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Imaginação e conhecimento, Zara de Castro

como avaliar em Arte?

Imaginação e conhecimento, como avaliar em Arte?


Zara de Castro

A imaginação como foco

Este relato tem por objetivo narrar uma prática de ensino da Arte no 3º ano do
Ensino Fundamental, no Colégio Loyola de Belo Horizonte, em 2010. O trabalho
discorre, também, sobre a maneira como este projeto, que teve como tema principal
a imaginação, foi avaliado.

O arte/educador Arthur Efland, em seu artigo “Imaginação na cognição: o propósito


da arte”, situa o papel da imaginação na cognição, explorando seu potencial para
desenvolver o conhecimento, a compreensão e a cultura, e levanta questões sobre
seu propósito na educação.

Para a maioria das pessoas, imaginação significa criatividade artística, fantasia,


invenção, tendo pouca ou nenhuma correspondência com o cotidiano. Efland constata
que a imaginação, assim como os sentimentos e as emoções, são um tópico
espinhoso, apresentando um histórico de exclusão no domínio cognitivo. Em relação a
essa questão o autor traça um panorama que se inicia com o preconceito de Platão
em relação às artes, chamada por ele de inspiração, até a contemporaneidade. Entre
avanços e retrocessos, ele destaca os estudos de Lakoff e Johnson que têm
observado que “as categorias de nosso pensamento diário são amplamente
metafóricas e nosso raciocínio diário envolve relações metafóricas e inferências,
portanto a racionalidade comum é imaginativa por sua natureza” (LAKOFF; JOHNSON,
1980:193 apud EFLAND, 2005: 330). No decorrer desse trabalho, os autores tentam
explicar que “as imagens esquemáticas, a metáfora e a narrativa operam como
componentes da cognição imaginativa por meio de toda a escala de cognição humana
e, como tal, não são limitadas às artes”.

Para Efland, a Arte é o espaço em que os saltos metafóricos são valorizados por seu
poder de excelência estética, portanto, a imaginação é usada em total consciência e
deveria se tornar o principal objeto de estudo. Para ele, “aprofundar o campo da
imaginação e do papel que pode ter na criação de significados pessoais e na
transmissão da cultura torna-se o ponto e o propósito para se ter artes na educação”.
(EFLAND, 2005: 341)

Como professora de Arte do Colégio Loyola há muito venho tentando potencializar a


capacidade cognitiva dos alunos por meio da imaginação porque acredito que, em
uma escola jesuíta, essa busca ganha uma nova dimensão, pois está sintonizada com
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a Pedagogia Inaciana. Nos documentos que regem a Companhia de Jesus a


imaginação, a afetividade e a criatividade são dimensões que vão além do
conhecimento, ou seja, elas “impedem” que a aprendizagem seja meramente
intelectual, mas sim significativa para a essência do ser humano.

Com relação às avaliações das atividades de Arte no Colégio Loyola partimos do


princípio que alguns conteúdos são possíveis de serem medidos, enquanto outros,
dependem do sentir, do saborear, do experimentar.Como bem afirma o professor de
Literatura do Colégio Loyola, Paulo Caetano, na Revista Interlocução vol. 1, sobre o
contato dos alunos com texto literário e trabalhos criados: “Nem só de burocracia
acadêmica vive a escola. Sendo literatura uma arte, seria limitador reduzir a
avaliação a provas e trabalhos técnicos”.

Valendo-me de todas essas premissas relato a seguir a experiência de Arte que teve
a imaginação como foco, e também a maneira como a atividade foi avaliada.

