SABE

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Redes de Computadores

Tema:
Ensaio Teórico sobre o modelo
TCP / IP

Turma: Sistemas de Informação – IV Período

Professora: Letícia Rodrigues Fonseca

Data de entrega: 02/12/2010

Gabriel Vinicios Silva Maganha

 Ensaio Teórico – Modelo TCP/IP

Introdução

Falaremos agora sobre o modelo TCP/IP. Meu objetivo nesse ensaio, após várias pesquisas nos livros indicados
e na internet, é apresentar a visão que adquiri deste modelo e apresentá-la de modo fácil, que qualquer pessoa
possa entender. Faço isso pois percebo que essa é a grande dificuldade dos estudantes do assunto: não
conseguem compreender o que é um protocolo ou, quando compreendem, não entendem a distribuição por
camadas desses protocolos, pra que serve cada camada, etc. Como o meu intuito é apresentar tudo de forma
clara, pretendo apoiar-me em exemplos, pois através dos exemplos que as coisas ficam analogamente mais
claras aos leitores.

Protocolos
A palavra “Protocolo” tem vários significados. Você pode dizer “o juíz assinou o protocolo”, se referindo à um
documento de registros, ou ainda pode afirmar que “fulano não segue o protocolo”, se referindo aos modos e
etiqueta, mas não é disso que vamos falar aqui. Falaremos sobre um tipo específico de protocolo, que são os
protocolos de comunicação.

Uma pessoa que não segue os protocolos à mesa é aquela que não segue as regras de etiqueta e polidez quando
está sentado à mesa em um lugar com outras pessoas. Assim, protocolos se referem à regras que, implícitas ou
explícitas, existem para fazer com que o contato entre as pessoas se dê da forma mais amistosa possível.
Um protocolo de comunicação faz mais ou menos isso, estabelece regras e meios de comunicação. E ainda não
estamos falando de computadores ou máquinas. Nós podemos dizer que todos usam um protocolo de
comunicação todos os dias, que é a língua portuguesa. É através dela que nos comunicamos com outras pessoas
e conseguimos entender o que elas estão nos dizendo (e vice-versa). Todos nós sabemos um pouco – mesmo
sem ter estudado – o básico de gramática e o significado de alguns poucos milhares de palavras, o suficiente
para estabelecermos uma comunicação eficiente com qualquer falante da mesma língua – ou melhor, do mesmo
protocolo, o português!

“Mas você falou em regras, não é mesmo? Se referiu às regras da gramática, quando definiu o protocolo de
comunicação do português?”, perguntaria um leitor mais atento. Minha resposta é sim, mas não apenas às regras
gramaticais, que são fundamentais. Por exemplo, imagine que alguém chegue até você e diga “vai noite 20h
empresa trabalhar você?”, o que você entenderia? Repare que as palavras estão todas escritas corretamente. O
problema é que estão fora de ordem: não estão gramaticalmente alinhadas corretamente. A posição de sujeito,
verbo, objeto, etc não estão agrupadas de um modo inteligível para nós. Seguindo as regras de gramática, a frase
correta seria “Você vai trabalhar na empresa hoje à noite às 20h?”. Repare que algumas preposições tiveram de
ser colocadas na frase, indicando o modo de ligação entre um e outro ente.

Mas existem ainda outras regras que regem o protocolo de comunicação do português. Imagine a seguinte
conversa:
Sujeito A: Oi, tudo bem?
Sujeito B: Oi, tudo certinho, e com você?
Sujeito A: Comigo tudo jóia, graças a Deus. E então, como vai a família?
(...)
E assim a conversa prossegue.

Repare que o sujeito A e B estão conversando amistosamente. Agora, compare a conversa anterior com a que
vem logo a seguir:
RDC – Redes de Computadores – Profa. Letícia Rodrigues Fonseca Página 1
 Ensaio Teórico – Modelo TCP/IP

Sujeito A: Oi, tudo bem?

Sujeito B: Só se for pra você. Vá cuidar da sua vida que eu cuido da minha.

A diferença é gritante, pois não há diálogo amistoso nesse caso. Então, a conversa termina ai.

Repare, portanto, que esta é uma regra implícita no uso do nosso português. Nós conseguimos saber se uma
pessoa está receptiva ou não às nossas mensagens através do modo como ela nos responde. E através disso, nós
tomamos uma decisão: continuar ou não continuar a conversa? No primeiro caso, a resposta foi positiva, então
continuamos a conversa. No segundo caso, a resposta foi negativa, de maneira que a conversa se encerra
abruptamente.

