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CADERNO DE TESES

7º CONGRESSO NACIONAL DO PT
ETAPA ESTADUAL - BAHIA
ÍNDICE

CHAPA 400
- MAIS UNIDADE, MAIS AVANÇO. LULA LIVRE JÁ! 7
Representantes: Anisvaldo Daltro, Marcelo Delfim e Gutierres Gaspar

CHAPA 410
- DIÁLOGO E AÇÃO PETISTA 15
Representantes: Paulo José Riela, Hildete Farias e Vera Carneiro

CHAPA 420
- A ESPERANÇA É VERMELHA, LULA LIVRE! 19
Representantes: Jorge Braga, Silvia Fernandes e Cristiano Cabral

CHAPA 440
- RENOVA PT: DEMOCRACIA E LUTA 25
Representante: Elisangela dos Santos, Neusa Cadore, Maria Del Carmen

CHAPA 470
- OPTEI: LUCINHA PRESIDENTA, LULA LIVRE! 29
Representantes: Gabriel Oliveira, Danielle Ferreira e Lucineia Durães

CHAPA 490
- LULA LIVRE, FORA BOLSONARO 35
Representantes: Elen Coutinho, Filipe Souza e Iana Fraga
CHAPA 400

MAIS UNIDADE, MAIS AVANÇO. LULA LIVRE JÁ!


Representantes: Anisvaldo Daltro, Marcelo Delfim e Gutierres Gaspar

Resistir na Bahia para construir um novo Brasil


Com Tiranos não Combinam Brasileiros Corações!

1 - Até aqui, o Governo Bolsonaro não negou as expectativas calamitosas que anunciava ser: um
projeto abertamente antidemocrático, antinacional e antipopular, e com aspectos protofascista.
Mesmo com a resistência do PT, dos partidos progressistas e dos movimentos sociais, já causou
grandes prejuízos ao Brasil e às condições de vida do povo brasileiro. A Nova Era anunciada por
eles é um plano de longo prazo contra o Brasil.

2 - A prolongada paralisia econômica; o desmonte das políticas sociais (que sacrifica, principal-
mente os mais pobres, mas não é menos nociva para trabalhadores e classe média assalariada,
usuários dos serviços públicos); uma Reforma da Previdência elitista e excludente, que penaliza a
parcela da população mais necessitada da atenção do Estado e os trabalhadores em geral para
beneficiar o capital financeiro e outros setores privilegiados; uma guerra moral e ideológica, in-
centivando um clima de intolerância e violência contra todos os que se mobilizam em defesa da
legalidade democrática, dos direitos dos trabalhadores e dos pobres e do respeito à diversidade:
negros, mulheres, comunidade LGBT, laicidade do Estado, entre outros; o fim das políticas de
controle social, onde conselhos de direitos são desativados ou tornam-se exclusivamente com-
postos por representações do poder público, com o objetivo de excluir a população, o terceiro
setor organizados e especialistas da participação democrática; o ataque a institutos como INPE,
Fiocruz, Ancine e IBGE, que foram proibidos de divulgar dados de suas pesquisas sob ameaça de
fechamento pelo atual governo; sucateamento do SUS, fim do Mais Médicos, corte na distribui-
ção de medicamentos e doenças crônicas; corte de verbas para educação superior, sucateamento
da educação básica, fim da política de incentivo à pesquisa e extensão; a perseguição e tentativa
de criminalização de partidos políticos de esquerda, principalmente o PT, Movimentos Sociais e
Movimento Sindical. Esse é o cenário atual de um país que experimentou a soberania e o avanço,
mesmo que ainda em seus primeiros passos, de um Estado de bem-estar social entre os anos de
2003 a 2015.

3 - Graças ao governo Lula e Dilma com suas conquistas econômicas e sociais, possuíamos uma
política externa “altiva e ativa”, ao mesmo tempo independente e cooperativa, que tornou possí-
veis grandes avanços no cenário regional e global. Com a quebra das empresas brasileiras, reo-
rientação do papel dos bancos públicos como indutor do desenvolvimento, a desestruturação do
BRICS e adoção de uma política de subordinação ao EUA, o Brasil está rapidamente perdendo seu
prestígio na geopolítica internacional.

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4 - Essa é a estratégia do atual governo brasileiro no campo internacional. Um presidente e chan-
celer que hostilizam gratuitamente os países árabes, provocam a China com bravatas ridículas,
desprezam a unidade da América do Sul, fazem a apologia de ditaduras militares e governos
fascistas, insultam a Organização Internacional do Trabalho (OIT-ONU), defendem o trabalho in-
fantil e o desmatamento da Amazônia, negam estupidamente as mudanças climáticas, atacam de
modo grosseiro o Acordo de Paris e os ambientalistas de todo o mundo, permitem a liberação
indiscriminada da utilização de agrotóxicos e incitam a perseguição às comunidades indígenas,
entre tantas outras barbaridades.

5 - Na área econômica, o fracasso do governo Bolsonaro é evidente. Tivemos a pior média de


crescimento do PIB dos últimos 20 anos. O tão prometido investimento externo, que afluiria para
o Brasil devido à “confiança” dos mercados no governo da extrema direita, até agora não veio. O
investimento interno, por sua vez, inexiste. E o que é pior: justamente o setor que poderia des-
bloquear essa situação – o Estado – e alavancar a economia, investindo em infraestrutura e em
políticas sociais, está proibido de fazê-lo pelo obtuso ideologismo neoliberal que impede o poder
público de estimular a retomada da economia.

6 - O que estão fazendo com o Estado é justamente o contrário: é atrofiá-lo e sucateá-lo para fa-
vorecer ainda mais as elites dominantes e impedi-lo de cumprir novamente no futuro o seu papel
de indutor do desenvolvimento. Exemplo disso é o que vem sendo feito com a maior Empresa Es-
tatal, a Petrobrás, que outrora foi motivo de orgulho e fortalecimento da soberania nacional, nos
posicionando competitivamente no mercado internacional do petróleo. Hoje a Petrobras passa
por um processo de desmonte, com a privatização de seus ativos, mudanças da política de gás
com a abertura para as empresas internacionais, assim como a abertura de novas áreas do pré-sal
para as multinacionais.

7 - O resultado desse fracasso econômico é o aprofundamento da crise social, com alto nível de
desemprego, queda da renda média dos trabalhadores, crescimento da miséria e a volta do flage-
lo da fome, que havia sido erradicada no país. Esses fatores, unidos à uma política contracionista,
que dificulta a liberação de crédito, levam a uma acentuada redução no consumo das famílias, o
que torna ainda mais difícil a reativação do mercado interno.

8 - No campo político, segue o descaso do Governo com as instituições da democracia. O setor


judiciário encontra-se em progressiva descredibilidade, o governo trabalha para evitar que o STF
julgue a (in)constitucionalidade dos atos do executivo; o Ministro da Justiça, Sérgio Moro, encon-
tra-se no centro de um dos maiores escândalos internacionais que apontam sua parcialidade no
processo [político] que levou à prisão ilegal do Presidente Lula.

9 - Já é de conhecimento público que a operação criminosa montada entre procuradores do


Ministério Público Federal e o então juiz Sérgio Moro teve como objetivo interferir diretamente
no resultado das eleições de 2018. A instabilidade econômica e política do Governo leva a uma
tentativa de reorganização dos setores do centro e da direita, fiadores da Reforma de Previdência
que talhou direitos dos trabalhadores e população mais socialmente vulnerável do país. Soma-se
a isso, a opção do Governo Federal em repercutir preconceitos regionais e incitar ministros contra
entes da federação.

10 - Para o funcionamento das instituições democráticas brasileiras é necessário uma composição


harmônica entre Legislativo, Executivo e Judiciário. Um projeto de nação, que pense um novo
marco civilizatório ao país, deve ser capaz de olhar para o conjunto dessas instituições e apontar
os desafios para o seu funcionamento pleno. O que temos visto no Judiciário brasileiro nos acen-
de o alerta sobre a necessidade de discutir a revisão de seu funcionamento atrelado à manuten-
ção dos sistemas de desigualdade social e econômica.

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11 - O nordeste, com sua política de ampla aliança e enfrentamento ao antigo coronelismo, ga-
rantiu ao PT a vitória eleitoral em todos os estados da região. O perfil antidemocrático do atual
governo e a instabilidade econômica de sua condução levaram a uma atitude que deve ser en-
carada como o maior exemplo democrático de gestão da atualidade: o Consórcio do Nordeste,
embrião do enfrentamento “real” de problemas regionais em confronto com as ideais neoliberais
do governo federal. O Consórcio do nordeste, presidido pelo Governador da Bahia, Rui Costa,
tem como desafios resolver os problemas da seca extrema do sertão nordestino, que teve seus
períodos de políticas públicas nos governos do PT, e foram as primeiras políticas a serem extintas
pelo governo Bolsonaro. Prosseguir com os investimentos de infraestrutura, inovação tecnológica
e fontes de energia alternativas, que a partir do Nordeste, contribuíram para o fortalecimento da
soberania nacional; A mortalidade da juventude negra, o feminicídio e violências contra a popu-
lação LGBTQI+, que tem altos índices nesses estados.

12 - Na Bahia, vivemos o quarto mandato conduzido pelo PT, com uma extensa base aliada, que
no campo da política nacional transita na relação de interesses com o centrão e o governo fe-
deral. Mesmo nessa corda bamba da democracia, o Estado ainda se constitui num oásis político
e democrático, onde as demandas sociais encontram espaço institucional no Governo, a política
petista de atenção aos mais necessitados estão presentes, mas os interesses de uma base de coli-
são se chocam. O Estado da Bahia é ainda um dos que mais contribui para que o PT seja o partido
com maior bancada no congresso federal.

13 - Ainda sobre o estado, as primeiras estimativas relacionadas ao desempenho econômico da


Bahia apontam para um crescimento da economia de 1,8%, segundo dados da SEI em 2019. O
governador Rui Costa, em levantamento do Portal G1, é considerado o que mais cumpriu pro-
messas de campanha entre 2015 e 2018, sendo avaliado entre os melhores gestores do Brasil. Os
governos do PT na Bahia democratizaram o poder político no Estado e diminuíram a concentra-
ção da renda, os índices alarmantes de pobreza e desigualdades sociais, que através de políticas
de inclusão social, acesso ao crédito ao pequeno produtor rural, incentivo à pequena e média
empresa, proteção e promoção da cidadania e equipamentos de combate a violência (como o
Centro LGBT, a Ronda Maria da Penha ou o Centro de Referência Nelson Mandela), serviram para
nos colocar como modelo de governo para todo país.

14 - E é aproveitando a aprovação do Governo Estadual, reeleito com voto de 75% do eleitorado


baiano, que o PT da Bahia deve montar as estratégias para as eleições de 2020 e, posteriormente,
2022. Essas eleições não serão apenas locais. O Modo Petista de Governar e o Modo Petista de
Legislar devem estar na agenda dos nossos candidatos nas próximas eleições. É verdade que o
Golpe orquestrado pelos setores da extrema direita que hoje operam o poder a partir do Governo
Bolsonaro teve intenção clara de aniquilar o Partido dos Trabalhadores, mas demos a resposta de
que estamos vivos com o crescimento da filiação, com a manutenção juntos movimentos sociais
da maior vigília por um preso político já vista na história do país, e é em 2020 que daremos a
resposta definitiva, da nossa força e da nossa vocação ao poder.

15 - Essa é o sentido de criação do PT: disputar o Poder para a classe trabalhadora. Fortalecer o
Estado enquanto condutor de desenvolvimento do país e agente de combate às desigualdades,
provedor de bem-estar social.

16 - O PT deve reafirmar a sua estratégia de maioria, um dos elementos-chave do ideário do


partido, e dela extrair as necessárias consequências políticas e organizativas. Trata-se de construir
uma maioria consistente na sociedade, que se afirme como verdadeira hegemonia democrática
de ideias e valores, se queremos chegar novamente ao governo federal com efetiva sustentação
para promover as mudanças imediatas e históricas que são a própria razão de ser do PT. Mas sem
perder de vista a defesa do estado democrático de direito, da governabilidade e do desenvolvi-

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mento de todos os setores.

17 - Por isso, é necessário pensar estratégias que atraia o campo progressista e o centro político-
-democrático para a sustentação do projeto coletivo conduzidos por nós e construído em conjun-
to com os setores progressistas e movimentos sociais. É de extrema importância o fortalecimento
partidário e consolidação de alianças nas eleições municipais de 2020 que nos possibilitem acu-
mular forças para 2022. Só assim conseguiremos manter uma expectativa de poder institucional,
ao lado do nosso fortalecimento na sociedade, com os vínculos com os movimentos sociais e suas
reivindicações.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS COM ROUPAGEM NACIONAL


PENSAR 2020. SE PREPARAR PARA 2022

18 - As condições políticas e institucionais atuais do país apontam a prévia dos conflitos que
teremos nas eleições municipais de 2020. Enfrentaremos mais intensamente a desqualificação e
criminalização da política, e consequentemente, o enfraquecimento da democracia. O governo de
Bolsonaro e as forças de extrema direita que se aliam a ele buscarão, de todas as formas, insuflar
o antipetismo para poder atacar os direitos da maioria do povo bem como a soberania do país
em benefício do capital financeiro estrangeiro.