A cultura Pré-colombiana e nossas raízes culturais

Como desenhado no currículo de arte do Loyola, o 3º ano de EF realiza um Projeto


dentro da Série “Cultura, o saber e o fazer do homem”. Na disciplina de Arte a
proposta partiu do conhecimento da Arte Pré-Colombiana, como forma de os alunos
resgatarem nossas raízes culturais. É muito importante que a criança, desde
pequena, conheça e valorize sua própria cultura, fortalecendo sua identidade cultural.
Segundo a museóloga Maria de Lourdes Horta, “o conhecimento crítico e a
apropriação consciente pelas comunidades, de seu patrimônio, são fatores
indispensáveis à preservação sustentável desses bens, assim como o fortalecimento
do sentimento de identidade e cidadania” (1999:6) Quando a história é escrita pelos
colonizadores, buscar a nossa identidade cultural torna-se prioridade. Para Paulo
Freire, a educação libertária permite ao aluno identificar seu ego cultural e orgulhar-
se dele.

“Cemitério de caquinhos”

Uma das atividades propostas às crianças do 3º ano EF do ano anterior (2009) foi
criar uma peça de argila inspirada na cultura Pré-Colombiana. As peças quebradas se
transformaram em uma espécie de “cemitério de caquinhos” que chamamos
carinhosamente de sambaqui. Os caquinhos foram cuidadosamente guardados e
serviram para motivar a turma de 2010. Cada criança escolheu um caquinho e a
proposta era imaginar sua origem.

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Figura 1 – peças de argila 3º ano EF turma 2009 Figura 2 – alunos do 3º ano EF/2010 escolhendo os caquinhos

As crianças criaram fichas registrando as pistas (comuns e diferentes) e formulando


suas próprias hipóteses. Mediadas pelas intervenções do professor, as hipóteses
tornaram-se cada vez mais próximas das culturas primitivas, até que reveladas
oficialmente.
Figura 3 – Fichas de registros das pistas

Outras escavações, novas possibilidades

Todas as concepções pós-modernas articulam a Arte como expressão e como cultura.


A abordagem triangular (contextualização/fruição/ fazer artístico), sistematizada pela
educadora Ana Mae Barbosa, propõe uma mediação entre a obra e o público. Nessa
abordagem, a imagem é considerada campo de sentido e o que constitui a
aprendizagem é a construção de significados pelo observador. Portanto, no ensino da
Arte, torna-se fundamental alimentar o imaginário das crianças com imagens para
que elas ampliem seu repertório e possam representar com mais informações.

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Fizemos um passeio imaginário pelos povos Incas, Astecas e Maias escavando,


registrando e recriando nossas descobertas.

A partir do livro “Sou louco por ti América”, de Geruza Borges, as crianças


imaginaram a saga de Cristóvão Colombo em sua “descoberta do Novo Mundo”, os
povos e a cultura que aqui encontraram. Foi um momento oportuno para
compararmos o universo imaginário de monstros marinhos, caravelas, cidades de
ouro, pirâmides, com uma pesquisa acadêmica. O resultado “escavado” foi
riquíssimo: objetos, livros encantadores, documentários. Os alunos puderam fruir não
só reproduções de obra de arte, mas também a atual oferta de produtos simbólicos
disponibilizada pela cultura de massa e pela rede mundial de computadores. Novas
imagens se formaram e proporcionaram a experiência estética com mais informações.
Nesse caso, a autoavaliação tornou-se imprescindível.

Os alunos ficaram muito curiosos em relação à geometrização presente nas


cerâmicas, motivados pelo estudo do tema nas aulas de matemática. Houve uma
discussão muito interessante sobre a proximidade do homem primitivo com a
natureza e sua maneira simplificada de ver o mundo. Foi proposto que elaborassem
um projeto para ser executado na argila, inspirado nas informações apresentadas
pela turma. O foco seria na geometria e nas cores mais recorrentes (marrom, preto,
vermelho e branco). Os projetos variaram entre potes, pratos e máscaras. Nesse
contexto foi interessante avaliar alguns conceitos na prova interdisciplinar de
matemática daquela etapa.