Essas regras, que alguns chamariam de “simancol”, também fazem parte não apenas do português, mas de
qualquer outra língua. Assim, fazem parte também dos nossos protocolos de comunicação.

Como as máquinas comunicam entre si

Agora falaremos um pouco sobre as máquinas. Elas possuem uma linguagem, ou melhor, um protocolo de
comunicação? Parece óbvio que sim, pois senão, como poderíamos usá-las para fazer tantas coisas, como trocar
e-mails, ler notícias, enviar fotos, etc? Pois é, os computadores também possuem protocolos de comunicação,
para que um possa entender o que o outro está falando (isto é, transmitindo).

Todos já devem ter ouvido falar de TCP/IP. Alguns afirmam que o TCP/IP é o protocolo de comunicação para a
internet. A afirmação está parcialmente errada. Porque o TCP/IP não é apenas um protocolo de comunicação,
mas sim são vários protocolos de comunicação. Gabriel Torres e Cássio de Lima o chamam de uma “pilha de
protocolos” (ver: http://www.clubedohardware.com.br/artigos/Como-o-Protocolo-TCP-IP-Funciona-Parte-
1/1351/1). É um erro, portanto, dizer que o TCP/IP é apenas um protocolo; no próprio nome temos o nome de
dois protocolos diferentes: o TCP e o IP.

Nosso foco é o TCP/IP, mas devo salientar que existem inúmeros outros protocolos de comunicação entre
máquinas, tais como o NetBeui da Microsoft, o IPX/SPX da Novell, etc.

Por que o TCP/IP?

O TCP/IP é o conjunto de protocolos mais usado na interconexão de redes atualmente em todo o mundo. Basta
ver que a maior rede (WAN) de todo o mundo, a Internet, o utiliza. Redes pequenas e médias, fechadas e
abertas de empresas, industrias ou até mesmo domésticas usam, em grande volume, este protocolo. Não seria
exagero dizer que é, com grande margem de folga, o protocolo mais importante e utilizado dentre todos os
demais.

Como o TCP / IP funciona?

Já vimos que TCP / IP é um conjunto de protocolos, e sabemos o que são protocolos. Assim, o TCP / IP é um
conjunto de linguagens e regras que ditam a comunicação entre dois ou mais computadores em uma rede. Isso
RDC – Redes de Computadores – Profa. Letícia Rodrigues Fonseca Página 2
 Ensaio Teórico – Modelo TCP/IP

está claro. Mas, como ele funciona? Por que são necessários vários protocolos e não apenas um? Veremos isso
agora.

Um computador é um objeto complexo, onde milhões de processamentos ocorrem ao mesmo tempo, mas de
forma organizada, tal como uma empresa. Sim, caro leitor, imagine o computador como uma empresa, uma
grande empresa, com várias fábricas, milhares de funcionários e operários trabalhando o dia todo. Logo
podemos imaginar que essa empresa segue uma hierarquia, que começam nos faxineiros (se não forem
terceirizados, é claro), passam pelos operários, supervisores, gerentes, diretores... até chegar ao presidente.
Algumas empresas possuem vários presidentes, mas isso não importa aqui. O que importa é que, tal como
dentro de um computador, uma grande empresa realiza inúmeros processos simultaneamente, todos organizados
(possuem uma hierarquia) e com um objetivo final em mente (um fim, uma meta, seja ela qual for).
Agora, imagine como é a comunicação nessa empresa. Você acredita que um operário tem acesso direto ao
presidente da empresa, para lhe fazer reclamações ou trocar idéias? É claro que não. A comunicação é feita
somente com o superior imediato na maioria dos casos. Imagine, por exemplo, que um grupo de operários
deseja pedir um aumento de salário. Eles poderão protestar, fazer greve, mas como não querem causar tumulto,
se dirigem ao supervisor imediato e expõem o caso. Digamos, então, que o supervisor ache as reclamações
justas, e resolva repassá-las pra cima, para sua chefia. Ele então certamente reunirá os meios verbais, retóricos e
factuais para fazer a reivindicação chegar à chefia. Agora, suponhamos que o supervisor não ache a reclamação
justa. Provavelmente a chefia sequer ficará sabendo, pois os operários rebeldes serão rechaçados e demovidos
da idéia rapidamente.

Repare que a informação trafega na empresa em camadas (operários, supervisão, chefia, etc). E que essas
informações podem ou não ficarem retidas em uma das camadas (como a reclamação injusta, que parou no
supervisor).

