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GRUPO I (exame de literatura 2013- 1º fase)

Leia o excerto a seguir transcrito.

Na véspera da sua ida para Coimbra, estava Simão Botelho despedindo-se da suspirosa
menina, quando subitamente ela foi arrancada da janela. O alucinado moço ouviu gemidos
daquela voz que, um momento antes, soluçava comovida por lágrimas de saudade. Ferveu-lhe o
sangue na cabeça; contorceu-se no seu quarto como o tigre contra as grades inflexíveis da jaula.
Teve tentações de se matar, na impotência de socorrê-la. As restantes horas daquela noite
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passou-as em raivas e projetos de vingança. Com o amanhecer esfriou-lhe o sangue, e renasceu
a esperança com os cálculos.
Quando o chamaram para partir para Coimbra, lançou-se do leito de tal modo
desfigurado, que sua mãe, avisada do rosto amargurado dele, foi ao quarto interrogá-lo e
despersuadi-lo de ir enquanto assim estivesse febril. Simão, porém, entre mil projetos, achara
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melhor o de ir para Coimbra, esperar lá notícias de Teresa, e vir a ocultas a Viseu falar com ela.
Ajuizadamente discorrera ele que a sua demora agravaria a situação de Teresa.
Descera o académico ao pátio, depois de abraçar a mãe e irmãs, e beijar a mão do pai,
que para esta hora reservara uma admoestação severa, a ponto de lhe asseverar que de todo o
abandonaria se ele caísse em novas extravagâncias. Quando metia o pé no estribo, viu a seu lado
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uma velha mendiga, estendendo-lhe a mão aberta, como quem pede esmola, e, na palma da
mão, um pequeno papel. Sobressaltou-se o moço; e, a poucos passos distante de sua casa, leu
estas linhas:

«Meu pai diz que me vai encerrar num convento, por tua causa. Sofrerei tudo por amor de ti.
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Não me esqueças tu, e achar-me-ás no convento, ou no céu, sempre tua do coração, e sempre
leal. Parte para Coimbra. Lá irão dar as minhas cartas; e na primeira te direi em que nome
hás de responder à tua pobre Teresa.»

A mudança do estudante maravilhou a academia. Se o não viam nas aulas, em parte nenhuma o
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viam. Das antigas relações restavam-lhe apenas as dos condiscípulos sensatos que o
aconselhavam para bem, e o visitaram no cárcere de seis meses, dando-lhe alentos e recursos,
que seu pai lhe não dava, e sua mãe escassamente supria. Estudava com fervor, como quem já
dali formava as bases do futuro renome e da posição por ele merecida, bastante a sustentar
dignamente a esposa. A ninguém confiava o seu segredo, senão às cartas que enviava a Teresa,
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longas cartas em que folgava o espírito da tarefa da ciência. A apaixonada menina escrevia-lhe a
miúdo, e já dizia que a ameaça do convento fora mero terror de que já não tinha medo, porque
seu pai não podia viver sem ela.
Isto afervorou-lhe para mais o amor ao estudo. Simão, chamado em pontos difíceis das
matérias do primeiro ano, tal conta deu de si, que os lentes e os condiscípulos o houveram como
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primeiro premiado.

Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Refira os acontecimentos narrados no primeiro parágrafo, bem como as reações das


personagens, justificando com expressões textuais. (12 pontos)
2. Explicite a posição do narrador quanto à decisão, tomada por Simão, de partir para
Coimbra, justificando a resposta com elementos do texto (linhas 8 a 12). (8 pontos)
3. Analise duas das funções desempenhadas pelo bilhete escrito por Teresa. (20 pontos)
4. «A mudança do estudante maravilhou a academia» (linha 24).
Descreva dois dos comportamentos que revelam essa «mudança» do jovem. (20
pontos)

GRUPO II (50 pontos)