Outro eixo significativo na abordagem triangular é a contextalização, ou seja,


estabelecer relações. Retomando Efland, a imaginação, em particular, constrói
ligações que nos permitem entender e estruturar o conhecimento em diferentes
domínios, para estabelecer conexões entre coisas aparentemente não relacionadas. A
partir da curiosidade dos alunos em relação à geometrização presente nas peças Pré-
Colombianas foram apresentadas algumas imagens de uma tribo africana do Vale Del
Omo, na Etiópia. Os habitantes dessa tribo pintam o rosto com terras coloridas, como
se fosse uma máscara. As crianças disseram que era uma “máscara com alma”. Como
vivíamos o clima “África”, favorecido pela mídia mundial, que divulgava o
continente/sede da Copa do Mundo/2010, foi possível, ainda, lançar um olhar
histórico/sociológico/crítico sobre a cultura africana, permitindo ao aluno relacionar-se
com outras culturas e valores que não os seus. As crianças fizeram pinturas
explorando a geometrização na cultura africana. Os trabalhos foram expostos na festa
junina do colégio, que teve como tema “A copa da África”.

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Figura 4 – máscara africana criada pelos alunos Figura 5 – Conjunto das obras

Também achei oportuno estimular uma discussão sobre os sambaquis e os caquinhos


detonadores de todo o processo e que estavam ainda sem um destino. Decidimos
enterrá-los em um morro de terra do pátio do Colégio para que, no ano seguinte,
outras crianças pudessem observar suas transformações. O “enterro” teve a
participação dos alunos de 2009, por terem sido co-autores da ideia. Nossa proposta
é que os caquinhos sejam desenterrados e que indiquem novos questionamentos, tais
como: o que foi estudado? o que se perdeu? o que foi conservado? o passado ajuda a
entender o futuro?

Figura 6- As covas abertas

Figura 7 – O “ enterro”

Depois de abrir a cova, sentir o cheiro da terra, abandonar o caquinho nas


profundezas da mãe-terra, soterrar cuidadosamente para não serem descobertos, as
crianças escreveram cartinhas para os amigos imaginários que, porventura,

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desenterrarão os caquinhos no futuro. As mensagens falavam sobre suas


expectativas, a experiência que viveram, por que foi importante enterrar os
caquinhos e o que elas aprenderam com a atividade.

Figura 8 – Carta para o amigo imaginário ( atividade no portfólio)

Figura 9- Ilustração da carta ( registro no portfólio)

Pensando em uma articulação entre os saberes, na capacidade de raciocínio, nas


inferências e na necessidade de se entender a realidade e agir sobre ela de forma
solidária, foi proposto que as crianças desenhassem um monumento da história da
humanidade que elas gostariam de proteger e como elas agiriam se pudessem criar
soluções para preservá-lo.

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Figura 10 – Desenho do monumento eleito para ser protegido/ solução para protegê-lo (registro no portfólio)

Avaliação

Com relação ao item avaliação, dentro da proposta apresentada pela equipe de Arte à
direção do Colégio, as avaliações foram divididas em dois tipos: processual e pontual.
Para cada uma delas foi escolhido um instrumento de avaliação, conforme detalhado
no quadro a seguir:

Tipos de avaliação Porce Instrumentos


n-
tagem
 Portfolio: Foi avaliado o percurso do aluno
ao longo das fases da atividade, desde a
Avaliação processual 70% provocação até a culminância. O portfólio
(aquelas que, por levarem em foi avaliado pelo professor e auto-avaliado
conta muitos aspectos do pelo aluno em relação aos registros,
aprendizado, seriam dadas ao pesquisas, descobertas e projetos
longo de um espaço de tempo pessoais).
determinado pelo professor).  (Exemplos: Figuras 3- 8 – 9-10)
 Exposição dos trabalhos das oficinas
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de argila e pintura: Avaliação coletiva


com a participação de todos os alunos em
que trabalhamos o aprendizado de um
conjunto de elementos visuais e sua
relação entre eles, além de seu
comportamento em um tipo específico de
composição visual.
(Exemplos: Figuras 4 e 5)

Avaliação pontual: A função Prova interdisciplinar


desta avaliação seria a de 30%
lançar um olhar mais objetivo
a conteúdos que, dentro de Nesse caso, foi considerada a relação entre
um projeto maior, são mais a prova de matemática e a geometrização,
importantes por serem já comentada neste relato. ( anexo 1)
básicos à construção do
projeto como um todo – mas
não relevante em uma relação
hierárquica, e sim, sob o
aspecto de sua importância
conceitual.