Camadas do Modelo TCP/IP

No conjunto de protocolos TCP/IP, a mesma coisa acontece. Esse protocolo é dividido em várias camadas, tais
como uma empresa é. Vejamos quais são essas camadas:

Camada 1: Interface com a Rede;

Camada 2: Internet;
Camada 3: Transporte;
Camada 4: Aplicação.

A camada 1 é a camada mais baixa, enquanto que a 4 é a mais alta. Vejamos agora uma breve descrição do
papel de cada camada. Saiba, antes, que cada camada possui um ou mais protocolos, o que veremos com mais
detalhes mais tarde.

Camada 1 - Interface com a Rede: Ela é quem faz a conversão do sinal elétrico (ou wireless) que chega através
dos cabos ou qualquer outro meio até o computador. Podemos citar como exemplo a placa de rede ou o modem,
que são os componentes que fazem a comunicação do computador com o mundo exterior. Essa camada do
modelo TCP/IP (equivalente à camada física do modelo OSI) é a responsável por enviar ou receber os sinais
elétricos vindo da rede, convertê-los para sinais lógicos e enviá-los à camada superior, a Internet. O protocolo
mais comum existente na camada 1 é o Ethernet, que define as regras da conversão dos sinais recebidos em
sinais lógicos e vice-versa.

RDC – Redes de Computadores – Profa. Letícia Rodrigues Fonseca Página 3

 Ensaio Teórico – Modelo TCP/IP

Camada 2 – Internet: Essa camada está imediatamente acima da camada de Rede/Física e se comunica com ela
recebendo informações (quando a informação vem de outro computador) ou enviando (quando a informação
deve ser enviada para fora). Ela analisa os sinais lógicos convertidos pela primeira camada e entende alguns de
seus significados, tais como qual endereço de destino da mensagem, quem foi o emissor da informação ou, no
caso do computador enviar uma informação pra fora, é essa camada quem anexa à mensagem o endereço de
origem e destino.
Nessa camada atuam vários protocolos de comunicação, tais como o IP (Internet Protocol) que define o
endereço de cada máquina na rede, o ICMP (Internet Control Message Protocol), ARP (Address Resolution
Protocol) e RARP (Reverse Address Resolution Protocol). Cada um desses protocolos é responsável por algo
específico, de maneira que eles não entram em conflito uns com os outros.

Camada 3 – Transporte: Quando um computador envia os dados para outras máquinas, ele não os envia todos
de uma vez. Ele o divide em pacotes, isto é, em partes, e as envia uma de cada vez. Quem faz essa divisão da
mensagem em pacotes, preparando-as para o envio, é a camada de transporte. No computador de destino, é
também a camada de transporte quem pega esses pacotes e os une, de modo que a mensagem original seja
novamente reconstituída. Essa camada também é responsável pela integridade dos dados a serem transmitidos.
É nela que os dados são checados e verifica-se, através de várias formas, se as informações chegaram
completas, isto é, tais como saíram do computador remetente. Assim, a segurança do transporte também é uma
função muito importante desta camada. Os dois principais protocolos que operam nesta camada são o TCP
(Transmission Control Protocol) e o UDP (User Datagram Protocol). O TCP é o mais seguro, mas em
contrapartida é o mais lento. Ele funciona reunindo os pacotes recebidos e enviando/recebendo mensagens de
confirmação para avisar ao outro computador que os dados foram recebidos corretamente. Como o UDP não faz
nem uma coisa nem outra, é mais rápido mas em contrapartida menos confiável, pois caso informações sejam
perdidas ou corrompidas, tal protocolo não perceberá. Por isso, aplicações que usam o protocolo UDP fazem a
checagem da informação via programação. As que usam TCP não, pois os dados já chegam com a garantia de
estarem intactos.

Camada 4 – Aplicação: Essa é a camada mais próxima do usuário: é ela quem faz a comunicação dos
programas (Browsers, Leitores de e-mail, etc) com a camada de transporte. Existem inúmeros protocolos que
trabalham nessa camada, tais como o HTTP (HyperText Transfer Protocol, usado na visualização de páginas da
internet), SMTP (Simple Mail Transfer Protocol, usado na transferência de e-mails), FTP (File Transfer
Protocol, usado na trasferência de arquivos), DNS (Domain Name System, que transforma o endereço IP de
máquinas em nomes de fácil entendimento e assimilação), etc.
É por isso que quando visitamos um site na internet, seu endereço começa com HTTP://, indicando justamente
que estamos usando o protocolo HTTP para a comunicação do browser (aplicação) com a camada de transporte
(TCP ou UDP).