19 - A maioria das cidades brasileiras enfrentam situações muito difíceis desde o golpe. A política
econômica iniciada por Michel Temer e aprofundada por Bolsonaro, compromete significativa-
mente as finanças dos municípios, especialmente dos pequenos e médios, diminuindo a cada
dia a capacidade e o dever de investimento do Estado, desmontando as políticas voltadas à dis-
tribuição da renda, à diminuição das desigualdades regionais, à garantia da seguridade social,
dos serviços básicos como saúde, educação, segurança, além da previdência e assistência social,
além da ampliação da infraestrutura, do fortalecimento da agricultura familiar, da ampliação das
condições de acesso à cultura e à moradia. Além disso, as políticas de transporte, tratamento do
lixo, saneamento básico e condições de infraestrutura urbana, especialmente nas grandes cidades
tendem também a serem comprometidas ou mesmo sucateadas.

20 - Ao mesmo tempo o desmatamento e a destruição da biodiversidade, a ampliação do uso


de agrotóxicos nas plantações, a decorrente contaminação do solo e da água, comprometendo
os alimentos e a saúde da população em geral, anunciam o aprofundamento da degradação das
condições de vida da população, especial a trabalhadora nas cidades. O aumento da miséria,
dos preconceitos e da violência contra os indígenas, a população negra, especialmente aos jo-
vens, as mulheres, a população LGBTI+ e as crianças tendem a aumentar tanto quanto a difusão
do pensamento reacionário de inspiração fascista e classista. O ambiente social criado por essas
ideias e práticas podem alimentar ainda mais as soluções simplistas e autoritárias que permeiam
a sociedade.

21 - Neste sentido, é preciso entender que as próximas eleições municipais terão grande im-
portância para denunciar as políticas antipopulares e antinacionais do governo Bolsonaro, mas
também e, sobretudo, mostrar que há alternativa ao que está sendo feito. Ao apresentar nossas
propostas e políticas devemos recuperar as ações e políticas de nossos governos à frente de vá-
rias cidades e do governo do país para desmontar as falsificações e ataques contra as políticas
desenvolvidas. Mas, sobretudo, nossos programas devem buscar construir respostas e políticas,
em diálogo com a maioria do povo, para os problemas que afligem as pessoas e as cidades.

22 - Contudo, é necessário compreender que a composição de uma nova maioria está necessa-
riamente atrelada a nossa capacidade em apurar o olhar sobre a realidade social. A intersecciona-

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lidade, apresentada pelo feminismo negro a primeira gestão do Governo Lula, nos permitiu en-
xergar com maior nitidez realidades do povo brasileiro e com isso gestar políticas estruturantes,
afirmativas e reparatórias à sociedade brasileira.

23 - Recompor um horizonte da maioria da população significa hoje tomar um novo ponto de


partida do nosso olhar para as necessidades do povo brasileiro. As necessidades de mulheres,
negras(os), jovens, pessoas LGBTI+, sem-terras, sem-tetos, povos e comunidades tradicionais,
evangélicos, católicos, professores(as) e tantas outras posições sociais, são mobilizadoras de inte-
resses, opiniões e perspectivas de um novo Brasil, diverso e livre, construído a partir das políticas
democráticas dos nossos governos. Estas posicionalidades precisam ser o giro da nossa retomada
histórica. Este conjunto de perspectivas sociais precisam ser a matéria-prima do novo marco civi-
lizatório para o Brasil que derrotará a Nova Era fascista.

24 - Assim, buscando um desenvolvimento econômico, social e cultural sustentável, no qual me-


recerá destaque o compromisso com a geração de emprego e renda e a consideração do perfil
de realização do trabalho, nossos governos deve se empenhar em apresentar à sociedade, a ar-
ticulação de políticas de infraestrutura, de saúde, de educação, de cultura, de assistência social
buscando reconhecer e atender as necessidades distintas, fruto das brutais desigualdades que se
expressam nos plurais territórios de nosso estado, os quais mesmos deveriam ser sanados pelo
governo federal, mas que atualmente se encontra abandonado ou até mesmo extinto dessa atual
gestão federal.

25 - Nosso compromisso será o de discutir com a população, as cidades que queremos re/cons-
truir, nas quais os interesses do grande capital estejam subordinados as necessidades e possibili-
dades da maioria dos cidadãos, onde o espaço público seja fortalecido assim como a organização
e a participação ativa da sociedade, especialmente dos trabalhadores, trabalhadoras e setores
excluídos na decisão dos investimentos e das prioridades de cada localidade. Nossas cidades de-
vem abrigar a diversidade e o combate a todas as formas de discriminação.

26 - Nossas campanhas devem apontar caminhos de fortalecimento da articulação entre os muni-


cípios em nível nacional, estadual e territorial. Os consórcios e outros espaços similares podem e
devem ser ativados de maneira que se busquem soluções para aumentar a capacidade de finan-
ciamento dos municípios e a racionalização e cooperação de iniciativas.

27 - O PT enfrentará o desafio de participar das eleições lançando o maior número possível de


candidaturas a vereança, ampliando as candidaturas de mulheres, fortalecendo as candidatu-
ras de negros e negras, de jovens, LGBT’s e aquelas que representam a forca e o vigor das lutas
sociais. Procuraremos também construir alianças que permitam fortalecer o polo de oposição
democrática, comprometido com a defesa dos direitos, da realização da justiça social, e da sobe-
rania do país. Buscando sempre se aliançar com partidos políticos da esquerda e de linhas pro-
gressistas que possibilitem a reconquista do maior número de prefeituras no território nacional e
especial na Bahia, possibilitando também uma grande aliança e ampliando os horizontes para a
sucessão estadual de 2022 e dando assim impulso a nossa retomada ao poder máximo brasileiro
nesse ano também.

28 - O debate democrático e a participação popular na construção dos programas eleitorais deve


ser firme e vigorosamente defendido por nós em cada cidade do Brasil e da Bahia. Trata-se de
combater as fraudes, as manipulações, as práticas violentas, autoritárias, o abuso do poder eco-
nômico e o crescimento do discurso do ódio. Como afirmou o presidente Lula, nas urnas eleitorais
lutaremos para depositar esperanças de um município, de um estado e de um país melhor para
todos e todas.

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CULTURA, VIOLÊNCIA E TRABALHO NAS NOSSAS PERIFERIAS

29 - O genocídio de populações negras e empobrecidas encontra no sistema de justiça do nosso


país um aliado fundamental para manter estas pessoas ora encarceradas, ora mortas e injustiça-
das pela proteção que é ofertada aos algozes que as exterminam. Os arbítrios vistos no último
período contra Lula, nos dão apenas pistas sobre a existência de problemas mais profundos neste
poder constitucional, que impactaram diretamente no processo eleitoral e ocorrem diariamente
nas vidas pretas e pobres do país.

30 - O dispositivo da guerra às drogas tem servido a este modelo. Do ponto de vista moral, o
combate às drogas tem sido a justiça cativa para o extermínio ou encarceramento de pessoas pre-
tas e pobres. Do ponto de vista legal, ele serve à operação da seletividade penal. Esta tem a finali-
dade de controle sobre determinadas populações desde o Código Penal do Império e até os dias
atuais. Esse quadro fica nítido quando verificamos os dados e o per l das pessoas presas no país.

31 - O Brasil já tem a terceira maior população carcerária do mundo com mais de 700 mil pessoas
presas. Destas, 62% são negras(os). Quase 36% são presos provisórios, que aguardam julgamento
privadas(os) de liberdade. Em estados como o Ceará esse percentual de prisões provisórias chega
a ser de 63,6% segundo dados de 2019 do Banco Nacional de Monitoramento das Prisões (BNMP)
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

32 - O tráfico de drogas aparece como a segunda maior causa das prisões, representando 27%
delas. Quando separado entre homens e mulheres estas alcançam 62% desses crimes. Entre 2005
e 2016 o encarceramento feminino cresceu 698% e quase 54% das pessoas encarceradas têm en-
tre 18-29 anos. Esses números nos demonstram o quanto a guerra às drogas tem sido na verdade
uma guerra contra pessoas e um sofisticado mecanismo de manutenção do genocídio contra
mulheres, jovens, negras(os) e pobres.

33 - Ao falar sobre o extermínio de vidas não podemos deixar de considerar o fato de que o Brasil
é o país que mais mata Travestis e Transexuais no mundo. Foram 167 vítimas entre outubro de
2017 e setembro de 2018 segundo a ONG Transgender Europe. O segundo colocado, México,
teve 71 mortes e o terceiro, EUA, teve 28. Ou seja, nós matamos mais do que o dobro do segundo
país e oito vezes mais do que o terceiro país. Apesar deste cenário somente neste ano o Supremo
Tribunal Federal (STF) equiparou o crime de LGBTfobia com o de racismo, criando um ordenamen-
to jurídico capaz de tipificar essas violências.

34 - A divisão sexual está intrinsicamente ligada à polarização e hierarquização dos papéis pre-
estabelecidos para homens e mulheres, ou seja, com muitos privilégios masculinos e muitas res-
trições femininas (SCOTT, 2013). A participação das mulheres no universo político perpassa por
vários preconceitos. As relações de poder patriarcais negaram às mulheres toda e qualquer parti-
cipação nas esferas partidárias ao longo de muitos anos, assim como o não reconhecimento delas
como ser político, reforçando a imposição sociocultural em torno de suas obrigações no âmbito
das tarefas domesticas e do meio privado.

35 - O Brasil apresenta o pior índice entre os países sulamericanos e ocupa 152º lugar em re-
presentatividade de mulheres na política, segundo o IBGE. Esse dado, monitorado pela Inter-
-Parliamentary Union – IPU, mostra uma porcentagem ínfima de apenas 10,7% de mulheres no
parlamento brasileiro fazendo com que a nossa Câmara Federal seja formada majoritariamente
por homens, brancos e ricos. Não foi à toa que o golpe contra a primeira Presidenta da Republica,
Dilma Rousseff, eleita legitimamente pela maioria do povo brasileiro foi orquestrado e operado
por essa maioria de masculina e machista presente na nossa casa legislativa.
Diante da política desastrosa do Governo Bolsonaro as mulheres são os principais alvos na per-
da de um conjunto de direitos conquistados, com ataques constantes à sua participação nos
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espaços públicos. Exemplo disto são os projetos pela revogação da lei de cotas partidária ou de
criminalização das mulheres. Neste sentido, acreditamos que projetos como o Elas por Elas cuja
perspectiva é impulsionar a participação das mulheres nos processos eleitorais garantindo assim
assistência jurídica, contábil e de comunicação, torna-se um instrumento central no enfrentamen-
to a ordem patriarcal.

36 - O Decreto Presidencial nº 6040/2007 define Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs) como:


“grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas pró-
prias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição
para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos,
inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”.

37 - Citamos como exemplo os segmentos: Povos Indígenas, Povos de Terreiro, Povos Ciganos,
Comunidades Quilombolas, Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto, Comunidades Extrativis-
tas (Pescadores Artesanais, Marisqueiras, Quebradeiras de Côco Licuri, Geraizeiros, entre outros).
Essas populações esperam que o Partido dos Trabalhadores assuma sua principal pauta, que é a
conquista e/ou a defesa das Terras e Territórios cuja manutenção passa pela promoção da igual-
dade de direitos.

38 - Na Bahia, mesmo diante da crise financeira que atravessam os estados, com orçamentos
deficitários, há 12 anos os governos Wagner e Rui Costa realizam mudanças estruturais na vida
do povo baiano nas áreas de saúde, educação, agricultura, infraestrutura e combate à violência
contra negras(os), mulheres e LGBT (mesmo que com orçamentos reduzidos, por conta dos cortes
federais).

39 - Cabe ao PT da Bahia formular propostas que incluam cada vez mais essa parcela da popu-
lação na agenda do Estado. Os índices apresentados, falam por si e não deixam escondidos os
prejuízos que causam na economia nacional e estadual. Não existe projeto de poder do povo
que trate essas questões dentro de caixas segregadas e não as coloque no centro da construção
de um projeto de desenvolvimento.

40 - O PT mostrou nos último anos que é o Partido com capacidade de conduzir a institucio-
nalidade alinhando os interesses dos movimentos sociais que caminham com ele. A construção
coletiva que é marca deste partido, prossegue sendo o principal caminho para retomada de
poder e garantia da governabilidade. A estrela vermelha do PT é a que faz os olhos dos traba-
lhadores e trabalhadoras brilharem com a possibilidade de semear sonhos e colher uma vida
melhor para todos e todas. É com unidade na luta que construiremos um futuro melhor para o
Brasil novamente, e continuaremos mudando para melhor a vida do povo baiano. Mais unidade,
mais avanços. Lula Livre, já!