(…)No prefácio que escreveu, em 1879, para acompanhar a 5.ª edição de Amor de
Perdição, Camilo Castelo Branco termina com uma profecia dubitativa: "Se, por virtude da
metempsicose, eu reaparecer na sociedade do século XXI, talvez me regozije de ver outra vez as
lágrimas em moda nos braços da retórica, e esta 5.ª edição do Amor de Perdição quase
5 esgotada."
Sugerir que a tiragem então acabada de sair levaria mais de um século a esgotar-se era,
da parte de Camilo, um óbvio e pouco convincente lance de modéstia, mas o que nem ele, que
nunca se teve propriamente em baixa conta, se atreveria a prever, nesses anos em que os favores
da crítica começavam a inclinar-se para a nova escola realista de Eça de Queiroz, era que essa
10 "sociedade do século XXI" não apenas não esqueceria os amores contrariados de Simão Botelho
e Teresa Albuquerque, como iria mesmo celebrar, e com assinalável pompa e circunstância, os
150 anos da publicação, em 1862, da primeira edição do Amor de Perdição. (…)
Por que motivo, entre os tantos livros que o génio compulsivo de Camilo nos deixou,
haveria este romance em particular de conquistar os favores da posteridade e alcançar um
15 estatuto suficientemente icónico para se lhe renderem preitos geralmente reservados aos autores,
e não às obras? O ensaísta e camilianista Abel Barros Baptista acredita que o próprio escritor,
com o já referido prefácio de 1879, possa ter "contribuído para criar a ideia de que este livro é
mais importante do que os outros". Baptista lembra que Camilo, nesse texto, caracteriza o
sucesso editorial da obra como "um êxito fenomenal e extralusitano". À sua escala, o Amor de
20 Perdição foi, de facto, aquilo a que hoje chamaríamos um best-seller: no primeiro quartel do
século XX, já atingira vinte edições.
Se O Amor de Perdição se foi aproximando desse estatuto, deve-o a um complexo
conjunto de motivos, nem todos especialmente válidos. Barros Baptista começa por desmontar a
ideia de que sucessivas gerações de estudantes estudaram o livro no ensino secundário: "É uma
25 ideia bastante ilusória", garante o ensaísta, já que "o livro só integrou os programas escolares
durante um período muito curto". Entre os elementos que confluíram na lenda gerada em torno
da obra conta-se ainda o suposto paralelismo entre a paixão contrariada dos protagonistas e os
amores que tinham lançado no cárcere o próprio Camilo e Ana Plácido. Uma comparação que
Barros Baptista igualmente desmonta, lembrando que a vida do romancista na cadeia portuense
30 não era bem a que se julga: "Saía de lá para apanhar sol, comprava pantufas para Ana Plácido..."
Mesmo a tendência para se ver no Amor de Perdição uma espécie de tradução da
peça Romeu e Julieta, de Shakespeare, para o romantismo português do século XIX - em ambos
os casos, a inimizade de duas famílias constitui o obstáculo principal à consumação do amor
que une os jovens protagonistas - esquece a dimensão triangular que a paixão de Mariana por
35 Simão vem trazer à novela de Camilo. Barros Baptista acha que o livro é "bastante moderno" e
"muito menos linear e convencional" do que geralmente se pensa, argumentando que "é difícil
apontar-se uma causa única para o que vai acontecendo". (…)

Luís Miguel Queirós, Amor de Predição: um bom romance canonizado pelas razões erradas.

Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.7, selecione a opção que lhe permite
obter uma afirmação correta.
1.1 A confirmação da afirmação, relativamente a Camilo Castelo Branco, «um óbvio e
pouco convincente lance de modéstia» (l. 6) surge na expressão
(A) «Camilo Castelo Branco termina com uma profecia dubitativa» (l.2).
(B) «talvez me regozije de ver […] esta 5.ª edição do Amor de Perdição quase
esgotada» (ll. 3-4).
(C) «Camilo […] caracteriza o sucesso editorial da obra como “um êxito fenomenal e
extralusitano”» (l. 19).
(D) «o Amor de Perdição foi, de facto, aquilo a que hoje chamaríamos um best-seller»
(l.20).