Essa comunicação da camada de aplicação com a camada de transporte se dá por meio de portas. Portas nada
mais são do que números que identificam a origem e/ou o destino da informação. Por exemplo, quando você usa
o protocolo HTTP para acessar um site da internet, normalmente o número dessa porta é o 80. Quando
enviamos um e-mail através do protocolo de aplicação SMTP, geralmente se usa a porta 25, e assim por diante.
São apenas endereços que determinam qual dos protocolos da camada de aplicação deverão ser utilizados no
envio e na recepção da mensagem.

Agora, vamos a um exemplo simples onde veremos o papel de cada um dos protocolos numa ação cotidiana, tal
como enviar um e-mail.

RDC – Redes de Computadores – Profa. Letícia Rodrigues Fonseca Página 4

 Ensaio Teórico – Modelo TCP/IP

Você abre o seu programa de e-mail, escreve um e-mail e o encaminha para um colega seu. Quando você clica
no botão ENVIAR, o software de e-mail envia todo o conteúdo (mensagem + endereço de destino) para a porta
25, que é o protocolo SMTP, responsável pelo envio de e-mails. O protocolo SMTP anexa à mensagem qual a
porta de origem (25), indicando que a mensagem se trata de um e-mail que deve ser enviado. Então, a
mensagem é passada à camada de transporte, que divide a mensagem em diversas partes (pacotes) e anexa à
cada pacote um código de segurança, que servirá para que o receptor da mensagem saiba se ela foi ou não
adulterada ou corrompida no caminho. Então, após dividir e fazer tais acréscimos, a camada de transporte envia
a mensagem para a camada de Internet, que anexa à mensagem o endereço IP de origem e destino da
mensagem. Em seguida, envia a mensagem à camada de Rede/Física, que transforma essa mensagem em sinais
elétricos que são enviados por cabo, rádio ou wireless até o provedor de internet. E de lá, a mensagem é enviada
ao computador destinatário, onde todos os passos acima se repetem, na ordem inversa: primeiro, o sinal é
recebido pela camada física, que converte os sinais elétricos em lógicos; então, sobe para a camada internet,
onde o destinatário e o remetente são identificados; então, sobe para a camada de transporte, que faz a
checagem da mensagem, re-agrupa os pacotes e os envia para a porta especifica da camada de aplicação; e por
fim, é transmitido à camada de aplicação, onde poderá ser lido pela aplicação, sobrando apenas a mensagem que
o remetente havia digitado.

RDC – Redes de Computadores – Profa. Letícia Rodrigues Fonseca Página 5

 Ensaio Teórico – Modelo TCP/IP

Conclusão

Através desse ensaio e das pesquisas que tive de fazer, pude entender de maneira muito mais clara como a
Internet funciona e como as redes de computadores funcionam em geral. Foi muito interessante notar como em
uma rede inúmeros protocolos podem estar em sintonia uns com os outros, e é paralisante tentar entender como
eles trabalham em sincronia! De fato, o mundo da informática me surpreende cada vez mais, pois vemos o que
seres-humanos são capazes de fazer.

Procurei, dentro do possível, usar um linguajar claro e sem complicações, focando no entendimento do
funcionamento e não em detalhes técnicos. Assim, espero ajudar inclusive outros alunos a entender melhor o
modelo TCP/IP, o porquê de sua divisão em camadas e o papel de cada camada na comunicação de rede.

Bibliografia Consultada

Consultei bibliografias acadêmicas e não acadêmicas. Usei as acadêmicas para obter alguns exemplos e para
consultar a veracidade do que li nas não acadêmicas. Para isso, usei a Internet, a Biblioteca Virtual da
UNIS/SABE (no caso do livro do Kurose) e a Biblioteca do SENAI onde trabalho. Eis os títulos e sites
consultados:

KUROSE, James F. Redes de computadores e a internet: uma abordagem top-down. 3. ed. Sao Paulo: 2006.

TORRES, Gabriel. Redes de computadores: curso completo. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2001.

MORIMOTO, Carlos E. Redes, guia prático. GDH Press e Sul Editores: 2008.

Fontes não-acadêmicas:

http://www.clubedohardware.com.br/artigos/Como-o-Protocolo-TCP-IP-Funciona-Parte-1/1351/2
http://www.clubedohardware.com.br/artigos/O-Modelo-de-Referencia-OSI-para-Protocolos-de-Rede/1349/4
http://pt.wikipedia.org/wiki/TCP/IP
http://www.itprc.com/tcpipfaq/

RDC – Redes de Computadores – Profa. Letícia Rodrigues Fonseca Página 6