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CHAPA 410

DIÁLOGO E AÇÃO PETISTA


Representantes: Paulo José Riela, Hildete Farias e Vera Carneiro

Fortalecer o PT!
Não à Reforma da Previdência. Defender os direitos e a democracia, fim do governo Bolsonaro!
Reorientar a política do governo Rui Costa!
Lava jato é fraude! Lula livre já!

Companheiras e companheiros,

1 - O desemprego bate recorde, cresce a informalidade e cai o poder aquisitivo. O governo au-
toritário, antipopular e obscurantista de Bolsonaro aponta para convulsão social. Aprofunda-se o
estado de exceção promovido pelo judiciário e militares nas instituições de Estado que mantem
Lula preso.

2 - A resistência continua como visto em maio e na greve geral em junho com as organizações,
que o PT participou, contra Reforma da Previdência, os cortes na educação e destruição dos di-
reitos e da soberania.

3 - Todas essas mobilizações revelam a disposição de luta e resistência popular para virar o jogo.
Sem dúvida, essas mobilizações se integram a uma resistência mundial mais ampla, às vezes
explosiva, que, apesar de todas as dificuldades, desenvolvem a luta dos povos nas condições de
cada país – seja na Venezuela ou no México, na França ou na Argélia, agora em Honduras, para
ficar em alguns exemplos de resistência contra a política do imperialismo.

4 - Pois a realidade da crise do capitalismo - o regime da grande propriedade privada dos meios
de produção - leva, na lógica do mercado financeiro, a reduzir o custo do trabalho, a desregula-
mentar, privatizar, e agora “uberizar” a economia, com uma nova onda de desindustrialização e
um aumento do parasitismo. O que agrava a redução das despesas sociais e o sacrifício dos direi-
tos em nome do pagamento da dívida pública aos bancos, de um lado, e, de outro lado, fragiliza
os Estados nacionais que se quer reduzir apenas à tarefa de manutenção da ordem.

5 - A nossa base social, que vive no Brasil esse drama mundial, todavia começa a retomar a ini-
ciativa.

6 - Ela precisa do PT com uma direção unida sobre as questões vitais, e liberta de certas ilusões
políticas que podem ser mortais nesta conjuntura, para poder ajudar amplamente a sua auto-
defesa da sanha desse governo a serviço das corporações capitalistas, o qual só faz endurecer
cada vez mais destruindo empregos, atacando aposentadoria, reduzindo verbas da educação e

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fazendo crescer a violência.

7 - Mas para isso, o PT também tem que se capacitar na sua organização para o dia-a-dia das lutas
populares e não apenas para eleições, e assim se colocar à altura para resistir à perigosa degra-
dação institucional autoritária do regime. O que, ao mesmo tempo, se liga à reconstrução da sua
relação com os trabalhadores e o povo.

8 - Devemos nos apoiar nessa disposição de luta para virar o jogo!

9 - É possível a unidade partidária para reconstruir sua relação com os trabalhadores e o povo.

10 - Na Bahia o povo reelegeu Rui Costa (PT) de forma contundente, derrotando Bolsonaro e
aliados como ACM Neto (DEM) que só atacam direitos e conquistas. É preciso ouvir esse recado
e engrossar a resistência.
Defenderemos as conquistas obtidas com luta na Bahia durante os governos do PT como am-
pliação do acesso a luz e água, sobretudo no semiárido, pavimentação de estradas, consórcio
de saúde pública com ampliação de atendimentos e policlínicas. Mas, a Bahia não é uma ilha. O
governo Rui deve se apoiar na resistência popular das organizações e movimentos para ser uma
trincheira contra os ataques do governo federal. É o que espera o povo oprimido e a base social
que o reelegeu.

11 - O governador fez certo em não ir à inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista após


ofensas de Bolsonaro.

12 - Mas o que esperar desse governo senão ataques? É preciso combate-lo!

13 - Por isso, é inaceitável que Rui tenha defendido uma Reforma da Previdência e autorizado a
bancada baiana a negociar contrapartidas para votar a favor da PEC 06, quando a bancada do
PT votou contra o projeto, conforme decisão do partido. Direitos e conquistas não se negociam,
simplesmente se defende! É um redondo equívoco Rui dizer “posso cobrar mais 8% do servidor”,
cogitando aumentar outra vez a alíquota da previdência estadual que ele já aumentou em dezem-
bro de 2018 para 14%.

14 - É possível construir uma saída frente à pressão fiscal perversa da política de Bolsonaro que
atinge a arrecadação, diminui receitas, aumenta o desemprego e destrói as empresas públicas
como a Petrobrás. O governo deveria buscar renegociar dívidas com governo federal sem contra-
partidas de privatização e arrocho salarial e, sobretudo cobrar as dívidas dos grandes empresários
e diminuir os incentivos às grandes empresas. Essas medidas já seriam uma forma de ampliar
arrecadação.

15 - É preciso negociar salário com funcionalismo e não fechar canais de diálogo, tampouco dar
ordens e mandar a PM reprimir sindicalistas e estudantes como fez durante a greve docente em
junho, quando o próprio partido, a CUT, sindicatos e centenas de docentes apelavam por uma
saída negociada.

16 - É preciso atender a pauta dos trabalhadores ferroviários da Companhia de Transportes da


Bahia que reivindicam melhorias salariais.

17 - É preciso defender a universidade pública e não cobrança de mensalidade como fez Rui em
maio. Tá certo a JPT ao dizer que “Rui ignora as posições históricas do partido, têm que escolher
o seu lado”.

18 - É preciso ampliar concursos e investimentos públicos nas escolas e não fechar turnos e apoiar
16
militarização de escolas nos municípios.

19 - É preciso defender a Embasa e não privatizá-la, como denuncia o SINDAE “Parceria público
privada é privatização”.

20 - É preciso dar terra aos que nela trabalham e não interromper a Reforma Agrária como recla-
ma o MST.

21 - É preciso defender a vida dos jovens e dar fim ao genocídio da juventude negra promovida
pelo tráfico e pela PM em particular como denuncia o Movimento negro e a própria JPT.

22 - O partido deve ser mais ativo e cobrar que a política do governo seja reorientada. O gover-
nador precisa dialogar com setores sociais que o reelegeram e fortalecer o alicerce da resistência
para alimentar a contraofensiva. Ainda é tempo de mudar!

23 - É preciso o PT ter uma política ousada para 2020 lançando candidaturas próprias, onde pos-
sível, como já decidiu Feira de Santana, Terra Nova e outras. Isso deve acontecer o mais rápido
possível em Salvador, Camaçari, Conquista e outras tantas que é possível construir candidaturas
desde agora. É necessário formar uma frente anti-imperialista contra Bolsonaro e os golpistas,
sem o aliancismo sem porteira que só faz mal ao PT, como é o caso da experiência demonstra-
da nesta aliança com PSD de Otto Alencar e o PP de João Leão cujos parlamentares votaram na
Reforma da Previdência, na Reforma Trabalhista, apoiam a redução da maioridade penal e tantas
outras pautas contra o povo trabalhador. Defendemos alianças programáticas com PCdoB, PSOL
e setores do PSB, PDT e outros que defendam direitos e democracia.

24 - Apresentamos os pontos abaixo para ampla discussão da militância neste processo do 7º


Congresso:

1. Lutar contra o governo Bolsonaro: defender direitos e democracia.


2. Anulação dos julgamentos, LULA LIVRE JÁ!
3. Não às privatizações: reestatização Vale, retomar Pré-sal, defender Petrobrás, Correios e
bancos públicos.
4. Por um governo encabeçado pelo PT, com Lula livre: combater desemprego, desenvolver
mercado interno, restabelecer programas sociais, retomar investimentos na educação, saú-
de e moradia, revogar teto de gastos (EC 95), DRU, reforma trabalhistas e todas as medidas
de Temer e Bolsonaro.
5. Reforma do Estado: mudança radical nas instituições antidemocrática e cúmplices do
golpe. Reforma agrária, da mídia, jurídica, tributária, militar através da convocação da As-
sembleia Constituinte. Com conciliação não se avançou, adiou as reformas estruturais e deu
tempo ao inimigo.
6. Candidaturas próprias do PT onde possível em 2020: frente anti-imperialista contra Bol-
sonaro e golpistas, sem aliancismo sem porteira. Alianças programáticas com PCdoB, PSOL
e setores do PSB, PDT e outros que defendam direitos e democracia.
7. Aprofundar o caminho aberto pelo 6º Congresso na defesa do PT democrático e socialista.
8. Não a privatização da Embasa. Não as Parcerias público privadas.
9. Mais concursos públicos. Não a militarização de escolas e fechamentos de turnos.
10. Negociação real com servidores para discutir salário e carreira.
11. Retomar Reforma agrária.
12. Fim do genocídio da juventude negra.
13. Suspensão da dívida do Estado com o governo federal.
14. Cobrança imediata das dívidas dos grandes empresários. Redução das isenções às gran-
des empresas.

17
25 - São pautas que aprofundam as decisões do 6º Congresso do PT e, muitas delas, são oriundas
do Congresso Estadual do PT BA em maio de 2017.

26 - Respeitamos as regras do jogo que não criamos, o PED, cujo questionamento foi outra vez
remetido a um plebiscito futuro. Nós defendemos a volta dos encontros de delegados, como
mecanismo de deliberação e de eleição das direções.

27 - Estamos convencidos de que o PED enfraquece o partido num tipo de eleição que predomina
o clientelismo e o afastamento da base partidária das discussões, fazendo com que a maioria dos
filiados apenas ouça ecos do processo sem nele intervir de forma ativa.

28 - Não obstante, é preciso renovar os diretórios para que o PT se coloque à altura dos desafios.
Atualizar a compreensão da conjuntura, avaliar os acertos e erros da nossa trajetória nos gover-
nos para aprender com a experiência e não repetir erros. O PT BA deve as medidas corretas do
governo Rui e, preservar sua independência para divergir do que é errado.

29 - Somos defensores dos direitos constitucionais conquistados, mas não nos confundimos com
a defesa como tal da Constituição de 1988, contra a qual o PT votou e, emendada para pior, ba-
seia as instituições golpistas que mantem Lula preso.

30 - É preciso investir na construção partidária, retomar núcleos e renovar organização partidária


sem secundarizar questões relativas às Mulheres, LGBTs, sindical, formação e comunicação. Neste
sentido, apresentamos as sugestões abaixo:

- Apoiamos a proposta da JPT ser reconhecida como organização partidária de juventude


autônoma.
- Apoiamos proposta de uma Secretaria Negra que amplia a luta da questão negra além do
combate ao racismo.

31- É possível vencer as batalhas se apoiando na resistência que deve continuar após o sinal po-
sitivo das ruas em maio e junho.

Renovamos o chamado a mais ampla unidade possível por uma plataforma à altura dos desafios.

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CHAPA 420
A ESPERANÇA É VERMELHA, LULA LIVRE!
Representantes: Jorge Braga, Silvia Fernandes e Cristiano Cabral;

Com Lula livre e na defesa dos trabalhadores do Brasil: coerência e compromisso na mudança
que o PT precisa!

Texto para debate, elaborado a partir de discussão inicial realizado entre a Articulação de Esquer-
da, Esquerda Unida e militantes do movimento social.

Tempos sombrios marcam a vida da classe trabalhadora e de todos os que lutam por liberdade,
democracia e uma sociedade mais igualitária. Nessa quadra histórica a conjuntura se desenha de
maneira desfavorável tanto a nível internacional quanto nacional.

No plano internacional temos o surgimento de governos de extrema-direita e o recrudescimento


de movimentos xenófobos ao redor de todo o globo. É assim na Hungria, nos EUA e na Indoné-
sia, onde a extrema direita chegou ao governo, mas é assim também em países onde novos (ou
velhos) organismos partidários de extrema-direita passaram a ser considerados atores políticos
relevantes na conjuntura, como é o caso de Marine Le Pen na França que tem reais chances de
vitória nas próximas eleições ou do partido de extrema direita VOX da Espanha que reivindica
sem pudor o legado da ditadura Franco. Por todos os cantos a impressão que se tem é a de que
dos escombros da crise de 2008 surge um sistema de dominação social cada vez mais autoritário,
violento, racista e misógino.

No Brasil, desde o golpe de estado de 2015 enfrentamos um governo ilegítimo que implementou
tremendos retrocesos para o país como o teto de gastos para o orçamento primário e a reforma
trabalhista. Assim como também tivemos a prisão da maior liderança popular que esse país já
teve. Dessa maneira, em razão do golpe e da prisão de Lula, a eleição de Bolsonaro, com seu con-
junto de incertezas e retrocessos nas mais diversas áreas da ação do Estado, impôs um conjunto
de desafios aos movimentos sociais e às organizações políticas, que hoje são responsáveis por
conduzirem a resistência ao projeto perverso de poder que marca esse (des)governo.

Afinal, a chegada desse grupo ao governo, que representa o pensamento da extremadireita e de


políticas ultraliberais, não tem outro significado senão o aprofundamento do golpe de 2016 e o
projeto de criminalização das esquerdas, a começar pelo Presidente Lula e suas principais lide-
ranças.