Apontamentos finais
Considerando que a imaginação é um dos principais pilares do ensino da arte, como
evidencia Efland( 2005), a avaliação das atividades de arte torna-se um procedimento
complexo, que requer cuidados.Das propostas que perpassam o ensino da Arte, os
conteúdos informativos, a adequação técnica, a força expressiva ou construtiva dos
trabalhos, são passíveis de serem avaliados dentro dos âmbitos convencionais, mas
as atividades que têm como foco a imaginação tornam-se desafiantes, já que é
complexo avaliar algo incomensurável.

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Os novos “Parâmetros Curriculares do Ensino da Arte” apontam algumas direções. De


acordo com as últimas orientações, a Arte é uma área de conhecimento na qual os
resultados do fazer artístico do aluno representam sua individualidade, sua relação
com o mundo, suas competências expressivas e construtivas, envolvendo não só
aspectos cognitivos como afetivos, portanto a avaliação em Arte requer do professor
a eleição de determinados critérios. Além disso, os Parâmetros Curriculares também
destacam a importância da participação do aluno no processo avaliativo.

Ao concluir este relato, avalio que a experiência foi bastante produtiva e cumpriu seu
propósito: trabalhar com a imaginação das crianças como uma grande ferramenta
capaz de potencializar sua capacidade cognitiva. Ao mesmo tempo, constato que
precisamos, ainda, avançar no sentido de encontrar a melhor maneira de avaliar em
arte.

Referências

BARBOSA, Ana Mae. (Org).Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998.

BORGES, Geruza. Sou louco por ti América, Belo Horizonte: Terra, 1997.

CAETANO, Paulo Roberto. Senhores alunos bem na photo. Senhores alunos: bem na
photo. Senhores, alunos, bem na photo! Senhores? Alunos bem na photo! Revista
Interlocução, vol. 1, No 1 (2009).

EFLAND, Arthur D. Cultura, sociedade, arte e educação num mundo pós-moderno. In:
GUINSBURG, Jacó; BARBOSA, Ana Mae (Org.) O pós-modernismo. 7. ed.São Paulo:
Perspectiva, 2005. (p. 173 -188).

EFLAND, Arthur D. Imaginação na cognição: o propósito da arte. In: BARBOSA, Ana


Mae. Arte/Educação Contemporânea – consonâncias internacionais. São Paulo:
Cortez, 2005 (p .319-345).

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra,
1983.
HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane
Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, Museu Imperial, 1999.

PARÂMETROS Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (1º e 2º ciclos),


MEC/SEF, 1997.

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RUFFIER, Pe. Maurício,S. J.( Tradução). Pedagogia Inaciana – uma proposta


prática. São Paulo, Edições Loyola, 1993.

Anexo 1

Questão da prova interdisciplinar de matemática/ Arte elaborada pela Equipe de


professores do 3º ano/2010:

Esta é uma máscara Pré- Colombiana, feita pelos Astecas. Os povos Pré- Colombianos
se inspiravam na natureza para criar sua arte. Eles simplificavam as formas usando
figuras geométricas.

Máscara Asteca

Wikipédia – acesso em 08/06/10

Agora é a sua vez. No espaço abaixo, crie uma máscara inspirada na arte Pré-
Colombiana. Use formas geométricas e faça um colorido combinando as cores
utilizadas por esses povos: preto, vermelho, marrom e branco.

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