1.2 Atualmente, o êxito de Amor de Perdição é comprovado pela


(A) assunção, por Camilo Castelo Branco, do sucesso fenomenal da obra.
(B) forma como se celebrou a sua primeira edição.
(C) contribuição de Camilo para realçar a importância da obra.
(D) vigésima edição da obra na primeira metade do século XX.

1.3 Amor de Perdição, contrariamente ao que acontece com a maioria das obras,
(A) é alvo de homenagens normalmente reservadas aos escritores.
(B) surge como um best-seller.
(C) aproxima-se de uma obra-prima.
(D) foi um êxito editorial.

1.4 Dos motivos apontados para a aproximação de Amor de Perdição a uma obra-prima,
desmontados por Abel Barros Baptista, exclui-se
(A) a abordagem do livro no ensino secundário por várias gerações.
(B) a aproximação da obra à peça Romeu e Julieta, de Shakespeare.
(C) a modernidade do livro.
(D) o paralelo estabelecido entre a situação dos protagonistas da obra e a vida do
próprio autor.

1.5 Com o segmento entre travessões (ll. 32-34), o autor pretende


(A) explicitar a afirmação apresentada anteriormente.
(B) apresentar uma opinião pessoal.
(C) comprovar o discurso posterior.
(D) tecer uma consideração acerca do discurso anterior.

1.6 A função sintática desempenhada pelo segmento sublinhado em «talvez me regozije


de ver […] esta 5.ª edição do Amor de Perdição quase esgotada» (ll. 4-5) é a de
(A) complemento direto.
(B) predicativo do complemento direto.
(C) complemento do nome.
(D) complemento oblíquo.

1.7 No excerto «Barros Baptista acha que o livro é “bastante moderno” e “muito menos
linear e convencional” do que geralmente se pensa» (ll. 35-36), as palavras sublinhadas
são
(A) uma conjunção e um pronome, respetivamente.
(B) pronomes em ambos os contextos.
(C) um pronome e uma conjunção, respetivamente.
(D) conjunções em ambos os contextos.

2. Responda aos itens apresentados.

2.1 Classifique a seguinte oração: «[…] que nunca se teve propriamente em baixa conta
[…]» (ll. 7-8).
2.2 Identifique a função sintática do segmento sublinhado em «Barros Baptista começa
por desmontar a ideia de que sucessivas gerações de estudantes estudaram o livro no
ensino secundário» (ll. 24).
2.3 Indica o antecedente do pronome sublinhado em «a vida do romancista na cadeia
portuense não era bem a que se julga» (ll. 28-29).

GRUPO III (50 pontos)

«O homem fatal, afinal, existe nos sonhos próprios de todos os homens vulgares, e o
romantismo não é senão o virar do avesso do domínio quotidiano de nós mesmos.»

Bernardo Soares

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de


trezentas palavras, apresente uma reflexão sobre o que é afirmado na frase transcrita.
Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos,
ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

Bom Trabalho!

Proposta de Correção
1.Cenário de resposta
O primeiro parágrafo narra o episódio da despedida, entre Simão Botelho e a «suspirosa
menina» (ll. 1-2), quando esta «foi», «subitamente», «arrancada da janela» (l. 2).
Perante este facto e os «gemidos» de dor da jovem (ll. 2-3), Simão mostra-se louco de
desespero («alucinado» – l. 2), furioso («Ferveu-lhe o sangue»; «contorceu-se […]
como o tigre contra as grades inflexíveis da jaula.» – ll. 4-5), acossado, com impulsos
suicidas («Teve tentações de se matar, na impotência de socorrê-la.» – l. 5) e vingativo
(«raivas e projetos de vingança» – l. 6). Mais tarde, torna-se racional e esperançoso
(«renasceu [lhe] a esperança com os cálculos.» – l. 7).

2.Cenário de resposta
O narrador revela a sua concordância com Simão, avaliando como sensata a decisão do
jovem de partir para Coimbra (esperando «lá notícias de Teresa, e vir a ocultas [...] falar
com ela» – l. 11): «Ajuizadamente discorrera ele que a sua demora agravaria a situação
de Teresa.» (ll. 11 e 12).