Diante do urgente desafio de defender a classe trabalhadora, seus direitos e sua própria existên-
cia, enquanto agente político desse país, é que conclamamos os e as militantes, filiados e filiadas,

19
e todas e todos que estão nas ruas lutando contra o golpe e pela liberdade do Presidente Lula e
que se referenciam no Partido dos Trabalhadores, principal organização política de esquerda no
país, a se somarem no processo de construção política do 7º Congresso Nacional.

Realizamos esta convocação para que todas e todos participem ativamente do processo de cons-
trução do congresso do PT, por entendermos que a luta contra a ofensiva golpista, pela libertação
do Presidente Lula e por todos os nossos direitos que estão ameaçados, passa, necessariamente,
pela posição e atuação do Partido dos Trabalhadores nessa conjuntura.

A tendência Articulação de Esquerda, o Coletivo Esquerda Unida, demais militantes petistas, todas
e todos que estão nas ruas desde 2016, atuantes em comitês e movimentos sociais da cidade de
Salvador, estão unidos programaticamente e possuem legitimidade política para participarem
desse processo e, portanto, podem e devem contribuir para que o Partido dos Trabalhadores
possa voltar a ter protagonismo político nas lutas que precisamos travar em todo o país.

Nosso compromisso é promover a transformação necessária, fazendo das ruas um espaço de


construção partidária, nosso verdadeiro gabinete e palco das nossas lutas. Compreendemos por-
tanto que na atual conjuntura, com a mobilização vitoriosa do dia 15 de maio, abriu-se uma opor-
tunidade histórica para derrotarmos a reforma da previdência e com isso derrotar em conjunto
o capital financeiro, o oligopólio midiático e o governo Bolsonaro. Para tanto, temos clareza que
essa janela histórica só se realizará concretamente se colocarmos muita energia na mobilização
em defesa da educação convocada pela UNE do dia 30 de maio e na greve geral do dia 14 de
junho.

No segundo semestre deste ano, 2019, teremos uma importante página na história do PT. Fruto
da pressão dos militantes e de uma ação conjunta de dirigentes das mais diversas tendências, o 7º
Congresso já é uma realidade na vida partidária, sendo um processo mais que fundamental para
dialogarmos acerca das mudanças que são fundamentais para o PT que precisamos.

Por meio do PED (Processo de Eleições Diretas), teremos a oportunidade de eleger as direções
municipais e estaduais e os delegados para a etapa nacional do encontro. Em tais eleições, qual-
quer militante que for filiado até 8 de junho de 2019 estará apto a participar. Nessa conjuntura
que nos desafia a mobilizar a classe trabalhadora e o povo pobre para derrotar aqueles que ilegi-
timamente tomaram o governo, é de fundamental importância, mais do que nunca, que todas e
todos que esperam que o Partido dos Trabalhadores atue como um partido de massas, democrá-
tico e de luta, participem, para que o partido esteja ao nosso lado nas ruas e nas lutas.

Elencaremos os principais pontos que orientam nossa posição política no interior do debate so-
bre o PT que queremos e, desde já, convidamos você, petista ou militante que luta ao nosso lado,
que deseja um partido socialista, presente nas lutas da cidade e sem conciliação de classes, a se
somar conosco na luta por um partido da classe trabalhadora, de massas, radicalmente democrá-
tico e presente nas lutas cotidianas dos trabalhadores e do povo.

CARTA-MANIFESTO

1- A derrota eleitoral de 2018, além de ser um indicador do aprofundamento do golpe de 2016,


representou também a falência da estratégia de conciliação de classes, do republicanismo, da
crença infundada no estado de direito, principais pilares da construção política petista dos últimos
anos. A derrota desse modelo impõe a necessidade de darmos alguns passos atrás na história,
num esforço de recuperação da lógica política que criou e transformou este partido no principal
expoente da esquerda brasileira e latino-americana. A sobrevivência do PT depende de seu retor-
20
no às bases, num processo de diálogo firme entre suas estruturas e a classe trabalhadora do país.
2 - A conciliação, contudo, apresenta uma vitalidade no cenário estadual, no qual deu sinais de
ter chegado ao seu ponto máximo no processo eleitoral de 2018. Apesar da expressividade dos
números eleitorais de Rui Costa e Haddad na Bahia, o resultado da eleição e os acordos políticos
realizados antes, durante e depois desta foram caracterizados pelo aumento da expressividade
dos partidos de centro-direita e direita na base governista, especialmente o PSD e o PP. Diante
da já manifesta tática do governador em buscar sustentar sua base eleitoral, especialmente com
relação a este setor, a negação da conciliação só ocorrerá por meio de um partido de lutas, que
seja capaz de construir sua governança também nas ruas, sendo capaz de ser uma alternativa po-
lítica consistente nas próximas eleições municipais e estaduais. Não podemos mais admitir que o
PT seja um partido submetido aos interesses e políticas do governo, principalmente quando essas
contrariam o programa do partido.

3 - Não há dúvidas de que o PT da Bahia é uma das maiores forças políticas do Estado. Não so-
mente por ser governo, sua estrutura conta com uma importante presença na capital e no interior,
fruto de uma grande militância presente em diferentes espaços de construção política. Nesse
sentido, silenciar-se sobre os equívocos de medidas do Governo Rui com o povo baiano significa
recusar-se a participar de uma oportunidade histórica de refletirmos sobre a aplicação do projeto
político que defendemos. Estar à frente do governo não significa fechar os olhos para os erros co-
metidos pela gestão. Impor mudanças desfavoráveis na previdência aos servidores estaduais, cor-
tes massivos orçamentários nas universidades estaduais, não constituir diálogo com movimento
de greve dos trabalhadores, defender militarização nas escolas, promover a terceirização irrestrita
no sistema de saúde do estado, e aprofundar a mesma estrutura conservadora de segurança
pública, são exemplos de equívocos que distanciam o Governador do projeto de transformação
social que devem ser os governos petistas. Queremos um governo petista que reestruture nossas
cidades baianas, mas também seja referência nas políticas de saúde, educação, direitos humanos
e tantas outras pautas que significam o modo Petista de governar.

4 - É no diálogo entre as conjunturas nacionais, estaduais e municipais um dos primeiros desafios


do PT no futuro próximo já está colocado. A significativa derrota política de ACM Neto nas elei-
ções de 2018 em seu reduto político colocou a candidatura DEMista em xeque. Indícios de frag-
mentação de sua base já são evidentes por meio das articulações políticas entre setores de direita
e extrema-direita. Nesse sentido, é dever de uma direção municipal petista defender um nome
para as próximas eleições municipais. Uma candidatura orientada por um programa que seja ca-
paz de ter na defesa da classe trabalhadora, na gestão da cidade que prioriza a grande maioria
negra e periférica da sua população, que dialogue permanentemente com os movimentos sociais,
e que expresse o seu compromisso com a luta pela liberdade do Presidente Lula e a construção
de uma nova alternativa para o país, são algumas de suas principais bandeiras.

5 - Diante dessa nova conjuntura, o congresso do Partido ganha importância para reorientar a
ação partidária, seu programa e sua estratégia. É necessário realizar um balanço crítico acerca
do último período, apontando acertos, mas também os erros cometidos por nossos governos. O
debate político interno também deve reafirmar a defesa da democracia partidária e da represen-
tatividade, por meio de política de cotas e paridades em nossas direções. Como um partido de
trabalhadores, somos brancos, negros, indígenas, LGBTs, mulheres, homens, jovens e mais velhos.
Queremos construir um PT com a cara do Brasil.

6 - Enquanto principal força política da esquerda brasileira, devemos lutar para que nossas ações
sejam coerentes com aquilo que se espera de um partido como o PT. É por isso que defendemos
um profundo processo de formação política, envolvendo desde os militantes mais recentes, mas
também nossos parlamentares e governadores. Desta maneira, estaremos preparando nossa base
para os desafios impostos por uma conjuntura adversa e nossos representantes para que exerçam
seus cargos com responsabilidade e compromisso com as bandeiras do partido.
21
7 - Capital nacional da informalidade, alvo da violência urbana e de problemas relacionados à
infraestrutura, com a grande maioria de sua população abandonada pelo poder público, ao mes-
mo tempo em que o poder econômico por meio da prefeitura transforma a cidade em fonte de
produção de riquezas, com privatizações de áreas públicas e obras de grande porte, enquanto na
periferia a população convive com falta de saneamento básico, educação e saúde de qualidade,
coleta de lixo, espaços de cultura e lazer, transporte de qualidade, entre outros. Elaborar coletiva-
mente um programa que garanta a população da periferia o direito a cidade é fundamental para
a organização e o fortalecimento do PT na cidade. Nesse sentido, o PT municipal que queremos
é aquele que esteja presente visivelmente nas lutas dessa cidade, seja por meio de uma atuação
forte nos bairros, seja também pela articulação entre nossas representações políticas e as comuni-
dades. Aproximar mais o partido da metrópole é um dos passos fundamentais para conseguirmos
dar uma virada no sombrio contexto que nos atinge diariamente.

8 - No entendimento que a luta por Lula Livre é fundamental para a recuperação de um projeto de
transformação social, articular as ações de rua e diálogo com a população deve ser prioridade de
uma direção municipal petista. A luta pela liberdade do ex-presidente não está nos tribunais, mas
sim na verdadeira arena das grandes cidades e da opinião pública. Assim, este será um elemento
estruturante de nossa práxis política para o próximo período da história do PT. A população da
nossa cidade sabe que a prisão do Presidente do Lula ocorreu única e exclusivamente para eleger
o Bolsonaro e aprofundar a retirada de direitos sociais e trabalhistas. Por isso mesmo é que não
podemos, em momento algum, dissociar a luta em defesa da previdência social e pública, contra
os cortes no orçamento da educação, por exemplo, da luta pela imediata libertação do Lula.

9 - Sob o ideal de construção da uma unidade sem comprometer a diversidade, somos uma alter-
nativa política que busca dialogar com as diferentes temáticas que hoje compõem o debate pú-
blico nacional. Assim, a mudança que o PT precisa deve estar aberta às discussões e construções
políticas nas mais diversas áreas, como gênero, ecologia, educação, mobilidade urbana, direito à
cidade, etc. Um partido do tamanho do nosso não pode estar ausente de nenhuma grande ques-
tão que faça parte da realidade de nossa cidade, de nosso estado ou de nosso país.

10 - A questão organizativa central é nosso diálogo e enraizamento junto às classes trabalhado-


ras. Esse desafio passa por políticas de comunicação de massas e pela construção de núcleos de
base, enraizando o petismo nos locais de trabalho, estudo e moradia. O PT também deve investir
em novas formas de diálogo com a população, precisamos jogar peso nas agendas dos comitês
de luta em pontos-chave da cidade, ampliando nossa atuação para as periferias para construir-
mos no dia a dia a referência de um partido mais das ruas e menos dos gabinetes.

11 - Um partido capaz de lutar exitosamente contra o golpismo deve ser militante e de combate,
com direções e organismos de base vocacionados para organizar a luta cotidiana do conjunto
da classe trabalhadora, capazes de defender um programa de reformas estruturais articuladas
com o socialismo, preparados para implementar uma estratégia de luta pelo poder, dispostos a
fazer uma oposição radical ao governo de extrema-direita, nacionalmente e em nossa cidade. Um
partido que tem como única e principal preocupação a disputa eleitoral e institucional, que só
funciona em anos pares, cujas instâncias não organizam a intervenção partidária no dia a dia da
luta de classes, um partido exclusiva ou principalmente eleitoral não irá contribuir para a derrota
do golpismo e muito menos para a luta pelo socialismo no Brasil.

12 - Diante da verdadeira crise de representatividade vivida atualmente pela sociedade brasileira,


deve ser dever do PT estar a serviço daqueles e daquelas que ainda acreditam ser possível mudar
o país. Nesse sentido, organizar campanhas de filiação é uma ação urgente. No interior dessa
política, buscaremos também apresentar o partido à população, no esforço de evidenciar a sin-
gularidade do PT com relação a muitas legendas que compõem as estruturas políticas brasileiras.

22
13 - Para resistir, para derrotar a coalizão golpista, vamos precisar de uma nova estratégia, ba-
seada na premissa de que há interesses antagônicos em conflito. Uma nova estratégia que nos
permita trilhar um caminho que nos leve não apenas a uma vitória eleitoral, mas ao poder e ao
socialismo. E vamos precisar de um Partido organizado e disposto a vencer a guerra que a classe
dominante deste país abriu contra nós. Queremos um PT que ocupe as ruas e faça frente aos
“tempos de guerra”.

Conclamamos assim toda a militância petista para as mobilizações do dia 30 de maio e dia 14 de
junho e a somarem fileiras na disputa por um PT de massas e socialista junto à nossa chapa rumo
ao 7º Congresso do PT em 2019.

A esperança é vermelha!

