Rhiannon e o Sagrado Feminino

Autora: Camila Goos Damm (Graduação em Letras – UNESP – FCL-Ar); e-mail:

camilagdamm@hotmail.com; bolsa: CNPq
Orientador: Aparecido Donizete Rossi (UNESP – FCL-Ar)

Palavras Chave: Rhiannon, sagrado feminino, mitologia.

Introdução como celtas. Como estavam nessa época

convertidos esses povos ao catolicismo, os antigos
O projeto procura analisar as características
deuses pagãos (como Rhiannon) estão colocados
arquetípicas da personagem Rhiannon, de O
como meros personagens de lendas maravilhosas.
Mabinogion, partindo da perspectiva junguiana
Como diz a estudiosa Miranda Green: “Despite their
apresentada por Erich Neumann em A Grande Mãe.
late redaction, both the Mabinogi and Culhwch and
Com essa análise, buscaremos demonstrar a
Olwen must relate to a much earlier tradition, since
importância do resgate de figuras femininas que
they are full of references to supernatural beings,
pertencem às mitologias fundadoras para o conceito
such as Rhiannon, Brân, […] whose qualities
de sagrado feminino, pois com a ascensão do
suggest that they are disguised deities.” (1995,
catolicismo a relação entre mulher e espiritualidade
p.14). Além de ser uma deusa ligada à fertilidade, à
sofreu mudanças repressivas que refletem na
terra e aos cavalos, Rhiannon é mostrada como
sociedade. Também mostraremos a importância
uma mulher independente, destemida e resiliente –
desse resgate para o movimento feminista, que
tratamento comum às deusas entre os celtas.
procura redescobrir a relevância histórica e cultural
Dentro desse universo mitológico-simbólico,
de figuras femininas que sofreram apagamentos e
Rhiannon pode ser vista como apresentando
mascaramentos, visando menosprezá-las.
aspectos do arquétipo feminino, que é
Objetivos especialmente ligado à natureza.

A pesquisa pretende realizar uma análise da Conclusões

personagem Rhiannon, considerando seu aspecto
arquetípico como figura mitológica feminina;
constituindo assim parte originada e contribuinte do
inconsciente coletivo, e portanto dos recorrentes
símbolos e tipos nos quais a mulher é representada.
A partir disso pretende-se discutir as relações entre
sagrado feminino e feminismo, a importância do
resgate desses aspectos atualmente e como essas
personagens mitológicas influenciaram a cultura,
contribuindo para o reconhecimento da mulher e das
causas femininas.
Material e Métodos
Pretende-se desenvolver essa pesquisa através da
leitura e interpretação de textos teórico-críticos e
mitológicos, para se propor uma análise do objeto.
Para tanto serão considerados textos que
possibilitem um embasamento sobre arquétipo
feminino, mitologia celta, espiritualidade feminina,
feminismo e a presença da mulher na cultura,
religião e história.
Resultados e Discussão
As lendas de que Rhiannon participa estão
presentes no Mabinogion, conjunto de contos
medievais do século XIV que refletem uma tradição
mais antiga e mitológica dos povos conhecidos hoje
O arquétipo feminino, argumenta Paglia, causa tanto
admiração quanto controvérsia e repressão porque
está intrinsecamente ligado à natureza, da qual o
homem quer se ver independente. O cristianismo foi
um dos principais meios usados para exaltar
aspectos masculinos do arquétipo (transcendentes)
e diminuir os femininos (naturais, corporais).
Quando o movimento feminista argumenta que o
pessoal é político, diz Pollack, percebe que o
espiritual também é político. Neumann também
comenta que o desenvolvimento unilateral de uma
mentalidade masculina é uma ameaça ao modo que
a psique e a cultura influem na humanidade.
O trabalho continua em desenvolvimento,
procurando articular essas discussões com o corpo
de estudo mitológico.
Agradecimentos
Obrigada Cido, Bel, Jonas, Isabel, Bruna, Marcello.
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GREEN, M. Celtic Women. London: British Museum Press, 1995.
THE MABINOGION. Ed. E trad. Sioned Davies. Oxford, Osford
University Press, 2007.
NEUMANN, E. A grande mãe. São Paulo: Cultrix, 2001.
PAGLIA, C. Personas sexuais. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
POLLACK, R. O corpo da deusa no mito, na cultura e nas artes. Rio de
Janeiro: Rosa dos Tempos, 1998.

XXVI Congresso de Iniciação Científica