3.Cenário de resposta (apenas duas)


O bilhete que Teresa envia a Simão tem, entre outras, as funções de:
−− estabelecer contacto com o seu amado;
−− transmitir a Simão as últimas notícias, pondo o jovem ao corrente da decisão do pai
dela de a encerrar num convento;
−− confirmar o amor e a fidelidade recíprocos;
−− esclarecer Simão sobre a forma de comunicarem, de trocarem cartas de amor;
−− manifestar confiança na força da sua relação amorosa, apesar das dificuldades
enfrentadas.

4.Cenário de resposta
A «mudança» operada em Simão é visível, por exemplo, nos comportamentos de:
−− dedicação completa à frequência das aulas;
−− reclusão social, por renúncia à vida boémia e às atividades políticas;
−− preferência pela amizade de «condiscípulos sensatos» (l. 24);
−− empenho fervoroso no estudo com o objetivo de alcançar uma posição de renome,
economicamente digna de uma esposa com o estatuto social de Teresa;
−− discrição e seriedade, dedicando o tempo livre do estudo à correspondência com
Teresa, a quem revelava os seus projetos de um futuro em comum.

PARTE B
1. 1.1 Os judeus Vidal e Latão surgem na peça após o encontro de Inês e Pero Marques,
encontro que confirmou a opinião de Inês em relação a este pretendente. Uma vez que este não
seria o marido ideal e Inês pretende casar rapidamente com um marido que corresponda às suas
expectativas, os judeus tinham sido contactados para descobrirem um pretendente adequado.
São personagens com uma função semelhante à de Lianor Vaz ,dois alcoviteiros cuja missão é
procurar o par acertado para Inês. Apresentam ,então, um Escudeiro da corte que é eloquente
,canta e toca viola, convencendo Inês
a tomá-lo por marido.
Tal como Lianor Vaz, também os judeus utilizam linguagem persuasiva: Vidal chama Inês
de«filha Inês» e pede-lhe que aceite o escudeiro «por meu amor» (reforçando a ternura que
sente por ela), além de listar as qualidades do Escudeiro através de uma enumeração de
adjetivos(vv. 18-21) que contrasta com a enumeração de adjetivos depreciativos que logo se
seguem, mostrando os perigos
de aceitar outro pretendente menos digno. Latão, para terminar o seu discurso de forma
convincente, relembra a fórmula utilizada pelo rabi Zarão(vv. 44-46 — um argumento de
autoridade que pretende convencer Inês da verdade da afirmação) ,mostrando que, fatalmente e
por destino, já não poderá haver outra decisão senão o casamento com o Escudeiro.
2. Nota-se uma oposição entre o discurso sensato da Mãe de Inês e a persuasão dos judeus, pois
aquela personagem tenta alertar Inês para os perigos de um casamento desigual. A mãe de Inês
tem uma perspetiva pragmática da vida. Em vez de utilizar linguagem retórica ,utiliza o
seguinte raciocínio:
a atuação diligente dos judeus deve-se à recompensa financeira que receberão se cumprirem o
seu objetivo, logo ,o seu discurso não tem uma base honesta; Inês deverá interrogar-se acerca
da possibilidade de casar com alguém que trabalhe para sobreviver. A mãe tenta que seja a filha
a refletir racionalmente na situação que se apresenta. Os judeus no entanto,não aconselham a
prudência porque apenas se orientam para o lucro.

II Grupo ( Mensagens 11ºano, livro pequeno de testes)

1.1 (C); 1.2 (B); 1.3 (A); 1.4 (C); 1.5 (A); 1.6 (B); 1.7 (D). – versão A (Grupo I)
1.1 (B); 1.2 (C); 1.3 (D); 1.4 (A); 1.5 (B); 1.6 (C); 1.7 (A) – versão B (I Grupo)
2.1 Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
2.2 Complemento do nome.
2.3 «a vida do romancista na cadeia portuense».

III Grupo

Ver critérios exames nacionais.

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