23
24
CHAPA 440

RENOVA PT: DEMOCRACIA E LUTA


Representante: Elisangela dos Santos, Neusa Cadore, Maria Del Carmen;

“Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.”

Cecília Meireles

CENÁRIO POLÍTICO NO BRASIL E NO MUNDO

1 - Vivemos tempos de transformação intensa no mundo. As relações entre capital e trabalho


ganham novos significados em alta velocidade, a revolução tecnológica transforma as dinâmicas
sociais ao tempo em que aprofunda a concentração de riquezas a patamares inéditos. Combinada
a essa agenda, vemos o crescimento de movimentos políticos nacionalistas, com viés autoritário
e a elevação da intolerância, da opressão e da repressão.

2 - No Brasil o cenário reflete a desordem mundial do sistema internacional e, em algumas dimen-


sões, é até pior. Pois a ascensão da ultra-direita ao governo nacional, em 2018, resulta no apro-
fundamento da crise; na desconstrução das políticas públicas; no corte de direitos trabalhistas,
sociais e ambientais; e na privatização do Estado. Vivemos em um cenário preocupante para o PT,
o Campo Democrático e todos que defendem a soberania nacional. E esta realidade só pode ser
ultrapassada com a derrota do governo Bolsonaro e as suas políticas nefastas.

3 - É preciso mobilizar as forças vivas da sociedade – sindicatos, associações, escolas, universida-


des, igrejas, câmaras municipais, órgãos profissionais, prefeituras, quilombolas, assentados, co-
munidades indígenas, grupos culturais, etc – para um cenário de enfrentamento com as políticas
antissociais e entreguistas que o Governo Federal implementa. O aprofundamento da agenda
Guedes-Bolsonaro certamente nos levará a tensões permanentes e mobilizações populares cres-

25
centes, nas ruas e nas redes. É preciso colocar as greves, protestos, as mobilizações de rua e das
redes na ordem do dia, lado a lado com as eleições de 2020 e 2022.

A BAHIA E O NORDESTE NA TRINCHEIRA DA RESISTÊNCIA

4 - Mesmo após o GOLPE que derrubou o legítimo Governo Dilma, e o nítido reforço da presen-
ça dos interesses econômicos norte-americanos e do grande capital internacional, que alterou a
correlação de forças no país, a Bahia e o Nordeste permaneceram como trincheira democrática
da resistência. Inspirados na Era Lula, investindo em políticas públicas, no desenvolvimento e na
justiça social, sem perder a capacidade de gerar emprego, renda e de atrair novas obras e inves-
timentos, os Estados do Nordeste, reunidos no inédito consórcio regional, seguem como contra-
ponto ao desmantelo do Governo Bolsonaro e marcam posição enquanto foco da alternativa real
de poder no país.

5 - As eleições dos companheiros Jaques Wagner e Rui Costa, todas em primeiro turno, tornaram
a Bahia um exemplo do modo petista de governar que trouxe expressivos resultados para os indi-
cadores do nosso Estado, melhorando substancialmente a vida dos baianos, sobretudo, dos que
mais precisam.

6 - Importante ressaltar que esta exitosa experiência teve a estratégia e o programa gestado no
interior do PT, discutido e consolidado em fóruns de massa, constituídos por representantes de
entidades da sociedade civil organizada e, simultaneamente, na frente constituída pelos partidos
aliados para a disputa eleitoral de 2006 – consolidado no Novo Modelo de Desenvolvimento que
foi anunciado pelo então governador Wagner em sua posse.

7 - Garantir a continuidade do projeto político que vem mudando a vida das baianas e baianos,
com protagonismo do PT, e ampliar a forte presença no cenário nacional que a Bahia já tem, é
tarefa central para a nova direção partidária.

RUAS, REDES E URNAS: OS DESAFIOS DO PT DA BAHIA PARA 2020 E 2022

8 - O PT deverá reassumir o protagonismo político no Estado, junto com as lideranças de Rui


Costa e Jaques Wagner, no comando da coalizão política e de Governo, e aprofundar as lutas da
classe trabalhadora e do povo pobre em toda a sua diversidade – mulheres, negras e negros, in-
dígenas, LGBT, juventude, etc – e colocar a nossa força institucional a serviço dessas lutas.

9 - Caberá ao PT, a partir de uma ampla unidade interna, reafirmar sua identidade política e seu
papel protagonista – sem arrogância ou presunção. Com firmeza política, deve também afirmar
rumos, dialogar com o Governo do Estado e fazer a interlocução altiva com os partidos aliados
com vistas as eleições municipais de 2020, e estaduais de 2022.

10 - O cenário de enfrentamento às políticas antissociais e entreguistas que o Governo Bolsonaro


implementa estará inevitavelmente no contexto político das eleições nos municípios. O grau de
exposição desta pauta deve variar conforme a realidade local, mas o PT deve aproveitar para fazer
o debate público das políticas nefastas que retiram direitos e empobrece a população. Neste con-
texto devemos nacionalizar a disputa eleitoral em 2020. Sem deixar de apontar soluções criativas
e inovadoras às questões locais, o PT da Bahia deve contextualizar em cada município o efeito
destruidor das políticas federais na cidade e no campo.

11 - Para isso, o PT da Bahia deve colocar o programa político de emancipação popular, de pro-
26
moção do bem estar social, como premissa para a composição das alianças. Defender o legado
dos governos Lula e Dilma, defender o legado do governo Wagner, defender o governo Rui, são
elementos fundamentais para a composição em 2020. O bolsonarismo, e sua aliança local com o
DEM, devem sair fragorosamente derrotados das eleições. 2020 está umbilicalmente conectado
com 2022. Portanto, o pleito de 2020 deve estar voltado para o crescimento do PT, a afirmação do
seu protagonismo na Bahia e a consolidação do campo político liderado por Rui Costa e Jaques
Wagner.

12 - Por fim, mas não menos importante, nesta caminhada, é de fundamental e inestimável im-
portância intensificar e ampliar a luta pela liberdade de LULA, por tudo que significa na alteração
da correlação de força. A liberdade de LULA é a possibilidade de ver nosso projeto de um país
independente, justo e inclusivo novamente livre e possível.

PARA OS NOVOS DESAFIOS, UM NOVO PT NA BAHIA

13 - Na atual quadra da política, onde a ultradireita se fortaleceu no Brasil e a nível mundial, temos
que reavaliar nossas estratégias, nossas táticas e, sobretudo nossa prática. Temos que fortalecer
o companheirismo e a solidariedade, engrandecendo nosso partido, respeitando a militância e
democratizando ainda mais a vida partidária. Precisamos, de maneira urgente, sair do atual imobi-
lismo e movimentar o partido, fomentar a luta política, renovar nosso fôlego interno. Aprofundar
a sua democracia interna está na ordem do dia, pois é na nossa pluralidade e diversidade que
residem a força e a vitalidade do PT. É preciso renovar o PT.

14 - Para cumprir essas tarefas vamos construir um novo método de direção em nosso estado.
Uma direção colegiada, que fortaleça e dê vida às instâncias partidárias, criando um novo pacto
de governabilidade, evitando a divisão partidária em frações, mas que, ao contrário, seja a uni-
dade das forças políticas. É preciso o exercício da democracia para tomar decisões, unidade para
executá-las. A direção partidária deve ser dinâmica e democrática, pautada no respeito às normas
e regimento internos, na coerência e no respeito aos dirigentes, aos militantes, ao partido.

15 - Em um país cujas estruturas políticas são elitistas e reproduzem sua tradição oligárquica,
escravagista e opressora, temos o desafio partidário de renovar a possibilidade de representati-
vidade efetiva dos negros, das mulheres, dos jovens, da cidadania LGBTQ, dos mais pobres, das
periferias, da zona rural, da classe trabalhadora.

16 - Precisamos renovar nossos processos internos de formação política, de gestão coletiva da


administração e das finanças, revigorar nossos mecanismos de participação e decisão, inclusive
com o uso de tecnologias de informação, que democratizem os modelos de participação das ins-
tâncias partidárias. Uma renovação não apenas teórica, mas também prática, de método, que se
concretize em compromisso real com os valores democráticos e socialistas.

17 - Neste sentido, o diálogo geracional ganha papel fundamental. Por isso apresentamos os no-
mes dos companheiros Éden Valadares e Emiliano José como uma síntese deste encontro entre
gerações, capaz de resgatar o legado dos nossos valores e renovar a vitalidade do nosso projeto.

18 - O PT constituiu-se como um partido de Esquerda, Socialista, Democrático e como um partido


de tipo novo, é e justamente nas suas melhores tradições que iremos produzir a sua renovação.

27
13 PONTOS PARA RENOVAR O PT:

- Retomar a regularidade dos encontros das instâncias partidárias, instituindo dinâmicas de


participação mais democráticas e respeito às decisões coletivas.

- Retomar o funcionamento da Comissão Política, conforme regulamentado pelo DN, onde


as decisões sejam, obrigatoriamente, consensuais e constituir o Grupo de Trabalho Eleitoral
– GTE Estadual para acompanhamento das eleições municipais desde já.

- Valorizar os Setoriais, sua construção política e diálogo com os movimentos sociais;

- Promover a regionalização, política e de organização, das ações do PT, contemplando a


diversidade dos Territórios de Identidade do Estado.

- Fortalecer e apoiar a atuação dos Diretórios Municipais.

- Construir e implementar uma política para Secretaria de Assuntos Institucionais, com


acompanhamento sistemático das ações políticas dos parlamentares do PT e o diálogo com
os nossos governos.

- Criar uma política de modernização do PT, com a utilização de tecnologias que permitam
a participação direta dos filiados nas decisões da direção estadual.

- Desenvolver uma nova Política de Comunicação que priorize a formação de redes de pro-
dução e disseminação de conteúdo.

- Dar transparência às finanças e democratizar a gestão dos recursos materiais e humanos


do PT da Bahia.

- Fortalecer a política de cotas e renovação da direção partidária, estabelecendo papéis


políticos estratégicos para as mulheres, negros e jovens dirigentes nas instâncias partidárias.

- Intensificar a formação política do PT no Estado, fazer parceria com a Escola Nacional de


Formação e a Fundação Perseu Abramo, não restrita somente aos filiados, mas aberta aos
simpatizantes do PT em geral.

- Criar a Secretaria de Relações Internacionais do PT, tendo em vista o caráter global das
relações sociais contemporâneas e as suas consequências no cotidiano dos trabalhadores.

- Estabelecer como meta a constituição de Diretórios Municipais em todas as cidades


da Bahia, por meio de uma ampla campanha de filiação e organização partidária.

28
CHAPA 470

OPTEI: LUCINHA PRESIDENTA, LULA LIVRE!


Representantes: Gabriel Oliveira, Danielle Ferreira e Lucineia Durães

POR TODOS OS SONHOS, POR TODAS AS LUTAS!

CONJUNTURA NACIONAL: DERROTAR O BOLSONARISMO EM DEFESA


DOS DIREITOS DO POVO

1 - Após seis meses de governo, Bolsonaro nada tem nada de positivo para oferecer ao país, em
geral, e à sua base, em particular. E lembremos que desde meados de 2016, o país é governado
pela mesma racionalidade: “menos” Estado e menos regulamentações; o que supostamente atrai-
ria investimentos externos e liberaria os internos.

2 - Bolsonaro recebeu um país com uma legislação trabalhista bem flexibilizada, com ênfase no
incentivo às terceirizações, com a desestruturação dos sindicatos dos trabalhadores, com várias
medidas que desregulamentavam fiscalizações nas atividades produtivas, ampliando o uso de
veneno na agricultura, com restrições orçamentárias de recursos para a saúde, para a educação,
meio ambiente etc. Enfim, Bolsonaro subiu a rampa do Palácio do Planalto já no atalho da “Ponte
para o futuro”.

3 - Há três anos que um projeto de economia vem sendo implantado no país. O que o atual gover-
no faz é tentar aprofundá-lo, legitimado pelos votos em 2018. Como já dito, tal projeto se ampara
no velho mantra liberal de que “menos Estado” corresponde a “mais investimentos privados”. E,
via de consequência, mais empregos seriam gerados. Era previsível que nada disso aconteceria: a
começar pelos supostos seis milhões de empregos da dupla Temer/Meirelles, que brotariam com
a flexibilização das regras de contratação de trabalhadores pelas empresas. A propaganda enga-
nosa da ocasião era de que os direitos e as supostas amarras da legislação trabalhista impediam
mais ousadias de empresários, investidores e poupadores.

