Paris , em que os
objetivos comerciais se articulam com alguns contactos pessoais e literários. Por esta
altura existem cada vez mais sinais de que a sua saúde se agarva.
Em 1886 é declarado como perdido , e vem efetivamente a falecer , em 19 de julho.
Cesário bem antes de morrer tinha mencionado algumas vezes a sua intenção de
publicar um livro, porém não o veio a fazer. Ainda em 1886 , o seu amigo Silva Pinto
chama a si a tarefa de reunir os poemas de Cesário Verde, publicando-os em volume.
Em 1887, sob o título de “O Livro de Cesário Verde”. Trata-se de uma edição restrita
de 200 exemplares , que nem sequer foi posta à venda , detinando-se a «amigos ,
parentes e admiradores provados do poeta».
Cesário transgride na forma e no conteúdo. Prefere quadras a sonetos. Escolhe temas
não poéticos, coisas prosaicas do quotidiano, que descreve sem sentimentalismos,
recorrendo a palavras vulgares em vez de palavras difíceis. Lisboa é a personagem
principal dos seus poemas.
No contexto histórico- cultural:
O realismo vai surgir nas últimas décadas do século XIX, que é um movimento
artístico e literário. É um movimento de contestação do sentimentalismo e do idealismo
romântico. Representação da realidade, denunciando problemas sociais e levando á
construção de uma sociedade justa, criticas aos grupos sociais através de
personagens tipo.
A representação da cidade e dos tipos sociais:

O contraste cidade/campo é um dos temas fundamentais da poesia de Cesário e


revela-nos o seu amor ao rústico e natural, que celebra por oposição a um certo
repúdio da perversidade e dos valores urbanos a que, no entanto, adere.

A cidade, personifica a ausência de amor e, consequentemente, de vida. Ela surge


como uma prisão que desperta no sujeito “um desejo absurdo de sofrer”. É um foco de
infecções, de doença, de morte. É um símbolo de opressão, de injustiça, de
industrialização, e surge, por vezes, como ponto de partida para evocações,
divagações.

O campo, por oposição, aparece associado à vitalidade, à alegria do trabalho


produtivo e útil. Aparece ligado à fertilidade, à saúde, à liberdade, à vida. A força
inspiradora de Cesário é a terra-mãe, uma vez que a terra é força vital para Cesário. O
poeta encontra a energia perdida quando volta para o campo, anima-o, revitaliza-o,
dá-lhe saúde. É no poema Nós que Cesário revela melhor o seu amor ao campo,
elogiando-o por oposição à cidade e considerando-o como um refúgio. A oposição
cidade/campo conduz simbolicamente à oposição morte/vida. É a morte que cria em
Cesário uma repulsa à cidade por onde gostava de deambular mas que acaba por
aprisioná-lo (O Sentimento de um Ocidental).

Tipos de classes sociais:

Povo / classes trabalhadoras: São ligados á produtividade, vitalidade, autenticidade.


Alvo de simpatia e solidariedade por parte do sujeito poético.

Burguesia: Ligados á Ociosidade, inactividade, artificialidade. São alvo de crítica e


ironia por parte do sujeito poético.

Marginais que vivem na cidade: Ligados á Degradação social e moral. São alvo de
crítica por parte do sujeito poético.

Deambulação e imaginação: o observador acidental:

Representação minuciosa e realista, segundo a perceção sensorial e a reflexão /


análise do sujeito poético.

Captação de exteriores e interiores e de pequenos episódios do quotidiano, decorrente


da deambulação do sujeito poético pela cidade e da observação acidental.
O imaginário épico em “O Sentimento dum ocidental”:

Este é um poema constituído por 44 quadras, divididas em 4 partes (Avé-Marias, Noite


Fechada, Ao Gás e Horas Mortas), de 11 quadras cada, e é escrito com versos
alexandrinos e decassilábicos no início de cada estrofe. Ao nível da estruturação do
poema, este é um poema com uma estrutura narrativa, e faz o relato cronológico de
pequenos episódios e confere rapidez à narrativa. O fulgor da memória épica é
vencido pelo pessimismo, ou seja, o sujeito, num momento de tristeza, pondera
apoiar-se nas crenças e esperanças da humanidade, mas devido ao seu espírito
antiépico, ou seja, sem quaisquer esperanças no coletivo, o sujeito poético termina
este poema num tom disfórico que reforça o seu sentimento de tristeza e desconsolo.

Linguagem e Estilo:

Cesário Verde é caracterizado por uma linguagem que é a busca da perfeição formal
através de uma poesia descritiva. Os temas são do quotidiano com um enorme rigor a
nível de aspecto formal e há uma aproximação da poesia às artes plásticas (pintura),
nomeadamente a nível da utilização das cores e dos dados sensoriais. A obra de
Cesário caracteriza-se também pela técnica impressionista ao acumular pormenores
das sensações captadas e pelo recurso às sinestesias, que lhe permitem transmitir
sugestões e impressões da realidade. O uso de vocabulário concreto. A nível métrico
predomina o uso do decassílabo e do Alexandrino (12 sílabas).

Recursos expressivos: a comparação, a enumeração, a hipérbole, a metáfora, a


sinestesia, o uso expressivo de adjetivos e de advérbios.

Perceção sensorial:

Primado das sensações (visuais, auditivas, olfativas, gustativas, táteis).


Ex: “De tarde” (predomínio de sensações visuais, complementadas com sensações
gustativas).
TRANSFIGURAÇÃO POÉTICA DO REAL:

Conceção duma nova realidade, a partir de elementos reais, através da visão


transfiguradora do sujeito poético.
Ex.: “Num bairro moderno” (criação, pelo sujeito poético, de uma figura
antropomórfica, a partir dos legumes e os frutos da giga (melancia – cabeça; repolhos
– seios; azeitonas – tranças…).
O uso expressivo do adjectivo:

O uso do adjetivo com o intuito de conferir beleza/ expressividade ao texto e de realçar


a característica por ele expressa. O uso expressivo do adjetivo pode resultar da
associação de um nome que designa uma qualidade física e um adjetivo de caráter
afetivo/emocional. O adjetivo pode ainda ser utilizado para criar a metáfora, a
sinestesia e a ironia.

Exemplo: “com lentidão/ terrenos e grosseiros” (“Num bairro moderno”).

O uso expressivo do advérbio:

O uso do advérbio com o intuito de conferir beleza/ expressividade ao texto e de


realçar determinado valor semântico. O uso expressivo do adverbio pode contribuir
para a construção da ironia.

Exemplo: “Encaram na sanguínea/ brutamente” (“ Num bairro moderno”).

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