4 - Com a sanção das Leis 13.429/2017 (lei da terceirização) e 13.467/2017 (reforma trabalhista,
o ano de 2017 entrou para a história.” Essa frase ufanista do jornal O Globo saudava, à época do
golpista Temer, o advento de duas das ferramentas que prometiam o paraíso aqui na terra cha-
mada Brasil. Somadas às cláusulas do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) imposto aos estados
endividados, que incentivavam privatizações, a diminuição de gastos públicos em áreas sensíveis
para as populações mais vulneráveis, arrocho salarial, demissão no serviço público, restrição de

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novos concursos, as leis acima criariam um ambiente favorável para o novo governo.
5 - Portanto, em meados de 2019 já seria tempo de se anunciar a colheita de frutos e perspectivar
o futuro. E o que temos? O despencar do investimento e dos gastos federais não obrigatórios
em escala assustadora e uma estabilização das altas taxas de desemprego em 13%, estabilização
esta ancorada em ocupações precárias e com evidente baixa de remuneração. Temos 14 revisões
sequenciais de queda do PIB em 2019. Desce a níveis exorbitantes o faturamento real da indústria.
Segundo critérios do Banco Mundial, a pobreza cresce para cerca de 55 milhões de homens e
mulheres no país (em 2016 o número era de 52,8 milhões). Ou seja, não há sinais de que as medi-
das da “Ponte para o futuro”, aprofundadas por Bolsonaro, possam cumprir as promessas liberais:
gerar desenvolvimento a partir de uma quimera do século XIX, que é a enganosa apologia ao livre
mercado. Numa palavra: estagnação.

6 - A crise social tende a se agravar. A desqualificação de qualquer esforço de produção cientí-


fica e tecnológica, as privatizações ocorridas, as liberações agrotóxicos, as desonerações fiscais
anunciadas (carentes de planejamento), os privilégios mantidos na proposta de reforma da previ-
dência, o massacre previdenciário sobre a base da pirâmide social e todas as trapalhadas da área
econômica comandada por Guedes provocarão fissuras nessa barragem de rejeitos que se tornou
o governo Bolsonaro. Seu colapso, se não é iminente, é previsível. O ex-capitão não vai entregar,
aos estratos estratégicos da burguesia, o que Guedes prometeu e eles esperavam. A reforma tri-
butária não sai porque esses setores estratégicos do grande capital não chegam a um consenso.
Por seu lado, Bolsonaro não pode investir no combate à sonegação fiscal. Sobra, portanto, para
os truques de ilusionismo da plateia, a contrarreforma previdenciária, como pedra filosofal da
crise. Esta já nasce falida politicamente, em face das concessões feitas aos militares, ao judiciário,
ao Legislativo e aos estratos aburguesados do próprio Executivo, cujos “direitos adquiridos” des-
moralizam o discurso de equidade na distribuição dos sacrifícios. As camadas médias começam a
se inquietar. E o aumento da miséria no meio do povo traz de volta a fome, a carestia, hordas de
sem-casaspara “morar” nas ruas e praças, a precarização dos transportes públicos, dos serviços de
saúde, da educação, da própria segurança.

7 - Contudo, o rebatimento dessa situação econômica vem de forma lenta na política. A oposição
democrática e de esquerda ainda investe na reorganização de suas forças e redefinição de sua
estratégia. Nesse sentido, os principais problemas do governo Bolsonaro são suas contradições
internas. O núcleo econômico tem sido incapaz de dialogar com sua base parlamentar no Con-
gresso. Esta base, que não abre mão do fisiologismo, da demanda por cargos e espaços onde tra-
dicionalmente podem extorquir empresas e ramos de produção, tem sido o principal contraponto
ao governo central. Descontando manifestações de vaidades pessoais aqui e acolá (como as pro-
tagonizadas pelos filhos do presidente), essa crise do Governo Federal com o Congresso reflete
as contradições e interesses econômicos bancários, industriais, de serviços e do agronegócio.
Perpassadas por ligações externas de cada um desses quatro setores e seus conflitos exógenos,
sobre os quais não se tem controle no Brasil, as contradições originadas nas disputas pela riqueza
nacional afloram em cada emenda legislativa às proposições do governo. E o preço da aprovação
de seus principais projetos não é outro que não o desembolso imoral de emendas parlamenta-
res. Ou seja, a velha e tradicional política do toma lá, da cá continua presidindo a relação entre
Executivo e Legislativo. Nem mesmo as bravatas ditas “ideológicas” do núcleo ultraconservador e
fundamentalista do governo têm o condão de sustentar suas quedas de pesquisas.

8 - O fato novo são as revelações do The Intercept Brasil sobre a Lava Jato e sua repercussão
em parcelas da mídia tradicional. Inclusive sua repercussão internacional. Aquilo que setores de-
mocráticos e de esquerda denunciavam há tempos, agora aparece com robustas provas: a tal
Operação Lava Jato (que juntava MPF e PF) e a Justiça, representada por Moro, pela maioria do
TRF-4, STJ, TSE e STF se transformaram em um dique de contenção da candidatura Lula em 2018.
Estes estupraram a Constituição Federal, desrespeitaram Convenções Internacionais (com desta-

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que para a recomendação da ONU em relação ao registro da candidatura de Lula), o Código de
Processo Penal, a Lei de Execuções Penais, o Estatuto da Magistratura e o Código de Ética da Ma-
gistratura. Esse rasgar de “contratos” políticos e sociais terá graves repercussões nos curto, médio
e longo prazos. Basta a crise social se agravar e o “somos todos Moro” vai ter o mesmo destino
que o “somos todos Cunha”.

9 - Atenção especial deve ser dada na movimentação dos militares em relação ao governo Bolso-
naro. Há evidentes sinalizações de que o consenso forçado de apoio a ele nas FFAA começa a ser
minado. Dar cargos, altos salários, estrutura de ministérios e de empresas públicas para alguns
não tem sido suficiente para aplacar as incertezas no meio de cada uma das “forças”. Autocentra-
das, as FFAA – sobretudo o Exército – se acham fiadoras de uma suposta ética nacional. No en-
tanto, sem um núcleo nacionalista e democrático – de fato – estas se sentem ameaçadas em seu
prestígio, seja pelas lambanças econômicas do governo, ou mesmo pelas confusões envolvendo
o fisiologismo e a corrupção que cerca o clã Bolsonaro e vários de seus auxiliares.

10 - O momento, portanto, é mais de preparar a contra ofensiva do que ficar apenas na resistên-
cia, o que significa propor ao PT, aos movimentos sindicais e sociais, aos democratas e à esquerda
em geral:

- Enfatizar a tragédia social que se avizinha com as ações ultraliberais em curso no país,
que fazem da dupla Temer/Bolsonaro um todo único (em termos de personalização de um
projeto de economia, de Estado e de redistribuição perversa da riqueza nacional). O carro-
-chefe é a Reforma da Previdência. Somada esta aos cortes na Educação, o desemprego e
precarização do trabalho, a crescente carestia atingindo os mais pobres, a violência domés-
tica incentivada pelas bravatas ideológicas de Bolsonaro, o recrudescimento do racismo, do
machismo, da homofobia, lesbofobia e transfobia. A reconexão do Partido e da esquerda
com sua base histórica encontra férteis condições de prosperar.

- No caso da contrarreforma da previdência, o PT deve apresentar projetos globais alter-


nativos de ajustes legítimos na mesma. Em vez de ficar na defensiva, o PT deve apresentar
propostas que incidam sobre os devedores e o bilionário desfalque aos cofres da Previdên-
cia; sobre os privilégios dos militares e de seus dependentes (seja sobre a farra das filhas
“solteiras”, de antes de 2000, e as que vem depois disso, com uma contribuição de cada
militar que cobre apenas 10% com os gastos de tais pensões para filhos e filhas); há, tanto
no legislativo, quanto no judiciário, quanto no Executivo e no MPF situações similares e que
devem ser amplamente discutidas. O que for considerado “direito adquirido” deve ser ob-
jeto – por proposta petista - deplebiscitos sobre sua continuidade ou não. Mesmo que isso
seja muito difícil de ocorrer, a disputa dos corações e mentes, de massas de milhões exige
iniciativas que ousadas que proponham a transferência de poder ao povo de atacar privilé-
gios históricos que vão se manter até 2060, como no caso das “filhas solteiras” dos generais.

- Já no caso das revelações do The Intercept Brasil, o PT deve enfatizar, ao mesmo nível do
que as estas significam para a injusta condenação e prisão de Lula, a ameaça que a conduta
de Moro e da chamada “força tarefa” à democracia, propriamente dita. Não são apenas o PT
e a esquerda que estão sob ameaça. É o conjunto das instituições que garantem o Estado
de direito, com todas suas imperfeições, que estão sob ameaça neofascista do punitivismo
seletivo, inconstitucional e antijurídico, da Lava Jato. Também aí o PT deve superar sua pos-
tura de defensiva e apenas de resistência no debate sobre a corrupção. Devemos ousar nas
proposições que ampliem a transparência das instituições, inclusive no judiciário. Exemplo
disso seria estabelecer algum tipo de controle e publicidade dos chamados “acordos de co-
laboração premiada” para evitar que os mesmos sejam usados para que se efetivem negó-
cios jurídicos e financeiros imperfeitos, como os patrocinados pela Lava Jato. Inaceitável que

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um Alberto Youssef seja beneficiado, mesmo sendo reincidente na mesma prática de crime.
Inaceitáveis os acordos secretos com delatores, mantendo-se com eles boa parte de seus
patrimônios adquiridos por sua atividade criminosa, como “prêmio” para criminalizarem o
PT e Lula. Tamanha arma jurídica, nas mãos de juízes, procuradores e policiais política e ide-
ologicamente motivados representa uma ameaça concreta à maior parte das autoridades
da República. Absurdos como a doação, pelo Departamento de Justiça dos EUA, de dinheiro
arrancado de multas sobre a Petrobras para um ONG a ser criada pelos procuradores de
Curitiba também deve ser objeto de clara proibição, assim como a remuneração externa de
agentes policiais brasileiros por organismos exógenos.

- Finalmente, o PT deve se preparar para se expor mais diretamente nas ruas, com seus sím-
bolos e bandeiras, evitando sua diluição nas manifestações. Sem prejuízo de manter e até
aprofundar alianças com forças que demonstram solidariedade ativa ao PT, nosso partido
tem base social e autoridade para buscar a inversão dos termos do debate sobre corrupção.
Esta deve ser tratada como uma coisa inerente à economia de mercado, como espinha dor-
sal do capitalismo. A competição intercapitalista no mundo pressupõe, e até mesmo exige, a
presença da espionagem industrial, de esquemas ordinários de pagamento de propina e su-
bornos a agentes públicos e privados, de fraudes documentais, de mecanismos de extorsão
diversos, de violação de normas de fabricação de vários produtos. Nos EUA, na Alemanha,
Inglaterra, na França, Japão e em outros países, nas últimas décadas, empresas privadas es-
tiveram no epicentro de grandes escândalos na condição de corruptoras, fraudadoras, so-
negadoras, dentre outras posturas criminosos. No entanto, prevalece a narrativa que inverte
a realidade dos fatos. A hora é de denunciar essa farsa, para além das “bolhas” da esquerda.

CONJUNTURA ESTADUAL: APROFUNDAR AS RAÍZES DE UM PROJETO


DEMOCRÁTICO E POPULAR

11 - No Estado da Bahia, como de resto na região nordeste, o projeto político liderado pelo PT
manteve fôlego após as eleições de 2018, com os resultados extremamente positivos nas eleições
majoritárias e proporcionais. No entanto, é preciso fazer uma leitura precisa dos riscos e poten-
cialidades colocadas para conseguir fazer avançar o projeto do campo democrático e popular a
nível local.

12 - A desistência de ACM Neto à candidatura de governador significou a admissão de uma dupla


derrota: primeiro, pela capilaridade e popularidade muito maior do projeto petista, do governa-
dor Rui Costa, do ex-governador Jaques Wagner e, sobretudo, do ex-presidente Lula; segundo,
pela incapacidade da direita carlista de organizar um pólo da disputa política no Estado, levando
o prefeito de Salvador para uma situação de isolamento político mesmo dentro do campo da
direita e centro-direita.

13 - São três os desafios principais postos para a esquerda baiana. Em primeiro lugar, é preci-
so fazer uma profunda revisão programática, assentada num balanço crítico nos nossos quatro
governos, a fim de poder apresentar a população não apenas os pontos positivos das gestões
petistas, mas também um projeto de futuro que avance mais ainda na tarefa de combater a mi-
séria, garantir o emprego e renda, eliminar desigualdades raciais e de gênero, incentivar o desen-
volvimento econômico de todas as regiões do Estado, fortalecer a agricultura familiar e a reforma
agrária, enfim, apresentar aos baianos e baianas o que o PT tem de oferecer para o futuro do
Estado e dos Municípios.

14 - Em segundo lugar, é preciso ter máxima atenção com o que significa a proximidade do DEM,
presidido por ACM Neto, com o governo Bolsonaro. Ao mesmo tempo em que nitidamente se de-

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senha uma disputa pela liderança do campo da direita na Bahia, esse pólo tem chances de agluti-
nar forças e trazer para o centro do debate político temas e forças sociais que, até então, estavam
tímidas no Estado. Não se deve subestimar a capacidade do governo federal, aliado ao carlismo,
sabotar e atacar o governo estadual petista, algo dito pelo próprio Bolsonaro recentemente.

15 - Em terceiro lugar, é preciso fortalecer o PT nas disputas municipais de 2020 e visar as elei-
ções majoritárias e proporcionais de 2022. O PT não pode se acomodar, deixar de apresentar seu
projeto no âmbito dos municípios e de utilizar a campanha eleitoral para disputar os corações e
mentes da população. É preciso, sim, eleger mais prefeitos e prefeitas petistas e aumentar nossas
bancadas parlamentares, sob pena de tornar o PT um coadjuvante dentro da coalizão que ele
hoje lidera.

16 - O PT baiano tem, com certeza, papel a jogar na resistência ao avanço fascista representado
por Bolsonaro. Só poderá fazê-lo, porém, se for capaz de preservar e ampliar sua força política,
disputar as opiniões da sociedade e aprofundar as relações com os movimentos sociais no Estado,
sem subestimar os adversários ou ter ingenuidade nas alianças construídas.

ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA: PREPARAR O PT PARA CONQUISTAR


CORAÇÕES E MENTES

17 - O Partido dos Trabalhadores é uma das mais importantes ferramentas de luta construída pela
classe trabalhadora na história do Brasil, por essa razão ele deve ser o espaço de convergência das
lutas populares em defesa de direitos e liberdades civis. Não cabe em nossa história e em nosso
futuro a mera luta institucional.

18 - A atual conjuntura também nos impõem enquanto partido a necessidade de nos aproximar
das realidades locais onde o enfrentamento à crescente onda conservadora e fascista é cotidiano
e, muitas vezes, violento. Isso aumenta a necessidade da presença da direção estadual do partido
nos diversos territórios do estado para dar respaldo às direções municipais nesse enfrentamento.

19 - É necessário ainda que a direção estadual do partido seja impulsionadora dos pilares progra-
máticos que serão apresentados ao conjunto da sociedade nas eleições de 20 e 22, para tanto é
de fundamental importância que esse debate seja feito entre os atores sociais que compõem as
fileiras do partido, bem como aqueles e aquelas que possuem identidade com as lutas que par-
ticipamos e construímos. É necessário ainda envolver nesta discussão os quadros do partido que
possuem experiência prática na condução da máquina pública, compartilhando suas experiências
bem sucedidas.

20 - Para aumentar o grau de participação da militância de base e dos dirigentes municipais nos
destinos do partido entendemos ser indispensável a criação de um espaço que envolvam ato-
res locais para debater os destinos do partido. Nesse sentido defendemos a criação dos COLE-
GIADOS TERRITORIAIS DO PT do qual seriam membros os presidentes de diretórios municipais,
membros do diretório estadual, prefeitos e prefeitas, vice prefeitos e você prefeitas, vereadores
e vereadoras que fariam reuniões ordinárias antecipando as reuniões do diretório estadual para
que os temas debatidos pela direção estadual sejam também amplamente discutidos nos territó-
rios. Esse colegiado também funcionária como uma forma de integrar a militância petista de um
mesmo território dando ao partido uma melhor capacidade de

21 - As experiências administrativas do partido precisam ser catalogadas e compartilhadas. Assim


propomos a criação de uma ferramenta eletrônica de gestão onde os quadros partidários que são
ou foram responsáveis por gestões municipais possam disponibilizar projetos e programas bem

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sucedidos em suas administrações, com todos as informações necessárias para que estes progra-
mas e projetos possam ser replicados em outras gestões petistas. As experiências administrativas
do PT são ricas em ações que promovem o bem estar do povo e está ferramenta cumpriria o pa-
pel de resgatar a ideia do MODO PETISTA DE GOVERNAR em nosso estado. Esse mesmo espaço
também serviria para que parlamentares petistas compartilhassem iniciativas legislativas bem
sucedidas para que elas pudessem servir de base para a atuação legislativa do partido.

22 - O PT governou o Brasil e Bahia por quatro governos consecutivos até hoje. Para isso foi ne-
cessária uma estratégia que permitisse ao partido manter-se como principal força do campo polí-
tico que sustentou estes governos, no entanto, invariavelmente essa estratégia impactou a dispu-
ta de hegemonia do poder local. Sendo assim, é fundamental que nesta nova quadra histórica o
partido se debruce com mais atenção as disputas locais em cada município da Bahia, ajudando os
diretórios municipais a construírem uma ação política que tenha como objetivo tornar o PT uma
força política protagonista em cada município. Essa iniciativa se faz ainda mais urgente diante do
fato de não haver mais coligações proporcionais para as eleições legislativas, o que exigirá do
partido muita atenção ao processo de composição das chapas legislativas municipais.

23 - A disputa de hegemonia ideológica na sociedade está atingindo um grau poucas vezes vis-
tos na história. O capitalismo tem se valido de diversas ferramentas para estabelecer um padrão
estético e de consumo que influenciam decisivamente nos valores cultivados na nossa sociedade.
Diante deste quadro entendemos que o partido deve construir grandes campanhas anuais sobre
temas que nos são caros para que eles sejam levados a debate em cada canto onde o partido se
organiza, envolvendo diversos atores sociais, com debates políticos, atividades culturais e mate-
rial áudio visual que possibilitem à nossa militância fazer a disputa de hegemonia ideológica com
mais vigor e eficácia.

24 - Além dessas iniciativas é fundamental que o partido atue de forma protagonista na Frente
Brasil Popular, que se articule de forma mais constante com os demais partidos de esquerda, que
mantenha foco na campanha Lula Livre e esteja sempre conectado com as bandeiras de luta dos
diversos movimentos sociais que tem relação com o nosso partido como uma forma necessária
de avaliar criticamente nossa atuação política e fazer as correções de rumo necessárias para que
cheguemos ao Socialismo Democrático, nosso objetivo estratégico desde a fundação do Partido
dos Trabalhadores.

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CHAPA 490

LULA LIVRE, FORA BOLSONARO


Representantes: Elen Coutinho, Filipe Souza e Iana Fraga

SOBERANIA POPULAR, JUSTIÇA SOCIAL, PAZ E DEMOCRACIA

“O Poder emerge onde quer que as pessoas


se unam e ajam em conjunto”

Hannah Arendt

DEMOCRACIA X CAPITALISMO – O CASO BRASILEIRO

1 - O Congresso do Partido dos Trabalhadores 2019 atravessa circunstâncias políticas nacional


e internacional de uma complexidade inédita, cujo núcleo é a explicitação e o agravamento da
contradição entre Capitalismo e Democracia. A questão Democrática deve, portanto, estar no
cerne das nossas análises e da nossa política. O conflito entre Democracia e Capitalismo tem uma
recepção singular no caso do Brasil, cuja herança escravocrata e a tradição autoritária militarista
marcaram a nossa história de exclusão da grande maioria do povo brasileiro de qualquer perspec-
tiva de desenvolvimento. É importante, neste contexto, recuperarmos o fio político que conduziu
quase toda a República Brasileira, cuja marca é o autoritarismo. A experiência da I República, ou
República Velha, é um corolário da sua própria fundação, que se origina de um Golpe Militar,
proclamado por segmentos econômicos e sociais que se contrapunham ao processo abolicio-
nista e contrariavam a agenda libertária do movimento abolicionista. Esta agenda ficou relegada
na nossa experiência de República e tinha como eixos a Educação das populações libertadas da
escravidão e a distribuição das terras para a sua viabilização econômica, colocando pela primeira
vez em foco a proposta política da Reforma Agrária. Portanto, tratava-se, já ali, de uma agenda
de reformas de base, quase nunca revisitada pela nossa tradição de República. A República no
Brasil deu as costas para a Agenda de Inclusão Social do Movimento Abolicionista. Foram raros
os momentos em que, de alguma forma, se reintroduziu a agenda do movimento abolicionista.
Podemos dizer que a Campanha Civilista (relativa ao poder civil) de Ruy Barbosa, que se contra-
pôs à candidatura militar de Hermes da Fonseca, tratou da agenda da Educação. O período de
Juscelino Kubitschek descortinou uma experiência democrática quase ausente na nossa trajetória
Republicana. Com Jango a agenda perdida do Movimento Abolicionista é retomada com as Re-
formas de Base, de forte conteúdo popular. As experiências dos governos do Partido dos Traba-
lhadores, especialmente do Governo Lula, colocaram no centro a conversão dos Direitos Formais,
estabelecidos na Constituição Cidadã de 1988, em Direitos Materiais. O direito à educação, um

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dos pilares da agenda do movimento abolicionista, foi encarado como um dos principais desafios
para o desenvolvimento do país e de seu povo. O direito à moradia, a ampliação do acesso à saú-
de, o direito à segurança alimentar, entre outros direitos, foram introduzidos na agenda pública
de maneira mais efetiva.

A CRISE DO CAPITALISMO FINANCEIRO, A PERDA DE AUTORIDADE DAS


INSTITUIÇÕES E O DECLÍNIO DA DEMOCRACIA

2 - A financeirização do Capitalismo, que provocou a crise de 2008, se agudiza neste momento,


rompendo o instável equilíbrio entre o Capitalismo e a própria Democracia Burguesa. Experiên-
cias recentes dão conta da fragilidade das chamadas democracias no mundo, onde as eleições
se converteram em uma disputa de notícias falsas, levando à vitória, muitas vezes, candidatos de
perfil neonazifascista, que avançam sobre os direitos de amplas maiorias que, à mercê de infor-
mações manipuladas, ficam impotentes para uma reação organizada. Este cenário configura uma
perda de autoridade das instituições políticas que orientaram nosso pensamento e a nossa ação
até então. A Democracia representativa está em crise e o sistema eleitoral está em cheque. A con-
fusão na interpretação desta realidade faz com que mesmo partidos à esquerda acabem aderindo
a receituários neoliberais como se esta fosse a única via a ser trilhada. Exemplos como o do Syriza
na Grécia salientam o descrédito que assola muitos partidos que aplicaram a agenda neoliberal,
não só da direita, como também importantes partidos da esquerda europeia que juntos constitu-
íram um chamado “centro neoliberal”. Estas agremiações políticas perderam substância eleitoral,
contribuindo para a ascensão de uma direita extremista, como na Hungria e na Itália.

3 - disputa geopolítica no mundo adquiriu radicalidade com a assunção de Trump nos Estados
Unidos. Acordos como o do Clima de Paris, consignado por 195 países, foi rechaçado pelo go-
verno estadunidense, que também rompeu unilateralmente os Tratados de contenção de arma-
mentos nucleares com a Rússia e com o Irã. A disputa por hegemonia política e econômica leva
os Estados Unidos a amplificar a guerra comercial com a China, fortalecida pelos avanços nos ra-
mos de alta tecnologia e pela ampla presença no comércio mundial. A América Latina, que vinha
consolidando maioria de governos nacionais-populares, aplicando uma agenda antineoliberal
com destacados resultados sociais e econômicos, em contraste com os resultados medíocres das
experiências orientadas pelo receituário neoliberal, passa a sofrer um ataque brutal provocado
pelo centro do Império. O Golpe de Estado ocorrido no Brasil, com o impedimento da Presidenta
Dilma Rousseff foi a grande tacada para desferir uma derrota estratégica à esquerda no territó-
rio latino-americano. A tática de lawfare aplicada contra LULA, o maior líder político da história
do Brasil e referência em toda a América Latina e no Mundo, dão a dimensão da luta de classes
neste momento do capitalismo. Cristina Kirchner e Rafael Correa, ex-presidentes da Argentina e
Equador também sofreram perseguições políticas através do uso truculento e classista do sistema
judiciário. A Bolívia foi alvo de várias tentativas de desestabilização e a Venezuela, líder mundial
em reservas de petróleo, sofre cerco implacável que asfixia sua economia e deteriora as condições
de vida do seu povo, além de ameaças golpistas de todo tipo. A ampliação do bloqueio econô-
mico a Cuba é mais um indicador de um horizonte de destruição de uma perspectiva de relações
soberanas de multilateralidade e convivência pacífica e respeitosa entre os povos.

O BRASIL SOB ATAQUE

4 - É fundamental para o Partido dos Trabalhadores o desafio de reinterpretar o Brasil à luz dos
efeitos da escravidão e do autoritarismo sobre a nossa história política e compreender a centra-
lidade da questão Democrática no mundo capitalista atual. O Brasil hoje apresenta um roteiro
exemplar para a compreensão da radicalidade da LUTA DE CLASSES, nesta quadra de expansão

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do capitalismo financeiro. O país está sendo alvo de uma guerra de ocupação sem preceden-
tes. Os efeitos desta guerra são altamente corrosivos: Soberania Nacional aniquilada, economia
destruída, direitos dos trabalhadores devastados e ataque ao pensamento crítico e aos direitos
humanos.

5 - Uma das consequências do ataque ultraneoliberal ao Brasil é a desindustrialização precoce. É


importante registrar que este processo de desindustrialização do Brasil não pode ser compara-
do com o processo de desindustrialização por que passam países do centro do capitalismo, que
vivem processos de desindustrialização com elevação da renda e do PIB per capita. São países
com realidades distintas da nossa que migraram do consumo de bens industriais para o consu-
mo de serviços, tendo resolvido o consumo de bens básicos. O Brasil está longe de equacionar o
consumo básico. É grave, portanto, o desmonte das áreas de Ciência e Tecnologia, cuja base de
desenvolvimento são as Universidades Públicas, e a desfiguração do BNDES, que ampliam a de-
sestruturação do nosso parque industrial. A limitação nos avanços tecnológicos, com a ausência
de investimentos em tecnologia por parte do Estado para a produção de bens de valor agregado,
consolida a dependência econômica do Brasil do segmento de commodities, condenando o mer-
cado interno ao esgotamento, impossibilitando a melhoria das condições econômicas do país e
do seu povo.

6 - Diante deste cenário é fundamental destacar o caráter neofascista da do governo Bolsonaro.


Como ressaltou o sociólogo espanhol Manuel Castells vivemos no Brasil um novo tipo de Dita-
dura, cujos pilares são a manipulação das informações através de notícias falsas e da sua dis-
seminação. Este intelectual, que realçava as possibilidades democratizantes das redes, constata
que as redes sociais não tem funcionado como agentes da liberdade. Ele destaca o uso técnicas
poderosas de manipulação, pela extrema- direita internacional. O ataque à Educação, à Cultura
e às Artes é uma arma para impedir qualquer pensamento crítico. Castells também alerta para a
ilusão de normalidade que a preservação das instituições suscita. As instituições estão fortemente
manipuladas pelos poderes econômicos e ideológicos. O Golpe continuado no Brasil, “com STF e
com tudo”, esclarece de maneira pedagógica, cotidianamente, esta dominação de classe.

7 - Para compor o cenário das condições em que se movimenta a sociedade brasileira hoje é
indispensável compreender o significado do crescimento das igrejas evangélicas no Brasil. Estas
igrejas se enraizaram nas comunidades, oferecendo proteção social, através de grupos de apoio
mútuo, desempenhando um papel de articulador social, respondendo às angústias e carências
do povo trabalhador, quase a única alternativa de sociabilidade solidária para estas comunidades.
Esta base social alimenta o projeto de poder destes grupos que vêm ampliando significativamen-
te suas bancadas nos parlamentos.

8 - Outra questão que assumiu proporção impensável é o assalto das milícias ao poder, parte in-
tegrante do crime organizado e do tráfico. As redes milicianas, especialmente no Rio de Janeiro,
berço do bolsonarismo, também assumiram um papel de coordenação e controle social, na lacu-
na deixada pelo Estado, entrando no mercado de imóveis, de prestação de serviços de internet e
de TV a cabo, entre outros.

9 - Sem condições de adotar Ditaduras à moda antiga, estes grupamentos neonazifacistas aderi-
ram à solução de uma Ditadura de perfil Orwelliano, que exigem povo cada vez menos educado
e cada vez mais manipulado por ideologias totalitárias, que são ofertadas pelas milícias e pelo
mercado das igrejas.

10 - A gravidade da crise institucional e o desastre econômico do governo Bolsonaro, apontam


para convulsões sociais. O endurecimento do regime é uma possiblidade real, para manter o pro-
grama ultraneoliberal, incapaz de oferecer alternativas ao povo trabalhador.

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11 - O Partido dos Trabalhadores tem todas as condições de nuclear um processo de renovação
política da esquerda e de contribuir com propostas que orientem a retomada da Democracia e de
um desenvolvimento econômico inclusivo socialmente e sustentável ambientalmente.

O PARTIDO DOS TRABALHADORES NA LUTA POR JUSTIÇA SOCIAL E


DEMOCRACIA

12 - O Partido dos Trabalhadores avança com vigor para o seu VII Congresso envolto num intenso.
É necessário aproveitar todas as etapas do VII Congresso para aprofundar os conteúdos políticos
e indicar caminhos para enfrentar a extrema direita ultraneoliberal e seu programa de desmonte
do Estado Brasileiro e dos direitos dos trabalhadores. Precisamos apresentar alternativas para sair
deste caos autoritário a que o governo Bolsonaro condenou o país. Há um mal-estar na socieda-
de brasileira e a esperança de um retorno à democracia vai sendo minada pela naturalização dos
absurdos cotidianos cometidos por Bolsonaro e por dirigentes do seu governo. Esta naturalização
é gravíssima, pois indica que o neofascismo está tomando conta do espaço político.
13 - Considerando a gravidade da naturalização das abusivas circunstâncias atuais que confron-
tam a Democracia no país e o tamanho da destruição provocada pela ocupação imperialista,
devemos assumir como uma das nossas principais bandeiras o FORA BOLSONARO, antes que o
estrago nas condições econômicas e na vida do nosso povo nos leve a repetir a tragédia da Ale-
manha Nazista. Devemos, preliminarmente, fazer uma releitura das interpretações do Brasil que
nos legaram, juntamente com as teorias dos patrimonialismos, a ideia de que toda a corrupção no
Brasil se concentra no Estado. Esta vertente de pensamento produziu o álibi perfeito para as elites
do atraso atacarem, com as bandeiras falso moralistas da corrupção, todos os governos e polí-
ticos que avançaram na destinação de parte do Orçamento do Estado, ainda que minimamente,
para a realização de políticas de caráter social. O objetivo é abrir espaço no Orçamento do Estado
para a real corrupção que é praticada pelo capital financeiro. Austeridade apenas para conter os
programas sociais e liberalidade total para direcionar os recursos do Estado para os bancos.

14 - As circunstâncias que propiciaram a ampla aliança de 2002 e que permitiram o legado do PT


não mais existem. A exacerbação da luta de classes demanda novas propostas.

15 - A crítica ao nosso distanciamento das bases deve ser enfática. Esta questão deve ganhar lugar
de destaque nos debates do VII Congresso.

O PROGRAMA DO PT PARA O BRASIL E AS ELEIÇÕES DE 2020

16 - O Programa do PT deve reafirmar o nosso compromisso estratégico com o Socialismo como


uma via para superação da crise civilizatória provocada pela ganância do Capital que aderiu ao
fascismo e ameaça a Democracia.

17 - As eleições de 2020 ocorrerão num cenário de intensa luta pelo Poder no País, para além
da disputa eleitoral pelos Governos Municipais. Estas eleições terão forte influência na definição
do contexto nacional e nas perspectivas para 2022. É fundamental que relacionemos as grandes
questões políticas do país com as realidades municipais. Para tanto, é importante associar nossos
Programas Municipais de Governo com o Programa de Governo apresentado por Haddad nas
eleições presidenciais de 2018.

18 - Os 5 pontos prioritários deste Programas, que se desdobram em várias propostas consisten-


tes e aplicáveis, precisam ser reproduzidos em cada município para orientar as nossas campanhas
de 2020:

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1) SOBERANIA NACIONAL E POPULAR NA REFUNDAÇÃO DEMOCRÁTICA DO BRASIL
2) INAUGURAR UM NOVO PERÍODO HISTÓRICO DE AFIRMAÇÃO DE DIREITOS
3) NOVO PACTO FEDERATIVO PARA PROMOÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS
4) PROMOVER UM NOVO PROJETO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
5)TRANSIÇÃO ECOLÓGICA PARA A NOVA SOCIEDADE DO SÉCULO XXI

19 - Este programa tem o mérito de ultrapassar os limites de uma economia neocolonial de me-
ros produtores de commodities, ao introduzir, pela primeira vez em um Programa de Governo, a
proposta de transitarmos para um outro perfil de economia, de baixo carbono, através de uma
Transição Ecológica e da proposta de promoção de um novo projeto nacional de Desenvolvimen-
to, além de recuperar bandeiras históricas, como o ORÇAMENTO PARTICIPATIVO.

20 - Temos que eleger um grande número de Prefeitas e Prefeitos. Sem coligações proporcionais,
é fundamental competir com chapas próprias para as Prefeituras, para impulsionar a eleição de
um expressivo número de Vereadoras e Vereadores para os Parlamentos Municipais, ampliando
nossa presença com bancadas comprometias com os interesses populares e da cidadania.

21 - A candidatura própria à Prefeitura de Salvador é crucial nesta estratégia de ampliar nossa


presença nos municípios com Programas de Governo capazes de galvanizar o debate político em
torno dos temas em discussão no plano nacional e que afligem as populações das nossas cidades.
O PT deve priorizar alianças programáticas no campo da esquerda e de forças progressistas para
derrotar a extrema direita nos municípios baianos.

PT DAS BASES E DA DEMOCRACIA INTERNA

22 - A Democracia interna e o fortalecimento das organizações de base do PT precisam se conver-


ter em valores inegociáveis no funcionamento cotidiano do Partido. Nosso apreço à Democracia
deve se traduzir na nossa organização interna para sermos exemplares e coerentes com o que
propomos para a sociedade brasileira. Reconhecemos os avanços conquistados pela militância do
PT, que favoreceram a expressão da pluralidade de opiniões na maioria dos espaços de decisões.
Temos níveis de presença de mulheres, negros, negras, indígenas, LGBTs sem paralelo nas orga-
nizações brasileiras, mas ainda temos déficits na representação destes segmentos. Ainda temos
problemas importantes a resolver. O PED reduziu o poder das instâncias intermediárias do partido
e contribuiu para a instituição de um sistema no qual a massa de filiados passou a cumprir papel
meramente homologatório das decisões das instâncias dirigentes. É momento de constituir uma
governança participativa e transparente das finanças do PT. A ideia de um Orçamento Participati-
vo precisa prosperar e converter em realidade o que já previa o estatuto de 2001. O PT da Bahia a
partir de 2014 entrou em um período de descenso e de maior desconexão com a base partidária.
Diminuímos nosso tamanho no plano institucional, passando de um partido que tinha mais de
90 prefeituras para um patamar de menos de 40 prefeituras, assim como diminuímos em 1/3 o
número de deputados estaduais na nossa bancada. A instância do PT da Bahia não funciona, com
ausência de reuniões do diretório estadual. É urgente a necessidade de um novo pacto político
forjado na unidade entre as tendências e agrupamentos que compõe o PT. Propomos as seguin-
tes bases para construção de unidade:

•Uma gestão transparente e compartilhada na tesouraria do PT da Bahia.


•Redemocratizar o Partido com funcionamento das instâncias, periodicidade de reuniões e
garantia de participação para os membros da direção do interior do Estado.
•Centralidade na formação política.
•Respeito a autonomia dos diretórios municipais.

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•Relação orgânica com as lutas do povo trabalhador do Estado.
•Criar condições para o funcionamento e a interiorização dos setoriais do Partido. Estruturar
a Secretaria de Movimentos Populares de forma a atender as demandas dos diversos cole-
tivos e secretarias setoriais.
•A direção estadual do PT da Bahia deve se dedicar a auxiliar na construção de chapas, pro-
porcionais, candidaturas majoritárias para o PT nos municípios onde o PT tiver presença. A
direção não pode se restringir a acompanhar apenas as 35 ou 50 maiores cidades do Estado.

23 - Precisamos fortalecer a Juventude do PT, abrindo espaços para que ela se organize e tenha
uma densa formação política para ser um poderoso instrumento na direção das lutas das juventu-
des do Brasil. O PT deve garantir o investimento político para que a Juventude do PT seja de LUTA
e de MASSA, como também deve ser o Partido dos Trabalhadores.

LULA LIVRE É A LIBERDADE DO BRASIL

24 - A luta por LULA LIVRE hoje sintetiza o caminho da LIBERDADE do Brasil e da retomada da
DEMOCRACIA. A prisão de LULA, através de uma farsa judicial aviltante, é um atestado da bur-
guesia nacional e internacional de que o Partido dos Trabalhadores e LULA são, hoje, os maiores
inimigos de classe do Capital. LULA representa o sucesso da classe trabalhadora no Governo. A
experiência de transformação social realizada ao longo dos governos LULA mudou a vida de mi-
lhões de brasileiros, com destaque para o ingresso, pela primeira vez, da juventude negra e pobre
nas Universidades, indicando uma renovação da base intelectual da sociedade. asil há mais de 500
anos, foi ameaçado pela primeira vez. O agravamento da crise do capital internacional acelerou
o processo de perseguição implacável ao Partido dos Trabalhadores e a LULA, a liderança mais
potente que a classe trabalhadora já produziu em toda nossa história. LULA foi impedido de par-
ticipar do processo eleitoral de 2018 porque ganharia as eleições no primeiro turno. Sua conde-
nação sem crime algum e sem nenhuma prova, num processo fraudulento é o exemplo maior da
dimensão do ataque à Democracia que sofreu o Brasil, numa afronta às regras mais elementares
de qualquer disputa eleitoral na própria e rebaixada Democracia burguesa. Esta é a compreensão
que deve orientar nossa luta por LULA LIVRE, que deve assumir prioridade absoluta dentro do
Partido dos Trabalhadores. LULA É UM PRESO POLÍTICO do capital internacional. Sua liberdade é
condição primordial para o restabelecimento pleno do regime democrático no Brasil. LULA LIVRE
É BRASIL DEMOCRÁTICO, SOCIALMENTE JUSTO E SOBERANO!

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